Uva - Capa TCC2
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FRANCINETE RAMOS DOS SANTOSJOSÉ JEAN DO NASCIMENTO PAZ
MARIA MARTA ARAÚJO DOS SANTOS
EVASÃO ESCOLAR: apontando perspectivas à 4ª série do ensino fundamental.
CastanhalUNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
2004
FRANCINETE RAMOS DOS SANTOSJOSÉ JEAN DO NASCIMENTO PAZ
MARIA MARTA ARAÚJO DOS SANTOS
EVASÃO ESCOLAR: apontando perspectivas à 4ª série do ensino fundamental.
TCC apresentado como requisito para a obtenção do grau em Pedagogia – Licenciatura Plena em Educação Básica – Séries Iniciais, orientado pelo professor: Marcos Lobo de Azevedo.
CastanhalUNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
2004
FRANCINETE RAMOS DOS SANTOSJOSÉ JEAN DO NASCIMENTO PAZ
MARIA MARTA ARAÚJO DOS SANTOS
EVASÃO ESCOLAR: apontando perspectivas à 4ª série do ensino fundamental.
Avaliado por:
Nome do professor
Data: ____/____/____
CastanhalUNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
2004
DEDICATÓRIA
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, por ter nos concedido a oportunidade de nos formarmos com saúde, e também aos nossos familiares, professores e amigos que nos incentivaram nesta jornada.
AGRADECIMENTO
Carinhosamente a todos que fizeram parte desta conquista. Aos meus familiares, filhos e amigos que sempre me incentivaram nesta caminhada, fazendo com que eu pudesse chegar ao fim desta longa caminhada. FRANCINETE
Agradeço a Deus em primeiro lugar pela oportunidade que me concedeu de estar concluindo meu curso, em seguida a minha tia Cleide e minha avó Ocília (In memorian) que contribuíram siguinificativamente nesta minha caminhada e a todas as pessoas que acreditaram na minha capacidade de vencer os obstáculos que surgiram em minha vida. JEAN
Agradeço a Deus e a todos os que fizeram parte desta conquista, meus pais, filhos e amigos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. MARTA
EPÍGRAFE
Não existe fracasso se não se tentar.Não existe derrota se não te consideras um derrotado.Não existem barreiras intransponíveis, se não as inerentes a nossas fraquezas de propósitos.
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INÍCIAIS:
CAPITULO 1 – REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................101.1 - O que é evasão escolar?....................................................................................................101.2 - A história da educação brasileira e sua relação com a evasão escolar.............................101.3 - O problema da evasão escolar não tem um único culpado...............................................121.4 - Deficiência de aprendizagem fator que contribui para a evasão escolar..........................151.5 - Quem são as crianças que evadem da escola....................................................................171.6 - Participação da família como um instrumento essencial para amenizar a evasão............171.7 - Fatores que levam os alunos a abandonarem a escola......................................................201.8 - Causas determinantes da evasão escolar...........................................................................231.8.1 - A contribuição da escola para a evasão escolar.............................................................241.8.2 - Atuação do professor.....................................................................................................251.8.3 - Relação Professor x Alunos...........................................................................................261.8.4 - Método de Ensino..........................................................................................................261.8.5 - Ambiente Escolar.......................................................................................................... 261.8.6 - Currículo....................................................................................................................... 271.8.7 - Avaliação...................................................................................................................... 28
CAPITULO 2: RESULTADO DA PESQUISA..................................................... 292.1 - Conhecendo o lócus da pesquisa e os sujeitos envolvidos.............................................. 292.2 - Procedimentos metodológicos......................................................................................... 292.2.1 - Analises dos dados coletados........................................................................................ 312.2.1.1- Uma visão dos professores sobre a evasão escolar.................................................... 312.2.1.2 - Uma analise dos dados coletados com os alunos que evadiram da escola................ 322.2.1.3 - A participação dos pais na vida escolar de seus filhos.............................................. 33
CAPÍTULO 3 – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................................ 353.1 - Refletindo o fazer pedagógico......................................................................................... 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
RESUMO
RESUMO
Objetivou-se com este estudo, conhecer as causas da evasão escolar,
proporcionando aos educadores e educando melhorias no processo ensino-aprendizagem, para
a 4ª série do ensino fundamental, investigando as metodologias utilizadas pelos professores,
analisando os instrumentos utilizados para avaliar os alunos, as causas que contribuem para
evasão escolar. Adotou-se o método descritivo interpretativo a partir da aplicação de
questionários com questões objetivas para (04) profissionais da escola, (05) pais e (05) alunos,
utilizou-se da técnica de grafismo para identificar o estágio de construção de cada educando e
um processo de observação durante as atividades desenvolvidas. Verificou-se que a maioria
das crianças passam por problemas familiares, que as levam a desmotivar-se pelos estudos. Os
profissionais que trabalham com estas crianças se preocupam com esses problemas, alguns até
procuram estes para saber porque pararam de estudar, quanto aos pais, alguns assumem suas
culpas em dizer que precisam que seus filhos evadam para ajudar no sustento da família.
Conclui-se que já é possível minimizar esta situação com os projetos que o Governo oferece
as famílias como: bolsa família, etc.
Todavia ainda não são suficientes para acabar com esses problemas de evasão
escolar.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O estágio supervisionado das universidades como processo de formação e como
construção de conhecimento, vivenciado pelos alunos concluintes, deixa uma lacuna no que
concerne à efetivação do saber, não favorecendo aos mesmos uma vivência na realidade
desejada, uma vez que essas instituições, não possibilitam uma ação efetiva para os
estagiários. Assim sendo, o objetivo desta pesquisa foi proporcionar aos educandos e
educadores melhorias no processo ensino-aprendizagem, para que o índice de evasão escolar
possa diminuir na escola pesquisada.
Neste trabalho queremos apontar as principais questões pertinentes ao assunto,
investigando os fatores que contribuem para que a evasão escolar, os responsáveis por estes
problemas, e identificar as verdadeiras razões que contribuem para o fracasso destes
educandos prioritariamente na escola pública, analisando as rupturas provocadas e detectando
assim o porquê, os verdadeiros motivos que levam esses educandos a abandonarem-se os
seguintes questionamentos:
- Quais as metodologias utilizadas pelos educadores no processo ensino e
aprendizagem?
- A super lotação em sala de aula contribui para a evasão escolar?
- Quais as causas da evasão escolar?
- O processo de avaliação dos educadores contribui para a evasão escolar?
Para viabilização desse processo realizou-se um estudo teórico e uma pesquisa de
campo, sendo esta dentro de uma abordagem qualitativa e quantitativa, operacionalizada
através de questionários com questões abertas e fechadas, para (04) professores, (05) pais e
(05) alunos.
O lócus da pesquisa foi realizado na Escola Municipal de ensino Fundamental
Graziela Gabriel, sito à avenida Lauro Sodré S/ N, no bairro do Milagre no município de
Jovens e Adultos. Os resultados obtidos foram organizados didaticamente por categoria e
analisados pelo método descritivo e analítico.
Desse modo, este trabalho está assim estruturado: O primeiro capítulo trata da
fundamentação teórica, momento em que se faz uma relação com o pensamento dos autores
Paro, Resende, Abramowicz, Soares e Patto que se refere á temática; O segundo capítulo do
resultado da pesquisa de campo; O terceiro consta de uma proposta de intervenção para a
instituição pesquisada e finalmente as considerações finais.
CAPITULO 1 – REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 – O que é evasão escolar?
A evasão escolar é um problema, e se relaciona com outros importantes temas da
pedagogia, como formas de avaliação, reprovação escolar, currículo e disciplinas escolares.
Dados oficiais da Pesquisa Mídia de Educação em 2001 indicam que a evasão chegou a
11,1%, no Ensino Fundamental da rede pública e a reprovação indica 11,4% dos alunos em
todo o país. Uma das maiores taxas da América Latina. Já a distorção idade série atinge
46,7% dos alunos brasileiros. Na Área educacional, há muitos tipos de conceitos de “fracasso
escolar”, principalmente quando descontextualizando e tomado como um problema de
responsabilidade do aluno e não do sistema educacional e da realidade brasileira. Além disso,
em parceria com o poder judiciário articulado com o conselho tutelar com o objetivo de
intervir na família como responsáveis pelo direito da educação aprendendo, já que o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) é bastante claro em seu artigo de nº 246, quando se trata
da obrigação da família com a educação de seus filhos, inclusive esta pode responder
“processo por abandono intelectual” quando seus filhos evadem dos bancos escolares.
