VALORIZAÇÃO DA ROUPA INFANTIL POR MEIO DA TÉCNICA...
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
VALORIZAÇÃO DA ROUPA INFANTIL POR MEIO DA TÉCNICA
ARTESANAL PATCH APLIQUÊ.
LAÍS FACCO BACARIN
APUCARANA
2017
LAÍS FACCO BACARIN
VALORIZAÇÃO DA ROUPA INFANTIL POR MEIO DA TÉCNICA
ARTESANAL PATCH APLIQUÊ.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso II do Curso Superior de
Tecnologia em Design de Moda, da
Universidade Tecnológica Federal do
Paraná – UTFPR, Campus Apucarana,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Tecnólogo.
Orientadora: Gisely Andressa Pires
APUCARANA
2017
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Apucarana
CODEM – Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda
TERMO DE APROVAÇÃO
Título do Trabalho de Conclusão de Curso Nº 237
Valorização da roupa infantil por meio da técnica artesanal patch apliquê
por
LAÍS FACCO BACARIN
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado aos vinte dias do mês de junho do ano
de dois mil e dezessete, às vinte horas e trinta minutos, como requisito parcial para a obtenção
do título de Tecnólogo em Design de Moda, linha de pesquisa Processo de Desenvolvimento
de Produto, do Curso Superior em Tecnologia em Design de Moda da UTFPR – Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. A candidata foi arguida pela banca examinadora composta
pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a banca examinadora considerou o
trabalho aprovado.
_____________________________________________________________
PROFESSORA GISELY A. PIRES – ORIENTADORA
______________________________________________________________
PROFESSOR NÉLIO PINHEIRO – EXAMINADOR
______________________________________________________________
PROFESSORA TAMISSA J. B. BERTON – EXAMINADORA
“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
AGRADECIMENTOS
Primeiro gostaria de agradecer a Deus, por ter sido minha força e meu refúgio
durante o período de desenvolvimento desse trabalho e principalmente por me
presentear com pessoas maravilhosas à minha volta, já que sozinha finalizar esse
projeto seria impossível.
Gostaria de agradecer principalmente à minha família, em especial minha mãe
Silvia, meu padrasto Fregatto e meu namorado Guto, pelas madrugadas, pelo silêncio,
pelos abraços, pela compreensão, enfim, por todo o suporte emocional e técnico que
vocês me deram até aqui, por me incentivar e acreditar em mim mais do que eu
mesma acreditava.
Agradeço minha orientadora Gisely Pires, por sempre ser uma guia sensacional
nessa caminhada, pela praticidade, por estar sempre disponível, mas principalmente
por acreditar na minha capacidade desde o início.
Agradeço imensamente aos meus amigos Erica Hidalgo, Mariellen Fernandes,
Letícia Vilela e Lucas Fiori por me ajudar nas partes técnicas, esse trabalho também
é um pouquinho de vocês.
Também gostaria de agradecer a professora Maria Ohara, por me apresentar
o vasto universo do patchwork e suas vertentes e a artesã e amiga Suzana Xavier,
que pacientemente me ensinou a fazer os bordados manuais do patch apliquê.
Por último, quero deixar um agradecimento especial a minha professora de
costura, amiga e incentivadora Irma Scheller, que me apresentou ao Patch Apliquê, o
qual tornou-se tema central desse trabalho.
RESUMO
BACARIN, Laís Facco: Valorização da roupa infantil por meio da técnica artesanal patch apliquê: 2017. 124 p. Trabalho de Conclusão de Curso de Tecnologia em
Design de Moda – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Apucarana, 2017.
Técnicas artesanais, como o Patch apliquê, são muitas vezes pouco exploradas no
âmbito acadêmico, dificultando a percepção da riqueza e criatividade de atividades que essencialmente são resultado de sabedoria empírica, e que a seu modo, trazem uma ressignificação do que é um produto singular, que valoriza a individualidade
daqueles que o consomem. A demanda por artigos infantis segue crescendo vertiginosamente a cada ano, o que gera uma produção em larga escala e uma
espécie de massificação nos produtos desenvolvidos para esse público, principalmente no setor de vestuário. A partir dessa percepção, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e de campo para compreender melhor esse nicho de mercado
e a técnica artesanal Patch Apliquê. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é desenvolver uma coleção para o público feminino infantil, de 1 a 4 anos, tendo como
diferencial a técnica artesanal estudada.
Palavras-chave: Artesanato. Patch Apliquê. Infantil. Vestuário
ABSTRACT
BACARIN, Laís Facco: Children's clothing valorization by patch appliqué craft technique: 2017. 124 p. Trabalho de Conclusão de Curso de Tecnologia em Design
de Moda – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Apucarana, 2016.
Craft techniques, such as the Apliquê Patch, are often little explored in the academic scope, making difficult to perceive the wealth and the creativity of activities which are essentially the result of empirical wisdom, that in their own way, brings a re-signification
of what is a singular product and the valuing of the individuality of those who consume it. The demand for children's articles continues to increase vastly every year,
generating a large-scale production and a kind of massification in the products developed for this public, especially in the clothing sector. Based on this perception, a bibliographical and field research was carried out to better understand this niche
market and the handcrafted Patch Apliquê technique. In this sense, the objective of this work is to develop a collection for the female children's audience, from 1 to 4 years,
having as a differential the artisanal technique studied. Keywords: Craft. Patch apliquê. Children. Clothing.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Mix da Coleção. ................................................................................................... 51
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Tecido Chintz Indiano importado para a Inglaterra no século XVII. ............ 21
Figura 2: Colcha de Patchwork com "Chintz Appliqué". Inglaterra, 1708.................... 22
Figura 3: Colcha de Patchwork com "Chintz Appliqué". Estados Unidor, por volta de
1845. ....................................................................................................................................... 22
Figura 4: Painel em técnica Baltimore. Estados Unidos, por volta de 1840. .............. 23
Figura 5: Aplicação feita com técnica molas. ................................................................... 24
Figura 6: Blusa da década de 1960 com painel molas nas costas. ............................. 25
Figura 7: Esquema de recorte para construção da aplicação havaiana...................... 26
Figura 8: Aplicação havaiana feita em Honolulu em 1938............................................. 26
Figura 9: Quilt havaiano atual. ............................................................................................ 27
Figura 10: Colcha de Patchwork tradicional geométrico com quilt a máquina. Maria E.
O. Barboza, 2016. ................................................................................................................. 31
Figura 11: Painel Técnica de aplicação "face" e quilt a máquina. Maria E. O. Barboza,
2016. ....................................................................................................................................... 31
Figura 12: Técnica de Aplicação Reversa. Maria E. O. Barboza, 2016. ..................... 32
Figura 13: Detalhe de um painel de Patchwork com aplicação da técnica "confete".
Maria E. O. Barboza. ............................................................................................................ 32
Figura 14: Colcha em técnica Baltimore de Patchwork e quilt, com aplicação de tecidos
tingidos artesanalmente. Maria E. O.Barboza, 2009. ..................................................... 33
Figura 15: Patch Apliquê sendo bordado com ponto caseado manual. ...................... 34
Figura 16: Detalhe de Aplicação com bordado caseado manual em tecido de prato.
................................................................................................................................................. 34
Figura 17: Tecido de Prato com Patch Apliquê e bordado caseado manual no contorno.
................................................................................................................................................. 35
Figura 18: Tecido de Prato com Patch Apliquê de motivo natalino com bordado
caseado manual no contorno.............................................................................................. 35
Figura 19: Bolsa de bebê para maternidade feita em quilt com Patch Apliquê bordado
manualmente. ........................................................................................................................ 36
Figura 20:Imagem do Público Alvo da marca Melancia Azul. ....................................... 44
Figura 21: Projeto Bright New Things, da designer Katie Jones. ................................. 45
Figura 22: Edelplast, marca que cria joias a partir de resíduos (lixo high-tech)......... 45
Figura 23: Painel de Referências Arcade Pop e Southwold Pier. ................................. 46
Figura 24: Painel Semântico. .............................................................................................. 47
Figura 25: Cartela de Materiais. ......................................................................................... 49
Figura 26: Cartela de cores. ................................................................................................ 50
Figura 27: Silhuetas (Shapes). ........................................................................................... 50
Figura 28: Geração de Alterativas, Look 01. .................................................................... 52
Figura 29: Geração de Alterativas, Look 02. .................................................................... 53
Figura 30: Geração de Alterativas, Look 03. .................................................................... 54
Figura 31: Geração de Alterativas, Look 04. .................................................................... 55
Figura 32: Geração de Alterativas, Look 05. .................................................................... 56
Figura 33: Geração de Alterativas, Look 06. .................................................................... 57
Figura 34: Geração de Alterativas, Look 07. .................................................................... 58
Figura 35: Geração de Alterativas, Look 08. .................................................................... 59
Figura 36: Geração de Alterativas, Look 09. .................................................................... 60
Figura 37: Geração de Alterativas, Look 10. .................................................................... 61
Figura 38: Geração de Alterativas, Look 11. .................................................................... 62
Figura 39: Geração de Alterativas, Look 12. .................................................................... 63
Figura 40: Geração de Alterativas, Look 13. .................................................................... 64
Figura 41: Geração de Alterativas, Look 14. .................................................................... 65
Figura 42: Geração de Alterativas, Look 15. .................................................................... 66
Figura 43: Geração de Alterativas, Look 16. .................................................................... 67
Figura 44: Geração de Alterativas, Look 17. .................................................................... 68
Figura 45: Geração de Alterativas, Look 18. .................................................................... 69
Figura 46: Geração de Alterativas, Look 19. .................................................................... 70
Figura 47: Geração de Alterativas, Look 20. .................................................................... 71
Figura 48: Prancha Look 01. ............................................................................................... 93
Figura 49: Prancha Look 02. ............................................................................................... 93
Figura 50: Prancha Look 03. ............................................................................................... 94
Figura 51: Prancha Look 04. ............................................................................................... 94
Figura 52: Look 01 - Frente, perfi l e costas. ..................................................................... 95
Figura 53: Look 02 - Frente, perfi l e costas. ..................................................................... 95
Figura 54: Look 03 - Frente, perfi l e Costas. .................................................................... 96
Figura 55: Look 04 - Frente, perfi l e costas. ..................................................................... 96
Figura 56: Capa e contracapa do catálogo....................................................................... 97
Figura 57: Interior do catálogo, páginas 1 e 2.................................................................. 97
Figura 58: Interior do catálogo, páginas 3 e 4.................................................................. 98
Figura 59: Interior do catálogo, páginas 5 e 6.................................................................. 98
Figura 60: Sequência para o desfile. ................................................................................. 99
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Questão 09 - Questionário para desenvolvimento da coleção. .................. 37
Gráfico 2: Questão 01 - Questionário para desenvolvimento da coleção. .................. 37
Gráfico 3: Questão 03 - Questionário para desenvolvimento da coleção. .................. 38
Gráfico 4: Questão 02 - Questionário para desenvolvimento da coleção. .................. 38
Gráfico 5: Questão 04 - Questionário para desenvolvimento da coleção. .................. 39
Gráfico 6: Questão 05 - Questionário para desenvolvimento da coleção. .................. 39
Gráfico 7: Questão 06 - Questionário para desenvolvimento da coleção. .................. 40
Gráfico 8: Questão 07 - Questionário para desenvolvimento da coleção. .................. 40
Gráfico 9: Questão 08 - Questionário para desenvolvimento da coleção. .................. 41
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13
1.1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................... 15
1.2. OBJETIVOS............................................................................................................. 15
1.3. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 16
2.1. O MERCADO DE CONSUMO DE ARTIGOS INFANTIS ................................. 16
2.2. O ARTESANATO COMO BUSCA DA INDIVIDUALIDADE ............................. 18
2.3. A TÉCNICA ARTESANAL PATCH APLIQUÊ.................................................... 21
3. METODOLOGIA.............................................................................................. 29
3.1. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 29
3.2. RESULTADOS OBTIDOS ..................................................................................... 30
4. DIRECIONAMENTO MERCADOLÓGICO.................................................. 42
4.1. EMPRESA................................................................................................................ 42
4.2. PÚBLICO ALVO ...................................................................................................... 43
4.3. PESQUISA DE TENDÊNCIAS ............................................................................. 44
5. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ........................................................ 47
5.1. PAINEL SEMÂNTICO ............................................................................................ 47
5.2. ESPECIFICAÇÕES DO PROJETO ..................................................................... 47
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 100
APÊNDICE A – Transcrição das entrevistas.................................................................. 102
APÊNDICE B – Respostas do Questionário Online..................................................... 118
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 120
13
INTRODUÇÃO
Crianças podem ser vistas como um forte mercado consumidor, uma vez que
podem influenciar diretamente a decisão de compras dos adultos à sua volta. Também
cada vez mais, elas realizam suas próprias compras desde muito pequenas, tornando-
as não somente público alvo para marcas infantis, mas também sendo vistas como
futuros consumidores aos olhos de diversas outras organizações, de forma que
somadas, é possível afirmar que o público infantil é o maior mercado em potencial
atualmente.
Deve-se considerar também que crianças, assim como os adultos, são
sensíveis às críticas, tendências e estão sempre em busca de algo novo, e quando
trata-se de vestuário, podem ser influenciadas não somente pela opinião da família,
mas também pelos amigos na escola e pela mídia, tornando-as muitas vezes, alvo de
produtos vendidos massificadamente e de maneira impessoal.
Nesse contexto, produtos que fazem uso de técnicas artesanais se apresentam
como uma forte ferramenta na valorização da individualidade e ressignificação de
valores de consumo, pois conforme ressaltado por Borges (2011, p.204), objetos que
trazem o artesanato em sua essência:
Têm a beleza da imperfeição [...]. Envelhecem com dignidade, podendo permanecer ao nosso lado por toda a vida. Eles nos contam de um lugar preciso, onde foram feitos por pessoas concretas. São honestos, confiáveis. Transmitem cultura, memória (BORGES, 2011, p. 204).
A moda, com sua ampla capacidade de gerar de tendências de consumo, vem
resgatando e valorizando o artesanato, aumentando a busca por produtos que tenham
essa singularidade e nova definições de valores de consumo, sendo um exemplo
produtos que fazem uso da técnica Patch Apliquê, onde motivos são recortados em
pedaços de tecidos e aplicados em outro com o auxílio de entretela termocolante e
bordados manuais, que será melhor detalhada ao longo desse trabalho.
