USINA NUCLEAR: SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS · pela Política Nacional de Meio Ambiente e...
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ANAIS JORNADA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO - V. 02 – 2016 - ISSN: 2447- 8830VI JOEP de
24 a 28/10/2016 – Tangará da Serra/MT.
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USINA NUCLEAR: SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS
ALVES, Ana Paula 1 SOUZA, Wender Q. de 2
STASCOVIAN, Juliana3
Resumo
A instalação e a viabilidade das usinas nucleares é cada vez mais questionada, apesar de ser uma energia limpa, uma instalação que produz energia elétrica através de reações nucleares de elementos radioativos, os possíveis danos causados em um acidente podem ter resultados catastróficos. Como os acidentes apresentados abaixo como o de Chernobyl, Césio 137, Fukushima, entre outros. Por isso existem serviços e leis que são responsáveis na fiscalização e garantia da segurança das usinas, da população e até do meio ambiente. Palavra-Chave: Viabilidade; Conservação; Ambiental;
Abstract The Installation and viability of nuclear power plants have been increasingly questioned, although it is a clean energy, a facility that produces electricity through nuclear reactions of radioactive elements, the possible damage caused in an accident can have catastrophic results. As shown below accidents such as Chernobyl, Cesium 137, Fukishima , among others. So there are services and laws that are responsible in monitoring and ensuring the safety of plant, the population and to the environment. Keywords: Feasibility; Conservation; Environmental;
1. Introdução
Atualmente existem várias fontes de energia pelo mundo, as consideradas
sustentáveis e as prejudiciais ao meio ambiente. Entretanto, a energia nuclear é uma das
mais discutidas por todo o mundo, existem pessoas favoráveis, afirmando que é uma das
poucas energias sustentáveis outros são contra devido a uma má destinação dos lixos
radioativos, existem caso manuseados de forma incorreta podem provocar os piores
acidentes do mundo e além da criação de armamentos nucleares.
Hoje, são 440 usinas nucleares pelo mundo e 23 em construção. Na Europa é onde
está localizada a maior parte dessas usinas, no total são 207 e estão em construção mais
sete, o Japão, Coréia e China possuem juntas 82 usinas. Na América do Norte (EUA,
Canadá e México) tem 123 usinas em funcionamento. Já na América do Sul possui apenas
quatro usinas, na qual duas está localizada em Angra dos Reis (Angra 1 e Angra 2) e está
em construção a angra 3. A maior usina nuclear do mundo em operação está localizada em
Niigata-Ken – Japão. Possui 7 reatores, tem a capacidade de 7.965 megawatts. Em 2010,
foi registrada uma saída de 24 626,913 gigawatts/h.
Contudo grandes catástrofes já aconteceram nas últimas décadas, que podem
ocasionar devido à falta treinamento para operar, ou até mesmo falhas nos projetos
1 Engenharia de Produção; UNIC Tangará da Serra - MT; [email protected]: 2 Engenharia de Produção; UNIC Tangará da Serra - MT; [email protected]: 3 Matemática; Docente do curso de Engenharia de Produção na Unic Tangará; [email protected]:
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desenvolvidos. Colocando não apenas a vidas das pessoas em risco, mas o meio ambiente
em um todo.
2. As Fontes de Energia
As fontes de energia são recursos que o meio ambiente oferece para a sociedade
para que ocorra a produção de energia, assim é utilizada para deslocamentos de veículos,
para a geração de calor ou a produção de eletricidade para diversos fins. Em um contexto
geral a geração de energia é extremamente geopolítica, pois um país que oferece uma
ótima infraestrutura energética atrai para o mesmo uma população com suas atividades
econômicas, fazendo com que a economia do próprio país também movimente. Entretanto a
geração de energia também tem a questão ambiental, pois, além da retirada de diversos
recursos ambientais, pode vim ocorrer grandes impactos ao meio ambiente.
