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Atividades sobre substantivo
Questão 01 - (UNIFICADO RJ)
DETERMINISMOS
Acho que o caráter de um povo decorre de sua língua, e não o contrário. O constante mau humor do francês, por exemplo, é uma exigência fonética: a língua francesa soa melhor quando exprime alguma indisposição com o mundo ou com um semelhante. Certos sons, em francês, só são perfeitamente atingidos num determinado grau de irritação. O que, à primeira vista, parece uma insanável assincronia entre o francês e o seu fígado ou o seu destino pessoal não passa de um determinismo da pronúncia. Não se pode esperar do francês o gesto largo e generoso de um povo com amplas vogais, como o Italiano. O que se ouve é uma enganosa amargura, fruto das consoantes construtivas. A mania dos alemães de dominar o mundo
talvez venha do caráter predatório da sua língua,
sempre atrás de maneiras de combinar mais e mais
significados numa só palavra. Há quem diga que o
ideal alemão é reduzir tudo o que precisa ser dito a
uma interminável fileira de sílabas, a uma palavra
única que circundaria o globo e tornaria todas as
outras línguas obsoletas.
Já escrevi que Portugal colonizou a África e
o Brasil porque o português falado lá se tornara tão
difícil de dizer que precisava de ar. Foi a falta de ar
que impeliu as caravelas. O português falado na
África e no Brasil é justamente o português de
Portugal com mais espaço. O mesmo aconteceu com
o inglês americano e australiano em relação ao
inglês. Este teria, com o tempo, se tornado
incompreensível para seus próprios usuários, se não
tivesse adquirido dois grandes continentes, onde
pôde respirar e se espraiar.
Mas se faz bem à língua o espaço maior pode
prejudicar o caráter. Em Portugal ele dizem "ao"
onde nós dizemos "ão" e por isso a nossa
"corrupção" parece maior, tem a força descritiva de
um superlativo. É como se existisse a palavra
"corrupcinha", mas. de tão pouco adequada aos
nossos hábitos, se tivesse perdido no tempo,
substituída para sempre pelo seu oposto. Nosso
português liberado pelo nosso tamanho nos
compeliria só aos grandes pecados. A culpa não é
nossa, é dos nossos superlativos. Ditongo nasal é
destino. (Adaptado - VERÍSSIMO, L.F., In Jornal do Brasil, 8/7/95.)
Ao considerar o substantivo "corrupção" uma
formação superlativa, o autor pretende salientar,
mais do que uma noção de tamanho, uma ideia de:
a) assimetria
b) afetividade
c) intensidade
d) pejoração
e) quantidade
Questão 02 - (UFAM)
Assinale a opção constante de substantivo que, no
plural, NÃO sofre mudança de timbre (de o fechado
para o aberto):
a) esforço / esforços
b) osso / ossos
c) imposto / impostos
d) esposo / esposos
e) fogo / fogos
Questão 03 - (UNIMONTES MG)
A BELEZA NÃO É UM ATRIBUTO
FUNDAMENTAL 1Entre os mitos do amor – não provados, porém
muito acreditados – encontra-se o da beleza.
Diz-se que a paixão pede a beleza para crescer, e
nosso querido poeta Vinícius de Moraes chegou ao
extremo de afirmar: “As feias que me perdoem, mas
beleza é fundamental”. Já na descrição homérica da
guerra de Tróia, atribuía-se o conflito à beleza de
Helena, reforçando a crença no poder da 5estética e
em sua importância para o florescimento do amor.
No entanto, as coisas não se passam bem assim na
realidade. Se a beleza fosse imprescindível para o
amor, onde ficariam todos os feios e as feias que
conhecemos, provavelmente a maior parte da
população? Eles precisariam perguntar ao poeta para
que seria a beleza fundamental. Como a beleza é
menos frequente do que a feiura, podemos presumir
que a maioria formada pelos feios dê valor à 10
qualidade que lhes é ausente, e, por essa razão,
haveria uma ponderável parcela de pessoas
valorizando, até excessivamente, a beleza como
qualidade importante na busca de um(a) parceiro(a).
COLÉGIO SHALOM
Ensino Médio – 2ª Série
Profº: Clécio Oliveira – Língua Portuguesa
Aluno (a) : ______________________________________
Trabalho de Língua
Portuguesa
Data: Março de 2015
Valor: 24% Nota: _____
Para confirmar essa hipótese, podemos tomar o
exemplo do próprio Vinícius de Moraes, que
certamente já não primava pela beleza na época em
que criou a famosa frase.
Frequentemente, vemos casais que nos chamam a
atenção exatamente por serem singularmente 15
díspares, pois, enquanto um é muito bonito, o outro
é bem o contrário. É provável que isso se deva a um
fenômeno bastante comum – a atração dos opostos.
Tanto quanto uma pessoa feia pode valorizar a
beleza como qualidade que busca em seu parceiro, a
pessoa bonita pode se desinteressar por uma
qualidade que, para ela, não passa de um dom
natural, em geral escassamente apreciado por não ser
fruto de um especial esforço, por não ser uma
conquista, mas algo recebido, por assim dizer, de
mão 20
beijada.
Na verdade, se pensarmos friamente, a beleza –
como característica desejada no parceiro que
buscamos – deve vir numa posição não muito
destacada, visto que existem muitas outras
qualidades que são de fato mais fundamentais
quando procuramos nosso companheiro de viagem
pela vida. Honestidade, inteligência, capacidade de
amar, diligência, generosidade, bondade, disciplina
pessoal e 25
saúde são algumas das qualidades que
valorizam uma pessoa mais que simplesmente sua
formosura. Daí a sabedoria popular afirmar que
“beleza não põe mesa”.
Não resta a menor dúvida de que a beleza abre
portas, facilita um primeiro contato, cria uma
impressão favorável e uma predisposição positiva
nas pessoas. Até porque ela tende a ser vista como a
expressão externa de algo interno, ou seja, mostra-se
como uma prévia de qualidades a serem 30
percebidas
posteriormente. Tendemos a acreditar que uma
pessoa é boa e inteligente simplesmente porque é
bela. Isso, porém, pode se tornar uma faca de dois
gumes na medida em que se passa a esperar um
melhor desempenho e um maior leque de qualidades
em uma pessoa, apenas pelo fato de ela ser bonita.
É muito comum encontrarmos entre as mulheres –
como corolário do mito da beleza 35
fundamental –
um outro mito: o da capa de revista. Muitas
mulheres tendem a ficar inseguras quando disputam
um namorado com outra que consideram mais bonita
ou quando percebem seu homem manifestar
interesse por uma mulher do tipo “capa de revista”.
Na imaginação, acolhem a ideia de que os homens
tenderiam a procurar mulheres especialmente
bonitas para serem suas parceiras, o que viria a se
encaixar com a ideia de que a beleza seria mesmo a
qualidade mais valorizada por eles. Podem até 40
existir aqueles que colocam a beleza em primeiro
lugar, mas é muito provável que sejam minoria. A
maior parte dos homens está em busca de mulheres
com outras qualidades consideradas mais
fundamentais.
A qualidade de fato mais importante está na
capacidade de cada indivíduo tirar partido dos
aspectos positivos de sua aparência. Com isso, cada
um de nós mostra que, mais fundamental do que 45
ser bonito, é revelar uma atitude de amor, carinho e
cuidado consigo mesmo. Isso pode ser percebido por
sinais exteriores que, por serem realmente mais
valiosos do que a beleza natural, acabam se
confundindo com ela. O que acontece, muitas vezes,
é que uma pessoa se torna atraente e nos parece
bonita devido somente às suas outras qualidades. Luiz Alberto Py
Em qual das alternativas abaixo, a palavra destacada
é um substantivo?
a) “A beleza não é um atributo fundamental.”
(título do texto)
b) “... qualidades que valorizam uma pessoa
mais que simplesmente sua formosura.” (linha 25)
c) “... uma pessoa se torna atraente...” (linha 47)
d) “É muito comum encontrarmos entre as
mulheres...” (linha 34)
Questão 04 - (UNIPAR PR)
Primeiro foi a devastação, depois a indignação – e
agora a ação. Os termos destacados são substantivos
abstratos derivados de verbo. Assinale a alternativa
em que o substantivo abstrato NÃO deriva de verbo:
a) A concessão de regalias.
b) A explanação dos versos.
c) A manutenção do automóvel.
d) A cessão de direitos.
e) A solidão dos trabalhadores.
Questão 05 - (FUVEST SP)
S. Paulo, 13-XI-42
Murilo
São 23 horas e estou honestissimamente em casa,
imagine! Mas é doença que me prende, irmão
pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada,
depois, desensarado, com uma chuva, domingo
último, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal
que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com
tanto trabalho! Faz quinze dias que não faço nada,
com o desânimo de apósgripe, uma moleza
invencível, e as dores e tratamento atrozes. Nesta
noitinha de hoje me senti mais animado e andei
trabalhandinho por aí. (...)
Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe
mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os
casos “propositais”. Sim senhor, seu poeta, você até
está ficando escritor e estilista. Você tem toda a
razão de não gostar do “nariz furão”, de
“comichona”, etc. Mas lhe juro que o gosto
consciente aí é da gente não gostar sensitivamente.
As palavras são postas de propósito pra não gostar,
devido à elevação declamatória do coral que
precisa ser um bocado bárbara, brutal,
insatisfatória e lancinante. Carece botar um pouco
de insatisfação no prazer estético, não deixar a
coisa muito bem-feitinha.(...) De todas as palavras
que você recusou só uma continua me desagradando
“lar fechadinho”, em que o carinhoso do diminutivo
é um desfalecimento no grandioso do coral. Mário de Andrade, Cartas a Murilo Miranda.
No texto, as palavras “sinusitezinha” e
“trabalhandinho” exprimem, respectivamente,
a) delicadeza e raiva.
b) modéstia e desgosto.
c) carinho e desdém.
d) irritação e atenuação.
e) euforia e ternura.
TEXTO comum às questões: 06 e 07
A DISTÂNCIA ENTRE LÍNGUA E DIALETO
Uma das distinções mais nebulosas da linguística
continua criando
polêmica entre os curiosos
O Brasil, frequentemente se diz, é um país de sorte
porque, apesar das dimensões continentais, aqui não
há dialetos – todos falamos a mesma língua.
Também é comum ouvir que as línguas europeias
têm muitos dialetos ou que na África as línguas
oficiais (dos colonizadores) convivem com dialetos
nativos. O que é, então, língua e dialeto? 05
Para o linguista Max Weinreich, “língua é um
dialeto com um exército e uma marinha”. Não está
longe da verdade. Afinal, a tradicional distinção
entre língua e dialeto está fundada em critérios mais
políticos do que linguísticos.
Língua é um sistema de comunicação formado por
sons vocais (fonemas), que se agrupam para formar
unidades dotadas de significado (morfemas), que se
agrupam para 10
formar palavras, que se agrupam (ih,
ficou monótono!) para formar frases, que se
agrupam para formar textos.
Do ponto de vista estritamente linguístico não há
nada que distinga língua de dialeto. Ambos os
sistemas têm léxico (um inventário de palavras) e
gramática (conjunto de regras de como as palavras
se combinam para formar frases, parágrafos e
textos). 15
Quem fala um idioma nacional e um dialeto
regional é tão bilíngue quanto quem fala dois
idiomas. Então por que alguns sistemas são
chamados de idiomas e outros, não?
Dialeto vem do grego dialektos, composto de dia,
“através”, e léktos, “fala”. Seria, segundo alguns,
uma espécie de fala “atravessada”, um linguajar
defeituoso, não conforme às normas do falar
estabelecidas pelos gramáticos. A primeira definição
de dialeto (que por 20
sinal, teria inspirado as
posteriores) baseava-se numa visão preconceituosa
que a elite ateniense do período clássico tinha em
relação à fala tanto das camadas populares quanto
dos estrangeiros (não-atenienses, inclusive gregos de
cidades vizinhas).
Hoje, costuma-se chamar de dialeto qualquer
expressão linguística que não seja reconhecida como
língua oficial de um país. Assim, um dialeto pode ser
tanto uma 25
variedade linguística regional do idioma
oficial quanto uma língua sem qualquer parentesco
com ele. BIZOCCHI, Aldo. A distância entre língua e dialeto. Revista Língua, ano 2, nº
14, dezembro de 2006. pp 54-57.
Questão 06 - (UFPI)
Em relação à palavra dialeto assinale a assertiva
CORRETA:
a) Trata-se de um neologismo, pois foi criada de
forma inédita pelos gregos;
b) Trata-se de uma derivação por prefixação,
pois inicia pelo prefixo “dia”;
c) Trata-se de um estrangeirismo, pois a palavra
tem origem na Grécia;
d) Trata-se de um substantivo comum de origem
grega;
e) Trata-se de um hibridismo, pois nasce a partir
da junção de duas palavras gregas;
Questão 07 - (UFPI)
O vocábulo “língua”, em relação à palavra
“português”, guarda uma relação de:
a) hiponímia;
b) hiperonímia;
c) sinonímia;
d) homonímia;
e) polissemia.
Questão 08 - (UFAM)
Assinale a opção em que o substantivo, ao ser
levado ao plural, não sofre metafonia (mudança de
timbre da vogal tônica: o fechado para o aberto):
a) molho de peixe
b) poço artesiano
c) ovo de codorna
d) corpo de baile
e) posto de saúde
Questão 09 - (UNIMONTES MG)
Lembrança e esquecimento
DULCE CRITELLI 1“Como é antigo o passado recente!” Gostaria que a
frase fosse minha, mas ela é de Nelson Rodrigues
numa crônica de “A Menina sem Estrela”.
Também fico perplexa com esse fenômeno rápido e
turbulento que é o tempo da vida. Não são poucas as
vezes em que me volto para algum acontecimento
acreditando que ele ainda é atual e descubro 5que ele
faz parte do passado para outros.
Um exemplo é quando, em sala de aula, refiro-me a
eventos que se passaram nos anos 70 e meus alunos
me olham como se eu falasse da Idade Média... E eu
nem contei para eles que andei de bonde!
A distância entre nós não é apenas uma questão de
gerações. Eles nasceram em um mundo já
transformado pela tecnologia e pela informática.
Uma transformação que começou nos anos 50 e que
não 10
nos trouxe somente mais eletrodomésticos e
aparelhos digitais. Ela instalou uma transformação
radical do nosso modo de vida.
Mudou o mundo e mudou o jeito de viver. Mudou o
jeito de namorar, de vestir, de procurar emprego, de
andar na rua e de se locomover pela cidade.
Mudou o corpo. Mudou o jeito de escrever, de
estudar, de morar e de se divertir. Mudou o valor da 15
vida, do dinheiro e das pessoas...
Outros tempos. E, quando um jeito de viver muda,
ele não tem volta. Não se pode ter a experiência dele
nunca mais. Por isso, meus alunos e eu só podemos
compartilhar o tempo atual. Não podemos
compartilhar um tempo que, para eles, é passado,
mas, para mim, ainda é presente.
Os fatos de 30 anos atrás não são passado na minha
vida. Para mim, meu passado não passou e 20
minha
história não envelhece. Minha memória pode
alcançar os acontecimentos que vivi a qualquer
momento, e posso revivê-los como se ocorressem
agora. Mas, se eu os narrar, quem me ouve não pode,
como eu, vivenciá-los. Por isso, para meus alunos,
são contos o que para mim é vida.
Mas é assim que corre o rio da vida dos homens,
transformando em palavras o que hoje é ação. Se
não forem narrados, os acontecimentos e os nossos
feitos passam sem deixar rastros. 25
Faladas ou escritas, são as palavras que salvam o já
vivido e o conservam entre nós. Salvam os feitos e
os acontecimentos da sua total desintegração no
esquecimento.
A memória do já vivido e a sua narração numa
história é o que possibilita a construção da História e
das nossas histórias pessoais. Só os feitos e os
acontecimentos narrados em histórias são capazes de
salvaguardar nossa existência e nossa identidade. 30
Só conservados pela lembrança é que os feitos e os
acontecimentos podem entrar no tempo e fazer parte
de um passado. Recente ou antigo. Folha de São Paulo – 20/3/08
Os substantivos usados para dar título ao texto são
a) homônimos.
b) sinônimos.
c) antônimos.
d) parônimos.
Questão 18 - (IFRS)
QUINO. Mafalda 2. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
afirmações abaixo sobre o emprego das classes de
palavras na tira.
( ) O vocábulo aqui é um pronome.
( ) O vocábulo veículo é um substantivo.
( ) O vocábulo isso é um artigo.
( ) O vocábulo ia é um verbo.
A sequência correta de preenchimento dos
parênteses, de cima para baixo, é
a) F – V – V – V.
b) V – F – F – F.
c) F – F – V – V.
d) V – V – F – F.
e) F – V – F – V.
Questão 11 - (UFOP MG)
Doença do nosso tempo
Mariana Sgarioni
01
Você deve estar pensando: gente teimosa e turrona
existe desde que o 02
mundo é mundo. Por que só
agora se percebeu que isso é um transtorno de 03
personalidade que deve ser tratado? Porque a vida
nunca foi tão difícil para os 04
perfeccionistas. 05
Até poucas décadas atrás, o ritmo mais lento da
vida – e do trabalho – dava 06
espaço a que o sujeito
cabeça-dura se ocupasse com suas obsessões e fosse 07
especialista nelas. Um afinador de pianos podia
demorar semanas para devolver o 08
instrumento ao
cliente, pois seu trabalho dependia somente de
talento, aptidão e 09
treinamento. Mas as coisas
mudaram: surgiram artefatos eletrônicos que, se não 10
substituem perfeitamente o trabalho de um ouvido
absoluto, tornam o serviço bem 11
mais rápido e com
um resultado aceitável para a maioria dos mortais.