A evasão escolar voltada para uma pedagogia de ensino dos excluídos, como fala
Paulo Freire (1996), vem desafiando, em busca de reverter esse quadro cada vez mais,
fazendo com que essa história mude.
1.2– A história da educação brasileira e sua relação com a evasão escolar.
Segundo Resende (1998. p, 46):
Há mais de meio século que o fracasso escolar acompanha a história
da educação brasileira. Um dos desafios da atualidade é romper com
essa cultura do fracasso e construir umas escolas públicas de
qualidade, que saiba lidar com as diferenças culturais e inclua o
aluno no processo de construção do conhecimento, ao invés de
excluí-los. Assim a escola cresceria.
Desde o início a educação tem constante desafio. Foi organizada com a finalidade de
formar cidadãos para que atendessem os interesses da sociedade, visto que seu contexto
histórico era caracterizado pelo modelo agrário exportador dependente.O processo de
escolarização produz um efeito formativo sobre a infância que é vista como relativamente
dócil.
Uma infância pode ser vivida de várias formas, não só na individualidade, mas pela
diversidade de maneiras culturais de tratar a sua escolarização. Todavia, a história oficial
transmite que os filhos dos operários não tinham acesso à escola, por falta de interesse de seus
pais.
Falar sobre evasão para os educadores é estar de volta a um problema muito sério,
que entusiasmou os educadores com os termos que colocava a educação como a principal
preocupação do sistema de governo. Esses temas foram: Construção da cidadania crítica e
participante; reformulação dos currículos e transmissão de conteúdos críticos, passando todos
esses anos, a marginalidade, a pobreza e a miséria voltaram, afetando os setores, os
trabalhadores, a infância e os adolescentes de nossas escolas. A velha preocupação das escolas
estava de volta “o fracasso escolar”. Aliás, ele nunca deixou de existir. Entretanto, o que mais
preocupa não é só a permanência, mas também, a forma de estimulá-los para que continuem
seus estudos.
Existe entre nós uma cultura que legitima práticas, rótula de fracassados, trabalha
com preconceito de raça, gênero e classe social, e que exclui o educando. Ela não é de uma
escola, de um só professor, nem apenas do sistema escolar, e sim de Instituições Sociais
Brasileiras que vem mantendo ao longo do tempo, uma sociedade desigual e excludente.
A política de exclusão passa por todas as instituições, inclusive a escola. Vale
ressaltar que apesar da consciência a respeito dos direitos a educação básica ter avançado pela
população, a escola não se estruturou pra garantir esses direitos, continuando seletiva e
excludente, mantendo-as saturada e rígida, preocupada apenas com o domínio seriado e
disciplinar de um conjunto de habilidades e saberes. A cultura de exclusão também presente
na organização e na estrutura do sistema escolar, materializando-se na organização da escola e
do processo de ensino.
Nas três últimas décadas o fracasso escolar recaiu sobre a diversidade dos alunos e
das famílias, as diferenças na cultura, a diversidade das escolas, sua cultura e organização.
Vários programas para compensar o fracasso na educação foram implantados. No entanto,
constatou-se que eles não exerciam influências no rendimento dos alunos. Assim sendo, a
escola passava a ser vítima do contexto e do tipo de alunos que recebe.
Entretanto, os anos 70 e 80 confrontaram essa tese, reafirmando que a escola
condena o rendimento escolar e que o mesmo não pode ser atribuído às dificuldades
sociocultural e intelectual dos educadores. Portanto a escola voltou a ser culpada pelo fracasso
escolar, perdendo seus prestígios.
De fato que são vários os culpados pela evasão escolar.
1.3– O problema da evasão escolar não tem um único culpado.
Muitas vezes a escola não é a única culpada, esta que possui um currículo
ultrapassado, fora da realidade do educando. Os professores tradicionais, com metodologias
pacatas, não possuindo nenhuma dinâmica que estimule o interesse e a participação do aluno,
não se adaptando aos conteúdos de acordo com o contexto social em que está inserido o
discente. Educadores que levam para dentro da sala de aula seu abatimento, seu cansaço, seu
aborrecimento, deve ter consciência de que é um potente transmissor dessa baixa-estima para
o aluno, e sem querer vai expulsar esses alunos da escola. O professor deve lembrar que ele é
a peça chave na escola, pois está, colaborando na formação de cidadãos críticos, formadores
de opinião.
Mas talvez esse abatimento seja por que ele se sente desvalorizado; nota-se que todos
os profissionais que existem, passavam ou passam pelas mãos de um professor.
A família também é considerada “culpada” pelo fracasso escolar da criança.
Primeiramente recaindo sobre sua estrutura (falta de comida, casa e carinho), pais separados e
em segundo pela falta de participação na vida escolar de seus filhos.
Outro “culpado” e que aparece como principal, são os alunos, com sua falta de
interesse e indisciplina. Várias teorias deram sustentação para esse problema: teoria racial.
Destacando-se também a imaturidade, crianças que não estão preparadas para receber certos
tipos de reconhecimentos.
Dentro desse contexto, verifica-se que entre os vários problemas que afligem a
educação causando a evasão escolar e a reiteração de faltas injustificadas, apresenta-se como
um grande desafio àqueles que estão envolvidos com o referido direito. É uma questão
relevante, como aponta o Estatuto da Criança e do Adolescente, estabelecendo a necessidade
de ser partilhado, tal problema para evitar a sua ocorrência, deixando de ser um problema
exclusivo e interno da instituição de ensino. Quando tais situações se verificam, constata-se
que o direito à educação não está sendo devidamente respeitado justificando a necessidade de
intervenção dos órgãos responsáveis, conforme apontados na Constituição Federal e na ECA.
O capítulo II da Constituição de 1934 foi especial à educação, garantiu algumas
atribuições inclusive à escola primária, porém se contradiz ao atender as reivindicações
católicas, bem como, outras ligas, dando competência privada à união para traçar às diretrizes
da política educacional brasileira, a partir daí o governo federal assinou novas atribuições
educacionais.
A escola novista defendia a escola pública e gratuita. No campo da educação foram
intensos os debates e novamente colocou-se em oposição os privatistas e os defensores das
escolas públicas.
De acordo com a lei 5.092/71, torna-se obrigatório o 2º grau profissional, com a
intenção de desviar o alunado das escolas superiores através de um diploma técnico, sendo
modificada mais tarde a redação de seus dispositivos pela Lei 7.0044/82, cujo objetivo geral
passa a ser “preparar para o trabalho”, contudo, apesar dos conflitos, pressões e necessidades
econômicas, a educação vem se adaptando aos novos tempos, muito embora essa reforma em
sua maioria tenha sido só de fachada, pois as mesmas são feitas através de mecanismos que as
pessoas desprivilegiadas não têm outra saída se não ocupar as vagas que a escola oferece e/ou
os empregos oferecidos, mesmo os que aparecem interessantes e menos remunerados, isso
porque era a intenção do governo, quando aprovou o ensino profissionalizante, era de que o
educando pensasse que seria fácil o acesso a cursos superiores além de saírem aptos a exercer
a sua profissão.
A pobreza é vista como culpada pelo fracasso escolar do aluno. Pois, podemos
constatar que o maior índice de evasão escolar está entre as crianças que pertencem à camada
popular. Talvez isso aconteça não por culpa deles e sim, por situações que levam a ser forçado
a interromper seus estudos. Uma dessas situações é porque seus pais não tenham condições de
oferecer um estudo digno para eles. Outro motivo é que muitas crianças têm que ficar em casa
trabalhando. As meninas assumindo o papel de mãe nos trabalhos domésticos (lavar, cozinhar,
passar, cuidar dos irmãos) e os meninos o papel do pai (o homem da casa) na falta dos
mesmos, eles têm que trabalhar para sustentar a família. Outra situação que leva a criança a
fracassar é que muitas das vezes ela tem que abandonar a escola para acompanhar os pais no
trabalho (plantio, colheita) ou sair de um lugar para outro em busca de melhoria de vida.
Afirma Paro, (2000.p, 184):
A clientela escolar apresenta-se carente em vários aspectos:
econômico, cultural e afetivo. Na sua maioria são filhos de pais de
baixa escolaridade, pouco participativos em termo de interesse pelo
desempenho dos filhos na escola. Há dificuldades em obter qualquer
tipo de material escolar, dada a situação de carência do mesmo. Há
também um número de alunos que estão atrasados em relação à
escolaridade normal. Uma boa parcela do alunado, mora em favelas
cujas casas possuem condições habitacionais precárias. Dentre os
pais há muito sem empregos, devido à crise, decorrente daí um
grande número de ociosos os que arranjam emprego, normalmente
recebem baixos salários ou estão em subempregos. Em muitas
famílias os pais trabalham fora durante o dia, deixando os filhos
para tomar conta de casa.
