UTILIZAÇÃO DE VÍDEO DIGITAL NO TRABALHO LABORATORIAL …€¦ · Utilização de video digital...
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MESTRADO EM QUÍMICA
PARA O ENSINO
FACULDADE DE CIÊNCIAS UNIVERSIDADE DO PORTO
Departamento de Química
UTILIZAÇÃO DE VÍDEO DIGITAL NO TRABALHO
LABORATORIAL EM ENSINO DA QUÍMICA:
UMA EXPERIÊNCIA NO 12° ANO
Ana Isabel Peixoto e Amaro
Janeiro 2007 QD40
AMAaU 2007
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FACULDADE DE CIÊNCIAS UNIVtKStDAOI O O PORTO
DEPARTAMENTO DE QVÎMICA
MESTRADO EM QUÍMICA
PARA 0 ENSINO
Tese orientada por:
Professor Doutor João Carlos de Matos Paiva - Universidade do Porto
Professora Doutora Maria das Dores Ribeiro da Silva - Universidade do Porto
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5 2 j a I
[ "Depart. Química]
Ana Isabel Peixoto e Amaro
Dissertação submetida à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto para obtenção do grau de
Mestre em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12° ano
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IV Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano ("•**»
Agradecimentos
Gostaria de expressar os meus profundos agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma
contribuiram para a concretização deste trabalho.
Ao Professor Doutor João Carlos de Matos Paiva, orientador desta tese, pelo apoio
disponibilizado, pelas suas palavras de orientação e verdadeiro incentivo na realização deste trabalho.
À Professora Doutora Maria das Dores Ribeiro da Silva, co-orientadora, pelas suas palavras de
incentivo, pela sua disponibilidade, pelos seus comentários e sugestões pertinentes, pela sua leitura e
revisão do texto.
À Doutora Ana Paula Carvalho e à Professora Doutora Ana Reis pela disponibilidade e pelo apoio
prestado no laboratório.
A todos os Professores que contribuíram para a minha formação (durante todo o meu percurso
escolar), sem a qual não teria desenvolvido esta dissertação.
Ao Programa Pós-conhecimento da União Europeia que financiou o projecto Mocho@bandalarga,
sem o apoio do qual não seria possível a realização deste trabalho.
Ao Eng.° Ilídio Martins, pela sua disponibilidade e prontidão na execução das tarefas.
À empresa Rijo Madeira Produções pela filmagem e respectivo tratamento do vídeo desde a
aplicação do som, às correcções e actualizações que foram necessárias.
Aos alunos e à Professora Gabriela Rodrigues, da Escola Secundária da Trofa, por terem
colaborado tão entusiasticamente neste projecto.
Aos meus pais e irmão, pela compreensão, incentivo ao longo deste trabalho e ao longo de toda a
vida.
Às minhas amigas Lu, Carlinha, Caty, Andreia, Beta por todo o incentivo e apoio prestado.
Ao Vitinho, por acreditar sempre nas minhas capacidades, pelo apoio prestado e por estar sempre
ao meu lado.
A todos o meu obrigada!
V Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
VI Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
Lista de abreviaturas
a. C. ■ Antes de cristo
GR - Ganho residual
GRC ■ Ganho residual corrigido
GRCM - Ganho residual corrigido médio
M.E. - Ministério da Educação
S. A. - Sem autor
S. D. - Sem data
TIC ■ Tecnologias de Informação e comunicação
vs - Versus
WWW - World Wide Web
VII Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química, uma experiência no 12° ano
VIII Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12" ano
Resumo
Este estudo teve como objectivo principal a investigação do efeito do uso de um vídeo digital no
ensino e aprendizagem de conceitos relacionados com uma actividade laboratorial.
Foram realizados vídeos de três actividades laboratoriais, de carácter obrigatório, constantes no
actual Programa de Química do 12° ano de escolaridade. Optou-se por realizar o estudo junto dos
alunos apenas para uma das actividades filmadas: "Um Ciclo do Cobre".
Partiu-se de duas hipóteses de investigação:
a) A utilização de módulos digitais sobre actividades laboratoriais constitui um recurso pedagógico
útil para os alunos, na compreensão dos conceitos que envolvem o tema.
b) É importante a sequência de inserção destes recursos no design pedagógico.
De uma amostra de 40 alunos do 12° ano realizou-se uma divisão em 4 grupos que foram sujeitos
a uma sequência diferente de metodologias de ensino, envolvendo: 1) uma actividade laboratorial; 2)
uma fundamentação teórica e 3) um vídeo laboratorial. Os diferentes grupos foram sujeitos a sequências
diferentes dos momentos 1), 2) e 3), tendo todos os alunos realizado um pré-teste e um pós-teste para
observação dos ganhos de aprendizagem. Embora os resultados não tenham sido muito conclusivos,
sugerem que a actividade laboratorial, em si própria, deverá ser o motor da estratégia pedagógica. Em
relação aos módulos digitais usados antes ou depois da actividade laboratorial, verificou-se que eles
podem potenciar o ensino experimental da Química.
Qualitativamente, foi bastante óbvio o feedback positivo que se obteve em relação ao uso do
vídeo laboratorial no ensino que, segundo a população do estudo, ajuda a esclarecer algumas dúvidas,
permite boa aquisição de conhecimentos e torna o ensino bastante motivador.
No final do trabalho sugerem-se hipóteses de reformulação e desenvolvimento futuro, quer dos
recursos digitais em si quer da própria investigação.
IX Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12° ano
Abstract
This study had as main purpose the research of the effect of digital video use in the teaching and
learning concepts concerning a laboratorial activity.
Videos were filmed for three compulsory laboratorial activities, included in the current Chemistry
curriculum for the 12th form. We chose to opt by doing this study with studens in only one of the activities
filmed: " A Coper Cycle".
We started on from two hypothesis:
a) The use of the digital modules about laboratorial activities constitutes a useful pedagogical
resource for students, in the understanding of concepts which involve the topic.
b) It is important the insertion sequence of this resource in the pedagogical design.
From a sample of 40 students of the 12th from, we divided them in four groups that were submitted
to a different methodology sequence, involving: 1) a laboratorial activity; 2) a théorie fundamentation and
3) a laboratorial video. Each of the groups were submitted to different sequences to moments 1), 2) and
3), but all the students did a pre-test and a pos-test to observe the learning gains. Although the results
were not very conclusive, they suggest that the laboratorial activity should be the engine for the
pedagogical strategy. Concerning the digital modules, used before and after the laboratorial activity, we
have stated that they may enhance the experimental teaching of Chemistry.
Qualitativily, it was quite obvious the positive feedback concerning the use of the laboratorial video
in the teaching that, according to the group sample, helps to clarify some doubts, allows a good
acquisition of knowledges and makes the study become motivator.
In the end of the work we suggest hypothesis of future reformulation and development, not only of
digital resources but also its own investigation.
X Mestrado em Química para o Ensino
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ÍNDICE
Agradecimentos V
Lista de abreviaturas VII
Resumo IX
Abstract X
índice de figuras XIII
índice de gráficos XVII
índice de tabelas XIX
índice de esquemas XXI
1. Preâmbulo 3
2. O Laboratório e o ensino da Química 7
2.1 Princípios orientadores do Programa do 12° ano de Química 7
2.2 O Trabalho Laboratorial: algumas considerações 9
2.2.1 Generalidades 9
2.2.2 Dificuldades na introdução do Trabalho Laboratorial no ensino das Ciências 10
2.2.3 Considerações sobre a imprecisão de linguagem na classificação das modalidades de
Trabalho Prático 11
2.3 Actividades laboratoriais em estudo: alguns aspectos relevantes 13
2.3.1 Um Ciclo do Cobre 13
2.3.1.1 Enquadramento no Programa de 12° ano de Química 13
2.3.1.2 A era do cobre 15
2.3.1.3 Propriedades e aplicações do cobre 16
2.3.1.4 Purificação do cobre 18
2.3.1.5 A actividade laboratorial 20
2.3.1.6 Prevenção e segurança Química 23
2.3.2 Funcionamento de um sistema tampão 27
2.3.2.1 Enquadramento no Programa de 12° ano de Química 27
2.3.2.2 Generalidades 29
2.3.2.3 Cálculo do pH de uma solução tampão 31
2.3.2.4 A actividade laboratorial 32
2.3.2.5 Prevenção e segurança Química 33
2.3.3 Determinação da entalpia de combustão de diferentes álcoois 34
2.3.3.1 Enquadramento no Programa de 12° ano de Química 34
XI Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12o ano K**«a>
2.3.3.2 Calorimetria: alguns fundamentos 36
2.3.3.3 Determinação de entalpias de reacção 37
2.3.3.4 A actividade laboratorial 39
2.3.3.5 Prevenção e segurança Química 40
3. Multimédia e Ensino da Quimica 45
3.1 Recursos digitais e e-learning 45
3.2.1 Vantagens e constrangimentos do e-learning 48
3.2 Software educativo 49
3.2.1 Classificação dos softwares educativos relativamente aos níveis de aprendizagem 50
3.2.2 Software educativo em ciências Físico-Químicas: alguns exemplos 51
4. Descrição dos recursos digitais produzidos no âmbito deste trabalho 57
4.1 As filmagens 57
4.2 Os vídeos online 59
5. Estudo de campo 75
5.1 Instrumento de recolha de dados 75
5.2 Caracterização da amostra 80
5.3 Descrição do estudo 83
5.4 Resultados 88
5.4.1 Tratamento quantitativo 88
5.4.2 Inquérito de opinião 90
6. Notas finais 97
6.1 Algumas conclusões 97
6.2 Auto-crítica, reformulação e projectos futuros 98
7. Bibliografia 103
Glossário 109
8. Anexos 113
XII Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12° ano
índice de figuras
Figura 2.1 Amostra de cobre no estado nativo (Gauss, 2006). 15
Figura 2.2 Mina de cobre em Chuquicamata, no Chile (Pepe, 2006). 16
Figura 2.3 Representação esquemática da purificação electrolítica do cobre (Adaptado de Chang, 18
2005).
