Valorizar os Produtos Locais Através dos Circuitos Curtos · Valorizar os Produtos Locais Através...
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Valorizar os Produtos Locais Através dos Circuitos Curtos
Seminário “Produção Local – Estratégias e Desafios”
Maria José Ilhéu – DGADR
Ourém, 18 de maio de 2016
A “Redescoberta” dos Produtos Locais
Reação aos impactos negativos do modelo agroindustrial e da globalização
Criação de um novo sistema alimentar
Ambiente
Saúde
Qualidade
Alimentar
Economia Local
Impacto do modelo agroindustrial e da globalização
ÁREA
GEOGRÁFICA
DELIMITADA
PRODUÇÃO
COMERCIALIZAÇÃO
CONSUMO TRANSFORMAÇÃO
Sistema Alimentar Local
Proximidade geográfica entre produção e consumo
Produtos seguros e de qualidade (da época, frescos e saborosos)
Técnicas de produção ambientalmente sustentáveis
Proximidade relacional entre produtores e consumidores: comercialização através de circuitos curtos (CCA)
Dinamização da economia local e retenção do valor acrescentado no território
Princípios Orientadores dos Sistemas Alimentares Locais
Cartas de Qualidade
Definição de Circuito Curto Alimentar (CCA) Modo de comercialização dos produtos locais que interliga de forma estruturada os produtores e os consumidores de um território:
Limitando o n.º de intermediários entre produtores e consumidores
Privilegiando a proximidade geográfica entre a origem dos produtos e o local de venda ao consumidor final
Definição Regulamento Delegado (UE) n.º 807/2014 “cadeias de abastecimento curtas (…) abrange apenas os circuitos de abastecimento que não envolvam mais do que um intermediário entre o produtor e o consumidor”
Exploração
Feira
Mercado
Mercado de
produtores
Pontos de venda
coletivos
Cabaz Domicílio
Hotéis e Restaurantes
Restauração coletiva
(cantinas) Plataformas distribuição restauração
coletiva
Comércio local
Intermediário associativo ou
cooperativo
Cabaz
Modalidades de Circuitos Curtos Alimentares
Critérios de Delimitação da Proximidade Geográfica
UK, CPRE: 50 km
UK, FARMA: 50 a 80 km
EUA, LOCAVORE: 160 km
IT, CAMPAGNA AMICA: 50 km
UK, FARMA: 50 a 80 km
US Congress (2008 Farm Act): 643 km
A delimitação territorial deve ser ajustada às caraterísticas do território, considerando: O tipo de território (urbano/rural, acessibilidade, densidade populacional, hábitos de consumo)
As distâncias habitualmente percorridas pelos consumidores para se abastecer
As capacidades produtivas do território (volume e diversidade de produção)
Critérios de delimitação territorial utilizados na venda direta em Portugal
Portaria n.º 74/2014, fornecimento direto pelo produtor de pequenas quantidades de produtos de origem animal
concelho e concelhos limítrofes do local de produção
Decreto-Lei n.º 85/2015, regime jurídico aplicável aos mercados locais de produtores
produtos produzidos na área geográfica do concelho onde se situa o mercado local de produtores e concelhos limítrofes
Aspetos distintivos dos produtos locais comercializados em CCA
Qualidade
Seguro
Sustentável Rastreável
Justo
Formas de comunicar estes valores ao mercado Criação de uma marca: caderno de encargos coletivo
Criação de um regime de certificação dos produtos e/ou de modalidades de CCA: caderno de encargos coletivo
Utilização de rotulagem para informar sobre a qualidade, frescura, origem do produto, produtor, método de produção, propriedades específicas do produtos, etc
Utilização da internet (site, redes sociais) para o mesmo fim
Organização de visitas/dias abertos nas explorações para consumidores, comunidade escolar, etc.
