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Macapá, v. 7, n. 3, p. 57-68, 2017 Disponível em http://periodicos.unifap.br/index.php/biota Submetido em 01 de Dezembro de 2016 / Aceito em 11 de Setembro de 2017 ARTIGO Biota Amazônia ISSN 2179-5746 Diversos grupos sociais apresentam uma intima relação com as plantas entre eles destacam-se os remanescentes de quilombos. Nesse sentido, a pesquisa foi realizada na comunidade Tauerá-Açú, inserida no Território Quilombola Ilhas de Abaetetuba, tendo como objetivo demonstrar o conhecimento de seus moradores sobre a diversidade das plantas medicinais. Os dados etnobotânicos foram obtidos através de métodos e técnicas usuais em etnobotânica. O universo amostral foi de 34 mães e dois especialistas locais. O material botânico foi coletado e identificado e incorporado aos herbários João Murça Pires (MG) e Marlene Freitas (MFS). Utilizou-se o Índice de Saliência Cultural (ISC) para evidenciar as espécies de maior importância cultural. A diversidade foi calculada utilizando o índice de Shannon-Wiener. Foram registradas 93 etnoespécies, das quais 76 foram identificadas, compreendidas em 68 gêneros e 34 famílias, onde Lamiaceae, Fabaceae e Asteraceae constam como as mais representativas. As plantas mais citadas foram hortelã (Mentha pulegium), arruda (Ruta graveolens) e boldo (Gymnanthemum amygdalinum). A espécie com maior ISC foi Mentha pulegium (0,43). O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H' = 4,14) foi considerado alto em comparação com trabalhos realizados em regiões tropicais. A Comunidade quilombola de Tauerá-Açú apresenta um conhecimento vasto e diverso, no entanto, susceptível a mudanças e perdas, proporcionadas principalmente pela transformação gradual do modo de vida dos jovens. Palavras-chave: Etnobotânica, remanescentes de quilombos, conhecimento, diversidade, Amazônia. Several groups were published in an intimate relation with the plants among them stand out the remnants of quilombos. In this sense, the research was carried in the Tauerá-Açu community, located in the Quilombola Territory of the Abaetetuba Islands, in order to demonstrate the knowledge of its inhabitants about the diversity of medicinal plants. Data were obtained through usual methods and techniques in ethnobotanical studies. The sample universe was comprised 34 mothers and two local specialists. The botanical material was collected and identified in the herbaria João Murça Pires (MG) and Marlene Freitas (MFS). The Cultural Salience Index (CSI) was used to show the species of greater importance. The diversity was calculated using the Shannon-Wiener index. A total of 93 ethnoespecies were recorded, of which 76 were identified, composed of 68 genera and 34 families, where Lamiaceae, Fabaceae and Asteraceae to be more representative. The most cited plants were menta (Mentha pulegium), arruda (Ruta graveolens) and boldo (Gymnanthemum amygdalinum). The species with the highest CSI was Mentha pulegium (0.43). The diversity index of Shannon-Wiener (H'= 4.14) was considered high in comparison with works done in tropical. The quilombola community of Tauerá-Açú presents a vast and diverse knowledge, however, susceptible to changes and losses, mainly due to the gradual transformation of the young people's way of life. Keywords: Ethnobotany; remainder communities of the quilombos; knowledge; diversity; Amazon. Use and diversity of medicinal plants in a quilombola community in the Eastern Amazon, Abaetetuba, Pará Uso e diversidade de plantas medicinais em uma comunidade quilombola na Amazônia Oriental, Abaetetuba, Pará 1* 2 Maria das Graças da Silva Pereira e Márlia Coelho-Ferreira 1. Bióloga (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará). Mestre em Ciências Biológicas (Universidade Federal Rural da Amazônia, Brasil). 2. Bioquímica (Universidade Federal de Ouro Preto). Doutora em Ciências Biológicas (Universidade Federal do Pará). Pesquisadora Titular do Museu Paraense Emílio Goeldi, Brasil. *Autora para correspondência: [email protected] Esta obra está licenciadasob uma Licença Creative Commons Attribution 4.0 Internacional DOI: http://dx.doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v7n3p57-68 RESUMO ABSTRACT Introdução A Etnobotânica é uma ciência que se ocupa em estudar a dinâmica das relaçõ es entre o ser humano e as plantas (ALEXIADES, 1996). O registro e a documentação destas relações propiciam a revitalização do conhecimento dos povos e comunidades que habitam e manejam os ecossistemas naturais (DIEGUES, 2000; FRAXE et al., 2007). Os remanescentes de quilombos ou quilombolas integram o complexo sociocultural da Amazônia brasileira, representado também por indıǵ enas, ribeirinhos e caboclos. Estes mantêm uma estreita relação com o meio ambiente, graças ao conhecimento integrado de crenças e práticas, adquiridas de geração em geração, que configuram seus modos de vida onde as relaçõ es comunitárias tendem a se sobrepor às societárias (LIMA e PEREIRA, 2007; FORLINI; FURTADO, 2002). Não se pode esquecer que os nativos da região, com quem os quilombolas mantiveram relações amigáveis e também conflituosas, tiveram uma forte influência sobre os saberes e fazeres destes grupos. Com a chegada maciça dos negros na Amazônia no século XIX, observou-se a fusão dos componentes éticos de negros e ıń dios resultando em uma nova cultura (SALLES, 1971). Todo esse conhecimento é repassado através da oralidade, uma caracterıś tica própria das comunidades tradicionais, já que a grande maioria delas não possui uma tradição escrita (REZENDE; RIBEIRO, 2005; MARTINS et al., 2005; DI STASI; HIRUMA-LIMA, 2002). Para Voeks (2009), as comunidades quilombolas desempenham um importante papel na preservação das tradiçõ es etnobotânicas africanas no continente americano. Dentre essas práticas está o uso das plantas medicinais no tratamento e cura de doenças do corpo e do espıŕ ito, que ainda hoje perpetua entre esse grupo (SALES et al., 2009, OLIVEIRA et al., 2015). Duzentos e vinte e sete territórios de remanescentes de quilombos são reconhecidos no Pará e correspondem à 70% dos registrados para a região Norte (FCP, 2015). Precisamente no municıṕ io de Abaetetuba, situado no Baixo Tocantins, 15 territó- rios quilombolas já foram titulados, entre eles o intitulado “Ilhas de Abaetetuba”, do qual fazem parte as comunidades: Alto e Baixo Itacuruçá, Campompema, Jenipaúba, Acaraqui, Igarapé São João, Arapapú , Arapapuzinho, Rio Ipanema e Tauerá -Açú . A presente pesquisa foi realizada em Tauerá-Acú , considerada a comunidade-mãe, ou seja, aquela que deu origem às demais. Teve por objetivo registrar o conhecimento associado às plantas medicinais nesta localidade, bem como verificar a importância cultural e a diversidade de conhecimento dos moradores sobre as espécies identificadas. Material e Métodos O municıṕ io de Abaetetuba pertence à Mesorregião do Nordeste Paraense e à Microrregião de Cametá, estando sua rede municipal localizada entre as coordenadas geográficas 01º43' 24”S e 48º52'54”W (SEPOF, 2016). Abaetetuba é um dos menores 2 municıṕ ios do Pará, com 1.611 Km de extensão e cerca de 140.000

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Macapá,v.7,n.3,p.57-68,2017Disponívelemhttp://periodicos.unifap.br/index.php/biota

Submetidoem01deDezembrode2016/Aceitoem11deSetembrode2017

ARTIGO

BiotaAmazôniaISSN2179-5746

Diversos grupos sociais apresentamuma intima relação comas plantas entre eles destacam-se os remanescentes dequilombos.Nessesentido,apesquisafoirealizadanacomunidadeTauerá-Açú,inseridanoTerritórioQuilombolaIlhasdeAbaetetuba, tendo como objetivo demonstrar o conhecimento de seus moradores sobre a diversidade das plantasmedicinais.Osdadosetnobotânicos foramobtidosatravésdemétodose técnicasusuaisemetnobotânica.Ouniversoamostral foide34mãesedois especialistas locais.Omaterialbotânico foi coletadoe identificadoe incorporadoaosherbáriosJoãoMurçaPires(MG)eMarleneFreitas(MFS).Utilizou-seoÍndicedeSaliênciaCultural(ISC)paraevidenciarasespécies de maior importância cultural. A diversidade foi calculada utilizando o índice de Shannon-Wiener. Foramregistradas93etnoespécies,dasquais76foramidentificadas,compreendidasem68gênerose34famílias,ondeLamiaceae,FabaceaeeAsteraceaeconstamcomoasmaisrepresentativas.Asplantasmaiscitadasforamhortelã(Menthapulegium),arruda(Rutagraveolens)eboldo(Gymnanthemumamygdalinum).AespéciecommaiorISCfoiMenthapulegium(0,43).OíndicedediversidadedeShannon-Wiener(H'=4,14)foiconsideradoaltoemcomparaçãocomtrabalhosrealizadosemregiões tropicais. A Comunidade quilombola de Tauerá-Açú apresenta um conhecimento vasto e diverso, no entanto,susceptívelamudançaseperdas,proporcionadasprincipalmentepelatransformaçãogradualdomododevidadosjovens.

Palavras-chave:Etnobotânica,remanescentesdequilombos,conhecimento,diversidade,Amazônia.

Severalgroupswerepublishedinanintimaterelationwiththeplantsamongthemstandouttheremnantsofquilombos.Inthissense,theresearchwascarriedintheTauerá-Açucommunity,locatedintheQuilombolaTerritoryoftheAbaetetubaIslands,inordertodemonstratetheknowledgeofitsinhabitantsaboutthediversityofmedicinalplants.Datawereobtainedthroughusualmethodsandtechniquesinethnobotanicalstudies.Thesampleuniversewascomprised34mothersandtwolocalspecialists.ThebotanicalmaterialwascollectedandidentifiedintheherbariaJoãoMurçaPires(MG)andMarleneFreitas(MFS).TheCulturalSalienceIndex(CSI)wasusedtoshowthespeciesofgreaterimportance.Thediversitywascalculated using the Shannon-Wiener index. A total of 93 ethnoespecies were recorded, of which 76 were identified,composedof68generaand34families,whereLamiaceae,FabaceaeandAsteraceaetobemorerepresentative.Themostcitedplantswerementa(Menthapulegium),arruda(Rutagraveolens)andboldo(Gymnanthemumamygdalinum).ThespecieswiththehighestCSIwasMenthapulegium (0.43).Thediversity indexofShannon-Wiener(H'=4.14)wasconsideredhighincomparisonwithworksdoneintropical.ThequilombolacommunityofTauerá-Açúpresentsavastanddiverseknowledge,however,susceptibletochangesandlosses,mainlyduetothegradualtransformationoftheyoungpeople'swayoflife.

