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UTILIÇÃO DAS PRINCIPAIS PLANTAS MEDIC INA IS EM UMA COMUNIDADE RU RAL UÇE OF THE PRINCIPAL MEDICINAL PLANTÇ IN A RU RAL COMMUNI Francisco de Assis Pinhei 1 Gilson de Vasconcelos Torres 1 Rejane Marie Barbosa Davim 1 Lau Xavier Filho 2 RESUMO: Estudo descritivo-analítico, realizado na c omunidade r ural de Pitang a da Estrada-PB, objetivand o-se estudar as principais plantas medicina is ut ilizad as pelas mulheres da comunidade e com parar o uso popular com o recomenda do na literatura. Observou-se algumas discordâncias n o uso p opular q uando se compara com o rec omendad o pela literatura e em es pecial às propriedades terapêuticas ou ind icações para o uso. UNITERMOS: Plantas medicinais - Uso popular. INTRODUÇ Ã O A motivação inicial para a realização deste trabalho surgiu pelo desej o d o grupo em identificar as principais plantas medicinais utilizadas po r uma comunidade rural. Com isto, o g rupo p retende identificar o conheciment o da comunidade na utilização dessas pl ant as e comparar o uso p opular c om a ind icação cient ifica. Desta forma, percebe-se a ne cessidade de se conh ecer uma comunidade rural através de s eus recursos fitoterápicos, bem como a sua utilização no atendimento às suas n ecessidade s de saúde e de sobrevivência no que se refere às enfermidades, utilizando como alternativa as plantas medicinais em substituição aos produtos alopáticos. I Docentes do Departamento d e Enfermagem da UFRN- Mestrandos d e Enf ermagem e m Saúde Pública da UFPB. 2 Biólogo, Prof Dr. do Mestrado de Enfemlagem em Saúde Pública da UFPB. Orientador do trabalho. R. Bras. Enferm. Brasília, v. 49, n. 4, p. 511-5 18 out./dez. 1 996 511

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UTI LIZAÇÃO DAS PRI NCIPAIS PLANTAS MEDIC INAIS EM UMA COMUN IDADE RURAL UÇE OF THE PRINCIPAL MEDICINAL PLANTÇ IN A RURAL COMMUNITY

Francisco de Assis Pinheiro 1

Gilson de Vasconcelos Torres 1 Rejane Marie Barbosa Davim 1 Lauro Xavier Filho 2

R ES U M O : Estudo descrit ivo-a na l ít ico, rea l izado n a comu nidade rura l de Pitanga d a Estrada-P B , objetivando-se estudar as pri ncipais p la ntas medicina is ut i l izadas pelas mu lheres d a comunidade e comparar o uso popular com o recomendado n a l i teratura . Observou-se a lgumas discordâ ncias no uso popu lar quando se com para com o recomendado pela l i teratura e e m especia l às propriedades tera pêut icas ou indicações para o uso .

U N ITERMOS: P la ntas medicinais - U so popu lar .

INTRODUÇÃO

A motivação in icial para a real ização deste trabalho surg iu pelo desejo do grupo em identificar as pr incipais plantas medicinais uti l izadas por uma comun idade rura l . Com isto , o gru po pretende identificar o conhecimento da comun idade na ut i l ização dessas plantas e comparar o uso popular com a ind icação cientifica . Desta forma , percebe-se a necessidade de se conhecer uma comun idade ru ral através de seus recu rsos fitoterápicos , bem como a sua uti l ização no atendimento às suas necessidades de saúde e de sobrevivência no que se refere às enfermidades , ut i l izando como alternativa as plantas medicinais em substitu ição aos produtos alopáticos.

I Docentes do Departamento de Enfermagem da UFRN- Mestrandos de Enfermagem em Saúde

Públ ica da UFPB.

2 Biólogo, Pro f Dr. do Mestrado de Enfemlagem em Saúde Pública da UFPB. Orientador do

trabalho.

