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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE UNIVALE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FACS CURSO DE FARMÁCIA Cássio José Cota Vianna Célio da Silva Araújo Franco Rilder Rocha Lucarelli Samuel Moura Guerra AVALIAÇÃO DAS PRESCRIÇÕES CONTENDO OMEPRAZOL E ASSOCIAÇÕES NA FARMÁCIA PÚBLICA DE GOVERNADOR VALADARES Governador Valadares 2010

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FACS

CURSO DE FARMÁCIA

Cássio José Cota Vianna

Célio da Silva Araújo Franco

Rilder Rocha Lucarelli

Samuel Moura Guerra

AVALIAÇÃO DAS PRESCRIÇÕES CONTENDO OMEPRAZOL E ASSOCIAÇÕES

NA FARMÁCIA PÚBLICA DE GOVERNADOR VALADARES

Governador Valadares

2010

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CÁSSIO JOSÉ COTA VIANNA

CÉLIO DA SILVA ARAÚJO FRANCO

RILDER ROCHA LUCARELLI

SAMUEL MOURA GUERRA

AVALIAÇÃO DAS PRESCRIÇÕES CONTENDO OMEPRAZOL E ASSOCIAÇÕES

NA FARMÁCIA PÚBLICA DE GOVERNADOR VALADARES

Monografia para obtenção do grau de

bacharel em Farmácia, apresentada à

Faculdade de Ciências da Saúde da

Universidade Vale do Rio Doce.

Orientadora: Claudine Pereira Menezes

Co-orientadora: Maria José Morato

Governador Valadares

2010

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CÁSSIO JOSÉ COTA VIANNA

CÉLIO DA SILVA ARAÚJO FRANCO

RILDER ROCHA LUCARELLI

SAMUEL MOURA GUERRA

AVALIAÇÃO DAS PRESCRIÇÕES CONTENDO OMEPRAZOL E ASSOCIAÇÕES NA

FARMÁCIA PÚBLICA DE GOVERNADOR VALADARES

Monografia para obtenção do grau de

bacharel em Farmácia, apresentada à

Faculdade de Ciências da Saúde da

Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, _____ de ____________________________ de _____.

Banca Examinadora:

___________________________________________________________

Prof. Claudine Menezes Rodrigues Pereira

Universidade Vale do Rio Doce

___________________________________________________________

Prof. Pós-Dr. Maria José Morato

Universidade Vale do Rio Doce

___________________________________________________________

Mr. Rafael Silva Gama

Universidade Vale do Rio Doce

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AGRADECIMENTO(S)

Agradecemos primeiramente a Deus por ter guiado e orientado durante está árdua caminhada.

Aos familiares por dar incentivo e ajuda durante toda esta jornada, por ser a fonte de

confiança e respeito nas horas difíceis.

Agradecemos a nossa orientadora Claudine Menezes por dar auxilio e informações durante a

realização deste trabalho.

Agradecemos a nossa co-orientadora Maria José Morato por toda dedicação, incentivo e

compreensão, além de toda receptividade, auxilio e disposição prestada para conclusão deste

trabalho.

Aos Farmacêuticos da Policlínica Central, Suzana Maria Byrro e Bruno Costa Pinto por dar

suporte e incentivo a pesquisa.

A todos que, de alguma forma contribuíram para que este trabalho fosse possível.

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RESUMO

O Omeprazol é um fármaco usado para o tratamento de diversas patologias relacionadas a

distúrbios de hipersecreção de ácido pelas células parietais gástrica, através da inibição da

bomba de prótons e consequente inibição ácida. Seu uso irracional vem preocupando

autoridades sanitárias de todo mundo (ANVISA-Brasil, FDA-USA, INFARMED-Portugal)

quanto à segurança do seu uso, além da vendas alarmantes publicadas. O presente trabalho

visa revisar os possíveis riscos do uso abusivo de omeprazol, riscos quanto ao uso contínuo,

bem como a avaliação das prescrições de uma farmácia pública de Governador Valadares.

Nesta análise, foram avaliadas 13.650 prescrições, durante o mês de abril de 2010, destas

1.539 receitas possuíam a prescrição de omeprazol, representando 11,27% das totais

analisadas. Aspectos preocupantes referente à prescrição do medicamento são também

relevantes como: 47,63% de prescrição do modo de uso incorreto, 47,24% de prescrição de

uso contínuo do fármaco, além dos grandes números de medicamentos prescritos

concomitantemente com omeprazol, que podem sofrer interações. Preocupações quanto à

interferência deste medicamento na nutrição, possíveis risco de desenvolvimento de

neoplasias, infecções intestinais, além de outros parâmetros referentes ao uso a longo prazo do

omeprazol mostram-se significantes. Mediante aos estudos e a pesquisas, conclui-se que por

mais que este medicamento pareça seguro, precisa-se avaliar seus riscos, pois, estudos são

divulgados todos os dias, e as informações estão cada vez mais disponíveis referentes a seu

uso.

Palavras-chaves: Omeprazol. Prescrições omeprazol. Uso Irracional de omeprazol.

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RESUMEN

El omeprazol és un medicamento que se usa para el tratamiento de diversas patologías

relacionadas con trastornos de hipersecreción de ácido gástrico por las células parietales a

través de la inhibición de la bomba de protones y la consiguiente inhibición de ácido. Su

irracional viene preocupante de las autoridades de salud del mundo (ANVISA-Brasil, FDA-

Estados Unidos, INFARMED-Portugal) sobre la seguridad de su uso, además de ventas

alarmantes publicado. Este trabajo se pretende revisar los posibles riesgos del uso indebido de

omeprazol, los riesgos sobre el uso continuo y la evaluación de necesidades de un público

farmacia de Governador Valadares. Este análisis fueron evaluados los 13,650 requisitos

durante el mes de abril de 2010, estas 1.539 recetas tenían la prescripción de omeprazol, que

representa el 11,27% del total que se analizan. Aspectos preocupantes sobre la prescripción de

la medicina son también pertinentes como: prescripción de 47.63% de uso indebido, el plazo

de prescripción de 47.24% de uso continuo de la droga, además de la gran cantidad de

medicamentos recetados simultáneamente con omeprazol, que pueden sufrir las interacciones.

Preocupaciones acerca de la interferencia de este medicamento en la alimentación, el posible

riesgo de desarrollo de los tumores, infecciones intestinales y otros parámetros relativos al uso

a largo plazo de omeprazol son significativos. A través de estudios y encuestas, se concluye

que por más que este medicamento parece segura, tendrá que evaluar sus riesgos, por lo tanto,

los estudios se publican todos los días, y la información está cada vez más disponible para su

uso.

Palabras clave: Omeprazol. Requisitos de omeprazol. Uso irracional de omeprazol.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura do Omeprazol...........................................................................................17

Figura 2 – Esquema da farmacoterapia sobre as células parietais do lúmen estomacal...........17

Figura 3 – Ativação do Omeprazol...........................................................................................20

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Representação gráfica da quantidade de prescrições..............................................34

Gráfico 2 - Representação gráfica das receitas com medicamentos controlados......................34

Gráfico 3 - Quantificação de prescrições contendo omeprazol no mês de abril.......................35

Gráfico 4 - Quantificação de prescrições de omeprazol nos dias de desabastecimento...........35

Gráfico 5 - Representação do Pedido de Omeprazol de Abril/2009 à Abril/2010...................37

Gráfico 6 - Representação da Demanda de Omeprazol de Abril/2009 à Abril/2010................37

Gráfico 7 - Representação da Avaliação do Modo de Uso.......................................................40

Gráfico 8 - Representação das prescrições de medicamentos controlados associados a

omeprazol..................................................................................................................................45

Gráfico 9 - Representação dos Principais AINES associados com o omeprazol......................47

Gráfico 10 - Interações medicamentosas com omeprazol........................................................48

Gráfico 11 - Representação quantidade de prescrições com uso contínuo e não-contínuo......55

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LISTA DE SIGLAS

AAS – Ácido Acetilsalicílico

AINES – Antiinflamatórios Não-Esteroidais

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

COX – Cicloxigenase

DDD – Dose Diária Definida

DRGE – Doença do Refluxo Gastroesofágico

ECL – Células enterocromafins

FDA – Food and Drug Administration

IBPs – Inibidores da Bomba de Prótons

OR – Odds Ratio

RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

RAMs – Reações Adversas Medicamentosas

SDA – Sangramento Digestivo Alto

SUS – Sistema Único de Saúde

TERIS – Sistema de Informação sobre Agentes Teratogênicos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................12

2 OBJETIVO...........................................................................................................................14

2.1 GERAL...............................................................................................................................14

2.2 ESPECÍFICOS....................................................................................................................14

3 JUSTIFICATIVA.................................................................................................................15

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................16

4.1 DESCOBERTA E DESENVOLVIMENTO DO OMEPRAZOL......................................16

4.2 CONCEITO E MECANISMO DE AÇÃO.........................................................................16

4.3 FARMACOCINÉTICA..................................................................................................... 18

4.3.1 Absorção e Distribuição.................................................................................................18

4.3.2 Metabolismo...................................................................................................................19

4.3.3 Excreção..........................................................................................................................19

4.4 FARMACODINÂMICA....................................................................................................20

4.5 USOS TERAPÊUTICOS....................................................................................................21

4.5.1 Doença por Refluxo Gastroesofágico (DRGE)............................................................21

4.5.2 Doença Ulcerosa Peptídica............................................................................................21

4.5.3 Gastrinoma e outros distúrbios de hipersecreção.......................................................22

4.5.4 Tratamento dispéptico empírico...................................................................................22

4.5.5 Tratamento e profilaxia de sangramento digestivo alto.............................................22

4.6 POSOLOGIAS E MODO DE USO....................................................................................23

4.7 EFEITOS ADVERSOS.......................................................................................................23

4.7.1 Efeitos Cardiovasculares...............................................................................................23

4.7.2 Efeitos Dermatológicos..................................................................................................24

4.7.3 Efeitos no Sistema Nervoso...........................................................................................24

4.7.4 Efeitos no Sistema Respiratório....................................................................................25

4.7.5 Efeitos no Trato Gastrintestinal (TGI)........................................................................25

4.7.6 Efeitos no Sistema Urinário..........................................................................................25

4.7.7 Efeitos Hematológicos....................................................................................................25

4.8 PRECAUÇÕES...................................................................................................................26

4.8.1 Gravidez..........................................................................................................................26

4.8.2 Lactação..........................................................................................................................27

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4.8.3 Idosos...............................................................................................................................27

4.8.4 Insuficiência Hepática....................................................................................................28

4.8.5 Insuficiência Renal.........................................................................................................28

4.8.6 População da Ásia..........................................................................................................28

5 DESENVOLVIMENTO......................................................................................................30

5.1 METODOLOGIA...............................................................................................................30

5.1.1 Procedimentos................................................................................................................30

5.1.2 Cuidados Éticos..............................................................................................................31

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................32

6.1 OMEPRAZOL EM NÚMEROS.........................................................................................32

6.2 AVALIAÇÃO DO MODO DE USO PRESCRITO...........................................................38

6.2.1 Modo de uso Correto.....................................................................................................39

6.2.2 Modo de uso Incorreto...................................................................................................39

6.2.3 Modo de uso sem indicação...........................................................................................40

6.2.4 Informações sobre o modo de uso.................................................................................41

6.3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS.............................................................................42

6.3.1 Cetoconazol e Itraconazol.............................................................................................42

6.3.2 Digoxina..........................................................................................................................43

6.3.3 Glibenclamida.................................................................................................................43

6.3.4 Fenitoína e Hidantoína..................................................................................................44

6.3.5 Carbamazepina..............................................................................................................44

6.3.6 Antiinflamatórios Não-Esteroidais (AINES)...............................................................45

6.3.7 Bloqueadores dos canais de cálcio (Nifedipina, Amlodipina, Nisoldipina e etc.).....47

6.3.8 Outras Interações Medicamentosas.............................................................................48

6.3.8.1 Varfarina.......................................................................................................................48

6.3.8.2 Imipramina....................................................................................................................49

6.3.8.3 Diazepam......................................................................................................................49

6.3.8.4 Clopidogrel....................................................................................................................50

6.4 REAIS USOS TERAPÊUTICOS.......................................................................................51

6.4.1 Benefício Definido..........................................................................................................51

6.4.1.1 Doença peptídica...........................................................................................................51

6.4.1.2 Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE)................................................................52

6.4.2 Beneficio Questionável...................................................................................................52

6.4.3 Sugerida ineficácia e Risco............................................................................................53

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6.5 USO CONTÍNUO DE OMEPRAZOL...............................................................................53

6.5.1 Preocupações gerais em ambientes hospitalares.........................................................56

6.5.2 Nutrição...........................................................................................................................58

6.5.2.1 Vitamina B12.................................................................................................................58

6.5.2.2 Vitamina C....................................................................................................................58

6.5.2.3 Ferro..............................................................................................................................59

6.5.2.4 Cálcio............................................................................................................................59

6.5.3 Hipergastrinemia...........................................................................................................60

6.5.4 Infecções Intestinais.......................................................................................................61

6.5.5 Problemas Cardíacos.....................................................................................................63

7 CONCLUSÃO......................................................................................................................64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................65

ANEXO - AUTORIZAÇÃO POR PARTE DO GESTOR MUNICIPAL DE SAÚDE....69

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1 INTRODUÇÃO

O omeprazol é um fármaco muito utilizado na terapia de distúrbios relacionados à

acidez gástrica, como as úlceras peptídicas, dispepsias, doenças do refluxo gastroesofágico

(DRGE) e etc., este fármaco se encontra na classe dos Inibidores da Bomba de Prótons

(IBPs), no qual há redução da acidez gástrica por bloqueio da bomba de prótons (H+/K

+

ATPase) na superfície das células parietais gástricas, inibindo a secreção de ácido para o

lúmen estomacal (GARCÍA-GARCÍA, 2007). Possivelmente os IBPs representam um dos

grupos farmacológicos mais prescritos, tanto nas consultas de atenção primária, como em

algumas de atenção especializada. Segundo vários estudos a utilização deste fármaco vem

aumentando consideravelmente nos últimos anos em todo mundo, sobretudo, nos países

ocidentais e nos Estados Unidos; com isso, diversas consequências sucedem como: a

utilização incorreta do fármaco, potentes interações medicamentosas, modificação da

fisiologia corporal, enormes gastos farmacêuticos, dentre outros. Surge daí a importância de

se conhecer a farmacologia, as interações farmacológicas que podem surgir com a utilização

deste medicamento e os possíveis riscos que o uso contínuo deste fármaco pode promover no

organismo.