O presente trabalho foi estruturado nas seguintes etapas:
• Primeira etapa: Pesquisa bibliográfica – Revisão de literatura - livros, artigos
online, revistas especializadas - para obtenção de informações básicas e
elaboração da fundamentação teórica.
• Segunda etapa: Aplicação do instrumento de pesquisa entrevista, para melhor
compreensão da técnica brasileira Patch Apliquê.
14
• Terceira etapa: Aplicação do questionário online de múltipla escolha e análise dos
resultados para estruturação da marca.
• Quarta etapa: Desenvolvimento da coleção e todo o material relativo usando como
base os conhecimentos adquiridos nas etapas anteriores.
15
1.1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Como desenvolver roupas infantis femininas fazendo o uso da técnica artesanal
Patch Apliquê?
1.2. OBJETIVOS
1.1.1. Objetivo Geral
Valorizar o design da roupa infantil por meio de técnicas manuais utilizando a
técnica artesanal Patch Apliquê.
1.1.2. Objetivo Específico
• Analisar o mercado de vestuário infantil.
• Compreender o conceito de artesanato.
• Estudar a técnica Patch Apliquê.
• Aplicar a técnica Patch Apliquê em roupas femininas infantis.
1.3. JUSTIFICATIVA
O mercado brasileiro de consumo de artigos infantis segue em ascensão, ano
após ano. Esse aumento da demanda por produtos para esse público gerou uma
espécie de massificação, principalmente no setor de vestuário, onde produtos que
expressem características de singularidade tem se tornado cada vez mais escassos.
Nesse contexto, roupas com detalhes artesanais surgem como um contraponto,
trazendo em sua essência a relação simbólica de individualidade e identificação do
público consumidor com as peças de vestuário, além de auxiliar o desenvolvimento
de um consumo mais consciente.
16
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. O MERCADO DE CONSUMO DE ARTIGOS INFANTIS
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE)1, a projeção da população brasileira atual é de cerca de 206 milhões de
pessoas. No último Censo Demográfico, realizado em 2010, a população infantil -
crianças de 0 a 12 anos incompletos2 - somava mais de 20% da população total, isto
é, cerca de 40 milhões de crianças em todo o país (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010).
O mercado infantil segundo McNeal (1992, apud MCNEAL, 1998) pode ser visto
sob três ângulos diferentes: como mercado consumidor, onde elas gastam seu próprio
dinheiro; como mercado influenciador, no qual elas direcionam os gastos dos pais
para o que desejam; e como mercado em potencial, em que empresas investem para
que essas crianças sejam futuros consumidores de sua marca. Quando somados, o
potencial desse público se mostra maior do que qualquer outro grupo existente.
Foi apenas em meados da década de 1960, no entanto, que crianças passaram
a serem vistas como consumidores, dissociado do público adulto. À época, conforme
retrata Cardoso (2005), publicidades direcionadas a essa faixa etária despertaram
atenções negativas e fez-se necessário a realização de estudos para a compreensão
desse novo público, de forma que fosse possível um maior entendimento de quais
eram suas motivações e como era seu comportamento de compras.
É possível notar que, atualmente, grande parte dos filhos, mesmo na mais tenra
idade, exerce forte influência na decisão de compras dos pais, podendo ser:
Desde um pedido verbal até aos comportamentos mais exaltados [...] fazendo ameaças ou procurando obter compaixão dos pais, suplicando persistentemente e vigorosamente, todos estes comportamentos poderão ser utilizados em função da sua eficácia, junto dos pais (as crianças vão aprendendo qual o comportamento mais eficaz junto dos seus pais em função do tipo de produto desejado) (CARDOSO, 2005, p. 167).
1 Dados disponíveis através do site: http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/ 2 Idade determinada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm
17
Dados recolhidos por Schor (2009), em parceria com James McNeal - avaliador
do potencial do mercado de consumo infantil - mostram que em 2004 nos Estados
Unidos crianças com idades entre 4 e 12 anos influenciaram, de forma direta ou
indireta, na decisão de compra de seus pais o correspondente a 670 bilhões de
dólares. Ainda de acordo com a pesquisa, o aumento dessa influência segue
crescendo a cada ano, aumentando vertiginosamente o total de valores gastos. Na
esfera nacional, dados da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS)3 em
2015, mostram que o setor de artigos infantis, no geral, tem um aumento médio anual
de 14% e movimenta mais de 50 bilhões de reais ao ano.
O crescimento do consumo infantil, pode ser justificado por diversos fatores.
Barros D. F., Barros R. A. F. e Gouveia (2013) destacam que as crianças de hoje, tem
certa independência financeira já que:
Grande parte das crianças de hoje, independente da classe social a que pertencem, recebe constante ou esporadicamente, quantias financeiras para serem gastas em bens e serviços que lhe sejam de agrado. Esse dinheiro é proveniente de mesada, pensão ou são dados como presente em datas como aniversário, dia das crianças e Natal. (BARROS, D. F., BARROS, R. A. F. e GOUVEIA, 2013, p. 13)
Schor (2009) também ressalta, que muitas pesquisas demonstram que famílias
cujos pais trabalham fora - situação frequente atualmente - e passam menos tempo
com os filhos, comumente são aquelas que mais gastam comprando itens para seus
filhos.
Postman (2006), analisando sob outra ótica, aponta que o meio televisivo e
seus comerciais são os grandes incentivadores ao consumo infantil. O autor aponta
que mesmo nos primórdios das emissões televisivas, onde não haviam canais
destinados apenas ao público infantil, era muito comum que as crianças
acompanhassem seus pais durante a exibição dos noticiários, e no decorrer dos
intervalos comerciais, as mesmas eram apresentadas “[...] ao prazer existencial de
comprar coisas [...]” (POSTMAN, 2006, p. 109). E esses comerciais, segundo o autor,
apresentavam além de produtos, promessas e motivações que mesmo uma criança
na mais tenra idade poderia desejar.
3 Dados disponíveis através do site:
http://www.abrasnet.com.br/clipping.php?area=19&clipping=50927
18
Pode-se inclusive observar que atualmente, além de programação direcionada,
há a existência de diversos canais televisivos exclusivos para este público, onde
verifica-se uma quantidade acentuada de comerciais que buscam despertar ou
reforçar o desejo de consumo.
No âmbito do consumo de vestuário, os pais são os primeiros agentes
influenciadores na determinação dos padrões de consumo e de comportamento. No
entanto, por volta dos seis anos – início da idade escolar - elas passam a ser bem
sensíveis quanto às opiniões e indicações dos amigos, mas não buscam status e sim
algo que achem simplesmente bonito (MCNEAL, 1998 e CARDOSO, 2005).
Barros D. F., Barros R. A. F. e Gouveia (2013) destacam que assim como os
adultos, as crianças são incentivadas pelo mercado da moda a seguir tendências e
renovar seu guarda-roupa a cada estação, fato este que pode ser comprovado pelo
alto número de peças infantis fabricadas no Brasil no ano de 2015: 1,4 bilhão, além
das mais de 100 milhões de peças importadas, segundo o Instituto de Estudos e
Marketing Industrial (IEMI)4.
O desenvolvimento dessa produção em larga escala, fez com que muitos itens
do vestuário infantil tivessem uma aparência padronizada, e apesar de as crianças
poderem escolher as próprias roupas, frequentemente não lhes é oferecido produtos
com características diferenciadas que as possibilite desenvolver e exteriorizar a sua
individualidade através do vestuário.
2.2. O ARTESANATO COMO BUSCA DA INDIVIDUALIDADE
Segundo a definição adotada pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1997, artesanato pode ser definido
como produtos que são:
[...] produzidos por artesãos, quer sejam feitos inteiramente de forma manual, com a ajuda de ferramentas ou mesmo através de meios mecânicos, contanto que a contribuição direta manual do artesão continue sendo o componente mais substancial do produto acabado. Estes são produzidos sem restrições em termos de quantidade e com a utilização de matérias-primas a partir de recursos
4 Dados disponíveis através do site: http://www.iemi.com.br/biblioteca/estudos-do-mercado -
potencial/moda-infantil/
19
sustentáveis. A natureza especial dos produtos artesanais deriva de suas características distintivas, que podem ser: utilitárias, estéticas, artísticas, criativas, culturais, decorativa, funcional, tradicional, religiosamente e socialmente simbólico e significativo. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA, 1997, p. 6)5
O início do artesanato no mundo não pode ser datado, uma vez que o homem
na pré-história já elaborava produtos feitos de forma inteiramente manual e com
recursos sustentáveis.
No Brasil, é possível notar que durante muito tempo o artesanato foi
desprezado, não só pela moda e pelo design, como pelo meio acadêmico em geral,
visto a pouca variedade de materiais sobre o assunto. Borges (2011) explica que,
países marcados pela escravidão tendem a formar uma espécie de barreira com
atividades realizadas com as mãos, já que esse tipo de trabalho pertencera ao
escravo, enquanto aos mais abastados caberia apenas dedicar-se às tarefas da
esfera do pensamento.
A crença do artesanato como atividade marginal, também se acentuou pelo fato
de que muitas pessoas acreditavam que a atividade era “uma mera sobrevivência de
modos de produção pré-industrial”, e que brevemente seria substituída pela indústria
moderna (KATINSKY, 2008).
Lina Bo Bardi e Aloísio Magalhães, na contramão dos conceitos da época,
acabaram tornando-se precursores da união entre design e artesanato no Brasil nos
anos 1960. Bo Bardi buscava divulgar a produção artesanal em museus e galerias,
enquanto Magalhães pesquisou e posteriormente registrou, no Centro Nacional de
Referência Cultural (CNRC)6, a diversidade artesanal e cultural no país (LIMA, 2015).
Nos anos de 1980 outros designers passaram a se interessar pelo artesanato.
Alguns tinham apenas interesse na preservação de técnicas, enquanto outros
buscavam aprimorar e valorizar seus trabalhos através de novos conhecimentos e
novos elementos (BORGES, 2011).
5 Tradução do autor. 6 O Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC) funcionou entre 1975 e 1979 - quando se
fundiu ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) - e realizava pesquisas, registro e arquivamento de práticas culturais, estudos e análises em torno dessas atividades (ITAÚ CULTURAL,
2014)
20
O reconhecimento do conhecimento vernacular dos artesãos, hoje, é usado
para o desenvolvimento de novos produtos, tendo em vista que os consumidores
atuais, principalmente aqueles mais jovens, estão mais conscientes e buscando
alternativas mais sustentáveis, em substituição ao consumo desmedido praticado nas
últimas décadas. Um exemplo disso é o surgimento de novas vertentes no design
como o ecodesign, o design colaborativo e o slow design.
Em concordância, Canclini (1983) afirma que:
As peças de artesanato podem colaborar nessa revitalização do consumo, já que introduzem na produção em série industrial e urbana –com um custo baixíssimo– desenhos originais. Uma certa variedade e imperfeição, que por sua vez permitem que se possa diferenciá-las e estabelecer relações simbólicas com modos de vida mais simples, com uma natureza nostálgica [...] (CANCLINI, 1983, p. 65).
Katinsky (2008) destacou que o modo de produção artesanal mesmo que feito
com técnicas mais atuais, em comparativo com a indústria moderna, humaniza o
trabalho, visto que no processo, quando necessária, a máquina se encontra
subordinada ao operador, uma vez que não são utilizadas com o intuito de economizar
tempo ou mão de obra, mas sim para facilitar o processo para o artesão. Da mesma
forma, quando há divisão de trabalho, cada operador domina integralmente as
operações necessárias para o desenvolvimento do produto.
Vale ressaltar também, que o artesanato é a atividade cultural de maior
ocorrência no Brasil. Segundo dados apresentados pelo IBGE em 2015, 78,6% das
cidades brasileiras têm grupos que realizam artesanato, subdividindo-se em 17
categorias (bordado, rendas, fibras, madeira, materiais recicláveis etc.) sendo o
bordado a atividade artesanal mais realizada (em 76,2% dos municípios). Além de ser
a atividade cultural com maior número de oferta de cursos de aprendizado e\ou
especialização (30% dos municípios) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2015).
Borges (2011, p. 205), descreve o produto artesanal como sendo objetos que
“podem tocar - e o uso do verbo tocar não é fortuito - o nosso coração, a nossa alma.”.
E a moda, em seu potencial como influenciadora, está resgatando e reinserindo o
artesanato, seus valores simbólicos, culturais e únicos em suas tendências,
aumentando a demanda por produtos que tenham esse diferencial.
21
2.3. A TÉCNICA ARTESANAL PATCH APLIQUÊ.
Aplicação ou Appliqué é uma técnica artesanal decorativa onde pedaços de
tecidos são costurados sobre outro tecido, formando desenhos, com o intuito de
decorar ou embelezar um trabalho artesanal. Conforme Eddy (2005), é uma técnica
muito antiga, que provavelmente desenvolveu-se da prática de remendar roupas com
o objetivo de que as mesmas durassem mais tempo.
Da necessidade à beleza, ao longo dos tempos, diversos tecidos foram
utilizados para o Appliqué, desde o couro de peixe até o feltro. O registro mais antigo
da técnica, um dossel egípcio datado de 980 a.C, foi construído com pedaços
quadrados de couro colorido e decorado com símbolos egípcios, como escaravelhos,
antílopes e flores de lótus (LESLIE, 2007;ROBERTS, 2010).
Na Europa ocidental, no século XVII, a aplicação passou a ser utilizada em
peças do vestuário e para decorar itens domésticos. A popularização do Appliqué, no
entanto, ocorreu nos dois séculos seguintes por meio de uma técnica chamada
“Bordado Persa” ou “Chintz Appliqué”.
Essa técnica consistia em recortar motivos de um tecido estampado chamado
Chintz ou chita indiana (Figura 1) – um algodão estampado, que chamava atenção
pelas suas estampas, geralmente padronagens de flores e pássaros em cores fortes,
que era originalmente fabricado na Índia e foi amplamente importado pela Europa
nesse período – e aplicá-los sobre um tecido base liso (Figura 2), fazendo novas
composições (BRACKMAN, 2009, MALLALIEU, 1999).
Figura 1: Tecido Chintz Indiano importado para a Inglaterra no século XVII. Fonte: IRWIN, J, BRETT, K., Origins of Chintz. Victoria & Albert Museum/Royal Ontario Museum. Stationery Office Books, 1970.
