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Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Ps Graduao em Letras CCTE / Programa de Ps Graduao em Cincias da Computao
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NOVAS TECNOLOGIAS E ENSINO: DILOGO MAIS DO
QUE POSSVEL NA ESCOLA PBLICA
rsula Nascimento de Sousa Cunha1 (UNEB/UFPB)
Resumo: As tecnologias fazem parte da vida cotidiana de muitas pessoas, dentre elas alunos e professores das escolas pblicas. No entanto, mesmo utilizando equipamentos tecnolgicos de forma eficiente na vida cotidiana, muitos professores no se sentem aptos a incluir essas ferramentas em suas aulas, como uma estratgia de ensino, que pode fomentar aprendizagem significativa. Este artigo tem como objetivo refletir sobre o uso consciente e planejado de ferramentas tecnolgicas pelo professor e a capacidade de gerar maior aprendizagem do aluno, tendo como
elementos-chave o mtodo ativo de Piaget, a autonomia cognitiva do estudante, a partir de Freire, e a escola humanista, de Gramsci. Palavras-chave: Novas tecnologias. Ensino. Escola Pblica. Abstract: The technologies are part of everyday life for many people, including students and teachers in public schools. However, even using technological equipment efficiently in everyday life, many teachers do not feel able to include these tools in their classrooms as a teaching strategy that can foster meaningful learning. Therefore, this article aims to reflect on the conscious use of technological tools and planned by the teacher and the ability to generate greater student learning, with the key elements of the active method of Piaget, the cognitive autonomy of the student, from Freire and the humanistic school of Gramsci. Palavras-chave: New technologies. Education. Public School.
INTRODUO
Com a implementao das novas tecnologias, entre elas o computador,
aparelho celular, caixa eletrnico, vdeo games, ipods, entre outros equipamentos
tecnolgicos do mundo moderno, na sociedade, notamos mudanas estruturais em
prticas cotidianas de muitas pessoas. Inegavelmente, as tecnologias atuais tm
exercido grande influncia na forma de pensar e de compreender o mundo, de
comunicao e interao entre os pares, de entretenimento e relaes comerciais,
de aprendizagem e manifestaes culturais. Percebemos, na atualidade, a
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mudana no cenrio de nossas casas, hospitais, bibliotecas, universidades,
instituies de ensino bsico, empreendimentos econmicos, que se tornaram
arquiplagos tecnolgicos, despertando-nos para a urgncia de se refletir sobre a
tecnotcnica e sua relao com o ser humano.
Por essa razo, a reflexo sobre a influncia das tecnologias da informao e
comunicao (TIC) em nossa sociedade deve abordar dois campos de estudos
relevantes na constituio de um ser social: o ensino e a aprendizagem. Assim, este
artigo se prope a investigar, a partir de reviso de literatura e de entrevistas com
alunos e professores da Escola Estadual Rgis Bittencourt, em Feira de Santana,
Bahia, o quanto tais tecnologias tm influenciado-os em sua vida acadmica e no
processo de ensino e de aprendizagem desses alunos e suas formas de interao
com colegas, professores e outros interlocutores.
Penso que analisar a relao entre novas tecnologias e educao escolar,
tendo como vis a aprendizagem e a interao do aluno, constituir-se-- em uma
ferramenta importante para o planejamento docente, que poder reprogramar
contedos e prticas pedaggicas, para que assim possam interagir, de forma
eficiente, com os aprendizes do sculo XXI, afinal, preciso apostar,
simultaneamente, na preparao dos professores, formao de ao, para que eles
aprendam fazendo, aprendam refletindo e analisando a sua prtica, num processo
contnuo de reflexo-ao-reflexo.
APOSTAS PARA A EDUCAO E PARA A APRENDIZAGEM: INTERTEXTOS
EDUCACIONAIS
Na sociedade em constante aprendizagem do sculo XXI, as instituies
educativas so desafiadas para o empreendimento de uma nova concepo de
ensino, que efetivamente estabeleam relaes entre o conhecimento e a vida
cotidiana do aprendiz. Nessa perspectiva, evidencia-se a necessidade de oferecer
uma educao que promova a vida e a socializao da aprendizagem,
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redesenhando, de forma criativa e inovadora, as escolas para que atendam s
demandas por uma aprendizagem significativa e um viver tico.
A sociedade ps-industrial requer uma forma de educao, em que a
tecnologia ser uma das chaves de concretizao de um novo modelo educativo,
capaz de promover um vnculo maior entre o aluno e a sua comunidade, enfatizar a
descoberta e a aprendizagem, possibilitar o sujeito-autor, que percebe a
necessidade de aprender na escola e aprender fora dela. Dessa forma, necessrio
re-estrutuar o modelo educacional vigente que vem sendo reproduzido desde a
poca industrial, uma educao baseada no modelo fabril (que visa produtividade
e automao do ser aprendente, apesar de essas finalidades no aparecerem de
forma explcita nos currculos escolares) para uma forma de educao em que a
autonomia do aluno e suas potencialidades de aprendizagem passam a ser
observadas, pois, nesse contexto, valoriza-se o aprender a aprender1.