Não diferente do padrão mundial que se encontra a dispensação deste medicamento, o

uso do omeprazol pela rede pública do município de Governador Valadares vem aumentando

consideravelmente, muitas vezes de forma irracional, devido ao atendimento de múltiplas

especialidades ao mesmo paciente. Neste sentido, prescrições múltiplas do mesmo

medicamento podem acontecer, gerando uma dificuldade da avaliação de risco a curto e a

longo prazo de administração. Vários são os informes publicados para a conscientização

médica sobre o uso indiscriminado desta medicação: em dezembro de 2004 a Organização

Pan-Americana da Saúde lançou um informe, alertando sobre o uso racional deste

medicamento. Recentemente em junho de 2009, a Secretaria Municipal da Saúde de São

Paulo lançou um alerta terapêutico sobre o uso racional de omeprazol. A Food and Drug

Administration (FDA-USA), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA-Brasil),

INFARMED-Portugal dentre outras instituições de Vigilância Sanitária pelo mundo, vêm se

preocupando quanto às vendas de omeprazol, sobretudo quanto ao uso irracional.

Partindo de tais pressupostos, faz-se necessário investigações sobre a dispensação

irracional e sobre os possíveis riscos que esta medicação possa oferecer, baseando-se em

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revisões bibliográficas e avaliação das prescrições em uma Farmácia Pública do Sistema

Único de Saúde (SUS), no município de Governador Valadares.

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2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Avaliar os índices quantitativos e qualitativos do omeprazol nas prescrições médicas e

analisar os possíveis riscos do uso irracional deste medicamento, através de revisão

bibliográfica.

2.2 ESPECÍFICOS:

analisar itens qualitativos do receituário (tempo em que o medicamento está sendo

prescrito; medicamentos que mais sofrem interações; modo de uso e posologia);

avaliar os itens quantitativos do receituário (número de prescrições, interações

medicamentosas, prescrições com omeprazol, prescrições de medicamentos

controlados com omeprazol);

pesquisar a influência deste medicamento na fisiologia corporal a curto e a longo

prazo de administração;

investigar as informações farmacológicas, toxicológicas e clínicas sobre o uso do

omeprazol, na literatura farmacológica;

analisar os possíveis riscos do uso irracional de omeprazol, comparando as prescrições

com a literatura.

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3 JUSTIFICATIVA

O omeprazol é um fármaco que está sendo muito utilizado pela população mundial.

Não diferente deste padrão, um enorme contingente de receituário com este fármaco é

recebido diariamente no serviço de dispensação pública da farmácia do SUS, no município de

Governador Valadares. Sendo assim, há necessidade da busca de uma análise dos possíveis

riscos que o uso irracional deste medicamento possa promover à população que o utiliza,

ressaltando a importância da avaliação das interações medicamentosas e da influência deste

medicamento na fisiologia corporal.

Vários são os estudos que levantam sobre a segurança do uso contínuo do omeprazol,

no manejo das doenças peptídicas, relacionadas a distúrbios na acidez gástrica. Todos

mostram grande preocupação com os efeitos a longo prazo, devido a vários fatores como: a

hipergastrinemia, aumento do pH estomacal, influências na nutrição dentre outros efeitos que

afetam a fisiologia corporal normal.

Assim é necessário avaliar a relação risco-benefício deste, em todos os pacientes,

principalmente àqueles que utilizam a polifarmácia; ou mesmo, avaliar a relação da prescrição

deste medicamento, em comparação com as indicações previstas pelos documentos oficiais,

analisar a forma e o contingente que este medicamento está sendo prescrito, e seus efeitos a

longo prazo de administração.

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4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 DESCOBERTA E DESENVOLVIMENTO DO OMEPRAZOL

Descoberto em 1978, sua elaboração era alvo de estudos desde alguns anos atrás. Logo

quando os antagonistas de receptores H2 foram introduzidos, o Dr George Sachs aventou a

hipótese que a secreção de ácidos poderia ser controlada por um alvo comum, mais

específico, a bomba de prótons. Assim, desde sua ideia em 1971 até 1978, vários cientistas

colaboraram para a produção deste revolucionário produto farmacêutico, em uma pequena

companhia farmacêutica na Suécia. A pesquisa iniciou-se na investigação dos imidazóis

(cimetidina), onde foi adicionada ao benzimidazol, uma molécula de piridina-2-tioacetamina,

assim foi criado uma nova classe de benzimidazóis substitutos, classe esta, que levaria mais

tarde ao desenvolvimento do omeprazol. Foi descoberto em 1978, em 1983 e 1984 iniciaram-

se os testes em seres humanos, sendo sua comercialização aprovada em 1989, alcançando em

1999 vendas exorbitantes desta classe de medicamentos (KATZUNG, 2005).

4.2 CONCEITO E MECANISMO DE AÇÃO

A bomba de prótons (H+ K

+-ATPase) é o mediador final da secreção de ácidos da

membrana apical da célula parietal. Para que ocorra por tanto inibição da secreção ácida,

vários inibidores específicos foram desenvolvidos para ela. Os IBPs são uma grande família

de compostos benzimidazólicos substituídos, que se assemelham aos antagonistas dos

receptores H2 na sua estrutura, sendo o omeprazol (figura 1) uma mistura racêmica de

isômeros R e S e o fármaco mais importante e utilizado desta família. Sua fórmula estrutural

empírica é C17H19N3O3S, peso molecular de 345,42 mols, é uma base fraca lipofílica, pouco

solúvel em água e é um fármaco disponível na forma oral ou mesmo em forma intravenosa

para terapia relacionada a distúrbios da acidez (KATZUNG, 2005).

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Figura 1 - Estrutura do Omeprazol

Fonte: Autores do trabalho

O omeprazol é um fármaco muito utilizado na farmacoterapia da acidez gástrica,

úlceras peptídicas e DRGE; se encontra na classe dos IBPs, onde promove a redução da

acidez gástrica por bloqueio da enzima H+/K

+ ATPase (figura 2) na superfície das células

parietais gástrica, inibindo a secreção de ácido para o lúmen estomacal (GARCÍA-GARCÍA,

2007).

Figura 2 - Esquema da farmacoterapia sobre as células parietais do lúmen estomacal

Fonte: Brunton, Lazo, Parker (2006)

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Os inibidores da bomba de prótons são pró-fármacos que exigem a ativação em

ambiente ácido, porém são fármacos que só realizam sua ação quando absorvidos pelo sangue

e transportados para o interior das células parietais. São cápsulas com grânulos de

revestimento entérico e são fortemente degradados em ambientes cujo pH é baixo. Para

impedir a degradação do omeprazol pelo ácido no lúmen gástrico, as formas posológicas orais

são preparadas em diferentes formulações: fármacos de revestimento entérico contidos em

cápsulas de revestimento entérico, comprimidos de revestimento entérico e fármaco em pó

combinado com bicarbonato de sódio. O revestimento entérico é removido em meio alcalino

do duodeno e o pró-fármaco que é uma base fraca, é absorvido e transportado (BRUNTON;

LAZO; PARKER, 2006; HOWLAND; MYCEK, 2007).

4.3 FARMACOCINÉTICA

Após sua administração oral na concentração de 20mg ou 40mg, atinge uma inibição

da secreção gástrica em cerca de 1 hora, pico máximo em 2 horas, persistindo por até 72 horas

a inativação da bomba de prótons. Esta inibição aumenta com a administração contínua da

droga e atinge um platô em 4 dias consequentes de administração. Há uma inibição de cerca

de 78% da bomba de prótons em 2 à 6 horas, 80% em 24 horas, numa administração da dose

de 20mg por via oral, e cerca de 93% de inibição da secreção gástrica na dose de 40mg

(PEREIRA; FONSECA, 2006).

4.3.1 Absorção e Distribuição

A absorção do pró-fármaco acontece no intestino, ou seja, a absorção deste fármaco é

enteral. As cápsulas possuem grânulos com um revestimento para que não seja degradado

pelo ácido estomacal. Ao chegar no intestino delgado sofre uma rápida absorção e atinge

níveis plasmáticos rápidos em cerca de 1 à 3,5 horas, apresenta uma biodisponibilidade de 40

a 65%, meia-vida de 0,5 à 1 hora, porém, a inibição da secreção gástrica é cerca de 24 horas.

Liga-se altamente as proteínas plasmáticas (cerca de 95%). Sua distribuição sanguínea segue

um único alvo, o interior das células parietais e em seguida para os canalículos, onde sofre sua

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ativação e posterior inibição da bomba de prótons (DRUGS.com, 2010; BRUNTON; LAZO;

PARKER, 2006; KATZUNG, 2005; RANG; DALE; RITTER, 2001).

4.3.2 Metabolismo

O omeprazol sofre um intenso metabolismo de primeira passagem sistêmico,

principalmente pelas CYP hepáticas, as enzimas do citocromo P450, dentre elas, as principais

isoenzimas envolvidas no metabolismo de fármacos são as CYPs: 1A2, 2C9, 2D6, 2E1 e 3A4.

A oxidação hepática atua como um papel central no metabolismo de diversos fármacos,

favorecendo sua ação (metabólitos ativos) ou inibindo seu potencial farmacológico

(metabolitos inativos). Estas enzimas podem ou não ser expressas na população em geral, a

expressão destas isoenzimas está relacionado a diversos fatores, entre eles: genéticos,

ambientais e a administração de certos fármacos.

Particularmente a CYP2C19 é a enzima mais afetada e inibida, correlacionando-se a

um metabolismo lento do omeprazol, contribuindo para uma maior eficácia e/ou toxicidade

desse fármaco, pois, a inibição da sua atividade resulta na acumulação da substância e dos

metabólitos sulfenamidas.

As isoenzimas CYP2C19, CYP3A4, CYP1A2 são afetadas com a administração do

omeprazol, pois este atua inibindo e/ou induzindo suas expressões, o que resulta em aumento

ou diminuição da biodisponibilidade de determinados fármacos ou mesmo do omeprazol, que

pode gerar numa toxicidade ou diminuição dos efeitos da farmacoterapia, quando

administrados concomitantemente (BRUNTON; LAZO; PARKER, 2006; GARCÍA-

GARCÍA, 2007).

4.3.3 Excreção

É eliminado rápido e completamente através de seu metabolismo a produtos inativos.

Alguns estudos revelam que a administração de uma dose tamponada de omeprazol, gera 77%

de metabólitos inativos, que são excretados na urina e o restante encontra-se nas fezes e no

plasma. (DRUGS.com, 2010; RANG; DALE; RITTER, 2001). Segundo Gómez et al. (1997),

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60% dos metabólitos são excretados pela urina nas primeiras seis horas; nos quatro dias

seguintes elimina-se cerca de 75-78% dos restantes. Aproximadamente 18-19% das doses

administradas são excretadas nas fezes, depois de serem extraídos do plasma; os metabólitos

são excretados por secreção biliar e expulsados pela membrana gastrointestinal.

4.4 FARMACODINÂMICA

Os IBPs são pró-fármacos que exigem a ativação em ambiente ácido. Após a sua

absorção na circulação sistêmica, o pró-fármaco difunde-se nas células parietais do estômago

e acumula-se nos canalículos secretores de ácidos, onde é ativado pela formação de uma

sulfenamida tetracíclica catalisado por prótons. A sulfenamida interage de modo covalente

com os grupos sulfidrilas da bomba de prótons, inibindo irreversivelmente sua atividade

(figura 3). A secreção de ácido só retorna após a síntese de novas moléculas da bomba e sua

inserção na membrana luminal. Apesar de ter uma meia-vida de 0,5 a 1 hora, a administração

diária de dose única de omeprazol afeta a secreção ácida durante 2-3 dias, devido seu acúmulo

nos canalículos (BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006; RANG, DALE, RITTER, 2001).

Figura 3 - Ativação do Omeprazol

Fonte: Brunton, Lazo, Parker (2006)

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4.5 USOS TERAPÊUTICOS

Indicado para uma gama de doenças peptídicas, o omeprazol é um fármaco utilizado

para tratar toda e qualquer patologia relacionada a distúrbios de hipersecreção de ácido pelas

células parietais do lúmen gástrico. Várias são as patologias as quais são indicadas o uso de

omeprazol dentre elas:

4.5.1 Doença por Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Doença com sintomas comuns de pirose e regurgitação acomete cerca de 10% da

população adulta. O omeprazol é indicado neste caso para redução dos sintomas esofagianos e

extra-esofagianos.

