USO DO TEXTO JORNALISTICO EM GEOGRAFIA · – Farroupilha – RS ... nesta semana o governo federal...
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USO DO TEXTO JORNALISTICO EM GEOGRAFIA
Waldir Roque Maffei¹
¹ Especialização em Mídias na Educação-UFRGS. Professor da EMEF Angelo Chiele e EEEF José Fanton
– Farroupilha – RS – [email protected]
Introdução: Desde muitos tempos remotos o homem já sentia uma necessidade
de se comunicar. Com evolução humana e as novas descobertas, surgiram novas formas
de expressões humanas e novas linguagens. A utilização dessas novas ferramentas passa a
ser uma importante estratégia para o professor. Essa nova forma de escrita, a junção de
texto, imagem e áudio faz com que o papel do professor comece a ser repensado e exija
uma mudança constante na sua prática pedagógica. Na atualidade, os jornais e revistas
estão também na forma digital, o que possibilita a obtenção de inúmeros textos
atualizados, para os mais variados conteúdos estudados em classe. De acordo com os
Parâmetros Curriculares Nacionais, "não se formam bons leitores oferecendo materiais de
leitura empobrecidos, justamente no momento em que as crianças são iniciadas no mundo
da escrita“.
Objetivo geral: Utilizar os textos de reportagens de variadas fontes, disponíveis
pela forma digital e que podem ser lidos virtualmente e impressos para trabalho de sala de
aula. Trata-se de tornar um material autêntico em didático, direcionando questionamentos,
para ampliação do conteúdo desenvolvido em sala de aula.
Metodologia: O professor dispõe exclusivamente do livro didático como recurso
de ensino a ser utilizado em sala de aula. Nesse sentido, torna-se pertinente o pensamento
de Andaló (2000, p. 38): "O aluno antes de entrar em contato com o mundo da escola, já
teve oportunidade de manusear vários textos presentes em seu ambiente. Sendo assim,
nada mais natural que a escola dê continuidade ao que a criança já aprendeu antes de
chegar a ela”.
A proposta de trabalho se enquadra na linha da Escola Nova, onde sustenta
Aranha (1996):
Escola Nova representa o esforço de superação da pedagogia da essência
pela pedagogia da existência. Não se trata mais de submeter o homem a valores e
dogmas tradicionais e eternos nem de educá-lo para a realização de sua 'essência
verdadeira'. A pedagogia da existência volta-se para a problemática do indivíduo
único, diferenciado, que vive e interage em um mundo dinâmico. (ARANHA, 1996,
p. 167
Pensando nisso, a proposta de didatização dos textos podem seguir os seguintes
passos:
Parte 01:
1) Leitura do texto on line; ou seja, no site do jornal ou revista na sala digital, na
razão de dois alunos por computador;
2) Projeção do texto no telão, com a leitura fragmentada;
3) Audição do texto digital, direto do site;
4) Anotações sobre vocabulário e trechos para estudo;
5) Desenvolvimento do estudo em programas de editoração de texto;
6) Impressões das anotações para futuro uso.
Parte 02:
7) Preparação do material / adaptação do texto;
8) Inserção de imagens para ilustração;
9) Elaboração pelo professor, de alguns questionamentos para serem solucionados
pelo aluno, em forma escrita;
10) Impressão do material para disponibilizar ao aluno;
11) Tempo da sala de aula para solucionar os questionamentos;
12) Aferição das respostas.
Resultados preliminares. Os resultados obtidos com essa prática contribuíram
para que os professores e alunos pudessem refletir sobre o processo de ensino-
aprendizagem, que tem muito a ganhar com o uso de textos, tendo em vista a função
jornalística e informativa que os mesmos exercem perante a sociedade. Permitiu o
desenvolvimento de um trabalho significativo em torno de materiais de mídias, a
oralidade e escrita no cotidiano escolar. Houve um maior entendimento do texto, que
outrora seria apenas impresso.
ANEXO A – Fragmento do texto digital
[...]
