Valores e Cultura - A Diversidade Cultural

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Pessoa e Cultura

Valores e Cultura: a diversidade cultural

Enquanto os animais esto dotados de mecanismos biolgicos que os permitem adaptar-se ao meio, o ser humano transformando-o, distinguindo-se assim dos outros animais, para assegurar a sua sobrevivncia. O homem desenvolveu aes sobre o meio de que resultou tudo o que nos rodeia. Os campos cultivados, as casas, as estradas, o vesturio, a electricidade, as mesas, os pratos, os medicamentos, entre outros.

Todo o nosso comportamento modelado por um conjunto de regras e normas sociais. Por exemplo, a fome para alm de ter uma componente fisico-biolgica, tem uma componente sociocultural, acontece o que comemos, quando comemos e como comemos est influenciado pela cultura onde ns nos inserimos. Por exemplo, os muulmanos no comem carne de porco.

a fraqueza biolgica que os obriga a intervir no meio, a produzir cultura.

A cultura o conjunto de formas que um grupo adotou para tratar problemas que lhe so comuns; tudo aquilo que o homem adquire ao longo do tempo em contacto com o meio social e que transmite s geraes vindouras;

o conjunto de valores, crenas, com uma determinada organizao social, com uma determinada maneira de encarar e estruturar a realidade, conhecimentos, instituies, normas, comportamentos, produes artsticas e tcnicas partilhados pelos membros de uma sociedade, transmissveis s geraes seguintes e resultantes da interao social, processo de transformao operado pela sociedade na conduta individual do homem em ordem de dot-lo de um maior nvel de adaptao e de aproveitamento do meio.

A cultura no se manifesta apenas nas produes materiais. As formas de comportamento, os usos e os costumes, os sistemas de valores. As formas de expresso, as normas polticas, religiosas e morais, a conceo do mundo e de morte, as cincias, a organizao social constituem a cultura. O homem produto e produtor de cultura.

na capacidade do ser humano se adaptar ao meio e de transmitir s geraes seguintes as conquistas, e na capacidade de aprender que reside a linha que distingue o ser humano do animal.

Toda a cultura manifesta-se segundo padres de cultura que so regras de vida coletiva que concebem recompensas quando observadas e determinam castigos quando violadas.

So modelos de condutas. Conjunto de normas que regulam os usos e costumes. Formas coletivas de comportamento pelas quais se guiam as condutas individuais.

Portanto, so o conjunto de hbitos, comportamentos comuns aos membros de uma cultura.O processo de interiorizao dos elementos socioculturais do seu meio, em que os mesmos so integrados na estrutura da personalidade designa-se por socializao.

Portanto, a socializao o processo de integrao do indivduo numa determinada sociedade. Esse processo inicia-se no ato de nascer e decorre ao longo de toda a vida e s termina quando indivduo morre.Existem dois tipos de socializao:

Subculturas

Expressa a diversidade de formas que os indivduos tm de se apropriarem e interiorizarem as normas, usos e costumes de uma determinada cultura. Est relacionada com as variaes culturais.

Ou seja, numa mesma sociedade, determinados grupos sociais podem apresentar variaes culturais em termos de formas de estar muito distintas quanto a modos de vestir, linguagem, s ideologias, entre outros. Por exemplo, os gticos, os betos, os surfistas, entre outros.Contracultura

Designa um conjunto de valores, normas e prticas que se opem cultura dominante. Os movimentos de crtica, a maior parte das vezes protagonizados por jovens, surgem nas sociedades industriais avanadas, fundamentalmente aps a 2.a Guerra Mundial; movimento de rutura com os padres culturais globalmente aceites movimentos punks, hippie, entre outros .

Designa-se por aculturao , o fenmeno que traduz o conjunto das mudanas culturais que se produzem nos modelos originais, quando grupos de indivduos de diferentes culturas entram em contacto direto e continuo.

Cada cultura um sistema cujos elementos se reelaboram com as aquisies as trocas, as reinterpretaes, resultantes do contacto entre duas culturas.

AculturaoO processo de aculturao pode assumir duas formas:

Aculturao por reintegrao e aculturao por destruio

Quando um povo reintegra na sua cultura os modelos do grupo com quem entrou em contacto, sem que para isso tenha que destruir os seus prprios valores, estamos perante uma aculturao por reintegrao.

Ao processo de aculturao que conduz aniquilao do patrimnio cultural de um povo, chamamos desculturao ou aculturao por destruio.

Este fenmeno pode ser parcial, isto , verificar-se apenas relativamente a alguns aspectos da cultura de uma coletividade - religio, economia, ideologia poltica, entre outros; ou total, quando implica uma alterao completa da cultura de base. Esta destruio dos valores culturais e sociais de um povo pode considerar-se um autntico etnocdio.

A histria revela-nos mltiplos episdios de etnocdio e mesmo de genocdio, ou seja, a destruio fsica das pessoas que pertencem a determinada comunidade.

Um exemplo de aculturao por destruio o "tratamento" dado aos ndios pelos colonos europeus que ocuparam o continente americano. O dilogo entre culturasA cultura um fenmeno universal que se manifesta em todas as sociedades humanas como forma de responder s necessidades do Homem.

No entanto, no existe uniformidade na resposta a essas necessidades: no h cultura, mas vrias culturas. A cultura varia no tempo e no espao.

