USO DE ADITIVOS NA ENSILAGEM DA CANA-DE-AÇÚCAR VISANDO A MELHORIA DA … · 2016-08-11 ·...
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USO DE ADITIVOS NA ENSILAGEM DA
CANA-DE-AÇÚCAR VISANDO A
MELHORIA DA SUA QUALIDADE
NUTRICIONAL
Terezinha Bezerra Albino Oliveira (UFSC)
OLGA MARIA FORMIGONI CARVALHO WALTER (UFSC)
Edson Pacheco Paladini (UFSC)
Mauro Wagner de Oliveira (UFAL)
No presente trabalho são mostradas aplicações importantes de
ferramentas típicas da Engenharia da Produção a um problema
relevante no âmbito do agronegócio. Em particular, mostra-se aqui o
desenvolvimento de avaliações da qualidade da silaggem produzida em
trinta e seis fazendas produtoras de leite, de nível técnico e gerencial
entre médio e alto. Verificou-se que a silagem produzida era de baixa
qualidade nutricional. Assim, foram implementados cinco estudos com
o objetivo de testar e validar alternativas para a melhoria da qualidade
da silagem de cana-de-açúcar. A metodologia utilizada foi com base
em pesquisas de campo e testes em laboratórios e, para o
gerenciamento da qualidade nas atividades, foi empregado um modelo
com base no ciclo PDCA. No texto estão descritos os estudos de caso
efetivados, o modelo proposto, as ações de melhoria implementadas e
os resultados obtidos.
Palavras-chaves: Gerenciamento no processo produtivo, melhoria
contínua, qualidade nutricional, ensilagem de cana e soja.
XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
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1. Introdução
A competitividade na produção leiteira no Brasil vem ocorrendo gradativamente ao
longo dos anos, e os produtores vêm se adaptando a essas mudanças de forma estratégica,
principalmente no que se refere à qualidade da alimentação de seu rebanho, pois este
componente, além de representar grande parcela do custo total de produção, está diretamente
ligado ao desempenho animal.
Em diferentes sistemas de produção leiteira a cana-de-açúcar tem sido muito utilizada
na alimentação do rebanho. Esta forragem tem sido normalmente consumida in natura, sendo
cortada manualmente e picada diariamente para os animais, entretanto, nos últimos anos, em
diversas propriedades rurais tem-se ensilado a cana-de-açúcar. A ensilagem da cana-de-açúcar
tem sido realizada por vários motivos: melhoria no gerenciamento da mão-de-obra para o
corte, picagem e ensilagem; diminuição dos custos com transporte e, estocagem de canaviais
queimados acidentalmente ou atingidos por geadas. Assim, a ensilagem é adotada como uma
atividade estratégica para o produtor, visto que a conservação da cana ensilada facilita a sua
utilização e distribuição aos animais, evitando, assim, a necessidade de corte diário e perdas
devido a intempéries da natureza.
Contudo, a julgar pelos elevados teores de açúcares e baixos níveis proteicos das
variedades de cana (OLIVEIRA et al., 2002) a silagem obtida poderá ser de valor nutricional
muito inferior ao material original, uma vez que deve estar ocorrendo fermentação alcoólica e
acética, indesejáveis em silagens de boa qualidade.
Para o gerenciamento da qualidade nas atividades, a aplicação de ferramentas, técnicas
e métodos, dentre eles o Ciclo PDCA, em todas as fases do processo da ensilagem poderá
permitir maior monitoramento e comparações entre resultados aceitáveis e desejáveis.
Diante do exposto, com o auxílio de uma ferramenta de Gestão da Qualidade, o
objetivo desse trabalho foi diagnosticar, testar e validar alternativas para a melhoria da
qualidade da silagem de cana-de-açúcar.
2. Delineamento metodológico
O delineamento metodológico desta pesquisa propõe um direcionamento que visa à
obtenção de resultados capazes de sustentar a construção de um conhecimento mais
aprofundado sobre o uso de aditivos na ensilagem de cana-de-açúcar como contribuição na
sua qualidade nutricional. De acordo com Gil (2007) em relação a seus objetivos, esta
pesquisa classifica-se como pesquisa exploratória, e quanto aos procedimentos técnicos
adotados e a forma de coleta de dados, esta é delimitada como um estudo de caso.
Para a realização desse trabalho, além do suporte teórico, foram feitas pesquisas
diretamente nas propriedades rurais e avaliado resultados de testes em laboratórios; e, para o
gerenciamento da qualidade nas atividades, utilizou-se o modelo com base no ciclo PDCA,
proposto por Tubino (2007).
