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Universidade Federal da Bahia Instituto de Saúde Coletiva Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva Mestrado Profissional em Saúde Coletiva Turma Tocantins ANA CLAUDIA DIAS BASTOS VARIAÇÃO DOS CUSTOS ASSOCIADOS AO PROCESSO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS INFECTANTES EM UM HOSPITAL GERAL Palmas 2016

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Universidade Federal da Bahia Instituto de Saúde Coletiva

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva Mestrado Profissional em Saúde Coletiva

Turma Tocantins

ANA CLAUDIA DIAS BASTOS

VARIAÇÃO DOS CUSTOS ASSOCIADOS AO PROCESSO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS INFECTANTES EM

UM HOSPITAL GERAL

Palmas 2016

ANA CLAUDIA DIAS BASTOS

VARIAÇÃO DOS CUSTOS ASSOCIADOS AO PROCESSO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SOLIDOS INFECTANTES EM

UM HOSPITAL GERAL

Orientadora: Prof. Erika Santos de Aragão

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação do Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva, área de concentração de Gestão de Sistemas de Saúde.

Palmas 2016

Ficha Catalográfica Elaboração Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

_________________________________________________________________ B327v Bastos, Ana Claudia Dias.

Variação dos custos associados ao processo de gerenciamento dosresíduos sólidos infectantes em um hospital geral / Ana Claudia Dias Bastos. -- Salvador: A.C.D.Bastos, 2016.

53 f.

Orientadora: Profa. Dra. Erika Santos de Aragão.

Dissertação (mestrado profissional) – Instituto de Saúde Coletiva. Universidade Federal da Bahia.

1. Resíduos Hospitalares. 2. Gerenciamento-Resíduos. 3.Custos. I. Título.

CDU 504_____________________________________________________________

DEDICATÓRIA

A meus Pais, Maria de Nazaré Dias Bastos e Sandoval Coelho Bastos.

Nesses anos todos sob suas asas Eu enriqueci

E tive a luz da vida E os passos pra seguir.

E como o vento, o tempo passa tão depressa. Eu cresci também,

Eu não sou mais de vocês, agora é a minha vez De ser alguém

Vou viajar sem bagagem, Deixo o amor, mas levo a coragem.

Eu vou seguir, de mãos vazias.No peito trago a lição.

Sei que um dia com meus filhos Eu vou abrir meu coração

E falar dos meus pais. Quando a noite era um mar de pesadelos,

Vinham me abraçar E num sorriso aberto, Com prazer de amar,

Fui mimado, amado, nunca vi motivos Pra me preocupar.

Mas meu dia chegou, eu tenho a chance de tentar, De ser alguém.

Falar dos meus pais Grupo: Roupa Nova

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter colocado pessoas tão especiais a meu lado, sem as quais certamente não

teria conseguido.

Aos meus pais, Sandoval e Nazaré por terem acreditado sempre na minha capacidade, o que me

estimula a fazer o melhor de mim. Obrigada pelo exemplo, sacrifício, apoio e principalmente pelo

amor incondicional de vocês.

Aos meus filhos Matheus, Wannessa e Fernando, que representam meu porto seguro, minha

coragem e meu estímulo de vida, os quais me doam forças para seguir sempre em frente. Amo

vocês mais que tudo. Obrigada pelo incentivo, compreensão e apoio.

Ao meu companheiro Everton, pelos momentos difíceis, mas também, pelos fáceis, pelas tristezas

e alegrias, descontração e principalmente pelos filhos maravilhosos que temos. Todos os

momentos contribuíram para o meu fortalecimento. Meu muito obrigado.

Aos meus irmãos Sandra Nazaré, Carlos Alberto e Sandoval Júnior, pelo apoio e incentivo

mesmo de longe.

A minha irmã de coração, Nelma Santos, pelo apoio nos altos e baixos deste longo percurso, pelo

companheirismo desde o momento da seleção até a defesa da dissertação. Meu respeito e

agradecimento.