Atualmente a sociedade necessita da utilização de energia, tanto nas atividades
econômicas, como no transporte (combustível) e na comunicação. Com o crescimento
socioeconômico de diversos países, a busca por recursos energéticos vem aumentando,
além de traçarem planos estratégicos e disputas para alcançar muitos desses recursos.
O gráfico a seguir mostra que em 2002, considerando-se todas as fontes utilizadas
no mundo e todos os tipos de energia, o petróleo, o carvão mineral e juntamente com o gás
natural representava mais de 85% da matriz energética mundial.
Fonte: IEA - International Energy Agency - Key World Energy Statistics, 2004 Edition
No Brasil as usinas hidrelétricas são responsáveis por mais de 60% da energia. E
quando o risco de grandes apagões é cogitado no país, as usinas termelétricas se tornam a
garantia do governo de que o sistema energético é seguro. Hoje, elas respondem por 27%
35%
21%7%
24%
2%11% 1%
Matriz Energetica Mundial em 2002 (em%)
Petróleo
Gás Natural
Nuclear
Carvão Mineral
Hidreletricas
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da energia brasileira. Na Bahia, um parque eólico está pronto, mas ainda não está em
funcionamento. Mesmo com o investimento de RS 1,2 bilhão, a linha de transmissão ainda
não foi instalada. Em Angra dos Reis, estão as duas usinas nucleares responsáveis por
cerca 2% da geração, no Brasil. A terceira usina deve ficar pronta em 2018, mas o acidente
nuclear no Japão em 2011 alterou os planos do Brasil de expandir o uso desse tipo de
energia.
Fonte: BIG – ANEEL Setembro 2013
3. Licenciamento Ambiental
No Brasil o licenciamento ambiental é regulamentado pela Resolução CONAMA nº
001, de 23 de janeiro de 1986, cuja função é “nortear, especificar e estabelecer diretrizes
gerais quando da elaboração dos estudos e relatórios necessários”. E pela a Resolução
CONAMA nº 237, de 18 de dezembro de 1997, “intuída de estabelecer critérios e demais
procedimentos, prezando pela efetivação da descentralização dos princípios instituídos
pela Política Nacional de Meio Ambiente e Constituição Federal de 1988”.
O processo de licenciamento é realizado como o demonstrativo de empreendimentos
e atividades que se submetem ao procedimento. Encontram-se os de geração e
transmissão de energias, que, conforme estabelece o inciso IV do art. 4º da resolução
supramencionada:
“Deve ser realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, órgão executor do SISNAMA, mediante parecer e fiscalização da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN.”
Hoje em dia, o licenciamento ambiental é de suma importância para o exercício das
atividades, por parte do Estado suas determinadas atividades exercidas por particulares,
exigindo assim limites e condições. Conceitua FARIAS (2015, pg. 21) “que o licenciamento
5,63%10,27%
1,50%
2,28%
64,37%
1,59%6,16%
Matriz de Energia Elétrica no Brasil -Setembro 2013
Petróleo
Gás Natural
Nuclear
Carvão Mineral
Hidreléticas
Eólica
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ambiental é o instrumento mediante o qual o Poder Público procura controlar as atividades
econômicas que degradam ou que simplesmente podem degradar o meio ambiente”.
A Resolução Conama nº 237/97 define o licenciamento ambiental em seu art. 1º, I,
a saber:
“Art. 1º: (...) I - Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimento e atividades utilizadores de recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.”
Com tudo cabe ao órgão federal, IBAMA, emitir as licenças, autorizações e fiscalizar
aspectos radiológicos de instalações nucleares. No decorrer do processo vários órgão
serão entrevistados os responsáveis pelo meio ambiente (CNEN, OEMAs), os órgãos
responsáveis pelos patrimônios históricos (IPHAN) e de comunidades quilombolas e
indígenas (Fundação Palmares, FUNAI).
Ensina FIORILLO (2012, pg. 223) que o licenciamento ambiental “não é um ato
administrativo simples, mas sim um encadeamento de atos administrativos, o que lhe
atribui a condição de procedimento administrativo”. O procedimento de licenciamento
ambiental é dividido em três fases: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e
Licença de Funcionamento (LF).