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Observou-se entretanto através da literatura no que se refere às plantas medicinais, que

Como as plantas medicinais, segundo Nogueira (1983), são um tipo de terapêutica alternativa que, depois de comprovadas como eficazes, foram aproveitadas pela medicina. Desta forma, diz o autor que

O hábito de cultivar ervas medicinais nas hortas das casas, segundo Araújo Apud Bevilácqua "et ai" (1985), vem dos portugueses que já utilizavam plantas européias e indianas como remédios caseiros, e que eram usadas por curandeiros, parteiras e macumbeiros. Nos últimos anos, entretanto, o interesse pela medicina alternativa vem crescendo bastante, visando de certa forma o restabelecimento do equilíbrio como fonte de saúde.

Diante disto, Lami Apud Cunha, Sabóia (1981) afirma que

Com o crescimento do interesse pela medicina alternativa, os medicamentos industrializados têm sido substituídos parcialmente e, segundo Nogueira (1984) , as plantas medicinais, além de oferecerem prioridades nutritivas, têm princípios ativos que podem agir terapeuticamente no organismo, se forem administradas adequadamente.

Continuando, diz o autor que o uso terapêutico de plantas medicinais não é novidade, e que todos nós usamos ou já utilizamos em .determinado momento algum tratamento caseiro aprendido com a família , e que a medicina popular sempre existiu, principalmente entre as camadas das populações menos favorecidas economicamente. Para o autor, existem fatores que explicam o aumento da prática terapêutica popular, como, por exemplo, o alto custo dos medicamentos, além da precariedade da assistência prestada pela maioria dos serviços públicos. Sendo assim, a população recorre à medicina tradicional por ser mais econômica, mais acessível, e pelas facilidades de ser localizada no

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"(...) a medicina popular; a medicina caseira ou terapêutica popular, é aquela que emana do povo e que através do tempo, vem sendo usada e transmitida oralmente pelos membros mais idosos da família e/ou comunidade" (Oliveira 1989)

"(...) terapêuticas alternativas, são aquelas formas de tratamento das moléstias que geralmente não são ensinadas".

"... as comunidades rurais utilizam um quadro básico de plantas para enfermidades comuns, e que são conhecedores das limitações de seus ervanários, pois sabem o momento exato que devem recorrer a uma medicina institucionalizada".

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próprio bairro ou na periferia das g randes cidades onde as classes mais pobres sobrevivem. 5

De certa forma, como o sistema de assistência médica , segundo Gomes ( 1 985) , está exclu indo uma parcela da população dos serviços de saúde, uma outra maneira dessa popu lação tentar cobrir as falhas do sistema em relação ás suas necessidades é procurar outras fontes que não a med icina oficia l , encontrando assim suas satisfações na medicina popular .

Diante de tudo isto , a Organ ização Mund ia l da Saúde (OMS) , segundo Nogueira ( 1 983) , tem examinado seriamente algumas práticas na med icina trad icional com o objetivo de que sejam real izados estudos não só para anal isar a sua eficácia , mas também incorporá-Ias á med icina moderna, aquelas comprovadamente eficazes. Diz ainda o autor que o M in istério da Saúde (MS) quer que a popu lação brasi le ira volte a tomar remédios extra ídos da flora medicina l , incentivando desta maneira as pesqu isas que visam conhecer a eficácia de plantas ut i l izadas na medicina popu lar.

Sugere ainda o mesmo autor que a terapêutica a lternativa deverá ser estudada pelo enfermeiro por ele trabalhar d i retamente com a popu lação, seja em hospita is , em centros de saúde ou j unto à comun idade, o que pode ensejar­lhe uma grande oportun idade em educar e esclarecer a população acerca das práticas alternativas benéficas ou nocivas à sua saúde.