Aos companheiros de mestrado, pelas experiências, brincadeiras, tensões, alegrias e selfies

compartilhadas. Cada um com sua força, história, desafios e dilemas pessoais, mas todos com um

objetivo em comum: sair da condição de QM (quase mestre) para M (mestre).

Às amigas Raílda e Cintia, pela colaboração; aos funcionários da limpeza do hospital pelo auxílio

durante o período de coleta dos dados.

Aos servidores do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), pelo apoio e incentivo, em

especial, Lindamar, Maria Cleópia e Eliane, pelo auxilio na difícil e sacrificante missão de coletar

os dados.

À Professora Erika Aragão, por suas orientações e apoio, dispensados durante o desenvolvimento

desta pesquisa. Fico grata por me ajudar a chegar até aqui.

Aos membros da banca de qualificação e defesa, pela leitura detalhada e contribuições ao

trabalho.

Aos Professores e Coordenadores do Instituto de Saúde Coletiva, pelos conhecimentos,

experiências e apoio, dedicados durante a realização do curso.

À Universidade Federal da Bahia e ao Instituto de Saúde Coletiva, pela oportunidade de realizar

este Programa de Mestrado em parceria com o Estado do Tocantins.

À Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins pelo apoio logístico e os subsídios necessários aos

alunos, na condução e conclusão deste curso.

Ao Hospital Geral de Palmas, Dr Francisco Aires, pelo apoio, incentivo e viabilização da

realização desta pesquisa.

Ninguém vence sozinho... OBRIGADA A TODOS!

RESUMO

Os resíduos hospitalares são classificados, de acordo com as resoluções vigentes, em cinco grupos (A, B, C, D e E) e, por suas características, assumem papel significativo no impacto ambiental, podendo implicar custos significativos às unidades de saúde, devido à necessidade de seu tratamento final. Este estudo tem como objetivo geral mensurar o custo do tratamento dos resíduos sólidos de um Hospital Geral, após reclassificação da segregação original. Para tanto, foi realizado um diagnóstico do quantitativo de resíduos infectantes, do grupo A, gerado na instituição para, posteriormente, verificar se a segregação realizada atendia ao protocolo estabelecido pelo programa de gerenciamento de resíduo. Em seguida foi realizada uma estimativa dos custos dos resíduos da segregação original e da segregação, após reclassificação a partir do protocolo estabelecido pela instituição. A avaliação dos resíduos sólidos infectantes foi realizada em março de 2016, no abrigo temporário do segundo piso, que recebe os resíduos produzidos por 100 leitos. No processo foram detectados erros de segregação e coleta, onde a segregação não ocorre de acordo com o Plano de Gerenciamento de Resíduos da instituição, o que implica em custos desnecessários com o seu transporte e destinação final. Recursos estes que poderiam ser direcionados à atividade fim da instituição. A variação estimada ultrapassa os cem mil reais (R$ 132.705,97) em um ano, considerando-se apenas 100 leitos, ou seja, menos da metade dos leitos do hospital. Torna-se, portanto, premente a criação de equipe, com vistas a implementar ações educativas em todas as etapas de Plano de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde (PGRSS) da Unidade Hospitalar em estudo.

Palavras-chave: Gerenciamento, Resíduos, Segregação, Custos.

