IV ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAO EM CINCIAS

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USO DE SIMULAO E EXPERIMENTAO NO ENSINO DE CIENCIAS

Ellen Suzi Cavalcanti Lima Constantino ellensuzi@bol.com.br

Mestre em Ensino das Cincias, UFRPE Izabel Cristina Borges isabelcbp@uol.com.br

Mestrado em Ensino das Cincias, UFRPE Marcos Alexandre de Melo Barros

abinfo@hotlink.com.br Mestrado em Ensino das Cincias, UFRPE

Micheline Cavalcanti Lima Dias mcldias@uol.com.br

Mestre em Ensino das Cincias, UFRPE

Resumo Este trabalho foi desenvolvido com alunos da 7 srie do ensino fundamental de uma escola da rede privada de Pernambuco, no primeiro bimestre de 2002. Procurou-se nesta pesquisa levar os alunos a compreenderem o processo digestivo e a importncia da absoro dos nutrientes atravs de uma abordagem pedaggica que valorizou a experimentao e a tecnologia como recursos didticos. A metodologia envolveu 4 etapas: sondagem; utilizao de sites; atividades experimentais e seminrios. Os resultados apontaram que os alunos no percebiam a digesto como um fenmeno macroscpico. Da a necessidade do professor desenvolver atividades diversificadas para levem os alunos a compreenderem a importncia da absoro dos nutrientes no processo digestivo. Palavras-chave: Ensino de Cincias; Digesto; Internet. Introduo

Segundo Silva e Zanon (2000), os professores costumam relatar que o ensino

experimental importante para melhorar o processo de ensino-aprendizagem, mas sempre salientam a carncia de materiais, nmero elevado de alunos por turma e carga horria muito pequena em relao ao extenso contedo que exigido na escola.

Os autores ainda afirmam que utilizar aulas experimentais no ensino de cincias no garante aprendizagens significativas e nem estabelece relaes entre teoria e prtica. Existem muitos professores que ainda hoje consideram que a funo do experimento comprovar a teoria no laboratrio quando os experimentos no forem apenas um meio de constatao, isto comprovao prtica de contedos vistos na teoria.

Hudson (1994) apud Silva e Zanon (2000) aponta que apesar de muitos professores atriburem a motivao o objetivo das atividades prticas no ensino de cincias, esta nem sempre acontece, pois alguns deles expressam antipatia as experimentaes. Desse modo, cabe ao professor encaminhar um processo de ensino significativo e prazeroso. Porm, esse prazer deve comear na escola como um todo, onde o aluno tenha prazer em ir para ela.

No ensino de Cincias a experimentao no deve ser confundida com um conjunto de objetivos e mtodos. Os Parmetros Curriculares Nacionais alertam aos professores que o simples fato de realizar a atividade no significa que o aluno ir construir o conhecimento. Segundo os PCNs (1998:19) "As propostas para renovao do ensino de Cincias Naturais

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orientavam-se para um movimento chamado Escola Nova, onde as tendncias deslocavam-se da questo pedaggica dos aspectos puramente lgicos para aspectos psicolgicos, valorizando a participao ativa dos estudantes no processo de aprendizagem. As atividades prticas passaram a representar importante elemento para a compreenso ativa de conceitos, mesmo que sua implementao prtica tenha sido difcil, em escala nacional." Com isso o mtodo cientfico foi valorizado desde os anos 60, pois leva os alunos a fazer observaes, levantar hipteses, test-las e certificar-se do conhecimento. Os PCN`s ressaltam que os professores precisam ser capazes de conhecer seus alunos, de adequar o processo de ensino aprendizagem, de elaborar atividades que possibilitem o uso das novas tecnologias da comunicao e informao. Enfim, deve-se buscar um ensino de qualidade que seja capaz de formar cidados crticos. de responsabilidade do professor promover atividades que possam estimular e ajudar o aluno na compreenso dos conceitos como: questionamentos, debates, investigao, trabalhos em grupos e o uso das tecnologias. Desta maneira, o aluno passa a entender a cincia como construo histrica e como saber prtico, sem levar em considerao um ensino fundamentado na memorizao de definies e classificaes que no fazem sentido para ele (Brasil, 1998).

Hoje, segundo Valente (1993), a Internet uma grande teia que integra mquinas de todos os tipos e tamanhos. um conjunto de redes interconectadas atravs de um protocolo de comunicao (TCP) um conjunto de ferramentas utilizadas para obter informaes (correio eletrnico, File Transfer Protocol FTP, Internet Relay Chat IRC, telnet, Gopher, Word Wide Web WWW).