Keywords:Ethnobotany;remaindercommunitiesofthequilombos;knowledge;diversity;Amazon.

UseanddiversityofmedicinalplantsinaquilombolacommunityintheEasternAmazon,Abaetetuba,Pará

UsoediversidadedeplantasmedicinaisemumacomunidadequilombolanaAmazôniaOriental,Abaetetuba,Pará

1* 2MariadasGraçasdaSilvaPereira eMárliaCoelho-Ferreira1.Bióloga(InstitutoFederaldeEducação,CiênciaeTecnologiadoPará).MestreemCiênciasBiológicas(UniversidadeFederalRuraldaAmazônia,Brasil).2.Bioquímica(UniversidadeFederaldeOuroPreto).DoutoraemCiênciasBiológicas(UniversidadeFederaldoPará).PesquisadoraTitulardoMuseuParaenseEmílioGoeldi,Brasil.*Autoraparacorrespondência:[email protected]

EstaobraestalicenciadasobumaLicençaCreative Commons Attribution 4.0 Internacional

DOI:http://dx.doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v7n3p57-68

RESUMO

ABSTRACT

IntroduçãoA Etnobotanica e uma ciencia que se ocupa em estudar a

dinamicadasrelaçoesentreoserhumanoeasplantas(ALEXIADES,1996).Oregistroeadocumentaçaodestasrelaçoespropiciamarevitalizaçao do conhecimento dos povos e comunidades quehabitam e manejam os ecossistemas naturais (DIEGUES, 2000;FRAXEetal.,2007).

Osremanescentesdequilombosouquilombolasintegramocomplexo sociocultural da Amazonia brasileira, representadotambemporindıgenas,ribeirinhosecaboclos.Estesmantemumaestreita relaçao comomeioambiente, graçasaoconhecimentointegradodecrençasepraticas,adquiridasdegeraçaoemgeraçao,queconfiguramseusmodosdevidaondeasrelaçoescomunitariastendem a se sobrepor as societarias (LIMA e PEREIRA, 2007;FORLINI;FURTADO,2002).Naosepodeesquecerqueosnativosda regiao, com quem os quilombolas mantiveram relaçoesamigaveis e tambem conflituosas, tiveram uma forte influenciasobreossaberesefazeresdestesgrupos.ComachegadamaciçadosnegrosnaAmazonianoseculoXIX,observou-seafusaodoscomponenteseticosdenegroseındiosresultandoemumanovacultura (SALLES, 1971). Todo esse conhecimento e repassadoatravesdaoralidade,umacaracterısticapropriadascomunidadestradicionais, ja que a grande maioria delas nao possui umatradiçaoescrita(REZENDE;RIBEIRO,2005;MARTINSetal.,2005;DISTASI;HIRUMA-LIMA,2002).

ParaVoeks(2009),ascomunidadesquilombolasdesempenham

umimportantepapelnapreservaçaodastradiçoesetnobotanicasafricanasnocontinenteamericano.Dentreessaspraticasestaousodasplantasmedicinaisnotratamentoecuradedoençasdocorpoedoespırito,queaindahojeperpetuaentreessegrupo(SALESetal.,2009,OLIVEIRAetal.,2015).

Duzentos e vinte e sete territorios de remanescentes dequilombossaoreconhecidosnoParaecorrespondema70%dosregistrados para a regiao Norte (FCP, 2015). Precisamente nomunicıpiodeAbaetetuba,situadonoBaixoTocantins,15territo-riosquilombolasjaforamtitulados,entreelesointitulado“IlhasdeAbaetetuba”,doqualfazemparteascomunidades:AltoeBaixoItacuruça,Campompema,Jenipauba,Acaraqui,IgarapeSaoJoao,Arapapu,Arapapuzinho,RioIpanemaeTauera-Açu.

ApresentepesquisafoirealizadaemTauera-Acu,consideradaacomunidade-mae,ouseja,aquelaquedeuorigemasdemais.Teveporobjetivoregistraroconhecimentoassociadoasplantasmedicinaisnesta localidade,bemcomoverificara importanciaculturaleadiversidadedeconhecimentodosmoradoressobreasespeciesidentificadas.

MaterialeMétodosO municıpio de Abaetetuba pertence a Mesorregiao do

NordesteParaenseeaMicrorregiaodeCameta,estandosuaredemunicipallocalizadaentreascoordenadasgeograficas01º43'24”Se 48º52'54”W (SEPOF, 2016). Abaetetuba e um dos menores

2municıpiosdoPara,com1.611Km deextensaoecercade140.000

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habitantes (IBGE, 2016a), distribuídos entre a zona urbana,representadapelasededomunicípio,eazonarural,daqualfazemparteestradaseilhas.Poucomaisde58milhabitantesencontram-senazonaruraldomunicípio,principalmentenaregiãodeilhas(IBGE,2016b).

A cobertura vegetal original, representada pela florestaombrófiladensadeterra firmecomárvoresdegrandeporte,épraticamente inexistente, dando lugar às florestas secundárias,intercaladas com cultivos agrícolas (SEPOF, 2016). A vegetaçãocaracterística destas florestas abrange espécies ombrófilaslatifoliadas,intercaladascompalmeiras,dentreasquaisdespon-tamoaçaí(EuterpeoleraceaMart.)eomiriti(MauritiaflexuosaL.f.)(ALMEIDAetal.,2004).

O “Território Quilombola Ilhas de Abaetetuba” (TQIA),reconhecidopelaFundaçãoCulturalPalmaresem03desetembrode2012,etituladopeloIterpa(InstitutodeTerrasdoPará)eIncra(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), possuimais de 12 mil hectares, onde vivem 1.700 famílias e 7.500pessoasdistribuídasirregularmentepelascomunidadesaolongodosrios,furoseigarapés(NAHUM,2011).

Tauerá-Açú,aáreadeestudo,éumadas10comunidadesquecompõem o TQIA. Por se tratar de um território com váriascomunidades os dados sobre população, economia, educação,entre outros, não são individualizados por comunidades e simunificadosparatodooterritório,porcontadissoasposterioresinformaçõesarespeitodacomunidadedeTauerá-Açú,sãodadosnãooficiaisobtidoscomoPresidenteAssociaçãodaComunidadesRemanescentes de Quilombo das Ilhas de Abaetetuba e deobservaçãonoconvíviocomacomunidade.

AcomunidadedeTauerá-Açúcontacomumapopulaçãodeaproximadamente600habitantes,vivendonasáreasribeirinhaseno“centro”.Naárearibeirinharesidem80famílias,expostasaumciclodiáriodeenchentesevazantes,ocasionadospelainfluênciadasmarés.Asresidênciaslocais,característicasdepopulaçõesdevárzea,sãofeitasdemadeiraesuspensasapelomenos1,50mdosolo,paraevitarque fiquemsubmersasduranteasmarésaltasdiárias. Esta parcela populacional tem sua renda advindaprincipalmentedapescadocamarão,alémdoplantioeextrativis-modoaçaí(EuterpeoleraceaMart.),vendidodiretamente,oupormeiodeatravessadores,nafeiradacidade.

No“centro”,quecorrespondeaoramalperpendicularàestrada

quedáacessoàsededomunicípio,estãodistribuídas20famílias,cujascasasdealvenariasãoconstruídasemlocaismaiselevadoseprotegidosdasenchentescotidianas.Ascasassãocercadasporgrandesquintaiseinterligadasporestreitoscaminhosabertosdeterrabatida.Apopulaçãodocentrovivebasicamentedaroçademandioca emacaxeira (Manihot esculentaCrantz), cujas raízestuberosas são consumidas sob a forma de farinha ou cozidas,respectivamente. Usualmente a produção de farinha, para asubsistência é um trabalho de cunho familiar, em que todosparticipamemalgumafasedoprocesso.Avendadesteprodutodamandiocaéfeitasemprequeháproduçãoexcedente.

Parainiciarosprocedimentoséticosforamrealizadasreuniõesna comunidade como grupodemães para a apresentaçãodoprojeto de pesquisa, formulação e adequação do Termo deAnuênciaPrévia(TAP),quefoiassinadoporaquelasqueaceitaramcolaborarcomopresenteestudo.

TodososdocumentosexigidospelaM.P.2.186-16/2001,aindaemvigorem2014,foramencaminhadosaoIPHAN(InstitutodoPatrimônioHistóricoeArtísticoNacional),queautorizouoacessoaoconhecimentotradicionalsemacessoaopatrimôniogenéticosoboprocessoden°01492.000102/2015.

O trabalhodecampo foi conduzidodemarçoaoutubrode2015, considerando o cadastro das 100 unidades familiares,fornecido pela Agente Comunitária de Saúde, inicialmentecontatada. A seleção das famílias foi realizada por meio daamostragemprobabilística(ALBUQUERQUEetal.,2010)atravésdosorteiode34unidades(34%dototal).Optou-seportrabalharcomasmães,queemgeraldetêmasnoçõesbásicasdecomotrataros problemas de saúde de suas famílias (COELHO-FERREIRA,2009).Noentanto,visandoaaprofundarasinformaçõesobtidas,doisinformantes-chaveouespecialistaslocaisforamidentificadosatravésdatécnicade“boladeneve”(ALBUQUERQUEetal.,2010)ecompuseramouniversoamostral.

Acoletadedadosenvolveutécnicasemétodosdepesquisasusuaisemetnobotânicae complementaresentre si.Entrevistassemiestruturadas (BERNARD,2006) foramconduzidas juntoàscolaboradoras para obter dados pessoais como: nome, idade,tempodemoradia,deescolaridade,ocupação,etc.Emseguida,foiaplicada a técnica “lista livre” (QUINLAN, 2005), em que seperguntavaàscolaboradoras:Quaisasplantasmedicinaisquevocêconhecee/ouusa?Apartirdalistagerada,foiretomadooroteiroda entrevista semiestruturada para obter dados relativos àsespéciesvegetaislistadasporcadainformante.Duranteacoletadedadosforamfeitasgravaçõesefotografiassemprequeautorizadaspelascolaboradoras,comocomplementoàsinformaçõesdescritasnacadernetadecampo.

Acoletadasamostrasbotânicasaconteceuduranteasentrevis-tas quando as colaboradoras as possuíam em seus quintais, etambémduranteasturnêsguiadas(ALBUQUERQUEetal.,2010)quecontaramcomacolaboraçãodosdoisespecialistaslocais.