ANEXO B – Texto adaptado aplicado para o 7º ano
Moradia popular patina, e gasto de bolsa-aluguel sobe 44% com Haddad - Por Arthur Rodrigues -16/09/2015 –
Enquanto a entrega de moradias populares em São Paulo segue lenta, a bolsa-aluguel paga pela prefeitura a desabrigados teve aumento de gastos de 44% sob Fernando Haddad (PT), se transformou em um benefício quase permanente e fez saltar o valor do aluguel na periferia. O programa ainda coleciona reclamações de atraso, cortes sem justificativa e pagamentos a quem não precisa. Hoje, a prefeitura concede a bolsa para mais de 30 mil famílias. São beneficiadas, entre outras, aquelas retiradas de áreas com risco de enchentes e desabamentos ou que ficaram desabrigadas devido à realização de obras públicas ou incêndios, por exemplo. Cada família recebe R$ 400 mensais – o valor era de R$ 300 até o início do ano. [...]
Segundo especialistas e integrantes de movimentos sociais, o fato de um benefício temporário ter se tornado algo permanente para muitos dos beneficiados acabou inflacionando o aluguel nas áreas periféricas, mas sem tirar essa população de uma situação de moradia precária. [...]
Para complicar as metas de Haddad, que prometeu 55 mil novas moradias até 2016 mas só entregou 8.072 até agora, nesta semana o governo federal anunciou cortes no programa Minha Casa, Minha Vida. A gestão Haddad diz que já providenciou projetos e terrenos para que todos os beneficiários sejam atendidos. Agora, aguarda o lançamento da terceira etapa do programa federal, ainda indefinido. [...]
Os atrasos nos pagamentos do bolsa-aluguel têm levado beneficiários do programa a recorrer a empréstimos para não serem despejados. Houve até quem tenha deixado a casa alugada por causa disso. A prefeitura diz que houve atrasos no passado, mas que, agora, as contas estão em dia. Desempregada, a dona de casa Edite da Silva, 40, diz que terá de se mudar pela segunda vez após o despejo.
Os motivos são atrasos constantes na bolsa e aumentos no valor do aluguel, sempre acima dos R$ 400 mensais pagos pela prefeitura. "[Os locatários] dizem para a gente: 'Eu aluguei a casa para você, não para a prefeitura'", afirma a desempregada, há seis anos desalojada por causa de obra do município na região de Heliópolis. Ela afirma que mudará para uma casa com aluguel R$ 100 menor – atualmente ela paga R$ 600. "Não me deram nenhuma previsão de quando sai meu apartamento [de moradia popular]", diz.
De acordo com o secretário municipal da Habitação, José Floriano de Azevedo Marques, já há terrenos e projetos suficientes para atender mais que os 30 mil beneficiários do bolsa-aluguel (que podem consultar a situação dos empreendimentos na internet por meio do CPF).
"Temos quase 15 mil unidades em projetos aprovados, esperando a viabilização do Minha Casa, Minha Vida fase 3", afirma Marques. Há 19.548 unidades em construção. Marques atribui os aumentos de beneficiários no programa durante a gestão a muitos casos de pessoas tiradas de área de risco, por ordem do Ministério Público. "Na nossa gestão, de 2013 pra cá, lógico que houve crescimento do número de famílias [no bolsa-aluguel], mas a gente procura controlar ao máximo porque esse tipo de política não resolve o problema", diz Marques.
A prefeitura admite que houve atrasos nos pagamentos do benefício no passado, mas diz ter resolvido problemas de sistema e que os pagamentos agora estão em dia. Sobre as moradias cobradas pelos moradores de Heliópolis, a prefeitura diz que pretende desapropriar um terreno da Petrobras. Além das tratativas com a empresa, a prefeitura
espera laudos da Cetesb e análise da Caixa Econômica Federal. A gestão afirma também que beneficiou 1.200 famílias com obras de urbanização no bairro e concluiu 297 moradias. [...] Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/09/1682252-moradia-popular-patina-e-gasto-de-bolsa-aluguel-sobe-44-com-haddad.shtml
ANEXO C – Exercícios (exemplos) aplicados aos alunos do sétimo ano:
Após a leitura da reportagem na versão digital, ouvir o áudio e a versão impressa, mais
reduzida, solucione as seguintes questões:
Questão 01: Sobre as expressões constantes no título, o que significa:
a) ”[...] Moradia popular patina [...]”?
b) “[...] bolsa-aluguel [...]”?
c) “[...] Haddad [...]”?