22
Figura 2: Colcha de Patchwork com "Chintz Appliqué". Inglaterra, 1708. Fonte: STERLING, G. V. B. The Complete Book of Quilting. Publishing Company, Inc., 2004.
Durante a colonização dos Estados Unidos, os ingleses levaram essa técnica
para o que eles chamavam de Novo Mundo, por essa razão é muito comum, encontrar
diversas peças desse período (Figura 2), como colchas, cortinas, ornamentos de
mobílias, feitas nos Estados Unidos e decoradas com Bordado Persa (EDDY, 2005).
Figura 3: Colcha de Patchwork com "Chintz Appliqué". Estados Unidor, por volta de 1845. Fonte: EDDY, C. Quilted Planet: A Sourcebook of Quilts from around the World. Octopus Publishing Group, 2005.
23
Com a propagação dos trabalhos, principalmente para a criação de colchas
(“bedcovers”), diversas técnicas de aplicação foram associadas e não demorou para
que fossem utilizadas em composição com o patchwork. Nas Américas as técnicas de
aplicação mais populares são a Baltimore, Molas e a aplicação Havaiana (Hawaiian
Appliqué).
A técnica Baltimore – ou Baltimore Album – recebeu esse nome por ser
originária da cidade portuária de mesmo nome, onde havia uma grande produção
industrial local de tecidos de algodão, assim como uma ampla gama de importados
que chegavam pelo porto. A estrutura dessa técnica (Figura 4) se baseia na
construção de blocos, que podiam ser meramente ilustrativos – desenhos de flores,
folhas, animais ou símbolos – ou poderiam retratas cenas que contariam histórias
através das aplicações (TATEM, 2004).
Clayton, Stillinger e Doss (2003), destacam que uma particularidade dessa
técnica são os chamados “friendship quilts”, onde um grupo de quilteiras7, geralmente
amigas e familiares, se encontravam para costurar juntas e cada uma construía um
bloco com uma aplicação diferente e posteriormente os unia, formando uma colcha
com uma espécie de álbum de memórias.
Figura 4: Painel em técnica Baltimore. Estados Unidos, por volta de 1840. Fonte: EDDY, C. Quilted Planet: A Sourcebook of Quilts from around the World. Octopus Publishing Group, 2005.
7 Quilteiras: “sujeito que faz o quilt; “quiltar”, o ato de fazer o trabalho, e a técnica do quilting que consiste em unir, através de pontos feitos com agulha, a mão ou a máquina, as camadas de tecidos. ” (CAVALIERI, 2011, p. 22).
24
A técnica Molas, tem sua origem na pintura corporal. Após a colonização
espânica nas Américas e o contato do povo Kuna – índios oriundos da Ilhas San Blas
localizadas na costa da Colômbia e do Panamá – com missionários católicos, as
mulheres passaram a transferir os tradicionais desenhos geométricos e geralmente
simétricos dos corpos para os tecidos. Inicialmente os desenhos eram pintados,
porém posteriormente passaram a ser usadas técnicas de aplicação, principalmente
a técnica de aplicação reversa (MARKS, 2016).
Segundo Triston e Lombard (2015), a palavra “molas” significa literalmente
“roupa” ou “blusa”. As aplicações são criadas a partir de camadas de tecidos de
algodão de cores intensas, que são tradicionalmente costurados à mão (Figura 5). A
técnica consiste em empilhar camadas de diferentes cores, cortadas do mesmo
tamanho e então recortar formas nas camadas de cima para revelar as cores das
camadas inferiores. As bordas dos painéis são cuidadosamente fechadas com pontos
manuais invisíveis.
Figura 5: Aplicação feita com técnica molas. Fonte: CLEMENTS, Linda. The Quilter's Bib le: The indespensable guide to patchwork, quilting, and applique. David & Charles, 2011.
Ainda segundo as autoras, pequenas "aplicações" de cores contrastantes
podem ser postas entre as camadas e expostas quando os desenhos são recortados.
Isso pode feito para economizar tecidos e reduzir o volume e o peso da mola pronta,
uma vez que elas podem ser utilizadas como parte de peças do vestuário (Figura 6).
Motivos de outros tipos de aplicações, mais tradicionais, podem ser inseridos nos
25
espaços vazios para realçar o efeito de multicamadas. Detalhes extras e cores são
adicionados ao desenho com pontos de bordado, também manual.
Figura 6: Blusa da década de 1960 com painel molas nas costas. Fonte: MARKS, Diana. Molas: Dress, Identity, Culture. University of New Mexico, 2016.
Já a técnica de aplicação havaiana (Hawaiian Appliqué) iniciou-se a partir do
patchwork tradicional ensinado por missionários americanos no início no século XIX
no Havaí (EDWARDS, 2010). No entanto, os nativos – principalmente as mulheres
que já usavam técnicas de costura para fazer itens de vestuário e roupa de cama –
fizeram sua própria interpretação do Appliqué.
Root (1989) destaca que naquela época, as havaianas não viram sentido em
cortar tecidos para montá-los novamente, mas optaram por somar o aprendizado do
patchwork com outra técnica artesanal ensinada: a técnica de recortar papel
conhecida como “snowflakes”, onde o papel é dobrado oito vezes e recortado para
criar padrões de desenhos simétricos (Figura 07).
26
Figura 7: Esquema de recorte para construção da aplicação havaiana. Fonte: PAHL, E. The Quilter's Ultimate Visual Guide: From A to Z - Hundreds of Tips and Techniques for Successful Quiltmaking. Rodale Press, 1997
Considerado por diversos autores um método único de uso do patchwork, as
aplicações costumam representar as flores, folhas e frutos presente nas ilhas
havaianas. As peças tradicionais segundo Pahl (1997) e Clements (2011), usavam
apenas duas cores para sua construção, sendo o fundo branco e os desenhos de
cores fortes como vermelho, verde, laranja ou azul (Figura 8). Diversos tecidos como
sedas, cetins, jacquards e chitas de algodão.
Figura 8: Aplicação havaiana feita em Honolulu em 1938. Fonte: Shaw, R. American Quilts: The Democratic Art, 1780–2007. Sterling, 2009.
27
Atualmente para construção do Hawaiian Appliqué, usa-se apenas tecidos que
contenham algodão e não há limitação na escolha das cores, podendo inclusive usar
tecidos estampados (Figura 9).
Figura 9: Quilt havaiano atual. Fonte: Pacific Rim Quilt Company, 2017.
A prática de trabalhos manuais como Patchwork8, Quilt9 e Appliqué tornaram-
se sumariamente feminino na América. Algumas mulheres o faziam apenas como
passatempo entre os afazeres domésticos, enquanto outras acabaram se
profissionalizando e auxiliavam na composição da renda familiar. Com a difusão da
técnica, entre 1890 e 1920 surgiram publicações de revistas especializadas, que
ofereciam modelos de patchwork, de quilts e desenhos para o Appliqué
(FITZRANDOLPH, 2010; BRACKMAN, 2009).
Cabe aqui ressaltar que o termo patchwork, utilizado no Brasil para designar
trabalhos artesanais onde pedaços de tecidos são costurados, formando desenhos,
em outras partes do mundo é conhecido como quilt. O erro segundo Cavalieri (2011,
p. 22) “[...] é decorrente da adaptação da técnica no Brasil, pois para os norte-
8 A palavra patchwork vem da união das palavras inglesas patch e work que significam
“remendo” e “trabalho”, respectivamente, ou seja, são trabalhos realizados com retalhos de tecidos unidos (LUCIANO, 2012).
9 É chamado de quilt o acolchoado formado por três camadas (topo, manta e forro) (PATCH E
AFINS, 2011).
28
americanos, o patchwork é uma parte deste trabalho, que é somente a emenda, a
costura dos tecidos, chamada de top. ”.
Assim como em outros países estima-se que a primeira tentativa de inserir o
patchwork no Brasil tenha acontecido também em meados do século XIX. Após o fim
da Guerra Civil nos Estados Unidos, Dom Pedro II convidou famílias americanas de
produtores de algodão para virem morar no interior de São Paulo. Essas famílias
trouxeram para Brasil os primeiros quilts e as tradicionais reuniões de “quilteiras”, onde
mulheres se reuniam para “quiltar” juntas (CAVALIERI, 2011).
Por ser uma técnica relativamente nova em âmbito nacional, o material teórico
para pesquisa é extremamente escasso, se não nulo, portanto para compreender
melhor o uso da técnica em âmbito nacional, e suas particularidades se fez necessário
a realização de entrevistas com profissionais da área, portanto a técnica do Patch
Apliquê brasileiro será melhor detalhada no item 3.6 do capítulo seguinte.
29
3. METODOLOGIA
3.1. MATERIAIS E MÉTODOS
Pesquisa é a forma com que o ser humano busca respostas para suas
indagações e segundo Kahlmeyer-Mertens, et al. (2007, p. 24), é dessa forma que “o
homem desenvolve o seu processo de diálogo crítico com a sociedade”. Ainda
segundo os autores, a pesquisa além de uma forma de obtenção de conhecimento
através de método científico, também é uma forma de validar o resultado obtido.
Diante dos diferentes tipos de pesquisa, adotou-se, quanto à abordagem, a
pesquisa qualitativa, uma vez que esse tipo de pesquisa se preocupa com
perspectivas da realidade que não se pode quantificar numericamente, focando em
perceber e explicar a dinâmica das relações sociais (GERHARDT e SILVEIRA, 2009).
Quanto ao objetivo, a pesquisa tem caráter exploratório, visto que essa forma
de pesquisa permite uma visão geral do assunto, quando o mesmo ainda não é
amplamente explorado ou pode ser considerado relativamente novo.
Selltiz et al. (1967, apud Gil, 2002) também ressaltam que a pesquisa
exploratória envolve primeiramente levantamento bibliográfico, seguido de entrevistas
com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado, e por
fim, análise de exemplos no intuito de aumentar a compreensão.
3.1.1. ENTREVISTAS
Para a elaboração da fundamentação teórica houve a necessidade da
realização de duas entrevistas (APÊNDICE A) com profissionais do ramo do
artesanato – Patchwork e Patch Apliquê, respectivamente – uma vez que analisar
diferentes pontos de vista possibilitou o enriquecimento do desenvolvimento desse
trabalho.
A primeira entrevista foi realizada de forma focalizada, posto que, apesar do
tema específico, seguiu-se uma conversação mais livre, de forma que muitas vezes o
assunto foi introduzido pelo entrevistador através de comentários, não seguindo o
padrão “perguntas e respostas”. A entrevista seguinte foi totalmente estruturada, onde
a entrevistada respondeu especificamente à nove perguntas diretas e abordou o tema
sob um ângulo diferente da entrevista ocorrida anteriormente.
30
3.1.2. QUESTIONÁRIO
Para desenvolvimento da marca foi aplicado um questionário online com dez
perguntas, direcionado à pais ou responsáveis de meninas de 1 a 4 anos, ou
quaisquer pessoas interessadas em adquirir peças do vestuário para essa faixa etária,
sendo a maior parte das questões (oito delas) de múltipla escolha
3.2. RESULTADOS OBTIDOS
3.2.1. O Patch Apliquê Brasileiro
Em entrevista, a professora Maria Barboza (2016) destacou que tanto o
Patchwork, como o Quilt e o Patch Apliquê são consideradas técnicas artesanais
relativamente novas no país, e que, ainda não há uma identidade nacional, apesar do
incentivo da Associação Brasileira de Patchwork e Quilt (ABPQ) e de haver diversas
artesãs reconhecidas internacionalmente pelos seus trabalhos.
Barboza (2016) também ressalta que no vocabulário do patchwork tradicional
o termo “Patch Apliquê”, apesar de utilizado comercialmente, para a ABPQ ele não
existe, sendo o termo correto Aplicação ou Appliqué. Ela também explica que a
aplicação é de suma importância para o patchwork e o quilt, pois traz valorização à
peça e que – com exceção do patchwork tradicional (Figura 10), onde há modelos a
serem seguidos – não há restrição de materiais ou de formas para a aplicação, deve-
se utilizá-la com o intuito de embelezar o trabalho manual, como mostrado nas Figuras
11, 12, 13 e 14.
31
Figura 10: Colcha de Patchwork tradicional geométrico com quilt a máquina. Maria E. O. Barboza, 2016. Fonte: Da autora, 2016
Figura 11: Painel Técnica de aplicação "face" e quilt a máquina. Maria E. O. Barboza, 2016. Fonte: Da autora, 2016.
32
Figura 12: Técnica de Aplicação Reversa. Maria E. O. Barboza, 2016. Fonte: Da autora, 2016.
Figura 13: Detalhe de um painel de Patchwork com aplicação da técnica "confete". Maria E. O. Barboza. Fonte: Da autora, 2016.
33
Figura 14: Colcha em técnica Baltimore de Patchwork e quilt, com aplicação de tecidos tingidos artesanalmente. Maria E. O.Barboza, 2009. Fonte: Da autora, 2016.
Sob outro ponto de vista, em entrevista, a professora Irma Zanini (2016)
defende que apesar de existir a aplicação tradicional – utilizada geralmente em
conjunto com o patchwork – hoje, o Patch Apliquê mudou e segue como uma técnica
específica. Segundo ela, a técnica faz uso de uma entretela colocada sob um tecido,
onde são recortados os motivos e costura-se em outro tecido, arrematando-o com
bordado manual com ponto caseado (Figuras 15 e 16). Não há motivos específicos
para o desenho da aplicação, sendo uma particularidade do artesão fazer desenhos
originais, ou utilizar moldes prontos de revistas especializadas.
34
Figura 15: Patch Apliquê sendo bordado com ponto caseado manual. Fonte: Da autora, 2016.
Figura 16: Detalhe de Aplicação com bordado caseado manual em tecido de prato. Fonte: Da autora, 2016.
Zanini (2016) ainda aponta que o Patch Apliquê é muito rentável
comercialmente, já que é extremamente versátil, podendo ser utilizado em produtos
de cama, mesa e banho (Figura 17 e 18), artigos infantis (Figura 19), e também na
customização de peças de roupa.
35
Figura 17: Tecido de Prato com Patch Apliquê e bordado caseado manual no contorno. Fonte: Da autora, 2016.
Figura 18: Tecido de Prato com Patch Apliquê de motivo natalino com bordado caseado manual no contorno. Fonte: Da autora, 2016.
