UTILIZAÇÃO DE COMPOSTOS NATURAIS BIOATIVOS NA …

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UTILIZAÇÃO DE COMPOSTOS NATURAIS BIOATIVOS NA CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE MORANGOS 1 Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) Oeiras, Portugal 2 DCTB/Metrics, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Caparica, Portugal *[email protected] Claudia Sánchez 1 *, Marcella Loebler 1,2 , Mário Santos 1 , Paula Vasilenko 1 , Ana Sofia Cruz 2 , Maria Paula Duarte 2 , Margarida Gonçalves 2 Nos últimos anos, os compostos naturais bioactivos com potencial para utilização na conservação pós-colheita de frutas tem despertado grande interesse na comunidade científica internacional. A crescente restrição ao uso de compostos de síntese, devido ao risco que representam para a saúde e ao seu impacto ambiental, assim como a crescente preocupação por parte dos consumidores em relação à segurança dos alimentos, tem estimulado o estudo de métodos alternativos aos químicos para o controlo de doenças de pós-colheita e para a conservação da qualidade nutricional e organolética dos produtos hortofrutícolas. O morango é um fruto altamente perecível e apresenta um curto período de conservação pós-colheita. Neste contexto, este estudo tem como objetivo avaliar o efeito da aplicação de diversos compostos naturais, com propriedades antimicrobianas e antioxidantes, na conservação da qualidade pós-colheita do morango. O própolis é uma substância resinosa produzida pelas abelhas e que resulta da recolha e transformação de materiais ativos secretados pelas plantas tais como: resinas, pólen, gomas, etc. Esta substância, utilizada pelas abelhas na construção e para proteção das colmeias, possui na sua composição compostos com elevada capacidade antioxidante, antibacteriana e antifúngica, que conferem ao própolis potencial para ser aplicado no tratamento pós-colheita de frutos. No âmbito do projeto PRODER “ProFruta: Valorização do subproduto própolis como agente natural para o controlo de doenças em pós-colheita”, foram estudados diferentes extratos de própolis de origem portuguesa. As amostras foram extraídas com etanol a 70%, por maceração. O resíduo insolúvel foi removido por filtração, e o extrato bruto foi conservado a -20°C, para precipitação das ceras e subsequente eliminação por filtração. Os extratos foram caracterizados quanto ao teor de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante. Os tratamentos com os extratos selecionados foram aplicados imediatamente após colheita, mediante pulverização, tendo os frutos sido posteriormente mantidos durante 12 dias em câmaras a 2ºC e 90%HR. Durante o período de conservação foram avaliados diferentes parâmetros físico-químicos indicadores de qualidade, assim como a incidência de podridões. Controlo Extrato aquoso Extrato alcoólico Controlo Extrato alcoólico Extrato aquoso Figura 2: Aspeto interno dos frutos tratados com H 2 O (controlo), extrato alcoólico (E1) e aquoso (E2) de própolis, após 12 dias de conservação. Figura 1: Aspeto externo dos frutos tratados com H 2 O (controlo), extrato aquoso (E1) e alcoólico (E2) de própolis, após 12 dias de conservação no frio. Em geral, os frutos tratados com extratos de própolis apresentaram uma menor perda de humidade que os frutos do controlo. A incidência de podridões, nomeadamente a podridão cinzenta causada por Botrytis cinerea, foi também consideravelmente inferior nos morangos tratados com própolis (Fig. 1). Este efeito verificou-se também na polpa dos frutos, que apresentou uma cor acastanhada e textura mole (Fig. 2). No entanto, os morangos tratados com extratos aquosos apresentaram uma cor vermelha característica e textura firme. Os resultados preliminares indicam que os frutos tratados com os extratos aquosos de própolis mantiveram a sua qualidade físico-química durante um período de tempo mais prolongado que o extrato alcoólico e o controlo; Não foram observados sinais de toxicidade como consequência dos tratamentos; Verificou-se o potencial do própolis para ser aplicado no tratamento pós- colheita de morangos, contudo, são necessários estudos adicionais relacionados com o processo de obtenção dos extratos e o método de aplicação dos mesmos. Conclusões Utilização de revestimentos edíveis à base de Quitosano Aplicação de extratos de plantas aromáticas e óleos essenciais O quitosano é um polissacarídeo catiónico produzido por desacetilação da quitina presente no exosqueleto de crustáceos e insetos. Este composto apresenta propriedades de grande interesse para a conservação pós-colheita de frutos, tais como nula o baixa toxicidade, bioactividade, capacidade de formar biofilmes e características antioxidantes e antimicrobianas. Os frutos são tratados por imersão ou pulverização com diferentes soluções de quitosano e conservados a baixas temperaturas e elevada humidade relativa. OUTRAS ABORGADENS Diversos extratos alcoólicos e óleos essenciais procedentes de uma ampla variedade de plantas aromáticas foram caracterizados quanto ao teor de fenólicos totais e atividade antioxidante. Aqueles que demonstraram maior potencial para ser aplicados em pós-colheita foram selecionados para ser avaliados em ensaios de conservação de morangos em frio e em condições de prateleira (trabalho realizado em colaboração com a Drª Carmo Serrano da UEITSA do INIAV). Extratos de própolis Contudo, o tratamento com extrato alcoólico mostrou um certo efeito de citotoxicidade, que se manifestou com o aparecimento de manchas escuras na epiderme dos frutos (Fig. 1). Agradecimentos: Projecto ProFruta financiado pelo PRODER (PA54101 e PA5410), Medida 4.1