A diversidade cultural manifesta-se em diferentes padres de cultura.

A diversidade ou multiculturalismo est relacionado com a existncia de condicionalismos prprios de cada sociedade, isto , as distintas formas que cada sociedade considera como boas ou ms, quanto ao estar e ao ser, ao pensamento e ao comportamento, mas tambm com o facto de pessoas de espaos culturais diferenciados conviverem e relacionarem-se num mesmo espao social. uma atitude que leva um indivduo a considerar que o grupo tnico a que pertence superior.

A atitude etnocntrica tende, por conseguinte, a considerar as culturas diferentes como inferiores: partindo do princpio de que os usos e costumes que partilha que so normais e superiores, usa-os como critrio para julgar de modo depreciativo outros hbitos culturais.

portanto, a tendncia para sobrevalorizar uma dada cultura, considerando os seus padres culturais como medida daquilo que desejvel e estimvel para todos.

Etnocentrismo

Para preservar os traos da sua cultura, o etnocentrista pode assumir posturas negativas como:

Xenofobia dio em relao aos estrangeiros, qualquer forma de preconceito racial, grupal (de grupos minoritrios) ou cultural;

Racismo repdio violento de determinados grupos tnicos, rejeio violenta de um ou mais grupos tnicos, preconceito baseado em diferenas biolgicas, como a discriminao baseada na cor da pele;

Chauvinismo nacionalismo ou patriotismo fantico, todo tipo de opinio exacerbada, tendenciosa, ou agressiva em favor de um pas, grupo ou ideia;

Etnocdio destruio sistemtica da cultura de um grupo, ou seja, a eliminao, por todos os meios, no s dos seus modos de vida, mas tambm dos seus modos de pensamento.

Genocdio - assassinato deliberado de pessoas motivado por diferenas tnicas, nacionais, raciais, religiosas e (por vezes) polticas. Pode referir-se igualmente a aes deliberadas cujo objetivo seja a eliminao fsica de um grupo humano.Relativismo cultural atitude que, sob a capa do respeito e da tolerncia pelas outras culturas, dificulta o dilogo entre culturas.

Atitude de respeito pelas outras culturas, aceitando cada uma como forma prpria de entender e relacionasse com o mundo.

O relativismo cultural ou culturalismo:

defende que os padres de comportamento e os sistemas de valores dos povos com os quais se entra em contacto sejam julgados e avaliados sem referncia a padres absolutos;defende a necessidade de tolerncia pelas diferenas (raciais, tnicas, religiosas, sexuais) e de respeito pelas outras culturas;critica a tendncia para julgar como inferior, irracional e bizarro tudo o que diferente dos prprios costumes.

Atitudes relacionadas com o relativismoRacismo - Embora proponham o respeito pelos modos de vida de todos os povos, os relativistas esto a preservar a sua prpria cultura. A melhor forma de as pessoas se preservarem consiste em no se misturarem. Da no serem adeptos do dilogo cultural.Isolamento - Apesar da tolerncia, o relativismo promove a separao entre culturas, no manifestando interesse em estabelecer contacto com povos diferentes. A defesa de que cada ser humano deve ficar no seu pas e viver segundo a sua cultura acaba por ser, muitas vezes, um modo de justificar a proibio da entrada de imigrantes.

Estagnao - H uma viso esttica das culturas, considerando que o importante manter as tradies. Cada cultura deve promover os seus valores, evitando todo o contacto com outras culturas. Certamente que salutar preservar as tradies com vista conservao da memria colectiva; porm, a cultura algo de vivo que se deve adaptar a novas circunstncias e, para isso, os contactos entre culturas so altamente enriquecedores.

Interculturalismo e dilogo entre culturas

Este movimento tem como ponto de partida o respeito pelas outras culturas, superando as falhas do relativismo cultural, ao defender o encontro, em p de igualdade, entre todas elas.

O interculturalismo prope-se promover os seguintes objetivos:

Compreender a natureza pluralista da nossa sociedade e do nosso mundo.Compreender a complexidade e riqueza da relao entre as diferentes culturas, tanto no plano pessoal como no comunitrio.Colaborar na busca de respostas aos problemas mundiais que se colocam nos mbitos social, econmico, poltico e ecolgico.Promover o dilogo entre as culturas.

O dilogo entre culturas corresponde a uma exigncia do nosso tempo, dada a necessidade de dar respostas comuns a desafios que se colocam a todos os povos. Para levar a cabo esta tarefa, necessrio ter como base um conjunto de valores partilhados, entre os quais se evidenciam os seguintes:

Salvaguarda dos direitos humanos.Apreo pela liberdade, igualdade e solidariedade.Respeito pelas diferenas culturais.Promoo de uma atitude dialogante.Implementao de uma tolerncia ativaEstes mnimos morais so os alicerces para a construo da "civilizao mundial. Tal civilizao ser obra de todas as culturas e raas e ter de ser edificada atravs de um dilogo intercultural srio e frutfero.Dado que no se pode considerar que qualquer cultura tenha atingido o seu total desenvolvimento, o dilogo entre povos de diferentes culturas o meio de possibilitar o enriquecimento mtuo de todas elas.

O interculturalismo prope, assim, que se aprenda a conviver num mundo pluralista e se respeite e defenda a humanidade no seu conjunto.