Pior para os 12
afinadores perfeccionistas, inventaram
pianos eletrônicos que nunca precisam ser 13
afinados. 14
Em resumo: a pessoa precisa saber se adaptar,
coisa dificílima para um 15
perfeccionista. “Vivemos
numa era em que as vidas social, profissional e
afetiva 16
exigem flexibilidade”, afirma Geraldo
Possendoro. “Quem não é flexível fica para 17
trás e
sofre de ansiedade.” 18
Além disso, a era da informação rápida e fácil –
mas nem sempre confiável 19
– é o inferno dos
perfeccionistas porque os obriga a elevar os próprios
padrões de 20
exigência. Até meados da década de
1990, um jornalista que quisesse escrever 21
sobre
afinação de pianos precisaria se desdobrar para achar
fontes especializadas 22
de informação. Qualquer
besteira escrita passaria em branco para a maioria
dos 23
leitores – só os perfeccionistas teriam
disposição para correr atrás dessas fontes. 24
Hoje,
qualquer tipo de informação – de afinação de pianos
a disfunções intestinais 25
do bagre africano – estão
disponíveis na internet para o jornalista, seu chefe e 26
todos os leitores (ai, Jesus!). 27
Mais fácil que mudar esse mundo é tentar
amolecer a cabeça dura dos 28
perfeccionistas. Mas
como? A psicóloga americana Alice Provost propôs
um 29
exercício para o grupo que estudou na
universidade – uma série de regras que 30
tinham por
objetivo livrar essas pessoas de suas próprias regras
mentais. Elas eram 31
mais ou menos assim: termine
o expediente na hora certa; não chegue ao trabalho 32
antes da hora estabelecida; faça todas as pausas a
que tem direito; deixe a mesa 33
bagunçada;
determine um número de tentativas para concluir o
trabalho e, em 34
seguida, entregue o que tiver.
“Parecem coisas banais, porque aquilo que alguns 35
deles consideram fracasso é algo para o que a
maioria das pessoas não dá a 36
mínima importância”,
diz. Depois pergunte: você foi castigado? A
universidade 37
deixou de funcionar? Você está mais
feliz? Segundo a professora, os cobaias 38
perceberam que se preocupavam demais com
bobagens. “Todos ficaram surpresos 39
porque tudo
continuava funcionando”. In: Superinteressante, março de 2008, p. 69.
“[...] termine o expediente na hora certa; não chegue
ao trabalho antes da hora estabelecida; faça todas as
pausas a que tem direito; [...] e, em seguida,
entregue o que tiver.” (linha 31)
Assinale a alternativa em que a transposição para o
plural está correta:
a) terminem o expediente na hora certa; não
cheguem ao trabalho antes da hora estabelecida;
façam todas as pausas a que têm direito; [...] e, em
seguida, entreguem o que tiverem.
b) terminem os expedientes na hora certa; não
cheguem aos trabalhos antes da hora estabelecida;
façam toda pausa que têm direitos, [...] e, em
seguida, entreguem o que tiverem.
c) terminem os expedientes nas horas certas;
não chegues aos trabalhos antes das horas
estabelecidas; façam todas as pausas a que tem
direitos; [...] e, em seguida, entregue o que tiverem.
d) terminem o expediente nas horas certas; não
cheguem ao trabalho antes das horas estabelecidas;
façam toda pausa que tem direito; [...] e, em seguida,
entregue o que tiver.
Questão 12 - (IFSP)
Responda de acordo com a gramática normativa.
O substantivo em destaque está corretamente
flexionado no plural em:
a) Vários painéus explicativos foram expostos
para orientar os visitantes que vêm ao museu.
b) Os arqueólogos até hoje tentam decifrar
alguns caracteres usados por povos da Antiguidade.
c) Os cidadões estão indignados com o
aumento excessivo e injusto dos impostos.
d) A nova cozinheira sabe preparar deliciosos
pãozinhos de milho.
e) No salão de cerimônias do clube estavam
expostos os troféis do time.
Questão 13 - (FUVEST SP)
Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha
infância, nunca em toda a minha vida, achei um
menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a
flor, e não já da escola, senão de toda a cidade. A
mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o
filho e trazia-o amimado, asseado, enfeitado, com
um vistoso pajem atrás, um pajem que nos deixava
gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou
perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da
Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como
dous peraltas sem emprego. E de imperador! Era um
gosto ver o Quincas Borba fazer de imperador nas
festas do Espírito Santo. De resto, nos nossos jogos
pueris, ele escolhia sempre um papel de rei,
ministro, general, uma supremacia, qualquer que
fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa
magnificência nas atitudes, nos meneios. Quem diria
que... Suspendamos a pena; não adiantemos os
sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa
independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal.
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)
A enumeração de substantivos expressa gradação
ascendente em:
a) "menino mais gracioso, inventivo e
travesso".
b) "trazia-o amimado, asseado, enfeitado".
c) "gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros,
ou perseguir lagartixas".
d) "papel de rei, ministro, general".
e) "tinha garbo (...), e gravidade, certa
magnificência".
Questão 14 - (UNESP SP)
Considere o fragmento de um artigo de Mônica
Fantin sobre o uso dos tablets no ensino, postado na
seção de blogues do jornal Gazeta do Povo em
16.05.2013:
Tablets nas escolas
Ou seja, não é suficiente entregar equipamentos
tecnológicos cada vez mais modernos sem uma
perspectiva de formação de qualidade e
significativa, e sem avaliar os programas anteriores.
O risco é de cometer os mesmos equívocos e não
potencializar as boas práticas, pois muda a
tecnologia, mas as práticas continuam quase as
mesmas.
Com isso, podemos nos perguntar pelos desafios da
didática diante da cultura digital: o tablet na sala de
aula modifica a prática dos professores e o
cotidiano escolar? Em que medida ele modifica as
condições de aprendizagem dos estudantes?
Evidentemente isso pode se desdobrar em inúmeras
outras questões sobre a convergência de tecnologias
e linguagens, sobre o acesso às redes na sala de
aula e sobre a necessidade de mediações na
perspectiva dos novos letramentos e alfabetismos
nas múltiplas linguagens.
Outra questão que é preciso pensar diz respeito aos
conteúdos digitais. Os conteúdos que estão sendo
produzidos para os tablets realmente oferecem a
potencialidade do meio e sua arquitetura multimídia
ou apenas estão servindo como leitores de textos
com os mesmos conteúdos dos livros didáticos?
Quem está produzindo tais conteúdos digitais? De
que forma são escolhidos e compartilhados?
Ou seja, pensar na potencialidade que o tablet
oferece na escola — acessar e produzir imagens,
vídeos, textos na diversidade de formas e conteúdos
digitais — implica em repensar a didática e as
possibilidades de experiências e práticas educativas,
midiáticas e culturais na escola ao lado de questões
econômicas e sociais mais amplas. E isso
necessariamente envolve a reflexão crítica sobre os
saberes e fazeres que estamos produzindo e
compartilhando na cultura digital. (Tablets nas escolas. www.gazetadopovo.com.br. Adaptado.)
No último período do texto, os termos saberes e
fazeres são
a) adjetivos.
b) pronomes.
c) substantivos.
d) advérbios.
e) verbos.
Questão 15 - (FUVEST SP)
“O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo
afetuosa e precavida de usar a linguagem. Afetuosa
porque geralmente o usamos para designar o que é
agradável, aquelas coisas tão afáveis que se deixam
diminuir sem perder o sentido. E precavida porque
também o usamos para desarmar certas palavras que,
por sua forma original, são ameaçadoras demais.”
[Luis Fernando Veríssimo, Diminutivos]
A alternativa inteiramente de acordo com a definição
do autor sobre diminutivos é:
a) O iogurtinho que vale por um bifinho.
b) Ser brotinho é sorrir dos homens e rir
interminavelmente das mulheres.
c) Gosto muito de te ver, Leãozinho.
d) Essa menininha é terrível!
e) Vamos bater um papinho.
Questão 16 - (UNIFOR CE)
… pelo satélite usado nas medições de focos de
calor.
As palavras grifadas nas frases abaixo fazem o
plural de maneira idêntica à palavra grifada acima,
EXCETO em:
a) O Ministério recebeu o apoio da organização
não-governamental.
b) O domínio do fogo foi uma bênção para a
humanidade.
c) Era necessária a redução de focos de
incêndio.
d) A população foi prejudicada pela fumaça das
queimadas.
e) A previsão do Ministro refletia a falta de
controle das queimadas.
Questão 17 - (UFSM RS)
BRASIL, MOSTRA A TUA CARA
A busca de uma identidade nacional é preocupação
deste século
1 Ao criar um livro, um quadro ou uma canção,
o artista brasileiro dos dias atuais tem uma
preocupação a menos: parecer brasileiro. A noção de
cultura nacional é algo tão incorporado ao cotidiano
do país que deixou de ser um peso para os criadores.