36
Figura 19: Bolsa de bebê para maternidade feita em quilt com Patch Apliquê bordado manualmente. Fonte: da Autora, 2016.
O uso de técnicas artesanais, como o Patch Apliquê, permite à Moda perceber
a riqueza e criatividade de atividades que essencialmente são resultado de sabedoria
empírica e popular, muitas vezes pouco exploradas no âmbito acadêmico, mas que a
seu modo, trazem uma ressignificação do que é um produto singular e valorizam a
individualidade daqueles que o consomem.
3.2.2. Análise dos Resultados do Questionário
Aplicou-se um questionário online com um total de dez perguntas, sendo oito
delas perguntas objetivas de múltipla escolha e duas questões abertas (APÊNDICE
B). O objetivo deste questionário foi compreender as preferências estéticas e
mercadológicas dos adultos responsáveis pelo público-alvo.
37
Gráfico 1: Questão 09 - Questionário para desenvolvimento da coleção. Fonte: da Autora, 2017
O questionário foi respondido ao todo por 42 pessoas (Gráfico 1), sendo elas
pai ou mãe (54,76%), tios (as) (19,05%), padrinhos (7,14%), primos (as) (7,14%),
amigos (as) (7,14%) e avós (4,76%). Os dados das oito perguntas objetivas foram
organizados em porcentagem, tornando a compreensão dos resultados clara e
objetiva.
Gráfico 2: Questão 01 - Questionário para desenvolvimento da coleção. Fonte: da Autora, 2017
38
Gráfico 3: Questão 03 - Questionário para desenvolvimento da coleção. Fonte: da Autora, 2017
Quando questionados sobre a preferência de cores de peças de roupas para
meninas na faixa etária de 1 a 4 anos (Gráfico 2), 67% dos respondentes optaram
pela palheta que exibia cores descritas como “clarinhas”. Já quando questionados
sobre combinações (Gráfico 3), 48% optou por looks que contenham o Patch apliquê
aplicado em fundo liso, porém combinando com outra peça estampada.
Gráfico 4: Questão 02 - Questionário para desenvolvimento da coleção. Fonte: da Autora, 2017
39
Gráfico 5: Questão 04 - Questionário para desenvolvimento da coleção. Fonte: da Autora, 2017
A respeito do tipo de roupa que preferem ao fazer compras (Gráfico 4), 43%
disse optar por conjuntos de peças combinando entre si, enquanto 40% prefere peças
únicas, como vestidos ou macacões. No entanto quando questionados a respeito de
qual tipo de fecho seria mais adequado para essa idade (Gráfico 5), as respostas de
dividiram de forma quase uniforme, de forma que 38% prefere amarrações, 33%
botões e 29% zíper.
Gráfico 6: Questão 05 - Questionário para desenvolvimento da coleção. Fonte: da Autora, 2017
40
Gráfico 7: Questão 06 - Questionário para desenvolvimento da coleção. Fonte: da Autora, 2017
No quesito financeiro (Gráfico 6), a maior parte dos respondentes (36%)
informaram que sua faixa de renda é entre 2 a 4 salários mínimos. E quando
indagados sobre qual valor eles acreditavam ser adequado para uma peça de roupa
que tenha em seu desenvolvimento o uso de técnicas artesanais (Gráfico 7), 45%
definiu o preço ideal entre R$50,00 e R$100,00.
Gráfico 8: Questão 07 - Questionário para desenvolvimento da coleção. Fonte: da Autora, 2017
41
Gráfico 9: Questão 08 - Questionário para desenvolvimento da coleção. Fonte: da Autora, 2017
Tendo como intuito compreender comportamentos de compra, foi perguntado
onde costumam comprar as roupas – lojas físicas ou online – e se há preferência por
roupas que venham com acessórios combinando (Gráficos 8 e 9), sendo as repostas:
lojas físicas (86%) e sim (66.67%), respectivamente.
Sendo a última pergunta subjetiva, questionou-se se havia algo que
acreditavam ser inadequado em roupas para crianças dessa idade, a maioria
respondeu negativamente, porém alguns apontaram como inapropriado: aviamentos
como pérolas e pedrarias, ou itens pequenos que pudessem se soltar facilmente e as
crianças acabariam por levar a boca, se tornando um risco; elásticos muito justos;
rendas e estampas como caveiras ou animal print.
42
4. DIRECIONAMENTO MERCADOLÓGICO
4.1. EMPRESA
4.1.1. Nome da Marca
Razão social: Laís Facco Bacarin – Microempreendedor (MEI)
Nome fantasia: Melancia Azul
4.1.2. Porte
Conforme informações disponibilizadas pelo Portal do Empreendedor10,
enquadra-se como Microempreendedor Individual, o profissional que “trabalha por
conta própria e que se legaliza como pequeno empresário”, não podendo haver sócios
e sendo possível apenas o registro de um único funcionário. Também, segundo a Lei
Complementar Nº 139, de 10 de novembro de 201111, a receita máxima bruta anual
deve ser inferior ou igual a R$60.000,00, cerca de R$5.000,00 mensais.
4.1.3. Conceito da Marca
Imaginando a combinação perfeita entre a moda infantil e técnicas manuais de
artesanato, assim nasceu a Melancia Azul. Uma marca para meninas de 1 a 4 anos
com produtos cheios de irreverência, com uma cartela de cores alegre e delicada, que
busca trazer para o universo fashion a singularidade do Patch Apliquê.
A marca oferece dentro do segmento casualwear, diversos modelos que
possibilitam a composição de looks modernos e versáteis, que investem no conforto
e principalmente na possibilidade de uma moda divertida para brincar e ser criança.
A cada estação é lançada uma coleção voltada para temáticas do universo
infantil, real ou imaginário, explorando as infinitas possibilidades de utilização do Patch
Apliquê.
10 Dados disponíveis no link: http://www.portaldoempreendedor.gov.br/m ei -microempreendedor-individual
11 Disponível através do link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp139.htm
43
4.1.4. Segmento
Moda infantil feminina casual.
4.1.5. Concorrentes
Não foram encontradas marcas que façam uso exclusivo da técnica artesanal
Patch Apliquê em seu desenvolvimento e que possam ser consideradas concorrentes
diretas, ao menos em âmbito nacional. Como concorrentes indiretos pode-se citar
marcas nacionais que produzem suas peças de formas artesanais para o público
infantil feminino, como a Fulô Diminina e a Coisas di Maria, ou marcas que prezam
por manter traços em suas peças que remetam à ideia de um produto artesanal, porém
não são efetivamente produzidas artesanalmente como a marca brasileira Fábula, a
argentina Little Akiabara e a espanhola Kiddy Mini Model.
4.1.6. Preços Praticados
Os valores das peças para a coleção atual foram estipulados entre R$ 149,90
para peças básicas e até R$ 299,00 para peças mais elaboradas.
4.2. PÚBLICO ALVO
4.2.1. Perfil do Consumidor
Produtos direcionados ao público infantil feminino de 1 a 4 anos, o qual ainda
é dependente dos pais em todos os aspectos de suas vidas, principalmente no quesito
financeiro, sendo deles também a decisão final de compra.
Essas meninas estão apenas no início de suas vidas, porém muitas delas vão
para a escola desde muito pequenas, o que lhes faz curiosas por tudo que está a sua
volta, sempre ávidas por novidades. Apesar da pouca idade já gostam muito de ganhar
itens de moda como roupas, sapatos e bolsas. Gostam principalmente de brincar de
bonecas e casinha em companhia de amigas, passar esmalte nas unhas e estar com
a família, principalmente os avós e primos.
Os pais dessas pequenas consumidoras são majoritariamente jovens adultos,
com idade na faixa dos 20 aos 35 anos. Considerados de classe social média, e ainda
que jovens, possuem uma vida financeira estável, uma vez que buscam profissões
44
onde podem se realizar profissionalmente, mesmo tendo que trabalhar muitas horas
semanais.
Mostram-se como uma geração “conectada” e preocupada com questões
ecológicas, que buscam produtos de marcas que contenham mais exclusividade em
sua produção, mesmo que isso seja sinônimo de um custo mais elevado.
Figura 20:Imagem do Público Alvo da marca Melancia Azul. Fonte: YOUCUM PHOTOGRAPHY, 2011.
4.3. PESQUISA DE TENDÊNCIAS
4.3.1. Macrotendência: CONSCIÊNCIA
De acordo com Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), a
sociedade está passando por um período de disrupção, ou seja, houve um grande
distanciamento do saber de como os produtos são feitos, onde são feitos e quem os
fazem, mas hoje há uma interrupção nesse ciclo de consumo inconsciente e cada vez
as pessoas estão desenvolvendo um senso de responsabilidade e buscando novas
formas de criar, produzir e consumir (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM
INDUSTRIAL, 2016).
Ainda de acordo com o SENAI, dentro dessa nova proposta de estilo de
comercialização, há um grande incentivo para que designers realizem o upcycling
(FIGURA 17 e 18), que nada mais é do que trazer uma ressignificação para aquilo que
45
seria considerado descarte, por meio de novos usos ou através da criação de novos
objetos.
Figura 21: Projeto Bright New Things, da designer Katie Jones. Fonte: SENAI, Inova moda: Criação: Contatos: Verão 17/18, SENAI CETIQT, 2016.
Figura 22: Edelplast, marca que cria joias a partir de resíduos (lixo high-tech). Fonte: SENAI, Inova moda: Criação: Contatos: Verão 17/18, SENAI CETIQT, 2016.
46
4.3.2. Microtendências: ARCADE POP e SOUTHWOLD PIER
De acordo com a consultora de moda infantil Emily Kiddy (2016), duas
tendências para a Primavera/Verão 2018 serão a Arcade Pop e a Southwold Pier.
Arcade Pop pode ser considerada uma tendência divertida, que leva em sua
composição tons pastéis de cores fortes e vivas, que se destacam nas estampas,
enquanto a Southwold Pier, segue a temática náutica, inspirada em um dia no píer da
praia ou em um passeio de barco, desbravando novos mares por meio de estampas
de animais marinhos ou que que se assemelhem às ondas do mar.
Figura 23: Painel de Referências Arcade Pop e Southwold Pier. Fonte: KIDDY, 2016.
47
5. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
5.1. PAINEL SEMÂNTICO
Figura 24: Painel Semântico. Fonte: Da autora, 2017.
A partir da leitura do livro Reinações de Narizinho de Monteiro Lobato, usou-se
como referência para a construção do painel as descrições das cores, do reino e seus
habitantes, feitas pela própria Narizinho em sua visita ao Reino das Águas Claras.
Logo no início do livro, ela descreve o castelo construído em corais cor de rosa e
alguns animais marinhos como polvos, baleias e o próprio Príncipe Escamado, um
“um peixinho vestido de gente” (LOBATO, 2008, p. 5).
5.2. ESPECIFICAÇÕES DO PROJETO
5.2.1. Nome da Coleção
Reino das Águas Claras
48
5.2.2. Conceito da Coleção
Inspirada pela riquíssima literatura infantil brasileira, especificamente pelo livro
Reinações de Narizinho de Monteiro Lobato, a Melancia Azul pegou carona no
passeio de Lúcia e do Príncipe Escamado pelo Reino das Águas Claras e mergulhou
no grande oceano que existe no fundo do rio que passa pelo Sítio, trazendo para a
coleção Primavera/Verão 2018 toda a magia e a beleza do mundo da imaginação, os
encantos, as cores e os animais que a menina e sua boneca viram por lá.
Uma coleção repleta de aventuras e em cada peça, uma descoberta pelo
fascinante mundo do Reino das Águas Claras.
50
5.2.4. Cores
Figura 26: Cartela de cores. Fonte: Da autora, 2017.
5.2.5. Silhuetas
Figura 27: Silhuetas (Shapes). Fonte: Da autora, 2017.
51
5.2.6. Mix da Coleção
Tabela 1: Mix da Coleção. Fonte: Da autora, 2017.
Alça 2
Regata 5
Manga 5
Shorts 5
Calça 2
Saia 3
Shorts-saia 1
Macacão 4
Jardineira 1
Vestido 4
Total de peças 32
MIX DA COLEÇÃO
Top
Bottom
Overall
52
5.2.7. Geração de Alternativas
Figura 28: Geração de Alterativas, Look 01. Fonte: da Autora, 2017
72
5.2.8. Fichas Técnicas
FICHA DESENVOLVIMENTO
REF.: 001
COLEÇÃO: Reino das
Águas Claras
PRODUTO: Blusa
Caranguejo
MARCA: Melancia Azul
TAMANHO PILOTO: 2
GRADE: 1, 2, 4, 6
ESTILISTA: Laís Facco
MODELISTA: Laís Facco
DATA: 06/06/2017
73
TECIDOS
TECIDO FORNECEDOR COMPOSIÇÃO CONSUMO/PEÇA R$ UNIT
Piquet Monalisa Tecidos 85% Algodão,
15% Poliéster
40 cm R$ 28,00/m
Tricoline Casa das Linhas 100% Algodão 30 cm R$ 19,90/m
AMOSTRAS
TRICOLINE PIQUET
AVIAMENTOS
DESCRIÇÃO FORNECEDOR COR CONSUMO/PEÇA R$ UNIT
Linha Armarinhos São
José
Branca 25 m R$ 3,59
Fio Overloque Armarinhos São
José
Branco 10 m R$ 3,89
Linha de
Bordado
Bazar do Povo Branca 8 m R$ 1,90 (8m)
Zíper Invisível Bazar do Povo Branco 1 unidade R$ 1,00
ETIQUETAS/EMBALAGENS/TAGS
DESCRIÇÃO FORNECEDOR COR CONSUMO/PEÇA R$ UNIT
Não há.
VARIAÇÃO DE CORES
74
SEQUÊNCIA OPERACIONAL
Nº Operação Máquina
1 Unir frente e costas pela lateral, deixando no lado esquerdo de quem veste espaço para o zíper.
Reta
2 Unir frente forro e costas forro pela lateral, deixando do lado esquerdo de quem veste espaço para o zíper.
Reta
3 Unir barra da blusa com barra do forro, deixando a costura embutida.
Reta
4 Pespontar barra com 0,5 cm. Reta
5 Fixar faixa decorativa no decote frontal com pesponto de beira.
Reta
6 Fixar faixa decorativa no decote traseiro com pesponto de beira.
Reta
7 Fixar alça direita. Reta
8 Pespontar alça direita com pesponto de beira na parte inferior.
Reta
9 Fixar alça esquerda Reta
10 Colocar zíper invisível Reta
11 Pespontar alça esquerda de quem veste, fazendo acabamento do zíper.
Reta
PATCH APLIQUÊ:
REF: 0001
TAMANHO:
CORES: Conforme item “Variação de Cores”.
