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A UTILIZAÇÃO DO RECURSOS EDUCACIONAIS DIGITAIS NA VISÃO
DOS ALUNOS DO MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Ilza dos Santos Satiro1
Joarez José Leal do Amaral2
RESUMO
O presente artigo traz uma investigação sobre o uso dos recursos educacionais digitais nas escolas
por mestrandos da UFJF, turma 2017. Para a produção dos dados foi utilizado um questionário
estruturado. Foi evidenciado pela análise desses dados que a utilização dos recursos educacionais
digitais são bem vistos e aceitos pelos entrevistados, que o aprendizado melhora ao utilizá-los e o
interesse dos alunos pelo conteúdo aumenta. O que dificulta esse uso é a falta de recursos e de
apoio por parte das escolas, a falta de incentivo, preparo e formação durante a licenciatura e a falta
de formação continuada também são empecilhos para o uso desses recursos. Assim, os dados
indicam que ainda há barreiras a se transpor até se alcançar o uso efetivo dos recursos educacionais
digitais nas escolas.
Palavras-chave: Recursos Educacionais Digitais, Tecnologias, Pesquisa, Questionário.
ABSTRACT
This article presents an investigation regarding the use of digital educational resources in schools
by UFJF master’s degree students in 2017. A structured questionnaire was used in order produce
the data. It was evidenced by the analysis of these data that the use of digital educational resources
are well seen and accepted by the interviewees, since the learning improves when using them, as
well the students’ interest in the content increase. What makes this usage difficult is the lack of
resources and support from the schools, the lack of incentive, preparation and training during the
degree and the lack of continuous training are also obstacles to the use of these resources. Thus,
data indicate that there are still barriers to be transcended until the effective use of digital
educational resources in schools is achieved.
Keywords: Digital Educational Resources, Technology, Research.
1 Ilza dos Santos Satiro, Especialização Lato Sensu em Metodologia Do Ensino Da Matemática- AVM Faculdade Integrada, Professora de Matemática da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro no Colégio Estadual Ciep 456 Marco Polo, na cidade de Três Rios-RJ e Mestranda em Educação Matemática - UFJF- e-mail: [email protected]. 2Joarez José Leal do Amaral, Especialização Lato Sensu em Ensino da Matemática - UFRJ, professor de Matemática da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro no Colégio Estadual Dr. Antônio Fernandes na cidade de Miguel Pereira-RJ e Mestrando em Educação Matemática - UFJF - e-mail: [email protected] .
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Introdução
Com o avanço tecnológico novas alternativas surgem para a dinâmica do ensino nas
escolas. O espaço de aprendizagem, que antes se resumia a sala de aula, alunos, professores, giz,
mesas e cadeiras, conta agora com mais uma importante ferramenta, os recursos digitais. Tais
recursos permitem inúmeras possibilidades de tornar o aprendizado mais prazeroso, envolvente e
assimilativo, amplia o espaço de aprendizado para além da sala de aula, onde os alunos podem
interagir uns com os outros, pesquisar e buscar informações através da internet, softwares
educacionais e através de vários recursos disponíveis que contribuem consideravelmente com a
educação. Os recursos digitais estão disponíveis e auxiliam professores e alunos no processo de
ensino e aprendizagem pois a utilização desses recursos melhora a capacidade de professores e
alunos de unir informações, trabalhar em grupo e aumenta as chances de um aprendizado de
sucesso.
A Utilização dos Recursos Educacionais Digitais (RED) nas Aulas
Recursos Educacionais Digitais são ferramentas digitais utilizadas por professores como
instrumentos facilitadores para apoiar o ensino e a aprendizagem.
O uso de tecnologia é um processo de transformação e as principais inovações tecnológicas
podem resultar em mudanças de todo um padrão de ensino. O uso dos recursos educacionais
digitais nas aulas vem para “prender” a atenção do aluno que está acostumado com tecnologias e
quer estar conectado a todo instante.