Na verdade, muito dos problemas citados acima, poderiam ser resolvidos se a escola
tivesse outra atitude em relação à pobreza. A escola joga a culpa da pobreza aos pobres, sendo
ela um problema que nasce com ele e que só vem atrapalhar seu trabalho. A escola reage
assim porque não foi pensada para os pobres, mas sim para os filhos da elite, crianças que não
trabalham, que falam bonito. Quando uma criança carente chega na escola, ela se sente
deslocada não consegue aprender e assim passa a constituir um problema sendo assim fica
mais fácil acusar a pobreza pelos fracassos dos pobres. Eles não conseguem aprender porque
estão com fome, tem problema em casa ou porque falam errados.
As crianças da camada popular aprendem a se cuidar sozinhas e resolvem problemas
que vão surgindo. Entretanto, quando chegam à escola tudo muda, elas que sempre souberam
se virar sozinhas são espertas e falantes, ao entrar na escola, não entendem o que a professora
fala, se sentem incapazes de aprender, se fecham, vão se tornando caladas, tristes e passivas.
A escola não pode ignorar que a realidade brasileira é marcada por vários problemas
sociais que afetam seus alunos, ela se diz democrática, porque todos têm direito de nela
ingressar, porém no seu interior não cabem as diferenças. Democracia não significa a
possibilidade de livre acesso, mas também pode acolher as diferenças, e estas devem ser
vistas como uma riqueza e não como obstáculos. A escola precisa entender que essas
diferenças não estão na cor, na pobreza, no sexo, mas sim, na maneira de aprender, pois nem
todas as crianças têm a mesma facilidade de assimilação. Enquanto alunos aprendem em
menos tempo, outros precisam que ela seja mais prolongada.
De fato, são vários os fatores que contribuem para a deficiência da aprendizagem,
favorecendo assim para a evasão escolar.
1.4– Deficiência de aprendizagem fator que contribui para a evasão escolar.
Percebe-se que as crianças que evadem da escola são aquelas que têm dificuldades de
aprender os conteúdos escolares, não se adaptam ao ambiente escolar, por falta de materiais
didáticos. Talvez por eles estarem fora da realidade, do seu cotidiano, do seu modo de viver.
A escola não valoriza o que a criança traz do lar. Para ela o que importa são os conhecimentos
transmitidos pelo professor, o que está escrito nos livros didáticos, que possui uma cultura
totalmente diferente dos alunos. Sendo assim as crianças podem evadir por causa do impacto
que há entre culturas. Quando elas chegam à escola elas se defrontam com valores e normas
diferentes das que estão acostumadas, ficando difícil de aceitar a cultura da escola que
continua a valorizar os padrões culturais da classe dominante. Esse fato se confirma com a
fala de Resende (2002, p.104):
“A criança ao ingressar na escola, depara-se, tal como estranho,
como todo conjunto de valores, comportamentos e atitudes de um
grupo social diferente do seu. É uma situação difícil de enfrentar,
durante parte do dia tenta-se fazer criança um membro da cultura
familiar. É uma situação de conflito, uma situação que tem o
potencial de gerar insegurança, de criar uma sensação de perda de
referências”.
Portanto, deve-se considerar que esses problemas influenciam para que o educando
se sinta desmotivado, inútil, com isso pode haver a evasão do aluno.
A educação deve ser uma forma de valorizar e unificar o homem, porém percebe-se
que não é isso que vem acontecendo, pois é utilizado por um sistema de poder centralizado
que usa e controla o saber como arma, que vem reforçar cada vez mais as desigualdades entre
os homens.
As várias formas de educação que são praticadas reproduzem o saber generalizado
que às vezes esclarecem outras ocultas, de acordo com os interesses da classe dominante.
Entra em cena o ensino formal que consiste em métodos, técnicas, regras e agentes
especializados de transmissão, neste caso a educação deixa de ser processada livremente,
primando pela igualdade, para que através de aparelhos ideológicos (escolas), acentuar a
desigualdade social, dicotomizando o ensino, ficando de um lado a escola do pobre,
responsável pela formação de mão-de-obra (a serviço dos dominantes) e do outro a escola dos
ricos, responsável pela formação dos intelectuais que decidem o rumo que a sociedade deve
tomar. Porém, assim como a educação serve para a reprodução da desigualdade e com um
mecanismo de opressão, serve para a criação de um mundo de igualdade, de libertação, visto
que a mesma representa poder, e mais do que nunca ele contribui para que as pessoas se
comprometam com um determinado fim.
Enquanto, o papel da educação capitalista é reforçar o sistema, o da população é
servir de resistência à invasão do saber elitizado.
Porém, para que se tenha uma educação com essas expectativas é necessário que haja
uma mudança nos padrões da cultura da educação escolar, de modo que esta venha servir de
ajuda na transformação da sociedade.
Sociologicamente falando, a educação compreende o conjunto das ações que visa
integrar e confortar o indivíduo, adaptando-o a um determinado tipo de estrutura social. Mas,
para a classe capitalista brasileira, a educação tem sido um bem de consumo.
A política educacional brasileira tem reforçado a discriminação que há nas classes
sociais. Ela não vem favorecendo a aceleração do ensino destinada as classes populares. O
que contribui para a defasagem, na diluição dos conteúdos da aprendizagem a ser repassado, a
ponto de transformar-se em mera formalidade.
Esse aligeiramento, essa farsa pela qual o ensino brasileiro vem passando poderá ser
solucionado se a ação pedagógica for desempenhada como função de agente político,
defendendo o aprimoramento do ensino destinado às camadas populares, priorizando desse
modo o conteúdo a ser transmitido.
Esse é um problema sócio – político e só poderá ser resolvido na medida em que a
sociedade, de forma democrática, participe ativamente no processo de transformação.
Somente uma sociedade de homens conscientizados será capaz de modificar o
panorama social em que atua, já que a sociedade está inserida em um sistema capitalista, onde
predomina a exploração do homem pelo homem e onde o saber é privilegio de poucos. A
formação oferecida pela escola é crítica, não permitindo a participação do indivíduo como
agente de transformação de sua realidade, dando oportunidades a comunidade de participar da
elaboração do plano político educacional, adaptando a aulas de acordo com as necessidades
do educando, fazendo a integração entre escola e comunidade, pois esta cabe aos membros ou
participantes do plano político com a finalidade de ensinar uma educação elementar e
fundamental a formação do indivíduo em todas as áreas de conhecimentos das ciências.
Portanto, veremos quem são as crianças evadidas das escolas públicas.
1.5 – Quem são as crianças que evadem da escola.
Segundo Abramonicz (1997), as crianças evadidas, são aquelas que estudam em
escolas públicas, filhos de imigrantes, em sua maioria pobre, moram nas favelas em pequenos
barracos de madeira e, devido ao número elevado de elementos na família o mesmo não
possui cômodos suficientes para alojar devidamente essas pessoas. Outro ponto enfatizado
pela autora é a organização da família. As crianças que não possuem uma família estruturada
podem vir a ter problemas escolares.
Nem todos os alunos, convivem com pai e mãe verificando-se diversas situações:
pais separados, alunos órfãos, vivem num lar desunido ou moram com parentes. Muitas vezes
esse problemas trazem obstáculos à aprendizagem da criança, fazendo com que elas deixem
de ir a escola por falta de amor e carinho.
Vale ressaltar também que quando o nº de irmãos é muito grande torna-se difícil dar
atenção de que precisam. Entretanto, há caso do filho único, que recebe toda a atenção de
pais, porém, quando ele chega à escola ele passa a ser mais de um entre os 30, isso prejudica
seu aprendizado, de maneira que ele vai desvalorizar e abandonar a escola, tudo porque não
foi trabalhada a socialização.
Dessa forma é necessário que haja a participação da família na vida escolar de seus
filhos.
1.6– Participação da família como um instrumento essencial para amenizar
a evasão.
A família é a primeira comunidade na qual a criança tem o primeiro contato com a
educação. É nela que a criança começa a desenvolver sua linguagem e perceber o mundo em
que vive. A família é de grande importância na construção do caráter do indivíduo, para que
ele venha entender o processo de desenvolvimento de sua vida social.