3. Competitividade produtiva na ensilagem de cana-de-açúcar
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O setor leiteiro no Brasil adotou, nas últimas duas décadas, diversas medidas técnicas
e gerenciais para melhorar a produção, a oferta de leite, a qualidade dos produtos lácteos, a
comercialização e sua competitividade internacional. Houve grandes avanços na genética
animal, na nutrição, no manejo e sanidade do rebanho, na ambiência e, na produção de grãos e
de forragem. Hoje em dia é comum um rebanho apresentar produtividade média anual
superior a 20,0 kg de leite/vaca/dia, tendo intervalo entre partos de um ano, com vacas no pico
de lactação produzindo mais de 40,0 kg de leite por dia.
Estas constatações evidenciam o componente dinâmico que compõe a qualidade, ou
seja, o conceito de qualidade vai mudando rapidamente ao longo do tempo, de acordo com o
contexto no qual se insere, afetando principalmente setores produtivos (PALADINI, 2009).
Em diferentes sistemas de produção leiteira três forragens têm sido muito utilizadas na
alimentação do rebanho: silagem de milho, silagem de sorgo e silagem de cana-de-açúcar.
Dentre os principais fatores que contribuem para o interesse da cana-de-açúcar no
arraçoamento destes animais, pode-se citar: 1) Grande produção de forragem por unidade de
área e a facilidade de cultivo - quando está madura, mantém sua qualidade como forragem,
além do baixo custo por unidade de matéria seca produzida; 2) Maior flexibilidade quanto às
épocas de plantio e de corte, em comparação com as culturas anuais, o que facilita o
gerenciamento da atividade; e 3) Ser uma das fontes de energia de menor custo, tanto para
rebanhos de pequena quanto de média e alta produtividade, tornando essa forrageira um
alimento de grande interesse dos produtores rurais (OLIVEIRA et al., 2007; RODRIGUES et
al., 1997).
Contudo, esses mesmos autores afirmam que o baixo teor proteico associado às outras
limitações nutricionais da cana, como alto teor de fibra de difícil degradação ruminal, baixos
teores de amido, fósforo e enxofre, resultam em consumo e rendimento limitados, havendo,
portanto, necessidade de complementação com proteína, minerais e amido para que a
produtividade animal seja satisfatória. Assim, pode-se afirmar que a cana-de-açúcar é uma
forragem que apresenta basicamente dois componentes em maiores proporções: açúcares e
material fibroso, sendo a utilização desses materiais bastante diferente, pois enquanto os
açúcares são rapidamente assimilados pelo animal, o material fibroso é de baixa
digestibilidade e pouco aproveitado pelo animal.
A utilização de tecnologias e de ações de gestão adequadas que concretizem melhor
coordenação da cadeia produtiva está entre os principais recursos que os produtores rurais
podem utilizar para aumentar sua capacidade sistêmica de reagir às mudanças cada vez mais
rápidas do cenário competitivo e sobreviverem com sucesso (BATALHA e SILVA, 2000).
Para aumentar a produtividade da cultura da cana-de-açúcar e torná-la ainda mais
competitiva para a alimentação animal, tanto pequenos, quanto médios e grandes produtores
rurais têm adotado técnicas agrícolas, que incluem a melhoria das propriedades físico-
químicas do solo, pela calagem, gessagem, adubação química, adubação verde e uso de
composto orgânico (OLIVEIRA et al., 2007). A escolha da variedade de cana-de-açúcar de
maior potencial produtivo é outra tecnologia muito usada pelos produtores, que consultam os
órgãos de pesquisas locais ou regionais, bem como as usinas e destilarias, para se informarem
da adaptação e produtividade das variedades de cana em diversos ambientes edafo-climáticos
e sob diferentes manejos culturais.
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Nesse contexto, evidencia-se a qualidade como forte impacto nas atividades produtivas
e que suas diretrizes vão se alterando ao longo do tempo, adaptando-se de acordo com os
avanços que são inseridos pelo mercado, o que permite alterações no processo de produção
que repercutam em inovação e qualidade (PALADINI, 2009).
As produtividades médias de cana-de-açúcar, incluindo folhas secas e ponteiros, têm
oscilado em torno de 90 toneladas de matéria natural por hectare, mas plantando-se
variedades melhoradas e, corrigindo-se e mantendo-se a fertilidade do solo, através de
calagem, gessagem e adubação, podem-se alcançar produtividades superiores a 150 toneladas
de matéria natural por hectare (OLIVEIRA et al., 2007). A irrigação complementar,
principalmente aquela realizada após o corte da cana, tem repercutido em altas produtividades
e maior longevidade do canavial, conforme atestam os resultados de Oliveira et al. (2002) em
trabalhos conduzidos em Paracatu, noroeste de Minas Gerais, nos quais se obtiveram
produtividade média em dois cortes superior a 250 toneladas de matéria natural por hectare
por ano, o que tornou a cultura da cana ainda mais atrativa para o arraçoamento animal.
