UNNIIVVEERRSSIIDDAADDE E PFFEEDDEERRAALL DDE ... · A FELICIDADE NO DISCURSO DOS PROFESSORES DA...
Transcript of UNNIIVVEERRSSIIDDAADDE E PFFEEDDEERRAALL DDE ... · A FELICIDADE NO DISCURSO DOS PROFESSORES DA...
UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDEE PPEERRNNAAMMBBUUCCOO
CCEENNTTRROO DDEE EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO
PPRROOGGRRAAMMAA DDEE PPÓÓSS--GGRRAADDUUAAÇÇÃÃOO EEMM EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO
MMEESSTTRRAADDOO EEMM EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO
IISSIISS TTAAVVAARREESS DDAA SSIILLVVAA
AA FFEELLIICCIIDDAADDEE NNOO DDIISSCCUURRSSOO DDOOSS PPRROOFFEESSSSOORREESS DDAA EESSCCOOLLAA DDEE
RREEFFEERRÊÊNNCCIIAA EEMM EENNSSIINNOO MMÉÉDDIIOO GGIINNÁÁSSIIOO PPEERRNNAAMMBBUUCCAANNOO
RREECCIIFFEE -- PPEERRNNAAMMBBUUCCOO
22001122
FONTE: Arquivo da biblioteca da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
ISIS TAVARES DA SILVA
A FELICIDADE NO DISCURSO DOS PROFESSORES DA ESCOLA DE
REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO GINÁSIO PERNAMBUCANO
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Pernambuco, como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Educação, para obtenção do título de
Mestre em Educação.
Orientador: Prof. Dr. José Luis Simões
RECIFE – PERNAMBUCO
2012
Catalogação na fonte
Bibliotecária Andréia Alcântara, CRB-4/1460
S586f Silva, Isis Tavares da.
A felicidade no discurso dos professores da escola de referência em ensino médio Ginásio Pernambucano / Isis Tavares da. – Recife: O autor,
2012.
93 f. ; 30 cm.
Orientador: José Luis Simões.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco, CE.
Programa de Pós-graduação em Educação, 2012.
Inclui bibliografia e Apêndice.
1. Felicidade. 2. Sistema Integral de Ensino. 3. Escolas de referência. 4.
Escola pública - Pernambuco. 5. UFPE - Pós-graduação. I. Simões, José
Luis.. II. Título.
CDD 158.1 (22. ed.) UFPE (CE2012-64)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
A FELICIDADE NO DISCURSO DOS PROFESSORES DA ESCOLA DE
REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO GINÁSIO PERNAMBUCANO
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. José Luis Simões
1º Examinador / Presidente
Prof. Dr. Vilde Menezes
2º Examinador
Prof. Dr. André Ferreira
3º Examinador
RECIFE, 29 de Junho de 2012
DEDICATÓRIA
Aos Professores da Escola de Referência em Ensino Médio
Ginásio Pernambucano que se dedicam diariamente a
transformar a educação em momentos de felicidade.
AGRADECIMENTOS
Escrever os agradecimentos não é uma tarefa muito simples.... resumir dois anos e meio em
uma ou duas páginas, terminou em muitas lágrimas. A dissertação é um trabalho que exige
tempo, dedicação e perseverança e sem cada um citado abaixo a dissertação não teria esta
forma.
Acima de tudo e de todos, agradeço a Deus primeiramente, por ser o Senhor da minha vida,
por guiar os meus passos, por me permitir viver tantas experiências junto a Ele, por colocar
pessoas especiais da minha vida, por encontrar Nele a felicidade plena.
Agradeço aos meus pais, Luiz e Ariane por me incentivar neste objetivo, pelo cuidado e pelo
apoio a mim concedido.
Ao meu irmão Adônis, por estar comigo! Por todo o auxilio, pelo socorro quando se tratava
de tecnologia, do inglês ou simplesmente dele mesmo.
Agradeço ao meu noivo Samuel, pelas suas orações, pelo seu apoio, incentivo, por suas
palavras, por me ouvir, sobretudo por amar-me.
A minha família, minhas tias, primas, minha avó, por compreender as minhas ausências e me
apoiar nesta fase da minha vida.
Agradeço ao Prof. Dr. José Luis Simões, pelo incentivo desde a graduação na vida acadêmica
com esta pesquisa que se iniciou há quase quatro anos e hoje se consolida nesta dissertação,
por acreditar na concretização da mesma.
Quero agradecer em especial a Maria Helena, Joanna, e Xuxu, pelo apoio nos momentos de
conflitos acadêmicos, diante de tantas teorias, buscas, prazos, congressos, editais, artigos, por
compartilhar experiências, vitórias e falhas. Enfim diante da loucura de uma vida de estudante
de pós-graduação.
Agradeço também a Luciana, Fábio Marques e Fábio Paiva, Tchê, Francisco, Catarina, Dany
e Durval, colegas de mestrado e doutorado pelas contribuições sobre o texto nas reuniões de
orientação, que ajudaram no crescimento desta pesquisa.
A Rosa, Ciro, Rosolina, Alessandro, Yanire e Luisyane, por me acolherem com muito carinho
em sua casa durante o intercâmbio, a todos los D’Amicos, muchas gracias!! Agradecer
também aos professores da UPEL-Maracay/Venezuela, Josil, Argenira, Jorge, Gladys, Elisa,
Grisell, e a Martiza pelo apoio concedido nos três meses e por abrirem as portas para que eu
pudesse pesquisar em Maracay.
Agradeço a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, em especial os funcionários da
Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano por abrirem as portas para
realizar este trabalho.
Um agradecimento muito especial aos professores do Ginásio Pernambucano que me
concederam as entrevistas pelo tempo disponibilizado, por responderem cada pergunta e
fazerem da teoria uma realidade.
A todos os membros da Primeira Igreja em Cidade Universitária por suas orações e apoio
neste período.
As Danys, Tacyla e Mayne por me emprestarem seus ouvidos e sua atenção no início te tudo.
A minha cunhada Mayara, um abraço muito carinhoso! A ASEP, pela amizade de anos. A
Amanda, Abi, Nata, Andréa Felix, Vera, Sandra, Priscila Sampaio, Auri e todos aqueles que
estão e estiveram ao meu redor durante todo este tempo.
Aos meus alunos da hidroginástica por me acompanharem no crescimento da minha vida
profissional.
Ao programa de pós-graduação em Educação da UFPE, a PROPESQ e a CAPES pelo auxilio
acadêmico e financeiro concedido neste período dois anos do mestrado.
A tantos outros que de uma forma ou de outra, passageira ou contínua contribuíram para a
realização deste trabalho,
Muito Obrigada!!
“Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir. Seja o que você
quiser ser, porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de
fazer aquilo que queremos. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança
suficiente para fazê-la feliz”.
(Clarice Lispector)
RESUMO
Este trabalho consiste na investigação sobre a felicidade através do discurso dos professores
da Escola de Referência do Ginásio Pernambucano, por ter sido a primeira instituição a
trabalhar em sistema integral. A pesquisa foi realizada com o atual quadro docente da
instituição procurando, através da análise do discurso, compreender os enunciados que
permeiam o objeto de estudo da felicidade. Para a construção do cenário discursivo,
recorremos às fontes disponíveis que tratam do processo de mudança da escola regular para o
sistema integral, desde sua reforma física à reforma no sistema de ensino, e o caminho até a
Escola de Referência. Apresentam-se trechos das entrevistas ao longo do trabalho, ilustrando
a análise do pesquisador. Por fim, verifica-se que não se pode conceituar a felicidade, mas que
é possível perceber os sonhos e fatores de influência conectados ao consumo e aos
relacionamentos, que estão vinculados ao tempo dedicado ao exercício da profissão
interferindo com clareza nos fatores que estimulam a felicidade.
Palavras-chave: Felicidade – Sistema Integral – Professores – Discursos.
ABSTRACT
This work is the research on happiness through the discourse of teachers in the School
Gymnasium Reference Pernambuco, having been the first institution to work on whole
system. The survey was conducted with the current faculty of the institution seeking through
discourse analysis to understand the statements that permeate the object of study of happiness.
For the construction of discursive scenario, we use the available sources that deal with the
process of changing the regular school for the whole system, since their reform physics
reform in the education system, and the way to the School Reference. We present excerpts
from interviews throughout the work, illustrating the analysis of the researcher. Finally, it
appears that one can not conceptualize happiness, but it is possible to realize the dreams and
influencing factors connected to the intake and relationships, which are linked to the time
dedicated to the profession interfering with clarity on the factors that stimulate happiness.
Keywords: Happiness - Integral System - Teaching - Discourses.
RESUMEN
Este trabajo consiste en la investigación sobre la felicidad a través del discurso de los
profesores de la Escuela de Referencia del Gimnasio Pernambucano, por haber sido la
primera institución en trabajar con sistema integral. La búsqueda fue realizada con el actual
cuerpo de docentes de la institución, procurando que a través del análisis del discurso
comprendamos los enunciados que permean el objeto del estudio de la felicidad. Para la
construcción del escenario discursivo, recorrimos las fuentes disponibles que trataron de
cambiar el proceso de escuela regular para el sistema integral, desde su reforma física hasta la
reforma del sistema de enseñanza, encaminándola hacia una Escuela de Referencia. A
continuación presentamos parte de las entrevistas a lo largo del trabajo ilustrado por el
análisis del buscador. En conclusión, el estudio verifico que no es posible conceptuar la
felicidad, más que es posible percibir los sueños y factores influyentes conectados al consumo
y a las relaciones interpersonales vinculados al tiempo de dedicación del ejercicio de la
profesión que interfiere con claridad en los factores que estimulan la felicidad.
Palabras claves: Felicidad – Sistema Integral – Profesores – Discursos.
LISTA DE IMAGENS
Imagem 01. O Ginásio Pernambucano após a reforma.
Imagem 02. Capa do Livro escrito por Marcos Magalhães.
Imagem 03. Valores de investimentos e custeios realizados pelos Centros de 2001 a 2007.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico Nº 01 – Perfil de entrada dos alunos.
Gráfico Nº 02 – Divisão dos alunos por gênero.
Gráfico Nº 03 – Escolaridade dos pais.
Gráfico Nº 04 – Renda familiar.
LISTA DE SIGLAS
ABN-AMRO BANK - Algemene Bank Nederland e Amsterdam-Rotterdam Bank.
AD - Análise do Discurso.
BBC - British Broadcasting Corporation
CEEGP - Centro Experimental Ginásio Pernambucano.
CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco.
ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio.
GP - Ginásio Pernambucano.
ICE - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação.
OJE - Olimpíada de Jogos digitais e Educação.
PASCH - Schulen:Parter der Zukunft.
PROCENTRO - Programa de Desenvolvimento dos Centros de Ensino Experimental.
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco.
UNE - União Nacional dos Estudantes.
LISTA DE ANEXOS
ANEXO I: Currículo Escolar.
ANEXO II: Termo de Cessão.
ANEXO III: Entrevistas transcritas.
Entrevista 01
Entrevista 02
Entrevista 03
Entrevista 04
Entrevista 05
Entrevista 06
Entrevista 07
Entrevista 08
Entrevista 09
Entrevista 10
Entrevista 11
Entrevista 12
Entrevista 13
Entrevista 14
Entrevista 15
Entrevista 16
Entrevista 17
Entrevista 18
Entrevista 19
Entrevista 20
Entrevista 21
Entrevista 22
Entrevista 23
Entrevista 24
Entrevista 25
Entrevista 26
Entrevista 27
Entrevista 28
Entrevista 29
INTRODUÇÃO..................................................................................... ..........................16
CAPÍTULO 1º - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ATÉ OS DISCURSOS.......................20
1.1 – O PESQUISADOR................................................................................... .........................21
1.2 – O PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE..................................................................................25
1.3 – O MÉTODO ANALÍTICO............................................................................ .......................29
1.4 – OS SUJEITOS DOS DISCURSOS..........................................................................................33
CAPÍTULO 2º - GINÁSIO PERNAMBUCANO: DO ACASO, A ESCOLA DE
REFERÊNCIA............................................................................................. ...................36
2.1 – “O ACASO, QUE VIROU UM CASO, QUE VIROU UMA CAUSA”.............................................38
2.2 – O CENTRO EXPERIMENTAL...................................................................... .....................47
2.2.1 – A PROPOSTA EDUCACIONAL....................................................................................48
2.2.2 – OS CUSTOS................................................................................................. ................52
2.2.3 – OS RESULTADOS.......................................................................................... .............53
2.3 – A ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO GINÁSIO PERNAMBUCANO....................58
CAPÍTULO 3º - A FELICIDADE E SEUS DESDOBRAMENTOS...........................................66
3.1 – UMA APROXIMAÇÃO TEÓRICA DA FELICIDADE..............................................................67
3.2 – CAPITAL E CONSUMO......................................................................... ..........................74
3.5 – O PARADOXO DA FELICIDADE........................................................ ...............................79
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. ................84
REFERÊNCIAS.............................................................................................................88
ANEXOS
SUMÁRIO
16 |
Introdução
A felicidade ao longo dos tempos sofreu a influências da evolução das ideias e da
história humana. O seu entendimento variou de acordo com a época ou com o filósofo, mas
nunca deixou de estar presente ou ocupar um lugar de relevância nas nossas reflexões. Essa
importância perpassa o âmbito pessoal e ultrapassa-o atingindo implicações sociais, morais e
políticas.
Trabalhar com o tema “felicidade” não e uma tarefa simples, devido a complexidade
que o termo pode trazer. Para Corbi e Menezes-Filho (2006) “o termo felicidade pode ser
associado a muitos conceitos noções”. Entretanto, a partir desta afirmação, nos estimula a
definir os possíveis entendimentos para o vocábulo, de modo que sua compreensão não fuja
ao contexto pretendido pelo pesquisador.
Segundo uma pesquisa realizada por Alves e Sorrentino (2010), no canal Web of
Science, acessando a bases de dados com o verbete happiness (felicidade), afirmam que desde
1903, existem publicações, no total de 7.307 artigos, até maio de 2010. O curioso é que até o
ano 2000, a busca pela mesma pesquisa resultaria em 2103 artigos. Isto significa que nos
últimos 10 anos, cerca de 5204 artigos, foram publicados, representando 71% dos trabalhos de
todos os tempos contendo felicidade. Estas pesquisas têm ampliado dimensões, refletindo nos
indicadores de desenvolvimento dos países e consequentemente uma nova visão mundial
sobre a felicidade.
Com a necessidade de ampliar a divulgação dos estudos desenvolvidos sobre o
referido tema, o presente trabalho tem como objeto central investigar os diversos fatores que
influenciam a felicidade, partindo do discurso dos professores do Centro Experimental
Ginásio Pernambucano, procurando compreender suas possíveis determinantes e as formas
como as mesmas se correlacionam.
A motivação para desenvolver este trabalho surgiu do estudo sobre felicidade
desenvolvido com as professoras de Educação Física da rede pública de ensino no ano de
2009. Este estudo foi realizado como projeto de iniciação científica da UFPE, no segundo
semestre de 2008 e primeiro semestre de 2009, ainda na graduação. Quinze professoras de
Educação Física, em atuação na rede pública de ensino se disponibilizaram a responder as
nossas indagações sobre os fatores que interferiam em suas felicidades.
17 |
Neste estudo, constatou-se que o baixo valor salarial era um fator desmotivante, ao
serem interrogadas sobre o que falta para ser mais feliz do que se considera, 40%
responderam que uma melhor remuneração, e 100% comentaram durante a pesquisa sobre a
insatisfação salarial, dentro e fora de perguntas que faziam referência a felicidade, ou seja,
estava sempre claro que o salário não correspondia, segundo elas, ao trabalho que
desempenhavam.
Diante desta inquietação, desenvolvemos um projeto a ser avaliado pelo processo de
seleção de mestrado sobre a felicidade dos professores que possuíam um salário com valor
acima do mínimo pago aos docentes pelo governo. Desta forma, direcionamos o nosso foco
para as escolas integrais que oferecem aos professores um abono salarial diferenciando-os dos
demais professores da rede pública. Partimos do pressuposto que docentes que possuem uma
bonificação salarial maior se consideram felizes e satisfeitos com o salário que recebem.
A escolha pelos professores se justifica pelo nosso interesse em investigar as teorias da
educação, como produto dos seres humanos em que a felicidade está configurada em um
espaço de teorias e práticas pedagógicas. Aristóteles (2005) nos aproxima desta perspectiva ao
afirmar que a educação tem por ambição construir um homem virtuoso, onde a felicidade é a
ação perfeita do exercício da virtuosidade. A escola por sua vez, é o ambiente que conflui a
felicidade com a educação. Entretanto, quem são os sujeitos que estão agindo neste meio?
Assim, nos remetemos aos professores que formam o meio pelo qual se educa. E quem são?
Quais seus conceitos de felicidade? Que fatores estão envolvidos nesta felicidade? Como
identificamos a felicidade em seus discursos?
Com o prazo de dois anos para cumprimento dos objetivos no programa, e com as
contribuições dos Professores André Ferreira (UFPE) e Alberto Albuquerque Gomes
(UNESP) direcionamos a nossa investigação para os professores da primeira escola integral
do Recife, o Ginásio Pernambucano, localizado na Rua da Aurora, nº 703, no bairro da Boa
Vista, Recife – PE. Adentramos no processo histórico de mudança da Escola para o Centro de
Referência em meados de 2003 e efetivamente em 2004, onde se constata o primeiro estimulo
financeiro aos professores. Partindo deste alvo, construímos o nosso cenário discursivo.
O trabalho esta dividido em três capítulos, inicialmente apresentamos os
procedimentos metodológicos, fazendo algumas considerações com a seleção dos sujeitos, o
procedimento para análise com Boni e Quaresma (2005) tratando das entrevistas
semiestruturadas, Duarte (2002) e Pinheiro (2005) para roteiro e procedimentos na entrevista.
18 |
Para o método analítico utilizado, destacamos a aproximação com a análise do discurso,
através de Michel Foucault (1996), (2010) e Orlandi (2009) com a finalidade de estabelecer
padrões de análise. A análise do discurso consolida uma alternativa de análise que atravessa a
unidade em que se apresentam em busca dos enunciados.
Na instituição, as portas foram abertas com simplicidade. A atual Escola de Referência
em Ensino Médio Ginásio Pernambucano, e quando me refiro à escola, remeto aos
funcionários, gestora, orientadora educacional, bibliotecárias e professores, a escola como um
todo, se disponibilizaram a colaborar. A Secretaria de Educação, por sua vez, requereu as
documentações necessárias para que os nomes dos professores fossem velados e a minha
permanência estivesse totalmente legalizada institucionalmente.
Vencida a etapa da burocratização para realização das entrevistas, gravamos
aproximadamente sete horas de entrevistas, recolhendo o discurso de vinte e nove professores,
através da entrevista semiestruturada, registrados por uma câmera para transcrevê-las e
analisá-las posteriormente. As entrevistas foram transcritas na íntegra, modificados apenas
quando se faziam necessárias para uma melhor compreensão do leitor. Os nomes, por sua vez
foram substituídos por números, a fim de preservar a figura dos docentes.
Através dos discursos dos professores, combinados com a quantidade de reportagens e
documentos que relatam a instituição, construímos no segundo capítulo a passagem da Escola
Ginásio Pernambucano, para o Centro Experimental até alcançar a Escola de Referência
Ginásio Pernambucano. Nomes como Marcos Magalhães (2008), Lima (2006) e Melo (2010)
adornaram as referências no período do Centro Experimental, tratando da proposta
educacional, dos custos e resultados obtidos. Percebemos através das entrevistas a
importância que este período, como Centro Experimental, significou para os professores. As
recentes publicações sobre as escolas integrais contribuíram para compreensão do cenário
atual. Entretanto, foi através das falas dos professores que orientamos a fundamentação
teórica necessária para toda a pesquisa.
Com este foco desenvolvemos a nossa pesquisa partindo de trechos das entrevistas,
relacionando-os com o arcabouço teórico levantado. A seleção dos trechos aconteceu através
da diversidade de informações coletadas que por sua vez contribuíam para o cumprimento do
objetivo estabelecido. Assim, selecionamos os trechos mais interessantes que se encontram no
copo da pesquisa e disponibilizamos as entrevistas na íntegra que se encontram nos anexos.
19 |
No que tange a felicidade queremos desde o principio esclarecer que não temos a
pretensão de definir um conceito para este objeto de estudo. Investigamos as diversas
vertentes que nos levam a compreender os discursos dos professores sobre o tema. Epicuro
(2002), Agostinho (1996), (1998), Bassalobre (2007), Bauman (2009), (2010) Layard (2008)
e Lypovetsky (2007), são alguns dos autores que constroem junto com os professores o
cenário discursivo sobre a felicidade.
Na discussão sobre felicidade buscamos algumas reflexões sobre as dimensões
objetivas e subjetivas do tema. Não adentramos na história da felicidade tendo em vista as
recentes publicações, como Souza (2010), que alcança este objetivo do período socrático à
felicidade do século XXI.
Ciente da contribuição desta investigação para o âmbito acadêmico científico, além
das reflexões sobre a felicidade dos professores, e com a pesquisa concluída, voltamos ao
Ginásio Pernambucano para apresentar aos sujeitos do discurso as nossas considerações sobre
a felicidade. O interesse por este material surgiu durante as entrevistas, nos estimulando a
compartilhar os resultados com os docentes da referida instituição, disseminando a
importância social que o estudo vem contribuir. Desta forma, valorizamos a aproximação do
pesquisador após a realização, com o seu campo de pesquisa, tendo em vista a contribuição
que a academia pode proporcionar a sociedade, nesta troca de saberes.
20 |
CAPÍTULO 1º
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ATÉ OS DISCURSOS
FONTE: Arquivo da biblioteca da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano.
21 |
s considerações desta pesquisa foram possíveis de serem realizadas
graças aos instrumentos que foram utilizados para interpretação dos
resultados no qual o uso permite chegar. Relatar a metodologia da
pesquisa oferece uma possibilidade de justificar as razões que nos conduziram a adotar tais
procedimentos, reconhecendo e legitimando uma nova linha de pesquisa.
O processo de legitimação estabelece os critérios epistemológicos e metodológicos
como uma ciência que é socialmente construída, identificando os critérios de julgamento que
gradualmente foram colocados em questão, como discute Brito e Leonardos (2001). Neste
sentido, este capítulo descritivo-analítico auxilia a esclarecer as práticas estabelecidas na
investigação, apresentando os principais elementos constitutivos do processo de pesquisa –
pesquisador/procedimentos de análise/método analítico/sujeitos.
Procuramos assim, preconizar a descrição investindo na ciência como ela se faz,
considerando “o que dizem os atores destas ciências e fazendo um discurso compatível com
as descobertas científicas” (DOSSE, 1995, p.15). Desta forma, abrimos um espaço para
descrever as relações, conflitos e procedimentos adotados neste trabalho.
1.1 – O PESQUISADOR
No processo de investigação e na figura do pesquisador, reconhecemos a posição de
poder que ocupamos neste papel. Analisando o funcionamento do poder, nos remetemos a
Michael Paul Foucault (15/10/1926 – 25/06/1984), filósofo francês, graduado em filosofia e
diplomado em Psicologia, que ocupou cargos importantes em sua história, como professor do
Collége de France e em sua trajetória esteve em contato com Pierre Bourdieu, Jean-Paul
Sartre, Merleau-Ponty, Nietzsche e Freud. Foucault afirma que “o poder não é uma substância
ou qualidade, algo que se possui ou se tem; é antes, uma forma de relação” (CASTRO 2009,
p.326) 1. Essa relação de poder possui capacidades objetivas que permitem ao pesquisador
modificar, utilizar, consumir ou destruir o seu material de pesquisa, que transmitem uma
informação através de uma língua ou qualquer outro meio simbólico por meio de relações de
informações. Cabe ao pesquisador exercer poder diante do campo empírico, ou seja,
“conduzir condutas” e dispor a probabilidade, como discute Foucault (1994) nas relações de
poder.
1 Dicionário com o vocabulário de Michel Foucault.
A
22 |
Na relação de poder, os professores investigados reconhecem, do início até o final, que
eles são um sujeito de ação, um sujeito que atua em um determinado contexto sociocultural
que estimulou a pesquisa. Quando os professores reconhecem este posicionamento, um
conjunto de ações, respostas, reações e efeitos operam sobre um campo de possibilidades que
induz, separa, facilita, dificulta, estende e limita a pesquisa.
Neste contexto, reconhecemos a gama de possibilidades criada em nosso campo
empírico, atribuindo sentido às informações coletadas, onde, esta relação situa os professores
da Escola de Referência Ginásio Pernambucano como sujeitos de ação e o pesquisador em
uma posição de poder no processo de investigação.
Aproximamo-nos do contexto vivido pelos professores no momento em que passamos
diversos dias, no horário integral da escola, realizando a pesquisa, não possuindo nenhum tipo
de vínculo institucional. Nestes dias, foi possível compreender a dinâmica que os sujeitos da
investigação vivenciam diariamente. Demandas, aulas, horários livres, provas, notas,
cadernetas, alunos, direção, todos estes elementos estavam articulados aos professores e
conjugaram o ambiente da investigação. Acreditamos assim, que, além desse tempo, as
relações estabelecidas do pesquisador com o sujeito, dificultam a capacidade de análise do
pesquisador.
Outro ponto fundamental que compete ao pesquisador no processo de investigação é a
relação entre as dimensões objetivas e subjetivas. Segundo Damasceno (2010), a dimensão
objetiva está centrada nos fatores que podem ser declarados pelo indivíduo ou observada pelo
pesquisador. São aspectos de fácil verificação e, geralmente, estão atrelados a escalas ou
valores que podem ser atribuídos.
A dimensão objetiva é discutida, a partir da década de 1930, resgatada através das
investigações realizadas pela economia, que priorizavam os fatores mais práticos. Baseados,
principalmente, nas escolhas dos indivíduos, apoiavam-se, especialmente, nos bens de
serviço, influenciados pela renda.
[...] Desde então verificou-se uma inquestionável evolução nas metodologias
utilizadas nos estudos desta área, o que trouxe grande volume de ganhos científicos, notadamente por força do grande número de pesquisas viabilizadas
pela maior objetividade com que os estudos são realizados (DAMASCENO,
2010, p. 12).
A partir da década de 1970, questionamentos a cerca da excessiva objetividade foram
levantados por deixar, à parte, a essência das respostas, acarretando importantes perdas
23 |
qualitativas para investigação. A extrema confiança nos resultados objetivos, na capacidade
de conhecer, trouxe sérias consequências, passando a compor um modelo global de
racionalidade científica2. Este modelo esta pautado rigorosamente com seus princípios
epistemológicos e regras metodológicas, constituindo, desta forma, um modelo totalitário.
[...] A supervalorização da razão, em detrimento das outras funções dos seres humanos, ao lado do conhecimento fragmentado e decomposto, alterou
diversos pensadores e cientistas sobre a possibilidade de que a razão poderia
não ser onipotente para conduzir os destinos da sociedade humana e resolver os inúmeros problemas consequentes, tornando-se, muitas vezes, ela própria, a
razão de muitos deles (BASSALOBRE, 2007. p. 151).
Assim, os pesquisadores coligaram a necessidade de relevar os aspectos de natureza
mais subjetivos, “capazes de identificar de que modo e com que profundidade todas essas
variáveis impactavam a vida do indivíduo do ponto de vista emocional” (DAMASCENO,
2010, p.13).
Bassalobre (2007) dialoga com Damasceno (2010), a respeito do conhecimento
moderno, que não se constitui autoritário ou determinista, mas se estabelece através de uma
pluralidade metodológica. Rompe-se com formas designadas do senso comum, enriquecendo
a relação com o mundo e produzindo um diálogo com o conhecimento científico.
A felicidade, neste contexto, passa de números e estatísticas para ser compreendida,
envolvendo os aspectos emocionais e sociais dos indivíduos. Assim, reconhecemos a
necessidade de cuidados e atenção com este objeto de estudo, verificado os valores e ideias
que estão relacionados com a objetividade e subjetividade.
Procurando compreender a dimensão subjetiva do nosso trabalho, em razão do
surgimento de novas teorias pedagógicas, assim como da reconfiguração das já existentes,
Libâneo (2005), preocupado com as teorias pedagógicas que fundamentam as práticas
docentes, elaborou uma nova classificação, atentando para a dinâmica de disjunção e
conjunção das teorias, decorrentes das transformações socioeconômicas da renovação
cultural.
Esta nova corrente, Libâneo (2005) classificará como holística. A corrente holística
propriamente dita compreende a diversidade de modalidades, refletindo a variedade de
construções em relação ao contexto contemporâneo. Dentro dela, encontramos a teoria da
2 Santos (1996).
24 |
complexidade, encabeçada por Edgar Morin (1999), pesquisador renomado, que discute a
complexidade das teorias e reflexões cerca da investigação no ambiente educativo.
Segundo Morin (1999), vivemos em uma realidade multidimensional, mas estudamos
essas dimensões separadamente. Tal procedimento ignora o mais importante que é qualificar o
sistema, a junção das partes. Destarte, o princípio da epistemologia da complexidade afirma
que a parte está no todo e o todo está na parte, conservando cada um a sua particularidade, por
outro lado, contendo a totalidade do real.
Idealizada por Morin (1999), a educação composta por saberes e competências, foi
denominada de complexa. O pensamento complexo está em constante transformação, assim
como o ensino e a aprendizagem. Deste modo, a dimensão subjetiva procura compreender as
contradições a partir da convivência, quebrando as fronteiras entre os saberes, capazes de
serem debatidas a partir do pensamento complexo.
As características do sujeito, neste pensamento, entendem as suas particularidades ao
mesmo tempo em que o diferencia como autor do seu projeto. Isso torna o sujeito um ser
complexo, capaz de estabelecer relações com o outro, refletindo em seus valores, escolhas e
percepções do mundo.
A teoria de Morin é sustentada pelos paradigmas holonômicos, que valorizam o ser
humano no seu cotidiano, na sua singularidade. Os novos paradigmas estão centrados na sua
totalidade, valorizando a criatividade, a convergência e a complexidade.
Para Gadotti (2000, p.5), “os paradigmas holonômicos pretendem manter, sem
pretender superar, todos os elementos da complexidade da vida”. Essa categoria da
complexidade, com os paradigmas holísticos nãos são novos, contudo, hoje, são analisados
com mais apreciação, sob diversas formas e diferentes significados, encontrados em muitos
intelectuais, filósofos e educadores.
Analisando os estudos de Morin, Bassalobre (2007) afirma que o mesmo não trouxe
soluções, mas abriu caminhos que podem ser contrários à nossa vontade, como a consciência
crítica de uma ciência da ciência ou uma dimensão reflexiva do mundo científico.
O pensamento complexo está constituído de todas as influências, sejam internas ou
externas, concretizando-se no conjunto de circunstâncias que se ligam entre si. Desta forma,
retomamos a nossa referência a Garcia (2010), com os estudos sobre teoria, unificando a
completude com a incompletude, ou seja, a objetividade e a subjetividade, também aqui
situadas.
25 |
Para analisar a felicidade no discurso dos professores, tomamos consciência
primeiramente da subjetividade do nosso objeto de pesquisa. No decurso da pesquisa, nos
aproximamos de Brito (1994) que sugere que a análise da subjetividade seja constante e
integrada. Segundo Corbi (2006), esta subjetivação para Foucault, só pode ser compreendida
através da história do sujeito, ou seja, “a uma história das práticas nas quais o sujeito aparece
não como instância da fundação, mas como efeito de uma constituição” (CORBI, 2006,
p.408).
Neste sentido, no percurso da pesquisa, como afirma Brito (1994), resgatamos o
processo histórico dos professores, através de técnicas e procedimentos que estão descritos
com mais propriedade no próximo inciso. Com estes recursos, procuramos descrever gestos e
atitudes, que vão além da objetividade de um trecho de uma resposta ou de uma entrevista,
fornecendo elementos além da linguagem verbal, procedimentos mediante os quais se
apresentam nas relações de poder do pesquisador com o entrevistado na nossa investigação.
1.2 – O PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE
Inicialmente não delimitamos o número de professores que seriam entrevistados, tendo
em vista a possibilidade em acontecer de algum professor se contrapor a participar da
pesquisa. Pelo fato da pesquisadora não obter vínculo como professora da instituição
investigada e também não ser servidora pública, se fez necessário buscar autorização da
Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco para que a intervenção fosse habilitada
institucionalmente.
A solicitação à Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco foi realizada no final
do ano de 2010. Entretanto, com a mudança dos gestores na Secretaria, no início de 2011, foi
preciso um novo contato, com novos procedimentos incluindo projeto da dissertação e
solicitação através do orientador, para execução da pesquisa de campo.
Mediante a autorização, a Secretaria de Educação do Governo do Estado de
Pernambuco solicitou que nenhum dos professores estivesse identificado, assegurando a
privacidade da instituição e dos docentes, quanto aos dados envolvidos na pesquisa. Desta
forma, os nomes foram substituídos por números, aleatoriamente. Nenhuma despesa foi
repassada para a instituição e a pesquisadora se comprometeu em enviar o trabalho final na
forma de CD, em resposta à Secretaria dando um feed back dos resultados obtidos.
26 |
A habilitação da Secretaria de Educação de Pernambuco, juntamente com a abertura
do colégio para a pesquisa, foram primordiais para o êxito da pesquisa de campo. Encontrar a
instituição disposta a contribuir com as práticas acadêmicas tornou a investigação simples,
sem quaisquer dificuldades que pudessem surgir.
A entrevista foi o instrumento utilizado na pesquisa que nos propôs olhar os eventos
discursivos complexos, nela embutidos. A complexidade das entrevistas é empregada sobre a
posição que merece a nossa atenção porque desafia o pesquisador que, mesmo já tendo
planejado os tópicos discursivos propostos ao entrevistado, sinaliza um roteiro de espaços
que, até o momento, não foram preenchidos.
Como arena de significados, a entrevista, como classifica R. Silveira (2007), compõe o
jogo no qual o entrevistador quer saber algo, propondo ao entrevistado o preenchimento das
lacunas. Para isso, as experiências culturais e cotidianas atravessam os discursos e ressoam
em suas vozes. Cabe ao analista reconstruir as falas trazendo um novo sentido àquele
discurso.
Na apuração dos discursos, optamos por trabalhar com as entrevistas semiestruturadas,
que combinam perguntas abertas e fechadas, nas quais o pesquisador tem as perguntas
previamente definidas, mas que se realiza em um contexto semelhante a uma conversa
informal, segundo Boni e Quaresma (2005). Desta forma, o pesquisador pode adicionar
perguntas para questões que não ficaram esclarecidas, ou também delimitar o volume de
informações, direcionando para o tema. No que se refere à felicidade, acreditamos nesse
percurso, tendo em vista a quantidade de informações objetivas e subjetivas que compõe os
discursos na entrevista.
Antes de iniciarmos as entrevistas, a orientadora educacional da escola forneceu todos
os horários disponíveis de cada professor para cumprimento da pesquisa e comunicou-os da
intervenção que seria realizada com os mesmos. Os horários que são destinados ao
acompanhamento das disciplinas foram disponibilizados pela direção da escola, que
correspondiam às segundas-feiras, terças-feiras e quartas-feiras. Entretanto, durante o
cumprimento das entrevistas, vivenciamos a sobrecarga de trabalho que é exigida dos
professores, tardando a realização da pesquisa de campo, tendo em vista a demanda de
elaboração e correção de provas, simulados, aulões e aulas.
Desta forma, em alguns casos entramos em acordos com os professores, quanto às
datas e horários que estariam mais acessíveis aos mesmos. Também aguardamos o retorno de
27 |
uma professora que estava de licença a fim de abarcar o maior número possível de
professores. As entrevistas foram realizadas nos dias 19, 20, 21 e 27 de setembro; 20 e 25 de
outubro 2011.
As entrevistas foram realizadas na sala de professores ou nos quiosques do colégio.
Eram ambientes que os professores se sentiam mais confortáveis, distantes dos alunos e da
supervisão da escola, sem maiores intervenções. Geralmente, outros colegas de trabalho, ou
funcionários responsáveis pela limpeza, circulavam neste ambiente, mas não percebemos
nenhuma reserva por parte dos professores quanto a estes. Sempre deixamos os docentes
escolherem o local da realização, buscando um ambiente favorável para fluidez dos discursos
e mais reservado de ruídos.
Segundo Duarte (2002), as entrevistas realizadas em ambientes de trabalho trazem
alguns percalços observados em situações externas que podem interromper as entrevistas, tais
como: um telefonema, uma decisão urgente, recados, alunos. Essas intervenções “costumam
aguçar a ansiedade com relação ao tempo de duração do depoimento, interrompendo o livre
fluxo de ideias e precipitando a interrupção do depoimento” (p. 145). Cientes destas
considerações, reconhecemos a limitação do produto da nossa pesquisa empírica. Entretanto,
a carga horária disponível pelos sujeitos desta pesquisa não nos permite realizar a
investigação fora do ambiente de trabalho, tendo em vista que passam manhã e tarde no
colégio e muitos ainda possuem dois vínculos empregatícios, trabalhando em outra instituição
no horário noturno.
As perguntas foram formuladas visando atender aos objetivos da pesquisa. A revisão
do roteiro da entrevista, após o início da pesquisa de campo, avalia se as perguntas estão
claramente formuladas ou acrescentam uma quantidade de informações que não serão
utilizadas. Para Duarte (2002),
[...] muitos problemas podem ser identificados no roteiro das entrevistas
quando elas saem do papel (ou do computador) e ganham significado na
interação entrevistador/entrevistado. Por essa razão, este deve ser um
instrumento flexível para orientar a condução da entrevista e precisa ser periodicamente revisto para que se possa avaliar se ainda atende os objetivos
definidos para aquela investigação (p. 150).
Antes de iniciar as entrevistas, era realizada uma breve apresentação minha, como
pesquisadora, qual o objetivo de estar realizando a entrevista e o percurso traçado até o
presente momento, em breves palavras. Neste momento, foi possível observar a curiosidade
28 |
dos professores em saber quais seriam as perguntas e que elementos seriam discutidos naquele
momento. As entrevistas foram gravadas, utilizando o instrumento da câmera e procurando ir
além da fala dos professores, além de uma simples transcrição e análise do conteúdo,
analisando o discurso, decodificando os sinais não verbais que encontramos nas expressões
faciais e corporais dos sujeitos. Ou seja, buscamos identificar a expressão de dúvida ou
insegurança nas respostas, o nervosismo diante da câmera ou corpo movimentando-se para
ambos os lados como sinais de incertezas, contrapondo com a resposta falada. Deleuze3
(2005, p.73) endossa a escolha afirmando que “os olhos e a voz são elementos importantes
para Foucault a fim de descobrir os enunciados”.
Reconhecemos que a câmera pode intimidar o entrevistando, direcionando-o a se
posicionar com alguma restrição durante a entrevista, ou seja, tendem a modificar o seu
comportamento. Porém, nos primeiros minutos, Pinheiro (2005) recomenda uma conversa
informal, habituando o entrevistado com as câmeras onde os sujeitos voltarão a apresentar o
seu comportamento usual, procedimento adotado por nós.
Por conseguinte, compreendemos que a filmagem das entrevistas com a câmera
minimiza a seleção descrita por um único observador, “uma vez que tem a possibilidade de
rever várias vezes as imagens gravadas” (PINHEIRO, 2005), direcionando a atenção para os
aspectos que teriam passado despercebidos. Pinheiro (2005) acresce que a crescente utilização
do vídeo, como recurso nas pesquisas de campo, imprime maior credibilidade ao estudo,
influenciando notas e revisões bibliográficas.
Visando salvaguardar os direitos dos sujeitos da pesquisa e do pesquisador, as
entrevistas estão respaldadas, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido. A pesquisa de natureza educacional está dentro dos aspectos éticos da resolução
prevista pelas Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas, envolvendo humanos,
obedecendo aos requisitos do Comitê de Ética em Pesquisa que prevê o sigilo em relação à
identidade dos sujeitos da pesquisa, assegurando sua privacidade e imagem, se assim
desejarem, conforme o item IV. 1, letra G das Diretrizes.
O atual quadro docente da escola é composto por trinta e um professores, dentre os
quais foram realizadas vinte e nove entrevistas. Uma professora não se sentiu confortável em
3 Gilles Deleuze (1925-1995), filósofo francês, exerceu importantes influências na constituição da aprendizagem
e na própria experimentação do pensamento em educação. Foi um leitor de Foucault, estudioso de Nietzsche e
Espinosa. Autor de grandes obras que nos provoca com ideias a pensar e criar conceitos.
29 |
participar e outro professor foi impossibilitado de compartir devido à sua grande demanda de
trabalho e em virtude de algumas pendências por motivos de saúde.
Durante a aplicação das entrevistas alguns pontos, já citados acima, contribuíram para
a nossa compreensão e atuação. Em algumas intervenções não se fez necessário realizar a
pergunta que estava prevista para depois, tendo em vista que o professor já havia respondido
em uma questão anterior. Quando questionávamos, por exemplo, quais os fatores que
motivavam a trabalhar na instituição, durante a resposta, os professores já mencionavam os
fatores que lhes desmotivavam.
Apenas um professor se demonstrou intimidado pela presença da câmera. Ao todo,
96% dos entrevistados não demonstraram constrangimento diante do instrumento, que tenha
sido evidente na análise. Algumas perguntas foram reformuladas linguisticamente, quando
saíram do papel, de forma que o objetivo da pergunta fosse alcançado. Também tivemos
algumas interrupções de alunos ou outros professores, entretanto, o foco do que estava sendo
tratado não foi disperso.
Realizadas as entrevistas e com os termos assinados, o próximo passo consistiu na
transcrição e armazenamento. Na fase de transcrição, as expressões faciais e mudanças no
comportamento corporal foram descritas de forma que os textos transcritos auxiliassem o
olhar da análise do pesquisador. Procurando esclarecer algumas colocações, acrescentamos,
quando se faziam necessárias, palavras às entrevistas, sem invadir as questões que, naquele
momento, estavam sendo reveladas.
1.3 – O MÉTODO ANALÍTICO
Na finalidade de estabelecer padrões de análise para o material coletado, nos filiamos
teoricamente com as contribuições da Análise do Discurso, que propõe, segundo Rocha e
Deusdará (2005, p.308), “o entendimento de um plano discursivo que articula linguagem e
sociedade, entremeadas pelo contexto ideológico”. A Análise do Discurso consolida uma
alternativa de análise interessada na descrição das vozes que ecoam atravessando a unidade
discursiva em que se apresentam os enunciados. Há um desejo de que os discursos se ancorem
30 |
sócio e historicamente, articulando a linguagem (o interior do sujeito) com o social ou
psicológico (o exterior).
A Análise do Discurso (AD), para Orlandi (2009), trata o discurso como uma palavra
em movimento, compreendendo a língua enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho
social geral, constitutivo do homem e da sua história. Compreende a língua não só como
estrutura, mas sobretudo como acontecimento. O discurso é o lugar em que se pode observar a
língua como produtora de sentidos para o sujeito que concebe a linguagem como mediadora
necessária entre o homem e a realidade natural e social.
Na perspectiva de compreender o discurso dos professores da Escola de Referência no
Ensino Médio Ginásio Pernambucano, nos remetemos a Michel Foucault. Dentre suas obras
destacamos “A ordem do Discurso” (1996) e “Arqueologia do Saber” (2010), que servirão de
base para utilização na aplicação do método analítico.
[...] ‘Não me pergunte quem eu sou e não me diga para permanecer o mesmo’. Um pensador engajado em um trabalho crítico de seu presente, de si mesmo,
buscando, por meio da genealogia e da arqueologia, as rupturas e
descontinuidades que engendram as imagens que temos de nós mesmos/as, dos/as outros/as e do mundo. Eis Foucault... (NASCIMENTO, 2011, p.01)
Foucault (2010) propõe um método de analisar o discurso, pelo qual titulou de
Arqueologia. A Arqueologia segundo o Vocabulário de Foucault, trazido por Castro (2009),
não se ocupa dos conhecimentos descritos segundo seu processo em direção a uma
objetividade, mas “quer mostrar como a história (as instituições, os processos econômicos, as
relações sociais) pode dar lugar a tipos definidos de discurso” (2009, p.41). Desta forma, a
Arqueologia “não é nada além e nada diferente de uma reescrita: isto é, na forma mantida da
exterioridade, uma transformação regulada do que já foi escrito” (FOUCAULT, 2010, p.158).
[...] Claramente, na arqueologia o conceito de discurso tem tratamento mais
extenso, posto que ela se define como uma análise discursiva; mas seria um erro restringi-lo ao âmbito da episteme. Pois bem, além do discurso, tomando
como uma questão metodológica, é necessário ter presente os resultados dessa
metodologia, isto é, a descrição dos discursos, das formações discursivas no
trabalho de Foucault (CASTRO, 2009, p. 117).
Como sugere Foucault (2010), buscamos nos discursos, antes, um campo de
regularidade, percebidos nos enunciados que aparecem na fala dos docentes, para as diversas
31 |
posições de subjetividade, compreendendo como se formam estes discursos. O discurso,
assim concebido, compreende um conjunto de dispersões do sujeito, em relação às suas
posições, com efeitos sobre as pessoas.
Segundo Foucault (1996), o discurso nada mais é do que a reverberação de uma
verdade nascendo diante de seus próprios olhos; e, quando tudo pode, enfim, tomar forma do
discurso e o discurso pode ser dito a propósito de tudo. Isso se dá porque todas as coisas,
tendo manifestado e intercambiado seu sentido, podem voltar à interioridade silenciosa da
consciência de si.
Diante dessa definição de discurso, temos ciência de que algumas colocações não
serão claramente faladas, pois, na ordem do discurso, nem todas as regiões são igualmente
abertas e penetráveis, como afirma Foucault (1996), se referindo à interioridade silenciosa,
como citado anteriormente.
Neste sentido, Orlandi dialoga com Foucault quando se refere à interioridade
silenciosa da consciência de si, pois algumas regiões do discurso para Foucault são altamente
proibidas (diferenciadas e diferenciantes), que poderão ser percebidas no silêncio de uma
resposta ou em um espaço de tempo entre a pergunta e a réplica.
Sabemos que ao longo do dizer existe uma margem de não ditos que também
significam. Trata-se do silêncio. O silêncio no discurso, segundo Orlandi (2009), pode-se
tratar de um lugar de recuo para que o sentido se faça sentido, ou o silêncio que indica que o
sentido pode sempre ser outro, ou que atravessam as palavras falando por si próprio. Entre o
dizer e o não dizer cria-se um espaço de interpretação no qual o sujeito se move. É possível
analisar expressões e colocações que são percebidas, não são faladas, confluindo com o
processo de subjetivação inserido na objetividade da entrevista. São expressas, seja através do
silêncio, de um sorriso, ou do simples ato de demorar a responder, mas não significa dizer que
são penetráveis, que seja possível compreender o que verdadeiramente acontece.
[...] a AD visa à compreensão de como um objeto simbólico produz sentidos, como ele está investido de significância para e por sujeitos. Essa
compreensão, por sua vez, implica em explicar como o texto organiza os
gestos de interpretação que relacionam sujeito e sentido. (ORLANDI, 2009,
p. 26).
32 |
Segundo Deleuze (2005, p.26), se tratando de Foucault é necessário partir dos
discursos para extrair os enunciados. A Arqueologia de Foucault é uma teoria geral das
produções na qual “as formações discursivas são verdadeiras práticas”. Foucault (2010,
p.141) define o discurso como o “conjunto de enunciados que provém de um mesmo sistema
de formação”.
No âmbito dos enunciados, tudo é real e toda realidade é manifesta, não existe o
virtual ou o possível, apenas podem se opor ou se hierarquizar. “A descrição arqueológica
procura estabelecer a regularidade dos enunciados. O enunciado, por sua vez, é o objeto
específico de uma acumulação segundo o qual se conserva, se transmite ou se repete”
(DELEUZE, 2005, p.15).
As relações que podem acontecer entre os enunciados, podem ser formadas quando se
referem a um único objeto ou na sua forma e tipo de encadeamento. Quando falamos de um
único objeto, não queremos tratar da sua permanência e singularidade, como se fôssemos
encontrar em todas as entrevistas dos professores, ou em um percentual considerável, mas de
um espaço que se alinha, que mantém uma regularidade nos enunciados. As regularidades
entre os enunciados se evidenciam analisando as entrevistas, em que, se tratando de um objeto
de pesquisa, os enunciados se repetem e se apresentam conjugados em uma mesma relação. Já
quando tratamos dos encadeamentos, estes podem se apresentar através das identidades ou das
persistências dos temas.
Existem certas exigências de método que regem a tarefa da análise. Trabalhar o
princípio da exterioridade do discurso nos remete a buscar as condições externas da sua
produção, ir além do que foi dito; segundo Foucault (1996), analisando o que aconteceu sem
prevalecer à soberania de quem esta dizendo. A fim de encontrar as regularidades da
linguagem em sua produção, o analista de discurso relaciona a linguagem à sua exterioridade,
trabalhando a história e a sociedade como dependentes do fato de que elas significam. Assim,
ao longo do trabalho foi construído o cenário discursivo mediante os discursos dos
professores.
33 |
1.4 – OS SUJEITOS DOS DISCURSOS
A seleção dos sujeitos da pesquisa delimita o corpo da pesquisa empírica no qual está
fixado o nosso trabalho. Os professores entrevistados da Escola de Referência no Ensino
Médio Ginásio Pernambucano possuem aproximadamente uma média de idade de 42 anos,
variando entre 27 a 54 anos. Possuem 18 anos lecionando, em média, e 20 anos que estão
formados, em uma variação de 5 a 35 anos. 15% de todo o corpo docente possuem pós-
graduação em nível de mestrado e 85% possuem pós-graduação em nível de especialização. A
renda mensal gira em torno de R$ 3.400,00 (três mil e quatrocentos reais), resultado de uma
carga horária mensal média de 300 horas/aulas. Ressaltamos que dezessete professores, dos
vinte e nove entrevistados, possuem dois vínculos empregatícios, correspondendo a 55% do
quadro docente. 62% dos professores entrevistados são do sexo feminino e 38% do sexo
masculino e trabalham nesta instituição, em média, há cinco anos, variando de um mês a sete
anos.
Em média, 86% do quadro docente gostam de trabalhar na instituição. Os outros 14%
não chegaram afirmar se gostam ou não, demonstraram dúvidas, pois, ao responderem, a
sobrecarga de trabalho e a pressão das demandas os levou a refletirem melhor em suas
respostas.
Saber como cada docente chegou à instituição, contribuiu para o nosso entendimento
de como os sujeitos se estabeleceram neste ambiente discursivo. Aproximadamente 70% dos
professores chegaram até o Ginásio Pernambucano através de um processo seletivo realizado
dentro sistema público de ensino, na fase que iniciaram a seleção para o Centro Experimental
(será discutido mais adiante) ou através do sistema seletivo para transferência do sistema
regular para integral. Outros professores foram convidados ou transferidos.
Quando perguntamos aos professores porque escolheram lecionar, obtivemos uma
numeração elevada de docentes que afirmaram que se identificavam com a profissão: 55%.
São diversas histórias de chegadas até a profissão, mas percebemos, entre as entrevistas, o
enunciado do prazer pela escolha realizada, seja ele despertado antes, no início, durante, no
final ou após a graduação.
34 |
“Eu tinha, na realidade, a gente tinha facilidade, né?! quando a gente vai se despertando
como pessoa, a gente tem facilidade de transmitir, e eu acho que tá no sangue mesmo, a gente
que tem aptidão, em transmitir e domínio em determinada área”. (Trecho da entrevista do
professor 26).
Na época em que alguns dos professores realizaram a prova para ingressar na
universidade, 15% viviam em cidades do interior e, assim, a possibilidade que tinham para
fazer um curso superior em sua cidade era em alguma licenciatura.
“Primeiro porque eu não sou daqui. Sou de Serra Talhada e interior, lá na minha cidade, só
tinha a faculdade de formação de professores. Aí eu tive que fazer porque toda a vida eu quis
minha graduação”. (Trecho da entrevista do professor 08).
Neste período de ingresso para as universidades, também era possível escolher mais de
uma opção de curso ao realizar a inscrição para a prova admissional. Desta forma,
condicionado à nota adquirida, o aluno poderia ser reprovado em sua primeira opção, por não
obter nota suficiente, mas ser aprovado com sua nota para a segunda ou terceira opção. Esta
foi a realidade de quatro professores do corpo docente.
“Olhe, no início, eu queria ser arquiteta. Eu fiz para, assim, porque, na época, a gente tinha
três opções né?! Na época que eu fiz vestibular. Aí, na segunda opção, a primeira foi
arquitetura, a segunda, Educação Artística e a terceira, desenho industrial. Aí, eu, quando
entrei no curso, eu não tinha magistério. Aí, muita gente desistiu, mas eu fiquei porque eu
comecei a me apaixonar, pela área de artes, sabe?! Logo no semestre, uma turma foi
chamada para lecionar na escola e eu gostei, aí fiquei. Eu gostei de trabalhar com educação,
eu gostei da parte de lecionar, porque se não, eu tinha desistido e voltado para arquitetura de
novo. Mas eu me apaixonei pela área de artes e fui ficando...”. (Trecho da entrevista do
professor 06).
Na intenção de averiguar se os professores se sentiam felizes com a escolha que
fizeram, independente de como aconteceu, questionamos se houvesse a possibilidade voltar e
fazer uma nova opção permaneceriam com a escolha realizada? 13 professores,
aproximadamente 45% do corpo docente, fariam uma escolha diferente. Nos discursos,
identificamos que o desgaste físico da profissão, a falta de reconhecimento financeiro, a
instabilidade econômica e a falta de interesse por parte dos alunos compõem os enunciados de
insatisfação com a docência, como ressalta o trecho abaixo.
35 |
“Eu não seria professora! Assim, não que eu não goste de ser professora, é porque eu não
vejo perspectiva de melhorar as coisas na educação. Todos os anos você vê que a
complexidade da sociedade vai chegando na escola. É porque vem cada vez meninos com
mais problemas domésticos; cada turma que vem, você encontra mais dificuldades. Outra
coisa que vem assim: o interesse pela educação vai diminuindo mesmo, a gente mostrando
que tem tantas outras... assim tudo o que você pode ser é através da educação, né?! Mas essa
consciência é muito pouco colocada pelos meninos e, por outro lado, você só vê o Estado lhe
acochando, fazendo com que as coisas aconteçam, sem dar o alicerce para que as coisas
aconteçam.”. (Trecho da entrevista do professor 27).
Na pergunta anterior, constatamos que 55% dos professores optaram pela licenciatura
por se identificarem com a profissão. Entretanto, no discurso citado acima, compreendemos
que não é apenas a escolha que vai determinar o nível de satisfação e a certeza da felicidade
dos docentes. Existem outros enunciados presentes nos discursos que constroem todo o
arcabouço para esta pesquisa.
Contudo, ressaltamos que doze professores se posicionaram de uma forma deferente.
41% dos professores traçariam o mesmo percurso, independente das dificuldades encontradas
no caminho ou atualmente. A satisfação ainda supera as dificuldades para alguns.
“Não, eu acho que faria do mesmo jeito. Não mudaria. Acho que eu talvez faria desenho
agora, mas pra hobby, mas pra trabalhar mesmo não mudaria não. Realmente não me
arrependo”. (Trecho da entrevista do professor 19).
Os percentuais entre os professores que fariam ou não a mesma profissão são bem
aproximados. Consideramos também os 17% dos professores que responderam: talvez. Estes
demonstraram que procurariam experimentar outras oportunidades, mas que continuariam
lecionando pelo prazer que sentem.
Partindo destes dados e dos discursos nas entrevistas transcritas, construímos o cenário
discursivo, procurado compreender como a história produziu o lugar dos discursos dos
professores. Foucault (1994) vem contribuir afirmando que o sujeito aparece como efeito de
uma constituição, onde os elementos subjetivos estão presentes nesta história dos sujeitos.
Destarte, elaboramos um arcabouço histórico que colaborou para todo o processo de
investigação.
36 |
CAPÍTULO 2º
GINÁSIO PERNAMBUCANO: DO ACASO A ESCOLA DE
REFERÊNCIA.
FONTE: Arquivo da biblioteca da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano.
37 |
instituição escolar do Ginásio Pernambucano foi fundada no dia 1º de
setembro de 1825, com o nome de Liceu Provincial de Pernambuco, por
um decreto do presidente da província de Pernambuco, José Carlos
Mayrink. Seu primeiro diretor foi o frade Benedito Miguel do Sacramento Lopes Gama,
conhecido popularmente como Padre Carapuceiro. A criação do Liceu tinha por finalidade ser
referência no ensino e atender aos estudantes que vinham de outras províncias para estudar,
em um regime de internato.
Ao longo da trajetória a instituição já recebeu vários nomes, dentre eles, Liceu
Gymnásio Provincial, Instituto Benjamim Constant, Colégio Pernambucano e Colégio
Estadual. Entretanto, o nome Ginásio Pernambucano, estabelecido em 14 de maio de 1855,
após várias modificações, retornou à escola por decreto do governador Eraldo Gueiros Leite,
em 31 de dezembro de 1974, permanecendo até nos dias de hoje.
O Ginásio Pernambucano foi uma instituição de ensino tradicional na cidade do Recife
e é uma das mais antigas do Brasil. Santana (2011), em sua pesquisa sobre o acesso e
imaginário social no Ginásio Pernambucano na década de 1980, constatou que os alunos que
tinham acesso a essa instituição se reconheciam dentro de uma hierarquia simbólica, por ela
mesma alcançada. A referida instituição destaca-se por trazer grandes nomes para a cidade,
para o Estado e para o país. Entre seus ex-diretores, professores e alunos, passaram Ulisses
Pernambucano, Amaro Quintas, Valdemar Valente, Mário Souto Maior, Barbosa Lima
Sobrinho, Agamenon Magalhães, Clarice Lispector, Epitácio Pessoa, Manoel Correia de
Andrade, Ariano Suassuna e Marco Maciel. O prestígio da instituição está atrelado ao seu
contexto histórico que perpassa, desde a sua construção, os discentes e docentes.
A importância atribuída ao Ginásio Pernambucano ao longo dos 187 anos, com toda a
tradição pedagógica de formar grandes nomes para a sociedade e após o período de 1980, com
a universalização do ensino pregada, a trajetória da escola como referência deste imaginário
social, como discute Santana (2011), pode se perceber ainda hoje nos discursos dos atuais
professores.
“Na verdade alguns colegas meus da outra escola falavam sobre o ginásio. E assim, era um
modelo de escola. E eu dizia: Nossa eu quero ir pra lá. Como é que eu faço? Aí, eu fiz o
concurso para educador de apoio e para professor” (Trecho da entrevista do professor 11).
A
38 |
“Aí, ela perguntou: você quer ir para o Ginásio Pernambucano? Eu até: Hã? (fez cara de
assustada – comentário nosso) O que? – Você quer? Eu vou mandar você pra lá agora. É
bem pertinho aqui, na Rua da Aurora. – Ah tá me manda! Eu acho que é o sonho de todo
mundo vim trabalhar aqui. Pelo status do colégio? Pelo status não é?! E você acredita que é
uma escola que realmente faz a coisa andar, dentre tantas adversidades que a gente ver aí.”
(Trecho da entrevista do professor 08).
Para Castro (2009), Foucault compreende o sonho como uma modalidade da
imaginação, sendo a sua primeira condição para sua possibilidade. Quando analisamos o
depoimento do professor acima em sonhar em trabalhar no Ginásio Pernambucano, vemos
que este sentido de sonhar com o fascínio da imagem do Ginásio manifesta um nexo entre a
imaginação e a verdade para o professor, ou seja, é a conexão do sonho com a possibilidade
de torná-lo real. Desta forma, pesquisar o Ginásio Pernambucano leva-se em consideração
toda a trajetória construída,em mais de um século, juntamente com uma cidade em processo
de escolarização. O número de olhares voltados para a escola constrói o cenário discursivo
favorável ao desmembramento dos próximos passos para a instituição.