A participação da população usuária da escola na sua gestão, está sendo vista como
uma das soluções para tirá-la da atual situação em que se encontra. Já que as ações do Estado
em promover um ensino de qualidade, não vem atendendo as reais necessidades da população
usuária da escola pública.
O Estado tem a obrigação de prestar serviços que de acordo com os interesses dos
indivíduos, como é o caso da escola pública. Por isso é importante que a escola crie
mecanismo que incentive a participação dos mesmos em sua gestão. Mas que essa
participação não seja somente na contribuição financeira e sim na formulação de propostas
que visem à melhoria do seu processo educativo.
A escola pública precisa levar em consideração as necessidades dos alunos, para que
os mesmos tenham desejo em aprender. Percebe-se que as escolas não têm dado importância
ao que acontece com seu alunado fora ou mesmo antes de entrarem na instituição. Sabemos
que o hábito de aprender ou estudar se desenvolve aos poucos e é um valor cultural que
precisa ser cultivado, e para que isso aconteça é preciso que haja ambiente favorável e
estimulo desde a infância e a adolescência. Contudo, é importante que a escola esteja atenta
ao que acontece com seus alunos, se estiver preocupado com a aprendizagem do educando,
buscará uma interação entre a educação familiar e a escola, criando estratégias que levem a
família a desenvolver junto com seus filhos atitudes positivas e duradouras com relação ao
aprender e ao estudar para que o educando goste do que faz, e permaneça na escola.
Apesar das dificuldades em que a família se encontra, ela é considerada como um
fator muito importante para o desenvolvimento da criança em vários aspectos: físico, social e
psicológico. A modernização está ai, mas a influência sendo algo relevante na formação
intelectual do mesmo.
A educação hoje se transformou em um grande desafio para as famílias, pois as
mudanças ocorridas no estilo de vida das classes populares, faz com que as mesmas
buscassem novas alternativas, por isso as mulheres deixaram o lar para ajudar no orçamento
familiar, diminuindo assim, a presença dos pais no contexto familiar. Essa situação tornou-se
um problema trazendo várias conseqüências negativas tais como: a falta de diálogo,
orientação, carência, insegurança e intrigas entre famílias.
A Lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB) nº 9394/96 no seu artigo 2º veio
reforçar essa concepção:
A Educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios
de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem finalidade o
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A família é responsável pela educação de seus filhos, mas esta responsabilidade não
se restringe só no lar. Ela tem a sua participação também na vida escolar. A escola é uma
complementação dos conhecimentos que as crianças trazem do lar, ajudando na formação do
indivíduo, para que assim possa exercer a sua cidadania, portanto ela não é responsável por
toda a educação dos alunos.
A escola deve tentar conscientizar a família de que sua participação faz com que seus
filhos sintam-se mais motivados, confiantes e seguros com vontade de aprender. Isso não
significa que os pais vão assumir os lugares dos professores ou que a responsabilidade dos
mestres vai passar para eles. Mas que eles sejam parceiros, colaboradores no aprendizado de
seus filhos, já que os mesmos passam a maioria do tempo com seus pais, há cerca de 20 horas,
enquanto que a escola acompanha-os apenas 4 horas, logo, a família conhece melhor a
realidade de seus filhos, suas necessidades, dificuldades e individualidades.
Vale ressaltar que muitas famílias têm visto a educação escolar de seus filhos apenas
como um produto pronto para ser adquirido no mercado. Isso acontece por causa da relação
de poder da sociedade capitalista. Um outro problema que acontece em relação á família é que
alguns pais procuram colocar seus filhos nas escolas, tão somente para despender-se dos
cuidados educativos dos mesmos. Isso ocorre tanto nas escolas públicas quanto nas privadas,
pois muitas das vezes os pais mesmos sem condições econômicas suficientes, preferem pagar
uma escola particular, para tirar de si a educação que é lhe cabível.
Todavia, vale ressaltar que existem pais interessados pelos estudos de seus filhos. A
falta de acompanhamento dos mesmos se dá por causa da falta de conhecimentos de alguns,
muitos até gostariam de ajudar, mas por serem analfabetos torna-se difícil a sua contribuição
no aprendizado do educando.
Além disso, existe um outro fator que é apontado como determinante na ausência de
acompanhamento familiar na escola, são as condições materiais em que se encontram as
maiorias da população usuária da escola. Ainda estão incluídas as faltas de espaço para as
crianças estudarem no domicílio e falta de material escolar, pois muitas das vezes os pais não
têm condições de comprá-los. Essas situações fazem com que eles passem a maioria do tempo
fora de casa trabalhando, isso faz com que os pais se sintam cansados, sem nenhuma
disposição para ajudar os filhos nas atividades escolares.
Em função disso, a escola precisa criar estratégia e mecanismos que desperte o
interesse dos pais, para que os mesmos se sintam motivados a participarem da educação
escolar de seus filhos, motivando-os para que não desistam de seus estudos. Como afirma
Paro (1998 p, 16):
É aqui que entra a questão da participação da população na escola,
pois dificilmente será conseguida alguma mudança se não partir de
uma postura positiva com relação aos usuários, em especial pais e
responsáveis pelos estudantes, oferecendo ocasiões de diálogo, de
convivência verdadeiramente humana, numa palavra de participação
na vida da escola. Levar o aluno a querer aprender implica um
acordo tanto com o educando, fazendo-os sujeitos, quanto com seus
pais, trazendo-os para o convívio da escola, mostrando-lhes quão
importantes é sua participação e fazendo uma escola pública de
acordo com seus interesses de cidadãos.
É importante que os pais percebam a necessidade de sua participação, não só na
escola, mas dando continuidade em casa, ajudando e acompanhando, pois o incentivo, a
motivação e a cobrança dos estudos é fundamental para o sucesso do processo ensino /
aprendizagem. Por isso a participação dos pais deveria ser maior, por mais que ele não vá a
escola ou que não saiba ler nem escrever isso não os impede de contribuir no aprendizado de
suas crianças. A partir do momento em que a família começa a se interessar pelo estudo de
seus filhos. Olhando o seu caderno, conversando a respeito da aula, dando carinho, afeto,
atenção à criança se sentirá motivada e estimulada fazendo com que ela tenha um
desempenho melhor na escola, portanto, a complementação da educação escolar no âmbito
familiar, faz com que os alunos tenham sucesso na aprendizagem.
Portanto, são vários os fatores que contribuem para um grande número de crianças
abandonando a escola.
1.7– Fatores que levam os alunos a abandonarem a escola.
Diversos educadores e pesquisadores têm discutido a problemática da evasão, feridas
crônicas da educação brasileira, concentrada na população de baixa renda. Todos os estudos
contribuem para a busca de soluções, na maioria dos casos não está dentro da escola, mas
exige comprometimento dos administradores, uma vez que as ações governamentais devem
privilegiar a solução de problemas, contribuindo para o bem estar da população.
Políticas renovadoras e conscientes devem abraçar as causas mais eficazes que
encaminham para uma educação mais atraente e realmente formadora. A família deve também
ser observada em toda a sua plenitude.
É exatamente este processo de exclusão que impede a continuidade dos estudos de
milhões de estudantes brasileiros, submetidos á necessidade de trabalhar para ajudar no
sustento da família.
Os espaços e o tempo da escola precisam ser flexíveis para evitar a monotonia,
evitando que os alunos percam o interesse, despertando neles a motivação para a construção e
reconstrução de significados. Miranda (2000, p.51) afirma que:
Estamos vivenciando um período de implantação de uma nova
concepção de educação, em que todas as decisões relativas à
organização dos tempos e dos espaços escolares são da competência
da própria escola. Cada uma, portanto tem que ter autonomia para
estabelecer com a comunidade escolar como serão organizados esses
tempos e o próprio espaço, sempre submetidos a uma reflexão que
conduza o educando a aprender com motivação e amor ao local onde
estuda.
A reflexão sobre esse tema deve buscar, em conjunto, a implementação de novas
formas de implementação de novas formas de relação professor / aluno, aluno / aluno e outras,
em ambiente mais democrático, mais participativo e no qual a disciplina seja encarada de
forma mais aberta e responsável, fazendo da vida escolar das crianças e dos adolescentes, uma
experiência significativa de socialização. Certamente será possível, com todas essas idéias,
garantir um dos grandes desafios atuais do ensino público: o direito de permanência na escola.