ABSTRAT

Hospital waste is classified in five groups (A, B, C, D and E), according to the current resolutions. It has a significant role in the environmental impact due to its characteristics and may result in significant costs to health facilities due to the need of an appropriate final treatment. This study has the objective of measuring the cost of the solid waste treatment on a General Hospital, after reclassification of the original segregation. Therefore it was conducted a quantitative diagnosis of infectious waste, classified on group A, generated in the institution to further verify if the segregation performed met the protocol established by the waste management program. Then the cost of the original waste segregation was estimated, as well as the cost of segregation after reclassification according to the protocol established by the institution. The evaluation of infectious waste was held in March 2016, in a temporary shelter on the second floor, which receives the waste produced by 100 beds. During the research erros were detected on the process of segregation and collection, it was noticed that the segregation is not occurring according to the Waste Management Plan of the institution, implying unnecessary costs of transport and disposal of this material. Financial resources that could be directed to the core activity of the institution. The estimative of over spent money exceeds one hundred thousand reais (R$ 132.705,97), a year, referring only 100 beds, less than half of the hospital beds. The data indicate the urgency of creating a team to implement educational activities in all stages of the Waste Management Plan for Health Service (PGRSS) of the institution.

Key Words: Management, Hospital Waste, Segregation, costs.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 15

1.1. Pergunta de Investigação ....................................................................................................... 18

2. OBJETIVOS DO ESTUDO .................................................................................................... 18

2.1. Geral ..................................................................................................................................... 18

2.2. Específicos ............................................................................................................................ 18

3. MARCO REFERENCIAL....................................................................................................... 19

3.1. Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS) .............................. 19

3.2. Resíduos de Serviço de Saúde e a Evolução de sua Regulamentação................................... 19

3.3. Classificação dos Resíduos dos Serviços de Saúde............................................................... 20

3.4. Hospital Geral de Palmas...................................................................................................... 25

3.5. Gerenciamento de Resíduos no Hospital Geral de Palmas Dr. Francisco Aires ................. 26

3.5.1. Segregação, Acondicionamento e Identificação dos Resíduos.......................................... 26

3.5.2. Transporte Interno dos Resíduos na Instituição................................................................ 27

3.5.3. Paramentação do Funcionário........................................................................................... 28

3.5.4. Armazenamento Temporário............................................................................................. 28

3.5.5. Armazenamento Externo................................................................................................... 29

4. TRATAMENTO DOS RESÍDUOS INFECTANTES DO HGP............................................ 30

5. MATERIAL E MÉTODO........................................................................................................ 32

6. ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................................................... 34

7. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................................... 34

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 44

9. REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 46

APÊNDICE 01 ............................................................................................................................. 48

APÊNDICE 02 ............................................................................................................................. 49

ANEXO 01 ................................................................................................................................... 50

ANEXO 02 ................................................................................................................................... 53

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Classificação dos resíduos de saúde............................................................................. 27

Figura 2 – Carro para transporte interno dos resíduos................................................................... 27

Figura 3 – Paramentação adequada para transporte dos resíduos sólidos..................................... 28

Figura 4 - Abrigo temporário dos resíduos sólidos até o transporte para o abrigo externo........... 29

Figura 5 – Abrigo externo dos resíduos infectantes e comuns...................................................... 30

Figura 6 – Fluxo do processo de segregação a ser verificado no HGPP....................................... 33

Figura 7 – Demonstração da segregação inadequada ............................................................. 36

Figura 8 – Erros de coleta .................................................................................................. 36

Figura 9 – Segregação inadequada ....................................................................................... 38

Figura 10 – Segregação inadequada dos resíduos do grupo D ................................................ 40

Figura 11 – Acúmulo de resíduos infectantes no pátio do HGP .............................................. 41

Figura 12 – Acúmulo de resíduos infectantes no pátio do HGP .............................................. 42

Figura 13 – Acúmulo de resíduos infectantes no pátio do HGP .............................................. 42

LISTA DE QUADRO

Quadro 1 - Origem das Dotações Orçamentárias que custeiam as despesas com transporte,

tratamento e destino final do resíduo infectante do HGPP............................................................ 31

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição do quantitativo de resíduos sólidos infectantes, por dia e período da coleta

de dados, Palmas TO, março de 2016........................................................................................... 35

Tabela 2 - Distribuição dos valores gastos com os resíduos sólidos infectantes do Hospital Geral,

por dia e período da coleta de dados, Palmas TO, março de 2016................................................ 38

Tabela 3 - Distribuição dos valores estimados gastos com tratamento e destinação final dos

resíduos sólidos infectantes do Hospital Geral, Palmas TO, março de 2016................................ 43

LISTA DE GRÁFICO

Gráfico 1 - Distribuição dos valores gastos com tratamento dos resíduos sólidos infectantes de

um Hospital Geral, Palmas TO, março de 2016............................................................................ 39

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

CC - Centro Cirúrgico.