Figura 2.4 Representação do processo refinação por zonas. 19
Figura 2.5 Representação esquemática de um ciclo do cobre (Gil et ai., 2005). 20
Figura 3.1 Módulo "dissolução de sais" do "Molecularium" 52
(http://www.molecularium.net/pt/sais/index.html).
Figura 3.2 Módulo "Ligações intermoleculares" do "Molecularium" 53
(http://www.molecularium.net/pt/ligintermol/index.html).
Figura 3.3 Extracto da Tabela Periódica existente em (http://nautilus.fis.uc.pt/st2.5/). 54
Figura 3.4 Portal Mocho (WWW.mocho.pt). 54
Figura 4.1 Imagens captadas durante as filmagens. 58
Figura 4.2 Estúdios Rijo Madeira Produções. 59
Figura 4.3 Gravação do som que acompanha as actividades laboratoriais. 59
Figura 4.4 Página do site do Mocho@bandalarga que permite o acesso aos vídeos laboratoriais e 60
onde constam vários trabalhos a serem desenvolvidos por investigadores.
Figura 4.5 Página da produtora "Rijo Madeira Produções" onde é possível aceder, 60
provisoriamente, aos vídeos laboratoriais.
Figura 4.6 Página que dá acesso aos vídeos laboratoriais. 61
Figura 4.7 Página do [email protected] que dá acesso aos vídeos laboratoriais. 61
Figura 4.8 Página do vídeo laboratorial: "Um Ciclo do Cobre" 62
Figura 4.9 Pormenor da barra cinzenta onde surgem as opções "Download" e "Visualização". 62
XIII Mestrado em Química para o Ensino
http://www.molecularium.net/pt/sais/index.htmlhttp://www.molecularium.net/pt/ligintermol/index.htmlhttp://nautilus.fis.uc.pt/st2.5/http://WWW.mocho.pt
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12° ano • ( * *
Figura 4.10 Pormenor das opções das diferentes velocidades para se visualizar o vídeo. 62
Figura 4.11 Pormenor da barra que comanda a visualização do vídeo. 63
Figura 4.12 Local onde aparece a descrição da actividade laboratorial (assinalado com uma 63
circunferência a preto).
Figura 4.13 Imagem de apresentação do vídeo "Um Ciclo do Cobre". 64
Figura 4.14 Medição da massa inicial do fio de cobre. 64
Figura 4.15 Formação do nitrato de cobre (II) com a respectiva equação química da reacção. 64
Figura 4.16 Formação do hidróxio de cobre (II) com a respectiva equação química da reacção. 65
Figura 4.17 Decomposição do hidróxido de cobre (II) a óxido de cobre (II) e respectiva equação 65
química.
Figura 4.18 Decantação do óxido de cobre (II). 66
Figura 4.19 Formação de sulfato de cobre (II) acompanhado da respectiva equação química. 66
Figura 4.20 Redução do sulfato de cobre (II) a cobre metálico. 66
Figura 4.21 Medição da massa de cobre final, após decorrido todo o ciclo. 67
Figura 4.22 Montagem: eléctrodo de pH, máquina calculadora gráfica e placa de agitação. 67
Figura 4.23 Soluções tampão para calibrar o medidor de pH. 68
Figura 4.24 Titulação do carbonato de sódio com a solução aquosa de ácido clorídrico. 68
Figura 4.25 Gráfico obtido no final da titulação. 69
Figura 4.26 Montagem do vaso calorimétrico. 69
Figura 4.27 Lavagem da lamparina com o etanol. 70
Figura 4.28 Lamparina com o pavio aceso para se ajustar a altura da chama. 70
Figura 4.29 Lamparina com a campânula. 70
Figura 4.30 Medição do conjunto lamparina e campânula. 71
Figura 4.31 Valor da temperatura da água no vaso calorimétrico. 71
Figura 4.32 Fecho do vaso calorimétrico. 72
XIV Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12° ano
Figura 4.33 Reacção de combustão do etanol a decorrer no interior do vaso calorimétrico. 72
Figura 4.34 Colocação da compânula na lamparina. 73
Figura 4.35 Leitura do valor máximo atingido pela água. 73
Figura 5.1 Aula de fundamentação teórica. 87
Figura 5.2 Aula de actividade Laboratorial. 87
Figura 5.3 Aula da visualização do vídeo. 88
Figura 5.4 Realização do pré-teste e do pós-teste. 88
XV Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12° ano
XVI Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12" ano
índice de gráficos
Gráfico 5.1 Resultados relativos à questão: "Costuma realizar experiências nas aulas de
Química?"
Gráfico 5.2 Frequência na utilização do computador no dia-a-dia.
Gráfico 5.3 Utilização do computador na escola.
XVII Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
XVIII Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano fiR
índice de tabelas
Tabela 2.1 Características principais do cobre. 16
Tabela 2.2 Riscos associados às substâncias envolvidas na actividade laboratorial "Um 23
Ciclo do Cobre" (Sigma Aldrich, 2006); (Merck, 2006); (Air Liquide, 2003).
Tabela 2.3 Aspectos de segurança associados às substâncias envolvidas na actividade 25
laboratorial "Um Ciclo do Cobre" (Sigma Aldrich, 2006); (Merck, 2006); (Air
Liquide, 2003).
Tabela 2.4 Riscos associados às substâncias envolvidas na actividade laboratorial 33
"Funcionamento de um sistema tampão" (Sigma Aldrich, 2006); (Merck, 2006).
Tabela 2.5 Aspectos de segurança associados às substâncias envolvidas na actividade 33
laboratorial "Funcionamento de um sistema tampão" (Sigma Aldrich, 2006);
(Merck, 2006).
Tabela 2.6 Riscos associados às substâncias envolvidas na actividade laboratorial 40
"Determinação da entalpia de combustão de diferentes álcoois" (Sigma
Aldrich, 2006); (Merck, 2006).
Tabela 2.7 Aspectos de segurança associados às substâncias envolvidas na actividade 41
laboratorial "Determinação da entalpia de combustão de diferentes álcoois"
(Sigma Aldrich, 2006); (Merck, 2006).
Tabela 5.1 Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de questões. 77
Tabela 5.2 Características que um inquérito por questionário deve possuir. 79
Tabela 5.3 Vantagens e desvantagens de um inquérito por questionário. 80
Tabela 5.4 Informação relativa à idade e ao sexo dos alunos constituintes da amostra em 82
estudo.
Tabela 5.5 O que é mais e menos importante para os alunos da nossa amostra. 84
XIX Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
Tabela 5.6 Organização do percurso que cada grupo seguiu para a realização da
investigação.
Tabela 5.7 Equações das rectas, ajustadas por regressão linear, obtidas para cada grupo.
Tabela 5.8 Valores do ganho residual corrigido médio para cada grupo.
Tabela 5.9 Categorização das respostas dadas nos inquéritos de opinião - questão 1.
Tabela 5.10 Categorização das respostas dadas nos inquéritos de opinião - questão 2.
Tabela 5.11 Categorização das respostas dadas nos inquéritos de opinião - questão 3.
Tabela 5.12 Respostas dadas nos inquéritos de opinião - questão 4.
Tabela 5.13 Ideias principais da docente colaboradora em relação ao trabalho de
investigação que foi realizado com os seus alunos.
XX Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
índice de esquemas
Esquema 2.1 Domínios que o Trabalho Laboratorial pode permitir alcançar. 10
Esquema 2.2 Relação entre os vários tipos de Trabalho Prático (adaptado de Leite, 2001 ). 12
Esquema 2.3 Contextualização dos conceitos relacionados com a actividade laboratorial de 14
"Um Ciclo do Cobre" (Adaptado de Ministério da Educação, 2004).
Esquema 2.4 Algumas aplicações do cobre. 18
Esquema 2.5 Contextualização dos conceitos relacionados com a actividade laboratorial de 28
"Funcionamento de um sistema tampão" (Adaptado de Ministério da Educação,
2004).
Esquema 2.6 Contextualização dos conceitos relacionados com a actividade laboratorial de 35
"Determinação da entalpia de combustão de diferentes álcoois" (Adaptado de
Ministério da Educação, 2004).
Esquema 3.1 Tipos de comunicação no ensino à distância. 48
XXI Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12° ano
XXII Mestrado em Química para o Ensino
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Capítulo 1
Preâmbulo
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12" ano
Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
1. Preâmbulo
Nos dias de hoje, o contexto de vida é fortemente influenciado por grandes mudanças científicas e
tecnológicas. Tais mudanças exigem novos e diferentes desafios à educação, em geral, e à educação
em Ciências, em particular. Esta deve perseguir ideais de cultura científica e tecnológica dos alunos, por
oposição a uma lógica de mera instrução científica (Hodson, 2000). Deste modo, há uma necessidade
crescente em diversificar as metodologias de ensino, com a criação de condições que motivem os
alunos na aquisição de conhecimento científico, tomando-se críticos na interpretação do "Mundo".
O presente trabalho, de carácter investigative integra-se na análise de metodologias de ensino
que possam promover um ensino mais eficaz e estimulante da Química. Usaremos em sequências
diferenciadas 1) uma actividade laboratorial, 2) uma fundamentação teórica e 3) um vídeo laboratorial
online. Surgem, neste contexto, duas questões de investigação pertinentes:
a) Será que a utilização de módulos digitais sobre actividades laboratoriais, constitui um recurso
pedagógico útil para os alunos, na compreensão dos conceitos que envolvem um tema?
b) É importante a sequência de inserção destes recursos no design pedagógico?