Apostar na sala de aula como comunidade de aprendizagem, a meu ver, seria
uma das atitudes relevantes para que a nova dinmica social tambm reflita dentro
dos centros de ensino de educao bsica, gerando uma nova escola, novas aulas,
nova didtica, acrescentando novos contedos acadmicos, que tambm acolham
novas propostas de aprendizagem. Entretanto, para pensar nessa aposta, sem ser
ingnua ou superficial, proponho-me a uma reflexo dialgica com algumas teorias
educacionais, tendo como interlocutores nesse primeiro dilogo Piaget, Gramsci e
Lvy.
1 Creio ser importante ressaltar que ao utilizar a expresso aprender a aprender, to presente em
documentos educacionais, como destaca Duarte (2008), no pretendo minimizar o valor das aprendizagens adquiridas na coletividade. Mas apenas destacar que importante, neste sculo, que os alunos possuam autonomia para gerenciar aprendizagens, tanto dentro da escola como fora dela. No decorrer deste artigo, apresento a tese de que as tecnologias poderiam ser um dos instrumentos materiais para essa autonomia cognitiva.
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PIAGET E A NFASE NO PROCESSO
Para se pensar em um sistema educacional que tambm incluam as novas
tecnologias como uma das bases de ensino e de aprendizagem na era atual,
essencial ter um olhar atento em relao ao sujeito aprendiz e s suas escolhas e
estratgias para o desenvolvimento de atividades escolares. Ao ler Psicologia e
Pedagogia, de Jean Piaget (1975), fica evidente que pedagogia o mais adequado
seria a nfase no processo de construo do aluno e no apenas no resultado final
de suas questes em exames, por exemplo.
Essa nfase no processo de aprendizagem e no apenas no resultado do aluno
pode tornar-se uma estratgia de trabalho docente rotineira a partir da utilizao
das novas tecnologias em sala de aula. Isto : A tecnologia mais poderosa
quando utilizada com abordagens construtivistas de ensino que enfatizam mais a
soluo do problema2, o desenvolvimento de conceitos e o raciocnio crtico do que
a simples aquisio de conhecimento factual (Sandholtz et al, 1997, p. 166). E a
partir desse vis que pretendo ampliar a investigao sobre a utilizao das
tecnologias como prtica docente, apesar de reconhecer (e conhecer) a existncia
de inmeros estudos contemporneos sobre essa temtica.
No entanto, noto ser necessria a continuao desse debate, pois esses
estudos ainda no so familiares a muitos professores (dentro os quais incluo
docentes da Escola Estadual Rgis Bittencout). Entretanto, importante que, para
essa discusso, o professor possa entrar em cena, no apenas como coadjuvante,
mas como pensador de sua ao, de forma reflexiva, entendendo que a introduo
das tecnologias nas salas de aula no muda radicalmente a educao, mas
concede aos professores, que nunca sero substitudos pela mquina, uma
licena para experimentarem (Sandholtz et al, 1997, p. 164).
2 Os autores mencionados nessa citao apesar de usarem a expresso soluo do problema no
pretendem ser reducionistas apenas ao resultado final de uma atividade, mas sim lgica do processo que tenha levado soluo (que pode ser passvel de erros).
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QUAL O PAPEL DO PROFESSOR? REFLEXES A PARTIR DE PIAGET
Como destaca Thurler (2002), com a introduo de novas necessidades de
aprendizagem, o professor tambm deve pensar em novas metodologias para a
organizao do ensino, que visem atender heterogeneidade de seus alunos. Dessa
forma, o docente atual deve partir de uma explorao colaborativa3, em que o
discente possa tambm intercambiar seus conhecimentos com o mestre e com seus
pares. Assim, o papel docente deve ser reestruturado para atender demandas
educacionais do sculo XXI.
Durante muito tempo em nossa histria, o professor visto como o
transmissor de saberes que possui uma cultura geral elementar e algumas receitas
aprendidas, que lhe permite inculc-la na mente dos alunos (Piaget, 1975, p. 20).
Com a introduo das novas tecnologias na educao, esse paradigma do papel do
professor necessita ser ampliado, pois urgente a reconfigurao dos papis
docente e discente, tendo em vista que agora as informaes esto acessveis a
todos4.