Sendo ass im, diante das experiências do g ru po como enfermeiros e docentes trabalhando com a cl ientela em n ível hospitalar , ambu latoria l e na comu n idade, constatamos que essa popu lação, têm em especial das mu lheres, ao lado da med icina alopática , têm em suas casas, hortas com a lg u ns pés de ervas para "remédios" , como o preparo de "chazinhos".

Partindo deste conhecimento, e considerando os estudos levantados dos autores pesqu isados, o g ru po se propôs levantar as principais plantas medicinais usadas por um grupo de mu lheres de uma comun idade rura l , identificar o conhecimento das mesmas sobre sua ut i l ização e comparar o uso popular com sua ind icação terapêutica . '

.

A comun idade esco lh ida pelo g rupo para a referida pesqu isa foi o Distrito de Pitanga da Estrada , Mun icípio de Mamanguape-PB , d istando aproximadamente 29 km deste Mun icíp io . A popu lação da comun idade está estimada em 1 200 hab. de acordo com o ú lt imo levantamento real izado, em janeiro de 1 995 , pela Associação Comun itária do Distrito de P itanga da Estrada - ASCODIP .

O Distrito de P itanga da Estrada é d ividido em três áreas, a saber: área da PALHOÇA, onde a comun idade teve seu i n ício , e é habitada por nativos da reg ião; área do CENTRO, considerada a rua principal e a ún ica pavimentada, onde se encontram o cartório , a igreja , duas escolas de 1° Grau , o posto telefôn ico e o posto de saúde, o qua l funciona precariamente uma vez por semana no atendimento com um cl í n ico gera l , um odontólogo e dois atendentes de enfermagem ; e a área do CAMPO, tendo na sua maioria habitantes oriundos de outras reg iões do Mun icípio . A comun idade de Pitanga da Estrada é

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composta por uma popu lação m u ito carente, que sobrevive do trabalho de. cu ltivo da cana de açúcar e do abacaxi e que tem uma renda semanal em torno de R$ 20,00 . Além dos trabalhadores ru ra is , também residem no local a lguns funcionários púb l icos aposentados do I NSS .

METODOLOGIA

A pesqu isa segu iu uma metodolog ia de natu reza descritivo-ana l ít ica , com uma amostragem de trinta (30) mu lheres selecionadas por acessib i l idade nas três áreas do referido Distrito , e tendo como critérios que resid issem na comun idade e aceitassem participar do estudo.

O instrumento ut i l izado para a coleta de dados foi um formulário e a técnica usada constou de uma entrevista estruturada com perg untas abertas e fechadas. Os dados foram coletados nos próprios dom icí l ios das pesqu isadas , organ izados e apresentados em Tabela e Quadros, expressos em formas de freqüências e percentuais e , em segu ida , ana l isados quantitativamente de acordo com os objetivos propostos.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

TABELA 1 - DISTRIBUiÇÃO DAS ENTREVISTADAS SEGUNDO A. CONDUTA TOMADA QUANDO ALGUÉM DA FAMíLIA ADOECE. PITANGA DA ESTRADAlPB -1 995

O QUE FAZ CENTRO PALHoçA CAMPO TOTAL

Faz chá 1 0 08 03 21 Leva ao médico 04 07 04 1 5 Vai à farmácia 01 01 - 02 Leva ao hospital - - 01 01 Leva a Mamanguape - - 01 01 Leva a Mataraca - - 01 01 Morre à mingua - - 01 01 I Toma remédio em casa - 01 - 01

Observa-se na Tabela acima que 21 entrevistadas referiram fazer uso de chá quando alguém adoece em casa , enquanto 1 5 citaram que levavam ao médico . Em relação às três áreas pesqu isadas , observa-se uma freqüência maior na área do C ENTRO e da PALHOÇA pelo uso do chá, enquanto que na PALHOÇA predomina também a procura pela assistência médica por ocasião de suas enferm idades. Com base nos dados acima , constata-se que esta prática do uso do chá como recurso no tratamento de a lgumas enfermidades decorre do d ifíc i l acesso das pesqu isadas aos serviços de saúde.