BORDADO: Manual
REF: 0001 e 0002 QUANT. PONTOS: Não há. TIPO DE PONTOS: Caseado e Corrente LOCALIZAÇÃO: Na beirada da aplicação. OBS.: Usar linhas de tons escuros de acordo com as cores do item “variação de cores”. Boca: usar linha preta.
75
FICHA DESENVOLVIMENTO
REF.: 002
COLEÇÃO: Reino
das Águas Claras
PRODUTO: Shorts
Jeans Ondas
MARCA: Melancia Azul
TAMANHO PILOTO: 2
GRADE: 1, 2, 4, 6
ESTILISTA: Laís Facco
MODELISTA: Laís Facco
DATA: 06/06/2017
76
TECIDOS
TECIDO FORNECEDO R COMPOSIÇÃO C ON SU M O/PEÇA R$ UNIT.
Jeans Hoda Têxtil 50% Poliéster, 46%
Algodão, 4% Elastano
40 cm R$ 7,00/kg
Tricoline Casa das Linhas 100% Algodão 15 cm R$ 19,90/m
Cetim (forro) Tardem Malhas 97% Poliéster, 3%
Elastano
30cm R$ 6,90/m
AMOSTRAS
Cetim Jeans Tricoline
AVIAMENTOS
DESCRIÇÃO FORNECEDO R COR C ON SU M O/PEÇA R$ UNIT
Linha Armarinhos
São José
Azul
Marinho/Laranja
20 m R$ 3,59
Fio Overloque Armarinhos
São José
Azul Marinho 20 m R$ 3,89
Linha de
Bordado
Bazar do Povo Laranja Claro e
Escuro
16 m R$ 1,90 (8m)
Elástico (2cm) Bazar do Povo Branco 34 cm R$ 1,00/m
VARIAÇÃO DE CORES
77
SEQUÊNCIA OPERACIONAL
Nº Operação Máquina
1 Fixar forro frontal direito ao dianteiro direito. Overloque
2 Fixar forro frontal esquerdo ao dianteiro esquerdo. Overloque
3 Fixar forro traseiro direito ao traseiro direito. Overloque
4 Fixar forro traseiro esquerdo ao traseiro esquerdo. Overloque
5 Unir bolso falso dianteiro direito ao dianteiro direito. Interloque
6 Unir bolso falso dianteiro esquerdo ao dianteiro esquerdo.
Interloque
7 Pespontar bolsos dianteiros falsos. Reta
8 Fixar pala Traseira direita ao traseiro direito. Interloque
9 Pespontar pala traseira direita. Reta
10 Fixar pala Traseira esquerda ao traseiro esquerdo. Interloque
11 Pespontar pala traseira esquerda. Reta
12 Fixar bolsos traseiros. Reta
13 Unir traseiro esquerdo com traseiro direito pelo gancho.
Interloque
14 Pespontar gancho traseiro, Reta
15 Fechar vista falsa. Interloque
16 Pespontar vista falsa. Reta
17 Unir dianteiro direito com esquerdo pelo gancho. Interloque.
18 Pespontar gancho dianteiro. Reta
19 Unir dianteiro com traseiro, pela lateral. Interloque
20 Unir entrepernas. Interloque
21 Pespontar barra com 2cm. Reta
22 Fixar elástico no cós. Reta
23 Fixar cós ao shorts. Interloque
24 Fechar passantes. Reta
25 Fixar passantes no cós. Reta
26 Fechar cinto decorativo Reta
27 Pespontar cinto decorativo. Reta
PATCH APLIQUÊ:
REF: 002
TAMANHO: 1: 12X4,5CM; 2: 16X4,5CM; 4: 18X5CM; 6: 20X5,5CM (CORTAR 4X CADA
COR)
CORES: Conforme item “Variação de Cores”.
78
BORDADO: Manual
REF: 0001 QUANT. PONTOS: Não há. TIPO DE PONTOS: Caseado LOCALIZAÇÃO: Na beirada das aplicações de ondas.
OBS.: OBS.: Usar linhas de acordo com o item variação de cores: tom médio para onda superior, tom escuro para onda inferior.
TAMANHOS DE ELÁSTICO (em centímetros)
1 2 4 6
32 cm 34 cm 37 cm 38 cm
ETIQUETAS/EMBALAGENS/TAGS
DESCRIÇÃO FORNECEDO R COR C ON SU M O/PEÇA R$ UNIT
Não há.
79
FICHA DESENVOLVIMENTO
REF.: 003
COLEÇÃO: Reino das
Águas Claras
PRODUTO: Blusa Polvo
MARCA: Melancia Azul
TAMANHO PILOTO: 1
GRADE: 1, 2, 4, 6
ESTILISTA: Laís Facco
MODELISTA: Laís Facco
DATA: 06/06/2017
80
TECIDOS
TECIDO FORNECEDOR COMPOSIÇÃO CONSUMO/PEÇ
A R$ UNIT
Tricoline Azul
Marinho
Nathalia Malhas 100% Algodão 40 cm R$ 26,90/m
Tricoline Azul
Céu
Rose Petrus 100% Algodão 40 cm R$ 27,00/m
AMOSTRAS
TRICOLINE
AVIAMENTOS
DESCRIÇÃO FORNECEDOR COR CONSUMO/PEÇA R$ UNIT
Linha Armarinhos São
José
Branca/
Azul
25 m R$3,59
Fio Overloque Armarinhos São
José
Branco 10 m R$ 3,89
Linha de
Bordado
Bazar do Povo Branca 8 m R$ 1,90
Zíper invisível
15cm
Bazar do Povo Branco 1 unidade R$ 1,00
VARIAÇÃO DE CORES
81
SEQUÊNCIA OPERACIONAL
Nº Operação Máquina
1 Unir frente e forro da frente pelo avesso com uma costura que inicia na cava direita, passe pela alça direita, gola, alça esquerda e encerre na cava esquerda.
Reta
2 Unir costas e forro das costas pelo avesso com uma costura que inicia na cava direita, passe pela alça direita, gola, alça esquerda e encerre na cava esquerda de quem veste.
Reta
3 Unir frente e costas pela lateral direita, deixando a costura embutida.
Reta
4 Unir lateral esquerda deixando espaço para o zíper. Reta
5 Unir a barra da blusa com forro deixando a costura embutida.
Reta
6 Colocar zíper invisível na lateral esquerda de quem veste.
Reta
7 Pespontar barra. Reta
8 Pespontar com uma costura continua cavas e gola. Reta
8 Pespontar com uma costura continua cavas e gola. Reta
PATCH APLIQUÊ:
REF: 003
TAMANHO:
CORES: Conforme item “Variação de Cores”.
BORDADO: Manual
REF: 0001 QUANT. PONTOS: Não há. TIPO DE PONTOS: Caseado. LOCALIZAÇÃO: Na beirada das aplicações. OBS.: Linha de bordado BRANCA.
ETIQUETAS/EMBALAGENS/TAGS
DESCRIÇÃO FORNECEDOR COR CONSUMO/PEÇA R$ UNIT
Não há.
82
FICHA DESENVOLVIMENTO
REF.: 007
COLEÇÃO: Reino das
Águas Claras
PRODUTO: Tapa Fralda
MARCA: Melancia Azul
TAMANHO PILOTO: 1
GRADE: 1, 2, 4, 6
ESTILISTA: Laís Facco
MODELISTA: Laís Facco
DATA: 06/06/2017
83
TECIDOS
TECIDO FORNECEDOR COMPOSIÇÃO CONSUMO/PEÇA R$ UNIT
Tricoline
Azul Céu
Rose Petrus 100% Algodão 40 cm R$ 27,00/m
Tricoline
Marinho
Nathalia Malhas 100% Algodão 20cm R$ 26,90/m
AMOSTRAS
TRICOLINE
AVIAMENTOS DESCRIÇÃO FORNECEDO R COR CONSUMO/PEÇA R$ UNIT
Linha Armarinhos
São José
Branca 15 m R$ 3,59
Fio Overloque Armarinhos
São José
Branco 7 m R$ 3,89
Linha de
Bordado
Bazar do
Povo
Branca 8 m R$ 1,90
Elástico (2cm) Bazar do
Povo
Branco R$ 1,10/m
VARIAÇÃO DE CORES
84
SEQUÊNCIA OPERACIONAL
Nº Operação Máquina
1 Unir traseiro e forro traseiro. Overloque
2 Unir traseiro e frente pela parte inferior da peça. Overloque
3 Prender elástico na cava da perna. Overloque
4 Unir as laterais. Overloque
5 Pespontar a vira da cava da perna. Zigzague
6 Pespontar cintura. Zigzague
TAMANHOS DO ELÁSTICO (em centímetros)
1 2 4 6
70 cm 80 cm 90 cm 100 cm
PATCH APLIQUÊ:
REF: 003
TAMANHO:
CORES: Conforme item “Variação de Cores”.
BORDADO: Manual
REF: 0001 QUANT. PONTOS: Não há. TIPO DE PONTOS: Caseado. LOCALIZAÇÃO: Na beirada das aplicações. OBS.: Linha de bordado BRANCA.
ETIQUETAS/EMBALAGENS/TAGS
DESCRIÇÃO FORNECEDOR COR CONSUMO/PEÇA R$ UNIT
Não há.
85
FICHA DESENVOLVIMENTO
REF.: 006
COLÇÃO: Reino das
Águas Claras
PRODUTO: Vestido
Baleias
MARCA: Melancia Azul
TAMANHO PILOTO: 01
GRADE: 1, 2, 4, 6
ESTILISTA: Laís Facco
MODELISTA: Laís Facco
DATA: 07/06/2017
86
TECIDOS
TECIDO FORNECEDOR COMPOSIÇÃO CONSUMO/PEÇA R$ UNIT.
Tricoline Azul, Rosa,
Verde
Rose Petrus 100% Algodão 15cm de cada cor R$ 27,00/m
Tricoline Branco
Casa das Linhas
100% Algodão 1 metro R$ 26,90/m
Tricoline Lilás
Casa das Linhas
100% Algodão 15 cm R$ 26,90/m
AMOSTRAS
TRICOLINE
AVIAMENTOS
DESCRIÇÃO FORNECEDO R COR CONSUMO/PEÇA R$ UNIT.
Botões Bazar do Povo Azul/Verde/ Rosa
6 unidades R$ 0,20
Elástico (1,5 cm)
Bazar do Povo Branco 40 cm R$ 0,90/m
Linha Armarinhos São José
Branca 100 m R$ 3,59
Fio Overloque Armarinhos São José
Azul Marinho 80 m R$ 3,89
Linha de Bordado Bazar do Povo Azul/Verde/Preta/Branca/Rosa/
Roxa
30 m R$ 1,90 (8m)
VARIAÇÃO DE CORES
87
SEQUÊNCIA OPERACIONAL
Nº Operação Máquina
1 Overlocar todas as extremidades das partes que compõem o molde da saia, forro da saia, gola direita e gola esquerda.
Overloque
2 Unir saia e forro da saia pela parte inferior do molde (barra), com uma costura reta do lado do avesso do tecido. (Margem de costura 1 cm)
Reta
3 Unir parte traseira da saia e forro pelo lado avesso do tecido com uma costura única reta e que vá do cós da saia até o cós do forro. (Margem de costura 1 cm)
Reta
4
Dobrar o tecido a onde o forro e a saia se unem pela parte inferior do molde de modo que o avesso e as costuras fiquem embutidos e passar uma costura reta do lado direito do tecido por toda a circunferência da barra da saia, com 1 cm de largura.
Reta
5 Unir laterais do top e laterais do forro do top. Interloque
6 Unir ombro do top e ombro do forro do top. Overloque
7 Unir gola. Reta
8 Fixar gola no colarinho do top. Reta
9 Pelo lado avesso do tecido do top e do forro do top embutir a cava direita do top e a cava direita do forro do top com uma costura reta. (Margem de costura 1 cm)
Reta
10
- Pelo lado avesso do tecido do top e do forro do top embutir a cava esquerda do top e a cava esquerda do forro do top com uma costura reta. (Margem de costura 1 cm)
Reta
11 Virar o top do lado direito e pespontar as cavas direita e esquerda com um pesponto simples.
Reta
12
Unir o cós da saia e do forro com uma costura reta já franzido o cós para que a medida da circunferência da saia fique igual a circunferência da cintura do top. (Margem de costura 1 cm)
Reta
13 Unir cintura do top ao cós da saia. Interloque
14 Pespontar cintura com um pesponto simples. Reta
PATCH APLIQUÊ:
REF: 008
TAMANHO: 1: 7,5 cm; 2: 7,5 cm; 4: 8 cm; 6: 8 cm.
CORES: COLORIDO
88
BORDADO: Manual
REF: 0001 e 0002
QUANT. PONTOS: Não há.
TIPO DE PONTOS: Caseado e Ponto Corrente.
LOCALIZAÇÃO: Na beirada das partes das aplicações.
OBS.: Usar linhas de acordo com a cor da aplicação seguindo o seguinte padrão: tom médio para tecidos de cores claras, tom escuro para tecidos de cores médias e cores claras para tecidos de cores escuras. Boca: usar linha preta.
TAMANHOS DE ELÁSTICO (em centímetros) 1 2 4 6
37 cm 43 cm 46 cm 49 cm
ETIQUETAS/EMBALAGENS/TAGS
DESCRIÇÃO FORNECEDOR COR CONSUMO/PEÇA R$ UNIT.
Não há.