Realmente, inegvel a importncia da incluso das novas tecnologias nas
prticas docentes, hoje; mas relevante tambm que o docente esteja seguro dos
objetivos da utilizao dessas ferramentas em suas aulas, pois muito mais do que
treinamento, necessrio que os professores desenvolvam a habilidade de
beneficiarem-se da presena dos computadores e de levarem este benefcio para
seus alunos. (Papert, 1985, p. 70), evitando assim que esses instrumentos se
tornem apenas inovaes ou modismos. Isto : para se partir das novas tecnologias
3 Thurler (2002) utiliza o termo explorao colaborativa para mostrar a necessidade de intercmbio entre os conhecimentos docentes, na perspectiva professor-professor. Utilizo o termo de Thurler, mas amplio sua concepo, pois, a meu ver, com as novas tecnologias, no apenas deve existir intercmbio constante e colaborativo em relao aos saberes entre professor-professor, mas tambm entre professor-aluno e aluno-aluno. 4 Neste artigo, no tenho como pretenso falar sobre os excludos digitaismente, embora reconhea que esse grupo tambm representa um importante tema de pesquisa, j fomentada na atualidade por diversos autores, dentro os quais destaco a professora Maria Sallet Tauk Santos (UFRPE), no livro Incluso digital? Incluso social?.
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como uma das estratgias de ensino, devemos romper as barreiras disciplinares,
to dicotomizadas nos currculos escolares, planejamentos de ensino e na prtica
pedaggica, alm de agora ser condio essencial o mestre conhecer o processo de
aprendizagem de seu alunado.
Alm disso, Piaget destacada que funo da sociedade como um todo (e
no apenas de setores sociais, a exemplo das instituies governamentais ligadas
educao) fixar os objetivos da educao que as escolas (e outras agncias de
letramento) devem fornecer s suas crianas, adolescentes e jovens; pensando a
partir de uma proposta piagetiana, necessrio perceber como a educao
recebida por nossos alunos (e/ou outros grupos de aprendizes) possa ter relao
com a vida em sociedade, permitindo assim uma real insero social.
As novas tecnologias enquanto suportes que possibilitam mltiplas leituras e
ferramentas de construo de conhecimento e de informao (a partir de uma
estrutura de aprendizagem que apresentam novos elementos) no poderiam estar
ausentes das discusses dos projetos educacionais, muito menos das salas de aula,
pois o objetivo principal do ensino desenvolver a prpria inteligncia, e
sobretudo aprender a desenvolv-la o mais longamente possvel, isto , alm do
trmino da vida escolar (Piaget, 1975, p. 35). Poderamos ir alm disso: que as
aprendizagens escolares possam fazer sentido no apenas no dia-a-dia escolar, mas
alm dos muros da escola e para toda a vida.
Outro ponto interessante que serve de intercmbio entre Piaget e a incluso
das novas tecnologias nas salas de aula diz respeito ao aluno, a partir dessas mdias
digitais, constituir-se em um ser ativo e tambm responsvel por sua
aprendizagem, o que gera certa autonomia, categoria ainda a ser discutida em
outro momento deste artigo. Para Piaget, os conhecimentos derivam da ao [...].
Conhecer um objeto agir sobre ele e transform-lo, apreendendo os mecanismos
dessa transformao vinculados com as aes transformadoras (1975, p. 37). Para
que essa autonomia da aprendizagem possa fazer parte do sujeito-aprendiz, Papert
(1993, p. 37) diz que necessrio que a escola tambm inclua, entre suas
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finalidades, a formao da cultura da responsabilidade pessoal e da identidade
intelectual (p. 41) de seus alunos.
Penso, dessa forma, que a aprendizagem deve se configurar a partir de um
movimento de ao, mas que no exclui a reflexo do aprendente em relao ao
processo de aprendizagem e ao contedo aprendido e muito menos a presena de
um mediador entre a informao adquirida e o conhecimento a ser gerado. Ento,
poderamos dizer que essa proposta de aprendizagem (que faz parte do mtodo
ativo de Piaget) tambm o centro do modo como se processa a aprendizagem por
meios virtuais, pressupostos apresentados por Lvy. Nessa abordagem, no se
percebe o lugar da cpia de informaes (ctrl C ctrl V, para se utilizar a linguagem
tecnolgica), mas a mediao, que deve ser feita pelo professor, entre as
informaes que esto disponveis em diversos portadores da mdia tecnolgica e a
ao-reflexiva sobre esses contedos, gerando, assim, aprendizagens significativas.
Ainda mais: cabe ao professor, na viso piagetiana, formar o esprito
experimental do aluno, tornando-o um pesquisador. As TIC, na contemporaneidade,
seriam um instrumento que facilitaria esse processo, a partir de bases j
delimitadas em conjunto (professor, alunos, comunidade escolar, matrizes
escolares etc), tendo como nfase no apenas o trabalho individual, mas,
principalmente (mesmo que no prioritariamente), o coletivo.