Sendo que, deve-se haver a elaboração dos estudos prévios de impacto ambiental,
assim com a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e o Relatório de
Impacto Ambiental – RIMA. Além disso, é realizado audiências públicas, acrescentando à
participação da sociedade civil de forma consultiva e opinativa. A sociedade tomará
conhecimento do projeto por meio do RIMA, elaborado para o público em geral.
Por tanto, o procedimento de licenciamento ambiental serve como um instrumento
de soluções referentes a problemas enfrentados pelos agentes da Administração Pública
de forma satisfatória, melhorando o crescimento econômico e mostrando o empreendedor
a pautar-se nos princípios do desenvolvimento sustentável, trazendo o art. 21, inciso XXIII,
alíneas a e b da Constituição Federal de 1988 afirmando que “as atividades nucleares
podem ser destinadas a múltiplas finalidades, das quais se destaca a econômica,
medicinal e a científica.”
3.1. Licenciamento de Instalações Nucleares
A finalidade do licenciamento ambiental de uma usina nuclear é garantir que o
empreendimento é projetado, construído e operado com segurança, tanto para os
funcionários, quanto para a população e ao meio ambiente. Para que aconteça a liberação
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da instalação as usinas são passadas por dois tipos de licenciamento, o ambiental e o
nuclear, segundo o sistema normativo pátrio. Através Lei n. 4.118/62 dá o poder absoluto
nacionalmente a CNEN (Comissão Nacional de energia Nuclear) para a emissão de
licenças e autorizações, além que é responsável pela fiscalização dos aspectos
radiológicos das instalações e assegurar que o trabalho esteja sendo executado de
maneira correta de forma que o órgão responsável mantenha profissionais capacitados.
O licenciamento nuclear compreende diversas etapas, reguladas pela Norma “NE
1.04 – Licenciamento de Instalações Nucleares (Anexo 2) ”, às quais a CNEN analisa e
aprova a documentação pertinente, emitindo, após a realizações dos estudos, as
seguintes licenças e/ou autorizações:
a) aprovação do local;
b) licença de construção;
c) autorização para utilização de material nuclear;
d) autorização para operação inicial e;
e) autorização para operação permanente.
Além disso, necessário informar a distribuição de população do local, as vias de
acesso existentes e propostas e distancia aos centros de população, bem como as
características físicas do local (sismologia, meteorologia, geologia e hidrologia).
É de suma importância a apresentação de um relatório de danos meio ambiente em
decorrência da construção da instalação e de sua operação normal e em casos de
acidentes juntamente de um programa preliminar de monitoração ambiental pré-
operacional.
4. Possíveis impactos ao meio ambiente e o papel do licenciamento
Conforme Fabio Ulhoa Coelho, atividade empresarial, pode ser vista como:
“(...) a de articular os fatores de produção, que no sistema capitalista são quatro: capital, mão de obra, insumo e tecnologia. As organizações em que se produzem bens e serviços necessários ou úteis à vida humana são resultado da ação dos empresários, ou seja, nascem do aporte de capital – próprio ou alheio -, compra de insumos, contratação de mão de obra e desenvolvimento ou aquisição de tecnologia que realizam.” (COELHO; 2011, p. 21)
Nos dia atuais todas as empresas que desenvolvem atividades que possam vim a
degradar o meio ambiente, devem desempenhar suas funções ambientais, que
correspondem ao respeito ambiental, previsto no art. 5ª XXII da Constituição Federal e o
econômico, conforme o artigo 170, III c/c VI do mesmo diploma legal, além de ressaltar a
necessidade da função social da propriedade transcrito no art. 170, III da Carta Magna de
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1988 e o princípio da defesa do meio ambiente. Com isso podemos considerar um
desenvolvimento econômico com direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Com o desenvolvimento tecnológico junto a praticas modernas, o desenvolvimento
sustentável ficou mais acessível para a geração de energia nuclear tanto como social, como
ambiental, tornando-a uma opção. Cada dia aumenta-se a valorização das questões
ambientais e sociais, pois a exigência é tanto do mercado financeiro quanto da coletividade.
