Uso de dexametasona tópica isolada e associada ao ácido … · 2013. 11. 1. · Maria Valéria...
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BERNARDO FARIA RAMOS
Uso de dexametasona tópica isolada e associada ao
ácido hialurônico na preservação auditiva de
pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo para obtenção do título de
Doutor em Ciências
Programa de Otorrinolaringologia
Orientador: Prof. Dr. Rubens Vuono de Brito Neto
São Paulo
2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
©reprodução autorizada pelo autor
Ramos, Bernardo Faria Uso de dexametasona tópica isolada e associada ao ácido hialurônico na preservação auditiva de pacientes submetidos à cirurgia de implante coclear / Bernardo Faria Ramos. -- São Paulo, 2013.
Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Programa de Otorrinolaringologia.
Orientador: Rubens Vuono de Brito Neto. Descritores: 1.Implantes cocleares 2.Limiar auditivo 3.Perda auditiva
neurossensorial 4.Dexametasona 5.Ácido hialurônico
USP/FM/DBD-261/13
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Sergio e Rosangela, pelos exemplos
pessoais, profissionais, éticos e familiares admiráveis.
Principais responsáveis por todas minhas vitórias prévias e
que ainda estão por vir. Fonte de suporte, amor e dedicação,
fundamentais para minha formação e pela trajetória
percorrida.
À minha futura esposa e eterna companheira,
Helena, por seu carinho, amor, apoio, suporte e dedicação
em todos os momentos. Compartilhamos os momentos de
vitória e nos unimos nos momentos de dificuldades.
Ao meu amigo e irmão Henrique, por transferir suas
experiências adquiridas, sendo minha maior fonte de
aprendizado e inspiração desde o início da faculdade. Seu
companheirismo e atenção me acompanharam durante a vida
e foram fundamentais para minha formação pessoal e
profissional.
AGRADECIMENTOS
A Deus pelas bençãos sem fim.
Ao Prof. Dr. Rubens de Brito Neto, Professor Associado da Disciplina de
Otorrinolaringologia da FMUSP e orientador desta tese, pela orientação, apoio,
confiança e oportunidades proporcionadas durante a residência, preceptoria e pós-
graduação.
Ao Prof. Dr. Ricardo Ferreira Bento, Professor Titular da Disciplina de
Otorrinolaringologia da FMUSP, pela sua capacidade de liderança que contribuiu
para o crescimento desse centro de excelência e de nossa especialidade, pela
oportunidade e confiança para realização da minha residência médica e preceptoria
nessa Instituição.
Ao Prof. Dr. Luiz Ubirajara Sennes, Professor Associado e Coordenador do
Programa de Pós-Graduação da Disciplina de Otorrinolaringologia da FMUSP pelos
ensinamentos primordiais para minha formação profissional e pessoal. Exemplo
ímpar para os residentes dessa Instituição.
Ao Dr. Robinson Koji Tsuji, médico assistente do Hospital das Clínicas da
FMUSP, pelas ideias, sugestões e dedicação imprescindíveis ao início e execução
desta pesquisa. Seu apoio constante desde o início de minha residência será sempre
lembrado.
À Dra. Maria Valéria Goffi Gómez, fonoaudióloga do Grupo de Implante
Coclear do Hospital das Clínicas da FMUSP, pelas ideias, colaborações, entusiasmo
e apoio durante todo esse período. Sua boa vontade e otimismo tornam os objetivos
mais simples e atingíveis.
À Dra. Signe Schuster Grasel, médica assistente do Hospital das Clínicas da
FMUSP, pelo incentivo, ideias e sugestões durante essa jornada. Seu perfeccionismo
e dedicação são admiráveis e me inspiram constantemente.
Ao Prof. Dr. Edigar Resende de Almeida, pela oportunidade de compartilhar
de suas experiências profissionais e de vida e pela amizade. Sua presença enriquece e
alegra os momentos de todos à volta.
Às fonoaudiólogas do Grupo de Implante Coclear do Hospital das Clínicas da
FMUSP pela realização técnica dos exames audiológicos, sem os quais não seria
possível a execução desta pesquisa.
À Profa. Dra. Renata Cantisani di Francesco, Dra. Maria Valéria Goffi
Gómez e Dra. Signe Schuster Grasel, pelas orientações e críticas construtivas no
exame de qualificação.
Ao Dr. Rui Imamura, Dr. Fábio Pinna e Dr. Ronaldo Frizzarini, pelo
incentivo à pesquisa e contribuições nos fundamentos de metodologia e estatística,
responsáveis pelo enriquecimento dos trabalhos realizados nessa Instituição.
Ao Prof. Dr. Dalton Vassalo, Professor Titular da Disciplina de Fisiologia da
Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, Dra. Priscila
Rossi de Batista e Dra. Jonaína Fiorim pelas contribuições nos fundamentos e
cálculos estatísticos.
Ao Prof. Dr. Danilo Nagib Salomão Paulo, Professor Titular da Disciplina de
Fundamentos de Cirurgia da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de
Misericórdia de Vitória, com o qual iniciei meus primeiros projetos de iniciação
científica durante a faculdade.
Ao Prof. Marcelo Rouanet pela correção ortográfica do texto original.
Aos médicos assistentes do Hospital das Clínicas da FMUSP e Hospital
Universitário, pelos ensinamentos ao longo da minha formação nessa Instituição.
Aos residentes e pós-graduandos do Departamento de Otorrinolaringologia da
FMUSP, sobretudo àqueles que se tornaram grandes amigos, proporcionando
momentos inesquecíveis durante todo meu período de trabalho nessa Instituição.
A todos os médicos do Grupo da Otologia do Hospital das Clínicas da
FMUSP que de alguma forma tiveram participação na execução deste trabalho.
Ao Dr. Fernando Roberte Zanetti, amigo com o qual iniciei meus primeiros
projetos científicos durante a faculdade. Compartilhamos experiências que foram
fundamentais para a confecção deste trabalho.
Aos meus avôs Cid Ramos (in memoriam), Aldir Bastos Ramos (in
memoriam), Silvino Faria e Odete Zorzanelli Faria, pela criação de uma família
sólida e pela presença constante em cada momento da minha vida.
Às secretárias Maria Marileide Alves, Maria Márcia Alves, Lucivânia Lima
da Silva pelo carinho e atenção durante meu período de trabalho nessa Instituição.
Aos pacientes do Grupo de Implante Coclear, que nos estimulam a ser
melhores médicos e cirurgiões.
Esta tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento
desta publicação:
Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors
(Vancouver).
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e
Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.
Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F.
Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 3a
ed. São Paulo: Divisão de Biblioteca e Documentação; 2011.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in
Index Medicus.
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas Lista de símbolos Lista de siglas Lista de figuras Lista de gráficos Lista de tabelas Resumo Abstract 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
2 OBJETIVO .............................................................................................................. 4
3 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 6
3.1 Preservação auditiva ................................................................................... 7 3.2 Corticosteroides na cirurgia do implante coclear .................................. 17 3.3 Ácido hialurônico na cirurgia do implante coclear................................ 20
4 MÉTODOS ............................................................................................................ 23 4.1 Desenho do estudo ..................................................................................... 24 4.2 Local e população de estudo..................................................................... 24 4.3 Critérios de inclusão e exclusão ............................................................... 24
4.3.1 Critérios de inclusão........................................................................... 24 4.3.2 Critérios de exclusão.......................................................................... 25
4.4 Aspectos éticos da pesquisa ...................................................................... 25 4.5 Aleatorização ............................................................................................. 26 4.6 Coleta de dados.......................................................................................... 27 4.7 Procedimentos e técnica cirúrgica ........................................................... 28 4.8 Tamanho amostral e análise estatística................................................... 33
5 RESULTADOS...................................................................................................... 35
5.1 Características da amostra....................................................................... 36 5.2 Limiares tonais audiométricos ................................................................. 38
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 45
7 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 52
8 ANEXOS ................................................................................................................ 54
8.1 ANEXO 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido......................... 55 8.2 ANEXO 2 – Ficha de protocolo .................................................................. 58
9 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 59
APÊNDICE ............................................................................................................... 76
Carta de aprovação da Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa
LISTAS
ABREVIATURAS
AASI aparelho de amplificação sonora individual
C Celsius
dB decibel
DP desvio-padrão
et al e outros
HL hearing level
SPL sound pressure level
VEMP vestibular evoked myogenic potential
SÍMBOLOS
g grama
Hz hertz
kg quilograma
mg miligrama
mL mililitro
mm milímetro
p nível descritivo
º grau
> maior
® marca registrada
≤ menor ou igual
% por cento
SIGLAS
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
HC Hospital das Clínicas
MG Minas Gerais
FIGURAS
Figura 1 Fluxograma dos pacientes do estudo.................................................. 26
Figura 2 Implante Nucleus Freedom L24 composto por 1
receptor/estimulador, 2 eletrodos extracocleares (1 placa de
platina conectada ao receptor/estimulador e 1 eletrodo bola com
diâmetro de 1,5 mm) e 1 sistema de eletrodos intracocleares............ 28
Figura 3 Feixe de eletrodos intracocleares contendo 22 eletrodos ativos de
platina de meia banda distribuídos em 16 mm de extensão. .............. 29
Figura 4 Fáscia de músculo temporal envolvendo o feixe de eletrodos do
implante coclear. ................................................................................ 30
Figura 5 Ácido hialurônico (Provisc®) em seringa de vidro descartável
contendo 0,85 mL da substância acoplada a cânula romba calibre
27 com angulação de 45º.................................................................... 31
Figura 6 Aplicação de 1 gotícula de ácido hialurônico sobre a abertura da
membrana da janela redonda.............................................................. 32
Figura 7 Embebição do feixe de eletrodos com ácido hialurônico................... 32
GRÁFICOS
Gráfico 1 Distribuição da perda auditiva pelo período de aquisição da
linguagem entre os grupos. ................................................................ 37
Gráfico 2 Distribuição da perda auditiva segundo as causas entre os grupos.... 37
Gráfico 3 Distribuição das médias dos limiares tonais obtidos no pré-
operatório nas frequências baixas (125, 250 e 500 Hz) entre os
grupos estudados. ............................................................................... 38
Gráfico 4 Distribuição das médias dos limiares tonais obtidos no pré-
operatório nas frequências altas (1000, 2000 e 4000 Hz) entre os
grupos estudados. Verificou-se diferença entre os grupos 2 e 3
(p = 0,02)............................................................................................ 39
Gráfico 5 Distribuição das diferenças das médias dos limiares tonais nas
frequências baixas (125, 250 e 500 Hz) obtidos no pré-operatório
e no 6º mês de pós-operatório entre os grupos. Verificou-se
diferença estatisticamente significante entre o grupo 3
comparado aos grupos 1 e 2 (p = 0,002). ........................................... 40
Gráfico 6 Distribuição das diferenças das médias dos limiares tonais nas
frequências altas (1000, 2000 e 4000 Hz) obtidos no pré-
operatório e no 6º mês de pós-operatório entre os grupos.