Para que o uso de tecnologias na educao possa ser bem sucedido, como
destacam Sandholtz, Ringstaff e Dwyer (1997, p. 163), exige que os professores
confrontem suas crenas sobre a aprendizagem. Trabalhar em nossas aulas a
partir dessa perspectiva exige do mestre um trabalho diferenciado e bem mais
ativo, pois uma pedagogia ativa implica uma formao muito mais consequente
(Piaget 1975, p. 75) tanto para o docente quanto para o discente.
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A ESCOLA ENQUANTO ESPAO DE FORMAO HUMANISTA
A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB n 9394 / 96), em seu
artigo 2, define os princpios e fins da educao no pas: promover o pleno
desenvolvimento do educando, preparando-o para a cidadania e qualificando-o
para o trabalho5 (grifo meu).
Atentar-se para a semntica dessa funo social pleno desenvolvimento do
educando entender o princpio de escola integral e unitria proposto por
Gramsci (1982) e reelaborado por Freire ao pensar no integrante discente do grupo
escolar como um sujeito autnomo. Pleno desenvolvimento significa cuidar no
apenas de atividades intelectuais / acadmicas, tendo como nico foco o ensino,
mas dar conta de muitas outras dimenses que fazem da pessoa um ser humano
completo.
Para Gramsci (1982, p. 121),
A escola unitria ou de formao humanista (entendido este termo, humanismo, em sentido amplo e no apenas em sentido tradicional) ou de cultura geral deveria se propor a tarefa de inserir os jovens na atividade social, depois de t-los levado a um certo grau de maturidade e capacidade, criao intelectual e prtica e a uma certa autonomia na orientao e na iniciativa.
Para atingir esse fim, o autor defende a reviso dos contedos e das
disciplinas escolares e a gradativa mudana de enfoques em relao aos princpios
educacionais, tendo como parmetro a idade e necessidade do aluno. O ensino
dogmtico (contedos fechados em si mesmos, em que a memria exerce papel
fundamental na aprendizagem) deve ser conservado no ambiente escolar em certo
momento de construo de uma identidade escolar, mas, ao decorrer do tempo,
deve-se passar fase criadora e da autonomia do aprendiz. Da escola com
5 A Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, no artigo 205, j inclua a finalidade do sistema educacional, sendo a LDB uma complementao (com algumas ampliaes) da lei magna.
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disciplina de estudo imposto e controlada autoritariamente passa-se a uma fase de
estudo ou de trabalho profissional na qual a autodisciplina intelectual e a
autonomia moral so teoricamente ilimitadas (Gramsci, 1982, p. 123).
A criao da autodisciplina intelectual e autonomia moral necessrias para o
autogerenciamento da aprendizagem tambm um fator essencial em relao
aprendizagem a partir das novas tecnologias e isso no pode ser ignorado pelo
professor e pelo aluno. A ideia da escola criadora de Gramsci, que deve servir de
base para qualquer empreendimento escolar, principalmente se esse pretende
utilizar a tecnologia como uma ferramenta de ensino e de aprendizagem, poderia
ser designada como um mtodo que privilegia a investigao (espontnea ou
mediada) e indica que a aprendizagem ocorre notadamente graas a um esforo
espontneo e autnomo do discente, e no qual o professor apenas exerce a funo
de guia amigvel (Gramsci, 1982, p. 124). O docente no deve ser passivo e sim
engajado na proposta da escola unitria, que no corpo de professores tenha
existido a conscincia de seu dever e do contedo filosfico deste dever (Gramsci,
1982, p. 131).
Enfim, para a formao humanista, importante ter como princpio uma
escola nica, destituda de dualidades, como exemplo: estudo x trabalho; teoria x
prtica; trabalho intelectual x trabalho manual; mente x corpo; conhecimento
acadmico x conhecimento cotidiano etc. Essa abordagem permite uma maior
aproximao da escola com a vida o que ocasiona uma participao mais ativa dos
indivduos na sociedade, fato que tambm pode acontecer a partir da utilizao
das tecnologias na educao.
PERFIL TECNOLGICO DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL RGIS
BITTENCOURT
BREVE PERFIL DISCENTE E DOCENTE DA ESCOLA
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A investigao da problemtica deste artigo foi realizada com 15 alunos da
7 srie6 do Ensino Fundamental II, da escola Estadual Rgis Bittencourt, localizada
na avenida Rio de Janeiro, prxima ao centro da cidade. A instituio, atualmente,
atende a uma clientela de 400 alunos, sendo que aproximadamente 65% deles so
de bairros perifricos da cidade (Trs Riachos, Pedra do Descanso, Invaso Jussara,
Feira X e Bem-te-vi) e 35% das regies centrais (DNER, Vila Olmpia, Muchila,
Maraj, Praa da Matriz).
