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0 UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA Poliana Ceolin Mendes AGENESIA DE INCISIVOS LATERAIS PERMANENTES SUPERIORES: fechar ou recuperar os espaços? Governador Valadares 2008

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA

Poliana Ceolin Mendes

AGENESIA DE INCISIVOS LATERAIS PERMANENTES SUPERIORES: fechar ou

recuperar os espaços?

Governador Valadares

2008

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POLIANA CEOLIN MENDES

AGENESIA DE INCISIVOS LATERAIS PERMANENTES SUPERIORES: fechar ou

recuperar os espaços?

Monografia apresentada a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce, para obtenção do Título de Especialista em Ortodontia. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Marigo

Governador Valadares

2008

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POLIANA CEOLIN MENDES

AGENESIA DE INCISIVOS LATERAIS PERMANENTES SUPERIORES: fechar ou

recuperar os espaços?

Monografia apresentada a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce, para obtenção do Título de Especialista em Ortodontia.

Governador Valadares, 04 de dezembro de 2008.

Banca Examinadora

__________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Marigo

Universidade Vale do Rio Doce

__________________________________________ Prof. Wagner Quaresma Damázio Universidade Vale do Rio Doce

__________________________________________ Prof. Walter Luis Alves Corrêa Universidade Vale do Rio Doce

AGRADECIMENTOS

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, aos meus pais, meu tio Vanderlei e a todos os

familiares que estiveram presentes ao longo dessa etapa;

Ao prof. Dr. Marcelo Marigo pela disponibilidade em me orientar contribuindo com

este trabalho.

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RESUMO

A agenesia de incisivos laterais superiores é uma anomalia relativamente comum, e pode gerar problemas de oclusão e um desconforto estético para o paciente. As duas principais opções de tratamento consistem na recuperação dos espaços e posterior reposição protética ou implantes, ou no fechamento ortodôntico dos espaços com a mesialização dos caninos substituindo os incisivos laterais superiores ausentes. Foi levantada a literatura acerca das duas principais opções de tratamento para pacientes com ausência de incisivo lateral superior, elucidando sua etiologia, incidência e a relação da agenesia de incisivo lateral superior com as más oclusões. A hereditariedade, os fatores ambientais e a evolução da espécie humana são os principais fatores envolvidos na etiologia da agenesia. Quanto à incidência, os autores discordam em relação ao dente mais freqüentemente ausente, com exceção dos terceiros molares. O fechamento ortodôntico dos espaços está indicado nos casos de má oclusão Classe I com deficiência de espaço no arco inferior, que necessite de extrações, finalizando o caso em Classe I e má oclusão Classe I e Classe II com a mesialização do segmento posterior, estabelecendo ou mantendo uma relação de Classe II. No outro extremo, a abertura dos espaços está indicada em casos de má oclusão Classe I e Classe III sem deficiência de espaço, ou mesmo excesso de espaço. Fatores relacionados a maloclusão, perfil, idade, cor e forma dos caninos e comprimento do lábio superior, também devem ser analisados. Desta forma, o plano de tratamento para pacientes com ausência de incisivo lateral superior deve ser estabelecido avaliando cada caso individualmente e analisando minuciosamente todos os elementos de diagnóstico. Uma prévia montagem em modelo de gesso (setup), simulando a correção, é de grande valia no planejamento do tratamento. Palavras-chave: Agenesia de incisivos laterais superiores, fechamento dos espaços, recuperação dos espaços.

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ABSTRACT

The agenesis of upper lateral incisors is a relatively common anomaly and can creates problems of occlusion and an aesthetic discomfort to the patient. The two main options of the treatment are the space reopening and posterior prosthesis replacement or implants or on the orthodontic closure of spaces with the mesialization of canines replacing the missing upper lateral incisors. Was raised to literature about the two main treatment option for patients with absence of upper lateral incisor focusing its etiology, incidence and relationship of agenesis upper lateral incisors with malocclusion. The heredity, environmental factors and the evolution of the human species are the main factors involved in the etiology of agenesis. Regarding the incidence, the investigators disagreement as to the more often missing tooth, excluding third molars. The orthodontic closure of the spaces are indicated in the cases of malocclusion class I and malocclusion class II with a mesialization of posterior segment, establishing or maintaining a relationship of class II. On the other extreme, the opening of the spaces are indicated on cases of class I and class III without deficiency of space, or even excess of space. Factors related to malocclusion, profile, age, color and shape of the canines and length of the upper lip, should also be analyzed. This way, the plan of treatment for patients with absence of upper lateral incisor should be established evaluation each case individually and analyzed detailed all elements of diagnosis. A previous setup, in plaster models, simulating the correction, it of great value on the planning of the treatment. Key-words: Agenesis of upper lateral incisors; space closure; space reopening.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 07

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................

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2.1 Etiologia................................................................................................................. 09

2.2 Incidência............................................................................................................... 14

2.3 Relação da agenesia de incisivo lateral superior com as más oclusões................. 20

2.4 Fechamento x recuperação dos espaços................................................................ 22

3 DISCUSSÃO..............................................................................................................

36

4 CONCLUSÃO............................................................................................................

45

REFERÊNCIAS............................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Agenesia significa em grego, ausência de geração (LANGLADE, 1993). A ausência

congênita de um ou mais dentes é a mais comum anomalia de desenvolvimento dentário no

homem (STAMATIOU e SYMONS, 1991). Diversos termos têm sido propostos para

descrever a ausência congênita de dentes. A anodontia refere-se à ausência de dentes. Existem

duas classes de anodontia: a anodontia total e a anodontia parcial. A anodontia total expressa

a ausência de todos os germes dentários, de ambos os arcos, maxilar e mandibular, e a

anodontia parcial expressa a ausência congênita de um ou mais germes dentários. A anodontia

parcial também pode ser denominada de hipodontia e oligodontia. Hipodontia é a ausência de

um ou de poucos dentes e oligodontia significa a ausência congênita de um grande número de

dentes (DIXON e STEWART, 1976). O termo aplasia também é usado por Horowitz (1966) e

significa a interrupção no desenvolvimento de uma estrutura ou órgão.

No que se refere à etiologia das agenesias, o fator mais mencionado por diversos

autores é a hereditariedade (LANGLADE, 1993), mas os fatores ambientais (NEVILLE et al.,

1998) e a evolução (GRABER, 1978), também podem ser responsáveis pelas agenesias.

Os autores não são unânimes em relação ao dente mais freqüentemente ausente,

excluindo o terceiro molar. Muller et al. (1970); Asher e Lewis (1986); Dermaut, Goeffers e

De Smit (1986); Moreira e Araújo (2000); Ferreira (2002), entre outros, afirmaram que o

dente mais freqüentemente ausente, após o terceiro molar é o incisivo lateral superior, seguido

pelo segundo pré-molar inferior. Por outro lado, outros autores como Horowitz (1966);

Thompson e Popovich (1974); Araújo (1982); Langlade (1993), entre outros, afirmaram que o

segundo pré-molar inferior, é o dente mais freqüentemente ausente, seguido pelo incisivo

lateral superior.

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Desta forma, a freqüência das agenesias varia muito em porcentagem e,

provavelmente é influenciada pela amostragem ou metodologia utilizada (LANGLADE,

1993).

A grande maioria dos pacientes com ausência de incisivos laterais superiores

procuram o ortodontista por causa da não aceitação estética e social da maloclusão, que

normalmente resulta quando os dentes estão ausentes (WOODWORTH, SINCLAIR e

ALEXANDER, 1985). Assim, a agenesia de incisivo lateral superior é um fenômeno que

aparece com certa freqüência nos consultórios ortodônticos, sendo necessário entender as

opções de tratamento viáveis para cada caso, estabelecendo um plano de tratamento

individualizado e que possa atender as expectativas do paciente.

As duas principais alternativas de tratamento para pacientes com ausência de incisivos

laterais superiores incluem: o fechamento ortodôntico dos espaços, com os caninos

substituindo os incisivos laterais ausentes e a reabertura dos espaços, para posterior reposição

protética ou com implantes (MILLAR e TAYLOR, 1995; FURQUIM, SUGUINO e SÁBIO,

1997; SABRI, 1999; ROBERTSSON e MOHLIN, 2000; ROSA e ZACHRISSON, 2002;

KOKICH, 2002).

O objetivo desta revisão de literatura é abordar as duas principais opções de

tratamento para pacientes com ausência de incisivo lateral superior, enfocando também sua

etiologia, incidência, relação da agenesia de incisivo lateral superior com as más oclusões e o

fechamento dos espaços X recuperação dos espaços.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Tentando facilitar o entendimento do assunto abordado, dividiu-se esse capítulo em

quatro subitens: etiologia, incidência, relação da agenesia de incisivo lateral superior com as

más oclusões e fechamento dos espaços X recuperação dos espaços.

2.1 Etiologia

Montagu (1940) defendeu a hipótese das anomalias dos incisivos laterais superiores

estarem ligadas a um desenvolvimento anormal durante a fusão dos ossos maxilares e pré-

maxilares. O autor ressaltou que as possibilidades de ocorrerem anomalias nos incisivos

laterais superiores são devido a dois defeitos distintos durante o desenvolvimento,

relacionados aos “genes dentários” e aos “genes maxilares” que conduzem a fusão anormal

dos ossos maxilares e pré-maxilares.

Brekhus et al. (1944), relataram que muitas teorias têm sido propostas para explicar as

ausências congênitas dos dentes e, alguns autores a classificam como uma expressão da

tendência evolutiva do homem, enquanto outros sugerem que a hereditariedade seja o fator

causal.

Horowitz (1966) ressaltou que as possíveis causas da aplasia são: influências locais

nos maxilares, como inflamações agudas, crônicas ou piogênicas, que podem destruir o germe

dentário; doenças sistêmicas ou somáticas, como sífilis, raquitismo, tuberculose, injúrias ao

nascimento, defeitos mentais, distúrbios nutricionais da mãe; distúrbios endócrinos e

trofoneurótico, como fissura palatina, micrognatia ou macrognatia, disfunções glandulares;

displasia ectodérmica hereditária; aplasia dental hereditária e radiação X. Ainda relatou a

teoria filogênese ou teoria evolucionária, na qual, muitos investigadores acreditam que a

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oligodontia é uma expressão de mudanças evolutivas na dentição e que o homem no futuro

não terá nem terceiros molares nem incisivos laterais superiores.