Agora, em vez de servir à pátria, eles podem servir
ao próprio talento. Essa é uma conquista deste
século. Tem como marco a Semana de Arte Moderna
de 1922, uma espécie de grito de independência
artística do país, cem anos depois da independência
política. Até esta data, o brasileiro era, antes de tudo,
um envergonhado. Achava que pertencia a uma raça
inferior e que a única solução era imitar os modelos
culturais importados. Para acabar com esse
complexo, foi preciso que um grupo de artistas de
diversas áreas se reunisse no Teatro Municipal de
São Paulo e bradasse que ser brasileiro era bom. O
escritor Mário de Andrade lançou o projeto de uma
língua nacional. Seu colega Oswald de Andrade
propôs o conceito de "antropofagia", segundo o qual
a cultura brasileira criaria um caráter próprio depois
de digerir as influências externas.
2 A semana de 22 foi só um marco, mas pode-
se dizer que ela realmente criou uma agenda cultural
para o país. Foi tentando inventar uma língua
brasileira que Graciliano Ramos e Guimarães Rosa
escreveram suas obras, as mais significativas do
século, no país, no campo da prosa. Foi recorrendo
ao bordão da antropofagia que vários artistas jovens,
nos anos 60, inventaram a cultura pop brasileira, no
movimento conhecido como tropicalismo. No plano
das ideias, o século gerou três obras que se
tornariam clássicos da reflexão sobre o país. "Os
Sertões", do carioca Euclides da Cunha, escrito em
1902, é ainda influenciado por teorias racistas do
século passado, que achavam que a mistura entre
negros, brancos e índios provocaria um
"enfraquecimento" da raça brasileira. Mesmo assim,
é um livro essencial, porque o repórter Euclides, que
trabalhava no jornal "O Estado de S. Paulo", foi ao
campo cobrir a guerra de Canudos e viu na frente de
combate muitas coisas que punham em questão as
teorias formuladas em gabinete. "Casa-Grande &
Senzala", do pernambucano Gilberto Freyre,
apresentava pela primeira vez a miscigenação como
algo positivo e buscava nos primórdios da
colonização portuguesa do país as origens da
sociedade que se formou aqui. Por último, o paulista
Sérgio Buarque de Holanda, em "Raízes do Brasil",
partia de premissas parecidas mas propunha uma
visão crítica, que influenciaria toda a sociologia
produzida a partir de então. João Gabriel de Lima
"VEJA", 22 de dezembro, 1999. p. 281-282. No texto, observa-se a ocorrência de alguns substantivos derivados de verbos - os deverbais. Esses substantivos denotam AÇÃO e apresentam as terminações -a, -e, -o. O único substantivo que NÃO faz parte desse grupo é a) busca (subtítulo).
b) conquista.
c) grito.
d) século.
e) combate.
Questão 18 - (UFF RJ) Cada lugarzinho tem
um canto escondido.
Um ao meio-dia, um às três da tarde.
Cada passarinho tem
um canto exclusivo.
Às vezes passa um carro, mas só às vezes.
E as ondas do mar não param de passar.
Quem tem medo de cobra
põe sapato.
Quem não tem, a mãe
obriga a pôr.
O mormaço apazigua a cor.
Às vezes chove, mas só às vezes.
Estende a esteira pra ver as estrelas.
Sobre a areia deita-se também.
Tudo é cinema.
Ninguém precisa de problema. Arnaldo Antunes
Assinale a opção em que a palavra grifada do Texto
retoma e resume ideias anteriormente expressas.
a) Cada lugarzinho tem
b) Às vezes passa um carro, mas só às vezes.
c) Tudo é cinema.
d) Sobre a areia deita-se também.
e) O mormaço apazigua a cor.
Questão 19 - (UNIFESP SP)
A ciência do palavrão
Por que diabos m... é palavrão? Aliás, por que a
palavra diabos, indizível décadas atrás, deixou de ser
um? Outra: você já deve ter tropeçado numa pedra e,
para revidar, xingou-a de algo como filha da …,
mesmo sabendo que a dita nem mãe tem.
Pois é: há mais mistérios no universo dos palavrões
do que o senso comum imagina. Mas a ciência ajuda
a desvendá-los. Pesquisas recentes mostram que as
palavras sujas nascem em um mundo à parte dentro
do cérebro. Enquanto a linguagem comum e o
pensamento consciente ficam a cargo da parte mais
sofisticada da massa cinzenta, o neocórtex, os
palavrões moram nos porões da cabeça. Mais
exatamente no sistema límbico. Nossa parte animal
fica lá.
E sai de vez em quando, na forma de palavrões. A
medicina ajuda a entender isso. Veja o caso da
síndrome de Tourette. Essa doença acomete pessoas
que sofreram danos no gânglio basal, a parte do
cérebro cuja função é manter o sistema límbico
comportado. E os palavrões saem como se fossem
tiques nervosos na forma de palavras.
Mas você não precisa ter lesão nenhuma para se
descontrolar de vez em quando, claro. Justamente
por não pensar, quando essa parte animal do cérebro
fala, ela consegue traduzir certas emoções com uma
intensidade inigualável.
Os palavrões, por esse ponto de vista, são poesia no
sentido mais profundo da palavra. Duvida? Então
pense em uma palavra forte. Paixão, por exemplo.
Ela tem substância, sim, mas está longe de transmitir
toda a carga emocional da paixão propriamente dita.
Mas com um grande e gordo p.q.p. a história é outra.
Ele vai direto ao ponto, transmite a emoção do
sistema límbico de quem fala diretamente para o de
quem ouve. Por isso mesmo, alguns pesquisadores
consideram o palavrão até mais sofisticado que a
linguagem comum. (www.super.abril.com.br/revista/. Adaptado.)
No texto, o substantivo palavrão, ainda que se
mostre flexionado em grau, não reporta à ideia de
tamanho. Tal emprego também se verifica em:
a) Durante a pesquisa, foi colocada uma
gotícula do ácido para se definir a reação.
b) Na casa dos sete anões, Branca de Neve
encontrou sete minúsculas caminhas.
c) Para cortar gastos, resolveu confeccionar
livrinhos que cabem nos bolsos.
d) Não estava satisfeita com aquele
empreguinho sem graça e sem perspectivas.
e) Teve um carrinho de dois lugares, depois um
carro de cinco e, hoje, um de sete.
Questão 20 - (UFMS)
Leia o trecho da crônica Sexa, de Luis Fernando
Veríssimo.
[...]
- Pai...
- Hummm?
- Como é o feminino de sexo?
- O quê?
- O feminino de sexo.
- Não tem.
- Sexo não tem feminino?
[...] (VERÍSSIMO, Luis Fernando. Sexa. Comédias para se ler na escola.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p.53-54). Com relação à causa da incompreensão entre pai e
filho, assinale a alternativa correta.
a) A palavra sexo é masculina, portanto é do
gênero biológico.
b) Uma confusão entre gênero biológico,
natural e gênero gramatical.
c) A pergunta do filho se referiu ao gênero
gramatical da palavra sexo.
d) A palavra sexo é masculina, portanto é do
gênero natural.
e) O pai entendeu que a pergunta se referiu ao
gênero biológico.
Questão 21 - (UEMA)
Ressentimento e covardia
Carlos Heitor Cony,
Tenho comentado aqui na Pensata, em diversas
crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda
da falta de uma legislação específica que coíba não
somente os usos mas os abusos deste importante e
eficaz veículo de comunicação. A maioria dos
abusos, se praticados em outros meios, seriam
crimes já especificados em lei, como a da imprensa,
que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como
a violação dos direitos autorais, os plágios e outros
recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da
informática mais cedo ou mais tarde colocarão à
disposição dos usuários e das autoridades. Como
digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a
comunicação virtual está em sua pré-história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos
na internet, no que diz respeito aos cronistas,
articulistas e escritores em geral, os mais comuns
são os textos atribuídos ou deformados que circulam
por aí e que não podem ser desmentidos ou
esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é
processado se publicar sem autorização do autor um
texto qualquer, ainda que em citação longa e sem
aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação,
também. E em caso de falsear a verdade
propositadamente, é obrigado pela justiça a
desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece
a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que
é mais expressão de ressentidos e covardes do que
de liberdade, da verdadeira liberdade. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br
Leia o trecho a seguir.
"Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de
expressão, que é mais expressão de ressentidos e
covardes do que de liberdade, da verdadeira
liberdade".
Assinale a alternativa que classifica corretamente, do
ponto de vista morfológico, os termos destacados.
a) Adjetivo, substantivo e adjetivo
b) Substantivo, advérbio e verbo
c) Verbo, verbo e adjetivo
d) Substantivo, substantivo e verbo
e) Verbo, substantivo e adjetivo
Questão 22 - (UFTM MG)
Em nossos dias, o neo-indianismo dos modernos de
1922 (precedido por meio século de etnografia
sistemática) iria acentuar aspectos autênticos da
vida do índio, encarando-o, não como gentil-homem
embrionário, mas como primitivo, cujo interesse
residia precisamente no que trouxesse de diferente,
contraditório em relação à nossa cultura europeia.