CME – Central de Material Estéril.

CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear.

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente.

HGPP – Hospital Geral Público de Palmas.

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia.

IPEM – Instituto de Pesos e Medidas.

ISC – Instituto de Saúde Coletiva

MS – Ministério da Saúde.

MTR – Manifesto de Transporte de Resíduo.

NBR- Norma Brasileira Registrada.

PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde.

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada.

RSS – Resíduos do Serviço de Saúde.

SCIH – Serviço de Controle de Infecção Hospitalar.

SESAU – Secretaria de Saúde.

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1. INTRODUÇÃO

O gerenciamento dos resíduos sólidos, oriundos da manufatura de elementos básicos tem

sido um tema amplamente discutido na atual sociedade, que se encontra cada vez mais

comprometida com as questões ambientais, considerando-se sua importância para a redução do

impacto ambiental, produzido pelo mundo globalizado. Muitos esforços estão sendo realizados

para conscientizar a população quanto à necessidade da segregação adequada, melhora na coleta

e maior responsabilização dos governantes, no que se refere aos devidos investimentos na

destinação devida dos resíduos produzidos pela humanidade, bem como, na importância de sua

reciclagem, enaltecendo-se com isso o consumo responsável dos recursos oferecidos pela

natureza.

Como exemplo destas ações, no âmbito privado, podemos citar as ações desenvolvidas

pela Empresa Brasileira de Cosméticos Natura, que adotou a prática de distribuição de seus

produtos, em embalagens do tipo refil, com preços mais acessíveis aos consumidores,

promovendo a reutilização de seus recipientes originais, bem como, as ações das cooperativas de

catadores de lixo, que têm na utilização alternativa de produtos recicláveis, a base da matéria

prima necessária para o fomento de atividades lucrativas e geradoras de mãos de obra e trabalho,

com o incentivo do uso racional e sustentável de resíduos industriais.

Outros materiais, entretanto, têm a sua reutilização limitada, ou até mesmo proibida,

como é o caso dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) sendo definido como materiais

provenientes das atividades exercidas por profissionais da assistência médica, odontológica,

laboratorial, farmacêutica, dentre outras áreas afins que, por suas especificidades, necessitam de

processos diferenciados de manejo, exigindo ou não tratamento prévio para a disposição final

(CUSSIOL, 2008).

Os RSS são classificados pela Resolução da Diretoria Colegiada, RDC n.o 306/04, em

cinco grupos, a saber: grupo A, resíduos com possível concentração de presença biológica,

também chamado como infectante; grupo B, resíduos que contenham substâncias químicas;

grupo C, resíduos que contenham radionuclídeos em quantidade superior aos permitidos pelas

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legislações vigentes; grupo D, resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou

radiológico e o grupo E, que incluem materiais perfurocortantes ou escarificantes.

De acordo com o Portal Resíduos (2015), no Brasil, o tratamento dos resíduos sólidos tem

a quinta prioridade na gestão e gerenciamento de resíduos, segundo o Artigo 9.o da Lei

12.305/2010, que elenca a ordem de prioridade a ser seguida para este tratamento: não geração,

redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final

ambientalmente adequada aos rejeitos (Lei 12.305\2010).