Verificou-se diferença estatisticamente significante entre os
grupos 2 e 3 (p = 0,01). ...................................................................... 41
Gráfico 7 Distribuição da amostra segundo a diferença das médias dos
limiares audiométricos entre o pré-operatório e o 6º mês de pós-
operatório nos grupos estudados. ....................................................... 43
Gráfico 8 Distribuição das diferenças das médias dos limiares auditivos das
frequências de 125, 250 e 500 Hz analisadas separadamente entre
os grupos estudados. .......................................................................... 44
TABELAS
Tabela 1 Limiares nas frequências baixas (125, 250 e 500 Hz) obtidos no
pré-operatório e no pós-operatório com seus respectivos desvios-
padrão nos grupos estudados, assim como a diferença entre esses
limiares............................................................................................... 42
Tabela 2 Limiares nas frequências altas (1000, 2000 e 4000 Hz) obtidos
no pré-operatório e no pós-operatório com seus respectivos
desvios-padrão nos grupos estudados, assim como a diferença
entre esses limiares............................................................................. 42
RESUMO
Ramos BF. Uso de dexametasona tópica isolada e associada ao ácido hialurônico na preservação auditiva de pacientes submetidos à cirurgia do implante coclear [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2013.
INTRODUÇÃO: A introdução dos princípios da soft surgery desencadeou busca
constante pela preservação auditiva, principalmente após a expansão dos critérios de
inclusão para a cirurgia do implante coclear. Esses princípios cirúrgicos, associados a
novos modelos de eletrodos e ao uso de fármacos no intraoperatório, têm sido
utilizados a partir do melhor conhecimento da anatomia da orelha interna e da
repercussão dos mecanismos inflamatórios desencadeados pelo trauma de inserção
dos eletrodos. O objetivo deste estudo é avaliar o efeito de dexametasona tópica
isolada e associada ao ácido hialurônico no intraoperatório de pacientes com audição
residual submetidos ao implante coclear na preservação dos limiares tonais dos
mesmos. MÉTODO: Foram avaliados 18 pacientes adultos com surdez severa-
profunda submetidos à cirurgia de implante coclear divididos em 3 grupos: Implante
coclear como grupo-controle, grupo 1; implante coclear com uso de dexametasona
tópica no intraoperatório, grupo 2; e implante coclear com uso de dexametasona
tópica associada ao ácido hialurônico no intraoperatório, grupo 3. Foram comparadas
as médias dos limiares tonais nas frequências de 125, 250 e 500 Hz e nas frequências
de 1000, 2000 e 4000 Hz no pré-operatório e no pós-operatório. RESULTADOS: A
diferença entre as médias dos limiares tonais nas frequências baixas obtidas no 6º
mês de pós-operatório e no pré-operatório foi de 28,03 dB + 6,77 dB no grupo 1, 30
dB + 14,53 dB no grupo 2 e 7,23 dB + 6,12 dB no grupo 3. Houve diferença
estatisticamente significante dos valores do grupo 3 em relação ao grupo 1 e 2 (p =
0,002). A diferença entre as médias dos limiares tonais nas frequências altas obtidas
no 6º mês de pós-operatório e no pré-operatório foi de 11,12 dB (DP + 9,71 dB) no
grupo 1, 22,77 dB (DP + 12,79 dB) e 3,89 dB (DP + 3,1 dB). Houve diferença
estatística entre os grupos 2 e 3 (p = 0,01). CONCLUSÕES: A associação do uso
tópico de dexametasona e ácido hialurônico no intraoperatório de pacientes
submetidos à cirurgia do implante coclear foi significantemente superior ao grupo
controle e ao grupo no qual foi utilizado apenas a dexametasona tópica na
preservação dos limiares auditivos. Por outro lado, o uso isolado de dexametasona
tópica não demonstrou resultados superiores na preservação dos limiares acústicos
quando comparado ao grupo controle.
Descritores: Implantes cocleares; Limiar auditivo; Perda auditiva neurossensorial;
Dexametasona; Ácido Hialurônico.
ABSTRACT
Ramos BF. Hearing preservation using topical dexamethasone isolated and associated with hyaluronic acid in cochlear implantation [thesis]. São Paulo:
“Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2013.
INTRODUCTION: The expansion of candidacy criteria for cochlear implantation led
to a constant care for hearing preservation. The in-depth knowledge of the anatomy
and function of the inner ear as well as the inflammatory repercussion caused by the
insertion trauma led to the development of soft surgery principles, new electrode
designs and pharmacotherapy. The purpose of this study was to compare the effects
of topical dexamethasone isolated and associated with hyaluronic acid in hearing
preservation in cochlear implantation. METHOD: Eighteen severely to profoundly
hearing impaired adult patients were evaluated and divided into 3 groups: Cochlear
implantation as a control group in group 1, cochlear implantation using topical
dexamethasone intraoperatively in group 2 and cochlear implantation using topical
dexamethasone associated with hyaluronic acid intraoperatively in group 3.
Preimplant and postimplant low frequency and high frequency pure-tone average
(PTA) from 125, 250, 500 Hz and 1000, 2000, 4000 Hz were calculated and
compared from unaided audiograms. RESULTS: The mean changes in the low
frequency PTA of preoperative and postoperative thresholds were 28.03 dB + 6.77
dB in group 1, 30 dB + 14.53 dB in group 2 and 7.23 dB + 6.12 dB in group 3. There
was statistical difference comparing group 3 with group 1 and 2 (p = 0.002). The
mean changes in the high frequency PTA of preoperative and postoperative
thresholds were 11.12 dB + 9.71 dB in group 1, 22.77 dB + 12.79 dB e 3.89 dB + 3.1
dB. There was statistical difference between group 2 and 3 (p = 0.01).
CONCLUSIONS: The use of topical dexamethasone associated with hyaluronic acid
intraoperatively in cochlear implant surgery demonstrated a statistically significant
difference in the preservation of low frequency thresholds when compared with the
use of isolated topical dexamethasone and a control group. The use of isolated
topical dexamethasone was not superior in hearing preservation when compared to a
control group.
Descriptors: Cochlear implants; Auditory thresholds; Sensorineural hearing loss;
Dexamethasone; Hyaluronic acid.
1 INTRODUÇÃO
Introdução
2
Inicialmente a indicação de implante coclear limitava-se a pacientes com
surdez neurossensorial bilateral profunda (média dos limiares tonais maior ou igual a
90 dB HL) sem benefício com aparelho de amplificação sonora individual (AASI). A
partir da comprovação de melhor ganho apresentado por pacientes com audição
residual em uso de implante coclear em relação ao uso exclusivo do AASI 1–4, houve
extensão dos critérios de seleção para aqueles com perda auditiva neurossensorial
severa 5 (média dos limiares tonais de 71 a 90 dB HL), permitindo a implantação de
pacientes com resíduo auditivo significante.
Os bons resultados da estimulação eletroacústica de pacientes com restos
auditivos em frequências graves têm incentivado a busca constante da preservação
auditiva por melhor conhecimento da anatomia da orelha interna e da repercussão
dos mecanismos inflamatórios desencadeados pelo trauma de inserção dos eletrodos,
assim como pelo uso dos conceitos da soft surgery e de fármacos no intraoperatório
da cirurgia do implante coclear 6,7.
No início, a preservação dos restos auditivos não era uma preocupação na
cirurgia do implante coclear, mesmo porque os modelos de eletrodos disponíveis
naquele período resultavam em dano coclear extenso, causando perda irreversível
dos restos auditivos 8.
Juntamente com o advento de eletrodos e técnicas cirúrgicas menos
traumáticas, introduziram-se corticosteroides na cirurgia de implante coclear em
diversas vias de apresentação, já que seu efeito anti-inflamatório pode ser útil na
redução do trauma de inserção assim como da reação de corpo estranho do feixe de
Introdução
3
eletrodos implantado 9,10. Em relação à biossegurança, vários autores descreveram
ausência de aumento de risco de infecção coclear e meníngea 10 e de ototoxicidade
11,12 em estudos experimentais utilizando a dexametasona tópica.
O ácido hialurônico tem sido muito utilizado no contexto das cirurgias menos
traumáticas para facilitar a inserção através da lubrificação do feixe de eletrodos e
selar a orelha interna, mantendo-a aberta pelo menor tempo possível 13–17. De acordo
com a literatura, o ácido hialurônico não afeta negativamente os limiares
eletrofisiológicos 14 e não reduz a concentração de gânglio espiral de animais
experimentais submetidos à cirurgia de implante coclear 18. Ademais, vários estudos
não encontraram evidência de ototoxicidade por ácido hialurônico 14,16,19,20.
A porcentagem de preservação auditiva nos vários trabalhos realizados nos
últimos 15 anos varia de 33,3% a 100% 21–23. Porém, tal comparação é extremamente
complexa, já que os diferentes conceitos adotados de preservação auditiva, os
diversos tipos de técnicas cirúrgicas e eletrodos utilizados, a ausência de grupo-
controle e o uso ou não de substâncias, como ácido hialurônico e corticosteroides,
dificultam avaliação comparativa adequada dos estudos.
O real efeito das substâncias referidas pode ser subestimado ou
superestimado, já que seu uso foi pouco estudado em seres humanos na presença de
grupo-controle adequado. Além disso, a biossegurança dos corticoides e do ácido
hialurônico já está bem estabelecida, o que não impediria seu uso rotineiro em
cirurgias de implante coclear se o efeito na preservação da audição vier a ser
positivo.