Os espécimes vegetais foram herborizados seguindo astécnicasdescritasporMing(1996),eaidentificaçãosedeuporcomparaçãocomacoleçãodoHerbárioMGdoMuseuParaenseEmílioGoeldieconfirmadaporespecialistaseparataxonomistasdainstituição.Adotou-seosistemadeclassificaçãoAPGIII(2009)paraasfamíliasbotânicaseasbasesdedadosdaFloradoBrasil2020 (http://floradobrasil.jbrj.gov.br) e Trópicos do MissouriBotanicalGarden(http://www.tropicos.org/)paraaatualizaçãodos nomes científicos e determinação da origem das plantas,respectivamente.Paraaconfirmaçãodaorigemdasespéciesafri-canas foi consultada a base de dados African Plants Database(http://www.ville-ge.ch/cjb/). Todo material botânico fértil foidepositadonoHerbáriodoMuseuGoeldi(MG).

58BiotaAmazônia

UsoediversidadedeplantasmedicinaisemumacomunidadequilombolanaAmazôniaOriental,Abaetetuba,Pará

Figura 1. Mapa com a localizaçao da comunidade quilombola de Tauera-Açu,Abaetetuba,Para./Figure1.MapwiththelocationofthequilombolacommunityofTauera-Açu,Abaetetuba,Para.

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AsespéciesforamclassificadasquantoaohábitoseguindoaterminologiadeIBGE(2012).Foiconsideradaaterminologialocalreferenteàsindicaçõesterapêuticasemododepreparo,porserempróprios desta comunidade tradicional e empregados apenasnaqueleconvíviosocial,devendo,portanto,seremregistrados.

OsdadosqualitativoslevantadosforamsistematizadosemumbancodedadosnoProgramaExcel2013,organizadosemtabelasegráficos,quesubsidiaramaanálisequaliequantitativadosdadosacerca do conhecimento etnobotânico dentro da comunidadeestudada.

Para as análises quantitativas foram utilizados os índicesSaliência Cultural (ISC) e o de diversidade Shannon-Wiener. OíndicedeSaliênciaCultural(ISC),queinferesobreaimportânciaculturaldasetnoespéciesparaumadeterminadacomunidade,foicalculadoapartirdalistalivrecomoauxíliodosoftwareVisualAnthropac-Freelists 4.0 (BORGATTI, 1992). O ISC levou emconsideração,paracadaetnoespéciecitada,aordememquefoilistadaeafrequênciadecitação.Osvaloresdesteíndicevariamde0–1,sendoque,quantomaispróximodeuméovalordoISC,maisimportantes culturalmente a planta é. Segundo Pedrollo et al.(2016)paraserconsideradasaliente,nãobastaaetnoespéciesermencionadapormuitosinformantes,precisatambémserlembra-daantesdasoutras.

Adiversidade foi analisadautilizandoo índicedeShannon-Wiener, proposto por Krebs (1989) e adaptado por Begossi(1996), em que considera apenas uma citação da espécie porinformante,mesmoqueuminterlocutortenhacitadoumaespécieváriasvezes,paraváriosusos.O índicefoicalculadoatravésdoprogramaPC-ORDversão5.0.

Paraseverificarasuficiênciaamostral,foramfeitasascurvasderarefação,utilizandooprogramaPAST,atravésdeumamatrizdepresençaeausência.

ResultadoseDiscussõesAs colaboradoras têm entre 21 e 50 anos, 18 delas (53%)

nasceramemTauerá-Açúe16(47%)vieramdeoutrascomuni-dades do Território quilombola “Ilhas de Abaetetuba”, da áreaurbanadomunicípioedeIgarapé-Mirí,municípiovizinho.

Os especialistas tradicionais são do sexo masculino, comidadesde53e76anos.Ambospraticamareligiãocatólicaeforamreconhecidos na comunidade como detentores de um saberparticularsobreasplantasmedicinais.Umdelesatuaapenasnaindicaçãodasplantaspara fins terapêuticos, enquantoooutro,alémdestepapel, realiza rituaisde curaeé reconhecidocomo“benzedor”.

Deste universo amostral (34mulheres e dois homens), 12consideram-se descendentes de quilombola, cinco seautodenominaramcomotalporteremadquiridoestedireitoaoser casarem com quilombolas, outros 12 afirmaram nãodescenderdetalgrupo,seteapontaramdesconhecimentosobresuasorigens.DeacordocomSantana(2014),essefatoécomumem muitas comunidades negras, por que inconscientementepreferema“inclusão”nasociedadeà“exotização”.

Setentapor centodosparticipantesdeste estudo indicaramintegrantesdafamíliacomoresponsáveispelosaberetnobotânicoque possuem. Há de se atentar para o fato de que osconhecimentosnesta comunidadesãopautadosprincipalmentena oralidade, expressa nas práticas observadas e vivenciadascotidianamente. As mães são as maiores responsáveis pelorepassedessasinformações;emseguidaforammencionadososavóseoutrosparentes.

Noquetangeosproblemasdesaúdecomunsàsfamíliasforammencionadosgripe,diarreia,virose,febreetosse.Amaioriadasinterlocutoras (73%) afirmou ter os remédios caseiros como

primeira opção para o tratamento destes males. A escolha éjustificada,sobretudopelaeficáciadosremédios,pelaconfiançanosensinamentosdeixadosporpessoaspróximas(mãe,avós,etc),edevidaaprecariedadedosistemapúblicodesaúde.Poucomaisde 20% disseram primeiramente procurar a medicina oficial,representadapelasAgentesComunitáriasdeSaúde (ACS), pelomédicoemsuaúnicavisitamensalepelosserviçosoferecidosnoPosto de Saúde local. A automedicação foi citada por três dasinterlocutoras, enquanto os especialistas locais forammencionados,comoprimeiraopçãoterapêutica,porduaspessoas.

Foramregistradas93etnoespéciesdeusomedicinal,sendo76espéciescientificamenteidentificadaseasdemais-barbatimão,casca-doce, casca-preciosa, espinheira-santa, entre outras - nãopuderamseridentificadasporsetrataremdeplantascompradasemervanários,estabelecimentosemcrescentedesenvolvimentonomunicípio,comopau-de-angolaearumã-de-cheiro.Enquanto64etnoespéciesforamlevantadasatravésdalistalivre,29foramregistradasduranteas turnêsguiadas.Asespécies identificadasestãodistribuídasem68gênerose34famíliasbotânicas,entreasquaissedestacamAsteraceae(10),Lamiaceae(10),Fabaceae(9),Euphorbiaceae(4),Rutaceae(4),Apocynaceae(3),Arecaceae(3)eZingiberaceae (3). Estas famílias são cosmopolitas e/ouamplamentedistribuídas (JUDDetal.,2009), e frequentementeusadas na cura de doenças por comunidades amazônicas(COELHO-FERREIRA,2009;RODRIGUES,2006;VÁSQUEZet al.,2014);alémdeseremfamíliasrepresentativasparaascomuni-dades remanescentes de quilombos como apontam Almeida eBandeira (2010);Nascimento e Conceição (2011) e Silva et al.(2012).

Dentreasespécieslevantadas,hortelã(MenthapulegiumL.),foiamaismencionadacom19citações,seguidadearruda(RutagraveolensL.)(10)eboldo(Gymnanthemumamygdalinum(Delile)Sch.Bip.exWalp.) (10), alémdecatinga-de-mulata (Aeollanthussuaveolens Mart. ex Spreng.) (6). Essas espécies também sãoimportantesemoutrascomunidadesquilombolascomoQuilomboSangrador(MA)(MONTELES;PINHEIRO,2007)eemPedroCubas(SP)(RODRIGUESetal.,2010).

Quantoàorigemdasespéciesmedicinaisidentificadas,46%sãoexóticase54%nativasdoBrasil,sendo95%destas(37sp.)nativas na Amazônia. Em relação a esta última categoria, 15ocorremdeformaespontânea,13sãocultivadasenoveocorremdeambasasformas.

Quarenta e duas das espécies identificadas são comuns aocontinenteafricano,20dasquaissãonativasdeste,comoéocasodeAeollanthussuaveolenseMenthapulegium.Estasduasespéciestiveram seus usos medicinais documentados em trabalhos naNigéria(SOLADOYE;OYESIKU,2008)eAngola(URSOetal.,2016),paísesestes,quecontribuíramparaaformaçãodopovobrasileiro.Outro exemplo de planta nativa africana é Kalanchoe pinnata(Lam.) Pers., endêmica da ilha de Madagascar amplamenteutilizadanooesteafricano(OLIVER-BEVER,1986).

Diversas plantas e animais vieram nos navios negreiros,trazidas pelos escravos, e representavam para estes elementosbásicos de sua cultura, alimentação e cuidados com a saúde(VOEKS,2009).ComachegadaaoBrasil,duranteosprimeirosanosdacolonização,ascircunstânciaseasnecessidadescoletivascertamenteincentivaramapartilhaetrocaintelectualdesaberesentre indígenasenegros, apesardasdiferenças culturais edasbarreiras linguísticas que os separavam (CARNEY, 2013). Nosentido inverso, uma série de culturas americanas tambémchegavaàÁfricaOcidentalefoisendoincorporadanaspráticasmédicasedecultivo,justificandoapresençadeespéciesnativasdaAmazônia,aexemploaQuassiaamaraL.,entreasnaturalizadasafricanas(VOEKS,2009).

59BiotaAmazônia

MariadasGraçasdaSilvaPereiraeMárliaCoelho-Ferreira

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Nºdeespecies

Nºdeinformantes

Estudo Local

ComunidadeQuilomboladeTauera-Açu(PA)

ÍndicedeShannon-Wiener(Basee)

Pereira;Coelho-Ferreira 4,14

4,1

3,89

4,67

SaoJoaodoTupe(AM)

ColoniaCentral(AM)

Barcarena(PA)

Scudelleretal.(2009)

Amorozo(1997)

Asespéciesestãodistribuídasemcincohábitos:erva(48%),árvore (24%), arbusto (15%), liana (7%), palmeira (5%) esubarbusto(1%).Aservas,cultivadasemjiraus,velhasembarca-çõesepaneiros,encontram-sedisponíveisnosquintais,oqueastornabemmaisacessíveis.ParaGuarim-NetoeAmaral(2010)aservas são as mais exploradas devido ao pequeno espaço queocupamnocultivo.Coleyetal.(1985),justificaessapreferência,devido à alta atividade de compostos secundários presentesnestas.