Esta dissertação tem, assim, como objectivo principal, a investigação do efeito do uso de recursos
digitais no ensino de uma actividade laboratorial obrigatória, do actual Programa de Química do 12° ano
de escolaridade.
Foram realizados vídeos para três actividades laboratoriais: "Um ciclo do Cobre", "Funcionamento
de um sistema tampão" e "Determinação da entalpia de combustão de diferentes álcoois". Contudo,
apenas se estudou e investigou o uso do vídeo para a actividade "Um ciclo do Cobre", pois a limitação
temporal não permitiu a extensão deste estudo às restantes actividades. Optou-se por "Um Ciclo do
Cobre", pois trata-se de uma actividade envolvendo um grande número de conceitos químicos de
variados temas: metais e suas propriedades, tipos de reacções químicas, reciclagem, estados de
oxidação, reactividade dos metais, metais de transição, etc.
Esta dissertação está organizada em 8 capítulos. Após uma apresentação inicial do trabalho, no
capítulo 2 é realizada uma introdução sobre os vários assuntos que são fundamentais a esta
investigação: os princípios orientadores do Programa do 12° ano de Química, aspectos gerais sobre o
trabalho laboratorial (dificuldades na sua inserção no ensino das Ciências, considerações sobre a
imprecisão de linguagem na classificação das modalidades do trabalho prático) e uma abordagem breve
dos conceitos químicos que fundamentam as actividades de que foram elaborados os vídeos digitais -
3 Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano i -à j
"Um Ciclo do Cobre", "Funcionamento de um sistema tampão" e "Determinação da entalpia de
combustão de diferentes álcoois".
No capítulo 3, realizou-se um contextualização do e-learning, inclusive de algumas vantagens e
desvantagens deste tipo de ensino, e fez-se, ainda, uma descrição dos componentes digitais de
recursos educativos.
No capítulo 4 efectuou-se uma descrição dos recursos audiovisuais utilizados ao longo da
investigação, designadamente as filmagens, os vídeos digitais e a página na Internet onde estão
disponíveis os vídeos online.
No capítulo 5 descreve-se um estudo de campo que englobou o instrumento de recolha de dados,
a caracterização das turmas envolvidas neste estudo, a explicitação de todo o processo patente na
investigação, bem como os resultados obtidos.
No capítulo 6 estão presentes as notas finais deste trabalho incluindo algumas conclusões, a
autocrítica, a apresentação de uma proposta de reformulação do trabalho e uma proposta de projectos
futuros.
No capítulo 7 apresenta-se a bibliografia e no capítulo 8 surgem os questionários aplicados aos
alunos (pré e pós-testes), os protocolos das actividades laboratoriais, a entrevista realizada à Professora
das turmas envolvidas no estudo e outros documentos adicionais.
No CD-ROM anexo ao trabalho e na Internet, em http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/anaamaro
encontra-se esta tese em versão digital e todos os recursos a ele associados.
4 Mestrado em Química para o Ensino
http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/anaamaro
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Capítulo 2
O Laboratório e o ensino da Química
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12" ano
Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
2.0 Laboratório e o ensino da Química
2.1 Princípios orientadores do Programa do 12° ano de Química
De acordo com os princípios da Reforma do Ensino Secundário de 2003, a disciplina de Química
(12° ano) surge na sequência da disciplina de Física e Química A, dos 10° e 11° anos, e orienta-se por
princípios idênticos, em particular no que se refere à componente desta área científica. O programa de
carácter nacional permite, de acordo com o estabelecido na estrutura curricular, a opção por tarefas,
estratégias de exploração e metodologias de ensino, conforme os interesses e desenvolvimento dos
alunos. Este aspecto pode ser encarado como uma forma de flexibilização, com vista a uma melhor
adequação aos interesses dos alunos, como um factor despoletador de motivação pelo estudo da
Química. De facto, aquilo que se pretende nesta etapa final do Ensino Secundário é que muitos dos
alunos que optaram por frequentar a disciplina se interessem por continuar estudos na área (M. E.,
2004).
Visão Geral do Programa
O Programa, globalmente subordinado à temática geral "Materiais", está organizado em três
Unidades:
Unidade 1 - Metais e Ligas Metálicas;
Unidade 2 - Combustíveis, Energia e Ambiente;
Unidade 3 - Plásticos, Vidros e Novos Materiais.
A escolha do tipo de materiais a abordar em cada unidade teve em conta critérios de pertinência
social (hábitos de consumo e estilos de vida), económica (indústrias associadas e seu valor
acrescentado), cultural (característicos de diferentes épocas), histórica (motores de desenvolvimento
tecnológico), ambiental (esgotamento de recursos e implicações para a qualidade do ambiente), ética
(valores susceptíveis de serem desenvolvidos, por exemplo políticas contra o sobre-consumo) e
científica (conceitos químicos centrais que permitem adquirir conhecimento).
Embora incidindo sobre tipos de materiais diferentes, todas as Unidades seguem princípios
idênticos e foram organizadas internamente tendo em conta os critérios atrás referidos, de modo a
relevar a integração das perspectivas social, tecnológica e científica do conhecimento, de acordo com a
orientação Ciência-Tecnologia-Sociedade seguida nos Programas dos 10° e 11° anos. Os princípios
então enunciados continuam a ser defendidos, escolhendo-se agora temas e contextos julgados
pertinentes para alunos que concluem uma formação em Química de nível secundário. Esta formação
deverá proporcionar uma interpretação razoável e actual da diversidade e complexidade dos materiais
7 Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12" ano
que nos cercam. Mais ainda, a interpretação alcançada deverá ser útil como base para o
prosseguimento de estudos em Química de nível superior (M. E., 2004).
Orientações para a organização do ensino da Quimica
Considera-se que a orientação do ensino da Química no 12° ano deverá reger-se por princípios
que promovam a literacia científica dos alunos, surgindo dificuldades, de acordo com os autores, sobre
um conceito único de literacia científica e o carácter opcional da disciplina. Importa, portanto, apresentar
os princípios, que do nosso ponto de vista justificam as opções programáticas, enquadrados por valores
de sociedades democráticas onde o conhecimento será um valor a preservar em favor do
desenvolvimento social e da paz. No entanto, apesar das evidências da importância da Ciência e
Tecnologia para a Sociedade, não é irrelevante ponderar os objectivos, os conteúdos e as formas de
ensino da Ciência e das Tecnologias, neste caso da Química, que são mais adequados para a formação
dos alunos (M. E., 2004).
São oito os princípios utilizados na concepção do Programa da disciplina:
1. Ensinar Química como um dos pilares da cultura do mundo moderno.
2. Ensinar Química para o dia-a-dia.
3. Ensinar Química como forma de interpretar o mundo.
4. Ensinar Química para a cidadania.
5. Ensinar Química para compreender a sua inter-relação com a tecnologia.
6. Ensinar Química para melhorar atitudes face a esta Ciência.
7. Ensinar Química por razões estéticas.
8. Ensinar Química para preparar escolhas profissionais (M. E., 2004).
8 Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
2.2 O Trabalho Laboratorial: algumas considerações
2.2.1 Generalidades
O ensino laboratorial das Ciências nas escolas é demasiado prisioneiro do passado, sendo
necessário reexaminar criticamente o seu papel, actualmente, enquanto auxiliar da aprendizagem das
Ciências pelos alunos. O ensino de Ciências na escola sem trabalho laboratorial pode considerar-se
impensável, embora não possa mais atribuir-se-lhe objectivos que não podem ser realisticamente
atingidos ou que poderão ser conseguidos por meios alternativos (Wellington, 1998).
O trabalho laboratorial deve ser dinamizado e (re)orientado para a compreensão de conceitos
científicos e para o desenvolvimento de capacidades de pensamento requeridas para a tomada de
decisão a nível pessoal, a participação esclarecida em assuntos cívicos e culturais e a produtividade a
nível económico.
De facto, envolver os alunos na realização de trabalho laboratorial tende a valorizar as
potencialidades deste no sentido de permitir atingir objectivos relacionados com a aprendizagem de
conhecimento conceptual e procedimental, bem como a aprendizagem de metodologia científica e a
promoção de capacidades de pensamento. Neste último aspecto, é de salientar o desenvolvimento de
pensamento crítico e criativo e o desenvolvimento de atitudes como, por exemplo, a abertura de espírito,
a objectividade e a prontidão para suspender juízos sempre que a evidência e as razões não sejam
suficientes para o sustentar (Hodson, 2000).
Há muitas razões para incluir o trabalho laboratorial nas aulas de Ciências:
1. O envolvimento no trabalho laboratorial ajuda os alunos a adquirir a destreza de um bom
cientista. Assim, são desenvolvidos aspectos relacionados com o planeamento de investigações e uma
selecção apropriada de instrumentos, a observação e medição cuidadas, o registo correcto e claro dos
resultados, tratando-os, tendo em consideração as condições de validade.
2. A realização de trabalho laboratorial ajuda os alunos a compreender factos e conceitos.
3. A participação no trabalho laboratorial encoraja uma aprendizagem activa em vez de uma
aprendizagem passiva, pois exige que os alunos pensem sobre o objectivo da actividade.
4. Com o trabalho laboratorial, os alunos sentem mais motivação, o que estimula os seus
interesses e gostos.
5. O trabalho laboratorial pode tornar os fenómenos reais.
6. O trabalho laboratorial adiciona variedade e interesse às aulas de Ciências.
7. O trabalho laboratorial ajuda a desenvolver, entre outros, a comunicação, a literacia, o
raciocínio (Hodson, 2000); (Millar, 2004); (Wellington, 1998).