Nos últimos 60 anos já ouve vários acidentes envolvendo usinas nucleares, sendo o
mais recente a tragédia de Fukushima, no Japão em maço de 2011, acidentes na qual
levantaram-se questionamentos sobre a “credibilidade” da produção de energia nuclear.
Entretanto a maior polemica baseia-se no fato da energia nuclear produzir sem nenhuma
poluição de grande porte e gerarem menor impacto ao meio ambiente, o oposto das
hidrelétricas que desapropriam pessoas das suas regiões nativas e inundam matas e terra
que poderiam estar sendo utilizadas para atividades econômicas como a agricultura.
Com tudo, especialistas afirmam que a geração de energia nuclear ainda não vem
sendo uma boa alternativa:
“(...) inadequada para uma nação com tanto potencial hidrelétrico ainda não explorado. Mas o grande problema são os rejeitos radioativos, pois nenhum país do mundo sabe o que fazer com eles. Quando mal depositados, podem contaminar o solo e os lençóis freáticos, além do risco permanente de vazamento de radiação, o que pode, inclusive, causar a morte das populações atingidas. Até hoje, cientistas e engenheiros do mundo todo lutam para construir usinas nucleares completamente seguras.” (“A polêmica das usinas nucleares no Brasil” - Projeto Apoema)
O licenciamento ambiental é um poderoso mecanismo, pois estará trazendo
informações importantes em relação aos impactos que podem ou não estarem ocorrendo
no meio ambiente, assim as questões controversas poderão ser debatidas e esclarecidas,
mediantes a apresentação dos relatórios e estudos realizados por profissionais
capacitados. Então, a qualidade ambiental e da sociedade estará sofrendo apenas reflexos
positivos, além do desenvolvimento econômico sustentável.
Enfim, seguindo o artigo 225 da Constituição Federal, o licenciamento é:
“Uma política que visa a conservação do meio ambiente por meio do
desenvolvimento sustentável, mantendo um ambiente equilibrado de bom uso comum do povo e essencial à saída de qualidade de vida. Impondo-se ao Poder Pública e a toda à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
5. Funcionamento das Usinas Nucleares
Segundo MARTINS, o funcionamento de uma usina nuclear:
“As usinas nucleares utilizam o princípio da fissão nuclear para gerar calor, dentro do Reator Nuclear centenas de varetas contendo material
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radioativo são fissionadas, liberando muito calor. Este calor irá aquecer a água (totalmente pura) que fica dentro do reator. Ela pode chegar á incríveis 1500°C a uma pressão de 157atm.” (MARTINS, Lucas. Infoescola)
A água já aquecida seguira pelos tubos até o vaporizador, que em seguida voltara
para o reator, essa fase denomina-se como circuito primário.
“No vaporizador, outra quantidade de água será fervida, pelo calor de tubos onde passam a água extremamente quente do reator, o vapor gerado sairá por canos, até onde ficam localizadas as turbinas e o gerador elétrico. O vapor d’água pode girar as pás das turbinas a grandes velocidades, produzindo corrente elétrica.” (MARTINS, Lucas. Infoescola)
Após o vapor d’água executar sua função, o mesmo passa pelo condensador na
onde virará água no estado liquido novamente e retornará para o vaporizador seguindo
assim um ciclo. Essa fase é o circuito secundário.
Para a transformação do vapor para a água liquida, é necessário que no
condensador seja abastecido com água fria, devido a isso as instalações de uma usina
devem ser perto de fontes de água como, por exemplo, rios, lagos ou mares. Depois de
passar pelo condensador a água ficará quente necessitando que seja resfriada, devido a
isso a mesma passa pelas torres de resfriamento (a maior parte de uma usina nuclear),
chamado de circuito terciário.