4.5.2 Doença Ulcerosa Peptídica

Várias são as situações que levam a doenças peptídicas, o omeprazol proporciona um

alívio mais rápido dos sintomas e promove uma cicatrização mais rápida das ulcerações, as

ulcerações mais comuns são:

a) prevenção da recorrência de sangramento de úlceras peptídicas: em pacientes que

possuem sangramento gastrintestinal agudo em consequência às úlceras peptídicas, o

risco de recidiva do sangramento é alto, devido à formação de coágulo. A redução

destes sangramentos acontece quando são administradas altas doses de omeprazol

durante 3-5 dias na forma de infusão intravenosa contínua (BRUNTON, LAZO,

PARKER, 2006; WANNMACHER, 2004);

b) úlceras associadas a Helicobacter pylori: para úlceras associadas a H. pylori, existem

dois objetivos terapêuticos: a cicatrização da úlcera e erradicação do microorganismo.

A acidez gástrica diminui a eficácia de alguns antimicrobianos usados, o omeprazol

atua como adjuvante para o tratamento das úlceras peptídicas e auxiliando na

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erradicação da bactéria (BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006; WANNMACHER,

2004);

c) úlceras associadas aos Antiinflamatórios Não-Esteroidais (AINES): o omeprazol é

usado em dois casos quanto à administração dos AINES, é utilizado para evitar

complicações relacionada a úlceras, em consequência ao uso de AINES; e também

utilizado para uma rápida cicatrização destas úlceras desde que o uso do AINE seja

suspenso. O uso em longo prazo principalmente de Ácido Acetilsalicílico (AAS) está

associado a um grave quadro o sangramento gastrintestinal, o omeprazol juntamente

com antagonistas H2 diminui bastante o risco de sangramento digestivo (BRUNTON,

LAZO, PARKER, 2006; WANNMACHER, 2004).

4.5.3 Gastrinoma e outros distúrbios de hipersecreção

Todos os pacientes que possuem distúrbios relacionados à hipersecreção de ácido pelo

lúmen estomacal, quando se administrava omeprazol, apresentam excelente eficácia no

tratamento. Pacientes cujos gastrinomas apresentam metaplasia e não são ressecáveis

apresentam um bom controle da ulceração gástrica quando tratados com omeprazol

(BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006; WANNMACHER, 2004).

4.5.4 Tratamento dispéptico empírico

Na prática clínica é comum o uso empírico de omeprazol para alívio de sintomas

relacionados à acidez gástrica (BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006; WANNMACHER,

2004).

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4.5.5 Tratamento e profilaxia de sangramento digestivo alto

Pacientes criticamente doentes ou que possuem alguma coagulopatia, apresentam

sérios riscos de desenvolverem sangramentos digestivos. O uso de omeprazol na prática

clínica é comum, porém sua eficácia questionável (BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006;

WANNMACHER, 2004).

A revisão sobre os reais usos terapêuticos do omeprazol será considerada no item 6.4,

onde buscou-se informações que justificam a utilização deste fármaco.

4.6 POSOLOGIAS E MODO DE USO

O omeprazol apresenta-se nas concentrações 10, 20, 40mg na forma de cápsulas com

grânulos de revestimento entérico ou pode ser encontrado na forma de pó para solução

injetável na concentração de 40mg. Cada concentração e/ou via de administração é indicado

de acordo com a patologia apresentada, bem como seu quadro clínico, às vezes indicado para

a profilaxia. A concentração normalmente dispensada é a concentração de 20mg que gera uma

boa relação custo/benefício para o indivíduo que o utiliza (MARTÍN-ECHEVARRÍA et al.,

2008).

4.7 EFEITOS ADVERSOS

Em geral os IBPs causam poucos efeitos adversos, sendo bem tolerados e

extremamente seguros. Os efeitos indesejáveis mais comuns são: náuseas, dor abdominal,

prisão de ventre, cefaléia, flatulência e diarreia que acomete cerca de 1 à 5% da população

que o utiliza. Porém, pode resultar em efeitos adversos mais graves, seja por

hipersensibilidade à fórmula ou por algum problema fisiológico. Os principais efeitos

indesejáveis serão relatados de acordo com os diferentes órgãos e sistemas do corpo humano

(BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006; KATZUNG, 2005).

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4.7.1 Efeitos Cardiovasculares

Os efeitos cardiovasculares encontrados na população foram relatados principalmente

em queixas após a comercialização do fármaco, não foram registrados em estudos in vitro ou

in vivo. Os principais efeitos, raramente relatados, são: angina, taquicardia, bradicardia,

palpitação, hipertensão e edema periférico (DRUGS.com, 2010; PEREIRA; FONSECA,

2006).

4.7.2 Efeitos Dermatológicos

Várias são as manifestações dermatológicas apresentadas em pacientes que utilizam o

omeprazol, porém estes efeitos são menos frequentes, podendo ocorrer: exantema cutâneo,

prurido, reações alérgicas, hipersensibilidades, petéquias, inflamação da pele. Outros efeitos

adversos também podem aparecer como: anafilaxia, necrólise epidérmica tóxica, dermatite

exfoliativa, alopécia, pele seca, hiper-hidrose e etc., porém são efeitos raramente encontrados

(PEREIRA; FONSECA, 2006). O site drugs.com relata em sua página online, alguns estudos

feitos sobre os efeitos adversos dermatológicos do omeprazol; o primeiro realizado em uma

mulher de 71 anos, que após 3 semanas de uso de omeprazol 20mg diários, apresentou

erupções cutâneas palpáveis em ambas as pernas, mãos e abdômen, acompanhada de prurido.

As lesões de pele foram completamente resolvidas dentro de poucos dias após a

descontinuação do tratamento. Outro estudo apresentado pelo drugs.com, foi o relato de caso

de uma senhora de 81 anos, que após a administração de omeprazol 40mg por três dias,

apresentou erupções eritematosas pruriginosas progressiva, que começou no dorso da mão e

foi se espalhando para o rosto e membros inferiores, ela foi diagnosticada com

dermatomiosite, o omeprazol foi substituído por ranitidina e após uma semana suas lesões

dermatológicas diminuíram de forma significativa (DRUGS.com, 2010).

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4.7.3 Efeitos no Sistema Nervoso

Os efeitos sob o sistema nervoso central são também pouco frequentes, dentre eles:

tontura, sonolência, cefaleia e astenia. Outros efeitos muito raros são relatados, e às vezes

controversos em relação aos poucos frequentes como: insônia, confusão, alucinação,

depressão, ansiedade e etc. (PEREIRA; FONSECA, 2006).

4.7.4 Efeitos no Sistema Respiratório

Poucos são os efeitos adversos relacionados ao uso de omeprazol, a dor torácica é a

menos frequente, porém mais relatada. Aparece também tosse, epistaxe e dor na faringe,

porém são efeitos raros e quase nunca frequentes (PEREIRA; FONSECA, 2006).

4.7.5 Efeitos no Trato Gastrintestinal (TGI)

Como o omeprazol é um fármaco que atua basicamente no TGI, os efeitos adversos

são mais comuns nesta região, aparecem numa considerável parte da população que o utiliza,

os mais comuns são: dor abdominal (5%), diarreia e náuseas (4%), flatulência e vômitos (3%),

constipação (2%) e pirose. Há também presença de outros efeitos adversos raros ou muito

raros relatados como: disfagia, anorexia, cólon irritável, distúrbios do paladar, boca seca,

coloração anormal das fezes e etc. (DRUGS.com, 2010; PEREIRA; FONSECA, 2006).

4.7.6 Efeitos no Sistema Urinário

Foi relatado após a utilização de omeprazol quadros de proteinúria, hematúria e

infecção do trato urinário, efeitos estes raros e pouco frequentes (PEREIRA; FONSECA,

2006).

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4.7.7 Efeitos Hematológicos

Os seguintes quadros hematológicos foram encontrados após a utilização de

omeprazol: anemia, eosinofilia, leucocitose, pancitopenia e trombocitopenia; efeitos estes

considerados como raros ou muito raros (PEREIRA; FONSECA, 2006).

Outros efeitos adversos já foram relatados como: dor nas costas que acomete 1% da

população que administra omeprazol, dor em articulações das pernas. Já foram relatados

quadros de: ginecomastias, febre em crianças, hipoglicemia, hipocalcemia e vários outros

efeitos adversos e/ou secundários, as maiorias destes efeitos não estão muito claros e estão

muito mal estabelecidas as relações com uso de omeprazol (PEREIRA; FONSECA, 2006).

Com o passar dos anos, novos estudos vão sendo feitos para garantir a segurança de

todos os fármacos, inclusive o omeprazol. No geral, como já dito anteriormente, o omeprazol

é um fármaco muito seguro e apresenta poucos efeitos adversos comprovados, e estes são

efeitos comuns e com pouca representatividade de risco à saúde.

4.8 PRECAUÇÕES

Alguns indivíduos estão mais propícios às interações medicamentosas ou às reações

adversas dos medicamentos. Nestes pacientes a utilização dos medicamentos deve ser mais

controlada ou mais estudada, antes que ocorra a prescrição. A utilização não controlada de

medicamentos em certos indivíduos, com algum quadro patológico grave ou em alguma

circunstância da vida (idosos, crianças, grávidas e etc.), pode levar sérios riscos à saúde, seja

por aumento de expressividade dos efeitos adversos, das reações toxicológicas ou maior

probabilidade de interações medicamentosas e etc. Sendo assim, no uso de qualquer

medicação, o considerado grupo de risco (idosos, grávidas, crianças, pacientes com

insuficiência renal, insuficiência hepática, pacientes imunossuprimidos, pacientes

oncológicos), deve ser alertado e orientado, pois, estes pacientes necessitam de maior controle

da relação risco/benefício da utilização de alguns medicamentos.

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4.8.1 Gravidez

Ao omeprazol foi atribuída a categoria de risco “C” da gravidez pelo FDA. Alguns

estudos realizados em animais (ratos e coelhos) revelaram a evidência de morte embrionária e

fetotoxicidade. Embora não haja qualquer dado que mostre esta relação em mulheres

grávidas, o uso de omeprazol deve ser avaliado, e usado se for claramente necessário, uma

vez que há divergência em relação às opiniões frente ao uso de omeprazol durante a gestação.

Em estudos divulgados pelo site drugs.com, sobre o risco de teratogenicidade do

omeprazol durante a gravidez, revelam que em revisões feitas pelo Sistema de Informação

sobre Agentes Teratogênicos (TERIS), concluem que doses terapêuticas de omeprazol durante

a gravidez demonstram um risco substancial de teratogenicidade. Todos os estudos

apresentados pelo drugs.com concluem que o omeprazol está relacionado a más formações

fetais em humanos, principalmente em gestantes que utilizaram omeprazol nos três primeiros

meses de gestação. Apenas um estudo destacou que o omeprazol, na dose de 80mg,

administrado por via oral em gestantes, cerca de 13 a 16 horas antes da cesariana, foi

indetectável em amostras da veia umbilical de 16 dos 20 recém-nascidos, e não havia nenhum

indício de efeitos adversos nestes (DRUGS.com, 2010).

4.8.2 Lactação

Embora não tenha sido relatada excreção considerável de omeprazol no leite humano,

é recomendada pela indústria farmacêutica a interrupção da amamentação ou a interrupção da

medicação, mesmo que a concentração seja insignificante, o risco de reações adversas pode

aparecer no recém-nascido (DRUGS.com, 2010).

4.8.3 Idosos

Estudos revelam que não há diferenças entre a eficácia do omeprazol entre idosos e

jovens, somente demonstra que a eliminação da droga pelos idosos é um pouco menor e

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consequentemente a biodisponibilidade é maior. O bulário eletrônico da ANVISA indica que

o omeprazol poderá ser usado em pacientes acima de 65 anos de idade, desde que observadas

as contra-indicações, precauções, interações medicamentosas e reações adversas deste

medicamento, pois, a população desta faixa etária se mostra mais sensível segundo estes

critérios (DRUGS.com, 2010; ANVISA, 2010).

4.8.4 Insuficiência Hepática

Pacientes com insuficiência hepática no geral apresentam problemas relacionados à

metabolização e depuração dos fármacos. São pacientes que necessitam de um controle mais

específico das doses dos medicamentos, pois podem gerar ao indivíduo, toxicidade ou

hiperatividade da medicação, porque o fármaco torna-se mais biodisponível, apresentando-se

mais aos alvos de ação. A doença hepática reduz consideravelmente a depuração do

omeprazol, por conseguinte nos pacientes com hepatopatias graves recomenda-se uma

redução da dose da medicação, para que haja um controle da patologia gastrintestinal

apresentada, sem que ocorra uma toxicidade, promovendo efeitos benéficos e sem prejuízos a

saúde do paciente (BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006).

4.8.5 Insuficiência Renal

Embora a insuficiência renal seja uma patologia considerável na promoção do controle

de dosagem das medicações, na utilização de omeprazol, não se necessita um controle desta.

A presença de insuficiência renal crônica não leva ao acúmulo do fármaco, com dose única de

omeprazol ao dia. Assim não há necessidade da redução da dose do medicamento, pois não

ocorrerá o acúmulo, mesmo que a excreção do medicamento esteja prejudicada (BRUNTON,

LAZO, PARKER, 2006).