9 Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12" ano
De um modo geral, os objectivos que o trabalho laboratorial permitem alcançar podem ser
agrupados, conforme o esquema 2.1, em diferentes domínios: das atitudes (por exemplo, a motivação
dos alunos e o estímulo da cooperação entre os mesmos), procedimental (o desenvolvimento de
capacidades de observação, o domínio de técnicas laboratoriais), conceptual (por exemplo, aquisição de
conceitos ou interpretação de fenómenos), e da metodologia científica (como, por exemplo, resolução de
situações problema). O facto de o trabalho laboratorial poder permitir alcançar objectivos daquela
diversidade de domínios, não significa que o consiga (pelo menos de igual forma) na prática, pois essa
consecução depende do modo como é implementado. Assim, diversos autores (como Wellington, 1998 e
Hodson, 2000) assinalam que o papel motivador do trabalho laboratorial não pode ser assumido como
um dado adquirido, argumentando como principal causa o facto de o trabalho laboratorial realizado ser o
que interessa ao professor e não necessariamente ao aluno.
Domínios que o Trabalho Laboratorial pode permitir alcançar
Metodologia científica
Esquema 2.1 - Domínios que o Trabalho Laboratorial pode permitir alcançar.
2.2.2 Dificuldades na introdução do trabalho laboratorial no ensino das Ciências
A importância da realização de trabalho laboratorial no ensino das Ciências tem sido largamente
defendida por diversos autores. Contudo, esta importância nem sempre é acompanhada de resultados
positivos decorrentes da realização do mesmo. Alguns autores defendem que o insucesso da
implementação do trabalho laboratorial reside no modo como o mesmo é realizado, pois este assume
habitualmente características prescritivas, assentes no cumprimento de instruções detalhadas,
conduzindo os alunos para a resposta correcta (Garcia Barros, 1998). O trabalho laboratorial realizado
consiste essencialmente em demonstrações realizadas pelos professores ou actividades de carácter
ilustrativo (Dourado, 2001), que reforçam uma ideia de Ciência indutiva.
Por isso, desde há algum tempo, os especialistas têm vindo a defender uma mudança no modo
como o trabalho laboratorial é utilizado no ensino das Ciências, que o torne mais coerente com a própria
epistemologia da Ciência e com a visão construtivista da aprendizagem. Contudo, nem sempre
sugestões preconizadas pela investigação em educação em Ciências conduzem a mudanças nas
IO Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12" ano ftfc"!
práticas dos professores, pelo que, no caso do trabalho laboratorial, aquelas sugestões podem não ter a
expressão desejada.
Além de toda a problemática envolvente sobre dificuldades em realizar trabalho laboratorial e da
maioria dos professores de Ciências concordarem que as suas aulas deveriam incluir o trabalho
laboratorial, na maior parte dos casos, tal não acontece.
As razões apresentadas pelos professores para não realizarem actividades laboratoriais podem
ser incluídas em três categorias: (S.A., Praticai Work in science).
o Falta de condições laboratoriais;
o Escassez de tempo;
o Elevado número de alunos por turma.
2.2.3 Considerações sobre a imprecisão de linguagem na classificação das modalidades de
trabalho prático
Apesar da existência de vasta informação acerca do assunto, ainda é comum a utilização, de
forma imprecisa, dos termos que caracterizam as diferentes modalidades de trabalho prático: trabalho
laboratorial, trabalho de campo e trabalho experimental.
Segundo Hodson, 2000, o trabalho laboratorial, o trabalho de campo e o trabalho experimental são
modalidades de trabalho prático reconhecidas, quer por professores quer por investigadores, como
recursos de inegável valor no ensino e aprendizagem das Ciências.
O trabalho laboratorial refere-se a actividades que requerem a utilização de materiais de
laboratório, mais ou menos convencionais, podendo ser realizadas num laboratório, ou mesmo numa
sala de aula, desde que não sejam necessárias condições especiais, sobretudo de segurança, para a
realização das mesmas (Dourado, 2001).
As actividades de trabalho de campo proporcionam a possibilidade de percepção da amplitude,
da diversidade e da complexidade dos fenómenos naturais, das transformações que ocorrem na
natureza, da diversidade da fauna e flora de uma dada região e da sua interacção com o meio. Estes
aspectos favorecem ocasiões privilegiadas para a aquisição de conhecimentos e para o
desenvolvimento de capacidades, nomeadamente no que respeita à observação, à interpretação, à
reflexão e à análise dos fenómenos em ambiente natural (Chaves, 2003).
Segundo Leite (2001), o trabalho experimental envolve todas as actividades que exigem o
controlo e manipulação de variáveis. Logo, as actividades experimentais podem corresponder a
actividades laboratoriais, de campo ou a qualquer outro tipo de trabalho prático.
De um modo mais resumido, a relação entre os vários tipos de trabalho referidos anteriormente é
apresentada no esquema 2.2, cuja análise permite inferir a abrangência do trabalho prático.
11 Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
Trabalho Laboratorial
Trabalho Experimental
Trabalho de Campo
Esquema 2.2- Relação entre os vários tipos de Trabalho Prático (adaptado de Leite, 2001).
12 Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
2.3 Actividades laboratoriais em estudo: alguns aspectos relevantes
2.3.1 Um Ciclo do Cobre
2.3.1.1 Enquadramento no Programa de 12° ano de Química
A actividade laboratorial "Um Ciclo do Cobre" surge enquadrada no tema denominado "Metais e
ligas metálicas", do Programa de 12° ano de Química. Esta actividade laboratorial de carácter obrigatório
envolve diversos conceitos químicos inter-ligados, tal como é possível verificar no esquema 2.3, nos
campos assinalados.
A actividade laboratorial "Um Ciclo do Cobre" centra-se na questão: Como reciclar um metal
usando processos químicos?. Por outro lado, podem destacar-se diversos objectos de ensino:
reactividade de um elemento metálico, exploração da Química do cobre, reacções de oxidação-redução,
reacções de ácido-base e reacções de precipitação. Associada a esta actividade existem, ainda, os
seguintes objectivos de aprendizagem:
• Caracterizar a reactividade de elementos metálicos, tendo como exemplo a reactividade do
cobre;
• Reconhecer a importância da reciclagem do cobre e as potencialidades da reciclagem dos
metais em geral;
• Identificar alguns problemas de poluição relacionados com a reciclagem do cobre (M. E., 2004)
Este trabalho consiste na realização e observação de uma sequência de reacções envolvendo o
elemento cobre. Existem diversas variantes de trabalhos laboratoriais com compostos de cobre que, por
terem a mesma espécie como reagente inicial e produto final de um conjunto de reacções sucessivas,
são designadas por "Ciclo do Cobre". No entanto, alguns destes ciclos são limitados a reacções de um
só tipo (por exemplo, reacções de complexação) ou não incluem o próprio metal como substância.
Tendo em consideração os objectivos de aprendizagem previstos, é importante que o trabalho seja
executado pelos alunos com o grau de elaboração proposto (M. E., 2004).
13 Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12" ano
Ligas metálicas
1 aço / aço inoxidável ■ latão
organizadas na
Série electroquímica Hemoglobina
um exemplo importante
Esquema 2.3- Contextualização dos conceitos relacionados com a actividade laboratorial de "Um Ciclo do Cobre" (Adaptado de Ministério da Educação, 2004).
14 Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
2.3.1.2 A era do cobre
Apesar da idade dos metais ter tido início cerca de 8000 a. C, não se pode apontar um fim para
este período que mudou radicalmente a civilização, ao colocar termo à idade da pedra. Tudo começou
com a exploração do cobre, o primeiro metal a ser transformado pelo ser humano (M. E., 2004).
A palavra Cobre deriva da palavra latina Cuprum, que por sua vez deriva da palavra Cyprium,
usada para designar a ilha de Chipre, situada na zona leste do Mediterrâneo e considerada a principal
jazida do cobre antigo. O cobre foi o primeiro metal a ser utilizado pelas civilizações antigas, pois este
metal pode surgir na natureza na sua forma nativa, ou seja, pode encontrar-se livre (figura 2.1). Além
disto, o cobre apresenta uma cor bastante atraente e também possui uma elevada maleabilidade, sendo
portanto facilmente trabalhado.
Figura 2.1 - Amostra de cobre no estado nativo (Gauss, 2006).
Para além dos importantes depósitos de cobre na ilha de Chipre, este era relativamente vulgar
em quase toda a zona mediterrânica, em Inglaterra (na Cornualha e em Devon), na França Ocidental e
na zona central europeia (na Saxónia e na Boémia). Aparece à superfície, junto a correntes de água e
nas paredes de desfiladeiros, embora muitas vezes com uma cor azul-esverdeada, resultado da
formação de carbonato por exposição às intempéries do clima.
No Médio Oriente, as primeiras grandes civilizações a usarem metais foram as das cidades-
estado da Suméria. Os Sumérios navegaram no rio Eufrates, nas rotas do comércio que incluíam o
transporte de cobre da Arménia para norte. A designação suméria para o cobre, "urudu", é a mesma
palavra usada para designar o rio Eufrates, literalmente, "rio de cobre".
Em Gerza, no rio Nilo, a sul da moderna cidade do Cairo, os seus habitantes desenvolveram
uma civilização baseada na metalurgia do cobre, tendo aprendido, por volta do ano 3500 a. C, os
fundamentos básicos da metalurgia daquele metal com imigrantes vindos da Mesopotâmia (Wikipédia,
2006; Simões, 2005).
15 Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
Actualmente, a maior mina de cobre do mundo a céu aberto, representada na figura 2.2, situa-se
em Chuquicamata, no Chile.
Figura 2.2 - Mina de cobre em Chuquicamata, no Chile (Pepe, 2006).
2.3.1.3 Propriedades e aplicações do cobre
O cobre é um elemento relativamente escasso, constituindo apenas 6,8 x 103% da massa da
crosta terrestre. Este elemento pode surgir na natureza na forma nativa (não combinada) ou combinado
com outros elementos, em minérios como, por exemplo, a calcopirite, CuFeS2.