2 OBJETIVO
Objetivo
5
Avaliar o efeito do uso de dexametasona tópica isolada e associada ao ácido
hialurônico no intraoperatório de pacientes com audição residual submetidos ao
implante coclear na preservação dos limiares tonais dos mesmos.
3 REVISÃO DE LITERATURA
Revisão da Literatura
7
3.1 PRESERVAÇÃOAUDITIVA
Inicialmente os candidatos a implante coclear eram apenas os pacientes com
surdez neurossensorial profunda bilateral sem benefício com AASI. Com o avanço
tecnológico nos últimos 20 anos, sobretudo na estimulação e no processamento de
sinais, os resultados do implante coclear sobrepujaram as próteses auditivas em
pacientes com surdez neurossensorial severa 24,25. Assim, muitos pacientes com
resíduos auditivos foram incluídos nos critérios de indicação para implante coclear.
No início a preservação dos restos auditivos não era uma preocupação na
cirurgia do implante coclear, mesmo porque os modelos de eletrodos disponíveis
naquele período resultavam em dano coclear extenso, causando perda irreversível
dos restos auditivos 8. Maiores restos auditivos e menor período de surdez foram
sugeridos como preditores de melhores resultados no reconhecimento de fala no pós-
operatório de implante coclear 26,27.
Nas condições atuais, frequentemente a preservação auditiva é fundamental
no sucesso cirúrgico, principalmente com o advento dos implantes híbridos. Assim,
nos últimos anos surgiram novos conceitos cirúrgicos, embasados nos princípios da
soft surgery, descrita primeiramente por Lehnhardt 6 em 1993, com modificações
subsequentes por vários outros autores 7,28-30. Igualmente, novos eletrodos têm sido
utilizados em conformação menos traumática e com comprimento menor dos
eletrodos nos casos de estimulação eletroacústica 31,32.
Revisão da Literatura
8
Esse novo paradigma possibilitou o surgimento dos implantes híbridos, nos
quais os pacientes são submetidos a estímulos elétricos e acústicos combinados na
mesma orelha 32,33, obtendo melhores índices de reconhecimento de fala em relação
apenas a amplificação sonora 7,33-35.
Mas isso só é possível com preservação dos restos auditivos pré-operatórios
nas frequências baixas. Portanto, os eletrodos utilizados, além de menos traumáticos,
são também mais curtos, demonstrando maior incidência de preservação auditiva
comparada com os eletrodos convencionais 29,32,35-37. O menor comprimento evita
que o trauma de inserção afete diretamente as estruturas do ápice coclear.
Os comprimentos dos eletrodos híbridos geralmente variam de 8 a 16 mm.
Dentre eles, o Implante Nucleus Freedom Híbrido L24 é o mais comprido, com 16
mm e 22 eletrodos, permitindo inserção de 250º a partir da espira basal da cóclea.
Essas dimensões ainda permitem preservação da porção apical coclear, porém se
houver insucesso nesse aspecto, pode ser utilizado apenas com estimulação elétrica
38. Alguns autores ainda sugerem que eletrodos curtos com inserções menos
profundas não apresentam desvantagem em relação aos resultados auditivos, mesmo
se não houver preservação dos resíduos, em comparação com os eletrodos
convencionais com inserção completa 28,39.
Gstoettner et al. 39 referem que pacientes com preservação dos resíduos
auditivos utilizando apenas implante coclear híbrido sem prótese auditiva tiveram
desempenho auditivo melhor que pacientes implantados com inserção completa e
sem resíduos auditivos, reafirmando a preservação auditiva como um indicador de
bons resultados auditivos em médio e longo prazo.
Revisão da Literatura
9
Estudos histológicos demonstraram que gatos submetidos à estimulação
elétrica a partir do eletrodo inserido na cóclea apresentaram maior sobrevida de
neurônios de gânglios espirais estatisticamente significante comparados com grupo-
controle, sobretudo em regiões próximas à superfície do eletrodo 40. Isso sugere,
embora não comprovado em seres humanos, que o implante coclear em pacientes que
mantiveram os resíduos auditivos pode ser importante para preservação dos
neurônios de gânglios espirais no longo prazo.
D´Elia et al. 41 analisaram os limiares tonais em um grupo de 21 pacientes
durante 12 meses após cirurgia de implante coclear, obtendo sucesso na preservação
dos resíduos de 8 deles. A partir de comparações desses pacientes com aqueles que
não tiveram seus limiares tonais preservados, os autores sugerem a tentativa de
preservação auditiva em todos os casos de implante coclear. Apesar de não
encontrarem diferenças estatisticamente significantes nos testes de discriminação de
fala entre os dois grupos, os autores mostraram área dinâmica para estimulação
elétrica mais ampla assim como maior nível de sensação de intensidade máxima nos
pacientes que tiveram seus resíduos preservados. Esses resultados indicam
manutenção da integridade coclear, possibilitando estimulação elétrica mais
complexa do nervo auditivo.
Igualmente, alguns autores sugerem que a preservação dos resíduos auditivos
é o marcador clínico mais útil da manutenção do potencial endococlear e da ausência
de trauma intracoclear significativo 42.
A conservação dos restos auditivos, sobretudo no ápice da cóclea, corrobora
com a possibilidade do uso de tecnologias futuras, principalmente em relação à
terapia genética e às células tronco 38,43. Isso se torna mais importante no contexto
Revisão da Literatura
10
atual, com a implantação de crianças cada vez menores, sobretudo nos casos
bilaterais. Ademais, crianças e adultos jovens podem necessitar de reoperação por
alguma falha do dispositivo. A redução do trauma coclear seguida de diminuição de
fibrose favorece a reinserção do feixe de eletrodos e a aquisição de melhores
resultados 44.
Estudos também sugerem que a realização de cirurgias menos traumáticas
não só beneficia a função auditiva, mas também a vestibular. Usami et al. 45
demonstraram maior preservação das respostas ao VEMP e à prova calórica em
comparação com a orelha contralateral do implante coclear.
A porcentagem de preservação auditiva nos vários trabalhos realizados nos
últimos 15 anos varia entre 33,3% e 100% 21-23. Contudo, tal comparação é
extremamente complexa, já que os diferentes conceitos de preservação auditiva, a
diferenciação entre preservação total e parcial, os diversos tipos de técnicas
cirúrgicas e eletrodos utilizados, os variados períodos de seguimento pós-operatório,
o uso ou não de substâncias, como ácido hialurônico, antibióticos e corticosteroides
tópicos, afora ausência de grupo-controle, dificultam avaliação correta dos estudos.
Uma das classificações criada e mais utilizada foi proposta por James et al. 7
e adaptada por Garcia-Ibanez et al. 46, que classificam a preservação pela diferença
dos limiares audiométricos testados no pós-operatório em relação ao pré-operatório
da seguinte maneira: ≤ 10 dB (perda auditiva clinicamente insignificante/preservação
completa/padrão ouro), 11-20 dB (perda auditiva clinicamente significante/
preservação moderada), 21-40 dB (perda auditiva clinicamente significante/
preservação marginal) e > 40 dB ou limiares audiométricos não detectáveis (ausência
de preservação).
Revisão da Literatura
11
Muitos estudos comparam os limiares pré-operatórios com os obtidos até 6
meses após o implante, já que as perdas auditivas decorrentes do trauma ocorrem até
esse período. Gstoettner et al. 39 não encontraram variações dos limiares comparando
3 meses e 1 ano de seguimento. Fraysse et al. 47 referiram piora nos limiares em 4
casos, tendo 2 ocorrido entre 2 e 4 meses e os outros entre 4 e 6 meses. Já James et
al. 7 observaram estabilidade dos limiares acústicos entre 2 e 7 meses, relatando
apenas 1 caso de piora entre 1 e 2 meses.
A literatura refere possibilidade de preservação auditiva nas mais variadas
apresentações, incluindo eletrodos curtos e longos, retos e perimodiolares, com
estimulação elétrica e eletroacústica, e com a filosofia da soft surgery ou não. Muitas
vezes, a presença de limiar detectável em pelo menos 1 frequência é suficiente para
ser classificada como audição preservada.
Em relação aos implantes perimodiolares longos, Fraysse et al. 47 e Garcia-
Ibanez et al. 46, com a utilização de princípios da soft surgery, alcançaram índices de
preservação respectivamente de 75% e de 71 a 86%. Porém, Fraysse et al. 47, no
mesmo artigo, e Parkinson et al. 48, sem a utilização desses princípios cirúrgicos,
apresentaram 33% e 48% de resíduos preservados respectivamente. Comprovando-se
a influência positiva de tal filosofia cirúrgica na melhora do índice de preservação
auditiva dos pacientes.
Nos pacientes nos quais foram utilizados eletrodos menos traumáticos, retos e
com profundidade de inserção menor (até 16 mm), por outro lado, foram relatados
índices de preservação de 91 a 100 % 29,32,35-37.
Revisão da Literatura
12
Kiefer et al. 28 estudaram 14 pacientes implantados com o Med-EL COMBI-
40 +, utilizando triancinolona e ácido hialurônico no intraoperatório com seguimento
de pelo menos 3 meses. Desses pacientes, 9 tiveram variação do limiar de 0-10 dB,
enquanto 3 apresentaram piora de 11-20 dB e 2 evoluíram para ausência de limiares
audiométricos detectáveis. A mediana dos limiares tonais mostrou piora de 10, 15 e
17,5 dB no pós-operatório nas frequências de 125, 250 e 500 Hz.
James et al. 7 analisaram 12 pacientes implantados com o Nucleus Contour
Advance utilizando ácido hialurônico no intraoperatório, obtendo piora dos limiares
de 23,27 e 33 dB nas frequências de 125, 250 e 500 Hz no 1º mês de pós-operatório.
Erixon et al. 43, em série de 21 casos operados consecutivamente, com
inserção de eletrodos da Med-EL FLEX pela janela redonda e administração de
triancinolona tópica no intraoperatório, seguiram os pacientes por até 13 meses. As
médias dos limiares tonais aferidas no 1º, 7º ou 13º mês de pós-operatório nas
frequências de 125, 250 e 500 Hz foram respectivamente de 14 dB, 13 dB e 16 dB
sem diferença estatística entre as mesmas.