Sessentaequatroetnoespéciesforamregistradaspormeiodatécnica lista livree,portanto, foramconsideradasnaanálisedeSaliênciaCultural.Asespéciesculturalmentemaissalientes,istoé,queapresentaramISCsignificativoforamhortelã(0,43-Menthapulegium),arruda(0,23-Rutagraveolens)eboldo(0,22-Gymnan-themumamygdalinum).

Mentha pulegium é nativa doNorte da África e da Europa.VoekseRashford(2013)sugeremqueaintroduçãodestaespécienoBrasil e emoutras regiõesdaÁfricadeu-sepelas rotasdosportugueses e espanhóis durante a colonização, sendoposteriormente incluída na farmacopeia afro-brasileira. Rutagraveolenséumaespécienativadaregiãodomediterrâneo.Moret(2013)apontaqueestaforaintroduzidanoBrasildevidoaosaltosvaloresdaimportaçãodemedicamentosparaColônia,deformaquecomeçouahaverumforteincentivoeconômicoparaousode

espéciesmedicinaisjáutilizadasnaEuropaeoutraslocais,assiminiciou-sea importaçãodediversasplantasentreelasaarruda(Rutagraveolens),comcustosbemmenores.

Apropósito,Pedrolloetal.(2016)afirmamqueparaentenderos fatores que tornam uma planta mais ou menos salientecognitivamenteenvolveolevantamentodehipóteses.Aindicaçãoterapêuticadasespécies influencianograude importânciadasmesmas para a comunidade; hortelã, por exemplo, recebeuindicaçãodeusoparadiarreiaegripe,eoboldo(Gymnanthemumamygdalinum)éusadonotratamentodeproblemasrelacionadosaosistemagastrointestinalmalesfrequentesentreosmoradoresdeTauerá-Açú.Aversatilidadetambéminterfere,comoéocasodaarruda,quefoiindicadaparadiferentesmalesqueacometemosdiversossistemascorpóreos.Porém,outrofatorcomoafacilidadede acesso, também pode influenciar, já que estas plantas sãocultivadasemquintais.

OíndicedediversidadedeShannonnacomunidadequilom-boladeTauerá-Açú(H'=4,14)écomparadoaosvaloresmaisaltosobtidosporBegossi (1996)paraplantasmedicinais emoutrasregiões tropicais, e equivalentes aos encontrados em estudosrealizadosnaAmazônia(Tabela1).Estevaloré justificadopelaausênciadeespéciesdominantesdentrodouniversodasplantascitadas.Alémdoque,apontaoquãodiversoéoconhecimentodasmãesdacomunidadenoquedizrespeitoàfitofarmacopeialocal.

60BiotaAmazônia

UsoediversidadedeplantasmedicinaisemumacomunidadequilombolanaAmazôniaOriental,Abaetetuba,Pará

Tabela1.ComparaçaodoındicedediversidadedeplantasmedicinaisemestudosetnobotanicosnaAmazonia./Table1.ComparisonofthediversityindexofmedicinalplantsinethnobotanicalstudiesintheAmazon.

Acurvaderarefaçaoapontaumatendenciaparaestabilidade,indicandoqueoesforçodecoletafoisatisfatorioparaocalculodoındicedediversidade(Figura2).

Aocompararadiversidadedeespeciesmedicinaisnativas(H'=3,40)eexoticas(H'=3,58),verificou-sequeambascolaboramdeformaequitativaparaacomposiçaodafitofarmacopeialocal.

Dentreadiversidadedaspartesvegetaisutilizadas,asfolhasentram na composiçao dametade das receitas documentadas,seguidasdacasca(18%),ramosfoliares(12%),sementes(8%),caule(4%),raiz(3%),latex(3%)efruto(2%).Asfolhassaomuitoutilizadas,naoestandosujeitasasazonalidade,comoeocasodosfrutoseflores,alemdoque,acoletadestasnaoprejudicaoespeci-me, ao contrario da retirada de raızes, conforme corrobora

Tugumeetal. (2016)aoatribuirasaltastaxasdeutilizaçaodefolhas a facilidade com que podem ser obtidas em grandesquantidadesemcomparaçaocomoutraspartesdaplanta.ParaJardim e Zoghbi (2008), o uso maior das folhas e ramos naspreparaçoes terapeuticas pode ser explicado pela perenifoliapredominantenasplantasamazonicas.

Acascafoiasegundapartemaisutilizada,citadamajoritaria-menteporumdosespecialistastradicionais,Sr.Damiao,devidoaoamplousodestasnasgarrafadasporelepreparadas.Emgeralnocasodasarvoresamazonicas,ascascasmaisfacilmenteacessadasqueasfolhas(COELHO-FERREIRA,2009;LIMAetal.,2014).

Duzentasevinteeseispreparaçoesforamdocumentadasparao tratamento e prevençao de doenças: 137 sao receitas comapenasumaplanta;89receitasenvolvemmaisdeumaplantaouassociamplantasaprodutosdeorigensdiversas(Tabela2).Asreceitas abrangem oito diferentes modos de preparo, quecorrespondem asseguintescategorias locais:cha, “fumentaçao”,'banho”,innatura,garrafada,“choque”,xaropeesuco.

Dototaldereceitasdocumentadas,74%saodeusointernoe26%saoempregadasexternamente.

Os chas, classificados em “cozidos” e “abafados” segundo amaneiradepreparo -pordecocçaoou infusao, sao geralmenteingeridos.Taisformasdepreparoforamdocumentadasparavariascomunidades amazonicas (VA� SQUEZ et al., 2014; COELHO-FERREIRA,2009;FREITAS;FERNANDES,2006).

A“fumentaçao” eumamisturadeconsistenciapastosa,emcuja composiçao entram plantas, gordura animal e produtosencontradosemervanariosdacidade.Asplantasdafumentaçaosaoconsideradas“finas”,esclarecidasporDonaAnacomoumtipodeplantaqueagenteprecisatermaiscuidado,porquesenão,podefazermalelevaratéamorte.Arruda,catinga-de-mulata,pluma

Figura2.CurvaderarefaçaodasespeciesmedicinaisdacomunidadequilomboladeTauera-Açu,Abaetetuba,Para./Figure2.CurveofrarefactionofmedicinalspeciesofthequilombolacommunityofTauera-Açu,Abaetetuba,Para.

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(Tanacetumsp.),cipó-pucá(Cissusverticillata(L.)Nicolson&C.E.Jarvis)eóleo-elétricodeplanta(PipercallosumRuiz&Pav.)sãoexemplosdeplantasfinas.Todassãomaceradasemumagorduraanimal,quepodeserbanhadejacaré,decarneirooudepatopreto.AestemaceradoéacrescentadaPíluladeJalapaouPílulaContraEstupor,adquiridasnosmencionadoservanários,formandoumaespéciedepomadaescuradecheiroforte.

Asfumentaçõesdevemseraplicadasemmassagensnocorpotodo,duranteotratamentoderamodearoudoençaqueentorta.Deacordocomascolaboradoras,estepreparadoagenosentidoderecuperar osmovimentos perdidos, ocasionados pela paralisia.Em função da gravidade da doença, o tratamento comfumentações pode ser feito em dias seguidos ou alternados,quando o consumo de alimentos “reimosos", como camarão,douradaeporco,éproibido.Segundoumadasentrevistadas,queadministraesseremédioemseuesposo,apessoaqueaplicaessepreparado deve usar luvas, pois a exposição ao vento pode“encarangar”asmãoselevaratéamorte.Outroscuidadosaseremobservadosapósaplicaçãodoremédiodizrespeitoaodoente:estedevepermanecerdentrodeumquarto fechado,depreferênciausandocobertor,protegidodoventoedafriagem.Geralmente,nodiaseguinteàaplicação,oremédioéretiradodocorpopormeiodo “banho de sol”, preparado com folhas de japana (Ayapanatriplinervis (Vahl) R.M. King & H. Rob.), uriza (Pogostemonheyneanus Benth.), trevo (Justicia pectoralis Jacq.), favacão(Ocimum gratissimum L.), pau-de-angola (não identificada), earumã-de-cheiro(nãoidentificada),deixadasemmaceraçãonumabaciacomágua,expostaaosol.Aomeiodia,quandoopreparadojáestiver bem aquecido, é usado para lavar o corpo da pessoadoente. As espécies em questão são ricas em óleos essenciais(MAIA et al., 2000) que se volatilizam rapidamente quandolevados à fervura, fato que explicaria o motivo pelo qual sãosubmetidasaoprocessodescritoacima.

Os “banhos” são macerações aquecidas ao sol, como ditoacima,feitasàtemperaturaambienteouaindadeixadasnosereno.Este dito modo de preparo e uso é comum em comunidadesamazônicas,conformeregistrosfeitosporCoelho-Ferreira(2009),FreitaseFernandes(2006)eAmorozoeGély(1988).Alémdasaromáticas citadas acima, malva-rosa (Pelargonium graveolensL'Hér. ex Aiton), catinga-de-mulata e arruda compõem banhosindicados para problemas espirituais como “mau olhado”. Os“banhos”sãocategorizadospelascolaboradoras,conformeasuafinalidade:“banhoparaficarfeliz”,“banhodeacalmarcriança”e“banhosdedescarga”.Esteúltimo,preparadocomfolhasdepião-roxo(JatrophagossypifoliaL.)eálcool,foiregistradoporOliveira(2015)entremulheresdeumacomunidadequilombolanaBahia,paraasquais têmumasimbologiapurificadoraprovavelmente,porcontadesuaancestralidadeafricana.

Garrafadassãopreparadaspormaceraçãoaquosaoualcóolicaesedestinamatratamentosemlongoprazo.Asreceitasvariamdeacordocomoqueserátratado,eincluemcascaseingredientesdiversoscomoqueijoralado,pódeguaraná,refrigerante,vinhotintoentreoutros.EstetipodepreparaçãofoiregistradoemoutrascomunidadesquilombolasdaBahiaporMotaeDias(2012),edoPiauíporFrancoeBarros(2006);nestaúltima,entretanto,sãopreparadasapenascomasraízes,aocontráriodoregistradonesteestudo onde o principal ingrediente é a casca. De acordo comCamargo(1998),ovinhotintonãoerautilizadonestapreparação,derivadadafórmulada"TriagaBrasílica"cujosingredienteserammantidos em segredo pelos Jesuítas no século XVIII. Nestacomunidade,porém,éhabitualmenteempregadoparaeste fim,assimcomoemMarudá,noestuárioamazônico,conformerelataCoelho-Ferreira (2009).A garrafadapara emagrecer é tambémindicadacontradiabetes,possivelmenteporestaserumadoença,

namaioriadoscasos, ligadaàobesidade.OSr.Damiãoadverteparaoteorextremamenteamargodestapreparação,istodevidoàalta concentração de tanino presente nas cascas de sucuúba(Himatanthusarticulatus(Vahl)Woodson)eacapu(Vouacapouaamericana Aubl.), conformemostrado por Souza Filho e Alves(2000)eLuzetal.(2014).Aindasegundoomesmocolaboradoresta preparação causa muito suor e eliminação de urina. Taisefeitosexplicariamporqueesseremédiolevaàrápidaperdadepeso.

