UTILIZAÇÃO DA CARTOGRAFIA DIGITAL PARA CONFECÇÃO … · Foi o major Killander, um jovem sueco e...

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA Ten OSVALDO DA CRUZ MORETT NETTO Ten Per JESÚS ANTONIO VARGAS MARTÍNEZ Al DANIEL LUÍS ANDRADE E SILVA UTILIZAÇÃO DA CARTOGRAFIA DIGITAL PARA CONFECÇÃO DE CARTAS DE ORIENTAÇÃO Relatório final das atividades desenvolvidas no Projeto de Iniciação à Pesquisa, cadeira de Graduação em Engenharia Cartográfica no Instituto Militar de Engenharia Orientador : Cap QEM Douglas Corbari Corrêa – M.C. Rio de Janeiro 2002

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Ten OSVALDO DA CRUZ MORETT NETTO

Ten Per JESÚS ANTONIO VARGAS MARTÍNEZ

Al DANIEL LUÍS ANDRADE E SILVA

UTILIZAÇÃO DA CARTOGRAFIA DIGITAL PARA CONFECÇÃO DE CARTAS DE ORIENTAÇÃO

Relatório final das atividades desenvolvidas no Projeto de

Iniciação à Pesquisa, cadeira de Graduação em Engenharia

Cartográfica no Instituto Militar de Engenharia

Orientador : Cap QEM Douglas Corbari Corrêa – M.C.

Rio de Janeiro 2002

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Ten OSVALDO DA CRUZ MORETT NETTO

Ten Per JESÚS ANTONIO VARGAS MARTÍNEZ

Al DANIEL LUÍS ANDRADE E SILVA

UTILIZAÇÃO DA CARTOGRAFIA DIGITAL PARA CONFECÇÃO DE

CARTAS DE ORIENTAÇÃO

Relatório final das atividades desenvolvidas no Projeto de Iniciação à Pesquisa, cadeira de

Graduação em Engenharia Cartográfica no Instituto Militar de Engenharia.

Orientador : Cap QEM Douglas Corbari Corrêa – M.C. Aprovado em 24 de outubro de 2002 pela seguinte Banca Examinadora:

____________________________________________________________

Cap QEM Douglas Corbari Corrêa – M.C pelo IME (Presidente)

____________________________________________________________

Maj QEM Clóvis Gaboardi – M.C. pelo Inpe

___________________________________________________________

Cap QEM Leandro do Rêgo Barros – M.C. pelo IME

Rio de Janeiro

2002

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD) a área sedida para

execução de uma pista de orientação que constituiu a validação do projeto. Ao Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx), pelo empréstimo de materiais e

apostilas. Ao 17º Blog (Juíz de Fora-MG), por nos hospedar a fim de realizarmos uma pista de

orientação no circuito mineiro. Ao Instituto Militar de Engenharia (IME), representado pelo 1º Tenente Maltez, que

disponibilizou arquivos digitais que serviram para ilustrar nossas apresentações. A 5ª DL, que possibilitou diversas consultas a sua mapoteca Ao Sgt Franco (Força Aérea), que disponibilizou do tempo de descanso para compartilhar

de suas experiências como mapeador. Ao Cap QEM Corbari, nosso orientador, que nos acompanhou, procurando sanar nossas

dúvidas e direcionando as atividades a serem realizadas. Aos integrantes do DE/6, que participaram como atletas de orientação, sem os quais não

seria possível realizar a pista.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES..................................................................................................... vi

LISTA DE TABELAS............................................................................................................. vii

RESUMO................................................................................................................................ viii

ABSTRACT.............................................................................................................................. ix

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1

1.1 Posicionamento do Trabalho.......................................................................................... 1

1.2 Objetivo do Trabalho..................................................................................................... 1

1.3 Descrição do Trabalho................................................................................................... 1

2 O ESPORTE ORIENTAÇÃO.................................................................................... 3

2.1 Considerações iniciais.................................................................................................... 3

2.2 Histórico ........................................................................................................................ 3

2.3 A Competição................................................................................................................ 4

2.4 A Carta de Orientação.................................................................................................... 4

3 TÉCNICAS UTILIZADAS NA CONSTRUÇÃO DE UMA CARTA DE

ORIENTAÇÃO............................................................................................................ 8

3.1 Mapa-Base..................................................................................................................... 8

3.2 Declinação Magnética.................................................................................................... 9

3.3 Metodologia................................................................................................................. 10

3.3.1 Planejamento................................................................................................................ 11

3.3.2 Coleta de Dados........................................................................................................... 12

3.3.3 Vetorização.................................................................................................................. 14

3.3.4 Impressão..................................................................................................................... 15

4 RESULTADOS........................................................................................................... 16

4.1 Apresentação dos Resultados....................................................................................... 16

4.1.1 A carta construída ....................................................................................................... 16

4.1.2 A pista executada ........................................................................................................ 21

4.2 Análise dos Resultados ............................................................................................... 23

v

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 25

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 27

6.1 Dificuldades encontradas ........................................................................................... 27

6.2 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................... 27

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 29

APÊNDICE A .......................................................................................................... 30

APÊNDICE B .......................................................................................................... 31

vi

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 3.1 – Diagrama de Declinação......................................................................................... 10 FIG. 4.1 – Recorte da carta original ........................................................................................ 16 FIG. 4.2 – Feições do terreno inseridas na carta ..................................................................... 17 FIG. 4.3 – Recorte do mapa a ser digitalizado ........................................................................ 17 FIG. 4.4 – Carta impressa ....................................................................................................... 19 FIG. 4.5 - Comparação entre os grids correto e utilizado na prática ..................................... 20

vii

LISTA DE TABELAS

TAB. 2.1 – Capacidade de corrida no terreno........................................................................... 5 TAB. 2.2 – Classificação das curvas de nível........................................................................... 6 TAB. 2.3 – Categorias dos Símbolos........................................................................................ 7 TAB. 4.1 – Símbolos inseridos na carta .................................................................................. 18 TAB. 4.2 – Comparação entre as cartas original e construída ................................................ 19 TAB. 4.3 – Pontos de controle e suas designações ................................................................. 21 TAB. 4.4 – Principais questões levantadas ............................................................................. 22 TAB. 4.5 - Principais questões levantadas para competidores experientes ............................ 23

viii

RESUMO

A navegação pode ser realizada com uso da maioria dos tipos de cartas. Entretanto, a competição de Orientação requer uma carta específica que possibilite aos competidores executarem uma pista com rapidez, escolhendo as melhores rotas. Para atender as necessidades do atleta, é importante que a carta ofereça as informações com clareza e exatidão.

