U.S.relatório do passeio a Vouzela

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Como prometido, embora com algum atraso, aqui vai o tão esperado relatório RelatórioPasseio de Fim de Ano Lectivo 2010/2011 O dia, 17 de Maio de 2011, amanheceu envergonhado e triste, como que a contrastar com a boa disposição de 54 pessoas da Universidade Sénior da Póvoa de Varzim, que partiam, bem dispostas, para uma aventuradesconhecida até ao seu começode contacto com a Natureza na região de Vouzela. Assim, e após a paragem técnica do costume que, desta vez teve, lugar na Estação de serviço de Vouzela para, além do mais, o cafezinho e o pastel de Vouzela, chegámos, pelas 10 horas, a Campia, onde já tínhamos à nossa espera (como estava devidamente programado) a guia (Drª Fátima Cardoso) que sempre se disponibilizou a dar resposta a qualquer questão que se lhe apresentasse. Antes de iniciar o percurso dos «Loendros floridos», a guia, com todo o grupo à sua volta, deu a informação da flora e fauna característica daquela região. Como era natural, os Loendros mereceram uma atenção mais detalhada. Assim, explicou-nos que eram arbustos de crescimento espontâneo (entre matos, pinhais, carvalhos, terras agrícolas ou lameiros), sobreviventes do período geológico, venenosos, mas que na época (Maio/Junho), em que estão floridos, oferecem um belíssimo espectáculo de cor. Acabada a explicação, por entre alguma chuva que, felizmente, não nos estragou o percurso, deu-se então início à visita a pé à Reserva Botânica de Cambarinhointegrada na «Lista Nacional de sítios da Rede Natura»-- onde existe a maior concentração de Loendros da Europa, para podermos apreciar esse exuberante espectáculo colorido. Este passeio pedonal possibilitou-nos admirar a Natureza em toda a sua riqueza e deslumbramento. A caminhada iniciou-se sem problemas: mas, eis senão quando, deparámos com um trilho (felizmente, com poucos metros de extensão, principalmente, as duas passagens mais difíceis) estreito, pedregoso, escorregadio e íngreme, por entre arbustos e alguma água. Foi aqui, que o Snr Sepúlveda, acedendo ao meu pedido, ajudou uma das professoras a atravessar este caminho que só se fazia caminhando sobre uns pedregulhos. E, nesta passagem, o bom do Snr. Sepúlveda enfia o pé, até ao tornozelo, numa poça. Contudo, não deu parte de fraco e continuou a sua boa acção, até chegarmos ao autocarro! Neste percurso, ninguém se magoou. Todos chegaram ao autocarro, em óptimas condições, o que prova a boa condição física desta «Juventude» que, isoladamente, ou auxiliando-se uns aos outros, conseguiram vencer esta prova de corta mato. Prova superada Depois desta caminhada, que nos abriu o apetite, ainda houve tempo para observar a Torre Medieval de Cambra. As horas tinham passado e o almoço de vitela de Lafões, assim como as entradas saborosas de queijo curado, pataniscas, torresmos, presunto e outras iguarias, tudo acompanhado com o saboroso vinho branco e tinto da região, esperava pelo grupo (guia incluída), na Quinta da Cavada. Após o almoço, iniciámos a visita à vila de Vouzela, sita no distrito de Viseu, na região centro e sub-região do Dão-Lafões, deparando-nos com uma locomotiva a vapor dos inícios do séc. XX, já restaurada e que se encontra num pedestal, perto da entrada da ponteagora pedonal. Esta locomotiva fazia a ligação ferroviária entre Vouzela e Viseu. Daqui, seguimos para a igreja Matriz, Monumento Nacional, dedicada a Nª Sª da Assunção, que sofreu várias remodelações ao longo dos séculos. Esta Igreja mereceu a nossa observação atenta, no referente quer à sua construção, quer ao seu interior. É pois, uma Igreja toda em pedra da segunda metade do séc. XI, com traços do RomânicoGótico do séc. XIII. Mantém vestígios românicos com a existência de cachorrada histórica no corpo da Igreja com figuras humanas, vegetalistas, animais, máscaras, figuras geométricas, portal de arco quebrado e é iluminada por frestas. A sua rosácea circular é quadrifoliada. Curioso é que o campanário é um corpo separado da igreja, defronte da fachada principal. Na parede do lado Norte encontra-se uma cornija com a representação simbólica dos 4 evangelistas: S. Marcos, S. Lucas, S. João e S. Mateus.