O cobre metálico, de cor castanho-avermelhado, apresenta o segundo valor mais elevado de
condutividade eléctrica (a prata é o elemento com maior condutividade eléctrica) e é um bom condutor
térmico. Na tabela 2.1, resume-se um conjunto de algumas propriedades características deste elemento
(Chang, 2005).
Tabela 2.1 - Características principais do cobre.
PROPRIEDADES DO COBRE
Número atómico |ÉKjÉj 29
Massa atómica I ^ ^ H 63,546
Raio atómico ^ ^ ^ 1 1,35 pm
Configuração electrónica j ^ ^ H [Ar]3d1°4s1
1a Energia de ionização I ^ ^ H 745,5 kJ mol-1
2a Energia de ionização 9 ^ H 1957,9 kJ mol-1
Electronegatividade H H 1,9
Densidade l ^ ^ l 8,96
Estado físico, a 25 °C H l Sólido
Ponto de fusão flHI 9HHHH
1083°C
Ponto de ebulição ^ ^ H 2595 °C
Capacidade calorífica molar (sólido) j ^ ^ H 24,440 J K-1 moi-1
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Quimica: uma experiência no 12° ano MH9;--
De acordo com a configuração electrónica de valência do cobre (3d10 4s1), este pode originar
dois catiões: o ião Cu + , com a configuração electrónica de valência 3d10, e o ião Cu2 + , com a
configuração electrónica de valência 3d9. Deste modo, o cobre é um elemento de transição porque, pelo
menos o ião Cu2 + , possui uma orbital d incompleta (Chang, 2005).
De facto, nos compostos em cuja composição surge o cobre, este surge principalmente nos
estados de oxidação +1 e +2. O cobre no estado de oxidação +1 é menos estável e, em solução aquosa,
sofre dismutação. Assim, o ião cuproso, Cu-, em solução, é facilmente reduzido a metal ou oxidado ao
estado +2, conforme está traduzido nas equações químicas (2.1) e (2.2), respectivamente.
Cu+(aq) + e" -> Cu(s) E° = 0,52 V (2.1)
Cu+(aq) -> Cu2+(aq) + e" E°=-0,15 V (2.2)
Globalmente, o processo de dismutação pode ser traduzido pela equação química (2.3). A esta
reacção corresponde uma constante de equilíbrio com o valor de 2 x 106, a 25°C. No entanto, a reacção
pode ser invertida na presença de ligandos ( C l " e CN~ ) que complexam mais fortemente com Cu(l) do
que com Cu(l l).
2Cu+(aq) -> Cu(s) +Cu 2 + (aq) E° = 0,37V (2.3)
O ião cúprico, Cu2 + , pode formar um hexaaquocomplexo de cor azul, [Cu(H20)6 f+ , com a
estrutura de um octaedro tetragonal distorcido, no qual duas moléculas de água estão mais distantes do
cobre do que as outras quatro moléculas. Por outro lado, a adição de base ao ião cúprico conduz à
precipitação de hidróxido de cobre(ll), Cu(OH)2, que é insolúvel em água, mas dissolve-se
ligeiramente em solução concentrada de OH~, formando o ião Cu(OH):, . O hidróxido de cobre (II),
Cu(OH)2, também se dissolve facilmente em solução aquosa de NH 3 , formando o ião
[Cu(NH3)4]2+, de cor azul intensa, que apresenta uma estrutura tetragonal distorcida. A adição de
ácido a este complexo leva à precipitação de Cu(OH)2 que se pode dissolver, de novo, com a adição
de excesso de ácido (Russell, 1982).
O consumo total de cobre no mundo ocidental no ano de 1997 foi de cerca de 13 milhões de
toneladas. A indústria eléctrica consumiu cerca de 50% e a da construção cerca de 14%. O cobre é um
metal que possui um elevado número de aplicações no nosso dia-a-dia. Este metal é maioritariamente
utilizado como condutor eléctrico, sendo também bastante importante em medicina (são utilizadas lentes
de cristal de cobre em radiologia para a detecção de pequenos tumores), no fabrico de ligas, no
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12" ano
revestimento de fachadas, em caleiras, em escultura, na cunhagem de moedas, etc. Um dos compostos
de cobre - sulfato de cobre (II) - é também fundamental na agricultura. Um resumo das aplicações do
cobre está representado no esquema 2.4 (Wikipédia, 2006).
Aplicações do cobre
Medicina Revestimento de
fachadas Motores eléctricos
Esquema 2.4 - Algumas aplicações do cobre.
2.3.1.4 Purificação do cobre
Na natureza existem vários minerais de cobre, como a bonite (Cu5FeS4), a covelite (CuS), a
calcocite (Cu2S), a calcopirite ( CuFeS2 ), etc. Contudo, a calcopirite é o mineral de cobre mais comum,
sendo também o seu minério mais importante (Bishop, 2005).
Dispondo do minério calcopirite, CuFeS2, o metal cobre pode ser obtido por fusão ou calcinação,
resultando Cu2S e posteriormente o metal, de acordo com as reacções traduzidas pelas equações
químicas (2.4) e (2.5).
2CuFeS2(s) + 402(g) -> Cu2S(s) + 2FeO(s) + 3S02 (g) (2.4)
Cu2S(s) + 02 (g) -> 2Cu(s) + S02(g) (2.5)
O cobre metálico assim obtido não é puro, contendo impurezas como zinco, ferro, prata e ouro.
Para a sua purificação pode-se recorrer à electrólise ou à refinação por zonas, conforme está
esquematizado nas figuras 2.3 e 2.4, respectivamente.
„
Lit
■ Cátodo de Ânodo de 1 H cobre puro
i„p„o 1
Figura 2.3- Representação esquemática da purificação electrolítica do cobre (Adaptado de Chang, 2005).
Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
No processo de purificação electrolítico, os eléctrodos de cobre "impuro" e cobre puro,
mergulhados numa solução de ácido sulfúrico contendo iões Cu2+ (electrólito), funcionam de ânodo e
cátodo, respectivamente, de acordo com as reacções traduzidas pelas equações (2.6) e (2.7):
Ânodo (oxidação): Cu(s) -> Cu2+(aq) + 2e" (2.6)
Cátodo (redução): Cu2+(aq) + 2 e " ^ Cu(s) (2.7)
As impurezas reactivas que existem no ânodo de cobre, como o ferro e o zinco, são também
oxidadas no ânodo e vão para a solução na forma de iões Fe2+e Zn2 + , que não são, no entanto,
reduzidos no cátodo. Por sua vez, os metais menos reactivos, tais como o ouro e a prata, não são
oxidados no ânodo; à medida que o ânodo de cobre se dissolve, estes metais caem eventualmente para
o fundo da célula. O resultado global deste processo é a transferência de cobre do ânodo para o cátodo.
O cobre obtido através deste processo possui uma pureza superior a 99,5% (Chang, 2005); (Reger,
1997).
Outra técnica usada com o objectivo de obter metais muito puros é a refinação por zonas. Neste
processo, introduz-se uma haste do metal impuro numa bobina, que é uma resistência eléctrica de
aquecimento, que funde o metal (figura 2.4).
Figura 2.4 - Representação do processo refinação por zonas.
Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
À medida que a haste metálica emerge da bobina de aquecimento, arrefece e o metal puro
cristaliza, deixando as impurezas na porção de metal fundido que ainda se encontra no interior da
bobina de aquecimento. Quando a zona fundida que transporta as impurezas, agora em maior
quantidade, atinge o extremo da haste, é arrefecida e depois cortada. A repetição sucessiva deste
processo conduz a um metal com uma pureza superior a 99,99% (Chang, 2005); (Reger, 1997).
2.3.1.5 A actividade laboratorial
Reciclar materiais é um dos pilares de qualquer desenvolvimento continuado e sustentado, pois
os recursos naturais não são ilimitados.
O cobre é um metal bastante utilizado a nível industrial e os resíduos resultantes das suas
aplicações apresentam, frequentemente, malefícios para o meio ambiente. Este último aspecto, bem
como a necessidade crescente de preservar matérias primas e economizar energia, impõe a reciclagem
de tais resíduos, ainda que tal operação possa tornar-se dispendiosa.
O cobre pode ser transformado através de uma sequência de reacções sucessivas que
permitem recuperar o metal inicial. Esta sequência denomina-se "Ciclo do Cobre". O rendimento desta
"reciclagem" do cobre dependerá de vários factores, entre os quais a extensão das reacções Químicas
envolvidas, a existência de reacções laterais, o grau de pureza dos reagentes ou o cuidado posto na
técnica laboratorial (Gil, et ai. 2005).
O ciclo do cobre permite evidenciar a ocorrência de reacções químicas envolvendo a formação
de um precipitado, a libertação de um gás, a alteração de cor ou com uma variação de temperatura. Na
figura 2.5, está representado esquematicamente um ciclo do cobre, em que ocorrem (ou podem ocorrer)
diversas transformações químicas.
Passo 5 Cu Passo 1
CuS04 CutlWJ 3»2
Passo 4
Passo 2
CuO Cu
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12" ano
Assim, para o ciclo do cobre apresentado na figura 2.5, as sucessivas transformações podem
ser resumidas da seguinte forma:
Passo 1: Reacção de oxidação-redução.
Cu(s) + 4HN03(aq) -^ Cu(N03)2(aq) + 2H20(l) + 2N02 (g) (2.8)
A equação química indicada representa a reacção de oxidação do cobre metálico a Cu2+, na
presença de ião nitrato (agente oxidante). Neste passo, há formação de nitrato de cobre (II) (sólido de
cor azul esverdeado) e a libertação de vapores castanhos (dióxido de azoto).
Passo 2: Reacção de precipitação.
Cu(N03)2(aq) + 2NaOH(aq) -^ Cu(OH)2 (S) + 2NaNO, (aq) (2.9)
Neste passo dá-se a reacção de hidróxido de sódio com nitrato de cobre (II), resultando a
precipitação de um sólido, o hidróxido de cobre (II) (sólido azul claro).