O advento da Cartografia Digital gerou diferentes alternativas para a construção de cartas. Os benefícios deste tipo de evolução se fizeram notar também na arte de confeccionar Cartas de Orientação, popularizando esse tipo de atividade.

Vários são os documentos cartográficos existentes que podem servir para auxiliar na confecção de uma carta de Orientação, como por exemplo, plantas cadastrais, fotografias aéreas e cartas topográficas. Estes e outros documentos de representação do terreno são necessários para produção de Cartas de Orientação.

O desenvolvimento do presente trabalho consiste em apresentar aspectos relacionados à metodologia empregada na confecção de Cartas de Orientação a partir de uma carta topográfica, utilizando uma ferramenta da Cartografia Digital, no caso o programa computacional OCAD. Entre esses aspectos destacam-se os processos de ajuste de escala, coleta de dados, vetorização e impressão.

Na fase final uma carta de orientação na escala 1:15000 é produzida a partir de uma carta topográfica na escala 1:25000. A metodologia proposta emprega essa ampliação de escala e é posteriormente testada com a execução de uma pista de orientação. Os resultados obtidos são analisados de modo que se verifique a eficiência da metodologia.

ix

ABSTRACT

The navigation can be realized using the majority of types of maps. However, the Orientation’s competition request a specific map faciliting to competitiors to execute a route with quickness, choose the better way. To consider necessities of athlete is important the map to offer clears and corrects informations.

The advent of Digital Cartography created differents options to construction of maps. The benefitis of this evolution appear in art of to create Orientation’s map, popularizing this activity.

Various are the cartographic documents existing that serve to relieve in production of a Orientation map, such as cadastral plants, aerial photographies and topographic maps. These and other documents of terrain’s reproduction are necessaries in production of Orientation’s maps.

The development of this work consists in to present aspects connected to methodology utilized in construction of Orientation’s map from a topographic map, using a tool of Digital Cartography, in case the software OCAD. Among the aspects distinguish the scale’s adjust process, date colleting, vetorization and impression.

In final phase as Orientation map in scale 1:15000 is produced from a topographic map in scale 1:25000. The proposed methodology employ this scale’s ampliation and it’s tested afterly by execution of a orientation’s route. The obtained results are analyzed by verification of methodology’s efficieny.

x

1 INTRODUÇÃO

1.1 POSICIONAMENTO DO TRABALHO

Na Linha de pesquisa de Modelagem e Representação Terrestres do Instituto Militar de

Engenharia, o incentivo inicial para se propor o trabalho foi dado pela crescente difusão da

Orientação. Como a Carta de Orientação é o meio principal para realização deste esporte, a

demanda por este produto cartográfico é cada vez maior. A forma como a necessidade vem

sendo suprida engloba uma metodologia que é passível de ser analisada. Trata-se de levantar

prováveis deficiências no processo, verificando as possíveis mudanças que o tornem mais

rápido e preciso.

Por meio de uma interação com o esporte, realizando uma Pista de Orientação, e o

acompanhamento da produção de uma dessas cartas, serão observados os princípios

cartográficos empregados ou não, com a finalidade de propor uma metodologia que poderá vir

a ser empregada nas competições de orientação.

1.2 OBJETIVO DO TRABALHO

O presente trabalho tem por objetivo propor uma metodologia para gerar uma carta de

orientação na escala 1:15000 a partir de uma carta topográfica na escala 1:25000, utilizando o

programa OCAD.

A escolha da escala se deve ao fato de ser a mais utilizada nas competições, assim como a

opção pelo programa se justifica por ser de uso comum entre os mapeadores de Orientação,

tendo em vista sua fácil manipulação computacional.

1.3 DESCRIÇÃO DO TRABALHO

O esporte orientação tem sido difundido pelo mundo, tornando-se cada vez mais popular

no Brasil. O crescimento dos adeptos da orientação vem causando um aumento na demanda

pelo seu principal produto: a Carta de Orientação. Em virtude dessa necessidade, surgem

soluções que procuram viabilizar a construção desse tipo de carta.

xi

Visando criar uma metodologia, ainda que restrita, este trabalho procura abordar aspectos

importantes durante as fases de construção de uma Carta de Orientação. Para isso o Capítulo 2

aborda os aspectos gerais. Apresenta um histórico resumido, enfocando a possível origem do

esporte e sua evolução até os momentos em que sua prática teve início no Brasil. Descreve-se

também o desenrolar da competição propriamente dita e os procedimentos de um atleta na

execução de uma pista. Finalmente, comenta-se a respeito das características da Carta de

Orientação.

O Capítulo 3 tem início com a apresentação da importância do mapa-base para a

construção da carta. É o capítulo que relata a metodologia propriamente dita. Enfoca o

planejamento necessário e aspectos técnicos relativos ao OCAD, incluindo a forma como o

programa deve ser usado no processo.

A validação da metodologia sugerida é apresentada no Capítulo 4, onde são apresentados

e analisados os resultados obtidos com a execução de uma pista de orientação realizada com

uma carta construída com a metodologia proposta.

Conclusões obtidas com o trabalho são apresentadas no Capítulo 5. São feitas

considerações gerais e o fechamento do trabalho.

xii

2 O ESPORTE ORIENTAÇÃO

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo serão tratados assuntos que dizem respeito à competição de orientação

propriamente dita. Antes, porém, é apresentado um breve histórico que visa mostrar a possível

origem deste esporte e como foi introduzido no Brasil. As principais características de uma

Carta de Orientação e aspectos da simbologia, também, são abordados.

2.2 HISTÓRICO

A orientação passou a ter maior significado quando um corredor de longas distâncias,

que era também um matemático, disse certa feita que, antes de começar uma prova de

maratona, ele se propunha a resolver um problema de matemática que necessitava,

normalmente, umas três horas de trabalho mental para sua resolução, procurando, desta

forma, diminuir a monotonia de sua corrida. Esta necessidade de ocupar a mente enquanto se

desenvolve uma atividade física talvez tenha sido a responsável pela grande aceitação da

orientação, desporto que alia a atividade física a uma atividade mental intensa (EsEFEx)

Como muitos desportos modernos, que se difundiram mundialmente durante os últimos

trinta anos, a orientação foi iniciada para encorajar os jovens a utilizar a natureza como meio

de desenvolvimento físico e mental. Foi o major Killander, um jovem sueco e líder escoteiro

que, em 1918, observando a queda do número de participantes em corridas rústicas e cross-

country, decidiu usar a própria natureza para motivar a participação nessas competições.