Cerca de 60% do corpo discente da escola (mais de 240 alunos), declarou-se
afrodescendente ao preencher o formulrio de matrcula escolar no incio do ano
letivo. Do total de alunos, tambm de acordo com o registro de matrcula (RM),
mais de 70% vivem em lares com renda familiar de at dois salrios mnimos; 40%
das famlias fazem parte do programa do governo federal Bolsa Famlia, muitos
alunos esto com um nvel escolar superior a de seus pais e, dos responsveis que
estudam, muitos so alunos da escola, no noturno.
Em relao ao corpo docente, formado por 18 professores, sendo sete
professores efetivos e com formao universitria na rea ou em rea afim a que
lecionam, quatro sem licenciatura em nenhuma rea de conhecimento e sete
professores estudantes universitrios, que atuam como estagirios.
ALUNOS DO RGIS E TECNOLOGIAS
O surgimento e a ampliao contnua de acesso s tecnologias fato que hoje
tambm j realidade em comunidades perifricas onde residem 65% dos alunos da
Escola Estadual Rgis Bittencourt --, implicam mudanas reflexivas em relao a
prticas docentes, discusso essa que no pode estar ausente das unidades
escolares, apesar de essas instituies, mesmo percebendo a presena de
tecnologias na vida de seus alunos, ignorarem esse fenmeno e promover o
6 Escolhi os alunos da 7 srie para essa pesquisa, pois no horrio da aplicao do instrumento para produo de dados, eles estavam com aula vaga e, assim, poderiam responder ao questionrio sem interromper a aula e o professor da classe.
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apagamento ou a proibio da utilizao de alguns equipamentos, principalmente o
telefone celular, em suas dependncias.
Ao realizar uma pesquisa para traar o perfil tecnolgico dos alunos da 7
srie da escola, pude perceber que todos os alunos pesquisados fazem uso de pelo
menos um equipamento tecnolgico em sua vida diria, desde aparelhos celulares,
a mquinas fotogrficas digitais, computadores (ou notebooks) ou jogos de vdeo-
game.
Das ferramentas tecnolgicas mais utilizadas no dia-a-dia pelos alunos e suas
famlias, configura-se em primeiro lugar o aparelho celular, no apenas para
receber ou fazer ligaes, mas muito utilizado para enviar mensagens, devido ao
baixo custo financeiro que a transmisso desses textos acarreta e, assim, poder
estabelecer um maior nmero de comunicaes com outras pessoas.
Todos os alunos da 7 srie que responderam ao questionrio possuem pelo
menos um aparelho tecnolgico e faz uso dele diariamente, sendo os celulares os
aparelhos mais comuns de utilizao. Alguns alunos, por exemplo, devido
diversidade de operadoras e s vantagens econmicas que so oferecidas por elas,
a depender do pacote promocional, possuem mais de uma linha de telefonia mvel,
no sistema pr-pago. Alm desse tipo de aparelho, outros recursos da tecnologia da
informao e comunicao esto presentes na vida dos alunos e de suas famlias,
conforme evidencia o grfico a seguir.
Grfico 1: Aparelhos tecnolgicos mais utilizados pelos alunos pesquisados da 7 srie e
quantidade de acesso
TECNOLOGIAS ACESSO QUANT ACESSO PORCENTAGEM
Celular 35% Uma vez por semana 63%
Computador 14% Mais uma vez semana 20%
TV 34% Menos uma vez
semana 12%
DVD 10% No Acessa 5%
Vdeo-game 7%
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Em relao ao acesso internet, a pesquisa releva que acontece menos de
uma vez por semana, sendo na casa de amigos e/ou parentes o local de maior
acesso; as lan houses, o segundo local de acesso e em sua prpria residncia, o
ltimo lugar. Os grficos a seguir ilustram a situao de acesso internet e os sites
mais utilizados pelos alunos entrevistados.
Grfico 2: Sites mais acessados pelos alunos da 7 srie
A partir do grfico 2, percebemos que os sites preferidos por esses alunos,
que tm entre 13 a 17 anos de idade, so moradores de bairros perifricos da
cidade e, em mdia, possuem renda familiar no valor do salrio mnimo, so os que
geram entretenimento (os jogos), que podem ser executados tanto sozinhos como
em forma de competio com outras pessoas que estejam on-line no mesmo
momento de acesso. Sites que geram interao entre os sujeitos (os jogos tambm
esto includos nesse processo) so de preferncia desses alunos, a exemplo do
msn. No entanto, o email, outro site que promove a interao, no to utilizados
por eles, que dizem preferir a conversa imediata proporcionada pelo msn. Outra
ferramenta da internet muito utilizada pelos alunos so os sites de pesquisa, a
exemplo do Google.