Baum e Cohen (1971), em um estudo experimental, avaliaram a relação entre o

tamanho dos dentes e a agenesia em uma amostra de indivíduos fisicamente e mentalmente

normais, com idade de 6 a 24 anos. Os autores encontraram que existe uma relação direta

entre a agenesia e a diminuição do tamanho dos dentes, especialmente na distância mésio-

distal. Enquanto autores anteriores haviam achado que os caninos são geneticamente estáveis,

eles encontraram uma quantidade significante de variação no seu tamanho, tanto no sentido

mésio-distal quanto vestíbulo-lingual e que os fatores que controlam a agenesia do terceiro

molar e a agenesia de outros dentes parecem ser o mesmo.

Segundo Graber (1978), vários fatores podem estar ligados a etiologia das agenesias

tais como, traumas, infecções no desenvolvimento do germe dentário, excesso de irradiação,

disfunções glandulares, condições sistêmicas como raquitismo ou sífilis, rubéola durante a

gestação e severos distúrbios intra-uterinos. Entretanto, os fatores mais prováveis são a

evolução em geral e a hereditariedade em particular. A ausência congênita de dentes é

provavelmente um fenômeno hereditário mais freqüentemente passado a cada geração por um

padrão autossômico dominante com penetrância incompleta e expressividade variável. A

correlação entre a hipodontia e o grande número de síndromes sistêmicas conduz a hipótese

de que esta freqüente anomalia dental pode em alguns casos ser uma forma de displasia

ectodérmica sistêmica.

Markovics (1982), encontrou em seu trabalho, uma taxa significantemente maior de

hipodontia em pares de gêmeos monozigóticos do que em gêmeos dizigótico, sugerindo um

alto componente genético.

Araújo (1982), descreveu que os fatores etiológicos das agenesias incluem a

hereditariedade, displasia ectodérmica, inflamações localizadas e redução filogenética.

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Afirmou ainda, que na idade de 4 anos e meio a 5 anos é possível através de uma análise

radiográfica, identificar a presença de todos os germes dos dentes permanentes, com exceção

dos terceiros molares. A existência de um trabeculado ósseo no local do germe dentário,

evidencia a agenesia.

Woodworth, Sinclair e Alexander (1985), relataram que a etiologia das agenesias dos

incisivos laterais superiores, pode ser apenas uma manifestação de uma anomalia craniofacial

complexa e multifatorial, e sugere duas teorias. A primeira é que a ausência de incisivos

laterais superiores pode ser uma expressão de uma tendência evolucionária de seleção

moderada conduzindo a uma simplificação da dentição humana através de uma redução no

número dentário. A segunda defende que um distúrbio na fusão dos processos faciais

embrionários poderia resultar na expressão incompleta de uma fissura primária a qual se

manifesta como ausência dos incisivos laterais superiores.

De acordo com Dermaut, Goeffers e De Smit (1986), numerosos trabalhos presentes

na literatura relataram que a causa da hipodontia pode estar ligada a fatores ambientais, como:

irradiação, tumores, rubéola e talidomida e a fatores dominantes genéticos ou a uma

combinação de ambos.

Asher e Lewis (1986), ressaltaram que incisivos laterais ausentes congenitamente, são

freqüentemente encontrados em pacientes com fissura de lábio e palato.

Miller, McLendon e Hines (1987), relataram que a hipodontia ou a ausência de um

ou alguns dentes surge de um distúrbio precoce nos processos de formação dos dentes durante

a iniciação ou proliferação do germe dentário.

Segundo Argyropoulos e Payne (1988), um distúrbio de desenvolvimento no processo

de fusão embrionária na área do processo nasal mediano, similar ao visto em fissurados, tem

sido sugerido como a causa da ausência congênita bilateral dos incisivos laterais superiores.

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Stamatiou e Symons (1991), ressaltaram que embora a penetrância variável da

expressão genética possa ser a causa da agenesia unilateral associada a incisivos conóides, em

alguns casos, diferentes tipos de hipodontia possivelmente resultam de influências

epigenéticas diferentes. Crianças com fissura na maxila apresentam uma maior incidência de

dentes ausentes congenitamente, do que crianças normais. Sendo a hipodontia do incisivo

lateral mais comum na maxila, este local pode ser classificado como um sítio frágil durante a

formação da dentição permanente. A junção embriológica da pré-maxila no segmento

superior lateral pode causar distúrbios significantes no desenvolvimento do órgão dentário,

podendo explicar a ausência do incisivo lateral neste local.

Para Moyers e Riolo (1991), a ausência de dentes ocorre porque os germes dentários

não se desenvolveram suficientemente para permitir a diferenciação dos tecidos dentais.

Relataram que as principais causas da ausência congênita de dentes são: hereditariedade,

displasia congênita, inflamações localizadas ou infecções, condições sistêmicas como

raquitismo, sífilis e severos distúrbios intra-uterinos e expressões de mudanças evolutivas na

dentição.

Biggerstaff (1992), relatou que a base biológica para a ausência de dentes permanentes

é parcialmente explicada pela falha da proliferação lingual ou distal nas células do botão

dental da lâmina dentária. As bases genéticas ou moleculares para a proliferação celular e\ou

falhas na diferenciação permanecem sem solução.

De acordo com Langlade (1993), a maioria dos autores cita como fator etiológico das

agenesias a hereditariedade, entretanto outros afirmam que as doenças virais como rubéola ou

certos distúrbios constitucionais endócrinos como displasia ectodérmica hereditária de Christ,

Touraine e a disostose cleidocraniana hereditária de Pierre-Marie Sainton, são fatores que

podem gerar essa condição.

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De acordo com Peck, Peck e Kataja (1996), estudos indicaram uma taxa de

prevalência significantemente elevada para ocorrência de agenesias dentárias em associação

com a transposição entre canino superior e primeiro pré-molar e com o deslocamento palatino

do canino, apresentando um determinante genético.

Segundo Furquim, Suguino e Sábio (1997), a etiologia das agenesias podem estar

relacionadas a fatores nutricionais, traumáticos, infecciosos, hereditários ou filogenéticos. Sua

patogenia está relacionada com um distúrbio no processo de formação e desenvolvimento da

lâmina dentária e dos germes dentários. Devido a sua origem ectodérmica, a alteração na

lâmina dentária presente na displasia ectodérmica, resulta em anodontia parcial ou total.

Neville et al. (1998), afirmaram que o controle genético parece exercer uma forte

influência no desenvolvimento dos dentes. Numerosas síndromes hereditárias estão

associadas a hipodontia. A hipodontia correlaciona-se com a ausência de uma lâmina dentária

apropriada. A perda do broto dentário parece estar geneticamente controlada, mas pode sofrer

influência do ambiente. Fatores ambientais como trauma, infecção, radiação, medicamentos

quimioterápicos, distúrbios endócrinos, e distúrbios intra-uterinos graves têm sido associados

à falta de dentes. Ainda relataram que a hipodontia está intimamente associada com a

microdontia.

Baccetti (1998), em um estudo avaliando a associação da rotação dental com a aplasia

dental, relatou a existência de um componente genético na etiologia das más posições e das

aplasias. Ressaltou ainda, que a expressão da rotação dos incisivos laterais superiores está

significativamente associada com a agenesia de pré-molares e que, inversamente, a rotação

dos pré-molares está significantemente associada com a ausência congênita dos incisivos

laterais superiores. Alterações significativas também foram encontradas entre aplasia

unilateral de incisivo lateral superior e a rotação do incisivo lateral no lado oposto do arco.

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Ainda no mesmo ano, Chu, Cheung e Smales, ressaltaram que diversos modelos

histológicos têm sido propostos para explicar como a hipodontia ocorre, eles incluem a

obstrução física ou rompimento da lâmina dental, limitação de espaço, anormalidades

funcionais do epitélio dental e falha da iniciação do mesênquima subjacente. Crianças com

fissura palatina apresentam alta incidência de agenesia dos incisivos laterais e acredita-se que

a junção embrionária da pré-maxila e dos seguimentos maxilares laterais, bem como o

desenvolvimento dos botões dentais nesta região, podem ser facilmente afetados por fatores

genéticos e ambientais. O controle genético da hipodontia e dos vários tipos de herança têm

sido sugerido pelos pesquisadores que investigam famílias afetadas e gêmeos. Dentes

conóides ou incisivos laterais microdônticos e agenesia também têm um relacionamento

genético. Fatores ambientais como: rubéola, escarlatina, sífilis, distúrbios nutricionais e

terapias com drogas e irradiação, também têm sido associadas a anomalias em número

dentário e tamanho.

Vastardis (2000), em sua revisão da literatura, ressaltou que as agenesias dentárias

podem ser manifestadas como um achado isolado ou como parte de uma síndrome, sendo que

as formas isoladas podem ser esporádicas ou familiares. As agenesias familiares podem ser o

resultado de um simples defeito de um gene dominante, recessivo ou ligado ao cromossoma

X. Estudos revelaram que as agenesias de incisivos laterais superiores apresentam um padrão

de transmissão predominantemente autossômico dominante.

2.2 Incidência

No ano de 1966, Horowitz, em um estudo sobre aplasia e má oclusão, avaliou 1000

casos com má oclusão, e encontrou 65 casos de aplasia (6.5%), 16 casos com dentes

supranumerários (1.6%) e 8 casos de incisivos conoídes (0.8%). A freqüência de aplasia, em

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relação ao dente mais afetado, foi a seguinte: 1) segundo pré-molar inferior (34.28%); 2)

segundo pré-molar superior (21.75%); e 3) incisivo lateral superior (17.14%). Os terceiros

molares não foram incluídos neste estudo. Em relação ao dimorfismo sexual, a aplasia foi

achada em 37 indivíduos do gênero feminino e 28 indivíduos do gênero masculino e incisivos

conoídes foram encontrados em 6 indivíduos do gênero masculino e 2 do gênero feminino.

Muller et al. (1970), em um estudo longitudinal, examinaram 14.940 crianças, com

idade entre 11 a 15 anos e encontraram 521 crianças com ausência congênita de dentes

permanentes. Os terceiros molares e crianças com fissura de lábio ou palato não foram

incluídos nesta pesquisa. As meninas apresentaram uma maior incidência de dentes ausentes

congenitamente do que os meninos. Os incisivos laterais superiores permanentes foram os

dentes mais freqüentemente ausentes (47%), seguidos pelos segundos pré-molares inferiores

(35.5%), segundos pré-molares superiores (20%) e pelos incisivos centrais inferiores (6.7%).