2.1 – “O ACASO, QUE VIROU UM CASO, QUE VIROU UMA CAUSA”
“No início, quando nós começamos, nós não tínhamos livros. Os livros eram dos professores,
a gente não tinha Xerox. A gente tirava do nosso bolso. Mas você tinha uma expectativa que
isso daqui fosse fluir... fosse produzir coisa boa. Então, no início, eu amei trabalhar aqui. A
gente rompeu. Eu rompi. Não sou sindicalizada, mas não gosto do sindicato, porque ele não
defende a profissão, defende o próprio umbigo. Logo, os nossos outros colegas romperam
com o sindicato, rompeu com outros colegas, porque muitos colegas diziam que a gente ia,
que isso aqui não ia dar certo, que isso aqui seria, era uma situação elitizada, que na
realidade nunca foi. Então, a gente rompeu com muita coisa pra vim pra cá. Porque cada um
de nós que veio pra cá, em nossas outras escolas a gente era o professor que dava aula, que
era exigente, o professor que nunca faltava, o professor que era nó cego. Para os alunos, era
aquele que não prestava, que exercia a licenciatura como deveria. Então, a gente veio
simbora pra cá. Então houve o que? Houve uma confluência de pessoas, com o mesmo
pensamento, com o mesmo objetivo, pra um ambiente onde ele pudesse produzir, e aqui foi a
oportunidade” (Trecho da entrevista do professor 23).
Na mira de compreender os discursos dos professores, nos remetemos a Lima (2006),
que em seu livro “Um acaso, que virou um caso, que virou uma causa” relata quais foram os
39 |
percursos tomados que desencadearam na transformação da Escola Ginásio Pernambucano no
Centro Experimental Ginásio Pernambucano.
Segundo Lima (2006), em 2000, o empresário Marcos Magalhães, ex-aluno da escola
Ginásio Pernambucano, em uma visita não planejada à escola, teve uma reação desagradável
ao visualizar o estado do prédio. O prédio que foi tombado em 1984 pelo Patrimônio
Histórico Nacional, sofreu grande desgaste físico, provocando em 1998 a suspensão do seu
funcionamento e a transferência de seus alunos para outro prédio. Os livros, que outrora
serviram de estímulo e incentivos aos alunos, se encontravam em estado degradável. A
primeira providência foi recuperá-los. A recuperação do prédio postulava em outras questões.
Marcos Magalhães, impressionado com a situação, reuniu um grupo de empresários
com o objetivo de restaurar o prédio do Ginásio Pernambucano. As empresas Philips,
Odebrecht, Algemene Bank Nederland e Amsterdam-Rotterdam Bank (ABN-AMRO BANK)
e a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) assumiram a restauração do prédio,
que foi concluída em 2002. Na restauração, o desafio era resgatar a tradição física e
pedagógica do Ginásio Pernambucano como escola de excelência. “Surgiu então a Associação
dos Parceiros do Ginásio Pernambucano, com o objetivo de formular um novo modelo de
gestão e de criar um novo modelo pedagógico para o Ensino Médio” (Lima, 2006, p.15).
A escola pública nas últimas três décadas, segundo Lima (2006), foi perdendo sua
credibilidade e o ensino privado foi se tornando a alternativa de educação escolar com maior
qualidade. Esta concepção também é percebida através dos próprios alunos da escola pública,
quando afirmam que suas escolas de origem não oferecem estrutura e “mais uma vez a velha
história do ensino público estava sendo repetida e alunos que de fato tinham sonhos
profissionais, estavam sendo prejudicados”, como escreveu MELO (2010, p.38) em seu livro
relatando sua experiência como aluna do Ginásio Pernambucano.
Preocupados em transformar o caso da reforma da escola em uma causa, oferecendo
qualidade de ensino aos alunos, se firmou uma parceria do Governo do Estado de Pernambuco
com empresas, na expectativa de formular um novo governo para a educação.
[...] No discurso pedagógico, “qualidade” se define como um conjunto de
fatores, com destaque para a linha teórica adotada e para requisitos necessários
na questão da materialidade. A pouca materialidade é apontada por muitos como a primeira razão quando se fala em “pouca qualidade” de ensino:
40 |
salários baixos, falta de equipamentos, e de livros, indisponibilidade do
educador para formação continuada pela atribulação de lecionar em dois ou
três períodos, frustrações e altos níveis de estresse identificados nos profissionais de educação. Outro fator, levantado por alguns setores, diz
respeito à gestão e, também, à avaliação de desempenho dos professores. Sem
dúvida alguma, gestão, materialidade e avaliação são pilares imprescindíveis
de uma educação com qualidade (LIMA, 2006, p.06).
Com a decisão política de expandir o Programa Pedagógico, dois órgãos foram criados
para conduzir e acompanhar o processo, que funcionaram como polos irradiadores das
experiências exitosas do Ensino Médio. O Instituto de Corresponsabilidade pela Educação –
ICE (instituição privada sem fins lucrativos) que tinha por finalidade produzir soluções
educativas inovadoras e replicáveis em conteúdo, método e gestão e o Programa de
Desenvolvimento dos Centros de Ensino Experimental – PROCENTRO, um órgão da
Secretaria Estadual de Educação responsável pelo planejamento e implantação dos Centros,
criado através da Lei 12.588 de 21 de maio de 2004. Estavam baseados em três eixos: “Causa
do Ensino Público Gratuito de Qualidade; Marca da corresponsabilidade e Aceite do desafio
de novas institucionalidades” (MAGALHÃES, 2008, p. 12).
Esta nova forma de atuação entre o poder público e o privado ficou firmada através de
um Termo de Cooperação Técnica, segundo Magalhães (2008), entre o Governo do Estado de
Pernambuco, por intermédio da Secretara de Educação e o ICE. Este termo prevê, dentre suas
atuações, a busca de resultados concretos com a implementação do Programa Pedagógico;
criação do PROCENTRO; a mobilização de empresas e empreendedores para fortalecer e
sustentar ao empreendimento; avaliação de professores, gestores e alunos e adoção de
sistemas de incentivo para os professores em função dos seus próprios resultados e resultados
dos alunos.
Assim, o Ginásio Pernambucano passou a se chamar Centro Experimental Ginásio
Pernambucano – CEEGP, localizado no mesmo endereço antes da reforma, na Rua da Aurora
nº 703, no bairro da Boa Vista - Recife, com uma transformação estrutural política no
Governo de Jarbas Vasconcelos4 e vice-governador Mendonça Filho
5 e secretários da
Educação: Éfrem Maranhão, Raul Henry, Francisco de Assis e Mozart Neves que conduziram
4.Cargo exercido no período de 1999 – 2005. 5.Cargo exercido no período de 1999 – 2005 e posteriormente governador em 2006.
41 |
o processo com riscos e incertezas, buscando ações inovadoras para o Ensino Médio de
Pernambuco.
[...] Este programa tem como objetivo garantir o planejamento e a execução
de um conjunto de ações inovadoras direcionadas à melhoria da oferta e da
qualidade do ensino médio da Rede Pública do estado de Pernambuco (LIMA, 2006, p.14).
A fim de ilustrar as mudanças físicas da Escola, a foto tirada no Rio Capibaribe mostra
a fachada frontal do prédio, depois de restaurado em suas cores e formas originais.
Imagem 01: Foto do Ginásio Pernambucano após a reforma6
Durante o período de reforma do prédio, os estudantes do Ginásio Pernambucano (GP)
foram direcionados para outras escolas estaduais. Com o término das obras e com o novo
projeto político pedagógico, os discentes passaram por um processo de seleção, através do
qual, foram analisados os currículos escolares referentes à 8ª série do Ensino Fundamental (na
época). Os alunos com melhores médias foram considerados capazes para ingressar no novo
CEEGP, segundo Torres (2010).
6.Disponível em: http://www.flickr.com/groups/. Acesso em 13 de fevereiro de 2011.
42 |
A seleção de currículo para os futuros alunos do CEEGP, foi realizada abertamente. O
Jornal do Comércio de 22 de janeiro de 2004 publicou uma matéria anunciando a prorrogação
das inscrições. O resultado foi divulgado em 27 de janeiro de 2004, anunciando os trezentos e
vinte (320) jovens selecionados dentre os novecentos e dois (902) inscritos, como afirma
Melo (2010).
Em um depoimento concedido ao Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão,
em 01 de Abril de 2008, Magalhães relatou sobre um nivelamento que precisou ser feito com
os alunos, incluindo aulas de reforço à noite. O trecho do professor abaixo, extraído da
entrevista, endossa a situação que foi encontrada.
“Nós tivemos alunos, eu tive alunos da escola que eu vim de origem... porque eu vinha pra cá
na capacitação, mas eu tinha o horário da noite e tinha que voltar para dar o horário. E eu
tinha alunos que eles não sabiam nem escrever direito. Hoje, essa aluna, um dos exemplos,
terminou o curso de teologia no SEC que é o... o curso de teologia da... da igreja... do
Americano Batista, que é um dos cursos mais difíceis que tem, e ta fazendo enfermagem e ela,
quando veio pra cá, ela não sabia escrever direito. O texto dela era incompreensível, não
tinha conexão. E hoje eu vejo essa pessoa, uma cidadã, fruto de uma luta”. (Trecho da
entrevista do professor 23).
Havia uma atenção especial com o nivelamento dos futuros discentes do CEEGP. As
metas estabelecidas no plano político-pedagógico precisavam ser atingidas e os resultados
divulgados. Essa seleção de alunos que poderiam retornar à sua escola deixava clara a
preocupação das autoridades. Uma seleção e a localização geográfica foram algumas
sugestões de critérios possíveis a serem adotados para os discentes, mas o critério decisivo
passou a ser o histórico escolar e o baixo nível dos alunos surpreendeu as autoridades.
Entretanto, com o depoimento do professor acima verificamos que mesmo com esta
preocupação de nivelamento das autoridades, alunos com dificuldades básicas ingressaram na
escola. O que não significou uma redução nos resultados alcançados posteriormente.
Na perspectiva do quadro docente, no projeto inicial, a intenção era preservá-lo.
Contudo, foi realizada uma seleção interna (dentro do quadro de professores efetivos da
Secretaria de Educação de Pernambuco), com a finalidade de preencher as vagas dos
professores que por motivos diversos, não quiseram se integrar ao novo modelo, priorizando,
inicialmente, os professores que possuíam mestrado e doutorado, segundo Torres (2010). Os
meios de divulgação repercutiram a informação.
43 |
“Cheguei até o Ginásio através de seleção né?! A gente escutou na televisão, em rádio, aí
veio, fez inscrição e fez seleção”. (Trecho da entrevista do professor 21).
“A gente fez a seleção através da análise do currículo, a como eu tinha muitos trabalhos
escritos né?! Porque desde a graduação, como eu disse, eu me identifiquei e a gente sempre
escrevia e tal para congresso, simpósio, então essa parte eu tinha muito grande, eu não tinha
muita experiência, né?!, Didática... mas essa parte aí eu tinha muito.” (Trecho da entrevista
do professor 10)”.
A princípio, os docentes foram selecionados de acordo com as seguintes etapas: 1-
Abertura do edital e inscrição dos professores interessados em participar do programa; 2-
Análise do currículo mediante uma tabela de pontuação; 3- Reunião de orientação promovida
pelo Centro para orientar os professores sobre as propostas, expectativas, nível de exigência e
condições de trabalho; 4- Entrevista para avaliar o perfil dos pré-selecionados; 5- Prova de
conhecimentos, que é o último passo para selecioná-los de acordo com as notas, ainda que
nesta proposta esteja escrito que “nenhum professor é considerado reprovado”
(MAGALHÃES, 2008, p. 80).
“porque a seleção inicial daqui, você ia se inscrever, ia fazer prova e tal, mas como você já
é... já tinha feito um concurso público, já tinha feito um concurso público, ser chamado e
aquele negócio todo, mas não havia ter sentido ter um concurso dentro da própria rede. Aí
isso foi proibido de ser feito e se fosse para assumir teria que ser... ai a seleção foi por
análise currículo, análise de currículo, depois uma entrevista”. (Trecho da entrevista do
professor 02).
A previsão de inicial era de uma seleção para os alunos e professores que iriam
ingressar ao CEEGP, porém o Ministério Público impediu a continuidade desta estratégia,
considerando como uma ação discriminatória e desencadeando algumas manifestações e
outros procedimentos pelas autoridades que estavam à frente do projeto para contornarem
situação.
“No início houve uma seleção, a gente se inscreveu né?! Houve também muita represaria,
assim, pressão do sindicato, essas coisas... como a visão aqui inicial era uma parceria com a
empresarial, aí um projeto novo, que envolvia as pessoas achando a questão da privatização.
Aí houve uma pressão para que a gente não se inscrevesse, mas aí, mesmo assim, eu vim me
44 |
inscrevi. Houve uma seleção de currículo no início, depois houve uma capacitação, onde
algumas pessoas foram selecionadas para continuar aqui no projeto, vinte e cinco pessoas”.
(Trecho da entrevista do professor 24).
O jornal Diário de Pernambuco de 27 de junho de 2002 relatou a insatisfação de
estudantes e professores com as medidas tomadas pelo governo. Em uma passeata realizada
da antiga Escola de Engenharia, na Rua do Hospício (onde os estudantes do Ginásio
Pernambucano estavam lotados), até a Secretaria de Educação, estudantes, professores,
funcionários e pais de alunos protestavam contra o concurso para preenchimento das vagas
dos corpos docente (50) e discente (1.000). “Este é um processo de exclusão criado pelos
empresários e o Governo. Privatizaram o GP”, afirmou Lidiane Nascimento, diretora da
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e aluna do 2º ano do ensino médio. Na
mesma matéria, Florentina Cabral, Secretária de imprensa dos trabalhadores em educação de
Pernambuco, também criticou a postura do governo afirmando que “os professores já
passaram por concurso público e estão habilitados a ensinar em qualquer escola da rede
pública estadual. Não há justificativa para uma nova seleção”.
Com o processo de seleção definido através de currículos, o projeto seguiu adiante. A
nova unidade passou a oferecer 1,8 mil vagas para alunos que eram do GP e oriundos de
outras escolas públicas e apenas o Ensino Médio. Antes o colégio oferecia três mil vagas, do
Fundamental ao Médio. De acordo com o secretário de Educação, Francisco de Assis, em
entrevista ao jornal Diário de Pernambuco (2002), os alunos restantes iriam continuar tendo
aula no prédio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Rua do Hospício, e havia
um projeto em transformá-lo em outra unidade com o nome “Colégio Estadual de
Pernambuco”. Até o momento não se tem registros do desdobramento desta história.
Em 25 de junho de 2003, às 11h, o novo Ginásio Pernambucano abre as portas para
visitação, as aulas só aconteceram depois. A matéria do Diário de Pernambuco (2002) relata
que foram investidos cerca de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) na parte física do
prédio e R$ 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais) para compra de equipamentos. O
novo GP conta com dezesseis salas de aula, cada uma com a capacidade para quarenta e cinco
estudantes, um Museu de Ciências Naturais com mais de quatrocentas peças, um auditório,
um salão nobre e uma biblioteca com 5,5 mil volumes. Conta também com um laboratório de
ciências, um laboratório de línguas, um laboratório de informática, uma sala de multimeios e
45 |
duas salas de reuniões. No colégio não há quadra, e as aulas de Educação Física acontecem
em uma sala espaçosa, sem objetos, localizada no 1º andar.
“A capacitação que começou em setembro de 2003. E para o grande grupo terminou em
dezembro de 2003, mas para o grupo de Ciências da Natureza, terminou em Janeiro de 2004,
a capacitação”. (Trecho da entrevista do professor 23).
“Estou aqui desde o início do projeto. Em 200,3 a gente passou por uma seleção interna e a
gente passou por três meses de capacitação. Aí, a gente trabalhava de manhã na outra escola
que a gente era lotada e à tarde vinha pra cá. Eu acho que era à tarde. E, naquela época, a
gente vinha fazer o curso, quer dizer, a capacitação, e não ganhava mais nada por isso, era
só realmente... aí, no final, eles tinham dito que eram 50 pessoas, e a gente estava em 50, aí
cortaram, só ficaram 25. E aí começamos a dar aula aqui em 2004”. (Trecho da entrevista do
professor 17).
Em setembro de 2003, os professores selecionados foram convidados a participar de uma
capacitação por três meses na própria escola, onde foi trabalhado o projeto político-
pedagógico que seria proposto. Antes de abrir as portas ao alunado, os professores já estavam
se reunindo de segunda a sexta-feira, todas as tardes, para a capacitação. Na primeira reunião,
os empresários que formavam os parceiros do programa foram apresentados aos docentes. Os
professores que possuíam dois vínculos foram liberados, em acordo com a Secretaria do
Estado de Pernambuco, de 50% de sua carga horária, sem nenhum dano financeiro.
A capacitação para o grupo de ciências da natureza foi estendida por mais um mês
(janeiro) nos laboratórios, para conhecer e preparar as aulas práticas, que seriam ministradas
durante o ano para os alunos. O trecho da entrevista abaixo relata como a capacitação foi
utilizada e como ressoa com satisfação no discurso dos professores esta fase do Centro
Experimental. O cuidado em conhecer os novos materiais, dispor de tempo para capacitação e
fornecer a estrutura necessária refletiu na prática dos novos professores selecionados.
“O que a gente teve aqui, principalmente no início, agora um pouco menos, mas continua
tendo, é possibilidade de fazer o que você aprendeu. Ou seja, você não participa de uma
capacitação e não tem a possibilidade de colocar em prática, que é o que muitas vezes
acontece no Estado, que é o defeito que o Estado tem, que vem ao longo do tempo se
modificando um pouco mais. Porque muitas vezes oferece uma capacitação, faz uma
capacitação com o professorado, principalmente na área de ciências, que tem essa parte
experimental, faz uma capacitação na parte experimental, e tal, você olha para os materiais,
utiliza e num sei o que, veja as experiências e acham que algumas delas podem ser aplicadas
46 |
aos seus alunos. Quando chega na escola, a escola não tem nada desses equipamentos, não
tem espaço, não tem nada, você vai pra onde? E essas escolas não, você chega e foi
interessante, porque o grupo de ciências ficou um mês a mais, que era justamente para
preparar todo o material, de laboratório, o funcionamento. Conhecer o laboratório, conhecer
e aplicar. Estabelecer as práticas e que práticas iriam ser feitas. E quando o aluno chegou
aqui, recebeu logo a parte experimental, recebeu um caderninho com as experiências que ele
ia fazer o ano todo”. (Trecho da entrevista do professor 02).
O CEEGP reabre as portas em 2004 com 320 alunos oriundos de escolas estaduais, de
treze a dezessete anos, matriculados em oito turmas da 1ª série, quatro turmas da 3ª série do
Ensino Médio e 25 professores no corpo docente. Melo (2010) afirmou que no primeiro dia de
aula havia uma grande expectativa por parte dos professores e alunos, expressados em
algumas palavras, no primeiro encontro realizado no auditório do colégio com funcionários,
empresários, professores e antigos alunos que já haviam estudado no Ginásio Pernambucano.
[...] Cada pessoa que se dirigia a eles no palco daquele auditório, deixava claro em seu discurso de como aquele prédio era importante,
do valor histórico que tinha e de como eles eram privilegiados por
estarem ali, participando de uma experiência desafiadora para a educação pública no país (MELO, 2010, p.19).
Após a implantação, a preocupação era com a continuidade e qualidade do programa.
Desta forma, Marcos Magalhães escreveu um livro contando a criação de uma escola com um
modelo de nível médio exitoso. O livro, lançado em 2008, com edições limitadas, registra a
visão do empresário durante os anos do Centro Experimental. Parceiros, entidades
governamentais, funcionários, alunos e professores são citados e constroem toda a história
descrita pelo autor.
47 |
Imagem 02: Capa do Livro escrito por Marcos Magalhães (2008).
Com acesso aos documentos e espaço concebidos pela instituição, procuramos outras
fontes que relatassem sem uma visão otimista da fase de implantação do Centro Experimental.
Sem embargo, ressalvados os jornais que comentaram a indignação de alunos e professores
com as medidas tomadas, durante o processo de seleção de alunos e professores o que
encontramos nos discursos foi o imaginário social quanto ao credo que todos os
acontecimentos convergiam para o sucesso.
2.2 – O CENTRO EXPERIMENTAL
O projeto proposto para o Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano
sugeria a escola funcionando em tempo integral. Para este turno, se evidenciava a necessidade
de uma proposta pedagógica consistente que orientasse os educadores no desenvolvimento de
metodologias de ensino, assim como, a necessidade de um modelo de gestão eficiente, com
base em desempenho e resultados, possíveis de serem socializados e implantados a cada novo
centro.
48 |
A proposta do Centro, também se expandiu à região Agreste do Estado de
Pernambuco. Na cidade de Bezerros, foi construído a Escola Técnica do Agreste no período
de 2000 a 2002, inaugurado no dia 20 de dezembro de 2002. Utilizando da proposta
educacional no período integral, o Centro de Excelência e Referência para o Ensino Médio e
Técnico Profissional da Região do Agreste, procurou dialogar com o Ensino Médio e Ensino
Técnico Profissional, atendendo a 240 alunos em seis turmas no período integral. Em 2005, a
segunda unidade do Centro de Ensino Experimental no Agreste, assumindo o mesmo modelo
implantado no Centro Experimental Ginásio Pernambucano. Contudo, não trataremos dos
desdobramentos das instituições do Agreste, a fim de não nos distanciarmos do nosso objeto
de estudo.
2.2.1 – A PROPOSTA EDUCACIONAL
A proposta educacional está fundamentada em princípios básicos, adaptados de acordo
com a experiência e a cultura de cada Centro. No âmbito do alunado, tem-se um estudante
fruto da universalização e democratização do acesso ao ensino e também da degeneração da
qualidade da escola pública. O aluno do Centro, no entanto, é capaz de se auto superar, de
assumir o controle de seu estudo e de sua vida, sendo assim corresponsável pelo processo de
sua educação.
No início era o PROCENTRO, “ele funciona como unidade de liderança, coordenação
e execução da política da Secretaria de Educação, responsável pelos Centros”
(MAGALHÃES, 2008, p.71). Era responsável por fiscalizar, coordenar e acompanhar as
atividades em nome da secretaria. Assim, suas atividades se iniciaram antes das pessoas que
compunham o Centro Experimental.
A função do Centro era socializar o conhecimento formal acumulado e ensinar às
novas gerações as formas de apropriação do conhecimento. O conhecimento formal implica
sempre na sua sistematização, que requer formações de categorias de pensamento e padrões
que permitem ao aluno lidar com esse conhecimento.
O Centro tinha características próprias, de acordo com sua liderança e com o meio
onde estava inserido. O ensino era inteiramente gratuito e os alunos recebiam todos os livros
49 |
necessários, três refeições por dia (lanche pela manhã, almoço e lanche à tarde), uniformes
escolares e em alguns casos transporte escolares (que não foi o caso do GP).
Para o Centro, educadores eram todas as pessoas que trabalhassem no mesmo lugar,
não se detendo aos professores, com o eixo no trabalho coletivo, procurando envolver
diferentes setores da sociedade civil. Aos professores, além da docência, estavam incumbidas
as funções de produzir os materiais para complementar os livros didáticos e desenvolver
formadores.
“Porque quando surgiu foi assim, o professor teria um horário na sala de aula, e teria um
horário também de pesquisa, um momento de planejamento. Eu acho que professor ele só
exerce bem a função se ele puder planejar. Essa história de professor taxista, que vai lá, é o
dador de aula, não funciona! Eu acho que realmente professor tem que parar, tem que
planejar e principalmente pesquisar, certo? O professor só faz um bom trabalho se ele
pesquisa, se ele ler, não é? Um professor sem leitura realmente ele não tem competência para
ensinar. Você precisa ler, precisa pesquisar. Então o integral, no começo desse projeto, dava
essa condição, a gente parava, a gente tinha tempo de pesquisar, de se reunir”. (Trecho da
entrevista do professor 28).
“Quando começou a proposta, era de uma carga horária próxima à carga horária dos
professores da universidade. Ou seja, era... embora não tenha sido dito isso, na implantação,
ficou mais ou menos batendo nisso. Que era 50% da aula de regência, os outros 50% era pra
você planejar, dar conta das atividades que você ia implantar na regência, fazer elaboração
de aula, correção de exercícios, ou fosse o que tivesse, as reuniões coletivas, então tudo isso
estava dentro”. (Trecho da entrevista do professor 02).
As funções requeridas pelo Centro eram atendidas, segundo os professores, porque
havia disponibilidade de tempo para que toda a demanda de trabalho pedagógico, envolvendo
aulas, alunos, pesquisas e grupos de estudos, fosse realizada.
As atividades de desenvolvimento pessoal e profissional integram o Plano de Trabalho
de cada professor. Também era de responsabilidade dos professores estarem atentos a
oportunidades extraescolares, como concursos, olimpíadas e prêmios para que os alunos
pudessem participar, assim como promover atividades interdisciplinares e com os espaços que
o colégio disponibiliza. Portanto, para que essas metas pudessem ser alcançadas, os
professores apresentavam uma carga padrão de 45 aulas mensais.
50 |
A avaliação, segundo a proposta educacional, compreende as tarefas do ensino e
outras dimensões do trabalho de cada um. É o instrumento central da gestão, servindo como
instrumento de desenvolvimento pessoal com base para incentivos. Depois dos alunos, os
professores são os mais avaliados dentro do Centro, com indicadores específicos conforme
baixo:
Indicadores de Avaliação dos Professores
Índice de aprovação da comunidade em relação ao Centro.
Evolução do índice de aproveitamento dos alunos no Sistema de Avaliação do
Estado de Pernambuco – Saepe.
Índice de aprovação dos alunos em relação ao desempenho da instituição.
Avaliação externa aplicada aos estudantes baseada em vestibulares
anteriores.
Cumprimento de Programa.
Índice de aprovação dos alunos em relação ao desempenho do professor.
Cumprimento de tarefas específicas de sua área.
Participação em atividades com os alunos (por exemplo, feiras de Ciências). Fonte: Magalhães (2008, p. 84).
No processo avaliativo do alunado, mais de 80% são considerados aptos para avançar
para a classe seguinte. Aqueles que apresentaram dificuldades em algumas disciplinas
recebem apoio e reforço adicional no ano seguinte, referente àquelas.
“Eu acho que parte boa é você ver que você está abrindo perspectiva pra que o aluno, tenha,
se dá as informações, aos instrumentais, pra se ele quiser continuar os seus estudos,
futuramente, ele, futuramente, prossiga. Se ele quiser ir pra universidade, ele vai. Se ele
quiser fazer um ensino profissionalizante, pós-médio, ele pode fazer. Ensino superior
tecnológico, ele pode fazer. Ou seja, ele está dando a possibilidade de você instrumentalizar e
ver os resultados depois”. (Trecho da entrevista do professor 02).
Nos Centros, o foco do ensino consistia na formação acadêmica do currículo, ir além
de simplesmente ministrar aulas, mas envolver as diversas atividades que fomentam o
cidadão, inclusive tendo a possibilidade de fazer cursos profissionalizantes.
[...] A educação ministrada nos Centros se distingue do ensino ministrado
em boas escolas pelo conteúdo, pela abordagem e pelos métodos. A
51 |
dinâmica escolar inclui aulas expositivas, trabalhos em grupos, atividades de
laboratório, projetos e provas. As aulas são regulares – não há atrasos nem
faltas de professores. Os deveres de casa fazem parte da rotina pedagógica e das responsabilidades dos alunos (MAGALHÃES, 2008, p.88).
2.2.2 – OS CUSTOS
Nos materiais disponibilizados que abordam a criação do Centro Experimental, não
existem informações específicas que tratem sobre os valores que foram utilizados com a
compra dos materiais e reformas do patrimônio físico, especificamente. Apenas as rubricas
foram divulgadas, mas conseguem transpor uma noção com que foi utilizada a verba.
Na infraestrutura física, os investimentos foram feitos em laboratórios de Ciências
(Física, Química, Matemática e Biologia), Informática, Línguas e em Bibliotecas (geral e de
referência). Com as despesas, as principais rubricas correspondem ao salário dos professores,
da equipe administrativa, da equipe de apoio, refeições (desjejum, almoço e lanche), uniforme
escolar (duas camisas e mais uma para Educação Física), livros didáticos, material de
expediente, manutenção patrimonial e bônus por desempenho para professores e direção.
Segundo Magalhães (2008), o salário dos professores era estimado em R$1.000,00
(mil reais), em média. Cada professor recebia um adicional de 125% e ainda poderia receber a
gratificação por desempenho. Esta gratificação poderia chegar a 30%, somando à gratificação
anual em R$4.000,00 (quatro mil reais) por ano. Os encargos estavam calculados em 20% e
incluem todos os direitos e benefícios dos funcionários.
“Ora, a oportunidade foi pra todos! Quer vim pra cá? Horário integral, não era salário era
uma bolsa, como uma bolsa de mestrado, uma bolsa de doutorado, era uma bolsa pra você
trabalhar aqui no horário a mais. No início funcionou assim e é tanto que o primeiro
resultado nosso foi estupendo”. (Trecho da entrevista do professor 23).
Os custos com materiais, salários e infraestrutura eram vistos como investimentos,
como visualizamos na tabela abaixo, extraída do livro de Magalhães (2008), no que compete
aos registros financeiros que foram disponibilizados.
52 |
Imagem 03: Valores de investimentos e custeios realizados pelos Centros de 2001 a 2007, baseados nos registros
financeiros do PROCENTRO.
2.2.3 – OS RESULTADOS
Desde que o CEEGP iniciou as suas atividades, há nove anos, já existem resultados do
trabalho que vem sendo desenvolvido. Até o final de 2009, a previsão era para cinquenta e
cinco unidades em regime semi-integral e quarenta e oito com regime integral, segundo Dutra
(2010). O número de Centros, neste modelo, cresceu de um em 2004, para trinta e três, em
2008. E o número de matrículas passou de trezentos e vinte, em 2004, para 19.215 (dezenove
mil e duzentos e quinze), em 2008. A taxa de frequência dos alunos é de 97% contra 2,2% de
evasão. A porcentagem da frequência é tão elevada quanto à porcentagem de aprovação,
atingindo aos 98%. E a repetência se dá, apenas em casos graves.
Dos anos de 2004 a 2011, cujo período corresponde à nossa investigação, foram
construídos gráficos comparativos que, através da gerência da instituição, foi possível ter
acesso, endossando o cenário discursivo da pesquisa.
Com o acesso aos dados que traçam o perfil dos alunos que ingressaram no Ginásio
Pernambucano, encontramos as variáveis da idade, gênero, escolaridade dos pais e renda
familiar. Segundo o Gráfico Nº 01, o percentual dos estudantes que ingressaram na instituição
apresentava-se em grande escala entre 13 a 15 anos, já os alunos com idade entre 16 e 17 anos
se apresentam em segundo lugar. Ressalvamos que, ao longo destes anos, os discentes com
53 |
mais de 20 anos não se mantiveram na instituição, o que, no nosso entendimento, pode refletir
a sequência da Educação Básica7, pela sociedade.
Gráfico Nº 01: Perfil de entrada dos alunos. FONTE: Arquivo pessoal da gestora da Escola de Referência em
Ensino Médio Ginásio Pernambucano.
No que compete à variável de gênero, no gráfico abaixo, visualizamos que, desde o
princípio da Escola Experimental até a Escola de Referência, as meninas se apresentam em
maior proporção no alunado, mantendo-se acima dos 50%, apesar de não haver distinção de
gênero para ingresso.
7 Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Educação Básica Compreende: A Educação Infantil, o
Ensino Fundamental e o Ensino Médio.
54 |
Gráfico Nº 02 – Divisão dos alunos por gênero. FONTE: Arquivo pessoal da gestora da Escola de Referência em
Ensino Médio Ginásio Pernambucano.
Outra informação relevante diz respeito ao nível escolar dos pais. Entre “Nenhuma
Formação, Ensino Fundamental Completo, Ensino Médio Completo, Ensino Superior
Completo e Sem Respostas”, é possível visualizar, no gráfico Nº 03 abaixo, que, ao longo dos
anos, o percentual dos pais que não responde não aparece mais no ano de 2011. A quantidade
de pais que possuem o Ensino Superior completo se mantém reduzido, assim,
estatisticamente, a média da renda familiar dos alunos não alcança níveis mais altos.
55 |
Gráfico Nº 03 – Escolaridade dos pais. Fonte: Arquivo pessoal da gestora da Escola de Referência em Ensino
Médio Ginásio Pernambucano.
Na mira de endossar a discussão, nos remetemos ao trecho do discurso abaixo,
proferido pelo Professor Nº 02, que trata da relevância desses dados para a instituição e para
os professores, traçando o perfil dos estudantes.
“Mas desde a primeira entrada que a renda média dos pais, a renda média familiar, é um ou
dois salários mínimos, estourando. Você tem casos isolados de rendas maiores... a renda é...
familiar é pequena... e aquele negócio, e recebemos críticas dizendo que era uma escola de
elite, elite para elite, e num sei o que, num sei o que... e quando você vai ver os dados, da
renda familiar do pessoal, que foi feito pesquisa e tudo mais, que todo ano é feito é... e isso
tem uma grande diferença dessas escolas pras outras. Ou seja, se trabalha em cima, e é por
isso que eu disse talvez precise de mais, de um tempo maior, de planejamento até, para
planejar em cima, de dados que você tem. Ou seja, tem esses dados aqui pra gente planejar lá
os dados, os índices da escola, dos índices da família, das famílias num sei o que... colocados
a informações lá. Não é só colocado, é discutido, e quanto maior descrição a gente tiver
nesse sentido, e aí você tem possibilidade de maior planejamento”. (Trecho da entrevista do
professor nº 02).
56 |
Com o acesso a outras informações, foi possível obter os dados trazidos pelo professor
acima, expresso na forma de gráficos, reforçando que a maioria do alunado não possui uma
renda familiar8 elevada e, desta forma, não obtém um custo de vida alto. Entretanto
destacamos que, nos anos de 2005 a 2007, não foram contatados famílias com renda familiar
superior a seis salários mínimos9, quadro que foi modificado nos últimos quatro anos.
Gráfico Nº 04 – Renda familiar. Fonte: Arquivo pessoal da gestora da Escola de Referência em Ensino Médio
Ginásio Pernambucano.
8 Por renda familiar, compreendemos que é o somatório da renda individual dos moradores do mesmo domicílio
e a renda familiar per capita é a renda total dividida pelo número de moradores de uma residência.
9 A ferramenta utilizada para construir esses dados do gráfico Nº 04 é o salário mínimo e, por ele,
compreendemos que é o valor mínimo pelo qual um empregado legal pode prestar o seu serviço, instituído por
lei, através da União, a todo o país. O valor do salário mínio é reajustado anualmente e, em 2004, correspondia a
R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais), alcançando o valor de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais), que corresponde ao período mencionado.
57 |
Segundo Menezes Filho (2011), é inegável que os jovens com renda familiar alta
tenham mais acesso aos estudos, por obterem mais condições de arcar com os custos. No
entanto, o investimento na educação reflete diretamente no diferencial salarial que aumenta a
cada ano dedicado ao estudo.
Mapeando a situação econômica dos alunos, é possível compreender que estes se
encontram em uma condição onde o salário mínimo estabelecido pelo o Governo Federal é, de
2004 a 2011, a principal renda familiar. Este resultado reflete o trecho da entrevista do
Professor Nº 02 mencionado acima.
Na esfera acadêmica, Magalhães (2008) afirma que os resultados e conquistas em
olimpíadas, concursos, maratonas e cursos de extensão também são expressivos. O resultado
do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em 2006, mostra o desempenho da primeira
turma de 3º ano do CEEGP, ficando avaliada acima da média do Brasil e do Estado. O bom
desempenho do programa também se reflete na baixa substituição de professores e
contratação de novos profissionais para atender a demanda dos alunos.
As fontes que fazem referência ao GEEGP trazem o sentimento e o valor que todo o
investimento financeiro e pessoal, em nível de dedicação, representou para cada aluno,
funcionário e professor para aquela instituição. No discurso abaixo, em um relato da estudante
Cristiane no livro de Melo (2010), visualiza-se a quantidade de expectativas depositadas na
instituição e sua expressão de satisfação ao sentir-se realizada. Os sonhos daqueles discentes
estavam depositados no novo colégio e, nas entrelinhas do discurso, percebemos o enunciado
de realização.
[...] O Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano trouxe para mim muitas conquistas. Vivências que crescerão junto comigo. Ficarão
guardadas em minha memória e também no meu currículo. Aquele lugar me
ensinou, além do que eu precisava para ingressar em uma universidade, os
valores morais de como construir meu projeto de vida e não deixar que ele fique apenas neste estágio: no papel, mas que eu corra atrás de meus sonhos
com coragem, honestidade e respeito ao próximo. Ensinou que mesmo que as
condições não sejam tão favoráveis, se pode sim construir o futuro que se deseja (MELO, 2010, p. 39).
Os discursos estão dentro de uma mesma ordem. Professores, alunos e funcionários,
não importa a formação ou a proximidade com a escola, sempre quando se referem ao
58 |
CEEGP, palavras motivacionais são expressas com júbilo. Curiosamente, as falas referentes à
próxima fase da escola trazem uma carga de descontentamento, contudo, não perderam a
essência da esperança de mudança plantada através do Centro Experimental.
Em 2006, Melo (2010) relata que a preocupação era um sentimento comum nas
dependências do Ginásio Pernambucano. Trata-se do ano do vestibular para os primeiros
ingressos do CEEGP. A rotina havia mudado, os professores estavam focados no processo
seletivo das universidades e, desta forma, o projeto pedagógico, em virtude do compromisso
com os resultados, foi revisto.
Com esta mudança de direção, o vestibular passou a ser o foco. O Centro
Experimental precisava apresentar resultados e, mesmo com todo o projeto político
pedagógico diferenciado, as provas para ingressar nas universidades era um método avaliativo
importante dos resultados de toda a mudança. Dos duzentos e quarenta estudantes que
prestaram vestibular, cento e noventa foram aprovados em pelo menos uma das três
universidades públicas de Pernambuco, que correspondem a 67% do quadro discente. No ano
seguinte, em 2007, 71% dos alunos foram aprovados.
Em 2008, mais escolas em regime integral foram criadas, não apenas em Pernambuco,
mas também em outros Estados. Os resultados exitosos estimularam o novo governo a
expandir o modelo. Entretanto, desde já destacamos a mudança que aconteceu no perfil do
projeto político a partir do ano de 2006. A cobrança por resultados influiu diretamente no
projeto político-pedagógico da escola, envolvendo professores e alunos, especialmente.
2.3 – A ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO GINÁSIO PERNAMBUCANO
“No início tudo é flores, depois... no inicio, desde o início, que eu sei que isso aqui iria se
tornar política pública”. (Trecho da entrevista do professor 23).
Com a mudança de Governo, no ano de 2008, em 10 de Julho do mesmo ano, o
Governador do Estado de Pernambuco, Excelentíssimo Senhor Eduardo Campos, juntamente
com o Secretário de Educação do referente mandato, Excelentíssimo Senhor Danilo Cabral,
decretam a Lei Complementar de nº 125 que cria, no âmbito do Poder Executivo, o Programa
de Educação Integral.
59 |
A criação da Lei teve por objetivo melhorar a qualidade do Ensino Médio e a
qualificação profissional dos estudantes da rede pública de educação no Estado de
Pernambuco. Com a Lei Complementar de nº 145, compete ao Programa de Educação
Integral:
I – executar a Política Estadual de Ensino Médio, em consonância com as diretrizes das
políticas educacionais fixadas pela Secretaria de Educação;
II – sistematizar e difundir as inovações pedagógicas e gerencias;
III – difundir o modelo de educação integral no Estado, com foco na interiorização das ações
do governo e na adequação da capacitação de mão de obra, conforme a vocação econômica da
região;
IV – integrar as ações desenvolvidas nas Escolas de Referências em Ensino Médio em todo o
Estado, oferecendo atividades que influenciem no processo de aprendizagem e
enriquecimento cultural;
V – promover e apoiar a expansão do ensino médio integral para todas as microrregiões do
Estado;
VI – consolidar o modelo de gestão para resultados nas Escolas de Referências em Ensino
Médio do Estado, com o aprimoramento dos instrumentos gerenciais de planejamento
acompanhamento e avaliação;
VII – estimular a participação coletiva da comunidade escolar na elaboração do projeto
político-pedagógico da Escola;
VIII – viabilizar parcerias com instituições de ensino e pesquisa, entidades públicas ou
privadas que visem colaborar com a expansão do Programa de Educação Integral no âmbito
Estadual;
IX – integrar o ensino médio à educação profissional de qualidade como direito a cidadania,
componente essencial de trabalho digno e do desenvolvimento sustentável.
Para planejar e executar todas estas ações do programa, foi criada a Unidade Técnica
de Coordenação do Programa de Educação Integral. Assim, os Centros de Ensino
Experimental criados passaram a ser denominados de “Escolas de Referência em Ensino
Médio”.
60 |
[...] Essa decisão do Governo do Estado tem o objetivo de democratizar o ensino e de dar as mesmas oportunidades a todos (as) os (as) pernambucanos
(as), sejam eles (as) da capital ou do interior. O programa de Educação
Integral é uma política voltada para a melhoria da qualidade do ensino da rede estadual que, por meio de inovações curriculares e metodologias
diversificadas, promove cidadania e atende aos anseios da juventude
(SILVEIRA FILHO, 2010, p. 02).
Segundo Silveira Filho (2010), no ano de 2009, cento e três escolas foram implantadas
em regime integral e, em 2010, mais cinquenta e sete unidades, atendendo a mais de 32 mil
jovens de cento e três municípios do Estado de Pernambuco. Entretanto, os dados
quantitativos não refletem positivamente nos discursos dos professores, conforme analisamos.
No que compete aos docentes das escolas integrais, no parágrafo 2º do Artigo 5º, os
professores passaram a cumprir uma carga horária de 40 horas/aulas semanais, distribuídas
em 05 dias semanais, correspondente ao funcionamento de cada escola. Desta forma, a carga
horária cumprida dentro de sala de aula duplica para os professores do CEEGP, visto que não
se consideram mais as horas necessárias para o planejamento, mas as horas dentro de sala de
aula.
Essa alteração é refletida no discurso dos professores, mais evidentes ainda no que
confere às respostas quando nos referimos à desmotivação dos professores, seja na escola ou
no sistema integral. Foram identificados dezesseis professores que, em suas entrevistas,
expressaram a sua insatisfação com o tempo que hoje lhes cabe para planejamento de aulas,
individual e em grupos, atrelado com a elaboração e correção de provas. Selecionamos alguns
trechos para ilustrar a nossa análise.
“Na escola integral era o que, no início era o que, você tinha as 40 horas semanais, 20 horas
seriam para disciplinar, aula disciplinar, ou seja, aula de regência. E 20 horas você teria que
estar preparando aula de regência, Você teria que estar preparando aula de laboratório,
você estaria corrigindo prova, você estaria preparando situações, modalidades, aulas
diferenciadas. No início foi flores, aí com o tempo a coisa foi mudando e mudou!” (Trecho da
entrevista do professor 23).
“No início, a gente tinha um planejamento, a agente tinha assim, um... umaaa, a gente sabia
as metas, a gente tinha um foco, a gente tinha, na realidade, uma organização de trabalho. E
hoje, por conta da própria secretaria que impõe uma carga horária maior, a gente não tem
61 |
esse tempo. Até mesmo pra gente se preparar pra você... é, é... preparar uma aula, preparar
um material. A gente não tem esse tempo, que a gente tinha anteriormente. Então, a
qualidade da minha aula, de uns dois anos, dos anos que eu comecei aqui, pra hoje não é a
mesma. Então isso me desmotiva muito”. (Trecho da entrevista do professor 26).
“A excessiva carga de trabalho. Eu sinto que num primeiro momento, lá no iniciozinho do
programa integral, existiam mais possibilidades de trabalho. Um tempo de planejamento,
com possibilidades de deslumbrar alternativas outras que não sejam aquelas estritamente
ligadas ao livro didático, a lousa, sabe? E eu acho que, pra isso, tempo é fundamental. No
primeiro momento, isso até existia, mas ao longo do programa, esse quantitativo de aulas foi
aumentando, essa carga horária, enfim...” (Trecho da entrevista do professor 14).
“a pressão é... quando você deveria ter um espaço para planejar, para desenvolvimentos de
projetos, você não tem! Aqui é aula, aula, aula, aula. Você é aula, menino é aula, todo mundo
é aula. Então isso torna algo cansativo. Você não tem tempo pra desenvolver um projeto,
você não tem tempo para desenvolver uma atividade extra, porque não há um momento de
planejamento, infelizmente”. (Trecho da entrevista do professor 16).
“O que desmotiva é que não só eu, mas muitos professores que estão com a carga horária
muito alta. Então tem muita atividade. A gente não tem tempo de se sentar, pra planejar
nada, é tudo nas carreiras. Tipo, agora, chegou prova de recuperação, ela já quer a prova. A
gente ainda não fechou as notas dos meninos, a gente fez prova de sala semana passada. Tem
que corrigir, lançar, pra entregar e a gente tem que mandar a outra prova que já é semana
que vem, então é tudo muito corrido. Aí a gente não tem tanto tempo, porque é muitas aulas
entendeu? (...) Então aquele que está lá em cima, esquece que já foi professor um dia e que a
realidade em sala de aula é diferente, entendeu? A gente está aqui, a gente sabe que não é só
dar aula, mais aula que os meninos vão aprender. A aula tem que ser diferente, mas pra ser
diferente tem que reduzir a carga horária para que o professor possa reduzir uma aula
diferente. Então o que eles vêm lá em cima, eles acham que o menino vai aprender com aula
e aula. E não é assim. A gente sabe, a gente, digamos, a gente sabe que teria que ter uma
aula diferenciada, mas em que tempo que a gente vai fazer isso aqui? Entendeu?” (Trecho da
entrevista do professor 22).
Existe uma ordem nos dezesseis discursos extraídos das entrevistas que é comum a
todos os professores: a quantidade de tempo que são dedicados a aulas, atualmente, ultrapassa
a quantidade de tempo que era dedicado anteriormente no CEEGP, ou seja, a falta de tempo
para planejamento e preparação de projetos é resultado da grande demanda em sala de aulas.
A consequência deste fato reflete no cotidiano dos professores e, por decorrência, nas
entrevistas realizadas.
Em cada entrevista realizada, uma nova ilustração deste quadro. Tratar de felicidade
com os docentes permitiu alcançar estes relatos que quaisquer dados quantitativos não
62 |
poderiam alcançar com a riqueza de detalhes. Estes trechos se manifestavam quando
questionávamos quais os fatores desmotivantes em trabalhar na instituição ou no sistema
integral. Os professores que ingressaram na instituição desde o Centro Experimental sempre
faziam referência ao tempo que tinham para planejar a aula com saudosismo. Entretanto,
também identificamos professores que não vivenciaram a fase do Centro Experimental, mas
perpetuaram esta ordem discursiva.
Em se tratando de remuneração, a gratificação salarial também sofreu alterações com a
chegada da Lei. O Artigo 8º extingue os cargos comissionados discriminativos no Anexo II
desta Lei Complementar. Também no Artigo 9º trata que as despesas com a execução da
presente Lei, ocorrerão à conta de dotações orçamentárias próprias. A fim de compreender
melhor a lei, o Professor nº02, em sua resposta, nos conduziu ao entendimento de como
aconteceu toda a transformação.
Segundo relatos dos próprios professores, no período do Centro Experimental, os
docentes recebiam o seu salário antes de chegar ao Centro somado ao dobro do valor, ou seja,
200% a mais ao valor recebido. Esta gratificação foi um dos pontos que chamavam a atenção
dos professores para candidatarem-se e foi alvo de várias críticas também. As manifestações
que surgiram na inauguração do Centro, como afirmou a presidente da União Nacional dos
Estudantes (UNE) ao Jornal do Comércio “Privatizaram o GP” retrataram este quadro.
Afinal, esta gratificação não era possível acontecer sem os investimentos das empresas
privadas.
Quando o programa virou política pública, a explicação do Governo aos professores
estava baseada no custo por aluno. Os gastos com os discentes no sistema que propôs os
Centros envolviam três refeições mais o valor da gratificação salarial dos professores e os
materiais didáticos que resultavam de cinco a seis vezes a mais nos valores gastos por alunos
das escolas regulares. Um custo elevado, segundo o Estado, para assumir perante todas as
escolas integrais implantadas até 2008.
Na tentativa de manter o sistema integral e não obter gastos altos, o Governo ampliou
o número de alunos por sala e por escola, aumentou o número de professores, mas não o
suficiente para atender à toda demanda, conforme o projeto inicial. Ocorreu que o tempo em
sala aumentou e, com esta situação, a diferença para outros professores que ministravam aulas
em duas instituições diferentes era apenas que os professores do sistema integral permanecem
na mesma escola e as aulas e atividades acontecem no mesmo local, segundo relato do
63 |
Professor nº02. Em prol da manutenção deste custo, as reuniões das disciplinas, das áreas e
com todos os professores, foram reduzidas.
Ademais, na implantação, alguns gastos iniciais foram necessários para comprar
materiais e utensílios que seriam utilizados, o que, em longo prazo e com o passar dos anos,
não seria necessários repô-los, como exemplo, podemos citar a televisão, DVD, Datashow,
dentre outros. Contando também que alguns itens como a merenda escolar passou a fazer
parte do orçamento da escola regular, reduzindo o nível de diferenciação do integral. Essas
medidas fizeram o custo por aluno reduzir chegando a dois do aluno integral por um do aluno
regular, e em alguns casos igualdade.
“Essas coisas foram se amenizando até que ficou um... é mais ou menos equilibrado também.
Agora isso perdeu a qualidade em algumas coisas, claro, teve que abrir mão de coisas que
poderia ta numa maior qualidade, teve que abrir mão mais da qualidade pra a possibilidade
de universalização”. (Trecho da entrevista do professor 02).
Atualmente, não tomamos conhecimento da existência de materiais que retratem o
olhar dos docentes ou discentes sobre a Lei nº 145. A ordem é apenas para cumprimento da
mesma.
Assunção (2009) aponta evidências sobre a intensificação do trabalho influindo na
saúde dos professores, afirmando, no artigo, que os princípios que orientam as reformas,
mencionadas no discurso do professor acima, são de promoção da equidade social, buscando a
redução das desigualdades sociais. Assim, as escolas passam a se organizar, ampliando o
atendimento na matrícula, que influi no número de turmas ou no número de alunos por sala.
Esta movimentação pode ser observada como um paradoxo, onde a democratização do acesso
à escola acontece ao custo da massificação do ensino.
Com a finalidade de implantar escolas integrais em outras instituições da rede pública,
os custos foram reavaliados. Visando à universalização, o número de vagas para dos discentes
ampliou e houve e um pequeno aumento no número de docentes. Desta forma, o tempo
dedicado a estudos e planejamento foi reduzido, como foi citado pelo professor anteriormente.
Destarte, o desgaste em sala de aula é elevado, diminuindo os fatores motivacionais.
“A carga de trabalho aumentou muito. Pra você ter uma ideia, química, nós éramos quatro
professores e tínhamos um auxiliar de laboratório, tinham estagiários, hoje só temos três pra
fazer as mesmas coisas, o mesmo negócio. Então, a coisa ficou muito pesada, de repente, tá
pesando demais”. (Trecho da entrevista do professor 03).
64 |
Sobrecarregados com o trabalho, o tempo com os alunos acresceu de forma a interferir
diretamente na saúde dos professores que são responsáveis por dezoito turmas em todo o
colégio. De vinte e nove entrevistas realizadas, vinte professores comentaram ter solicitado
afastamento do trabalho ou apresentado alguma doença que interfere no seu labor. Por
doença, compreendemos que é a falta de saúde, segundo o dicionário Aurélio. Os motivos
variam de doenças crônicas (como hipertensão), a doenças genéticas (como o câncer).
Algumas doenças são citadas pelos professores desvinculando o trabalho com a enfermidade,
já outras são citadas como consequência da sobrecarga de trabalho. É fundamental obter esses
dados que corroboram para compreensão de algumas situações vivenciadas no cotidiano. Ou
seja, com um número expressivo de professores utilizando o afastamento, os alunos ficariam
teoricamente sem aula. Como os professores se encontram na instituição em horário integral,
cabe aos professores que estão em seus horários de planejamento de atividades, cobrirem
essas aulas. Esta ação pode parecer simples, entretanto, considerando que 69% dos
professores já solicitaram afastamento, se faz necessário ponderar com cautela.
Tratando deste conteúdo, Assunção (2009) afirma que na ausência de professores, que
foram convocados para alguma outra tarefa ou faltaram por doença, acontece um
reordenamento no trabalho da escola. Isso implica que outros profissionais terão que lidar
com o aumento do volume de trabalho. Esses improvisos trazem consequências para os
docentes e discentes que se encontram em situações que precisam eleger entre suas saúdes e a
responsabilidade.
[...] Os dados sobre afastamento do trabalho por doença não autorizam
a estabelecer associações diretas desses problemas com o trabalho desenvolvido pelos professores. Contudo, tais fatores são indicadores
que permitem elaborar hipóteses articuladas às cargas de trabalho
mencionadas anteriormente. O professor, extenuado no processo de intensificação do trabalho, teria a sua saúde fragilizada e estaria mais
susceptível ao adoecimento. Pode-se supor, ainda que a
hipersolicitação em regime de urgência o teria levado a ultrapassar ou a deixar de reconhecer o seu próprio limite (ASSUNÇÃO, 2009,
p.363).
Com esses dados, não temos a intenção de afirmar que apenas no período da Escola de
Referência foram constatadas essas doenças e/ou afastamentos. Os dados se referem a um
acúmulo de trabalho, seja consequência de longo ou curto prazo. Afinal, os professores da
65 |
rede pública apresentam, em sua maioria, mais de um vínculo e o tempo que atuam
lecionando é, em média, dezoito anos.
Mesmo em meio a este quadro docente, os alunos continuam apresentando bons
resultados do trabalho que é realizado na instituição. Em 2008, 65% dos discentes foram
aprovados nos vestibulares; em 2009, 70% e em 2010, 63%. Os dados foram informados pela
atual gestora do colégio, Prof.ª Neuza Pontes. A Escola de Referência em Ensino Médio
Ginásio Pernambucano vem recebendo prêmios por sua participação em projetos e trabalhos
diferenciados. Dentre eles, podemos citar, no ano de 2010, dois estudantes que foram
selecionados para participar no Parlamento Jovem em Brasília; vinte estudantes selecionados
no Programa Leadership (Liderança) da Embaixada Americana; dezessete estudantes
contemplados com bolsa de estudos na Associação Brasil América (ABA); Um aluno
contemplado com o 1º lugar no Programa Bancos em Ação na Etapa Regional e outro com o
3º lugar no programa Bancos em ação na Etapa Nacional. Já em 2011, quatro estudantes
foram selecionados pelo Programa Parlamento Jovem da Câmara dos Deputados; cinco bolsas
de estudos na Alemanha para os estudantes do Projeto PASCH10
e premiação individual de
três estudantes na Olimpíada de Jogos digitais e Educação (OJE).
É neste contexto paradoxal de resultados satisfatórios e discursos que retratam outra
realidade que encontramos o nosso campo empírico. Com o nosso cenário discursivo
construído, nos atemos agora à felicidade através dos docentes desta instituição.
10 A iniciativa “Escolas: uma parceria para o futuro” (PASCH abreviado em Alemão) engloba cerca de 1.500
escolas nas quais o alemão como língua estrangeira tem grande prioridade. O projeto PASCH deseja despertar o
entusiasmo dos alunos para a língua e a cultura alemãs em todo o mundo.
66 |
CAPÍTULO 3º
A FELICIDADE E SEUS DESDOBRAMENTOS
FONTE: Arquivo da biblioteca da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano.
67 |
uando nos propomos a pesquisar em teoria da educação, compreendemos que
segundo Garcia (2010, p.23), as teorias são produtos dos seres humanos, e
estes, por serem dinâmicos, têm, na sua essência, a completude e a
incompletude. A completude pode ser observada na dinâmica da história e a incompletude
cria possibilidade de renovação. Configura-se assim, uma teoria com as práticas que se
transformam, interpretam ou se conformam em outras teorias.
Desta forma, entendemos que a felicidade está configurada em um espaço formado por
práticas, onde, unidos com as diversas teorias que a interpreta, possibilita um ambiente
acadêmico científico de confluência da completude histórica com a incompletude da
renovação.
3.1 – UMA APROXIMAÇÃO TEÓRICA DA FELICIDADE
Não podemos, por seguinte, sugerir uma definição com a qual concordassem todos os
teóricos, leitores e professores. Em vez disso, prosseguimos melhor em nossa análise
examinando os vários significados que têm sido dados ao termo e analisando rapidamente os
empregos que lhe têm sido atribuídos. Perguntamos aos professores da Escola de Referência
em Ensino Médio do Ginásio Pernambuco o que, para eles, é felicidade? Com base em suas
respostas, analisamos os elementos que estão presentes em seus discursos conforme os
teóricos que debatem a felicidade.
D. Silveira (2007) afirma que, na sociedade atual, vivemos uma época em que as
questões étnico-morais, influenciadas pela política, sociedade e religião, fruto de um vazio
axiológico, parecem reivindicar uma reflexão sobre os fins dos homens e da humanidade. E
como proceder, senão resgatando alguns pensamentos filosóficos que se renovam a cada
encontro com os textos produzidos? Assim que se renovam a cada conceito encontrado no
discurso dos professores.
Ao longo da história da humanidade, diversos filósofos e pesquisadores procuram
definir o conceito de felicidade. Inquirindo sobre os primeiros conceitos de felicidade, pode-
se recorrer a Shikida e Rodrigues (2004) que destacam, segundo a filosofia clássica, o
conceito de felicidade nascido na Grécia antiga, onde Tales considerava felizes as pessoas que
fossem fisicamente fortes e sadias e que também tivessem alma evoluída e de sucesso.
Q
68 |
Segundo Corbi (2006), em seu artigo sobre os determinantes da felicidade em relação
aos gregos de 2.400 anos atrás, embora sejamos muito mais saudáveis, tenhamos uma
expectativa de vida muito maior, vivamos cercados de muito mais conforto e tecnologia e
tenhamos acesso a um conhecimento científico muito superior, não sabemos muito a respeito
da felicidade. Esta afirmação pode ser percebida na resposta do professor 18, abaixo, sobre o
que entende por felicidade.
“Eu não sei! Acho que não se possa medir, mas eu acho que eu sou uma pessoa feliz”.
(Trecho da entrevista do professor 18)
Aristóteles (384-322 a.C.), em sua obra Ética a Nicômaco (2005), apresenta elementos
importantes, classificados como virtudes, a serem seguidos pelos homens a fim de alcançar a
felicidade. A felicidade, na abordagem aristotélica, é buscada como um fim em si próprio.
Este fim em si próprio só é alcançado e transmitido às pessoas através do processo educativo.
A educação é o veículo que conduz à formação de homens virtuosos, e assim, de pessoas
felizes.
[...] de todos os bens, somente a felicidade constitui seu próprio fim, enquanto
as outras são os meios para adquiri-la. De um ponto de vista pedagógico, é necessário assimilá-la ao bem supremo, pois sem ela a atividade humana seria
vã (HOURDAKIS, 2001, p. 56-56).
Aristóteles compreende como virtude um hábito voluntário em uso, ou seja, se trata de
algo resultante de uma atividade e de um exercício perseverante que se adquire com a prática.
Desta forma, os meios e a vontade dos cidadãos são elementos que vão resultar na felicidade.
Constrói-se um cidadão virtuoso, através do hábito, modificando os seus costumes. O veículo
utilizado para essa transformação é a educação “que faz dos cidadãos homens de bem e põe as
crianças no caminho certo” (HOURDAKIS, 2001, p. 69). Desta forma, a educação é a
metodologia de ação de substituição da realidade, fornecendo ao homem a capacidade de
moldar o seu mundo. Esta forma que o filósofo interage entre a educação e a felicidade é
percebida no enunciado dos professores quando perguntamos o que o deixa mais feliz e esta
relação entre a educação e a felicidade acaba ressoando nas falas.