89
FICHA DESENVOLVIMENTO
REF.: 008
COLEÇÃO: Reino das
Águas Claras
PRODUTO: Tapa Fralda
MARCA: Melancia Azul
TAMANHO PILOTO: 2
GRADE: 1, 2, 4, 6
ESTILISTA: Laís Facco
MODELISTA: Laís Facco
DATA: 06/06/2017
90
TECIDOS
TECIDO FORNECEDOR COMPOSIÇÃO CONSUMO/PEÇA R$ UNIT
Tricoline Azul, Rosa,
Verde
Rose Petrus 100% Algodão 15cm de cada cor R$ 27,00/m
Tricoline Branco
Casa das Linhas 100% Algodão 1 metro R$ 26,90/m
AMOSTRAS
TRICOLINE
AVIAMENTOS
DESCRIÇÃO FORNECEDO R COR CONSUMO/PEÇA R$ UNIT
Linha Armarinhos
São José
Branca 15 m R$ 3,59
Fio Overloque Armarinhos
São José
Branco 7 m R$ 3,89
Linha de Bordado Bazar do
Povo
Branca 8 m R$ 1,90
Elástico (2cm) Bazar do
Povo
Branco R$ 1,10/m
VARIAÇÃO DE CORES
OBS.: Na calcinha branca, fazer cor das baleias sortidas.
91
SEQUÊNCIA OPERACIONAL
Nº Operação Máquina
1 Unir traseiro e forro traseiro. Overloque
2 Unir traseiro e frente pela parte inferior da peça. Overloque
3 Prender elástico na cava da perna. Overloque
4 Unir as laterais. Overloque
5 Pespontar a vira da cava da perna. Zigzague
6 Pespontar cintura. Zigzague
TAMANHOS DO ELÁSTICO (em centímetros)
1 2 4 6
70 cm 80 cm 90 cm 100 cm
PATCH APLIQUÊ:
REF: 008
TAMANHO: 1: 7,5 cm; 2: 7,5 cm; 4: 8 cm; 6: 8 cm.
CORES: COLORIDO
BORDADO: Manual
REF: 0001 e 0002
QUANT. PONTOS: Não há.
TIPO DE PONTOS: Caseado e Ponto Corrente.
LOCALIZAÇÃO: Na beirada das partes das aplicações.
OBS.: Usar linhas de acordo com a cor da aplicação seguindo o seguinte padrão: tom médio para tecidos de cores claras, tom escuro para tecidos de cores médias e cores claras para tecidos de cores escuras. Boca: usar linha preta.
93
5.2.9. Pranchas dos Looks Confeccionados
Figura 48: Prancha Look 01. Fonte: da Autora, 2017
Figura 49: Prancha Look 02. Fonte: da Autora, 2017
94
Figura 50: Prancha Look 03. Fonte: da Autora, 2017
Figura 51: Prancha Look 04. Fonte: da Autora, 2017
95
5.2.10. Looks Confeccionados
Figura 52: Look 01 - Frente, perfil e costas. Fonte: Da autora, 2017
Figura 53: Look 02 - Frente, perfil e costas. Fonte: Da autora, 2017
96
Figura 54: Look 03 - Frente, perfil e Costas. Fonte: Da autora, 2017
Figura 55: Look 04 - Frente, perfil e costas. Fonte: Da autora, 2017
97
5.2.11. Catálogo
Figura 56: Capa e contracapa do catálogo. Fonte: Da autora, 2017
Figura 57: Interior do catálogo, páginas 1 e 2. Fonte: Da autora, 2017
98
Figura 58: Interior do catálogo, páginas 3 e 4. Fonte: Da autora, 2017
Figura 59: Interior do catálogo, páginas 5 e 6. Fonte: Da autora, 2017
99
5.2.12. Planejamento de Make-up e Hair
Considerando a idade das modelos e público-alvo, meninas com idades entre
1 e 4 anos, não haverá uso de itens de maquiagem ou penteados elaborados.
5.2.13. Produção do Styling
Uma vez que cada look seria comercializado com itens combinando, cada
modelo usará os seguintes acessórios:
• Look 01: Um par de amarradores de cabelo com lacinhos.
• Look 02: Um par de presilhas com lacinhos e calcinha tapa-fralda de mesmo
material do look.
• Look 03: Tiara de lacinho.
• Look 04: Um par de amarradores de cabelo com lacinho e calcinha tapa-
fralda de mesmo material do look
5.2.14. Trilha Sonora
Jorge Vercilo – Reino das Águas Claras
5.2.15. Sequência Para o desfile
Figura 60: Sequência para o desfile. Fonte: da Autora, 2017
100
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento desse trabalho teve como intuito criar uma marca de roupa
infantil que pudesse atender novas demandas de mercado no que diz respeito a
utilização de técnicas artesanais aplicadas em peças de vestuário, especificamente
para o público descrito ao longo desse projeto, meninas de 1 a 4 anos.
Atualmente crianças são responsáveis por grande parte do mercado de
consumo, sendo grande influência na decisão de compras dos pais, fato esse que fez
com que muitas marcas investissem em produtos infantis, tornando-os massificados
e sem originalidade.
Com o propósito de inserir no mercado um produto que traga em sua essência
algo com diferencial e nesse processo obter resultados satisfatórios, buscou-se
primeiramente por meio da literatura entender o público, que apesar de ter o foco nas
crianças, não pode ser completamente dissociado dos pais, pois, são muito pequenas
para terem independência financeira.
Posteriormente, buscou-se compreender melhor a técnica artesanal proposta
no trabalho e havendo escassez de literatura, fez-se necessário entrevistar
profissionais da área para obter um conhecimento mais profundo e detalhado sobre o
Patch Apliquê no Brasil e assim enriquecer a parte teórica do projeto.
Buscando atingir o propósito de inserir uma nova marca no mercado, foi
necessário a elaboração de um questionário sobre as preferências do público, seguido
de sua análise, para que fosse possível realizar as etapas seguintes de elaboração
prática da coleção proposta.
Vale salientar que por meio dessa análise do questionário, foi possível notar
que muitos pais, inclusive, pagariam mais pelo valor agregado na roupa pela técnica,
tornando-a exclusiva, humanizada e personalizada.
Realizado todo este processo, constatou-se que o consumo de artigos infantis
tem uma ascensão permanente e que existe um nicho a ser preenchido quando se
trata de roupas com detalhes artesanais, nesse caso especificamente o Patch Apliquê.
Partindo disso, após um trabalho de criação de marca, nasceu a Melancia Azul,
marca de roupas femininas infantis, feitas com a utilização da técnica artesanal Patch
Apliquê, que em sua primeira coleção traz a inspiração do livro Reinações de
Narizinho de Monteiro Lobato e teve todas as suas etapas de desenvolvimentos
descritas ao logo deste trabalho.
101
Todo o processo de desenvolvimento desse projeto, foi considerado
extremamente marcante para a autora, uma vez que permitiu colocar em prática todo
aprendizado adquirido no decorrer do Curso de Tecnologia em Design de Moda, além
de ser uma oportunidade de agregar novos conhecimentos, ousar e, acreditar que há
capacidade suficiente para levar a teoria para prática.
102
APÊNDICE A – TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS.
ENTREVISTA 1
Nome: Maria Etuko Ohara Barboza. Profissão: Professora de quilt e patchwork,
desde 2003, em Londrina-PR.
Entrevista realizada em 20 de outubro de 2016.
Maria E. O. Barboza (M.B): Faz para venda comercial, porque no nosso
patchwork tradicional não existe o “patch appliqué”, existe o Appliqué, que é o “patch
appliqué”. Agora para o comércio ganhar mais e ser uma coisa mais chamativa, ser
mais fácil das pessoas irem fazer, acrescentaram o “patch”, porque o patchwork veio
aqui e pegou fogo, né? Então, todo mundo quer fazer patchwork e a aplicação é uma
coisa que já existe há milhões de anos, aqui no Brasil também já se existe há muito
tempo, porque é qualquer tecidinho que você aplica no outro, isso é aplicação. No
patchwork para nós é isso: aplicação.
M.B: Está vendo aquele rosto ali?
Laís Facco Bacarin (L.B): Hum hum.
M.B: Aquilo é uma aplicação, e dentro da aplicação existem milhares de
técnicas, tá? Dentro do patchwork tradicional, que é o que eu faço. E depois que eu
comecei a fazer aqui em Londrina, foi em 2003, que eu comecei a fazer o patchwork
tradicional, tudo na mão, como as japonesas fazem, etc. e tal. Aí, acho que alguns
anos mais tarde, sei lá, começou a surgir esse tal de Patch Appliqué e falei “gente, o
que que é isso? ”. E eu faço parte da Associação Brasileira de Patchwork e Quilt, que
é a associação representativa de todo mundo que faz patchwork e quilt, tá? É a
representação que nós temos. E eu fiz o curso de capacitação para professores da
associação, e dentro do curso a gente tem um vocabulário que é usado aqui no Brasil
né? Dentro do patchwork e quilt, “patch appliqué” não existe para nós, para nós existe
o Appliqué, a aplicação, patch é outra coisa, patch quer dizer “pedaço”, é outra coisa.
Então fica uma coisa redundante: patch é pedaço de tecido, Appliqué também é.
Appliqué é aplicação de um pedaço de tecido. Então não precisava esse “patch”, para
nós não precisa. Quando a gente fala em aplicação, a gente já sabe o que que é.
M.B: Quer ver, eu estou até fazendo uma aplicação japonesa que eu aprendi
com uma amiga que mora no Japão. Eu já sabia fazer, mas eu queria fazer com ela,
para ver se tem mais dicas.
103
M.B: Ó isso aqui é Appliqué.
L.B: Ah, depois eu vou tirar foto, se você deixar.
M.B: A tá, tudo bem. Isso aqui é Appliqué, aquilo lá é Appliqué à máquina. Esse
aqui é à mão. Aquele é à máquina. Então tem diversos... esse barquinho aqui na
paisagem, é outra aplicação, é outra técnica. Então dentro da aplicação, existem
milhares de jeitos de fazer a aplicação.
M.B: Isso aqui é uma aplicação ó, é o rosto da Audrey Hepburn. Isso também
é aplicação, porque eu peguei um pedaço de tecido e apliquei. Aqui não tem nada de
patchwork. O patchwork é isso aqui, é isso aqui, ó, isso aqui, ó, você tá vendo, eu vou
formando desenhos geométricos, tá? Isso aí então que é um patchwork. Aqui no
Brasil, quando se fala em patchwork, já se subentende que é um quilt. Quilt são as
três camadas, né?
L.B: Hum hum.
M.B: Patchwork é a de cima, o do meio é a manta e embaixo é o forro, né?
Então, por exemplo, se você for para os Estados Unidos, e falar para alguém de lá,
“Ah, eu quero comprar um patchwork”, ninguém vai entender, “como que essa mulher
só quer o topo? Não existe para venda”. Você tem que falar “eu quero comprar um
quilt”, aí sim, todo mundo vai saber o que que é. Que é um patchwork, o topo, como
uma manta e o forro, já tudo prontinho, as três camadas juntas. Isso que é o quilt.
M.B: Só que aqui no Brasil todo mundo chama de patchwork, porque é uma
coisa que se popularizou e não tem jeito. Mesmo no nosso curso, a gente falou,
discutiu sobre isso, e a gente começou a usar só “quilt”, “quilt”, mas não adianta, já é
uma coisa popular, então a gente também adota né?
L.B: É então, eu tive... essa foi uma das minhas dificuldades assim, porque a
hora que eu comecei a ler, na verdade eu usei bastante livros americanos porque eu
não... aqui no Brasil na verdade, eu não achei nenhum livro que contasse a história
detalhadamente, até as histórias das abelhas, aquelas “Quilt Bees” e tal, e daí eu
peguei tudo americano. Mas daí eu fiquei confusa para ser sincera, porque daí o que
eu vi lá, porque tem as imagens dentro do livro, e as imagens que tinham lá não eram
a mesma coisa que eu vejo aqui no Brasil. Aí por isso que a hora que eu fui fazer e fui
conversar com a minha professora, eu fiquei com essa dificuldade, eu falei “olha, eu
não tenho uma base escrita, não tenho exemplo. Eu sei que aqui no Brasil é diferente
de como é lá, mas eu não tenho aonde afirmar isso”.
104
M.B: É então, o modo de fazer até é tudo igual, são os termos utilizados aqui
que é diferente, porque aqui quando você fala patchwork, todo mundo já entende que
é.… são as três camadas fechadinhas já, é o patchwork, agora lá nos Estados Unidos
é “quilt”, na Inglaterra, qualquer lugar que você vai, você tem que falar que é “quilt”,
se você falar “patchwork” a pessoa não vai entender, vai ficar assim “nossa,
patchwork, só o topo, por que ela tá falando só do topo e não tá falando do conjunto
que são as três camadas”.
M.B: Então, quando eu fiz esse curso, a gente falou muito em “termos”, para a
gente utilizar aqui no Brasil, uniformizar, porque o Brasil é muito grande, e já tinha
gente lá no Nordeste, no Norte, fazendo, no leste, no sul, em tudo quanto é lugar.
Então a gente procurou uniformizar né? O vocabulário. Só que o Patch Appliqué não
foi aceito, porque o Appliqué é o que é o verdadeiro para nós né? E para a maioria
dos países que fazem o quilt, é appliqué, que é uma palavra francesa né? Aplicação,
mas todo mundo usa, Japão, todo mundo usa, e a aplicação para nós que fazemos o
patchwork tradicional é uma ferramenta a mais, para embelezar o quilt. Porque você
pode muito bem misturar desenhos geométricos com aplicação, como o pessoal
costuma fazer. E hoje em dia até bordado né? Estão usando muito bordado para
embelezar um Quilt né? Faz um tradicional e coloca algumas coisas. Eu já fiz muito
também... colcha.
M.B: Então, eu não sei se eu estou te ajudando né? Mas...
L.B: Não, está!
M.B: Para nós, que é o pessoal que faz o patchwork real, o tradicional ou
mesmo o contemporâneo, que pega os pedacinhos e une e forma um outro tecido né?
Que é isso que é o patchwork né? Para nós, a gente não usa o termo “patch appliqué”,
usa “appliqué” ou aplicação.
L.B: Eu vou para minhas perguntas aqui: Quais as técnicas que a gente usa no
patchwork no Brasil? Porque assim, eu vi que tem, por exemplo, a americana,
japonesa e havaiana, foram as três que eu achei assim, que tem mais forte. Tem mais
além dessas assim, ou não?
M.B: Técnicas?
L.B: É de...Mas assim, porque eu vi que tem essas três, vi que tem a
contemporânea também, que ela é mais livre, que é artística até.
105
M.B: É artística. Então, você quer saber de quem que nós sofremos mais
influência aqui no Brasil?
L.B: É, basicamente.