O indianismo dos românticos, porém, preocupou-se
sobremaneira em equipará-lo qualitativamente ao
conquistador, realçando ou inventando aspectos do
seu comportamento que pudessem fazê-lo ombrear
com este – no cavalheirismo, na generosidade, na
poesia.
A altivez, o culto da vindita, a destreza bélica, a
generosidade, encontravam alguma ressonância nos
costumes aborígines, como os descreveram cronistas
nem sempre capazes de observar fora dos padrões
europeus e, sobretudo, como os quiseram
deliberadamente ver escritores animados do desejo
patriótico de chancelar a independência política do
país com o brilho de uma grandeza heroica
especificamente brasileira. (Antônio Candido. Formação da literatura brasileira, 2000. Adaptado.)
Considere as passagens do texto: • [...] encarando-o , não como gentil-homem
embrionário [...].
• [...] cujo interesse residia precisamente [...].
• [...] como os descreveram cronistas [...].
Os substantivos retomados pelos pronomes
sublinhados são, respectivamente,
a) neo-indianismo, índio e índios.
b) neo-indianismo, índio e aborígines.
c) índio, primitivo e aborígines.
d) índio, primitivo e cronistas.
e) índio, neo-indianismo e costumes.
Questão 23 - (UFU MG)
O princípio, o meio e o fim "De quanta terra precisa o homem?” A pergunta é o
título de um conto de Leon Tolstoi. Nele, um sujeito
faz pacto com o diabo. Receberá toda a terra que
conseguir percorrer a pé, durante um dia, do nascer
ao pôr do sol. O homem atravessa as horas sem
descanso. Quando o sol já se aproxima do horizonte,
não se dá por satisfeito. Corre. Falta-lhe fôlego, mas
ele não para. Quer ainda possuir aquele vale, aquele
bosque. Quando cai morto de fadiga, o conto explica
de quanta terra precisa um homem: se ele não tem
consciência de limites, apenas um par de metros lhe
bastam. Uma cova não requer mais do que isso.
A trágica moral contida no conto sintetiza um mito-
chave para a compreensão da crise que nossa
civilização enfrenta. O mito do único pecado que os
gregos consideravam capital: a arrogância, entendida
sobretudo como falta de consciência de limites,
como ambição desmedida, como desejo
incontrolável de posse e de poder. Para os gregos
antigos, a arrogância era o maior de todos os
pecados. Era a falha que não tinha remissão. Eles a
chamavam hýbris, e acreditavam que incorrer nessa
falha acarretava a danação eterna.
Insustentável Não é assim, desse modo arrogante –
feito de destruição, poluição e exploração
insustentável dos recursos naturais – que tratamos
nosso planeta-mãe, a Terra? Convencidos de que
todas as coisas foram criadas para satisfazer nossos
desejos e necessidades, inventamos uma cultura
inteiramente destituída de bom senso: a cultura da
produtividade e do consumismo insustentáveis.
Como no conto de Tolstoi, não conseguimos parar.
Derrubamos e queimamos florestas, matamos lagos
e rios, poluímos os mares e a atmosfera, extinguimos
espécies de plantas e de animais. Sem falar nas
mazelas que produzimos para nós mesmos, como
perturbações da saúde física, psíquica e mental, ao
nos impormos um ritmo e uma carga insustentáveis
de trabalho, de produção e de consumismo.
Embriagados pelo desejo de posse e de poder, cada
vez mais distantes da sabedoria ancestral da qual
somos herdeiros, esquecemos que a arrogância
constitui um desequilíbrio maior. Não lembramos
que, por uma lei natural, toda ação que leva à perda
do equilíbrio gera uma força igual e contrária que
procura restabelecê-lo. Essa força, que os gregos
chamavam Nêmesis, era simbolizada por uma deusa
implacável, avessa a qualquer compromisso, a
qualquer oferenda, a qualquer intercessão
apaziguadora. Para os gregos, o aquecimento global
nada mais seria do que uma das tantas emanações de
Nêmesis: a consequência nefasta de uma ação
errônea.
Gaia vive Esse tipo de raciocínio, por sinal, há muito
deixou de ser formulado no âmbito estrito da
filosofia e da religião. Hoje, ele invade o território
pragmático da ciência. Cita-se como exemplo a
Hipótese Gaia, do cientista inglês James Lovelock.
Para ele, a Terra não é uma simples bola mineral a
rodopiar pelo espaço afora. Lovelock e seus
seguidores entendem nosso planeta como um ser
vivo, pulsante, dotado não apenas de um corpo
físico, mas também de psique. Um macrosser, em
tudo análogo a seu filho, o homem.
“Até quando a Terra suportará sem reagir todos os
arranhões que estamos produzindo em sua
superfície?” A célebre questão de Lovelock,
formulada há cerca de três décadas, não precisou
esperar muito pela resposta. Ela está aí: o planeta
reage às agressões de múltiplas formas e, no
momento, a mais ameaçadora delas chama-se
aquecimento global. Istoé, 18 de dezembro de 2009.
Assinale a alternativa em que a palavra em destaque
NÃO está corretamente interpretada de acordo com
seu sentido no texto.
A) “Sem falar nas mazelas que produzimos para nós
mesmos, como perturbações da saúde física,
psíquica e mental, ao nos impormos um ritmo e uma
carga insustentáveis de trabalho, de produção e de
consumismo.” (2º Parágrafo) = doenças.
B) “Para os gregos, o aquecimento global nada mais
seria do que uma das tantas manifestações de
Nêmesis: a consequência nefasta de uma ação
errônea.” (3º Parágrafo) = prejudicial.
C) “[...] inventamos uma cultura inteiramente
destituída de bom senso: a cultura da produtividade
e do consumismo insustentáveis.” (2º Parágrafo) =
privada.
D) “Embriagados pelo desejo de posse e de poder,
cada vez mais distantes da sabedoria ancestral da
qual somos herdeiros, esquecemos que a arrogância
constitui um desequilíbrio maior.” (3º Parágrafo) =
anterior.
GABARITO:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
21 22 23
Atividades sobre Adjetivo
Texto comum às questões 1 e 2
Morte e Vida Severina
O meu nome é Severino
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
Como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença é que a morte severina
ataca em qualquer idade, e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
Iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história da minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra. (João Cabral M. Neto – Morte e Vida Severina – Ed. Nova. Fronteira – 1997 –
adaptado)
Questão 01 - (UNIFOA MG)
“...sobre as mesmas pernas finas”.
A relação sintática existente entre as duas palavras
sublinhadas não pode ser observada em:
a) morte severina
b) presença emigra
c) cabeça grande
d) santo de romaria
e) ventre crescido
Questão 02 - (UNIFOA MG)
Sobre o adjetivo “severina”, da expressão “Morte e
Vida Severina”, que intitula o texto de João Cabral
de Melo Neto, todas as afirmativas estão corretas,
exceto:
a) Refere-se aos migrantes nordestinos que,
revoltados, lutam contra o sistema latifundiário que
oprime o camponês.
b) Pode ser sinônimo de vida árida, estéril,
carente de bens materiais e de afetividade.
c) Designa a vida e a morte dos retirantes que a
seca escorraça do sertão e o latifúndio escorraça da
terra.
d) Qualifica a existência negada, a vida
daqueles seres marginalizados determinada pela
morte.
e) Dá nome à vida de homens anônimos, que se
repetem física e espiritualmente, sem condições
concretas de mudança.
Questão 03 - (UNIMONTES MG)
COMO SER FELIZ Darlene Menconi
Lá se vão mais de 100 dias desde que as primeiras
denúncias de corrupção atingiram o governo Lula e
lançaram o País numa espécie de desencanto
coletivo. A vida seguiu, mesmo que entre a lama e o
medo do caos. Mas teve mais. Os furacões Katrina
e Rita varreram casas e vidas. No Iraque, corpos
queimados viraram estandartes. São tempos difíceis,
que nos conduzem a uma inevitável melancolia. Em
meio à tormenta, salvaramse os bons indicadores
econômicos, como a recuperação da estabilidade, os
recordes da exportação e a primeira queda dos juros
em 17 meses. Sinais de que melhores dias virão e
que vamos começar a ser felizes?
Para os cientistas especializados em bemestar e
satisfação pessoal, não poderia haver sensação mais
equivocada. Não podemos condicionar a felicidade
ao futuro.
Pensamos que seremos felizes depois de trocar de
carro, receber aumento, encontrar um grande amor,
reformar a cozinha ou quando nosso time vencer o
campeonato. As recentes pesquisas sobre o assunto
dizem o contrário, que a felicidade está aqui e no
agora. Um grupo de notáveis, composto pelo
psicólogo americano Daniel Gilbert, da
Universidade de Harvard, e pelo Prêmio Nobel de
Economia Daniel Katneman, da Universidade de
Princeton, descobriu que a felicidade nunca é tão
boa quanto se imaginava nem dura tanto quanto se
pensava. O melhor é que o mesmo princípio vale
para a infelicidade, que não dura para sempre nem é
tão nefasta assim. “Erramos ao tentar prever o que
nos fará felizes, seja quando isso significa um
romance, seja quando significa um novo carro ou
uma refeição suntuosa”, explica o professor Gilbert.