Di Nardo et al. 49 estudaram 40 pacientes submetidos à cirurgia de implante
coclear com diversos tipos de eletrodos, dos quais 14 (35%) não demonstraram
variação dos limiares pós-operatórios enquanto 18 (45%) apresentaram piora dos
limiares e 8 (20%) evoluíram para perda total dos resíduos auditivos. A média do
aumento dos limiares foi de 11,12 e 13 dB nas frequências de 125, 250 e 500 Hz
respectivamente.
Derinsu et al. 50 adotaram o conceito de preservação total para diferenças de
limiares pré e pós-operatórios menores que 15 dB, obtendo sucesso em 27 (87%)
Revisão da Literatura
13
pacientes dos 31 operados utilizando os implantes Med-EL Pulsar ou Nucleus
Freedom associado ao ácido hialurônico no intraoperatório. A variação da média dos
limiares do pós-operatório em relação ao pré-operatório foi de 18,97 dB em 250 Hz e
15,22 dB em 500 Hz.
Bruce et al. 42 relataram 3 casos de pacientes com melhora do limiar acústico
no pós-operatório em análise de 14 orelhas implantadas com Med-EL Flex. Isso pode
ser decorrente da reversão de um componente condutivo pré-existente na escala
timpânica, possivelmente resultante de rigidez da membrana basilar 51.
O desempenho do implante coclear reflete diretamente o número de células
do gânglio espiral sem degeneração após o trauma de inserção 52. Estudos prévios
demonstraram diminuição da contagem dessas células em ossos temporais
implantados 53, sugerindo magnitude do trauma de inserção significantemente
correlacionada aos limiares auditivos pós-operatórios 54. Portanto, apontam a
preservação auditiva como bom indicador da gravidade do trauma de inserção 54.
O trauma da orelha interna na cirurgia do implante coclear limita-se
principalmente ao momento da cocleostomia ou abertura da membrana da janela
redonda e à inserção do feixe de eletrodos.
O brocamento da região do promontório na cocleostomia gera ruídos de
intensidade de 114 a 128 dB SPL, podendo até causar perda auditiva induzida pelo
ruído 55. Estudos apontam que o tempo de brocamento é menor quando o acesso ao
espaço perilinfático ocorre via janela redonda comparando com a cocleostomia,
sugerindo redução da perda auditiva induzida pelo ruídos nesse tipo de procedimento
45.
Revisão da Literatura
14
Afora trauma acústico, a abertura da orelha interna, por qualquer via,
ocasiona extravasamento de perilinfa, possibilitando a contaminação do espaço
perilinfático por soro fisiológico utilizado na cirurgia e pó de osso. Isso pode
favorecer processo inflamatório, fibrose tecidual e neoformação óssea no labirinto 52.
A fibrose tecidual ocorre principalmente na base da cóclea e ao redor do feixe
de eletrodos 56–58, podendo alterar a vibração da membrana basilar e
consequentemente prejudicar a estimulação acústica dos restos auditivos de
frequências baixas 59, Por outro lado, o tecido fibroso pela alteração da anatomia
local pode interferir em eventual reimplantação necessária 60.
Adunka et al. 61 em 2004 relataram que não há desvantagem em relação ao
trauma intracoclear da via de acesso pela janela redonda em comparação com a
cocleostomia; em outro artigo, publicado 62 em 2006 com outros coautores, referiram
o acesso pela janela redonda como o de escolha em cirurgias para preservar a
audição. Ademais, estudos sugerem que a cocleostomia também aumenta a
neoformação óssea 63, que pode se limitar à base da cóclea, mas também se estender
por toda a região ocupada pelo feixe de eletrodos até o ápice 64.
Estudos histológicos de ossos temporais humanos implantados exibiram
vários níveis de lesão do ligamento espiral, membrana basilar e lamina espiral óssea,
ocasionadas pelo trauma de inserção e pela cocleostomia 61,65-71.
A perda auditiva pelo trauma de inserção inclui componente agudo,
representado pelo efeito direito da passagem do feixe de eletrodos pelas estruturas
cocleares, e componente tardio que pode piorar os limiares auditivos nos dias
Revisão da Literatura
15
subsequentes ao trauma, resultado da ativação da cascata inflamatória e de
mecanismos apoptóticos 72.
A visualização adequada e o posicionamento do feixe de eletrodos na escala
timpânica diminuem a possibilidade de lesão da membrana basilar e da lamina
espiral óssea e evita a inserção pela escala média ou vestibular 66, minimizando a
toxicidade da perilinfa sobre as células ciliadas 52.
A partir do melhor entendimento da anatomia e fisiologia da orelha interna,
assim como das consequências do trauma da cirurgia do implante coclear, principiou
a mentalidade da cirurgia menos traumática, mais conhecida como soft surgery,
introduzida por Lehnhardt 6 em 1993, na qual a preservação auditiva é essencial.
Inicialmente o protocolo original baseava-se em experiência cirúrgica
individual, bom senso e conhecimentos anatomofisiológicos. Com o passar dos anos,
a experiência de outras equipes cirúrgicas, os experimentos em animais e os estudos
prospectivos proporcionaram conhecimento suficiente para o manejo das
repercussões cocleares ao trauma cirúrgico e para o melhor entendimento do efeito
da técnica cirúrgica nos resultados auditivos dos pacientes 73.
Alguns princípios regem essa cirurgia, muitos dos quais também úteis em
outras cirurgias otológicas. Esses princípios são:
Evitar brocamento excessivo muito próximo à cadeia ossicular e
cóclea para diminuir o trauma acústico 73;
Independentemente da via de acesso (cocleostomia ou janela
redonda), a mesma deve permitir adequada visualização e
posicionamento do feixe de eletrodos na escala timpânica com
Revisão da Literatura
16
mínimo de pressão possível, evitando lesão de estruturas
endococleares 66;
Abrir o endósteo coclear apenas quando todos os passos cirúrgicos
precedentes já estiverem prontos, mantendo a orelha interna exposta
pelo menor tempo possível 13;
Prevenir entrada de sangue e sobretudo de pó de osso na escala
timpânica, já que o mesmo age como corpo estranho, predispondo
neoformação óssea e tecido fibroso 73,74;
Evitar aspiração intracoclear, devido ao efeito da pressão negativa na
lesão da membrana basilar, lâmina espiral óssea e escala média, assim
como perda de endolinfa 13;
Utilizar eletrodos retos e flexíveis, ao contrário dos perimodiolares
que aumentam a incidência de lesão da membrana basilar 65;
Utilizar ácido hialurônico sobre a abertura do endósteo coclear e
embeber o feixe de eletrodos, para aumentar a imagem, facilitar a
inserção e selar a orelha interna 14-17;
Utilizar corticosteroides tópicos ou sistêmicos para minimizar o
processo inflamatório mediado pelo trauma cirúrgico 10,75-77.
Outras alternativas citadas na literatura se referem à utilização de solução
anti-séptica e antibiótico tópico antes da abertura da orelha interna para prevenir
possível infecção proveniente da orelha média 28 e ao uso de irrigação com solução a
34º C, já que a hipotermia reduziu a perda auditiva causada pelo trauma da
implantação em ratos 78.
Revisão da Literatura
17
3.2 CORTICOSTEROIDESNACIRURGIADOIMPLANTECOCLEAR
A corticoterapia tem sido amplamente utilizada nas afecções de orelha
interna, já que se mostrou efetiva na redução do dano coclear e da perda auditiva
induzida pelo ruído 79,80, na melhora da recuperação da audição após trauma acústico
81,82, em casos de zumbido e doença de meniere de difícil controle 83-85 e sobretudo
no tratamento da surdez súbita sensorioneural idiopática 86-88.
O potente efeito anti-inflamatório dessa substância já é bem descrito e age na
transcrição de genes responsáveis pelo metabolismo dos carboidratos 89, na inibição
de efeitos apoptóticos 90, na regulação do balanço iônico na estria vascular 91, no
bloqueio da transcrição de moléculas pró-inflamatórias, no recrutamento de fatores
anti-inflamatórios, na inibição da migração e adesão leucocitária 92,93 e da função
fagocitária 94, na redução do edema e cicatrização pós traumática, assim como da
neovascularização 95.
Vários receptores de corticosteroides já foram identificados nos tecidos
cocleares e esse é o motivo de seu sucesso no tratamento de doenças da orelha
interna 87,88,96-98.
A proteção coclear pela corticoterapia provavelmente decorre da redução da
resposta inflamatória mediada pelo trauma da inserção dos eletrodos do implante
coclear 9 e, conforme sugerido por estudos experimentais, devido à diminuição do
estresse oxidativo e apoptose das células ciliadas 76, do distúrbio da homeostase dos
líquidos endococleares 99,100, da fibrose, osteoneogênese e reação de corpo estranho
local 10,75,101.
Revisão da Literatura
18
Estudos experimentais sugerem que um dos principais determinantes para
proteção coclear seria a concentração perilinfática da droga utilizada 77. O uso
sistêmico dos corticoides para orelha interna depende da permeabilidade da barreira
hemato-perilinfática 102, requerendo assim, altas doses para obter níveis terapêuticos
103. Ademais, os efeitos colaterais dessa via de administração são bem conhecidos na
literatura, como hipertensão, úlcera péptica, osteoporose dentre outros 87.
Por outro lado, a aplicação tópica permite maiores concentrações perilinfática
e endolinfática com a utilização de doses significativamente menores 11,102.
Chandrasekhar et al. 104 atribuíram esse fato à semipermeabilidade natural da
membrana da janela redonda, ao baixo peso molecular e à alta lipossolubilidade
apresentada por alguns corticoides, sobretudo a dexametasona.
Ademais, acredita-se que a penetração de substâncias por aplicação tópica na
orelha média não ocorra apenas por difusão passiva pela janela redonda, mas também
via circulação sanguínea local e transóssea 105,106.
Diversas outras formas de uso tópico dos corticosteroides já foram utilizadas,
a partir de microbombas de infusão 107–109 e microcateteres 110,111, injeção no interior
da janela redonda 112, embebição de esponjas poliméricas hemostáticas colocadas
sobre a janela redonda 10,113,114 e implantes cocleares com eletrodos modificados que
liberam medicações diretamente na cóclea 115–117.