Questão 02: Quais as consequências do chamado benefício quase permanente do bolsa-
aluguel?
Questão 03: Quem são os beneficiados com a ajuda da prefeitura?
Questão 04: Como se comportam as metas de Haddad para novas moradias?
Questão 05: Quem são os chamados locatários?
Questão 06: Que tipo de projeto é o Minha Casa, Minha Vida?
Questão 07: Segundo o secretário da Habitação, José Floriano Marques, a política
aplicada soluciona o problema? Justifique.
Questão 08: O que é Heliópolis?
Questão 09: Na tabela 2 existe a sequência da frase que consta na tabela 1. Faça a
respectiva relação:
1 - A gestão Haddad diz que já
providenciou projetos e
a prefeitura diz que pretende desapropriar um
terreno da Petrobras.
2 - um benefício temporário ter se
tornado algo permanente para muitos
mas diz ter resolvido problemas de sistema e
que os pagamentos agora estão em dia.
3 - O programa ainda coleciona
reclamações de atraso,
terrenos para que todos os beneficiários sejam
atendidos.
4 - Sobre as moradias cobradas
pelos moradores de Heliópolis,
dos beneficiados acabou inflacionando o
aluguel nas áreas periféricas.
5 - A prefeitura admite que houve
atrasos nos pagamentos do benefício no
passado,
cortes sem justificativa e pagamentos a quem
não precisa.
Questão 10: Indique a ordem de aparecimento no texto, dos seguintes trechos:
“[...] A prefeitura admite que houve atrasos nos pagamentos do benefício [...]”
“[...] Houve até quem tenha deixado a casa alugada por causa disso.[...]”
“[...] o fato de um benefício temporário ter se tornado algo permanente [...]”
“[...] São beneficiadas, entre outras, aquelas retiradas de áreas com risco [...]”
“[...] Agora, aguarda o lançamento da terceira etapa do programa federal [...]”
“[...] Cada família recebe R$ 400 mensais [...]”
ANEXO D – Foto da sala digital
Foto: Autor
ANEXO E – Foto da
sala de aula
Foto: Autor
ANEXO F – Esquema da primeira etapa
Para a
etapa 02
ANEXO G – Esquema da segunda etapa
6. Impressão das
anotações
5. Estudo em
programas de
editoração de
texto
4. Anotações
sobre vocabulário
/ texto
3. Áudio do texto
(do próprio site)
2. Projeção do
texto por
datashow
1. Leitura na sala
de recursos
Versão digital
(PC)
TEXTO
JORNALISTICO
12. Aferição das
respostas
11. Sala de aula para
estudo
10. Impressão de
material
9. Elaboração de
questionamentos
8. Inserção de
imagens
7. Preparação do
material /adaptação
do texto
TEXTO
JORNALISTICO
Da etapa
01
Referências:
ANDALÓ, Adriane. Didática de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamenta:
alfabetização, letramento, produção de texto. Em busca da palavra-mundo. São
Paulo: FTD, 2000.
ARANHA, Maria L. de Arruda. História da Educação e Pedagogia, São Paulo:
Moderna: 1996.
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: 3º e 4º ciclos do Ensino
Fundamental: Língua Portuguesa. Brasília/DF: MEC/SEF, 1998
FARIA, Maria Alice. O jornal na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1989.
GERALDI , JOÃO WANDERLY e outros. O Texto na sala de aula. São Paulo,
Editora Ática, 2011
KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de
produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.
MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. Hipertexto e gêneros digitais: novas formas
de construção do sentido. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.