Ou seja, uma Mercedes na garagem não vai fazêlo
mais feliz. Nem sapatos Manolo Blahnik, muito
menos uma televisão de plasma. Tudo isso pode
exercer fascínio, trazer conforto, representar uma
conquista, mas está longe de trazer uma sensação
permanente de satisfação.
Definir felicidade é tão complexo e abstrato quanto
decifrar a insanidade. Desde a Grécia Antiga, os
filósofos estabeleceram uma diferença entre ser e
estar feliz. Nos últimos séculos, o tema mobilizou
artistas, pensadores, intelectuais e produziu frases
antológicas. “O segredo da felicidade é encarar o
fato de que o mundo é horrível, horrível, horrível”,
resumiu o filósofo Bertrand Russel, prêmio Nobel de
Literatura. Já Ingrid Bergman, a atriz de
Casablanca, dizia que “felicidade é ter boa saúde e
péssima memória”. Para os psicólogos, ser feliz é
estar bem.
O psiquiatra e psicoterapeuta Flávio Gikovate vai
lançar um livro sobre o que ele chama de medo da
felicidade. Segundo ele, todos buscam esse estado
de espírito privilegiado, mas acabam se desviando
da rota ou se autosabotando por desespero. Ele
percebe duas maneiras de pensar a felicidade: uma
sensação de paz, completude e harmonia ou uma
conquista. “O importante é perceber que a
felicidade está no processo de chegada ao pódio, e
não na permanência nele. Uma pessoa fica feliz ao
comprar uma casa, mas esse sentimento se esvai em
três semanas”, diz.
O psiquiatra propõe que a felicidade seja vista como
algo dinâmico. É, em primeiro lugar, na obtenção de
quatro requisitos mínimos: saúde física, estabilidade
financeira mínima, boa relação afetiva e integração
social. A partir dessas conquistas, alcançase o
ponto de equilíbrio e o que vier é lucro. A felicidade
inclui ainda autoestima, o cuidado consigo e os
prazeres intelectuais, como curtir uma boa música,
um bom livro, se deleitar com um poema ou uma
ideia nova. “Quem passa a tarde de domingo em
frente à televisão assistindo ao Gugu ou o Faustão
não pode ser plenamente feliz”.
Enfrentar os problemas cotidianos já é uma
forma de buscar satisfação. “Felicidade é algo que
independe do que está a nossa volta. Desfrutar e
saborear a vida é o nosso maior compromisso. As
coisas ruins também fazem parte da vida e quem
aceita isso enfrenta melhor o sofrimento, sem perder
os momentos de alegria”, diz o psicanalista Luiz
Alberto Py. O ser humano tem uma capacidade
inigualável de aceitar e se adaptar. Durante mais de
duas décadas, um psicólogo conhecido como Doutor
Felicidade procura motivações que levam as pessoas
a se sentirem satisfeitas com a vida.
Professor da universidade de Illinóis, o
americano Edward Diener notou que os dois bem
realizados eram aqueles que se cercavam da família,
dos amigos e, mais importante, sabiam perdoar.
Na fala do filósofo Bertrand Russell “O segredo da
felicidade é encarar o fato de que o mundo é
horrível, horrível, horrível”, a repetição do adjetivo:
a) estabelece uma relação antitética entre o que
se diz sobre a felicidade e o que ela é, de fato
b) produz um efeito de intensificação do sentido
expresso por ele
c) cria um efeito de verdade em relação ao que
se diz
d) cria em efeito de inverdade em relação ao
que se diz
Questão 04 - (UEM PR)
Arte de furtar
Questão é se há-de ter o príncipe muitos
conselheiros se um só. (...) Outra questão é se devem
ser conselheiros os letrados, se idiotas [leia-se:
simples curiosos, amadores], isto é de 5capa e
espada. Uns dizem que os letrados, com o muito que
sabem, duvidam em tudo e nada resolvem, e os
idiotas, com a experiência sem especulações, dão
logo no que convém. Outros têm para si que as letras
dão luz a tudo e que a 10
ignorância está sujeita a
erros. E eu digo que não seja tudo letrados, nem tudo
idiotas.
(...) Outra questão se segue a esta (...) se é
melhor para a República ser o príncipe bom e os
conselheiros maus ou serem os conselheiros bons 15
e
o príncipe mau. Se o príncipe se governar por seus
conselheiros, diz Elio Lamprídio, que pouco vai em
que o príncipe seja mau, se os conselheiros forem
bons, porque depressa se faz bom um mau com o
exemplo de muitos bons, que muitos maus 20
bons
com o exemplo e conselho de um bom.
(...) O conselheiro há-de ser prudente e secreto,
sábio e velho, amigo e sem vícios, não cabeçudo,
nem temerário, nem furioso. Quatro inimigas tem a
prudência: primeira, precipitação; 25
segunda, paixão;
terceira, obstinação; quarta, vaidade. A primeira
arrisca, a segunda cega, a terceira fecha a porta à
razão, a quarta tudo tisna. Três inimigos o segredo:
Baco, Vênus e o interesse. O primeiro o descobre, o
segundo o 30
rende, o terceiro o arrasta. E perdido o
segredo do governo, perde-se a República. (...) Excerto do texto anônimo do século XVII.[1652]. Lisboa:
INCM, 1991.
temerário: audacioso, atrevido, precipitado.
tisnar: sujar, macular, enegrecer.
Assinale a alternativa em que o elemento destacado
não é um adjetivo.
a) "...ser o príncipe bom..." (linha 13)
b) "...conselheiros bons..." (linha 14)
c) "...conselheiros maus." (linha 14)
d) "...príncipe mau." (linha 15)
e) "...exemplo de muitos bons..." (linha 19)
Questão 05 - (UFOP MG)
Exercício de Ironia
Beto Vianna* 01
Votar não é coisa fácil. Ainda mais depois que
inventaram essas maquininhas em que não é
preciso nem escrever o nome do candidato. Ou o
número. Até hoje não vi ninguém denunciar essa
eleição informatizada no Brasil como o maior
golpe que já se deu em quem não sabe escrever (ao
lado do 05
celular, do MSN e do orkut). Hoje, não é
preciso saber escrever pra votar. Hoje, não é
preciso saber escrever. Que histórica ironia: depois
de 5.000 anos de evolução da escrevinhação
humana, não precisamos mais escrever o voto, e o
voto virou-se contra a escrita.
Elitista, eu? Vou viajar mais um pouco, que a
responsabilidade da pena é 10
minha: qualquer
bactéria inquilina deste planeta (a maioria, as que
eu conheço, pelo menos) sabe viver em paz e
harmonia com a próxima. Já o humano (a maioria,
os que eu conheço, pelo menos) sofre de
democracismo, desde os gregos. É preferível pra
esse organismo civilizadíssimo a justiça, a
liberdade e a igualdade, ou seja, mais vale o
respeito dos outros ao eu do que a 15
responsabilidade individual. Esse é o fundamento
da Revolução Francesa e da Independência dos
Estados Unidos. Ah! Como se meu vizinho fosse
lavagem pra dar pros porcos, e eu – sempre eu –
fosse o supercidadão, pleno de direitos. A minha
liberdade começa onde... putz, começa onde eu
conseguir que ela comece, e dane-se o resto. Não
esqueço nunca esta música do Premê (cito de 20
memória, talvez com liberdade poética): “compre
já o seu abrigo nuclear e deixe o resto do mundo
queimar à vontade lá fora”.
Você luta por seus direitos? Parabéns, mas
engula comigo o fato que quem inventou isso
foram os gregos em um atentado fundacional no
Ocidente à coletividade, colocando o Estado a
serviço do eu. O Procon, a Lei do Ventre 25
Livre, o
PSDB e o PT, o PSOL, a carteirinha de estudante,
o banheiro público, tudo isso são invenções gregas,
milenares. A idéia é a mesma: eu tenho os meus
direitos e ninguém tasca, mas o direito do vizinho é
problema dele. Cada um com seus problemas, e os
meus problemas devem ser resolvidos pelo Estado. 30
Falando em particular do Brasil, enquanto
nós, intelectuaizinhos da classe mediana, ficamos
reclamando nossos direitos, enquanto nós,
operários sindicalizados, conquistamos 44 horas
semanais, enquanto todos curtimos o livre-arbítrio,
a livre imprensa, o livre comércio, o livre-pensar e
a luta livre, um monte de outros humanopatas é
gerado no sistema educacional brasileiro, esse 35
lugarzinho onde a grana – a verba, pra usar o
termo de quem faz direito – não vai pra quem é de
direito. País capitalista que se preza, como outros
existem por aí há 400 anos, o Brasil paga bem o
universitário e rouba da criança. Capitalista, num
sentido lato da coisa, come criancinha mais rápido
e mais deglutido que qualquer comunista stricto
sensu. *In: Jornal O tempo, 23/09/2006, p. A9.