O interesse pela qualidade da educação e pelo multiculturalismo tem deslocado do
centro do debate a atenção prioritária que há, apenas duas décadas destinava-se ao fracasso
escolar, tido como um elemento indicador da relação entre indivíduo, mas como fracasso da
escola. Mas com todas as discussões pertinentes ao assunto e a conseqüência das atitudes que
desafiam a escola para uma qualidade de ensino mais apurada, não se tem observado uma
mudança no quadro de evasão, repetência e de disparidade entre a faixa etária e o nível de
escolaridade, razão pela qual, continua sendo necessário falar sobre o fracasso escolar e suas
conseqüências sociais. A respeito das contribuições e análises atuais sobre a qualidade de
educação podem trazer a compreensão dos processos educativos e do próprio fracasso na
escola moderna buscando levantar os processos sociais e educativos que conseguem na
produção do fracasso escolar, entrando-se na análise da maneira como os modelos genéticos,
instalados e apropriados pelo dispositivo escolar, podem ter contribuído para o crescimento do
fracasso, e procurando mostrar como podem contribuir sob certas circunstâncias na geração
de estratégias para combatê-lo.
A definição do fracasso escolar como um fenômeno produzido pela escolarização
massificada é interpretado desde um modelo individual, se constitui, a partir de reflexões,
como estas em uma das bases para pensar o problema.
Alem disso, desde os primeiros estudos sobre o tema, observou-se que os resultados
preenchiam as estatísticas do fracasso escolar que estavam quase em sua totalidade, incluídos
nas camadas populares, aqueles que não haviam recebido educação sistemática até a criação
da escola pública. Uma inumerável quantidade de estudos permitiu atualizar os dados que
permitiram mostrar a estreita relação entre a desvantagem escolar e a desvantagem social.
Sobre isso Connel (1993, p.3) afirma que: A evidência dos resultados socialmente desiguais
(...) é um dos fatos mais firmemente estabelecidos à cerca dos sistemas educativos de estilo
ocidental em todas as partes do mundo.
As desvantagens sociais mostram a relevância dos processos de rotulação e
segregação na produção de mais fracasso escolar.
A partir do momento em que não conseguem seus objetivos escolares, em relação a
estas últimas, as causas de sua não adaptação, as diversas soluções possíveis, para cada uma
delas, a estrutura que seria preciso dar ao estabelecimento encarregado de colocá-las em
prática.
Quem trabalha no âmbito educativo tende a considerar a escola como o contexto
natural do desenvolvimento do aluno. Mais ainda legitima aquelas práticas escolares que
considera que estão na linha do desenvolvimento natural da criança. Sob esse ângulo,
perdemos a perspectiva histórica do sistema escolar, como um dispositivo que produz e que
deve produzir, posto que para isso existem formas particulares de desenvolvimento infantil.
O desempenho escolar deve ser favorável, independente das condições sócio-
econômica dos alunos, visto que um aluno de baixa renda que freqüenta uma escola pública
sem condições adequadas para propiciar a aprendizagem, pode vir a ter sucesso.
Antagonicamente um aluno com condições financeiras favoráveis e que tem possibilidades de
freqüentar boas escolas e adquirir material didático adequado e propicio a aprendizagem, pode
não alcançar o sucesso, mas até a evadir da escola.
Observa-se que o fator determinante, nesse aspecto, não depende da condição do
aluno, mas sim da postura, integração e compromisso do professor para com sua turma
trabalhando em parceria com a família e com a sociedade. No entanto, é fundamental perceber
as causas que determinam a evasão escolar.
1.8-Causas determinantes da evasão escolar.
É na listagem das causas da evasão escolar, onde aparecem naturalmente as maiores
controversas, que se compreende já que a sua própria realização pressupõe que se
identifiquem também os seus responsáveis. Neste sentido se acha inteiramente culpado o que
certo sentido é mesmo verdade.
A grande dificuldade destas análises, como veremos, reside na possibilidade de se
isolar nas causas que são determinantes em todo o processo.
Apresentam-se em seguida algumas causas arrumadas em função de seus agentes,
capazes de proporcionar o fracasso escolar:
a)- Alunos:
- Atraso no desenvolvimento cognitivo. As escolas psicométricas de inteligências
têm sido apontadas como um bom indicador para identificar estas causas de individualidades
e insucesso escolar. O problema é que a grande maioria dos alunos que falham nos resultados
escolares tem um desenvolvimento normal.
A instabilidade característica da adolescência, consta entre as muitas causas
individuais do insucesso.Ela traduz muitas vezes o aluno a rejeitar a escola, a desmotivação
nos estudos e nas disciplinas freqüente.
c)- Famílias:
-Pais autoritários, conflitos familiares, divórcios litigiosos, fazem parte de um
extenso rol de causas que podem levar o aluno a sentir-se rejeitado, e comesse a desinteressar-
se pelo seu percurso escolar, adotando um comportamento indisciplinado. A origem social
dos alunos tem sido a causa mais usada para justificar os piores resultados, sobre tudo, quando
são obtidos por alunos originários de famílias de baixos recursos econômicos, onde, aliás, se
encontram as maiores percentagens dos insucessos escolares. Os sociólogos construíram a
partir desta relação causa-efeito uma verdadeira causa que permitem explicar quase tudo;
Nas famílias desfavorecidas, por exemplo, os pais tendem a ser mais autoritários,
desenvolvendo nos filhos normas rígidas de obediência que se revelam piores preparadas para
enfrentarem as crises de identidades, na afirmação de sua independência.
Sendo assim, é fundamental perceber as contribuições da escola para o agravamento
do processo de evasão escolar.
1.8.1 – A contribuição da escola para a evasão escolar:
A cultura da exclusão instalou-se na organização escolar, fazendo com que o Brasil
apesar de seu potencial econômico encontre-se em último lugar a nível de educação básica em
toda América Latina. Levando-nos a refletir, que a escola não vem desenvolvendo o seu
papel.
A LDB (Lei de Diretrizes e Base) nº 9394/96 diz que a educação é um direito de
todos e que a escola deve ser democrática. Mas o que se observa é que ela está excluindo a
maioria de sua clientela, que é a classe popular. A escola tem um discurso de igualdade,
porém não respeita as diferenças. Esta igualdade tão sonhada, só poderá ser atingida se forem
mantidas e respeitadas às diferenças, já que cidadania não pode ser construída sobre a
exclusão de muitos. Na verdade a escola vai contra o seu discurso de acesso igual para todos,
existe um grande abismo entre a realidade e promessas.
Um dos culpados pelo fracasso das crianças é a própria escola e o sistema do qual ela
faz parte. O sistema social em que vivemos produz uma escola que não está de acordo com o
desenvolvimento da criança. A escola ao invés de adaptar-se aos alunos, faz tudo para que os
alunos se adaptem a ela.
Geralmente, a escola não leva em consideração a situação familiar de cada aluno,
tipo de família, número de irmãos e educação familiar. Essa situação dificulta a aprendizagem
do aluno. Isso acontece na medida em que a escola desconhece estas situações particulares e
trata-os como se fossem todos iguais, com os mesmos problemas, as mesmas aspirações e a
mesma situação familiar.
A escola pode prejudicar a aprendizagem, não levando em consideração as
características dos alunos, sua maturidade, seu ritmo pessoal, seus interesses e aptidões
específicas, seus problemas nervosos e orgânicos. Muitos obstáculos à aprendizagem têm
origem familiar e individual, mas seus efeitos negativos sobre o trabalho do aluno, podem ser
minimizados ou anulados, se o professor e a escola procurarem compreender e levar em
consideração esses obstáculos buscando sua superação.
Assegurar a permanência do aluno é um dever da escola. Entretanto existem dentro
da instituição, alguns fatores que podem contribuir para o fracasso escolar das crianças:
atuação do professor, relação professor – aluno, método de ensino, ambiente escolar, currículo
e avaliação.
1.8.2- Atuação do professor:
O professor é uma peça chave dentro da escola. Ele é formador de opiniões contra
ele e a própria escola conforme sua atitude, sua fala e seu silêncio.
Alguns pais acham que se o professor for dedicado, interessado, paciente,
democrático e se não faltar às aulas, facilita a aprendizagem. O autoritarismo, inimizade e o
desinteresse por parte do professor podem levar o aluno a desinteressar-se e não aprender, a
antipatia em relação ao professor faz com que os alunos associem uma relação negativa,
muitas vezes, está nesse fator à origem de distúrbios da aprendizagem que se prolonga por
toda a vida escolar.