Passo 3: Reacção de decomposição.
Cu(OH)2(s) - ^ - > CuO(s) + H20(1) (2.10)
O hidróxido de cobre (II) formado anteriormente, é decomposto, por aquecimento, em óxido de
cobre (II) (sólido preto) e água.
Passo 4: Reacção de ácido-base.
CuO(s) + H2S04(aq)^CuS04(aq) + H20(l) (2.11)
Neste passo faz-se reagir o óxido de cobre(ll) - carácter básico - com ácido sulfúrico, originando
um sal (sulfato de cobre) e água.
Passo 5: Reacção de oxidação - redução.
CuS04(aq) + Zn(s)-^Cu(s) + ZnS04 (aq) (2.12)
Nesta equação química está representada a reacção de redução do ião cobre (II) a cobre
metálico, na presença de zinco (agente redutor). Neste passo, há formação de sulfato de cobre (II) e
cobre metálico.
As reacções químicas responsáveis pelas transformações ocorridas nos diversos passos
anteriormente descritos são de diferentes tipos, pelo que se segue uma abordagem sucinta das suas
características.
21 Mestrado em Química para o Ensino
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Reacção de oxidação - redução
Uma reacção de oxidação-redução (ou reacção redox) é caracterizada por um processo de
transferência de electrões entre espécies. Numa reacção redox, pelo menos uma espécie tem que ser
oxidada e pelo menos outra tem de ser reduzida.
Por simplicidade, as reacções redox são frequentemente representadas como duas reacções de
eléctrodo, para evidenciar as espécies entre as quais existe a transferência de electrões. Numa reacção
de eléctrodo dá-se a reacção de oxidação ou a reacção de redução, aparecendo explicitamente os
electrões envolvidos. A reacção parcial de oxidação envolve a perda de electrões, enquanto a reacção
parcial de redução traduz o ganho de electrões.
Tal como em qualquer reacção Química, as cargas e o número de átomos de cada elemento têm
de estar acertados em todas as equações que traduzem as reacções de eléctrodo.
Em qualquer reacção de oxidação-redução, a espécie oxidante é aquela que provoca a oxidação
de outras espécies, "aceitando" os electrões destas. A espécie redutora é a substância que "fornece"
electrões para uma outra espécie que é reduzida. A espécie redutora perde electrões e, portanto, oxida-
se (Reger, 1997); (Chang, 2005).
Reacção de precipitação
Uma reacção de precipitação envolve a formação de um ou vários compostos insolúveis, em
solução, como resultado da reacção entre compostos solúveis. As reacções de precipitação são
convenientemente descritas por equações iónicas efectivas. Por exemplo, a mistura de uma solução de
hidróxido de sódio com uma solução de nitrato de cobre (II), produz o hidróxido de cobre (II) sólido como
precipitado, tal como está representado pela equação química (2.9).
Uma vez que todos os compostos envolvidos nesta reacção, excepto o Cu(OH)2(s), são
solúveis, dissociando-se em iões em solução, a reacção iónica completa é traduzida por (2.13), embora
a equação iónica efectiva seja traduzida pela equação (2.14) (Reger, 1997).
Cu2+(aq)+2NO~(aq) + 2Na+ +20H"(aq) -> Cu(OH)2(s) +2Na+(aq) +2N03" (aq) (2.13)
Cu2+(aq) + 20H"(aq) -> Cu(OH)2 (s) (2.14)
Reacção ácido-base
A reacção entre um ácido e uma base designa-se por reacção de neutralização. Estas reacções,
em meio aquoso, originam um sal e água. Um sal é um composto iónico constituído por um catião
diferente de H + e um anião diferente de OH" ou O2". Todos os sais são electrólitos fortes.
22 Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12" ano
Na actividade laboratorial "Um Ciclo do Cobre", dá-se uma reacção de ácido-base num dos
passos, tal como está evidenciado em (2.15):
CuO(s) + H 2 S0 4 (aq)^ CuS04(aq) + H20(l) (2.15)
Base Ácido Sal Água
Neste caso, o óxido de cobre (II) funciona como a base e reage com o ácido sulfúrico (ácido
diprótico).
Reacção de decomposição
Uma reacção de decomposição corresponde à rotura de uma ou mais ligações num composto,
originando-se duas ou mais novas espécies. No caso concreto da actividade laboratorial, o hidróxido de
cobre (II) é decomposto em óxido de cobre (II) (sólido preto) e água, por aquecimento, de acordo com a
reacção traduzida em (10) (Reger, 1997).
2.3.1.6 Prevenção e segurança Química
Pela importância de que se reveste a segurança Quimica na realização de actividades
laboratoriais, seguem-se algumas considerações relacionadas com o trabalho laboratorial "Um Ciclo do
Cobre", para as quais os estudantes devem ser devidamente alertados.
A segurança é uma responsabilidade colectiva que requer a cooperação de todos os utilizadores
do laboratório. Os acidentes resultam normalmente de uma atitude indiferente dos utilizadores, ausência
de senso comum ou falha no cumprimento das instruções a seguir. Antes de qualquer trabalho
laboratorial o operador deve estar informado sobre os riscos inerentes aos reagentes a utilizar, bem
como conhecer as precauções de segurança e os procedimentos de emergência em caso de acidente
(Pereira, 2000).
De seguida apresentam-se duas tabelas, uma com a identificação dos riscos que os compostos
envolvidos nesta actividade laboratorial apresentam - tabela 2.2 - e outra com os procedimentos de
segurança associados a cada um - tabela 2.3.
Tabela 2.2 - Riscos associados às substâncias envolvidas na actividade laboratorial "Um Ciclo do Cobre" (Sigma
Aldrich, 2006); (Merck, 2006); (Air Liquide, 2003).
23 Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
Acido sulfúrico
(solução concentrada)
R25 - Tóxico por ingestão.
R35 ■ Provoca queimaduras graves.
R36 - Irritante para os olhos.
R37 ■ Irritante para as vias respiratórias.
R38 ■ Irritante para e pele.
R49 ■ Pode causar cancro por inalação.
Acido clorídrico
(solução concentrada)
R34 ■ Provoca queimaduras.
R37 ■ Irritante para as vias respiratórias. '
Acido nítrico
(solução concentrada)
R8 • 0 contacto com materiais combustíveis pode causar incêncido.
R35 - Provoca queimaduras graves.
Hidróxido de sódio
(solução concentrada)
R34 - Provoca queimaduras.
Acetona R11 - Facilmente inflamável.
R36 - Irritante para os olhos.
R66 - Pode provocar secura da pele ou fissuras, por exposição repetida.
R67 ■ Pode provocar sonolência e vertigens, por inalação dos vapores.
Dióxido de azoto R26 ■ Muito tóxico por inalação.
R34 - Provoca queimaduras.
Zinco
(em pó)
R15 • Em contacto com a água liberta gases extremamente inflamáveis.
R17 ■ Espontaneamente inflamável ao ar.
R50 - Muito tóxico para os organismos aquáticos.
R53 ■ Pode causar efeitos nefastos a longo prazo no ambiente aquático.
24 Mestrado em Química para o Ensino
-
Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
Tabela 2.3 - Aspectos de segurança associados às substâncias envolvidas na actividade laboratorial "Um Ciclo do Cobre"
(Sigma Aldrich, 2006); (Merck, 2006); (Air Liquide, 2003).
i Substância Aspectos de segurança
Cobre
(em pó)
S16 ■ Manter afastado de qualquer chama ou fonte de ignição - Não fumar.
Acido sulfúrico
(solução concentrada)
S26 - Em caso de contacto com os olhos lavar imediata e abundantemente
em água e chamar um médico.
S30 - Nunca adicionar água.
S37 - Usar luvas*.
S45 • Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um
médico (se possível mostrar-lhe o rótulo do produto).
Acido clorídrico
(solução concentrada)
S9 - Manter o recipiente num local bem ventilado: hotte.
S26 ■ Em caso de contacto com os olhos lavar imediata e abundantemente
com água e chamar um médico.
536 - Usar vestuário de protecção adequado: bata. ,
537 - Usar luvas*.
S39 - Usar protecção adequada para os olhos: óculos de segurança.
S45 - Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um
médico (se possível mostrar-lhe o rótulo do produto).
Acido nítrico
(solução concentrada)
S23 ■ Não respirar o vapor: utilizar a hotte.
S26 - Em caso de contacto com os olhos lavar imediata e abundantemente
com água e consultar um médico.
536 - Usar vestuário de protecção adequado: bata. ,
537 ■ Usar luvas*.
S39 - Usar protecção adequada para os olhos: óculos de segurança.
25 Mestrado em Química para o Ensino
-
Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
S45 - Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um
médico (se possível mostrar-lhe o rótulo do produto).
Hidróxido de sódio
(solução concentrada)
S26 ■ Em caso de contacto com os olhos lavar imediata e abundantemente
com água e chamar um médico.
536 ■ Usar vestuário de protecção adequado: bata.
537 ■ Usar luvas*.
S39 ■ Usar protecção adequada para os olhos: óculos de segurança.
S45 ■ Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um
médico (se possível mostrar-lhe o rótulo do produto).
Acetona S9 ■ Manter o recipiente num local bem ventilado.
S16 ■ Manter afastado de qualquer fonte de ignição - Não fumar.
S23 - Não respirar os vapores: utilizar a hotte.
S33 - Evitar a acumulação de cargas electrostáticas.
S26 - Em caso de contacto com os olhos lavar imediata e abundantemente
com água e consultar um médico.
Dióxido de azoto S9 - Manter em local bem ventilado: utilizar a hotte.
S26 - Em caso de contacto com os olhos lavar imediata e abundantemente
com água e chamar um médico.
S28 - Em caso de contacto com a pele lavar imediata e abundantemente
com água durante pelo menos 15 minutos.