A maxila apresentou uma incidência maior de dentes ausentes do que a mandíbula e não

houve diferença entre os lados direito e esquerdo em ambos os maxilares. A ausência bilateral

simétrica foi predominante entre as diferentes combinações de ausências dentárias. Em

indivíduos com um ou dois dentes ausentes, o incisivo lateral superior foi o mais freqüente e

em indivíduos com mais de dois dentes ausentes, o segundo pré-molar inferior foi o mais

freqüentemente ausente.

Thompson e Popovich (1974), avaliaram 1.191 crianças (615 meninos e 576 meninas),

com média de idade de 6 a 12 anos, e acharam 88 (7.4%) crianças com ausência congênita de

dentes. O dente ausente mais comumente encontrado foi o segundo pré-molar inferior

(34.5%), seguido pelo incisivo lateral superior (23.2%) e segundo pré-molar superior (16.2%).

Os terceiros molares não foram incluídos neste trabalho. No sexo masculino, foi notada que a

ausência de um dente era mais freqüente (78.4%) quando comparada ao sexo feminino

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(51.0%). Quando dois ou mais dentes estavam ausentes foi observada uma maior freqüência

no sexo feminino (49.0%) do que no masculino (21.6%).

Senty (1976), ressaltou que dos 56 casos com ausência de incisivos laterais superiores,

avaliados no seu estudo, 16 eram homens e 40 mulheres, indicando que a ausência ocorre

mais freqüentemente em mulheres.

De acordo com Graber (1978), diversos estudos indicaram que os incisivos laterais

superiores são dentes ausentes mais comumente encontrados na anodontia parcial, excluindo

os terceiros molares. O segundo dente mais ausente foi o segundo pré-molar inferior. Em

relação ao dimorfismo sexual, a anodontia parcial foi mais freqüente no sexo feminino do que

no sexo masculino.

Araújo (1982), relatou que cerca de 4% da população pode apresentar agenesia de um

ou mais dentes. Os dentes mais freqüentemente ausentes, na ordem de prevalência são: os

segundos pré-molares inferiores, os incisivos laterais superiores e os segundos pré-molares

superiores, com exceção dos terceiros molares.

Woodworth, Sinclair e Alexander (1985), descreveram que a incidência de ausência

bilateral dos incisivos laterais superiores têm sido reportada como sendo entre 1% e 2% em

pessoas brancas de origem do noroeste europeu.

Lindem (1986), afirmou que os desvios no número de dentes na dentição decídua são

raros e na dentição permanente são regularmente encontrados. A seqüência da freqüência de

agenesia foi: terceiros molares (16%), segundos pré-molares inferiores (4.4%), incisivos

laterais superiores (1.7%) e segundos pré-molares superiores (1.6%).

Segundo Dermaut, Goeffers e De Smit (1986), diversos autores afirmaram que a

agenesia é uma anomalia relativamente comum na dentição permanente, com prevalência de

3.5% a 6.5%, excluindo os terceiros molares cuja prevalência encontra-se entre 9% a 37%.

Ocorre mais freqüentemente em mulheres em uma proporção de 3:2. Na dentição decídua a

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hipodontia é pouco freqüente (0.1 % a 0.9%) e não há diferença significante entre os sexos. O

autor encontrou em seu trabalho, que os incisivos laterais superiores e segundos pré-molares

inferiores foram os dentes mais acometidos pela agenesia (30%), seguidos pelos segundos

pré-molares superiores (20%) e pelos terceiros molares superiores e inferiores (7%). A

agenesia foi mais comum no sexo feminino do que no sexo masculino (112 e 73 indivíduos

respectivamente).

McDonald e Avery (1986), afirmaram que a ausência congênita de um ou mais dentes

permanentes é uma ocorrência comum, sendo rara na dentição decídua. A ausência dos dentes

pode ser uni ou bilateral. A ordem de freqüência dos dentes ausentes é: segundos pré-molares

inferiores, incisivos laterais superiores e segundos pré-molares superiores, sem considerar os

terceiros molares.

No mesmo ano, Asher e Lewis, ressaltaram que os incisivos laterais superiores são os

dentes mais freqüentemente ausentes (excluindo os terceiros molares). A ausência congênita

do incisivo lateral superior, às vezes, encontra-se, unilateralmente. Quando o incisivo lateral

esta ausente, não é incomum encontrar no lado oposto um dente conóide, dilacerado ou

também congenitamente ausente.

De acordo com Miller, McLendon e Hines (1987), se os dentes estão ausentes, o mais

distal da classe será o afetado, isto é, incisivos laterais, segundos pré-molares e terceiros

molares.

Argyropoulos e Payne (1988), relataram que a ausência congênita de um ou ambos os

incisivos laterais superiores é a segunda forma mais comum das agenesias dentárias, após os

terceiros molares.

Stamatiou e Symons (1991), em seu trabalho, examinaram 5127 pacientes e

encontraram 112 pacientes com agenesia do incisivo lateral, correspondendo a 2.2% da

amostra estudada, sendo 42 pacientes do sexo masculino e 70 pacientes do sexo feminino.

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Agenesias simétricas foram as mais comuns registradas na amostra. A ausência de um ou

ambos incisivos laterais superiores ocorreram com maior freqüência na maxila (91% da

população afetada) do que na mandíbula. A ausência dos incisivos laterais inferiores foi

raramente observada. Afirmaram ainda, que maioria dos investigadores acreditam ser o

terceiro molar o dente mais comumente ausente, porém existe, uma discordância quanto ao

segundo dente mais freqüentemente ausente. Alguns estudos indicam que os incisivos laterais

superiores são os terceiros dentes mais freqüentemente ausentes, entretanto outros relatam que

os incisivos laterais superiores são os segundos dentes mais freqüentemente ausentes, após os

terceiros molares.

Moyers e Riolo (1991), relataram que a ausência congênita de um ou mais dentes

atinge cerca de 4% da população.

Segundo Biggerstaf (1992), o desenvolvimento da dentição manifesta uma ausência

dentária contínua e o último dente de cada grupo é, freqüentemente, o mais afetado, por

exemplo: terceiros molares, segundos pré-molares e incisivos laterais. Os dentes mais

freqüentemente ausentes são os terceiros molares. A freqüência da ausência de segundos pré-

molares inferiores, incisivos laterais superiores e segundos pré-molares superiores variam de

acordo com a população estudada e os métodos usados. Os primeiros molares, caninos e

incisivos centrais inferiores estão ocasionalmente ausentes.

Langlade (1993), ressaltou que a maioria dos autores afirmaram que o dente que

apresenta a maior freqüência de agenesia é o segundo pré-molar inferior, seguido pelo

incisivo lateral superior, segundo pré-molar superior, incisivo central inferior, segundo molar

inferior, e às vezes, o canino superior.

Millar e Taylor (1995), afirmaram que as agenesias de incisivos laterais superiores não

são um achado incomum, com incidência de 0.52% a 8.4%.

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De acordo com Chu, Cheung e Smales (1998), muitas pesquisas têm encontrado que a

dentição permanente é mais freqüentemente afetada do que a dentição decídua e sua

ocorrência é maior no arco maxilar. Embora a prevalência da hipodontia varie entre os

diferentes grupos raciais, é geralmente aceito que a ausência de terceiros molares ocorre mais

comumente, seguido pelos segundos pré-molares inferiores e incisivos laterais superiores,

com uma estimativa de aproximadamente 2% para o último.

Neville et al. (1998), ressaltaram que a ausência de dentes na dentição permanente não

é rara, com os terceiros molares sendo os mais comumente afetados (a prevalência varia nas

diferentes raças, de 2.5 a 35%). Depois dos terceiros molares, os segundos pré-molares e

incisivos laterais superiores são os mais freqüentemente ausentes. A hipodontia ocorre mais

comumente no sexo feminino do que no masculino (proporção aproximada de 1,5:1).

Vastardis (2000), relatou que a dentição permanente é mais freqüentemente afetada do

que a dentição decídua. A incidência de agenesia de dentes permanentes varia de 1.6% a 9.6%

na população geral, excluindo os terceiros molares. Nos dentes decíduos, a agenesia dentaria é

reportada entre 0.5% a 0.9%. A incidência da agenesia varia com a classe dentária. As

agenesias dos terceiros molares são as mais comuns, com incidência de 20% na população

estudada. Opiniões variam em relação ao segundo dente mais freqüentemente ausente. Alguns

autores encontraram que os incisivos laterais superiores são os mais ausentes, enquanto outros

que o segundo pré-molar inferior é que apresenta a incidência mais alta.

Moreira e Araújo (2000), em um estudo sobre a freqüência das agenesias em pacientes

tratados na clínica do curso de especialização em ortodontia da PUCMG, relataram que entre

os 678 pacientes com idades variando de 8 anos e 3 meses a 44 anos, foram encontrados 46

pacientes portadores de agenesias, representando 6.78% da amostra total. As agenesias foram

observadas com maior freqüência no sexo feminino, em uma razão de 3:2. A maior ocorrência

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foi para os incisivos laterais superiores (32.98%) e os segundos pré-molares inferiores

(29.78%). Os terceiros molares não foram incluídos nesta pesquisa.

Segundo Ferreira (2002), a ausência congênita de alguns elementos dentais

(oligodontia) ocorre com maior freqüência do que a presença de supranumerários e

normalmente são bilaterais. A ordem de incidência é a seguinte: terceiros molares superiores e

inferiores, incisivos laterais superiores, segundos pré-molares inferiores e incisivos inferiores.

Também em 2002, Tavajohi-Kermani, Kapur e Sciote, relataram que a prevalência da

agenesia de terceiros molares é alta (51%), mas a agenesia de outros dentes é menos freqüente

com incidência de 1.0% a 9.6% na população branca, 6.6% na população japonesa e 7.7% na

população negra. A proporção média de agenesia entre o sexo feminino e masculino é de 3:2

para brancos e 2:1 para negros. Na população branca, os dentes mais freqüentemente

ausentes, em ordem de prevalência, são os terceiros molares, segundos pré-molares inferiores

(1% a 6%), e incisivos laterais superiores (1% a 4%), sendo que uma pequena incidência foi

achada para incisivos centrais e laterais inferiores (0.23% a 0.08%).