É importante que o professor pense sobre sua responsabilidade em relação aos
alunos, pois sua influência é de suma importância. Apesar das dificuldades que tem pela
frente, cabe a ele manter uma atitude positiva, de confiança na capacidade dos alunos, de
estímulos à participação de todos, de entusiasmo em relação à disciplina e de amizade para
com os educandos, só assim estará exercendo sua missão de educador, que não se confunde
com opressão e controle autoritário.
O professor precisa saber que não é o senhor absoluto dono da verdade, dono dos
alunos. Os discentes são pessoas humanas tanto quanto ele e seu desenvolvimento e sua
liberdade de expressão precisam ser respeitados, à medida que isso acontece, o professor
chegará à conclusão de que não é apenas uma máquina de ensinar, ele é uma pessoa e se
relaciona com os alunos de forma global e não como um instrutor ou transmissor de ordem e
conhecimento.
O educador costuma ser considerado um exemplo para os educandos e nem sempre
ele tem consciência disso, transmite aos alunos atitudes positivas ou negativas em relação aos
estudos e aos colegas. Transmite seus preconceitos, suas crenças e seus valores, o aluno
aprende às vezes, muito mais com que o professor faz, do que com aquilo que ele diz, é
importante que ele tenha consciência de que ele não é mais um mero transmissor de
conhecimento, ele é mais um dos exemplos para os alunos em seu desenvolvimento, e estes
poderão vir a imitá-lo, para Werneck (2002, p.89). Um professor aborrecido por qualquer
razão é um potente transmissor de abatimento para os alunos. Ele sem querer expulsa os
alunos da escola.
1.8.3 – Relação Professor x Alunos:
Esta relação se dá de diferentes formas. Ora harmoniosa onde há uma troca de
amizade e de respeito, ora conflitante quando há um desenvolvimento entre educando e
educador, principalmente com aqueles alunos considerados “bagunceiros”, desinteressados.
Quando acontece o conflito entre ambos, os alunos acabam atrapalhando o trabalho do
professor gerando situações que levam o educador a temer as atitudes que certos alunos
tomam contra eles, como ameaça e agressões.
O professor é um exemplo de influência no comportamento do aluno, se o mesmo
tiver uma atitude autoritária e dominador estará estimulando os alunos a terem o mesmo
comportamento em relação aos outros. Isso contribui para a formação de um ambiente de
desconfiança, rejeição e agressão entre eles, causando um clima de desigualdade, competição
e tensão. O professor deve estar preparado para saber controlar essa situação perante aos
alunos, conscientizando-os que, não se resolve nenhum problema de sala de aula com
agressões. Com isso procurar criar um clima bem amigável, favorecendo a aprendizagem livre
e criativa.
1.8.4 – Método de Ensino:
O professor pode prejudicar na aprendizagem se for do tipo conservador, tradicional
e dominador, não aceitará que o aluno se manifeste que dê opinião. Esse professor se
considera o dono da verdade, só ele detêm o saber, só ele é capaz de transmitir o saber aos
alunos, e esses alunos deveriam permanecer calados dando-lhes a resposta somente nas
provas. Criando assim alunos passivos e dependentes, não dando oportunidades para que eles
se desenvolvam se expressem e sejam criativos, participativos, decididos e independentes. A
prática pedagógica é complexa e contextualizada, portanto, não é possível formular receitas
prontas para serem aplicadas a qualquer grupo de alunos. O professor, diante de cada,
situação, precisará refletir encontrar suas próprias soluções e tomar decisões relativas ao
encaminhamento mais adequado, fazendo com que o aluno permaneça na escola.
1.8.5 – Ambiente Escolar:
É outro fator da escola que influência na aprendizagem do aluno. As salas de aulas
não adequadas ou número de alunos muito grande, não há disposição das carteiras, sala sem
ventilação. Outro aspecto a se considerar em relação ao ambiente escolar é sobre o material de
trabalho colocado à disposição dos alunos. Esse deve ser adequado, principalmente na 4ª série
do ensino fundamental, porque os alunos já sabem manuseá-los. A turma numerosa também
dificulta o trabalho do educador, impossibilitando um atendimento individual para que o
professor conheça as dificuldades de cada um.
A administração da escola, e os demais funcionários podem influenciar de forma
negativa ou positiva na aprendizagem, desde que não os trate bem. Se os alunos forem
respeitados e valorizados a influência será positiva, se predominar a prepotência, o descaso e
o desrespeito à influência serão negativos sobre os resultados do processo ensino-
aprendizagem.
1.8.6 – Currículo:
Os currículos escolares hoje servem mais para causar desmotivação para os
educandos do que para promovê-los, algumas escolas possuem seus currículos ultrapassados,
fora da realidade do educando, levando-os até a abandonarem a escola, porque o que é lhes
transmitidos não tem nenhum interesse. Alguns currículos são trabalhados visando somente à
memorização de certos conteúdos, com o objetivo de alcançar uma nota para passar de ano.
Outro problema referente ao currículo é que muitos professores se preocupam mais com a
quantidade do que com a qualidade, enchendo os cadernos de conteúdos, que não despertam a
curiosidade e nem a criatividade do educando. Nesse sentido o estudo se torna estático ao em
vez de renovador, tornando-se um obstáculo no desenvolvimento do aluno. Talvez essas
conseqüências negativas em relação ao currículo, sejam frutos da formação de alguns
educadores que se acostumaram ao tradicionalismo, esquecendo-se de que os estudos e a
realidade da educação são outros.
A escola precisa buscar novas formas de ensinar, elaborar novos conteúdos que
tenham significados e seja significante para a vida do aluno, e que desperte o interesse dele.
Ela precisa está atualizada para prepará-lo para a vida futura. Fato esse que afirma na fala de
Werneck (p. 60, 2002).
Falta à escola uma atitude de olhar para frente, de busca ao futuro
de acreditar no novo, de promover aqueles que se lançam com
ousadia na busca de transformações. É isto que falta a escola e aos
educadores. Portanto, ousem na vida para que vivam na maior
plenitude possível e sejam elementos transformadores.
1.8.7 – Avaliação:
O modo como a avaliação vem sendo tratada nas escolas, resulta em altos índices de
evasão e repetência. As escolas vêm se mantendo tradicional em relação à avaliação,
privilegiando a memorização dos conteúdos, não se preocupando com análise crítica, a
reflexão, a construção do conhecimento, em vez disso tem priorizado a assimilação, fixação
(decorar) dos mesmos. Assim, todavia, o tipo de avaliação que predomina em algumas escolas
é a quantitativa, caracterizada como excludente, já que a mesma visa apenas uma nota, não
levando em consideração o estado emocional do aluno. Também a avaliação se transformou
em uma prática ameaçadora e autoritária, na qual o professor se utiliza para disciplinar e punir
o aluno, sendo ainda, o único instrumento usado para medir a aprendizagem dos alunos.
Para Vygotsky (1997), a criança não nasce sabendo o seu desenvolvimento se dá
principalmente a partir do processo de interação social. A criança aprende mais a partir do
momento em que ela se relaciona com os colegas e troca de experiências. Todavia o
professor deve propiciar situações de aprendizagem coletiva, a fim de que o aluno perceba
a importância da interação social, da coletividade e que a troca de informações entre os
próprios colegas é indispensável no âmbito escolar.
CAPITULO 2: RESULTADO DA PESQUISA.
2.1 Conhecendo o lócus da pesquisa e os sujeitos envolvidos.
A escola pesquisada para a realização deste trabalho foi a Escola Municipal de
Ensino Fundamental Graziela Gabriel, que está localizada na Avenida Lauro Sodré S/N no
bairro do Milagre na zona urbana do município de Castanhal a qual pertence à rede municipal
de ensino onde oferece as modalidades de ensino de 1ª a 4ª série do fundamental e Educação
de Jovens e Adultos (EJA), atendendo um total de 1.076 alunos em três turnos. Possui 11
salas de aula que são ocupadas por 30 turmas divididas nos três turnos de funcionamento,
sendo 11 turmas pela manhã, 08 turmas à tarde e 11 turmas à noite.
No período da pesquisa observou-se que a escola é de grande porte, contendo 01 sala
de direção, 01 secretaria, 01 laboratório de informática educacional, 01 cozinha, 08 banheiros,
01 área para as crianças merendarem e uma área para jogos e recreação.