Outro estudo relatado por Oliveira et al. (2007) comprova a alta competitividade da
cana na alimentação de vacas leiteiras. Esse estudo foi conduzido no município de Mercês,
Zona da Mata Mineira e, se caracterizou basicamente pelo uso de seis variedades de cana-de-
açúcar de alto potencial produtivo e adubações que repuseram os nutrientes removidos pela
colheita da cana. Os autores verificaram que na média de 10 anos, 1995 a 2005, foram
necessários apenas 890 ml de leite para pagar o custo de produção de 30 kg de cana-de-
açúcar, sendo que os menores volumes foram verificados no período 1995 a 2000: 770 ml de
leite. A partir do ano 2001 a quantidade ultrapassou a um litro de leite e, este aumento, deveu-
se principalmente a elevação relativa do preço dos fertilizantes, cujos valores percentuais
foram superiores a 20%, alcançando no caso da uréia a média de 42%.
A gestão da qualidade no processo não se foca apenas em gerar qualidade para o
produto final, busca acima de tudo gerar qualidade no processo produtivo. Surgiu da
necessidade de eliminação de defeitos em produtos, evoluindo para técnicas gerenciais de
administração e otimização dos elementos que compõe o processo (PALADINI, 2009).
Assim, o sucesso de um empreendimento, em grande parte, depende de sua capacidade de
produzir bens e serviços com eficiência e eficácia. O controle operacional destina-se a avaliar
o grau de eficiência e eficácia com que o empreendimento está transformando insumos em
produtos (MOREIRA, 2005; PALADINI, 2009).
A concentração do corte da cana para a ensilagem durante a época seca do ano,
quando a cana está madura, também diminui a compactação do solo causada pelo trânsito de
máquinas e implementos, o que repercutirá em maior longevidade do canavial e redução nos
custos de produção, além de maximizar a utilização desse maquinário, uma vez que este
poderá ser utilizado durante o período das chuvas para o plantio e ensilagem de culturas como
milho e sorgo e, durante a seca, na cultura da cana (BALSALOBRE et al., 1999; OLIVEIRA
et al., 2007). Assim, a silagem da cana está se constituindo em mais uma alternativa de uso
como forragem, contudo, a julgar pelos elevados teores de açúcares e baixos níveis proteicos
das variedades de cana (OLIVEIRA et al., 2002) a silagem obtida talvez seja de valor
nutricional muito inferior ao material original, uma vez que deve estar ocorrendo fermentação
alcoólica e acética, indesejáveis em silagens de boa qualidade.
Na avaliação da qualidade de uma silagem podem ser adotadas diversas medidas,
desde aquelas mais subjetivas como para detectar odor, cor e consumo pelos animais, quanto
as mais precisas como análises químicas da acidez, da digestibilidade do material, dos teores
5
alcoólicos e, da concentração de proteína, minerais e ácidos lático, butírico e acético (SILVA,
1990).
4. O modelo PDCA como método de gerenciamento
O ciclo PDCA é um método de gerenciamento da qualidade proposto pela Gestão da
Qualidade Total como uma ferramenta que melhor representa o ciclo de gestão de uma
atividade, definindo o planejamento e controle de suas etapas (TUBINO, 2007).
Este método possui quatro etapas básicas sequenciais: planejar (Plan), executar (Do),
verificar (Check) e agir corretamente (Act) que são representadas na figura 1:
A P
DC
1
2
3
45
6
Definir as metas sobre
os itens de controle
Definir o método para
alcançar as metas
Educar e treinar
segundo o método
Realizar o trabalho
e coletar dados
Verificar os
resultados
Agir corretivamente
Figura 1 - Ciclo PDCA proposto pela Gestão da Qualidade Total
Fonte: TUBINO (2007)
Na figura 1, a etapa P (Plan) corresponde ao planejamento, onde serão estabelecidos
os objetivos e como alcançá-los. A segunda etapa D (Do), caracteriza-se pelo treinamento dos
recursos humanos para que as atividades sejam executadas de forma coordenada, inclui-se
nessa fase, também, o treinamento na coleta de dados. Uma vez executado o trabalho, a
terceira etapa C (Check), é um confronto dos resultados obtidos com as metas estabelecidas
no planejamento. Na sequência, a última etapa do ciclo PDCA, A (Act) é a fase onde é
padronizada a nova sistemática que foi executada, caso tenha apresentado bons resultados,
caso contrário o ciclo é reiniciado (TUBINO, 2007).
É importante destacar, que por se tratar de um ciclo, o PDCA deve ser executado até
que seja encontrado um padrão, que possa garantir que a melhoria foi alcançada, pois a cada
vez que é encontrado um padrão que corresponde às expectativas, o sistema como um todo
passa para um nível superior de qualidade, em rumo à melhoria contínua.
5. Aplicação do PDCA na ensilagem de cana-de-açúcar
O procedimento utilizado para o desenvolvimento desse trabalho foi tipicamente o
estudo de casos com análise descritiva dos dados. Foram realizados cinco estudos
relacionados à silagem de cana-de-açúcar. O primeiro estudo foi um levantamento da
qualidade da silagem de cana em dez microrregiões de Minas Gerais e, os quatro posteriores
foram alternativas propostas para a melhoria da qualidade desta silagem.