Algumas plantas têm suas folhas ou exsudatos (látex, óleo)utilizadosinnatura,nomenclaturaaquiempregadaparadescreverumaintervençãomínimaquantoaomododepreparo.Nocasodasfolhas, estas podem ser levemente aquecidas ou socadas paraextraçãodaseiva.Essessãoremédiosaplicadosdiretamentenolocal afetado, àmoda de emplastro (ferimentos, erisipele), emfricçãoouemgotejamento(dordeouvido).

“Choque” é a denominação local atribuída às maceraçõesalcoólicascujoveículotantopodeseroálcoolcomoacachaça,aoqual se associam plantas aromáticas, como arruda e uriza.Diferencia-se,portanto,dasgarrafadas,pelomeiolíquidoepelotipodepartesvegetaisutilizadas.Oremédioéaplicadoemfricçãoou massagem local no tratamento de dores de cabeça ereumáticas,podendoserconservadoeusadoporlongosperíodos.Segundo os entrevistados, quanto mais tempo guardada, maisconcentradaeeficazelasetorna.

Os xaropes são decocções empregadas no tratamento dedoençascomoaasmaeverminoses.Nestapreparaçãoéacrescen-tadomelouaçúcar,segundoasentrevistadas,porcontadogostopouco palatável de alguns ingredientes, como por exemplo, aortiga(Plectranthusamboinicus(Lour.)Spreng.),etambémparaadquirir a consistência necessária, por elas denominada como"ponto do xarope". Em casos de inflamação da garganta, otratamentocomxaropedevesercomplementadocomapráticade"curar a garganta” esse procedimento implica emuma pessoaenvolverodedoindicadorcomumpanooualgodãoembebidoemmel ou óleo de copaíba e levá-lo até o interior da gargantaaplicandooremédiodiretamentenolocalinflamado.

Sucossãoobtidosporprocessamentodefolhas,porexemplo,noliquidificador,ingredientesdensoscomoa"massa"dafolhadababosa(Aloevera(L.)Burm.f.),eparaobter-seumsabormaisagradávelsãoadoçadoscomaçúcaroumel,indicadosprincipal-menteparainfecções.

Asplantasmedicinaisforamindicadaspara57problemasdesaúde.Sintomascomoaquelesdadentição,doresemgeral,febreevômitorepresentaram28%daamostratotal.Afebrefoiomaisrecorrentenestacomunidade,provavelmenteporsercomumadiversasdoenças.Asespéciesindicadasparaotratamentodestesintoma são catinga-de-mulata (Aeollanthus suaveolens), uriza(Pogostemonheyneanus),feijão-coandô(Cajanuscajan(L.)Huth),favacão(Ocimumgratissimum),limão(CitrusaurantifoliaSwingle)elaranjadaterra(Citrussp.).Ocombateàfebrepodevariar,deacordocomaintensidadecomqueestasemanifesta,conformerelatouD.AnaFerreira “Remédiomuito forte, quente, não serveparafebrealta,porqueprecisarefrescarosangue.Remédiomuitofortequeimaosangue!Jáafebrebaixa,podetomarumremédioquente.”

Nestacategoriaencontra-setambémo“ramodear”doençaque foi descrita com sintomas como convulsões, paralisia eenrijecimentomuscular,comtrêspossíveisdiferentescausas,febrealtacomconsequenteconvulsão,choquetérmicoeAVC,entretantooscuidadoseasplantassãoasmesmasindependentesdascausas,sãoelas,arruda(Rutagraveolens),catinga-de-mulata(Aeollanthussuaveolens),pluma(Tanacetumsp.),cipó-pucá(Cissusverticillata)eóleo-elétricodeplanta (Piper callosum)bemsemelhantesaos

61BiotaAmazônia

MariadasGraçasdaSilvaPereiraeMárliaCoelho-Ferreira

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descritosporAmorozoeGély(1988),emseuestudocomcaboclosdeBarcarena,Pará.

Os males como dor de barriga, diarreia e problemas deestômago,segundoosinterlocutores,sedevemàmáalimentação,geralmenteregadaamuitagordura,farinhaesal.Estesproblemaspodem ser atribuídos ainda à inexistência de serviços detratamentodeáguaeesgoto,queérecorrenteemdiversascomu-nidades no Brasil, assim como, na maioria das comunidadesamazônicas, e ribeirinhas, em particular. Esta situação vai aoencontro do que Gomes e Bandeira (2012) constataram nacomunidadequilomboladoRasodaCatarinanaBahia,ondeafaltadepolíticaspúblicasvoltadasparaosaneamentobásico,refleteoquadro epidemiológico das comunidades, sendo casos deverminosesediarreiacomunsnessaspopulações.

EmTauerá-Açú,adordebarrigapodesercausadaaindapelaingestãoconcomitantedediversasfrutas,comoesclareceajovementrevistada, Aellen: “dá dor de barriga, quandomisturamuitacoisadotipo:cupuaçu,açaíemanga”.

Sintomas como infecção urinária conhecida como “dor deurina”,cólicamenstrual,corrimentoeciclomenstrualdesregulado- localmente denominado “suspensão”, integram a categoria“doençasdemulher”eabrangeram17%dasindicações.Verônica(Dalbergiasp.),pirarucu(Kallanchoepinnata)ebabosa(Aloevera)são algumas das plantas empregadas no tratamento destasafecções.Quina(Quassiaamara)éumadasplantascomamploespectrodeuso:tratacólicamenstrualesuspensão,assimcomopropiciaoaborto.Muitoemboranãosejamconsideradasdoençasenemsintomas,oabortoeo favorecimentodagravidez forammencionadospelosentrevistados(COELHO-FERREIRA,2009).

Éimportanteaindamencionarasdoençasdecunhoespiritual

(3,4%), embora não estejam entre as mais representativas. Oquebrantoeomauolhado,cujossintomassãovômitoedordecabeça, causados principalmente pela inveja e os olharesadmiradosdealgumaspessoas.Enquantooquebrantoacometeascrianças, os adultos sofrem de mau olhado. As plantas maisindicadas são arruda (Ruta graveolens), catinga-de-mulata(Aeollanthus suaveolens), pião-roxo (Jatropha gossypifolia) emalva-rosa(Pelargoniumgraveolens).

Há ainda os maus espíritos, que para os entrevistadosprovocamsensaçõesdesagradáveis,“umacoisaruim”,combatidoscombanhosde“descarga”,preparadoscomfolhasdepiãoroxoesalvirgem,eempregadosnassegundasequartas-feiras,namarévazante.Asdoençasespirituaissãotratadasporbenzedores,enocasodestacomunidade,peloSr.Damião.Importanteressaltarqueapesardosmoradoresdacomunidadeseguiremareligiãocatólicaou protestante, assim como registrado por Gomes e Bandeira(2012), naBahia, rituais de origemafricana ainda semostramfortementepresentenocotidiano,comoasrezasparaacuradedoenças"espirituais".

Osmalesaquiregistradossãorecorrentesentrecomunidadesamazônicas(AMOROZO;GÉLY,1988;COELHO-FERREIRA,2009;VÁSQUEZetal.,2014)eremanescentesdequilomboemoutrasregiões brasileiras (MONTELES; PINHEIRO, 2007, SALES et al.,2009;GOMES;BANDEIRA,2012).AlmeidaeAlbuquerque(2002)afirmam que os dados obtidos em pesquisas dessa naturezarefletem à maioria dos casos de doenças na população. Nestapesquisa,corroborou-seestaafirmaçãoemconversas informaiscomasagentescomunitáriasdesaúde,ondefoirelatadocomoosproblemasdesaúdemaisrecorrentesnacomunidade:diarreia,gripeedordebarriga.

62BiotaAmazônia

UsoediversidadedeplantasmedicinaisemumacomunidadequilombolanaAmazôniaOriental,Abaetetuba,Pará

Família Nomevernacular Nomecientí�ico Parteutilizada Indicação Mododepreparo

Acanthaceae Trevo JusticiapectoralisJacq. Folha Febre Banho:veruriza

Amaranthaceae MetruzDysphaniaambrosioides(L.)Mosyakin&Clemants

(1)Cha:Poeafolhanavasilhaedeixaferverpodetomarde1a3vezespordia;(2)Cha:Poeafolhanavasilhaedeixaferverpodetomarde1a3vezespordia.

RamosfoliaresVerminose(1);

Gripe(2).

(1)Unguento:versetedores; (2)Cha:Vercana�ixe.

DoremgeraleDordebaque(1);

Infecçaourinaria(2)FolhaAlternantherabrasiliana(L.)

KuntzePenicilinaAmaranthaceae

Xarope:cortaacebolabem“miudinha”efervejuntocommeldeabelhaebebo.

AsmaCauleHymenocallislittoralis(Jacq.)Salisb.

CebolinhaAmaryllidaceae

Cha:veraçaıDiarreiaCascaAnacardiumoccidentaleL.CajuAnacardiaceae

(1)Cha:colocanumapanelaparaferverjuntocomaguaaraizdachicoria;(2)Cha:Fervearaizdachicoriajuntocomafolhadasacaca,podebeberdeduasatresvezesaodia;(3)Cha:verhortela.

Dentiçao(1);Gripe(2);Diarreia(3)

RaizEryngiumfoetidumL.ChicoriaApiaceae

(1)Cha:ferveacascacomagua.Ouinnatura:bebeoleitepuro;(2)Innatura:Colocaacascanaaguaebebetododia;(3)Garrafada:colocanaaguaacascadoacapu,cascadomurure,cascadocarapana,cascadasucuuba,cascadopaudecurupira,nozmoscadaecascadopau-surı. Toma duas colheres tres vezes ao diatomaumpoucomaisnahoradolevantaredodeitar.

Asma(1);U� lcera(2);Emagrecer/Diabetes(3)

Latex/CascaHimatanthusarticulatus(Vahl)Woodson

SucuubaApocynaceae

Cha:colocaacascaprafervercomagua.OuInnatura:bebeoleitepuro.