69 |
“O que me deixa mais feliz11
é saber que eu pude contribuir na vida de alguém! É ter não um
reconhecimento, mas de vez em quando você escuta. Eu tenho muito alunos meus que ainda
deixam depoimento pra mim: ‘aí, professora, eu ainda lembrei daquela coisa que a senhora
ensinou na sala’. é você saber que alguma migalhinha você colocou na vida de alguém, seja
na parte pedagógica, seja na parte emocional. E aí: ‘oh professora, estou tão bem, mais
feliz’. Então você vê que, de alguma forma, você contribui para aquela pessoa, de alguma
forma” (Trecho da entrevista do professor 08).
O filósofo também se coloca afirmando que o termo grego que provém da palavra
educação está estreitamente ligado ao movimento de transportar, conduzir. Portanto, a
educação, enquanto movimento, estabelece os regimes por meio da razão e dos hábitos. Esta
função é utilizada para que os sujeitos possam ser educados e apresentem comportamentos
distintos.
Aproximando do nosso campo empírico, travessamos o discurso dos professores e
enxergamos um aluno virtuoso como aquele que apresenta sonhos e metas galgadas e em
algumas situações alcançadas, através do processo educativo que vivenciaram. Participar
deste processo de realização dos estudantes, para os professores, ressoa com satisfação, pois
se sentem felizes, como ilustram os trechos anteriores e o abaixo.
“Eu posso dizer que eu gosto e me sinto feliz quando encontro alunos e que já está formando,
já esta trabalhando, que já está bem encaminhado. Então, isso deixa a gente feliz, porque eu
participei um pouco da formação da vida deles né?!” (Trecho da entrevista do professor 15).
Para Epicuro (2002), praticar ações que afastem as pessoas do medo e da dor,
buscando o prazer que falta, constrói a felicidade do ser humano. Ressalta-se que, para o
autor, prazer é “a ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma” (2002, p.43).
Isso não desmerece que uma pessoa escolha a dor, tendo em vista as consequências o que
prazer pode resultar futuramente. Ou seja, é possível que um indivíduo opte por sofrer em
uma determinada situação agora, mas consciente que o prazer provocado pela dor mais à
frente, seria maior. “Convém, portanto, avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com
o critério dos benefícios e dos danos” (2002, p.39).
Durante as entrevistas não verificamos nenhuma expressão dos professores referindo-
se a dor consciente, na certeza que o prazer que venha posteriormente seja maior. Quando os
11 Foi acrescentado a expressão “o que me deixa mais feliz” no depoimento do professor, para melhor
compreensão do leitor.
70 |
entrevistados se referem à dor, nos relatam como consequência de uma jornada de trabalho
extensa ou sequelas causadas por acidente físico, mental ou emocional. As dores não são
vistas pelos docentes como temporário, tampouco que vão trazer resultados mais prazerosos
futuramente.
“Felicidade é ter paz em Cristo, só! Porque, embora eu possa estar passando por um
vendaval, uma turbulência na vida, um pega-pra-capar violento, mas eu sei que eu tenho uma
certeza, que eu vou chegar num lugar mais tranquilo, seguro com um conforto maior, que é
Deus na minha vida”. (Trecho da entrevista do professor 23).
“Eu sou feliz porque eu tenho a convicção que a minha vida esta pautada na vontade de
Deus”. (Trecho da entrevista do professor 03).
A convicção da felicidade na existência espiritual dos professores citados nos trechos
acima, nos remete ao período da Idade Medieval, quando Santo Agostinho entende a busca da
felicidade como a tarefa maior do homem. Fundador da filosofia cristã, neste período, vai
exercer grande influência reinventando a relação do homem com a natureza, com Deus e com
os demais seres humanos.
Embora suas teorias filosóficas se misturassem com as teológicas, a atitude
investigadora de Santo Agostinho defendia a felicidade como o problema da motivação do
pensar filosófico. Em seu livro A vida feliz (1998), afirma que o homem não tem razão para
filosofar, o que procura é atingir a felicidade.
Em sua obra “Confissões” (1996), Santo Agostinho descreve como procurou alcançar
a felicidade plena, pois se tratava não apenas de pensamentos filosóficos, mas de uma história
de vida.
[...] Então, como Vos hei de procurar, Senhor? Quando Vos procuro, meu
Deus, busco a vida Feliz. Procurar-Vos-ei, para que a minha alma viva. O meu corpo vive da minha alma e esta vive de Vós. Como procurar então a vida
feliz? Não a alcançarei enquanto não exclamar. Basta, ei-la. Mas onde porei
estas palavras? Como procurar essa felicidade? Como? Pela lembrança, como se a tivesse esquecido, e como se agora me recordasse de que me esqueci?
(AGOSTINHO, 1996, p.279).
Assim, a felicidade, para Agostinho, consiste em um encontro pessoal com Deus,
guiada pela trilha da razão. Através da sua experiência particular de beatitude, atinge uma
teoria universal sobre felicidade: “A vida feliz em nos alegrarmos em Vós, de Vós e por Vós.
71 |
Eis a vida feliz, e não há outra. Os que julgam que existe outra apegam-se a uma alegria que
não é verdadeira. Contudo, a sua vontade jamais se afastará de alguma imagem de alegria”
(AGOSTINHO, 1996, p.282). Essa posição perpassa os períodos da história da humanidade
tornando Agostinho uma referência no período medieval, aproximando-nos dos discursos dos
professores quando nos referimos a conceitos de felicidade.
Kant (2001), em sua obra “A crítica da razão pura”, afirma que a felicidade não passa
de um ideal impossível de ser estabelecido, pois se baseia em sensações dependentes de
desejos subjetivos, determinados por prazer e pela dor. Esse pensamento do filósofo conecta
diretamente com algumas respostas dos professores à pergunta “pra você, o que é
felicidade?”. Na filosofia Kantiana, a felicidade está ligada ao bem-estar, mais precisamente
ao sentimento de prazer do sujeito, subjetivamente considerado. Encontramos discursos que
se aproximam do pensamento de Kant e endossam a conexão do nosso objeto de estudo com a
prática dos professores.
“Felicidade engloba muita coisa assim, aspecto físico, você estar bem fisicamente, bem de
saúde, bem mentalmente, as condições sociais também, favorecendo tudo isso. Então é um
conjunto, felicidade é um conjunto de realizações, de coisas que lhe tragam prazer” (Trecho
da entrevista do professor 05).
“Acredito que a felicidade ela tem uma relação direta com o bem-estar. Ser feliz é se sentir
satisfeito é se sentir realizado né?! Eu me sinto também nesse sentido. Acho que felicidade é
isso é estar bem consigo próprio” (Trecho da entrevista do professor 14).
Nessa perspectiva, a felicidade é impossível de ser estabelecida universalmente, tendo
em vista os desejos subjetivos de cada ser humano, e ainda levando em consideração as
sensações, dependentes dos desejos. A partir da sensibilidade, o homem só toma interesse por
aquilo que lhe proporciona prazer. Este sentimento de prazer é perceptível no homem (é
prático) e o conduz a buscar novas sensações prazerosas, que serão saciadas pelo objeto do
desejo, servindo como árbitro das atitudes. Este efeito, para o filósofo, é meramente subjetivo
e está restrito ao sujeito afetado.
Segue-se, pois, que a busca pela felicidade é inerente ao ser humano, já que tudo que
se refere à felicidade conduz a uma inclinação que requer satisfação. Quando uma inclinação
é satisfeita, temporariamente, se obtém uma espécie de contentamento, mas não a felicidade
em sua completude. Tendo em vista que, para o homem sempre existirão infinidades de
72 |
inclinações, ter a felicidade como meta na vida, será um projeto impossível de se realizar, pois
a felicidade consiste na satisfação de todas as inclinações humanas.
Desta forma, segundo Kant (2001), os docentes da Escola de Referência do Ensino
Médio Ginásio Pernambucano não encontram a felicidade plena. Mesmo 62% dos
entrevistados afirmando que se sentem felizes, 38% se consideram felizes em parte, visando à
satisfação de algumas inclinações que, até o momento da entrevista, não foram alcançadas.
Esse sentimento de prazer, que segundo Kant é prático, nos remete a alguns trechos das
entrevistas que ilustram essas inclinações dos professores. Selecionamos um que caracteriza
com clareza a nossa referência.
“Porque assim, a felicidade, ela ocorre... pra cada um existe um tipo de felicidade, o que vai
te fazer feliz, certo? o que pra mim, para o outro não é felicidade. Então, felicidade são
momentos. É a gente refletir sobre o cotidiano, as pequenas coisas nos trás felicidade. Então,
a felicidade de quando eu vejo um aluno, que muitas vezes não tinha o empenho tão bom, e
ele se esforça, e ele procura mostrar o seu máximo, e isso me arrepia. E eles fazem: ‘arrepiou
professora?’ Porque eu sou muito sensível e quando eles mostram aquela busca, daquela da
criatividade, de fazer algo assim eu vejo o meu aluno crescendo, isso é felicidade. Na minha
família ver todo mundo com saúde, isso também é felicidade, entendeu? Então sair para
trabalhar é felicidade. Então, estar doente para eu pensar, refletir um pouquinho, não vou
dizer que sou masoquista, mas vejo as adversidades como a busca da gente tornar essa
felicidade maior, porque não ter caos, vira bonança. Então pra gente seguir aquela plenitude,
né?! A gente precisa passar por dificuldades... minha felicidade tá no meu cotidiano mesmo.
Não vejo assim “ahhhh aquela” não, o meu cotidiano é cheio de felicidade”. (Trecho da
entrevista do professor 29).
Essa reflexão Kantiana, de procurar satisfazer as sensações, dependentes dos desejos
subjetivos converge com a reflexão do filósofo Comte-Sponville (2004), que, no livro A mais
bela historia da felicidade, define que a felicidade é algo particular. Para uns pode ser
encontrada na natureza, nos pequenos atos, o que pode não se encaixar na felicidade de outra
pessoa. A felicidade é um ‘ideal’ que não pode ser prescrito como um remédio. Hoje, para
grande maioria da população, a felicidade está ligada a conquistas ou experiências
particulares.
“A felicidade, não tem felicidade completa. Existem momentos felizes. Mas esses momentos
felizes a gente tem que aproveitar muito. E também tem que trabalhar, construir sempre pra
poder conseguir a felicidade. E também não se ligar se conseguiu, se não conseguiu, deixa
para trás e começa tudo de novo”. (Trecho da entrevista do professor 13).
73 |
Discutir a felicidade como objeto de estudo, levanta uma série de questionamentos
quanto à veracidade deste tema, tratado cientificamente. Portanto, nos remetemos a Layard
(2008), que discute a felicidade como uma nova ciência em estudo, apresentando conceitos e
pesquisas desenvolvidas recentemente. Para o autor, a felicidade é um sentimento que ocorre
durante toda a vida desperta e pode ser sintetizado em se sentir bem. Em contraposto, a
infelicidade é identificada na sensação de se sentir mal.
Pesquisas neurológicas, divulgadas no livro de Layard (2008), revelam que as boas
sensações estimulam a parte frontal esquerda do cérebro e as más sensações, a parte frontal
direita do cérebro, permitindo, desta forma, planificar uma medida natural da felicidade
através da diferenciação dos lados direito e esquerdo. Com base nestes resultados o autor
afirma que “quando falo em felicidade, refiro-me a se sentir bem – aproveitar a vida e desejar
que essa sensação se mantenha. Quando falo em infelicidade, refiro-me a se sentir mal e
desejar que as coisas fossem diferentes” (LAYARD, 2008, p.28). Esta forma de tratar a
felicidade pode ser ilustrada no trecho abaixo, onde o bem-estar se aproxima do que realmente
é a felicidade, mas situações podem acontecer que se afastem do estar bem e se aproximem da
infelicidade.
“Felicidade é o bem-estar, você estar em paz com você mesmo. Não existe nada que, quando
você se deite, diga: ’poxa vida estou com isso, com aquilo, me falta isso...’ É o meu estar
bem. Eu acho que felicidade mesmo, você pode dizer eu estou feliz agora e mais tarde,
alguma coisa lhe abater e ‘pou’, eu estou infeliz, né?! Eu acho que a felicidade é
momentânea, vai de acordo com momento com o que está passando. Vamos supor eu recebi
uma notícia, Deus me livre, que perdi meu pai, vou me achar a pessoa mais infeliz do mundo,
né?! Mas é um conjunto”. (Trecho da entrevista do professor 10).
Quando perguntamos ou falamos se estamos felizes, corresponde à média tirada de
uma série de momentos, do conjunto relatado pelo professor no trecho anterior. Essa média,
para Layard (2008) se refere a uma ponderação da quantidade de momentos bons e momentos
ruins da vida. Neste sentido, esclarecemos que, para o autor, não existe a possibilidade de uma
pessoa se declarar feliz e infeliz ao mesmo tempo, os sentimentos positivos diminuem e os
negativos aumentam como uma balança, ou vice-versa. Pois, “a felicidade começa onde a
infelicidade termina”.
Os estudos de Layard (2008) trazem uma relevância para a nossa pesquisa, pois
constatamos que sempre que os professores fazem referência à felicidade, se remetem a boas
sensações, a satisfações de desejos, sonhos e realizações. Quando Epicuro (2002) debateu a
74 |
dor momentânea, pensando no prazer maior, mais à frente, e relatamos que não encontramos
nenhuma referência do nosso campo empírico a esta abordagem, concluímos que a dor, para
os docentes, não se aproxima da felicidade, seja ela no momento ou em longo prazo. A dor,
por sua vez, se aproxima da infelicidade e, desta forma, os estudos de Layard (2008)
quantificam esta percepção.
Destarte, nos distanciamos do autor quando se trata da subjetivação da felicidade.
Compreendemos que não é possível tratar de felicidade quantificando-a. Os desejos, anseios e
sensações são sentimentos que ao nosso entender não podem ser mensurados. Sem embargo,
acreditamos ser relevante para a discussão o ponto de vista da felicidade como ciência.
3.2 – CAPITAL E CONSUMO
Na mira de averiguar os nossos pressupostos, tendo já trabalhado a felicidade segundo
o discurso dos professores da instituição pesquisada, nos remetemos a alguns trechos das
entrevistas que levantam a discussão a cerca dos salários dos docentes das Escolas Integrais.
Manacordas (1991), analisando a pedagogia moderna, afirma que o capital tende a
transformar o trabalho para além das suas necessidades naturais, criando elementos que
estimulem o seu consumo e a sua produção. Com os produtos apresentados sedutoramente, o
indivíduo principia enxergá-los como fundamentais para sua vida, mesmo que o produto não
seja utilizado para suprir suas carências primárias para sobrevivência, desaparecendo sua
necessidade natural em sua forma imediata. Pois, no lugar da necessidade natural colocou-se
uma necessidade historicamente desenvolvida.
O surgimento de novas necessidades é característico do capitalismo atual. Neste
sentido, o capitalismo é definido por Lipovetsky (2007) em um sistema baseado na mudança
dos métodos de produção, na descoberta de novos objetos de consumo e de novos mercados.
Essa mutação do capitalismo se apresenta através das estratégias do marketing, que procuram
novos produtos e mercados, transformando-os, sedutoramente. Esta realidade capitalista pode
ser ilustrada com o trecho abaixo, onde o professor fala da importância do dinheiro para a
manutenção do seu padrão de vida, que foi colocado no período do Centro Experimental, e,
hoje, necessita obter outras fontes para manter o padrão estabelecido.
75 |
“Mas como você precisa ter mais, um algo mais, para suprir aquele padrão de vida que você
colocou, então há cinco anos, seis anos, o que eu tinha como padrão de vida, com aquele
dinheiro e foi reduzindo, reduzindo... Hoje eu tenho que trabalhar mais e ter mais, mais...
mais trabalho pra ter uma renda que não chega nem a ser metade do que eu ganhava há
cinco anos”. (Trecho da entrevista do professor 20).
Não se trata, desta forma, de uma necessidade básica de sobrevivência, mas da
manutenção de desejar e obter produtos do mercado que compõem o padrão de vida
estabelecido, como afirma o professor. Corroborando com a discussão, Bauman (2001) afirma
que, antes, o capitalismo estava solidificado com suas bases bem definidas e fixadas em
mercadorias. Hoje, o capital viaja leve, demora em um lugar o tempo necessário para durar a
satisfação e tende a ser obcecado por valores. Quanto maior a satisfação no produto, maior o
desejo de consumir, independente do valor da mercadoria.
Destarte, a história do consumismo é a história da quebra de sucessivos obstáculos
sólidos, substituídos pelos desejos, mais fluído e expansível. Assim sendo, o código da
política de vida deriva do comprar, ir além de lugares, fora das lojas, dentro de casa, nos
lazeres, nos sonhos, buscando novas receitas de vida, condicionando a nossa felicidade ao que
somos, ou ao que deveríamos ser, se nos esforçássemos mais.
Nesta discussão junto com Bauman (2001), questionamos os professores sobre qual o
seu maior sonho e, diante das respostas, analisamos um elevado número de professores que
conectam o seu sonho ao dinheiro. Seja para obter um padrão de vida melhor ou trocar de área
pela falta de reconhecimento financeiro, adquirir bens materiais ou obter recursos para viajar
ou, até mesmo, não realizar o sonho porque perderá a remuneração que hoje obtém. No total,
são 51% dos professores que, em suas respostas para a realização do seu maior sonho,
necessitam de um investimento financeiro, como vemos no trecho abaixo.
“O maior sonho meu... eu vou dizer que é jogar na mega sena e ganhar, porque eu não jogo
(risos), eu não posso nem dizer isso, que eu não jogo. Rapaz, o meu maior sonho, eu
conseguir estruturar tudo isso numa boa. Era eu ter um bom salário, ter mais tempo para
minha família, mais tempo pra mim. Poder viajar todo ano, isso era o Oásis”. (Trecho da
entrevista do professor 17).
Mesmo o desejo de dedicar-se à família e obter mais tempo para os relacionamentos
pessoais está interligado a uma condição financeira maior. Esta ideia de tempo associada a um
padrão de vida é fruto do capitalismo atual, segundo Bauman (2001). Isso significa que o
prêmio hoje, nunca é suficiente, há sempre um melhor mais a frente e, assim, o desejo torna-
76 |
se o único propósito, não questionável. Permanecer na corrida de alcançar estes sonhos é o
mais importante. Entretanto, Bauman (2001, p.86) afirma que “na corrida dos consumidores, a
linha de chegada sempre se move mais veloz, do que os mais velozes dos corredores”.
Quando o desejo é alcançado, ou antes mesmo de acontecer, novos estímulos surgirão e novos
desejos e sonhos serão construídos, consequências de viver em mundo cheio de oportunidades
atraentes, com poucas coisas predeterminadas e poucas derrotas definidas.
Lipovetsky (2007), analisando o capital desenfreado, defende uma nova sociedade: a
sociedade do hiperconsumo. A era do hiperconsumo se constituiu quando os comportamentos
tradicionais e as normas puritanas caíram no esquecimento, proporcionando o sistema de
crédito a todas as classes sociais para consumir. Esta sociedade do hiperconsumo é formada
por neoconsumidores, que são os indivíduos que estão sempre buscando um novo consumo,
uma nova mercadoria, com o desejo desenfreado em consumir.
A ideia do consumo para o autor será culturalmente construindo. Os hábitos dos pais
são repassados de geração em geração, construindo o neoconsumidor. Através da publicidade,
o marketing inventa o consumidor moderno que foi educado e seduzido pela publicidade a
consumir marcas. Paralelamente à publicidade, o grande magazine vai impulsionar o desejo e
a necessidade de consumir, por meio de estratégias de sedução, com técnicas modernas.
O capitalismo de consumo foi sendo construído desde os pequenos mercados locais até
os comércios de grande escala. Através da infraestrutura moderna de transporte e
comunicação, a produção em série de mercadorias padronizadas pôde ser distribuída
nacionalmente com valores mais baixos. Deste modo, o número de produtos crescia e o preço
decaía, chegando ao alcance das massas. As propagandas nas televisões são um exemplo do
estímulo constante que chega a qualquer pessoa.
Na fase da economia de massa, o consumo está centrado no equipamento dos
indivíduos e não da família, ou seja, em práticas de consumo individualizadas. O que
caracteriza esta fase é a diminuição no poder das regras coletivas e o crescimento da
individualização dos ritmos de vida. O consumo individualista da cultura de massa é onde se
convida à apreciação dos prazeres dos instantes, a felicidade do agora, do individual, exibindo
a alegria do consumo.
Hoje se observa as proliferações das farmácias da felicidade, onde o neoconsumidor
pode ter em mãos a felicidade sem esforço, porque a felicidade se encontra na aquisição do
produto e isso acontece de imediato e por meios alcançáveis, como defende Lipovetsky
77 |
(2007). Deste modo, tem-se a nova relação emocional dos indivíduos com as mercadorias. As
marcas, em suas propagandas, falam de valores, meio ambiente, saúde, e muito pouco do
produto, vendendo, assim, uma visão ou conceito de um estilo de vida associado à marca.
Interligando a mercadoria ao consumo através do sentimento, construindo sonhos e novos
padrões de vidas a todo estante.
Na presente situação, temos o gosto pela mudança e o desejo pelas novidades
difundidas universalmente. O marketing de hoje vem investindo no sentimento das pessoas e
nas possibilidades de experimentar o novo. O sensitivo e o emocional são áreas que estão
sendo investidas para estimular os sentidos do consumidor, “numa época em que as tradições,
a religião, a política são menos produtoras de identidade central, o consumo encarrega-se cada
vez melhor de uma nova função identitária” (LIPOVETSKY, 2007, p.45).
Segundo Bauman (2011), hoje se chegou ao fim do homem como um ser social, as
existências individuais estão fatiadas numa sucessão de episódios fragilmente conectados. As
nossas identidades estão em constantes movimentos, procurando manter-nos vivos por um
momento, mas não por muito tempo. Perde-se a capacidade de manter relações sólidas e
duradouras e, em seu lugar, tem-se um homem inteiramente e verdadeiramente livre, tão livre
que a agenda da libertação está praticamente esgotada. No mundo das novas oportunidades,
elas não parecem funcionar. Assim, “as identidades ganharam livre curso, e agora cabe a cada
indivíduo, homem ou mulher, capturá-las em pleno voo, usando os seus próprios recursos e
ferramentas” (BAUMAN, 2011, p. 35).
Desta forma, faz da identidade uma tarefa para toda a vida, ousando assumir riscos e
fazer escolhas em relação a si próprio, aos outros e à sociedade. Essas escolhas deslocam as
responsabilidades para o ombro dos indivíduos e a principal força motora por trás desse
processo é liquefação das estruturas e instituições sociais.
No ambiente fluído, não se consegue manter uma forma por muito tempo, nem saber o
que se espera. Com poucos pontos firmes na vida, o desprendimento constitui a luta pelo
poder e autoafirmação, pois a essência da identidade está nos relacionamentos firmes que
precisamos dela não apenas pela autoafirmação, ou autodefinição, mas aos apelos
comunitários de grupos que influenciam na identidade individual.
[...] A construção da identidade assumiu a forma de uma experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam. Você assume uma identidade
nem momento, mas muitas outras, ainda não testadas, estão na esquina
esperando que você as escolhas. Muitas outras identidades não sonhadas ainda
78 |
estão por ser inventadas e cobiçadas durante a sua vida. Você nunca saberá ao
certo se a identidade que agora exibe é a melhor que pode obter e a que
provavelmente lhe trará maior satisfação (BAUMAN, 2005, p. 91 e 92).
Dentro desta discussão sobre identidade, levantada por Bauman (2011), questionamos
o processo de implementação das Escolas de Referências no Estado, mirando o estímulo
financeiro e a conexão dos professores com a escola e os alunos, sabendo como este processo
resultou na construção de uma nova identidade nos professores.
Esta identidade dos professores da escola integral assumiu primeiramente uma forma
de experimentação, que foi percebida no processo do Centro Experimental, na ousadia dos
professores de assumir riscos e fazer escolhas.
“Então, a gente rompeu com muita coisa pra vim pra cá”. (Trecho da entrevista do professor
23).
Cientes das escolhas realizadas, o processo de identificação com os novos princípios
de uma escola integral passaram a acontecer. As identidades ganham livre curso e os
professores vão utilizar ferramentas próprias para se identificarem na nova tarefa. Assim, foi
possível visualizar no discurso dos professores como esta identidade resultada de um processo
da escola integral influi na autoafirmação e autoidentificação deste grupo.
“Eu não me vejo trabalhando em outro lugar. A não ser, talvez, ou outro integral ou outro
semi-integral que talvez tenha a mesma filosofia de trabalho” (Trecho da entrevista do
professor 17).
Através desta identidade construída nos professores, nos remetemos à pesquisa
realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (2008), onde os
sujeitos da nossa pesquisa se classificam, através de sua renda per capita, como integrantes da
“Nova Classe Média”. A classe C está compreendida abaixo das classes A e B e acima das
classes D e E e possui uma renda mensal entre R$ 1.064 (mil e sessenta e quatro reais) e R$
4.561 (quatro mil quinhentos e sessenta e um reais), o que representa cerca de 53,8% dos
brasileiros, no final de 2008.
Esta mudança é representada pelo aumento de investimentos na ascensão e consumo,
com possibilidades de aquecimento no mercado imobiliário, bens de consumo duráveis e
expectativa de vida, conforme Ricci (2011). Entretanto, esta Nova Classe Média, também é
79 |
caracterizada por não possuir um nível de instrução elevado, é o que o Sociólogo Jessé Souza
(2011) vai denominar de “Os Batalhadores Brasileiros”. Para o sociólogo, as pessoas
percebem a oportunidade marcada pela ausência de privilégios e a aproveitam, como o capital
técnico e literário, que classificam a Classe Média.
Nesta discussão, é possível enquadrar os professores, não apenas da escola integral,
mas também do sistema regular, na Classe Média, segundo os dados divulgados pela
Faculdade Getúlio Vargas. Porém, percebemos que esta identidade construída do professor da
escola integral vai além da Nova Classe Média. Eles se conectam com o perfil de pessoas
batalhadoras, como discute o J. Souza (2011), pela jornada de trabalho, pelo desgaste físico e
emocional de estar envolvido neste processo, mas que, neste caso, é sustentado por uma base
de estudos e pesquisa que visa o aperfeiçoamento contínuo do profissional.
3.3 – O PARADOXO DA FELICIDADE
A terminologia da palavra paradoxo deriva do grego e pode ser analisada da seguinte
forma: o prefixo para quer dizer “além de” ou “fora de” é acrescida do sufixo doxa, que
significa “crença” ou “opinião”. Etimologicamente, portanto, o termo paradoxo define algo
contrário à opinião geral, ou à opinião admitida pelo senso comum. Além da etimologia, o
sentido da palavra pode ser associado a algo inesperado, denotando que a aparência
inacreditável de algo envolve um desafio filosófico.
Segundo Pessoa (2009), em seu estudo sobre a concepção de paradoxo, vários
conceitos e classificações foram atribuídos à palavra ao longo dos anos, inquirindo suas
particularidades e desencadeando novas indagações e investigações. Desta forma, “o
paradoxo soa ao ouvinte como absurdo porque foge aos princípios considerados sólidos”
(PESSOA, 2009, p.37).
Através dessa discussão, visando apresentar pressupostos abrangentes para a análise
crítica do tema em questão, faz-nos aventurar pelo caminho da relação da felicidade com a
sociedade do consumo, esboçando informações, que neste momento interligam-se,
controvertendo o paradoxo da felicidade.
A sociedade de consumo não se impôs com o seu ideal de felicidade. Aos poucos foi
se difundindo às esferas da vida social e se organizando de acordo com os princípios
80 |
consumistas. A procura de uma vida plena e satisfatória e o mercado fazem com que essa
busca nunca possa terminar como se ilustra no trecho abaixo.
“Grandes sonhos... alguns sonhos pequenos você vai realizando não é?! Por exemplo: casa,
você vai realizando aos poucos, é só se organizar... são sonhos que aí você vai realizando aos
poucos, casa, carro, viajar, pintar, né?!” (Trecho da entrevista do professor 19).
Bauman (2009) faz uma série de questionamento a respeito de como a felicidade está
disponível por meio de atalhos que precisam passar por lojas. O estímulo ao consumo conduz
as pessoas a se imaginarem em posições mais altas e cobiçarem mais produtos, para que “o
mundo da fantasia” um dia se torne real. Entretanto, esses clientes, essas pessoas, nunca terão
o bastante, o volume suficiente, pois o gasto não leva a certeza da saciedade, onde o bastante
nunca bastará. O caminho para a felicidade passa pelas lojas e, quanto mais exclusivas, maior
a felicidade alcançada. Atingir a felicidade significa a aquisição de coisas que outras pessoas
não têm chance nem perspectivas de adquirir. Com suas palavras, Bauman afirma:
[...] Numa sociedade de compradores e numa vida de compras, estamos felizes
enquanto não perdemos a esperança de sermos felizes. Estamos seguros em
relação à infelicidade enquanto uma parte dessa esperança ainda palpita (2009,
p.24).
Para o autor, vivemos em uma era em que o esperar se torna cada vez mais difícil de
viver. Compramos presentes caros para compensar o tempo que não foi gasto com uma pessoa
querida, vamos comer fora para não perder tempo fazendo a comida. Fazemos isso, movidos
pelo desejo de compensar e redimir a culpa que impulsiona essas atitudes. Assim, podemos
observar como é forte e generalizada a crença de que há um vínculo íntimo entre a felicidade,
o volume e a qualidade do consumo: um pressuposto subjacente a todas as estratégias
medidas pelas lojas que recai nos sonhos dos professores investigados. O dinheiro é o veículo
que realizará os sonhos pessoais.
Acordando com Bauman (2009), Lipovetsky (2007) afirma que cada vez mais o
mercado estimula a viver melhor, exigindo a felicidade e ampliando a culpa dos infelizes por
não se sentirem bem. Infelizes, não por uma meta não atingida, mas por uma sequência de
mecanismos perversos que o convence de que era preciso ser feliz. Estes mecanismos podem
ser identificados diariamente através da publicidade e do marketing, que utilizam slogans para
81 |
as mercadorias expondo que a sua felicidade pode ser encontrada naquele produto ou em
alguma ação.
Entretanto, na análise das entrevistas, verificamos que os professores que não se
declararam felizes, ou declararam-se felizes em parte, não relacionam a sua plenitude de
felicidade ao consumo, mas sim, à ausência de tempo para dedicarem-se com mais sucesso ao
preparo de aulas, sem precisar estar em um ritmo alto de sala de aula e atendimento às
demandas do sistema.
“E o que me deixa, às vezes, um pouco triste é esse trabalho muito exaustivo. Eu não estou
me eximindo do meu trabalho, mas tem horas que você precisa de um tempo para fazer um
bom trabalho”. (Trecho da entrevista do professor 11).
Como afirma Bauman (2010), na sociedade de hoje, onde as pessoas apresentam uma
renda financeira maior, não está claro que estão se tornando cada vez mais felizes. Parece que
a busca dos seres humanos pela felicidade se mostra responsável pelo seu próprio fracasso. “A
estratégia de tornar as pessoas mais felizes aumentando suas rendas aparentemente não
funcionam” (BAUMAN, 2009, p.8 e 9). A capacidade da renda ampliada em gerar felicidade
parece não estar sendo superada pela infelicidade, causada pela falta de acesso ao que o
dinheiro não pode comprar.
Uma pesquisa divulgada pela BBC Brasil (2006) mostra que, apesar do aumento da
riqueza, a população Britânica não se tornou mais feliz. A proporção de pessoas entrevistadas
que se declararam “muito felizes” caiu de 52% (em 1957) para 36% em (2006). A pesquisa
sugere que depois de alcançado um patamar em cerca de R$ 38 mil (trinta e oito mil reais), o
dinheiro não torna as pessoas mais felizes. E 48% dos entrevistados ainda declararam que os
relacionamentos são o fator mais importante para a sua felicidade.
O capitalismo de consumo prega a felicidade como presente radiante, gozo imediato
sempre renovável. Contudo, produzimos e consumimos sempre mais e não somos mais felizes
por isso. Deve-se reconhecer que o aumento do consumo, seja ele consciente ou não, não é
similar ao aumento da ideia de felicidade.
[...] O paradoxo merece ser sublinhado: eis uma sociedade em que mais de
90% dos indivíduos se declaram felizes ou muito felizes e na qual, ao mesmo tempo, as depressões e as tentativas de suicídio, as ansiedades e consumo de
82 |
medicamentos psicotrópicos se propagam à maneira de uma torrente
inquietante (LIPOVETSKY, 2007, p. 201).
O grande paradoxo da felicidade é que a renda das pessoas aumentou, as sociedades
ocidentais estão mais ricas, mas não se tornaram mais felizes. Pesquisas revelam que o
aumento da renda e a duplicação do padrão de vida, não são proporcionais ao aumento da
felicidade, como afirma Layard (2008), e reforça: “quando as pessoas se tornam mais ricas em
comparação com outras pessoas, tornam-se mais felizes. Mas quando sociedades inteiras se
tornam mais ricas, não se tornam mais felizes” (p.49).
Uma pesquisa que compara a felicidade dos países ocidentais revela que os países
mais ricos não são mais felizes que os mais pobres. Isso não elimina a satisfação que as
pessoas sentem ao saírem de uma condição financeira menor para uma condição financeira
maior. Mas quando a renda per capita dos países ricos aumenta, ela não é proporcional ao
crescimento da felicidade.
[...] Portanto, temos no Primeiro Mundo um profundo paradoxo – uma
sociedade que busca fornecer renda cada vez maior, mas é pouco – ou nada –
mais feliz do que antes. Ao mesmo tempo, no Terceiro Mundo, onde a renda extra realmente traz felicidade extra, os níveis de renda ainda estão muito
baixos (LAYARD, 2008, p.56).
Quando se trata de renda, é preciso compreender que esta depende de dois fatores: o
que as outras pessoas recebem e o que você mesmo está acostumado a receber. “No primeiro
caso seus sentimentos são governados pela comparação social, e no segundo, pelo hábito”
(Layard, 2008, p.60). É preciso esclarecer também, que à medida que a renda aumenta, a
norma pela qual é avaliada também aumenta.
[...] Se a maioria, nas pesquisas, declara-se feliz, todo mundo, a intervalos
mais ou menos regulares, se mostra inquieto, insatisfeito com sua vida privada
ou profissional. [...] Um passo a frente um passo para trás: a alegria, a
frivolidade de viver não tem encontro marcado com o progresso. Sempre mais
satisfações materiais, sempre mais viagens, jogos, esperança de vida: contudo, isso não nos escancarou as portas da alegria de viver (LIPOVETSKY, 2007, p.
149).
Este paradoxo da felicidade corrobora com as demais respostas sobre qual seria o
maior sonho dos professores. Além das realizações alcançáveis através do dinheiro, a família
constrói o sonho e a realização dos entrevistados. A leitura que fazemos é que, hoje, para
83 |
alguns, a família se tornou uma prioridade, tendo em vista que a estabilidade financeira já foi
alcançada.
“O meu maior sonho, hoje, é formar uma família, por isso que, assim, eu também, eu pensava
em fazer universidade, mas eu pensava em, poxa, mais cinco anos... por isso que eu não
quero fazer um curso que seja num período menor, porque eu quero formar a minha família.
Então, minha prioridade é formar uma família, minha vida pessoal, entendesse?” (Trecho da
entrevista do professor 22).
Na pesquisa divulgada pela British Broadcasting Corporation (BBC) Brasil (2006),
apenas setenta e sete entre mil e uma pessoas afirmaram que o trabalho era uma de suas
principais fontes de felicidade. Contudo, em resposta à pergunta que fizemos aos professores,
procurando entender o que os permitiam ser mais felizes, a satisfação com a vida profissional
deixou clara a contribuição do trabalho para a felicidade dos sujeitos.
“Olha, o que me deixa mais feliz é encontrar os meninos depois. Eles passam aqui três anos,
entram no primeiro ano do Ensino Médio, na primeira série do Ensino Médio e saem daqui
após a terceira série. E o que me deixa mais feliz é encontrar esses meninos aqui de novo,
depois de 4 a 5 aos eles voltam e fazem o relato da vida deles. Dizem: professor, eu estou na
faculdade”. (Trecho da entrevista do professor 22).
84 |
Considerações Finais
Ter o objeto de estudo como a felicidade foi um desafio acadêmico. Os materiais
relacionados são encontrados com facilidade, porém são voltados para autoajuda, superação e
autoestima, que são vertentes que destoam do nosso foco. Os documentos que endossaram a
nossa pesquisa passaram por um filtro a fim de que não distanciassem da felicidade, tratada
no âmbito acadêmico.
A aproximação com a felicidade iniciada nas pesquisas desde a graduação, por sua
vez, facilitou o nosso contato com as dimensões objetivas e subjetivas, pelo qual permeia o
nosso objeto de estudo. Compreender a dinâmica de interação e separação destas dimensões
se apresentou como um novo desafio, tendo em vista que o lugar e os sujeitos dinamizam esta
conexão, na medida em que as experiências aconteciam.
O marco metodológico permeou toda a trajetória, do princípio, na aproximação com os
sujeitos e coleta de material (construção do questionário, na forma de abordagem e
transcrição), até a configuração dos discursos com as fontes teóricas. A cada entrevista, vários
discursos, inúmeros enunciados, a felicidade!
Na mira de construir o cenário discursivo e compreender os enunciados que
deparamos nos discursos dos professores, adentramos no processo histórico da instituição e
nas estâncias sociais, encontrando um arcabouço teórico rico, porém contado apenas através
das instâncias governamentais. Entretanto, mesmo com os documentos institucionais em
mãos, tratando do período do Centro Experimental como grande êxito, verificamos que os
próprios professores que passaram por toda a mudança para o período integral, iniciado em
2004, não destoam da teoria. Não são apenas documentos institucionais que relatam o período
do Centro Experimental com sucesso, mas são experiências vividas que constroem um
discurso exitoso.
Diferentemente do período do CEEGP, a Escola de Referência em Ensino Médio
Ginásio Pernambucano, não tem um arcabouço teórico que abordem a proposta pedagógica e
as experiências vivenciadas até o momento. Procuramos outros materiais que estivessem
alinhados com a recente proposta das Escolas de Referências, mas os documentos
disponibilizados nas bibliotecas das universidades, não foram encontrados pelo pesquisador e
pelos funcionários responsáveis pelos locais.
85 |
Assim, optamos por não dedicar apenas um capítulo aos discursos ou ao referencial
teórico, mas interagir a literatura com trechos das entrevistas enriquecendo a nossa percepção
e análise das entrevistas do material teórico alcançado. Admitimos que a história dos
discussantes contribuiriam para fundamentar com mais solidez os discursos dos professores.
Entretanto, consideramos este ponto como uma abertura para uma investigação mais precisa
futuramente, tomando posse dos anexos com qualidade nas discussões.
No percurso de coleta de dados, encontramos alguns obstáculos institucionais que
atrasaram um pouco a nossa aproximação com o campo empírico. A documentação solicitada
e o tempo de liberação prorrogaram o nosso contato com os professores. Ao chegar à Escola
solicitamos a realização das entrevistas com todos os professores independente da idade,
tempo de trabalho ou qualquer outra variável. Devido ao tempo, a divisão por gênero,
disciplina, ou tempo de serviço na instituição, não foi possível neste momento, mas trazem
uma riqueza de dados que mais a frente poderá ser explorado em outra ocasião com
propriedade.
Transcrever as entrevistas foi um trabalho que requereu tempo. São vinte e nove
entrevistas realizadas com vinte e uma perguntas cada uma, que resultaram em pouco mais de
180 páginas. O tempo pareceu pouco para os enunciados encontrados, a impressão destas
entrevistas no momento de análise facilitou a visão baseada no corpo docente e não em cada
professor. Estar envolvido em todos os processos de transcrição facilitou a análise e o recorte
dos trechos das entrevistas. Entrevistar todos os professores que estiveram de acordo permitiu
analisar como o discurso do Centro Experimental se perpetua nos docentes, mesmo com os
professores que não estiveram na instituição durante o período do CEEGP.
Apresentar como referência o discurso dos professores caracteriza este trabalho que
proporcionou voz aos que estão diretamente envolvidos nos processo educacional. Não se
trata apenas de papéis ou documentos hoje impressos, mas de vidas que precisam ser ouvidas,
pontos de vista que sentem diariamente, moldam caráter e fazem a educação tão discutida.
A quantidade de entrevistas e transcrições a serem realizadas construiu um arcabouço
teórico importante e com várias possibilidades de exploração acadêmica. Para tecer os
argumentos da nossa problemática fizemos o uso da Análise do Discurso que nos permitiu
olhar para as entrevistas semiestruturadas com criticidade. Analisar os discursos através de
teóricos como Michel Foucault e Deleuze, fomentou as dimensões objetivas e subjetivas desta
pesquisa.
86 |
Durante o processo de construção da dissertação, fomos questionados algumas vezes
por não definir o que entendemos por felicidade. Mas, orientados pela banca de qualificação e
tendo em vista a quantidade de conceitos sobre felicidade encontrados nos discursos dos
professores, preferimos não ousar a fim de não influir a ponto de classificar se os professores
eram ou não felizes, segundo o nosso entendimento. Destarte, compreendemos que os mesmo
já possuem esta compreensão se são ou não felizes e em quais os momentos se consideram ou
não felizes.
Não temos dúvidas que o ambiente de trabalho é um fator de grande importância na
felicidade dos docentes pesquisados. Considerando o tempo e a dedicação de cada um, é
possível compreender que não se tratam de professores que estão apenas preocupados com a
ministração da aula e cumprimento de horários, mas que se envolvem e se esforçam para fazer
o melhor que podem, mesmo com o pouco tempo que hoje dispõem, fato que os deixam
desmotivados por saberem que não têm tempo para se prepararem melhor.
Encontrar a felicidade no discurso dos professores, não significou entender que todos
são felizes, mas que a busca pela felicidade é constante, apresentando-se como uma
regularidade discursiva. Há sempre uma nova perspectiva de felicidade, e essa dinâmica se
movimenta a cada experiência de vida.
Na perspectiva de verificar a nossa hipótese, nos aproximamos dos referenciais
teóricos que discutiam o consumo e suas vertentes. Neste universo foi possível analisar que
mesmo com um salário e gratificação diferenciados, os sonhos e desejos, estão intimamente
ligados ao dinheiro. Não se trata apenas de ter uma grande quantia de dinheiro disponível,
mas de realizar vontades, satisfazer-se através do capital. Não podemos deixar de considerar
também a força que os familiares e amigos próximos exercessem em cada indivíduo. Os
relacionamentos surgem como a base de tudo o que os bens materiais não possam alcançar e
com grande exercendo forte influência no conceito de felicidade.
O alunado é o principal fator motivacional dos professores do Ginásio Pernambucano.
A burocracia, cobranças e a falta de tempo não encobrem a felicidade que os professores
sentem quando os alunos respondem aos seus estímulos. Mais do que salários, segundo os
professores são as pessoas fazem a grande diferença na felicidade, elemento que nos
surpreendeu.
Com este trabalho pretendemos contribuir para o âmbito acadêmico científico,
permitindo com que os enunciados dos professores ressoem nas instâncias formais da
87 |
educação. Por este motivo, voltamos ao Ginásio Pernambucano, aos sujeitos de nossa
pesquisa como forma de aproximar a nossa investigação a prática. Não se trata apenas de um
trabalho de dois anos, se trata da felicidade de vidas.
88 |
Referências
AGOSTINHO, Santo Confissões. São Paulo, Nova Cultural, 1996. Tradução de J. Oliveira
Santos, S.J.; e A. Ambrósio de Pina, S.J.
_______. A Vida Feliz. São Paulo, 2ª Edição, Paulus, 1998. Tradução Nair de Assis Oliveira.
ALUNOS protestam e fazem passeata. Diário de Pernambuco. Caderno Vida Urbana.
Recife, 27 de junho de 2002.
ALVES, Denise M. G.; SORRENTINO, Marcos. Felicidade e o seu papel nos Processos
Educadores: um diálogo necessário na busca de indicadores de Sustentabilidade
Socioambiental. V Encontro Nacional da Anppas, Florianópolis – SC, Brasil. 2010.
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Martin Claret, São Paulo, 2005.
ASSUNÇÃO, Ada Ávila; OLIVEIRA, Dalila Andrade. Intensificação do trabalho e saúde dos
professores. Revista Educação e Sociedade, Campina, Vol. 30, nº 107, p.349-372,
maio/ago., 2009.
BASSALOBRE, Janete Netto. A educação em tempos de crise paradigmática: Análise da
proposta de Edgar Morin. Educação e Fronteiras, Drados, MS, v.1, n.1, jan./jul. 2007.
BAUMAN, Zygumunt, A Arte da Vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
________. Capitalismo Parasitário. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010.
BRASIL. Lei Complementar Nº 145 de 10 de Julho de 2008. Cria o Programa de Educação
Integral, e dá outras providências. Palácio do Campo das Princesas, Recife – PE.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196 de 10 de outubro
de 1996. Diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo seres humanos.
Brasília, 1996.
BRASIL, Pernambuco. Lei nº 12.588 de 21 de maio de 2004. CRIA A UNIDADE
TÉCNICA DE COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DOS
CENTROS DE ENSINO.
BRITO, Angela Xavier de; LEONARDOS, Ana Cristina. A identidade das pesquisas
qualitativas: construção de um quadro analítico. Cadernos de Pesquisa, nº 113, p.1-38,
julho/2001.
BONI, Valdete e QUARESMA, Sílvia J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em
Ciências Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-graduandos em Sociologia Política da UFSC.
Vol. 2, nº 1(3), janeiro-julho/2005, p. 68-80.
89 |
CASTRO, Edgardo. Vocabulário de Foucault – um percurso pelos seus temas, conceitos e
autores. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2009.
COLARES, Juliana. As “queridinhas do ensino público”. Diário de Pernambuco. Recife, 19
de janeiro de 2010. Disponível em:
http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/01/19/urbana2_0.asp. Acesso em 30 de
novembro de 2010.
COMTE-SPONVILLE, André; DELUMEAU, Jean; FARGE, Arlette. A mais bela história
da felicidade: A recuperação da existência humana diante do mundo. Rio de Janeiro,
editora:DIFEL, 2006.
CORBI, Raphael Bottura, MENEZES-FILHO, Naércio Aquino. Os determinantes empíricos
da felicidade no Brasil. Revista de Economia Política, v.26, nº4, São Paulo, out/dez.2006.
DAMASCENO, Alexandre; SACHSIDA, Adolfo. Felicidade, casamento e choques
positivos de renda: Um estudo para o Distrito Federal. IPEA. Rio de Janeiro, maio de
2010.
DELEUZE, Gilles. Foucault. Ed.: Edições 70. Coleção: Biblioteca básica de Filosofia, 2005.
DOSSE, F. L’Empire Du sens. Paris: Natahan, 1995.
DUARTE, Rosália. Pesquisa Qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. Cadernos de
Pesquisa, nº 115, p.139-54, março/2002.
DURHAM, E. A pesquisa antropológica com populações urbanas: problemas e perspectivas.
In: CARDOSO, R. (Org.) A aventura antropológica: teoria e prática. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2ª edição. P.32-33. 1998.
EPICURO. Carta sobre a felicidade: (a Meneceu). São Paulo: Editora UNESP, 2002.
ESCOREL, Sarah. Vidas ao léu: trajetórias de exclusão social. Rio de Janeiro: Fiocruz,
1999.
FERREIRA, Maria Cristina Leandro. Linguagem, ideologia e Psicanálise. Estudos da
Linguagem. Porto Alegre, fevereiro de 2005.
FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. Edições Loyola, 20ª Edição, São Paulo, Brasil,
1996.
________. Arqueologia do Saber. Tradução de Luiz Felipe Beata Neves. 7ª Ed. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 2010.
________. Loucura e sem-razão. História da Loucura na época clássica. Paris, Gallimard,
v.1, 1994.
90 |
GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre. Ed.: Artes Médicas,
2000.
GARCIA, Clarice Aparecida Alencar. Formação de professores na melhoria da prática
docente: um estudo a partir do método P.E.R.A. Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências e Letras. Campus de Araraquara, 2010.
GINÁSIO Pernambucano reabre as portas. Diário de Pernambuco. Caderno Vida Urbana.
Recife, 25 de julho de 2002.
HOURDAKIS, Antoine. Aristóteles e a Educação. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São
Paulo: Edições Loyola, 2001.
INVASÃO surpreende secretário. Jornal do Comércio. Caderno de Educação. Recife, 21 de
dezembro de 2002.
JESUS, Saul Neves de. SANTOS, Joana Conduto Vieira Santos. Desenvolvimento
Profissional e Motivação dos professores. Revista Educação, Porto Alegre – RS, ano XXVII,
n.1(52), p 39-58, Jan/Abril, 2004.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática. Editora
Alternativa, 5ª Edição Revista e Ampliada, 2004.
________. As teorias pedagógicas modernas revisitadas pelo debate contemporâneo na
educação. In: LIBÂNEO, José Carlos; SANTOS, Akiko (Orgs.). Educação na era do
conhecimento em rede e transdisciplinaridade. Campinas: Alínea, 2005. p. 19-63
LIMA, Elvira Souza. Um acaso, que virou um caso, que virou uma causa. PROCENTRO,
Governo de Pernambuco, Secretaria de Educação e Cultura, 2006.
LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade do
hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Trad. Manuela Pinto dos Santos e Alexandre
Fradique Morujão. 5ª ed.. Lisboa: Fundação Calousete Gulbenkian, 2001.
KUHN, Thomas Samuel. A estrutura das Revoluções Científicas. Tradução de Beatriz
Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Editora Perspectiva, 2007.
MAGALHÃES, Marcos. A juventude brasileira ganha uma nova escola de Ensino Médio:
Pernambuco Cria, experimenta e aprova. São Paulo: Albatroz: Loqui, 2008.
MANACORDA, Mario Alighiero. Marx e a Pedagogia Moderna. São Paulo: Editora
Cortez, 1991.
MASLOW. Abraham H. Motivation and Personality. Third Edition, University of Santa
Clara, Santa Clara, California, 1817.
91 |
MELO, Indira Verçosa de. Relatos de uma experiência: os três anos que mudaram a
história do Ginásio Pernambucano. Olinda: Livro Rápido, 2010.
MENEZES FILHO, Naercio Aquino. A Evolução da Educação no Brasil e seu impacto no
Mercado de Trabalho. Departamento de Economia, Universidade de São Paulo, Março
2011.
MILLS, C. Wright. Do artesanato intelectual. In: A imaginação sociológica. 6ª Ed. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 1982. p. 211-243.
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 3. Ed. rev. mod. pelo autor. Rio de Janeiro:
Bertrand, Brasil, 1999.
ORLANDI, Eni. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 8ª Ed. Campinas, SP:
Pontes Editores, 2009.
PERNAMBUCO. Governo do Estado. Secretaria de Educação, Cultura e Esportes. Proposta
Curricular para o Ensino Médio Integral. Recife: SEDUCPE e UNDIME-PE, 2010.
PERNAMBUCO. Governo Do Estado. Ginásio Pernambucano. O mais antigo Centro de
Ensino do País. E o mais novo também. Informativo utilizado para núncio de jornal. Acervo
da biblioteca Prof. Olívio Montenegro do Ginásio Pernambucano – Rua da Aurora.
PESSOA, Nemone de Sousa. Um estudo sobre a concepção de paradoxo segundo o
pensamento de Augustus de Morgan. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação
em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, - RN, 2009.
PINHEIRO, Eliana M., KAKEHASHI, Tereza Y., MARGARETH, Angelo. O uso de
filmagem em pesquisas qualitativas. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão
Preto, v.13, n.5, set./out. 2005.
ROCHA, Décio e DEUSDARÁ, Bruno. Análise de Conteúdo e Análise do Discurso:
aproximações e afastamentos na (re)construção de uma trajetória: Alea, V. 7, Nº2, Julho-
Dezembro 2005, p.305-322.
SANTANA, Luciana Justino de Almeida Silva de. Acesso e imaginário social no Ginásio
Pernambucano da década de 1980. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de
Pernambuco, CE, Programa de Pós-graduação em Educação, 2011.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 8. ed. Porto, Portugal:
Edições Afrontamento, 1996. (Coleção Histórias e Ideias, v. 1).
SILVA, Isis Tavares. Pensando na Felicidade Feminina: Busca das razões práticas nas
professoras de Educação Física da rede pública do Recife-PE. Trabalho de Conclusão de
Curso. Departamento de Educação Física, Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal de Pernambuco, 2009.
92 |
SHIKIDA, P. F. A.; RODRIGUES, O. A. R. Economia e felicidade: uma análise regional
sob a perspectiva rural e urbana. Diálogo Econômico, n. 2, out. 2004.
SILVEIRA, Daniela M. S., Os conceitos de Felicidade e Beatitude em De Consolatione
Philosophiae de Severino Boércio. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Letras da
Universidade do Porto. 2007.
SILVEIRA, Rosa Maria Hessel. A entrevista na pesquisa em Educação – uma arena de
significados. In: COSTA, Marisa Vorraber (org.). Caminhos Investigativos II. Rio de
Janeiro: Lamparina editora, 2007. P.117-138.
SILVEIRA FILHO, Nilton da Mota. Guia do Educando. Secretaria de Educação, Governo
de Pernambuco, 2010.
TORRES, Gilvani Alves Pilé. A medição pedagógica em Blog no Ensino Médio, Recife.
2009. 145f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Pernambuco.
CE. Educação.
_________. Entrevista concedida a Mestranda Isis Tavares da Silva, no dia 01 de dezembro
de 2010, às 15h, no Bloco I da Secretaria de Educação de Pernambuco, Localizada na Rua
Afonso Olindense, Várzea, Recife – PE.
Imagens:
Imagem 01: Ginásio Pernambucano. Disponível em: < http://www.flickr.com/groups/>.
Acesso em 13 de fevereiro de 2011.
Imagem 02: Capa do Livro escrito por Marcos Magalhães (2008). Acervo da biblioteca Prof.
Olívio Montenegro – CEEGP.
Imagem 03: Valores de investimentos e custeios realizados pelos Centros de 2001 a 2007,
baseados nos registros financeiros do PROCENTRO. Imagem retirada do livro de Magalhães
(2008, p. 96).
Documentos Eletrônicos
BARROS, Isabela. Quatro empresas se unem para reformar Ginásio Pernambucano. Jornal do
Comércio. Recife, 18 de dezembro de 1999. Disponível em:<
http://www2.uol.com.br/JC/_1999/1812/cd1812i.htm>. Acesso em: 16 de fevereiro de 2011.
DUTRA, Paulo. Mais escolas em regime integral. Diário de Pernambuco. Recife, 23 de
janeiro de 2009. Disponível em:
http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/01/23/urbana7_1.asp. Acesso em 30 de
novembro de 2010.
93 |
GASPAR, Lúcia. Ginásio Pernambucano. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim
Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: 16 de fevereiro de
2011.
MAGALHÃES, Marcos. Projeto de Gestão escolar, São Luís, 01 de Abril de 2008.
Disponível em:
http://www.icema.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=86:marcos-
magalhaes-apresenta-projeto-de-gestao-escolar-em-sao-luis. Acesso em: 30 de novembro de
2010.
MARQUES, Mirella. Futuro incerto para o Ginásio Pernambucano. Diário de Pernambuco.
Caderno: Cidade Urbana. Recife, 28 de agosto de 2008. Disponível em: <
http://www.diariodepernambuco.com.br/2008/08/28/urbana11_0.asp>. Acesso em: 06 de
fevereiro de 2011.
MEDEIROS, Marilú Fontoura. Homenagem a Gilles Deleuze (1925-1995). Disponível em:
<http://www.ricesu.com.br/colabora/n8/homenagem/index.htm> . Acesso em :12 de março de
2012.
NASCIMENTO, Wanderson Flor do. Espaço Michel Foucault. Disponível em: <
http://vsites.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/index.html>. Acesso em 26/10/2011.
_________. O Ginásio. Disponível em
<www.magmarqueologia.pro.br/G_Pernambucano.htm>. Acesso: 16 de fevereiro de 2011.
PERNAMBUCO, Governo. Abertas as inscrições para a seleção de profissionais para as
Escolas de Referência. Recife, 16 de dezembro de 2008. Disponível em:<
http://www.jusbrasil.com.br/noticias/404217/> Acesso em 30 de novembro de 2010. Teto do Ginásio Pernambucano desaba pela segunda vez este ano. Diário de Pernambuco. Recife, 14
de janeiro de 1998. Disponível em:<
http://www.dpnet.com.br/anteriores/1998/01/14/urbana7_0.html>. Acesso em: 16 de fevereiro
de 2011.
1ª 2ª 3ª
LE
I F
ED
ER
AL
Nº
9394/9
6
PA
RE
CE
R N
º 15/9
8 C
EB
/CN
E
RE
SO
LU
ÇÃ
O N
º 03/9
8 C
EB
/CN
E
BA
SE
NA
CIO
NA
L C
OM
UM
LINGUAGENS,
CÓDIGOS E SUAS
TECNOLOGIAS
Língua Portuguesa 6 6 6 720
Educação Física 2 2 2 240
Artes 2 1 1 160
CIÊNCIAS DA
NATUREZA,
MATEMÁTICA E
SUAS
TECNOLOGIAS
Matemática 6 5 6 640
Química 3 3 4 400
Física 3 3 4 400
Biologia 3 3 4 400
CIÊNCIAS
HUMANAS E SUAS
TECNOLOGIAS
História 2 2 3 280
Geografia 2 2 3 280
Filosofia 1 1 1 120
Sociologia 1 1 1 120
TOTAL DA BASE NACIONAL COMUM 31 29 35 3840
PA
RT
E
DIV
ER
SI
FIC
AD
A
LINGUAGENS,
CÓDIGOS,
CIÊNCIAS DA
Língua Estrangeira- Inglês* 2 2 2* 240
1 1 - 80*
ANEXO I
NATUREZA,
MATEMÁTICA,
CIÊNCIAS
HUMANAS E SUAS
TECNOLOGIAS.
Língua Estrangeira –
Espanhol*
1 1 2* 80*
Projeto de
Empreendedorismo
2 2 1 200
Eletivas** 2** 2** - 160
AT
IVID
AD
ES
CO
MP
LE
ME
NT
AR
ES
Práticas de Ciências 2 2 - 160
Estudo Supervisionado 2 2 1 200
Preparação acadêmica - 2 4 240
Projetos de Formação*** 2*** 2*** - 240
Atividade de Pesquisa
/Estudo
2 2 2 240
TOTAL DA PARTE DIVERSIFICADA 14 16 10 1560
TOTAL GERAL DA CARGA HORÁRIA 45 45 45 5.400
ANEXO I
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
CARTA DE CESSÃO
Eu,____________________________________________________________________
______________________________________________________________________,
RG nº. ______________________________, autorizo a aluna Isis Tavares da Silva RG
nº 6966.237 – SDS/PE a utilizar o texto transcrito da entrevista que a ela concedi, no dia
_____/_____/__________ bem como partes deste texto ou quaisquer dados nele
contidos, para finalidades acadêmico-científicas.
OBSERVAÇÕES:_______________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________, ______/______/_______
_________________________________________________
Entrevistado (a).
ANEXO II
ANEXO III
ENTREVISTA 01
1. Nome
-X-
2. Idade
52 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Há 19 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Há uns 26 anos
5. Uma média da sua renda mensal?
R$ 3.500,00
6. Qual a sua carga horária?
200 horas/ aulas
7. Porque escolheu ser professor?
E acho que a profissão foi quem me escolheu. E de repente eu vi que eu tava numa
área que eu me identificava muito bem, mas não fui eu quem escolhi, foi a
profissão que me escolheu.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Não, faria igual!
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Seis anos.
10. Como começou trabalhar aqui?
Um convite, eu recebi um convite que essa escola era diferente né?! Tinha um
período integral, de 7:30 até as 17h e tinha uma proposta diferente, a realidade que
eu tinha no momento da escola regular. Então eu quis ver o que era diferente.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto!