2.3 Relação da agenesia de incisivo lateral superior com as más oclusões

Considerando que a agenesia de um ou dois incisivos laterais superiores proporcionam

um desequilíbrio em potencial no comprimento do arco dentário maxilar e mandibular na

dentição permanente (MCNEILL e JOONDEPH, 1973), seria esperado que agenesia

provocasse alterações nas estruturas dentofaciais, quando comparadas ao normal. Desta

forma, um aspecto importante a ser enfocado é a possível relação entre as agenesias dentárias

congênitas e as más oclusões.

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Horowitz (1966), avaliando o tipo de má oclusão, nos 65 casos com aplasia, encontrou

uma relação esquelética de Classe I em 53.85%, Classe II esquelética em 18.46% e 27.7% dos

casos não foram classificados.

Woodworth, Sinclair e Alexander (1985), realizaram uma análise craniofacial e de

modelos dentários em 43 pacientes (28 do sexo feminino e 17 do sexo masculino)

provenientes do noroeste da Europa com ausência congênita dos incisivos laterais superiores,

com média de idade de 13.5 anos (10.6 a 23.9 anos). Nesta amostra, 60% dos pacientes

apresentavam uma relação esquelética de Classe I, 21% de Classe II esquelética e 19%

demonstraram uma tendência a Classe III esquelética. Uma alta incidência de ausência de

outros dentes (55%) e de impacções dentárias (21%), foram observadas.

Dermaut, Goeffers e De Smit (1986), com o objetivo de estabelecer uma correlação

entre a prevalência das agenesias dentárias com os padrões de crescimento esquelético ântero-

posterior e vertical e com o apinhamento ântero-inferior, avaliaram uma amostra de 370

indivíduos (185 com agenesia e 185 como controle, com dentição completa) de faixa etária

entre 4 a 19 anos de idade. O autor concluiu que a relação esquelética de Classe I foi a mais

encontrada (80%) em indivíduos com agenesia do que em indivíduos sem dentes ausentes. A

relação esquelética de Classe II ocorreu mais no grupo controle do que no grupo com agenesia

e o mesmo aconteceu com a Classe III, porém em menor extensão. As relações esqueléticas

de Classe II e Classe III ocorreram excepcionalmente em 8.0% e 9.0%, respectivamente, nos

pacientes com agenesia. No grupo de agenesia a presença de mordida profunda foi maior

com 45.0%, seguido pelos pacientes com vertical normal, 40% e por último com mordidas

abertas, com 15%. O apinhamento na região ântero-inferior foi mais pronunciado no grupo

controle do que no grupo com agenesia.

Segundo Moreira e Araújo (2000), a má oclusão esquelética mais freqüentemente

associada às agenesias foi a Classe I, totalizando 66.0%, seguida pela Classe III com 24.4% e

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por último pela Classe II, com 9.6%. Em relação à má oclusão dentária, 63.8% das agenesias

estavam presentes em indivíduos portadores de Classe II, 25.5% em portadores de Classe I e

por fim 10.7% em portadores de Classe III. As agenesias foram encontradas com maior

freqüência nas más oclusões com vertical normal, 37.2%, seguidas pelas mordidas abertas

com 34.0% e por último pelas mordidas profundas, com 28.8%. Já a análise vertical das más

oclusões dentárias mostrou resultados diferentes, 46.8% das agenesias foram encontradas nos

pacientes portadores de mordida profunda, 42.6% naqueles com vertical normal e 10.6% nas

mordidas abertas.

2.4 Fechamento dos espaços X Recuperação dos espaços

Carlson (1952), foi um dos primeiros autores a defender o fechamento ortodôntico dos

espaços através da mesialização dos caninos. Ressaltou que é preferível ver o canino ao lado

do incisivo central, com o primeiro pré-molar na região de canino, do que as próteses

dentárias para os incisivos laterais ausentes. Descreveu casos tratados com o fechamento dos

espaços, fez recomendações para a mecânica de tratamento especifica e diretrizes para o

recontorno dos caninos pelo desgaste das superfícies linguais e incisais. Concluiu ainda, que

sempre que for possível sua opção de tratamento é fechar os espaços.

Tuverson (1970), relatou casos tratados com o fechamento de espaço, com os caninos

substituindo os incisivos laterais ausentes, e as vantagens e desvantagens dessa opção de

tratamento. Descreveu ainda, os procedimentos usados para recontorno dos caninos para que

este se assemelhe aos incisivos laterais superiores ausentes. Afirmou que melhores resultados

são obtidos com o fechamento de espaço, eliminando a necessidade de substituição protética.

McNeill e Joondeph (1973), descreveram o fechamento de espaços em casos de

agenesia de incisivos laterais superiores e apinhamento inferior severo. Os autores relataram

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que as extrações mandibulares devem ser indicadas para eliminar deficiências no

comprimento do arco (anterior ou posterior); reduzir a protrusão dentoalveolar mandibular ou

compensar uma relação molar de Classe II. Segundo os autores, casos com apinhamento

anterior severo, uma boa oclusão pode ser obtida com a extração de incisivos laterais

inferiores. Se o apinhamento for mais severo na área de canino, extrações de pré-molares

proporcionam melhores resultados. Os autores sugerem um diagnóstico setup, antes do

tratamento, para determinar a combinação de extrações mandibulares, estabelecendo ótimos

resultados estéticos e funcionais. Ressaltam ainda, que a ausência de má oclusão que requer

extrações inferiores em combinação com uma oclusão Classe I, geralmente favorece a

abertura ortodôntica dos espaços e subseqüente reposição protética dos incisivos laterais

superiores ausentes.

Henns (1974), em um estudo, avaliando a forma do arco quando os caninos substituem

os incisivos laterais superiores ausentes, concluiu que a eminência canina acompanha a

movimentação mesial que venha a ser realizada no canino superior quando usado como

incisivo lateral, resultando, como conseqüência deste fato, no estreitamento da forma do arco.

Entretanto, este estreitamento não excede 1,5 mm de cada lado.

Nordquist e McNeill (1975), avaliaram a longo prazo, o estado periodontal e oclusal

de pacientes tratados ortodonticamente com ausência congênita de incisivos laterais

superiores. Em 30 pacientes avaliaram: irritação gengival, índice de placa, profundidade de

bolsa periodontal e função oclusal. Concluíram que os pacientes com os espaços dos incisivos

laterais fechados apresentaram melhor saúde periodontal do que os usavam próteses nos

incisivos laterais e, as próteses parciais fixas que substituíam os incisivos laterais superiores

propiciaram melhores condições para a saúde periodontal e gengival do que as próteses

parciais removíveis. Não houve diferença na obtenção da função oclusal entre os grupos com

abertura de espaço e, os grupos com o fechamento de espaço. A oclusão com função em

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grupo na excursão lateral foi observada em todos os quadrantes, com fechamento de espaço e

em 89% dos quadrantes com abertura de espaço. Na presença de reposições protéticas foi

achado um elevado nível de placa e irritação, maior inflamação gengival e bolsas profundas,

quando comparado aos dentes naturais. Assim, a reposição protética dos incisivos laterais foi

considerada uma alternativa de tratamento pouco desejada, quando comparada ao fechamento

de espaço através de recursos ortodônticos.

Zachrisson e Mjör (1975), estudaram clinicamente e histologicamente as reações

pulpares e dentinárias provocadas pelo extenso desgaste em dentes humanos. A cúspide, a

superfície vestibular e proximal (mesial ou distal) de quarenta e oito pré-molares que seriam

extraídos por razões ortodônticas foram remodelados para incisivos laterais, usando

instrumentos diamantados e abundante refrigeração com água. Após o desgaste e polimento

com discos de lixa e pedra pomes, o fluoreto tópico foi administrado. Os pacientes foram

questionados sobre qualquer aumento de reações de sensibilidade. Dez dentes foram extraídos

imediatamente após o desgaste, para avaliar qualquer efeito do próprio desgaste e os demais

após períodos de observações de uma semana, três semanas e três a cinco meses e examinados

histologicamente. Nenhum desconforto significativo foi relatado pelos pacientes nos

primeiros dias, apenas uma sensibilidade aumentada por mudanças de temperatura. Os

achados histológicos indicaram que é possível uma extensa remodelação em dentes

permanentes jovens com nenhuma ou mínimas reações pulpares e dentinárias. Entretanto, é

importante o uso abundante de refrigeração com água durante o desgaste. Em alguns dentes

em que áreas retentivas nas proximais foram preparadas acidentalmente, desenvolveram-se

cáries e reações pulpares ocorreram. Por esta razão, grande cuidado deve ser tomado para não

introduzir degraus proximais quando ajustes na largura mésio-distal dos dentes forem

realizados. Concluíram que evidências histológicas e clínicas indicaram que a remodelação

extensa por desgaste não é prejudicial ao dente e que isto deve encorajar os ortodontistas a

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realizar a remodelação de dentes por desgaste melhorando, desta forma, a oclusão final e os

resultados estéticos, nos casos onde os caninos e pré-molares substituem os incisivos laterais e

caninos, respectivamente.

Senty (1976), em um estudo sobre estética e oclusão, avaliou os resultados de 56 casos

(16 do sexo masculino e 40 do sexo feminino), através de imagens fotográficas e concluiu que

quando os caninos superiores são movidos mesialmente não havia nenhuma mudança

aparente no contorno facial. Os primeiros pré-molares podem servir como um substituto

adequado para os caninos em relação à estética e a função. Quando os espaços são fechados, o

equilíbrio oclusal geralmente é necessário, para um efeito aceitável da oclusão posterior. O

fechamento de espaço unilateral expõe deficiências funcionais mais freqüentes no lado do

fechamento. Ressaltou ainda, que graus variados de desequilíbrio de cor entre os caninos e

incisivos centrais podem ser esperados e o grau de contraste pode ser previsto pelo uso dos

caninos mandibulares como guias, quando os caninos superiores estão impactados ou não

erupcionados.

Schwaninger e Shaye (1977), em seus estudos, relataram fatores que devem ser

avaliados em pacientes com ausência de incisivos laterais superiores. Em relação ao perfil, as

considerações devem ser as mesmas aplicadas aos casos rotineiros de extração e não extração.

Em casos de FMA (Frankfurt Mandibular Angle) alto, mecânicas que tendem a aumentar a

dimensão vertical devem ser evitadas. Assim, casos de Classe II com FMA alto (crescimento

vertical), o fechamento ortodôntico dos espaços tende a ser o tratamento de escolha, uma vez

que mecânicas de distalização e uma simultânea tendência a abrir a mordida poderiam ser

evitadas.