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UTILIZAÇÃO DE COMPOSTOS NATURAIS BIOATIVOS NA CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE MORANGOS

1Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) Oeiras, Portugal 2DCTB/Metrics, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Caparica, Portugal

*[email protected]

Claudia Sánchez1*, Marcella Loebler1,2, Mário Santos1, Paula Vasilenko1, Ana Sofia Cruz2, Maria Paula Duarte2, Margarida Gonçalves2

Nos últimos anos, os compostos naturais bioactivos com potencial para utilização na conservação pós-colheita de frutas tem despertado grande interesse na comunidade científica internacional. A crescente restrição ao uso de compostos de síntese, devido ao risco que representam para a saúde e ao seu impacto ambiental, assim como a crescente preocupação por parte dos consumidores em relação àsegurança dos alimentos, tem estimulado o estudo de métodos alternativos aos químicos para o controlo de doenças de pós-colheita e para a conservação da qualidade nutricional e organolética dos produtos hortofrutícolas. O morango é um fruto altamente perecível e apresenta um curto período de conservação pós-colheita. Neste contexto, este estudo tem como objetivo avaliar o efeito da aplicação de diversos compostos naturais, com propriedades antimicrobianas e antioxidantes, na conservação da qualidade pós-colheita do morango.

O própolis é uma substância resinosa produzida pelas abelhas e que resulta da recolha e transformação de materiais ativos secretadospelas plantas tais como: resinas, pólen, gomas, etc. Esta substância, utilizada pelas abelhas na construção e para proteção das colmeias, possui na sua composição compostos com elevada capacidade antioxidante, antibacteriana e antifúngica, que conferem ao própolis potencial para ser aplicado no tratamento pós-colheita de frutos.

No âmbito do projeto PRODER “ProFruta: Valorização do subproduto própolis como agente natural para o controlo de doenças em pós-colheita”, foram estudados diferentes extratos de própolis de origem portuguesa. As amostras foram extraídas com etanol a 70%, por maceração. O resíduo insolúvel foi removido por filtração, e o extrato bruto foi conservado a -20°C, para precipitação das ceras e subsequente eliminação por filtração. Os extratos foram caracterizados quanto ao teor de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante.Os tratamentos com os extratos selecionadosforam aplicados imediatamente após colheita, mediante pulverização, tendo os frutos sido posteriormente mantidos durante 12 dias em câmaras a 2ºC e 90%HR. Durante o período de conservação foram avaliados diferentes parâmetros físico-químicos indicadores de qualidade, assim como a incidência de podridões.

Controlo Extratoaquoso

Extratoalcoólico

Controlo

Extratoalcoólico

Extratoaquoso

Figura 2: Aspeto interno dos frutos tratados com H2O (controlo), extrato alcoólico (E1) e aquoso (E2) de própolis, após 12 dias de conservação.

Figura 1: Aspeto externo dos frutos tratados com H2O (controlo), extrato aquoso (E1) e alcoólico (E2) de própolis, após 12 dias de conservação no frio.

Em geral, os frutos tratados com extratos de própolis apresentaram uma menor perda de humidade que os frutos do controlo. A incidência de podridões, nomeadamente a podridão cinzenta causada por Botrytis cinerea, foi também consideravelmente inferior nos morangos tratados com própolis (Fig. 1).

Este efeito verificou-se também na polpa dos frutos, que apresentou uma cor acastanhada e textura mole (Fig.2). No entanto, os morangos tratados com extratos aquosos apresentaram uma cor vermelha característica e textura firme.

Os resultados preliminares indicam que os frutos tratados com os extratosaquosos de própolis mantiveram a sua qualidade físico-química durante um período de tempo mais prolongado que o extrato alcoólico e o controlo;

Não foram observados sinais de toxicidade como consequência dostratamentos;

Verificou-se o potencial do própolis para ser aplicado no tratamento pós-colheita de morangos, contudo, são necessários estudos adicionais relacionados com o processo de obtenção dos extratos e o método de aplicação dos mesmos.

Conclusões

Utilização de revestimentos edíveis à base de Quitosano

Aplicação de extratos de plantas aromáticas e óleos essenciais

O quitosano é um polissacarídeo catiónico produzido por desacetilação da quitina presente no exosqueleto de crustáceos e insetos. Este composto apresenta propriedades de grande interesse para a conservação pós-colheita de frutos, tais como nula o baixa toxicidade, bioactividade, capacidade de formar biofilmes e características antioxidantes e antimicrobianas. Os frutos são tratados por imersão ou pulverização com diferentes soluções de quitosano e conservados a baixas temperaturas e elevada humidade relativa.

OUTRAS ABORGADENS

Diversos extratos alcoólicos e óleos essenciais procedentes de uma ampla variedade de plantas aromáticas foram caracterizados quanto ao teor de fenólicos totais e atividade antioxidante. Aqueles que demonstraram maior potencial para ser aplicados em pós-colheita foram selecionados para ser avaliados em ensaios de conservação de morangos em frio e em condições de prateleira (trabalho realizado em colaboração com a Drª Carmo Serrano da UEITSA do INIAV).

Extratos de própolis

Contudo, o tratamento com extratoalcoólico mostrou um certo efeito de citotoxicidade, que se manifestou com o aparecimento de manchas escuras na epiderme dos frutos (Fig. 1).

Agradecimentos: Projecto ProFruta financiado pelo PRODER (PA54101 e PA5410), Medida 4.1