Assim, organizou percursos e iniciou as primeiras competições de orientação. Esses eventos

pioneiros constituíram-se num sucesso absoluto o que o incentivou a continuar. As primeiras

competições eram muito fáceis e os postos de controle colocados em acidentes do terreno

muito característicos devido, primordialmente, a má qualidade dos mapas da época (EsEFEx).

Por volta de 1935, porém, houve um grande aprimoramento nas cartas de orientação, o

que melhorou consideravelmente as competições. Com isso, o corredor de longas distâncias,

que sempre ganhava as competições de orientação, cedeu lugar ao atleta mais completo - o

xiii

"bom" orientador - que coloca sua aptidão a serviço de sua capacidade de se orientar

corretamente (leitura da carta, utilização da bússola, escolha da rota, etc.).

No Brasil a orientação contou em 1970 com a ida de três observadores ao IV Campeonato

do Conseil International Du Sport Militaire (CISM), que se realizou em Alborg, na

Dinamarca. Esses observadores foram oficiais superiores de das três forças armadas. Em

1971, o Brasil competiu no V campeonato do CISM, realizado na Noruega, obtendo o 9º lugar

entre 11 concorrentes. De lá para cá, o esporte vem se difundindo pelo país, através das suas

mais diversas modalidades (EsEFEx).

2.3 A COMPETIÇÃO

Orientação é uma atividade esportiva onde o participante desloca-se em um terreno,

normalmente desconhecido, passando por pontos marcados em uma carta. A competição tem

início no momento em que o competidor recebe a carta. Nela encontra-se marcado o percurso

que deve ser realizado no menor tempo possível. O orientador também pode conduzir uma

bússola a fim de ajudar na localização dos pontos de controle e na orientação da carta.

No terreno, são colocados prismas (vermelho e branco) para materializar os pontos de

controle. Junto aos prismas existem os chamados picotadores, através dos quais o atleta

perfura o cartão de controle. Por sua vez, a posição dos prismas na carta é dada por círculos.

Durante o percurso, o orientador perfura seu cartão de controle no picotador existente em

cada ponto. O vencedor é o participante que executar a pista em menor tempo, passando por

todos os pontos obedecendo a seqüência crescente na numeração que os identifica.

O percurso entre os pontos de controle é decidido por cada participante. A escolha do

percurso e a capacidade de se orientar através do terreno são a essência da orientação. A

maioria das provas de orientação utiliza partidas intervaladas para que o competidor tenha a

possibilidade de realizar suas próprias escolhas de rota. Existem também outras formas,

incluindo provas onde o objetivo é encontrar o máximo de pontos de controle num

determinado tempo.

Cabe ressaltar que a orientação possui várias vertentes, tais como orientação a cavalo,

orientação em canoa, em montanha e outras. Ela insere-se no âmbito das atividades com valor

social. No caso específico deste trabalho, será tratado o ramo ligado ao desporto, ou seja,

aplicada de modo competitivo.

xiv

2.4 A CARTA DE ORIENTAÇÃO

A mais importante ajuda para escolher a rota e a navegação é a carta. A navegação

realizada pelo orientador é baseada em decisões que ele toma olhando as informações

contidas nela. Embora seja possível praticar Orientação em praticamente todos os tipos de

carta, é muito mais interessante utilizar cartas criadas exclusivamente para a Orientação.

Os padrões das Cartas de Orientação são definidos pela Confederação Brasileira de

Orientação (CBO), que por sua vez segue as especificações da International Orienteering

Federation (IOF). Estes órgãos estabelecem o nível de precisão e a quantidade de detalhes

para uma boa legibilidade da carta.

O conteúdo e os detalhes apresentados devem ser utilizados em sua totalidade. Tanto o

exagero quanto a falta de informação trazem prejuízos à navegação. Sendo assim, os seguintes

elementos precisam constar (IOF2000):

a) Acidentes úteis ou que influenciem na navegação.

b) Limites de vegetações distintas e entre diferentes tipos de superfícies.

c) Hidrografia, povoados e construções individuais.

d) Acidentes rochosos

e) Redes de estradas de trilhas

f) Linhas de comunicação

A capacidade de corrida e abertura do terreno afeta a escolha da rota e a velocidade de

progressão. Tal a sua importância, que as especificações classificam em 4 categorias o terreno

segundo sua velocidade de corrida. A tabela 2.1 mostra como é feita a classificação:

TAB. 2.1 - Capacidade de corrida no terreno

Tipo de terreno quanto à capacidade de corrida

Velocidade de Corrida

Corrida fácil 100 metros em menos de 45 segundos

Corrida lenta 100 metros em 45 a 60 segundos

Difícil de correr 100 metros em 1 minuto a 5 minutos

Difícil de andar 100 metros em mais de 5 minutos

xv

As escalas adotadas variam de acordo com a modalidade do esporte. Por exemplo, para

percursos muito curtos pode-se usar a escalas 1:5000 a 1:2500, já para percursos de distância

clássica utiliza-se 1:15000.

Como o emprego da carta é sempre associado a uma bússola, ela possui uma

característica bem peculiar: são as linhas de Norte ou linha do Norte Magnético. Trata-se de

linhas paralelas desenhadas do Sul para o Norte Magnético indicando assim que a Carta de

Orientação já está declinada. Para a escala 1:15000, o espaçamento entre essas linhas é de

33,3 mm na escala da carta ou 500 metros no terreno. Sempre que obscurecerem algum

detalhe importante do terreno, as linhas de Norte devem ser interrompidas.

A forma do terreno é um dos aspectos mais importante da Carta de Orientação. O uso

correto das curvas de nível não pode ser desprezado. A eqüidistância é normalmente de 5

metros, podendo chegar até 2 metros em terrenos com poucas ondulações. Elas possuem uma

espessura padrão de 0,14 mm e podem ser classificadas conforme a Tabela 2.2.

TAB 2.2 - Classificação das Curvas de Nível

Tipo Descrição

Curva de Nível (CN) Linha que liga pontos de igual altitude. O intervalo padrão é de 5 m.

Curva de Nível Auxiliar (CNA) São utilizadas quando se necessitam mais informações sobre o terreno. São utilizadas apenas quando não se pode representar um acidente com uma CN normal. Apenas uma CNA pode ser utilizada entre duas CN.

Curva de Nível Mestra (CNM) A cada cinco CN desenha-se uma CNM. Ela tem uma espessura de 0,25 mm. Visa permitir uma rápida visualização de diferença de altitude, e também uma rápida visualização das formas do terreno.

Slopes Lines, Linhas de Queda ou Linhas de Depressão

São utilizadas quando se deseja classificar a direção da parte mais baixa de um movimento. Espessura de 0,14 mm.