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
O que me motiva é... os colegas que a gente se dá muito bem, tem um bom
relacionamento E o aluno é um pouquinho diferente da escola de periferia.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
É... alguns alunos que vem pra cá e não percebe que a proposta é diferente, a
proposta de querer ajudar, de quere ta... eles estão tendo a oportunidade que outros
não vão ter. É isso que me desmotiva né. Porque eles têm todas as facilitações, mas
eles não enxergam que isso é um bom pra eles, é um benéfico. Então eles agem
como se aqui, o que foi oferecido a eles, eles não aproveitam.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Em “n” motivos, um dos motivos é o acréscimo no salário, você precisa, o que você
tem num salário de uma escola regular, você necessita de mais, um valor pra poder
cobrir. Então o integral ele tem a diferença de valor. E o outro é a própria
experiência no meu caso, é o algo diferente que faltava na minha vida, naquele
momento e tava precisando ver a educação, a sala de aula diferente. E realmente
encontrei um pouco diferente do que eu via.
15. O que te motiva no programa?
É a grade de horário, os alunos, o canto é maior. Agora o ser do integral é que ele
prende muito você, deixa você um pouco, desobrigado de você mesmo. As
obrigações pessoais, você tem que deixar a parte. Ele lhe exige mais e de certa
forma você fica preso, vamos dizer assim, ao horário, ao expediente.
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Me sinto bem, Feliz é... a felicidade a gene ta sempre em busca dela, feliz não
estou, eu estou contente, a felicidade a gente está em busca.
18. O que te deixa mais feliz?
A família...
19. Pra você, o que é felicidade?
(pergunta respondida anteriormente)
20. Qual o seu maior sonho?
Acho que meu maior sonho eu já realizei. Era ter um emprego que eu pudesse me
sustentar e sustentar minha família.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Não... não. Afastado não, durante esses anos nunca precisei ser afastado não, daqui
pra frente, não sei.... com a idade.... (risos)
ENTREVISTA 02
1. Nome
- X-
2. Idade
44 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Há 19 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Há 19 anos
5. Uma média da sua renda mensal?
Juntado aqui e o outro vínculo empregatício que eu tenho, dá uma média e R$
5.000,00
6. Qual a sua carga horária?
2 vínculos, o total de carga horária seria e 400 horas/aula.
7. Porque escolheu ser professor?
Na realidade, na realidade foi um acidente de percurso. Eu digo que foi um acidente
de percurso, porque na realidade quando em vim, eu sou do interior, e quando eu
vim estudar aqui, eu vim na possibilidade é... buscar a área de engenharia, eu vim
na perspectiva que desde garotinho que eu achava que daria para essa questão de
engenharia. Eu sempre gostei da parte de engenharia. Meus desenhos inclusive de
artes, eram casa, eu gostava de desenhar casa. Aí quando a professora me fez uma
crítica dizendo que eu só desenhava casa, aí eu mudei um pouquinho e passei a
desenhar uma em cima da outra. Aí eu acho que tinha tendência porque tinha
facilidade em matemática, tinha uma facilidade na área de biologia, né, que eram as
ciências. Isso foi bem antes da oitava, na oitava série eu entrei em contato muito
superficialmente com física e química, mais com física do que com química. E aí
essa tendência continuou, eu me desloquei do interior para vir pra capital, pra fazer
o ensino médio, e continuei gostando dessa área, me saia muito bem na área de
ciências da natureza, prestei vestibular, foi o último vestibular unificado. O curso
que eu queria na realidade não tinha no estado de Pernambuco, é, só existia em dois
locas no Brasil que foi, era pra ser Engenharia Eletrônica, era o que eu ia fazer
inicialmente, então Engenharia Eletrônica, só tinha inicialmente, tinha em João
Pessoa na Paraíba e em ao José dos Campos, onde esta a EMBRAE, em São Paulo.
Não tinha em outros locais e eu não tinha como estudar em João Pessoa, eu não tina
condições financeiras de estudar lá, e foi o último vestibular unificado que teve que
era a universidade Católica e as Federais juntas, que era o SESEP, um negócio
assim, e aí você, como eram várias juntas, você colocava as opções do grupo. Como
não tinha Engenhara Eletrônica e tudo mais, eu botei Engenhara Agronômica,
Engenhara Agronômica, que era uma coisa que me ligava ao interior do estado,
aquele negócio todo. Aí eu botei Engenhara Agronômica, mas aí nas opções, entre
as opções eu botei, Engenhara Agronômica, aí depois, química licenciatura,
Engenhara Química tal. Nessa época eu não tinha noção, que pra entrar em
engenharia química, a média de licenciatura, era menos do que a que precisava para
engenhara. Eu sai botando de forma aleatória, porque eu estudei na escola pública e
a gente não tinha essas informações de: “olha o aluno entrou com tal nota, com
tantos pontos”, eu sai botando o que eu achava na preferência. Eu disse, não eu
gosto, como eu vim do interior eu gosto de engenharia, agronomia, na Rural. Aí na
Federal eu disse, não eu não gosto de nenhum da Federal, aí eu disse: “Eita tem
química, química eu sempre gostei mito de química, eu vou botar química” aí eu
botei, licenciatura em química. Aí na católica tinha engenharia química, química
industrial e eu sai botando, aí cada na federal tinha química bacharelado, a única
coisa que eu não queira era bacharelado, porque o pessoal disse não, bacharelado é
pra quem vai ser pesquisador, num sei o que. Aí eu disse não, vou deixar
bacharelado lá pro final. Aí eu sai botando: agronomia, química licenciatura, aí sai
botando as engenharias, as engenharias que eu podia botar no grupo que você tinha,
botar quatro ou cinco diferentes, porque podia juntar, tatás numa, tanta na outra. Os
grupos eram maiores, os grupos agora são bem menorzinho, deixa você no máximo
e olhe lá (gesticulou um lugar apertado). E não, botava vários e fui é... no resultado
do vestibular, fui classificado para entrar em química, em licenciatura em química.
E aí comecei a fazer o curso em licenciatura em química. Gostei muito o curso, no
final do primeiro ano eu fui convidado para mudar para engenharia, e não quis
mudar. Aí continuei a fazer o curso, aí o grande vírus desse negócio acontece
quando você vai para a sala de aula pela primeira vez. Esse é o grande problema!
Aí na época de lá para o quinto ou sexto período, eu vim e fui estagiar, e fui fazer
estágio, a Secretaria de Educação estava, abriu o período para estágio, muito
rapidamente assim, tal. Aí eu fui fazer estágio, era pra fazer o estágio e me
acompanhar a professora e aquele negócio, entreguei a documentação na GRE e fui
pra escola, quando eu cheguei na escola, eu não seria o estagiário, eu seria o
professor. Tinha uma professora lá, mas ela tava dando cobertura as outras turmas.
Ela tinha as suas turmas e tinha uma série de turma lá na escola que não tinha
professor, e aí a escola, pra onde a escola que eu fui na realidade foi a escola que eu
estudei, aí eu fui que foi uma das escolas que eu estudei, que foi Almirante Soares
Dutra. Aí eu fui pra lá, como eu era pra ser estagiário da professora, terminei
virando professor de várias turmas, aí o vírus pegou. Aí gostei da coisa e continuei.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Eu não sei se faria diferente, é muito difícil esse negócio de voltar no tempo e fazer
diferente. Talvez eu tivesse algumas outras opção diferentes, não em relação a
licenciatura, porque por exemplo a oportunidade de mudar para engenharia se fosse
depois de um certo tempo, eu teria mudado na época. Inclusive foram quatro alunos
do grupo, não só... só dois... não três alunos tinham sido convidados. Do curso de
licenciatura, só três alunos tinham sido convidados, não só do curso de licenciatura,
mas era eu de licenciatura e dois do curso de química industrial. Foram convidados
para mudar para engenharia, que era o filé mignon do curso. Os alunos inclusive
entravam, bota isso como outras opções, para se der certo, mudar pra engenharia
quando chegasse na universidade. Daí foram três pessoas convidadas, dois
aceitaram, eu não aceitei. Aí o coordenador veio e disse: “não vai aceitar não” “ não
quero não, tou bem tou fazendo o curso, tou gostando do curso, as das cadeiras que
eram quase as mesmas” “você vai pagar as mesmas cadeiras, quando chegar mais
pra frente, é que vai mudar um pouquinho”, eu disse: “não quero não, eu ia fazer
agronomia, entrei em química, estou gostando do curso de licenciatura. Então eu
vou ficar fazendo licenciatura e quando chegar lá no final, eu vou e boto as cadeiras
de engenharias, pago as cadeiras de engenharia” Aí ele disse: “ pense direitinho
veja com outras pessoas e tudo mais” Aí ele falou com outros professores que eram
professores dos dois pra falar comigo. “Porque que ele não muda rapaz, ele tem
umas notas muito boas num sei o que”. Aí vieram falar comigo, aí me chamou de
novo só ele sozinho e tal e diziam: “rapaz o curso e muito bom e num sei o que”
“não eu já tou em licenciatura mesmo” “mas o mercado de trabalho esta melhor
para engenharia” aí eu fiz: “não eu não sei nem se eu vou trabalhar nisso e tal”.
Fiquei e pronto. Agora eu fiz até o final do curso, e antes de terminar o curso eu fiz
outra coisa e não terminei porque, por uma questão de sobrevivência. Quando eu
cheguei na metade do curso eu fiz vestibular novamente pra... já era separado e fiz
pra direito na Federal e passei. Eu fiz dois anos e meio. Não pude fazer, concluir o
curso mais pra frente porque eu terminei química, um pouquinho depois de
terminar eu me casei e aí tem que sobreviver né. Tem que assumir outras coisas,
apareceu a oportunidade em trabalhar em química numa escola particular e eu fui
trabalhar na escola particular. Eu me formei, fui terminando a formatura eu
trabalhava em outra coisa eu era assessor parlamentar e eu trabalhava aí na câmara
dos deputados, aí eu trabalhava no gabinete do deputado. Aí depois enveredei com
esse negócio de química, e aí tava fazendo mais ou menos as duas coisas paralelas.
Aí ensinar era o hob, eu tinha pouquíssimas aulas e tal. Assim, eu terminei abriu a
oportunidade pra eu trabalhar numa escola particular, só que pra isso eu teria que
deixar a... a história da assembléia. Eu era uma coisa pra mim que na época eu
consegui, mas porque eu era estudante vindo do interior, pra o pessoal m ajudar. E
eu gostava mas se eu ficasse lá, como assessor parlamentar ia ficar o tempo todo ali
na vida. Sabe de uma coisa, eu vou sair, vou falar com o deputado se tem alguma
perspectiva de crescer, se não tiver... aí eu falei aí ele: “num tem não, mais ou
menos todo mundo ficar nisso aí mesmo, cada um nos seus lugares, não existe
nenhuma perspectiva de mudança” Aí eu disse tah bom eu vou ficar aqui um tempo
mas eu não vou demorar porque eu não vou ficar numa função de ensino médio
tendo terminado a educação superior, aí eu disse não, eu fiz educação superior pra
que? Aí eu disse não eu vou coisar, vou sair, a proposta de trabalho na escola
particular, a proposta inicial não era pra agora, era pra quando virasse o ano e ia
ganhar mais ou menos a mesma coisa ia trabalhar, eu achava que eu dava 8h de
expediente na assembleia, eu ia trabalhar metade disso e ia ganhar praticamente a
mesma coisa, então...esse negócio deve ser bom. Eu já tinha tido a experiência
superior de ter substituído a professora, era só estágio, e foi regência mesmo e aí foi
onde o vírus bateu mesmo. Aí segui a carreira de professor, e nem procurei outras
coisas, nesse meio termo não procurei outras coisas não.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Desde quando começou o modelo, em 2000 e..... em 2003 teve a capacitação, em
2004 foi quando começou com os alunos.
Aí chegou aqui através do currículo?
É! Começamos por currículo. E fiz, porque a seleção inicial daqui, você ia se
inscrever, ia fazer prova e tal, mas como você já é.. já tinha feito um concurso
público, já tinha feito um concurso público, ser chamado e aquele negócio todo,
mas não havia ter sentido ter um concurso dentro da própria rede. Aí isso foi
proibido de ser feito e se fosse para assumir teria que ser... ai a seleção foi por
análise currículo, análise de currículo, depois uma entrevista.
10. Como começou trabalhar aqui?
(pergunta respondida anteriormente)
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Eu gosto de trabalhar aqui, eu acho o seguinte, a gente com.. quando eu entrei na
rede eu sempre gostei de ensinar, eu acho que é... um... virou um vício, por isso que
eu digo que virou um vício mesmo. Porque eu me sinto muito bem quando eu estou
na sala de aula ensinando, eu acho ótimo, e tinha verdadeira ojeriza da parte
burocrática da coisa, de preencher caderneta, ainda hoje eu ainda tenho um
pouquinho, de preencher caderneta, daquele negócio todo... alguns tipos de reunião,
algumas discussões que não levam a nada, é excesso de pedagogismo em muitas
coisas eu acho que não funciona não. Mas aí eu sempre gostei de ensinar, na sala de
aula eu me sinto muito bem. E de aquele negócio, e também dei um pouco assim, as
minhas experiências iniciais foram boas. Ou seja, quando eu fui pra sub-regências,
que não era, mas terminou em regência, eu fui pra uma escola que era
profissionalizante, então os alunos sabiam o que queriam. Então eu entrei, uma
turma era de.... minhas duas principais turmas eram de patologia clínica, então o
pessoal queria se formar em patologia, pra fazer, trabalhar em laboratório, esse
negócio todo e tal. Peguei duas que não eram trabalhosas, as turmas de Ensino
Médio é menos trabalhosa que outras turmas. E... ai peguei instituto
profissionalizante, porque o Almirante Soares Dutra, era instituto
profissionalizante. As minhas turmas eram de ensino profissionalizante, era
patologia clínica, algumas turmas de secretariado, que era uma carga horária muito
pequenininha. Contabilidade que eu tinha feito auxiliar de contabilidade lá no
Soares Dutra, eu estudei lá. Aí tão, quando eu cheguei já lá encontrei inclusive
vários professores meus né. Que eram, foram meus professores, que foram bons
professore, professores de português, o esposo dela e outras pessoas, aí... e me
deram, lá eu tive apoio e não me deram turma trabalhosa, aí isso pesou um pouco a
favor de eu continuar ensinando e quando eu assumi, aí eu fui trabalhar em escola
particular. Na escola particular eu peguei turmas, das minhas turmas todas eu
peguei só uma trabalhosa, as outras que eu tinha na escola particular, não eram
trabalhosas, eram boas turmas. Eu não sei se é porque no começo a sua idade não
está tão diferente da dos alunos aquele negócio todo. Eu sei que... mas as turmas
não eram trabalhosas mesmo. A escola nem existe hoje mais, que eram no colégio
Boa Vista ali na Conde da Boa Vista. Era no colégio Boa Vista é... uma
substituição que eu fiz na época, no colégio 2001 e é... como é o nome da outra
escola? Eu comecei o Boa Vista, assim, depois que me formei fui para o boa vista.
Aí do Boa Vista o professor que dava aula, o outro professor do Boa Vista dava
aula também no 2001. Um dos professores do 2001, teve um problema de doença,
alguma coisa assim que ele não podia ficar com as duas turmas, aí
temporariamente, temporariamente me chamaram para trabalhar com as duas
turmas. Uma das turmas era a única das minhas turmas daquele ano, tinha uma
trabalhosa. Mas não eram assim, eram trabalhosas, mas não eram essas coisas todas
não. E Colégio Carneio Leão! Carneio Leão, o coordenador do 2001, era
coordenador do colégio Carneiro Leão. E eu fui trabalhar no Carneio Leão. Porque
aí eu trabalhava a noite no Carneio Leão. E a turma de a noite é a turma de adulto,
geralmente a faixa etária, é a turma que vem do trabalho e tal. Quando você começa
a tirar brincadeira você falava e tal, e quando não atendia os próprios alunos,
também... botavam apoio, enquadravam a pessoa, então não tinha problema em
geral. E lá, peguei uma turma profissionalizante, uma turma de enfermagem e outra
turma era de ensino médio mesmo, normal! Era tudo tranquilo. E aí começou né,
entre o trabalho da Assembleia e começar lá, eu fiquei um período sem trabalhar.
Assim, poucos meses. Porque aí quando eu disse que ia sair, “olhe eu vou sair num
sei o que”, “não que bom que você vai sair, quando você vai sair” “não vou ficar
alguns meses e tal, mas se você quiser que eu saia agora” “não terminado o mês
você saia”. Aí eu sai, fiquei uns dois meses sem trabalhar e aí comecei no Boa
Vista, do Boa vista vim para o 2001, terminando a substituição do 2001, já
encaixou a outra escola e depois foi encaixando as coisas, cursinho, pré-vestibular
esse negócio todo aí... isoladas...
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Acho o seguinte, quando eu vim pra cá, eu vim atraído por duas coisas. Uma
principalmente, que era o salário, o atrativo inicial era o salário. Ou seja, você tá,
sem trabalhar e você achar que vai receber um valor... num sei se era justo mas era
mais justo do que é hoje. Muito mais justo do que hoje, porque a gente tinha um...
recebia o salário do Estado, do jeito que eu estava recebendo, tudo bem, aumentou
minha carga, não minha carga horária de trabalho, aumentou meu número de horas
na escola só, ou seja, eu teria... eu passaria numa escola normal daria as minhas
aulas, metades das minhas horas atividades é na escola a outra metade na
residência, aqui não. As suas aulas atividades todas seriam na escola. Mas em
compensação você teria uma gratificação, na época, basicamente correspondente ao
dobro do seu salário. Ou seja, você ia ter... se o meu salário fosse R$ 500,00, a
minha gratificação além desses meus R$ 500,00, que eu já estaria recebendo eu
receberia mais R$ 1.000,00 em cima dele. Então o que me atraiu inicialmente pra
vim pra cá, pra botar o currículo e tudo mais, foi a perspectiva de receber um bom
salário, inicialmente, porque não tinha conhecimento de como seria imposto. Eu
fiquei na... quando na inscrição eu vi... reconheci algumas pessoas que estavam
fazendo a inscrição, oi que eu vi, que tinha o pessoal da universidade eu tinha
terminado a pouco tempo, que tinha feito especialização, tava com uma ano e
pouco e tinha terminado especialização. E quando eu cheguei aqui, quem estava no
processo de inscrição, tinha sido professor da especialização. Aí eu digo, ei então a
coisa aqui eu acho que vai ser... tinha lá, tinha visto o programa, não mas pode ser
fantasia isso daqui, divulgam uma coisa... porque muitas vezes o governo divulga
uma coisa e quando você vai olhar na prática é outra. E quando eu cheguei aqui que
vi, reconheci o professor da universidade, aí eu cumprimentei e... na conversa,
como ela tinha sido minha professora da universidade, comentou “ah que bom que
você esta vindo se inscrever e tal, você tem um currículo bom rapaz, já vieram
outros alunos aqui, outros ex-alunos que num sei o que estavam passando”, tinham
feito cursos, especialização, mestrado, tinha gente que tinha terminado o doutorado,
“aí que bom que você está colocando o currículo, eu estou vendo que esta
aparecendo gente realmente qualificadas na rede tem gente realmente boas. Vai ser
uma coisa boa, vai ser uma cosa boa aqui a gente esta pensando de forma
estruturada”. Então eu acho que até vim fazer a inscrição, eu vim atraído, pela, pelo
valor da remuneração. Quando eu cheguei aqui, que entreguei o currículo que ela
falou, eu disse eita, eu acho que pelo menos de início esta sendo diferente. Não é
apenas o Estado, mas a universidade também está... entrando junto. Porque, porque
a gente participava de algumas capacitações do Estado que a gente chama de
capacitação, que na realidade é um encontro pra discutir nada que leva a lugar
nenhum. E a gente da área de ciências tinha participado de uma coisa que começou
nos anos 90, com as capacitações, feito principalmente pelo pessoal vida, que foi o
pessoal do português, mas da área de física, e que isso começou a ser feito também,
foi a época que o espaço ciência começou a se desenvolver. E o Espaço Ciências
juntou com a Universidade e com o Estado e começou a ter capacitações,
diferenciada mesmo. Você passava a semana na capacitação, para dar disciplinas de
conteúdo de práticas, à parte experimental que química, os professores de química,
ai tinha a parte experimental. E a ideia era investir no pessoal que estava no Estado,
implantar Centro de Referência e tal, naquelas escolas aquele negócio todo. A gente
tinha naquela capacitação, mas a coisa emperrava, quando chegava no público, a
coisa emperrava. E... no governo de Fernando Henrique, teve um projeto chamado
é... um incentivo pra área de ciências, de capacitações “Pró-ciência”, que foi um
incentivo pra química, física matemática, biologia, e dentro desse negócio do pó-
ciência, foi no pró-ciência que parte desse pessoal que estava aqui, no pró-ciência
ele também estavam. Então era um grupo que eles... Centro de Referência eles
estavam e tal... então era um grupo da área de química, licenciatura, da área de
rural. Uma área de formação de professor da federal, veio o pessoal da UPE, que já
tinham de certa forma é... sempre foram professores por dentro desse lado,
capacitação, pró-ciência, pró num sei que. Aí eu disse “eita esse pessoal esta aí,
então, eu acho que a coisa vai andar”. E quando saiu o resultado da seleção, que aí
foi os primeiros selecionados, que aí todo mundo teve a primeira reunião, que foi
dito que todo mundo ia participar de uma capacitação e que essa capacitação, iria
durar... é... iria começar no final e setembro, ia até dezembro, todos os dias à tarde.
Ou seja, a escola não tinha formado ainda, não estava com aluno, não estava com
nada, mas eles queriam passar pra gente, como era essa nova escola e tal... ai eu
disse “eita a coisa... acho que a coisa aqui vai ser sério mesmo, vão apresentar que
tinham um parceiro, que tinham um grupo de empresários que também estava
interessado que essa coisa funcionasse, porque eles já tinham reformado o prédio,
tudo e um sei o que... aí foi que depois dessa apresentação, já disseram outras
coisas, e fez um... apresentou o que ia ter e quem tivesse interessado em continuar,
se manifestava lá e disse que iriam solicitar ao Estado, já estava certo com o
Estado, serem liberados metade de sua carga horária para ser cumprido aqui, em
formação durantes esses meses, começou em setembro, outubro e novembro, esses
quatro meses, seriam liberados 50% da carga horária”, quatro meses de capacitação,
50% da carga horária... então eles estão pensando muito... parece ser bem séria, eu
não sabia o grau de seriedade, mas pela capacitação do grau que ia ter, sem ter
aluno sem ter nada, então eu achava que a formação vai ser uma coisa boa. E aí, e
realmente foi uma coisa muito boa, a parte de dinheiro conta, continua contando,
mas o que a gente teve aqui, principalmente no início, agora um pouco menos, mas
continua tendo é possibilidade de fazer o que você aprendeu. Ou seja, você não
participa de uma capacitação e não tem a possibilidade de colocar em prática, que é
o que muitas vezes acontece no estado, que é o defeito que o Estado tem, que vem
ao longo do tempo se modificando um pouco mais. Porque muitas vezes oferece
uma capacitação, faz uma capacitação com o professorado, principalmente na área
de ciências que tem essa parte experimental, faz uma capacitação na parte
experimental, e tal, você olha para os materiais, utiliza e num sei o que, veja as
experiências e acham que algumas delas podem ser aplicadas aos seus alunos.
Quando chega na escola, a escola não tem nada desses equipamentos, não tem
espaço não tem nada, você vai pra onde? E essas escolas não, você chega e foi
interessante, porque o grupo de ciências ficou um mês a mais, que era justamente
para preparar todo o material, de laboratório, o funcionamento. Conhecer o
laboratório, conhecer e aplicar. Estabelecer as práticas e que práticas iriam ser
feitas. E quando o aluno chegou aqui, recebeu logo a parte experimental, recebeu
um caderninho com as experiências que ele ia fazer o ano todo. O que falta
atualmente é aquele negócio, quando começou a proposta, era de uma carga horária
próxima a carga horária dos professores da universidade. Ou seja, era... embora não
tenha sido dito isso, na implantação ficou mais ou menos batendo nisso. Que era
50% da aula de regência, os outros 50% era pra você planejar, dar conta das
atividades que você ia implantar na regência, fazer elaboração de aula, correção de
exercícios, o eu fosse o que tivesse, as reuniões coletivas, então tudo isso estava
dentro. A explicação que deram pra gente quando isso começou a modificar-se um
pouco, é que comparado com a escola regular, o custo aluno era bem maior. Porque
as três refeições mais o valor da bolsa que o professor recebia, o material didático,
davam o trato que você tinha, mas o custo para o aluno aqui no início, para o aluno
no primeiro ano era quase seis vezes, era cinco vezes maior que o aluno em uma
escola regular. Esse é um custo que para o estado assumir é muito ruim, muito
difícil, então esse custo tem que ser diminuído. Ah como é que diminui esse custo?
Então o que teve que acontecer é, em vez de dobrar o número de professores,
dobrou o número de alunos, não dobra o número de professores. Ampliou-se o
número de professores, mas não ampliou na mesma proporção que ampliou o
número de alunos, ou seja, com a quantidade de professores para atender primeiro e
segundo ano, no primeiro ano digamos que tivéssemos 10 professores. Para atender
1º e 2º, ou seja precisa do dobro de professor, só que passou a ter 15, num foi pra
20. Isso já baixou, já baixava o custo aluno, e na fase de implantação o custo é
maior, com o passar do tempo parte desse custo vai sendo diluído né. Porque no
começo você tem compra de material, DVD, TV, uma série de coisas que era tudo
de implantação, um negócio que começou do zero, então, foi calculado o custo
mesmo, se não, tinha o que, DVD, TV e tal... e pegava e dividia o custo aluno e
dava esse valor, quase cinco, quase seis vezes maior. No segundo ano esse custo já
caiu muito drasticamente porque não precisava mais de televisão, DVD, já estava
ali. Então é.. aí o custo diminui bastante ficou em torno de 4. Quando implantou o
terceiro ano, aumentou a quantidade de professores, ficou com o quadro estável de
lá pra cá. Aumentou, o que aumentou foi carga horária do professor, aí, o professor
aqui, a gente tem a mesma carga horária que eu teria em uma escola normal, com a
diferença que eu fico aqui os dois... e toda a minha aula atividade é aqui. E isso teve
que abrir mão de algumas outras coisas que a gente tinha como reunião de
planejamento coletivo, reunião da disciplina, da área, e reunião com os professores.
Então isso tinha um custo, para eu manter esse custo com essa mesma formação eu
tinha um número maior de professores. Isso representava um custo, então, isso foi...
o custo foi sendo diminuído, de uma, dessa forma. A outra, porque aquele
investimento inicial é diluído durante os anos, né. Então teve uma série de
investimentos que não precisou ser feito todos os anos, a mesma coisa de
investimento de material. Ai o custo hoje é muito... eu acho que é dois pra um, uma
coisa dessa. É como se você pegasse e considerasse o aluno da manhã, diferente do
aluno da tarde e ai o custo é esse. E outras coisas ajudaram nessa diminuição do
custo, é... no começo aqui o ensino médio não tinha direito a lanche, aí depois do
segundo anos que a gente implantou o ensino médio, regular, teve direito a ter
merenda, aquele lanchezinho do intervalo, que só tinha em escola fundamental, aí o
ensino médio começou a ter. Isso pra gente era um custo a mais porque como a
escola regular não tinha lanche e nós tínhamos o lanche, o preço do lanche cai no
nosso custo. E como a escola regular passou a ter lanche, então o lanche pra nós,
não passou a ser um custo extra. Ficou o mesmo! Essas coisas foram se amenizando
até que ficou um... é mais ou menos equilibrado também. Agora isso perdeu a
qualidade em algumas coisas, claro. Teve que abrir, mão de coisas que poderia ta
numa maior qualidade, teve que abrir mão mais da qualidade pra a possibilidade de
universalização. Que eram o projeto que tinham desde o início, só que queriam
fazer isso de forma planejada, ou seja, uma escola não se tornava integral se ela não
tivesse, é como se fosse o princípio do programa. Uma escola não era integral se ela
não pudesse oferecer tudo que eles tinham de parte física, a parte física tem que tá,
ou seja, tem que tá com as televisões, com os laboratórios, as salas de aula já, no
mínimo que pudesse atender, poderia até sofrer ampliação depois, então, começa
com tantas turmas e vai ampliando e a medida que vai ampliando, vai construindo
tantas salas, mas começava já com o laboratório e essas questões que o estado deixa
para fazer depois. Passa a forma em si e depois aos poucos vai oferecendo... quando
oferece as outras condições materiais né. Fechando as condições objetivas de
trabalho.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Ahh, o inicial foi esse mesmo, Salário! O salário inicial e depois continuar com..
você termina incorporando uma coisa que é gratificação no seu orçamento. Isso esta
incorporado ao orçamento, e ainda tem a possibilidade de você ir fazendo o
trabalho. Evidentemente que como você esta no processo há algum tempo e viu as
diferentes realidades do processo. Você ver que algumas coisas bem sucedidas não
foram bem aproveitadas. E... foram deixadas de lado, pra atender essa questão da
universalização. Que é importante né, aquele negócio e tudo mais, mas poderia ter
feito essa universalização, mantendo-se a qualidade. Porque é o seguinte, se
preocupou muito em trazer as escolas que estão agora pra cima, que esqueceram
daquelas que já estavam aqui (fez um sinal de superior) que não podia, teriam que
manter. Ou seja, se você esta num patamar, é aquele negócio, se você esta em uma
média dois, para subir essa média, dobrar essa média, ou subir ela... é muito mais
fácil cair do que você que já esta em cinco e seis, continuar subindo. Porque aí você
não pode, e isso é o grande problema do estado, é tratar coisas iguais e coisas
completamente desiguais e botar na balança. Aí isso que foi, não houve uma
preocupação de trazer em termos materiais as outras escolas pra cá, e deixar que
essa continuasse aqui. Então, o que foi: força essa (a que esta no topo) a perder
planejamento e tudo mais, porque baixa o custo dessa, e trás as outras muito
lentamente pra chegar aqui. Aí é complicado, mas eu acho que aqui continua a
escola onde existe a possibilidade de você trabalhar, evidentemente que a carga de
trabalho é maior, é maior que foi no início ou mesmo quando o projeto se tornou
equilibrado, com a carga horária idêntica a do Estado. E de vez em quando tem a
carga horária um pouco maior e isso prejudica a questão do planejamento. Porque
aquele negócio só o fato de... “não, mas você só ensina a primeiro, segundo e
terceiro ano” “química é o mesmo conteúdo” sim, é o mesmo conteúdo, mas os
alunos não são os mesmos o tempo todo, os alunos são diferentes, então, as
abordagens deverão ser diferentes. Pra ser uma abordagem diferente com uma
perspectiva diferente, você precisa ter tempo de planejamento de sala. Que está
faltando! E outra coisa que esta faltando, digamos por que se preocuparam muito
com a amplitude com a universalização, e esqueceram de estabelecer metas mais
claras, cada um... as metas estão muito nebulosas, e ela como esta dentro desse
processo entro também nesse processo de metas nebulosas. Eu acho que precisa
melhorar isso. É perde, o foco. É aquele negócio é como se você tivesse, antes você
não tinha miopia, e agora você esta com um pequeno grau de miopia, então o seu
foco não esta muito claro, e ele já foi mais claro.
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Eu me sinto feliz, agora tem o que eu gostaria que tivesse situações que isso
pudesse ser... é aquele negócio, eu vi os dois parâmetros, hoje esta muito mais
difícil do que estava anteriormente, isso, hora motiva, hora desmotiva, mas agente
vai enfrentando aí, do jeito que der pra enfrentar, mas e ainda continuo querendo
continuar trabalhando nas escolas integrais. E são muitas (risos) nessa aqui
principalmente porque eu acho que elas tem algo... é aquele negócio, você tem
bônus e ônus de ser o primeiro. Tem algumas coisas pra bem e tem algumas coisas
pra mal. E aí você tenta resgatar a parte boa, eu acho que parte boa é você ver que
você esta abrindo perspectiva pra que o aluno, tenha, se dá as informações, a os
instrumentais, pra se ele quiser continuar os seus estudos, futuramente, ele
futuramente prossiga. Se ele quiser ir pra universidade ele vai, se ele quiser fazer
um ensino profissionalizante, pós-médio, ele pode fazer, ensino superior
tecnológico, ele pode fazer, ou seja, ele esta dando a possibilidade de você
instrumentalizar e ver os resultados depois. O que você enxerga e tinha uma menina
da primeira turma, e engraçado que ela nunca tinha, ela até se formou, aí numa
reunião, esse ano agora com o Secretário da Educação de São Paulo teve aqui né,
visitando. Porque São Paulo, esta interessado em montar as escolas em horário
integral e tudo mais e veio ver a experiência de Pernambuco. E tudo indica que vai
ser implantado lá mesmo, até eu li no jornal que tudo indica que São Paulo, está
fazendo um plano de chegar em 2025, com toda a rede já esta em integral, em São
Paulo a quantidade de escolas é muito grande. É 5.000 e tantas escolas, num sei o
que, num sei o que... E ele vai fazer dois ou três modelos, profissionalizante e
ensino médio, vai ser integral. E veio ver aqui alguns ex-alunos que a gente chama
de egressos e uma dessas meninas daí ela nunca tinha... ela tinha dado depoimento
mas esse ela disse que nunca tinha falado. Aí ela virou pra mim nesse dia e disse o
engraçado é que no primeiro dia de aluna. Aqui se fazia a recepção aos meninos, no
primeiro dia de aula, que perdeu um pouco desse referencial, que é em cima de tese,
projeto de vida, tão querendo retoma, eu espero que retomem, essa questão que é a
elaboração do projeto de vida, que é a questão do foco né. Quando o aluno faz o seu
projeto de vida, ele também passa a ter um foco. E a escola pode clarear o seu foco
também a partir do foco do aluno. Aí ela disse que no dia, desse aqui que ela estava
apresentando, “os primeiros rascunhos do meu projeto de vida” assim que ela
chegou na escola que foi na recepção aos alunos que eles fazem, o que eles
gostariam de ser, ela disse que tinha sempre esse sonho. Ela estudava em uma
escola do estado, veio pra cá e ela sempre dizia desde é... do ensino fundamental de
quinta a oitava que ela dizia que queria ser diplomata. Mas todo mundo dizia que
ela não tinha como ser diplomata, vindo de uma escola pública, que esta faltando
professor e não tinha como ela ser diplomata e as pessoas só falavam contra. Nesse
dia ela colocou que esse era o sonho dela, que o projeto de vida dela era ser
diplomata. Ela apresentou, muita gente achou lá os colegas acharam diferentes. Aí
eu disse a ela: “não se você quer ser diplomata, esse é seu sonho? Então você é
realidade, eu acho que esse sonho você pode realizar, vai depender muito mais de
você do que da gente”. E aí ela disse que foi a primeira pessoa que disse isso pra
ela, aí ela disse lá, chorou, eu também chorei. (risos) Aí foi interessante isso porque
ela falou pro... tava o Secretário de São Paulo, pessoas de grandes empresas. Tudo
junto, que vieram, que serão os parceiros de São Paulo. É... tah o Secretário do
Estado de São Paulo, o Secretário mais rico do estado do Brasil e tem condições de
fazer muita coisa em termos educacionais, porque eles têm arrecadação pra isso.
Tava o pessoal ligado a universidades, o pessoal ligado a entidades, organizações
não governamentais que trabalham com educação de São Paulo. Pessoas ligadas a
indústria, ligada a comércio, associação de indústria e comércio que vieram
acompanhando o secretário. Educadores, ligados ao staff do secretário de
Educação. E ai ela falou... e eu achei interessante, porque eles sempre falam aqui,
ela disse, olhe: “no primeiro ano, foi o primeiro incentivo, aí eu vi que eu tinha a
possibilidade de ser diplomata”. Ela disse foi a primeira vez que ouviu alguém
dizer, você vai ser diplomata. Ela já terminou relações públicas, foi aluna laureada,
ela ta terminando jornalismo, deixou, ia ser aluna laureada, só não vai ser aluna
laureada em jornalismo porque ela recebeu uma proposta pra fazer, alguma coisa de
relações públicas, fora do Brasil e essa oportunidade que apareceu, teve que ser
justamente nesse semestre que ela estava agora, então provavelmente ela não
termina com a turma. Então o laureamento talvez ela perca. Então encaminhava pra
ser laureada e aí ela até disse e olhe que falou não foi nem um professor da área
assim, foi um professor de ciências da natureza, que foi falar que incentivou ela...
se esse é seu projeto de vida, ai depender deles. E o grande problema é esse. Se
você faz um projeto de vida e tem uma meta lá, vai depender de você, aí, a gente só
fornece. O que eu digo é seguinte se a gente consegue abrir o leque de visão do
aluno, para as possibilidades que eles têm na frente, informar que tem essas
possibilidades, se ele conseguir enxergar que ele tem essas oportunidades que
depende dele, já fez, já fizemos o nosso papel. Eu acho assim, que o papel do
professor é esse, você abrir pro aluno próprio a possibilidade de crescimento e o
que me deixa feliz é o resultado. É! Eu fico feliz quando eu vejo o resultado dos
meninos e ai teve um pós-encontro por aí que a gente ver que ele estão crescidos,
traçaram objetivos, traçara metas. Que podem não ser as metas que a gente acha
que eles vão ser, alguns até são influenciados pelos professores mesmos, terminam
escolhendo as áreas dos professores, mas não e isso não. Acho que vê-los depois
com o leque aberto com possibilidade de vida. Aquele negócio, a gente não vai
consegui resgatar todo mundo, então não adianta a gente tentar achar que vai
resolver todos os problemas, porque a escola não vai resolver. A escola não tem a
capacidade de resolver os problemas da sociedade. A escola tem que tentar, muitas
vezes, a sociedade os governos jogam os problemas para que a escola resolva, a
escola não vai resolver. Não é função dela resolver esses problemas. Se a escola
conseguiu pelo menos fazer com que a principal meta dela funcione, que é abrir a
possibilidade do aluno continuar, a se ele não tem seu projeto de vida, a descobrir
sue projeto de vida e ele conseguir sair com o mínimo de aprendizagem a escola já
está fazendo o seu papel aí a possibilidade de esta cumprindo o papel é que eu acho
importante. E aí você, e como é que você sabe disso? Quando você encontra os
alunos egressos! Quem já passou por aqui. Quem ta na universidade. O primeiro
grupo, ta quase todos eles terminando a universidade. Uns entraram logo de
imediato, os outros entraram depois, nas... quem quis foi... todos que não foram
fazer universidade, foram fazer profissionalizante, ou escolheram uma profissão e
entraram no mercado de trabalho. Então quando você vê, você tem possibilidade
em saber se esta funcionando ou não, quando você encontra com os alunos
egressos, você tem uma visão se a coisa funciona ou não. E aí quando a gente
encontra esses alunos e vê que muito deles estão lá, tal. E alguns chegam professor
foi legal e tal, foi bom, porque a escola abriu, a escola foi importante, então a gente
ver que a escola está cumprindo o papel e o que deixa feliz o professor, é que os
alunos, esse é uma das felicidades do professor quando encontra o aluno que
conseguiu ir pra frente, vencer. Porque aquele negócio, nós estamos numa
sociedade que agora, é de sociedade do conhecimento, se ele... se ele abriu uma
possibilidade, de abrir um leque para ele se desperta para o conhecimento, e ele
tentar desenvolver o conhecimento dele, tem muita coisa não, a escola esta
cumprindo diretamente o seu papel. O que precisa a escola precisa retomar é deixar,
melhorar a possibilidade de clareamento das metas dos alunos, pra nossas metas
também ficarem claras. Evidentemente que melhora as condições de trabalho, ou
seja, ele não tem que retomar as condições anteriores, por que... pegas as lições que
foram positivas, e pensar que isso não é custo é investimento, de retorno garantido,
e certo. Porque assim, se você pega, o aluno daqui, não sei se você tem, foi
fornecido esses dados pra você, não sei se você pega essa informação, mas desde a
primeira entrada que a renda média dos pais, a renda média familiar, é um ou dois
salários mínimos estourando. Você tem casos isolados de rendas maiores... a renda
é... familiar é pequena... e aquele negócio, e recebemos críticas dizendo que era
uma escola de elite, elite para elite, e num sei o que, num sei o que... e quando você
vai ver os dados, da renda familiar do pessoal, que foi feito pesquisa e tudo mais,
que todo ano é feito é... e isso tem uma grande diferença dessas escolas pras outras.
Ou seja, se trabalha em cima, e é por isso que eu disse talvez precise de mais, de
um tempo maior, de planejamento até, para planejar em cima, de dados que você
tem. Ou seja, tem esses dados aqui esta pra gente planejar lá os dados, os índices da
escola, dos índices da família, das famílias num sei o que... colocados a
informações lá. Não é só colocado é discutido, e quanto maior descrição a gente
tiver nesse sentido, e aí você tem possibilidade de maior planejamento. Eu acho que
perdeu-se um pouco, por uma questão de ampliação, poderia... aí você volta... ai
aquele negócio, você une o útil ao agradável, e aí fica bem melhor!
18. O que te deixa mais feliz?
(pergunta respondida anteriormente)
19. Pra você, o que é felicidade?
Eu acho que felicidade é um estado de espírito, que você é você está bem consigo
mesmo, e com os outros, é basicamente isso. E aí dentro da felicidade tem os vários
aspectos, aspectos pessoais, aspectos profissionais, os aspectos espirituais, é uma
combinação desses vários aspectos, que faz uma pessoa ser feliz ou não, e em
termos profissionais eu acho que estou na profissão certa, não... não sei se faria
outra profissão, e se tivesse outra profissão eu teria essa como bico, (risos), gosto
de ensinar. É... se você a vida profissional esta mais ou menos encaminhada, a vida
espiritual ta equilibrada tal, a vida pessoal, particular sua, também esta equilibrada,
então se você conseguiu alcançar alguns dos seus objetivos que você traçou e
alguns planejamentos, e aí o somatório disso é que vai trazer felicidade. E você tem
os momentos felizes quando os alunos egressos voltam e essa coisa e tal, é
importante...
20. Qual o seu maior sonho?
Hum... em termos pessoais é viajar pela Europa, quero fazer... que é uma viagem
pessoal e espiritual também. Que na realidade é visitar, Portugal e França, a questão
dos locais onde relatam o aparecimento da Nossa Senhora e também, aproveitando
que estou fazendo a parte espiritual, conhecer os outros locais.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Sou hipertenso.
ENTREVISTA 03
1. Nome
-X-
2. Idade
44 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Há 20 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Eita me pegou agora, deixa eu ver... 90... calcula aí: 20 anos.
5. Uma média da sua renda mensal?
Uma média... o salário mínimo está uns R$500,00 reais. 500, 4... cinco salários
mínimos! (R$ 2.500,00)
6. Qual a sua carga horária?
Carga horária, 200 horas mensais.
A senhora não tem outro vínculo não?
Não!
7. Porque escolheu ser professor?
Eu sempre gostei da profissão desde pequeninha, eu queria, aí eu segui a carreira.
Foi por opção mesmo.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Não, faria igual!
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Há cinco anos.
10. Como começou trabalhar aqui?
Eu primeiro trabalhei na escola de bezerros, na integral, trabalhei um ano lá. Aí
depois, muito longe não é, tive muita dificuldade, aí me transferiram pra cá.
Foi tranquilo para pedir transferência?
Foi porque na época estavam precisando de uma professora de química, tinha saído
uma pessoa para ser professora da rural de Garanhuns, aí tava precisando de
professor aqui como eu estava lá já, aí vim pra cá.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto!
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Os resultados com os meninos, os resultados que a gente obtém. É satisfatório ver
que a gente consegue modificar a vida de muitos deles.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
É que as coisas estão mudando (risos) o alunado já não é mais o mesmo, certo. A
carga de trabalho aumentou muito, pra você ter uma ideia, química nós éramos
quatro professores e tínhamos um auxiliar de laboratório, tinham estagiários, hoje
só temos três pra fazer as mesmas coisas, o mesmo negócio. Então, a coisa ficou
muito pesada, de repente tá pesando demais.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Porque você tem a oportunidade de estar com mais contato com os alunos o dia
todo, não tem que tá se movimentando de um lugar para o outro, em várias escolas.
Você aqui mesmo resolve o que tem para resolver, corrige prova, faz pesquisa, o
que tem que fazer, na própria escola, não precisa estar levando trabalho para casa.
Então não está se deslocando o tempo todo, se dividindo, você não participa da vida
da escola. E dessa forma não, a gente está aqui o dia todo e aí a gente consegue
participar!
15. O que te motiva no programa?
Justamente isso, o tempo disponível com os alunos, com os colegas, o
planejamento, a avaliação, por tudo isso.
16. O que te desmotiva no programa?
Essa questão da sobrecarga de trabalho, que está se exigindo uma escola diferente
com muitas coisas diferentes, mas está se cobrando a mesma carga horária como se
fosse uma escola comum, qualquer. Entendeu? Então eu acho que para esse tipo de
escola a gente teria que ter mais tempo para planejamento, e menos sala de aula.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Feliz? Eu sou uma pessoa feliz, independente de escola de isso aí. Eu sou feliz
porque eu tenho a convicção que eu..., a minha vida esta pautada na vontade de
Deus, eu sou evangélica, então, eu mesmo sou uma pessoa feliz, independente das
circunstâncias, agora as circunstâncias a gente consegue se adequar.
18. O que te deixa mais feliz?
O que me deixa mais feliz? Estar bem comigo mesma, com os meus colegas, com
minha família principalmente e com Deus. Isso me deixa feliz!
19. Pra você, o que é felicidade?
Felicidade é você ter equilíbrio, conseguir em qualquer situação, manter esse
equilíbrio, tanto com os colegas, quanto em qualquer tipo de situação. Não se
desesperar, não manter o controle, é felicidade!
20. Qual o seu maior sonho?
Meu maior sonho é ver minha família estruturada, meus filhos, estruturados, tendo
uma carreira sólida na vida. E eu na minha profissão me realizar cada vez mais,
colaborar com os meus alunos.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Não, não, nada de grave não. Só o de base, gripe, mas coisas sérias cirurgias não,
nunca!
ENTREVISTA 04
1. Nome
-X-
2. Idade
43 anos
3. Há quanto tempo leciona?
23 anos
4. Há quanto tempo é formado?
De 1991 para cá. (20 anos)
5. Uma média da sua renda mensal?
É o que eu recebo aqui é em média R$ 2.300 reais
6. Qual a sua carga horária?
200 aulas
7. Porque escolheu ser professor?
Uma família de professores, não tinha outra opção, cidade do interior, ou era ser
professor ou trabalhar na prefeitura. Então, vamos ser professora. Mas eu gostava,
eu brincava de boneca sendo professora. Acho que era por conta da família não é?!
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Não, eu não me vejo em outra posição que não seja professora.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
dois anos, vai fazer dois anos.
10. Como começou trabalhar aqui?
Eu fiz a seleção para a escola que eu vim, a escola de origem, e como tinha dois
professores, a outra ficou e eu fiquei... aí surgiu a vaga daqui de dois professores
que iam sair e eu fui convidada. Já tinha feito seleção pra lá, aí fui convidada pra
aqui.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto...
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
O que me motiva de uma maneira geral é que eu gosto de em ensinar, certo. Tanto
aqui como em qualquer colégio o que me motiva é que eu gosto de ensinar. Eu
gosto de ver quando o menino ta aprendendo, quando me dá uma resposta certa,
isso eu adoro, eu vibro. Mas fora isso, a parte financeira também contribui, na
escola integral é diferente da normal, isso querendo ou não é um incentivo.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
Como em qualquer escola também, não só é o Ginásio Pernambucano, é o descaso
com os alunos, da família. Não é, não querem nada, a família também, deposita
aqui e acha que porque esta aqui esta tudo resolvido, então, o que me desmotiva é
isso a falta de compromisso deles.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Foi como eu disse, a parte financeira e foi uma experiência nova. Porque dos meus
23 anos de Estado, 21 eu passei em escola comum. Então quando surgiu essa
oportunidade, vamos ver como é, o pessoal fala tanto, tem alguns resultados que
são tão bons, o que é que tem lá que na minha não tinha. Bom, vamos ver.
15. O que te motiva no programa?
Você passar mais tempo com o aluno, isso é bom. Né, cria aquele vínculo maior.
Os trabalhos que a gente pode desenvolver aqui também!
16. O que te desmotiva no programa?
Porque você fica preso aqui, você fica preso não só aos horários, mas tem muitas
regras que você tem que seguir, coisas que as vezes a gente poderia deixar de lado e
ser mais prático, mas infelizmente tudo tem que seguir algumas regras e a gente
tem... aí isso desmotiva a gente, porque as vezes a gente quer fazer um trabalho
diferente, as vezes eu quero fazer uma dinâmica na sala, aí não posso por quê? não
você tem que cumprir com aquele conteúdo, então eu tenho que ta correndo para
alcançar o conteúdo. Atrapalha bastante.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Eu me sinto feliz como professora porque eu gosto do que eu faço. Tenho os
momentos de aborrecimento que eu faço: “Aí porque eu escolhi essa profissão”.
Mas também tem momentos que é gratificante. Eu, 98% pra mim é gratificante ser
professora.
18. O que te deixa mais feliz?
Na minha vida o que me deixa mais feliz é a minha família, minha família estando
bem pra mim, minha felicidade é completa.
19. Pra você, o que é felicidade?
Aí felicidade é estar de bem com a vida, é estar junto de quem a gente quer, no
momento que a gente quer...
20. Qual o seu maior sonho?
Meu maior sonho é que minha menina passe no vestibular (risos). Porque são
tantos sacrifícios para colocar o filho dos outros lá na frente né?! Esse ano, meu
maior sonho é ver minha menina passando no vestibular, aí eu vou estar realizada.
Aí daqui a dois anos, a próxima (risos)... é colocar as duas na universidade,
encaminhar cada uma ter... seguir seu rumo, aí eu vou tar com a consciência de
dever cumprido.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Por conta do trabalho, eu me afastei do trabalho por conta de três cirurgias, mas
nada de psicossomática, nada disso não. Tive assim, doença de ovário de útero, e
me afastei para ter as meninas, mas fora isso não. Agora, essas mudanças pra mim,
eu acho muito difícil de lidar. Quando eu sair acostumada em uma escola normal
pra vim pra aqui, então pra mim, aquela primeira semana eu chorava de dia à noite,
será que vai dar certo, a ansiedade, será que vai dar certo, mas nada que me
afastasse do trabalho. Era o medo do novo, será que eu vou dar conta? Uma escola
tão famosa, a escola assim que lá só tem gente de alto nível. Será que vou chegar
perto desse pessoal? Então, medo do novo. Aí quando eu cheguei aqui eu vi que
todo mundo era igual a mim, o pessoal muito receptivo a afetividade aqui eu fui
recebida com muito carinho, e foi ótimo!
ENTREVISTA 05
1. Nome
-X-
2. Idade
27 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Seis anos
4. Há quanto tempo é formado?
Seis também
5. Uma média da sua renda mensal?
Chega a R$2.100,00
6. Qual a sua carga horária?
A carga horária é 200 aulas só que eu trabalho 30 aulas por semana.
Você só tem aqui o integral?
É só o integral!
7. Porque escolheu ser professor?
Porque eu gostava da área. Gostava...
Da área de ensinar?
É, mas hoje em dia eu estou estudando de novo para fazer outra, pra sair de
educação.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Faria!
O que você faria?
Administração!
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Eu cheguei faz um mês, porque eu era de outra escola de referência, aí vim pra cá,
porque fica perto da faculdade.
10. Como começou trabalhar aqui?
Como eu já era do integral eu pedi a minha transferência aí eu consegui vim pra cá.
Tinha uma vaga pra cá e te mandaram?
É!
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto, apesar da sobrecarga, porque aqui tem mais turma do que em outras escolas,
então aqui a sobrecarga de trabalho é pior. Enquanto em outras escolas tem cinco
turmas ou seis, aqui tem 18. Então a sobrecarga de trabalho é muito maior do que
qualquer outra escola pública.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Ser perto da minha faculdade!
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
A quantidade de trabalho!
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Porque o integral é para o ensino médio e ensino médio é já com um foco para
universidade. Aí é parte que eu me identifico mais, que a Educação Física é levada
com seriedade. Você dar aula dentro da grade curricular, o que eu não acontece em
uma escola regular. Então os alunos tem pelo menos uma seriedade maior com a
disciplina, fica mais fácil trabalhar.
15. O que te motiva no programa?
A política do programa que trata a Educação Física dessa forma. Ou o salário, a
gratificação que a gente ganha.
16. O que te desmotiva no programa?
No caso é só aqui nessa escola que é a quantidade de trabalho. Tem muitas turmas e
a gente tem que pegar todas as turmas.
Então você dá aula às 18 turmas daqui?
É a gente completa né, porque não dá, são duas professoras de Educação Física, no
caso são meio a meio. Eu ainda pego uma disciplina de outra área. Eu pego
empreendedorismo, pego PD, que faz parte do currículo.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Sinto feliz, porque eu gosto da área, mas eu não estou realizada. Entendeu, eu gosto
da área!
E se eu te perguntar o que falta para você ser mais feliz do que se considera?
Eu diria trocar de área, porque na área de Educação Física pra mim já deu o que
tinha que dar! Mesmo eu correndo assim, eu tentei fazer antropologia, mestrado em
antropologia, só que aí eu iria permanecer na área de educação, e a educação de
hoje não é valorizada, entendeu. E enquanto em outra área, você sem o mestrado,
sem nada você ganha sete mil, oito mil reais, como na engenharia. Você em
educação tem que ter mestrado, doutorado, para concorrer em um concurso público,
então assim, é uma área que não é valorizada, aí eu estou pertinho para outra (fez
uma expressão bem desmotivada).
18. O que te deixa mais feliz?
Os alunos, quando te dão um retorno que estão aprendendo que estão gostando da
área, que vão fazer ou vem a Educação Física de uma outra forma. Aí você fica
né... lhe motiva a continuar... fazer uma aula melhor... Só!
19. Pra você, o que é felicidade?
Felicidade engloba muita coisa assim, aspecto físico, você estar bem fisicamente,
bem de saúde, bem mentalmente, as condições sociais também, favorecendo tudo
isso. Então é um conjunto, felicidade é um conjunto de realizações, de coisas que
lhe tragam prazer. Uma coisa positiva.
20. Qual o seu maior sonho?
Hoje, passar em um concurso público na área de administração.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Não!
ENTREVISTA 06
1. Nome
-X-
2. Idade
51 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Estou lecionando a 17 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Sou formada a 29 anos
5. Uma média da sua renda mensal?
Uns R$ 3.400,00. Porque eu tenho dois contratos.
6. Qual a sua carga horária?
350 (horas/aulas)
7. Porque escolheu ser professor?
Olhe no início eu queria ser arquiteta. Eu fiz para, assim porque na época a gente
tinha três opções né, na época que eu fiz vestibular. Aí na segunda opção, a
primeira foi arquitetura, a segunda Educação Artística e a terceira desenho
industrial. Aí eu, quando entrei no curso eu não tinha magistério. Pra mim foi uma
surpresa, porque muita gente estava entrando num curso de artes pra ser artista,
artista plástico, para trabalhar com teatro, dança e na primeira aula a gente teve a
surpresa que era pra gente está em sala de aula o tempo todo. Aí muita gente
desistiu, mas eu fiquei porque eu comecei a me apaixonar, pela área de artes sabe.
Logo num semestre uma turma foi chamada para lecionar na escola e eu gostei, aí
fiquei. Eu gostei de trabalhar com educação eu gostei da parte de lecionar, porque
se não eu tinha desistido e voltado para arquitetura de novo. Mas eu me apaixonei
pela área de artes e fui ficando.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Olhe eu acho que eu ia pegar mais a área não só de licenciatura, eu acho que eu
ficar só na área de, como tem agora na Federal né?! Só na área de artes plásticas.
Porque ta muito difícil lecionar hoje em dia. Os meninos eles estão muitos
desmotivados, tem que dar muita motivação a eles pra poder ter um trabalho que
tenha um rendimento que a gente queira né. Por exemplo, o que a gente propõe com
eles é muito difícil a gente ter um retorno imediato. Aí fica muito cansativo, o
professor cansa demais. Aí por isso que assim, eu acho que eu não iria logo para as
licenciaturas. Eu iria logo para a parte de artes, artes plásticas que é a minha paixão
as artes plásticas, eu acho que eu ia me enveredar mais por esse lado.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Eu estou há seis anos.
10. Como começou trabalhar aqui?
Foi através de seleção, de currículo, né?! No início o pessoal não acreditava muito,
e eu disse, não eu vou, vou tentar uma coisa nova na minha vida. Aí eu vi uma
proposta nova de trabalho e disse, eu vou tentar! Mesmo que não der certo, uns
diziam que não ia dar certo, muito comentários sobre a escola, aí eu disse, não eu
vou tentar. Aí veio eu e uma amiga minha, aí depois de um ano é que fui chamada
dessa seleção. Eu fiquei até surpresa tinha mais outra professora, a professora
desistiu aí eu fui chamada para ficar no lugar dela.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto, no início assim, no início eu fiquei apaixonada por esse projeto, mas ainda
estou apaixonada pelo projeto. Mas assim foi uma coisa nova pra mim, e eu já
estava procurando eu já tava ficando assim, eu estava desmotivada em sala de aula.
Porque eu não estava vendo retorno por mais que a gente trabalhasse, tava
complicado, e eu ficava, meu Deus o que é que vai ser da minha vida. Eu acho que
eu vou deixar um pouco a educação. Foi quando recebi um telefonema né, da
gestora que era Tereza, e me chamando pra cá, pra escola. Quando eu vi todo o
projeto da escola eu me apaixonei e eu disse, pronto era isso que eu estava
esperando, dá é pra mim!
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Olhe eu gosto muito de trabalhar com Ensino Médio, sabe. Primeiro, segundo e
terceiro ano do Ensino Médio e também, é... o retorno que os alunos dão, né. Antes
era imediato agora ainda demora um pouquinho a ter esse retorno. Mas assim eles
têm um retorno que eu vejo, que outras escolas demoram muito mais. Apesar que
quando eles chegam aqui na minha área de artes, eles chegam com muita
deficiência. Ou chegam com um... porque não tem professor de artes, e muitos que
estão se formando não querem ir para uma sala de aula. Aí a maioria está querendo
mais o que? Museus, centros culturais, não querem enfrenta uma sala de aula. Aí
quando ver um aluno que tinha um professor que é formado em química, que é
formado em física, completando carga horária de artes. Aí quando eles chegam
aqui, eles pensam que artes é aquilo que o professor passava na outra escola. Aí
quando eles se deparam com uma coisa diferente, a gente trabalha muito conteúdo,
muita imagem, o conhecimento realmente de artes, juntamente com língua
portuguesa e história. Aí eles estranham: “a senhora bota muita coisa, muito
trabalho, lá na minha outra escola não tinha isso não, a professora passava só um
texto, passava só um desenho” aí eu disse: “é mais aqui e diferente”. Aí é bom esse
retorno que a gente tem aqui, sabe, eles tem a consciência do que é a arte, da
importância da arte. Juntamente não só, mas com outras disciplinas, língua
portuguesa, literatura, com história, até com biologia, matemática, aí foi bom isso
eu gosto daqui porque a gente tem, eles têm consciência do que é que seja arte, do
trabalho que a gente tem aqui na escola.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
Olha eu acho que a carga horária esta um pouco pesada pra gente, a gente precisa
de um tempo para estudar. Mas isso não é culpa da escola né?! Todo um contexto
né, se você procurar a revista escola, você ver a reportagem que eu tava até vendo
de uma pedagoga, que ela diz que, o professor, não esta tendo mais tempo para
estudar, esta mais em sala de aula. Quer dizer, o governo passou uma carga horária
pesada, pra gente e a gente fica se tempo para estudar, né?! Para parar um pouco,
pra gente sentar com o colega, pra gente discutir o planejamento. A gente, é, o
problema é o tempo, que a gente está sem tempo pra gente se organizar melhor.