O adjetivo “inquilina” (linha 10) significa que a
bactéria é:
a) Um ser minúsculo muito popular no planeta.
b) Um ser que habita um planeta que não é seu.
c) Um ser que vive em comunidade
harmoniosa.
d) Um ser mais elitista que o autor do texto.
Questão 06 - (UECE) A MEMÓRIA E O CAOS DIGITAL
Fernanda Colavitti 01
A era digital trouxe inovações e facilidades 02
para o homem que superou de longe o que a 03
ficção previa até pouco tempo atrás. Se antes 04
precisávamos correr em busca de informações de 05
nosso interesse, hoje, úteis ou não, elas é que nos 06
assediam: resultados de loterias, dicas de cursos, 07
variações da moeda, ofertas de compras, notícias 08
de atentados, ganhadores de gincanas, etc. Por 09
outro lado, enquanto cresce a capacidade dos 10
discos rígidos e a velocidade das informações, o 11
desempenho da memória humana está ficando 12
cada vez mais comprometido. Cientistas são 13
unânimes ao associar a rapidez das informações 14
geradas pelo mundo digital com a restrição de 15
nosso “disco rígido” natural. Eles ressaltam, 16
porém, que o problema não está propriamente 17
nas novas tecnologias, mas no uso exagerado 18
delas, o que faz com que deixemos de lado 19
atividades mais estimulantes, como a leitura, que
20envolvem diversas funções do cérebro. Os mais
21prejudicados por esse processo têm sido crianças
22e adolescentes, cujo desenvolvimento neuronal
23acaba sendo moldado preguiçosamente.
24Responda sem pensar: qual era a manchete
25do jornal de ontem? Você lembra o nome da
26novela que antecedeu o Clone? E quem era o
27técnico da Seleção Brasileira na Copa do Mundo
de 28
1994? Não ter uma resposta imediata para
essas 29
perguntas não deve ser causa de
preocupação 30
para ninguém, mas exemplifica bem
o problema 31
constatado pela fonoaudióloga
paulista Ana Maria 32
Maaz Alvarez, que há mais de
20 anos estuda a 33
relação entre audição e
recordação. 34
A pedido de duas empresas, ela realizou uma 35
pesquisa para saber o que estava ocorrendo com 36
os funcionários que reclamavam com freqüência 37
de lapsos de memória. Foram entrevistados 71 38
homens e mulheres, com idade de 18 e 42 anos. A 39
maioria dos esquecimentos era de natureza 40
auditiva, como nomes que acabavam de ser 41
ouvidos ou assuntos discutidos. (Por falar nisso, 42
responda sem olhar no parágrafo anterior: você 43
lembra o nome da pesquisadora citada?) 44
Ana
Maria descobriu que os lapsos de 45
memória
resultavam basicamente do excesso de 46
informação em conseqüência do tipo de trabalho 47
que essas pessoas exerciam nas empresas, e do 48
pouco tempo que dispunham para processá-las, 49
somados à angústia de querer saber mais e ao 50
excesso de atribuições. “Elas não se detinham no 51
que estava sendo dito (lido, ouvido ou visto) e, 52
conseqüentemente, não conseguiam gravar os 53
dados na memória”, afirma. (Fonte Internet: Superinteressante, 2001).
Assinale a alternativa em que todas as expressões
sublinhadas têm valor de adjetivo.
a) Era digital trouxe inovações e facilidades
que superaram o que previa a ficção.
b) Deixemos de lado atividades que envolvem
diversas funções do cérebro.
c) Hoje, úteis ou não, as informações é que nos
assediam.
d) Responda qual era a manchete do jornal de
ontem.
Questão 07 - (UFGD MS)
Em muitos casos o mesmo período pode ser
organizado de diferentes maneiras sem alteração de
sentido. Indique a alternativa em que, alterandose
a posição do adjetivo ou do pronome destacado,
em relação ao substantivo correspondente, não se
prova mudança de expressão.
a) A freira encontrouse com o homem pobre.
b) O grande chefe do narcotráfico entregouse à
polícia.
c) A palavra foi dirigida a mestres simples.
d) Bonitas moças iam e vinham pela orla marítima.
e) Homem algum é capaz de prever o fim do mundo.
Questão 08 - (UFCG PB)
Em “A física, a química e a biologia nos
forneceram hipóteses que são muito melhores que
as oferecidas por qualquer crença em outras
dimensões”, o adjetivo “melhores” está no grau
a) comparativo de superioridade.
b) superlativo relativo de superioridade.
c) superlativo absoluto sintético.
d) superlativo absoluto analítico.
e) comparativo de inferioridade.
Questão 09 - (ITA SP) Durante a Copa do Mundo deste ano, foi veiculada,
em programa esportivo de uma emissora de TV, a
notícia de que um apostador inglês acertou o
resultado de uma partida, porque seguiu os
prognósticos de seu burro de estimação. Um dos
comentaristas fez, então, a seguinte observação:
“Já vi muito comentarista burro, mas burro
comentarista é a primeira vez.” Percebe-se que a
classe gramatical das palavras se altera em função
da ordem que elas assumem na expressão.
Assinale a alternativa em que isso NÃO ocorre:
a) obra grandiosa
b) jovem estudante
c) brasileiro trabalhador
d) velho chinês
e) fanático religioso
Questão 10 - (UNIFOR CE)
O adjetivo sublinhado em Sim, adiamos, uma vez
que há um incoercível destino nacional está
corretamente substituído por:
a) irreprimível.
b) imbatível.
c) indefensável.
d) inconsistente.
e) invencível.
Questão 11 "Em meio da viagem, soprou de súbito rijo
nordeste, e o mar, que até então se conservara
plácido e próspero, encapelou-se raivoso. Em três
minutos as ondas esbravejaram já terrivelmente, e a
canoa, erguida a grande altura, e de novo
arremessada ao pélago, num estardalhaço de vagas,
recebia no bojo quantidade de água suficiente para
metê-la a pique." (Histórias Brejeiras)
Em "... e o mar, que até então se conservara plácido
e próspero, encapelou-se raivoso" há:
a) três substantivos e um adjetivo
b) um substantivo e três adjetivos
c) um pronome e três substantivos
d) dois substantivos e três pronomes
e) quatro substantivos e um adjetivo
Questão 12 - (UFV MG) Assinale a alternativa em que a mudança de
posição entre o substantivo e o adjetivo NÃO pode
acarretar alteração semântica:
a) O grande traficante assusta a polícia. / O
traficante grande assusta a polícia.
b) O pobre viciado sofre muito! / O viciado
pobre sofre muito!
c) O bom filho à casa torna. / O filho bom à
casa torna.
d) O alto traficante assusta a polícia. / O
traficante alto assusta a polícia.
e) O velho amigo é que socorreu o viciado. / O
amigo velho é que socorreu o viciado.
Questão 13 - (UEPB)
“Como agravante temos nessa região pobre uma
taxa de crescimento demográfico mais rápido do
país e dificilmente igualada.” (Correio da Paraíba, 24/05/05)
A compreensão do fragmento acima está
prejudicada devido a uma ambiguidade na estrutura
oracional, provocada pela inadequada distribuição
dos substantivos e adjetivos em destaque no texto.
Apresentamos, abaixo, outras versões (de I a IV)
para expressar a informação.
I “Como agravante, temos, nessa região pobre do
país, uma alta taxa de crescimento demográfico,
dificilmente igualada.”
II “Como agravante, temos nessa região pobre do
país um rápido crescimento demográfico,
dificilmente igualado.”
III “Como agravante temos nessa região pobre uma
taxa de crescimento demográfico do pais mais
rápido e dificilmente igualada.”
IV“Como agravante, temos nessa região pobre uma
taxa de crescimento demográfico mais rápida do
país e dificilmente igualado.”
Indique a alternativa que contém a(s) versão(ões)
que expressa(m), claramente, a informação do
texto:
a) Apenas II e IV.
b) Apenas I.
c) Apenas III e IV.
d) Apenas I e II.
e) Apenas III.
Questão 14 - (UDESC SC)
Assinale a alternativa em que o sentido do adjetivo
NÃO se altera, mesmo se ele for colocado depois
do substantivo.
a) Durante a trilha descobriram-se lindas
paisagens.
b) Comenta-se que ela é uma simples assistente.
c) Descobriram que ele é um falso detetive.
d) O programa que estréia hoje está lançando
um novo comentarista.
e) Nossa equipe contratou um grande
especialista para desvendar o caso.
TEXTO comum às questões 15 e 16
O suor e a lágrima
Fazia calor no Rio, 40 graus e qualquer coisa,
quase 41. No dia seguinte, os jornais diriam que
fora o mais quente deste verão que inaugura o
século e o milênio. Cheguei ao Santos Dumont, o
vôo estava 05
atrasado, decidi engraxar os sapatos.