Sensibilização e informação do consumidor sobre os CCA, os seus benefícios e impactos
Organização cooperativa criada no Reino Unido em 2003 que associa os produtores envolvidos na venda direta
• Mercados de produtores (farmers' markets)
• Venda na exploração (farm shops)
Criação de um sistema de certificação dos mercados de produtores
• 1º mercado certificado em 2002
• Atualmente existem cerca de 200 mercados certificados.
Papel determinante na criação de MP
Reconhecimento pelo governo do RU (DEFRA) como a organização representativa dos FM e FS.
Projeto iniciado em 2009 pela organização de agricultores italiana Coldiretti
Objetivo:criar um sistema alimentar italiano servido por uma rede nacional de CCA
• Rede controlada pelos agricultores
• Produtos vendidos sob uma marca comum
• Sujeitos a uma carta de qualidade e um sistema de controlo
• Numa multiplicidade de modalidades de CCA
•
Projeto “Km zero” de promoção do consumo de produtos
sustentáveis do território
Criação de normas a nível regional de apoio ao consumo
de produtos Km0
Grande impacto na expansão e estruturação dos CCA a
nível nacional
Marca criada pela organização “Chambres d’agriculture”
que representa os atores do setor agrícola, rural e florestal.
A marca congrega cerca de 9000 agricultores que praticam a venda direta e o agroturismo
Mercados de produtores certificados da rede “Bienvenue à la ferme” : 546 mercados nos 37 Departamentos da rede.
Criação de plataformas de venda direta pela internet,
com entregas nos pontos “drive fermier”
Criação dos Mercados Agrícolas de Produtores da Região Autónoma da Madeira (Mercado dos agricultores), através da Portaria n.º 115/2004 e respetivo regulamento
Criação do Sistema de Certificação de Origem Garantida dos Produtos da Região Autónoma da Madeira e a marca Produto da Madeira, pelo Decreto Legislativo Regional n.º 6/2011/M
Criação pelo Governo Regional, em 2012, de uma plataforma virtual interativa, de acesso gratuito, onde os agricultores podem divulgar os produtos para venda (em fase de restruturação)
Preferência pela utilização de produtos regionais, frescos e de qualidade no fornecimento de produtos às cantinas das creches, pré-escolar e 1.º ciclo da rede pública escolar
Criação de um Mercado de Produtores
Atores
• Envolver representantes dos produtores, consumidores, poder local, comunidade, etc.
• Definir quadro de referência do projeto: objetivos, princípios, organização, normas de funcionamento
Oferta
• Diagnóstico da oferta existente: volume, regularidade, diversidade, qualidade
• Avaliar potencial para desenvolver e adaptar a oferta existente
Procura
• Natureza da procura: onde se realizam as vendas, de onde vêm os clientes, onde são as zonas de consumo
• Quais os consumidores potenciais, as suas motivações, expetativas e preferências
Criação de um Mercado de Produtores
Construir o
Projeto
• Definir o território pertinente: assegurar a viabilidade do projeto
• Definir a localização do MP:muito frequentado, boa visibilidade e boas facilidades
Fatores de Sucesso
• Oferta diversificada e equilibrada: satisfaça a procura e assegure viabilidade para os produtores
• Padrões elevados de qualidade : cartas de qualidade, regimes de certificação e marcas conferem reputação
Fatores de Sucesso
• Boa disposição dos expositores e apresentação atrativa dos produtos
• Personalizar expositores: identificar o produtor, a origem dos produtos, modo de produção, caraterísticas dos produtos
Criação de um Mercado de Produtores
Fatores de Sucesso
• Dispor de área sentada com comida preparada com os produtos do mercado:convida ao convívio e permanência no MP
• Organizar eventos especiais ligados a produtos sazonais ou épocas festivas: capta novos clientes
Fatores de Sucesso
• Oferta regular de animação para públicos diversificados: cria atmosfera animada e atrativa para os clientes
Fatores de Sucesso
• Definir um bom plano de marketing e comunicação (aspeto crucial): placas e faixas nas vias de acesso, flyers, sites, mailing, redes sociais, media: fideliza os clientes e atrai novos clientes
Fornecimento de produtos locais à restauração coletiva pública
A estruturação da oferta Identificar a oferta disponível e o seu potencial
Conhecer os produtores locais e envolver os interessados na construção do projeto Formar os agricultores na comercialização, logística, introdução de novas produções, conversão para modos de produção sustentáveis e de qualidade
Prever a articulação com medidas de apoio para realização de investimentos, novas instalações, aquisição de competências técnicas e comerciais, acesso ao financiamento
Identificar as necessidades a satisfazer pela oferta local disponível
Contratualizar com os agricultores o abastecimento: planear as encomendas (produtos, quantidades, caraterísticas, periodicidade) permitindo organizar a produção
Formar os gestores, pessoal da cozinha: menus, porções, novos produtos, novas formas de cozinhar
Organizar e estruturar o abastecimento: avaliar a criação de plataforma virtual como intermediário comercial para encomendas, faturação, pagamentos.