Outro aspecto relacionado ao uso da Internet na educao a importncia do professor selecionar sites para serem trabalhados que estejam a altura do desenvolvimento cognitivo do aluno, para que este participe de forma construtiva na formao de conhecimento. Ela traz muitas possibilidades de pesquisa para professor e alunos, dentro e fora da sala de aula. repleta de informaes e recursos teis para o ensino e a aprendizagem. Toda tecnologia utilizada deve ser analisada em foco na interao entre o aluno, o recurso, o contedo e o professor, tendo como produto final a aprendizagem. bom tambm ressaltar que o professor deva ter domnio do recurso e um bom roteiro de utilizao a ser seguido, embora todo projeto de execuo deva antes ser planejada com a participao ou com um acordo entre professor e aluno, porm se no apresenta essas possibilidades que tenha um propsito significativo.

Essa pesquisa teve como objetivo procurar levar os alunos a compreenderem o processo digestivo, a importncia da absoro dos nutrientes, atravs de uma abordagem pedaggica que valoriza a experimentao e a tecnologia como recursos didticos; promoo de debates entre alunos e professor e apresentaes de trabalhos pelos alunos. Procedimentos Metodolgicos O trabalho foi desenvolvido com uma turma de 40 alunos da 7 srie do ensino fundamental de uma escola da rede privada de Candeias Pernambuco, primeiro bimestre de 2002. O sistema digestrio foi escolhido como tema desta pesquisa devido a dificuldade de compreenso por parte dos alunos em relao digesto como forma de absoro de nutrientes. muito comum os alunos imaginarem esse processo apenas como um fenmeno macroscpico que inicia-se na boca, onde na verdade apenas os carboidratos sofrem a ao da amilase. Mais ainda, os lipdios, as protenas sofrem a ao das enzimas no estmago, para junto com os carboidratos poderem ser absorvidos no intestino. A abordagem didtica contemplou as seguintes atividades:

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Sondagem a sondagem das concepes prvias dos alunos sobre o processo digestivo foi feita atravs de um debate entre alunos e professora, em sala de aula, onde eles expuseram suas idias sobre o assunto. Utilizao de sites - alunos em dupla navegaram no site http://www.sescsp.com.br/sesc/convivencia/saude/nutricao/flash/flash_index.htm selecionado pela professora, que relata de forma virtual todo o processo da digesto envolvendo diversos tipos de nutrientes. Aborda a seqncia do processo que se inicia na boca, passando pelo estmago, intestino delgado, intestino grosso, reto e nus e todas as etapas do aparelho digestrio so mostradas de forma prtica e dinmica. Atividades experimentais no laboratrio de Cincias da escola os alunos em grupo desenvolveram 4 experimentos, com o objetivo de investigarem a presena de amido, lipdeos, protenas e vitamina C em alguns alimentos. Cada grupo de alunos ao entrar no laboratrio recebia uma bandeja com alimentos diversos para serem testados e classificados conforme o tipo de nutriente. As atividades experimentais foram baseadas em experincias sugeridas no livro didtico Corpo Humano de Ayrton e Sariego (1996). Seminrios os alunos reunidos em grupos de 4 a 5 membros socializaram para a turma os conhecimentos adquiridos ao longo da pesquisa. Cada grupo de alunos ficou responsvel por expor o fenmeno ocorrido em um dos rgos do sistema digestrio. Resultados No debate provocado pela professora, durante a sondagem, observou-se que muitos alunos percebiam a digesto apenas como um fenmeno macroscpico, ou seja, os alunos a percebem como uma atividade para saciar a sensao de fome, como responsvel por digerir os alimentos e eliminar as fezes. Eles no concebem a importncia do processo digestivo no que refere a absoro dos nutrientes no intestino delgado, conforme se observa nos relatos: (1)... eu entendo que a importncia digesto ficar sem fome, de barriga cheia. (2)eu acho que atravs da digesto que nos sentimos fortes e saudveis porque estamos alimentados.

Neste momento simultneo a sondagem o professor instigou os alunos com perguntas sobre o contedo a ser explorado surgida de acordo com o debate entre eles. Vrios autores salientam com propriedade que o professor deve despertar em seu alunado a curiosidade, pois ela necessria ao processo de ensino aprendizagem.