Para que a carta seja simples de ler e facilmente compreensível, várias cores e símbolos

são utilizados. Não é possível representar nela todas as características e objetos, caso contrário

existiriam excessos de detalhes e se tornaria difícil fazer uma rápida leitura. Os símbolos

xvi

utilizados numa carta representam as características do terreno. A simbologia existente na

legenda das cartas de Orientação permite que qualquer pessoa, independentemente do seu país

de origem, possa ler qualquer carta. Por isso, os símbolos assim como as cores, as escalas e a

espessura das linhas devem respeitar uma convenção internacional.

A Orientação segue as normas estabelecidas pela International Orientering Federation

(IOF 2000). Nela os símbolos são classificados em sete categorias, de acordo com a Tabela

2.3.

TAB. 2.3 - Categorias dos Símbolos

Categoria Cores

Formas do Terreno Marrom

Pedras e Afloramentos Preto e Cinza

Hidrografia Azul

Vegetação Verde e Amarelo

Acidentes construídos pelo homem Preto

Símbolos Técnicos Preto e Azul

Símbolos do Percurso Púrpura

As inscrições marginais devem conter (EsEFEx ):

a) Escala;

b) Eqüidistância das curvas de nível;

c) Data;

d) Nome da região.

No que diz respeito à precisão, a posição dos acidentes deve coincidir com a verificação

obtida por azimute e contagem de passos. A precisão absoluta não é muito importante,

considerando que a carta mostre o mais correto possível a posição relativa entre acidentes

próximos. Um exemplo de carta de Orientação está mostrado no Apêndice A.

xvii

3 TÉCNICAS UTILIZADAS NA CONSTRUÇÃO DE UMA CARTA DE ORIENTAÇÃO

A metodologia proposta é baseada em quatro etapas: planejamento, coleta de dados,

vetorização e impressão. Cada uma delas será abordada nos itens que compõem este capítulo.

Inicialmente, são apresentados dois conceitos básicos para a metodologia proposta: mapa-base

e declinação magnética. A seguir são apresentados cuidados e dificuldades por ocasião do

planejamento, ressaltando sua importância para as fases posteriores. No item 3.3.2 descreve-

se o processo utilizado para coletar os dados que serão inseridos na carta. Em seguida, no item

que trata da fase da vetorização, é mostrado como se faz o georreferenciamento e a

digitalização do mapa-base. Fala-se também dos ajustes de escala e do processo de declinação

pelo qual a carta deve passar. Encerrando, a fase de impressão é descrita de modo que o

resultado final seja uma carta em meio analógico quase pronta para a competição.

3.1 MAPA-BASE

Para SLAMA (1980) o mapa topográfico representa as posições horizontal e vertical das

feições representadas, e distingue-se do mapa planimétrico pela adição de relevo em forma

mensurável. Um mapa topográfico mostra montanhas, vales, planícies, e no caso de cartas

náuticas, símbolos e números para mostrar profundidades nos corpos d’água. Um mapa-base

mostra certas informações fundamentais usadas como uma base sobre a qual dados adicionais

de natureza especializada são compilados. É também um mapa-fonte, que contém toda a

informação a partir da qual mapas que mostram informações especializadas podem ser

preparados. Os mapas são geralmente classificados de acordo com a escala e o propósito, e

desde que a escala seja especificada, a exatidão e o conteúdo de um mapa também podem ser

definidos.

A produção de uma carta de orientação na maioria das vezes envolve trabalhos de

representação do terreno tais como cartas topográficas, fotografias aéreas, imagens de

satélites, etc. A carta será o resultado da preparação de um documento cartográfico-base, feita

por meio de um trabalho no campo, novo desenho e impressão com a simbologia adequada

(EsEFEx).

xviii

3.2 DECLINAÇÃO MAGNÉTICA

Nas cartas topográficas existem referências esquemáticas sobre a Convergência

Meridiana e Declinação Magnética, como elementos informativos para a retirada de um

azimute na carta, expressos em valores angulares (EsIE). As cartas topográficas possuem um

diagrama que contém 3 direções indicando Norte Verdadeiro (NV), Norte Magnético (NM) e

o Norte de Quadrícula (NQ).

Segundo Oliveira, 1993, a Declinação Magnética é o ângulo compreendido entre os

Nortes Magnético e o Verdadeiro, a leste ou a oeste, para indicação do Norte Magnético a

partir do Norte verdadeiro.

A Convergência Meridiana é o ângulo compreendido entre os Nortes Verdadeiro e de

Quadrícula. Na Carta de Orientação, o recurso gráfico do diagrama de declinação não é

representado, sendo necessário que o Norte de Quadrícula coincida com o Norte Magnético

através da correção do ângulo entre eles, chamada correção de declinação.

Para a obtenção da correção da declinação, calcula-se a diferença ou a soma entre a

Declinação Magnética e a Convergência Meridiana, dependendo se a indicação de ambas

estiverem do mesmo lado (a leste ou a oeste) da indicação do Norte de Quadrícula ou se

estiverem em lados diferentes (a leste e a oeste). Ambas as indicações são ilustradas no

diagrama de declinação mostrado no carta topográfica que servirá de base na construção da

Carta de Orientação. No diagrama de declinação exemplificado na Figura 3.1, as direções dos

Nortes Magnético e Geográfico estão em lados diferentes, a oeste e a leste do Norte de

Quadrícula respectivamente; nesse caso faz-se a diferença entre os ângulos para obter a

correção de declinação.

Não se deve esquecer que ocorre uma variação anual da Declinação Magnética. Isso

acontece conforme as direções do Norte Magnético e do Norte de Quadrícula se afastam ou se

aproximam. O valor anual da variação da Declinação Magnética também vem representado no

diagrama, devendo-se multiplicar o número de anos que passaram desde a construção da carta

topográfica até quando se deseja obter a Declinação Magnética, pelo valor da variação da

Declinação Magnética expresso na carta topográfica. Por exemplo: quer-se obter a variação

total no ano de 2002 da Declinação Magnética usando-se uma carta topográfica

confeccionada em 1971, que informa a variação anual da Declinação Magnética como sendo

de 8´. Deve-se então multiplicar (2002 – 1971) = 31 pelo valor de 8´, obtendo-se 248´,

aproximadamente 4,13 º (4º 8´).

3.3 METODOLOGIA

A primeira fase, a fase do p

na escala 1:25000, com a qual s

fases subseqüentes, bem como

de áreas inadequadas, tais c

progressão do atleta por algum

área na qual se deseja trabalhar.