Prever a articulação com medidas de apoio para criação de plataformas logísticas ou plataformas virtuais, formação, aquisição de competências técnicas, novos equipamentos, adaptação das instalações Ações de sensibilização para comunidade escolar, pessoal da cantina e projetos pedagógicos para alunos
Organizar e estruturar o abastecimento
Avaliar a oferta
Avaliar as necessidades
Balanço oferta/
necessidades
Determinar o potencial
oferta/ necessidades
Ajustar o aprovisionamento
Fornecimento de produtos locais à restauração coletiva pública
O abastecimento local e as regras da contratação pública
É possível conjugar disposições previstas no CCP para valorizar a proximidade
Introduzindo critérios seletivos de natureza qualitativa ou ambiental
Fracionando os contratos em pequenos lotes
Não é permitido fazer referência à origem geográfica
Como critério de adjudicação ou de execução de um contrato
Na formulação de “produto local” como indicação geográfica não associada a marca de qualidade oficial
Princípios da contratação pública
Liberdade de acesso aos contratos públicos
Igualdade de tratamento dos candidatos
Transparência de procedimentos
• Critérios de adjudicação
• Exigência de produtos certificados
• Condições de execução e especificações técnicas
• Especificações dos produtos ajustadas à oferta de produtos locais
• Critérios de sazonalidade, frescura (entregas frequentes, rápidas e regulares), qualidade gustativa (provas na análise das propostas)
Critérios
Qualitativos
• Critérios de adjudicação
• Exigência de produtos em MPB ou PRODI
• Condições de execução e especificações técnicas
• Embalagens (materiais, reutilização, embalagens não descartáveis) , meios de transporte utilizados, etc.
Critérios
Ambientais
Estratégias para favorecer o abastecimento de produtos locais
A aplicação da Diretiva 2014/24/UE à restauração coletiva
A inserção de cláusulas relativas à qualidade e ao ambiente continuam a ser incontornáveis no favorecimento dos produtos locais na restauração coletiva
A Diretiva estabelece que a “oferta economicamente mais vantajosa” deve ser o critério a aplicar na adjudicação dos contratos Este critério pode compreender, para além do preço, aspetos qualitativos, ambientais e/ou sociais ligados ao objeto do contrato público em causa
Generaliza a divisão do contrato em lotes: instituída como a regra a nível comunitário
Estratégias para a Criação de CCA
Não há modelos, a multiplicidade de experiências demonstra-o É possível identificar fatores que impulsionam a disseminação e o
impacto dos CCA:
Desenvolvidos no quadro de projetos de governança alimentar à escala de um território: abordagem integrada com a participação de multi-atores.
Enquadrados por organizações e redes alargadas de atores representativas de produtores e consumidores
Reconhecidos pelos decisores políticos e objeto de medidas de política
Beneficiados por quadros legais e institucionais favoráveis à sua implantação e desenvolvimento.
[email protected] http://www.rederural.pt/index.php/pt/ http://www.dgadr.mamaot.pt/
Obrigada