Aps a seleo, utilizao e confeco de roteiro pelo professor, foi constatado a viabilizao do uso para o contedo didtico, devido a sua forma de apresentao. Este aspecto salientado por Valente (1999) que referenda aos professores a importncia da escolha de sites adequados a faixa etria dos alunos, domnio do recurso e contedo para facilitar o processo de ensino aprendizagem.

A atividade on-line, com os alunos ocorreu no laboratrio de informtica, ela foi importante tanto pela motivao despertada durante a navegao pelo site quanto pelas animaes virtuais oferecidas tornando o processo da digesto que envolve diversos tipos de nutrientes mais prximo do real. Outro aspecto interessante deste site foi a oportunidade do aluno rever as animaes sempre que necessrio, para assim buscar respostas para todas as suas dvidas. Na realizao dos experimentos os alunos perceberam os diversos nutrientes que compem os alimentos como os lipdeos, protenas, carboidratos, vitaminas e sais minerais. Ficando mais claro assim para eles a importncia da absoro dos alimentos, pois assim passaram a perceber pela experimentao e pela atividade on-line que os alimentos so compostos por nutrientes e estes so absorvidos no intestino delgado. Esses conhecimentos

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so relevantes para o cotidiano dos alunos uma vez que para ter uma vida saudvel preciso ter uma alimentao balanceada e adequada a faixa etria, ao sexo e a atividade fsica de cada indivduo. Alm de hbitos corretos com relao aos horrios das refeies, ambiente adequado, importncia da boa mastigao e higiene bucal. Conforme se percebe no relato de alunos: Eu estou gostando de utilizar o conhecimento que adquiro na escola para explicar para os meus pais e para os irmos assuntos to importantes. Gosto de repassar o que aprendo, pois tem sentido na minha vida e me serve de orientao para um melhor desempenho do meu corpo."

A socializao do conhecimento para a turma foi muito relevante, pois os alunos puderam discutir e compreender as funes dos diversos rgos do sistema digestrio. Concluso

No ensino de Cincias a abordagem dos contedos alm de necessitar ser contextualiza, estes devem estar conectados com o cotidiano a ponto de oferecer mais significado ao que se aprende, ajustando-se na funo de um referencial comum que seria a prpria vivncia atravs das crticas, questionamentos, reflexes e pesquisas.

Os resultados revelam que as diversas atividades como: debates, experimentos, uso de sites, apresentao de seminrios, contriburam para que os alunos apropriassem do contedo, levando-os a compreender a importncia da absoro dos nutrientes no processo digestivo. Mais ainda, promoveu a interao social os alunos, aspectos de alta relevncia para o processo de ensino-aprendizagem.

O uso por si s do site escolhido no favorece a aprendizagem, preciso que o professor o utilize como uma ferramenta didtica que poder facilitar a conduo de uma prtica pedaggica inovadora. Os resultados tambm sugerem a necessidade dos professores pesquisarem e analisarem os diversos sites educacionais existentes na web, em suas reas de conhecimento, para os utilizarem com mais propriedade e freqncia.

Atravs de uma abordagem experimental e com auxilio da tecnologia como ferramenta pedaggica os alunos passam a compreender com detalhes impossveis apenas no livro didtico o processo digestivo. Eles percebem tambm que os diversos nutrientes sofrem a ao das enzimas de acordo com os rgos. Eles perceberam que os alimentos possuem diversos nutrientes e que so as enzimas que determinam sua digesto. Referncias Bibliogrficas BRASIL SECRETARIA DA EDUCAO FUNDAMENTAL. Parmetros Curriculares Nacionais: Introduo. Braslia: MEC/SEF. 1998. 174p. HUDSON, In: SILVA, L. H. de A. e ZANON, L. B. Ttulo do captulo. In: SCHNETZLER, R. e ARAGO, R. de. Ensino de Cincias: fundamentos e abordagens. 1ed. So Paulo:UNIMEP. 2000. 182p.

SILVA, L. H. de A. e ZANON, L. B. Ttulo do captulo. In: SCHNETZLER, R. e ARAGO, R. de. Ensino de Cincias: fundamentos e abordagens. 1ed. So Paulo:UNIMEP. 2000. 182p.

VALENTE, J. A. Computadores e Conhecimento: Repensando a Educao. So Paulo: Ncleo de Informtica Aplicada Educao, 1993. Disponvel em: http://edutec.com.br/textos/alia/PROINFO/prf_txtie02.htm> Acesso em: 16/08/2000.

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