6
5.1 Etapa P (Plan): Definição de metas e métodos
Visto que a silagem de cana-de-açúcar tem se mostrado uma forragem que apresenta
bom desempenho e competitividade na alimentação do rebanho leiteiro, o presente trabalho
propõe analisar melhorias tanto no teor de acidez quanto no de proteína da ensilagem através
do uso de aditivos, a fim de comprovar a melhoria de sua qualidade nutricional.
5.2 Etapa D (Do): Treinamento e execução do trabalho
Os trabalhos foram acompanhados por produtores rurais com a orientação de
profissionais da área com amplo conhecimento técnico no assunto. Assim, as coletas e testes
realizados avaliaram: 1.Teor de proteína e acidez sem aditivo; 2. Teor de acidez pela adição
da cal; 3. Teor de acidez e de proteína com a adição da soja. O detalhamento dos trabalhos
executados nos cinco estudos estão descritos nos tópicos 5.2.1 ao 5.2.5.
5.2.1 Primeiro estudo de caso
No primeiro estudo, realizou-se um levantamento da qualidade da silagem de cana-de-
açúcar em dez microrregiões de Minas Gerais: Barbacena, Conselheiro Lafaiete, Itabira, Juiz
de Fora, Paracatu, Ponte Nova, São João Del-Rey, Ubá, Unaí e Viçosa. Nessas microrregiões
foram visitadas trinta e seis fazendas produtoras de leite e que usam cana na alimentação das
vacas. O nível técnico e gerencial dessas propriedades é de médio a alto e, para a produção de
cana são adotadas recomendações atuais, conforme descrito por OLIVEIRA et al. (2007),
desta forma a produtividade do canavial é elevada e a qualidade da forragem é boa (Figura 2).
Nessas fazendas, a cana foi colhida manualmente entre os meses de abril a julho,
passada em picadeira de forragem e estocada em silos de superfície, sendo compactada por
trator pesado e de alta potência (Figura 2). O principal objetivo desta compactação é eliminar
o oxigênio da massa ensilada para reduzir as perdas e minimizar as fermentações indesejáveis.
Figura 2 - Vista do canavial de uma das propriedades e, compactação da silagem com trator pesado
e de alta potência
As amostras de silagens de cana foram coletadas durante o fornecimento dessa
forragem aos animais, que ocorreu entre os meses de junho a setembro. Porções de silagens
foram coletadas na face de corte do silo, homogeneizadas e transferidas para sacos plásticos.
As amostras foram comprimidas para a retirada do ar e imediatamente transferidas para caixa
de isopor contendo gelo. Em propriedades que dispunham de congeladores, as amostras foram
congeladas antes de serem transportadas, sob resfriamento, para o laboratório. Nessas
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amostras de silagem determinou-se o teor de proteína e a acidez, medindo-se o pH, seguindo
métodos descritos por Silva (1990).
5.2.2 Segundo estudo de caso
No segundo estudo, realizado em laboratório, avaliou-se a redução da acidez da
silagem de cana pela adição de cal. O estudo constou de seis doses de cal, com seis repetições
por tratamento. A cana-de-açúcar, variedade RB867515, foi despalhada a fogo, cortada
manualmente e passada em picadeira de forragem. As doses de cal empregadas foram: 0; 5,0;
10,0; 15,0; 20,0 e 25,0 kg por tonelada de cana picada. A cana misturada com cal foi
imediatamente transferida para garrafas plásticas de 2,0 litros, possuindo dreno no fundo,
compactadas até a densidade de 600 kg/m3 e pesadas, visando determinar as perdas por
efluentes e gases. Cavou-se no solo uma trincheira de 40 cm de profundidade por 15 cm de
largura e enterraram-se as garrafas contendo a silagem, que foram cobertas por plástico e,
posteriormente, por terra. Transcorridos 40 dias, a trincheira foi descoberta e a silagem do
terço médio das garrafas foi analisada quanto ao teor de matéria seca e pH, seguindo método
descrito por Silva (1990). A média, o erro padrão da média e significância foram calculados
segundo Martins (2001).
5.2.3 Terceiro estudo de caso
O terceiro estudo foi realizado em uma fazenda produtora de leite, no município de
Oratórios, microrregião de Ponte Nova, MG. Um silo de encosta foi dividido ao meio com
divisória de madeira e, em um lado ensilou-se cana sem cal e no outro, cana com cal, na
mesma dose definida no segundo estudo. A picagem da cana e a compactação do material
seguiram os procedimentos normalmente utilizados na propriedade. Sessenta dias após a
ensilagem, os silos foram abertos e as duas silagens foram utilizadas para a alimentação de
dois grupos de vacas leiteiras, sendo diariamente determinadas as quantidades de silagens
consumidas pelos dois grupos de animais. Este estudo teve duração de quinze dias.