A fase de trabalhos de cam

carta topográfica escolhida. Ne

do atleta de orientação. Utiliza

por uma ou mais pessoas, que

na carta original. Isto reforça a

da carta-base evitará a perda d

dados, os encarregados do levan

uma das equipes de levantamen

xix

FIG. 3.1- Diagrama de declinação

(Fonte: Oliveira,1993)

lanejamento, tem início com a aquisição da carta topográfica,

erão feitos os trabalhos. Ela servirá de base para execução das

para verificação prévia do terreno, de modo a evitar a escolha

omo regiões muito urbanizadas ou que impossibilitem a

motivo. Faz parte dessa fase, uma delimitação aproximada da

po, também chamada de coleta de dados, inicia-se com base na

sta fase são coletadas as coordenadas das feições de interesse

ndo um receptor GPS, a região escolhida deve ser percorrida

registrarão as coordenadas dos detalhes ainda não verificados

importância da fase anterior, uma vez que o estudo detalhado

e tempo com pontos já conhecidos. Se possível, na coleta de

tamento deverão possuir cópias da carta topográfica para cada

to.

xx

3.3.1 PLANEJAMENTO

A etapa inicial de planejamento é muito importante. Podem ocorrer nessa etapa três

diferentes situações. A primeira ocorre quando se escolhe uma região para a prática da

Orientação, da qual não se tenha uma carta na escala 1:25000. A segunda é exatamente o

contrário, isto é, quando se tem a carta sendo a região nela representada imprópria para a

prática do esporte. A terceira situação é quando se tem a carta na escala 1:25000 da região

desejada para a prática do esporte.

Sanada a questão de adequar carta e terreno cabe agora delimitar a área a ser trabalhada

sobre o mapa-base. É uma delimitação aproximada, apenas para que se tenha uma noção do

perímetro do local. Pode ser delimitado por cercas, estradas, rios ou outras feições. Os

elementos devem ser identificados na carta, de modo que ao se executar a fase seguinte os

trabalhos não excedam o perímetro da área estabelecida.

Faz-se um recorte da área delimitada com uma margem de segurança e uma posterior

ampliação, a fim de que com esse novo mapa ampliado possa executar-se o trabalho de

campo, fazendo-se as atualizações necessárias e marcando os acidentes naturais ou artificiais

de interesse para a orientação.

A ampliação é feita usando o programa OCAD, que dispõe de uma ferramenta que

possibilita a conversão de escalas. Uma alternativa para se obter essa ampliação seria

digitalizar matricialmente esse recorte em Scanner e posteriormente imprimir em folha com

formato maior do que o formato do papel digitalizado, o que naturalmente aumentaria a

escala. A escala maior resultante foi 1:10000, entretanto verificou-se que a ampliação poderia

ter sido feita diretamente para a escala 1:15000.

Em princípio, as atualizações no mapa ampliado são feitas no campo em virtude de não

ser sempre possível dispor de outros documentos cartográficos recentes, tais como imagens de

satélites.

O planejamento inclui também a preparação do material a ser conduzido para o campo.

Sugere-se os abaixo relacionados (EsEFEx):

a) Cópia do mapa-base;

b) Bússolas;

c) Papel;

xxi

d) Material para escrever;

e) Prancheta;

f) Régua Milimetrada;

g) Receptor – GPS

3.3.2 COLETA DE DADOS

Terminada a fase de planejamento tem início a coleta de dados. Também pode ser

chamada de reambulação, pois serão acrescentados ou retificados detalhes importantes para

orientação. Pode-se lançar novos acidentes encontrados como por exemplo uma cerca, uma

rocha ou um barranco.

De acordo com as características do terreno, as feições poderão ter as posições coletadas

de duas formas: por meio de um receptor GPS ou marcando-as sobre o ampliação que foi

preparada.

O primeiro caso é recomendável para áreas mais abertas, pois as regiões com árvores

podem interferir na recepção do sinal. Os receptores que possuem capacidade de

armazenamento de dados são os mais indicados. Neles, o operador pode deslocar-se e ao

verificar uma feição de interesse, captura as coordenadas, guardando-as para serem

descarregadas posteriormente. O programa OCAD permite a transferência de dados, bastando

que, para isso, se tenha o cabo de ligação do receptor ao computador.

Não havendo a possibilidade do uso do receptor adota-se a segunda alternativa. Parte-se

para o campo com uma cópia da ampliação preparada. A sugestão é que sobre a cópia

ampliada seja posto um papel do tipo vegetal, e recomenda-se o uso de canetas nas cores

verde, vermelha e azul para lançar as feições e as alterações encontradas.

As distâncias e azimutes são as duas variáveis para o posicionamento das feições num

mapa base. Na prática, mede-se distância com passo duplo e azimute com bússola. No campo

seria muito trabalhoso medir as distâncias utilizando-se o recurso dos passos duplos a todo

instante, para serem representadas na escala da carta. Para facilitar o trabalho, é usual ter uma

tabela de conversão de passos duplos em distâncias na escala da carta que pode ser desenhada

no próprio mapa-base. A tabela 3.1 dá um exemplo de conversão de passos duplos que

poderia ser utilizada.

xxii

TAB. 3.1 – Conversão de passos duplos em distância

Passos Distância(cm) 1 0,01 2 0,02 3 0,03 4 0,04 5 0,05 6 0,06 7 0,07 8 0,08 9 0,10

10 0,11 11 0,12 12 0,13 13 0,14 14 0,15 15 0,16 16 0,17 17 0,18 18 0,19 19 0,20 20 0,21

O caso anterior exemplifica a conversão de passos duplos para uma carta de escala

1:15000 de um competidor que tenha seu passo aferido na razão de 63 passos duplos para

cada 100 metros.

O levantamento no campo precisa ser muito cuidadoso, e por isso divide-se em quatro

partes (EsEFEx):

a) Classificação ou Seleção dos acidentes a constarem da carta;

b) Verificação da clareza da carta;

c) Verificação da correta representação das formas do terreno;

d) Verificação da correta posição relativa dos acidentes

A primeira exige uma experiência por parte de quem o executa. Para determinar o que

deve ou não constar na carta, é preciso fazer uma observação sob o ponto de vista de um atleta

de orientação. Recomenda-se, inclusive, que o construtor da carta tenha práticas no esporte.

xxiii

A clareza da carta precisa ser sempre mantida. Técnicas de generalização tais como

simplificação e exageros, podem ser usadas para esse fim. É uma fase que inclui também a

verificação da inexistência de algum detalhe importante ou mesmo a retirada daqueles que

não interessam.

Feitas as devidas correções e inserções dos novos acidentes, parte-se para a fase seguinte,

que é a vetorização.

3.3.3 VETORIZAÇÃO

O papel vegetal contendo as atualizações obtidas e as feições desenhadas na fase anterior,

deve ser digitalizado e a imagem matricial gerada é salva no formato “.bmp” para ser aberta

no programa OCAD.