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4.8.6 População da Ásia

A expressão aumentada ou diminuída de certas CYPs hepáticas pode influenciar na

metabolização das drogas, como citado anteriormente no item 4.3.2 referente ao metabolismo

do omeprazol, a expressão do genótipo da CYP2C19 que correlaciona-se ao metabolismo

mais lento dos inibidores da bomba de prótons, pode resultar numa maior eficácia/toxicidade

desta medicação. Os asiáticos possuem maior tendência a expressão deste genótipo e com isto

a metabolização do omeprazol torna-se mais lenta, tendo assim a necessidade da redução da

dose (BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006).

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30

5 DESENVOLVIMENTO

5.1 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo farmacoepidemiológico transversal, descritivo e observacional.

O levantamento de dados foi obtido por pesquisa de documentação indireta, pesquisa de

bibliografias e pesquisa de receituário. O objeto de amostragem foi o receituário do SUS do

município de Governador Valadares-MG, para a informação dos dados necessários à

elaboração do estudo serão analisadas as prescrições retidas em uma farmácia pública, onde

se dispensa medicamentos para a população geral do município. Os dados coletados foram

anotados em tabelas e transcritos para os gráficos que estarão presentes nos resultados. A

pesquisa se estabeleceu com todas as receitas retidas no mês de abril do ano de 2010,

avaliando tanto as prescrições de medicamentos sujeitos a controle especial, quanto às dos

medicamentos não sujeitos a controle especial.

5.1.1 Procedimentos

O levantamento de dados foi realizado por meio de análise do receituário retido em

uma farmácia pública do município de Governador Valadares-MG, anotando em tabelas

quantidades de receitas, quantidades de receituário com omeprazol, principais medicamentos

que interagem com omeprazol, indicação do período de tempo que ocorreu à utilização do

omeprazol (uso continuo ou não), modo de uso e etc. Os resultados das tabelas foram

calculados e transcritos normalmente ou em forma de gráficos (utilizando o Excel). A revisão

bibliográfica foi realizada a partir da busca em periódicos indexados em base de dados

científicos (Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, FDA, ANVISA,

Bireme e etc.), com as seguintes expressões chave: omeprazol, riscos omeprazol, usos

omeprazol, uso indiscriminado omeprazol, interações medicamentosas omeprazol e fisiologia

omeprazol. Foram também pesquisados livros texto de Farmacologia.

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5.1.2 Cuidados Éticos

As prescrições médicas foram analisadas, após autorização por parte do gestor

municipal de saúde, mantendo a privacidade dos nomes dos médicos prescritores e de seus

pacientes. Todos os dados analisados foram somente para observação estatística e

epidemiológica para garantir a confiabilidade do estudo e assegurar uma posterior análise.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de prescrições é um dado muito importante, pois permite a avaliação do

perfil de prescrição de um determinado medicamento. As prescrições, mesmo sendo um item

simples e fornecendo poucos dados como: nome do medicamento, quantidade, tempo de uso e

modo de uso; podem indicar parâmetros quantitativos e qualitativos sobre a dispensação de

determinados fármacos. Parâmetros quantitativos como: números de prescrições, número de

interações, números sobre o tempo de uso e etc., auxilia no diagnóstico frente ao uso racional

de fármacos. Parâmetros qualitativos como: modo de uso, posologia, indicações e etc.,

determinam o perfil de como a utilização do fármaco está sendo feita.

O omeprazol é um fármaco prescrito em receitas comuns, tarja vermelha (venda sob

prescrição médica), sem retenção de receita, é um medicamento classe “C” para gravidez e

lactação segundo a FDA. Sendo um medicamento muito vendido em todo mundo, inclusive

no Brasil, pois, é o 7° medicamento mais vendido segundo o Ministério da Saúde, e o

medicamento que alavanca a venda dos genéricos.

Na pesquisa realizada nas prescrições da Farmácia Pública de Governador Valadares,

analisou-se todas as prescrições do receituário comum em que havia prescrição de omeprazol,

no mês de abril de 2010.

6.1 OMEPRAZOL EM NÚMEROS

As vendas de omeprazol em todo o mundo tornam-se cada vez mais exorbitantes,

segundo o Jornal de Notícias, um jornal português de grande credibilidade no mercado

Europeu, há informações que o consumo dos inibidores da bomba de prótons em Portugal é

alarmante; a população chega a consumir 47 Doses Diárias Definidas (DDD) por mil

habitantes, ou seja, uma proporção de 47.000 doentes tratados com um dado medicamento

desta classe. Na Holanda, Islândia e Áustria são tomadas mais de 50 DDD. O problema

torna-se mais preocupante quando se atenta apenas ao omeprazol: Portugal só consome menos

do que a Holanda, com 27 DDD (contra 29). Segundo a Infarmed, as apresentações genéricas

de omeprazol representam 91% das vendas totais da substância. De Janeiro a Outubro de

2008, foram vendidas, em Portugal, 2.994.429 embalagens de modificadores da secreção

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gástrica, equivalentes a 112,4 milhões de euros. Desse volume, 1.878.922 embalagens eram

de omeprazol, representando 77,7 milhões de euros, ou seja, 14,6% do total do valor das

vendas de genéricos. O título da matéria em questão no jornal era “INFARMED investiga uso

excessivo de omeprazol”, o que é extremamente necessário, pois os números apresentados

passam a ser preocupantes, e “Quando se toma um medicamento que não é absolutamente

necessário, há sempre riscos”, palavras ditas pelo presidente da INFARMED ao Jornal de

Notícias. Estes dados além de serem divulgados neste jornal, foram também apresentados no

site da INFARMED, pois em Portugal e toda União Européia, a preocupação com o uso

racional e vendas de medicamentos é significante (CARNEIRO, 2008; INFARMED, 2010).

No Brasil, a dispensação de omeprazol torna-se também preocupante, pois alguns

boletins enviados por agências de saúde já foram emitidos, para que se estabeleça o uso

correto e racional deste medicamento. Em dezembro de 2004, a Organização Pan-Americana

de Saúde lançou um Alerta Terapêutico, informando sobre as indicações racionais de IBPs.

Em janeiro de 2009, a revista do Conselho Federal de Farmácia publicou também um artigo

sobre a Segurança do uso contínuo de IBPs. Em julho de 2009, um Alerta Terapêutico foi

lançado pela prefeitura de São Paulo juntamente com o Sistema Único de Saúde (SUS),

alertando sobre os usos racionais e sobre o uso contínuo deste medicamento. Os índices de

venda também são bem intrigantes, pois, como relatado anteriormente, o omeprazol é o 7°

medicamento mais vendido no Brasil, e o principal genérico em vendas.

Não diferente da preocupação nacional e também mundial, os níveis de dispensação de

omeprazol na rede pública de Governador Valadares é preocupante. Na análise de receituário

feita em uma farmácia pública do município, no mês de abril de 2010, constatou-se que

11,27% das receitas tinham a prescrição do omeprazol. Foram analisadas 13.650 receitas entre

o dia 1 e o dia 30 de abril, destas 1.539 possuíam omeprazol na prescrição, ou era uma

prescrição somente de omeprazol (gráfico 1). Das 2.505 receitas de medicamentos sujeitos a

controle especial analisadas, 162 possuíam omeprazol associado, representando 6,47% das

receitas (gráfico 2). Durante esse período de análise, houveram dias em que o omeprazol

estava em estoque para ser dispensado e em outros, havia desabastecimento. Houve

dispensação de omeprazol entre o dia 5 e o dia 13, e do dia 22 ao dia 30, nesses dias foram

dispensadas 12,69% de receitas com omeprazol, ou seja, 1.479 receitas possuíam omeprazol

prescrito, de um total de 10.776 analisadas (gráfico 3). Nos dias que não havia omeprazol,

para ser dispensado (desabastecimento), houve 171 prescrições de omeprazol ou 5,95% de

receitas totais, que correspondem a 2.874 (gráfico 4). A análise realizada quantificou o

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número de prescrições que continham omeprazol, e não a quantidade de omeprazol que foi

prescrita.

Gráfico 1 - Representação gráfica da quantidade de prescrições

Fonte: Autores do trabalho

Gráfico 2 - Representação gráfica das receitas com medicamentos sujeitos

a controlado especial

Fonte: Autores do trabalho

12.111; 88,73%

1.539; 11,27%

Outras

Quantidade de Receitas

com Omeprazol

Quantidade de Prescrições

162; 6,47%

2.343; 93,53%

Quantidade de prescrições

de medicamentos sujeitos

controle especial com

omeprazol

Outras

Prescrições de medicamentos

sujeitos a controle especial

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Gráfico 3 - Quantificação de prescrições contendo omeprazol no mês de abril

Fonte: Autores do trabalho

Gráfico 4 - Representação gráfica da quantidade de prescrições

de omeprazol nos dias de desabastecimento

Fonte: Autores do trabalho

Nos dados coletados sobre a quantidade do medicamento, verificou-se o fornecimento

de 71.820 cápsulas de omeprazol no mês de Abril de 2010. Ao comparar a quantidade de

omeprazol dispensada nesta data em relação à quantidade de dispensação do mesmo mês do

9.297; 87,31%

1.479; 12,69%

Outras

Quantidade de Receitas

com omeprazol

Número de Prescrições dos dias em

que foi dispensado omeprazol no mês

Abril

2.703; 94,05%

171; 5,95%

Outras

Quantidade de Receitas

com omeprazol

Número de prescriçoes dos dias de

desabastecimento de omeprazol

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ano anterior, abril de 2009 (48.006 cápsulas de omeprazol dispensadas), mostrou-se um

aumento de 32,04% na distribuição; houve uma dispensação de 23.014 cápsulas a mais.

Quando se compara os pedidos destes dois meses, verifica-se um aumento de 27,67%, dos

pedidos, tendo uma diferença de 24.000 cápsulas. Na análise dos pedidos de omeprazol desta

farmácia pública, detectou-se a média de aumento de 2,27% ao mês, nos pedidos, no intervalo

de tempo entre 5 de abril de 2009 e 5 abril de 2010.

Pedidos e demandas das farmácias públicas são dados às vezes complexos, pois os

farmacêuticos fazem os pedidos dos medicamentos para as farmácias públicas, com base na

demanda que aconteceu no mês anterior, o farmacêutico estipula a quantidade de um

determinado medicamento que será necessária para o mês seguinte. O que acontece, na

maioria das vezes, é que o pedido nem sempre chega na sua quantidade solicitada, o que afeta

diretamente a demanda, conforme citado anteriormente, há dias que o medicamento é

dispensado e outros ocorre um desabastecimento. O omeprazol é um fármaco de rápida

dispensação, ou seja, sai num contingente enorme, e em poucos dias, devido ao grande

número de sua prescrição. O que se pode constatar é que há uma diferença no aumento dos

pedidos e demanda, quando se observa os meses de abril isoladamente, de um ano para o

outro. Fazer uma análise de aumento da demanda, não seria adequado, pois, o medicamento

não está sendo dispensado em quantidade suficiente, ou seja, não está sendo ofertado para

todos que o procuram. Mesmo assim nota-se que a demanda tende a ser alta e a procura é

grande, havendo uma demanda reprimida. A reflexão frente à realidade da saúde pública do

Brasil, em especial ao atendimento de medicamentos na farmácia pública, é que o

gerenciamento da “dispensação” é de responsabilidade do órgão público (Secretaria

Municipal de Saúde) e não apenas do farmacêutico responsável. Sendo da autoria deste órgão,

a compra dos medicamentos, para que ocorra a dispensação (representação gráfica de pedidos

e demandas desde o mês de abril de 2009 até abril de 2010, Gráfico 5 e 6, respectivamente).

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37

Gráfico 5 - Representação do Pedido de Omeprazol de Abril/2009 à Abril/2010

Fonte: Autores do trabalho

Gráfico 6 - Representação da Demanda de Omeprazol de Abril/2009 à Abril/2010

Fonte: Autores do trabalho

65.100

26.180

69.67870.000

48.510

66.570

70.000

84.000

75.000

28.700

78.400

90.000

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

mer

o d

e M

edic

am

ento

s Quantidade de omeprazol solicitada pelo farmacêutico à Secretaria

(Pedido)

48.006

40.250

40.986

49.700

52.430

47.556

0

39.438

109.500

47.712

56.002

71.820

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

mer

o d

e M

edic

am

ento

s

Quantidade recebida de omeprazol na Farmácia Pública (Demanda)

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38

6.2 AVALIAÇÃO DO MODO DE USO PRESCRITO

A correta prescrição do modo de uso é um passo primordial para uma boa efetividade

da terapêutica de qualquer medicação, principalmente quando esta é administrada fora do

âmbito clínico, pois, estas informações serão as únicas adquiridas pelo paciente, e não terão

auxilio de outros profissionais para administração. O modo de uso do omeprazol mostra-se

bem questionável, devido vários autores e bulas indicarem sua administração de modos

diferentes.

Segundo Bruton, Lazo e Parker (2006), o omeprazol deve ser utilizado 30 minutos

antes das refeições, mas, relata em sua bibliografia que a utilização concomitante com

refeições, pode reduzir a absorção do fármaco. Porém, os autores não acreditam que esse

efeito seja clinicamente significativo e relatam ainda que o ácido do lúmen gástrico possa

degradar a medicação. Katzung (2005) indica que o omeprazol deve ser administrado de

estômago vazio, cerca de uma hora antes das refeições, em geral no desjejum ou no jantar;

alerta que a biodisponibilidade do fármaco é reduzida em 50% quando administrado junto

com alimentos; e que em jejum, apenas 10% das bombas de prótons secretam ativamente

ácido e são susceptíveis a inibição. O bulário da Medley e o Alerta Terapêutico da Prefeitura

de São Paulo indicam que o uso correto do omeprazol é pela manhã, 30 minutos antes do café

da manhã.