Os métodos de injeção de corticoides no interior da janela redonda, incluindo
o uso de microcateteres ou microbombas de infusão, podem causar trauma
indesejável pelo aumento da pressão hidráulica gerada na aplicação, já que modelos
que controlam rigorosamente a pressão nos líquidos endococleares são tecnicamente
Revisão da Literatura
19
viáveis principalmente em nível experimental e pouco reprodutíveis na prática
clínica 77. Podem também aumentar o risco de infecção coclear e de formação de
tecido de granulação na orelha média e janela redonda 110,118.
A embebição de esponjas poliméricas hemostáticas permite liberação mais
prolongada da medicação em estudo 77, porém algumas, disponíveis rotineiramente
no País, podem predispor a formação de granuloma de reparação em cirurgias de
orelha média 119.
Igualmente, os implantes cocleares com eletrodos modificados ainda
necessitam de estudos adicionais em seres humanos, já que também podem aumentar
o risco de infecção e de piora do funcionamento do aparelho 120.
Entretanto, a distribuição dos corticoides por todas regiões cocleares a partir
do uso tópico na orelha média, ainda não está bem estabelecida, já que grande parte
dos estudos é experimental 11,105,121. Assim, as maiores dimensões cocleares dos seres
humanos em relação aos animais utilizados nas pesquisas podem interferir em todo
esse complexo mecanismo ainda pouco esclarecido 77. Portanto, a literatura apontou
que o maior tempo de exposição aos tecidos cocleares pode acarretar melhores
resultados com a medicação estudada 77.
O tempo ideal para o efeito máximo dos corticoides em toda topografia
coclear, definido por estudos experimentais em cobaias, varia de 1 a 2 horas, o que
de certa forma seria inviável, já que esse é o período utilizado para todo o
procedimento cirúrgico 77.
Contudo, Rajan et al. 122 demonstraram maior preservação auditiva com
metilprednisolona de depósito intratimpânico logo após a intubação dos pacientes
Revisão da Literatura
20
comparando com grupo-controle histórico. O grupo da intervenção foi formado
prospectivamente por 13 pacientes submetidos à colocação de eletrodos da Med-EL
Flex, enquanto o grupo-controle foi constituído por 12 pacientes com o mesmo
eletrodo, porém analisados retrospectivamente.
Também, James et al. 10 relataram ausência de reação de corpo estranho em
análise histológica de estudos experimentais com dose única de dexametasona na
orelha média 30 minutos antes da inserção do feixe de eletrodos. Ademais, De
Ceulaer et al. 123 demonstraram diminuição significante das impedâncias nos
eletrodos com dose única de corticoide no intraoperatório de cirurgia de implante
coclear.
Analisando os diversos tipos de corticoides disponíveis, hidrocortisona,
metilprednisolona e dexametasona produziram os melhores efeitos nas doenças de
orelha interna 102. Ademais, a permeabilidade dos mesmos através da janela redonda
também já foi demonstrada por diversos autores em estudos experimentais 102,124.
Muitos estudos adotaram a dexametasona, já que seus efeitos anti-
inflamatórios estão bem estabelecidos na literatura, e receptores específicos foram
identificados no tecido coclear 10,75,77,87,88,125.
3.3 ÁCIDOHIALURÔNICONACIRURGIADOIMPLANTECOCLEAR
O ácido hialurônico é um polissacarídeo viscoelástico de alto peso molecular
distribuído pelo tecido conectivo da matriz extracelular, humor vítreo ocular e
líquido sinovial das articulações corporais 6,18,126. Age por efeito osmótico na
Revisão da Literatura
21
retenção de água, formando uma camada de gel viscoso e distendendo o tecido
conectivo 127.
É utilizado em larga escala desde a década de 70 em cirurgias de catarata para
manter o volume da cápsula anterior e proteger o endotélio da córnea, já que é
substância biocompatível, viscoelástica e citoprotetora 6,14.
Laszig et al. 15 referem uso rotineiro em mais de 500 cirurgias de implante
coclear, por proporcionar inserção menos traumática dos eletrodos na escala
timpânica, prevenindo a contaminação da perilinfa por sangue, pó de osso e solução
salina utilizada no ato cirúrgico. Facilita também a inserção do feixe de eletrodos,
protegendo a camada fibrosa que envolve a escala timpânica e o ligamento espiral.16
Igualmente, alguns autores relataram que o uso do ácido hialurônico permitiu
inserção mais profunda dos eletrodos, assim como menor força de inserção em
estudos experimentais comparados com grupo-controle 14,17.
O uso do ácido hialurônico descrito na literatura inclui a embebição do feixe
de eletrodos e uma gotícula sobre a cocleostomia, por onde o feixe de eletrodos é
inserido. Notou-se, ainda, que tal gotícula aumentou a imagem, agindo como lente e
facilitando a inserção dos eletrodos na escala timpânica 15.
Todavia, alguns autores mostraram que o ácido hialurônico não apenas
reduzia o trauma de inserção, mas também exercia efeito anti-inflamatório, já que
reduziu neoformação óssea, fibrose e adesão fibroblástica em estudos experimentais
127,128.
Ademais, estudos em seres humanos para preservação auditiva referiram uso
de ácido hialurônico com sucesso na manutenção dos limiares 28,46,129. Contudo, esses
Revisão da Literatura
22
estudos relatam protocolo de preservação auditiva com ênfase nos princípios da soft
surgery, dificultando a avaliação do efeito individual da substância referida.
Chandrasekhar et al. 104 referiram que a aplicação intratimpânica simultânea
de dexametasona e ácido hialurônico resultaram em níveis perilinfáticos 20%
maiores do esteroide comparado com seu uso isolado, porém sem significância
estatística nesse trabalho. Contudo, o mesmo autor não encontrou diminuição da
quantidade de ácido hialurônico 1 hora após o uso, nem outros autores, que
reportaram tempo médio de eliminação dessa substância da orelha média de 1 a 5
dias 130. Esses dados sugerem o aumento da duração da exposição da membrana da
janela redonda à dexametasona e consequentemente maiores níveis perilinfáticos
adquiridos. Esses resultados corroboraram com os observados por Selivanova et al.
126, na melhora da audição com dexametasona e ácido hialurônico intratimpânico de
pacientes com doença de Meniere refratária a terapia convencional.
Além disso, Peeters et al. 131 demonstraram redução de 50 % da impedância
dos eletrodos de implante coclear após uso de ácido hialurônico associado com
corticoterapia no feixe de eletrodos.
4 MÉTODOS
Métodos
24
4.1 DESENHODOESTUDO
Foi realizado um ensaio clínico aleatorizado.
4.2 LOCALEPOPULAÇÃODEESTUDO
Foram avaliados pacientes do Ambulatório de Implante Coclear do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP)
de setembro de 2011 a dezembro de 2012.
4.3 CRITÉRIOSDEINCLUSÃOEEXCLUSÃO
4.3.1 CRITÉRIOSDEINCLUSÃO
Pacientes adultos (maiores de 18 anos) com surdez neurossensorial
severa-profunda bilateral com indicação de implante coclear segundo os
critérios adotados pelo Grupo de Implante Coclear do HC-FMUSP 132. O
principal critério de seleção audiológico adotado para adultos com surdez
pós-lingual foi presença de 40 % ou menos de reconhecimento de
sentenças com uso de aparelho auditivo, sem leitura orofacial, em
apresentação aberta.
Presença de limiar na orelha a ser operada melhor ou igual a 80 dB na
frequência de 125 Hz, 90 dB na frequência de 250 Hz, 100 dB nas
Métodos
25
frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz em pelo menos 3 dessas
frequências consecutivas ou não.
4.3.2 CRITÉRIOSDEEXCLUSÃO
Pacientes menores de 18 anos
Pacientes com suspeita de malformação ou ossificação coclear nos
exames de imagem pré-operatórios
Pacientes que não forem submetidos à colocação do feixe de eletrodos
através da janela redonda
Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor
Otite média crônica
Doenças neurológicas
4.4 ASPECTOSÉTICOSDAPESQUISA
Os pacientes foram incluídos no estudo após assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1) e explicação do procedimento e seus
objetivos pelo pesquisador. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
do HC-FMUSP, sob o número 0297/11 (Apêndice). O registro do protocolo clínico
foi feito no site www.clinicaltrials.gov com o número NCT01588925.
Métodos
26
4.5 ALEATORIZAÇÃO
Foi realizado um estudo aleatorizado com alocação cega. Os pacientes foram
enumerados por ordem de indicação da cirurgia do implante coclear. A aleatorização
foi gerada por software (www.randomization.com) em 3 grupos (Figura 1):
Figura 1 - Fluxograma dos pacientes do estudo
Indicação da cirurgia do implante coclear (n=18)
Aleatorização
Excluídos (n=0)
Grupo 1 (n=6)
Cirurgia de implante coclear
Grupo 3 (n=6)
Cirurgia de implante coclear
com uso de dexametasona e ácido hialurônico no intraoperatório
Grupo 2 (n=6)
Cirurgia de implante coclear com uso de dexametasona no
intraoperatório
Métodos
27
Os pacientes foram submetidos no pré-operatório à completa avaliação
audiológica, incluindo anamnese criteriosa para melhor esclarecimento da etiologia
da surdez, otoscopia, audiometria tonal e vocal com e sem AASI, teste de percepção
de fala em campo aberto sem leitura labial, timpanometria, pesquisa do reflexo
estapediano, potencial evocado de tronco encefálico, emissões otoacústicas e
avaliação radiológica com tomografia computadorizada e ressonância nuclear
magnética de ossos temporais.
Os pacientes só foram alocados entre os grupos após a indicação da cirurgia
do implante coclear. O pesquisador realizou alocação cega seguindo a ordem
temporal da indicação cirúrgica após avaliação médica e fonoaudiológica.
O cirurgião só soube o grupo do paciente pouco antes da abertura da janela
redonda. Por outro lado, as fonoaudiólogas responsáveis pela avaliação dos limiares
auditivos não tiveram acesso à distribuição dos grupos.
4.6 COLETADEDADOS
Os dados coletados foram registrados em ficha de protocolo (Anexo 2) com
as seguintes informações: nome do paciente, número do prontuário, idade, etiologia
da surdez, grupo ao qual o paciente foi alocado, orelha operada, data da cirurgia e
limiares tonais da audiometria sem AASI do pré-operatório e de 6 meses de pós-
operatório, divididos por frequência.