O OCAD é bastante utilizado na construção de Cartas de Orientação. Apresenta a grande

vantagem de já possuir uma simbologia adequada e uma facilidade computacional, por exigir

um reduzido espaço de memória. A versão 6.0 requer 5.0 Mbyte de espaço livre do disco

rígido.

A construção da carta no OCAD inicia-se por meio da abertura do arquivo matricial

citado anteriormente. Ele servirá como mapa-base na tela sobre o qual será realizado um

trabalho de vetorização. Normalmente o mapa que servirá de base é obtido por meio de um a

digitalização com uma resolução de 300 dpi. É importante que possua um reticulado, tendo

em vista que serão utilizados por ocasião do georreferenciamento. A geração do reticulado

exige que se informe as distâncias entre as linhas da grade, de acordo com o mapa final a ser

impresso. Além disso, as coordenadas do ponto central da carta precisam ser conhecidas.

O processo de georreferenciamento se dá antes do trabalho de vetorização. Trata-se de

uma etapa importante, cujo princípio é fazer coincidir coordenadas do mapa-base obtido na

digitalização com as coordenadas reais de mundo. Para isso faz-se coincidir o reticulado do

mapa-base com o reticulado que é gerado pelo programa OCAD. O processo é automático,

sendo suficiente informar ao programa quatro pontos para que se faça o ajuste. A

transformação usada no georreferenciamento é transparente para o usuário, não sendo

possível verificar os resíduos do processo.

O passo seguinte consiste na declinação da carta. É introduzida uma correção igual à

diferença ou soma entre a declinação magnética a convergência meridiana de modo que o

xxiv

reticulado fique coincidente com o Norte Magnético. Feito isso o trabalho final é a

vetorização propriamente dita.

Desenhar os objetos selecionando o símbolo desejado e inserindo cada um deles na

posição conforme suas representações no mapa-base obtido constitui o trabalho de

vetorização. Esse trabalho inclui todos os itens, inclusive as curvas de nível uma vez que o

OCAD não realiza o processo automaticamente.

Executada a fase da vetorização, segue antes da impressão, uma importante etapa

caracterizada como edição vetorial. Nessa etapa faz-se o chamado “acabamento da carta”,

com a inserção de informações marginais, tais como nome da região da prática da Orientação,

indicação da escala da carta, nome do(s) mapeador(es) responsável(s), valores das

coordenadas UTM limites das quadrículas, etc.

3.3.4 IMPRESSÃO

O trabalho de impressão consiste na última fase do processo de construção da carta.

Uma vez terminada a vetorização, o OCAD executa a impressão do arquivo vetorial gerado. É

importante salientar que o programa não imprime o mapa-base.

Considera-se ainda nesta fase, a preparação da carta para a competição. Durante as

provas o atleta percorre áreas que podem danificar a carta e prejudicar sua navegação. Ela

deve ser recoberta por um material que a proteja da umidade ou da chuva. Sugere-se que a

carta de orientação seja plastificada.

xxv

4 RESULTADOS

4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1.1 A CARTA CONSTRUÍDA

Partindo-se da carta topográfica na escala 1:25000 da região de Guaratiba, folha número

SF.23-W-II-2-NE, 1971, foi produzida uma carta de Orientação na escala 1:15000. Em

virtude da premência de tempo a área escolhida foi de aproximadamente 5 Km2

compreendendo as quadrículas 645000 m e 647000 m em coordenada “E” e 7452000 m e

7454000 m em coordenada “N”. A figura 4.1 mostra o recorte da carta de acordo com a área

delimitada anteriormente

FIG. 4.1 – Recorte da carta original

A área recortada acima foi ampliada de modo a se obter uma nova escala 1:10000 para os

trabalhos de campo. Foram então coletadas as feições não encontradas na carta tais como

xxvi

pontes, estradas, cercas, árvores isoladas e construções mediante o emprego do azimute e do

passo duplo. Na figura 4.2 são mostradas as feições do terreno que foram inseridas na carta.

FIG. 4.2 – Feições do terreno inseridas na carta

A figura anterior foi aberta no programa OCAD. Iniciou-se o processo de digitalização

das feições, adequação da escala final e correção da declinação conforme cálculo já

apresentado. A figura 4.3 mostra o recorte do mapa em condições de iniciar a digitalização

vetorial.

FIG. 4.3 – Recorte do mapa a ser digitalizado

xxvii

Na tabela 4.1 estão citados os símbolos inseridos na carta:

TAB. 4.1 – Símbolos inseridos na carta

Símbolo Número

Norte magnético 806

Ruína 531

Pedra 206

Construção 527

Poste 542

Torre alta 537

Árvore isolada 418

Estrada 503

Trilha 505

Ponte 519

Cerca 523

Lago/açude 301

Mata difícil de andar

410

Mata difícil de correr

408

Mata de corrida lenta

406

Riacho 305

Largada 601

Pontos de controle

602

Chegada 604

xxviii

O resultado gráfico é representado na carta de Orientação impressa apresentada na figura 4.4.

FIG. 4.4 – Carta impressa

Ainda a título de comparação são mostradas as duas cartas na tabela abaixo:

TAB. 4.2 – Comparação entre as cartas original e construída

Carta original (1:25000) Carta de orientação (1:15000)

A tabela comparativa permite verificar que existem feições que aparecem na carta

original e não aparece na carta de Orientação. Observa-se a existência de rios que constam na

xxix

primeira e não constam na segunda. Durante a reambulação constatou-se ainda que existe um

rio que não existe na carta original. Caso a ponte representada na Carta de Orientação fosse

inserida sobre a carta original, seu posicionamento não estaria sobre nenhum rio.

Ainda com relação à tabela anterior observa-se que a carta de Orientação não se encontra

declinada. Os cálculos para declinação foram feitos, porém não foram aplicados corretamente.

Ocorreu que a correção de 20º que deveria ter sido aplicada somente ao grid foi também feita

sobre o mapa como um todo. A conseqüência foi que em termos de declinação não houve

nenhuma correção. A figura 4.5 mostra através da linha vermelha a posição correta do grid,

que coincide com o Norte de Quadrícula e a linha azul mostra a direção do grid utilizado na

prática.

FIG. 4.5 – Comparação entre os grids correto e utilizado na prática

A correção da declinação magnética foi feita na realidade não sobre o grid, mas sim sobre

o mapa. Significa dizer que uma rotação de 20º graus foi inserida no mapa no sentido

contrário ao da declinação magnética.

xxx

4.1.2 A PISTA EXECUTADA

A validação proposta para a metodologia baseou-se na execução de uma pista com onze

participantes, dos quais sete já haviam participado de competições anteriores e os demais não.