Assim, levando em consideração as várias informações quanto aos horários e modo de

uso do omeprazol, o mais correto seria sua administração cerca de 0,5 a 1 hora antes das

refeições. Não deveria ser administrado em jejum pela manhã, pois somente 10% das bombas

de prótons estão ativas, e o conteúdo ácido do lúmen gástrico encontra-se alto. E, juntamente

com alimentos, sua biodisponibilidade pode diminuir, o que afetaria muito sua ação.

Na análise feita nas prescrições que continham omeprazol, avaliou-se sobre as

informações quanto ao modo de uso, classificando o uso como correto, incorreto ou sem

indicações de uso. Suas avaliações, bem como seus dados estatísticos serão descritos a seguir:

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39

6.2.1 Modo de uso Correto

Nesta análise considerou-se como modo de uso correto prescrito, aquelas receitas que

indicavam o uso de omeprazol cerca de 30 minutos à 1 hora antes das refeições, seja café da

manhã ou jantar. Desse modo, 706 das 1539 (prescrições totais com omeprazol) receitas

estavam de acordo com esta indicação, com informações corretas como: “Tomar 1 cápsula

meia hora antes do café da manhã”, “Tomar 1 comprimido1 30 minutos antes do café da

manhã”, “ Tomar uma cápsula meia hora antes do café da manhã e meia hora antes do jantar”

e etc.

Estas 706 representaram 45,87% das prescrições, como mostrado no gráfico 7.

6.2.2 Modo de uso Incorreto

Foram consideradas informações incorretas, em relação ao modo de uso, aquelas

prescrições que indicavam o uso de omeprazol em jejum, que possuíam poucas informações,

ou informação para tomar antes das refeições. Assim, das 833 prescrições restantes, 733

foram avaliadas como incorretas, pois possuíam indicações como: “Tomar uma cápsula em

jejum”, “Tomar 1 comprimido antes das refeições”, “Omeprazol 1+0+1” (neste caso a

informação que se pretende passar é: Tomar 1 pela manhã, nenhum à tarde, 1 à noite) e etc..

As duas primeiras informações estão totalmente incorretas, uma vez que a primeira pode levar

o paciente a tomar a medicação e ficar sem café da manhã, ou este, ficar sem tomar café pelo

menos 2 horas após a medicação, o que atrapalharia a biodisponibilidade do medicamento,

pois em jejum o nível de ácido está muito alto, podendo influenciar na absorção do fármaco,

já que são cápsulas de grãos com revestimento entérico. Sua ação seria também afetada, pois,

em jejum somente 10% das bombas de prótons estão ativadas. A segunda informação também

pode afetar na biodisponibilidade do fármaco, pois, a administração antes das refeições pode

levar o paciente a tomar a cápsula e logo após tomar o café, almoçar ou jantar, o que

diminuiria em 50% a biodisponibilidade do fármaco. A terceira informação pode não levar a

nada, ou levar o paciente a tomar a medicação na hora que considerar conveniente, desde que

1 Comprimido: O omeprazol dispensado na Farmácia pública, bem como a maioria das formulações comerciais

iiide omeprazol, é na forma de cápsulas, com pós granulados revestidos.

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40

seja um pela manhã e outro à noite. Assim 733 prescrições foram avaliadas como modo de

uso incorreto, representando 47,63% do total (gráfico 7).

6.2.3 Modo de uso sem indicação

Algumas prescrições nem sequer apresentavam o modo de uso da medicação,

apresentava somente a quantidade de cápsulas de omeprazol, ou não apresentavam nada.

Desse modo, 100 prescrições foram avaliadas contendo modo de uso sem indicação, pois,

apresentavam somente alguns itens prescritos como: “Omeprazol 30 cápsulas”, “Omeprazol

uso contínuo”, “Omeprazol 60 cápsulas” e etc. Assim, das 1.539 receitas contendo omeprazol

prescrito, 100 foram avaliadas como sem indicação do modo de uso, e representaram 6,5%

das prescrições (Gráfico 7).

Gráfico 7 - Representação da Avaliação do Modo de Uso

Fonte: Autores do trabalho

706; 45,87%

733; 47,63%%

100; 6,5%

Modo de Uso Correto

Modo de Uso incorreto

Sem indicação de uso

Avaliação do Modo de Uso

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41

6.2.4 Informações sobre o modo de uso

As informações corretas sobre o modo de uso de qualquer medicação é direito do

paciente, e devem ser oferecidas por um conjunto de profissionais responsáveis. O começo

básico das informações sobre o modo de uso deve partir dos médicos, informando horários de

uso, duração do tratamento, se deve tomar em jejum ou não, antes das refeições ou não,

enfim, deve informar sobre quaisquer itens importantes da medicação, incluindo

principalmente para quê e com quê finalidade o paciente está usando. O farmacêutico com a

prestação de sua assistência farmacêutica deve informar ao paciente sobre o modo correto do

uso da medicação, informar os horários, se é em jejum ou não, como administrar, aplicar

(tópicos, oftálmicos e etc.), enfim, todos os parâmetros que garantam uma boa administração

do fármaco; seguindo todas as informações prescritas pelo médico e o questionando em casos

de dúvidas de problemas muito exorbitantes. O farmacêutico juntamente com os atendentes,

balconistas e técnicos devem oferecer o máximo de informações seguras para a administração

do fármaco, buscar prestar ao paciente uma excelente assistência farmacêutica.

Erros quanto ao modo de uso dos fármacos são comuns, principalmente no serviço

público de saúde devido à dificuldade de prestação de informações. Médicos vivem num

constante afogamento de pacientes, precisam ser precisos e rápidos no atendimento da

população, pois filas e filas estão aguardando para o atendimento, o que reflete na falta de

informação para o paciente de como administrar o fármaco. Nas farmácias públicas, a

dispensação deve ocorrer o mais rápido possível, devido às filas, na maioria das vezes, serem

enormes. Há uma grande dificuldade para atender e prestar assistência ao paciente, pois eles

querem sempre rapidez no atendimento e não uma qualidade de atendimento. As prescrições

são muito confusas, devido às famosas “letras de médico”, que virou um clichê, “letra de

médico é feia”, o que dificulta ainda mais ao paciente saber como usar o fármaco, e para o

atendente informar sobre o modo de uso, pois, ás vezes as prescrições são inelegíveis e a

pressa para promover um atendimento mais eficiente dificulta esta prestação de serviço. O

correto modo de uso é um direito do paciente, mas também passa a ser um dever dele, pois se

o paciente buscar informar-se no momento da consulta ou no momento do atendimento, estes

problemas seriam evitados, porque haveria um melhor esclarecimento.

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42

6.3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

Os transtornos relativos à acidez gástrica requerem tratamentos prolongados pela

presença das condições agudas e crônicas que os perpetuam. Pacientes que geralmente

utilizam omeprazol são pacientes polimedicamentados, ou seja, utilizam vários

medicamentos, o que facilita as interações, uma vez que o uso de omeprazol é também

prolongado, em geral no mínimo 3 meses de tratamento. Basicamente são dois tipos

principais de interações medicamentosas que ocorrem com este fármaco: as que se referem à

alteração da absorção devido à diminuição da acidez gástrica, e as que derivam das interações

com as enzimas do citocromo P450, que interfere no metabolismo de diversas substâncias

(GARCÍA-GARCÍA, 2007; PEREDO G.,2004).

Os medicamentos dispensados em todas as farmácias públicas do Brasil seguem uma

lista padronizada pelo Ministério da Saúde, a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME), nesta lista são observados quais medicamentos são realmente essenciais para a

população, e quais medicamentos devem ser dispensados na farmácia pública. Na análise das

prescrições buscou-se estabelecer os principais medicamentos que interagem com o

omeprazol, bem como a quantidade destes medicamentos prescritos juntamente com o

omeprazol. Foram avaliadas todas as prescrições que possuíam mais de um medicamento,

porque não é possível estabelecer interações de medicamentos nas prescrições individuais de

omeprazol. Neste item buscamos os principais medicamentos que sofrem interações com o

omeprazol, bem como aqueles que são dispensados pela farmácia pública (Carbamazepina,

Fenitoína, Cetoconazol, Glibenclamida, Nifedipino/Amlodipino, Digoxina e os

Antiinflamatórios Não-Esteroidais).

6.3.1 Cetoconazol e Itraconazol

Na interação do omeprazol com o cetoconazol/itraconazol ocorre diminuição dos

efeitos antifúngicos, porque estes, são fármacos que dependem de um pH mais ácido para

promover sua absorção. Como os IBPs diminuem a secreção ácida, logo diminuem a absorção

destes fármacos, por não haver promoção da dissolução dos antifúngicos, consequentemente

diminui sua biodisponibilidade (GARCÍA-GARCÍA, 2007; PEREDO G.,2004; PEREIRA;

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43

FONSECA, 2006). O cetoconazol está na lista da RENAME e sua dispensação na farmácia

pública é muito importante, pois, auxilia na terapêutica de diversas contaminações fúngicas.

Na análise das prescrições houve 15 receitas que possuíam a prescrição de omeprazol

concomitante com cetoconazol, representando 0,97% das receitas.

6.3.2 Digoxina

O omeprazol aumenta a concentração plasmática da digoxina (aumento da sua

biodisponibilidade em 10%), por influenciar sua absorção. Com a diminuição dos ácidos

excretados, aumenta basicidade do meio, logo aumenta o pH, o que favorece uma maior

absorção do fármaco, podendo causar riscos de toxicidade, já que se trata de uma medicação

utilizada no controle da insuficiência cardíaca (GARCÍA-GARCÍA, 2007; PEREDO G.,2004;

PEREIRA; FONSECA, 2006; BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006). Das 1.539 receitas

analisadas que possuíam omeprazol, encontrou-se 30 receitas com prescrição de Digoxina,

representando assim 1,95% das receitas.

6.3.3 Glibenclamida

O omeprazol aumenta a absorção deste fármaco, devido ao aumento do pH estomacal,

que facilita solubilidade da glibenclamida, e consequentemente aumenta sua concentração

plasmática, podendo resultar em quadros de hipoglicemia (PEREIRA; FONSECA, 2006). A

interação entre o omeprazol e a glibenclamida em números é também alta, frente à análise

realizada nas prescrições. Das 1.539 receitas houve 66 receitas com a prescrição conjunta

destes fármacos, representando 4,29% das receitas.

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6.3.4 Fenitoína e Hidantoína

Com estes fármacos a interação acontece por outros caminhos, diferentemente dos

medicamentos citados anteriormente, o omeprazol interage com a fenitoína por sua via de

metabolização, aumentando sua concentração plasmática e diminuindo seu metabolismo. O

omeprazol atua inibindo a CYP2C19 que é enzima responsável pela metabolização da

fenitoína, assim aumentando sua biodisponibilidade e seus efeitos anticonvulsivantes. Por um

mecanismo não muito bem esclarecido, a diminuição da concentração plasmática dos prótons,

aumenta a meia-vida da fenitoína (GARCÍA-GARCÍA, 2007; PEREDO G.,2004; PEREIRA;

FONSECA, 2006; BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006). A fenitoína é um fármaco sujeito a

controle especial, da classe C1 dos medicamentos sujeitos a controle especial. Estes fármacos

são geralmente prescritos em receitas separadas, individuais, ou em associação a outros

medicamentos sujeitos a controle especial.

Como a Fenitoína não é um medicamento que necessita de uma notificação de receita

como os medicamentos da classe A1, A2, A3, B1, B2, C2, C3, encontra-se a prescrição deste

fármaco concomitante com outros medicamentos. Das receitas totais pesquisadas que

possuíam omeprazol prescrito (1.539), detectou-se 10 receitas que tinham estas duas

medicações associadas, o que representa 0,65%. Analisando somente as receitas de

medicamentos controlados que possuíam a prescrição de omeprazol (162), a quantidade de

receitas com fenitoína (10) representou 6,17%. As interações medicamentosas são mostradas

no gráfico 10, as interações entre o omeprazol e os medicamentos controlados, no gráfico 8.

As principais interações medicamentosas do omeprazol na sua metabolização, via CYPs

hepáticas, são representadas na tabela 1.

6.3.5 Carbamazepina

A CYP3A4 é a principal isoenzima hepática responsável pela biotransformação da

carbamazepina, que tem sua concentração plasmática aumentada pelo omeprazol, por este

atuar inibindo a expressão desta CYP, causando um aumento da sua biodisponibilidade. A

carbamazepina quando metabolizada pela CYP3A4, gera um metabolito tão ativo quanto ao

composto original, assim a inibição desta CYP pode prolongar seus efeitos farmacológicos

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(PEREIRA; FONSECA, 2006; BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006; FUCHS;

WANNMACHER; FERREIRA, 2004). Assim como a fenitoína, a carbamazepina também é

um medicamento sujeito a controle especial, da classe C1, que não necessita de notificação de

receita, sendo sua prescrição feita no receituário normal juntamente com outros fármacos. Na

análise das prescrições, foram encontradas 20 receitas concomitantes de omeprazol e

carbamazepina, representado 1,3% das receitas totais (1.539), e 12,35% das receitas de

medicamentos controlados (162). As interações medicamentosas são mostradas no gráfico 10,

as interações entre o omeprazol e os medicamentos controlados, no gráfico 8.