5.2.4 Quarto estudo de caso
Em continuidade aos estudos anteriores, idealizou-se a melhoria do processo
fermentativo e o aumento do teor de proteína bruta pela inclusão de toda a biomassa da parte
aérea da soja (Glycine max (L.) Merril). Assim, no quarto e quinto estudos avaliaram-se a
qualidade da silagem de cana e soja, realizando-se testes em laboratório e em propriedade
produtora de leite. No quarto estudo, conduzido no laboratório, avaliou-se a inclusão de toda a
biomassa da parte aérea da soja à cana a ser ensilada, empregando-se, com base na matéria
natural, os tratamentos: 1) 100% cana; 2) 75% de cana + 25 % de soja; 3) 50% de cana + 50%
de soja; 4) 25% de cana + 75% de soja e, 5) 100% de soja. A variedade de soja encontrava-se
em início de senescência foliar e a cana estava com 14 meses de ciclo. A cana e a soja foram
cortadas manualmente rentes ao solo e passadas em picadeira de forragem. O material vegetal
de cada tratamento, depois de homogeneizado, foi imediatamente transferido para garrafas
plásticas de dois litros, possuindo drenos no fundo, compactados até a densidade de 600
kg/m3, vedados por sacos plásticos e enterradas no solo, para simular uma ensilagem,
conforme realizado no estudo três. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
casualizados com seis repetições por tratamento. Transcorridos 40 dias, a silagem do terço
médio das garrafas foi analisada quanto ao teor de matéria seca (MS), pH e proteína bruta
(PB), seguindo método descrito por Silva (1990). A média e o erro padrão da média foram
calculados segundo Martins (2001).
5.2.5 Quinto estudo de caso
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O quinto estudo, continuidade do quarto, foi conduzido em propriedade rural com o
objetivo de avaliar o consumo da silagem de cana e soja por vacas leiteiras. O estudo foi
realizado em propriedade produtora de leite, localizada na microrregião de Viçosa. A
variedade de soja também se encontrava em início de senescência foliar e a cana estava com
14 meses de ciclo. A cana foi ensilada com soja na proporção 75% de cana : 25% de toda a
biomassa da parte aérea da soja. Quarenta dias após a ensilagem, o silo foi aberto e avaliou-se
o consumo voluntário, ganho de peso, produção de leite e custo da alimentação de vacas
leiteiras. Dez dias antes da abertura do silo, separaram-se três vacas do rebanho, com
produtividades de 16; 13 e 11 kg de leite/dia. Nesta fase experimental esses animais
continuaram a receber a alimentação anteriormente fornecida: cana, enriquecida com uréia e
sulfato de amônio, e ração concentrada contendo 18% de proteína bruta, numa relação, em
matéria seca, de 60% de forragem e 40% de ração.
Realizaram-se pesagens diárias do leite produzido e do consumo voluntário de
forragem durante todo o período experimental. No primeiro e no décimo dia estimou-se o
peso dos animais pela medida do perímetro torácico. A partir do décimo primeiro dia os
animais passaram a receber silagem de cana com soja e tiveram o fornecimento de ração
concentrada reduzida em 35, 50 e 60%, respectivamente, para os animais de produção diária
de 16; 13 e 11 kg de leite. Amostras da silagem de cana e soja foram coletadas e analisadas
quanto ao teor de matéria seca, pH e proteína bruta (SILVA, 1990). No vigésimo dia estimou-
se novamente o peso dos animais por medida do perímetro torácico. Nas análises econômicas
adotaram-se os custos de produção citados por Oliveira et al. (2007), corrigidos pelo valor
médio dos últimos 24 meses, segundo preços divulgados pelo Instituto de Economia Agrícola
(IEA-SP, 2010).
5.3 Etapa C (Check): Verificação de resultados
Para a avaliação da qualidade nutricional da cana-de-açúcar (metas), verificou-se
através de análises que, sem aditivos, a ensilagem tem características muito ácidas. A adição
de cal à silagem diminuiu a acidez ao mínimo aceitável, porém a qualidade nutricional da
silagem ficou aquém do desejado. Entretanto, com a adição de 25% de soja à cana houve
grande melhoria da qualidade da silagem, redução dos custos de alimentação e ganho de peso
dos animais. Esta etapa encontra-se amplamente detalhada em resultados e discussão.
5.4 Etapa A (Act): Agir corretamente
A etapa A (Act) que corresponde ao fluxo 6 do ciclo PDCA da figura 1, é representada
através da escolha da melhor alternativa de aditivo. Conforme os estudos realizados, a adição
de soja à ensilagem de cana-de-açúcar, na proporção de 25% soja e 75% cana, apresentou
melhores resultados. Esta adição, além de melhorar a qualidade nutricional da silagem de cana
de açúcar, possibilitou também redução de custo na alimentação dos animais. Porém, levando-
se em consideração o alcance da melhoria contínua proposta pelo ciclo PDCA, sugere-se
continuidade nos estudos com estes e outros aditivos que possam contribuir ainda mais para a
qualidade nutricional da ensilagem de cana-de-açúcar.