Pelo menos aqui no Rio, são raros esses
engraxates, só existem nos aeroportos e em poucos
lugares avulsos.
Sentei-me naquela espécie de cadeira canônica,
de coro de abadia pobre, que também pode parecer
o 10
trono de um rei desolado de um reino desolante.
O engraxate era gordo e estava com calor – o
que me pareceu óbvio. Elogiou meus sapatos,
cromo italiano, fabricante ilustre, os Rosseti. Uso-o
pouco, em parte para poupá-lo, em parte porque
quando 15
posso estou sempre de tênis.
Ofereceu-me o jornal que eu já havia lido e
começou seu ofício. Meio careca, o suor
encharcou-lhe a testa e a calva. Pegou aquele
paninho que dá brilho final nos sapatos e com ele
enxugou o próprio suor, que 20
era abundante.
Com o mesmo pano, executou com maestria
aqueles movimentos rápidos em torno da biqueira,
mas a todo instante o usava para enxugar-se – caso
contrário, o suor inundaria o meu cromo italiano. 25
E foi assim que a testa e a calva do valente
filho do povo ficaram manchadas de graxa e o meu
sapato adquiriu um brilho de espelho à custa do
suor alheio. Nunca tive sapatos tão brilhantes, tão
dignamente suados. 30
Na hora de pagar, alegando não ter nota
menor, deixei-lhe um troco generoso. Ele me olhou
espantado, retribuiu a gorjeta me desejando em
dobro tudo o que eu viesse a precisar nos restos dos
meus dias. 35
Saí daquela cadeira com um baita sentimento
de culpa. Que diabo, meus sapatos não estavam tão
sujos assim, por míseros tostões, fizera um filho do
povo suar para ganhar seu pão. Olhei meus sapatos
e tive vergonha daquele brilho humano, salgado
como lágrima. (CONY, Carlos Heitor. Folha de S. Paulo, 19/02/2001.)
Questão 15 - (UERJ)
A tomada de consciência do personagem-narrador
acerca dos abismos sociais vai-se aguçando
gradativamente a partir de certo ponto da narrativa.
Os primeiros sinais dessa tomada de consciência
estão adequadamente representados por um
processo de adjetivação presente na seguinte
alternativa:
a) “Pelo menos aqui no Rio, são raros esses
engraxates, só existem nos aeroportos” ( l. 5 - 7)
b) “Sentei-me naquela espécie de cadeira
canônica, de coro de abadia pobre,” ( l. 8 - 9)
c) “O engraxate era gordo e estava com calor” (
l. 11)
d) “Meio careca, o suor encharcou-lhe a testa e
a calva.” (l. 17 - 18)
Questão 16 - (UERJ)
As comparações, ao destacarem semelhanças e
diferenças entre elementos colocados lado a lado,
funcionam como estratégias por meio das quais se
ressaltam determinados pontos de vista.
Uma comparação está indicada no seguinte
fragmento:
a) “Fazia calor no Rio, 40 graus e qualquer
coisa, quase 41.” ( l. 1 - 2)
b) “caso contrário, o suor inundaria o meu
cromo italiano.” ( l. 23 - 24)
c) “e o meu sapato adquiriu um brilho de
espelho à custa do suor alheio.” ( l. 26 - 27)
d) “deixei-lhe um troco generoso.” ( l. 31)
Questão 17 - (MACK SP)
Origem, nascimento e batizado 1Era no tempo do Rei [...] .
2Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à
borda do navio, o 3Leonardo fingiu que passava
distraído por junto dela, e com o ferrado 4sapatão
assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A
Maria, 5como se já esperasse por aquilo, sorriu-se
como envergonhada do 6gracejo, e deu-lhe também
em ar de disfarce um tremendo beliscão 7nas costas
da mão esquerda. Era isso uma declaração em
forma, segundo 8os usos da terra: levaram o resto
do dia de namoro cerrado [...] . 9[...] meses depois teve a Maria um filho,
formidável menino [...], o 10
qual, logo depois que
nasceu, mamou duas horas seguidas sem largar 11
o
peito. E este nascimento é certamente de tudo o
que temos dito o 12
que mais interessa, porque o
menino de quem falamos é o herói desta 13
história. Manuel Antônio de Almeida – Memórias de um sargento de milícias
No texto,
a) o uso simultâneo de sapatão (aumentativo)
(linha 04) e pisadela (diminutivo) (linha 04)
reforça a idéia de que Leonardo fingia distração.
b) como envergonhada (linha 05) corresponde a
uma intensificação do adjetivo, já que a forma
destacada é sinônima de “muito”.
c) valente (linha 04) e tremendo (linha 06)
podem ser entendidos, respectivamente, como
“vigorosa” e “vigoroso”.
d) cerrado (linha 08) sintetiza a circunstância de
que o casal guardava suas manifestações de afeto
para os ambientes reservados, isolados.
e) formidável (linha 09) é usado de forma
irônica, pois o menino, ao nascer, revelou
comportamento normal e previsível.
Questão 18 - (UFG GO) Uma luta de adjetivos. Touro indomável foi uma
solução mais precisa de Ranging Bull do que seria
sua tradução literal, “touro enraivecendo”. A
adaptação em português enfatiza o aspecto do
termo, não a noção de tempo, como o original
permitiria. Uma alternativa, Touro irado, tem
igualmente menos força que o adjetivo
“indomável”.
No texto, a adaptação do título do filme em
português, substituindo enraivecendo por
indomável, confere ao touro
a) uma habilidade provisória.
b) um estado inconstante.
c) um comportamento oscilante.
d) uma característica permanente.
e) um caráter aventureiro.
Questão 19 - (UEL PR)
Poema obsceno
1 Façam a festa
2 cantem e dancem
3 que eu faço o poema duro
4 o poema-murro
5 sujo
6 como a miséria brasileira
7 Não se detenham:
8 façam a festa
9 Bethânia Martinho
10 Clementina
11 Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
12 gente de Vila Isabel e Madureira
13 todos
14 façam
15 a nossa festa
16 enquanto eu soco este pilão
17 este surdo
18 poema
19 que não toca no rádio
20 que o povo não cantará
21 (mas que nasce dele)
22 Não se prestará a análises estruturalistas
23 Não entrará nas antologias oficiais
24 Obsceno
25 como o salário de um trabalhador aposentado
26 o poema
27 terá o destino dos que habitam o lado escuro
do país
28 – e espreitam. (GULLAR, F. Toda poesia. São Paulo: Círculo do Livro, s. d. p. 338.)
O adjetivo “obsceno” presente no título e no
poema refere-se
a) à permissividade característica de festas
populares como o carnaval.
b) ao tom de poemas de Gullar, proibidos de
figurar em antologias oficiais.
c) à situação dos que habitam o lado escuro do
país.
d) à denuncia de uma condição social.
e) à indignação para com a corrupção política
do país.
Questão 20 - (PUC GO)
Naquele tempo Rudêncio servia numa brigada de
baloneiros e tinha feito voos sobre o território dos
Aruguas para jogar presentes retirados dos
Armazéns Proibidos, aqueles objetos vindos do
tempo antigo que não nos servem para nada, mas
parecem ter muito valor para os atrasados Aruguas.
Rudêncio foi aos Aruguas como embaixador
especial levando vários caixotes cheios daquelas
cabacinhas de vidro que dizem que davam luz
antigamente, daqueles tijolinhos achatados que
tocavam música e falavam, daqueles cataventos de
ferro de vários tamanhos que giravam sozinhos
quando se apertava um botãozinho que eles têm no
pé, e hoje a gente aperta e não acontece nada,
aquelas chapinhas pretas com um buraco no meio,
que dizem que também tocavam música, e muitas
outras dessas bobagens que os antigos adoravam e
que hoje nem sabemos ao certo para que servem.
[...] (VEIGA, José J. Os pecados da tribo.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. p. 9-10. Adaptado.)
Assinale a alternativa que faz uma afirmação
correta sobre o uso do adjetivo “atrasados” para
caracterizar os Aruguas no texto:
a) o uso da palavra “atrasados” no texto se deve
ao fato de Rudêncio manifestar, por meio do
discurso direto, a sua antipatia em relação àquele
povo que, em sua opinião, estava em uma situação
evolutiva inferior a outros povos.
b) o enunciador, ao caracterizar os Aruguas
como “atrasados”, manifesta uma ironia em relação
à dominação cultural de um povo por meio de
instrumentos considerados sem utilidade prática
nos dias atuais.
c) a palavra “atrasados” atribuída aos Aruguas
no texto manifesta a tendência natural dos
escritores em marcar subjetivamente juízos de
valor que eles têm em relação a coisas, a pessoas e
a povos de maneira geral.
d) a forma linguística “atrasados” manifesta a
maneira encontrada pelo narrador de conferir
objetivamente atributos àqueles que, por alguma
razão especial, estão em nível de desenvolvimento
cultural e tecnológico diferente da sociedade
moderna.
GABARITO:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Bom Trabalho! Prof. Clécio Oliveira