O quadro de funcionários é composto por 68 pessoas, sendo 01 diretora, 01 vice-
diretora, 01 secretária, 09 auxiliares de secretaria, 09 serventes, 36 professores, 02 vigias, 03
porteiras, 01 coordenadora pedagógica. Dentre os docentes 95% estão formados ou já estão
cursando a faculdade.
Quanto aos recursos materiais e didáticos existentes na escola são insuficientes,
porém os que tem são bem utilizados pelos professores. Em relação ao planejamento e
realizado pelos docentes da escola, por meio de planejamentos pedagógicos mensais, afins de
adequá-los de acordo com a realidade dos educandos.
A escola não apresenta um índice muito elevado de evasão escolar nas 4ª séries,
porém nas outras séries o índice é bastante elevado, devido à super lotação, todavia nas 4ª
séries pode-se detectar que os problemas são de cunho familiar, mudanças de localidades,
idade ultrapassada ao nível de escolaridade.
2.2 Procedimentos metodológicos:
O trabalho foi realizado a partir de um estudo teórico e uma pesquisa de campo,
dentro de uma abordagem qualitativa e quantitativa, para detectarmos as causas da evasão
escolar. Onde realizamos a investigação através de questionários com perguntas abertas e
fechadas.
Foram pesquisados 05 (cinco) alunos da quarta série do ensino fundamental da
escola citada, estes foram relacionados aleatoriamente e identificados por um número (para
assegurar seu anonimato). A tabela 01 apresenta os dados relativos a esta categoria:
Tabela 1: Caracterização dos alunos.
ALUNOS SÉRIE1 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL2 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL3 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL4 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL5 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
Fonte: E.M.E.F.Graziela Gabriel.
Foram pesquisadas 04 (quatro) professoras da escola Graziela Gabriel, que atuam nas
quartas séries da escola citada, foram identificadas por uma letra para assegurar o anonimato
das mesmas. A tabela 2 apresenta os dados relativos a esta categoria.
Tabela 2: Caracterização dos Professores.
PROFESSORES FORMAÇÃO SÉRIE DE ATUACÃOA FORMACÃO DE PROFESSORES 4ª SÉRIEB PEDAGOGA 4ª SÉRIEC PEDAGOGA 4ª SÉRIED CURSANDO PEDAGOGIA 4ª SÉRIE
Fonte: E.M.E.F.Graziela Gabriel.
Foram pesquisados 05 (cinco) pais de alunos da 4ª série do ensino fundamental da
escola Graziela Gabriel, foram identificadas por uma letra para assegurar o anonimato das
mesmas. A tabela 3 apresenta os dados relativos a esta categoria.
Tabela 3: Caracterização dos pais.
PAIS SÉRIE QUE SEUS FILHOS ATUAM1 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL2 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL3 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL4 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL5 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
Fonte: E.M.E.F.Graziela Gabriel.
2.2.1 Analises dos dados coletados:
2.2.1.1 Uma visão dos professores sobre a evasão escolar:
No decorrer da pesquisa verificamos que o problema de evasão escolar é complexo,
cujas causas são múltiplas e diversas.
Perguntamos a 04 (quatro) professores da escola Graziela Gabriel que atuam na 4ª
série da escola citada: Quais os fatores que tem levado esses educandos a evadirem-se da
escola? Obtivemos as seguintes respostas.
Os fatores que levam as crianças a se evadirem da escola, são
psicológicos, condições financeiras, falta de material didático
pedagógico e meio sócio-cultural em que vivem as mesmas. E muitas
vezes os professores rotulam seus alunos por não compreenderem
suas necessidades educacionais. (professora A).
Os fatores que contribuem para evasão escolar são os problemas
familiares, ausência dos pais na escola, a falta de apoio técnico e
pedagógico para um planejamento de acordo com a realidade do
aluno. (professora B).
Os fatores que causam a evasão escolar é a falta de estruturação
familiar, situações financeiras, a idade ultrapassada ao nível de
escolaridade, ou seja, sentem-se mal ao lado dos colegas que
possuem apenas 09 ou 10 anos, enquanto que eles já têm em torno de
13 a 14 anos, isso faz com que eles desistam de seus estudos.
(professora C).
Os fatores que contribuem para a evasão escolar é a super lotação
em sala de aula, que coopera para que estes percam o interesse pelos
estudos, porque muitas vezes não podemos atender a todos ao mesmo
tempo, para tirar as duvidas, ajudando a diminuir as suas
dificuldades, isso faz com que eles desistam de estudar. (professora
D).
Os depoimentos acima confirmam o resultados de nossas pesquisas, pois
constatamos que a evasão escolar é resultado de um conjunto de problemas, onde não se pode
culpar apenas o aluno. Como estudamos a teoria de Abramowicz, que as crianças evadidas
são filhas de imigrantes em soa maioria pobres, a autora também enfatiza que a
desestruturação familiar também contribui para esse problema de evasão escolar.
Sabemos que na sala de aula existem diversos tipos de comportamentos, opiniões
vontades e desejos, porque nela esta reunida um grupo de sujeitos que buscam cada um de sua
maneira e formas variadas de entender cada momento que ali acontece.
Baseados na teoria de Werneck, (2002), confirmamos que a falta de atitude da escola
provoca também problemas para o aluno, por falta de promoções, de busca para o futuro com
ousadia nas transformações da vida educativa. Portanto ousem na vida para que vivam na
maior plenitude possível e sejam elementos transformadores.Werneck (p.60, 2002).
Baseados nestas informações questionamos junto aos professores quais as maneiras
que cada educador trabalha essas diferenças, obtivemos a seguinte resposta:
Procuro trabalhar o Maximo de igualdade possível, em grupo para
que cada aluno possa dividir o que aprendeu com o colega de grupo
o que aprendeu, e com isso tornar as experiências e os conhecimento
mais ricos. (professora C).
Analisamos a citação da professora, percebemos que seu trabalho é voltado para o
trabalho coletivo, a troca de experiências e conhecimento ajudam a diminuir as dificuldades
encontradas pelos alunos.
Vale enfatizar, que o relacionamento entre o professor e o aluno e fundamental para
que acontece a aprendizagem, baseados no autor Paro (2001), essa relação tem que ter
dominação e transparência dos profissionais da educação no processo ensino-aprendizagem,
valorizando as experiências da criança proveniente da sua vida cotidiana.
2.2.1.2 Uma analise dos dados coletados com os alunos que evadiram da
escola:
Perguntamos a três alunos evadidos da 4ª série da escola Graziela Gabriel, como
eram os seus relacionamentos com sua professora, e obtivemos as seguintes respostas: Era
bom, mais a sala é muito cheia, não dava para a professora dar atenção a todos, e com isso
não entendia os assuntos, por isso não fui mais à escola.(aluno A). Era ruim porque ela não
dava muita atenção para nós, era chata e carrasca.(aluno B). Ela era muito exigente, e eu
também não tinha um bom relacionamento com ela.(aluno C).
Observa-se que a uma grande diferença entre as razões que levaram os alunos a
desistirem de seus estudos, alguns tinham um bom relacionamento com a professora outros
não, alguns tinham muita dificuldades na aprendizagem devido à super lotação em sala de
aula, fez com que eles se evadissem por falta de ajudas nas dificuldades escolares.
Sabemos que alguns professores ainda agem com autoridade, só fazem cobrar dos
alunos e ás vezes não ajudam nas dificuldades diárias. Muitos têm esse comportamento
devido à formação que tiveram, e hoje talvez sejam reflexos ou conseqüências eu foram
adquiridas no passado.
2.2.1.3 A participação dos pais na vida escolar de seus filhos.
É relevante a participação dos pais na vida escolar de seus filhos para que ocorra um
bom desempenho dos mesmos na escola. Em relação a este tema perguntou-se á alguns pais
se eles participam da vida escolar de seus filhos e como se dava essa participação, os mesmos
responderam: A minha participação é pouca, pois eu não tenho tempo trabalho muito. Passo
bem dizer o dia todo fora de casa, chego muito cansado e só quero saber de descansar, além
do mais acho que é dever da escola ensinar não meu. (pai A). Procuro participar sempre que
posso, apesar de que eu trabalho muito e passo o dia todo fora. (pai B). Não tenho muito
conhecimento porque estudei pouco, por isso não posso ajudar meus filhos nas dificuldades
escolares. (pai C).
Nos depoimentos acima, percebemos que são vários os problemas que cada pai
coloca em relação à não participação na vida escolar de seus filhos, portanto mais uma vez
vale enfatizar que eles são um dos culpados no problema de evasão escolar que acontece nas
escolas.Segundo Soares (2000, p, 31).