A pista, conforme prevê as regras de Orientação, foi executada sem que os participantes

conhecessem previamente o local. Foram marcados oito pontos no terreno além da largada e

da chegada. A tabela 4.3 mostra os pontos com suas respectivas designações:

TAB. 4.3 – Pontos de controle e suas designações

Ponto Designação

1 Ruína

2 Construção

3 Moita

4 Bambuzal

5 Arbusto

6 Poste

7 Arbusto

8 Canto de cerca

A orientação baseou-se exclusivamente na utilização da carta construída, de bússolas e

dos passos duplos de cada um. A distância aproximada do percurso completo era de 3 Km.

Apenas um dos competidores deixou de completar a pista. Para auxiliar a avaliação da

pista com a carta, foi aplicada uma pesquisa onde cada competidor respondeu à seis questões

e teve oportunidade de emitir comentários, críticas e dar sugestões. A tabela 4.4 faz um

resumo das principais questões levantadas e apresenta os resultados, considerando

competidores experientes e não experientes:

xxxi

TAB. 4.4 – Principais questões levantadas

Pergunta Sim Não

Já participou de alguma pista de

Orientação?

64% 36%

Algum ponto de controle apresentou um

posicionamento que não conferisse com

aquele mostrado na carta?

36% 64%

A distância obtida com passos duplos

confere com o uso da escala da carta?

55% 45%

Havia algum detalhe no terreno,

importante para Orientação e que não

constava na carta?

36% 64%

A tabela 4.5 mostra os resultados da pesquisa não levando em conta os competidores

que nunca participaram de uma pista de orientação. Significa que o resultado apresentado

abaixo considerou apenas sete competidores.

TAB. 4.5 – Principais questões levantadas para competidores experientes

Pergunta Sim Não

Algum ponto de controle apresentou um

posicionamento que não conferisse com

aquele mostrado na carta?

57% 43%

A distância obtida com passos duplos

confere com o uso da escala da carta?

83% 17%

Havia algum detalhe no terreno,

importante para Orientação e que não

constava na carta?

50% 50%

Os resultados apresentados acima desconsideraram os casos em que não foi emitida

nenhuma opinião. Significa que o total considerado é relativo apenas aos que emitiram

respostas.

xxxii

Quanto à precisão, a única referência diz respeito à distância entre os pontos 4 e 5.

Segundo um dos competidores, a distância em passos duplos entre esses pontos não conferia

com o esperado. Em termos de posicionamento relativo não existiram observações sugerindo

algum erro.

O circuito apresentou maior problema no ponto 5 sendo encarado pela maioria dos

participantes como estando mal posicionado ou com escassez de detalhes para sua

localização.

4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Diante do apresentado, pode-se verificar que a construção da carta pôde ser feita

conforme o método sugerido. As divergências encontradas entre a representação da carta

original e a obtida deve-se provavelmente à idade da carta. Entretanto cabe ressaltar que as

divergências não chegaram a comprometer a navegação. A explicação para isso baseia-se no

fato de que os rios que constam em uma e não aparecem na outra não chegam a ser

importantes para a Orientação. Eles estão posicionados numa vegetação de mangue que não

constitui trecho relevante para os competidores.

Apesar de muitas feições terem sido inseridas por meio da reambulação através de passos

duplos e azimute, o processo mostrou-se eficaz tendo em vista que a precisão obtida atendeu a

cerca de 64% de todos os participantes. Este resultado mostra-se ainda mais favorável quando

analisado somente entre os competidores mais experientes, onde 83% dos participantes

afirmaram que a distância obtida com passos duplos confere com o uso da escala da carta.É

importante acrescentar que sendo a carta de 1971, muitos detalhes tiveram que ser incluídos

face a sua desatualização.

A escassez de detalhes reclamada pelos participantes concentrou-se basicamente em

torno do ponto 5. O resultado da última pergunta da tabela pode aparentemente indicar uma

falta de detalhes generalizada para toda carta. Todavia, a escassez de detalhes que chama a

atenção, diz respeito apenas a uma região localizada em torno do ponto 5. Analisando

detalhadamente é possível verificar que dos três competidores que reclamaram falta de

detalhes, dois deles fizeram referência ao mesmo ponto

Neste ponto as informações e os detalhes necessários para sua localização eram

suficientes, porém não foram capazes de evitar dúvidas. Também não é possível maiores

xxxiii

conclusões tendo em vista que não foi possível retornar ao local para averiguar os

questionamentos

Os cálculos indicaram que a direção do Norte Magnético era de 20º 17´33” em relação ao

Norte de Quadrícula, o que consiste na correção da Declinação Magnética. Foi aplicada uma

correção de 20º através do programa OCAD. O fato do programa desconsiderar as frações de

grau não prejudicou a orientação da carta. Tal afirmação baseia-se na estatística de 91% dos

participantes utilizaram-se de bússolas para orientação da carta e conseguiram fazer com

sucesso.

Várias mudanças de escala ocorreram durante todo o trabalho. Considerando que a carta

adotada já se tratava de uma ampliação da folha na escala 1:50000, ao todo foram

praticamente três mudanças de escala. Também através do OCAD o ajuste foi feito na escala

desejada e não existiram problemas quanto à precisão dos pontos.

Em última análise cabe dizer que a parte altimétrica não pode ser analisada. A região

escolhida não apresentava uma altimetria movimentada. Considerando que a carta original

encontrava-se na escala de1:50000 e que a eqüidistância nessa escala é de 20 metros, a região

apresentava o desnível entre os acidentes em proporções menores do que a referida

eqüidistância. Tal afirmação pode ser conferida na análise da carta original onde se constata

não haver curvas de nível.

Os resultados mostram um nível aceitável na precisão, apesar deles não apresentarem

valores quantitativos. Eles permitem apenas verificar que um posicionamento relativo

satisfatório foi obtido, sendo suficiente para atender ao competidor de Orientação.

Após a validação foi feita uma correção na carta que consistiu em orientar corretamente o

grid, isto é, declinar a carta. As correções que dizem respeito aos trabalhos de reambulação

não foram executadas, significando que nenhuma feição foi introduzida.

xxxiv

5 CONCLUSÃO

A aplicação da Cartografia no esporte provavelmente não é restrita apenas à Orientação.

Entretanto buscou-se enfocar este ramo especificamente. O estudo de uma metodologia para

construção de cartas de Orientação visou basicamente aprimorar as técnicas já existentes e

consolidar os processos empregados na produção deste tipo de carta. Almejou-se um método

eficaz e econômico capaz de atender aos que se interessassem pela construção de tais mapas a

partir de cartas topográficas. A escala inicial e final foi fixada sem que, no entanto, impedisse

que a metodologia pudesse ser testada e aplicada em outras transformações.