Observando-se a tabela 1, verifica-se sucintamente como cada etapa do presente
trabalho foi associada ao ciclo PDCA.
PDCA Fluxo Etapa Aplicação
P 1 Definir as metas sobre os itens Propor melhoria da qualidade nutricional na ensilagem de
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de controle cana-de-açúcar.
2 Método para alcançar metas Uso de aditivos na ensilagem de cana-de-açúcar.
D
3 Educar e treinar segundo o
método
As pesquisas de campo foram acompanhadas por
produtores rurais com a orientação de profissionais da área
com amplo conhecimento técnico no assunto.
4 Realizar o trabalho e coletar
os dados
Foram realizadas coletas e testes para avaliar: 1.Teor de
proteína e acidez sem aditivo; 2.Teor de acidez pela adição
da cal; 3.Teor de acidez e de proteína com a adição da soja.
C 5
Verificar os resultados
- A silagem produzida sem aditivo possuiu baixa qualidade
nutricional.
- A adição de cal diminuiu a acidez da silagem, porém
continua com baixo teor protéico.
- A adição de soja melhorou a acidez e o teor de proteína.
Apresentou também redução no custo de produção desta
silagem e ganho de peso das vacas alimentadas.
A 6 Agir corretamente
Escolha da melhor alternativa “adição de soja à cana na
proporção, respectivamente, de 25% e 75%”, pois
apresentou melhor qualidade nutricional.
Fonte: Primária
Tabela 1 – Aplicação do ciclo PDCA no processo global do uso de aditivos na ensilagem da cana-de-açúcar
6. Resultados e Discussão
Os valores de pH da silagem de cana obtidos no primeiro estudo situaram-se entre
3,15 a 3,40, característicos de silagens muito ácidas (LIMA et al., 2003), que segundo Silva
(1990) uma silagem de boa qualidade deve ter o pH entre 3,8 a 4,5. Além dessa acidez, todas
as silagens analisadas tinham baixo teor proteico, inferior a 3,5% de proteína bruta e, para
dietas exclusivas de cana-de-açúcar, o teor de proteína bruta deveria situar-se entre 6,0 a 7,0 %
para assegurar boa digestão da forragem. A ensilagem da cana não melhora suas qualidades
nutricionais e o teor proteico da cana recém cortada tem variado entre 2,0 a 4,3% (OLIVEIRA
et al., 2007), dessa forma as perdas que normalmente ocorrem durante a ensilagem, contribuem
para que silagens exclusivas de cana tenham teor proteico ainda menor que o material original.
Constatada elevada acidez das silagens, implementaram-se os estudos de adição de cal à
cana visando melhorar a qualidade desta forragem. Para as silagens que receberam a cal em
quantidades iguais ou superiores a 10 kg por tonelada, ocorreu apodrecimento da massa
ensilada. Nestas silagens os valores médios do pH foram superiores a 4,5 e esta talvez seja
umas das causas da mineralização (apodrecimento) da massa ensilada. Devido a este fato, não
se procedeu a nenhuma análise destas silagens.
No tratamento em que se adicionou 5,0 kg de cal por tonelada de cana a ser ensilada
verificou-se, comparativamente à testemunha, redução na acidez e odor alcoólico. O pH da
silagem de cana com 0,5% de cal foi de 3,8 ± 0,05 (média ± erro padrão da média), enquanto
que o tratamento testemunha (sem adição de cal) apresentou pH de 3,3 ± 0,06. Assim, a
adição de 0,5% de cal à cana a ser ensilada diminuiu a acidez ao mínimo aceitável, conforme
definido por Silva (1990), que afirmou que as boas silagens tem pH situando-se entre 3,8 a
4,5.
A cana no momento da ensilagem apresentou teor de matéria seca (MS) de 31,76% ±
0,20 (média ± erro padrão da média), e nas silagens sem cal (testemunha) e com 0,5% de cal o
percentual de MS foi, respectivamente, de 22,94 ± 0,16 e 24,56 ± 0,21. Desta forma, e
estimando-se o percentual de perdas do processo produtivo da ensilagem, pelos teores iniciais
e finais de matéria seca, verifica-se que a ensilagem da cana com cal reduziu estas perdas em
aproximadamente 20%, comparativamente à silagem sem cal. A recuperação da matéria seca
10
no presente estudo foi de 72,1% para a silagem sem cal e de 77,4% para a silagem com 0,5%
de cal, diferença significativa a 5% de probabilidade pelo teste t. Citando trabalhos realizados
com adição de produtos químicos e microbianos em silagem de cana, Nussio et al. (2003)
relatam recuperação de 77% da matéria seca ensilada.