“Uma usina nuclear é munida de vários sistemas de segurança, que entram em ação automaticamente em casos de emergência, o principal deles é o sistema que neutraliza a fissão nuclear dentro do reator. São centenas de barras, feitas de materiais não fissionáveis (isto é, mesmo absorvendo nêutrons livres, não se dividem), como boro e cádmio, que são injetadas no meio reacionário.” (MARTINS, Lucas. Infoescola)
Fonte: Info Escola; Ilustração: US NRC.gov
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Todos os reatores por medidas de segurança ficam envolvidos por uma capsula de 3
cm de espessura, feita de aços. Além de serem protegidos com paredes de até 70 cm de
concreto e estrutura de ferro e aço, podendo aguentar ataques terroristas. Por isso, as
usinas nucleares são vistoriadas por órgãos internacionais periodicamente em busca de
irregularidades, falhas, entre outros.
6. Principais Acidentes
Muitos acidentes envolvendo usinas nucleares já aconteceram e em quase todos os
problemas apresentados foram: falhas humanas, ou seja, pessoas não preparadas para
executar determinado serviço. Alguns casos de desastres nucleares:
Chernobyl (1986)
Three Mile Island (1979)
Kyshtym (Ozyorsk - 1957)
Césio – 137 (1987)
Tokaimura (1999)
Seversk (1993)
Windscale (1957)
Bohunice (1977)
Fukushima (2011)
Fonte: Greenpeace. Os piores acidentes com usinas nucleares e suas consequências 14 - mar 2011
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6.1. Acidente de Chernobyl
Na cidade de Chernobyl na Ucrânia se localizava uma das usinas nucleares, na qual
era responsável pela produção de cerca de 10% da energia utilizada na Ucrânia, possuía 4
reatores e mais dois em construção era um símbolo do avanço da União Soviética. Porém,
no dia 26 de março de 1986 o maior acidente radioativo aconteceu espalhando radiação
pelo país e territórios vizinhos.
“No dia da explosão estava agendado um procedimento de rotina no reator 4, ele seria desligado e os responsáveis aproveitaram para fazer um teste, um problema de resfriamento fez com que o teste terminasse de forma trágica. O acidente lançou 70 toneladas de urânio e 900 de grafite na atmosfera”. (Educação Globo, 2014)
O responsável pelo acidente nuclear não é o principal motivo da discussão, porém
alguns especialistas apontam como erros humanos, enquanto outras avaliam erro nos
projetos, contudo a ideia mais aceita é a união das duas falhas. Várias equipes de
trabalhadores foram mandadas para o local do acidente denominado “liquidador” na
tentativa de combater as chamas e garantir o resfriamento do reator. Esses trabalhadores
perderam suas vidas apagando o incêndio que se alastrava. Em seguida outra equipe foi
mandada para diminuir a irradiação, as pessoas trabalhavam sem equipamentos de
segurança adequado na qual passaram seis meses construindo uma estrutura de
isolamentos, o “sarcófago”.
A radiação afetou várias regiões em torno da usina chegando a uma área de 100 mil
km2. A cidade de Prypiat foi construída com o propósito de alojar os trabalhadores da usina,
mas também foi atingida pela radiação. A notícia para a população veio apenas 30 horas
depois do acidente, aonde tiveram 40 minutos para pegarem os itens mais importantes e
saírem da cidade. O governo afirmou que os habitantes poderiam voltar 3 dias depois para
as suas residências, mas a área passou a ser zona de exclusão e Prypiat virou uma cidade
fantasma.
O governo ainda tentou esconder o acidente, mas os níveis de radioativos atingiram
outros países, depois de três dias, sendo dia 29 na Alemanha saiu a primeira notícia a
respeito da explosão da usina. Mesmo depois do acidente, os soviéticos reativaram a usina
novamente, mas com turnos menores, e passou por dois princípios de incêndio, em 1991 e
1996.
O número de mortos é incerto, o governo soviético admitiu 15 mil mortos, enquanto
organizações não governamentais calcularam 80 mil. Contudo os números oficiais mostram
que 2,4 milhões de ucranianos sofrem de problemas de saúde decorrente a explosão.