536 - Usar vestuário de protecção adequado: bata.
537 ■ Usar luvas*.
S39 - Usar protecção adequada para os olhos: óculos de segurança.
S45 ■ Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um
médico.
Mestrado em Quimica para o Ensino
-
Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano jf »••*-
Zinco S43 - Em caso de incêncio usar pó seco.
S46 - Em caso de ingestão consultar imediatamente um médico e mostrar o
rótulo ou a embalagem.
S60 ■ Elimina-se o produto e o recipiente como resíduos perigosos.
S61 - Evitar a sua libertação para o meio ambiente. Ter em atenção as
instruções específicas das fichas de dados de Segurança.
*Nota: Nesta actividade laboratorial utilizaram-se luvas de látex, uma vez que se trabalhou com ácidos e uma base diluídos.
2.3.2 Funcionamento de um sistema tampão
2.3.2.1 Enquadramento no Programa de 12° ano de Química
A actividade laboratorial "Funcionamento de um sistema tampão" surge enquadrada no tema
denominado "Metais e ligas metálicas", do Programa de 12° ano de Química. Esta actividade
laboratorial, sendo de carácter obrigatório, também envolve diversos conceitos químicos inter-ligados, tal
como é possível verificar no esquema 2.5, nos campos assinalados..
A actividade laboratorial "Funcionamento de um sistema tampão" centra-se na questão: "Como
simular o efeito tampão do sangue face a variações de pH?". Por outro lado, pode destacar-se um
objecto de ensino que é avaliar experimentalmente o efeito de um sistema tampão. Associada a esta
actividade existem, ainda, os seguintes objectivos de aprendizagem:
• Realizar um titulação ácido forte-base fraca;
• Elaborar tabelas para registo de resultados;
• Explicar a necessidade de um rigoroso controlo de variáveis;
• Interpretar tabelas dos resultados obtidos (M. E, 2004).
27 Mestrado em Química para o Ensino
-
Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12" ano
I m p o r t â n c i a soc ia l e
t ecno lóg ica
tem
I
Minerais Poluição
1 n Processos de
extracção Processos de
extracção podem original
M a t é r i a s pr imas não renováveis obrigam a
reciclagem
caracterizados peias propriedades
Metais são constituintes de
formados por cuja organização
estruturai é
Ligas metálicas
Elementos metálicos
■ Duc t i f i dade
• Maleab i l i dade ■ Condu t ib i l i dade • Br i l ho metá l i co
• não metá l i cos ■ semimetá l i cos
que. possuem
■ca rác te r m e t á l i c o •con f igu ração e l e c t r ó n i c a c a r a c t e r í s t i c a
cuja variação se verifica na
permitindo um outro oihar sobre
exemplo.
• aça I aço inoxidável • latão • " o u r o " • " m e t a i s " com
memór ia d e f o r m a
Rede Cr is ta l i na
permite explicar L igação
m e t á l i c a
1 L T a b e l o Per iod i ca
Ligação nou t ros sól idos
yue pvumtu &&•
Corrosão
na qual ocorrem
' < ' ' " Iónicos Covalentes Moleculares
i Reacções
Redox usadas na Reacções
Redox
~r ' I quotidiano em
1 Purificação de metoís
quotidiano em
1 Pilhas e baterias
que pode ser por
A E l e c t r ó H s e
cuja d dp.
depende de
no futuro
i dependendo
1 L_ Potencial padrão de redução (F1)
Orb i ta is d
formam
I ões complexos
Pilhas de combustível
•Água •NaCI
organizados na
Série eíectroquímica
mdifpstisawe-is
Í Seres vivos
cujo actividade depende do
1 um exenrpio importante
Hemog lob ina
Esquema 2.5- Contextualização dos conceitos relacionados com a actividade laboratorial de "Funcionamento de um sistema tampão" (Adaptado de Ministério da Educação, 2004).
28 Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
2.3.2.2 Generalidades
Uma solução tampão caracteriza-se por ter a capacidade de resistir a variações de pH, resultantes
da adição de pequenas quantidades de ácido ou base. Tal sucede porque a solução tampão contém
concentrações de ácido e de base suficientemente elevadas para reagirem com os iões OF-Te H+que
lhe sejam adicionados; por outro lado, as espécies ácida e básica que constituem a solução tampão não
se devem consumir mutuamente numa reacção de neutralização. Estas condições são satisfeitas por um
par ácido-base conjugado, isto é, um ácido fraco e a sua base conjugada ou uma base fraca e o seu
ácido conjugado (exemplos: CH3COOH/CH3COONa ; NaHC03 /Na2C03 ).
Os sistemas tampão são muito importantes em sistemas químicos e biológicos. Por exemplo, no
corpo humano existem vários tampões que são fundamentais para garantir o pH de diversos fluidos, cujo
bom funcionamento é essencial à nossa sobrevivência. O sangue que circula nos tecidos transporta
oxigénio e nutrientes para manter as células vivas e remove o dióxido de carbono e outros compostos
inúteis ao metabolismo. A natureza faz uso de vários sistemas tampão para distribuir o oxigénio e
remover dióxido de carbono de um modo extremamente eficiente. O sangue é um sistema muitíssimo
complexo, mas para os objectivos em questão apenas se vai fazer referência ao plasma sanguíneo e
aos glóbulos vermelhos ou eritrócitos. O plasma sanguíneo contém muitas espécies, incluindo proteínas,
iões metálicos e fosfatos orgânicos. Os eritrócitos contêm moléculas de hemoglobina, assim como a
enzima anidrase carbónica, que catalisa tanto a formação do ácido carbónico (H 2 C0 3 ) como a sua
decomposição, de acordo com a equação química (2.16).
C02(aq) + H20(1) ^ = ^ H2C03(aq) (2.16)
As substâncias no interior do eritrócito estão protegidas do fluido extracelular (plasma
sanguíneo) por uma membrana que é selectivamente permeável. O pH do plasma sanguíneo é mantido
a cerca de 7,40 por vários sistemas tampão, sendo o mais importante o par HC0 3 /H 2 C0 3 . No
eritrócito, onde o pH é 7,25, os principais sistemas tampão são HC0 3 /H 2 C0 3 e a hemoglobina que é
uma proteína complexa contendo vários protões, sendo ionizável. Numa aproximação grosseira,
podemos tratá-la como um ácido monoprótico, representado por HHb, estando traduzida na equação
química (2.17) a respectiva reacção de dissociação (HHb representa uma molécula de hemoglobina e
Hb" a sua base conjugada).
HHb(aq) ^ ^ H+(aq) + Hb"(aq) (2.17)
29 Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
A oxihemoglobina (HHb02), formada pela combinação da hemoglobina com o oxigénio, é um
ácido mais forte que HHb, cuja reacção de dissociação está representada na equação química (2.18).
HHb02(aq) ^ = ^ H+(aq) + HbO~(aq) (2.18)
O dióxido de carbono produzido pelos processos metabólicos difunde-se para dentro do
eritrócito, onde é rapidamente convertido em H2C03(aq), pela anidrase carbónica, tal como está
representada pela equação química (2.16). A ionização do ácido carbónico representada pela equação
química (2.19), tem duas consequências importantes: a primeira, é que o ião bicarbonato difunde-se
para fora do eritrócito e é transportado pelo plasma para os pulmões (este é o principal mecanismo para
remover o dióxido de carbono); a segunda, é o desvio do equilíbrio (equação química (2.20)), a favor da
formação da molécula de oxihemoglobina não ionizada, provocado pelos iões H + :
H2C03(aq) ^ ^ H+(aq) + HCO^aq) (2.19)
H + (aq) + Hb02(aq) ^ ^ HHb02(aq) (2.20)
Uma vez que HHb02 liberta oxigénio mais facilmente do que a sua base conjugada (Hb0 2 ) , a
formação do ácido promove a reacção representada pela equação química (2.21):
HHb02(aq) ^ ^ HHb(aq) + 02(aq) (2.21)
As moléculas de O2 difundem-se para fora do eritrócito e são recebidas pelas outras células dos
tecidos para realizar o metabolismo. Quando o sangue venoso volta aos pulmões, os processos acima
referidos são invertidos. Os iões bicarbonato difundem-se, então, para dentro do eritrócito, onde reagem
com a hemoglobina para formar o ácido carbónico, de acordo com a equação química (2.22):
HHb(aq) + HCO^aq) v = ^ Hb"(aq) + H2C03(aq) (2.22)
A maior parte do ácido é, então, convertido em CO2 pela anidrase carbónica, de acordo com a
reacção representada pela equação química (2.23):
H2C03(aq) ^ ^ C02(aq) + H20(1) (2.23)
O dióxido de carbono difunde-se até aos pulmões e é expirado. A formação dos iões Hb"
(devida à reacção representada pela equação (2.22)) também favorece a captação do oxigénio nos
pulmões (ver equação (2.24)) porque Hb'tem maior afinidade para o oxigénio do que HHb.
30 Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de video digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
Hb'(aq) + 02(aq) ^==^ HbOj(aq) (2.24)
Quando o sangue arterial volta a fluir pelos tecidos do corpo, todo o ciclo se repete. Se o pH do sangue é inferior a 6,7 ou é superior a 7,8, isso poderá evidenciar problemas de
saúde: acidose, no primeiro caso, e alcalose, no segundo. Por isso, a análise do pH do sangue e do
respectivo teor em C 0 2 e em HCO3 é usado em diagnóstico médico (Chang, 2005); (Gil et ai., 2005).
2.3.2.3 Cálculo do pH de uma solução tampão
Uma solução contendo um ácido fraco, HA, e a sua base conjugada, A " , pode ser ácida, neutra ou básica dependendo do deslocamento dos dois equilíbrios químicos traduzidos pelas equações químicas (2.25) e (2.26):
HA(aq) ^==^ A"(aq) + H+(aq) (2.25)
A"(aq) + H20(l) v = ^ OH"(aq) + HA(aq) (2.26)
Para cada um dos equilíbrios químicos representados em (2.25) e (2.26) correspondem
constantes de equilíbrio que são expressas pelas equações (2.27) e (2.28), respectivamente, sendo Kw
a constante de autoprotólise da água.