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Como prometido, embora com algum atraso, aqui vai o tão esperado relatório

RelatórioPasseio de Fim de Ano Lectivo 2010/2011 O dia, 17 de Maio de 2011, amanheceu envergonhado e triste, como que a contrastar com a boa disposição de 54 pessoas da Universidade Sénior da Póvoa de Varzim, que partiam, bem dispostas, para uma aventura—desconhecida até ao seu começo—de contacto com a Natureza na região de Vouzela. Assim, e após a paragem técnica do costume que, desta vez teve, lugar na Estação de serviço de Vouzela para, além do mais, o cafezinho e o pastel de Vouzela, chegámos, pelas 10 horas, a Campia, onde já tínhamos à nossa espera (como estava devidamente programado) a guia (Drª Fátima Cardoso) que sempre se disponibilizou a dar resposta a qualquer questão que se lhe apresentasse. Antes de iniciar o percurso dos «Loendros floridos», a guia, com todo o grupo à sua volta, deu a informação da flora e fauna característica daquela região. Como era natural, os Loendros mereceram uma atenção mais detalhada. Assim, explicou-nos que eram arbustos de crescimento espontâneo (entre matos, pinhais, carvalhos, terras agrícolas ou lameiros), sobreviventes do período geológico, venenosos, mas que na época (Maio/Junho), em que estão floridos, oferecem um belíssimo espectáculo de cor. Acabada a explicação, por entre alguma chuva que, felizmente, não nos estragou o percurso, deu-se então início à visita a pé à Reserva Botânica de Cambarinho—integrada na «Lista Nacional de sítios da Rede Natura»--onde existe a maior concentração de Loendros da Europa, para podermos apreciar esse exuberante espectáculo colorido. Este passeio pedonal possibilitou-nos admirar a Natureza em toda a sua riqueza e deslumbramento. A caminhada iniciou-se sem problemas: mas, eis senão quando, deparámos com um trilho (felizmente, com poucos metros de extensão, principalmente, as duas passagens mais difíceis) estreito, pedregoso, escorregadio e íngreme, por entre arbustos e alguma água. Foi aqui, que o Snr Sepúlveda, acedendo ao meu pedido, ajudou uma das professoras a atravessar este caminho que só se fazia caminhando sobre uns pedregulhos. E, nesta passagem, o bom do Snr. Sepúlveda enfia o pé, até ao tornozelo, numa poça. Contudo, não deu parte de fraco e continuou a sua boa acção, até chegarmos ao autocarro! Neste percurso, ninguém se magoou. Todos chegaram ao autocarro, em óptimas condições, o que prova a boa condição física desta «Juventude» que, isoladamente, ou auxiliando-se uns aos outros, conseguiram vencer esta prova de corta mato. Prova superada … Depois desta caminhada, que nos abriu o apetite, ainda houve tempo para observar a Torre Medieval de Cambra. As horas tinham passado e o almoço de vitela de Lafões, assim como as entradas saborosas de queijo curado, pataniscas, torresmos, presunto e outras iguarias, tudo acompanhado com o saboroso vinho branco e tinto da região, esperava pelo grupo (guia incluída), na Quinta da Cavada. Após o almoço, iniciámos a visita à vila de Vouzela, sita no distrito de Viseu, na região centro e sub-região do Dão-Lafões, deparando-nos com uma locomotiva a vapor dos inícios do séc. XX, já restaurada e que se encontra num pedestal, perto da entrada da ponte—agora pedonal. Esta locomotiva fazia a ligação ferroviária entre Vouzela e Viseu. Daqui, seguimos para a igreja Matriz, Monumento Nacional, dedicada a Nª Sª da Assunção, que sofreu várias remodelações ao longo dos séculos. Esta Igreja mereceu a nossa observação atenta, no referente quer à sua construção, quer ao seu interior. É pois, uma Igreja toda em pedra da segunda metade do séc. XI, com traços do Românico—Gótico do séc. XIII. Mantém vestígios românicos com a existência de cachorrada histórica no corpo da Igreja com figuras humanas, vegetalistas, animais, máscaras, figuras geométricas, portal de arco quebrado e é iluminada por frestas. A sua rosácea circular é quadrifoliada. Curioso é que o campanário é um corpo separado da igreja, defronte da fachada principal. Na parede do lado Norte encontra-se uma cornija com a representação simbólica dos 4 evangelistas: S. Marcos, S. Lucas, S. João e S. Mateus.