M.B: Porque quando você fala em técnicas, existem assim, ah.... Umas cem
técnicas do quilt, que a gente faz. Esse aqui é chamado Baltimore, aquela ali é uma
selfie, essa aqui, confete, que é mais contemporânea né? É tudo miudinho, aí existe
“Caminho do Bêbado”, “Estrela de Ohio”, existe um monte de nomes que a gente dá,
o “Fundation”, que a gente usa uma base e em cima dessa base a gente vai aplicando
os tecidos, então, quando você fala em técnicas, a gente tem um monte de técnicas
então. Agora se você fala de quem que nós sofremos influência? Americana, a inglesa,
a japonesa, acho que são as três básicas. Mais a americana. Agora são as japonesas,
sabe? Que está todo mundo querendo tecido japonês, que é diferente né? Mas
basicamente o nosso quilt, é influência americana.
M.B: E aí, a americana sofreu [influência] das inglesas né? Das colonizadoras
que foram lá, aí começaram a fazer, etc. e tal. Eu tenho um livro dessa grossura sobre
história do patchwork no mundo.
M.B: Eu quando dava aula, aqui em Londrina, eu que comecei a dar aula de
patchwork nos ateliês né? Porque nas casas assim, já tinha gente fazendo, inclusive
amigas minhas já faziam nas casas, mas em loja, ateliê – eu que comecei, até era
aqui na esquina do Country – e na época ninguém sabia de nada. Aqui em Londrina
eu procurava, mesmo essas amigas minhas que faziam, aprenderam tudo assim,
através da internet, alguma revista, mas não que tivessem tido professores, né? Daí
quando a menina, a dona da loja me convidou para dar aula, eu fazia aquelas caixas
de MDF e pintava, então, a Geórgia, a dona, falou assim “ah, você está fazendo com
as aposentadas do banco, você podia dar aula disso aí, porque aqui em Londrina não
tem ninguém que dá aula em ateliê, não sei o que...”, e eu falei “Tá”. Aí eu comecei a
correr atrás, para também não começar a dar aula sem saber nada sobre a história,
porque eu gosto de saber da história, de saber da onde que veio, para daí eu montar
meu curso básico. Então eu tenho meus resumos de história que eu distribuía para as
alunas.
L.B: Se tem diferença da maneira com que é feito o patchwork aqui no sul do
país com os outros lugares do Brasil ou se é padrão?
106
M.B: Não. Já está bem unificado, porque, por exemplo, agora eu fui em
Gramado né? Foi o 19º Festival, em Gramado é o festival mais antigo.
L.B: Ah, eu ouvi falar, foi uns quinze dias atrás, vinte dias.
M.B: Foi, é por aí. É o festival mais antigo, tanto que ano que vem vão
comemorar vinte anos né? E é o mais tradicional, eles seguem assim à risca o quilt,
tem concurso tudo. Se não tiver as três camadas, eles não aceitam, é rejeitado sabe?
Tem que ter as três camadas. Aí tem uma série de regras, que a pessoa que quer
entrar no concurso lá, tem que seguir, sabe? Não é só isso, ter três camadas, é um
monte de coisa que tem que seguir, né? E aí nesse festival, vem gente de Manaus,
de Natal, de Belém, sabe? O pessoal vai mesmo, porque é o melhor festival do Brasil,
mais antigo, mas bem estruturado. Antigamente, quando o dólar era mais baixo, eles
sempre traziam professoras americanas, todo ano tinha alguém dos Estados Unidos.
Agora como está mais caro, e daí eles tem que pagar tudo, o festival tem que pagar
tudo, vem muita gente de Uruguai, Argentina, esse ano teve Chile também, México,
professoras, sabe? Que vem dessa região, para dar aula, fora as mestras que a gente
já tem no Brasil, né? E aí, nós temos essa Associação, que já divulgou muito o
patchwork no Brasil todo, tem – como é que fala – sócias, no Brasil inteiro, e de vez
em quando fazem alguns eventos em São Paulo, já teve em Belo Horizonte, então já
está bem divulgado. E com isso o patchwork que a gente faz já está igual no Sul, lá
no Nordeste. As regras são iguais, sabe? Os blocos, os modelos que a gente usa,
tudo, é tudo assim, já está unificado. A linguagem também já está mais unificada
também.
L.B: E onde que se usa mais o patchwork? No sentido assim, para fazer cama,
mesa e banho ou para fazer moda ou... aqui no Brasil onde que as pessoas costumam
mais utilizar ele?
M.B: Para moda? Por exemplo, para saia, roupa?
L.B: Não, no geral assim, se ele é mais utilizado para fazer, por exemplo, para
fazer cama, mesa e banho ou se ele é utilizado para fazer... No que mais ele usa,
assim... O que eu por exemplo vi, que na enciclopédia lá, se usava muito para fazer
colchas assim, mas não muito para fazer... Porque aqui a gente usa para fazer, ou
que pelo menos eu já vi em feiras assim, que daí a gente já, a gente deu uma
modificada assim, já usa mais para fazer, tipo tecido de prato, para fazer uns detalhes
assim que não é feito fora, ou pelo menos eu não achei, talvez seja feito hoje em dia
107
e minha fonte seja muito antiga, né? E onde que a gente costuma mais usar? Porque
eu não achei por exemplo, que ele é utilizado na moda, assim, para fazer roupas
mesmo, agora que está vindo uma tendência, né? Para esse ano, na verdade ano que
vem, que é um patchwork... Mas assim...
M.B: Mas dentro do grupo nosso, de conhecidos, etc. e tal, dos festivais, já tem
gente fazendo moda ó.… Casaco.... Eu tenho dois casacos, já fiz até para o meu neto
também, eu já fiz quatro casacos de patchwork, depois eu te mostro. Há uns dez anos
atrás eu fui para São Paulo em um festival, a Miriam Melo, que era a presidente da
Associação até mês passado, ela é de Minas Gerais, e ela fez mestrado, acho que fez
mestrado em arte têxtil, lá em Minas. Ela fazia desenhos de patchwork, técnicas que
a gente usa para fazer jogo americano, toalha ou mesmo colcha, ela usava aquelas
técnicas para fazer casacos, saia, vestido, eu tenho fotografia também disso. Então,
essa tendência já existe, talvez não tão popular, que todo mundo fique sabendo, “ah,
está usando”, essas técnicas de patchwork na moda.
M.B: Tem uma amiga minha que mora em uma praia, aqui perto de Camboriú
– esqueci o nome – mas é a Rô, Rô Moreira. Sabe a Bia Moreira daqui?
L.B: Não.
M.B: Não? A Rô Moreira, ela faz casacos lindos de patchwork, lindos. E, que
mais? Ah, lá no Nordeste o pessoal gosta muito de fazer saias, vestidinhos mesmo,
tudo de patchwork, também. Só que não sai de lá né? Porque não vai para um festival
de moda, nem nada. E lá em Gramado, quando eu comecei a ir, há uns dez anos
atrás, que eu comecei a ir no festival de lá, sempre tinha um desfile de moda. E as
pessoas que botavam roupa lá para desfilar, era tudo baseado em patchwork. Então,
eu acho que já existe sim, faz um tempo.
L.B: Mas, mais comumente é usado para fazer...?
M.B: Ah, sim. Daí é usado para colchas, para toalha de mesa, painel, jogo
americano. Tecido de prato já é Appliqué, não é patchwork. Tudo que eu tô falando
que é usado, tem que ter as três camadas, tá? Sempre as três camadas. Então a
gente faz muita colcha, painel, toalha de mesa, toalhinhas.... Como é que fala aquele
negócio de... Cobre-mancha, sabe? Poe a toalha por baixo, aí faz um quadradinho e
põe só no centro assim, da mesa, de patchwork, aí não precisa fazer toalha grande,
nem nada... E painel, usa muito.
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L.B: Uma dúvida que eu fiquei na verdade, a hora que eu estava lendo, é se o
quilt, ele é assim, se ele... para realizar o patchwork, ele é obrigatório? Ou se o
patchwork pode ser feito separado dele? Porque eu vi que, a gente pode fazer o quilt
sozinho, só fazer o bordado, mas assim, o patchwork precisa necessariamente ter o
Quilt ou não?
M.B: Precisa.
L.B: Precisa? Porque foi uma dúvida que eu fiquei, porque a hora que eu fui
fazer, se elas poderiam ser feitas separadas, técnicas separas, ou se elas
obrigatoriamente são feitas juntas.
M.B: O quilt de um tecido só, né? Faz os desenhos e fica em alto relevo?
L.B: Hum hum.
M.B: Isso aí tem concurso, tem isso também, tem uma brasileira que já ganhou
vários prêmios nos Estados Unidos disso, a Márcia Baraldi. Então, existe essa técnica
do quilt, de fazer em um tecido só, faz os desenhos, as flores, e fica em alto relevo,
isso aí é uma técnica. Agora, todo patchwork feito com três camadas, é obrigatório ter
um quilt por cima, todos.
L.B: Até acho que você já respondeu para mim: Como que se usa o Appliqué
no patchwork?
M.B: Ah, é mais para decoração, ajuda a valorizar o quilt. Não que a gente, a
gente não despreza de jeito nenhum a aplicação. A aplicação para nós, nossa, se
puder usar aplicação em tudo que a gente faz, embeleza demais nosso patchwork. As
vezes a gente faz uma base de patchwork, eu tenho uma técnica aqui que é muito
fácil, esses daqui, até eu preciso fazer o acabamento. É que tem uma menina aqui em
Londrina, que faz o quilt, ela comprou duas máquinas americanas de quatro metros
de largura, são máquinas elétricas/eletrônicas que dá para fazer com computador,
bola um desenho no computador, vê a metragem do quilt e aí é só colocar ali e faz
sozinho?
L.B: Faz sozinho? Que beleza!
M.B: É! Essa técnica aqui, a gente chama de Jelly Roll, está vendo? É tudo
de... e a gente usa só retalho mesmo, tá vendo? Tudo misturado, em faixas. E esse
aqui, você pode ver que foi quiltado, e foi no computador. Ela mede o trabalho e vai
fazendo. Agora tem muita coisa que é feito manualmente, até tá tendo uma professora
lá na... Sabe a Art Decor?
109
L.B: Sei.
M.B: Então, a filha da Nemora Fasolo, que dá aula de pintura de cerâmica, de
tela, ela se especializou em quilt e a didática dela é excelente, e ela está ensinando o
pessoal a quiltar.
M.B: Esse daqui já é um patchwork tradicional, esses desenhos aqui, isso aqui
é o quilt que a menina faz na máquina grandona.
L.B: Bem bonito.
M.B: Então, todo trabalho, por exemplo, se eu faço esse trabalho e tá sem
nada, não quilta, desvaloriza. Então o quilt é muito importante para valorizar também
o trabalho de patchwork que a gente faz. Eu tô fazendo essa colcha, por exemplo, não
tem nada ainda, de quilt ó, se eu deixar só assim não valoriza, agora, depois que a
menina quiltar tudo, vai valorizar muito. Tanto que em Gramado, nos concursos que
tem lá, as juízas, elas além de ver, porque tem uma série de coisas que elas veem, a
combinação de cores, o impacto quando abre o trabalho e todo mundo “óóóóó”, deu
impacto, aí já é ponto positivo para quem fez, então, a combinação de cores e por
último elas olham o quilt, quem que quiltou, se valorizou, se o desenho está adequado
com o patchwork que foi feito, sabe? Elas examinam tudo isso. Então por isso que é
importante fazer o quilt em cima do patchwork.
M.B: Será que eu respondi à pergunta?
L.B: Respondeu.
L.B: Aí, é por isso que eu falei que eu fui anotando e né, conforme eu tinha
anotado aqui, se o Appliqué poderia ser feito separado do patchwork, mas aí você até
me mostrou aquele ali, então... Ah, uma dúvida assim, eu não sei se, a hora que a
gente estava falando de moda, está uma “moda” assim que, por exemplo está vindo
patchwork no jeans, mas assim, depois de tudo que eu já li, eu não sei se aquilo pode
ser considerado um patchwork ou se a moda se apropriou do termo, porque assim, é
um jeans que são feitos, a calça jeans, mas são recortes com jeans, as vezes com
lavagens, por exemplo, diferentes, tons diferentes e tal, e daí eu fiquei na dúvida se
assim, aquilo realmente é um patchwork ou não?
M.B: É um patchwork, não é um Quilt, o Quilt é isso aqui, três camadas.
L.B: Então eu posso considerar assim, juntou tecido, vamos dizer assim, é
patchwork?
M.B: É patchwork.
110
L.B: Porque eu vi que a tradução literal é da palavra é, literal não né, mas a
tradução usada são retalhos... “trabalho em retalhos”.
M.B: É.
L.B: Assim, sendo, digamos assim, um trabalho em retalhos eu posso
considerar então?
M.B: Pode considerar um patchwork.
L.B: É correto?
M.B: É. Só quando tem três camadas é que é um quilt.
L.B: E assim, se.…, mas aí acaba sendo..., eu tinha anotado assim: Se é
possível realizar tanto o quilt quanto o patchwork só, e o appliqué, sem ser artesanal.
M.B: À máquina?
L.B: É.
M.B: Olha, se você até se interessar, você pode ir lá na Luiza, a Luiza foi aluna
minha, ela tem, ela sempre teve uma fábrica de bordados, aquelas bordadeiras
industriais, daí ela começou a fazer patchwork, e hoje em dia ela tem uma fábrica de
bolsas de patchwork. E ela tem bastante coisa de aplicação, que ela faz tudo na
máquina, o Appliqué dela é tudo na máquina. Só que ela tem a máquina lá bordadeira
que recorta também.
L.B: Que legal, então, porque eu vi em alguns lugares assim, eu até salvei uma
imagem, que eu brinquei que é minha imagem de referência para o TCC, que um
macacãozinho infantil e assim, ele tem uma aplicação, mas é aplicação feita com
bordado à máquina, aí eu fiquei na dúvida também se é considerado, se eu posso
chamar, na verdade assim, acaba que às vezes a moda ela se apropria de uns termos
que não são reais, vamos dizer assim, e daí se considera. Que nem a gente...
Geralmente é aplicação mesmo, quando a gente faz, agora está usando muito os
“patchs” que eles falam, que são aplicados né, e daí se eles podem ser considerados
também, tipo, a mesma técnica, mesmo sendo feito assim, sem ser à mão?