Dessa forma, fica evidente que as tecnologias j fazem parte da vida do
aluno de camadas populares. Agora, cabe ao professor (e escola, de modo geral),
aproveitar-se dessa ferramenta como parte integrante do seu fazer pedaggico,
pois nesse contexto importante perceber que o conhecimento sistematizado no
est mais reunido unicamente em bibliotecas, nem o acesso a ele se d apenas em
SITES ACESSO
Jogos 60%
Google 16%
Email 7%
MSN 17%
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salas de aula; o conhecimento circula em complexas redes, sendo veiculados no
apenas pelos meios de comunicao (televiso, rdio etc), como tambm pelo
computador e, sobretudo, pela internet.
Ento, pensar a instituio escolar e sua funo humanista e de integrao
social, atualmente, significa pensar tambm sua relao com esses equipamentos
tecnolgicos e meios de comunicao modernos. Ou seja: entender que a relao
das pessoas com o saber sistematizado passa por outras alternativas e fontes de
conhecimento, alm da escola.
O PROFESSOR E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAO E
COMUNICAO: INTERCMBIO NECESSRIO
Desde meados do sculo XX e, mais efervescentemente nesses primeiros anos
do sculo XXI, verificamos que os conhecimentos sistematizados no esto reunidos
unicamente em bibliotecas, nem que o acesso a eles se d unicamente nas salas de
aula das escolas. Esse fato ocorreu, em primeiro lugar, devido ao avano das
tecnologias, o que permitiu que o conhecimento no mundo contemporneo
circulasse em redes, no apenas atravs de tecnologias j tradicionalmente
conhecidas, a exemplo da televiso, rdio, jornais, revistas, mas tambm pelos
sistemas de computadores, atravs do servio da internet.
Apesar de essa ferramenta de informao e comunicao (internet) fazer
parte da vida da comunidade escolar e da vida rotineira de muitas pessoas, e de os
governos implantarem laboratrios de informticas em muitas escolas, entre elas a
Escola Estadual Rgis Bittencourt7, com acesso internet, muitos professores da
instituio no se sentem preparados para utilizar esses recursos como forma de
mediao pedaggica e de ampliao do contedo de suas aulas.
7 Apesar de a Escola Estadual Rgis Bittencourt possui laboratrio de informtica, contando com dez computadores e duas impressoras, a instalao eltrica do prdio, que muita antiga, no permitiu que esses equipamentos fossem ligados todos ao mesmo tempo, devido queda de energia.
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No entanto, para que a escola possa cumprir sua funo social e humanista
nesse novo contexto, preciso pensar na relao entre professores-alunos e novas
tecnologias, uma vez que a sociedade do conhecimento, como caracteriza Lvy
(1999), necessita de uma nova estrutura escolar e de novos meios de ensino e de
aprendizagem. Sinalizar pela necessidade da reconstruo de novos modelos
justamente fortalecer o papel da escola, tendo em vista que, mesmo com todos os
aparatos que as novas tecnologias podem propor, ela no ter sua importncia
diminuda, pois ainda se constitui a porta de entrada da maior parte da populao
para o acesso ao mundo do conhecimento.
Dessa forma, importante pensar na dinmica de uma escola que tenha
como eixo as aprendizagens colaborativas ou cooperativas. Assim, os professores
aprendem ao mesmo tempo que os estudantes e atualizam continuamente tanto
seus saberes disciplinares como suas competncias pedaggicas (Lvy, 1999, p.
171). Para isso, seria perceptvel um novo perfil de professor, pois o professor
torna-se um animador da inteligncia coletiva dos grupos que esto ao seu encargo
(...), no acompanhamento e na gesto das aprendizagens (ibidem).
Mas para que essa nova imagem do professor possa ser realidade,
importante tambm que o docente perceba que quem ensina aprende ao ensinar e
quem aprende ensina ao aprender (Freire, 2011, p. 25). Alm disso, o perfil do
aluno deve ser remodelado, pois agora tambm o aluno deve envolver-se com sua
aprendizagem (o que seria uma das premissas do mtodo ativo de Piaget), sendo
bem conhecido o papel fundamental do envolvimento pessoal do aluno no processo de aprendizagem. Quanto mais ativamente uma pessoa participar da aquisio de um conhecimento, mais ela ir integrar e reter aquilo que aprende. Ora, a multimdia interativa, graas sua dimenso reticular ou no linear, favorece uma atitude exploratria, ou mesmo ldica, face ao material a ser assimilado. (Lvy, 2008, p. 40)
Falar em aprendizagem por meio eletrnico pensar no uso de informaes
eletrnicas e da tecnologia das comunicaes para oferecer produtos de
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aprendizagem voltados para a expanso dos conhecimentos e a melhoria do
desempenho do aprendiz. Esse mecanismo a chave para a aprendizagem
contnua, pois essa ocorre o tempo todo e em todos os lugares, atravs de diversas
possibilidades, como a explorao, pesquisa, colaborao, interao e
compartilhamento de conhecimentos e experincias.