AsmaLatex/CascaParahancorniafasciculata(Poir.)Benoist

AmapaApocynaceae

Garrafada:versucuubaEmagrecer/DiabetesCascaAspidospermaexcelsumBenth.CarapanaApocynaceae

Cha:verpaririInfecçoesemgeralRaizEuterpesp.AçaıbrancoArecaceae

Cha:verpaririInfecçoesemgeralRaizBactrisgasipaesKunthPupunhaArecaceae

Cha:verpaririInfecçoesemgeralRaizNaoidenti�icadaMucajaArecaceae

(1) Cha: ver quebra-pedra; (2) Cha: verlaranjeira;(3)Cha:vermarupazinho;(4)Cha:fazochacolocanaaguaacascadocaju,araizdoaçaıeasfolhasdohortelaepraferver

Infecçaourinaria(1);Dordebarriga(2);

Murruda(3);Diarreia(4)

RaizEuterpeoleraceaMart.AçaıArecaceae

Tabela2.AspectosetnofarmacologicosdasplantasmedicinaisutilizadasnacomunidadequilomboladeTauera-Açu,Abaetetuba,Para./Table2.EthnopharmacologicalaspectsofmedicinalplantsusedinthequilombolacommunityofTauera-Açu,Abaetetuba,Para.

Mododepreparo

Cont.

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63BiotaAmazônia

MariadasGraçasdaSilvaPereiraeMárliaCoelho-Ferreira

Família Nomevernacular Nomecientí�ico Parteutilizada Indicação Mododepreparo

Fumentaçao:socafolhasdecravo,dearruda,de catinga-de-mulata de mulata, de malva-rosa,decipo-puca,deoleo-eletricodeplanta,edepluma,acrescentaabanhadejacare,decarneiro,oudepatopreto,maisapıluladejalapa. Pode fazer tambem o cha com asmesmasplantassemasbanhasetomarcomapılulacontra-estuporouapıluladajalapa.

Dordebarriga(1);Problemasdeestomago(2);

Problemadefıgado(3)

RamodearFolhaCosmossulphureusCav.CravoAsteraceae

Fumentaçao:VercravoRamodearFolhaTanacetumsp.PlumaAsteraceae

(1)Cha:colocaafolhanaaguapraferveretoma junto comElixir paregorico; (2)Cha:fervenaaguaafolhadoboldoepodecolocarjuntoa“batatinha”domarupazinho,raizdoaçaızeiro,folhadeespinheira-santa,desetedores,anadorousicuriju.;(3)Cha:poepraferversoafolhadoboldo.

FolhaGymnanthemumamygdalinum(Delile)Sch.Bip.exWalp.BoldoAsteraceae

Cha:versetedores;ouCha:verboldo.OuCha:Para problemas de estomago ferve a folhacomamorcrescido,oupodeferversoasfolhanaagua.

ProblemasdeestomagoFolhaMikanialindleyanaDC.SicurijuAsteraceae

(1)Cha: ferveasfolhasdamacelanaaguaetomaquantasvezesselembrar;(2)Cha:poeaaguaparaferveredepoiscolocaasfolhasdamacelaedeixaferverde2a3minutos.

Doremgeral(1);Dordebarriga(2)

FolhaPlucheasagittalis(Lam.)CabreraMacelaAsteraceae

Banho:colocaafolhanaaguaedepoisdeumtempobanhaacriançaque"ta"comquebran-to.

QuebrantoFolhaTithoniadiversifolia(Hemsl.)A.GrayGirassolAsteraceae

(1) Banho: ver uriza; (2) Cha: ver quebra-pedra;(3)Banho:ferveasfolhasdoeucalipto,do limao a tarde e deixa no sereno pelamanha colocanacabeça senao tiver febre.Esfregarafolhajuntoafolhadepataqueira,adicionandoumagotadeaguadecoloniaepoenosol,bebeumavez“bocadanoite”.

Febre(1);Dordeurina(2);Gripe(3)

FolhaAyapanatriplinervis(M.Vahl)R.M.King&H.Rob.

Eucalipto/JapanaAsteraceae

(1)Cha:ferveasfolhasdepariricomacascadaveronicaebeterraba.OuCha:fervesoasfolhasdopariri.(2)Cha:Fazochacomaraizdoaçaıbranco,raizdapupunheira,raizdomucaja, folhasdopariri, folhasde tançage,cascadoaçacu.

Anemia(1);Infecçaoemgeral(2)

FolhaFridericiachica(Bonpl.)L.G.Lohmann

PaririBignoniaceae

Xarope:cortaempedaçospequenosetiraoespinhoecolocaprafervercommeldeabelha.

AsmaCauleCereusjamacaruDC.JamaracaruCactaceae

Cha:cortaacascaempedaçoefervenaagua.DiabetesCascaCalophyllumbrasilienseCambess.JacareubaCalophyllaceae

(1)Cha:ferveacana�ixecomapenicilinaefervenaagua.OuCha:verjucaouCha:verariazinho.OuCha:verquebra-pedra.(2)Cha:verquebra-pedra.

Dordeurina(1);Pedranosrins(2)

CauleCostusspicatus(Jacq.)Sw.Cana�ixeCostaceae

(1) In natura: uma “poqueca” da folha dopirarucuecolocaembaixodacinzadofogaodelenhadepoisespremeosumodafolhaemumavasilhaaıpoeosalamargoeembebeumpanonesselıquidoemcolocaondetadoente;(2)Innatura:colocaafolhadopirarucuemcima de uma panela quente so para elamurchardepoisqueesfriarespremeafolhaepingatresgotasdosumodentrodoouvido;(3)Innatura:murchaafolhanofogocolocaleitedopeitoemcimadafolha"misgalha"noalgodao e pinga nos olhos; (4) Suco: verbabosa; (5) Unguento: corta a folha dopirarucuesocajuntocomoamorcrescidoefazunguentoepoeemcimadocorte.

Izipraeinchaço(1);Dordeouvido(2);

In�lamaçaonosolhos(3);Infecçaourinaria(4);In�lamaçaode

ferimento(5)

FolhaKalanchoepinnata(Lam.)Pers.PirarucuCrassulaceae

(1)Cha:ferveafolhaepingaaguadecoloniajuntoebebe;(2)Cha:fervesoafolhadosaiaonaaguaebebetresvezesaodia.

Gastrite(1);Dordeestomago(2).

FolhaKalanchoebrasiliensisCambess.SaiaodeplantaCrassulaceae

Cha:verquebra-pedra.InfecçaourinariaFolhaRhynchosporapubera(Vahl)Boeckeler

BarbadepacaCyperaceae

Unguento: mistura mamona com cera deHolanda(gorduradecarneiro),passaemtodacosta,nopeitoenagargantaumavezaodia.

DordecabeçaSementeNaoidenti�icadaMamonaEuphorbiaceae

(1)Innatura:esocolocaroleitedeleemcimadeondetaferidoatesarar;(2)Choque:raspaotroncoecolocaessaraspadentrodacachaçaepassanaizipra;(3)Banho:temquefazerumbanhodedescarrego,ferveasfolhasdopiaoroxo, sal virgem e toma o banho na marevazante segunda, quarta e sexta-feira; (4)Banho:misturanaaguaasfolhasdopiaoroxo,caabiemucura-caa.

(1)Cha:ferveafolhadacoramina,dalaran-jeiraedaerva-cidreira;(2)Cha:comasfolhasdacoraminaecomerva-doce.

Ferimento(1);Izipra(2);Mauespirito(3);

Mauolhado(4)Latex/Casca/FolhaJatrophagossypiifoliaL.Piao-roxoEuphorbiaceae

Cansaço(1);Problemascardıacos(2)

RamosfoliaresEuphorbiatithymaloidesL.CoraminaEuphorbiaceae

Cont.

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64BiotaAmazônia

UsoediversidadedeplantasmedicinaisemumacomunidadequilombolanaAmazôniaOriental,Abaetetuba,Pará

Família Nomevernacular Nomecientí�ico Parteutilizada Indicação Mododepreparo

Euphorbiaceae Sacaca CrotoncajucaraBenth. Folha Gases Cha:versetedores.

Fabaceae Buiuçu OrmosiacoutinhoiDuckeChoque:cortaacascaesfregaeosumovaiescorrendoigualaumtucupı,misturaelecomacachaçaeusanacabeça.

Cascaeseiva Dordecabeçaefebre

Innatura:vererva-doceInfecçaourinaria

CascaDalbergiasp.VeronicaFabaceae Cha:cortaacascadaveronicaempedacinhoeferveuntocomafolhadopariri

Anemia

HymenaeacourbarilL.JatobaFabaceae (1)Garrafada:verbarbatimao;(2)Garrafada:vererva-doce;(3)Garrafada:vererva-doce.

Casca

Cha:temqueferverumas“bajinhas”(fruto)dejucanaagua,combarbatimaoe"cana"dacana�ixe.

InfecçaourinariaFruto(Bajinha)Libidibiaferrea(Mart.exTul.)L.P.Queiroz

Juca

Cha:verpaririInfecçoesemgeralCascaErythrinafuscaLour.Açacu

(1)Garrafada:verbarbatimao;(2)Garrafada:versucuuba;(3)Garrafada:vererva-doce.

InfecçaoCascaSchnellasp.Escadadejabutı

(1)Banho:verlimao;(2)Banho:veruriza.

InfecçaoSementeCopaíferasp.CobaıbaFabaceae

Innatura:Tiraacascaecolocanaaguaumpoucodafarpa(casca�ibrosa)etomaigualagua.

CurubaFolhaChelonanthusalatus(Aubl.)PullTabacoaranaGentianaceae

Innatura:colocaasementenaaguaedeixaelasoltar oleoao�icagrossoevoce e tomaaquilopareceumoleo.

FolhaPelargoniumgraveolensL'Her.exAiton

Malva-rosa

Banho:esfregaafolhanaaguaedepoispassanocorpodacriançaondeestaa“curuba”.

Geraniaceae(1)Banho:verarruda;(2)Fumentaçao:Vercravo.

Mauolhado(1);Ramodear(2)

Infecçao(1);Reguladoruterino(2);Pra

engravidar(tratamentoconceptivo)(3).