Um objeto virtual de aprendizagem é um recurso digital reutilizável que auxilie na
aprendizagem de algum conceito e, ao mesmo tempo, estimule o desenvolvimento de
capacidades pessoais, como, por exemplo, imaginação e criatividade. Dessa forma, um
objeto virtual de aprendizagem pode tanto contemplar um único conceito quanto englobar
todo corpo de uma teoria. Pode ainda compor um recurso didático, envolvendo um
conjunto de atividades, focalizando apenas determinado aspecto do conteúdo envolvido,
ou formado, com exclusividade, a metodologia adotada para determinado trabalho.
(Spinelli, 2007 p. 7)
No início das discussões sobre a introdução dos recursos educacionais digitais na escola,
nos anos de 1980, quando laboratórios de informática estavam sendo implantados, muitos
professores mostravam resistência porque pensavam que, assim como em outros ramos de
atividades, seriam substituídos pelas tecnologias. Contudo, estudos sobre a utilização das
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tecnologias nas escolas apontam que, ao contrário, o papel do professor nesse ambiente é de
fundamental importância, e o ensino e a aprendizagem só têm a ganhar pois:
O imenso potencial dessas novas tecnologias sobre o ensino e a aprendizagem pode trazer
muitas contribuições tanto para os alunos quanto para os professores. Os recursos
estimulam os alunos a desenvolverem habilidades intelectuais de pesquisa e investigação,
pois o conteúdo não lhes é dado pronto. Isso os instiga a estarem mais concentrados e
interessados em aprender. Elas os estimulam a buscar informações sobre um assunto e
relacioná-las com aquelas adquiridas em outros momentos, promovendo ainda a
cooperação entre os alunos.
(Scortegagna, 2016, p.7)
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – (BRASIL, 1998, p. 140) também
compartilham essa ideia e postulam que, para que inovações ocorram “a tecnologia deve servir
para enriquecer o ambiente educacional, propiciando a construção de conhecimentos por meio de
uma atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores”.
A trajetória do desenvolvimento desta pesquisa
Com a intenção de verificar como as tecnologias estão sendo usadas nas aulas, iniciamos
uma pesquisa elaborando um questionário, com perguntas fechadas, que foi respondido por
mestrandos da turma de 2017 em Educação Matemática da UFJF. Por haver professores de
diferentes regiões e cidades brasileiras montamos um questionário com a intenção de buscar
informações de como as tecnologias estão sendo usadas nas escolas brasileiras. São questionados
o papel do professor, da escola e dos alunos nesse contexto, bem como os desafios que os mesmos
enfrentam para utilizar tais recursos. Para superar tais desafios é necessário um conjunto de
mudanças, que vão desde a concepção de educação, aprendizagem, ensino, formação de
professores, até a definição de políticas que garantam a popularização desses recursos.
Para a elaboração do mesmo, utilizamos a recomendação proposta por Laville e Dione
(1999, p. 186), isto é,“um questionário curto, atraente em sua apresentação, com questões simples
e claras (o que não exclui obrigar o interrogado a refletir), um modo de resposta fácil de
compreender”. O questionário constituiu-se de questões que buscaram informações sobre: O
Estado, a cidade e o tempo que lecionam; o nível de ensino em que atuam; se exercem a atividade
em escola particular ou pública; se suas escolas possuem sala de informática ou outros recursos
digitais; se utilizam algum tipo de recurso educacional digital; com que frequência o fazem e quais
as dificuldades encontradas.
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Análise dos Resultados Obtidos
O resultado da pesquisa nos mostra algo que já fazíamos ideia, como professores efetivos
dos ensinos, Fundamental e Médio, percebemos no dia a dia esse resultado e, devido ao nosso
contato com outros profissionais do ensino em várias outras escolas, através visitas ou por debates
com colegas professores, diretores e alunos de diversas cidades em nosso país, percebemos a
mesma realidade nas outras escolas.
Em relação à pesquisa, recebemos o retorno de 15 dos 18 alunos do curso de Mestrado
Profissional em Educação Matemática, da UFJF, onde, 53,3% dos respondentes possuem até 30
anos, 27,7% entre 31 e 40 anos, e 20% com mais de 40 anos. Desse número, 14 atuam no magistério
em diferentes Estados brasileiros, como: Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro, com professores atuando no Ensino Superior, Médio, Fundamental e no EJA/NEJA,
predominando os Ensinos Médio e Fundamental, conforme demonstrado no Gráfico 1.