Atualmente, 6% do PIB ucraniano vão para os efeitos da tragédia como forma de
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indenização às vítimas. Na cidade de Kiev foi construído um museu para lembrar as
pessoas afetadas pela radiação e da usina nuclear de Chernobyl.
A usina nuclear permanece como um perigo para o meio ambiente devido a sua
precipitação radioativa, porém os especialistas afirmam que quase não à pesquisas sobre o
tema. Segundo Mousseau é importante estudar sobre o desastre e seus danos, contudo os
recursos disponíveis não facilitam, pois são poucas as pesquisas falando do acidente e
muitos estudos russos não foram traduzidos para o inglês.
Com a saída das pessoas e a caça se tornando ilegal, os animais voltaram para a
zona de isolamento como os castores, veados, cavalos selvagens, gaviões e águias.
Contudo não é um cenário ideal para a vida selvagem afirma o professor de biologia da
Universidade de Carolina do Sul, Tim Mousseau:
“Chernobyl definitivamente não é o paraíso para a vida selvagem. (...) quando você realmente faz o trabalho duro, de conduzir um estudo científico, onde você rigorosamente controla todas as variáveis, e faz isso várias vezes em muitos lugares diferentes, o sinal é muito forte, há menos animais e menos tipos de animais que o esperado.” (MOUSSEAU, Tim. 2011)
O levantamento de 2010, feito por Mousseau e seus colegas mostrou que os números de
mamíferos tiveram uma grande queda, assim como a de insetos. Ainda foram registrados 550
pássaros de 48 espécies e em oito locais diferentes que na qual tiveram seus cérebros medidos.
O resultado apontou que as aves que vivem em locais com radiação elevada tinham seus
cérebros 5% menores, diferentes dos que viviam em lugares com baixa radioatividade, a única
diferença entre as aves era com menos de um ano. Contudo, quando o animal apresente um
cérebro menor sua habilidade cognitiva diminui, portanto, uma capacidade de sobrevivência
menor e ainda os pesquisadores sugerem que muitos embriões nem chegaram a sobrevier.
Apesar de a radiação alcançar uma longa distância como no norte da Escócia e o oeste da
Irlanda, os locais mais atingidos foram na Ucrânia, Belarus e Rússia. Entretanto a contaminação
não é uniforme, em algumas áreas do isolamento estão limpas enquanto mais adiante pode ser
encontrado alto níveis de contaminação, tudo é determinado pelos ventos, condições climáticas
que depositam as partículas, ou pelas folhagens que as seguram.
Nos últimos 25 anos a radioatividade teve uma pequena queda, porem nas regiões mais
afetadas a contaminação chega a ser de 20 centímetros abaixo do solo, apresentando uma fonte
de exposição. As partículas radioativas encontradas no solo passam para as plantas, que
passam para os animais pela alimentação e em seguida chegando aos humanos por meio da
carne e do leite. Quando absorvida pelos ossos e órgão, o césio emite radiação alpha, que na
qual danifica o DNA, aumentando os riscos de tumores. As principais ameaças encontradas são
o césio 137 e em menor grau o estrôncio 90 que está decaindo em escala media na última
década segundo o Instituto de Proteção Radiológica e Segurança Nuclear (IRSN) francês.
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Alguns lugares da Ucrânia não foram atingidos pelo acidente, por isso as grandes fazendas
produtoras e fábricas de alimentos não correm riscos de contaminação, afirmam os cientistas.
Contudo a radioatividade afetas as áreas mais pobres no nordeste da Ucrânia, onde os
produtores colhem cogumelos, grãos e feno para os animais contaminados, pois não tem
dinheiro para buscar alimentos nas áreas limpas.
Valery Kashparov, diretor do Instituto Ucraniano de Radiologia Agrícola, afirma que:
“O governo promoveu em 2008 cortes nos fundos destinados ao monitoramento da radiação. Em torno de 600.000 dólares são necessários anualmente para garantir que a comida não esteja contaminada. A contaminação está decaindo, mas levará décadas para a natureza levá-la a níveis seguros.”