Métodos
28
4.7 PROCEDIMENTOSETÉCNICACIRÚRGICA
Os pacientes foram implantados com o Implante Nucleus Freedom Híbrido
L24 da Cochlear Corporation® (Figura 2) com 22 eletrodos ativos distribuídos sobre
feixe de 16 mm de comprimento (Figura 3). A técnica cirúrgica adotada em todos os
grupos foi a técnica clássica 133 incluindo mastoidectomia seguida de timpanotomia
posterior ampla com visualização adequada do promontório e janela redonda. A
janela e sua respectiva membrana permaneceram intactas até o brocamento do
rebordo ósseo do nicho da janela redonda (tectulum) com broca diamantada de 1,2
mm para melhor exposição e a devida lavagem da cavidade mastoidea e orelha média
com soro fisiológico para remoção do pó de osso e sangue.
Figura 2 - Implante Nucleus Freedom L24 composto por 1 receptor/estimulador, 2 eletrodos extracocleares (1 placa de platina conectada ao receptor/estimulador e 1 eletrodo bola com diâmetro de 1,5 mm) e 1 sistema de eletrodos intracocleares
Métodos
29
Figura 3 - Feixe de eletrodos intracocleares contendo 22 eletrodos ativos de platina de meia banda distribuídos em 16 mm de extensão
A abertura da janela redonda foi realizada com estilete delicado na região
anterior da membrana, evitando-se a aspiração do local após esse procedimento. O
feixe de eletrodos foi inserido através da rampa timpânica após confecção do nicho
para posicionar o componente interno do implante. Foi utilizada fáscia de músculo
temporal em formato de disco de 3 mm de diâmetro com orifício central (Figura 4)
por onde foi posicionado o feixe de eletrodos, contribuindo para o selamento da
janela redonda.
Métodos
30
Figura 4 - Fáscia de músculo temporal envolvendo o feixe de eletrodos do implante coclear
Os procedimentos nos grupos diferiram pela utilização de substâncias a serem
assim estudadas:
Grupo 1 (Grupo-Controle) Sem substâncias no intraoperatório.
Grupo 2 (Dexametasona) Preenchimento da orelha média com
dexametasona (4mg/ml), durante 15 minutos. Nesse período foi realizado
o nicho na região mastoidea para posicionamento do componente interno
do implante. Depois, aspirou-se a substância e abriu-se a janela redonda
para inserção do feixe de eletrodos. Antes do fechamento do plano
muscular, a caixa timpânica foi preenchida novamente com
dexametasona.
Métodos
31
Grupo 3 (Dexametasona + Ácido Hialurônico) Preenchimento da
orelha média com dexametasona (4mg/ml), durante 15 minutos. Nesse
período foi realizado o nicho na região mastoidea para posicionamento do
componente interno do implante. Após esse período procedeu-se à
aspiração da substância e abertura da janela redonda. O ácido hialurônico
(Provisc®-Figura 5) foi utilizado em 3 momentos: uma gotícula sobre a
abertura da janela redonda (Figura 6), embebição do feixe de eletrodos
(Figura 7) e na região da abertura da janela após a inserção e antes do
posicionamento da fáscia do músculo temporal. Antes do fechamento do
plano muscular, a caixa timpânica foi preenchida novamente com
dexametasona.
Figura 5 - Ácido hialurônico (Provisc®) em seringa de vidro descartável contendo 0,85 mL da substância acoplada a cânula romba calibre 27 com angulação de 45º
Métodos
32
Figura 6 - Aplicação de 1 gotícula de ácido hialurônico sobre a abertura da membrana da janela redonda
Figura 7 - Embebição do feixe de eletrodos com ácido hialurônico
Métodos
33
As cirurgias foram realizadas pelo mesmo cirurgião e pela mesma equipe
anestésica. Na indução anestésica foram administradas cefazolina 1g e hidrocortisona
(4 mg/kg), estabelecidas para as cirurgias otológicas desse hospital.
Os pacientes foram avaliados com audiometria tonal sem AASI no pré-
operatório e no 6º mês de pós-operatório, pela mesma equipe de fonoaudiólogas no
Ambulatório de Implante Coclear do HC-FMUSP, utilizando o audiômetro
Interacoustics AC33, incluindo as frequências de 125, 250, 500, 1000, 2000 e 4000
Hz. A partir desses dados foram calculadas as médias dos limiares das frequências
baixas (125, 250 e 500 Hz) e das frequências altas (1000, 2000 e 4000 Hz) para cada
período avaliado.
Para o cálculo das médias dos limiares foram considerados valores 10 dB
acima dos limites do equipamento para as respostas ausentes. Assim, as respostas
ausentes foram consideradas como 100 dB na frequência de 125 Hz, 120 dB na
frequência de 250 Hz e 130 dB nas frequências de 500 a 4000 Hz, já que o limite do
audiômetro utilizado é de 90 dB em 125 Hz, 110 dB em 250 Hz e 120 dB em 500,
1000, 2000 e 4000 Hz.
4.8 TAMANHOAMOSTRALEANÁLISEESTATÍSTICA
Devido à ausência de trabalhos publicados comparando o efeito dos fármacos
citados na preservação auditiva, foi adotada uma amostra de 18 pacientes
selecionados de julho de 2011 a setembro de 2012 e divididos aleatoriamente em 3
grupos.
Métodos
34
Os dados foram apresentados como média + desvio padrão (DP) da média. A
diferenças entre as médias dos limiares tonais em frequências baixas e altas obtidas
no pré-operatório e no 6º mês de pós-operatório foram analisadas através de ANOVA
1 via seguida por pós-teste de Tukey. Foi considerado significante valor de
probabilidade abaixo de 5% (p < 0,05). Nas análises estatísticas foi usado o programa
GraphPad Prism (versão 5).
5 RESULTADOS
Resultados
36
5.1 CARACTERÍSTICASDAAMOSTRA
A população do estudo envolveu 18 pacientes com indicação de implante
coclear divididos em 3 grupos. A média de idade no grupo 1 foi de 47 anos com
desvio padrão (DP) de 17,75 anos; no grupo 2 foi de 40,83 anos com DP de 22,07
anos e no grupo 3 foi de 44,17 anos com DP de 18,72 anos.
Verificou-se que 44,4 % (8/18) dos pacientes pertenciam ao sexo masculino,
sendo 4 alocados no grupo 1, enquanto nos grupos 2 e 3 haviam respectivamente 3 e
1 pacientes desse sexo.
A perda auditiva foi classificada, segundo o período de aquisição da
linguagem, em pré-lingual e pós-lingual (Gráfico 1). As causas das perdas auditivas
foram expostas no Gráfico 2.
Resultados
37
Gráfico 1 - Distribuição da perda auditiva pelo período de aquisição da linguagem entre os grupos
0
6
1
5
1
5
0
1
2
3
4
5
6
7
pré lingual pós lingual
grupo 1 grupo 2 grupo 3
Gráfico 2 - Distribuição da perda auditiva segundo as causas entre os grupos
5
1
0 0
5
0 0
1
3
2
1
00
1
2
3
4
5
6
desconhecida meningite ototoxicidade rubéola congênita
grupo 1 grupo 2 grupo 3
Resultados
38
5.2 LIMIARESTONAISAUDIOMÉTRICOS
Quanto aos limiares tonais pré-operatórios nas frequências baixas (125, 250 e
500 Hz), a distribuição foi semelhante em todos os grupos (p = 0,8). As médias dos
limiares medidos no pré-operatório nessas frequências foram as seguintes: no grupo
1 foi de 70,57 dB (DP + 12 dB), no grupo 2 foi de 76,4 dB (DP + 9,86 dB) e no
grupo 3 foi de 72,22 dB (DP + 22,15 dB) (Gráfico 3, Tabela 1).
Gráfico 3 - Distribuição das médias dos limiares tonais obtidos no pré-operatório nas frequências baixas (125, 250 e 500 Hz) entre os grupos estudados
0
20
40
60
80
100 Grupo 1Grupo 2
Grupo 3
70,57 76,4 72,22
dB
Resultados
39
Em referência aos limiares tonais pré-operatórios nas frequências altas (1000,
2000 e 4000 Hz), não houve distribuição semelhante entre os grupos, já que se
verificou diferença entre os grupos 2 e 3 (p = 0,02). As médias dos limiares tonais
nessas frequências obtidas antes do procedimento cirúrgico foram de 113,05 dB (DP
+ 5,81 dB) no grupo 1, no grupo 2 foi de 101,4 dB (DP + 11,75 dB) e no grupo 3 foi
de 114,45 dB (DP + 3,6 dB) (Gráfico 4, Tabela 2).
Gráfico 4 - Distribuição das médias dos limiares tonais obtidos no pré-operatório nas frequências altas (1000, 2000 e 4000 Hz) entre os grupos estudados. Verificou-se diferença entre os grupos 2 e 3 (p = 0,02)
0
50
100
150Grupo 1
Grupo 2Grupo 3
*p<0,05 vs grupo 2
*113,05 101,4 114,45
Resultados
40
Em relação à diferença entre as médias dos limiares tonais nas frequências
baixas obtidas no pré-operatório e no 6º mês de pós-operatório, obteve-se diferença
estatisticamente significante entre o grupo 3 quando comparado aos grupos 1 e 2 (p =
0,002). A diferença dessas médias foi de 28,03 dB (DP + 6,77 dB) no grupo 1, no
grupo 2 foi de 30 dB (DP + 14,53 dB) e no grupo 3 foi de 7,23 dB (DP + 6,12 dB)
(Gráfico 5, Tabela 1).
Gráfico 5 - Distribuição das diferenças das médias dos limiares tonais nas frequências baixas (125, 250 e 500 Hz) obtidos no pré-operatório e no 6º mês de pós-operatório entre os grupos. Verificou-se diferença estatisticamente significante entre o grupo 3 comparado aos grupos 1 e 2 (p = 0,002)
0
10
20
30
40
50Grupo 1
Grupo 2Grupo 3
* p < 0,05 vs grupos 1 e 2
*
28,03 30 7,23
dB
Resultados
41
A diferença entre as médias dos limiares tonais nas frequências altas obtidas
no pré-operatório e no 6º mês de pós-operatório foi de 11,12 dB (DP + 9,71 dB) no
grupo 1, 22,77 dB (DP + 12,79 dB) no grupo 2 e 3,89 dB (DP + 3,1 dB) no grupo 3.