Zachrisson (1978), em um estudo teórico de casos com agenesia de incisivos laterais

superiores, apresentou alguns procedimentos clínicos que podem melhorar significantemente

os resultados do tratamento ortodôntico quando o fechamento de espaço é executado. O autor

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ressaltou que quando os incisivos estão ausentes bilateralmente a mesma proposta de

tratamento deve ser usada em ambos os lados. Já quando a perda é unilateral, conseguir bons

resultados se torna mais difícil. Ainda relatou que as indicações para o fechamento dos

espaços são os casos de Classe I com deficiência de espaço e casos de Classe II, em que o

tratamento seria favorecido pela dissolução do apinhamento ou eliminação da sobressaliência.

Por outro lado, as contra-indicações são os casos de Classe III e casos de Classe I sem

nenhuma deficiência de espaço ou mesmo excesso de espaço, incisivos laterais conóides ou

caninos amarelados são mais apropriados para reposição protética. As situações

intermediárias deverão ser decididas individualmente.

Woodworth, Sinclair e Alexander (1985), analisaram os efeitos do fechamento

ortodôntico dos espaços em 22 dos 43 pacientes que apresentavam ausência congênita

bilateral dos incisivos laterais superiores. Significantes discrepâncias de tamanho dentário

foram achadas em ambas as arcadas (superior e inferior). Os autores sugeriram que uma

pequena mudança facial ocorre quando os espaços são fechados, e que a presença de

discrepâncias de tamanho dentário, freqüentemente, impede o estabelecimento do guia canino.

Miller, McLendon e Hines (1987), em um estudo de casos com gêmeos idênticos do

sexo feminino, compararam os resultados de duas abordagens de tratamento, uma para a

ausência dos incisivos laterais superiores e a outra para malformação dos incisivos laterais

superiores (incisivos conóides). Um gêmeo foi tratado pelo reposicionamento e recontorno

dos caninos simulando os incisivos laterais ausentes e o outro pela manutenção dos incisivos

laterais conóides e recontorno com resina composta. Ambos os casos finalizaram com

resultados estéticos e funcionais satisfatórios. A comparação do pré e pós-tratamento dos

gêmeos mostraram insignificantes diferenças esqueléticas, dentais e de tecido mole.

Concluíram que qualquer que seja o método de tratamento escolhido para a ausência ou

malformação do incisivo lateral superior, a aparência facial e dental pode ser aceitável em

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ambos. A escolha do fechamento dos espaços versus reabertura dos espaços deverá ser

baseada em outras considerações: necessidade de extrações, relação oclusal posterior, posição

dos caninos no momento do diagnóstico, forma e cor dos caninos e o potencial para se

conduzir e coordenar um tratamento protético com terapia ortodôntica.

De acordo com Argyropoulos e Payne (1988), o plano do tratamento e a

mecanoterapia apresentam-se como os mais freqüentes problemas em casos que requerem

tratamento ortodôntico da ausência bilateral dos incisivos laterais superiores. Esta ausência

cria um desequilíbrio em potencial no comprimento dos arcos dentários maxilar e mandibular

na dentição permanente. Após a erupção completa dos dentes permanentes, a eliminação deste

desequilíbrio de comprimento do arco pode ser conseguida através da aplicação de um plano

de tratamento abrangente que inclui as seguintes alternativas: manutenção ou recuperação dos

espaços dos incisivos ausentes seguidos pela reconstrução protética; fechamento de espaço e

estabelecimento de uma relação posterior de Classe II e fechamento de espaço e extração de

dois dentes mandibulares, pré-molares ou incisivos laterais e estabelecimento de uma relação

posterior de Classe I. Na escolha entre estas opções de tratamento, o perfil do paciente, a

quantidade e direção do crescimento futuro, a presença ou ausência dos principais sintomas de

maloclusão devem ser levados em consideração.

Moyers e Riolo (1991), afirmaram que a decisão de movimentar os caninos

permanentes superiores para as posições dos incisivos laterais ausentes depende de vários

fatores que podem influenciar o profissional no plano de tratamento, tais como: idade do

paciente; conformação e posicionamento dos caninos; conveniência dos incisivos centrais e

caninos como pilares; desejo do paciente; profundidade da mordida; grau de apinhamento ou

diastemas e estado da oclusão.

Thordarson e Zachrisson (1991), em um estudo clínico e radiográfico a longo prazo

avaliaram a remodelação dos caninos permanentes de 26 pacientes. Os caninos foram

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desgastados para a forma de incisivos laterais e após 10 a 15 anos os pacientes foram

chamados para avaliação. O desgaste foi realizado em 37 dentes uni ou bilateralmente.

Caninos ou dentes adjacentes não desgastados serviram como dentes controle. Os resultados a

longo prazo foram favoráveis. Não houve diferença de cor em 36 dos 37 caninos desgastados.

Apenas um dente expôs uma generalizada descoloração, provavelmente resultado da

obliteração pulpar extensiva. Nenhuma diferença significante foi encontrada entre os dentes

desgastados e não desgastados, em relação à mobilidade, reação a percussão ou sensibilidade

à temperatura. Radiograficamente, 2 dos 37 caninos desgastados mostraram alterações, um

obliteração da coroa pulpar e o outro obliteração pulpar quase completa. Nos 35 dentes

restantes nenhuma diferença aparente foi notada. No estereomicroscópio duas superfícies

labiais desgastadas mostraram evidências de arranhões e ranhuras produzidas pela ponta

diamantada após mais de 10 anos de observações, mas em todos os outros instantes, as

superfícies desgastadas foram indistinguíveis da superfície de esmalte adulta. Concluiu-se que

a reanatomização da extensão da cúspide, labial, lingual e interproximal pelo desgaste em

dentes jovens associado ao tratamento ortodôntico podem ser realizadas sem desconforto ao

paciente e com mínima ou nenhuma reação clínica e radiográfica.

Millar e Taylor (1995), em uma revisão bibliográfica, relataram que a ausência do

incisivo lateral superior cria um problema estético que pode ser tratado de várias formas.

Segundo os autores a condição requer um cuidadoso plano de tratamento e a consideração das

opções de tratamento e dos resultados seguidos do fechamento de espaço ou da substituição

protética e que os recentes desenvolvimentos da dentística restauradora tem justificado uma

reavaliação da abordagem desta situação clínica. Os fatores relacionados ao paciente e ao

dente, incluindo a má oclusão e seus efeitos na oclusão, foram considerados. Dentre os fatores

relacionados ao paciente estão à idade, atitude e expectativas do mesmo. Ao detectar a

ausência dos incisivos laterais em uma idade precoce, com o paciente possuindo ainda os

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caninos e incisivos laterais decíduos, existe a oportunidade de se promover um tratamento

interceptativo com a extração desses elementos para que o canino permanente erupcione

mesialmente, adjacente ao incisivo central. A previsão dos resultados estéticos e oclusais

devem ser discutidas com os pais e o paciente. Consideraram as possíveis opções: nenhum

tratamento (apenas uso de resina composta para fechar pequenos diastemas); fechamento dos

espaços ortodonticamente com a modificação do canino; manutenção do espaço e substituição

dos dentes ausentes com prótese adesiva ou convencional, ou implante.

Segundo Chu, Cheung e Smales (1998), ao contrário dos dentes posteriores ausentes, a

ausência de dentes anteriores pode levar a uma aparência pouco atrativa e criar um problema

social e funcional para muitos pacientes. Os autores associaram algumas características a

hipodontia de incisivos laterais superiores, tais como, ausência de outros dentes, dentes

decíduos retidos, tamanho dos dentes reduzidos, velocidade lenta no desenvolvimento dental e

erupção ectópica, como fatores importantes para se decidir um plano de tratamento provisório

ou definitivo.

Thilander, Ödman e Jemt (1999), em um estudo longitudinal avaliaram os implantes

unitários na região dos incisivos superiores e sua relação com os dentes adjacentes, com o

objetivo de verificar se as coroas dos implantes na região dos incisivos laterais superiores

poderiam alcançar uma posição de infraoclusão com o passar do tempo. A amostra foi

composta por 10 adolescentes e 15 coroas de implantes foram avaliadas neste estudo. A idade

dos pacientes quando foi realizada a cirurgia para instalação dos implantes variou entre 14 e

19 anos. Esses pacientes foram acompanhados durante um período de 8 anos. Nenhuma perda

do implante foi observada. Segundo o autor, uma boa ou aceitável aparência estética foi

encontrada na última observação, na maioria dos pacientes. Em alguns pacientes, uma

mudança na posição vertical das coroas dos implantes suportados, resultou em infraoclusão,

podendo ser registrada especialmente em indivíduos sem contato incisal. Ao longo do período

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de acompanhamento, pequenas perdas de suporte ósseo marginal foram observadas nos

implantes. Nos dentes adjacentes ao implantes, uma redução do nível ósseo marginal foi

observada em alguns pacientes. Concluíram que em uma terapia com implantes unitários é

importante considerar que uma idade cronológica fixa não serve como um guia para

colocação do implante, devido a uma leve erupção contínua dos dentes adjacentes após a

adolescência. Ressaltaram que o tratamento ortodôntico deve ser realizado não apenas para

ganhar espaço na área do implante, mas também para alcançar uma boa estabilidade incisal,

reduzindo o risco de infra-oclusão das coroas dos implantes. Além disso, 3 casos

exemplificaram que a infraoclusão também pode ocorrer em pacientes que receberão

implantes unitários na idade adulta.

Sabri (1999), em um estudo teórico, sobre ausência dos incisivos laterais superiores

ressaltou que as duas opções de tratamento são a abertura de espaço para futuras reposições

protéticas ou o fechamento dos espaços usando o canino para substituir incisivos laterais

ausentes. A quantidade de abertura de espaço e as várias opções protéticas foram discutidas.

O autor descreveu também os métodos usados para remodelação dos caninos no fechamento

ortodôntico de espaço e, sua reconstrução para simular os incisivos laterais. As indicações,

vantagens e desvantagens de ambas as modalidades de tratamento foram delineadas para

ajudar os clínicos a tomar decisões em situações limítrofes. O autor concluiu que os casos de

incisivos laterais superiores ausentes coexistindo com qualquer tipo de má oclusão devem ser

tratados dentro de um plano de tratamento global. Os fatores relativos ao paciente, como o

tamanho, a forma, posição e cor dos dentes, os efeitos na oclusão e a estética facial e dental

devem ser considerados antes da decisão entre abrir ou fechar os espaços.