Nas pesquisas realizadas pelos pesquisadores ainda são encontrados elevados níveis de
irradiação nos alimentos. Cientistas do Greenpeace apresentou em Kiev os testes realizados,
encontraram césio 137 acima do permitido em muitas amostras de leites, cogumelos secos e
grãos. Ou, seja os níveis estavam extremamente elevados em Rivne, na qual o solo está
transmitindo partículas radioativas mais facilmente para as plantas.
6.2. Acidente radioativo com CÉSIO – 137
No mês de setembro de 1987, provavelmente no dia 13, teve início o que foi
considerado o maior acidente radioativo do Brasil e o maior acidente radioativo do mundo
fora de usinas nucleares: o acidente com Césio-137 em Goiânia. O Césio-137 é um isótopo
radioativo do elemento químico césio que é usado em equipamentos de radiografia. Ele era
usado na forma de um sal — o cloreto de césio (CsCl) — pelo antigo Instituto Goiano de
Radioterapia (IGR), que o guardava dentro de uma bomba ou cápsula revestida de uma
caixa protetora de aço e chumbo.
Quando esse hospital foi desativado, os rejeitos radioativos não receberam o destino
adequado, mas ficaram entre os escombros. Com isso, essa cápsula com césio foi
encontrada por dois sucateiros, que a violaram e venderam-na para um ferro-velho. Local
onde o proprietário abriu a caixa que continha a cápsula a fim de aproveitar o chumbo, mas
ao fazer isso ele liberou para o meio ambiente cerca de 19 g de cloreto de césio-137.
Esse sal emite um brilho azulado muito bonito, o que encantou o dono do ferro-velho
que acabou distribuindo o material a amigos e familiares. Alguns chegaram até mesmo a
passar o cloreto de césio-137 na pele. O irmão do proprietário levou um pouco do material
radioativo para casa, e sua filha, brincou com ele e depois foi comer sem ter lavado as
mãos, ingerindo pequenas quantidades de césio-137. Em virtude da falta de conhecimento
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da população, dezenas de pessoas foram contaminadas, e os primeiros sintomas que
apareceram apenas algumas horas depois foram náuseas, vômitos, tontura e diarreia.
A esposa suspeitou do material e levou partes da bomba para a sede da Vigilância
Sanitária. No dia 29 de setembro de 1987 foi dado o alerta de contaminação radioativa. Em
23 de outubro, a sobrinha do proprietário morreu, passando a ser considerada a maior fonte
humana de radiação. Ela, que teve que ser enterrada em um caixão de chumbo, tornou-se
símbolo dessa tragédia que os moradores de Goiânia nunca esqueceram. A partir de então,
teve início uma força-tarefa para remover os objetos contaminados e tratar as vítimas. Os
dados apontam que 249 pessoas foram examinadas e, destas, 22 foram isoladas em razão
da alta taxa de contaminação. Passaram a receber monitoramento 129 pessoas, e 14
estavam com um quadro clínico muito grave. Houve quatro vítimas fatais poucas semanas
depois: a segunda foi sua tia, esposa do proprietário; e os outros dois foram jovens de 18 e
22 anos que eram funcionários do ferro-velho. Já o proprietário do ferro-velho foi tratado no
Hospital Navarro Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, mas morreu sete anos depois.
O trabalho de descontaminação dos locais atingidos não foi fácil. A retirada de todo o
material contaminado com o césio - 137 rendeu cerca de 6.000 toneladas de lixo (roupas,
utensílios, materiais de construção etc.). Tal lixo radioativo encontra-se confinado em 1.200
caixas, 2.900 tambores e 14 contêineres (revestidos com concreto e aço), em um depósito
construído na cidade de Abadia de Goiás, onde deve ficar por aproximadamente 180 anos
(estimativa de desintegração nuclear pelo decaimento radioativo até atingirem níveis
seguros). Esse desastre fez centenas de vítimas, todas contaminadas por radiações
emitidas por uma única cápsula que continha 137césio. Atualmente, as vítimas reclamam da
omissão do governo para a assistência da qual necessitam, tanto médica como de
medicamentos, e Fundaram a Associação de Vítimas Contaminadas do 137 Césio e lutam
contra o preconceito ainda existente.