Houve diferença estatística entre os grupos 2 e 3 (p = 0,01) (Gráfico 6, Tabela 2).
Gráfico 6 - Distribuição das diferenças das médias dos limiares tonais nas frequências altas (1000, 2000 e 4000 Hz) obtidos no pré-operatório e no 6º mês de pós-operatório entre os grupos. Verificou-se diferença estatisticamente significante entre os grupos 2 e 3 (p = 0,01)
0
10
20
30
40Grupo 1
Grupo 2Grupo 3
*p<0,05 vs grupo 2*
11,12 22,77 3,89
dB
Resultados
42
Tabela 1 - Limiares nas frequências baixas (125, 250 e 500 Hz) obtidos no pré-operatório e no pós-operatório com seus respectivos desvios-padrão nos grupos estudados, assim como a diferença entre esses limiares
Limiar pré-operatório Limiar pós-operatório Diferença
Média (dB) DP (dB) Média (dB) DP (dB) Média (dB) DP (dB)
Grupo 1 70,57 12 98,6 9,92 28,03 6,77
Grupo 2 76,4 9,86 106,4 8,47 30 14,53
Grupo 3 72,22 22,15 79,45 19,55 7,23 6,12
Tabela 2 - Limiares nas frequências altas (1000, 2000 e 4000 Hz) obtidos no pré-operatório e no pós-operatório com seus respectivos desvios-padrão nos grupos estudados, assim como a diferença entre esses limiares
Limiar pré-operatório Limiar pós-operatório Diferença
Média (dB) DP (dB) Média (dB) DP (dB) Média (dB) DP (dB)
Grupo 1 113,05 5,81 124,17 5,94 11,12 9,71
Grupo 2 101,4 11,75 124,17 6,96 22,77 12,79
Grupo 3 114,45 3,6 118,33 6,15 3,89 3,1
Resultados
43
A audição foi preservada com diferença entres as médias dos limiares pré e
pós-operatórios menor de 10 dB em 4 pacientes do grupo 3 e em 1 paciente do grupo
2. A preservação com diferença entre 11 e 20 dB ocorreu em 1 paciente do grupo 1;
1 paciente do grupo 2 e 2 pacientes do grupo 3 (Gráfico 7).
Gráfico 7 - Distribuição da amostra segundo a diferença das médias dos limiares audiométricos entre o pré-operatório e o 6º mês de pós-operatório nos grupos estudados
1
5
1 1
2 2
4
2
0
1
2
3
4
5
6
< 10dB 11 ‐ 20dB 21 ‐ 40 dB >40 dBgrupo 1 grupo 2 grupo 3
Resultados
44
As diferenças entre as médias dos limiares auditivos de cada uma das
frequências baixas (125, 250 e 500 Hz) analisadas separadamente nos 3 grupos são
apresentadas no Gráfico 8.
Gráfico 8 - Distribuição das diferenças das médias dos limiares auditivos das frequências de 125, 250 e 500 Hz analisadas separadamente entre os grupos estudados
20,83
28,33
35
20,83
32,5
36,67
3,336,67
12,5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
125Hz 250Hz 500Hz
grupo 1 grupo 2 grupo 3
Foi possível a preservação dos limiares tonais nas frequências baixas em
88,8% (16/18) dos pacientes. Utilizando os critérios adotados por García-Ibanez et
al. 46, não foi obtido sucesso na preservação auditiva de 2 pacientes, já que evoluíram
com perda total dos resíduos auditivos no 6º mês de pós-operatório. Os 2 pacientes
mencionados pertenciam ao grupo 2.
6 DISCUSSÃO
Discussão
46
No presente estudo verificamos que a associação do uso tópico de
dexametasona e ácido hialurônico no intraoperatório de pacientes submetidos à
cirurgia do implante coclear (grupo 3) resultou em diferença estatisticamente
significante (p = 0,002) no sentido de superioridade em relação à preservação dos
limiares auditivos nas frequências baixas quando comparada com o grupo controle
(grupo 1) e com o grupo no qual a dexametasona tópica foi usada isoladamente
(grupo 2).
Notou-se ainda que o uso isolado da dexametasona tópica no intraoperatório
de pacientes submetidos à cirurgia do implante coclear não mostrou diferença
estatística em relação ao grupo-controle analisando as frequências baixas (grupo 1).
Este resultado sugere que o ácido hialurônico desempenha papel importante
na preservação auditiva na cirurgia de implante coclear. A possibilidade de inserção
menos traumática na rampa timpânica favorecida pelo uso desse polissacarídeo
associada à prevenção da contaminação da perilinfa, assim como o selamento da
orelha interna, já foram demonstrados na literatura 15,16, e corroboram com os
achados desse estudo.
O possível efeito anti-inflamatório dessa substância ainda permanece sem
comprovação 127,128, já que para ratificar o fato são necessários estudos histológicos
para avaliar neoformação óssea, fibrose, adesão fibroblástica e outros parâmetros
inflamatórios.
Discussão
47
A biocompatibilidade e a ausência de ototoxicidade do ácido hialurônico
também foram reafirmadas 6,14,16,19,20, uma vez que houve menor diferença dos
limiares pós-operatórios em relação aos pré-operatórios na audiometria tonal dos
pacientes do grupo 3 em comparação com os demais grupos.
Nesse estudo, não há possibilidade de avaliar o efeito individual do ácido
hialurônico por inexistir grupo com uso exclusivo dessa substância. Contudo, a
associação do ácido hialurônico com a dexametasona mostrou-se benéfica na
preservação dos resíduos auditivos após o implante coclear.
Algumas hipóteses para esse fato devem ser apresentadas. O uso simultâneo
das 2 substâncias pode aumentar os níveis perilinfáticos do corticoide conforme
sugerido por Chandrasekhar et al. 104. Ademais, o ácido hialurônico pode
proporcionar aumento do tempo de exposição da orelha interna à dexametasona
segundo Bjurström et al. 130.
Essas hipóteses sustentam os melhores resultados do uso da associação tópica
das substâncias referidas em pacientes com Doença de Meniere não responsivos a
corticoterapia endovenosa em estudo de Selivanova et al. 126.
Podem também explicar os melhores resultados auditivos no grupo 3 em
relação aos grupos 1 e 2, já que o tempo de exposição da orelha interna ao
corticosteroide, assim como os níveis perilinfáticos do mesmo foram apontados
como determinantes da proteção coclear desempenhada pela dexametasona 77.
Diferentemente de alguns estudos apresentados na literatura 15, neste estudo
utilizou-se ácido hialurônico também após a inserção do feixe de eletrodos não só
para selar a orelha interna, mas também aumentar a duração da exposição da orelha
Discussão
48
interna à dexametasona, utilizada para preenchimento da orelha média antes do
fechamento do plano muscular.
Em nosso estudo, o uso isolado de dexametasona tópica no intraoperatório da
cirurgia do implante coclear não obteve efeito positivo em relação à conservação dos
resíduos auditivos nas frequências baixas quando comparados com o grupo controle.
Assim, apesar dos efeitos anti-inflamatórios 89-95 e de proteção coclear
9,10,75,76,99-101 estabelecidos na literatura, a distribuição dos corticoides por todas
regiões cocleares a partir do uso tópico na orelha média ainda permanece pouco
conhecida 11,105,121.
O tempo de exposição da membrana da janela redonda à dexametasona de 15
minutos adotado neste trabalho pode ter sido insuficiente para a substância alcançar
seu efeito máximo.
Segundo Chang et al. 77, o tempo de exposição para efeito máximo desse
corticoide seria de 1 a 2 horas. Todavia, James et al. 10 referem ausência de reação de
corpo estranho em análise histológica de cobaias com única dose de dexametasona
durante exposição de 30 minutos.
Um dos objetivos deste estudo seria avaliar o efeito da dexametasona com
período de exposição que não estendesse o tempo cirúrgico, de maneira a se tornar
ferramenta viável e prática para a cirurgia do implante coclear.
Assim, uma alternativa seria o uso intratimpânico do corticoide na forma de
depósito antes do início da cirurgia, logo após a intubação do paciente, conforme
demonstrado por Rajan et al. 122.
Discussão
49
A utilização de esponjas absorvíveis que comprovadamente não aumentem o
risco de granuloma de reparação ou até infecção intracoclear seria um meio de
prolongar o tempo de exposição da membrana da janela redonda à substância. Em
estudo com alguns tipos de esponjas absorvíveis embebidas com dexametasona,
Chang et al. 77 relatou beneficio na preservação de resíduos auditivos sem
demonstrar concentração detectável da dexametasona na perilinfa por mais de 48
horas. Segundo esse autor, a partir desse período a corticoterapia pode predispor a
infecções nos tecidos onde foi utilizada.
A variação dos limiares tonais em frequências altas decorrentes da cirurgia do
implante coclear é bem menos estudada. Apesar de técnicas cirúrgicas e eletrodos
menos traumáticos, a base da cóclea se mantém vulnerável ao trauma da inserção do
feixe de eletrodos independentemente do acesso pela janela redonda ou
cocleostomia. Ademais, as frequências altas sempre são estimuladas pelo feixe de
eletrodos mesmo em implantes híbridos; portanto, a preservação dos limiares nessas
frequências não é tão importante comparada com as frequências baixas.
No presente estudo verificamos que a associação do uso tópico de
dexametasona e ácido hialurônico no intraoperatório de pacientes submetidos à
cirurgia do implante coclear resultou em uma diferença estatisticamente significante
(p = 0,01) no sentido de superioridade em relação à preservação dos limiares
auditivos nas frequências altas quando comparada com o grupo no qual a
dexametasona tópica foi usada isoladamente. Em relação ao grupo-controle não
houve diferença estatisticamente significante. Contudo, a distribuição dos valores dos
limiares pré-operatórios não foi homogênea entre os grupos, havendo diferença entre
os grupos 2 e 3 (p = 0,02).
Discussão
50
A média dos limiares tonais pré-operatórios do grupo 2 foi inferior ao grupo
3; assim, os pacientes que perderam todos os resíduos auditivos tiveram maiores
variações dos limiares quando comparados aos outros que partiram de limiares mais
próximos dos limites do audiômetro utilizado para aferição dos limiares acústicos.
Isso pode prejudicar a validade externa desse segmento do estudo apesar do valor de
p abaixo de 5%.