Sabe? E também assim, o programa cresceu demais, e a gente ver que em outras
escolas elas trabalham, mas aqui a gente ainda tem um produto melhor. Né, assim,
do alunado no vestibular, muitos passam no vestibular, passam no ENEM. Não é
desmerecendo as outras escolas, mas tenho muitos amigos de outras escolas de
referência que são profissionais excelentes. Mas são muitas coisas assim, meninos
que as vezes não valoriza o professor, por mais que a gente se empenhe por eles,
não valoriza. A questão salarial também, teve uma perca muito grande, não é, de
salário, porque a bonificação foi estendida a mais, a há um grupo maior de escola,
aí também foi essa perca, tem também, os meninos, que os meninos realmente, a
gente pra falar com eles, tem que ficar mesmo exigindo deles né. E assim,
mostrando a eles o melhor que eles podem dar que não é só aquilo não. Aí o
problema mais é assim, a carga horária, muita carga horária e a gente fica sem
tempo, pra gente assim, você ver, você que está aqui que esta vendo o dia a dia da
gente, a gente não para. Ou a gente quando esta sentado a gente ou está estudando
para preparar prova, preparar um aula, ou corrigindo prova. A gente precisa de um
tempo maior, pra gente poder sentar, e ver com o outro colega, com o outro amigo.
Eu mesmo com Sandra a gente fica assim, sentadinha uma na frente da outra, pra
gente poder, no tempo que a gente tem, combinar o que a gente vai fazer. Eu acho
que essa falta de tempo que a gente ver o povo desmotivado porque quer fazer,
muito mais bem elaborado, mais bem preparado, mas não tem esse tempo, a gente
precisa ter! O professor que está em sala de aula precisa ter tempo para estudar.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Olhe, porque assim, eu gosto daqui, né?! Eu gosto da equipe daqui são profissionais
muito competentes, eu gosto também, como eu disse a você antes, de trabalhar com
Ensino Médio. Apesar que eu trabalho a noite, com a Educação de Jovens e adultos
e o médio normal. Mas assim, eu gosto porque e o retorno, o retorno que a gente
tem daqui da escola, o retorno que a gente tem no final do ano, de alguns alunos, e
eu acho que é isso, é o prazer da gente ver nossos alunos, que chegou aqui sem
muita base e no final ele tah entrando em uma universidade, fazendo o curso no
final, pra uma escola técnica. Alunos carentes, porque aqui tem assim, que os pais,
realmente não te condição nenhuma de colocar em uma escola particular. Mas que
aqui eles vão ter um futuro melhor, né?! Ainda tem uns que a gente demora a botar
isso na cabeça deles, mesmo no final eles sabem que aqui o futuro que eles vão ter,
com o nosso trabalho, nosso esforço aqui dia a dia, aí você não é, eles vão ter essa
recompensa. Os projetos que aqui a gente tem, muitos projetos bons agora, o
projeto da APA, eles sempre estão viajando, né. Isso dá prazer à gente, a gente ver
que alunos, de pessoas assim, que... de uma condição social que não tinha, se
tivesse em uma escola normal não tinha. E esse projetos que eles têm, eles podem
se desenvolver, como ser humano. Apesar de, apesar deles ficarem muito tempo
aqui, mas eles tem essa oportunidade, vê se para de reclamar um pouquinho (risos).
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Olhe, eu me sinto feliz, assim, eu poder ta num canto, eu vejo que tem um
resultado, que tem um resultado aqui, né. A gente as vezes fica desmotivada em
alguns momentos que a gente prepara aula e depois não dá certo. Isso desmotiva
demais a gente, a gente faz todo um projeto, é, elabora todo um projeto e depois
não dá certo se projeto, não era aquilo que a gente esperava, mas assim, mas a
gente, eu fico feliz quando vejo que eles estão crescendo, que o aluno, está
estudando esta crescendo. A gente ver que eles quando vejo na rua, já me abraça,
“professora eu estou me formando, graças a vocês de lá do Ginásio
Pernambucano”. Isso é muito prazeroso pra gente, a gente ver a quantidade de
aluno que já está se formando. A gente ver aqui pequenininhos, quando chegam,
chegam para agradecer, isso deixa a gente feliz. As vezes não é nem a questão do
salário, as vezes você não está contente com o seu salário e não por isso você vai
deixar de fazer seu trabalho. Eu tenho esse pensamento. Se eu tou na educação, eu
quis educação, não é. Nem que o salário esteja pouco assim, não ser reconhecido, o
salário esteja pouco, mas num fui eu, ser professor não foi uma escolha minha? Se
eu não quisesse eu estivesse assim, insatisfeito com as coisas que eu faço, tinha que
sair. Já tinha procurado outros caminhos, eu acho que, como eu dizia, eu digo
sempre a eles, a pior coisa é você não está feliz num lugar, né. Aí você não produz
e eu sempre digo a ele, se eu não estivesse feliz eu já tinha saído, porque eu acho
que eu tenho condições de poder seguir, um sucesso, em outras profissões em
outros locais. Agora, você está num lugar que você não é feliz que você não esteja
numa, esteja todos os dias matutando, lamentando, porque esta chegado aqui, ahan.
Isso é horrível para o professor, mas eu acho que eu estou aqui realmente porque eu
tou realizando um bom trabalho aqui.
18. O que te deixa mais feliz?
O que me deixa mais feliz, quando em relação aos meus alunos, não é? Quando eu
encontro na rua me abraça, me agradece, apesar de ter sido uma disciplina de artes,
mas que diz: “professora consegui! Tou na universidade, eu estou casada, com meu
filho, minha família, não é, está bem estruturado, não ta por aí né. Com drogas com
nada, porque a noite eu tenho alunos que moram nessas casas que são retirados da
rua, e aí a gente ver aqueles agentes da polícia que vão lá verificar, como é que eles
estão e eu aqui não, me sino feliz quando vejo que eles estão realizados, isso me
deixa muito feliz.
19. Pra você, o que é felicidade?
Olhe, pra mim, felicidade eu acho que é você realizar, aquilo que você gosta né?!
Você fazer aquilo que você gosta, você ter, não ter muito amigos, mas você ter
aqueles amigos não é, que você pode contar não é. Num momento mais difícil, não
tanto nas alegrias, mas também como nas tristezas. O que me deixa feliz também é
minha família, com saúde, eu ver minha família, todos os meus sobrinhos
formados, apesar de eu vim e uma situação muito humilde, mas assim,
conseguimos eu tenho sobrinhos que são advogados, já vai quase ser juiz. Eu fico
também pela felicidade dos outros. Eu sou uma pessoa que não fico feliz por algo
que acontece de ruim aos outros, né?! Mas assim, eu goste de ver minha família
feliz eu gosto de ver meus amigos felizes. Eu gosto de ver meus amigos felizes. Aí
isso me da uma felicidade, muito grande, entendeu, não é a questão de, porque eu
sei que na minha profissão não tem como eu ficar rica, só se eu ganhar na loteria,
mas assim eu podendo realizar o que eu gosto, eu tenho um círculo de amigos né?!
Assim que deixa ver... preciosos, amigos preciosos, não é. Minha família, com
saúde, todo mundo se encaminhando bem, ah isso pra mim é felicidade.
20. Qual o seu maior sonho?
Ai meu maior sonho é conhecer o Egito. Eu ainda vou conseguir, viajar né?! Tenho
que ter tempo para fazer uma viajem, me aposentar, não é, daqui a uns três anos e
meio eu me aposento. E fazer a minha grande viajem que é conhecer o Egito, quero
também a Espanha, juntar um dinheirinho pra poder fazer uma viajem. Aí isso eu
quero, quero assim, viajar, porque eu adoro viajar. Eu preciso viajar sabe, ver outras
pessoas, ver coisas diferentes, pessoas diferentes, coisas diferentes ai eu, meu sonho
é viajar.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Olhe eu é... eu tive problema de mioma, aí eu tive que realmente me afastar durante
51 dias, porque eu tive que fazer, a médica me colocou contra parede, ou faz racha.
Assim, você vai fazer uma transfusão de sangue, eu estava com uma hemorragia
muito grande eu precisava de fazer essa cirurgia, ai foi quando me afastei. Mas
assim no que eu posso ir ao médico, também assim, entrar em acordo com a escola
para ir à médica a gente faz. Mas aí, um grande afastamento foi isso, eu precisei
tirar o mioma que tava, mesmo que assim, não sou de faltar, mas se eu não tomasse
cuidado na minha vida eu ia ter que realmente, tirar uma licença grande, para poder
me reestabelecer. Ai foi isso, que eu tive o risco e tirei. Foi a época que eu me
afastei, de escola, mesmo que minha mãe já esteve doente meu pai, tudinho, mas eu
nunca me afastei, ou pedi afastamento, mas dessa vez, foi uma recomendação
assim, foi uma imposição médica, e eu tive que realmente me afastar da escola. Aí
eu não sou muito de me afastar, só em casa mesmo, minha família já sabe, em caso
de doença ou o que for preciso, doença da minha mãe, porque minha mãe realmente
é o primeiro lugar, ela adoece, ela precisando de mim, eu me afasto. Aí não tem...
fora isso...
ENTREVISTA 07
1. Nome
-X-
2. Idade
42 anos
3. Há quanto tempo leciona?
21 anos
4. Há quanto tempo é formado?
21 anos também, já fui terminando e assumindo lá na prefeitura de Catende. Ai
passei três anos na prefeitura de Catende, aí entrei no Estado e fiquei mais dois e
agora mais dois novamente.
5. Uma média da sua renda mensal?
Uns R$ 4.000,00.
6. Qual a sua carga horária?
Minha carga horária, geral? Eu pego de 07h30min da manhã e vou até às 21h30min
da noite.
Tem dois vínculos?
Sim, tenho dois vínculos. No Ginásio como integral e a noite e tenho a prefeitura de
Jaboatão.
7. Porque escolheu ser professor?
Acidente! (risos) é não eu gostaria muito de ser psicóloga, quando eu estava me
formando eu queria ser psicóloga. Só eu morava no interior, aí no interior não
tinha... Assim, morava em Catende e a faculdade mais próxima era ou Caruaru ou
Palmares, mas nenhuma das duas tinha curso de psicologia na época. Minha mãe
não ia deixar eu vim sozinha, para Recife estudar. Aí menina, não você gosta de
letras você gosta... ainda tentei pedagogia, mas como foi o meu primeiro vestibular
não passei! Graças a Deus não passei! Porque pedagogia não ia ser a minha área,
graças a Deus. Aí eu fiz pra letras e passei. Eu fiz dois vestibulares o de pedagogia
não passei, mas passei no de letras. Aí, comecei a trabalhar, me identifiquei
realmente com letras. Fui obrigada (fez sinal de aspas) a ensinar inglês, porque eu
tenho licenciatura em inglês. Mas é aquela coisa, Estado quando tem professor é só
tem tu, vai tu! Né?! Aí eu fui obrigada e hoje eu trabalho com inglês e assim, hoje
eu não sei se eu... gostaria de ser outra coisa. Poderia ser até psicóloga, mas as
minhas amigas psicólogas que eu conheço, eu prefiro estar onde eu estou. Eu acho
que eu conheço mais as pessoas do que as minhas amigas que são psicólogas.
Porque eu convivo com o aluno em sala de aula a experiência é bem maior, do que
você sentar determinado momento pra conhecer a pessoa. Acho que você só ver a
pessoa se você convive com ela.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Não, acho que não, repetiria.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
No Ginásio desde 2003. Quer dizer em 2003 eu entrei na seleção para o Ginásio, a
gente passou de setembro a dezembro em formação, e de lá pra cá em 2004...
Porque tiveram varias seleções né?! E foi naquela, refrescagem refrescagem,
refrecagem e eu estou aqui até agora.
Então a senhora entrou naquela fase que era o Centro Experimental?
É o Centro Experimental.
10. Como começou trabalhar aqui?
(pergunta respondida anteriormente)
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Amo! É o retorno, entendeu! Aqui eu tenho retorno do meu trabalho. Eu trabalho a
noite e eu quase entro em depressão (fez sinal de aspas), quando eu tive que voltar
para a sala de aula normal, digo normal assim, do sistema regular, e com EJA. Os
alunos não sabem nem português, nada! Imagina você trabalhar com inglês. É dá
murro em ponta de faca, entendeu? Aí você procura apoio é quando eu tenho
vontade de sair da sala de aula e ir para uma coordenação para ajeitar o que esta
troncho na escola, entendeu? Porque por mais que você saia das escolas regulares,
por mais que você tente fazer alguma coisa, você barra no sistema, o sistema não te
ajuda, entendeu? Você esbarra numa coordenação, esbarra... aqui no Ginásio é tudo
o que a gente faz é experimental. Embora que a gente reclame, “a deu a ordem de
cima a gente tem que acatar”, mas a gente até ainda tem uma... como é que eu
posso dizer, uma liberdade de trabalhar, de mudar de fazer, ou de questionar: Isso
aqui não funciona, vamos fazer assim, entendeu? A gente ainda tem essa liberdade.
Qual a liberdade que eu posso ter em uma escola regular se não tem material, não
tem recurso, nada! Não tem nem um apoio de uma coordenação. Até a coordenação
quer ajudar e não pode, porque esbarra, lá em Jaboatão, quer ajudar e não pode
porque bate numa coisa muito maior que é o geral. Aí quando eu entrei assim, eu
disse meu Deus vou ter que passar três anos nesse probatório, que é três anos, três
anos nesse probatório, não vou poder dizer um aí, não vou poder, porque probatório
não pode dizer nada. Não tem direito a nada, não tem direito a computador, não tem
direito a... em Jaboatão não tem direito a nada, não tem direito nem uma camiseta,
tem direito. Ele manda camiseta a todo mundo da escola, detesto camiseta, isso é só
um exemplo que eu dando. Nem uma camiseta que não vai fazer diferença
nenhuma, tem direito. Então, são coisas que isso acontece. Quer dizer eu saí a oito
anos de uma escola regular. Vim pra cá uma realidade totalmente diferente, tem
coisas negativas... tem! Como todo canto tem! Tem estresse? Tem muito! Quando
eu estou na TPM, só falto matar um (risos). Mas é o retorno, entendeu? E é isso que
eu gosto, por isso que eu não saí daqui ainda porque eu posso ir para outra escola
integral ou semi-integral perto da minha casa. Tou gastando um combustível
miserável para estar aqui, entendeu? Mas eu ainda fico lá e cá, eu preciso me
mudar, eu preciso sair daqui porque fica longe da minha casa porque onde eu
trabalho é pra lá, eu ainda estou aqui entendeu? É que o retorno ainda é maior.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
É... a política pública educacional. Porque por mais que a gente queira, implantar
isso, a gente esbarra muito nas leis que existem aí, entendeu? Quando isso aqui foi
criado, foi criado para que fosse uma escola de excelência, não uma escola de
excelência, mas para que todas fossem nesse parâmetro. Existem várias escolas
integrais por aí, mas você sabe que não funcionam iguais a essa. Tem escola que só
mudou de nome, né?! De escola regular para integral, mas que não mudou nada.
Quer dizer eu tenho amigos que trabalham que não... e ele diz que não funciona
como aqui funciona, entendeu? Bem diferente! Se você perguntar por aí você vai
ver. Então é... essa nova política que entrou, como não poderia acabar com a gente,
não poderia tirar o Ginásio não poderia... um projeto que deu certo, né?! Mas ele
disse não, vou... é. por exemplo pegar, eu dou a você uma caixa com lápis de cor
com 24 cores, aí você vai pintar a vontade, vai fazer um desenho maravilhoso, eita,
você pintou e fez um desenho maravilhoso, agora eu vou dar, pegar esse lápis de
cor, essa mesma caixa, você já, você sabe pintar com este instrumento de quadro.
Vou pegar essas cores e vou separar para mais três ou quatro pessoas, vai ficar o
mesmo desenho? Não! Entendeu? Não é que a gente queira tudo pra gente, mas eu
quero que todo mundo tenha a mesma caixa de lápis de cor que eu tenho. Era pra
ser feito isso entendeu? Então o que me desmotiva é isso, eu não acredito mais... é...
acredito na educação, acredito que a educação vai mudar, muda uma nação. Mas
infelizmente, quem está no poder, educação é a inimiga número 1º da política,
entendeu? Enquanto tiver a educação lá embaixo, mais esses políticos vão se eleger.
Então a minha descrença é essa, o que me desmotiva é isso, porque eu sei que a
educação nunca vai passar disso. A gente está aqui lutando, segurando com unhas e
dentes, mas eu acho que isso daqui, mas eu sei que isso daqui não passa. E eu
continuo fazendo dando o melhor de mim, mas... eu acho que eles não querem,
entendeu? Quando digo eles são ossos vizinhos aqui que não querem. (a câmara
dos deputados que é vizinha ao ginásio)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
No começo é porque eu sempre acreditei nisso.
Na filosofia do projeto?
Na filosofia do projeto! Quer dizer quando eu vim eu nem acreditava nessa filosofia
do projeto mas, é assim, eu não sabia direito o que era, mas eu queria trabalhar
numa escola que funcionasse. Porque eu sempre fui assim, não é falsa modéstia,
mas sempre fui organizada com minhas cadernetas, sempre... e eu sempre recebia
críticas dos meus colegas, aí ela recebe mais do que a gente, aí... ela... sempre tinha
isso do colega. Do próprio Estado, mesmo a gente... aqui a gente, nós somos do
Ginásio Pernambucano e somos os traidores (fez sinal de aspas). Quem quer fazer
alguma coisa boa para a educação são os traidores. É uma visão horrorosa, então.
“ahhh vocês tem alunos selecionados, ahh você tem isso” e não tem nada disso,
muito pelo contrário. A gente está recebendo alunos de uma escola que eles estão
pensando que gente aqui trabalha com o sistema de reformatório, entendeu? Estão
mandando assim, desse tipo. (risos) qual foi mesmo a tua pergunta?
Porque trabalhar em uma escola integral?
Ah, ai foi quando disse que era uma escola que ia ter qualidade, uma escola que vai
ser aberta e tal. E a minha inscrição foi no último dia mesmo, eu cheguei aqui no
último momento, pra fazer minha inscrição. E eu encontrei Ângela Vasconcelos e
eu disse a ela, depois que eu fiz a minha inscrição, encontrei com Ângela que eu
não conhecia, e ai ela disse: ah eu sou coordenadora daqui. E eu: gostaria muito de
trabalhar aqui porque eu queria, eu gosto de ver retorno. Eu saí do interior antes de
vim para Recife, e no interior eu via um pouquinho, mas eu via um resultado,
porque o aluno do interior parece que é mais motivado, ele é mais carente sabe, de
recuso. E quando tem uma escola que dá um suporte, então eu vim de escolas boas,
no interior, sabe. E quando eu cheguei aqui eu vi essa necessidade vi, aqui é
totalmente diferente, e alunos de comunidade que não tem compromisso com a
escola, não quer, estão ali só para pegar o diploma e aquela coisa todinha, aí isso foi
me desmotivando. Aí quando eu vi que o Ginásio vai abrir. A escola sempre foi
referência, embora caindo aos pedaços, mas sempre foi referência, aí eu disse
assim: vou tentar, eu sou assim, quando eu vejo coisas eu tento. Quando eu vejo
que não dá pra mim, eu nem tento. Mas aí eu não... dá pra fazer, eu vou tentar. Aí
vim pra cá e isso me motivou resgatar o que eu já tinha perdido quando vim do
interior pra cá.
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Se eu me sinto feliz? Me sinto! Porque eu faço o que eu gosto, entendeu? É... eu
não sei se eu seria alguma coisa além de ser professora. Não é nem porque “ah
porque eu gosto de inglês”, não porque eu gosto de ensinar, entendeu? Se disser
assim, (-X-) você vai ensinar a jogar pedra, aí eita, eu não sei ensinar a jogar pedra.
Mas tah bom eu vou tentar ganhar força, eu vou tentar achar mil maneiras de você
acertar naquele alvo ali entendeu? Então eu gosto disso que eu faço e eu gosto
quando sou reconhecida. Não pela gestão, não pela educação, não pelo...
entendeu?! Mas o aluno, o aluno quando volta, quando ele chega assim, (-X-)...
Tainá por exemplo, posso te pedir uma coisa, e eu “não peça mais nada não, hoje eu
não aguento fazer mais nada não” e ela não, vou fazer um pedido, “é porque eu
estou fazendo um curso e no meu curso tem instrumentação... de... tem inglês
instrumental, e as dicas que você me deu na sua aula de inglês foram ótimas,
porque eu estou conseguindo fazer tudo” Ai eu disse cara, e ela: “me dá um
abraço?” e eu disse “oxê, chegue”, entendeu? É aquela coisa assim, que eu digo
esse, isso pra mim, fora o salário não é?! O salário é importante porque eu vivo
disso.
Influencia?
Influencia! Não influencia muito, mas influencia! Mas... Eu gosto do eu faço!
18. O que te deixa mais feliz?
Ai é meio difícil dizer isso viu... muitas coisas, minha família, estar bem, isso me
deixa muito feliz, é... (silêncio)... meus sobrinhos, quando eles chegam pra mim
“Aê tia, valeu”, sabe, isso me deixa feliz! Porque as vezes você fica tentando dar o
melhor e pra... eu sou feliz a medida em que eu deixo as pessoas felizes, entendeu?
Pra mim a felicidade é quando eu sei que sou importante para alguém, porque
assim, não e importante pra alguém, mas se a pessoa que eu amo, ela reconhece que
eu tenho esse amor por ela, isso pra mim é o suficiente.
19. Pra você, o que é felicidade?
(pergunta respondida anteriormente)
20. Qual o seu maior sonho?
Ai... meu maior sonho... aí tem tantos (risos) um bem grandão, bem grandão...
rapaz seria ter um filho que eu já descartei, porque essa minha vida, o corre-corre
não dá. Ter um filho, por ter um filho eu já queria a qualquer hora em qualquer
momento. É que “homem” está difícil, não é nem a questão de ter um marido, quero
alguém que vale a pena dividir um filho com ele. Porque quando eu era pirralha, se
eu não casar, eu vou ter um filho, eu vou ter minha produção independente. Só que
eu sei que essa produção independente, não existe, a criança precisa de um pai. E
ter produção independente, era produção independente mesmo. O menino não ter
nem acesso ao pai, nada! Entendeu? Não mas assim, não, mas isso é muito
importante, a presença do pai é muito importante, não financeiramente, mas a
presença mesmo. Aí é muito difícil, você achar alguém que partilhe essa mesma
ideia que você tem. Mas fora isso é o sucesso profissional, sabe, fazer trabalhos, ser
reconhecido, ter um trabalho, que pelo menos que mude esse pessoal que está aí
sabe (apontando para Câmara dos Deputados). Um trabalho de conscientização
para mudar essa galera que está aí.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Eu já fiz várias cirurgias, de audição, que eu ia perdendo a audição e... só duas
vezes que eu me afastei, da audição que... do jeito que tava não precisava nem ter
voltado para sala de aula, poderia ter sido readaptada, mas eu não quis. Assim o
Estado estava me dando... e quando chegou no mês de dezembro o Estado, eu
trabalhava em outra escola, anterior daqui, e eu fiz em setembro a cirurgia, outubro,
novembro, dezembro e não tinham colocado ninguém no meu lugar, aí eu voltei
para escola, para fechar a caderneta, para os alunos terem um documento, porque
não mandaram ninguém no meu lugar, aí eu tenho problema de tontura, porque
atingiu meu labirinto, eu andava segurada pelas pessoas, mas mesmo assim eu fui
para escola fiz cadernetas. Aí o médico disse que mesmo assim, se você for
andando, nas férias eu passei indo pra praia, na areia para ir me adaptando a me
equilibrar, aí eu disse: não eu vou voltar para sala de aula, se eu ficasse dentro de
casa eu endoidava, ir para uma secretaria ou alguma coisa, eu ia endoidar, aí eu
disse, não, tenho muita coisa a fazer pela frente.
ENTREVISTA 08
1. Nome
-X-
2. Idade
37 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Há mais de 12 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Desde 1994, têm uns 17 anos.
5. Uma média da sua renda mensal?
R$ 2.500,00
6. Qual a sua carga horária?
Aqui no Ginásio eu tenho 28 horas semanais, mas eu trabalho no CCEE, tenho seis
turmas lá. São seis horas é... quase sete horas por semana.
Então na verdade tem dia que você trabalha manhã, tarde e noite?
manhã, tarde e noite e sábado também.
7. Porque escolheu ser professor?
Primeiro porque eu não sou daqui sou de Serra Talhada e interior, lá na minha
cidade só tinha a faculdade de formação de professores. Aí eu tive que fazer porque
toda a vida eu quis minha graduação. E aí minha mãe não deixou fazer o que eu
realmente queria que era direito. Eu tinha um sonho de ser juíza, mas aí sair do
interior vim para capital, aí tem todo aquele processo enrraigado, mulher, nanana...
aí acabei fazendo letras, optei por letras porque eu gosto muito de línguas, em
inglês em especial, aí me resolvi me dedicar a inglês.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Talvez sim, eu estou buscando uma outra oportunidade, estou estudando para
concurso, porque na verdade existem algumas coisas que em educação que saem da
minha linha de pensamento. Eu... se fosse para voltar o tempo, talvez não porque eu
gosto do que eu faço, eu gosto de ensinar eu gosto desse contato de estar com eles.
Eu acho que eu tenho alguma coisa para passar para eles, talvez uma missão não
sei. E até essa missão acabar eu ainda estou na luta de ser professora.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Eu vim pra cá ano passado em fevereiro de 2010. Eu vim acompanhando, eu tenho
duas filhas, eu vim acompanhando uma delas para fazer segundo ano, que ela tem
vontade de fazer medicina, e pra não deixá-la sozinha eu resolvi acompanhá-la.
Deixei uma em Serra, voltei, esse ano eu trouxe a menor, porque ela terminou a
oitava série aí está comigo, estão as duas.
As duas estão estudando aqui então?
hahan
10. Como começou trabalhar aqui?
Pra chegar até o Ginásio, primeiro eu vi o processo seletivo no diário, e em seguida
eu comecei a me movimentar de lá de Serra talhada mesmo. Achava muito difícil
pra chegar até o Ginásio Pernambucano. Na verdade tinha o processo seletivo para
as escolas integrais, foi o que eu fiz. Então chegando lá o programa, porque você
tem toda uma questão do currículo, entrevista, então todo esse processo eu passei,
eu ia trabalhar em uma escola em Nova Descoberta, e no dia que eu fui para pegar o
meu encaminhamento para essa escola em nova descoberta, a pessoa que estava
batendo (fez sinal de digitando) recebeu um telefonema na hora e disse a mim que a
pessoa que ia ficar no meu lugar, não podia porque estava com, tinha ganhado bebê
há pouco tempo e ela preferia ficar em uma semi-integral porque ela teria duas
tardes livres para o bebê. Aí ela perguntou, você quer ir para o Ginásio
Pernambucano, eu até: Hã? (fez cara de assustada) O que? – Você quer eu vou
mandar você pra lá agora, é bem pertinho aqui na Rua da Aurora. – Ah tá me
manda! Eu acho que é o sonho de todo mundo vim trabalhar aqui. Pelo status do
colégio? Pelo status não é?! E você acredita que é uma escola que realmente faz a
coisa andar, dentre tantas adversidades que a gente ver aí.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto!
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Hummmmmm, talvez por não estar trabalhando em uma escola regular. Por ser
uma escola de referência e eu ver as coisas realmente andando, mesmo que as vezes
aos trancos e barrancos, mas sei que as coisas acontecem. É engraçado porque a
gente sempre fica brincando: poxa vocês aqui, a gente briga por aula, quando você
não consegue dar uma aula numa turma em uma semana, aí a gente fica: o, por
favor, me dar uma aula da tua aí a gente. Semana passada era uma briga: me dá
uma aula da tua, não posso não. Por favor, me dá uma aula da tua, não posso não. E
assim você ver que realmente aqui a coisa anda. Então eu me sinto motivada por
sentir que aqui é como se fosse uma família. É até diferente esse contato o dia
inteiro com os meninos é como se fosse todo mundo da família. Aí quando chega
alguém estranho: Quem é? (cara de assustada) E esse aí que não estava aqui? Né,
então todo mundo se conhece, então, eu gosto de estar aqui.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
Eu não diria no Ginásio Pernambucano eu diria da educação...
Da integral? Depois eu vou te perguntar.
Do colégio, o que te desmotiva a trabalhar?
Assim, a falta de projetos, porque a escola que eu trabalhava ela trabalhava muito
com projetos. Então como eu sou de língua inglesa, a gente trabalhava muito a
questão de, a gente juntava e fazia, vamos fazer um projeto de língua inglesa, a
gente vai fazer um festival cultural, tipo assim. Aí eu podia abraçar aquela causa e
trabalhávamos durante dois meses naquele projeto e tinha a culminância dele no
final. Coisa que aqui não acontece, aqui a gente só tem aula! Aula e aula! Então
como o foco é passar em vestibular é o primeiro dos focos, então é focado em aula,
conteúdo, cumprimento de conteúdo, aí, e o que a gente fica, eu ainda fico meia
assim, eu digo poxa, você se sente muito preso, você não pode, você quer, mas não
pode.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Porque não uma regular?
É!
Eu já trabalhei em uma escola regular, trabalhei durante sete anos em uma escola
regular, aliás, sete não, dez desses doze anos foram em escola regular. Só que
cidade do interior é diferente né?! Então o meu medo quando eu vim para Recife é:
vão me jogar em uma favela, aí você ver. Porque a gente ver as reportagens, a gente
ver o que é que o pessoal faz. O que é que... assim, o descaso! Então numa escola
integral, foca ali no aluno, ele quer trabalhar o aluno nas quatro instâncias que a
gente chama. Não é: aprender, a ser, a conviver, a fazer, então tudo isso é como se
fosse um vínculo que você cria e você acaba querendo sair e não pode.
15. O que te motiva no programa?
(Silêncio) Talvez, deixe-me ver... rapaz... é essa questão mesmo de fazer e
acontecer. É você ser professor, e você realmente receber o seu dinheiro no final do
mês e saber que você trabalho pra aquilo dali. Você está recebendo e está fazendo
juiz aquele dinheiro. Então talvez você poderia receber um pouco mais, porque o
trabalho a carga aqui é bem maior, no Ginásio Pernambucano a carga é bem maior.
16. O que te desmotiva no programa?
O que me desmotiva é o que eu já te falei, é você não poder ir além na questão dos
projetos. A gente não tem como, não tem autonomia, realmente para fazer.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Sim, eu gosto de ser professora, independente de estar aqui, ou de estar em
qualquer outro lugar, eu sempre fui uma pessoa que sempre fiz amizade muito fácil
e talvez o meu sorriso sempre encantou muita gente. Então a minha disciplina é
uma disciplina difícil de ser lecionada, eles não querem, né, eles não querem nem
aprender português, vamos dizer assim, e quando diz inglês... é (cara de nojo)...
mas por eu ter esse encanto eu acabo conquistando e dá certo! Dá certo! É uma
mistura que deu certo, até agora né?!
18. O que te deixa mais feliz?
É saber que eu pude contribuir na vida de alguém! É ter não um reconhecimento,
mas de vez em quando você escuta. Eu tenho muito alunos meus que ainda deixam
depoimento pra mim: “aí professora eu ainda lembrei daquela coisa que a senhora
ensinou na sala” é você saber que alguma migalhinha você colocou na vida de
alguém, seja na parte pedagógica, seja na parte emocional. Semana... Acho que foi
há uns 15 dias, chegou um aí na secretaria: professora, eu sai da escola a senhora
viu né?! E eu: Vi! E ele: “eu fiz o que a senhora me disse naquele dia eu estou
trabalhando com os meus pais, estou trabalhando realmente só um período”. Porque
assim, como aqui é uma escola que puxa muito da gente, a gente tem que puxar
muito deles, então não tem como você dizer a bichinho e passar a mão na cabeça,
não! Aí aquele que não tem realmente esse perfil do aluno que a gente espera, é
claro que uma conversa aqui, uma conversa ali, você não vai dizer: olha pega tua
transferência e sai! Mas a gente vai de qualquer forma, vai manipulando, tentando
clarear, olha é assim mesmo que você quer estar? Porque na verdade toma a vaga
de alguém que quer. E aí: “o professora estou tão bem mais feliz” então você ver
que de alguma forma você contribui para aquela pessoa de alguma forma.
19. Pra você, o que é felicidade?
Acho que é estar em paz consigo!
20. Qual o seu maior sonho?
Talvez financeiro: ter meu apartamento, meu carro. É ajeitar a minha vida de um
modo geral.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Não, não, eu sempre procuro não usar atestado, licença, porque eu sei que mais na
frente vai me fazer falta. É só se for necessário mesmo. Por exemplo, minha filha
fez uma cirurgia e eu poderia ter tirado uma licença para acompanhá-la e não,
nunca não!
ENTREVISTA 09
1. Nome
-X-
2. Idade
43 anos
3. Há quanto tempo leciona?
17 anos
4. Há quanto tempo é formado?
19 anos
5. Uma média da sua renda mensal?
Oxê, pra falar a verdade ou pra mentir?
Verdade professor!
Poxa, sabe que eu nunca fiz essas contas! Pra não ficar traumatizado. Porque eu
estou aqui nessa escola e você tem uma gratificação de localização dá uns R$
2.700,00, não dá uns R$ 3.000,00.
6. Qual a sua carga horária?
Cara, minha carga horária é 350 horas/aulas. 200 aqui e 150 na outra escola.
7. Porque escolheu ser professor?
Felicidade, isso foi acidental viu, não foi vocação não, foi acidental mesmo. Eu
terminei o Ensino Médio, o segundo grau né, não sou do tempo do Ensino Médio,
de repente eu me questionei o que é que eu poderia começar na universidade e
terminar e entendi que só dava o curso de... Formação de professor, aí eu resolvi me
tornar professor, tentar né?! Me tornar professor. Aí foi acidental, nunca foi nada...
nunca pensei em me tornar professor não. Isso não estava nos meus planos não.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Faria! Faria!
Qual a outra profissão?
É! Direito. Eu acho interessante a carreira de... a estrutura do direito, eu acho que
me daria bem como advogado, sou bom de enrolar as pessoas, sou bom de
conversas. Acho que teria uma sobrevida legal no curso de direito.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Aqui cinco anos.
10. Como começou trabalhar aqui?
Bom eu cheguei aqui... saiu um professor daqui e um colega meu foi chamado pra
vim pra cá, só que nesse momento ele estava entrando na polícia federal, aí ele não
quis vim e me indicou para o cargo que era coordenador pedagógico daqui. Aí eu
vim pra cá, fiz uma entrevista com a gestora, e acabei ficando.
Mas o senhor fez a entrevista para coordenação pedagógica?
Eu fiz a entrevista com a coordenação pedagógica e com a gestora da escola.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Alguns dias sim, outros dias, não! Não, é. a sua temática é muito interessante,
felicidade! Eu defendo a ideia que ninguém é feliz o tempo todo assim como
ninguém é triste o tempo todo. Assim, eu acho que ser professor, está nesse
universo. Uns dias você tah... você acha legal estar aqui nos outros não é legal estar
aqui.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Rapaz há algum tempo atrás eu certamente iria lhe dizer que o que muito me
motivava a estar aqui que eram as condições daqui que eram bastante diferenciadas,
né?! Pra possibilidade de realizar um trabalho, legal. Hoje, as condições foram
mudadas, algumas questões foram retiradas. Mas assim os alunos daqui são um
motivo pra você vim pra cá. Que motiva você a vim pra cá. A possibilidade da
gente poder fazer algumas, contribuir um pouco pra mudança de vida de alguns
meninos. Acho que isso é uma das razões de eu estar por aqui ainda.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
É... as urgências, as prioridades que ainda estão o tempo todo mudando aqui, né?!
Algumas prioridades que são mudadas, são alteradas, é... como é aquela palavrinha
que eu usei que a gente tinha muita... demandas! E assim a gente, eu acho que a
gente tem muitas demandas.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Olhe, é... num primeiro momento eu acho que isso soou um pouco como desafio
sabe, eu não tinha tido a experiência de trabalhar em uma escola integral, e fui
chamado pra vim pra cá, quer dizer, naquela situação que eu coloquei pra você, e
quando eu cheguei aqui, essa era a estrutura da escola e eu acabei ficando nela,
acabei, de certa forma me incorporando nela, na estrutura né?! Assimilando essa
estrutura.
15. O que te motiva no programa?
Eu acho que é a possibilidade de a gente estar o maior tempo com os alunos, e a
gente tem uma condição, mesmo na precariedade que hoje se tornou a nossa
estrutura, mas aí a gente tem uma condição infinitamente diferenciada, de outras
realidades de escola do ensino regular que a gente tem aí né?!
16. O que te desmotiva no programa?
Falta de uma definição clara, de uma política que é a escola integral. Porque como a
coisa está o tempo todo, indo e voltando, mudando. Você vai estar fazendo uma
coisa e depois você tem que fazer outra, porque apareceu alguém que quilo que
estava sendo feito, tem que ser mudado e tal. Então, essas emergências que sinaliza
o tempo todo pra mudanças, que nem sempre são mudanças positivas. Quase
sempre agora negativas, no sentido, que elas atrapalham muito mais do que ajudam.
17. Você se sente feliz? Por quê?
(risos) Felicidade é o que eu lhe disse anteriormente é um estado. Hoje eu estou
contente amanhã eu posso estar deprimido, posso estar triste, porque eu... eu
procuro me sentir bem, né?! Não que isso seja possível o dia todo o tempo todo,
todos os dias, mas eu procuro fazer a coisa não ficar tão caótica quanto ela parece
ser, né?! Ser feliz depende do Estado, depende do dia, depende das contingências,
da formulação do cotidiano do indivíduo, dentro de muitas coisas.
18. O que te deixa mais feliz?
Cara aqui ou numa perspectiva geral?
Geral!
O de acordar de manhã, você poder trabalhar, poder estar com as pessoas que eu
gosto, isso me deixa feliz.
19. Pra você, o que é felicidade?
(pergunta respondida anteriormente)
20. Qual o seu maior sonho?
Carambaa... meu maior sonho é colocar os meus dois filhos em um curso na
universidade pública em cursos decente que eles possam voar, eles possam sair do
ninho, esse é meu sonho hoje.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Já, já tive já. Mas nenhuma de fórum emocional, físico mesmo, joelho podre, é
joelho basicamente, né?! Os dois joelhos, e sou hipertenso. Aí eu me drogo todo dia
pai, sou um drogado (fez sinal de louco, mas estava rindo, tirado brincadeira com a
situação).
ENTREVISTA 10
1. Nome
-X-
2. Idade
44 anos
3. Há quanto tempo leciona?
15 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Eu me formei em 86. (24 anos)
5. Uma média da sua renda mensal?
Vou arredondar R$ 5.000,00
6. Qual a sua carga horária?
400 horas
7. Porque escolheu ser professor?
Primeiro foi por acaso né (risos). Primeiro era o desejo da minha mãe que as duas
filhas fossem professoras, porque ela disse que ela... assim, o cargo que ela achava
mais lindo que ela queria ser, mas terminou mesmo não conseguindo. Mas o que eu
queria mesmo era medicina, era ser pediatra era meu sonho. Fiz a primeira vez
vestibular e não passei, aí passei no vestibular da FAFIRE, me identifiquei muito
com o curso, Biologia né, porque era uma parte que eu ia ver na medicina, então me
identifiquei, comecei a ter bons relacionamentos com os professores, era monitora
de citologia e histologia e fui ficando, fui gostando, me identificando, fiz os dois,
licenciatura e bacharelado, aí engatei logo, fiz especialização e fiz mestrado junto.
Aí decidi, depois já fiz o concurso, passei e fiquei. Não me arrependi de maneira
nenhuma, tentei fazer outras vezes medicina, mas depois vi que talvez realmente
não seria minha praia. Porque eu ia me envolver demais com o paciente. Eu cheguei
a assistir uma palestra lá na Federal sobre essa questão de como o profissional que é
da área médica, tem que saber separar essa questão e pessoal e não se envolver com
a dor do paciente, e eu acho que eu ia me envolver demais.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Não, não faria diferente. Agora tentaria assim, ver o profissional que eu sou de uma
outra forma. Eu aprendi muito quando eu cheguei aqui, parti a ser realmente
professora quando a gente passou pela capacitação por três meses aqui na escola.
Porque a realidade de outras escolas era: eu jogo o que eu sei e tu aprende se tu
quiser, né. E aqui não a gente fez uma proposta diferenciada, mudou muito,
atualmente está muito modificado, desde o inicio de como foi projetado. Mas...
muito melhor do que lá fora...
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Desde 2003. (oito anos)
10. Como começou trabalhar aqui?
A gente fez a seleção através da análise do currículo, a como eu tinha muitos
trabalhos escritos né, porque desde a graduação, como eu disse eu me identifiquei e
a gente sempre escrevia e tal para congresso, simpósio, então essa parte eu tinha
muito grande, eu não tinha muita experiência, né, didática, mas essa parte aí eu
tinha muito.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto!
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
É o contato maior que a gente tem com o aluno né. Como a gente passa o dia todo
né, a gente tem uma relação maior com eles, né. Essa questão realmente se estende,
eu como me envolvo nessa questão de formatura, aí pronto eu ainda estou mais
ainda interagindo com eles. Participando mais da vida deles, problemas por conta
disso ou daquilo, outros vem e conversam em particulares, então essa convivência o
dia todo aqui faz a gente ver o aluno de uma outra forma, coisa que a gente passa de
três a quatro horas, num dia não dá, ou vê dar o seu conteúdo e tentar dar uma geral
na turma, né. Ver as vezes pela reação da própria expressão a gente consegue
perceber né, mas nem sempre, precisa-se esse contato maior.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
A falta de disciplina dos alunos, determinadas posturas assim, o que eles fazem
errado, deveria ter uma outra forma de puni-los para eles realmente: “não eu aqui
eu não posso fazer, se eu fizer eu vou me dar mal, então, se eu ponho um daqueles
outros que gostariam de seguir o exemplo sabem que vai haver essa punição, isso
esta faltando”. E a questão do salário, quando passou para ser política pública, a
gente perdeu muito, perdeu muito em dinheiro e ganhou mais carga horária. Então
isso as vezes até desmotiva porque você não tinha aquele tempo, que tinha para
escrever um trabalho num congresso, pra inventar um projeto com determinados
alunos, apresentar o “Ciência Jovem”, mas nunca eu inscrevi para o Ciência Jovem
porque eu realmente não tenho tempo.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Primeiro quando a gente..., eu disse não vou colocar o meu currículo pra ver se dar
certo, né. Eu achava que não ia passar porque eu só via os feras daqui, pessoas que
já tinham anos e anos de didática principalmente e eu achava que isso ia pesar
muito mais que a outra parte no currículo. Então eu achei que não ia ficar. E
integral porque, porque é... eu ia ter a minha carga horária disciplinar, mas eu ia ter
minha hora de projeto, minha hora de estudo, eu ia poder me programar, pra poder
desenvolver um trabalho que eu queria, ou como professora ou desenvolver com o
aluno.
15. O que te motiva no programa?
É você conviver mais com o aluno, eu acho que a gente pode interagir melhor com
ele conhecendo a gente melhor, se dando bem. Eu acho que o aluno quando se
identifica com o professor, flui mais fácil pra ele.
16. O que te desmotiva no programa?
É as ordens que são para ontem, ontem, ontem... e a gente tem que fazer. Sem assim
consultar, ou a gente como esta convivendo com o aluno, a gente pode ter outra
estratégia que ia favorecer a situação que ele está querendo. E não daquela
exposição, olha tem que ser assim e tal, tal, tal...
17. Você se sente feliz? Por quê?
Atualmente sim né, porque assim eu tou bem com a minha família, só um
probleminha, o que me aflige muito é a questão a minha filha não gostar muito de
estudar. Eu sempre fui uma pessoa que eu sempre gostei de estuda. Eu podia dar
todos os problemas a minha mãe, menos isso. Eu sempre gostei muito de estudar,
não era aquela primeira aluna, da sala, mas muito esforçada, tanto que eu fiquei em
terceiro lugar no mestrado, na prova do mestrado, então eu sempre estudava, ia
atrás participava. E ela não ela é muito quieta as vezes ela não entende e fica com
vergonha, tímida. Então ela é muito diferente de mim, eu queria que ela fosse eu as
vezes eu peco muito por isso aí. Eu tenho que respeitar essa individualidade dela, e
esperar o tempo dela, porque cada um tem o seu tempo de conseguir enxergar o que
é importante e como eu ir em busca daquilo que eu acho que é o meu objetivo de
vida.
18. O que te deixa mais feliz?
Assim se for de profissão, não é nem mesmo eu vir, eu tou de alma lavada, porque
tudo que estava na prova, a gente falou em sala, discutiu mostrou, então não tinha
porque dizer, caiu aquele conteúdo e a senhora não tinha falado nada pra gente.
Então isso aí pra mim eu estou felicíssima, estou satisfeitíssima. Quem não aceitou
é para puxar a orelha, entendeu? E na família ou assim na vida mesmo é você ver e
reconhecer o seu trabalho, e sou assim muito dinâmica, faço de tudo, quem ta assim
precisando de mim, mesmo que eu não tenho tempo, vou e ajudo...
19. Pra você, o que é felicidade?
É o bem estar, você estar em paz com você mesmo. Não existe nada que quando
você se deite diga, poxa vida estou com isso com aquilo, me falta isso, é o meu
estar bem, eu acho que felicidade mesmo, você pode dizer eu estou feliz agora e
mais tarde, alguma coisa lhe abater e pou eu tou infeliz, né. Eu acho que a
felicidade é momentânea, vai de acordo muito com o que esta tribulando. Vamos
supor eu recebi uma notícia, Deus me livre, que perdi meu pai, vou me achar a
pessoa mais infeliz do mundo, né, mas é um conjunto.
20. Qual o seu maior sonho?
É conseguir ver os meus filhos realizados profissionalmente, porque eu tenho um
de oito e outra de 16, então é bem longe assim, eu gostaria de viver até lá.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Fiz cirurgia, há dois meses atrás eu fiquei afastada, fiz cirurgia de veias.
ENTREVISTA 11
1. Nome
-X-
2. Idade
33 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Mais de 10 anos, porque desde que eu entrei na faculdade eu já comecei a trabalhar
na educação.
4. Há quanto tempo é formado?
Eu me formei em 2000 aí eu fiz a pós-graduação. Porque eu fui laureada aí
consegui pela UPE. Aí parei por enquanto, nada de mestrado por enquanto porque
meu tempo aqui não permite.
5. Uma média da sua renda mensal?
Uma média... R$ 2.500,00
6. Qual a sua carga horária?
200 horas aulas, é 30 semanais.
Então você está aqui manhã e tarde?
O dia todo, todos os dias.
À noite não?
Não!
7. Porque escolheu ser professor?
Porque na verdade eu amo educação, eu gosto de lecionar. Eu desde criança
brincava de ser professora eu sempre gostei assim, acho lindo a profissão aí pronto.
Foi fácil para você escolher?
Foi fácil! Na verdade quando eu fui prestar vestibular fiquei um pouco em dúvida
entre história e geografia, é porque eu sempre me voltei assim para a área de
humanas. Aí eu optei por geografia porque minha irmã já era formada em história.
Mas pretendo fazer direito.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Se eu tivesse outras oportunidades. Porque assim eu fui aluna de escola pública e é
mais difícil entrar em uma universidade pública. Por conta das carências e
deficiências que existe. Então assim, eu gosto do curso que eu fiz, gostei oi um
curso bom, algumas cadeiras não tão legais outras foram, mas assim eu também
pretendo um dia fazer direito. Minha irmã se formou em direito pela federal. Hoje
eu vejo que não é um curso tão bom assim porque é leis muda bastante. Mas talvez
eu pense em fazer direito pela questão financeira, porque abre mais o mercado, o
trabalho, os salários são melhores.
Ah entendi, mas aí você faria o mesmo curso com a pretensão de fazer direito
depois?
Isso!
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Desde 2009
10. Como começou trabalhar aqui?
Na verdade alguns colegas meus da outra escola falavam sobre o ginásio, e assim
era um modelo de escola e eu dizia: Nossa eu quero ir pra lá, como é que eu faço?
Aí eu fiz o concurso, para educador de apoio e para professor. E eu fiz, dessa vez eu
entrei, primeira vez que eu fiz, mas eu entro de qualquer jeito. Aí eu consegui a
primeira colocação para educador de apoio. Só que aí, eu gosto de sala de aula e
como eu também tinha feito para ser professora eu preferi me desfazer da vaga de
educador de apoio para ficar na sala de aula.
E aí você fez concurso para vim pra cá, ou do concurso você foi locada para vim
pra cá?
Porque normalmente... primeiro foi assim eu fiz o concurso para educação, aí eu
entrei na escola normal. Aí tem o concurso interno para o integral, aí eu fiz
justamente para educador de apoio ou então para lecionar. Aí eu fiz os dois, passei
nos dois e optei por ficar na sala de aula.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto, porque apesar de ser uma escola pública, assim, não 100%, mas parte dos
alunos que entram aqui a gente consegue visualizar mudanças de comportamento.
Alguns que antes a gente via assim sem um norte na vida e conseguem mudar sua
perspectiva de vida, isso assim é uma mudança radial. E isso pra mim é muito
assim, dá uma satisfação muito grande. Aí isso foi muito bom, é gratificante.
Porque a gente sempre recebe visita de alunos que estão assim, terminando o curso
na UPE na Federal, cursos bons.
(interrupção – alguém procurando a professora)
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
(já respondeu acima)
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
Na verdade a questão é assim, que eu creio que a carga horária, a gente tem uma
carga horária tão grande que isso de uma certa forma prejudica o nosso trabalho.
Porque eu creio que todos vão falara a mesma coisa. Professor para dar uma boa
aula tem que esta sempre se atualizando, preparando coisas diferentes, para gente
integrar mais. Então a gente está numa carga horária tão grande que às vezes você
chega assim e poderia ter dado muito mais, e não dá porque faltou aquele tempo
para você preparar um melhor material. Sem falar nas substituições, não é. Por
exemplo, o professor falta, aí não pode deixar a turma sem aula aí pega quem tiver
livre e vai. Então na teoria a gente não só da 30 horas/aula, a gente da muito mais.
Ah entendi agora você conversando comigo, poderia ser que se uma turma estivesse
faltando você estaria em uma sala de aula?
É! Eu ou qualquer um outro professor que a coordenação indicasse para ir, locasse
para sala.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Pra mim eu vejo que é cômodo no sentido de não está saindo de um turno para
outro, para outra escola que eu já fiz isso. Quando eu entrei no estado eu trabalhava
em duas escolas e, por exemplo, de manhã eu dava aula em uma escola, à tarde eu
dava aula em outra escola, e anoite eu voltava para escola onde eu já estava pela
manhã. Aí pra mim isso é uma comodidade, eu gosto.
15. O que te motiva no programa?
No início era assim, o formato. Mas eu vejo que hoje a situação, esse formato esta
mudando, que realmente no início era. Era um modelo, na minha visão um modelo
que você tinha mais tempo. Não só tempo pedagógico com o aluno, mas assim, a
questão da presença e hoje a gente esta quase que de certa forma, sendo um
integral, mas em alguns momentos em moldes de uma escola normal. Onde suas
aulas e todo o contexto vai sendo deteriorado, e consequentemente os resultados
não vão ser tão bons quanto no passado. Como logo no início quando surgiu.
Então seria o que te motiva: a filosofia do programa?
A inicial!
16. O que te desmotiva no programa?
Como isso tudo mudou!
17. Você se sente feliz? Por quê?
Em parte! Pronto a felicidade que eu digo é quando eu vejo que muitos alunos
conseguiram, conseguiram vencer na vida porque eu sempre digo a eles que eu fui
aluna de escola pública, passei no vestibular e fui aluna laureada, e eles são
capazes. E a gente ver que assim tem uma concorrência desleal, tem alunos que
vem de escola particular, fazem cursinhos e a gente ver que consegue mudar a vida
de alguns alunos, e isso é muito gratificante. A gente: Nossa! Menos uma pessoa,
menos um jovem que deixou de estar no mundo do crime, das drogas e aí por
diante, isso é muito bom pra mim! Eu me sinto feliz e realizada nesses momentos.
E o que me deixa as vezes um pouco triste é esse trabalho muito exaustivo, eu não
estou me eximindo do meu trabalho, mas tem horas que você precisa de um tempo
para fazer um bom trabalho.
Entendi, então se eu te perguntar o que falta para ser mais feliz do que se
considera?
Além desse tempo que a gente precisa para todo esse contexto pedagógico
funcionar, o que falta para ser mais feliz?... e também as vezes eu vejo o
reconhecimento de toda essa estrutura de governo, com a educação. Porque a
educação seria tudo em qualquer país em qualquer lugar, a gente tem exemplo de
país que passou por guerras e em uma década mudou radicalmente, porque levantou
a bandeira da educação como a bandeira número 1. Mas isso passou pela
qualificação do professor, também pela questão salarial, a agente também não pode
dizer que você trabalha só por amor, aí você esta sendo um mentiroso. Então assim
a questão salarial também influência nisso aí. Pesa, por isso que no início, os
comentários de quem começou no integral é que tinham salários que estigavam
você a trabalhar, tinham muito mais tempo. E hoje não, você viu uma redução
salarial e aumentando o trabalho, então isso pesa. As cobranças no caso, cobrança,
cobrança e muitas vezes sem lhe dar um aparato para que isso aconteça, sem um
suporte.
18. O que te deixa mais feliz?
Aí o que me deixa mais feliz é ler um bom livro que ultimamente eu não fiz isso, se
você me perguntar esse ano eu não li um livro ainda, parar, olhar o mar, eu fico
muito feliz! Eu adoro contemplar a natureza, observar a chuva. Eu gosto muito
assim da questão de natureza, que contemplo muito a natureza.
19. Pra você, o que é felicidade?
É estar bem comigo e transmitir essa felicidade. Transmitir essa energia positiva. Aí
assim eu acredito muito na energia das pessoas, por isso que eu procuro ficar
próxima a pessoas que falam coisas boas, eu não gosto de estar próxima de pessoas
que só reclamam, reclamam, reclamam, porque trás energia negativa. Então assim
eu gosto muito dessa situação onde a felicidade a gente percebe no olhar, na fala, de
um gesto das pessoas.
20. Qual o seu maior sonho?
Na verdade o meu maior sonho era conseguir uma residência e hoje eu estou
plantando isso aí, minha semente esta sendo regada. É ter um lugar próprio e eu já
estou conseguindo Graças a Deus, 2013 estarei lá!
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Não, assim sou uma pessoa saudável.
Você precisou se afastar por algum motivo?
Ah afastamento foi em dezembro de 2009, no finzinho do ano que eu fiz uma
cirurgia nos olhos passei 15 dias, retornei no finalzinho no momento do conselho
escolar.
ENTREVISTA 12
1. Nome
-X-
2. Idade
47 anos
3. Há quanto tempo leciona?
26 anos
4. Há quanto tempo é formado?
26 anos
Não começou a dar aula antes não?
Não!
5. Uma média da sua renda mensal?
Dá uns R$ 4.000,00
6. Qual a sua carga horária?
350 horas mensais.
Então o senhor tem um vínculo aqui e outro vínculo à noite?
Outro vínculo, outro vínculo à noite, 200 horas aqui e 150 lá na outra escola.
7. Porque escolheu ser professor?
Pô, na realidade na minha época, década de 80, começo da década de 80, eu tentei
engenharia, fiz engenharia civil. E como podia optar por duas, por duas áreas, não
é, aí eu escolhi, engenharia e física, passei nas duas. E aí comecei com física,
terminei primeiro, e aí comecei a dar aula e a questão financeira, porque o mercado
era muito fechado nessa época, pra quem era engenheiro, então eu trabalhei com
engenharia pouco tempo, comecei a trabalhar com educação e fui desenvolvendo aí,
com educação, os anos foram passando e eu fui acompanhando a educação mesmo.
Teve uma época que eu fiquei trabalhado com os dois, ficava como engenheiro e
como professor, mas aí o mercado fechou eu perdi o meu emprego de engenheiro,
aumentei minha carga horária de física e fiquei trabalhando em várias escolas eu
cheguei a trabalhar em quatro escolas de uma vez, e aí não deu mais tempo pra, pra
engenharia mesmo não. Os compromissos financeiros foram levando você a seguir
o barco.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
... veja só... hoje o mercado para engenhara estaria bem melhor, então,
provavelmente eu teria seguido a carreira de engenheiro, mas, com mais seriedade.
Não digo que pararia de ensinar, porque eu gosto. Até porque quando eu comecei a
ensinar, uns amigos meus que já davam aula diziam: rapaz, tu vai entrar num
negócio que é um ópio viu, você vai se viciar e não vai deixar nunca mais. E
realmente, não deixei mais. Eu acredito, eu acho que mesmo se eu voltasse para
engenharia hoje, eu continuaria dando aula. Hoje eu já estou realmente viciado.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Aqui no Ginásio, há três anos.
10. Como começou trabalhar aqui?
Eu tenho dois vínculos com o estado e tinha uma cooperativa, durei uns três anos
com essa cooperativa. Então a cooperativa acabou, depois de três anos não dado
certo. Por brigas internas, inadimplência de alunos e começou a não dar certo.
Então eu não vim pra cá antes, exatamente por conta desses compromissos que não
tinha o tempo para a escola integral. Mas aí como a cooperativa não deu certo,
fechou, depois de três anos. Aí, a antiga direção, Tereza, junto com dois amigos
meus que tinha aqui, que já ensinavam aqui. Me convidaram, apareceu uma vaga
pra física, me convidaram e eu resolvi aceitar. E vim! Foi assim, por convite.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto muito! Gostei muito da escola.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
É... porque veja... no Estado a gente não tinha muita perspectiva de resultado com
alunos. Então eu trabalhei muito tempo e outras escolas do Estado que não davam
resultado, como essa daqui dá. Em termos de aprovação no vestibular, em termos
de alunos que procuram os cursos técnicos e se dão bem nesses cursos. Então essa...
eles te mais sucesso. Então você ver maior retorno do seu trabalho. Então isso me
motiva muito. E é uma escola bastante dinâmica, você não, não... um dia não é
igual ao outro. Isso ajuda muito também, os dias são diferentes.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
... olhe... não tenho nada que desmotive não. Nada assim que seja, que seja
significativo não! Desmotiva porque a gente tem muito aluno que não se entrega,
que não sabe nem o que esta fazendo aqui na realidade, não sei se pela forma de
entrada na escola que não é que eles escolhem, ligam para o 0800 e acabam aqui
dentro sem saber nem o que é a escola, então muitos não levam a escola muito a
sério, isso, deixa a gente triste, né?! Porque eles poderiam dar um resultado ainda
melhor do que eles dão. E esses alunos muito não levam tão a sério, então eles
relevam um pouco a escola, isso deixa um pouco desmotivado. Fora isso, a
estrutura é boa, já foi melhor, mas ainda é boa, dá pra trabalhar bem, nada que me
desmotive não.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
... como eu tinha já esse costume do dia inteiro no trabalho, então a escola integral
me ajudou a manter esse ritmo. E também, porque como eu tive uma quebra
financeira, a escola integral tem uma gratificação, isso ajudou também. Também foi
um dos motivos.
15. O que te motiva no programa?
Eu acredito que essa estrutura que a escola tem, esse favorecimento a desenvolver
um trabalho melhor, e ter do aluno um retorno melhor. Claro, daqueles que
realmente se interessam e se esforçam pra isso, como disse tem muitos que não
sabem o que estão fazendo aqui. Mas a gente tem um retorno maior deles, um
compromisso maior deles.
16. O que te desmotiva no programa?
Acredito que a quantidade de aulas, eu acho que poderia ser menos aulas. Não digo
menos tempo na escola, mas menos horas dentro da sala de aula. Pelo menos aqui
eles tem muita aula e pouco, poucos momentos de... eu não digo lazer, mas
desenvolver outras atividades que não seja esta sentado num banco, colado na
carteira né?! Com o professor lá na frente. Talvez um período maior de atividades
esportivas que eles não têm tanto, o pessoal de Educação Física, tenta fazer isso,
mas não tem quadra, não te nada. Então esse, essa questão dele estar muito tempo
dentro de uma sala de aula, acho que isso também não é tão bom.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Sim, eu tenho um lugar... hoje mesmo um aluno me perguntou a mim, porque é que
eu estava muito feliz, eu disse rapaz eu sempre fui feliz, porque eu não tenho
nenhum motivo pra ser infeliz não.