No terceiro estudo, conduzido em fazenda produtora de leite do município de
Oratórios, confirmou-se que a adição de cal à cana a ser ensilada diminuía a acidez da
silagem, mas que esta redução não influenciou no consumo voluntário da silagem, uma vez
que não houve diferença significativa, pelo teste t, entre o consumo de silagem de cana com
ou sem cal, que se situou próximo a 25 kg por vaca por dia. As outras limitações nutricionais
da silagem de cana, especialmente o baixo teor proteico e o elevado percentual de fibra de
baixa digestibilidade devem ter sido a causa desse resultado. Morais (2006), em trabalho
científico posterior ao terceiro estudo, confirmou os resultados deste ao concluir que não
havia evidências para se recomendar a adição de cal à cana-de-açúcar, pois somente o
incremento de ração concentrada melhorou o consumo de nutrientes e a digestibilidade da
cana-de-açúcar.
Os resultados do quarto estudo encontram-se na Tabela 2. Pela análise desta tabela
verifica-se que a inclusão de soja à cana ensilada melhorou a qualidade da silagem. Os valores
de pH da silagem contendo apenas cana, obtidos neste estudo, foram similares aos obtidos por
Lima et al. (2003), e que são característicos de silagens muito ácidas. Entretanto, a adição de
25% de soja à cana a ser ensilada elevou o pH para 3,7, atingindo desta forma o limite
mínimo de acidez de uma boa silagem, que segundo Silva (1990), deve situar-se entre 3,8 a
4,5. As silagens constituídas de mais de 25% de soja, mesmo tendo pH entre 3,8 a 4,2,
apresentavam-se com fraco odor de putrefação.
Silagem pH Matéria seca (%) Proteína Bruta (g/kg)
100 % cana 3,3 a 21,4 a 31,9 a
75 % cana + 25% soja 3,7 b 24,6 b 75,8 b
50 % cana + 50% soja 3,8 b 26,8 c 89,7 b
25 % cana + 75% soja 3,9 b 29,3 d 147,8 c
100 % soja 4,2 c 29,6 d 173,7 d
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade
Tabela 2 - Valores médios (média ± erro padrão da média) do pH, da matéria seca e da
proteína bruta de silagens constituídas de misturas de cana e soja
A inclusão de 25% de soja à cana a ser ensilada também aumentou o teor de proteína
bruta da mistura para 7,5% e elevou o teor de matéria seca para 24,6%. Molina et al. (1997)
relataram teores de matéria seca variando de 19,4 a 21,6%, mas valores maiores foram citados
por Lima et al. (2003). Assim, os resultados do quarto estudo mostram que adição da
biomassa da parte aérea da soja à cana, na proporção de 1:3, reduz a acidez da silagem e eleva
o teor de proteína bruta na forragem a valores satisfatórios, que além de diminuir as perdas de
matéria seca na ensilagem, proporciona maior qualidade do produto e melhoria contínua no
gerenciamento da qualidade do processo.
Nesse processo, são atribuídas à ensilagem de cana-de-açúcar melhorias em sua
composição a fim de torná-la mais eficiente ao fim a que se destina, adequando-se melhor a
alimentação do rebanho e garantindo, com isso, melhor desempenho na produção leiteira. O
que está diretamente ligado a noção de qualidade total sobre o processo de produção sugerida
por Paladini (2009) como uma consequência de qualidade como adequação ao uso,
11
procurando abranger um conjunto de características que atendam totalmente as necessidades
do produto ou serviço de quem o solicita ou requer.
Os resultados da silagem de 75% de cana e 25% de soja, do quinto estudo,
confirmaram as observações de laboratório: o pH da silagem foi de 3,8, com teor de matéria
seca da ordem de 24%. O custo do arraçoamento das vacas leiteiras e o consumo voluntário
de silagem de cana e soja encontram-se nas tabelas 3 e 4. Verificou-se consumo médio de 55
kg/vaca/dia e redução dos custos com alimentação em cerca de 10%. Essa redução deveu-se,
principalmente, à diminuição do fornecimento de ração concentrada. Durante o período em
que os animais receberam a silagem de cana com soja constatou-se, também, ganho médio de
peso, estimado pela medida do perímetro torácico, de 800 g/vaca/dia. A produção diária dos
três animais elevou-se de 40 kg de leite/dia para 42 kg/dia, contudo, esse aumento não foi
significativo a 5% de probabilidade.