Assim, pode-se falar em um novo modo de armazenar informaes e dados
que em outras pocas de ensino eram to relevantes serem memorizados pelos
alunos, agora fazem parte de outro tipo de memria: da memria de curto prazo
migra-se para a memria tica ou magntica. Ao prolongar determinadas
capacidades cognitivas humanas (memria, imaginao, percepo), as tecnologias
intelectuais com suporte digital redefinem seu alcance, seu significado, e algumas
vezes at mesmo sua natureza (Lvy, 1999, p. 172).
Entretanto, esse ponto que, a meu ver, seria extremamente positivo, pois
passaramos do ensino da memorizao dos fatos para a sua inter-relao e
explicao, justamente um dos pontos apontados como negativo em relao
tecnologia pelos professores da escola campo. Ou seja, de acordo com esses
docentes8, com as tecnologias os alunos no memorizam mais os assuntos, o que,
para eles, seria algo muito prejudicial para a construo do conhecimento.
Para esclarecer esse primeiro obstculo visto por esses docentes em relao
utilizao das tecnologias no espao escolar, preciso que as aes escolares
(que podem ser promovidas pelo governo do estado, pela gesto da escola, pelos
prprios professores etc), tenham em foco a transio de uma educao e uma
formao estritamente institucionalizadas (a escola, a universidade) para uma
situao de troca generalizada de saberes (ibidem).
Ento, entender que o saber sistematizado no se d apenas nas instituies
educacionais, mas em outras instncias de convvio social ainda um desafio
docente da contemporaneidade. Ou melhor, os docentes da escola, na entrevista,
8 Para este texto, foram entrevistados seis docentes da escola, que possui um total de 18 professores.
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sinalizaram que a informao est em todo lugar (inclusive pode-se ter acesso a ela
atravs das tecnologias), mas o conhecimento principalmente adquirido nos
bancos escolares.
No discordando dessa viso de mundo, acrescento ainda outros pontos que
so apontados pelos professores da escola como fatores inibidores da introduo
das tecnologias nas suas aulas:
A falta de tempo do docente para acompanhar o mundo de
informaes que so veiculadas na internet, assim, tendo uma sensao de
sempre estar desatualizado;
A dificuldade em operacionalizar as tecnologias em suas aulas (a
exemplo da TV pen drive, computadores, aparelhos de DVD) e, assim,
mostrarem-se fragilizados perante os alunos;
Quando solicitam pesquisas escolares, os alunos apenas copiam e
colam os contedos, no fazendo mais a verdadeira atividade de pesquisa e
procura de dados;
Gasta-se muito tempo da aula tentando ligar equipamentos e adequ-
los para a aula.
No entanto, essas falas refletem, conforme Freire (2011), as ideologias
educacionais tradicionais, que so muito presentes na formao de professores e
em prticas pedaggicas. preciso o professor entender que formar muito mais
do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas (Freire, 2011,
p. 16). Alm disso, importante no apenas ao profissional de educao, mas
tambm aos seus educandos apresentarem uma curiosidade epistemolgica
(ibidem), reforar a capacidade crtica do educador e do educando, um ensino em
que a transmisso de conhecimento no seja o principal objetivo do professor,
apesar de ser o da escola.
Para Kenway (2001, p. 116),
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educar os estudantes para o cambiante mundo do trabalho e para o papel das novas tecnologias deve constituir uma parte importante do currculo, mesmo que isso signifique conceder ateno a impopulares culturas extra-escolares.
Exemplificando: dos alunos pesquisados da 7 srie da Escola Estadual Rgis
Bittencourt, com faixa etria entre 13 a 17 anos de idade, menos da metade (ver
grfico 2) afirma ter acessa internet mais de uma vez por semana,
principalmente em lan houses. Todos os alunos entrevistados disseram pouco
perceber elementos de sua cultural local (ou informaes de seus bairros) na rede
e confessam no sentir falta de ver esses elementos (que esto acostumados a ver
todos os dias, segundo eles) veiculados nessa mdia. Os sites mais acessados por
esses sujeitos so os de jogos, de relacionamento e ferramentas de pesquisa.
Apesar desse uso cotidiano das ferramentas tecnolgicas por eles, a escola se fecha
em si mesma e pouco apresenta atividades que necessitem de pelo menos um
recurso tecnolgico para desenvolv-las.
Nota-se, assim, que se deve tornar papel da escola desenvolver habilidades
que permitam que o estudante utilize os meios digitais de forma adequada s suas
expectativas discursivas. Assim, necessria uma melhor compreenso da mudana
do papel da escola por toda equipe escolar, ou seja, a necessidade de a escola
repensar a respeito de sua organizao, sua maneira de definir os tempos, os
espaos e os meios e os modos de ensinar. No entanto, em nome dessa
reestruturao, no se pode perder de vista a funo social da escola: preparar os
alunos para exercer a cidadania e o trabalho no contexto de uma sociedade
complexa, isto , de uma sociedade denominada como do conhecimento.