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No interior, uma capela lateral que em tempos foi privada—a Capela dos Almeidas—em estilo Gótico. Para além desta capela, chamou-nos também a atenção um conjunto de talha dourada barroca com imagens de Nª Sª da Assunção, Santa Ana, S. Joaquim, Santíssima Trindade e a Virgem. Finda a visita à igreja, a guia conduziu-nos para o Parque da Liberdade com o seu anfiteatro, onde alguns dos componentes do grupo experimentaram os seus dotes vocais. Prosseguindo a caminhada, passámos pela Fonte da Nogueira e pela famosa casa dos Távoras, casa quinhentista, de arquitectura maneirista, de linhas simples, portas em arco pleno e janelas rectangulares, desprovidas de elementos decorativos. Passámos, ainda, pela capela de S. Gil, rumo ao actual Museu Municipal, que teve o seu início numa sala da Casa dos Távoras, cedida pelo seu proprietário, António A. Teixeira, onde se encontrava um repositório de peças antigas e modernas doadas, quase sempre, por anónimos. Urgia, pois, a criação de um Museu Municipal. Para tal, pensaram em utilizar o edifício do Tribunal Judicial, que, na altura, era ocupado pela GNR. Após a saída desta Corporação ainda foi ocupado para aulas por uma secção da Escola Técnica de Vouzela. Em 1976, a Câmara Municipal procedeu à elaboração de um projecto para a instalação do Museu, do Posto de Turismo e Biblioteca no edifício, agora devoluto. Só em 2005, o edifício foi ocupado exclusivamente pelo Museu. Hoje, já com falta de espaço, o Museu apresenta uma sala de exposição permanente, uma sala de arqueologia, e uma sala de etnografia. Após esta visita e, sempre acompanhados pela guia, cujas explicações foram, para todos nós, muito valiosas, lá nos dirigimos ao monte de Nª Sª do Castelo, subindo os degraus que dão acesso ao Miradouro, de onde se desfruta a região verdejante de Lafões, considerada como «o pulmão de Vouzela». A paisagem é deslumbrante, de grande beleza natural e tranquilidade. De salientar a visão dos agregados populacionais como que encolhidos e «aninhados» entre montes. No cimo, deste monte, também se encontra a capela de Nª Sª do Castelo. A caminho de novo para a Quinta da Cavada, passámos, ainda, pelas termas de S. Pedro do Sul. Nestas termas foi construído um «balneum» pelos Romanos. O que dele hoje resta é considerado Monumento Nacional. Sobre as ruínas deste, D. Afonso Henriques mandou construir um balneário ao lado do qual, em 1894,se construíram novas instalações termais frequentadas pela rainha D. Amélia. Como o tempo já escasseava, regressámos, então, à referida quinta da Cavada, sempre acompanhados pela guia, que não se cansava em referir todos os pormenores sobre os locais que visitámos ou por onde passámos e, como sempre, alegre e bem disposta, pronta a esclarecer qualquer questão que se lhe punha. Chegados, novamente, à Quinta da Cavada, para o «lanche ajantarado», onde os nossos «cavaquinhistas» e dois músicos regionais mostraram as suas competências no cavaquinho e no acordeão. Claro, que também não faltou o bailarico ao som de canções regionais populares. Findo o lanche, que mais não foi que um lauto jantar, despedimo-nos da guia, felicitando-a pelo excelente trabalho e regressámos á Póvoa. Este passeio, que foi também uma visita de estudo, cumpriu, mais uma vez, na íntegra, os objectivos propostos pela Universidade Sénior: passear, conviver, divertir e aprender… Mª da Conceição Milhazes