Gráfico 8 - Representação das prescrições de medicamentos

sujeitos a controle especial associados a omeprazol

Fonte: Autores do trabalho

6.3.6 Antiinflamatórios Não-Esteroidais (AINES)

São vários os AINES utilizados na terapêutica de problemas relacionados à febre,

inflamações e dor. Os AINES mais utilizados são Ibuprofeno, Ácido Acetilsalicílico (AAS),

Dipirona, Paracetamol, Buscopan® (butilbrometo de escopolamina + dipirona), etc. Esses

fármacos são utilizados em grande escala pela população em geral, e tem como o principal

mecanismo de ação a inibição da enzima Cicloxigenase (COX), que se apresentam como

10; 6,17%

20; 12,35%

132; 81,48%

Número de prescrições do omeprazol associado a

medicamentos sujeitos a controle especial

Fenitoína

Carbamazepina

Outras

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46

COX1 e COX2, responsáveis pela conversão do ácido araquidônico em prostaglandinas e

tromboxanos, que são mediadores fisiológicos. O alvo do medicamento é a COX2, presente

nas células inflamatórias, responsáveis pela geração de efeitos relacionados à dor e a febre, no

entanto as reações adversas recaem também sobre a COX1 que promovem a regulação de

vários sistemas fisiológicos dos órgãos do corpo humano, como formação das prostaglandinas

de regulação da secreção de ácido, pelas células parietais do lúmen gástrico, e pela

estimulação das células epiteliais superficiais, para produzirem muco, o que garante a

proteção da mucosa gástrica. A inibição desta cascata de proteção e regulação ácida estomacal

pode promover uma série de danos a mucosa, levando às várias feridas e úlceras, quando o

uso de AINES for prolongado. Não há tanto uma interação medicamentosa entre omeprazol e

AINES, mas sim um prejuízo em relação ao uso contínuo de AINES e o uso do omeprazol

para diminuir estes sintomas ocasionados, levando o indivíduo, a ter uma administração

contínua de omeprazol para promover a cura de um outro medicamento, utilizado

incorretamente. Os usuários crônicos de AINES apresentam de 2 a 4% de risco de

desenvolverem úlceras, sangramentos e perfurações gastrintestinais, a melhor conduta nestes

casos, é a suspensão do uso dos AINES ou a utilização de inibidores seletivos da COX2,

porém podem promover uma série de eventos cardíacos, além de não necessariamente

inibirem o desenvolvimento de úlceras gástricas. Para pacientes que realmente necessitam da

utilização de AINES, o omeprazol é uma excelente escolha para cicatrização e prevenção de

lesões gastrintestinais, sendo superior aos antagonistas H2, mas não se justifica e nem se

indica o uso contínuo de omeprazol concomitante com AINES (BRUNTON; LAZO;

PARKER, 2006). Na análise das prescrições da Farmácia Pública do SUS, os AINES

representaram a classe de medicamentos que mais foram prescritas em associação com o

omeprazol, das 1.539 receitas, 506 possuíam AINES prescritos concomitantemente,

representando 32,88% destas prescrições (gráfico 10). Vários itens contribuem para esta

porcentagem alta, pois, os AINES constituem uma classe com vários fármacos; dos

dispensados na Farmácia Pública, os principais são: AAS que representa 42,49% das

prescrições dos AINES (506), o Paracetamol 14,23%, a Dipirona 12,25%, o Ibuprofeno

25,1% e o Buscopan® 5,93% (gráfico 9).

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47

Gráfico 9 - Representação dos Principais AINES associados com o omeprazol

Fonte: Autores do trabalho

6.3.7 Bloqueadores dos canais de cálcio (Nifedipina, Amlodipina)

O omeprazol aumenta a concentração plasmática da droga, por influenciar no

metabolismo do fármaco, e também inibe a isoenzima CYP3A4, inibindo o metabolismo dos

bloqueadores dos canais de cálcio, gerando um aumento da sua biodisponibilidade.

Deve-se haver bastante cuidado com esta associação, pois, estes fármacos são

utilizados para controle da hipertensão arterial, e como há um aumento da concentração da

droga pode resultar numa hipotensão arterial, o que não é desejada (GARCÍA-GARCÍA,

2007; PEREDO G.,2004; PEREIRA; FONSECA, 2006; BRUNTON, LAZO, PARKER,

2006). Desta classe de medicamento o nifedipino e o amlodipino são dispensados na farmácia

pública. Em relação a todos os medicamentos analisados em associação com omeprazol, esta

é a segunda classe mais prescrita concomitantemente, só perdendo para os AINES. Das 1.539

receitas analisadas, 146 receitas possuíam também nifedipino ou amlodipino prescritos,

representando 9,49% das receitas, representados no gráfico 10.

Dipirona; 62; 12%

Paracetamol; 72;

14%

Ibuprofeno; 127;

25%

Buscopan® ; 30;

6%

AAS; 215; 43%

Número de prescrições de Omeprazol e AINES

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48

Nota: Outras, refere-se às outras prescrições que não continham interação com omeprazol.

Gráfico 10 - Interações medicamentosas com omeprazol

Fonte: Autores do trabalho

6.3.8 Outras Interações Medicamentosas

O omeprazol é um fármaco que interage em larga escala de medicamentos, pois,

influencia na expressão de várias CYPs hepáticas, além de influenciar no pH gástrico, que

interfere na absorção. Existem medicamentos que são muito importantes quando se trata da

administração concomitante destes com o omeprazol, os quais serão descritos a seguir:

6.3.8.1 Varfarina

As interações entre o omeprazol e a varfarina acontecem a nível de metabolização via

citocromo P450, particularmente a CYP2C19, a inibição deste complexo enzimático pode

causar aumento dos níveis plasmáticos da droga, gerando riscos à saúde do individuo, devido

sua estreita margem de segurança terapêutica. É grande o risco de sangramento e

hipoprotrobinemia em pacientes que utilizam ambas as medicações ao mesmo tempo

(GARCÍA-GARCÍA, 2007; G. PEREDO; HARRIS, 2004; PEREIRA; FONSECA, 2006;

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Carbamazepin

a

Fenitoína Digoxina Cetoconazol Glibenclamida Nifedipina/

Amlodipina

AINES Outras

Quantidade 20 10 30 15 66 146 506 746

1,39% 0,65%1,95% 0,97% 4,29%

9,49%

32,88%

48,47%

Interações Medicamentosas Omeprazol

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49

BRUNTON, LAZO, PARKER, 2006). Apesar de a varfarina ser um medicamento na lista do

RENAME, e ser dispensada na Farmácia Pública de Governador Valadares, não foi

encontrado sua associação com o Omeprazol.

6.3.8.2 Imipramina

A imipramina tem sua biodisponibilidade reduzida quando administrada

concomitantemente com omeprazol, porque o omeprazol induz a expressão da CYP1A2, esta

CYP aumenta a depuração da imipramina, reduzindo seus efeitos antidepressivos

(BRUNTON; LAZO; PARKER, 2006). Também é um medicamento controlado, da classe

C1, dispensado na farmácia pública do município, porém, não foi encontrada nenhuma

prescrição concomitante de omeprazol e imipramina. O que não altera a necessidade de sua

avaliação, no momento da prescrição médica, pois, esta classe de medicamento interage

diretamente com o Sistema Nervoso Central, o que preocupa ainda mais o nível de interação.

6.3.8.3 Diazepam

O Omeprazol aumenta a concentração plasmática da droga, por inibir a CYP2C19

diminuindo a depuração do fármaco. Deixando o fármaco cada vez mais biodisponível, pois

reduz o clearance, prolonga a meia-vida e as concentrações séricas do fármaco. Sedação e

ataxia podem ser aumentadas. Uma solução para esses efeitos é a redução da dose ou aumento

do intervalo das doses. O diazepam é dispensado na farmácia pública do SUS, com

notificação de receita (lista B1), e tem sua receita individualizada, não disponibilizando

informações de interação com omeprazol. A rastreabilidade das receitas tornaria inviável a

pesquisa, pois teria que identificar todos os pacientes que utilizam o diazepam, influenciando

assim nos aspectos éticos da pesquisa (PEREIRA; FONSECA, 2006; BRUNTON, LAZO,

PARKER, 2006).

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50

6.3.8.4 Clopidogrel

O clopidogrel é um anticoagulante sanguíneo, muito utilizado em todo mundo,

principalmente nos Estados Unidos e Canadá. Recentemente ocorreu uma avaliação de seu

uso concomitantemente com omeprazol, pois, quando tomados em conjunto, a eficácia do

clopidogrel é reduzida. Pacientes com risco de ataques cardíacos ou derrames que usam o

clopidogrel para prevenir coágulos sanguíneos, não obtêm o efeito completo desejado deste

medicamento se estiverem usando omeprazol.

O omeprazol inibe a enzima de metabolização da droga (CYP2C19), que é

responsável pela conversão do clopidogrel em sua forma ativa. Os novos estudos compararam

a quantidade de metabólito ativo do clopidogrel no sangue e seu efeito sobre as plaquetas em

pessoas que tomaram o omeprazol e clopidogrel versus aqueles que tomaram clopidogrel

sozinho. A redução no nível metabólito ativo é cerca de 45%, essas reduções foram vistas

quando as drogas foram dadas ao mesmo tempo ou em até 12 horas após a administração.

(FDA, 2010).

O Clopidogrel não consta da lista da RENAME, portanto não é dispensado na

farmácia pública, a característica de que levou a abranger este fármaco na lista de interações

com o omeprazol, que quando estudos foram divulgados em relação a esta interação, houve

um alarme das instituições de vigilância sanitária em todo o mundo, pois uma série de estudos

começaram a retratar os potentes riscos desta.

Tabela 1 - Principais Medicamentos e CYPs hepáticas que sofrem interação com omeprazol

Interações Medicamentosas com Omeprazol

Fármacos CYPs Interação Biodisponibilidade

Fenitoína/Hidantoína CYP2C19 Inibição Aumenta

Carbamazepina CYP3A4 Inibição Aumenta

Imipramina CYP1A2 Indução Diminui

Diazepam CYP2C19 Inibição Aumenta

Varfariana CYP2C19 Inibição Aumenta

Bloqueadores dos Canais de Cálcio CYP3A4 Inibição Aumenta

Clopidogrel CYP2C19 Inibição Diminui

Fonte: Autores do trabalho

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51

6.4 REAIS USOS TERAPÊUTICOS

Embora seja largo o espectro de uso de omeprazol, recentemente em artigo, sobre o uso

racional de medicamentos, a Organização Pan-Americana da Saúde abordou as indicações

racionais dos inibidores da bomba de prótons, pondo em questão estudos feitos sobre o

benefício definido; questionado e sugerida ineficácia; e risco do uso destes medicamentos. O

artigo relatou diversos estudos sobre o uso dos IBPs e concluiu que o benefício definido seria

para o tratamento nos casos de doenças peptídicas e DRGE, benefício questionável frente ao

tratamento empírico da dispepsia e sugerida ineficácia para a profilaxia e tratamento de

Sangramento Digestivo Alto (SDA), devido a estudos com o medicamento e com o placebo,

que gerou resultados com uma pequena margem de eficácia ou completa ineficácia,

comparando os pacientes (WANNMACHER, 2004; KATZUNG, 2005).

6.4.1 Benefício Definido

O benefício definido seria a real terapêutica do omeprazol, são os usos em que se

justifica a aplicação do fármaco na terapêutica de determinada doença. Onde realizou-se

estudos e designou o poder efetivo do fármaco.

6.4.1.1 Doença peptídica

a) associação à terapia de erradicação H. pylori: A acidez gástrica diminui a eficácia de

alguns dos antimicrobianos usados, por que se empregam IBPs como adjuvantes em

todos os esquemas de antibioticoterapia, o que determina definido benefício na

redução de recorrência de úlceras pépticas. Vários estudos chegam à conclusão que

quando se compara a utilização da ranitidina em associação aos antimicrobianos e o

omeprazol nesta mesma associação, o omeprazol mostra-se muito mais eficaz na

prevenção das lesões peptídicas, bem como na erradicação da bactéria;

b) prevenção de lesões gastrintestinais induzidas por AINES: O omeprazol mostra-se

também muito mais eficaz na prevenção destas lesões, tanto quando o estudo foi feito

com Ranitidina (Estudo com 432 pacientes, omeprazol 72% de prevenção de lesões,

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ranitidina 59%), quanto no estudo feito com misoprostol ( Estudo com 732 pacientes,

omeprazol 48% de prevenção a lesões, misoprostol 27%);

c) tratamento de lesões gastrintestinais induzidas por AINES: As porcentagens da

eficácia do omeprazol no tratamento das lesões ulcerosas induzidas por AINES, em

comparação aos outros medicamentos anti-ulcerosos (ranitidina, misoprostol e

sucralfato), sempre possuíam valores maiores (Exemplo: omeprazol e ranitidina, em

541 pacientes, omeprazol 80% de cicatrização, ranitidina 63%) em todos os estudos

apresentados por Wannamacher, 2004.

6.4.1.1 Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE)

Na DRGE o ganho terapêutico do uso de IBPs é enorme, cerca de 75%. Os pacientes

que apresentam esta patologia, optam por esta classe de medicamentos, pois, apresentam

maiores níveis de inibição ácida em comparação com outros anti-ulcerosos, como os

antagonistas H2, que apresentam apenas 10 a 24% de eficácia.

Em uma metanálise de 43 ensaios clínicos, mono ou duplo-cegos, envolvendo 7.635

adultos com esofagite erosiva graus II a IV, mostrou que a taxa de resolução com inibidores

de bomba (83,6%) foi significativamente maior que a observada com antagonistas H2

(51,9%).

