Utilização de aveia na alimentação de equ inos, FABIOLA
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VIII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA
VIV ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA
DRACENA, 26 e 27 DE SETEMBRO DE 2012
Utilização de aveia na alimentação de equinos
Silva, F. M.1; Serpa, P. G.1; Martineli, G. M.1; Godoy, F. U.1; Lima, L. B.1; Oliveira, G. M.1;
Barboza, E. K.1; Souza, I. M. G. P.2
1Acadêmicos de Zootecnia na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP – Campus de
Botucatu, SP, e-mail: [email protected] 2Pós-Graduando de Zootecnia Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP – Campus de
Botucatu, SP.
Introdução
A aveia é uma espécie com múltiplas possibilidades de utilização, quer seja para
a produção de grãos (alimentação humana e animal), forragem (pastejo, feno, silagem ou
cortada e fornecida fresca no cocho), cobertura de solo e adubação verde (proteção e
melhoria das condições físicas do solo), inibição a infestações de plantas invasoras (efeito
alelopático) e melhoraria na sanidade do solo (é praticamente imune ao mal-do-pé,
moléstia fúngica da lavoura de trigo). O período de cultivo no Brasil ocorre de abril a
setembro, mesma época em que a qualidade e produção das forrageiras caem, devido as
condições climáticas desfavoráveis. A aveia é o grão mais utilizado na equideocultura, por
apresentar menor valor energético quando comparada ao milho e por ser um alimento
mais seguro quanto à incidência de cólicas, além da vantagem de apresentar boa
quantidade e qualidade de proteínas se comparado a outros grãos. A aveia preta (Avena
strigosa) apresenta maior rendimento de matéria verde e seca, resistência a doenças e ao
pisoteio do animal (SÁ, 1995), no entanto, a produção de grãos é reduzida e não
apresenta qualidade industrial devido à coloração escura, menor tamanho e baixo
rendimento. A aveia branca (Avena sativa) permite produção de forragem e de grãos na
rebrota. O grão desta variedade é o mais popular e seguro devido ao teor de fibras de
13% na matéria seca, evitando que o animal alimente-se em excesso o que poderia
ocasionar cólicas (GRIFFIN, 2009). Por conter alto teor em gluma e devido ao seu
tamanho, é normalmente bem mastigada e não exige uma preparação especial
(CAMBRUSSI & ARALDI, 2011).
O objetivo desta revisão é apresentar alguns aspectos da utilização da aveia na
alimentação de equinos.
Desenvolvimento
Um cavalo nutrido adequadamente, além de apresentar boa saúde, fertilidade e
longevidade, desempenhará melhor suas funções de trabalho. Entretanto, existem poucas
informações científicas sobre a nutrição de equinos quando comparado com outras
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espécies de animais domésticos. Os cavalos digerem e absorvem alguns alimentos como
monogástricos, mas processam outros alimentos num modo similar aos ruminantes. Para
a obtenção de animais saudáveis é necessário que a dieta disponível e/ou fornecida
atenda às necessidades diárias de energia, proteína, minerais e vitaminas. Os
requerimentos são variáveis de acordo com as diferentes demandas fisiológicas, como
crescimento, lactação, atividade física, além das diferenças individuais e das condições
ambientes. Como a atividade atlética é a principal função exigida pelo homem em relação
ao cavalo, as exigências de energia devem ser atendidas além da sua manutenção,
crescimento e reprodução, aos diversos tipos de atividade funcional (SANTOS, 1997).
Em média, 50% dos haras utilizam o grão de aveia branca devido a facilidade de
comercialização e baixo custo. Outra característica é seu teor elevado de palha (cascas)
proporcionando menores riscos de indigestão (cólicas) do que cereais como milho e trigo,
além de não ser constipante (AFONSO, et al., 2011). A aveia possui alto teor de ácidos
graxos insaturados e mucilagem beneficiando assim, a digestão do cereal pelo animal
(MEYER, 1995). De acordo com Welz (2006), o grão de aveia contém uma digestibilidade
do amido de 90%, assim, quando o animal se alimenta de aveia adequadamente, ela será
facilmente digerida. O mesmo autor também indica que aveia integral é ideal para
equinos, devido a elevada proporção de mucilaginosas, alta proporção de casca,
digestibilidade do amido alta, alto teor de gordura, além de facilitar a mastigação em
função da estrutura da dentição do cavalo. Quando uma elevada proporção de amido
chega ao intestino delgado, seu conteúdo torna-se mais ácido, facilitando sua digestão.
No entanto, em um pH abaixo de 6 (acidez elevada), a quebra enzimática pode não
ocorrer, possibilitando a formação de úlceras e gases. Isto é mais provável quando há
alimentação de grandes quantidades de cereais que contêm amido, dificultando sua
quebra, como o milho e cevada. As consequências enzimáticas de alimentação de
grandes quantidades de milho e de cevada é uma diminuição do pH do intestino delgado,
o que leva à transição de amido não digerido para o intestino grosso, o qual irá causar
cólicas, gases, fezes e absorção insuficiente de ácidos e minerais.