Se a criança fracassa por causa da deficiência lingüísticas e
cognitivas que adquire antes de sua entrada na escola, em
conseqüência da natureza do processo de socialização que “sofre”
em seu meio social e familiar, é preciso reduzir ou eliminar essas
deficiências, antes que a escolarização tenha inicio.
Diante das declarações citadas anteriormente, percebemos que, de fato os educadores
não agem devidamente com cautela aos problemas que os alunos têm na vida diária.
Quadro 1 – Demonstrativo dos dados da categoria de professores.
EIXO TEMÁTICO SIM % NÃO %1.O processo de avaliação dos educandos contribui para a evasão escolar?
- 100%
2. Você se preocupa com o educando que se evade? 100% -Fonte: E.M.E.F. Graziela Gabriel – 2004.
O quadro acima mostra que os professores, apesar das dificuldades, ainda se
preocupam com os métodos de avaliar seus alunos. Alguns chegam até, ir a busca de saber as
causas que levaram os alunos a evadirem da escola.
Quadro 2- Demonstrativo dos dados da categoria de aluno.
EIXO TEMÁTICO SIM % NÃO %1. Você acha que com esse abandono ficará prejudicado para o futuro?
70% 30%
Fonte: E.M.E.F. Graziela Gabriel – 2004.
O quadro acima, nos mostra que mesmo terem abandonado á escola eles são
conscientes que ficarão prejudicados no futuro, mas alguns ainda não tomaram conta disso.
Quadro 3- Demonstrativo dos dados da categoria pais.
EIXO TEMÁTICO SIM % NÃO %1. A escola contribui para a evasão escolar? 75% 25%2. Você acha que seu filho precisa de conhecimento para ser um cidadão na sociedade?
50% 50%
3. Você concorda com a atitude que seu filho tomou?
25% 75%
Fonte: E.M.E.F. Graziela Gabriel – 2004.
O quadro acima nos mostra a insatisfação da maioria dos pais de alunos evadidos da
escola, com o sistema educacional que a escola vem desenvolvendo. Eles acham que é
importante que seus filhos tenham conhecimentos, mas apesar de tudo a escola não está
contribuindo para que seus filhos permaneçam na mesma.
CAPÍTULO 3 – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO:
3.1 – Refletindo o fazer pedagógico.
A evasão escolar é uma dos problemas que as escolas públicas vêm enfrentado,
sendo assim nas escolas de Castanhal não é diferente. De acordo com os dados estatísticos
coletados verificou-se um número não muito alto de evasão nas séries iniciais principalmente
na 4ª série do ensino fundamental da Escola Graziela Gabriel. Mas apesar disto, fez com que
fossemos em busca de solucionar esse problema ou pelo menos tentar minimizar ainda mais
essa situação, que vem causando transtorno para a escola e educadores.
Dessa forma iremos proporcionar aos educandos e educadores melhorias no processo
ensino-aprendizagem, para que o índice de evasão escolar para diminuir cada vez mais nesta
escola.
Ao desenvolvermos nossa pesquisa, obtivemos os seguintes resultados.
1º - Os pais em sua maioria, não participam da vida escolar de seus filhos, sendo
assim, é preciso que os educadores, junto á direção e o corpo técnico da escola trabalhem em
parceria com a comunidade.
2º - Os professores precisam rever as suas metodologias para que as mesmas tornem-
se atrativas e contribuam para manter os alunos na escola.
3º - Os alunos sentem-se desestimulados á participarem das aulas pela ausência dos
pais, e também pelas metodologias utilizadas pelos professores, provocando com isso a
evasão escolar.
Diante desta realidade questionamos:
- Quais as metodologias utilizadas pelos educadores no processo ensino
aprendizagem?
- A superlotação em sala de aula contribui para a evasão escolar?
- De que maneira os alunos são avaliados?
- Quis as causas da evasão escolar na 4ª série?
- O processo de avaliação dos educandos contribuiu para a evasão escolar?
Piaget (1980), percebeu que a criança possui uma lógica de funcionamento mental,
que diferencia qualitativamente da lógica de funcionamento mental do adulto. A criança traz
de casa um conhecimento que para a escola não é válido. Mas para isso, sugerimos que a
Escola Municipal Graziela Gabriel algumas propostas, para que venha contribuir no processo
ensino aprendizagem, visando superar a evasão escolar.
♦ Revisão dos processos de avaliação que, a exemplo daquilo que determina a LDB,
deve privilegiar os aspectos qualitativos e quantitativos do educando, com a avaliação
acontecendo em todos os momentos do processo de ensino e aprendizagem.
Diminuição de alunos nas salas, possibilitando ao professor uma ação mais
eficiente, com a melhor possibilidade de acesso ao aluno e suas dificuldades.
Elaboração de um calendário que atenda ás necessidades do aluno que exerce
atividades que ajudam nos sustentos da família no período das atividades agrícolas,
possibilitando que ele não seja prejudicado nos períodos de plantio e colheita dos gêneros
agrícolas.
Elaboração do projeto Pedagógico da escola de acordo com os anseios de cada
uma das categorias da comunidade escolar.
♦ Promover reuniões e encontros com os pais, utilizando a criatividade de forma que
estas sejam atrativas, para que haja um maior participação dos mesmos.
♦ Utilizar dinâmicas nas aulas de forma que contribuam na participação dos
educandos, tornando as aulas mais atrativas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada nos mostra as necessidades de refletir à cerca do problema da
evasão escolar, com todos e não apenas dos alunos ou dos professores, a fim de fazer com que
todos os envolvidos no processo consigam perceber como responsáveis, e tentar evitar a
evasão, visando uma solução conjunta m prol do desenvolvimento da aprendizagem cognitiva,
motora, social e afetiva dos alunos. Devido às soluções que vêm sendo dadas pelo sistema a
esta problemática são caracterizadas, em geral, por serem apenas remediadoras e superficiais
ao invés preventivas e sistemáticas. Na verdade tem sido apenas de “aliviar” ou “reduzir” a
evasão, ao invés de introduzir as mudanças e as medidas necessárias para eliminá-las como
um mecanismo permanente do sistema educacional.
A escola tem um discurso de igualdade, mas o que se observa é que dentro do âmbito
escolar está presente a cultura de exclusão, já que a mesma procura colocar a culpa da evasão
escolar nas crianças que pertence à camada popular, ficando assim mais fácil passar como
vítima desta situação. Essas crianças têm uma parcela de culpa, talvez por não possuírem um
cômodo adequado para o estudo, também por não terem recurso financeiros suficientes para
comprara os materiais escolares e por terem que conciliar os estudos com o trabalho.
Existem casos dos quais as crianças pertencentes à classe estão incluídas, eles podem
não ter os mesmos problemas que as crianças de classe menos favorecida e possuem como,
por exemplo, a falta de apoio dos pais, mas podem está presentes também à separação dos
pais e a violência que vem afetar os fatores psicológicos, que por sua vez influenciará no
processo de ensino-aprendizagem da criança e isso pode levar a evasão escolar.
Um outro ponto que nos chamou a atenção foi em relação à escola eu ao invés de
adaptar o aluno, ela faz com que os alunos adaptem-se a ela, perdendo assim sua cultura e
seus valores. Com isso evidenciamos que somente alguns professores conseguem articular
teoria e prática, adaptando-se as situações do cotidiano ao trabalho pedagógico, de modo que
atenda as deficiências cognitivas, sociais e afetivas dos alunos.
Todavia, percebemos que a evasão escolar é resultado de várias conseqüências
determinantes dos aspectos sociais e emocionais que levam os alunos a fracassarem como
exemplo, o professor deveria ser amigo, companheiro e mediador do conhecimento, em vez
disso age como um autoritário tradicional. Um outro fator que consideramos como o mais
relevante são as avaliações que perdeu sua função de informar e passou a ser instrumento de
classificar, de controlar, de reprimir. A avaliação não pode se restringir ao julgamento sobre
sucessos e fracassos do aluno, ela deve ser compreendida como um conjunto de atuações que
tem a função de diagnosticar e orientar a intervenção pedagógica.
Com isso a evasão escolar se tornou um grande problema do ponto de vista social, e
nós como profissionais da educação, procuremos minimizar este problema, assumindo a
responsabilidade juntamente com todos os seguimentos da sociedade, e assim ajudá-los nas
dificuldades dos educandos em suas dificuldades. Portanto as teorias existem para que o
mestre possa buscar instrumentos para melhor a prática do trabalho docente.
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