6.4.2 Benefício Questionável

O emprego empírico de IBP em dispepsia permanece controverso. As respostas

dependem do padrão de sintomas apresentados. Os IBPs mostram-se eficazes quando há

pirose ou regurgitação, já pacientes com dor abdominal ou com dispepsia tipo-úlcera

respondem mal a omeprazol, além de não serem a primeira escolha no tratamento de úlceras

em dispepsias tipo não-ulcerosa. Em uma revisão divulgada por Wannamacher (2004), onde

buscou-se a comparação da eficácia de antiácidos, antagonistas H2, IBPs, agentes pró-

cinéticos, protetores de mucosa gástrica e antimuscarínicos para melhora dos sintomas, os

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Pró-cinéticos superaram os antagonistas H2, e estes foram mais eficazes que os IBPs. Somente

estas três classes foram estatisticamente superiores ao placebo.

6.4.3 Sugerida ineficácia e Risco

No tratamento e profilaxia de sangramento, o uso de IBPs torna-se bastante

questionável. Inúmeros ensaios clínicos randomizados não evidenciaram que diversas

intervenções medicamentosas (antiácidos, bloqueadores H2 e prostaglandinas) fossem

superiores a placebo no tratamento de SDA. Mesmo eficazes inibidores da secreção ácida,

como omeprazol e congêneres, não se mostraram mais eficazes do que placebo nesse

contexto. Pacientes que geralmente necessitam deste controle de sangramento, são pacientes

gravemente enfermos, sujeitos a diversas formas de contaminação. O risco aumentado da

colonização de bactérias gram-negativas, capazes de causar septicemia e pneumonia

nosocomial torna-se mais evidente com os IBPs. Esta evidência é reportada tanto em estudos

clínicos isolados, quanto em estudos randomizados, chegando sempre à conclusão destes

agravamentos (WANNMACHER, 2004).

6.5 USO CONTÍNUO DE OMEPRAZOL

Desde sua introdução no mercado em 1989, o uso clínico de IBPs vêm aumentando

consideravelmente, principalmente o medicamento mais utilizado desta classe, o omeprazol.

As razões para a utilização deste fármaco variam tanto no aumento do número de pacientes

com apresentação de gastroenteropatias, que justificam a utilização do omeprazol, quanto no

aumento da utilização devido a distúrbios gastroesófagicos, provocados por utilização

contínua e exacerbada de alguns medicamentos (AINES) que geram estas patologias; também

há um aumento da utilização por indicações incorretas/desnecessárias do omeprazol, em

pacientes que procuram usar o medicamento por diversas circunstâncias que não o justificam

(dores extemporâneas estomacais, uso de bebidas alcoólicas em excesso e etc.) ou por um

diagnóstico incompleto/incorreto do médico.

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O consumo de IBPs por automedicação vem aumentando consideravelmente, o que

leva a riscos aumentados para pacientes polimedicamentados ou riscos de hipersensibilidade à

medicação.

Há situações crônicas que justificam o uso contínuo de omeprazol, como nos casos de

DRGE, doença ulcerosa peptídica, gastrinomas e distúrbios de hipersecreção como relatados

no item 6.4 anteriormente, porém para a maioria dos pacientes cujos sintomas são persistentes

é possível o tratamento intermitente com IBPs (HOEFLER; LEITE, 2009).

Os IBPs são bem tolerados, na maioria dos casos em que surgem efeitos adversos

moderados e passageiros. Vários são os estudos que levantam sobre a segurança do uso

contínuo de IBPs no manejo das doenças peptídicas relacionadas a distúrbios na acidez

gástrica. A maior preocupação é com os efeitos a longo prazo, devido a vários fatores: intensa

supressão ácida, que promove aumento na secreção de gastrina e consequente

hipergastrinemia; problemas relacionados com o aumento do pH estomacal, que influencia

uma das principais barreiras de controle de microorganismos (HOEFLER; LEITE, 2009).

O fármaco quando prescrito em uso contínuo significa que sua terapêutica se realiza

no mínimo em 3 meses, podendo ser utilizado por mais tempo de acordo com a necessidade

apresentada. Na análise do receituário que possui omeprazol prescrito, realizou-se um

levantamento sobre o uso contínuo ou não de omeprazol. Das 1.539 receitas analisadas, 727

estavam prescritas com uso de omeprazol por 3 meses ou mais (contínuo), o que representa

47,24% das receitas, as demais 812 (52,76%) indicavam o uso não-contínuo (2 meses ou

menos), (gráfico 11).

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Gráfico 11 - Representação quantidade de prescrições com uso contínuo

e não-contínuo

Fonte: Autores do trabalho

É questionável e dúvidas surgem, será que se justifica o uso contínuo em quase a

metade dos casos de pessoas que administram omeprazol?, Será que ocorre avaliação do risco

do uso contínuo e avaliação das interações medicamentosas? Tais perguntas ficam difíceis de

serem esclarecidas, pois os números refletem uma grande proporção de uso contínuo, não se

sabendo se há uma real necessidade para este modo de uso.

Vários estudos já foram publicados, mas a associação definitiva entre o uso contínuo

de IBPs e a incidência das complicações graves não estão ainda bem estabelecidas, porém, os

indícios da literatura são suficientes para as recomendações sobre o uso criterioso e

monitorado de omeprazol nos pacientes.

A importância da análise do tempo de uso, ou seja, a análise do uso contínuo ou não-

contínuo, é de grande relevância, pois, fornece parâmetros quanto a indicação a longo prazo

do medicamento, o que reflete na sua segurança. Quando os números das prescrições refletem

em grandes proporções de uso contínuo (47,24% das prescrições), isto indica que sua

administração pode está sendo em longo prazo, e então surgem os questionamentos sobre os

riscos-benefícios deste tempo de administração. As indicações racionais, e os Reais Usos

Terapêuticos citados no item 6.4, estão diretamente interligados com estes parâmetros de

avaliação de modo de uso contínuo, porque naqueles casos em questão, se justifica a

utilização do omeprazol, não retirando porém, os riscos estabelecidos por vários estudos sobre

727; 47,24%

812; 52,76%

Avaliação do tempo de uso

Uso Contínuo

Uso Não-contínuo

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o uso prolongado deste medicamento. Retornando a análise das prescrições em relação ao uso

contínuo, torna-se significante as revisões teóricas da segurança do uso de omeprazol, pois o

uso deste torna-se preocupante, tanto nos casos de reações adversas apresentadas em ambiente

hospitalares, como nas suas relações de modificação da fisiologia corporal normal, que resulta

nos seus vários problemas crônicos como: a hipergastrinemia que pode levar a neoplasias, aos

distúrbios na nutrição de vitaminas e minerais, e as relevantes infecções intestinais, itens estes

que serão relatados a seguir, demonstrando estudos referentes ao uso agudo, crônico e

indiscriminado do omeprazol, relatando sobre os riscos potencias destas formas de

administração.

6.5.1 Preocupações gerais em ambientes hospitalares

A prescrição de fármacos antiúlcerosos no meio hospitalar tem aumentado

consideravelmente nos últimos anos, tanto nos serviços de atenção primária, quanto nos

serviços médicos internos do hospital. Este aumento de prescrição acompanha cada vez mais

a utilização incorreta deste fármaco, bem como as consequências que esta má utilização pode

gerar. Em um estudo realizado, durante um mês, por Mastroianni e seus colaboradores (2009),

onde investigou-se o uso de medicamentos como causa da admissão hospitalar, mostrou o

omeprazol como o fármaco mais utilizado por pacientes internados no Hospital Geral do

município de Araraquara-SP, em relação às suas possíveis reações adversas. Vários foram os

pacientes analisados, mas fazendo uma triagem chegaram a 214 pacientes que lembravam

pelo menos o nome de um medicamento que haviam ingerido antes da internação. Destes, 139

pacientes tinham queixas relacionadas aos seus motivos de internação hospitalar (52,3%). Os

pacientes relataram o uso de 218 diferentes fármacos, 10 eram relacionados aos motivos de

internação, segundo suas respectivas Reações Adversas Medicamentosas (RAMs), sendo o

omeprazol o fármaco mais frequentemente associado a estas, com pacientes apresentando

sintomas como: broncoespasmo, fraqueza muscular, dores musculares, vômito, distúrbios

gastrintestinais e pneumonia. Dos 139 pacientes observados 11,51% (16 pacientes)

apresentaram RAMs relacionados ao uso de omeprazol.

Em outro estudo feito em um Hospital Escola da Universidade Federal de Ciências da

Saúde de Porto Alegre, realizado por Pivvato Júnior e seus colaboradores (2009),

demonstrou-se o omeprazol como um dos principais fármacos passíveis de interação, tanto

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com outros fármacos, como nutrientes. Neste estudo analisou-se o receituário nas enfermarias

clínicas e cirúrgicas do hospital, onde se promoveu uma rastreabilidade de possíveis

interações com diversos medicamentos, o omeprazol, apareceu em interações com digoxina,

diazepam e vitamina B12, possivelmente influenciando a terapêutica com estes fármacos e

nutrientes.

Em uma pesquisa realizada Martín-Echevarría et al. (2008), sobre a evolução do uso

de IBPs no serviço de medicina interna do Hospital de Guadalajara, na Espanha em 2003,

demonstrou-se um preocupação nos números de uso de omeprazol. Durante o tempo da

pesquisa, ingressaram no hospital 1.660 pacientes, destes, 832 pessoas estavam em tratamento

com IBPs. Foram selecionados para a pesquisa 208 pacientes, onde 34,6% (72 pacientes) dos

pacientes, já utilizavam IBPs antes da admissão hospitalar. Destes 208 pacientes, foram

mantidos a utilização de omeprazol em 53 pacientes (73,61%), mesmo assim com uma

porcentagem de indicação incorreta de 62,27%, ou 33 pacientes dos 53. E dos 136 pacientes

que não utilizavam IBPs antes da admissão, foram prescritos para 58,6% (75 pacientes)

destes, sendo que 61,34% receberam indicação incorreta desta classe, ou seja, 46 dos 75

pacientes administraram incorretamente esta medicação. Diante destes dados, o que o artigo

indica é que há uma necessidade cada vez maior que a população médica, farmacêutica e

hospitalar busque a implantação de guias de uso clínico, com a correta indicação e

administração dos fármacos, e que cada vez mais, ocorra uma avaliação do risco/benefício de

todas as medicações, para que a terapêutica seja eficiente.

Ameijeiras et al. (2007) retratam em sua publicação, sobre a prevalência de prescrição-

indicação de protetores gástricos em pacientes hospitalizados, onde ocorre uma análise da

situação das prescrições dos fármacos, no Hospital Universitário de Santiago de Compostela,

na Espanha. Foram analisados 338 pacientes, destes, 218 (64,8%) estavam fazendo tratamento

para proteção gástrica, sendo que o omeprazol foi prescrito para 103 (43,3%) pacientes. Em

todas as análises das prescrições, chegaram a uma taxa de 77,6% de prescrições incorretas,

relacionando com doses e frequência de administração inadequada, junto com a administração

por via parenteral; o que mostra números relativamente altos do uso de uma medicação e a

dificuldade do acerto da prescrição do medicamento neste hospital.

Mesmo sendo o omeprazol um fármaco da Lista da RENAME, cujos critérios de

seleção são eficácia, segurança, qualidade e custo baixo, não justifica que o medicamento

esteja isento de problemas relacionados ao seu uso, ao contrário, a utilização desta medicação

está cada vez mais preocupante, devido sua utilização incorreta/indiscriminada, seu nível de

interação farmacológica e suas potenciais RAMs.

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6.5.2 Nutrição

O ácido estomacal influencia no processo de absorção de diversos alimentos, sendo de

grande importância no processo de absorção das vitaminas, minerais, proteínas e várias outras

substâncias essenciais para o bom funcionamento do corpo humano. Toda modificação na

fisiologia corporal normal implica em algum resultado, seja ele bom ou ruim. As

consequências do aumento do pH estomacal é a diminuição da biodisponibilidade de vários

nutrientes, que serão indicados a seguir.

6.5.2.1 Vitamina B12

O ácido é importante para a liberação da vitamina B12 dos alimentos. Segundo

Katzung (2005) observa-se uma discreta redução na absorção oral de cianocobalina durante a

inibição da bomba de prótons, resultando potencialmente em níveis abaixo do normal de

vitamina B12 em caso de tratamento prolongado.

A vitamina B12 está associada com as proteínas presentes nos alimentos. Esta vitamina

deve ser liberada das proteínas alimentícias e se juntar com a proteína R e o fator intrínseco,

para ser absorvido no íleo terminal. O ácido gástrico facilita o processo proteolítico que libera

a vitamina das proteínas dos alimentos ingeridos. Os IBPs diminuem a absorção da vitamina

B12, provavelmente por inibir a proteólise intragástrica e assim sua liberação dos alimentos,

diminuindo a biodisponibilidade da Vitamina (RAMOS, 2009).

6.5.2.2 Vitamina C

Os seres humanos não são capazes de sintetizar vitamina C, só obtém esta vitamina

com a ingestão na dieta normal, a qual é metabolizada principalmente pelo antro gástrico. O

uso dos IBPs na terapia diminui a concentração intragástrica de vitamina C, principalmente

em sua forma antioxidante, biologicamente ativa, o ácido ascórbico. Isto ocorre

principalmente devido à relativa instabilidade da vitamina em pH alto. Como consequência da

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diminuição da concentração de ácido ascórbico e pH elevado há um acumulo de nitritos

salivares dentro do lúmen do estômago. Este efeito dos IBPs, sobre a vitamina C e nitritos é

mais marcado nas pessoas infectadas pela bactéria Helicobacter pylori. Há alguma evidência

que a terapia com IBPs também diminui as concentrações circulantes de vitamina C, o que

pode ser devido à degradação intragástrica reduzindo a biodisponibilidade desta vitamina

(RAMOS, 2009).