18. O que te deixa mais feliz?
...é, veja... primeiro por causa da família, eu tenho uma família boa. Uma mulher e
uma filha que pelo menos até agora esta bastante estudiosa, se esforça. E,
profissionalmente também, eu não estou me sentindo infeliz não. Não tenho
problema financeiro maior. O salário não é muito mas dá pra pagar as contas e dá
pra ter um certo padrãozinho, não tenho não, motivo pra ter felicidade não.
19. Pra você, o que é felicidade?
Eita boa pergunta! Ontem fizeram uma pergunta dessa a uma pessoa que respondeu
uma gota de um orvalho né?! Numa pétala de flor, (risos) a musica de Vinicius.
Mas eu acho que a felicidade... e porque felicidade não é uma coisa que você,
esteja, depois, sentindo o tempo... eu acho que é mais de momentos, existem
momentos de felicidade, do que uma felicidade geral, eu acho que não existe não.
Mas momentos de felicidade, momentos de tranquilidade, não é assim, problemas
maiores que deixam você preocupados demais. Então esses momentos, são
momentos felizes. Eu acho que a felicidade é feita de momentos, do que uma coisa
contínua.
20. Qual o seu maior sonho?
Hoje... é poder dar a minha filha a condição de vida que ela merece. E poder
acompanhar, realmente isso, o crescimento dela, formatura, casamento, todos esses
momentos. Eu gostaria de poder acompanhar isso, claro que isso não depende de
mim né?! Mas eu gostaria muito de poder acompanhar isso, meu sonho maior é
poder dar a ela essa condição, dela se desenvolver bem e ter a vida dela tranquila.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Não, nunca tive nenhum problema que precisasse ser afastado não. Licença médica,
nada, nunca tirei. Nunca tirei nem licença prêmio que eu já tenho direito há um ano
e nunca tirei. Nunca tirei nem um mês de licença prêmio, nunca. E nem médica
também. Dificilmente eu falto à escola, é muito raro... eu gosto, gosto. é eu viciei
mesmo!
ENTREVISTA 13
1. Nome
-X-
2. Idade
54 anos
3. Há quanto tempo leciona?
21 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Humm, a primeira foi em 1981, nem lembro mais quanto tempo (29 anos) e a
segunda em 1986 (24 anos), e depois em 2001 (10 anos).
5. Uma média da sua renda mensal?
R$ 4.000,00
6. Qual a sua carga horária?
350 horas
Tem aqui e tem em outro lugar?
É!
7. Porque escolheu ser professor?
Na realidade eu não escolhi ser professora, foi à vida e o acaso que me fez ser
professora, eu fiz medicina veterinária e eu trabalhava muuuuito viajando final de
semana. E eu tenho, tinha duas crianças, então eu estava assim, distante de casa, eu
não podia nem ficar. Como eu tinha feito ummm... Ensino Médio, eu fiz magistério,
aí eu fiz um concurso e entrei e fui gostando, fui gostando. Aí fiz licenciatura
depois e fui ficando, e aqui estou.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Faria! Eu gosto muito de lecionar, mais eu faria outra coisa. Porque o desgaste
físico e mental é tremendo. A gente trabalha muito para ter uma renda mais ou
menos assim, equivalente, têm que trabalhar os três horários. É difícil e depois que
você passa dos 50, você não aguenta mais como você aguentava antes não. É muito
cansativo, estressante.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Desde 2006.
10. Como começou trabalhar aqui?
Eu fiz uma seleção da “oi” para a escola Cícero Dias. Aí fiquei em segundo lugar
na escola Cícero Dias. Aí, eu estava esperando ser chamada, aí o Ginásio me
chamou e eu fiz a entrevista e fiquei aqui.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto! Eu gosto de trabalhar aqui pelos resultados, porque a gente trabalha em cima
de resultados. Pelo o espaço físico, eu gosto também, é... do trabalho que é feito
aqui. Nós temos muitas cobranças, mas também vibramos com os resultados, com o
desenvolvimento dos alunos, com o crescimento deles. Então isso é gratificante,
saber que participou um pouco daquela, contribuiu uma parcela para aquele
desenvolvimento.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
O regime de aula, em sala de aula. As cobranças são imensas. Quando as coisas não
dão certo, as cobranças sempre caem em cima do professor, embora o professor não
tenha culpa. Mas a cobrança é sempre em cima do professor, por mais que você
faça, é... por mais que eu faça a minha parte e os demais professores façam, mas
não, a escola não ver isso, ela quer ver o resultado, não quer saber quem errou ou
quem acertou, quer saber do resultado!
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Porque primeiro o que me atraiu foi essa bolsa, a gratificação de localização, depois
quando eu vim trabalhar aqui, depois que eu vim trabalhar que eu vi a metodologia
aqui que trabalhava em cima de resultados, e tinha um trabalho direcionado para
isso, aí eu gostei.
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
É a quantidade de aulas em salas de aula, quando... né nem isso também, porque
quando o outro professor não esta você tem que cobrir. Sem faltar um professor,
você tem que cobrir as aulas dele. Se faltar alguém na sua equipe, você terá que
cobrir se responsabilizar por tudo, não é só ir da aula e sair, mas é laboratório, é
aulão, é correção de prova, é apuração de provas é aluno, quer dizer, você tem
pouco tempo para fazer isso. Nós estamos trabalhando assim, como se tivesse
trabalhando no escuro, porque antigamente, você sentava, produzia, relia e tinha
consciência do que você esta fazendo. Agora não, você vai em ritmo de produção.
Então não dá tempo, como sábado mesmo, eu e deparei com um aulão, que eu fui
dar, terminei seis horas, ainda tinha duas provas de 2ª chamada pra elaborar.
Quando eu fui dar o aulão eu me deparei com o conteúdo que eu pesquisei na hora
que fui apresentar para os alunos. Quer dizer, eu não tive tempo de ler, não tive
tempo de fazer o gabarito, eu peguei o gabarito no banco de dados. Mas eu não tive
tampo de olhar pra ver cada questãozinha daquela, as alternativas, eu não tive
tempo, porque eu tinha que estar na sala de aula e ao mesmo tempo fazendo tudo
isso. Então assim, fica difícil. Ultimamente nós estamos... no começo não era assim
não A gente tinha mais tempo para produzir, pra reler, pra ver se tava errado se a
gente poderia melhorar. A gente não tem tempo mais para fazer isso.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Sinto, eu acordo pela manhã, eu vou trabalhar feliz. Eu, embora essa carga horária,
o desgaste físico e mental, mas eu me sinto feliz aqui. Assim, trabalhar aqui, eu
gosto de trabalhar aqui.
18. O que te deixa mais feliz?
Carinho dos alunos, embora eles façam muita raiva também, viu. Eles são assim,
eles fazem uma raiva e passam a mão. E também o resultado, porque você ver o seu
aluno, passar no vestibular, ele voltar e contar pra você o que ele esta fazendo, que
ele esta fazendo iniciação científica que ele esta como monitor, que ele esta
buscando outras coisas, então, você, você fica assim, toda arrepiada, quando você
escuta aquelas histórias deles né?! Então você, eu não sei nem te dizer que
felicidade é essa, é uma felicidade também que eu não sei nem explicar, porque
quando eles crescem, pra mim é como se a gente estivesse crescendo também. O
aluno é como um filho, e quando eles voltam aqui, é como se eles retornassem a
casa, o filho que saiu e voltou pra casa, isso pra gente é o que deixa a autoestima do
professor, lá em cima.
19. Pra você, o que é felicidade?
Felicidade, felicidade é uma coisa que vem de dentro pra fora, a felicidade tem que
estar dentro da gente não, que venha de fora. A felicidade, não tem felicidade
completa, existem momentos felizes, mas esses momentos felizes a gente tem que
aproveitar muito. E também, tem que trabalhar, construir sempre pra poder
conseguir a felicidade. E também não se ligar se conseguiu, se não conseguiu, deixa
para trás e começa tudo de novo. É um estado de espírito felicidade.
20. Qual o seu maior sonho?
O meu maior sonho, eu mão diria nem me aposentar, faltam quatro anos para eu me
aposentar. Mas eu queria fazer o meu mestrado, meu doutorado e que eu não tenho
como, sair daqui da escola, pra fazer isso. Se eu sair, eu vou perder a bolsa de
gratificação e eu preciso dessa bolsa de gratificação, porque a escola não libera.
Poderia assim fazer um horário cada professor iria pagar, duas disciplinas de
mestrado por semestre, ou uma disciplina, então não tem essa coisa, de, de ajudar o
professor aí é isso, e nós precisamos disso. Aí eu acho que a escola deveria
disponibilizar esse tempo, porque se eu estou me capacitando, melhorando o meu
currículo, eu vou melhorar também o desempenho da escola, eu vou buscar novas
coisas, quer dizer, ultimamente nós estamos trabalhando em cima daquilo que nós
construímos, porque estamos sem tempo para construirmos mais. Nós estamos
nesse ritmo de trabalho. E a equipe que era quatro, agora diminuiu só tem três.
Então, reduziu o número de pessoas, já era difícil com quatro, imagina com três. Aí,
isso é que é complicado.
21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de
trabalho?
Já, já, já! Já tive problema de tendinite nesse braço de escrever no quadro, já perdi a
força no braço. É, fibromialgia, problema nas cordas vocais, bico de papagaio na
cervical, por conta de estar olhando para o quadro assim (para cima). Aí dá bico de
papagaio e tendinite. Nesse (apontou para o ombro direito) já tem um nódulo aqui
no ombro, eu não posso mais apagar o quadro com o braço direito, também não
posso ficar todo tempo olhando para o quadro, porque eu já tenho dois bicos de
papagaio, por conta da posição de olha para o quadro assim (pra cima), aí, são as
sequelas da profissão.
ENTREVISTA 14
1. Nome
-X-
2. Idade
37 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Então a gente poderia estar computando aí oito anos
4. Há quanto tempo é formado?
Eu sou formado desde... final de 2003, desde 2004 eu sou formado.
5. Uma média da sua renda mensal?
Há... uns R$ 2.500,00, uma média.
6. Qual a sua carga horária?
Minha carga horária ela é explodidíssima eu tenho 200 horas no Estado e tenho
mais 150 na prefeitura de Recife.
Então quer dizer que você trabalha manhã, tarde e noite?
Perfeito!
7. Porque escolheu ser professor?
No primeiro momento foi algo é... não foi uma opção consciente, né?! Era... era o
curso que tinha disponível, no primeiro momento... a possibilidade de entrar na
universidade seria pelo curso de letras porque era o curso que tinha a
disponibilidade do turno que eu precisava, porque eu trabalhava na época, e
também por uma questão de ter mais habilidade com as questões de humanas, mas
não tinha um foco assim muito claro sobre o que era o curso de letras o que era ser
professor de línguas, não tinha muita clareza sobre isso, no primeiro momento né?!
Ao longo do curso eu me encontrei, eu me percebi professor e me enveredei pela
carreira, assim, com grandes surpresas boas. Me despertei, e me descobri como
professor ao longo da graduação.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Faria em relação a algumas coisas. É... algumas orientações prévias de família que
não tive, é... o meu curso de desejo era jornalismo, mas eu acreditava que minha
média não seria suficiente para adentrar no curso, e daí optei por letras que era
menos concorrido, na época foi um dos critérios, a priori. Mudaria! Mudaria
alguma coisa no sentido de acreditar mais no meu desejo. Talvez... tentar ou
investir na carreira de jornalismo na época, hoje não mais. Assim, acreditar mais
um pouco mais em mim, provavelmente, se alguma coisa seria de diferente, seria
esse crédito que eu daria a mim mesmo. Porque inclusive minha média passaria
tranquilamente no curso de jornalismo. Infelizmente. Que inclusive eram cursos do
mesmo grupo, jornalismo e letras do grupo seis, e minha média foi muito boa.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Eu trabalho aqui desde 2008
10. Como começou trabalhar aqui?
Eu cheguei via indicação de um Instituto de Qualidade de Ensino chamado “IQE”
que na época fazia um acompanhamento e um monitoramento, junto aos
professores de língua portuguesa e de matemática. Diante do meu trabalho nessa
ONG que é uma O N G, é... eu tive o convite de vir trabalhar aqui. E aí fiz
entrevista fiz uma seleção e aqui estou.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Eu acho que é um misto do público que apesar de difícil, ainda é um público que dá
pra gente trabalhar efetivamente o currículo, a grade os conteúdos, né, inseridos.
Assim, dá pra ter uma efetiva resposta perante o alunado. Isso é uma das coisas. A
outra é que é uma escola que lhe dá uma, ela lhe permite esse desenvolvimento do
trabalho a partir da infra, né?! Da infraestrutura e também, dos atores educacionais
que aqui existem né?! Coordenação, uma sócio educadora, uma psicóloga, um
museu, uma biblioteca. Então esses elementos fazem com que se caminhe bem o
processo de ensino aprendizagem, de estímulo de motivação, é acho que uma coisa
que poucas escolas, poucas escolas não, mas. Não vejo na maioria das escolas do
Estado essa infra e esse olhar mais atento diante do que esta aprendendo e do que
esta sendo ensinado, dessa relação do ensino e aprendizagem que ultimamente dá
pra desenvolver um trabalho melhor por aqui.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
É... a excessiva carga de trabalho. Eu sinto que num primeiro momento, lá no
iniciozinho do programa integral existiam mais possibilidades de trabalho. Um
tempo de planejamento, com possibilidades de deslumbrar alternativas outras que
não sejam aquelas estritamente ligadas ao livro didático, a lousa, sabe? E eu acho
que pra isso tempo é fundamental, no primeiro momento isso até existia, mas ao
longo do programa, esse quantitativo de aulas foi aumentando, essa carga horária,
enfim... Aí eu acho que é uma... as cobranças também elas são muito fortes, visto
que ela é uma escola que ela é bem, ela é bem, como eu posso dizer, ela é bem
visada né?! Ginásio Pernambucano, então todos estão atentos, os resultados, enfim.
Não que isso seja algo estritamente desmotivador, mas isso faz com que uma certa
pressão... vários retornos a cerca da produtividade, então isso me causa um pouco
de fardo de peso as vezes.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Pela questão fundamentalmente de grana! É existe um percentual de gratificação de
localidade específica. Que nos leva a ter um salário diferenciado. Né?! O que era,
segundo os cálculos, o que era 199 de, de acréscimo no nosso salário base, esse
percentual foi congelado e hoje parece que beira 105, 110%. Mas ainda assim é um
valor que faz falta no orçamento do final do mês e aí a gente assume essa dupla
né?! São dois turnos manhã e tarde fechados, é complicado.
15. O que te motiva no programa?
Bem, é... as motivações passam um pouco por aquilo que eu tinha te falado né?! As
questões da infra, da infra física e como eu poderia dizer, essa outra possibilidade
de desenvolver a relação de ensino e aprendizagem na sala mesmo. Esses vários
atores que envolvem o processo educacional, e assim é... eu acredito na proposta. É
uma proposta que faz com que o aluno esteja manhã e tarde né?! Envolvido em
várias atividades, que ela não consiste só nas atividades de sala de aula, mas as
atividades extras de sala de aula, né?! Viagens, parque diversificadas que elas são
colocadas de forma onde o aluno vai entrar em contato com... com... áreas do
conhecimento que são áreas transversais, etc. e tal, eu acho isso interessante ainda
me motiva essa questão dá,.. do projeto.
16. O que te desmotiva no programa?
É... essa condição de acreditar que tudo se resolve em aula disciplinar. Eu acho que
o todo educacional ele envolve outras coisas, que não só aula disciplina. Então
assim, momento para você planejar, para você discutir, para você trocar, para você
construir, eu acho que essa filosofia ela se perdeu um pouco. Hoje se pensa mais
em resultados e os resultados sempre atrelados a ideias de que para ter resultado
bom, tem que ser só a partir do que se faz em sala de aula e eu acho que o que faz-
se nos bastidores é tão importante quanto,
17. Você se sente feliz? Por quê?
Hoje é... uma das questões que não me dá essa plenitude de felicidade, se é que ela
existe é as minhas formações. Eu preciso fazer um mestrado e ele não é diante da
minha situação atual, ele não é uma realidade porque para isso você precisa de
tempo. Tempo para produzir, tempo para criar, enfim, então, isso me deixa um
pouco triste. Né?! Enfim a gente que esta em educação sabe que o natural, ou pelo
menos o que se busca é o crescimento profissional e ele só vem a partir das
nossas... do nosso né?! E o risco ele é muito grande é da gente ter um procedimento
de acomodação, né?! Quando a gente está inserido dentro dessa máquina pública,
são tantas demandas de trabalho, são tantas devolutivas de produtividade, etc., e tal,
que você não tem tempo para pensar um pouco nessa questão da formação
continuada. A médio, a longo prazo, a curto prazo. Aí isso pede algo que me deixa
que impede um pouco assim a minha felicidade. Assim, eu sou uma pessoa feliz, eu
sou uma pessoa relativamente realizada, mas eu preciso dar encaminhamento a esse
meu projeto de vida.
Se eu te perguntar o que falta para se sentir mais feliz, seria isso?
É, seria isso!
18. O que te deixa mais feliz?
O que me deixa mais feliz na minha vida como um todo, é... Assim eu sou muito
realizado no sentido de ter vindo de uma classe social desfavorecida.
Socioeconomicamente falando, de ter me formado de ter feito minha graduação na
universidade pública e de hoje esta dando esse retorno assim, o meu alunado eu
sinto que ele é feliz pela minha produção, sabe. Pelo o que faço em sala, pelos
retornos que sinto. Isso me trás uma certa felicidade, esse âmbito geral assim, na
perspectiva profissional. Fundamentalmente. Assim, eu sou feliz por ter vencido
minhas adversidades né?! Por ter tido o poder de resiliência muito grande, e de hoje
esta podendo dar frutos assim, de ter retornos, da minha produção diante dos
alunos. Eu sinto que eles são... eu acredito que satisfeitos com o que eu faço em
sala de aula. Né?! Enfim, também não se pode ser 100% perfeito, mas parte da
minha felicidade ela vem em função disso desse retorno dos alunos.
19. Pra você, o que é felicidade?
Felicidade tem uma relação assim não é, construindo um conceito de felicidade,
acredito que a felicidade ela tem uma relação direta com o bem-estar. Ser feliz é se
sentir satisfeito é se sentir realizado né?! Eu me sinto também nesse sentido. Acho
que felicidade é isso é estar bem consigo próprio, é ter um nível de qualidade de
vida, e ter um bem-estar eu acho que é isso basicamente.
20. Qual o seu maior sonho?
Meu maior sonho é poder viver melhor com educação. Ou para é, é, é... na área de
educação eu sinto que eu ainda posso ser mais feliz a partir de retornos financeiros,
retornos dessa satisfação do alunado, enfim de basicamente isso.
De ter um retorno maior?
É seja numa perspectiva financeira material, seja num perspectiva filosófica
mesmo, não é, de minha filosofia de vida estar atrelada a essas questões
relacionadas à sala de aula, de ter um público que possa me dar um retorno a cerca
do que eu estou fazendo em sala, no trabalho com a educação, basicamente isso.
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Não, nenhum tipo de doença assim, é estafa e fadiga ao longo de uma semana com
a carga horária tão extensa, ela é natural né?! Ou normal, mas nenhuma doença
provocada pelo meu exercício não.
ENTREVISTA 15
1. Nome
-X-
2. Idade
48 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Há 17 anos
4. Há quanto tempo é formado?
87... 25 anos.
5. Uma média da sua renda mensal?
R$ 4.500,00
6. Qual a sua carga horária?
São 200... 350 horas/aulas
7. Porque escolheu ser professor?
Veja, não foi bem assim por partes de mim né, eu pretendia fazer administração,
porque eu trabalhava nessa área de administração, aí foi onde eu não passei por 60
décimos no primeiro vestibular. Aí no segundo o pessoal, mas você gosta tanto de
ler, fala inglês, faz letras, aí eu me informei e tal e como eu gostava, eu fiz letras.
Mas eu comecei a ensinar em 90 e... acho que talvez, no ato veja bem eu me formei
em 87, comecei a ensinar em 93. 93, 2003, 10, não já vai em 21 anos, não 19 anos.
Pronto ai eu fiz durante o curso é que eu comecei a gostar, do curso né, do que eu
estava aprendendo, mas o gosta mesmo veio quando eu comecei a ensinar. Aí tive
que escolher entre a função administrativa que eu estava e a pedagógica, por conta
de lei. E eu preferi ensinar, porque era um curso que eu tinha feito eu queria
trabalhar né formado e o outro era técnico, e assim estar a sempre a merecer do
diretor e tal, e aí eu comecei a ensinar.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Eu faria! Quer dizer, talvez eu mantivesse a educação, mas eu investiria mais em
outras áreas. Eu poderia ter pensado em outras coisas, porque a gente vai passando,
vai amadurecendo tal, mas eu poderia, por exemplo, no mínimo ter feito alguma
especialização e ter voltado à universidade. Exemplo: eu ouvi de um amigo: “rapaz
a gente esta terminando um curso e vai começar de novo”, aí eu não fiz. O primeiro
ponto era esse, e talvez eu tivesse investido em outras áreas, tivesse pensado em
algo dentro da educação de mais... que servisse de um salve-guarda né de uma
remuneração mais, uma ajuda a mais, um apoio a mais.
Então no caso faria a graduação, mas fariam outros planos depois da graduação?
Exato!
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Quatro anos
10. Como começou trabalhar aqui?
Bem eu tentei a primeira vez, entrar e não consegui, não fui escolhido né. Foi
quando um amigo meu começou a trabalhar aqui, faltou professor de português aí
eu fui convidado para fazer os testes, e fiz os testes necessários, terminei ficando
aqui até hoje.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto apesar de tudo assim, do trabalho e tal, mas é... que modificou um pouco
desde o início, de 2007, mudou um pouco. Mas ainda é uma escola organizada, que
você tem condições de planejar, de realizar o que você planeja pedagogicamente né.
Em outras escolas você fica muito solto.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
É assim, a escola da as condições para o professor, eu sei que as vezes é muito
estressante, é muito trabalho, é muita aula, você as vezes tem dias que chega muito
cansado em casa, mas, eu acho que faltou, a gente perdeu um pouco da organização
inicial, diríamos assim de governo. Mas se houvesse mais organização, porque
quando eu cheguei aqui se trabalhava muito, mas se trabalhava organizado. Com a
mudança de governo, mudam as políticas, aí muita gente começa a meter o dedo no
que não sabe e começa a desorganizar. Estamos tentando dar uma volta agora, pra
ver se volta pelo menos o início da organização, não que a gente seja
desorganizado, mas que... pelo próprio nome da escola, o que a escola trás para
Pernambuco e tal. Ensina aonde? No Ginásio Pernambucano, já é um ponto de
status assim.
O status da escola pesa?
É agradável, né, ao é que pesa tanto, mas o que pesa realmente é a questão da
organização pedagógica da escola.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Isso foi uma oportunidade né, foi uma oportunidade, surgiu de eu vim pra cá, não
tinha ideia assim da escola integral, sabia assim que era manhã e tarde. Mas assim,
como funcionava, o que se fazia o dia todo, como preenchia o dia todo é... pronto
não tive essa experiência, Foi uma das coisas que também... eu acho que o mais
importante dessa escola é a questão do horário integral, você acompanhar o aluno
de manhã e de arde, a gente conhece melhor os alunos, conhece as dificuldades.
Então agente conhece até os problemas, se envolvendo nos problemas pessoais e
tal, então, par de alguma forma ajudar.
15. O que te motiva no programa?
São todos esses fatores né, a questão de trazer uma coisa nova dentro da educação,
eu acho que foi a primeira escola assim, que no primeiro ano, eu consegui ver o
resultado desse trabalho, há 19 anos trabalhando, foi a primeira vez que eu vi o
resultado do meu trabalho. Foi a primeira vez que eu era contra a questão do apoio
de empresas privadas. Hoje eu vejo que isso é importantíssimo, a empresa privada
pode sim, trabalhar junto com a educação, dentro dessa camada estatal. Mas,
porque veja, que é que ele coloca aqui diferente das outras escolas? Médias,
objetivos! Uma escola sem médias, sem objetivos, e uma escola sem aula. Como
qualquer ser humano, nós temos que ter médias e objetivos na vida. E a escola
integral, o Ginásio Pernambucano, enquanto houve a aproximação das empresas,
foi nos colocado isso aí. A questão das médias e dos objetivos a serem alcançadas e
trabalhamos em cima disso, e somos cobrados né. Mas eu acho que quem tá
acostumado ao trabalho e tal, você, pelo contrário, até ajuda. E nas outras escolas
não você faz o seu trabalho e...
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
... Felicidade... feliz, feliz, em relação à educação né?
Não, em relação a tudo!
Não veja, eu consegui né, realizar algumas etapas, que planejava da vida a gente
consegue, mas integralmente não Se bem que o ser humano nunca se sente feliz,
mas eu acho que na educação a gente fica um pouco atrelado, principalmente a
questão financeira né, e isso deixa uma certa angústia, você ver que passou tanto
tempo que já vai se aposentar e aí, construiu o que, fez o que? Lógico que eu ajudei
muita gente, mas a gente também, educação na vida do professor, não é só fazer
esse trabalho não tanto que você ver que às vezes aqui, de vez em quando adoece
um, às vezes são doenças sérias, e a gente tem que se cuidar, viajar, ler mais, então
feliz exatamente com educação, não precisa ser com a escola, mas é com todo o
sistema que envolve pela incompetência generalizada, pelos desvios de recursos, e
tem áreas que às vezes não sabem o que fazer com o dinheiro. Nós reclamamos, da
falta de dinheiro, mas dentro da própria secretaria há determinados investimentos
financeiros que não chegam a lugar nenhum, se necessidade. Então isso dá uma
certa angústia sabe, eu acho que talvez se eu tivesse ficado na área administrativa
eu tivesse realizado mais coisas.
18. O que te deixa mais feliz?
Assim primeiramente eu gosto de ser professor, eu gosto da profissão. Assim,
primeiramente não foi aquele sonho da minha vida, não foi. Mas eu posso dizer que
eu gosto e me sinto feliz quando encontro alunos e que já esta formando, já esta
trabalhando, que já está bem encaminhado. Então, isso deixa a gente feliz, porque
eu participei um pouco da formação da vida deles né. ... pronto é isso aí e a questão
da própria profissão, do gostar, do exercer. De estar com um envolvimento sempre
desses alunos, e uma cosa interessante é que a gente esta sempre atualizado né, em
tudo que ocorre, eu acho isso que o que essa profissão dá, que nenhuma outra dá, é
essa aproximação. Assim, você estar jovem internamente pelo convívio que você
tem com essa moçada aí.
19. Pra você, o que é felicidade?
Felicidade pra mim é tanta coisa, independente dos momentos, na realidade são
momentos né, são momentos que você consegue realizar. Em relação ao trabalho eu
acho que é a junção de, um trabalho com mais oportunidades né, eu acho que
felicidade é muito mais uma oportunidade né, surge com uma oportunidade na sua
vida né. As escolhas que você faz, então isso deixa você pelo menos
momentaneamente, ou algum tempo feliz.
20. Qual o seu maior sonho?
Meu maior sonho... são tantos né. Mas é, não digo nem que é um sonho, mas uma
preocupação né. A gente começa a caminhar para a aposentadoria para estar
financeiramente equilibrado e lançar um livro, tenho um sonho de lançar um livro.
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Não, não, até agora não. Eu tava dizendo aqui que o pessoal pega tudo, pega
dengue, pega gripe, eu só pego aula né?!
ENTREVISTA 16
1. Nome
-X-
2. Idade
28 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Desde os 21, há sete anos.
4. Há quanto tempo é formado?
Em história a cerca de cinco anos e em filosofia, ainda faltam seis meses.
5. Uma média da sua renda mensal?
A renda mensal é uma média de R$ 3.200,00
6. Qual a sua carga horária?
Carga horária, semanal chega a ser de 40 horas semanais (200horas/aulas).
7. Porque escolheu ser professor?
Eu quando, quando... nunca sonhei, nunca sonhei em ser professor quando criança,
depois cresci e minha irmã mais velha que também é formada em história, trazia
muito material pra casa. Eu acabava por curiosidade ajudando, e fui gostando, da
própria prática. Trabalhei muitas vezes auxiliando os colegas da própria turma que
tinham dificuldades e fui me identificando com a profissão. E fiquei nela até os dias
de hoje.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Eu faria um pouco diferente, mas eu ainda gostaria de lecionar, mas não como
carreira principal. Faria como um amigo meu, seria o desestresse da semana.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
No Ginásio eu estou desde abril deste ano.
10. Como começou trabalhar aqui?
Eu cheguei de certa forma um pouco sem opção, porque eu trabalhava na escola
regular à noite e devido ao plano, ao planejamento novo da Secretaria de Educação,
o turno da noite esta desaparecendo, esta virando apenas EJA, o regular vai sumir.
E como não tinha escola para me encaixar, aí acabei participando de uma seletiva,
que acabou direcionando para escola integral e quando eu vi, era o Ginásio
Pernambucano.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto e ao mesmo tempo não. A estrutura é boa, os alunos são bem diferentes, para
os que eu já trabalhei, de muitos que eu já trabalhei. Mas em compensação, a
pressão é... quando você deveria ter um espaço para planejar, para
desenvolvimentos de projetos, você não tem! Aqui é aula, aula, aula, aula. Você é
aula, menino é aula, todo mundo é aula. Então isso torna algo cansativo. Você não
tem tempo pra desenvolver um projeto, você não tem tempo para desenvolver uma
atividade extra, porque não há um momento de planejamento, infelizmente. É a
parte negativa daqui.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Eu estava querendo um espaço a noite para voltar a estudar, assim como você,
mestrado. Já tive todas as oportunidades, já passei em uma seletiva, mas tive que
abandonar por conta do trabalho. Inclusive lá da federal em antropologia. Só que o
curso de lá é à tarde. Então infelizmente eu ainda não pude, disponibilizar esse
horário da tarde, como o da tarde estava um pouco difícil, optei por deixar o da
noite livre, para concluir o curso de filosofia, para depois poder me direcionar ao
mestrado.
15. O que te motiva no programa?
A meninada! A meninada, o empenho não são todos né, sempre tem aquela
exceção, mas tem uma meia dúzia ou mais que vale a pena. Você ver o empenho,
você ver a dedicação. De vez em quando eu sou até chato, mas é... o que motiva
mesmo é essa meninada.
16. O que te desmotiva no programa?
O que desmotiva é a falta de certos apoios. Por exemplo, aqui a gente trabalha, eu
trabalho com um projeto de jogos educacionais com o professor Admilson, e a
gente não tem uma internet de qualidade, muitas vezes a gente tem que ceder os
próprios notebooks para os meninos. O excesso de aulas. Você não tem uma, um...
Já bati várias vezes com a direção, porque os meninos não tem um dia de atividades
lúdicas, porque querendo ou não são adolescentes, agente trabalha com meninos de
14 a 17 anos aqui. Eles têm eu extravasar essa energia, você é de educação física,
sabe melhor do que eu. A gente não tem esse espaço, eles não têm esse momento.
Quando tem um momento é uma horinha, uma coisa ou outra. E... cabou! Eles não
têm um momento para ser adolescentes. Aqui é aula, aula, aula, aula e aula. É isso
que me entristece bastante aqui dentro.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Como professor, me sinto! Principalmente quando eu encontro mais na frente,
apesar de pouco tempo lecionar, mas já encontrei muita gente... já formado hoje, já
empregado, e um dos maiores exemplos que eu tenho hoje é um rapaz que todo
mundo sorria muito quando ele dizia que o sonho dele era ser cobrado de ônibus. Aí
certa vez eu peguei um ônibus que eu estava tão cansado que nem reparei: “Boa
noite”, entrei e ele: “professor esta lembrado de mim?” quando vi era ele o
cobrador e hoje em dia ele é instrutor da empresa, por pior que seja um sonho, eu
acho que o que é válido é realizá-los. E ele conseguiu!
18. O que te deixa mais feliz?
Cara o final do ano! Quando eu vejo essa gurizada lá, de cabeça raspada, sem
sobrancelha. Vejo os pais comemorando, depois de tanta dor de cabeça, de todo o
estresse. A gente olha pra trás e pensa de fevereiro até agora, tudo o que assou e viu
que o resultado foi positivo, a gente consegue ver que apesar de toda pressão,
apesar de todo o estresse, valeu a pena.
19. Pra você, o que é felicidade?
Felicidade é fazer aquilo que se gosta, han... com vontade e ver os resultados,
colher os resultados mais na frente. Ai é que eu posso ser feliz, apesar de toda
pressão de todo o estresse que a profissão tem, mas é isso que vale a pena.
20. Qual o seu maior sonho?
Cara era, ter minha filha comigo! Meu maior sonho desde ela na minha vida era ter
minha filha comigo! Sou separado e ela ta longe, mas profissionalmente é ver essa
meninada bem, é não perder até que a educação de Pernambuco vai deixar de ser só
números. Dentro da minha profissão é ver que a educação vai deixar de ser só
números que profissional de educação desde a alfabetização que agora é o primeiro
ano, até onde a gente chega que é o terceiro ano do Ensino Médio é ser valorizado.
Porque uma complementa o outro. Se ele não for bem alfabetizado lá embaixo,
quando chegar no nosso... quando chegar no Ensino Médio que é a faixa que a
gente trabalha, a gente vai estar trabalhando com pessoas semialfabetizadas, difícil!
Então eu aço que se o profissional for valorizado lá debaixo, até em cima, a gente
vai ter uma educação de qualidade, professor feliz, o aluno feliz e assim de tudo
uma educação que não vai ser pautada só em números, que é o que falta e muito!
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Já! Já tive problema de amidalite, o comum, amidalite e tenho bursite também. E
em janeiro desse ano eu fui agredido por um aluno na escola onde eu trabalhava,
antes de vim pra aqui. Por um... porque ele foi reprovado nas quatro disciplinas mas
o premiado fui eu.
Nossa agressão física?
Foi agressão física, levei um soco no olho.
Uau, resolveu a situação?
Resolveu, agora como sempre a política da Secretaria da Educação é passar a mão
na cabeça, eu fui transferido e ele foi de certa forma saiu da escola, foi pra outra.
Fui acompanhar os detalhes o cara tinha 23 anos, o cara não era nenhuma criança.
Mas infelizmente, é esse tipo de situação que faz você pensar duas vezes se vale a
pena ta arriscando.
ENTREVISTA 17
1. Nome
-X-
2. Idade
46 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Comecei a dar aula com 18 anos, quando entrei na faculdade logo no início,
fazendo as contas aí deixa eu ver... uns 27, 28 anos.
4. Há quanto tempo é formado?
Eu me formei em dezembro de 1985, 25 anos.
5. Uma média da sua renda mensal?
Eu tenho dois contratos no Estado hoje em dia, um no integral e outro no regular,
você quer líquido ou bruto?
Líquido.
Acho que da quase uns R$ 4.000,00
6. Qual a sua carga horária?
350 horas/aulas
7. Porque escolheu ser professor?
Bom, eu sempre fui muito dinâmica na época que eu era adolescente. Eu era atleta
de Handebol também jogava... eu sempre fiz handebol com outros esportes
acoplados eu fazia vôlei, eu fazia basquete, eu fazia handebol, natação, ginástica
olímpica, eu sempre fui muito dinâmica e fazia dança também numa academia. E
isso me levou na escola que eu estudava no São Luiz, trabalhar, eu era
representante dos esportes da 5ª a 8ª série era sempre eu. Era eu que fazia o negócio
de coreografia, para jogos internos, para negócio do folclore, então eu sempre
gostei muito dessa área, apesar da minha família não me incentivar em nada. Meu
pai é arquiteto, minha mãe, paisagista e eles nunca gostaram de educação física. Pra
eles na época, Educação Física era morrer de fome. Que ainda é hoje em dia, mas
tudo bem! Eu realmente eu escolhi porque eu me vi nessa profissão. Eu fazia o que
eu gostava.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Faria! Faria porque as informações hoje elas são bem distintas do que eram na
época! Na minha época, você não tinha celular, você não tinha computador, você
não tinha internet, você não tinha as informações que vocês têm hoje.
(Aconteceu uma situação das alunas passaram próximas, em horário de aula para
pegar um caderno com alguém na rua.).
É isso que eu não aceito ainda nessa geração, a geração da preguiça, da
irresponsabilidade, do tá cansado eternamente, de não ter disciplina. Eu acho que é
porque na minha época a gente tinha tanta disciplina sabe, e isso me fez bem, não
me fez mal não. Sim onde é que eu estava?
(situei a professora onde paramos)
Porque eu faria diferente, hoje dia, por exemplo, eu digo muito aos mus alunos,
vocês tem que fazer uma coisa hoje, financeiramente ficar seguro, e depois você
pensa no que realmente você gosta, se você conseguir acoplar os dois ao financeiro
do que você gosta, legal! Mas no meu caso, professor, professor hoje em dia você
pena para ganhar um bom salário, eu ainda acho que na gama dos professores, eu
ainda estou sendo privilegiada, em alguns aspectos eu ainda estou sendo, mas não é
o ideal. Porque aqui a gente trabalha muito e ganha, ainda, pouco! Pra o que a gente
faz. Mas porque eu faria diferente, eu teria essa informação. Na minha época, é, os
professores não davam essas informações pra gente. Na minha época, você fazer
um concurso para a receita federal não valia a pena. Quer dizer, eu tenho amigos
que fizeram naquela época, era mais fácil de entrar, entraram, e hoje ganham muito
bem obrigado! Mas naquela época, você não tinha essa informação de fazer um
concurso público federal, sabe, não era viável naquela época, hoje sim é muito
viável. Aí eu faria diferente, faria! Provavelmente sim! As coisas mudam.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Desde o início do projeto. Em 2003 a gente passou por uma seleção interna e a
gente passou por três meses de capacitação. Ai a gente trabalhava de manhã, na
outra escola que a gente era lotada, e a tarde vinha pra cá. Eu acho que era à tarde, e
naquela época a gente vinha fazer o curso, quer dizer a capacitação, e não ganhava
mais nada por isso era só realmente... aí no final eles tinham dito que eram 50
pessoas, e a gente estava em 50, aí cortaram, só ficaram 25. E aí começamos a dar
aula aqui em 2004.
10. Como começou trabalhar aqui?
(pergunta respondida anteriormente)
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto... assim é... eu não me vejo trabalhando em outro lugar. A não ser talvez ou
outro integral ou outro semi-integral que talvez tenha a mesma filosofia de trabalho.
Pelo seguinte, eu... é... eu gosto de ver o meu trabalho dar certo. Eu não sou uma
profissional como tem muitos por aí que fazem alguma coisa e os meninos passam
de ano, e você não sente que ficou alguma coisa para esse menino, de um
crescimento ou uma série de outras coisas. Porque não é só você ensinar os
conteúdos é uma coisa, muito, mais abrangente. E, além disso, eu tenho uma
filosofia de trabalho que não veio aqui, ela já era antiga. Como eu fui aluna Marista
e professora Marista durante 17 anos. Então a gente trabalhava muito com a
filosofia da presença, e um professor presente, de um professor mais companheiro,
de um professor junto ao aluno, mais próximo. Então essa filosofia de educar para a
vida sempre tive. Como eu também era atleta, de atleta passei a ser técnica também,
o ser técnico, você se aproxima muito do seu atleta, você praticamente é uma mãe,
é um pai, é um tio, é um avô, você é um psicólogo, você é tudo. Então aí... aquilo
sempre me fez trabalhar nesse sentido, mais próximo aos alunos. Tentando ver seus
problemas, tentando ver o que é que eles estão precisando. Não ser mãe, mas
entender e ajudar da forma que a gente pode. Então como eu sempre tive essa
filosofia, quando eu vim pra cá era essa a filosofia daqui, primeiro educar para a
vida, que é o objetivo ideal. É você tentar com que esses meninos entendam o
futuro deles. Porque não é só você ensinar o conteúdo em si, ninguém aqui é robô,
todo mundo aqui é ser humano. É mais ou menos isso.
Então se eu te perguntar o que mais te motiva a trabalhar aqui seria isso?
É porque você consegue ver o seu trabalho pra frente, entendeu? Você consegue
trabalhar com os alunos. Apesar de eu estar hoje em dia, sem material. Eu não
tenho material esportivo. A escola já faz bastante tempo que não providencia esse
material. Mas não tenho quadra. Eu tenho uma sala boa, porque o ideal você ter
numa escola é você ter uma sala dessa, ampla. Pra você trabalhar não só o esporte,
mas o jogo a dança, a luta a ginástica. E ter também uma quadra, pra você ter... e ter
também uma piscina e ter uma pista de atletismo e ter tudo. E se eu tivesse tudo aí
sim eu estava feliz da vida. Porque aí você consegue é, fazer tudo completo! Né...
material! E, além disso, os meninos chegam aqui, esses meninos, você percebe eu
eles são carentes, tanto afetivamente, principalmente, afetivamente, como de
conhecimento, tens uns que chegam no primeiro ano e mal sabem ler e escrever. Se
você ver uma prova que eu corrigi de uma menina, você não acredita que aquilo foi
escrito por uma pessoa do primeiro ano. Ali é como se fosse quarta série primária.
Então tem vários que são assim, né, eu estou contando um mas são vários e a gente
consegue fazer milagre em três anos com esses meninos. Quem aproveita,
consegue. Quem não aproveita, infelizmente vai levando... então é ver o seu
trabalho dar certo. Pelo menos assim 80%. Porque na outra escola regular, você não
consegue direito as vezes você tem até... vamos dizer, na outra eu tenho quadra.
Mas eu não tenho condições adequadas até deles, eles não têm compromisso. O
aluno da escola regular, já entra na escola regular achando que não vai ter aula, que
o professor vai faltar, que vai ser uma bagunça, que qualquer coisa passa. Ele já tem
essa filosofia, ai vai dizer que eu sou chata, eu sou grossa, quando tenho que dizer:
“ah porque a senhora é muito grossa” “Eu não sou grossa eu estou exigindo”
Quando eu exijo dele, ele acha que eu sou grossa. Quer dizer, eu fecho a porta da
sala de aula, eles têm mania de entrar e sair à hora que quer. Ontem mesmo, eu
estava aplicando prova numa turma de EJA e o menino, Sérgio, eles fazendo prova
e os outros gritando lá embaixo, e ele foi pra janela gritando com o menino. “E eu
disse “Sérgio, sente, você está fazendo prova e atrapalhando todo mundo” “ah, mas
num sei o que porque eles estão me chamando” e eu disse” e daí? “Você tem o seu
objetivo, você está fazendo prova” esses meninos aperrearam tanto esse rapaz, que
ele entregou a prova do jeito que ele queria, assinou, ele ia sair, ele deixou a prova
na banca, e ia descer ara falar com eles. Veja o nível de compreensão do que é uma
prova desse menino ou de todo. Porque eles ontem, professora deixa eu estudar
antes, eu disse não minha gente não tem que estudar antes de prova, vocês já
deveria ter estudado. “professora deixa eu olhar o caderno” e era prova de
português e de artes... aí eu disse de jeito nenhum que os professores não
autorizaram vocês a fazerem consulta. Ai eles ficavam ontem: “mas professora
você nem me ajuda” a outra não sabe ler esta no EJA 3b, quer dizer EJA 3 e não
sabe ler. Você tem que ler a prova pra menina, pra senhora, entender. São esses
problemas assim que na escola regular, você fica mais cansado, você fica mais
estressado, porque você quer ajudar e não pode. Í você fica, angustiada, e aqui pelo
menos você pode ser exigente mesmo sabe. Com horário, com fardamento, com
cumprimento de tarefa. Eu sou chata sou! Sou chata, acho que vou morrer chata,
não vou mudar esse meu... já tem 25 anos que eu estou sendo chata, vai ser difícil
mudar.
Então o que te desmotiva a trabalhar aqui no Ginásio Pernambucano, seria essa
questão da estrutura do material?
Desmotiva... atualmente o salário, porque o salário não esta tão ruim, mas ele não
esta o que deveria ser, ele teve uma defasagem muito grande aí, de 2004 pra cá,
além disso, a carga horária aumentou bastante, hoje eu estou dando uma disciplina
chamada empreendedorismo, que eu não sei nem para onde vai. Não fui capacitada
pra isso, me jogam, então ao longo do processo eu estou lendo, eu estou tentando,
eu não tenho tempo de fazer isso também. Porque eu tenho a minha demanda da
Educação Física, eu tenho que corrigir prova, eu tenho que corrigir trabalho, eu
estou sem botar as notas dos meninos, porque duas semanas eu fiquei... o tempo
que eu tinha livre eu tinha que ficar estudando empreendedorismo. Pra saber o que
eu é isso, porque ser empreendedor, a gente sabe. Mas o que é que eu vou fazer
com essa disciplina? A gente teve uma ajuda, a diretora mandou um negócio que
fala dos quatro pilares e tal, mas a estrutura em si, você tem que aprender então
essa... ter outra disciplina que não é a minha, me atrapalha. Eu não gosto! É... a
carga horária, grande! Pra você fazer um trabalho de qualidade que é assim. O
trabalho ele é bom, mas ele poderia ser melhor ainda se eu tivesse só a Educação
Física, só aquela carga horária. Antigamente, quando eu entrei aqui a gente tinha...
naquela época em 2004 eram quatro turmas, de educação física. Ai tinha... a gente
tinha EO que é o Estudo Orientado, a gente tinha, na verdade a gente tinha 24
horas/aulas, no total. Tinha PD, não era PD naquela época tinha outro nome, uma
que a gente fazia as oficinas interdisciplinares, mas o que é que acontecia, meu
aluno fazia relatório diário de aula. Eles me entregavam, todos me entregavam os
relatórios de aula, eu corrigia, quando ele me entregava o da outra aula, na outra
semana, eu dava a ele, corrigido, para que eles refizessem. Na outra aula ele me
entregava a coisa, o refeito e eu devolvia, então era um lá e cá. Eu tinha tempo de
discutir com eles a forma de fazer, a estrutura, ate a ortografia, até língua
portuguesa em embrenhava. Então isso eu sei que aquela primeira turma e a
segunda turma, que entrou em 205 e 2005 aqui, eles tiveram uma, uma... um
empurrão muito grande nessa parte, porque eu sei que eu ajudei bastante nisso aí
apesar de eu saber que não e minha área de língua portuguesa, mas eu dei a minha
contribuição. Então eu consegui fazer isso em 2004, em 2005, até em 2006. Quando
foi depois a quantidade de turmas e de carga horária que você tinha foi aumentando
tanto, que eu não dava mais conta do recado. Eu não conseguia corrigir e entregar
com uma semana, e as vezes eu estava levando tudo para dentro de casa no final de
semana e olhe que naquela época eu não ensinava a noite. Eu levava pra casa para
corrigir e tal. A coisa foi ficando de um jeito que eu fui ficando tão estressada que
eu disse: pra que isso? Não eu não vou fazer mais isso. Aí o que foi que eu fiz, eu
disse agora o relatório vai ser por bimestre. Eles iam fazendo e me entregavam no
fanal do bimestre. Tinha o dia que ai me entregavam e tal. E aí eu tirava uma
semana para corrigir aquilo dali que também era super pesado. Hoje eu não faço
mais esse relatório diário. Eles fazem durante as aulas, quem quer, não e obrigado
mais, quando chega no final do bimestre, aquele que fez eu vou chamando, ele tem
uma nota a mais, ele tem a ajuda na nota, pra poder ver se... quem é que faz hoje em
dia isso? Os bons alunos! Os que precisam não faz! Mas porque eu não tenho mais
o tempo que eu tinha. Se eu tivesse eu seria mais pentelha, como diria a história. Eu
já sou, imagina tendo um tempo parece que é por ainda.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Meu sonho de consumo, enquanto educadora, pra escola integral. Pra mim a gente
deveria dormir. Pra mim a gente deveria ter um complexo de ensino com família,
com tudo, todos deveriam trabalhar aqui e só sair no final de semana como se fosse
um presídio (risos). É porque hoje em dia a tecnologia, a vida está tão louca, lá fora,
o trânsito pra você chegar aqui é estresse, pra você sair daqui é estresse. Você
deveria ficar aqui o dia todo, a noite você dormiria mesmo, família, a noite se
poderia ir pro cinema você quisesse, te um complexo mesmo sabe, os alunos como
se fosse um semi-internato, acho que voltar aquela época dos pais dos avós que era
um internato, ou u semi-internato, ele tem um objetivo, não é só o ensino em si, é
você dar uma coisa mais de qualidade mesmo. Porque hoje em dia esses meninos
nem educação doméstica eles tem. Eles não têm dentro de casa uma educação
doméstica. Eles estando aqui dormindo aqui, tendo gente pra, pra... organizar um
refeitório decente, como comer, como isso. Querendo ou não, você ia disciplinando
e ia educando nesse sentido, porque os pais não se preocupam mais com isso. A
vida hoje não está propiciando isso. Todo mundo trabalha fora, todo mundo
trabalha três expedientes e não tem a preocupação de educar. Quer dizer, eu
trabalho os três expedientes, mas eu sou com meus filhos uma peste. Eu educo de
longe, eu educo de perto, eu dou esporro, eu boto de castigo, eu tou vigilante, mas
não é todo mundo que faz isso. Os pais hoje em da deixam pra lá, chegam em casa
cansado nem dá boa noite ao filho. Come não, não posso falar, estou estressado vai
para o quarto e dorme. Ou então o próprio filho adolescente esta dentro do quarto,
não ver nem que o pai chegou ou a mãe, não tenta nem falar. Eles muito reclamam
dizendo que não tem diálogo. Eu digo: vocês não tem diálogo, porque vocês não
procuram o diálogo, porque muito de vocês, ficam no canto de vocês e não vão.
Quando a minha filha esta dentro do quarto que eu chego ela nem me dá bom, dia,
boa tarde ou boa noite, e essas coisas. Eu entro e digo: “olhe eu estou viva viu!
Como é que foi hoje, como é que não foi, o que é que você fez” aí ela sai muitas
vezes em conversar comigo, as vezes eu estou na privada, ela entra, senta no
banheiro e a gente começa a conversar. Por causa do tempo, a gente tem que
otimizar esse tempo. Então pra mim o ideal é isso mesmo é o integral, a primeira
coisa quando surgiu esse projeto que me chamou a atenção foi isso. Foi eu ficar
num canto só! Porque eu trabalhava em escola particular, em escola pública, e
numa clínica, também sou especialista em asmáticos. Também trabalhava em três
lugares. Aí eu disse não, eu queria... quero ficar num canto só, ai eu fiquei só aqui.
Não estava mais nem no particular nem só na clínica, fiquei só aqui.
Financeiramente na época, estava suprindo os outros dois empregos, hoje, não!
Tanto é que eu tive que fazer outro concurso e entrar a noite. Pra juntar a receita,
pra puder não cair né?!
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
No sistema faz parte o que o governo tolheu da gratificação da gente, a lei! A lei
que eles fizeram, como sempre ajuda a eles e prejudica a gente. O sistema é que
impõe essa carga horária grande da gente, a carga horária hoje existe aqui, porque o
sistema esta impondo. Se não existisse esse sistema impondo talvez a gente pudesse
ter uma diminuição nessa carga horária para trabalhar melhor. É eu acho que o
programa ele cresceu demais e as pernas não estão dando para andar. Antes você
tinha poucas pessoas trabalhando nesse sistema, e hoje você tem um monte
trabalhando nesse sistema. Eu percebo que a nossa escola ainda mantém um padrão,
bom, muito bom. E as outras não estão. Eu tenho colegas meus que trabalham em
escolas semi-integral e que não cumprem o horário, que deveriam cumprir. E cadê
o sistema para organizar isso aí. Não fazem o que deveriam fazer. Dizem uma coisa
e fazem outra. E cadê o sistema para controlar isso aí? Assim, é o sistema
infelizmente que vem de cima para baixo, para chegar na nossa escola. Tem que
mudar lá, pra poder mudar aqui.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Em muitas ocasiões, mas em muitas não.
Como é que é isso?
Tem dia que você esta com muita coisa na cabeça, muito atarefada, muito
estressada. Ontem mesmo eu estava super estressada. Normalmente terças e quintas
eu estou bastante estressada, porque eu tenho todas as aulas, só não tenho as duas
últimas. E aí vem aquele negócio de empreendedorismo você não sabe para onde
vai as vezes. Você fica matutando o que é que eu vou fazer e tal. Você estrutura
antes, quando você estrutura, mas aí, na hora não dá certo, é... a vida em si faz com
que você às vezes se sinta feliz, às vezes não. A própria saúde da gente, o fato de
você trabalhar demais aqui, você esta deixando a saúde de lado. Aí pra você ir para
o médico é uma novela, porque para você ir, você tem que organizar no horário que
você não tem aula, para não atrapalhar a escola. Eu tenho essa preocupação, tem
gente que não tem essa preocupação. Mas eu normalmente só vou para médico
quando eu não tenho aula, para não ter problema. Aí tem gente que não, tem gente
que ai a qualquer hora e gente tem que cobrir o professor, as substituições de
professores, é uma coisa que cansa bastante, desestimula a gente. A gente termina
substituindo alguns professores que estão ausentes, agra mesmo, Ediene fez uma
cirurgia, veio um estagiário, mas é um estagiário, um menino assim que só vem
meio expediente. Não vem assim um professor, qualificado que a gente possa dizer
toe aqui é isso, entendeu? Não tem essa tranquilidade. Eu fiz cirurgia no primeiro
bimestre, não veio ninguém para o meu lugar. Então, tem que suprir a minha falta,
os alunos não podem ficar sem aula, então soe os outros que dão as minhas aulas. E
coisas assim que vai irritando aí você, onde está a felicidade? Olhe a gente fica tão
angustiado quando chega final de semana, minha família reclama muito, como hoje
de manhã. Eu quero ficar deitada no sofá, vendo um monte de besteirol na
televisão. Não tenho ânimo para ir para o cinema, não tenho ânimo para ir para o
teatro, não tenho mais ânimo, é cansada! O corpo PE descanso. Aí no final de
semana, você arreia, arreia mesmo! Supermercado eu vou fazer com raiva, porque é
obrigação, porque se eu não fizer, não tenho comida dentro de casa. Tem que
comprar o tênis pra filha, você tem que ir para o shopping com raiva! Cadê? A
felicidade hoje é muito relativa, eu hoje fico feliz em você chegar aqui, botar um
cafezinho e ficar assim, durante meia hora, com um cafezinho legal, olhando assim,
sem fazer nada! Isso é uma felicidade, mas é relativa. Porque depende do seu
momento, sabe.
18. O que te deixa mais feliz?
Poxa... (risos) o que me deixa mais feliz..., o que me deixaria hoje mais feliz... era
eu ter mais tempo pra mim, coisa que eu não tenho mais. Isso me deixaria bastante
feliz! É eu conseguir, manter o meu nível e ter mais tempo pra mim!
19. Pra você, o que é felicidade?
Pra mim felicidade é um contexto, é... são várias coisas juntas, a família
estruturada, marido, filhos, os filhos felizes, você puder suprir as necessidades
deles, aí entra o financeiro. Você ter tempo para você ir para o cinema, legal. Saí
pra você bater perna para comprar uma roupa. A felicidade pra mim hoje ela é um
contexto, ela não é uma coisa específica. É você ter saúde é você ter uma religião, é
você ser temente a Deus ou alguma coisa, isso é felicidade.
20. Qual o seu maior sonho?
O maior sonho meu... eu vou dizer que é jogar na mega sena e ganhar, porque eu
não jogo (risos), eu não posso nem dizer isso que eu não jogo. Rapaz o meu maior
sonho eu conseguir estruturar tudo isso numa boa, era eu ter um bom salário, ter
mais tempo para minha família, mais tempo pra mim. Poder viajar todo ano, isso
era o Oásis.
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Já, já, eu tu ainda passando por uma fase, é... eu tou com um pré-câncer nos seios.
O seio direito. Ano passado eu tirei os dois nódulos esse ano eu tirei as
microcalcificações, que é um pré-câncer. E eu no começo do ano que vem é que eu
vou por uma... a prova dos nove. Se retornar, vou ter que tira o seio. Aí eu ainda
estou naquele lance né?! Pra ver...
ENTREVISTA 18
1. Nome
-X-
2. Idade
36 anos
3. Há quanto tempo leciona?
12 anos
4. Há quanto tempo é formado?
11 anos
5. Uma média da sua renda mensal?
Uns R$ 3.000,000, R$ 3.500,00 no máximo.
6. Qual a sua carga horária?
350 horas/ aula
7. Porque escolheu ser professor?
A princípio eu não queria não. Eu passei no curso de letras, e comecei a fazer, aí
então, não me agradou muito o perfil do curso, eu acho que do meio pro final, com
estágio, tendo mais contato com essa parte vamos dizer de educação, aí eu fui me
dedicando né. Aí eu acho que depois que eu me formei mesmo que vim pra cá, pra
bem da verdade eu comecei a gostar mais. Porque tipo eu sentia uma razão de ser,
não era tipo eu ir lá, da um. fazer meu trabalho e receber no final do mês e só.
Porque a gente sabe que em educação ela vem meio sucateada a gente sente meio
que cumpriu um horário. Quando a gente vem pra cá, você percebe esse outro lado,
uma razão de ser pra você trabalhar e fazer o seu melhor, aquela coisa toda. Então
eu acho que foi quando eu gostei mais de fazer o meu papel. Sempre fui bem
ordeira de fazer as minhas coisas de tentar não faltar, e tudo. Mas assim esse
trabalho mais com projeto de interação com outros professores essa coisa ela veio
mais a partir do momento que e vim pra cá.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Não! (abriu um sorriso grande), Faria de novo até cm um pouco mais de indicação,
como eu lhe disse, do meio pro final do curso eu comecei a gostar mais né, antes
era meio um fardo, não gostei muito não. No início, acho que talvez o choque do
segundo grau pra universidade eu não assimilei direito, não sei.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Seis anos
10. Como começou trabalhar aqui?
Eu vim porque um amigo meu, um colega meu da outra rede, era coordenador,
apareceu à vaga de língua portuguesa, ele me chamou eu vim, fiz entrevista, teste
essas coisas, terminei ficando, mas foi por indicação de um amigo.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto, eu gosto de trabalhar aqui. Assim, é pesado, é um fardo realmente de carga
horária de muitas responsabilidades e tudo, mas eu gosto! Como eu lhe disse, e
comecei a ver uma razão assim pra o meu trabalho a partir do momento que eu vim
pra cá, porque antes é como eu lhe disse era como... ia cumprir os alunos meio
desinteressados, um grupo de professores que tipo estavam pouco interessados no
projeto de vida do aluno, nem que fosse o vestibular que é uma coisa mais assim,
é... objetiva, mas você pouco ver, via esse interesse nas outras escolas aqui eu já via
um projeto mais de construção de cidadania, mas voltado pra mesmo pra educar os
meninos como ser humano, como cidadão, pra fazer ele realizar o projeto de vida
dele. Você se aperfeiçoa muito, porque você não pode ira para a sala enrolar, “é
tipo e não preparei nada, mas eu vou pra sala e faço qualquer coisa” não tem isso,
então você terminasse comprometendo mais com essa causa mesmo da educação
né. Quando você ver esse propósito mais claro, pelo que é cobrado a pesar que a
carga horária ela é bem pesada. Um dia inteiro você termina... cansando!
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
É exatamente isso fazer e acontecer... e se melhorar, ter um resultado. É claro que é
preciso ter um desequilíbrio para reformula e melhorar
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
O excesso de trabalho, a carga horária que é extensa!
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Bom, você não precisa se deslocar de uma escola pra outra, é cômodo e fora isso, a
interação com os colegas e com os alunos ajuda também, Além disso, a
infraestrutura que a escol tem é muito boa.
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Eu me sinto cansada, talvez isso camufle a minha felicidade e isso é reflexo de todo
um cansaço. É cansativo o excesso.