Robertsson e Mohlin (2000), realizaram um estudo retrospectivo com objetivo de

examinar pacientes tratados com ausência congênita uni ou bilateral de incisivos laterais

superiores e comparar sua opinião sobre o resultado estético com a opinião dos dentistas sobre

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a função oclusal e saúde periodontal. Nesta amostra, 50 pacientes foram identificados. Trinta

desses foram tratados com o fechamento ortodôntico dos espaços e 20 pela reabertura dos

espaços e uma prótese (porcelana unida a ouro e pontes coladas com resina). A opinião dos

pacientes sobre o resultado estético foi avaliada usando o questionário do Índice Estético de

Eastman durante uma entrevista estruturada. O estado funcional, contatos dentários padrões,

condição periodontal e qualidade da reposição protética foram avaliados. Em geral, indivíduos

tratados com o fechamento ortodôntico dos espaços estavam mais satisfeitos com aparência

de seus dentes do que aqueles que tiveram uma prótese. Nenhuma diferença significante na

prevalência dos sinais e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM) foi encontrada.

Entretanto, pacientes com reposições protéticas tiveram a saúde periodontal prejudicada com

o acúmulo de placa e gengivite. A conclusão deste estudo foi que o fechamento ortodôntico

dos espaços produziu resultados mais bem aceitos pelo pacientes, não prejudicou a função da

articulação temporomandibular (ATM) e promoveu a saúde periodontal em comparação com

as reposições protéticas.

Pinho e Cavalheiros-Lobo (2001), em um estudo sobre a remodelação estética dos

caninos na ausência dos incisivos laterais superiores, relataram que o canino é muito diferente

do incisivo lateral superior, no que diz respeito à cor, à forma, à largura, ao comprimento e ao

contorno. O canino requer nos casos de mesialização ortodôntica, a redução mesial e distal do

seu contorno, assim como da ponta da cúspide e da face palatina, e remodelação das

convexidades nas áreas de contato, de modo a criar superfícies interproximais verticais, mais

de acordo com a morfologia dos pontos de contato dos incisivos laterais e não provocar

interferências oclusais. Em termos estéticos um dos maiores problemas é o fato dos caninos

serem sempre de tonalidade mais escura, ou até mesmo de outra matiz que os incisivos,

devendo por isso ser clareados, de modo que a coroa fique compatível com os dentes

adjacentes e antagonistas da arcada. Os avanços recentes nos tratamentos restauradores, em

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conseqüência da verdadeira revolução tanto dos materiais como das técnicas tem favorecido a

dentisteria restauradora na remodelação estética dos caninos.

Rosa e Zachrisson (2002), discutiram os prováveis problemas clínicos associados com

o fechamento do espaço e as chaves para o sucesso deste, demonstrando a sua superioridade

em comparação ao tratamento com reposições protéticas dos elementos dentários ausentes.

Tal tratamento pode incluir a reanatomização do canino reposicionado mesialmente para a

forma e tamanho do incisivo lateral, usando uma combinação de desgaste e restaurações de

resina composta e\ou facetas de porcelana; clareamento dos caninos, sendo que estes

apresentam-se mais amarelados que os incisivos; correção do torque coronário dos caninos,

para se assemelhar ao torque dos incisivos laterais, juntamente com a incorporação dos

torques ideais para os primeiros e segundos pré-molares movidos mesialmente; extrusão e

intrusão dos caninos e primeiros pré-molares respectivamente, obtendo-se um ótimo nível da

gengiva marginal; aumento da largura e comprimento dos primeiros pré-molares intruídos e

movidos mesialmente, com resinas compostas ou facetas de porcelana e procedimentos

cirúrgicos para aumento de coroa clínica.

Kokich (2002), em um trabalho, relatou que existem duas opções de tratamento para

os incisivos laterais superiores ausentes, sendo uma a abertura de espaço para reposição do

dente ausente e a outra o fechamento dos espaços com os caninos no lugar dos incisivos

laterais ausentes. A escolha do plano de tratamento apropriado depende da má oclusão, da

relação do tamanho dos dentes, e do tamanho e estética dos caninos. Quando a opção de

tratamento for a abertura dos espaços, os implantes tem sido a restauração de escolha para

muitos pacientes. Porém, não podem ser instalados até que o crescimento facial esteja

concluído. Desta forma, o monitoramento da erupção em uma idade precoce é importante. A

principal preocupação é o rebordo alveolar na área dos incisivos laterais ausentes. A situação

ideal é promover a erupção do canino adjacente ao incisivo central permanente e após a

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erupção mover distalmente para sua posição normal, formando através desse movimento um

rebordo alveolar com adequada largura buco-lingual facilitando a correta instalação do

implante. Quando isso não ocorre, um futuro enxerto ósseo pode ser necessário para

estabelecer a largura apropriada para instalação do implante.

Ferreira (2002), afirmou que a fase da dentadura mista é o período ideal para o

planejamento do tratamento de casos com ausência de elementos permanentes. A decisão

sobre o fechamento ou a manutenção dos espaços para futura prótese deveram ser tomadas

nesta ocasião.

Tavajohi-Kermani, Kapur e Sciote (2002), avaliaram em um estudo retrospectivo, 89

pacientes (27 homens e 62 mulheres), com idade média de 8 a 18 anos que haviam se

submetidos ao tratamento ortodôntico na Universidade de Pittsburgh e cujos diagnósticos

incluíam agenesias dentárias. Investigaram a associação entre a morfologia craniofacial e as

agenesias dentárias. Os cefalogramas desta amostra foram comparados aos do Bolton

Stantards of Dentofacial Developmental Growth. A ausência dentária e suas localizações

foram correlacionadas com alterações em medidas lineares e angulares selecionadas da

análise de Bolton. Relativamente foi observada pouca correlação entre as agenesias dentárias

e alterações em medidas cefalométricas. Foi identificado que geralmente havia uma

associação entre maxila de tamanho reduzido e a agenesia dentária, mas, poucos grupos

apresentaram alterações significantes no tamanho mandibular associado com agenesias.

Tanaka et al. (2003), relatou que na busca dos objetivos ortodônticos de estética dental

e facial, função e saúde do sistema estomatognático e estabilidade dos resultados alcançados,

todos os elementos de diagnóstico devem ser clara e minuciosamente analisados e ponderados

para a elaboração de um plano de tratamento individualizado, nos casos de agenesia de

incisivo lateral superior. A colaboração entre a ortodontia, prótese e a dentística restauradora

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devem ser empregadas na ortodontia contemporânea em busca dos melhores resultados

estéticos e funcionais possíveis.

Suguino e Furquim (2003), em uma revisão da literatura, ressaltaram que do ponto de

vista do planejamento e tratamento, o fechamento ortodôntico dos espaços pode ser indicado

ou contra-indicado, dependendo da má oclusão original. Desta forma, considerações

importantes são o grau de apinhamento ou espaçamentos, o tamanho e forma dos dentes e o

estado da oclusão. Os fatores que favorecem o fechamento dos espaços incluem: 1) uma

tendência de apinhamento superior em pacientes com um perfil bem equilibrado e dentes

anteriores com inclinações normais; 2) caninos e pré-molares de tamanho similares; 3)

protrusão dentoalveolar; 4) má oclusão Classe II; 5) apinhamento ou protrusão inferior

evidente. Por outro lado, a reabertura ou manutenção dos espaços é preferível em pacientes:

1) sem má oclusão e intercuspidação normal dos dentes posteriores; 2) espaços pronunciados

no arco superior; 3) má oclusão Classe III e perfil retrognata; 4) uma grande diferença de

tamanho entre caninos e primeiros pré-molares.

Turpin (2004) relatou que o diagnóstico e o tratamento de crianças em crescimento

com ausência de incisivos laterais superiores continua a ser um problema para muitos

clínicos. Segundo o autor quando os dentes estão ausentes congenitamente, os caninos

permanentes freqüentemente erupcionam mesialmente em relação a suas posições normais.

Quando isto não ocorre, a necessidade de se manter o osso alveolar por muitos anos até cessar

o crescimento é outro dilema. O autor ressaltou que as possíveis soluções para ausência de

incisivos laterais superiores incluem o fechamento ortodôntico dos espaços, trabalhando com

resina; implantes e o autotransplante de pré-molares em desenvolvimento. Antes de se tomar

uma decisão, deve-se considerar o padrão esquelético existente, a relação dental, discrepância

no comprimento do arco e dos dentes, a forma e cor dos caninos adjacentes e o nível de

cooperação esperado.

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Segundo Kinzer e Kokich (2007), em casos de agenesia de incisivos laterais

superiores, a escolha da opção de tratamento apropriada depende da má oclusão, do perfil, da

cor e forma dos caninos e da linha do sorriso. O tratamento ideal é a alternativa mais

conservadora que satisfaça as necessidades estéticas e funcionais do paciente.

Freqüentemente, a opção ideal é a substituição dos incisivos laterais ausentes pelos caninos.

O tratamento restaurador complementar é geralmente necessário para recriar a cor e forma do

incisivo lateral ausente. Conseqüentemente, o tratamento interdisciplinar é necessário para se

conseguir uma ótima estética final.

Tausche e Harzer (2008) relataram o tratamento de uma paciente de 12 anos com má

oclusão Classe II, canino superior direito impactado e dilacerado, incisivos laterais superiores

conóides e ausência de deficiência de espaço no arco inferior. A opção de tratamento foi o

tracionamento do canino superior direito impactado e dilacerado e a extração dos incisivos

laterais conóides, substituindo-os pelos caninos através do fechamento ortodôntico dos

espaços. Estética favorável e excelentes resultados oclusais foram obtidos à longo prazo. Uma

melhora no perfil facial (perfil equilibrado), estável oclusão bilateral de Classe II e

sobressaliência e sobremordida ideais foram conseguidas.

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3 DISCUSSÃO

A literatura apresenta opiniões conflitantes em relação à ocorrência e freqüência das

agenesias (MOREIRA e ARAÚJO, 2000). Não há um consenso entre os autores em relação

ao dente mais freqüentemente ausente, excluindo os terceiros molares. Diversos autores

afirmaram que o incisivo lateral superior é o dente mais freqüentemente ausente (MULLER,

et al. 1970; GRABER, 1978; ASHER e LEWIS, 1986; MOREIRA e ARAÚJO, 2000;

FERREIRA, 2002). No entanto, outros autores discordaram e relataram que o segundo pré-

molar inferior é o dente mais freqüentemente ausente (HOROWITZ, 1966; ARAÚJO 1982;

LINDEM 1986; MCDONALD e AVERY 1986; LANGLADE 1993; TAVAJOHI-

KERMANI, KAPUR e SCIOTE, 2000).