6.5.2.3 Ferro

O Ferro é absorvido na dieta normal em alimentos de origem animal e de origem

vegetal como feijão, algumas leguminosas, verduras folhosas verdes escuras e etc.; ele é

absorvido então na forma Heme ou não Heme, e o ácido gástrico induz um rol de processos

na absorção deste último. O ácido gástrico facilita a dissociação dos sais de ferro dos

alimentos e também deixa o ferro mais solúvel, o que permite a formação de complexos com

ascorbato, açúcares e aminas, que posteriormente facilitam sua absorção no duodeno.

A terapia com IBPs reduz a absorção de ferro, e este efeito é observado no manejo das

hemocromatosis. Pode também retardar a resposta clínica ao suplemento de ferro.

Há poucos estudos que demonstram que a terapia com IBPs causa deficiência de ferro

no organismo. Há casos de pacientes que não respondiam ao tratamento com ferro quando

administravam algum IBP e logo após suspender o uso da medicação começaram a responder

ao tratamento de reposição férrica. Em alguns estudos divulgados em pacientes com

hemocromatosis, demonstrou-se que os IBPs reduzem a absorção de ferro dos alimentos cerca

de 50%. (RAMOS, 2009).

6.5.2.4 Cálcio

IBPs podem interferir na absorção de cálcio por dois caminhos, um devido à

hipoacidez estomacal, que influência na absorção do cálcio e também por reduzir a reabsorção

óssea através da inibição osteoclástica da bomba de prótons vacuolar.

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O uso de IBPs pode reduzir a absorção do cálcio, por influenciar na sua solubilidade,

diminuindo sua absorção a nível intestinal. O ambiente ácido estomacal, influencia na

formação de moléculas de cálcio ionizáveis a partir de moléculas de cálcio insolúveis. Em

ratos, a terapia com omeprazol levou a osteoporose, devido à diminuição da formação do

fosfato de cálcio e à influência na densidade do mineral. Em estudos feitos em humanos, o

omeprazol não influencia muito na absorção de cálcio em indivíduos jovens e saudáveis.

Porém, em indivíduos que apresentam anemias perniciosas, se for administrado IBPs, haverá

uma redução nos níveis do pH gástrico, favorecendo a diminuição da absorção de cálcio,

principalmente das moléculas de cálcio insolúvel, pois acredita-se que o ambiente ácido

estomacal favorece a absorção destas moléculas. Em indivíduos idosos, principalmente

mulheres acima de 65 anos, o uso de IBPs a longo prazo pode influenciar e muito a absorção

de cálcio, principalmente, na forma de carbonato de cálcio.

A maioria dos estudos chega à conclusão que a influência na absorção de cálcio

insolúvel, ocorre principalmente em pacientes que administram altas doses, idosos ou com

algumas patologias especificas. A utilização de doses normais ditas como usuais, não

influencia muito na absorção de cálcio. Outro mecanismo significante em relação ao uso de

IBPs e cálcio, é que os IBPs podem inibir a bomba de prótons osteoclástica, inibindo a

reabsorção de cálcio, assim resultando em riscos de osteoporose e aumentando riscos de

fraturas ósseas em indivíduos tratados a longo prazo e com altas doses (YANG, 2006).

6.5.3 Hipergastrinemia

Os níveis de gastrina são regulados por uma alça de retroalimentação. Durante as

refeições, as proteínas alimentares intraluminais estimulam a liberação de gastrina das células

G do antro. A elevação dos níveis séricos de gastrina estimula a secreção de ácido pelas

células parietais. O aumento da acidez intragástrica estimula as células D antrais a liberar

somatostatina, que se liga a receptores da célula G adjacentes do antro, suprimindo ainda mais

a liberação de gastrina. A supressão do ácido altera essa inibição por retroalimentação, de

modo que os níveis de gastrina aumentam duas a quatro vezes em pacientes que utilizam IBPs

(KATZUNG, 2005).

A hipergastrinemia é mais frequente e mais grave com o uso crônico dos IBPs, e são

observados níveis de gastrina maior que 500 ng/L em cerca de 5 a 10% dos usuários crônicos

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de omeprazol. Essa hipergastrinemia pode predispor a hipersecreção de rebote de ácido

gástrico, com a interrupção da terapia e promover crescimento de tumores gastrintestinais. Em

ratos, a administração a longo prazo de IBPs, pode promover hiperplasia de células

semelhantes às células enterocromafins e desenvolvimento de tumores carcinóides gástricos.

Embora o nível de gastrina em ratos aumente cerca de 10 vezes mais que nos seres humanos,

há certa evidência de risco (BRUNTON; LAZO; PARKER, 2006).

A elevação dos níveis séricos de gastrina em pacientes que utilizam IBPs em longo

prazo, levanta várias preocupações. Em primeiro lugar a gastrina é um hormônio trófico que

estimula a hiperplasia das células Enterocromafins (ECL), podendo promover crescimento de

tumores gástricos. Outro ponto de preocupação, é que a hipergastrinemia aumenta a taxa de

proliferação na mucosa colônica, promovendo potencial carcinogênese. (KATZUNG, 2005).

Em estudos recentemente publicados é mostrado um aumento significativo do número

de células G (produtoras de gastrina) e em menor proporção um relativo aumento de células

D, associada à hipergastrinemia, comprovada por biopsias gástricas antrais em crianças com

até 7 anos. Descreve-se também aparição de pólipos e nódulos em um grupo de crianças que

receberam terapia com omeprazol por mais de seis meses. (G. PEREDO; HARRIS, 2004)

O consumo crônico de IBPs pode resultar também em atrofia gástrica corporal, que

pode resultar em posterior metaplasia gástrica. Em um estudo realizado por Martínez M. e

Henao R. (2007), com 155 pessoas que administravam IBPs (Omeprazol em 98% dos casos),

demonstrou-se um OR de 0,99, e assim como em outros estudos demonstrou uma importante

relação entre o uso crônico de omeprazol e o desenvolvimento destas patologias.

6.5.4 Infecções Intestinais

O ácido gástrico representa uma importante barreira à colonização e infecção do

estômago e do intestino por bactérias ingeridas. A hipoacidez por qualquer causa, aumenta o

risco de infecções entéricas por Salmonela, Shigella, E. Coli, Giardia lamblia e outras

enterobactérias. Assim, é biologicamente plausível que o aumento do pH do estômago com

terapia ácido supressiva, pode resultar em um aumento da carga de micróbios patogênicos

(KATZUNG, 2005).

Um estudo de revisões, sobre a possível associação de infecções entéricas e a terapia

de supressão ácida feita por Leonard e colaboradores (2007), analisou citações de mais de 25

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trabalhos publicados, todos chegaram à conclusão que a supressão ácida gera um aumento no

desenvolvimento de infecções intestinais. Em relação à infecção pelo bacilo Gram negativo

Clostridium difficile, um total de 19 trabalhos foram revisados, avaliando 18.468 pacientes

que usavam qualquer medicação para supressão ácida. Houve uma associação estatisticamente

significativa entre a supressão ácida e infecção por Clostridium difficile, com um Odds Ratio

(OR) de 1,95. Em um total de 11 trabalhos avaliados foi verificado somente o uso de IBPs na

terapia de 126.999 pacientes o OR foi de 2,05. Em outros quatro trabalhos revisados, foi

avaliado o uso de IBPs como única terapia em 10.430 pacientes, e o aparecimento de sinais de

infecções intestinais por outras bactérias, o OR foi de 3,33. Por causa das limitações do estudo

de projetos incluídos nesta revisão, não é possível tirar conclusões sobre o nexo de

causalidade entre a supressão ácida e infecções entéricas. Caso-controle e estudos de corte são

observacionais, e portanto nos permite apenas mostrar uma associação positiva entre as duas

variáveis, assim pode-se concluir que há uma associação bem positiva frente às revisões

avaliadas, porém não se pode concluir que o uso de inibidores da bomba de prótons possa

levar a infecções intestinais (LEONARD, 2007).

Nos estudos reportados por Ramos (2009) sobre os Ricos da administração dos IBPs

por tempo prolongado, em 807 pacientes, observados durante um ano, relatou-se uma

incidência de 9,3% de diarréias em pacientes que recebem Omeprazol, e por conseguinte

infecções por Salmonela e Giardia lamblia (Protozoário).

Não somente infecções entéricas são preocupantes, o aumento da colonização

bacteriana devido ao aumento do pH gástrico, gera uma crescente preocupação em relação a

infecção destas bactérias em outros órgãos do corpo humano. A associação de uso contínuo de

IBPs e graves pneumonias por bacilos gram negativos é o alvo de vários estudos já retratados.

Assim o uso mais cuidadoso em pacientes mais susceptíveis a estas infecções torna-se

relevante, frente ao uso indiscriminado de IBPs. Em estudo retratado por Hoefler e Leite

(2009), sobre a segurança do uso contínuo dos IBPs, há um relato de um pequeno estudo feito

na Dinamarca, no distrito de Funem, onde foram analisados 7.642 pacientes; demonstrou-se a

associação de IBPs e o desenvolvimento de pneumonia, onde apresentou um OR de 1,5.

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6.5.5 Problemas Cardíacos

Um estudo de 14 anos realizado na Europa em 298 pacientes com DRGE, buscou

estabelecer a associação do uso do omeprazol com problemas cardíacos. Dos pacientes, 154

usaram omeprazol para o tratamento da DRGE e 144 foram submetidos à cirurgia. Dos 154

que receberam omeprazol, 8 morreram de problemas associados a insuficiência cardíaca, 9

sofreram ataque cardíaco não-fatal, em contraste 2 que fizeram a cirurgia morreram e 2

tiveram ataque cardíaco não-fatal. O estudo mostra-se muito controverso e com uma

segurança de dados questionável, pois vários pacientes abandonaram a pesquisa, a diferença

de idade dos grupos era significativa (os pacientes submetidos à cirurgia eram em geral mais

jovens), alguns pacientes que usavam omeprazol já possuíam histórico de problemas

cardíacos. Este estudo foi enviado para análise da FDA, uma agência Norte-Americana

responsável pela segurança da saúde pública, e concluindo que mesmo que este estudo tenha

um pequeno valor significativo, o uso de omeprazol não deve mudar, pois existem muitos

questionamentos sobre a segurança de informações deste estudo realizado. A ANVISA,

também divulga em seu site, sobre o comunicado de revisão de segurança do uso de

omeprazol a longo prazo, mas assim como a FDA e a Health Canadá esclarece que os estudos

não são significativos frente à associação do uso de omeprazol e problemas cardíacos (FDA,

2010; ANVISA, 2010).

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7 CONCLUSÃO

A avaliação da segurança quanto ao uso contínuo de omeprazol deve ocorrer, pois,

mesmo sendo um medicamento relativamente seguro, cada vez mais estudos resultam

indicando que seu uso deve ser criterioso e racional, porque este fármaco pode causar tanto

efeitos agudos, como crônicos, efeitos estes que já foram comprovados por alguns estudos.

Como qualquer fármaco, quando o omeprazol foi desenvolvido e estudado, houve uma

indicação e avaliação de seu uso para determinadas doenças, sendo indicado com efeito válido

para patologias específicas, o que parece que não ocorre frente à sua prescrição, pois, quase

todos os estudos chegam à conclusão que em qualquer distúrbio relacionado à acidez gástrica

ocorre o seu uso. Alguns efeitos adversos devem ser considerados, porque podem agravar

mais o quadro de determinados pacientes, um exemplo são os efeitos adversos no Sistema

Nervoso Central, que pode levar a sonolência, parestesia, em casos mais graves até confusão

mental e depressão. As interações medicamentosas sempre devem ser avaliadas, devido à

influência em tratamentos. O uso contínuo demonstrou quadros bem preocupantes já

estudados, como a associação a fraturas no quadril, problemas relacionados à

hipergastrinemia, predisposições a infecções intestinais. Os números encontrados nas

avaliações das prescrições podem indicar que o uso de omeprazol é relativamente alto pela

população que é atendida nesta farmácia pública, sobretudo, avaliando os dias que este

medicamento foi dispensada (12,69%). A porcentagem de uso contínuo também é

preocupante (47,24%), pois atende quase a metade da população que procura o omeprazol

nesta unidade. Na avaliação sobre o correto modo de uso prescrito, a porcentagem de modo de

uso incorreto (47,63%) foi superior a de modo de uso correto (45,87%), o que mostra que este

pode não está sendo indicado corretamente aos pacientes. Sobre as interações

medicamentosas, avaliou-se que a mais frequente seria com os Bloqueadores dos Canais de

Cálcio (Nifedipino e Amlodipino) e todos os AINES, que no caso dos primeiros poderia

afetar muito sua atividade hipotensora.

Mediante estudos e pesquisas, conclui-se que por mais que uma medicação pareça

segura, é preciso avaliar seus riscos, pois estudos são divulgados todos os dias, e as

informações estão cada vez mais disponíveis. O uso racional de qualquer medicação, deve

partir de um conjunto de profissionais envolvidos na linha de cuidado do paciente, a começar

pelo médico, passando pelo farmacêutico e até chegar ao paciente, que precisa ter consciência

e comprometer-se com sua farmacoterapia.

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ANEXO - AUTORIZAÇÃO POR PARTE DO GESTOR MUNICIPAL DE SAÚDE

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