18. O que te deixa mais feliz?
Se der tudo certo! Se eu cumprir com a minha agenda, e estiver muito calma, isso
me deixa feliz.
19. Pra você, o que é felicidade?
Eu não sei! Acho que não se possa medi, mas eu acho que eu sou uma pessoa feliz.
20. Qual o seu maior sonho?
Fazer um mestrado, ir para um lugar que seja melhor pra mim...
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Afastada não, mas eu fiz fonoterapia por um ano e seis meses. A secretaria não te
dar um respaldo, e por isso precisei me cuidar.
ENTREVISTA 19
1. Nome
-X-
2. Idade
53 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Eu leciono a mais de... uns 35 anos. Contando assim... é que tinha dois contratos, só
que do primeiro contato eu já estou aposentada. Aí esse já é meu segundo contrato
entendeu? Aí contando só de Estado e uns 35 anos mais ou menos.
E desde que a senhora é formada pra cá, esse tempo também?
É porque eu terminei em agosto e logo em seguida, e assim e antes a gente já
começa né?! Já começa a trabalhar com escola. Antes de me formar, no sétimo,
oitavo período eu já tinha aula já. Por isso que eu digo mais ou menos, eu perdi até
as contas.
4. Há quanto tempo é formado?
35 anos
5. Uma média da sua renda mensal?
A renda mensal, juntando de aposentado da em torno de R$ 3.500,00 por aí...
6. Qual a sua carga horária?
A minha carga horária atualmente são 200 horas.
Então tem só esse vínculo?
É, porque o outro eu não preciso mais trabalhar.
7. Porque escolheu ser professor?
Vê, na realidade eu escolhi em parte, certo? Na época que eu estava indo fazer
vestibular, eu não pretendia ser professora, na realidade eu não queria ser
professora. Um pai dizia o seguinte, eu vinha de família que não tinha condição
financeira maravilhosa, e meu pai dizia que as mulheres tinham que ser professora e
eu me revoltei. Não queria! Aí fiz científico justamente para não ser professora. Aí
queria fazer vestibular ou para química industrial, ou para engenharia química. Só
que no ano que eu ia fazer vestibular meu pai faleceu. Aí vem aquela questão né, os
cursos de engenharia e química industrial eram durante o dia. E eu me organizei
para trabalhar né, já que eu não ia ter meu pai. Aí fiz licenciatura em química,
procurei o que era mais perto do que eu gostava que era licenciatura em química.
No primeiro momento eu entrei na faculdade pensando em trocar, só depois eu
desistir de trocar. Aí eu tive uma primeira experiência com cursinho que eu não
gostei, ainda pensei em trocar, mas aí depois eu passei para sala de aula sem ser
cursinho, o segundo ano, na época era científico, no segundo ano científico, no
terceiro, acabei gostando e estou até hoje. Aí acabei gostando, eu gosto de ensinar,
aí, e gosto. Apesar de alguns problemas que a gente tem atualmente, mas é... tem
momentos que... (risos) você acaba dizendo que gosta né?!
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Não, eu acho que faria do mesmo jeito. E assim, antes de pensar em fazer química
industrial eu pensei em fazer alguma coisa ligada a desenho, mas não fiz. Não
mudaria, acho que eu talvez faria desenho agora, mas pra hobby, mas pra trabalhar
mesmo não mudaria não. Realmente não me arrependo.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Aqui no GP desde 2006.
10. Como começou trabalhar aqui?
Bom eu acho que a minha entrada aqui é a mais diferenciada de todo mundo.
Porque eu no primeiro momento eu vim porque o professor saiu, ele saiu no meio
do ano, mais ou menos no meio do ano, aí eu vim pra cá, com o currículo, essas
coisas que a gente dava entrada. Só que aí quando começou a movimentação a GRE
não permitiu que eu viesse. Aí eu ainda fiquei aqui mais ou menos um mês e meio
sou péssima de datas. Mais ou menos um mês e meio, aí as escolas que eu tinha
feito assim, toda uma organização pra vim pra cá né?! Porque na época eu estava
com dois contratos. Então precisava organizar, tirar um contrato, passar para a
noite, pra trazer o outro contrato pra cá, enfim! Tinha acertado tudinho né?! Aí a
GRE começou com um problema, a diretora num primeiro momento aceitou depois
ela disse que a GRE disse: “olhe a gente não esta autorizando você liberar
professor, você vai ficar sem professor” e a partir do momento que a GRE disse
isso ela não pode remanejar outro professor para ficar no meu lugar. E nem podia
ficar me esperando né, até que isso se resolvesse. Aí eu desisti. Volte para minha
escola normal e fiquei né, até o final do ano. Quando foi no ano seguinte, aí eu não
vim logo no primeiro momento pra cá, aí só depois que surgiu uma nova
oportunidade, para um quarto professor de química foi que eu vim. Então eu acho
que eu fui a professora que mais entrou nessa escola. Porque eu entrei a primeira
vez por um mês e meio e sai, porque não pude ficar por conta da GRE. Entre
depois, já me aposentei do contrato que era daqui e trouxe o outro contrato pra cá.
Então eu já entrei aqui várias vezes.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto... assim, botando na balança né porque é muito problema, é muito corre-corre
tudinho. As vezes você fica desesperado.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
O que motiva uma das coisas é o grupo de colegas daqui. Principalmente das áreas
das ciências que é o que a gente tem mais contato né?! É uma motivação... uma
motivação é que você ainda tem, ainda tem um grupo de alunos um pouco
diferenciado. Eu estava num histórico de noite que eu tinha muitos alunos com
muitos problemas. Assim, inclusive de agressividade em relação ao professor. Eu
não tive esse problema aqui. E as brigas mais assim, diretamente a mim, nunca tive
problema. E assim, no primeiro momento quando eu vim pra aqui a gente tinha uma
proposta bem diferenciada. Você tinha mais tempo para estudar inclusive. Isso foi
uma coisa que me interessou muito pra vim pra cá porque eu ia ter tempo de estudar
que era uma coisa que eu não tinha. E ai a gente vai fazendo aquilo meio que no
piloto automático né, os conhecimentos que você já tem. Tá certo que você prepara
alguma coisa, mas muita coisa você já tem organizada, e aqui havia essa
possibilidade. Tinha também um incentivo financeiro, lógico que eu não vou deixar
isso de lado, porque isso é importante na vida da gente, isso aí motivou, certo?
Atualmente, não é que desmotive totalmente, é que deixa você meio desanimado é
a quantidade de trabalho que a gente tem, a demanda de trabalho. Aí isso muitas
vezes dessa você desanimado, entendeu? Desanima quando você ver que tem muita
coisa para fazer e de repente, você não te muito tempo. Ontem por exemplo eu
queria entregar algumas provas aos alunos hoje e uma coisa que eu não queria de
jeito nenhum era levar o trabalho para casa considerando que eu passei aqui o dia
todinho, e para entregar essas provas para os primeiros anos, eu tive que levar pra
casa, entendeu? Isso é um pouco que me desmotiva um pouco. Eu não sou a pessoa
mais organizada no mundo em termos de tempo, né?! Não sou! Mas também eu não
sou tão desorganizada! Afinal de contas eu estou esse tempo todinho na profissão,
já tenho uma certa experiência, já consegui equilibrar um bocado de coisa. Mas
assim o que as vezes me desmotiva é o corre-corre. E você pelo corre-corre se
sentir cansado. E assim né, você tem às vezes alguns alunos que te desanimam
muita vezes, é porque tem uma noite você dorme, no outro dia você acorda com
esperança. Porque se não você derribava. Mas as vezes você desanima com os
alunos. As vezes com a grande maioria você chega em determinadas turmas que
você sai simplesmente triste, porque você tem a sensação que você não fez nada. Aí
as vezes quando chegam no outro dia, eles dão uma equilibrada, não muita, mas
uma melhorada, aí é que você vai levando entendeu? Mas que uma das coisas que
deixa você triste que é o alunado não quere, é, você planeja toda uma coisa assim,
você acha que vai dar tudo certo e de repente o pessoal não esta muito interessado,
ai desanima. Ontem eu cheguei na sala e disse: “pense num exercício maravilhoso é
esse que vocês vão fazer, se você fizer com consciência, você vai aprender e você
vai tirar uma série de dúvidas” aí alguns realmente começaram a trabalhar tudinho,
mas outros vão lá trás do livro e copiam a resposta, isso, isso estressa. Você fica
meio desanimado com isso.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
(pergunta respondida anteriormente)
Pelas mesmas razões que eu falei antes porque é que eu vim pra cá, entendeu?
Inclusive no primeiro momento meus planos quando eu me aposentasse era, eu já
tinha o segundo contrato e eu não pretendia trabalhava durante o dia. Eu pretendia
ficar só a noite e durante ou sai fazer outra coisa! Então eu tinha essa opção. Uma
opção de terminar o contrato daqui que eu estava me aposentando e não vim pra cá.
Mas aí consegui o seguinte. A outra escola eu não estava com um... eu estava muito
triste com relação à noite, certo? Aí por conta disso eu fiquei aqui. No integral as
razões seriam a mesma que eu teria mais tempo para estudar, uma outra coisa que
eu acho bem interessante aqui. É que você tem um grupo de professores, por
exemplo, os professores de química, éramos quatro, agora somos três. Mas a gente
consegue combinar as coisas entendeu o que é que voe está trabalhando, o que é
que você vai fazer, é o trabalho em equipe e eu acho isso muito interessante que em
outra escola a gente não conseguiria fazer isso! Eu achei interessante um dia que a
gente tinha que preparar o laboratório de ciências, e praticamente entrou os quatro
para terminar de preparar a prática. Porque um entrou, começou aí o outro saiu
porque tinha aula, entrou o outro. Então, nos sabíamos o que é que cada um
precisava fazer entendeu? Sabíamos da continuação. Aí isso eu acho bem
interessante aqui também. É uma motivação você ia, pelo menos inicialmente você
teria um aluno diferenciado, um aluno que queria não era um aluno que fosse tope
de linha em termos de conhecimento, é um aluno que queria, ele não precisava ser o
aluno superinteligente, não! Mas ele queria, encontrávamos um aluno que queria
estudar, a possibilidade de você conseguir... de você estudar. Tah? Aprende mais.
Realmente eu não tenho mais de fazer mestrado, mas isso não quer dizer que eu não
tenha interesse em aprender. Entendeu? Que é bem diferente. Isso aí foi uma das
coisas que me motivou a ficar no integral. É um conjunto de coisas!
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Depende né?! Se você me perguntar se eu me sinto feliz o tempo todo, Não! Mas
assim, tem muitos momentos que são felizes, e contando minha vida inteirinha,
fazendo um balanço da minha vida, se eu botar na balança as coisas boas e as coisas
ruins, eu tenho bem mais na minha vida a agradecer, do que reclamar entendeu.
Botando o peso pensando até racionalmente eu acho que eu tenho mais coisas para
agradecer na minha vida do que a reclamar. Certo, eu acho que é...
18. O que te deixa mais feliz?
Tanta coisa! (respondeu bem rápido!) A primeira coisa é ver se minha família está
bem. Então, os meus filhos, marido, se o pessoal esta bem, se não estão brigando,
nem nada eu me sinto feliz! Profissionalmente e fico feliz quando encontro o meu
aluno em qualquer lugar muito bem. Me sito triste quando encontro alguém em uma
situação difícil. Aí realmente eu me sinto triste. Feliz quando você vai passear, sei
lá, feliz de conseguir algumas coisas que eu consegui até hoje, não é muita coisa,
mas eu acho que algumas coisas bem marcantes, é...
19. Pra você, o que é felicidade?
Felicidade?... Felicidade é eu poder ira pra casa e dormir tranquila, e me acordar
esperando que o dia vai ser bom, certo? É felicidade. Mas assim, felicidade e um
bocado de, são vários momentos. Que as vezes a gente nem se liga que ta, que está
sendo... é estar bem, estando bem, as pessoas em minha volta estando bem de
saúde, estando encaminhadas, certo? Falando em família, é os meus filhos, são três,
são duas meninas e um menino, as duas meninas estão na faculdade isso é uma
coisa que me deixa feliz, é meu filho, terminou o ano passado, aí tava trabalhando,
mas ai a empresa o setor que ele estava fechou e ele esta demitido. Mas assim eu
não estou infeliz com isso, porque eu sei que ele esta começando agora né?! Eu ele
esta aí com os projetos tudinho, e que ele não esta deprimido. Ele esta muito
confiante, até porque é muito jovem né e não dá para ficar triste agora. Isso aí esta
me deixando tranquila por isso. Eu também, claro que você se sente meio triste com
algumas coisas. Não sei se posso dizer triste né, mas, algumas coisas que você quer
que vá de um jeito e não vai. Além do mais com o tempo a gente vai se
acostumando tipo assim, né?! Alguma coisa não tá muito bem, mas você não pode
fazer nada, então não é problema né?! Eu não posso fazer nada. As vezes eu ficava
muito estressada em casa, quando eu chegava e minha casa estava uma bagunça. Eu
tinha os filhos pequenos né?! Aí uma vez minha filha me disse, também a senhora
passa o dia na rua, a mãe da minha colega fica em casa, da outra fica em casa e a
senhora fica na rua. Aí eu comecei a fazer o que: antes de chegar em casa e já
pensava nisso né?! Aí quando eu chegava em casa eu dizia: “bom não vou olha
isso, não vou olha aquilo, olhar aquilo outro!” porque pelo menos eu não me
estresso né?! (risos)
20. Qual o seu maior sonho?
Meu maior sonho... as viagens, certo é... Eu não diria o maior, são alguns sonhos
assim, um sonho grande que eu queira só aquele não, mas assim as viagens, viajar,
eu pretendo viajar! Não precisar ser muito longe, não precisa ser. É... uma coisa que
eu comecei e que parei, comecei um curso e pintura. Que uma das coisas que eu te
falei que queria o curso de desenho, mas ai eu comecei um curso de pintura. Pintei
dois quadros, mas aí por conta de eu ter vindo pra cá, o professor que eu estava
trabalhando come ele, ele não dá aula a noite, aí não pude e deixei meio que de
lado, mas depois eu futuramente meio que vou voltar. Mas só... e viver em, eu
sonho mesmo é em viver bem, entendeu? Acordar e acordar bem de saúde
entendeu. Isso é importante, porque sem ela a gente não faz nada. Grandes sonhos...
alguns sonhos pequenos você vai realizando não é, por exemplo: casa, você vai
realizando aos poucos, é só se organizar. Eu tinha um sonho, é eu tinha um sonho...
que era quando eu comecei a trabalhar no Estado que era ter uma casa na praia,
porque eu amava praia, e aí eu levei um certo tempo para... Aliás, um bom tempo
para... mas aí... ultimamente a gente já conseguiu, tinha já o terreno, pra você ver, o
sonho estava lá guardado. Eu já tinha o terreno e aí eu consegui construir uma casa,
não é uma casa grande, mas é a casa que... que eu preciso, na realidade eu não gosto
da casa eu gosto da praia! Aí é um dos sonhos, mas já tá realizado né?! Lógico que
ela precisa de uma série de coisinhas que você vai fazendo aos poucos, são sonhos
que aí você vai realizando aos poucos, casa, carro, viajar, pintar, né?! Porque eu
ainda vou voltar a pintar com certeza, eu digo que quando eu me aposentar eu vou
fazer tudo isso, pintura, desenho...
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Já, já. Eu me afastei do trabalho por hepatite, hepatite A e concidentemente eu
estava grávida. Aí eu fiquei afastada um mês... 45 dias. E depois só licença de
gestação só. Acho que não mais, não... só assim uma gripe muito forte, dengue, mas
coisas... coisas que são quase banais se não levar a complicações, são quase banais.
ENTREVISTA 20
1. Nome
-X-
2. Idade
48 anos
3. Há quanto tempo leciona?
30 anos
4. Há quanto tempo é formado?
23 anos
5. Uma média da sua renda mensal?
R$ 4.500,00
6. Qual a sua carga horária?
350 horas aulas nas escolas e aulas particulares
7. Porque escolheu ser professor?
Na época, quando eu... realmente eu gostava de ensinar. Hoje, se eu tivesse poucas
aulas, assim, num expediente só eu continuaria gostando, mas hoje e não gosto
muito de ensinar não.
Mas na época é porque o senhor gostava de ensinar?
É...
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Faria! Se eu tivesse um paitrocinador, eu faria medicina.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
seis anos
10. Como começou trabalhar aqui?
Foi por indicação na realidade né, tava faltando professor aqui. Na época tinha que
entrar, tinha que ter feito uma seleção, e essa seleção eu fui proibido de fazer
porque eu tinha dois vínculos no Estado. Então como eu tinha dois vínculos fui
proibido no início. Um ano depois é... não tinha mais essa proibição, e um dos
coordenadores do programa me convidou pra ensinar aqui.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
... eu hoje... eu digo que, nem gosto nem sou... e nem reprovo. Eu acho que pelo
volume das coisas, o volume de trabalho, é muito cansativo.
Então se eu lhe perguntasse o que mais lhe desmotiva a trabalhar aqui seria isso, o
volume de trabalho?
É, hoje é... é cansativo o expediente mesmo.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Desafios de fazer coisas novas, por exemplo: eu aqui eu ensino... sou licenciado em
física, e a minha pós-graduação é em matemática. Mas eu ensino aqui outras coisas
por exemplo: gastronomia, me identifico muito. É... gosto também de estar dando
uma participaçãozinha em outras áreas como geografia, de... na parte de física e
matemática sou bem atuante. Mas em outras disciplinas também... na parte de artes
também, teve um trabalho aqui muito bom, que estavam unidos, era uma PD
interdisciplinar. Física, artes matemática, um trabalho bem interessante que fizemos
aqui, foi um trabalho sobre... é... pinturas, máquinas, câmara escura. Então teve um
envolvimento na parte de física matemática e a própria arte. Então foi um desafio
bem interessante. Se trabalho foi premiado e foi... saiu até na rede globo e na... pelo
MEC também.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
É uma das coisas que eu acredito viu, é o aluno passar um tempo, o seu tempo
maior na escola ele tem maiores condições, de ver, de se aprimorar de se
aprofundar em determinados assuntos e principalmente tirar aquela defasagem. Nós
sabemos que na escola pública existe da 5ª a 8ª série. Então da 5ª a 8ª série a uma
defasagem muito grande de matemática, ciência... é assim falta de professores e
também falta de estrutura de sistematização de toda a rede. Então, na escola integral
ele supre essas deficiências, e praticamente ele não tem aulas vagas, então isso,
também faz com que ele, o aluno possa ter um ganho muito maior e hoje essa
escola aqui no Ginásio ela tem uma equipe muito boa. E aí com essa equipe ela
reverte o quadro. No ano passado nós tínhamos é... 183 alunos no 3º ano, onde 110,
entraram nas melhores universidades né, do estado. Então isso a gente ver que é
reflexo.
15. O que te motiva no programa?
Antes,... era um salário um pouquinho diferente... hoje... é... eu não estou muito
motivado não.
16. O que te desmotiva no programa?
No sistema integral, só no sistema integral é uma coisa, se eu só tivesse minha
renda hoje e um pouquinho mais pra ficar só no sistema integral eu não ia ter
muitas queixas não. Mas como você precisa ter mais, um algo mais, para suprir
aquele padrão de vida que você colocou, então há cinco anos, seis anos, o que eu
tinha como padrão de vida, com aquele dinheiro e foi reduzindo, reduzindo. Hoje
eu tenho que trabalhar mais, e ter mais, mais... mais trabalho pra ter uma renda que
ao chega nem a ser metade do que eu ganhava há cinco anos. Então isso desmotiva
muito.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Hoje, eu diria assim eu sou feliz por “n” motivos né. Um dos motivos é eu poder
andar, é poder estar convivendo trabalhando porque há dois anos eu estava numa
UTI, um infarto agudo no miocárdio, e eu fiquei... todos os dias que eu passe na
UTI, eu refleti tanto que eu vi assim, eu fiquei imobilizado, imobilizado e hoje
quando eu estou andando eu fico feliz porque eu ando. Sei o valor exatamente do eu
é andar. Do que é ter pernas para andar.
18. O que te deixa mais feliz?
A minha família! A minha família, estar em um processo que eu estou em igreja, eu
estou me relacionando com as pessoas. Quando hoje, é... uma... uma cosa que eu
fiquei muito feliz é semana passada eu vi um ex-aluno meu. E esse ex-aluno ele
olhou pra mim e disse: professor, e começou a conversar e tava, e ele disse assim:
“eu estou aqui na escola (em outra escola que eu trabalho) ele estava coordenando
vários estagiários, aí ele com os olhos cheios de lágrimas ele disse, olhe professor
terminei o meu doutorado m matemática, e uma das causas foi o senhor que me
motivou pra isso. E hoje eu estou aqui, sou professor lá da Universidade Rural, e o
causador é o senhor”. Aí deu um abraço em mim, eu senti uma... pude modificar a
vida de alguém pra melhor então isso me deixa feliz.
19. Pra você, o que é felicidade?
Se sentir bem é dormir tranquilo, andar... é saber que não fiz muitas besteiras,
minimizar as besteiras que a gente faz, fazemos muitas, mas quando você minimiza
isso, e essa coisa não afeta o seu sono, isso é felicidade!
20. Qual o seu maior sonho?
Meus filhos formados! O meu filho esta fazendo engenharia da computação, e
assim, os outros encaminhados também, é a esposa... eu gosto muito da minha
esposa (colocou sua aliança junto da câmera).
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Como eu disse, eu tive um infarto, passei quase um ano afastado, em 2009, eu já
estava aqui. Em 95 eu também tive um problema muito sério, fiquei também quase
um ano também afastado, em 95 e 2009. Foram dois anos muito marcantes na
minha vida que me deixou totalmente afastado mesmo da escola, nesses dois anos.
Mas conseguiu descobrir a causa?
Primeiro foi uma infecção no canal no dente, e passou uma bactéria para todas as
minhas juntas e eu fiquei de novo um mês paralítico numa cama, sem me mexer.
Passando isso, tive esse infarto, muito forte, agudo de dores horríveis no peito, e
por pouquíssimo eu não entrei em óbito, mas, Deus me deu mais uma
oportunidade!
ENTREVISTA 21
1. Nome
-X-
2. Idade
52 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Há 27 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Acho que... vixe num lembro mais não. Eu acho que a mesma quantidade, quando
eu me formei, comecei a lecionar. Aí é melhor, bote uns trinta né?! Uns trinta anos.
5. Uma média da sua renda mensal?
É... três mil e... R$ 3.500,00
6. Qual a sua carga horária?
200 horas/ aula
7. Porque escolheu ser professor?
Porque eu gosto! Eu tenho vocação.
Mas desde o início, como é que foi?
Desde o início! Desde pequena eu morava num sítio, aí eu tinha uma irmã fera, que
já era bem letrada, já era formada. Aí eu ainda criança aí eu perguntava, o que é que
a gente faz, qual é a faculdade que a gente faz para ensinar português? Aí ela dizia:
letras! Aí eu dizia: ai eu vou fazer letras, aí engraçado que quando eu fui fazer a
inscrição para o vestibular, a gente tinha formado uma equipe aí a equipe: a gente
tudo vai fazer história né?! Aí eu digo é, vamos. Quando chegou lá na hora, a
menina perguntou e eu não pensei duas vezes, disse: letras! E as meninas: “Mas
Lúcia tu não dissesse que ia fazer história?” e eu disse: Não vou fazer letras! Aí eu
gosto, descobri que gosto e fiz por vocação mesmo!
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Não!
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Há oito anos.
10. Como começou trabalhar aqui?
Através de seleção né?! A gente escutou na televisão em rádio, aí veio, fez
inscrição e fez seleção.
Pegou do tempo que era o centro experimental?
Era!
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto tem lá suas... (risos) tudo na vida tem o seu lado positivo e negativo, né?! As
vezes tem muita pressão aqui, a gente trabalha muito.
Se eu te perguntasse o que te desmotiva a trabalhar aqui seria isso?
É e a questão do horário integral eu acho muito cansativo!
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Olha a gente ver também a questão é..., os meninos são melhores, o ambiente é
outro. A questão também do dinheiro que também é bom né?! (risos). Então tudo
isso, são vários fatores que contribuem para que a gente escolha. Apesar que eu
continuo dizendo eu acho muito cansativo o horário integral.
Então se eu te perguntar o que te desmotiva no âmbito integral?
Seria isso o horário! Muito tempo, muito puxado.
15. O que te motiva no programa?
É o motivo de qualquer um, eu gosto de trabalhar, gosto desse contato com
adolescente, adoro, eu me sinto até mais jovem, é gostoso!
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Sinto! Porque é uma coisa que eu faço porque eu gosto, aí eu me realizo!
Mas assim de uma forma geral?
Ah sim é... não eu sou mais uma pessoa alegre do que feliz. Eu sou alegre, mas não
sou totalmente feliz...
E o que falta?
Um casamento mais ajustado, é... (risos) filho que não estão muito estruturados.
Deixam a gente sempre preocupada né?!
18. O que te deixa mais feliz?
Meus netos! Eu tenho um e o outro está para nascer!
19. Pra você, o que é felicidade?
Felicidade é você esta de bem com você mesma. Não adianta ficar procurando
felicidade no outro. Porque ela está dentro da gente, e é estar bem conosco mesmo!
20. Qual o seu maior sonho?
É... meu maior sonho... (risos) eu tenho tantos. Meu maior sonho é uma besteira,
mas sabe uma coisa que eu tenho muita vontade é assim, eu tenho habilitação, mas
eu morro de medo de dirigir. Meu maior sonho é perder esse medo! É... é um dos
né?! Eu gostaria, eu acho que eu vou mudar para o interior e vou conseguir, eu acho
que lá não tem esse trânsito infernal que tem aqui.
Pretende se desvincular professora do integral?
É eu vou me aposentar, vou me aposentar, eu estou aguardando.
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Tive depressão. Me afastei por três meses!
Por sobrecarga?
É muita pressão!
ENTREVISTA 22
1. Nome
-X-
2. Idade
Aqui porque eu tou perto de fazer, vou dizer a que eu vou fazer mesmo que é 30
anos.
3. Há quanto tempo leciona?
Há cinco anos (houve uma interrupção, porque alguns professores precisaram
utilizar o espaço onde estávamos e paramos a entrevista por alguns minutos para
se deslocar a outro lugar).
4. Há quanto tempo é formado?
Deixa eu ver,... eu me formei em 2004... 6, vai fazer 7 anos.
5. Uma média da sua renda mensal?
Minha renda mensal... é porque eu só dou aula aqui mesmo. R$ 2.000,000 e alguma
coisa, quase R$ 2.500,00.
Sua carga horária ficou então 200 horas?
É 200 horas.
6. Qual a sua carga horária?
(pergunta respondida anteriormente)
7. Porque escolheu ser professor?
É porque assim, na verdade, na verdade eu sou professora agora, porque eu
trabalhava. quando eu entrei na universidade eu também fiz escola técnica, eu fiz os
dois, eu fiz técnico em comunicações e fiz licenciatura. Na época do vestibular eu
queria fazer engenharia, mas como eu tinha estudado tanto, porque a maioria das
pessoas que fazem exatas, são pessoas que não estudaram tanto para ser
engenheiros. Porque na época que eu fiz não tinha estudado tanto e achava que eu
era capaz de passar logo de cara em engenharia né?! Aí eu fiz um curso que eu
também gostava, porque eu gostava de dar aula lá na sala de adulto, essas coisas do
povo, aí eu disse não eu vou fazer um curso que eu gosto e que eu sei que eu vou
passar. Aí foi quando eu entrei em matemática, aí depois que eu estava dentro eu
não quis mais, depois que eu terminei, eu pensei vou fazer engenharia. Aí depois,
foram acontecendo, outros trabalhos, outras coisas, e terminou que eu desisti!
Aí deixou de fazer engenharia?
Assim, também de engenharia, mas eu gostava de contábeis, já penso em fazer,
alguma coisa em um tempo menor, uma especialidade em contábeis que a FIR ou a
Estácio tem, quando você passa, paga dois anos, elimina as cadeiras que você tem
em comum, não necessariamente vai ser ciências contábeis. Vai ser uma, alguma
coisa na área das ciências contábeis. É tipo uma, eu acho que... é tipo Tereza.
Tereza não faz administração, ela faz recursos humanos, que é uma parte de
administração que ela pode se formar em dois anos, ela pensa em fazer a mesma
coisa. Entendeu?
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Eu voltasse no tempo... assim, eu não faria diferente, eu tentaria fazer duas coisas,
ter dois vínculos, porque eu sempre gostei de ensinar entendeu? Aí eu trabalhava
como técnica e dava aula de noite, aí isso migrava de uma empresa pra outra,
porque era terceirizada. Ai chegou um momento que a empresa terceirizada, não
tinha mais pra onde você ir, porque uma empresa só assumiu tudo e monopolizou,
aí..., ai eu peguei e fui procurar escola de manhã e de tarde. Eu só dava aula de
noite. Ai nisso, surgiu, aí eu conheci a Ricardo, numa dessas idas as escolas, aí
conheci Ricardo que ele trabalhava como técnico num escola daqui perto, que era,
que parece que é... aqui em Santo Amaro, eu me esqueci como era o nome da
escola. Eu si que eu fui nessa escola nesse dia, pra tentar pegar a vaga de um
professor que tava saindo de lá que ele ia pra outra escola, aí quando eu fui lá falar
com o diretor, aí o diretor disse que não, que não porque o professor de física, ia
assumir as aulas de matemática, que não tinha mais aquela vaga. Estava na GRE,
mas que na verdade não existia mais, porque o professor ia assumir. Aí nisso eu
conversando com esse Ricardo, aí ele disse que tinha duas, tinha vaga pra cá, que
eu viesse aqui, entreguei currículo, e vim fazer a prova. Aí foi até no mesmo dia
que Ana Paula também veio, e Conceição também. Aí no mesmo dia a gente foi
fazer as provas né?! Conceição foi fazer a entrevista dela e eu e Ana Paula. A gente
era pra matemática e ela pra inglês. Aí eu vim pra cá.
Então você trabalha aqui no Ginásio Pernambucano desde 2006?
Não, desde o ano passado eu dou aula desde 2006, que eu entrei no Estado, mas
aqui eu dou aula desde o ano passado, eu entrei ano passado.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
(pergunta respondida anteriormente)
10. Como começou trabalhar aqui?
(pergunta respondida anteriormente)
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto, é porque assim, o bom daqui com relação as outras escolas, é porque nas
outras escolas eu não ficava como aqui que eu tenho que estar sempre estudando,
entendeu? Sempre me atualizando. Nas outras não eu chegava na escola, trabalhava
o dia todo, e quando chegava na escola, os meninos não tinham muito interesse, não
pretendiam entrar em vestibular, era mais pra se formar também, e não adianta eu
correr muito que os meninos não acompanhavam. Aí o que é que eu fazia: chegava
então preparava uma aula, mas não com tudo aquilo como é aqui. Porque os
meninos aqui eles sempre perguntam em mais coisas, claro que não são todos né?!
Tem uns que são desinteressados. Mas pra aqueles interessados, eles não se
contentam só com aquele, eles querem mais então e tenho eu tenho que me preparar
para aquele algo mais que eu se que eles vão perguntar, entendeu? Então é bom pra
mim, eu não estou como eu estava antes, eu estava mais acomodada com o que eu
conhecia e aqui não, eu tenho que procurar sempre exercício diferente porque tem
sempre aquele que vai perguntar o diferente, entendeu? O bom daqui pra mim é
isso.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Também tem o lado financeiro, eu trabalhava em três turnos pra ganhar o que aqui
eu trabalho em dois turnos. Então tenho um turno livre, antigamente eu trabalhava,
manhã, tarde e noite. Agora não, pode ser que agora como eu sou solteira, me
atente, pode ser se eu casar e tiver filho pode arrumar um outro turno, porque
menino é, mas custo, mas pra mim também foi o lado financeiro, foi o lado
profissional juntou tudo, porque de três turnos eu só estou trabalhando em dois e
ganhando um pouco mais do que eu trabalhava nos três entendeu? Então é d tudo
um pouco e o lado financeiro...
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
O que desmotiva é que não só eu mais muitos professores que estão com a carga
horária muito alta, então tem muita atividade, a gente não tem tempo de se sentar,
pra planejar nada, é tudo nas carreiras. Tipo, agora, chegou prova de recuperação,
ela já quer a prova, a gente ainda não fechou as notas dos meninos, a gente fez
prova de sala semana passada, tem que corrigir, lançar, pra entregar e a gente tem
que mandar a outra prova que já é semana que vem, então é tudo muito corrido. Aí
a gente não tem tanto tempo, porque é muitas aulas entendeu? Matemática tem 28,
28 é? 28 aulas, aula, aula de sala. Fora o laboratório o aulão, entendeu? Então a
gente tem pouco tempo o único momento dos três estarem juntos é nessas duas
aulas de agora. Que nós quatro, por isso que ela colocou ali que os quatro estão sem
atividade nenhuma, então é complicado por conta disso. Que a gente não tem muito
tempo aqui de se sentar para planejar nada, então, tem que levar serviço pra casa,
isso já vai... desgasta entendeu?
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Porque assim, o bom da escola integral pra mim. Eu não sei todas né?! Porque eu
vim logo pra cá, como aqui é a escola, a escola que eu ouvia falar. Pelo o que eu
ouço falar das outras, as outras são integrais e não são, porque mudou o nome é
como as escolas que eu ensinava, o que me motivou a ficar numa escola integral
porque justamente o que eu disse, nas outras escolas se eu só aumentasse , se eu
ficasse em uma escola regular, ficasse de manhã e de tarde que ela não fosse
integral, aí na minha cabeça eu ia ficar do mesmo jeito como eu dava aula na noite,
e aqueles mesmos meninos que queriam aquelas mesmas coisinhas mínimas. Aí eu
não sei como dizer de outras integrais porque eu vim pra cá, então aqui é um
universo diferente das outras que eu ouço falar. Então em relação ao que eu estou
aqui o que eu vejo é isso, porque eu vejo uma escola que não fosse integral como
essa daqui eu estaria do mesmo jeito, não estaria tendo que me dedicar mais, que
estudar mais, como é aqui.
15. O que te motiva no programa?
Deixa ver... não o integral é bom, porque você fica, assim no meu ponto de vista,
você fica num mesma escola, que é muito difícil completar a sua carga horária, tem
isso, e tem que você... tem esse lado e tem o lado que você pode conhecer mais os
alunos. Porque quando você trabalha em muitas escolas termina que você não
conhece todo mundo por nome, como é aqui, eu conheço todo mundo por nome, até
quem não é meu aluno. Então fica mais fácil você se relacionar, mesmo que eles
não gostem de matemática, eles terminam gostando de você pela convivência.
Assim, esse é o lado bom do colégio integral, e da parte de não ter que me deslocar,
entendeu? Porque eu já passei casos que eu tive que trabalhar de manhã e de tarde e
de noite e eu ter que estar alguns dias na escola, aí tinha que sair dessa escola para
de tal hora estar em outra escola, aí eu sempre chegava atrasada, não dava tempo.
Aqui a vezes não dá tempo, porque eu termino a aula os meninos ficam
perguntando alguma coisa, e isso e aquilo, ai come e quando eu chego aqui ai
chama num sei quem, quer conversar sobre alguma coisa que não é um assunto,
entendeu? Alguma coisa da casa deles, alguma coisa assim. Porque aqui a gente é
tudo, é psicólogo é professor, aí pronto. Então você não tem, eu acho que se não
fosse integral, e tivesse outros vínculos, eu não teria como ter, atender do mesmo
jeito os meninos iam atender alguns, outros iam ficar, infelizmente não tem como.
16. O que te desmotiva no programa?
O ruim aqui não há... ninguém questiona a gente, as coisas são impostas pra gente,
vai ser desse jeito, ninguém procura saber o que é que, conversar com os
professores, sabe o que é que acontece, sabe a gente esta aqui. Então aquele que
está lá em cima, esquece que já foi professor um dia e que a realidade em sala de
aula é diferente, entendeu? A gente esta aqui a gente sabe que não é só dar aula,
mais aula que os meninos vão aprender. A aula tem que ser diferente, mas pra ser
diferente tem que reduzi a carga horária para que o professor possa reduzir uma
aula diferente. Então o que eles vêm lá em cima, eles acham que o menino vai
aprender com aula e aula. E não é assim, a gente sabe, a gente digamos, a gente
sabe que teria que ter uma aula diferenciada, mas em que tempo que a gente vai
fazer isso aqui? Entendeu? É complicado, a gente sabe o que é que tem que apontar,
mas as vezes a gente não tem como apontar, porque é imposto pra gente diferente.
Porque é o que eu estava dizendo, eles querem lá, resultado, tem menino que não
sabe nem... o menino entra aqui quase zerado no 1º ano. Se você for trabalhar
realmente o que ele precisa, isso come metade do ano, e o assunto que a gente tem
que dar, no final do ano o integral não vai querer saber se aquele menino melhorou
a deficiência lá de trás. Ele quer que o menino veja o conteúdo do ano que ele está.
Então é complicado pra gente, a gente fica no meio termo, entendesse? É por conta
disso as coisas aqui eles querem que a gente faça tudo, e não tem como a gente
fazer tudo. A gente tem que ver o e é que agente vai fazer, pra fazer aquilo de
qualidade. Fazer tudo não tem condição não.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Eu me sinto feliz, porque eu faço o que eu gosto, claro que a gente se desestimula,
com convivências, imposições que tem que ser feito assim, que a gente sabe que
não vai dar certo, mas tem que fazer, porque mandam a gente fazer. Mas eu sou
feliz porque o que eu escolhi, eu sempre gostei de ensinar. Eu ensinava a grupinho,
claro que eu poderia ter feito outras coisas, poderia! Se eu voltasse no tempo eu
seria também professora e faria, não ia desisti, como eu desisti, não desisti né, eu
estou protelando, não sei se eu vou fazer engenharia, eu acho que não, mas eu
penso em fazer alguma coisa na área de contabilidade. As eu sempre quis conciliar
assim em ser professor com uma outra atividade.
18. O que te deixa mais feliz?
Pra mim ser feliz é você estar com saúde, estar com a sua família e sua família estar
bem, par mim isso é ser feliz entendeu. Porque assim, quando você não é feliz em
casa, você já vem pra cá diferente. Aí tudo complica assim, porque por mais que
você queira esconder, você chega no meio do trabalho, você não consegue esconder
por muito tempo, você fica mais... quem é calado, fica mais calado ainda. Quem é
aquele alegre, você não trata mais a pessoas do mesmo jeito, por mais que você se
esforce é natural de todo mundo. Então pra mim você ser feliz é você estar com
saúde e estar bem na sua casa. Seja quem tem marido, quem mora com os pais,
quem mora com amiga, porque de lá vem pra cá. Você não tem como, se você tiver
com um problema em casa com o seu filho, você não chega na escola do mesmo
jeito, com sua irmã com qualquer um. Eu acho que você tem que estar bem
pessoalmente para trazer para o profissional.
19. Pra você, o que é felicidade?
(pergunta respondida anteriormente)
20. Qual o seu maior sonho?
O meu maior sonho hoje, é formar uma família, por isso que assim eu também, eu
pensava em fazer universidade, mas eu pensava em poxa mais cinco anos, então eu
tenho que escolher. Ou eu vou me casar e construir uma família, ou eu vou passar
mais cinco anos estudando, porque digamos, eu vou trabalhar o dia todo e vou pra
universidade de noite. Aí isso quer queira quer não, pra você casar e ter um filho é
complicado, entendeu? Eu não vou confiar, nem deixar a minha mãe cuidando, até
porque minha mãe já tem mais de 60 anos, então eu não vou. Assim minha
prioridade também é outra, por isso que eu não quero fazer um curso que seja num
período menor, porque eu quero formar a minha família, então minha prioridade é
formar uma família, minha vida pessoal, entendesse?
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Não, nunca tive, o máximo de afastamento meu é dois dia que eu tive, um negócio
que eu tropecei, nunca tive afastamento de passar meses, essas cosas assim não. Por
enquanto não, mas dizem que depois de uma certa idade, né não Mônica (se referiu
a professora que estava sentada próxima), começa a vim os problemas, então nunca
diga, nunca, hoje você esta me entrevistando, daqui a num sei quantos anos, ela vier
aqui, eu já vou dizer outra coisa né?! Porque assim, porque eu só tenho cinco anos,
quem tem como Lúcia, 20 e poucos anos, aguentando esses meninos na cabeça da
gente, porque não é só a dúvida da disciplina é tudo, eles trazem problemas deles de
casa de tudo. Então é muita informação pra você ter que ensinar o menino ainda ter
que ver, transformar o menino pra vida como aqui não é só o conteúdo é tem que
guiar o menino em todos os aspectos, claro que tem uns que não ajuda, não deixa
né, é complicado o problema é esse acho que é por isso que se aposenta com menos
tempo, porque o desgaste é maior. Não é como você trabalhar em um escritório,
que você vai lá, faz sua função e vai simbora, Não é entendeu? Professor é muito
mais que aquilo, às vezes a gente vem pra cá, os meninos chamaram mesmo agora
no intervalo, pra conversar, ela veio conversar que ela tinha um namorado, acabou e
agora esta com outro, aí esse outro antigo, virou a cabeça e ela ta com medo que ele
venha fazer alguma coisa com ela, e veio perguntar como deve proceder
entendesse? Ai você também fica pensando, vai pra casa com o problema da pessoa
pra ver uma solução que você pode dar, que você não deu naquela hora. Então é
muita coisa, aqui você não para não. Você senta assim, você para e senta, mas a
cabeça da pessoa fica: é prova pra mandar, é menino pra conversar e tem que falar
com o pai do menino. Tem que saber o problema que esta com o menino, como
apontar e como dizer, aos pais da melhor forma, porque eu não posso chegar, feito
minha mãe, minha mãe quer que chegue pra mim, como pra ela e dissesse: “olhe
sua filha não esta estudando, sua filha esta conversando”, mas tem pai aqui que não
aceita dizer isso, entendeu? Você tem que procurar, maquiar, a foto do menino.
Minha mãe queria a verdade, mas tem pai aqui que não quer. Então até isso o
professor tem que... pra ver a melhor forma de dizer ao pai e a mãe que o menino
não esta aquela flor toda na escola. Então é muita coisa, olhe professor... eu
pensava que era muita coisa, mas não tanto assim e aqui... Porque assim, aqui as
coisas realmente eu vejo, pode não melhorar 100% principalmente em outras
escolas que eu conheço, ou já ouvi falar, aqui é uma escola muito boa entendeu?
Além do, da parte do conhecimento específico, digamos assim, tem a preparação. É
claro que tu não consegue que todos os meninos, sejam, saiam daqui preparados,
sabendo o que ele quer pra vida né?! Mas pra muitos aqui faz muita diferença,
quem entra no primeiro, e quem sai no terceiro ano. É totalmente diferente,
entendeu? São muitas coisas muito meninos que eles disseram que chegam aqui
zerados, hoje já passaram em concursos bons, engenhara, medicina, não,
engenharia, direito, teve uma menina que passou, é totalmente diferente, agora é
claro que a mudança só acontece para quem realmente quer né. Mas até aquele que
não quer, melhora um pouco e já sai com outra visão, entendeu?
ENTREVISTA 23
1. Nome
-X-
2. Idade
44 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Eu leciono desde os 19, vai fazer 25 anos.
4. Há quanto tempo é formado?
Eu sou formada em 1989 (22 anos)
5. Uma média da sua renda mensal?
Uma média? Trabalhando que só bicho? Somando os dois é? A média da R$
1.500,00 (cada, R$ 3.000,00 no total).
6. Qual a sua carga horária?
Rapaz, 350 horas aulas.
7. Porque escolheu ser professor?
... Minha mãe diz sempre que eu gosto de explicar as coisas, eu gosto de ensinar, eu
achava bonitos meus professores, eu tinha meu espelho de qualidade, na época que
eu era estudante, meu espelho, meus professores eram pessoas, extremamente
educadas, eram pessoas que tinham uma aparência de prosperidade, e eu era pobre,
eu era filha de gente, minha mãe lavava roupa pra fora. Então a profissão de
professor, me inspirou uma mudança de classe social. Se eu soubesse que negócio
era esse, eu não tinha feito licenciatura.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Faria! Eu tive nota, eu poderia ter feito nota para medicina, eu tive nota pra
nutrição, poderia ter feito nota para direito. Qualquer coisa, menos licenciatura
(bem enfática expressão).
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
A gente veio lotado em 2003, né Afonso? A gente veio nos primeiros pra
capacitação. A capacitação que começou em setembro de 2003. E para o grande
grupo terminou em dezembro de 2003, mas para o grupo de Ciências da Natureza,
terminou em Janeiro de 2004, a capacitação.
10. Como começou trabalhar aqui?
(pergunta respondida anteriormente)
11. Você gosta de trabalhar aqui?
... No início, quando nós começamos, nós não tínhamos livros, os livros eram dos
professores, agente não tinha Xerox, a gente tirava do nosso bolso. Mas você tinha
uma expectativa que isso daqui fosse fluir... fosse produzir coisa boa. Então no
início, eu amei trabalhar aqui, a gente rompeu, eu rompi não sou sindicalizada, mas
não gosto do sindicato, porque ele não defende a profissão, defende o próprio
umbigo. Logo, os nossos outros colegas, romperam com o sindicato, rompeu com
outros colegas, porque muitos colegas diziam que a gente ia, que isso aqui não ia
dar certo, que isso aqui seria, era uma situação elitizada, que na realidade nunca foi.
Então, a gente rompeu com muita coisa pra vim pra cá. Porque cada um de nós que
veio pra cá, em nossas outras escolas a gente era o professor que dava aula, que era
exigente, o professor que nunca faltava, o professor que era nó cego. Para os alunos
era aquele que não prestava que exercia a licenciatura como deveria. Então agente
veio simbra pra cá. Então houve o que? Houve uma confluência de pessoas, com o
mesmo pensamento, com o mesmo objetivo, pra um ambiente onde ele pudesse
produzir, e aqui foi à oportunidade, NO INÍCIO! No início tudo é flores, depois...
no inicio, dede o início, que eu sei que isso aqui iria se tornar política pública. Em
momento nenhum no início isso daqui foi dito que era elitizado, não. Mas algumas
pessoas fora das paredes dessa escola, que nunca vieram aqui, que nunca
vivenciaram estar aqui dentro, eles diziam que aqui era para elite, nunca foi! E
essas pessoas estando no poder, tentaram, muitas vezes botar areia, dificultar o
andamento, é... tudo o que era necessário pra cá como escola, muitas vezes era
colocado embaixo, na última gaveta, embaixo das ilhas de documentos, a gente
nunca foi bem visto pelo sistema. Não pelo sistema maior, como o governo, mas
pelo sistema menor, as GREs. Então, as pessoas que faziam as GREs elas achavam
que a gente era diferente. Que a gente queria ser melhor do que o outro. Ora, a
oportunidade foi pra todos! Quer vim pra cá? Horário integral, não era salário era
uma bolsa, como uma bolsa de mestrado, uma bolsa de doutorado, era uma bolsa
pra você trabalhar aqui no horário a mais. No início funcionou assim e é tanto que o
primeiro resultado nosso, foi estupendo! Por quê? Nós tivemos alunos, eu tive
alunos da escola que eu vim de origem... porque eu vinha pra cá na capacitação,
mas eu tinha o horário da noite e tinha que voltar para dar o horário. E eu tinha
alunos que eles não sabiam nem escrever direito. Hoje essa aluna, um dos
exemplos, terminou o curso de teologia no SEC que é o... o curso de teologia da...
da igreja... do Americano Batista, que é um dos cursos mais difíceis que tem, e ta
fazendo enfermagem e ela quando veio pra cá, ela não sabia escrever direito. O
texto dela era incompreensível, não tinha conexão. E hoje eu vejo essa pessoa, uma
cidadã, fruto de uma luta, que HOJE... ai como o tempo mudou, eu era feliz e não
sabia! Eu era feliz, fui feliz neste momento... A minha felicidade é Cristo porque
ele é quem me dar forças para sustentar a vida, para permanecer, AINDA! Porque
ainda, porque na primeira oportunidade que eu tiver, eu saio! Não gostaria de sair,
porque licenciar é um dom e esse dom eu recebi de Deus. Porém, para a
administração pública, licenciar, não é essencial. Licenciar é a última situação que
pode ser olhada. Se fala muito em educação, porque educação, educação... mas não
é exigindo da família, o papel dela, não é exigido do governo o papel dele, só
exigido do professor. Aí o professor assumiu o papel da família, assumiu o papel do
governo que muitas vezes é omisso. Quando ele não mantém a quantidade de
pessoas para se trabalhar neste ambiente, você esta lidando com humanos, você não
esta lidando com ser, com gado. Com gado, você tem o veterinário, o zootecnista, o
técnico de agronomia. Aqui a gente tem professor... professor.. professor. E preciso
de: mais auxiliar de pátio. Eu preciso de um psicólogo, a gente tem, mas demorou a
chegar, passou um tempo sem. No início a gente teve a equipe completa a gente
passou um tem sem, e apareceu agora duas, só! Tem uma psicóloga e uma
coordenadora pedagógica, para assuntos pedagógicos. Mas tem que ter psicólogo,
serviço social. A equipe é de professores e alguns atentos que dão uma mãozinha,
mas que também é pouco! E educação não se faz sem psique, sem o social e sem o
conhecimento. Conhecimento é o professor que dá. A estrutura é o governo que tem
que manter, porque eu pago imposto, é caro! 27% do meu salário vai nessa. Isso
porque junta os dois contratos aí me morde até umas horas. Mas, cadê a reversão
disso aí? Temos 160 escolas integrais que deveriam ter qualidade dessa quando
começou, mas tem 160 escolas integrais que não tem a qualidade dessa quando
começou e essa perdeu em alguns momentos sua qualidade, porque cadê sua
manutenção? O ano passado eu passei o ano sem dar aula de microscopia, porque
os microscópios estavam precisando de manutenção. O dinheiro que vem, que é o
dinheiro de empenho, tem que se fazer malabarismo. Então o papel do governo ele
não faz, então o professor tem que fazer. O gestor tem que se virar em mil. A
ausência do auxiliar de pátio que foi tirado da escola, não existe em mais nenhuma
escola, que é necessário, quando eu estudei, tinha. Eu me lembro até do nome deles,
dona Tomásia, eu Filipe, dona Maria e seu Moacir. Essas pessoas eram importantes,
por quê? Quando o menino tivesse fora de sala, “pra sala” “porque você ta fora de
sala?”, monitorando-se isso, evitava-se fumo no banheiro, Evitava-se dispersão no
pátio. Evitava-se do menino se esconder e estar fora de sala de aula. Na minha
época tinha, nessa escola começamos com três pessoas como auxiliar de disciplina.
Houve mudanças dentro do sistema, perdemos essas pessoas. Enquanto eu estou na
sala, se o meu aluno pedir para ir ao banheiro, eu vou deixar, se ele demorar 20
minutos eu não sei onde ele está. Se ele esta dentro do banheiro ou debaixo da
escada conversando. Eu estou na sala, não posso controlar essa situação.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Se você fizer a separação entre, essa escola e as outras escolas. A questão é que
aqui ainda tem, ainda tem aquela nuvem que isso daqui ainda é diferente... a nuvem
da diferença ainda permeia trabalho aqui, porque? Porque à noite eu trabalho em
outras escolas e o que eu escuto dos meus colegas que uma 5ª série é chamada de
morro do Alemão, porque não tem disciplina, porque manda o professor tomar
naquele canto. Se chama o pai, o pai dez assim: “se fizer alguma coisa com o meu
filho, eu pego você lá fora”. É isso que a gente tem dentro da escola, e a sociedade
esta omissa porque ela não exige dos... das... dos... das estâncias porque eu tenho
que exigir da família que ela de educação ao seu filho, porque não é gado! Muitos
recebem bolsa família, recebe bolsa escola, pra papai e mamãe, fuma maconha,
comprar... usar pra ir pros pagodes, sei disso porque moro em comunidade pobre e
vejo, então, se da o dinheiro para o estudante, para a família, mas não se exige
desse estudante, dessa família, a contrapartida de frequência na escola, de disciplina
na escola, dos pais serem responsáveis pelos seus filhos. Que muitas vezes jogam
os filhos dentro da escola é como o gado. Já teve casos aqui da direção chamar
pelos os pais, e os pais dizerem: “não vou!” Não vai? É seu filho! Isso se, quando
foi uma situação de saúde! Já teve momentos dos meninos sofrerem um acidente
aqui, até porque esta na escola e acontece, na minha aula, e eu ligar pro SAMU,
Bombeiro, quebrar o pau, soltas os cachorros, e dizer: venha, porque o menino teve
rompimento de vaso aqui, porque bateu num vidro e cortou a mão, e saiu daqui
direto para a Restauração e na Restauração, entrou direto para fazer sutura. Se ligar
para o pai, nesse caso a mãe veio, se encontrou com a criança no hospital. Mas no
outro caso que necessitou o pai ou a mãe vim buscar. A mãe disse que não ia
atender. Porque ela diz que não vem? O filho é dela não é meu não. O meu papel é
educadora, mantenedora de conhecimento. Polir o conhecimento que ele tem,
aumentar o que ele tem, melhorar, agregar, crescer no conhecimento, como pessoa,
no relacionamento, mas a parte doméstica não pertence a mim. A questão da
indisciplina, você não pode dizer a um aluno que ele é feio. Só porque exige um
negócio por trás disso chamado ECA, que nojo! O Estatuto da Criança e do
Adolescente, onde só diz que a criança, tem direito, concordo que ele tenha direito,
mas ele também como cidadão que era futuramente ele precisa saber que ele tem
deveres. E tem que ser exigido isso deles. Muitas vezes se manda uma criança para
o conselho, não aqui, mas em outros momentos, você manda uma criança para o
conselho tutela, o conselho tutelar manda para a GPCA, a GPCA leva ara instância
jurídica. O Juiz diz que o aluno tem que voltar para a escola, e é a escola que vai
resolver o problema? Peraí! O professor, a escola não é reformatório não. Eu não
tenho como fazer isso. Eu fui talhada, eu fui preparada para ensinar, para polir
conhecimento. Porque o aluno já vem com alguma coisa pronta, então e vou, eu
vou... eu ou o professor, ele é o... ele é o ouvires. Ele vai fazer a joia brilhar, você
tem o metal de qualidade, você tem a pedra preciosa, eu só vou apenas trabalhar
essa pedra, pra que ela tenha valor. Esse é o papel do educador e da escola, mas não
pegar esta pedra, que tem valor, mas quando eu começar a trabalhar ela vai sentir
reações e tem reações que ela não vai querer. E quando a gente procura as
instâncias que tem que ajudar no processo, a justiça diz que a escola tem a
obrigação de ficar com o aluno infrator, um aluno com o desvio comportamental,
mas ela não dá o suporte de ter um acompanhamento dentro da escola. Algumas
escolas dentro do país alguns, alguns... alguns âmbitos jurídicos estão fazendo o
seguinte: O conselho tutelar diz o seguinte, o menino ta dando trabalho, trabalho,
trabalho: o pai vai assistir aula com o filho na sala, par ele dá conta da
responsabilidade da disciplina daquele filho. Agora aqui a gente não ver isso.
Pernambuco recentemente sofreu uma intervenção, do Conselho de Justiça, do
Conselho federal porque foi constatado que em termos de justiça nós somos a pior
que tem. E o Conselho Nacional de Justiça veio fazer um levantamento daqui. E
viu! Porque isso? Cadê o ministério público? Cadê a vara da criança e da
adolescência? Cadê o Conselho tutelar? O Conselho tutelar tem alguns poderes,
mas não é supremo, a supremacia é a justiça. Mas ela é omissa e muitas vezes ela é
incoerente e incompetente. Porque ela muitas vezes da uma sentença sem ter
conhecimento de causa, ela primeiro tem que avaliar, ela primeiro tem que ver o
que está acontecendo. Então tudo isso, numa situação e tal, minha filha essa ideia
foi para o brejo, sou feliz em Cristo Jesus, como profissional mais não.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Porque quando foi feito o programa era a oportunidade de eu trabalhar num lugar
só, porque antes eu trabalhava: eu tinha dois horários numa escola particular e tinha
um horário na escola pública. Então a escola integral era a oportunidade de você
ficar num lugar só. De trabalhar sem ter o problema de jogamento, porque isso
desgasta muito. Isso há 10 anos era difícil, hoje com o trânsito que a gente tem está
pior. Fica inviável né?! Então a questão de tornar uma escola integral era isso. E
outra coisa, na escola integral era o que, no início era o que, você tinha às 40 horas
semanais, 20 horas seriam para disciplinar, aula disciplinar, ou seja, aula de
regência. E 20 horas você teria que está preparando aula de regência, Você teria que
esta preparando aula de laboratório, você estaria corrigindo prova, você estaria
preparando situações, modalidades, aulas diferenciadas. No início foi flores, aí com
o tempo a coisa foi mudando e mudou! O horário integral nessa escola funciona,
mas se fizer um levantamento, muitos de nós está doente. Eu fui ao médico ontem,
estou aqui com um roncha no braço de estresse, e o médico disse: “você está com
estresse de alto grau, vou fechar o diagnóstico e depois dos exames, provavelmente
você vai sair de sala de aula porque vou ser afastada por força médica, não é o que
eu quero, não! porque ninguém quer ficar doente”. Mas é o que esta se tornando a
carga de trabalho esta muito grande. Existe uma lei, não é lei, não tem força de lei
ainda, mas em algum lugar eu já ouvi, que o professor, ele tem que ter, num
intervalo de um horário de aula para outra, ele tem que ter um descanso de 11h de
voz, a gente não tem. Porque a maioria de nós tem dois contratos. Porque no
horário integral e você não deixa um? Porque se o salário do integral fosse o que
deveria ser, eu não precisaria trabalhar a noite. Porque nós trabalhamos no outro
horário? Porque não é o que as pessoas dizem aí fora: o Estado de Pernambuco diz
que o salário é R$ 950,00 de 2008, foi pego R$ 950,00, pra fazer o R$950,00 foi
pego do meu salário original, meu quinquênio que eu tinha. Foi pego 60% do
exercício de magistério que era você estar em regência, juntou ao salário
vencimento, ao base e transformou isso em R$ 950,00. Isso para ser implantado em
2008, não foi! Aí chega 2010, começa a briga de foice, o sindicato é omisso, ai diz
que é mil... se o salário fosse o que está no Conselho Nacional de Educação, que é
de R$ 1.500 e alguma coisa, mil quinhentos e alguma coisa, o vencimento, mais
60% desse R$ 1.500,00, ia dar um dinheiro né legal, não ia dar 100%, mas daria
melhorzinho. Mas não foi isso que aconteceu... eu perdi quinquênio, eu perdi 60%
do exercício do magistério, e..., e..., e muita coisa ta no ar.
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Neste momento Não! Não, como profissional, como pessoa, sou feliz, claro, tou
viva, tenho uma família, tenho quatro cachorros, uma mãe, duas irmãs, um irmão,
duas sobrinhas, eu sou feliz! Pelo lado pessoal, pelo lado profissional, eu me sinto
triste. Às vezes eu choro porque não era isso que eu queria, eu sempre quis ensinar,
eu gosto de ensinar, eu brigo com os meus alunos para dar aula. Mas antigamente,
quando eu comecei aqui, eu não brigava com os meus alunos, você tem um
tempinho... da um stop aqui que eu vou pegar um material e já venho!
(na volta com um livro na mão...).
Eu posso transformar o que eu tenho na minha mão a quantidade que quiser com
qualidade. Mas a partir do momento que eu perco, que eu tiro, que eu camuflo,
como a administração pública, eu vou acabar. Eu poderia levar todos a qualidade de
melhor e não pegar todos que eram ruins ou que não tinham condição, mas que
eram... e transformar o que era melhor, num mais ou menos, eu tinha que pear o
melhor e transformar todos em melhores, e não pegar todos e o que era melhor e
transformar em mais ou menos... é isso que esta acontecendo conosco. Isso é um
perigo, um perigo muito grande porque o que era Experimental, o que era de
referência, não é que era melhor do que os outros não, ele ia desenvolvendo
projetos, ia desenvolvendo coisas que seriam distribuídos para todos e aí, todos
seriam elevados ao patamar de melhor, de excelência, e não é isso que a gente está
tendo hoje...