6.3. Acidente de Fukushima
O Japão é considerado uma referência mundial quando o quesito é tecnologia e
organização, porém mesmo com todos esses recursos sofreu com uma grande tragédia, o
acidente nuclear na usina de Fukushima. Entre a lista de motivos está o fato de ter ocorrido
dois grandes desastres naturais, o primeiro foi em 11 de março de 2011, quando um
terremoto de 9,0 graus na escala Richter acabou atingindo o leito oceânico perto da
costa leste do Japão. O tsunami que surgiu matou mais de 20 mil pessoas, e formou ondas
de 14 metros que atingiram a usina, a qual era preparada para aguentar ondas de no
máximo 6 metros.
A energia no local foi cortada, mas felizmente os reatores não explodiram assim como
em Chernobyl, o que acabou limitando a quantidade de radiação liberada. Porem devido a
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falta de energia, surgiu um problema pois não era possível o resfriamento do material
radioativo, que se não fosse resolvido rapidamente poderia ocasionar uma explosão. Mas os
técnicos agiram rápido ao encontrar uma solução, que consistiu em usar cerca de 320 mil
toneladas de agua para resfriar os reatores. Foi ai que surgiu um grande problema para o
pais, o armazenamento de toda essa agua, pois a mesma se encontra contaminada e
armazenada em algo em torno de mil tanques na usina, e uma parte já entrou em contato
com o oceano através de um vazamento, apesar de que esse problema já foi corrigido em
partes, é algo complexo pois essa agua contém um nível elevado de radiação cerca de
2.200 milisieverts por hora.
Além disso, como parte dos reatores derreteram isso acabou contaminando o solo,
com suspeitas de ter chegado até o lençol freático, o que é um grande problema. Como
medida para reparar isso o governo anunciou o projeto de um “muro congelado” em volta de
Fukushima com intuito de parar o avanço da radiação. Porém em 2016 o projeto ainda está
em fase inicial. Outro problema é o que fazer com toda essa agua contaminada, apesar de
ter uma usina para descontaminação, ela atua em um ritmo lento o que não solucionara o
problema rapidamente.
Além de tudo isso, ainda se tem um grande problema com relação ao que vai ser feito
com a água que já foi contaminada. Pois mesmo com alguns métodos de filtração, ainda
não é capaz de retirar todos os elementos radioativos.
6. CONCLUSÃO:
As usinas nucleares têm como principal função a produção de energia de forma
“limpa”, e durante a produção mantém os átomos reunidos (prótons, elétrons e nêutrons), e
a partir do momento que é separado resulta na liberação de uma grande quantidade de
energia. A instalação de uma usina desse tipo tem várias vantagens e desvantagens, como
por exemplo, o combustível é barato e pouco, contudo, exige um alto investimento devido à
alta tecnologia nela aplicada, tem a vantagem de não depender de condições climáticas e
ambientais (como no caso das usinas hidroelétricas e eólicas), porém, há os ricos que já são
bem conhecidos devidos aos grandes acidentes, como o que aconteceu em Chernobyl no
qual mesmo depois de anos a radiação ainda é encontrada na usina e nos seus arredores, a
má destinação dos lixos atômicos podendo afetar diretamente o solo contaminando-o, e
ainda a utilização de forma errada para a formação de armamentos nucleares. Por isso as
usinas nucleares podem ser uma boa opção onde não há abundância de recursos naturais e
pessoas de bom senso, ou mesmo nesse período de secas por todo o mundo. Mas os seus
riscos são grandes, podendo ser maiores que seus benefícios, sendo assim necessário com
que se pense em outras alternativas, tais como a energia proveniente de painéis solares.
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