A freqüência da agenesia varia de acordo com a população investigada e os métodos

utilizados (MONTAGU, 1940; GRABER, 1978; DERMAUT, GOEFFERS, e DE SMIT,

1986; BIGGERSTAFF, 1992), refletindo assim, nas opiniões divergentes em relação à

freqüência e seqüência dos dentes mais acometidos pelas agenesias (MOREIRA e ARAÚJO,

2000).

De acordo com Horowitz (1966); Müller et al. (1970); Thompson e Popovich (1974);

Senty (1976); Graber (1978); Dermaut, Goeffers e De Smit (1986); Stamatiou e Symons

(1991); Moreira e Araújo (2000), as agenesias foram observadas com maior freqüência no

sexo feminino do que no sexo masculino.

O fator etiológico da agenesia mais citado pelos autores é a hereditariedade

(GRABER, 1978; MARKOVICS, 1982; ARAÚJO, 1982; DERMAUT, GOEFFERS e DE

SMIT, 1986, STMATIOU e SYMONS, 1991; LANGLADE, 1993; FURQUIM, SUGUINO e

SÁBIO, 1997; NEVILLE et al., 1998; CHU, CHEUNG e SMALES, 1998; VASTARDIS,

2000). Contudo, fatores ambientais também são mencionados por diversos autores (ARAÚJO,

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1982; DERMAUT, GOEFFERS e DE SMIT, 1986; LANGLADE, 1993; FURQUIM,

SUGUINO e SÁBIO, 1997; NEVILLE et al., 1998; CHU, CHEUNG e SMALES, 1998) e,

podem ser responsáveis pela agenesia. Outros autores relataram ainda, que as agenesias estão

relacionadas a uma tendência evolucionária conduzindo a uma redução no número de dentes

(BREKHUS et al., 1944; HOROWITZ, 1966; WOODWORTH, SINCLAIR e

ALEXANDER, 1985; ARAÚJO, 1982; FURQUIM, SUGUINO e SÁBIO, 1997).

No que se refere à relação das agenesias de incisivos laterais superiores com as más

oclusões, a relação esquelética de Classe I, foi a mais encontrada (WOODWORTH,

SINCLAIR e ALEXANDER, 1985; DERMAUT, GOEFFERS e DE SMIT, 1986;

MOREIRA e ARAÚJO, 2000). As relações esqueléticas de Classe II e Classe III estiveram

presentes em menores proporções (DERMAUT, GOEFFERS e DE SMIT, 1986). Quanto à

má oclusão dentária a maioria dos pacientes apresentava uma relação de Classe II

(MOREIRA e ARAÚJO, 2000).

A ausência dos incisivos laterais superiores cria um problema estético para o paciente

e o seu tratamento constitui um desafio para o ortodontista, tanto na elaboração de um correto

plano de tratamento como na mecanoterapia empregada.

As possibilidades de tratamento para pacientes com ausência de incisivos laterais

superiores são: manutenção ou recuperação dos espaços, seguidos pela reconstrução protética;

fechamento dos espaços e estabelecimento de uma relação posterior de Classe II, fechamento

dos espaços e extração de dois dentes inferiores, geralmente pré-molares ou incisivos laterais

e estabelecimento de uma relação posterior de Classe I (MCNEILL e JOONDEPH, 1973;

ARGYROPOULOS e PAYNE, 1988). O autotransplante de pré-molares em desenvolvimento

é uma solução possível para casos de incisivos laterais ausentes (TURPIN, 2004).

A escolha entre essas opções de tratamento não será realizada empiricamente. A

presença ou ausência de má oclusão serve como critério primário para a escolha entre a

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abertura precoce ou o fechamento dos espaços. (MCNEILL e JOONDEPH, 1973;

ARGYROPOULOS e PAYNE, 1988; MILLAR e TAYLOR, 1995). Fatores relacionados ao

perfil, cor e forma dos caninos e a linha de sorriso, também devem ser avaliados (KOKICH e

KINZER, 2007).

Carlson (1952); Tuverson (1970); Senty (1976); Woodworth, Sinclair e Alexander,

(1985); Argyropoulos e Payne (1988); Sabri (1999), defendiam o fechamento dos espaços dos

incisivos laterais superiores ausentes, sempre que possível, para evitar a necessidade de

próteses e, conseqüentemente, sua substituição periódica. A observação da deficiência estética

e qualidade funcional das próteses colocadas em pacientes com ausência de incisivos laterais

superiores foram as principais razões pela preferência pelo fechamento dos espaços

(NORDQUIST e MCNEILL, 1975).

A principal vantagem do fechamento do espaço é que o resultado do tratamento é

permanente. Isso é importante porque a maioria dos pacientes com ausência dos incisivos

laterais superiores são crianças ou adolescente (ROSA e ZACHRISSON, 2002). Os

benefícios para o paciente ao evitar uma prótese removível são óbvios, enquanto que o

trabalho com prótese fixa não pode ser realizado em uma idade muito precoce (CARLSON,

1952). Estudos mostraram que implantes dentais não devem ser colocados em indivíduos

jovens até que a erupção de todos os dentes permanentes esteja concluída e o crescimento

craniofacial completado. Entretanto, o término do desenvolvimento dentário e craniofacial

não são suficientes para evitar uma infra-oclusão das coroas dos implantes, devido a uma leve

irrupção continua dos dentes adjacentes após a adolescência. (THILANDER, ÖDMAN e

JEMT, 1999).

Em contrapartida, pacientes adultos com a guia anterior estabelecida e satisfatória são

geralmente, melhor tratados com prótese fixa convencional reproduzindo a morfologia oclusal

existente. Adultos jovens com oclusão satisfatória podem ser tratados com próteses adesivas

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de resina como restaurações iniciais, até que eles alcancem uma idade onde a prótese fixa

convencional determine um alto índice de sucesso (MILLAR e TAYLOR, 1995). Atualmente,

implantes tem sido a restauração de escolha quando a opção de tratamento é a abertura de

espaço (SABRI, 1999; KOKICH, 2002), por se tratar de opção biologicamente conservadora

(SABRI, 1999). Porém, uma desvantagem da recuperação de espaço é o custo, uma vez que á

necessidade de uma substituição protética ou através de implante (ROSA e ZACHRISSON,

2002).

A estabilidade e a compatibilidade biológica dos resultados finais são as principais

vantagens do fechamento dos espaços (TUVERSON, 1970; MCNEILL e JOONDEPH, 1973;

ROSA e ZACHRISSON, 2002). Em contraste, a reabertura ou manutenção dos espaços para

colocação de um implante ou coroa protética submete ao paciente uma restauração artificial

vitalícia na área mais visível da boca. Neste local, a tonalidade, a transparência dentária, a cor,

o contorno e o nível da gengiva são fatores críticos e de difícil controle, principalmente á

longo prazo (TUVERSON, 1970; SABRI, 1999; THILANDER, ÖDMAN e JEMT, 1999;

ROSA e ZACHRISSON, 2002). Outro aspecto é que estudos mostraram que na presença de

reposições protéticas foi encontrado um nível de placa e irritação elevado, maior inflamação

gengival e bolsas profundas, quando comparado aos dentes naturais; assim pacientes tratados

com fechamento dos espaços apresentaram saúde periodontal melhor do que aqueles com

reposições protéticas. Desta forma, a reposição protética dos incisivos laterais ausentes foi

considerada uma alternativa pouco desejada quando comparada ao fechamento de espaço

(NORDQUIST e MCNEILL, 1975).

O fechamento dos espaços e a substituição dos incisivos laterais ausentes pelos

caninos está indicado para casos com perfil convexo e quando os dentes anteriores estão

severamente protruídos, ou inclinados para vestibular. Nesses casos, a reabertura dos espaços

irá protruir ainda mais os dentes anteriores, piorando o perfil e comprometendo a estabilidade

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á longo prazo dos resultados finais (MCNEILL e JOONDEPH, 1973; SABRI, 1999).

Entretanto, se os incisivos centrais superiores estão verticalizados e precisam ser protruídos

ou inclinados para vestibular para ajudar a corrigir uma mordida cruzada ou ganhar suporte de

lábio, como em pacientes com fissura labial e/ou palatina, a abertura de espaço está indicada,

mesmo se houver um mínimo ou nenhum espaço no arco superior, preservando o perfil do

paciente (SABRI, 1999). Pacientes com perfil equilibrado, dentes anteriores com inclinações

normais, com pouco ou nenhum espaço no arco superior, favorecem o fechamento

ortodôntico dos espaços (ROSA e ZACHRISSON, 2002; SABRI, 1999).

Nos casos com discrepância no comprimento do arco mandibular que requer extrações

inferiores, devido á apinhamento ou protusão dentoalveolar, o fechamento dos espaços

superiores está indicado (TUVERSON, 1970; MCNEILL e JOONDEPH, 1973; MILLAR e

TAYLOR, 1999; SABRI, 1999). Nesses casos, uma relação interoclusal favorável pode ser

estabelecida com os caninos superiores no lugar dos incisivos laterais ausentes e extração de

dois pré-molares inferiores, sem extrações de pré-molares superiores (TUVERSON, 1970).

A reabertura dos espaços está indicada em casos de Classe I sem deficiência de espaço

no arco inferior (MCNEILL e JOONDEPH, 1973; ZACHRISSON, 1978), e espaços

generalizados no arco superior (ZACHRISSON, 1978; SABRI, 1999) e má oclusão de Classe

III e perfil retrognático (ROSA e ZACHRISSON, 2002; SUGUINO E FURQUIM, 2003). No

outro extremo, o fechamento dos espaços é preferível em casos de má oclusão Classe I com

deficiência de espaço no arco inferior, onde extrações estão indicadas, casos de Classe II

favorecendo a redução da sobressaliência (ZACHRISSON, 1978) e também casos de Classe I

sem extrações inferiores, onde o segmento posterior é mesializado para uma relação de Classe

II (CARLSON, 1952). Em pacientes com o ângulo FMA alto, o fechamento de espaço tende a

ser o tratamento de escolha, uma vez que o movimento distal associado a uma tendência a

abrir a mordida, seriam evitados (SCHWANINGER e SHAYE, 1977; ASHER e LEWIS,

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1986). Porém, quando a movimentação distal é necessária, o arco extra-bucal com força

direcionada poderá minimizar a tendência de extrusão dos molares (ASHER e LEWIS, 1986).