[0H-]x[HA] = ^ IA"] Ka
As duas expressões de constante de equilíbrio (equações (2.27) e (2.28)) mostram que a
concentração relativa dos iões H + e O H " depende não só de Ka e K b , mas também da razão das
concentrações de ácido e da sua base conjugada. Rearranjando a equação (2.28), pode-se obter a equação (2.29) e aplicando-se-lhe o simétrico do
logaritmo a ambos os lados, obtém-se a equação (2.30).
M =Kajfj (2.29)
-\og[H+]=-\ogKa - l o g í ^ j (2.30a) IA
ou
31 Mestrado em Química para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
log[//+]=-log^+logj|J (2.30b)
Assim, a equação (2.30b) pode ser escrita na forma representada em (2.31), que é conhecida por
equação Henderson-Hasselbalch.
\A-\ pH-pKm+\ogïU (2.31)
O conhecimento dos valores de Ka e das concentrações do ácido e da base conjugados permite
calcular o pH da solução (Harris, 1999); (Skoog, 1996); (Chang, 2005).
A equação Henderson-Hasselbalch é deduzida a partir de uma expressão da constante de
equilíbrio. Quando as concentrações iniciais (ou analíticas) do ácido fraco HA e do seu sal são
razoavelmente elevadas ( > 0,1 mol dm"3), pode-se desprezar a ionização do ácido e a hidrólise do
sal. Esta aproximação é considerada válida porque HA é um ácido fraco e a extensão da hidrólise do ião
A " é geralmente muito pequena. Mais ainda, a presença de A " (proveniente do sal) contribui para
suprimir a hidrólise de HA . Portanto, neste caso é possível considerar, sem erro apreciável, que as
concentrações de equilíbrio são as concentrações iniciais (Skoog, 1996); (Chang, 2005).
2.3.2.4 A actividade laboratorial
Na actividade laboratorial "Funcionamento de um sistema tampão", pretende-se realizar uma
titulação de uma solução de carbonato de sódio (base) com uma solução de ácido clorídrico (ácido) -
titulação ácido forte-base fraca. Como o carbonato de sódio é uma base diprótica a curva da sua
titulação tem dois pontos de equivalência. O primeiro surge para o valor pH=8,3 e corresponde à
conversão do carbonato em hidrogenocarbonato cuja equação química se encontra representada em
(2.32).
C O ^ a q ) + H+(aq) -» HCO-(aq) (2.32)
O segundo ponto de equivalência surge a pH=3,7 e diz respeito à conversão do
hidrogenocarbonato a ácido carbónico está representado na equação química (2.33).
HCO-(aq) + H+ (aq) -> H2C03(aq) (2.33)
A fiabilidade dos valores obtidos para os dois pontos de equivalência, nesta actividade laboratorial,
pode ficar afectada devido a possíveis erros experimentais: incorrecções nas leituras de valores da
32 Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
bureta, na preparação incorrecta das soluções, bem como os erros inerentes aos instrumentos de
medida, em particular a calibração incorrecta do eléctrodo (Gil et ai., 2005).
2.3.2.5 Prevenção e segurança Química
Como em qualquer outra actividade laboratorial, há riscos que deverão ser minimizados pela
implementação de regras de segurança.
Apresentam-se duas tabelas, uma com a identificação dos riscos que os compostos utilizados
nesta actividade laboratorial apresentam - tabela 2.4 - e outra com os procedimentos de segurança
associados a cada um - tabela 2.5.
Tabela 2.4 - Riscos associados às substâncias envolvidas na actividade laboratorial "Funcionamento de um sistema
tampão" (Sigma Aldrich, 2006); (Merck, 2006).
Substância
Carbonato de sódio
Aspectos de risco
R36 - Irritante para os olhos.
R37 ■ Irritante para as vias respiratórias.
Acido clorídrico
(solução concentrada)
R34 - Provoca queimaduras.
R37 ■ Irritante para as vias respiratórias.
Tabela 2.5 - Aspectos de segurança associados às substâncias envolvidas na actividade laboratorial "Funcionamento
de um sistema tampão" (Sigma Aldrich, 2006); (Merck, 2006).
Substância Aspectos de segurança
Carbonato de sódio S22 ■ Não respirar o pó.
S26 - Em caso de contacto com os olhos lavar imediata e
abundantemente com água e consultar um médico.
Ácido clorídrico S9 ■ Manter o recipiente num local bem ventilado: utilizar a hotte.
(solução concentrada) S26 - Em caso de contacto com os olhos lavar imediata e
abundantemente com água e chamar um médico.
S36 - Usar vestuário de protecção adequado: bata.
S37 ■ Usar luvas*.
33 Mestrado em Química para o Ensino
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S39 - Usar protecção adequada para os olhos: óculos de
segurança.
S45 - Em caso de acidente ou indisposição consultar
imediatamente um médico (se possível mostrar-lhe o rótulo do
produto).
*Nota: Nesta actividade laboratorial utilizaram-se luvas de látex, uma vez que se trabalhou com ácidos e uma base diluídos.
2.3.3 Determinação da entalpia de combustão de diferentes álcoois
2.3.3.1 Enquadramento no Programa de 12° ano de Química
A actividade laboratorial "Determinação da entalpia de combustão de diferentes álcoois" surge
enquadrada no tema denominado "Combustíveis, Energia e Ambiente", do programa de 12° ano de
Química. Esta actividade laboratorial é também de carácter obrigatório, envolvendo vários conceitos
químicos inter-ligados, tal como está assinalado no esquema 2.6.
A actividade laboratorial "Determinação da entalpia de combustão de diferentes álcoois" centra-
se na questão: "Qual a influência da posição do grupo OH e do comprimento da cadeia carbonada de
álcoois na energia libertada na sua combustão?". Por outro lado, pode destacar-se a evidência da
variação de entalpia na combustão de álcoois diferindo no comprimento da cadeia carbonada: metanol,
etanol, propanol, butanol. Por indisponibilidade de reagentes e tempo, não foi possível estudar outros
álcoois com o grupo funcional em diferentes posições na cadeia carbonada. Contudo, tal não será difícil
de conseguir futuramente, permitindo, assim, evidenciar a influência da posição do grupo -OH na
entalpia de combustão dos álcoois.
Associada a esta actividade existem, ainda, os seguintes objectivos de aprendizagem:
• Explicar a necessidade de um rigoroso controlo de variáveis;
• Traçar um gráfico de entalpia de combustão dos álcoois, ACH, em função do número de átomos
de carbono da cadeia carbonada;
• Interpretar o gráfico obtido;
• Elaborar uma tabela para registo de resultados (M.E., 2004).
34 Mestrado em Quimica para o Ensino
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Utilização de vídeo digital no trabalho laboratorial em ensino da Química: uma experiência no 12° ano
S ó l i d o s
L íqu idos ^ podem existir
gasosos
~l
C o m b u s t í v e i s
eveaenciafído
i_ i n t e r a c ç õ e s m o l e c u l a r e s
d e i n t e n s i d a d e va r i áve l
podem
paraoseuats
A l t e r n a t i v o s
a o :
c o m b u s t í v e i s
c o m b u s t í v e i s
a l t e r n a t i v e s
p i l h e s d e
c o m b u s t í v e l
c é l u l a : f o t o v o í t o i c o ;
;Enc rg i a n u c l e a r
ÇÍXJSEP
'podem
motivo
g u e r r a s e c o n f l i t o s e c o n ó m i c o s ,
p o l í t i c o s e soc ia i s
p r o b l e m a s e c o l ó g i c o s / c a t á s t r o f e s
c o m b u s t í v e i s
f ó s s e i s
h i d r o g é n i o
á l c o o l
bioaJcool
b i o d i e s e l
biogói
g ê : n a t u r a l
p e t r ó l e o b r u t o
cuja e/iergra se re-laciona com
conceitos e íeis da Termodinâmica como
E n t o i p i e e E n t a l p i a p a d r ã o
V a r i a ç ã o d e e n t a l p i a
E n t o i p i o d e f o r m a ç ã o
E n t a l p i a d e c o m b u s t ã o
Le i d e H e s s
„ „,111^
dos ovais , como são importa conhecer
extraídos
como se tansportam
• p r o b l e m a s
e c o l ó g i c o s
• p o l u i ç ã o
pode causar
I n d ú s t r i a
P e t r o q u í m i c a
por destilação fraccionada oètém-se
produzida em
JL Reacções d e f i s s ã o
e f u s ã o
n u c l e a r e s
hidrocarbonetos
saturados gasosos
gasolina na f t a
querosene diesel
que tem
ove soo
L resíduos
> í n d i c e d e o c t a n o s
■ a d i t i v o s c o m o
t e t r a e t i l c h u m b o . b e n z e n o
é t e r
G a s e s
r e a i s
por exempte
JL.
comportamento se ejtplka par
Gpreximaç&s aos
produz por cracking
Î estro;
d canos
HZ cuja estrutura se exp/ka por
gás d e b o t i j a
g á s d e c i d a d e
possuindo
T e o r i a d a s
O r b i t a i s
m o l e c u l a r e s ( T O M )
T e o r i a da l i gação
d e va lênc ia { T L V )
h i b r i d t z a ç ã o j j j
cuja estrutura ' se explica por
possuindo
gases
i d e a i s
out obedecem estritamente
c i c l o a l c a n o s
alcenos a r o m á t i c o s
alcinos
• n o m e n c l a t u r a
H L ^
L e i d o s
gases
i dea i s
Esquema 2.6- Contextu