O índice de preservação auditiva de 88% deste estudo alcançou valores
próximos daqueles nos quais foram utilizados eletrodos retos, menos traumáticos e
curtos 29,32,35-37 e valores superiores aos apresentados com implantes periomodiolares
46,47.
Esses resultados reforçam a importância do uso dos conceitos da soft surgery
introduzidos por Lehnhardt 6, assim como dos eletrodos menos traumáticos e retos e
de substâncias como os corticoides e o ácido hialurônico no intraoperatório quando
se almeja a preservação auditiva.
Segundo D´Elia et al. 41 a manutenção dos limiares tonais proporciona área
dinâmica para estimulação elétrica mais ampla, assim como maior nível de sensação
de intensidade máxima. Assim, a tentativa de preservação deve fazer parte da rotina
das cirurgias do implante coclear. Ademais, o êxito na conservação dos limiares
denota manutenção do potencial endococlear e ausência de trauma intracoclear
significante 42.
Analisando as frequências baixas separadamente, a diferença entre as médias
dos limiares auditivos obtidas em 125, 250 e 500 Hz no grupo 3 foi respectivamente
3,33; 6,67 e 12,5, superando os resultados apresentados na literatura nas frequências
Discussão
51
de 125 e 250 Hz e assemelhando-se na frequência de 500 Hz. Kiefer et al. 28
relataram piora de 10, 15 e 17,5 dB na mediana dos limiares tonais, enquanto Di
Nardo et al. 49 referiram aumento da média de 11, 12 e 13 dB nas frequências de 125,
250 e 500 Hz respectivamente. Porém, em muitos estudos da literatura foram
utilizados eletrodos perimodiolares e mais longos, reforçando as melhores taxas de
preservação dos eletrodos menos traumáticos e mais curtos.
Este estudo não evidenciou variação dos resultados segundo a etiologia da
surdez ou idade do paciente, mesmo aqueles cuja causa da surdez era meningite. Por
outro lado, deve-se considerar que pacientes com suspeita de ossificação coclear não
foram incluídos no estudo. Ademais, não foi encontrado no intraoperatório sinal de
alteração da patência coclear.
Os resultados do presente estudo não permitem avaliação de longo prazo, já
que o seguimento dos pacientes foi realizado até o 6º mês de pós-operatório. Mas
vários relatos na literatura sustentam a estabilidade dos limiares acústicos após esse
período 7,39,47.
Assim, o desfecho auditivo, representado pelos testes de discriminação de
fala, não foi avaliado e necessita de mais estudos para estabelecer correlação positiva
com a preservação dos limiares auditivos. Teoricamente, melhores resíduos auditivos
pós-operatórios resultariam em melhores desfechos auditivos não comprovados em
estudos prévios realizados por Balkany et al. 54, Gstoettner et al. 39 e D´Elia et al. 41.
7 CONCLUSÕES
Conclusões
53
A associação do uso tópico de dexametasona e ácido hialurônico no
intraoperatório de pacientes submetidos à cirurgia do implante coclear foi
significantemente superior ao grupo-controle e ao grupo no qual foi utilizado apenas
a dexametasona tópica na preservação dos limiares auditivos nas frequências baixas.
Por outro lado, o uso isolado de dexametasona tópica não demonstrou
resultados superiores na preservação dos limiares acústicos nas frequências baixas
quando comparado ao grupo-controle.
No entanto, mais estudos são necessários para avaliação desses pacientes no
longo prazo, assim como em relação a correlação positiva entre preservação de
limiares acústicos e melhores resultados nos testes de discriminação de fala.
8 ANEXOS
Anexos
55
8.1 ANEXO1–TERMODECONSENTIMENTOLIVREEESCLARECIDO
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-HCFMUSP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
_____________________________________________________________________ I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL
LEGAL
1. NOME: ................................................................................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº: ........................................................ SEXO: M □ F □ DATA NASCIMENTO: ......../......../........ ENDEREÇO: ................................................................................... Nº .............. APTO: ............ BAIRRO: .......................................................................... CIDADE: ............................................ CEP: ..................................................... TELEFONE: DDD (..........) ..........................................
2. RESPONSÁVEL LEGAL ............................................................................................................
NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) ................................................................. DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº: ........................................................ SEXO: M □ F □ DATA NASCIMENTO: ......../......../........ ENDEREÇO: ................................................................................... Nº .............. APTO: ............ BAIRRO: .......................................................................... CIDADE: ............................................ CEP: ..................................................... TELEFONE: DDD (..........) ..........................................
_____________________________________________________________________
II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Uso de dexametasona e ácido hialurônico na preservação auditiva de pacientes submetidos à implante coclear
2. PESQUISADOR: Prof. Dr. Rubens Vuono de Brito Neto
CARGO/FUNÇÃO: Professor Associado INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL Nº 80107
UNIDADE DO HCFMUSP: Disciplina de Otorrinolaringologia da FMUSP
3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:
RISCO MÍNIMO X RISCO MÉDIO □
RISCO BAIXO □ RISCO MAIOR □
4. DURAÇÃO DA PESQUISA: 2 anos
_______________________________________________________________
Anexos
56
III - REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU
REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA CONSIGNANDO:
Nas cirurgias de implante coclear existe uma grande chance de destruição das estruturas da audição pela entrada dos eletrodos. Apesar de você já ter uma perda de audição e lesão nas células da cóclea, acreditamos que a preservação vale a pena para que o resultado do próprio implante seja melhor. O objetivo deste estudo é avaliar o efeito do uso de substâncias durante a cirurgia do implante coclear para melhorar a colocação dos eletrodos e tentar reduzir a agressão às estruturas da cóclea. Você está sendo convidado a participar deste estudo. Se você aceitar sua participação será voluntária e consistirá em que durante a sua cirurgia de implante, possa ser aplicado um desses três procedimentos:
cirurgia de implante coclear convencional sem uso de qualquer substância durante a colocação dos eletrodos
cirurgia de implante coclear com uso de 1 substância durante a colocação dos eletrodos cirurgia de implante coclear com uso de 2 substâncias durante a colocação dos eletrodos
Os estudos que já foram feitos com essas substâncias mostraram que não há efeitos negativos ou nocivos para a pessoa. Depois da cirurgia, você fará 3 de exames de audição, 1 mês, 3 e 6 meses após a cirurgia. Esses exames são parte da rotina de acompanhamento de todos os pacientes implantados. Você não terá benefícios diretos ou imediatos com participação no estudo, porém você estará contribuindo para que outros pacientes no futuro possam se beneficiar. _____________________________________________________________________
IV – ESCLARECIMENTO DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO
SUJEITO DA PESQUISA CONSIGNANDO:
É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na instituição. As informações obtidas serão analisadas em conjunto com a dos outros pacientes, não sendo divulgado a identificação de nenhum paciente.
Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
O pesquisador compromete-se a utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa, podendo os dados serem utilizados em aulas e apresentações no meio acadêmico médico, como congressos por exemplo, ou em revista científica da área médica, sempre preservando a identidade do paciente. _____________________________________________________________________
V. INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS
PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSAS
Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é o Dr. Bernardo Faria Ramos que pode ser encontrada no endereço Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255, ambulatório de Otorrinolaringologia (6º andar prédio dos ambulatórios), nos telefone(s) 30696286. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Ovídio Pires de Campos, 225 – 5º andar – tel: 3069-6442 ramais 16, 17, 18 ou 20, FAX: 3069-6442 ramal 26 – E-mail:[email protected]. _____________________________________________________________________
Anexos
57
V – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Eu discuti com o Dr. Bernardo Faria Ramos sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.
_______________________________________
Assinatura do paciente/representante legal Data / /
_______________________________________
Assinatura da testemunha Data / /
Para casos de pacientes menores de 18 anos, analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de
deficiência auditiva ou visual.
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste
paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
____________________________________
Assinatura do responsável pelo estudo Data / /
Anexos
58
8.2 ANEXO2–FICHADEPROTOCOLO
NOME:
PRONTUÁRIO: IDADE:
ETIOLOGIA DA SURDEZ: GRUPO:
ORELHA OPERADA: DATA DA CIRURGIA:
AUDIOMETRIA TONAL SEM PRÓTESE NO PRÉ-OPERATÓRIO
125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
OD
OE
AUDIOMETRIA TONAL SEM PRÓTESE COM 6 MESES DE PÓS-
OPERATÓRIO
125Hz 250Hz 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz
OD
OE
8 REFERÊNCIAS 1
1 De acordo com:
Adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver).
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias da FMUSP. Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia A.L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de S. Aragão, Suely C. Cardoso, Valéria Vilhena. 3a ed. São Paulo: Divisão de Biblioteca e Documentação; 2011.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus.
Referências
60
1. Gantz BJ, Woodworth GG, Knutson JF, Abbas PJ, Tyler RS. Multivariate
predictors of audiological success with multichannel cochlear implants. Ann Otol
Rhinol Laryngol. 1993;102(12):909-916.
2. Cohen NL, Waltzman SB, Fisher SG. A prospective, randomized study of
cochlear implants. The Department of Veterans Affairs Cochlear Implant Study
Group. N Engl J Med. 1993;328(4):233-237.
3. Summerfield AQ, Marshall DH. Preoperative predictors of outcomes from
cochlear implantation in adults: performance and quality of life. Ann Otol Rhinol
Laryngol Suppl. 1995;166:105-108.
4. Battmer RD, Gupta SP, Allum-Mecklenburg DJ, Lenarz T. Factors
influencing cochlear implant perceptual performance in 132 adults. Ann Otol Rhinol
Laryngol Suppl. 1995;166:185-187.
5. NIH consensus conference. Cochlear implants in adults and children. JAMA.
1995;274(24):1955-1961.
6. Lehnhardt E. [Intracochlear placement of cochlear implant electrodes in soft
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7. James C, Albegger K, Battmer R, Burdo S, Deggouj N, Deguine O, Dillier N,
Gersdorff M, Laszig R, Lenarz T, Rodriguez MM, Mondain M, Offeciers E, Macías
AR, Ramsden R, Sterkers O, Von Wallenberg E, Weber B, Fraysse B. Preservation
of residual hearing with cochlear implantation: how and why. Acta Otolaryngol.
2005;125(5):481-491.
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APÊNDICE
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