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QUADRO 1 - DISTRIBUiÇÃO DAS ENTREVISTADAS SEGUNDO AS PLANTAS MAIS UTILIZADAS, USO POPU LAR, C I ENTíFICO, PARTE UTILIZADA E MODO DE PREPARO. PITANGA DA ESTRADAlPB - 1 995.

PLANTA USO POPULAR INDICAÇÃO PARTE USADA MODO DE UTILIZADA TERAPÊUTICA PREPARO

USA POPULAR INDIC. TER.

ACEROLA Febre ( 1 ) , Gripe. 5uplemento folha ( 1 ) folha decocçâo al imentar

ARRUDA Dor de Barriga ( 1 ) Vermes , gases folhas ( 1 ) folha infusão intestinais. carmina· t iva, abortiva, cal- flor ( 1 ) '* semente

mante dos nervos. estimulantes. etc .

BOA NOITE " Cansaço " ( 1 ) flor ( 1 ) folha infusão

Tose ( 1 )

CAPIM SANTO Barriga inchada ( 1 ) tônicd. carminativa. Folhas ( 5 ) folhas infusão calmante( 1 ) diarréia. insônia. decocção dor de barriga ( 1 ) flatulência. irritação gripe ( 1 ) ' nervosa, dispepsia. lambedor nervosismo ( 1 ) , pressão alta ( 1 ) • prisão de ventre

COLONIA Expectorante ( 2 ) estomaquica. Folha ( 2 ) semente, infusão estimulante intestinal , r aiz ulceral , tônica cardiaca, depurativa. flor, folha diurética.

ERVA CIDREIRA Barriga inchada excitante antiespas Folha ( 1 3 ) folha infusão ( 2 ) módica, cefaléia, caule decocção calmante ( 3 ) ' digestão difici l . lambedor dor de barriga ( 6 ) amenorréia, enxa-dor de dente ( 1 ) queca, resfriado.

E RVA DOCE Barriga inchada estimulante. carmi- Semente ( 3 ) semente decocção ( 1 ) nativa. gases, azia. folha ( 1 ) infusão calmante ( 3 ) ' cólica. asma. d iarréia

enxaqueca ( 1 ) , cicatrizante, d iuré-

insônia ( 1 ) * !ica, vômito da gravidez.

EUCALIPTO febr-e (4 ) febre, antigripal , folha ( 4 ) folha infusão

gripe ( 2 ) dores ciáticas esto- decocçào máquicas

HORTELÃ dor de barriga estomáquica, cal- folha ( 4 ) folha infusão

gripe mante, dor de estô- lambedor mago , cólica mens-

tosse ( 2 ) trual , tosse. asma.

verme cefaléia, tremedeira prurido da pele. anti-helmíntica, cólicas uterinas. etc. . . CON I IM . A =>

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PLANTA USO POPULAR INDIC�ÇÃO PARTE USADA MODO DE UTILIZADA TERAPEUTlCA PREPARO

USA POPULAR INDIC. TER. LARANJE IRA agonia ( 1 ) sedativa, calmante, folha ( 1 ) folha infusão

insônia ( 1 ) digestiva,

flor decocção antiespasmódica, sudorífica, estomáquica, etc.

MALVA febre (7 ) antiespasmódica flor ( 1 ) * ' folha lambedor

ROSA gripe ( 1 ) * sudorífica, adstringente

MACASSÁ dor de ouvido ( 1 ) dor de ouvido flor ( 1 ) folha contusão

MASTRUZ dor de barriga ( 1 ) vermífuga, má folhas (4) folha lambedor

gripe ( 2 ) circulação, cefaléia, decocção

sono agitado, inflamação ( 1 ) doenças pulmonares,

estomáquicas, etc.