A forma do grão pode variar sua qualidade nutricional. Os maiores e
arredondados possuem maior teor de energia e baixo teor de proteína. Já os estreitos
possuem um teor de glúten mais elevado e por isso, menor digestibilidade. Devido a estes
fatores, na Alemanha são usadas variedades de diferentes países para compor uma
mistura oferecida aos cavalos, no qual observou-se que a coloração do glúten não possui
relação com seu valor nutricional, exceto quando alterada devido à contaminação de
fungos (MEYER, 1995). Casalecchi (2003), relata que o amido da aveia, mais digerível
para equinos, é degradado pela exocorrosão ao redor dos grãos, ao contrário dos outros
menos digeríveis, que possui degradação de amido por endocorrosão via "PIN HOLE" e
esse aumenta conforme a elevação da digestibilidade de amido pré-ileal. Por essa razão,
Braunner (2010) citado por Cambrussi & Araldi (2011) conclui que a aveia é a mais nobre
fonte energética de origem vegetal, além do alto teor em fibras e alto índice de
digestibilidade e metabolização. Os conteúdos de lipídio presentes na aveia ocorrem em
grandes quantidades (entre 5,0 e 9,0% do peso total do grão) e são muito maiores do que
em grãos de outras espécies, como trigo (2,1-3,8%), arroz (1,8- 2,5%), milho (3,9-5,8%),
cevada (3,3-4,6%) e centeio (2,0-3,5%). Este constituinte do grão caracteriza a fração
mais suscetível à deterioração durante o armazenamento, devido à redução do seu
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conteúdo total e/ou pela suscetibilidade a alterações estruturais. A aveia é um dos cereais
com maior teor protéico total, variando de 12,40% a 24,50% no grão descascado e com o
melhor perfil de aminoácidos, principalmente triptofano, lisina e metionina, os quais são
escassos nos outros cereais.
A composição de aminoácidos da aveia é constante em uma ampla variação no
conteúdo protéico, com apenas uma pequena correlação negativa entre a proteína total e
a porcentagem de lisina (SIMIONI et al., 2007). Cunha (1991) relata que pôneis criados na
Universidade de Cornell preferiram aveia ao invés de outros cereais. Este autor também
ressalta que grãos mais densos, brilhantes (cor viva) e com pequena porcentagem de
casca (máximo de 25%, devido ao alto teor de fibra e baixo valor nutritivo) é indicado para
compor rações peletizadas atuando, desta forma, como volumoso. De acordo com Welz
(2006) o arraçoamento com aveia pode aumentar o consumo de ração o que pode levar a
chamada “moleza” como ficou conhecida na Europa, e com isso deve ser ajustada a
quantidade a ser oferecida para que tais problemas não surjam, assim como o excesso
também pode causar um "mal" parecido. O correto fornecimento de aveia auxilia na
composição de uma alimentação balanceada para animais que necessitam de nutrientes
além dos requeridos para manutenção de seu metabolismo normal, o qual poderia ser
suprido com o pastejo das gramíneas geralmente usadas.
Conclusão
O uso de aveia na alimentação equina traz benefícios pelo seu valor nutricional e
teor de fibra os quais são suficientes para assegurar boa ingestão de nutrientes com
menor risco de distúrbios metabólicos como cólicas (comparado a milho), principalmente
quando esses administrados em grande quantidade para fornecimento de energia para
animais de alta performance. O amido deste cereal é melhor digerido pelo cavalo, o que
resulta em fornecimento de energia com maior rapidez.
Referências
AFONSO, A. B. M. et al. Manejo nutricional de equinos mantidos em hospedarias na
cidade de Pelotas. In: XX Congresso de Amostra Científica: III Mostra Científica. 2011.
CAMBRUSSI, T. e ARALDI, D. F. A utilização da aveia na dieta de equinos. In: XVI
SEMINÁRIO : Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão, 2011. Universidade de
Cruz Alta, 2011.
CASALECCHI, F. L. Digestibilidade aparente total de dietas com milho submetido a
diferentes processamentos e resposta glicêmica em equinos. Dissertação Mestrado
em Medicina Veterinária - Nutrição Animal. Pirassununga. 2003.
CUNHA, T. J. Horse Feeding and nutrition. San Diego, California. Academic Press, Inc.
2 ed. 445p. 1991.
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GRIFFIN, A. Aveia, 2009. Disponível em: <http://www.extension.org/pages/10246/grains-
for-horses-and-their-characteristics>. Acesso em: 24 Julho 2012.
MEYER, H. Alimentação de cavalos. Tradução e Revisão Stéfano Hagen. São Paulo.
Livraria Varela. 2 ed. 303 p. 1995.
SÁ, J. P. G. Utilização da Aveia na Alimentação Animal. Instituto Agronômico do
Paraná. Londrina, 20 p. 1995.
SANTOS, S. A. Recomendações sobre manejo nutricional para equinos criados em
pastagens nativas no Pantanal. EMBRAPA - CPAP. Corumbá. 63 p. 1997.
SIMIONI, D. et. al. Caracterização química de cariopses de aveia branca. Alimentos e
Nutrição. Araraquara. v.18, n.2, p. 191-196. 2007.
WELZ. Y. Whole Oats, the Perfect Horse Feed?. 2006. Disponível em:
<http://www.thehorseshoof.com/oats1 >. Acesso em: 23 Agosto 2012.