A posição do lábio durante o sorriso também deve ser avaliada. Pacientes com linha de

sorriso baixa são esteticamente mais favoráveis ao fechamento de espaço do que pacientes

com sorriso gengival (MCNEILL e JOONDEPH, 1973; SABRI, 1999).

Nos casos de fechamento de espaço há uma tendência a reabertura dos espaços na

região ântero-superior (SABRI, 1999; ROSA e ZACHRISSON, 2002). Para prevenir esse

efeito desfavorável, recomenda-se a contenção de longo prazo (10 anos ou mais) ou até

mesmo a contenção fixa usando fios traçados colados na face palatina dos seis dentes,

combinado a uma placa removível usada continuamente durante seis meses e depois apenas à

noite (ROSA e ZACHRISSON, 2002). Quando a reabertura dos espaços esta indicada uma

alternativa seria movimentar mesialmente o canino e promover a abertura de espaço na região

posterior, distal ao segundo pré-molar. Os espaços abertos podem ser preenchidos com

implante ou prótese fixa. Os implantes nesta região não necessitam obedecer às mesmas

exigências estéticas rígidas como na região anterior, além disso, estes implantes receberão

uma carga axial mais favorável (ROSA e ZACHRISSON, 2002; SUGUINO e FURQUIM,

2003).

Em relação à oclusão funcional, muitos clínicos podem temer que o posicionamento

do primeiro pré-molar no lugar do canino possa acarretar uma sobrecarga funcional nesse

elemento (ROSA e ZACHRISSON, 2002). Uma adequada desoclusão em grupo pode ser

obtida com o fechamento dos espaços, substituindo os caninos pelos primeiros pré-molares

(MCNEILL e JOONDEPH,1973; NORDQUIST e MCNEILL, 1975; SENTY, 1976; ROSA e

ZACHRISSON, 2002), uma vez, que a oclusão protegida pelo canino não é viável. Como

resultado, as forças geradas através da guia canina são colocadas sobre as raízes dos pré-

molares que são menores e mais finas (SABRI, 1999). Mesmo que alguns autores tenham

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temor que ocorra perda de inserção gengival devido ao estresse gerado aos pré-molares,

estudos á longo prazo têm mostrado que o fechamento de espaço é saudável em termos

oclusal e é preferível peridontalmente, à abertura do espaço (NORDQUIST e MCNEILL,

1975; SENTY, 1976; SABRI, 1999). Os pré-molares podem servir como um substituto

adequado para os caninos, em relação á função e estética (SENTY, 1976). Corroboram com

esses achados Nordquist e McNeill (1975), que mostraram que a oclusão com função em

grupo nos movimentos de lateralidade, ocorreu em todos os casos onde os espaços foram

fechados e em 89% dos casos onde os espaços foram mantidos. Também, Nordquist e

Mcneill (1975), Senty (1976) e Robertsson e Mohlin (2000) afirmaram que em ambos os

casos tratados com o fechamento de espaço ou a reabertura não houve diferença em relação á

função oclusal e prevalência de disfunção temporomandibular. Contudo, quando os espaços

são fechados, os primeiros pré-molares superiores, incisivos laterais inferiores e molares

superiores e inferiores estão mais vulneráveis a sobrecarga oclusal, sendo necessário um

ajuste oclusal (MCNEILL e JOONDEPH, 1973; SUGUINO e FURQUIM, 2003). Assim, o

fechamento dos espaços mostrou resultados que são bem aceitos pelos pacientes, não

prejudicou a articulação temporomandibular e promoveu a saúde periodontal quando

comparado a reposição protética dos incisivos laterais ausentes (TURPIN, 2004).

A abertura ou manutenção dos espaços é preferível nos casos de: pós-adolescência,

nenhuma má oclusão significante, em muitos casos de Classe III, dentes pequenos, caninos

significantemente amarelados, boa intercuspidação dos dentes posteriores, múltiplos espaços,

perdas traumáticas, detecção tardia da agenesia, casos que requerem pequeno tempo de

tratamento. Por outro lado, o fechamento dos espaços é preferível em pacientes jovens, casos

de Classe I com apinhamento, onde extrações inferiores são indicadas, vários casos de Classe

II, cor e forma dos caninos superiores favoráveis para substituir incisivos laterais, caninos

superiores adjacentes aos incisivos centrais (MILLAR e TAYLOR, 1995). A cor mais

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amarelada dos caninos pode constituir em uma contra-indicação para o fechamento dos

espaços (ZACHRISSON, 1978). Todavia, atualmente, o problema da cor mais amarelada dos

caninos reposicionados anteriormente, pode ser facilmente resolvido através de

procedimentos de clareamento dentário (ROSA e ZACHRISSON, 2002; SUGUINO e

FURQUIM, 2003).

Os casos tratados com o fechamento ortodôntico dos espaços, o sucesso na estética e

função estão diretamente relacionados com o formato original dos caninos superiores e a

habilidade do operador em remodelar os caninos estética e funcionalmente (TUVERSON,

1970; ROSA e ZACHRISSON, 2002). Evidências clínicas e histológicas mostraram que a

remodelação extensiva por desgaste não é prejudicial ao dente, porém é importante o uso

abundante de refrigeração com água durante o desgaste (ZACHRISSON e MJÖR, 1975).

Corroboram com esses achados Thordarson e Zachrisson (1991), que afirmaram que o

desgaste associado ao tratamento ortodôntico pode ser realizado sem desconforto ao paciente

e com mínima ou nenhuma reação clínica e radiográfica.

Na finalização ortodôntica, alguns aspectos clínicos devem ser considerados para o

sucesso do tratamento com o fechamento dos espaços. Para se obter um contorno natural da

gengival marginal, os caninos devem ser extruídos e os primeiros pré-molares intruídos. A

intrusão dos pré-molares deve ser combinada com um torque vestibular de raiz. Como o

canino é mais largo no sentido vestíbulo-lingual que o incisivo lateral, é necessário a

realização de um off set, para obtenção de um ponto de contato adequado entre este dente e o

incisivo central. Do mesmo modo, a rotação mesial correta do primeiro pré-molar para se

assemelhar ao canino em uma visão vestibular, pode ser obtida com um off set distal. A

maioria dos caninos necessitam de um severo torque lingual de raiz, para parecer com os

incisivos laterais e reduzir a eminência radicular. O torque coronário dos caninos deve ser

definido individualmente, devido a grande variação de torque presente nestes elementos. Nos

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primeiros pré-molares o torque coronário deve ser relativamente nulo, por razões estéticas e

funcionais. Aumento de coroa clínica (gengivectomia), também pode ser necessário, quando a

gengiva marginal dos caninos movidos mesialmente se torna hiperplásica. O mesmo

procedimento pode ser usado nos primeiros pré-molares (ROSA e ZACHRISSON, 2002).

Nos casos de agenesia unilateral de incisivo lateral superior, o fechamento de espaço

pode causar um problema de combinação de tamanho ou forma. O canino substituindo o

incisivo lateral não estará em harmonia com o incisivo lateral presente. A extração do incisivo

lateral presente tem sido aconselhada por causa da simetria, especialmente quando este é um

incisivo lateral conóide (SABRI, 1999). Assim, melhores resultados são obtidos quando o

espaço é recuperado e o incisivo lateral ausente é substituído por um dente artificial ou pela

extração do incisivo lateral presente e o fechamento de espaço com os caninos substituindo os

incisivos laterais superiores (TUVERSON, 1970). Em contrapartida, Rosa e Zachrisson

(2002), relataram que a combinação entre o fechamento ortodôntico do espaço e a colocação

de uma faceta laminada de porcelana no dente conóide, apresenta-se como a melhor solução

em casos de incisivo conóide de um lado e agenesia do incisivo lateral do outro.

No planejamento do tratamento de pacientes com ausência de incisivo lateral superior

é importante incluir uma montagem em modelos de gesso (set-up). Nos casos de fechamento

dos espaços o set-up permite identificar qualquer discrepância de tamanho dentário e a

quantidade de remodelação dentária e de desgaste interproximal necessário (CARLSON,

1952; TUVERSON, 1970; MCNEILL e JOONDEPH, 1973; SENTY, 1976; WOODWORTH,

SINCLAIR e ALEXANDER, 1985; ARGYROPOULOS e PAYNE, 1988; MILLAR e

TAYLOR, 1995; CHU, CHEUNG e SMALES, 1998; SABRI, 1999; ROSA e

ZACHRISSON, 2002).

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4 CONCLUSÃO

De acordo com os dados obtidos nessa revisão da literatura sobre a ausência de

incisivos laterais superiores, pode-se concluir que:

a) A ausência congênita de dentes é uma anomalia rara na dentição decídua, mas

que aparece com certa freqüência na dentição permanente. Os dentes mais

freqüentemente ausentes são os incisivos laterais superiores e segundos pré-

molares inferiores, excluindo os terceiros molares. Os indivíduos do gênero

feminino são mais afetados do que os do gênero masculino;

b) A hereditariedade é fator mais mencionado como etiologia da agenesia. Porém,

os fatores ambientais e evolutivos também foram relevantes;

c) A maioria dos pacientes com agenesia dentária apresentava uma relação Classe

I esquelética e Classe II dentária. As relações esqueléticas de Classe II e de

Classe III estavam presentes em menores proporções, respectivamente;

d) O plano de tratamento deve ser estabelecido individualmente, avaliando as

indicações e os fatores que favorecem a cada opção de tratamento;

e) Fatores relacionados a maloclusão, idade do paciente, perfil, cor e forma dos

caninos e comprimento do lábio superior, devem ser levados em consideração;

f) Em geral, o fechamento ortodôntico dos espaços está indicado em casos de má

oclusão Classe I, com apinhamento inferior ou protrusão dentoalveolar que

necessite de extrações no arco inferior, finalizando o caso em Classe I (molar);

má oclusão Classe I e Classe II com a mesialização do segmento posterior,

estabelecendo ou mantendo uma relação de Classe II (molar) e é preferível em

pacientes com perfil convexo ou perfil equilibrado. Por outro lado, a reabertura

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dos espaços está indicada em casos de má oclusão Classe I, sem deficiência ou

mesmo excesso de espaço; má oclusão Classe III e perfil retrognático;

g) O set-up constitui um importante meio de diagnóstico e planejamento nos

casos de ausência de incisivos laterais superiores, principalmente quando a

opção de tratamento é o fechamento ortodôntico dos espaços.

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