18. O que te deixa mais feliz?
Tem uma oportunidade de muitas escolas integrais. Mas eu me preocupo. Fico feliz
porque tem muitas escolas, de muitos meninos poderem ir para essas escolas, mais
aí eu me pergunto, essas escolas terão a mesma qualidade da que eu vivi? Vai ficar
difícil! Eu não sei, eu posso responder por mim como profissional, porque você ter
um relato desse de um aluno que você nunca viu!
19. Pra você, o que é felicidade?
Felicidade é ter paz em Cristo, só! Porque embora eu possa estar passando por um
vendaval, uma turbulência na vida, um pega pra capa violento, mas eu sei que eu
tenho uma certeza, que eu vou chegar num lugar mais tranquilo, seguro com um
conforto maior que é Deus, na minha vida. Não sei na dos outros. Ele está pra todo
mundo quem quiser está aí, quem não quiser o problema é seu.
20. Qual o seu maior sonho?
Ser nomeada no Ministério Público da União, na qual eu fui aprovada. Isso é fruto
de uma escola pública de qualidade que eu tive, porque as pessoas me perguntam:
você estudou em que cursinho? Você fez o curso preparatório? Eu não fiz curso
nenhum! Boa qualidade na leitura, meus professores na quinta, na sexta, na sétima,
na oitava, no primeiro, no segundo, no terceiro, me deram. Minha professora da 5ª
série olhou pra mim não tínhamos biblioteca na escola, o livro da edição de hoje
chamada borboleta ativa. Ela dava pirulito pra gente ficar calado, e lia o livro.
Quando terminava ela fazia a ficha de leitura no quadro ela escrevia no quadro,
porque não tinha Xerox e era a coisa mais difícil. Aí ela escrevia no quadro, a gente
respondia, que tinha tudo certo, ia ganhando de um confeito até um chocolate, eu
sempre ganhei o chocolate, porque eu prestava atenção! Ela deu durante o ano, na
5ª série a borboleta Artíria e a ilha do tesouro. Nisso, me despertou a leitura meu
pai já lia muito em CSA, aí o que é que aconteceu, Minancy gostava de ler Júlia,
Sabrina, Bianca. Literatura Brasileira nem tanto, porque eu não gosto de finas
tristes, só gosto de finais felizes. Nada de Iracema, eu li o cortiço, que parecia às
favelas de hoje, e li grandes Sertões Veredas, eu li, olhai os Lírios do campo, eu li
escrava Isaura, eu li muitos livros da literatura Brasileira, é João Campelo de
gaivota, meu professor de literatura dizia: “Minancy” aí eu ta certo, eu lia o livro de
literatura que era para minha formação cultural, ai lia abobrinha, que ele achava que
era abobrinha, Júlia Sabrina Bianca. E tinha uma escritora também, Barbara Carne,
Sherlock Holmes, Ágata Crist., e Nora Roberts, é são os meus livros e Sidney
Sheldon. Gosto de ler, e acima de tudo tem a minha leitura bíblica claro né! Porque
muito do meu vocabulário, eu consegui, com a leitura bíblica, não na tradução na
linguagem de hoje, mas na tradução normal, que me deu o vocabulário. Meu
vocabulário foi enriquecido com a leitura bíblica. E dos outros livros é claro né?!
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
(pergunta respondida anteriormente)
ENTREVISTA 24
1. Nome
-X-
2. Idade
46 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Há 19 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Forma desde 1988 (23 anos)
5. Uma média da sua renda mensal?
Porque eu tenho outro vínculo além do daqui. Somando os dois: três mil e poucos
reais.
6. Qual a sua carga horária?
Aqui são 200 horas, agora a agente tem aqui que é regime integral né, o dia inteiro,
e a noite também dá em torno de 350 horas.
7. Porque escolheu ser professor?
Num seria bem uma escolha né? Eu escolhi fazer o curso de Ciências Sociais,
Sociologia. Não é, inicialmente eu queria fazer bacharelado, aí depois eu fiz os
dois, bacharelado e licenciatura, houve um concurso, eu fiz, agora não tinha o
sonho de ser professora não. Mas assim eu gosto da minha profissão.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Talvez, para conciliar mais na área de pesquisa e produção. Porque assim, eu deixei
um pouco de lado, depois que eu entrei no estado, me acomodei, me ajustei um
pouco e deixei esse outro lado de lado assim! Talvez só isso assim, investir mais
nessa outra área, porque que a gente fica com a carga horária muito grande aí
termina isso gerando uma certa acomodação, aí você fica né... vai passando o
tempo e você vai ficando... aí você termina não saindo daquela situação.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Desde o início do projeto de 2004.
10. Como começou trabalhar aqui?
No início houve uma seleção, a gente se inscreveu né?! Houve também muita
represaria, assim pressão do sindicato essas coisas, como a visão aqui inicial era
uma parceria com a empresarial, aí um projeto novo, que envolvia as pessoas
achando a questão da privatização. Aí houve uma pressão para que a gente não se
inscrevesse, mas aí mesmo assim, eu vim me inscrevi. Houve uma seleção de
currículo no início, depois houve uma capacitação, onde algumas pessoas foram
selecionadas para continuar aqui no projeto, 25 pessoas.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto, já tive mais prazer em trabalhar. Porque inicialmente o projeto, ele envolvia
também oficinas interdisciplinares, a gente tinha uma carga horária menor, mas
assim, gosto assim, da minha disciplina. Agora sinto falta da coisa inicial desse
projeto. De ter mais isso sabe, ter mais tempo livre para escrever projeto científico,
que no inicio a gente tinha tempo livre pra isso. Hoje em dia a gente fica mais em
aula, aula mesmo. Aí não sobra tempo pra isso.
Aí isso acaba desmotivando essa aula, aula, aula?
Não eu tou com um aspecto desmotivada, estou passando isso pra você?
Não professora só estou perguntando!
Não... não é que desmotive, é porque, por exemplo, eu tenho 18 turmas, uma aula
por semana, eu acho que essa uma aula é insignificante para fazer um trabalho mais
consistente com os alunos, principalmente na minha disciplina que é sociologia,
não é, que eu acho que é pouco isso.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Inicialmente, sempre foi isso que é a resposta do alunado, que a gente tinha
resposta. Antes de vim pra cá eu não tinha né?! Ficava aquela coisa muito solta não
tinha uma sistematização. Agora me motiva a organização a essa própria
sistematização da escola de existir isso. De você se sentir realmente em uma escola
né?! Porque antes a rede pública ela estava muito... Pronto quando eu fiz o
concurso e entrei no Estado, a primeira frase que eu escutei de colegas foi: “o que
você está fazendo aqui, você é tão jovem, o que você está fazendo aqui? Vá fazer
outra coisa” e eu ficava impressionada com aquilo, porque não era aquilo que eu
tinha recebido na universidade, eu vim com todo aquele sonho e tal. Mas assim,
uma das coisas que me motiva é se sentir realmente professora, né?! Dentro de uma
escola que é uma organização que é uma sistematização, seria isso mesmo. Existe
também uma relação né, uma afetividade, a questão da afetividade com os alunos
com os colegas,
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
Isso que eu já falei pra você é a carga horária intensa, que a disciplina quando foi
inserida, não houve uma preparação, ainda não há. Nem do alunado, da importância
da disciplina, da importância real, não é a importância porque vai cair no vestibular,
mas a importância real da disciplina, porque as vezes os alunos olham por ser uma
disciplina assim, é sociologia é qualquer matéria a gente vai fazer o que quiser,
então assim não tem um conhecimento disso, e a carga horária é muito pequena.
Mas não é aqui, seria de maneira geral.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Porque desde o início eu vim pra cá, também pela questão da remuneração porque
paga um pouco melhor do que eu recebia antes, e também essa coisa de ter o tempo
para desenvolver esses projetos que eu falei pra você, que ainda sonho que um dia a
gente possa desenvolvê-los novamente sabe voltar a esse perfil assim de ter essa
coisa da escola mais sócio interacionista com essas disciplinas, ter tempo mais pra
isso, porque atualmente, como eu estou te dizendo eu só tenho aulões para o
vestibular, e aulas de sociologia, e o foco muito no vestibular, eu espero que um dia
isso mude um pouquinho.
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Bom atualmente eu estou passando por um momento muito difícil porque eu estou
com uns probleminhas de saúde, tive que me ausentar com uma crise de diabetes
que eu não sabia que era, aí passei dois meses afastada, aí no momento não estou
muito não, mas eu estou procurando isso tou indo ao encontro disso, certo?
18. O que te deixa mais feliz?
Vixe é tanta coisa... acho que ver a minha felicidade, ver as outras pessoas, saber
que posso contribuir com as pessoas, com a felicidade de outras pessoas também,
não é... a natureza também me deixa feliz, estar próxima a ela também me deixa
muito feliz, a paz né?! A harmonia entre as pessoas.
19. Pra você, o que é felicidade?
É isso é paz é harmonia, é não esquecer de estar próximo à natureza, não esquecer
esse outro lado também, é saber que existe o outro ser humano e poder contribuir
com eles. E saber que todos nós somos isso, uma união, é isso!
20. Qual o seu maior sonho?
Acho que viver em um país mais justo que tenha mais igualdade, fraternidade,
humanidade, né?! A semana passada eu vi uma sena mesmo que me deixou super
triste, eu vi um menino aqui próximo a escola, eu saí para dar uma caminhada
despois da aula e eu vi um menino tendo uma crise assim de overdose, um
adolescente. Eu acho que essa questão da droga na sociedade nos dias de hoje, é
uma coisa muito forte né?! Acho que no dia que a gente tiver um país sem isso,
uma sociedade, um mundo, com menos violência, com menos injustiça, com mais
igualdade social, menos degradação do meio ambiente, (risos) eu acho que é meio
utópico isso...
Mas é um sonho...
É!
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
E além da sua diabete a senhora precisou ser afastada por algum período mais?
Já! Ano passado, minha mãe também esta com câncer e eu tive que me afastar
durante um mês, pra ficar com ela. Porque ela teve um problema de câncer, ainda
está né?! Esta se cuidando. Tinha quimioterapia e tudo e eu tive que ficar com ela
esse período.
ENTREVISTA 25
1. Nome
-X-
2. Idade
32 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Eu me formei em 2003 né?! Mas eu já lecionava, antes mesmo de estar formado eu
já lecionava, tem uns 10 anos. Mas a partir de formado foi a partir de 2003.
4. Há quanto tempo é formado?
(pergunta respondida anteriormente)
5. Uma média da sua renda mensal?
Aqui a gente ganha R$ 3.000 mil e pouco, apesar que, renda bruta ou líquida?
Porque a renda é R$ 3.000 e pouco, mas quando vai para líquida xiiiiiiiii... só de
imposto... é um dos motivos da infelicidade de qualquer funcionário público, os
impostos!
6. Qual a sua carga horária?
200 horas.
O senhor só trabalha aqui?
É porque se não o cara não faz mais nada da vida, se fizer outra coisa.
7. Porque escolheu ser professor?
Ô... parece engraçado, mas foi um conjunto de fatores, eu quando era menor,
gostava de ler, e aí os filmes de Indiana Jones me motivaram muito a fazer história,
entrar por esse lado da arqueologia da história, e também assim eu tive um
professor de história no Ensino Médio, que eu gostava muito das aulas dele, então
isso também assim me motivou a fazer história também.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Hummm... num sei... eu acho que eu até faria sabe. Eu acho que eu faria o inverso
do que eu faço hoje. Que eu fiz história, fiz filosofia e agora eu faço direito, eu teria
feito direito, depois história e agora filosofia.
Porque professor?
Por uma questão assim, eu acho que chega uma hora que você, principalmente a
partir dos 30 você sente uma necessidade de ter conquistado mais, de ter se
estabelecido melhor. Então você vai... quer ter família, quer ter casa própria,
automóvel, então você ter conquistado algumas coisas, ter constituído família, e
como professor isso é muito difícil né?! Você ter isso tudinho.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Aqui eu estou desde 2007.
10. Como começou trabalhar aqui?
Na verdade é seguinte, eu tinha dois anos de estado eu ainda estava em estado
probatório e aí abriu a seleção. Existia essa escola, no recife existia essa escola e
mais duas integrais que era o porto digital e o Nóbrega. Aí tinha um processo de
seleção, você se inscrevia, qualquer pessoa poderia se inscrever, e dentro desse
processo de seleção que era uma entrevista, uma redação e também fazer um perfil
era um... é... até a Secretaria da Educação contratou um... era um “Disque” um
programa aí que existia que avaliava e tal o perfil das pessoas para ver se se
encaixava para trabalhar. Aí eu passei na entrevista, na redação e nesse disque, e
me encaminharam para o porto digital. S ó que quando, a capacitação foi aqui no
Ginásio, aí estava precisando de um professor de história, aí o professor me convida
para ficar aqui. Aí eu aceitei, acabei vindo pra cá.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
... ô, assim..... eu gosto... gosto das pessoas, eu... sinto que aqui a gente é
importante, não é?! Mas também tem aquele outro lado... que é o excesso de
atividades é o excesso de cobrança, porque aqui você tem todo um olhar
diferenciado por essa escola, então assim, a gente também sofre muito com essa
coisa assim do alunado. Então a gente infelizmente, como toda escola, mas cada um
sente da sua forma é... que o alunado vem pra cá, cada vez mais precário de
educação familiar, enfim, valores, então assim, vai tornando o trabalho mais difícil
né?! Mas ao mesmo tempo é gratificante porque a gente sabe que muitos deles no
final do processo, do terceiro ano, eles mudam, eles se tornam melhores, eles se
tornam universitários, ou não, mas pelo menos reconhecem a importância... outros
não... outros entram aqui e saem da mesma forma. Se for possível isso (risos).
Mas sempre da pra ver a mudança neles?
Em alguns é muito notório, principalmente as atitudes, porque em termos
cognitivos, aqueles que querem realmente resgatar, eles conseguem plenamente,
mas as atitudes são mais difíceis né?!
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Olha no meu caso foi o seguinte, foi o modo... primeiro por causa da proposta como
um todo, trabalhar o aluno o dia todo eu acho que é uma coisa muito interessante.
Agora assim, a grande critica assim que a gente faz é que... programa integral
apenas com ensino médio é atacar já a consequência, e não a causa que o ensino
fundamental principalmente. Mas eu vim por que... a princípio era assim, era uma
novidade, era uma coisa nova em 2007, um desafio, e que eu achava interessante,
trabalhar o dia todo com o aluno. E também aquela coisa assim de você estar em
uma escola só, ter uma remuneração melhor, lógico né?! E estar em uma escola só,
porque pra mim é assim, que eu particularmente nunca me olhei fazendo que é em
várias escolas em um dia. Então assim eu preciso de um horário, para que eu possa
estudar. Eu preciso de algum tempo assim, pra mim sabe. Para estudar
principalmente, porque se me senti assim totalmente preenchido com trabalho, eu...
eu... me sinto sufocado! Eu fico doente, eu me desmotivo.
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Eu acho assim, eu acho que, felicidade são momentos. Se disser a não, eu vivo
minha vida toda feliz, num sei eu... tenho momentos que a gente se sente muito
bem estando aqui, mas também tem outros momentos que você se sente indignado
também, sabe. ...porque a gente também ver que a... como é que eu posso dizer, é
que muita coisa, deveria ser diferente. Não só assim, não muito, apenas o
pedagógico, o diretivo, é um conjunto assim, quando você ver, a gente que é
professor, geralmente quando a gente vai avaliar, a gente sempre avalia em um
plano, em uma esfera maior , então a gente ver que muita coisa anda errada, então
isso deixa... pelo menos a mim, isso deixa muito chateado, muito chateado mesmo.
Você tem falta de reconhecimento pela sociedade, falta de política salarial, é...
muita pressão de todos os lados, você tem os alunos, então você tem um conjunto
que às vezes sabe... o cansaço. Então chega uns determinados momentos que você
esta muito indignado assim. Tudo o que você quer é desaparecer, seria mais ou
menos assim. Tem esses momentos também. Mas também tem momentos que...
acho que um momento assim, que renova o ânimo é o final do ano, principalmente
quando a gente ver os meninos do terceiro ano sabe, entrarem na universidade,
virem aqui e os caras, pow...meninos assim que a gente pegou meninos tudo de
treze, quatorze anos, pequenos ainda, crianças praticamente, e ao final do terceiro
ano, os caras estão aí, cresceram em tudo assim, em tamanho, mentalidade,
universidade, então isso aí, dá um ânimo, eu acho isso massa. É uma das coisas
que, por exemplo, assim, eu acho massa! Porque em outras escolas isso não é
possível. Na escola que eu trabalhei antes de vir pra cá, era um escola normal, e o
que é uma escola normal? É uma escola que o professor, nem todos dão as suas
aulas, onde você dá as suas aulas, alguns alunos vão lá, aprendem outros não,
enfim, você tem que acomodar isso tudo aí pra ver se o cara... com que eles
simplesmente passe, né?! Enfim, acabem aí os seus estudos do ensino médio e as
pessoas vão para o mundo do trabalho né?! Então assim, muito como se a escola, o
papel da escola fosse apenas uma passagem obrigatória pra você ir para o trabalho,
para você ir para o mundo, o mundo que não é mundo que você vai poder se
destacar, vai poder ir para universidade, enfim, é como se não houvesse esperança,
você esta fadado ali, naquela escola naquele ambiente ali, estudar e tal e aquele que
consegue, alguma coisa a mais é considerado praticamente o herói, e aqui a gente
pode ver que aqui essa realidade é mio que o inverso. Então isso gratifica né?!
Porque você sente que de fato, um elemento transformador, um elemento que
transforma realmente a vida das pessoas. Por mais que elas nem reconheçam, mas
que sabe... você pow, contribuiu pra aquilo, você mudou aquela pessoa. Alguma
coisa que você falou numa aula ou até no corredor, ou um conselho, enfim, você faz
parte.
18. O que te deixa mais feliz?
(pergunta respondida anteriormente)
19. Pra você, o que é felicidade?
(pergunta respondida anteriormente)
20. Qual o seu maior sonho?
Olha eu vou ser sincero, hoje eu estou fazendo direito e hoje a minha vontade de
fato é terminar o meu curso de direito, e continuar até lecionando, mas assim no
âmbito universitário e advogar ou também galgar um cargo público, mas fora da
educação. Infelizmente é uma realidade. Eu não gostaria, eu acho que se a gente
tivesse uma remuneração melhor e tivesse condições de trabalho menos desgastante
menos exaustiva, eu não teria problema nenhum em ficar na educação, até
continuaria estudando direito, mas por hobby ou até pra estudar direito da
educação, enfim. Mas não é isso que acontece, chega uma hora que você das duas
uma, ou abraça, aquilo que você esta e se conforma que é aquilo que você vai fazer
para o resto da vida, ou então você tem que mudar e esse momento, pra mim foi há
uns dois anos atrás e eu resolvi mudar. Porque assim, eu não gostei do que vi,
quando eu fiz essa projeção de 10 anos, como eu estaria, se teria conseguido aquilo
que realmente, essas conquistas essas coisas que eu quero, eu não vi... não vi...
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Olha eu assim, concidentemente, quando eu entrei aqui no final de 2007, nesse ano
eu constatei que eu estava com pressão alta, que eu era hipertenso, é eu nunca tinha
tido pressão alta e quando foi no final do ano de 2007, eu acabei fazendo os exames
e tudo mais e constatei que eu era hipertenso. Então assim, desde lá eu tomo
remédio todo dia, mas eu acho que fora isso assim, eu tenho problemas de alergia,
eu sempre tive assim problemas de alergia. Mas essa coisa assim do ritmo de
trabalho, não é, o ritmo da vida isso piora muito. Eu por exemplo atualmente eu tow
praticamente todo dia ando tendo crise alérgica, eu venho pra cá chego aqui assim,
todo entupido, então assim por conta da alergia e a gente tem muito problema de
garganta... garganta é uma coisa, ainda mais assim professor de história fala o
tempo todo, a aula é falando. Não tem como não ser assim. Então, problema de
garganta, de vez em quando eu tenho amidalite, problema de garganta alergia, aí
você fica todo entupido, aí, dá problema de garganta também. Aí de vez em quando
isso aí, incomoda!
ENTREVISTA 26
(O professor me fez uma série de perguntas antes de começar a entrevista, por alguns
dias relutou fazê-la e no início da entrevista sua mão se movia constantemente em um
movimento repetitivo, além da voz, que parecia muito atenta ao que se perguntava e ao
que ele responderia = se mostrou incomodado com a câmera. Quando eu disse que
havia acabado, mudou a expressão facial o tom de voz. Inclusive na transcrição
percebe-se um espaço de tempo grande entre algumas orações e a constante repetição
de palavras.).
1. Nome
-X-
2. Idade
49 anos
3. Há quanto tempo leciona?
22 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Há uns 20 anos mais ou menos
5. Uma média da sua renda mensal?
Total? É que eu tenho outros vínculos, não só o Ginásio. Entre R$ 4.000,00 e R$
5.000,00
6. Qual a sua carga horária?
350 horas
7. Porque escolheu ser professor?
Eu tinha, na realidade a gente tinha facilidade né, quando a gente vai se despertando
como pessoa, a gente tem facilidade de transmitir, e eu acho que tá no sangue
mesmo, a gente que tem aptidão, em transmitir e domínio em determinada área, eu
gosto de memorizar números e a parte de exatas eu sempre gostei da parte de
exatas, não gostava muito da parte de gramática, língua portuguesa (risos) e aí eu li
pesquisei sobre o curso de física, eu também tinha o sonho de fazer engenharia
eletrônica, como eu comecei mas não terminei, e aí a gente foi ficando, vai
gostando, passa no concurso do Estado que é uma das coisas que lhe prende um
pouco a... você vai assumindo determinados compromissos e depois não dá pra sair,
de mudar, se você não consegui logo. Tem alguns cursos que eu também estou
pretendendo fazer e ainda não consegui por conta da carga horária, do trabalho.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Talvez eu tentasse terminar o curso de engenharia.
Porque professor?
Na realidade quando eu falei compromisso, a gente vai assumindo vários
compromissos não só financeiro, assim, também né, mas não só financeiros, dentro
da área da gente de educação e aí vai deixando para segundo plano. Os outros, as
outras metas.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Desde 2006
10. Como começou trabalhar aqui?
Surgiu uma vaga e eu trabalhava com o professor daqui: Josivan em outra escola,
surgiu uma vaga, ele falou pra mim que tinha essa vaga e eu me submeti à seleção e
estou aqui. Na realidade eu não entrei como professor de física, eu entrei como
professor de informática, eu tenho especialização na área de informática e depois
surgiu à vaga de física, primeiro surgiu à vaga de informática, depois de física, e aí
que eu entrei e hoje eu só leciono física.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto, na realidade a satisfação é porque a gente ver o trabalho da gente com
resultados, com a aprovação dos nossos alunos em concursos externos, e aí isso é
uma satisfação. Porque eu..., eu peguei a fase da rede pública na fase de decadência
que o ensino vem, ele vem assim, vem... tanto em termos de trabalho quando em
termos de repasse de conteúdo, de estrutura de gestão, vem cada dia piorando, então
eu vivo aqui hoje, duas realidades. Eu tenho a realidade do Ginásio Pernambucano,
e tenho a realidade da escola, a dita, regular né, a normal, uma escola que não tem
em horário integral, e é sofrível eu trabalho a noite em uma escola que já foi uma
referência, na região que ela fica localizada que é a escola Dom Bosco de Casa
Amarela, bastante conhecida essa escola só que ela vem passando também por esse
processo de decadência, o ensino e não foi recuperada até hoje pelas gestões que
passaram.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
No início a gente tinha um planejamento, a agente tinha assim, um... umaaa, a gente
sabia as metas a gente tinha um foco, a gente tinha na realidade uma organização de
trabalho. E hoje por conta da própria secretaria que impõe uma carga horária maior,
a gente não tem esse tempo. Até mesmo pra gente se preparar pra você... é, é...
preparar uma aula, preparar um material, a gente não tem esse tempo, que a gente
tina anteriormente, então a qualidade da minha aula, de uns dois anos, dos anos que
eu comecei aqui, pra hoje não é a mesma, então isso me desmotiva muito.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
(risos) como professor, você vai passar por essa experiência, se você for lecionar na
realidade a gente acumula vários, vários empregos, várias escolas. Então eu tinha
uma carga horária de supletivo, cursinho em escolas diferentes, então eu, eu... e
também de conteúdos diferentes eu ensinava matemática de quinta ao terceiro ano,
depois ensinava física. Conteúdos totalmente diferentes e tem um desgaste,
desgaste de tudo, inclusive das qualidades da aula. Então, na realidade o que me
motivou a vim para o Ginásio Pernambucano, pra uma escola integral era que eu
concentraria toda a minha carga horária num lugar só e teria a possibilidade de
trabalhar melhor e até mesmo de aprender mais dentro da minha área.
15. O que te motiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
... (risos) é que o conceito de felicidade é bem profundo, vai depender de uma série
de coisas, filosoficamente falando, acho que você já fez essa pesquisa é... é difícil
esse conceito, é difícil a gente, é... reproduzir o que é felicidade e aí a gente abrange
um leque de várias definições, do que é felicidade. Mas assim, profissionalmente
não me sinto totalmente feliz, falta o salário de professor, isso não deixa a gente
feliz. Pessoalmente, é... nós passamos por momentos de felicidade, são flashes, as
vezes rápidos, as vezes demorados um pouquinho, mas se no conjunto da minha
história do que eu passei como pessoa, eu me sinto feliz. Eu até... porque eu... teve
momentos que... da minha vida que eu poderia ter tomando um rumo diferente, e...
eu poderia não esta aqui, estar em outra situação, pior. Então pra mim
pessoalmente, eu me sinto feliz!
18. O que te deixa mais feliz?
(risos) várias coisas. Eu acho que os encontros pessoais me deixam feliz, o
relacionamento, com a minha família, com o meu filho, que hoje é a coisa assim...
que mais me importa na... na... vamos dizer assim no meu relacionamento pessoal
porque ele esta em formação, por isso que a gente te que dividir, pai, mãe, filho
minhas irmãs, o conjunto assim da minha família. Mas assim, o meu
direcionamento hoje pra... pra... pra questão assim de acompanhamento, é a
formação do meu filho, isso... ele é prioridade pra mim! Isso me deixa feliz, nos
momentos que eu estou com ele, nos momentos que eu consigo passar alguma coisa
pra ele. Positivo, ensinar também que na vida tem coisas ruins também.
19. Pra você, o que é felicidade?
A felicidade eu acho que é um negócio, acho que é um encontro desses momentos,
e tem todos os encontros e a possibilidade da gente ter a realização desses
momentos. Acho que felicidade é a gente ter... é viver aquele momento
intensamente e você se ver, naquele momento, você pode mudar a medida que
você, você, você, achar que não é, aquilo que você, você, você, esperava. Então é
você ter a possibilidade você voltar e refazer, viver assim uma construção e
reconstrução. Então assim, é claro eu a gente tem etapas da vida da gente, que a
gente já sabe que vai passar, como a morte não é... de pessoas que a gente gosta, te
porque a gente tem quase reacostumar naquele momento. São momentos que você
tem que aprender a conviver e principalmente os diferentes. Então o que me faz
feliz é quando eu posso atuar nesses momentos e ver que eu contribui de alguma
forma pra, ou pras pessoas do meu convívio social, ou até pra minha própria vida.
20. Qual o seu maior sonho?
(risos) Tirar na loteria não vale não né,... na realidade falta uma parte da minha
formação que eu gostaria de contribuir que são cursos de... formação de graduação,
que eu ainda não conclui.
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Não, agora, eu fiz uma cirurgia e eu fiquei pouco tempo, 15 dias afastado.
ENTREVISTA 27
1. Nome
-X-
2. Idade
30 anos
3. Há quanto tempo leciona?
6 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Sete (risos), vai fazer oito agora.
5. Uma média da sua renda mensal?
Líquida eu acho que é uns R$ 3.000,00 mil reais, é que eu tenho esse e outro
vínculo.
6. Qual a sua carga horária?
200 horas/aulas aqui e 150 lá.
Ah tah certo então manhã tarde e noite todos os dias?
Se bem que agora, eu estou me afastando da noite, porque eu estou estudando e eu
não quero mais a educação (risos), eu não quero mais ficar nesse negócio de manhã,
de tarde e de noite.
7. Porque escolheu ser professora?
Assim, acho que ser professora foi meio por acaso na minha vida porque eu não
tinha o objetivo de fazer geografia para lecionar eu fiz vestibular para jornalismo aí
não passei e eu gostava muito de geografia aí não, vou fazer geografia como
segunda opção. Quando foi no segundo ano, no primeiro ano que acabou o
segundo período, aí eu disse não vou fazer, não queria, mas nem jornalismo queria
marketing, aí fui fazer administração. No dia do vestibular eu fico doente, aí eu
disse não isso é para eu terminar meu curso de geografia (risos) e fazer né. Aí
quando eu estava no finalzinho de 2003 e início de 2004, foi quando eu estava me
formando, teve um concurso para o estado, aí eu fiz, passei, aí já assumi em 2005.
Aí em 2005 teve outro concurso, aí eu fiz passei e assumi em 2006. Aí desde 2006
que eu venho nessa loucura, de manhã tarde e noite.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Faria! (risos)
Me conta um pouco mais sobre isso.
Eu não seria professora! Assim, não que eu não goste, da, de ser professora, é
porque eu não vejo perspectiva de melhorar as coisas na educação. Todos os anos
você ver que a complexidade da sociedade vai chegando na escola, é porque vem
cada vez meninos com mais problemas domésticos, cada turma que vem você
encontra mais dificuldades. Outra coisa que vem assim, o interesse pela educação
vai diminuindo mesmo a gente mostrando que tem tantas outras, assim tudo o que
você pode ser é através da educação, né. Mas essa consciência é muito pouco
colocada pelos meninos e por outro lado você só ver o Estado lhe acochando
fazendo com que as coisas aconteçam, sem dar o alicerce para que as coisas
aconteçam. Por exemplo, aqui na escola, desde que eu entrei aqui já estava menos
estruturada do que antes, eu só vejo a desestruturação, entendeste? Aí a tinha três
pessoas na coordenação, duas psicólogas uma assistente social, aí não tem mais.
Tinha pessoas no pátio, não tem mais, aí assim eu acho que nesse sentido, o
negócio não vai melhorar só tende a piorar. E assim eu acho que a sobrecarga de
trabalho da gente é muito grande, porque eu faço assim, tah de manhã tarde e noite,
mas eu dou 100% de manhã tarde e a noite. Aí você fica extremamente esgotada
não é. Por isso que eu estou querendo agora um trabalho de seis horas porque eu
vou dar os 100% nas seis horas e pronto!
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Desde 2008.
10. Como começou trabalhar aqui?
Vê só, eu entrei em 2006, na escola, no Estado. Aí passei 2006, 2007 numa escola
regular, 2005 e 2006, perdão, foi em 2005 que eu entrei. Passei 2005, 2006 no
Aníbal Fernandes que é uma escola regular, aí veio a oportunidade de participar de
uma escola integral só que lá em Ipojuca, aí eu fui para Ipojuca, passava manhã e
tarde lá e vinha pra cá a noite. Era uma loucura aí foi quando eu disse em Ipojuca
eu não fico mais, vê se dá aí para eu ir para Recife, se não der eu volto para escola
regular, aí surgiu uma vaga aqui na escola e o programa integral me encaminhou
para cá.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto, assim eu acho que essa escola dentre as escolas do Estado, é a que lhe dá
maior suporte para que as coisas aconteçam. Tanto é que a gente tem a aprovação
no vestibular a gente tem projetos que funcionam, mas esse é o sentido de estar
aqui, em outra escola estaria bem pior.
Mesmo, Você já trabalhou em outra escola integral...
Já...
E o que você ver aqui ver e acontece aqui te motiva mais...
Sim, é totalmente diferente! Eu acho assim, eu ainda estou no Estado, porque eu
estou aqui,
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
(pergunta respondida anteriormente)
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
É toda essa desestrutura que eu te falei né, tanto no lado dos meninos como do lado
da própria educação. Que se completam, fazendo com que esse seja um cenário
desfavorável pra gente.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
Porque as coisas acontecem, (risos), porque você ganha um dinheirinho a mais
também, mas principalmente porque as coisas acontecem, porque na outra escola
você meio que rema contra a maré, entendeste. Até você querer trabalhar bem
direitinho é motivo até para não ser muito bem visto, pelos colegas até, aí é
problemático! Esse ano não que eu estou meia que afastada da outra escola, mas, eu
pegava arranca rabo dando com o pessoal que queria passar até quem morreu já. Aí
o negócio fica complicado, aí você que vai fazer as coisas todas direitinhas, que faz
prova, faz recuperação, faz isso, faz aquilo, aí vem outro e desconstrói seu trabalho.
Acho que o que funciona aqui é que eu faço a minha parte e o colega faz a dele,
isso faz com que as coisas andem, entendeu!
15. O que te motiva no programa?
Então no caso, se eu te perguntar o que te motiva no programa, é isso, que faz e
acontece?
Sim!!
16. O que te desmotiva no programa?
A desestrutura, assim, a falta de manutenção das coisas por assim dizer. Porque já
teve não existe mais. E a cobrança continua 200% vamos dizer assim, e o retorno
que eles dão, o alicerce vamos dizer, vai a cada ano diminuindo.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Eu acho que eu sou feliz, mesmo com tudo isso, eu acho que eu sou feliz (risos).
Sei lá eu acho que a gente tem que estar feliz por estar vivo, né?! E encontrar nas
relações, eu gosto de falar com os meninos de dar beijos, dar abraço, eu sou assim,
eu gosto de estar rindo (risos) eu acho que você também (eu estava rindo também).
É assim eu poderia ser ainda mais feliz, mas eu acho, mas eu não me considero uma
pessoa triste não.
18. O que te deixa mais feliz?
Sei lá a família, estar junto de amigos, de pessoas que eu gosto. Acho que isso tudo
me deixa mais feliz, mas relacionado ao meu lado pessoal. No meu lado
profissional eu ainda vou ser mais feliz (risos). Quando eu tiver mais tempo para
estudar também, porque a gente não tem tempo nem para estudar também. Você
olha assim é manhã tarde e noite preenchida, você vai estudar quando, que horas.
No final de semana tem casa para ajeitar, marido para organizar também (risos).
19. Pra você, o que é felicidade?
Ai, aí essa daí é bem complexa (risos). Acho que felicidade é um conjunto de fatos,
de pessoas de coisas que fazem com que você se sinta bem. Acho que é mais ou
menos isso.
20. Qual o seu maior sonho?
(risos) Passar em outro concurso. Eu acho assim, eu não estou tendo muito tempo
para ter a minha vida pessoal, vamos dizer assim. Aí eu quero ter esse tempo para
poder por exemplo, planejar em ter um filho. Todo mundo cobra, eu namoro há 12
anos com meu marido, faz quatro anos já que eu sou casada com ele, e ainda não
vejo assim um tempo para ter um filho por exemplo. Porque o pessoal diz assim:
Ah tem filho! E eu digo: como se eu saio de casa as 06h40min e volto às 10h20min
da noite. Só se for para dizer ao menino: oi e xau.
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Vê só eu tou agora com um...
(outro professor que estava na sala perguntou: é para fazer uma lista?).
(risos)
Às vezes eu ficava afônica, e já me afastei algumas vezes por causa disso. Aí agora
eu estou com um problema, estou com uma disfunção na ATM, Estou fazendo um
tratamento, estou usando aparelho, vou ter que arrancar alguns dentes, e estou
fazendo fisioterapia coma fonoaudióloga.
ENTREVISTA 28
1. Nome
-X-
2. Idade
44 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Há 18 anos
4. Há quanto tempo é formado?
Há 19 anos
5. Uma média da sua renda mensal?
Minha renda mensal tem uma média de R$ 3.500,00
6. Qual a sua carga horária?
Minha carga horária... bom eu trabalho de segunda a sexta de 07h30min às 17h.
200 horas/aula?
200 horas/aula!
7. Porque escolheu ser professor?
Eu escolhi ser professor, porque quando eu tava já no ensino médio, eu sempre
gostei muito das disciplinas de matemática e física, duas disciplinas que eu gostava.
Gostava porque eu começava a resolver as questões e via que muitos colegas meu
não conseguiam e eu conseguia com até uma certa facilidade. A partir daí eu
comecei a explicar aquilo que eu resolvia para os meus colegas. Aquilo que eu
explicava pra eles começou a ser aulas, se transformando em aulas. Quando eu
passei na faculdade fui convidado pra trabalhar como estagiário, estagiário da
escola e a partir daí eu continuem e disse vou investir na carreira.
Que dizer que o senhor da aula desde que entrou na faculdade?
É, antes da faculdade eu já com os meus colegas eu já assim brincava de dar aula
mais ou menos, vamos dizer assim. E isso foi... eu fui pegando gosto né fui vendo
que tinha sentido, aí fiz realmente. Aí eu disse vou fazer vestibular para
licenciatura, para matemática, depois fiz pra física, e gostei realmente, confirmei lá,
só fiz confirmar o que eu achava que gostava e aí eu disse realmente, é verdade, é
isso que eu quero.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
Tudo de novo! (a resposta foi bem imediata). Eu faria tudo de novo!
Não mudaria nada?
Não mudaria nada!
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Eu trabalho aqui no Ginásio há cinco anos
10. Como começou trabalhar aqui?
Eu vi esse projeto das escolas, na época das escolas experimentais. Começou o
zum, zum, zum na escola que eu trabalhava no Estado, e eu fiz a inscrição para vim
para o Ginásio no ano de 2004. Mas a seleção foi um pouco rigorosa a questão da
análise do currículo né?! Então, aí passou o pessoal que tinha muitas publicações,
mestrado doutorado, eu não tinha na época tantas publicações assim, aí fiquei no
quadro de reservas. Nesse quadro de reservas, quando surgiu a segunda escola, do
primeiro projeto das escolas experimentais, foi em bezerros. Aí como eu tinha
passada o estava no quando de reservas, fui chamado para bezerros. Era distante
más... como eu tinha analisado essa questão das escolas experimentais, de você
passar o tempo integral e você ter uma gratificação por estar nesta escola, eu somei
todos os meus rendimentos: eu trabalhava de manhã, de tarde e de noite, e ainda aos
sábados no pré-vestibular. Somei tudo, vi que ia perder, mas o fator financeiro que
eu ia perder era bem pouco, só trabalhando nessa escola eu ia ganhar bem próximo
do eu ganhava trabalhando aquela quantidade toda de horas, então achei melhor.
Vou ter um tempo de cuidar de mim, cuidar da minha filha, da minha família e tal.
Foi aí quando eu fui para Bezerros, trabalhei bem um ano em bezerros, e aí em
2006, fui convidado pra cá no ginásio, apareceu uma vaga e o pessoal também ficou
conhecendo o meu trabalho, fazia relação de projeto, projeto juvenil. Que dizer
mesmo antes de surgir esse projeto eu já fazia, tenta fazer, estudava muito sobre
essas novas ideias da educação, e aí ficou conhecido o meu trabalho me convidaram
e eu vim pra cá em 2006.
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Eu adoro trabalhar aqui no Ginásio.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Olha o que mais me motiva são os resultados. Porque eu trabalhei em outras escolas
do Estado antes desse projeto, e que a gente tinha assim, cinco alunos aprovados no
vestibular, dois alunos aprovados. E a gente comemorava, mas eu achava muito
pouco. A gente trabalhava, mas não tinha esse trabalho voltado para resultados, o
que aconteceu, aconteceu. Não tinha esse foco, essa meta, esse objetivo de trabalhar
para resultados e aqui, no Ginásio o que me motiva é isso a gente trabalha com
resultados, então a gente ver aí de uma turma, de um grupo de 100 a 200 alunos
você têm 80 aprovados no vestibular. Quer dizer você olha e isso é gratificante.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
O que desmotiva é às vezes a gente ver que o governo de uma certa forma, ele
sucateia a escola. Por exemplo: os tínhamos cinco computadores na sala dos
professores pra gente fazer pesquisa, todos os cinco quebraram, aí nós conseguimos
recuperar um. Aí só tem um computador para 30 professores. O laboratório nosso
de matemática, que é um laboratório que não existia quase no Estado de
Pernambuco quase escola nenhuma, é uma coisa, uma ideia muito interessante,
quando eu cheguei aqui no Ginásio também não tinha laboratório de matemática,
tinha o laboratório de física de química e de biologia. E eu conversei com a gestora
na época a Tereza e nos implantamos o laboratório de matemática. Mas a gente ver
que vai ficando sucateado, peças que quebram e não são resposta até mesmo bancas
que quebram e... então essa parte de que o governo as vezes deixa de cumprir, a
gente fica triste um pouco por conta disso.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
A escola integral, porque para esse modelo, principalmente quando surgiu né?!
Porque quando surgiu foi assim, o professor teria um horário na sala de aula, e teria
um horário também de pesquisa um momento de planejamento. Eu acho que
professor ele só exerce bem a função se ele puder planejar. Essa história de
professor taxista que vai lá é o dador de aula, não funciona! Eu acho que realmente
professor tem que parar, tem que planejar e principalmente pesquisar. Certo? O
professor só faz um bom trabalho se ele pesquisa, se ele ler, não e? Um professor
sem leitura realmente ele não tem competência para ensinar. Você precisa ler,
precisa pesquisar. Então o integral no começo desse projeto dava essa condição, a
gente parava, a gente tinha tempo de pesquisar, de se reunir. O grupo de
matemática se reunia, discutia. Várias cabeças pensando, é mais fácil para tomar
decisões e para fazer um bom trabalho. Infelizmente, os governos vão passando as
coisas vão acontecendo e as coisas vão mudando. Então hoje a gente está mais em
sala de aula, do que pesquisando e planejando isso realmente também desmotiva
um pouco a gente.
Pois é eu já ia te perguntar o que te desmotiva em um sistema integral hoje?
Pois é, é essa falta para pesquisa, para planejamento, ara reuniões para se organizar.
Porque é um modelo desafiador, a gente está com o aluno aqui de 07h30min às 17h.
Então a gente realmente precisa ter subsídios para ensina e formar esses meninos.
Porque não são aulas só disciplinares, matemática, geografia e história. Tem aulas
diferenciadas: protagonismo juvenil, você precisa saber o que é e do que se trata. E
tem elaboração de projetos, você precisa saber elaborar um projeto, saber escrever e
o que é um projeto. Precisa saber das normas técnicas da ABNT, etc. Então você
precisa se enquadrar em outro universo de conhecimento e a cada dia o
conhecimento é dinâmico, você precisa de mais, conhecimento e mais. Então o que
desmotiva é você ter mais aquele tempo que tinha de pesquisa e planejamento.
15. O que te motiva no programa?
Bom o que motiva além de tudo isso que eu falei de resultados, a questão de ver
também os alunos na escola dentro do tempo integral é importante. Porque as vezes
o aluno vai para escola naquele modelo tradicional, que é chamado de escola
regular, então o aluno passa 4h na escola e 4h assim de pouco estudo, ele vai para
escola não tem professor, falta professor, já desmotiva o aluno. Ai o aluno vai pra
casa ou fica na rua e vai fazer alguma coisa que não deve. Não é?! E com esse
modelo integral o aluno tem a oportunidade de ficar na escola, do período mais
alongado. Então o aluno tem nove aulas de diferentes disciplinas e especialidade. E
a gente ocupa o aluno com coisas que vão diferenciar ele para vida profissional,
vida, de um modo geral de falar né?! Eu acho que essa ocupação do aluno, quer
dizer para que ele tenha conhecimento de seus direitos de seus deveres, e que ele se
torne cidadão a escola integral oferece isso bem melhor.
16. O que te desmotiva no programa?
(pergunta respondida anteriormente)
17. Você se sente feliz? Por quê?
Me sinto feliz claro que sim! Porque além de tudo eu gosto do ser humano,
independente da escola integral. Mas, como a gente esta falando de escola integral
eu me sinto feliz, porque essa profissão que eu abracei, e disse a você que faria tudo
de novo, ela é gratificante porque pra mim a gente salva vidas, então eu me sinto
aqui salvando vidas.
18. O que te deixa mais feliz?
Olha o que me deixa mais feliz é encontrar os meninos depois, eles passam aqui
três anos, entram no primeiro ano do Ensino Médio, na primeira série do ensino
Médio e saem daqui após a terceira série. E o que me deixa mais feliz é encontrar
esses meninos aqui de novo, depois de 4 a 5 aos eles voltam, e fazem o relato de
vida deles. Dizem: professor eu estou na faculdade. Então a gente teve agora
Anderson, um aluno nosso, que passou agora em engenharia, são muitos casos, mas
só para exemplificar, e ele achava que não tinha capacidade de passar para
engenharia, todo mundo tinha capacidade menos ele. Não, o nome dele é Douglas.
Então Douglas: não eu não tenho capacidade, entrou aqui no primeiro ano, ele
escreveu nas suas expectativas que ele queria ser engenheiro, trabalhamos isso,
primeiro a questão da autoestima né?! Isso foi feito um trabalho de autoestima. Ele
foi motivado, fez o vestibular para engenharia, passou em engenharia e Douglas
está fazendo hoje, está cursando engenharia na UPE e já está estagiando. Então ele
veio aqui para fazer esse relato, e esta estagiando em engenharia e disse que está
feliz da vida, realizou um sonho, ele veio agradecer, abraçou a gente. É a grande
felicidade nossa realmente.
19. Pra você, o que é felicidade?
O que é felicidade é você estar bem, é você estar bem com você, é você estar bem
com a sua família, é você estar bem com seus amigos não é?! É você estar bem é...
gosta do que faz. Eu gosto do que faço, eu adoro a minha família, adoro aminha
filha. Me dou bem com os meus colegas e onde eu chego eu me dou bem com as
pessoas. Eu acho que isso é a gente ser feliz, eu me considero uma pessoa feliz por
conta disso, aonde eu chego as pessoas me tratam bem, aí essa reciprocidade e você
diz: é eu estou fazendo uma coisa boa. Não é, porque onde você chega, você é bem
tratado, as pessoas lhe tratam com educação, abraçam você, cumprimentam. Então,
é porque eu estou no caminho certo, estou fazendo a coisa certa.
20. Qual o seu maior sonho?
Meu maior sonho hoje é... eu estou terminando de escrever um livro, sobre a minha
vida nas escolas experimentais. Esse livro já esta na fase final, já está acabado eu
estou na parte de editorial, estou procurando inclusive editora. E o meu maior
sonho, hoje, é realmente editar esse livro.
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
É no decorrer desses cinco anos eu tive alguns problemas assim de, por exemplo, eu
gosto de correr, fazer exercícios e tal. Por conta de algumas flexões eu tive um
problema na coluna, mais coisas assim. Tendinite, tenossinovite, que são
inflamações causadas por problemas nos tendões, pelos exercícios repetitivos de
computador né?! A gente trabalha muito com informática. Coisas assim, mas coisa
que eu considero acidente normal de trabalho. Nada grave, doença nunca tive, até
porque eu gosto de fazer a medicina preventiva, eu faço caminhada quase todos os
dias, eu corro, a alimentação, muito bem balanceada eu sou meio que vegetariano,
não sou totalmente vegetariano, mas almoço pelo menos três vezes em restaurante
vegetariano, então, eu acho que eu me cuido bem até pra futura velhice me guardar
também!
ENTREVISTA 29
1. Nome
-X-
2. Idade
52 anos
3. Há quanto tempo leciona?
Eu leciono desde 1985 (25 anos)
4. Há quanto tempo é formado?
Desde 1987 (24 anos)
5. Uma média da sua renda mensal?
R$ 3.500,00 por aí...
6. Qual a sua carga horária?
350 horas.
A senhora tem outro vínculo?
É!
7. Porque escolheu ser professor?
Na realidade desde criança, mesmo o meu talento pra cortar tecido, mexer com arte.
Eu sempre gostei muito de dança, com música. Então eu sempre dava aula de dança
para as minhas colegas, fiz muito curso de dança, é teatro também. Então desde
criança que eu sempre gostei dessa questão do... da troca né, de tanto ensinar de
tanto trocar.
E aí para escolher na hora do vestibular?
É... aí eu fiz realmente a escolha para arte e depois eu fiz psicologia.
8. Se voltasse no tempo, faria diferente?
De jeito nenhum! Eu costumo dizer que quantas vezes eu... quantas vidas eu tiver
no ato, eu vou trabalhar com psicologia também.
9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?
Aqui eu trabalho desde o início do projeto. Desde2003 porque a gente, nós
entramos para fazer a capacitação, numa faixa de seis meses, ou foi quatro meses...
até hoje.
10. Como começou trabalhar aqui?
(pergunta respondida anteriormente)
11. Você gosta de trabalhar aqui?
Gosto! Na verdade essa escola sempre foi um sonho meu, o Pernambucano né?! O
Brasileiro em si ter... que era uma escola em tempo integral! Eu fiz um pequeno
estágio, e morei nos Estados Unidos e fiz um estágio lá em uma escola pública, eu
dei aluna a professoras de lá, de português, e elas me ajudavam no inglês, e Aí eu
aproveitei né?! E fiz um estágio em artes lá, a nível de observação. Porque como foi
o período lá que houve o 11 de setembro, das torres, então eles bloquearam tudo, de
qualquer comunicação de visita, eles ficaram com muito medo. Então assim, até
para fotografar, eu sou muito de fotografar, só me deram autorização para
fotografar na escola, usar a máquina por um dia. Aí não deu para gravar tudo,
filmar tudo, aí houve uma necessidade de... eu queria fazer tudo. Gravar tudo
Filmar tudo. Assim da parte administrativa também na escola, aí foi um retrocesso
mesmo. Então assim, o que eles tem lá, eles valorizam muito, né?! Pelo menos na
escola onde eu estive, é eles valorizam muito a arte sabe. É e como eu desejei que o
nosso brasileiro, principalmente o pessoal carente, né?! O pessoal mais carente,
baixa renda, tivesse aquele universo né?! Todas aquelas oportunidades chegasse, ter
um ônibus, coisa que ainda falta aqui é isso né?! De buscar pelo menos próximo,
não precisa ser na porta não. Próximo a, parada deles, e eles ficavam nas paradas
mais próximas. E passar o dia estudando, fazendo algo mais útil, nas horas deles
ociosas.
12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?
Olhe na realidade o que mais me motiva é poder estar mais tempo até com eles né?!
De poder fazer um trabalho com mais consistência, com ais desenvolvimento, de
ampliar mais esse universo desse conhecimento deles na arte.
13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?
Olha o que as vezes desmotiva é o tempo também. O tempo, eu acho que pra arte a
gente tem mil e um... acho que todas as disciplinas, tem muito conteúdo e eu
gostaria de poder dar toooooodos. De uma forma bem ampla mesmo, bem mais
profunda, com mais... mastigar mesmo sabe, de deliciar mesmo... e não tem, aí
assim, me desmotiva é isso... é, é... me desmotiva ao mesmo tempo assim, graças a
Deus a gente já conseguiu ampliar a carga horária pra o terceiro ano, mas é... pouca
aula. Eu acho que devia ser mais aulas. E assim, quando a gente não consegue, e
também sinto assim, que quando a gente não consegue, é... todo mundo tem as suas
disciplinas preferidas, não é verdade, então assim as vezes, não é que me desmotive
a ensinar, mas as vezes a gente sente, quando o aluno não, é... tem a... a... como é
que se diz, como é que eu posso te dizer... ao valoriza o conhecimento. Como eu
digo, não é um conhecimento na disciplina, mas e acho que são e todas as
disciplinas, e isso é um conhecimento a busca deles, ser curioso, querer
experimentar, sabe, aprender, dele ser mais né, nesse sentido, dele ser mais, é...
explorador mesmo. Acho que é essa a questão.
14. Porque trabalhar em uma escola integral?
É pronto, por conta disso pela minha vivência numa escola integral americana, né?!
E eu vi o quanto a gente pode, o aluno principalmente, ele pode adquirir
informações, de conhecimento, de informação, sabe, e aproveitar bem o seu tempo,
o tempo é muito importante. E já ir focando no que eles querem ampliar esse
conhecimento que quer, buscar essa qualidade, no seu futuro, pro seu futuro
profissional...
15. O que te motiva no programa?
Se assim, antes disso, também vem a questão financeira, e eu também teria que
trabalhar mais, né?! E não sou diferente de ninguém, não sou mercenária mas
também quero ser reconhecida, porque tudo que a gente faz a gente busca a nossa
satisfação pessoal e não deixa de passar pelo lado também financeiro, né, da gente
poder ter uma qualidade de vida melhor. Então se estar trabalhando mais, é com
certeza, óbvio, que a gente deseje um reconhecimento mais a nível finança. Então a
proposta aqui também foi essa. Mas a minha primeira, a minha primeira
necessidade mesmo, foi... tanto é que quando eu soube, que eu nem conhecia direito
essa escola, nunca fui muito de escola grande. Porque eu acho que em escola
grande não tem tanta proximidade com o aluno, tanto que uma escola menos, você
ta vendo, bate... anda por ali e na grande não. Eu pensava assim, aí disse, olha vai
ter uma escola aqui. Porque quando eu voltei foi na época que estava implantando,
aí vai ter uma escola aqui e eu disse: “o que? Ai eu digo o cúmulo, meu Deus do
céu, Deus ouviu minhas preces”. E assim, pra mim foi uma emoção muito grande,
ah vendo, o que eu pedi lá assim, tanto... mas eu digo assim: pó tou realizando um
desejo meu.
16. O que te desmotiva no programa?
O que me desmotiva... ah justamente o que me desmotiva... a única coisa que eu
sinto assim, é não poder sair, pra fazer cursos, vamos dizer mestrado mesmo, né?!
O mestrado eu teria que ter um tempo para me dedicar durante... eu até tentei só
que é só durante o dia, as aulas. Então, assim, eu não poder ampliar nesse campo.
Mas tenho duas pós-graduações, tenho aperfeiçoamento, mas o mestrado é o que eu
tenho vontade de fazer e eu espero, um dia fazer, mas enquanto isso eu não estou
fazendo. Aí o que me desmotiva nesse sentido, eu acho que eles, poderia organizar
o horário, que realmente disponibiliza-se. Você não vai fazer um mestrado, não vai
ser a vida toda, não é... no máximo dois anos. Então, se a rede pede tanto que se
tenha, capacitação, que a gente amplie que a gente busque, e a gente não tem essa
oportunidade. É essa a minha grande desmotivação nesse sentido. Do jeito que se
quer, também deveria oportunizar.
17. Você se sente feliz? Por quê?
Feliz? Com certeza! Agora assim, a felicidade é... a minha felicidade não é
completa mais porque, quando eu vejo pelas partes, as pessoas, que passaram na
minha vida, a minha família, meus pais, meus irmãos que já se foram. Então por
mais que a gente tente ser feliz, eu não vou me enganar, minha felicidade não é
plena no sentido, que aquelas pessoas que são tão, por mim, queridas não estão
comigo. Eu sei que pelo lado espiritual, eles estão vivenciando né?! Mas assim, é...
eu... sinto assim, que a gente deve aproveitar muito as pessoas. Muito mesmo, que a
gente as vezes não valoriza as pessoas do aqui agora, a felicidade do aqui agora,
entendeu? Agora feliz eu sou, agora eu não acho que seja 100% não.
18. O que te deixa mais feliz?
A menina, são tão pequenas coisas, tão pequenas coisas. Porque assim a felicidade
ela ocorre, pra cada um existe um tipo de felicidade, o que vai te fazer feliz, certo, o
que pra mim, para o outro não é felicidade. Então felicidade são momentos. É a
gente refletir sobre o cotidiano, as pequenas coisas nos trás felicidade. Então a
felicidade de: quando eu vejo um aluno que muitas vezes não tinha o empenho tão
bom, e ele se esforça e ele procura mostrar o seu máximo, e isso me arrepia. E eles
fazem: “arrepiou professora?” Porque eu sou muito sensível e quando eles mostram
aquela busca, daquela da criatividade, de fazer algo assim eu vejo o meu aluno
crescendo, isso é felicidade. Na minha família ver todo mundo com saúde, isso
também é felicidade, entendeu? Então sair para trabalhar, é felicidade. Então, estar
doente para eu pensar, refletir um pouquinho, não vou dizer que sou masoquista,
mas vejo as adversidades, como a busca da gente tornar essa felicidade maior,
porque não ter caos, vira bonança. Então pra gente seguir aquela plenitude, né?! A
gente precisa passar por dificuldades... minha felicidade ta no meu cotidiano
mesmo. Não vejo assim “ahhhh aquela” não, o meu cotidiano é cheio de felicidade.
Graças a Deus!
19. Pra você, o que é felicidade?
(pergunta respondida anteriormente)
20. Qual o seu maior sonho?
Meu maior sonho, olhe, eu tenho tantos...Eu tenho tantos sonhos... é, alguns, eu sei
que eu emprego um pouco mais de ações. Porque nada é assim, se realiza, eu
costumo dizer aos meus alunos aqui, “gente, quando a gente fala em realização de
sonho, não é aquele sonho de você dormir e estar inerte as coisas acontecerem
quando o nosso inconsciente comanda, os nossos sonhos eles são impregnados de
ações, de conquistas também de derrotas, certo”? E de muito sacrifício, mesmo!
Assim, então a cada realização minha eu estou sempre buscando coisas novas,
porque um ser humano sem esses sonhos ele pode dizer que ele já morreu, que
precisa deles. A tem quem diga assim: “ahh já me realizei, já casei, já tive filhos,
então...” Não eu quero, ter minha, olhe eu digo que se eu pudesse TR 60 horas, o
dia. Então eu queria ter a minha escola de dança e teatro. Dois: eu queria ter meu
consultório de astrologia e psicologia; Três: eu queria ter minha casa de festa,
entendesse? Se eu pudesse eu teria uma escola, na maneira e no modelo que eu...
eu... é! Gostaria de ter também, uma escola de moda. Isso é o seguinte, e outros...
21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?
Olhe adoecer, com certeza a gente adoece, principalmente quando a gente entra em
um ritmo que a gente não está habituado, não é?! Eu já tive... afastei, não foi nada
de um mês de dois, não. Foi só assim, uma semana eu acho que eu tive gripe aqui
na escola, eu tive muito... e digo eu acho que eu tive resfriado, mas as gripes que eu
TV aqui, era uma mistura de gripe com dengue. Mas era porque o corpo estava
realmente muito fragilizado. No sentido que o cansaço, as noites muitas vezes de
sonho, as noites mal dormidas, né?! O descanso que muitas vezes você... Aí eu tava
dizendo as meninas aqui que muitas vezes eu digo olhe, a profissão de professor,
não sei médico, mas professor, e acho que a gente dorme se acorda com ela vendo e
revendo, tudo o que tem que fazer. Tem sempre coisas pra fazer. Porque a gente ver
tem meu marido, minha filha já trabalha, mas assim deixa tudo no trabalho. Mas eu
mesmo digo: “não vou, não vou levar”, mas vai ter momentos que eu vou ter que
levar. Porque eu fico organizado, produzindo novas metodologias, pensando em
abordar tal assunto, de que maneira, para tal turma, mudar a metodologia. Porque
cada turma tem uma... você tem uma metodologia. Você começa pensando em fazer
a mesma coisa, mas é difícil. Que cada uma tem uma personalidade, cada uma
aceita de um jeito. Mais é mais lenta a outra é mais... como é que se diz, mais
rápida no processo de evolução, enquanto eu estou terminando já o assunto, no
outro eu estou começando, então assim, é o ritmo mesmo de cada uma. E a
metodologia, aí eu penso em várias metodologias para o mesmo conteúdo. E acordo
com cada turma. Aí a gente (rodou a cabeça). Você as vezes faz uma mistura, você
vai pela metade aí quando ver o negócio não ta andando, e ai você já entra com a
outra. E professora, aí você escuta o time, né?! Porque aprendizagem é time né?! É
seus “ups” e acabou.
Mas assim, alguma coisa que precisou ser afastada por alguns meses, nada disso
não?
Não, graças a Deus eu consegui recuperar com uma semana.