Fabaceae

Fabaceae

Infecçao(1);Emagrecer/Diabetes(2);Regulador

uterino(3)CascaVouacapouaamericanaAubl.AçacuFabaceae

Constipaçao(1);Febre(2)

FolhaCajanuscajan(L.)HuthFeijaocoandoFabaceae

Fabaceae

(1) Cha: ver hortela. Ou Cha: pega a raiz domarupazinhofervenaaguapordoisminutosetampaapanelaedepoistomafrio;(2)Cha:fervearaizdomarupazinhojuntocomadoaçaizeiro.Tomarodiatodonolugardaagua.Oucha:cortaaraizdomarupazinhocomaraizvermelhadoaçaizeiro, folha de magirona- camilitana e o“imbigo”dacastanhaefervetudonaagua.

Diarreia(1);Murruda(2).

BulboEleutherinebulbosa(Mill.)Urb.MarupazinhoIridaceae

(1)Banho:Verarruda;(2)Cha:fervefolhasdacatinga-de-mulatademulataetomacomumcomprimidodeSulfadiazina;(3)Fumenaçao:Vercravo;(4)Cha:ferveasfolhasdacatinga-de-mulata de mulata e toma durante o diatodo,atepassarafebre;(5)Cha:colocoafolhadacatinga-de-mulatademulataprafervernaaguade2a3minutos.Tomarde3vezesaodia,dedoisatresdias;(6)Cha:colocoafolhadacatinga-de-mulata de mulata para ferver aaguade2a3minutos.Tomarde3vezesaodia,dedois a tresdias. Junto commedicamentoparavomito.

Mauolhado(1);Dor(2);Ramodear(3);

Febre(4);Diarreia(5);Vomito(6)

RamosfoliaresAeollanthussuaveolensMart.exSpreng.

Catinga-de-mulataLamiaceae

(1)Banho:socaouferveasfolhascomarumadecheiro,feijao-coando,folhadelaranjadaterra,limao,trevo,japanaefavacao,deixanosereno, tem que fazer hoje para banharamanhademanhacedo;(2)Innatura:socaetiraosumodafolhadaurizaepassanatesta.OuChoque:Verarruda.OuCha:ferveaurizacomarrudaehortela.

Febre(1);Dordecabeça(2)

FolhaPogostemonheyneanusBenth.UrizaLamiaceae

(1)Cha:ferveasfolhasjuntocomchamaetomadeduasaatresvezesadia;(2)Innatura:veruriza;(3)Cha:ferverasfolhasdohortelaeosgalhostambemmisturacomaplantachamaecom sulfadiazina;(4) Cha: ferve as folhas dohortelaeosgalhoscolocanochaplantascomocatinga-de-mulatademulata,marupazinho,ouraiz da chicoria, pode tomar com o elixirparegoricooucomImosec.OuCha:veraçaı;(5)Cha: ferve so as folhasdehortela e tomanolugardaagua;(6)Cha:afolhadehortelaeosgalinhostambemfervejuntocomaplantasete-dorpodetomarjuntocomochaIbuprofeno.

Dordevento(1);Dordecabeça(2);Dentiçao(3);Diarreia(4);Gripe(5);Dordebarriga(6)

RamosfoliaresMenthapulegiumL.HortelaLamiaceae

(1)Choque:temquecolocarnacachaçaafolhadaortigaea�lor(bractease�lor)dovindicaa;(2)Innatura:murchaafolhadaortiganofogodepoisesfregananaocomosefosseenrolarafolha e poe onde estiver inchado ou com aizipra;(3)Cha:Poeparaferverafolhaetomoocha; (4)Cha: Ferve a folha com agua,meldeabelha e alho e toma duas vezes ao dia; (5)Xarope:Colocoaçucar,alho,meiodelimaoeafolha da hortela do maranhao quando elamurchanapanelaecolocodentrodeumvidrotemquetomarumacolherquatrovezesaodia.

Dordecabeça(1);Izipra/inchaço(2);Dornoestomago(3);Gripe(4);Expectorante(5)

FolhaPlectranthusamboinicus(Lour.)Spreng.

Ortigacheirosa/Ortiga/Horteladomaranhao

Lamiaceae

Cont.

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65BiotaAmazônia

MariadasGraçasdaSilvaPereiraeMárliaCoelho-Ferreira

Família Nomevernacular Nomecientí�ico Parteutilizada Indicação Mododepreparo

Banho:Esfregaafolhanaaguaedeixanosolpara�icarcheirosoedepoisbanhaacriança.

Murruda

GalhoOriganummajoranaL.MagironabrancaLamiaceae

(1)Cha:ferveasfolhasdoanadoredesete-doresearaizdoaçaizeiro;(2)Cha:fazochacomasfolhasdoanadorecoaetomacomapılulaanadoroudoril;(3)Cha:colocanofogopraferverafolhadoanador,dosetedoredoboldo;(4)Cha:ferveasfolhasdoanadorpor15minutosetomatresvezesaodia.

FolhaPlectranthusbarbatusAndrewsAnadorLamiaceae

Cha:vermarupazinhoRamosfoliaresOriganumvulgareL.MagironacamilitanaLamiaceae

(1)Cha:coloconofogoafolhadosetedorescomadesacacaedesicurijuoufazochasocomsetedores;(2)Cha:fervoafolhadosetedores e depois de pronto pingo extratohepatico;(3)Cha:colocaasfolhaprafervernaaguaecolocoatroveramemgotaoufaçoochaso com as folhas do sete dor; (4) Cha: veranadorouCha:verboldo;(5)Cha:verarruda.OuCha:verhortela; (6)Unguento:unguentocomafolhadosetedoresmurchadanofogoefolhadepenicilinaecolocaazeitedeandiroba,cera de Holanda (gordura de carneiro); (7)Cha:fervesoafolhadosetedoretoma.

FolhaPlectranthusneochilusSchltr.Sete-doresLamiaceae

Banho:veruriza.FebreRamosfoliaresOcimumgratissimumL.FavacaoLamiaceae

Cha:poeasfolhaprafervernaaguaebebeatealiviaro"sofrer"

DorFolhaTetradeniariparia(Hochst.)CoddMirraLamiaceae

Cha:ferveafolhacomagua,maspodemisturarcomleite.

PressaobaixaRamosfoliaresCinnamomumverumJ.Pres.CanelaLauraceae

(1)Innatura:Verpirarucu;(2)Cha:verquebra-pedra.

FolhaGossypiumarboreumL.

QuebrapedraPhyllantaceae

Cha: corto a casca bem "miudinho" e ferve,adulto tomapuroepra criançamistura comleite.

VerminoseCascaFicussp.

MucuracaaPhytolacaceae

(1)Cha:ferveasfolhasdoquebrapedraea"cana"dacana�ixenaagua;(2)Cha:ferveochacomcana�ixeasfolhasdabarbadepaca,quebra-pedra,japana,folhadealgodao,raizdoaçaıebarbatimao.

Pedranosrins(1);Infecçaourinaria(2)

RamosfoliaresPhyllanthusniruriL.

O� leoeletricodeplantaPiperaceae

Cha:colocoaguaeafolhajuntopraferver.AsmaFolhaPetiveriaalliaceaL.

Fumenaçao:Vercravo.RamodearFolha

Folha/Ritidoma/Latex

(1)Cha:verpariri;(2)Cha:ferveasfolhasdatançagenaaguaetomatresvezesnodia.

Infecçaoemgeral(1);Gripe(2)

FolhaPataqueira Banho:verJapana.

(1)Banho:verlimao;(2)Cha:esfregaafolhanamaoecolocaparaferveraaguaoupodeesperaraaguaferveredepoiscolocarafolhadentroetoma.

Constipaçao(1);Pressaoalta(2)

Cont.

Tiraraborrecimentodecriança

Dordebarriga(1);Colicamenstrual(2);

Problemasdeestomago(3);Dores

emgeral(4)

Gases(1);Problemasnofıgado(2);Colica

menstrual(3);Problemadeestomago(4);Dordebarriga(5);Doresemgeral/Doresdebaque

(6);Diarreia(7)

(1)Garrafada:vererva-doce; (2)Garrafada:mistura com vinho ou refrigerante, queijoralado, caroço do abacate seco ralado, nozmoscada,podeguaranaeovodecodorna.

Praengravidar(1);Engordar(2)

SementePerseaamericanaMill.AbacateLauraceae

In�lamaçaonosolhos(1);Dordeurina(2)

AlgodaoMalvaceae

CaxingubaMoraceae

PipercallosumRuiz&Pav.

(1)Cha:ferveafolhaparagastrite;(2)Choque:eu raspo o "tronco" e esses pedacinho delecoloconacachaçaparaizipra;(3)Innatura:olatex e colocado em cima do ferimento prasarar.

Gastrite(1);Izipra(2);Cicatrizaçao(3)

Peperomiapellucida(L.)KunthComidadejabutiPiperaceae

FolhaPlantagomajorL.TançagePlantaginaceae

Conobeascoparioides(Cham.&Schltdl.)Benth.

GripePlantaginaceae

FolhaCymbopogoncitratus(DC.)StapfCapimmarinhoPoaceae

(1)Cha:esfregaafolhanaaguaecolocapraferver;(2)Banho:verlimao.

PressaoBaixa(1);Constipaçao(2)

FolhaCymbopogonnardus(L.)RendleCapimsantoPoaceae

(1)Innatura:bateasfolhasepoeoleiteondeestaferido.OuUnguento:verpirarucu;(2)Cha:colocanofogoasfolhasdoamor-crescidocomerva-cidreiraeagua;(3)Cha:versicuriju.

In�lamaçaodeferimento(1);Dor(2);Problemanoestomago

(3)

FolhaPortulacapilosaL.AmorcrescidoPortulacaceae

(1)Fumentaçoes:Vercravo;(2)Banho:bateasfolhasdaarrudaparatirarosumoepoenaagua para banhar a cabeça, so pelamanha,poisocorpoesta frio.Depoisdeduashoraslavacomaguanormal.OuCha:Ferveaarrudaepoeumpingodeaguadecolonia.Tomaatepassar a dor. Ou choque: soca as folhas dearruda com uriza e mistura em cachaça ecanfora.Podecolocardemanhaedetarde;(3)Banho:esfregaaarrudanaaguacomasfolhasde malva-rosa e de catinga-de-mulata demulataebanhaacabeça.E� bomfazertodososdias. Ou: Coloca uma palma (ramo foliar)dentrodocabelo;(4)Cha:ferveasfolhasdearruda,hortelaesetedores.Tomatresvezesaodiaate�icarmelhor;(5)Ferveasfolhasdaarrudaedahortela,depoiscoa.Tomaumavezaodiaatemelhorar.