Gráfico 1: Níveis de atuação dos professores
Fonte: Dados da pesquisa
A maioria dos entrevistados, ou seja, 60% leciona há menos de cinco anos e 66% em
escolas públicas. Quando questionados sobre sua relação com as tecnologias, 80% diz gostar e
20% se dizem apaixonados pelas tecnologias. Quanto a possuir recursos em suas escolas para
trabalharem com as tecnologias observamos os resultados nos Gráficos 2 e 3 a seguir.
Gráfico 2: Infraestrutura de tecnologia na escola
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Fonte: dados da pesquisa
Gráfico 3: Uso de recursos digitais
Fonte: dados da pesquisa
Podemos observar através dos dois últimos gráficos que a maioria das escolas, ou seja,
92% possuem sala de informática e que 64,3% possuem outros recursos educacionais, como data
show, lousa digital, projetor, caixa de som, dvd e tv, sendo que, 93,3% dos entrevistados utilizam
algum desses recursos em suas aulas. Os pesquisados afirmam também que, os alunos gostam
quando usam recursos educacionais digitais no processo educacional e o entendimento do
conteúdo melhora.
Em contrapartida, mais da metade dos entrevistados ensinam como usar o computador e a
internet apresentando uma visão de currículo em que dominam as aulas instrutivas e o currículo
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segue o itinerário recomendado, sem considerar os conhecimentos dos alunos ou sua “bagagem”,
suas experiências de vida. Ainda, 50% dos pesquisados apontam como uma das dificuldades em
usar os recursos educacionais digitais, é a carência destes nas escolas ou ainda, a falta de incentivo
pela direção das escolas, conforme podemos observar no Gráfico 4:
Gráfico 4: Incentivo para uso dos Recursos Educacionais Digitais
Fonte: dados da pesquisa
Quando foi perguntado no questionário se durante a formação houve alguma disciplina que
introduzisse as tecnologias para o uso em sala de aula, 60% disse não haver. Evidencia-se assim
que a formação de professores no século XXI, necessariamente deverá incluir conhecimentos das
tecnologias, tanto para uso de softwares educativos como para utilização da informação no ensino.
Ao questionar se nas escolas existem técnicos ou pessoas para ajudar na seleção dos recursos
educacionais digitais para uso nas aulas, obtivemos 87,7% de respostas negativas e ainda, 92,9%
dos entrevistados afirmaram não ter feito cursos de formação continuada envolvendo o uso de
recursos educacionais digitais.
Presume-se então que não é o professor que dificulta o uso dos Recursos Digitais e sim, o
fato de que poucos recebem formação ou cursos de capacitação nessa área, como podemos
observar também em publicação especializada (CETIC3, 2015, p. 166) constata-se, que a grande
maioria dos professores tem que aprender sozinho a usar as TIC.
3 Com a missão de monitorar a adoção das TIC, em particular, o acesso e uso de computador, internet e dispositivos móveis – foi criado em 2005 o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil seguindo protocolos da UIT (União Internacional de Telecomunicações), UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), UNESCO (Organização das Nações Unidas
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Os aspectos que movem o professor para a adoção dos recursos digitais dizem respeito,
sobretudo, à motivação pessoal (92%) e demanda ou necessidade dos alunos (66%) com
baixo índice para incentivo dos órgãos políticos projeto político-pedagógico da escola,
sugerindo uma identificação do professor mais próxima da cultura digital com a qual vive
no cotidiano do que com as políticas educativas.
(Almeida, 2015, p. 52)
A utilização dos recursos educacionais digitais para motivar e tornar as aulas mais
interessantes, pode ter também, o efeito discutido por Borba e Penteado (2001, p. 98): “fazer com
que essas aulas se tornem tão monótonas quanto as com giz e lousa”. Sendo assim o que era para
motivar e “prender” a atenção do aluno passará a ser apenas uma forma diferente de estudar mas
não menos monótona. O professor deve ter o cuidado para que isso não ocorra pois os alunos estão
conectados a todo instante e, portanto não será apenas uma aula utilizando recursos tecnológicos
que irá fazer com que eles se interessem pelos estudos.
