Utilizacao Anti Septicos

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1 HOSPITAL DE SANTA MARIA COMISSÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO HOSPITALAR Piso 6, Tel. 5401/1627 Norma n.º 12/2006 POLÍTICA DE UTILIZAÇÃO DE ANTI-SÉPTICOS 1. Introdução Os anti-sépticos são substâncias químicas que se aplicam na pele e/ou mucosas, e que destroiem ou inibem o crescimento de microrganismos na forma não esporolada, com o objectivo de prevenir e/ou controlar a infecção. 2. Definições e conceitos Limpeza consiste na remoção física de todo a sujidade, matéria inorgânica (ex: terra) e orgânica (ex: sangue, secreções, excreções e microrganismos) do local onde se pretende aplicar o anti- séptico. Tem uma eficácia de 80% na remoção de microrganismos. É normalmente realizada com auxílio de detergente e água coadjuvada por acção mecânica. O acto de limpar deve preceder sempre a desinfecção e esterilização. Desinfecção consiste na destruição da maior parte ou totalidade dos microrganismos patogénicos com excepção de esporos bacterianos. Para o efeito usam-se anti-sépticos e desinfectantes, com uma eficácia compreendida entre os 90-99%. A desinfecção não substitui a limpeza. Esterilização consiste na destruição completa de todos os microorganismos, incluindo esporos bacterianos. É atingida através de processos físicos (calor húmido, calor seco ou radiações ionizantes) e químicos (óxido de etileno ou ortoftaldeído). Tem uma eficácia na remoção de microrganismos de 100%. 3. Considerações gerais para uma boa utilização dos anti-sépticos 3.1. Princípios básicos e precauções na utilização dos anti-sépticos Nunca aplicar produtos que não sejam aconselhados pela Comissão de Controlo de Infecção Hospitalar. Conhecer a composição do produto empregue. Respeitar os protocolos de utilização, concentrações e incompatibilidades. Respeitar o tempo de actuação de cada produto. Assegurar que o doente não é alérgico.

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HOSPITAL DE SANTA MARIA COMISSÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO HOSPITALAR Piso 6, Tel. 5401/1627

Norma n.º 12/2006

POLÍTICA DE UTILIZAÇÃO DE ANTI-SÉPTICOS

1. Introdução Os anti-sépticos são substâncias químicas que se aplicam na pele e/ou mucosas, e que destroiem

ou inibem o crescimento de microrganismos na forma não esporolada, com o objectivo de prevenir

e/ou controlar a infecção.

2. Definições e conceitos Limpeza consiste na remoção física de todo a sujidade, matéria inorgânica (ex: terra) e orgânica

(ex: sangue, secreções, excreções e microrganismos) do local onde se pretende aplicar o anti-

séptico. Tem uma eficácia de 80% na remoção de microrganismos. É normalmente realizada com

auxílio de detergente e água coadjuvada por acção mecânica. O acto de limpar deve preceder

sempre a desinfecção e esterilização.

Desinfecção consiste na destruição da maior parte ou totalidade dos microrganismos patogénicos

com excepção de esporos bacterianos. Para o efeito usam-se anti-sépticos e desinfectantes, com

uma eficácia compreendida entre os 90-99%. A desinfecção não substitui a limpeza.

Esterilização consiste na destruição completa de todos os microorganismos, incluindo esporos

bacterianos. É atingida através de processos físicos (calor húmido, calor seco ou radiações

ionizantes) e químicos (óxido de etileno ou ortoftaldeído). Tem uma eficácia na remoção de

microrganismos de 100%.

3. Considerações gerais para uma boa utilização dos anti-sépticos 3.1. Princípios básicos e precauções na utilização dos anti-sépticos

• Nunca aplicar produtos que não sejam aconselhados pela Comissão de Controlo de

Infecção Hospitalar.

• Conhecer a composição do produto empregue.

• Respeitar os protocolos de utilização, concentrações e incompatibilidades.

• Respeitar o tempo de actuação de cada produto.

• Assegurar que o doente não é alérgico.

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• Para procedimentos invasivos, os anti-sépticos devem ser aplicados com compressas

estéreis e luvas ou com técnica no touch, no sentido da área de incisão para a periferia.

• Nunca misturar no mesmo recipiente anti-sépticos de natureza distinta.

• O gargalo do frasco nunca deve contactar com a gaze, algodão ou superfície a

desinfectar; o produto deve ser vertido directamente.

• Nunca perfazer o volume de um frasco semi-cheio com o volume de um outro.

• Nunca voltar a colocar o anti-séptico no frasco depois de ter sido retirado.

• Fechar os frascos após utilização para evitar a evaporação do produto e a contaminação

pelo meio ambiente.

• Manter os produtos em lugar fresco e protegidos da luz solar directa.

3.2. Factores condicionantes de eficácia e segurança

• Local de aplicação (integridade estrutural da pele intacta ou não / mucosa)

• Tipo e grau de contaminação

• Características intrínsecas dos anti-sépticos (propriedades físico-químicas, espectro de

acção, mecanismo de acção, início de acção, actividade residual e toxicidade)

• Características extrínsecas dos anti-sépticos (concentração, temperatura e presença de

matéria orgânica).