Ramodear(1);Dordecabeça(2);Mauolhado(3);Dordebarriga(4);Dordegarganta(5)

RamosfoliaresRutagraveolensL.ArrudaRutaceae

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66BiotaAmazônia

UsoediversidadedeplantasmedicinaisemumacomunidadequilombolanaAmazôniaOriental,Abaetetuba,Pará

Família Nomevernacular Nomecientí�ico Parteutilizada Indicação Mododepreparo

Rutaceae Limao Folha/Fruto

(1) Xarope: assa o limao na brasa depoisespremeelenomeldeabelhaepoealho;(2)Banho: para constipaçao coloca a folha dolimao coloca, folha laranja da terra, capimmarinho,capimsanto,efeijao-coandocolocapara ferver e depois deixa no sereno parabanhar a cabeçademanha; (3)Banho:Veruriza;(4)Innatura:espremeumlimaocomaguaeaçucarebebeumaveznodia.

Tosse(1);Constipaçao(2);Febre(constipaçao)

(3);In�lamaçaonagarganta(4)

Cont.

CitrusaurantifoliaSwingle

(1)Cha:colocaasfolhasdesalva,delaranjeirae a raiz do açaızeiro para ferver na agua etomaatepassar;(2)Cha:vercoramina;(3)Banho:paragripeamassaafolhanaaguaedeixanoserenousanacabeçademanha.

Dordebarriga(1);Cansaço(2);Gripe(3)

FolhaCitrussp.LaranjeiraRutaceae

(1)Banho:veruriza;(2)Banho:verlimao.Febre(1);

Constipaçao(2)FolhaCitrussp.LaranjadaTerraRutaceae

(1)Suco:socaasfolhasnaaguaetomadema-drugada,tambempodemisturacomcachaçaaoinvesdeagua;(2)Cha:rasgaafolhaaomeioefervenaaguaetomaduasvezesaodia;(3)Cha:ferveasfolhasdequinacombrecodelue.Temquetomardemadrugadaporqueouteroesta limpo; (4) Banho: folhas de quina combrecodeluenaaguafria.Tomaumavezaodia.

Abortiva(1);Colicamenstrual(2);Suspensao(3);Paludismo(4)

FolhaQuassiaamaraL.QuinaSimaroubaceae

(1)Cha:Poespraferverasfolhasdeervacidre-iraeadoçacomaçucar;(2)Cha:vercoramina;(3)Cha:deixaa folha secarno sol edepoisfervenaagua,podetomarocomprimidoparapressaojunto.

Insonia(1);Cansaço(2);Pressaoalta(3)

FolhaLippiaalba(Mill.)N.E.Br.exP.Wilson

ErvacidreiraVerbenaceae

Fumenaçao:Vercravo.RamodearFolhaCissusverticillata(L.)Nicolson&C.E.Jarvis

Pucadeplantas/CipopucaVitaceae

(1)Suco:abreafolhaetiraaquelamassadedentro,batenoliquidi�icador,colocapirarucujuntoetomadeduasatresvezesaodia;(2)Innatura: para cicatrizaçao coloca a folha paramurcharnofogoetiraaresinaecolocasobreoferimentooupodesoabrirafolhaeraspararesinaecolocardiretamentesobreoferimen-to.Ou:Podenaolevaraofogoecolocararesinafresca no ferimento; (3) Suco: abre a folharetira aquela gosma de dentro e coloca noliquidi�icadorebatecommeldeabelha,etomaduasvezesaodiapodetomartodososdias.

Infecçaourinaria(1);Cicatrizaçao(2);Problemasdeestomago(3)

Folha(mucilagem)Aloevera(L.)Burm.f.BabosaXanthorrhoeaceae

Choque:Ralaaraizdogengibremisturanoalcoolpoecanforaepassanolocaldador.

ReumatismoRaizZingiberof�icinaleRoscoeGengibreZingiberaceae

Choque:verortigaDordecabeçaAlpiniapurpurata(Vieill.)K.Schum.

Folhae�lorVindicaZingiberaceae

(1)Banho:deixonaaguaabatatinhaempeda-cinho e depois banha principalmente gravi-das;(2)Cha:cortaabatatinha(raiz)efervenaagua.

Inchaço(1);Abumina(2)

RaizHedychiumcoronariumJ.KoenigBorboletaZingiberaceae

(1)Cha:ferveasfolhasemisturacomcincogotas de buscopam para criança e 12 praadulto.Tomatresvezesaodia;(2)Cha:colocaasfolhanaaguaedepoisnofogoemisturacomametadedeumaAAS;(3)Cha:verhorte-la;(4)Cha:verhortela.

Dordebarriga(1);Febredecriança(2);Dentiçao(3);Gases(4)

FolhaNaoidenti�icadaChamaIndeterminada

(1) In natura: agua pedaços da casca deveronica e erva-doce. Toma feito agua. Podetomarsemprepraprevenir; (2)Cha: ferveasfolhas com o marupazinho (bulbo) e �icatomandofeitoaguaatemelhorar;(3)Garrafada:comdoislitrosdevinhoacascadojatoba,cascadomurure, cascadoacapu, cascadoce,cascapreciosa, aroeira do Para, barbatimao, nozmoscada,pausurı,queijo ralado,ervadoceeseisovosdecodorna;(4)Cha:vercoramina;(5)Cha:colocapraferveracascadomururecomerva doce e toma antes de dormir; (6)Garrafada:colocanorefrigeranteounovinhoacasca do barbatimao, do jatoba, casca doce,casca preciosa, aroeira do Para, seis ovos decodorna, caroço de abacate seco ralado, umacolherdeerva-doce,1colherdequeijoralado,umacolherdepodeguarana.

Infecçaourinaria(1);Gases(2);Reguladoruterino(3);Problemas

cardıa cos(4);Nervos/disfunçaoeretil(5);Praengravidar(Tratamento

conceptivo)(6)

FolhaNaoidenti�icadaErva-doceIndeterminada

Cha:Bate a "batatinha" e poe na aguapraferverjuntocoma"cana"docana�ixe.

DordeurinaRaiz(batatinha)Naoidenti�icadaAriazinhoIndeterminada

Cha:verchicoria.GripeRamosfoliaresNaocoletadaManjericaoesturaqueIndeterminada

Cha:verboldo.ProblemadeestomagoFolhaNaoidenti�icadaEspinheirasantaIndeterminada

Cha:ferviaafolhanaaguaejuntotinhaquecuraragargantacommeldeabelha.

SarampoFolhaNaocoletadaSabugueiroIndeterminada

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67BiotaAmazônia

MariadasGraçasdaSilvaPereiraeMárliaCoelho-Ferreira

Família Nomevernacular Nomecientí�ico Parteutilizada Indicação Mododepreparo

CascaNaoidenti�icadaBarbatimaoIndeterminada

(1)Cha:Verjuca.OuCha:verquebra-pedra;(2)Garrafada:misturacomvinhoourefrigeranteacascadareforcina,cascadobarbatimao,cascadomurure,cascadojatobaecascadoacapu;(3)Garrafada:vererva-doce;(4)Garrafada:vererva-doce.

Infecçaourinaria(1);Infecçao(2);Regulador

uterino(3);Paraengravidar(4)

(1)Cha:ferveasfolhasetomacomparaceta-mol;(2)Cha:verlaranjeira.

Dor(1);Dordebarriga(2)

FolhaNaocoletadaSalvaIndeterminada

Banho:colocaaraiznaaguaebanhaapessoacomfebre.

FebreRaizNaoidenti�icadaBancaesteioIndeterminada

Garrafada:verbarbatimao.InfecçaoCascaNaoidenti�icadaReforcinaIndeterminada

(1)Garrafada:verbarbatimao;(2)Garrafada:vererva-doce;(3)Garrafada:versucuuba;(4)Cha:vererva-doce.

Infecçao(1);Reguladoruterino(2);

Emagrecer/Diabetes(3);Nervos/disfunçao

eretil(4)

CascaNaoidenti�icadaMurureIndeterminada

Garrafada:versucuubaEmagrecer/DiabetesCascaNaoidenti�icadaPaudoCurupiraIndeterminada

(1)Garrafada:versucuuba;(2)Garrafada:vererva-doce.

Emagrecer/Diabetes(1);Reguladoruterino

(2)CascaNaoidenti�icadaPauSurıIndeterminada

(1)Garrafada:vererva-doce;(2)Garrafada:vererva-doce.

Praengravidar(1);Reguladoruterino(2)

CascaNaoidenti�icadaCascadoceIndeterminada

(1)Garrafada:vererva-doce;(2)Garrafada:vererva-doce.

Praengravidar(1);Reguladoruterino(2)

CascaNaoidenti�icadaCascapreciosaIndeterminada

(1)Garrafada:vererva-doce;(2)Garrafada:vererva-doce.

Praengravidar(1);Reguladoruterino(2)

CascaNaoidenti�icadaAroeiradoParaIndeterminada

ConclusãoApesquisamostrouaspectosdosconhecimentosepraticas

relacionados as plantas de uso terapeutico na comunidadequilombolaTauera-Açu.Emesmosetratandoemumapesquisarealizadacomumuniversoamostralformadoemsuamaioriapormulheres,foramelencadasplantascomosmaisdiversosusosnamedicina tradicional, o que demonstra que estas mulheresapresentamumconhecimentoamploediverso.Quantoaosespe-cialistastradicionais,ressalta-seorelevantepapelqueassumemjuntoaestacomunidade,pelosreconhecidossaberesacumuladossobreasplantasmedicinaisdasmatasdeterra firmeevarzea.Ademais, as trocas de conhecimentos e recursos entre elescontribuem para o enriquecimento e manutençao do desteimportanteacervodaculturaquilombola.

Adiversidadedeplantasmedicinaisconhecidaseutilizadaspara a cura e prevençao de doenças, pelos moradores dacomunidadedeTauera-Açuealtaemrelaçaoaestudosrealizados,alemdo que, nao houve especies dominantes na comunidade;PelaanalisedoIn� dicedeSalienciaCultural,foipossıvelconstataroalto numero de especies de origem africana ocupando asprimeiras posiçoes no rank do ISC, e que a flora introduzidaafricananaosocontribuiuparaacomposiçaodafitofarmacopeialocal,comotambemtemumaimportanciaculturalsignificativaparaacomunidade.

Espera-se que o registro e a documentaçao dos saberesetnobotanicos relacionados a medicina tradicional em Tauera-Açu,sejaapreendidoporestacomunidadequilombola,comoumacontribuiçaoapreservaçaodamemoriacoletivaevalorizaçaodamedicina tradicional dentro da comunidade. Demaneiramaisampla, os saberes aqui documentados podem contribuir parasubsidiar polıticas de saude, cultural e ambiental voltadas aosterritoriosquilombolas.

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