Tendo em vista a especificidade dos resíduos gerados no âmbito dos serviços de saúde,

particularmente em hospitais, foram construídos marcos regulatórios específicos destinados a

regulamentar o seu gerenciamento nas unidades hospitalares. O primeiro marco normativo para a

área da saúde foi a Resolução do CONAMA n.o 6, de 19/09/1991. Em função dos desafios

gerados, este tema vem assumindo grande importância com o passar dos últimos anos, sendo

objeto de políticas públicas e ações legislativas que buscam a sustentabilidade ambiental e a

preservação da saúde. Atualmente, o gerenciamento de RSS é orientado pela Resolução n.º 358,

de abril de 2005.

Se de um lado o gerenciamento dos resíduos tem impacto positivo para o meio ambiente,

por outro, pode comprometer os recursos financeiros destinados à manutenção dos serviços de

saúde, pois se a estes forem dadas formas inadequadas de tratamento, podem se tornar um

componente gerador de custos significativos para o orçamento da saúde pública.

Em Palmas, Tocantins, a partir de abril de 2014, após acordo entre a Prefeitura Municipal

e a Gestão Estadual, o tratamento dos resíduos de saúde passou a ser custeado com recursos da

Secretaria de Estado da Saúde, honerando o Órgão Estatal inicialmente em R$ 3,50 (Três reais e

cinquenta centavos) por cada quilo de resíduo hospitalar (infectante) gerado.

O Hospital Geral de Palmas Dr. Francisco Aires (HGP), inaugurado em julho de 2005,

possui um Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde (PGRSS) baseado na

Resolução n.º 358 do CONAMA. Aquela Unidade Hospitalar dispõe de mais de 200 leitos,

distribuídos nas Unidades de Internação, Unidades de Tratamento Intensivo Adulto e Pediátrico,

além de uma Unidade de Tratamento Intermediário. Seu Pronto Socorro é de portas abertas e

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conta com especialistas nas diversas áreas da medicina; por ser considerado de grande porte e

possuir alta densidade tecnológica é considerado o componente de Atenção Hospitalar da Região

Capim Dourado.

No seu processo de atenção à saúde, a instituição gera uma quantidade de resíduos que

ultrapassa 40 mil toneladas por mês. No entanto, mesmo com o PGRSS, não se observa uma

supervisão e/ou capacitação adequada para que seu manejo seja cumprido de acordo com as

normais referenciadas, o que pode estar honerando o processo de gerenciamento além das

expectativas necessárias.

A importância de um gerenciamento adequado dos Resíduos dos Serviços de Saúde se faz

necessária, considerando-se o fato de que o pagamento do tratamento é de responsabilidade do

Órgão Gestor de Saúde do Estado do Tocantins, deste 01 de abril de 2014, colocando esta

atividade como componente dos custos para o hospital. Porém, apesar de ter um plano de

gerenciamento de resíduo, este parece não estar sendo cumprido adequadamente.

A falta de conhecimento técnico (dos gestores) sobre o assunto faz com que, em muitos

casos, os resíduos sejam ignorados ou recebam tratamento com excesso de cuidados, onerando

ainda mais os já escassos recursos das instituições hospitalares (Ambiente Brasil, 2015) e em

outras situações, em função da falta de conhecimento dos funcionários, a segregação é realizada

de forma totalmente irregular, o que também aumenta o descarte e tratamento irregular do

resíduo. Enquanto enfermeira, lotada no Hospital Geral de Palmas, durante o desenvolvimento

das atividades profissionais no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) surgiu o

interesse em avaliar se a segregação de resíduos sólidos estaria sendo feita de acordo com o

protocolo e/ou Plano de Gerenciamento de Resíduos da Instituição e quais suas implicações

financeiras, justificando assim a realização deste estudo.

Nesse sentido, a perspectiva é que a identificação do quantitativo de resíduo gerado e os

custos associados, assim como, a qualidade da segregação realizada nas unidades da instituição

poderá contribuir para a criação de um plano de intervenção quanto a melhor forma de reduzir os

gastos com o tratamento deste produto.

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Ante ao exposto, ressalta-se a importância de conhecer os tipos de tratamento adequados

de acordo com o resíduo gerado, sem perder de vista o impacto ambiental que possa ser causado,

em conformidade com a Lei no 12305/2010.