Os entrevistados concordam que os recursos educacionais digitais poderiam ser mais
utilizados (Gráfico 5) e a totalidade deles considera que a utilização desses recursos pode ajudar
no ensino e na aprendizagem.
Gráfico 5: Frequência do uso de recursos digitais na escola
Fonte: dados da pesquisa.
Além da falta de recursos tecnológicos, o professor sofre com outros problemas
para utilizar as TICs: A tecnologia mesma também tem falhado com frequência ao distribuir: formatos
incompatíveis, equipamentos defeituosos, software mal escrito e/ou que exige a
constante compra de atualizações – e não são dificuldades temporárias, mas
para a Educação, a Ciência e a Cultura), EUROSTAT (Instituto de Estatísticas da Comissão Europeia) e CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe).
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fenômenos endêmicos de uma indústria cuja capacidade de gerar lucros estabelece
como premissa, uma obsolescência planejada.
(Buckingham, 2010, p. 41)
Problemas que somados com os já existentes, como: falta de recursos tecnológicos
e pouco conhecimento sobre o mesmo; pouco interesse do aluno pelo estudo, etc. Tornam o
ensino mais difícil.
CONCLUSÃO
Ao realizarmos esta pesquisa tivemos a pretensão de conhecer a realidade sobre o uso de
recurso educacionais digitais de um grupo de professores, atualmente mestrandos do curso de Pós-
graduação em Educação Matemática da UFJF, que lecionam em vários níveis de ensino e em
diversos Estados.
Infelizmente quem está trabalhando em escola ou conhece o passado relativamente recente
do sistema de ensino brasileiro, deve reconhecer que um projeto iniciado há quase cinquenta anos
com o objetivo de alfabetizar o povo brasileiro (MOBRAL)4 que ainda estava à margem, teve
relativo sucesso, mas parece que nossos governos se esqueceram de dar continuidade a esse
processo de construção de conhecimento, pois a sociedade é dinâmica e com a chegada de novas
tecnologias, com suas rápidas transformações e exigências, esse despreparo ficou mais visível de
modo que ainda existem muitas situações em que o professor durante sua formação em licenciatura
não tem recebido as devidas condições para buscar alternativas, aplicar métodos e construir
sequências de aulas mais adequadas e atraentes.
O dinamismo impulsionado pelo grande avanço tecnológico ainda não permitiu o acesso
de todos os membros das comunidades escolares brasileiras às facilidades de pesquisas,
comunicação e a velocidade nas simulações e obtenções de respostas proporcionadas pelo aparato
digital hoje disponível, sendo ainda uma grande lacuna a ser preenchida pelas políticas públicas de
acesso à informação, deixando que uma grande parte dos alunos fique à margem da informação e
do conhecimento, fato esse que é um grande exclusor de oportunidades.
Percebemos, pela nossa experiência e pelo questionário, que a idade não é obstáculo para
os professores fazerem uso dos RED, pois todos declararam que sentem-se apoiados e não
intimidados pelo uso dos aparelhos mais modernos, buscando usar também outras tecnologias além
4 O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) foi um órgão do governo brasileiro, instituído pelo decreto nº 62.455, de 22
de Março de 1968
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do computador em suas aulas e todos concordam que os alunos são receptivos às tecnologias e
quase todos vêm a melhorar seu entendimento sobre o conteúdo abordado através do seu uso, que
ocorre pelo menos uma vez no espaço de tempo de um bimestre letivo. Além de questões
relacionadas ao uso dos recursos educacionais digitais, podemos perceber a preocupação dos
professores participantes da pesquisa em proporcionar a seus estudantes o contato com esses
recursos, pois muitos deles fazem parte do cotidiano das pessoas. Kenski (2009,p. 103) afirma que:
Os alunos que já possuem conhecimentos avançados e acesso pleno às últimas inovações
tecnológicas aos que se encontram em plena exclusão tecnológica; das instituições de ensino
equipadas com mais modernas tecnologias digitais aos espaços educacionais precários e com
recursos mínimos para o exercício da função docente. O desafio maior, no entanto, ainda se
encontra na própria formação profissional para enfrentar esses e tantos outros problemas.