4. Propriedades dos anti-sépticos Ver Quadro 1. Nota: A clorohexidina 2%, solução alcóolica, só se prevê estar disponível no HSM no final do ano de 2006.

5. Política de utilização no HSM. 5.1. Anti-sépticos disponíveis

5.1.1. Utilização livre para todos os serviços

• Água oxigenada 10V

• Álcool etílico 70%

• Álcool isopropílico 75% com etilsulfato de mecetrónio 0,2%

• Clorohexidina 2%, solução alcóolica

• Clorohexidina 4%, solução detergente

• Clorohexidina 0,2%, solução oral

• Iodo 1%, solução alcóolica

• Iodopovidona 1%, solução alcóolica

• Iodopovidona 10%, solução dérmica, ginecológica, oral

• Iodopovidona 4%, solução detergente

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5.1.2. Utilização específica como rotina para determinados serviços

• Triclosan 4% (só disponível para UTMO)

5.2. Anti-sépticos não disponíveis

Só são fornecidos mediante justificação que será avaliada pela Comissão de Controlo de

Infecção

5.3. Indicações

Ver Quadro 2.

Para qualquer esclarecimento adicional, contactar a CCIH pelo Tel. 5401/1627

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QUADRO 1

• Gram positivos

• Gram negativos

• Micobactérias

• Fungos***

• Esporos****

rhinovirus, hepatite A; ***Candida sp, cryptococcus sp, aspergillus sp, dermatophytes; ****C. tetani, C. difficile, C. botulinum, Giardia lablia, Cryptosporidium parvum

Intensidade do efeito : (-) ausente; (+/-) poor; (+) fair; (++) boa; (+++) excelente

10 V 70% 60 - 70% 0,2% 2% 4%

+++

++

+++

Iodo Iodopovidona TriclosanÁgua oxigenada Álcool etílico Álcool isopropílico Clorohexidina

+++

+++

+

++

+

Inactivação na presença de matéria orgânica

+

+

Oxidação

Sim

Não

Mecanismo de Acção

Rapidez de Acção

Concentração

Actividade Residual

+++

++

+++

Espectro de Acção

+++

++

1% 1% 4% 10% 4%

+++

-

++

-

+++

+++

++

++

++

++

+

Observação: O álcool isopropílico não apresenta espectro de actividade sobre vírus não lipídicos

+/-

-

+

-

Disrupção da membrana celular Oxidação

+++

+/-

Oxidação

+++

+

Disrupção da parede celular

Rápida Rápida Rápida Média Rápida Média Média

Desnaturação proteica Desnaturação proteica

Pouco

Não Não Sim Pouca

Sim Sim Pouco Sim

CARACTERÍSTICAS DOS ANTI-SÉPTICOS

Observações

Só em casos muito pontuais: lavagem de

feridas e úlceras (auxilio da eliminação de detritos tecidulares

em regiões inacessíveis).

Irritante sobre as mucosas / feridas /

olho. Inflamável

Irritante sobre as mucosas / feridas /

olho. Inflamável

Ototóxica. Toxicidade ocular (conjuntivite).

Incompatível com aniões orgânicos e

inorgânicos (detergentes - formação de sais poucos solúveis

- precipitação).

Só indicado para banho de doentes submetidos a transplantes medula

óssea

Reacções de hipersensibilidade e alergias cutâneas.

Alteração das provas de função tiroideia.

Corrosivo para metais. Explosiva quando

misturada com água oxigenada. Facilmente

contaminadas por Pseudomonas

aeruginosa.

Pouca

*M. tuberculosis, M. Avium intracellulare, M. Chelonae; **Herpes simplex, varicela-zooster, citomegalovírus, sarampo, rebeóla, influenza, hepatite B e C, HIV, Coxsachievirus, poliovirus,

Reacções de hipersensibilidade e alergias cutâneas.

Alteração das provas de função tiroideia.

Corrosivo para metais.

Sim

Sim

Anti-sépticoCaracterísticas

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QUADRO 2

Águ

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10%

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Labe

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B

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R

R

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R

R

A R

R

RH R* R

RH A R

R

R A RH

RH R* A R

R

R R

R R• Orgãos genitais

*Nota: A clorohexidina 2%, solução alcóolica, só se prevê estar disponível no HSM no final do ano de 2006.

Legenda:

R - recomendado; A - alternativa; RH - utilizar em caso de hipersensibilidade aos recomendados/alternativas

• Algaliação

Pele não intacta / mucosas

• Boca

Higienização dos doentes/utentes

Higienização das mãos• Procedimentos não invasivos• Procedimentos invasivos/cirurgia

Pele intacta

Desinfecção da pele para procedimentos invasivos• Aplicação de medicamentos injectáveis• Para colheita de sangue

INDICAÇÕES RECOMENDADAS PARA ANTI-SÉPTICOS

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o líq

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Bak

tolin

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Frs

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ml

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em re

giõe

s in

aces

síve

is).

• Hemocultura

Desinfecção das mucosas

• Local de inserção de catéteres IV periféricos

• Biópsia percutânea/Punção lombar/Mielograma

• Preparação pré-operatória (banho)

• Local de inserção de catéteres IV centrais

• Campo operatório

Indicação

Anti-séptico