ROMÃ Inflamação ( 3 ) anti-helmintica, casco (2 ) fruto infusão cólicas intestinais, fruto ( 1 ) casca inllamação de garganta, feridas, hemostática, abortiva, febre, inflação olhos

SABUGUEIRO febre ( 1 ) sarampo, gripes, flor ( 5 ) folha infusão

gripe (4) tosse, bronquite, folha ( 2 ) flor decocção queimaduras, inflamaçôes lambedor superficiais

SAlÃO gripe ( 1 ) inflamação, gripe folha ( 1 ) folha lambedor ' " FONTE. BALBACH ( 1 988) e NOG U E I RA ( 1 984)

LEG E N DA: * Sinais e sintomas não encontrados na l iteratura . * * Parte usada da planta n ã o compatível com a l iteratu ra consultada .

• Ind icação terapêutica não encontrada na l iteratu ra .

QUADRO 2 - DISTRIBUiÇÃO DAS ENTREVISTADAS SEGUNDO A FONTE DE INFORMAÇÕES SOBRE O USO DAS PLANTAS MEDICINAIS. PITANGA DA ESTRADAlPB -1 995 .

INFORMANTE LOCAIS TOTAL CENTRO PALHOÇA CAMPO N° %

Mãe 7 8 4 19 6 3 , 3 Mais velhos - 3 1 4 1 3, 3

Eu mesma - - - 3 1 0 , 0 Vizinhos - - 2 2 06,6 Com o povo 1 - - 1 0 3 , 3 UFPB 1 - - 1 0 3 , 3

Sogra 1 - - 1 0 3 , 3 Rád io - 1 - 1 0 3 , 3

Com o tempo - - 1 1 0 3 , 3 I nd icação méd ica 1 - - 1 03, 3

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Conforme o Quadro 2 , observa-se que 63 ,3% das entrevistadas referi ram ter aprend ido a usar as p lantas med icina is com suas gen itoras, enquanto que 1 3 , 3% referiram os mais velhos. D iante d isto , constatamos que o uso fitoterápico é transferido cu ltu ralmente de mãe para fi lho , em conformidade com a l iteratura pesqu isada .

CONSIDERAÇÕES F INAIS

o estudo tornou possível verificar que a comu n idade de Pitanga da Estrada ' faz uso de plantas medicina is , sendo prática com u m na maioria das pesqu isadas como a lternativa á med ic ina a lopática institucional izada , deficitária na comun idade . Constatamos, a inda , uma variedade de plantas medicinais que essa população uti l iza , porém o uso popu lar de a lgumas plantas d ifere do referencial pesqu isado , como também em relação á parte da planta que é ut i l izada, levando-nos a q uestionar se a referida com u n idade con hece as reais ind icações terapêuticas das plantas ut i l izadas ou se essa prática empí rica necessita de u ma val idação científica como forma de comprovar a eficácia do seu uso popular .

F icou claro tam bém para o g ru po que esta prática empí rica no uso de plantas medicina is , é transferida cu ltu ra lmente pelas pessoas mais idosas e sign ificativas , como as mães , nas com u n idades ru ra is , corroborando a l iteratura pesqu isada . Entretanto , há necessidade de u m melhor esclarecimento sobre o uso correto dessas plantas , poss ib i l itando-se , desta forma , uma ut i l ização mais adequada no tratamento das enfermidades mais comuns já comprovadas cientificamente,

ABSTRACT: This ana lytical-descriptive study, run at a rura l com munity in Pita nga da Estrada , Paraíba, aims at studying the principal medicina l p lants used by community women a n d comparing this popular u se to the one recommended by l iterature . Some disagreements in popular use, when com pared to l iterature recommendation , especia l ly regard ing to therapeutic and ind ication use, have been observed .

KEYW O R DS : Medicina l p la nts - Popu lar use.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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5 1 8 R. Bras. Enfc,.,n Bras í l ia, \' . 49. n . 4. p . 5 1 1 -5 1 8 out./dez. 1 996