M.B: Pode, pode sim. Aqueles rostos ali, os selfies que eu fiz, tudo aplicação à
máquina, à mão é esse aqui que eu tô fazendo. Isso aqui eu também aprendi lá em
Gramado, com uma mestra que faz, ela inventou um termo para isso aqui:
aplibordando. Porque ao mesmo tempo que você aplica, você tá bordando também,
ó, pouco bordado, mas bordou, então ela inventou esse termo “aplibordando”. Até ela
deu curso, de novo, esse ano.
111
L.B: Nossa, que interessante.
M.B: É, é um jeito diferente de fazer.
M.B: Então aí, você estava falando de fazer à mão.... Ah, existe também, ó
esse aqui eu fui montando,
L.B: Acho tão bonito quando é assim.
M.B: Esse aqui é tudo aplicação, só que eu fiz tudo na mão, aí agora eu tô
tentando quiltar à mão, ó, ao invés de quiltar à máquina, que nem, esses aqui, foram
todos à máquina. Existe o quilt à mão, tá vendo aqui? É tudo na mão. As japonesas
que gostam muito de fazer à mão.
L.B: A dúvida que eu fiquei assim, se tem algum registro histórico assim, de
quando a técnica chegou no Brasil, ou não, a gente não tem?
M.B: Da aplicação?
L.B: No geral assim, do patchwork, da aplicação. Porque eu li da onde veio a
história americana, que lá tem estados específicos que a técnica ficou famosa, né?
M.B: É.
M.B: Aqui tem o que é patchwork, aplicação, tem bastante coisa sobre
aplicação. Isso aqui antigamente saia em uma revista e eu fui recortando. Tem
algumas coisas sobre técnicas, sobre bonecas. “A história de uma bordadeira”, ó,
colchas havaianas, colchas de retalhos...
L.B: A Aplicação tem alguma técnica assim, porque o patchwork tem os
desenhos tradicionais que você tem que seguir né? A aplicação tem alguma coisa
assim? Que você tem que seguir? Ou ela é livre?
M.B: Não, ela é livre. Qualquer coisa pode se transformar em uma aplicação.
M.B: É, a história, história mesmo não tem aqui.
M.B: Aí no curso que eu dava, eu fiz um apanhado de história
M.B: Eu me baseei muito nesse livro [EDDY, Celia. Quilt planet: a sourcebook
of quilts from around the world. 2005], eu fiz meu rascunho, meu resumo, história do
quilt e do patchwork, porque eu dava aula para professores, eu formava professoras
de patchwork, então eu fiz mais ou menos isso aqui.
M.B: Bom, aqui no Brasil, você faz as contas, Gramado vai fazer 20 anos, ano
que vem, então foi 1998, que começaram, né?
L.B: Ano que vem é 2017, então 1997.
112
M.B: É, 1997, então.
L.B: É muito nova.
M.B: É, aí que resolveram fazer o festival, nesse primeiro festival, já existia um
grupo no Rio Grande do Sul que fazia e um grupo no Rio de Janeiro, que fazia
patchwork. Tanto que a Vanessa Lott e a Hila Leslie, que fez isso aqui, elas são de
Niterói, ajudaram o pessoal de Gramado a montar o festival, porque eram poucas as
pessoas que faziam na época, e que o pessoal sabia, aí quando começaram os
festivais, acho que depois de Gramado, o mais antigo é o de Teresópolis, aí começou
a pipocar em tudo quanto é lugar, então hoje em dia tem um monte de festival
espalhado.
L.B: Teve até aqui em Londrina esse ano né?
M.B: É.
L.B: Eu vi que foi lá no Ney Braga.
M.B: É, isso. Em Florianópolis tem dois festivais em épocas diferente, Brasília,
São Paulo tem vários, Rio de Janeiro tem vários. Então hoje em dia tem assim, festival
adoidado, por que? Porque já esparramou mesmo, tá todo mundo fazendo patchwork.
M.B: Agora, quando exatamente chegou aqui, deve ser mais ou menos na
década de 1990, que o pessoal começou a fazer o quilt, verdadeiro. Que daí
começaram a ter gente, uma professora de Florianópolis, que o marido era piloto e
morava em São Francisco e lá ela aprendeu, porque lá o patchwork e o quilt, nos
Estados Unidos é muito antigo, e ela aprendeu lá, e ela trouxe para cá, e foi mais ou
menos nessa época, então acho que foi na década de 1990 que realmente começou
a esparramar tudo. Muita gente que ia para o Japão, aprendia lá e trazia para cá.
Tenho amiga assim, a primeira aula que eu tive foi dessa maneira.
M.B: Agora hoje em dia, e uma coisa que a Associação Brasileira de Patchwork
e Quilt estava preocupada, é de ter uma identidade brasileira, não ficar só copiando
dos americanos ou dos outros.
L.B: Essa era uma das coisas que eu ia te perguntar, se tem alguma coisa que
diferencia nosso patchwork, do de fora?
M.B: Ainda não, não tem. Tem assim, a gente consegue diferenciar, mas aí é
uma coisa individual, por exemplo a Vanessa Lott, se ela concorrer a algum prêmio
nos Estados Unidos com alguma coisa dela, eu vou saber que é dela, porque ela já
tem a característica dela, o jeito dela fazer, sabe? O quilt. A Márcia Baraldi também,
113
a gente já conhece as características dela, a Rute Sato é outra também, de São Paulo.
Tem, olha, tem um monte de gente boa aqui, também tem gente que já ganhou muitos
prêmios nos Estados Unidos, então. Só que, a gente não descobriu ainda uma
identidade brasileira, a gente faz e quem olha não consegue falar “ah, isso é do Brasil”,
a não ser pelo tecido, se usar chita, por exemplo, todo mundo vai saber que é daqui
do Brasil, mas assim um Quilt tradicional, que use outros tecidos, que é a tricoline que
a gente usa, algodão, mesmo o importado, se a gente usar, não dá pra falar “ah, esse
é genuinamente brasileiro”.
L.B: Ah, outra dúvida que eu tinha: Se precisa ser obrigatoriamente com tecido
100% algodão, sempre, para fazer?
M.B: O tradicional.
L.B: O tradicional só?
M.B: O tradicional, agora já o artístico, você usa o que você quiser, tule,
organza, tapeçaria, vai de um tudo. Esse aqui ó, é coberto com tule, não dá para
perceber né?
L.B: Não.
M.B: Mas tem um tule preto segurando os tecidinhos embaixo.
L.B: Eu vi uma aplicaçãozinha feito, tinha uma bailarina com o saiotinho dela
era solto assim, com um tulezinho.
M.B: Eu tô terminando, eu não terminei ainda, eu aprendi agora a usar tecidos
diferentes, eu tô tentando arrumar um tempo para terminar esse aqui, é um
autorretrato também, só usando organza e tule. Eu não consegui ainda pegar para
terminar, tenho que terminar.
M.B: Então, no artístico vale tudo, vale você usar o que você quiser, porque ele
é livre. E também não precisa ter, sabe aquele acabamento da minha face lá, do selfie,
que tem uma moldura preta e tem um acabamento, tudo bonitinho, no artístico não,
inclusive nesse aí, eu não precisava fazer essa moldura, pode deixar livre, que nem
esse aqui, que eu já não coloquei moldura nenhuma. Aí vai muito do artista. E não
precisa nem fazer essa moldura preta certinha que eu fiz, eles deixam assim, fiapo
saindo, sabe?
M.B: No artístico vale, tudo, tudo tudo. Essa professora que me ensinou a fazer
esse selfie, é uma loucura as coisas que ela faz. Você não calcula o que ela usa, coisa
que você vai jogar no lixo, ela usa para fazer um quilt.
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L.B: Nossa!
M.B: É muito legal.
M.B: Aquela técnica ali atrás, os dois painéis, é fotografia minha que tá no
fundo.
M.B: Então, tem muitas artistas no quilt, que nem essa Doris Teixeira, que me
ensinou a fazer o selfie, que ela faz tecido, assim, na máquina, ela vai trançando linha
de tudo quanto é jeito. As vezes faz desenho de flores, e ela usa um processo, é uma
folha de goma que a gente usa e borda em cima da folha de goma, faz o desenho na
folha de goma e vai bordando, vai bordando, vai costurando, costura, costura, depois
a hora que tiver pronto, você põe na água, a goma derrete, aí fica só o bordado.
L.B: Que legal.
L.B: Ah, daí assim, o que ficou, o patch Appliqué, que é aquele que a gente faz
no tecido de prato, coisinhas de cozinha, ele é considerado uma vertente do patchwork
ou ele é considerado uma coisa separada, igual a gente fala tricô e crochê?
M.B: Funciona junto, mas não que seja uma vertente, não saiu do patchwork.
A aplicação surgiu para a aplicação, não por causa do patchwork, o patchwork
também não surgiu por causa da aplicação. São coisas bem distintas que se uniram,
para um valorizar mais o outro.
L.B: Porque eu tinha até usado esse termo no trabalho, daí eu fiquei com a
dúvida, se pode ser considerado uma vertente.
M.B: Trabalha junto eu acho, sabe? Não tem como falar assim, a aplicação vale
mais, ou alguma coisa assim desse tipo, porque mesmo com a aplicação, a gente faz
o patchwork junto. Ah, deixa eu ver se eu tenho alguma coisa aqui para você ter uma
ideia do que que eu tô falando, tenho sim, um trabalho bem antigo. Ah, tem muita
coisa aqui também que a gente tinge o tecido.
M.B: Isso aqui também é um trabalho de patchwork totalmente diferente, ele é
aplicação no reverso, você vai aplicando o tecido aqui embaixo no avesso e vai
fazendo recortando, e aí fica desse jeito.
L.B: Que interessante.
M.B: É por isso que eu falo, que aplicação tem um monte de técnicas, assim
como o patchwork tem um monte de técnicas, a aplicação também tem.
115
M.B: Esse aqui eu fiz em 2009, ele é só aplicação, mas misturado com
patchwork, porque eu fiz blocos e cada bloco é emendado com uma faixa que é a
moldura que a gente fala e depois tem a borda final, aonde eu fiz aplicação.
L.B: Isso aqui é tudo manual?
M.B: É, esse aqui eu quiltei tudo manual, tanto que eu comecei em um ano e
terminei no outro. Essa aplicação é toda na mão e depois eu fiz o Quilt.
L.B: Essa parte é feita com pontinho invisível?
M.B: É, ponto invisível.
L.B: Nossa, isso é tão bonito.
M.B: É, então, olha a aplicação não é separado do patchwork está junto.
M.B: Porque uma ajuda a outro, então tem muitos trabalhos que às vezes a
gente só faz o fundo de patchwork, e depois aplica sabe, aplica o que quiser. Então a
aplicação embeleza muito o patchwork e o patchwork por outro lado, por exemplo,
esse fundo aqui eu podia ter embelezado mais esse fundo, pego mesmo tecido tom
sobre tom, e feito quadradinhos ou triângulos, recorte de triângulo e aplicado as flores
por cima, ficava lindo também, porque o fundo continua neutro, mas com vários
quadradinhos de patchwork, então uma coisa enfeita a outra.
L.B: E é tecido tingido daí?
M.B: Esse aqui na época eu aprendi a tingir, e usa muito também, muita gente
faz o patchwork só com tecido que tinge, nem compra tecido estampado nem nada,
sabe, aí já é uma característica da pessoa, só faz assim.
L.B: E esse é, sou bem curiosa, assim, tingir tecido não é uma coisa nossa, é
uma coisa que já existia?
M.B: Ah, já existia.
116
ENTREVISTA 2
Nome: Irma Roseli Wittlich Scheller Zanini. Profissão: Empresária e professora
de costura industrial e Patch Appliqué na Escola Oficina Pestalozzi, em
Londrina-PR.
Entrevista realizada em 31 de outubro de 2016.
Laís Facco Bacarin (L.B): O que é o Patch Appliqué?
Irma R.W.S. Zanini (I.Z): O Patch Appliqué, tem partes assim. Antes a gente
usava a aplicação em si, mas como foi mudando, a pessoa queria trabalhar mais
manual, aí começou a trabalhar com o Patch Appliqué que é uma entretela que a
gente usa em tecido recorta os motivos e daí trabalha com um ponto que se chama
caseado
L.B: No que ele costuma ser aplicado aqui no Brasil?
I.Z: Aqui no Brasil, em ambas as coisas que você quer, é “n” coisas que você
pode fazer, toalhas de banho, toalhas de mesa, jogo de cozinha né? Tecido de prato
em si, roupas de criança, bolso de calça jeans, barra. Isso aí você pode usar a sua
inteligência e ir fazendo, é muito longo essa...
L.B: É para enfeitar?
I.Z: É para enfeitar.
L.B: É uma técnica recente aqui no artesanato brasileiro, ou não?
I.Z: Não é muito antigo não, porque a gente vê muitas coisas assim, mas é
como eu falei anteriormente, isso aí usava-se como aplicação, mas em máquinas, e
hoje a gente usa mais no manual.
L.B: Costuma usar ele para fazer aplicação em roupa ou mais na parte para
cama, mesa e banho?
I.Z: Cama, mesa e banho, em roupas, é muito usado em tudo que você quer,
até para fazer aquelas roupas customizadas, quando você faz uma roupa customizada
você pode usar o Patch Appliqué junto.
L.B: E existem motivos, desenhos específicos que tem que ser feito como
acontece no patchwork tradicional ou você pode fazer o que você quiser, ou existe
uma revista que você precisa seguir?
117
I.Z: A gente tem revistas que segue passo a passo até as cores usa e combina,
como também pode usar uma coisa assim: livre. Quem sabe desenhar bem pode ir
fazendo uma arte livre e usar o Patch Appliqué.
L.B: É obrigatório ser feito o bordado manual em volta ou pode ser feito à
máquina?
I.Z: Temos uma máquina que também é usada, só que eu acho que a maioria
das pessoas que usam hoje fazer essa parte manual, é para sair de uma depressão,
isso aí ajuda muito para sair daquele cantinho que fica lá no fundo da casa, então
essa parte da máquina industrial é mais para grandes indústrias que fazem bastante
coisas né? Agora quando é mínimo assim é melhor fazer no manual mesmo.
L.B: E é uma técnica que, em questão financeira/econômica, é rentável? Vale
a pena investir ou é mais para passatempo?
I.Z: É rentável.
L.B: Vale a pena?
I.Z: Vale a pena.
120
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infantil resiste à crise e sustenta as vendas das redes, 28 Maio 2015. Disponivel
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