Custo de produção de 1.000 kg de cana enriquecida com uréia e sulfato de amônio
Descrição do item R$
Custo de produção de 1.000 kg de cana, incluindo corte 22,20
Transporte e picagem de 1.000 kg de cana 9,00
9,0 kg de uréia e 1,0 kg de sulfato de amônio
20,00
Mão-de-obra para misturar a uréia e o sulfato de amônio a 1.000 kg de cana
3,00
Distribuição de 1.000 kg de cana no cocho 2,50
Total 59,22
Custo de produção de 1.000 kg de silagem de cana e soja
Custo de produção de 750 kg de cana, incluindo corte. 16,65
Produção e colheita de 250 kg de soja 7,62
Transporte e picagem de 750 kg de cana e 250 kg de soja 7,32
Compactação, com trator, da mistura cana e soja 3,00
Lona e mão-de-obra para cobertura da silagem 2,00
Mão-de-obra para distribuição da silagem no cocho 4,00
Sub-total 42,48
Valor depreciativo atribuído a 15% de perdas por descarboxilação e apodrecimento da
silagem
6,09
Total 46,68
Custo de produção de 1.000 kg de ração concentrada com 18% de proteína bruta
750.000 g de fubá
330,00
250.000 g de farelo de soja
210,00
Total 540,00
12
Fonte: Primária
Tabela 3 - Custo de produção de cana enriquecida com uréia e sulfato de amônio (Alimentação 1),
silagem de cana com soja (Alimentação 2) e de ração concentrada
A implementação da ensilagem de cana e soja poderá contribuir para maior
lucratividade da atividade leiteira, bem como aumentar a sustentabilidade do sistema, pois
tanto a cana quanto a soja serão produzidas na própria fazenda e, desta forma, o produtor
dependerá menos da compra de ração concentrada e uréia, que nos últimos três anos
apresentou grande oscilação nos preços, com elevada alta nos anos de 2008 e 2009. Em áreas
de reforma de canavial o semeio da soja, para ensilagem com cana, irá antecipar a colheita da
leguminosa, e desta forma, comparativamente à soja colhida para grãos, a disponibilidade de
tempo para o plantio da cana de ano e meio será maior. Os resultados obtidos nesses estudos
têm sido repassados aos produtores rurais em palestras e dias de campo (Figura 3).
1. Vaca com produção média de 16 kg de leite/dia
Alimentação 1 R$/dia Alimentação 2 R$/dia
35 kg de cana enriquecida com uréia 2,08 55 kg de silagem de cana e soja 2,70
5,1 kg de ração concentrada 2,75 3,3 kg de ração concentrada 1,78
Total 4,83 Total 4,48
2. Vaca com produção média de 13 kg de leite/dia
Alimentação 1 R$/dia Alimentação 2 R$/dia
35 kg de cana enriquecida com uréia 2,08 55 kg de silagem de cana e soja 2,70
3,7 kg de ração concentrada 2,00 1,9 kg de ração concentrada 1,03
Total 4,08 Total 3,73
3. Vaca com produção média de 11 kg de leite/dia
Alimentação 1 R$/dia Alimentação 2 R$/dia
35 kg de cana enriquecida com uréia 2,08 55 kg de silagem de cana e soja 2,70
2,9 kg de ração concentrada 1,57 1,1 kg de ração concentrada 0,60
Total 3,65 Total 3,30
Fonte: Primária
Tabela 4 - Custo comparativo do arraçoamento de vacas leiteiras alimentadas com cana enriquecida
com uréia e sulfato de amônio (Alimentação 1) ou silagem de cana com soja (Alimentação 2)
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Figura 3 – Vista panorâmica de uma lavoura de soja na fase de enchimento de grãos, ocasião em que se
realizou o dia de campo para divulgação dos resultados obtidos nos estudos de ensilagem de cana e soja
7. Conclusão
Com base em resultados desse estudo, conclui-se que:
A ensilagem da cana pode apresentar ganhos no gerenciamento da mão-de-obra, no
corte e tratos culturais, bem como contribuir para o aumento da produtividade da lavoura,
porém, o produto obtido é de baixa qualidade nutricional.
A ensilagem da cana com soja melhora a qualidade da silagem, aumenta o consumo
voluntário e reduz os custos da alimentação animal e, também, pode ser uma forma de uso
alternativo do excedente de cana não colhida durante a safra anterior.
Esta tecnologia, também, possibilita melhor gerenciamento da mão-de-obra para o
corte, picagem e tratos culturais do canavial, além de diminuir os custos com transporte.
Dessa forma, evidencia-se que a utilização da Engenharia de Produção em atividades
do agronegócio, com base em técnicas e modelos de engenharia, é fundamental para gerenciar
as funções, garantir o atendimento dos padrões da qualidade no processo, avaliar com
eficiência os resultados obtidos, bem como otimizar o uso dos recursos e propor melhorias em
todo o sistema produtivo. Assim, vale ressaltar que o uso de uma ferramenta de Gestão da
Qualidade foi fundamental para alinhar as atividades realizadas neste estudo, mostrando que o
ciclo PDCA através de uma metodologia de fácil aplicação, também, é uma importante
ferramenta que pode ser utilizada com sucesso no âmbito do agronegócio.
Agradecimentos: Os autores agradecem ao Christiano Nascif e ao Thiago Camacho Rodrigues, do Programa de
Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa-MG (PDPL-RV), pelo apoio nos trabalhos
conduzidos.
Referências
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14
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