Não temos todas as respostas e o problema do ensino e de aprendizagem da matemática não
se resume ao uso dos RED, mas essa pesquisa foi mais um documento a corroborar com o que já
empiricamente tínhamos conhecimento pela convivência no meio escolar: começando pela
formação, observamos que poucos dos atuais professores tiveram o privilégio de cursar alguma
disciplina que os introduzisse no mundo digital e como o contato com esse novo mundo é muito
peculiar de acordo com sua época, citando as características gerais das gerações mais recentes,
embora possa haver variações de uma região ou país para outro, tanto geográfica como
culturalmente, mas de uma forma geral as relações de cada geração com o mundo digital foram
assim: a geração baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) tiveram pouco ou nenhum contato
com a informática na infância e praticamente em nenhum momento da sua vida acadêmica e de
repente descortinou-se à sua frente um universo que é diferente a cada momento e esse momento
é cada vez menor, então a sua adaptação naturalmente leva mais tempo para assimilar o manuseio
dos novos equipamentos.
A geração X (nascidos entre 1965 a 1976) cresceram com pouquíssima tecnologia digital
sendo que alguns tiveram o privilégio de poder acompanhar seu crescimento mais de perto e outros
nem tanto, pois a tecnologia iniciava sua popularização quando esta geração já estava em início de
carreira na fase adulta e estes, às vezes podem precisar de um auxílio para executar alguma tarefa
nova.
Entre os millennials, nome dado à geração Y (nascidos entre 1977 e 1992) muitos chegaram
a ter um computador pessoal (pc) em casa ainda na infância e a maioria já estava integrada ao
novo mundo tecnológico no início da adolescência. Estes já são independentes.
Quase totalidade dos atuais alunos dos ensinos Fundamental e Médio como também uma
grande parte dos alunos dos cursos superiores, são da geração Z(nascidos no início dos anos 90 até
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hoje), nativos digitais, já que surgiram junto com a grande explosão dos novos avanços digitais e
pode- se dizer que “respiram tecnologia” e querem cada vez mais, pois sua visão acostumada a
focalizar equipamentos de ponta, chega a ser instintiva e totalmente independente quando julga o
assunto interessante e como temos nas escolas representantes destas quatro gerações como alunos
e também como professores, então entender como são esses perfis, pode ajudar os professores a
saber como melhor falar e fazer coisas mais próximas dos seus mundos ou usar métodos não tão
estranhos a eles e para isso o professor, que nem sempre será da mesma geração dos seus alunos,
carece de mais apoio para poder pesquisar, preparar, trabalhar e avaliar, participando de cursos de
introdução, atualizações e produção de material adequado para melhor lidar com a heterogeneidade
de suas turmas e as diferentes gerações.
As salas de informática existem na maioria das escolas, pelo menos com esse nome, porém
muitos computadores são defasados e não existe alguém responsável pela manutenção técnica,
nem para dar um mínimo de suporte em relação à instalação de softwares e configuração dos
mesmos e escolha de aplicativo mais compatível com a situação a ser estudada.
Pela nossa pesquisa, aproximadamente metade das escolas não conta com outro
equipamento digital além do computador e neste caso, a partir dos professores, os quais são
cobrados pelas secretarias de educação a produzir aulas diferenciadas, atraentes e didáticas,
apropriando-se dos recursos tecnológicos mesmo que muitas vezes não tenham acesso a esses
meios, devem-se unir a eles, as direções de escolas e toda a comunidade escolar, para que consigam
dobrar os governos quanto à essa necessidade e proporcional atenção para sanar essas deficiências,
já que quase todos os entrevistados afirmam que a compreensão por parte dos alunos melhora com
o uso das tecnologias.
As políticas públicas praticadas no Brasil, até hoje, ainda que distante, mais se aproximaram
do que seria satisfatório no que diz respeito à entrega de computadores em escolas e criação de
laboratórios de informática, mas no que consiste de apoio, acompanhamento técnico e pedagógico
das práticas em sala e no laboratório, oferecimento de reciclagem e atualização, ainda devemos
nos mobilizar bastante para que sejam feitos à contento.
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