CONSIDERAES FINAIS
Como j foi discutido, a criao de novos conhecimentos nunca foi to
acelerada como na atualidade, o que tem gerado grande ansiedade nas pessoas
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(inclusive dentro da comunidade escolar) em relao ao que realmente se deve
aprender e como reorganizar em novas bases todo o saber acumulado.
No entanto, mesmo sentindo uma sensao de incerteza, decidir no
acompanhar essas transformaes colocar-se em desvantagem em relao a uma
nova postura de situar-se no mundo e, claro, dentro da escola. Caractersticas
relacionadas estrutura atual de saber velocidade de criao e renovao, acesso
mltiplo e contnua exigncia por atualizao faz parte da sociedade do
conhecimento.
Fazer parte da sociedade do conhecimento, entretanto, no diz respeito
apenas a dominar o uso de equipamentos e das novas tecnologias. Para Lvy (1999,
p. 172),
No se trata aqui apenas de usar a qualquer preo as tecnologias, mas acompanhar conscientemente e deliberadamente uma mudana de civilizao que recoloca profundamente em causa as formas institucionais, as mentalidades e a cultura dos sistemas
educativos tradicionais notadamente os papis do professor e aluno.
Alm disso, j uma das premissas escolares de que os conhecimentos
aprendidos pelos alunos fora da escola so relevantes ao processo educacional.
Ento, cabe ao sistema de educao a implementao de mecanismos e processos
para o reconhecimento de saberes savoir-faire (Lvy, 1999, p. 175) adquiridos na
vida social, profissional e tambm pela tecnologia.
As tecnologias, se bem utilizadas como instrumentos acadmicos, seriam um
dos recursos para fomentar nos alunos aprendizagens permanentes, sendo a
pesquisa uma das possibilidades de ensino. Nossos estudantes precisam ser
formados para novas competncias, para vivenciar as redes colaborativas de
aprendizagem. No entanto, a incluso das tecnologias no tem o papel de
tecnologizar o ensino, pois esse ainda deve continuar ser focada para desenvolver a
realizao plena do sujeito, do ser humano, que tambm qualificada pelo
conhecimento.
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Cabe escola, ademais, o papel socializador do saber tecnolgico, pois
assim ocorrendo, na viso de Santos (2009, p. 21), aconteceria o exerccio de
democracia direta em grandes comunidades em situao de mudana e
desterritorializao, mesmo que essa democratizao no se constitua, a
depender do convvio social com a tecnologia, plenamente em autonomia do
sujeito que utiliza esses recursos (Williams, 1975, apud Santos, 2009), mas pode
interferir na concepo identitria que os sujeitos possuem de si mesmos.
Ribeiro (2007) acredita que, com as tecnologias da comunicao e
informao, principalmente a internet, a identidade de um povo deixa de ser algo
unitrio e cede lugar para um sujeito coletivo que, aos poucos, interfere nas
subjetividades e identidades. O sujeito o elo de uma teia de relaes, formando
um ecossistema, no qual, sozinho, no ningum. Assim, fica claro que outra
funo atribuda escola, ao implementar o trabalho com as TIC em suas
atividades cotidianas, considerar as identidades individuais e garantir o respeito
diversidade, sem uma ideologia homogeneizadora (ibidem, p. 85).
Nota-se, assim, que se deve tornar papel da escola desenvolver habilidades
que permitam que o estudante utilize os meios digitais de forma adequada s suas
expectativas discursivas. E, para que isso acontea Kenway (2001) acredita que a
competncia tecnolgica constitui o novo equipamento bsico dos educadores,
pois, para ela, o computador tornar-se um instrumento indispensvel e uma
faceta de todo e qualquer local da prtica humana (ibidem, p. 117).
Mas para isso acontecer, segundo Deacon e Parker (2001, p. 149),
necessria a mudana em direo produo de aprendizes ativos e auto-
regulados, em vez de aprendizes controlados e passivos, exigir a reinveno das
identidades e das subjetividades tanto de professores quanto de aprendizes,
identidades essas que podem ser reveladas, preservadas e modificadas atravs do
ciberespao.
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REFERNCIAS
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SANTOS, Salett Tauk. Incluso social, incluso digital? Introduo. In: ________________ (org). Incluso social, incluso digital? Usos das tecnologias da informao e comunicao nas culturas populares. Recife: Editora do autor, 2009.
1 rsula CUNHA, professora mestra em Crtica Cultural (UNEB), doutoranda em Educao (UFPB), atua como professora no
curso de Letras na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e na Escola Estadual Rgis Bittencourt, na Bahia, Email: [email protected].