O emprego do programa OCAD consistiu numa opção importante para os trabalhos.

Verificou-se a sua grande potencialidade tendo em vista possuir uma simbologia específica já

existente e a possibilidade de criação de outros símbolos. Várias ferramentas facilitam o

ajuste do símbolo conforme a escala final desejada, além daquelas que possibilitam um fácil

georreferenciamento e também uma correta declinação.

As dificuldades no manuseio do programa mostraram-se consideráveis principalmente

para operadores inexperientes. A versão 6.0 do OCAD, disponível na Internet proporciona um

limite de apenas 500 operações. Entende-se por operação a digitalização de todo ponto, linha

ou área, bem como a inserção de símbolos, além de operações do tipo apagar, mover,

duplicar, criar entre outras.

A carta obtida atendeu ao objetivo proposto. A execução de uma pista com o emprego da

carta mostrou-se viável. O erro no processo de declinação não chegou a comprometer os

resultados da competição, embora deva ser levado em consideração.

Tendo em vista a aplicação da metodologia pode-se constatar que embora não seja

totalmente consolidada, ela permite a construção de uma carta de Orientação, segundo os

moldes propostos e de maneira econômica. A grande vantagem encontra-se na simplicidade

dos meios e dos recursos necessários. Segundo o que foi proposto bastaria ao mapeador ter

uma carta topográfica na escala 1:25000, bússola, régua milimetrada, impressora, scanner e

uma versão livre do programa OCAD que pode ser obtida na Internet, a fim de construir a

carta de Orientação.

A construção da carta de Orientação na escala 1:15000 não tem necessariamente que ser a

partir da carta topográfica 1:25000. Ela pode ser feita com base em escalas maiores ou

xxxv

diretamente na escala desejada ou ainda fazendo uso de um croqui. O processo proposto leva

em consideração uma situação particular.

Por último há de se admitir que o trabalho exija continuidade e ainda não permite

conclusões genéricas. A carta trabalhada não abordou a parte altimétrica e verificou apenas o

posicionamento relativo das feições, isto é, a planimetria. Em termos de precisão não foi feita

uma quantificação dos resultados, restando apenas a avaliação do posicionamento relativo dos

pontos de controle.

Sendo assim os estudos devem prosseguir de modo a possibilitar conclusões que

envolvam outras escalas, outros programas e terrenos mais movimentados a fim de que a

Cartografia possa continuar contribuindo com um esporte tão completo como a Orientação.

xxxvi

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 DIFICULDADES ENCONTRADAS

O andamento do trabalho manteve-se dentro do cronograma proposto. Todavia, cabe

ressaltar que o grupo encontrou duas dificuldades básicas. A primeira delas diz respeito ao

local para execução dos trabalhos de campo e a segunda refere-se a impossibilidade de uso do

receptor GPS neste trabalhos.

O objetivo do trabalho é propor uma metodologia para construção de cartas de orientação

na escala 1:15000 a partir de cartas topográficas na escala de 1:25000. Um método de

validação da metodologia consistiu na execução de uma pista de orientação, entretanto a

dificuldade em encontrar uma área que possa ser utilizada foi grande. Em certas situações

existe a área, porém não existe a carta topográfica. Ou então, ocorre ao contrário: consegue-

se a carta, mas a área é imprópria.

O segundo impedimento relaciona-se com a metodologia. Visando agilizar os trabalhos

de levantamento de campo, pensou-se em utilizar o receptor GPS GARMIN (GPSCOM 170).

Para isso, seria necessário o cabo de ligação do receptor ao computador para descarregar os

dados. Após tentativas junto a uma firma especializada, não foi possível obter o referido

material. Desta forma os trabalhos de campo terão que ser feitos pelo método tradicional

apresentado, que exige o conhecimento de distâncias e azimutes para a locação dos detalhes

do terreno na carta final. Esse método implica num tempo maior na sua execução.

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Haja vista a existência de alternativas para a metodologia proposta, o grupo faz sugestões

de trabalhos futuros a serem apresentados.

Uma das sugestões é que se inclua a utilização do programa MapViewer no processo.

Essa sugestão se justifica pela considerável agilidade nos trabalhos de campo. Com este

programa, os levantamentos poderiam ser feitos com um receptor GPS. Os dados, caso não

pudessem ser transferidos para o computador via cabo, poderiam ser digitados manualmente

xxxvii

numa planilha do programa. Em seguida o próprio MapViewer registra os pontos levantados

sobre a imagem do mapa base georreferenciado.

Finalizando, bastaria salvar o mapa-base atualizado em formato “.bmp”. Ele poderia ser

aberto no OCAD, onde as feições seriam substituídas pela simbologia adequada. Restaria

somente o trabalho de vetorização e impressão.

xxxviii

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ESCOLA DE INSTRUÇÃO ESPECIALIZADA,. Apostila de Topografia – TOMO 1- Seção 10

EXÉRCITO, ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Manual de Orientação

OLIVEIRA, CÊURIO DE. Dicionário cartográfico. 4. ed. Rio de Janeiro, IBGE, 1993.

SLAMA, C.C. Manual of Photogrammetry. 4. ed. Falls Church, Virginia, American Society of Photogrammetry, 1980.

FEDERATION, INTERNATIONAL ORIENTATION. Especificação Internacional para

cartas de Orientação. Escócia,2000. Disponíveis na Internet: http://www.fpo.pt

http://www.terravista.pt/Nazare/6039/Formação.Htm.

http://www.pick-upau.com.br/dicas/25.11/cartashtm

http://www.ac.org.br/desbravadores/especialidade3.htm

xxxix

APÊNDICE A

Questionário sobre a Pista de Orientação Carangueijo

Nome: __________________________________________ Posto ou Graduação: _______________________________ 1- Já participou de alguma pista de Orientação antes? Quantas? 2- Durante a execução da pista você observou algum detalhe (natural ou artificial) do terreno

que o tenha julgado importante e não estava representado na carta? Quais? 3- Qual(is) dos pontos de controles (prismas) você teve mais dificuldades para localizar? Por

quê? 4- Algum ponto de controle apresentou um posicionamento que não conferisse com aquele

mostrado na carta? Qual? 5- A carta estava declinada corretamente? 6- A distância que você obteve com passos duplos confere com a distância obtida com o uso

da escala da carta? 7- Nos espaços a seguir deixes seus comentários, críticas e sugestões ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

xl

APÉNDICE B

Carta não declinada

xli

Carta declinada