1.1.Pergunta de Investigação

Haveria variação de custos com o tratamento de resíduos sólidos infectantes no Hospital

Geral de Palmas Dr. Francisco Aires, caso houvesse uma seleção mais criteriosa na sua

segregação?

2. OBJETIVOS DO ESTUDO

2.1.Geral

Mensurar a variação dos custos com o tratamento dos resíduos sólidos infectantes de um

hospital geral, após reclassificação da segregação original.

2.2. Específicos

a) Realizar diagnóstico do quantitativo de resíduos infectantes do grupo A, no segundo piso

da unidade de internação do Hospital Geral de Palmas Dr. Francisco Aires.

b) Verificar se a segregação realizada atende o protocolo estabelecido pelo programa de

gerenciamento de resíduo da instituição.

c) Estimar os custos dos resíduos da segregação original e da segregação realizada na

reclassificação, a partir do protocolo estabelecido na instituição.

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3. MARCO REFERENCIAL

3.1. Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS)

O Plano de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde (PGRSS) é um documento

integrante do processo de licenciamento ambiental, baseado nos princípios da não geração de

resíduos e na minimização da geração de resíduos e deve apontar e descrever as ações relativas

ao seu manejo, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento,

coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e disposição final, bem como a

proteção à saúde pública e ao meio ambiente (CONAMA, 2005).

3.2.Resíduos de Serviços de Saúde e a Evolução de sua Regulamentação

Os resíduos de serviço de saúde (RSS) são aqueles provenientes de atividades exercidas por

prestadores de assistência médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica, dentre outros que, por

suas especificidades, necessitam de processos diferenciados no manejo, exigindo ou não

tratamento prévio para a disposição final (CUSSIOL, 2008).

O gerenciamento deste tipo de resíduo só passou a ser regulamentado em 1991, com a

Resolução do CONAMA, que estabeleceu o prazo de 180 dias para o estabelecimento de normas

para o tratamento especial dos resíduos no âmbito estadual.

A resolução do CONAMA n.o 5, datada de 1993, trás entre outros, os conceitos de resíduos

sólidos, plano de gerenciamento de resíduos sólidos, além de padronizar as embalagens para o

acondicionamento dos resíduos do grupo “A”, recomendando ainda para tratamento destes

resíduos, a esterilização a vapor ou a incineração.

A resolução do CONAMA n.o 283/2001, determina que o responsável legal pela Instituição

de Saúde deve apresentar um Plano de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde –

PGRSS, onde será responsável por todo processo de gerenciamento de seus resíduos, desde sua

geração até sua disposição final; classifica ainda os resíduos em quatro grupos A, B, C e D,

posteriormente alterados, conforme apresentado na próxima explanação.

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A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n.o 33/2003/ANVISA dispõe sobre o

regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde e instituiu o prazo de

12 meses para a adequação dos serviços, aos requisitos nele contidos.

A RDC n.o 306/2004 dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento dos

resíduos; revoga a RDC n.º 33/03; especifica o tipo de material da embalagem para

acondicionamento dos resíduos; regulamenta o transporte e o acondicionamento destes e sugere a

implantação de instrumentos de avaliação.

A resolução n.o 358/2005, do CONAMA, revoga as resoluções n.º 5/93 e a n.º 283/01;

dispõe sobre o tratamento e disposição final dos resíduos, enfatizando no seu Artigo 14 a

obrigatoriedade da segregação dos resíduos nas fontes geradoras, para fins de redução do volume.

A lei n.º 12305, de 2010, institui a Politica Nacional de Resíduos Sólidos e entre seus

objetivos destaca, em seu artigo 07- “... a não geração, redução, reutilização, reciclagem e

tratamento dos resíduos e disposição final”.

3.3.Classificação dos Resíduos dos Serviços de Saúde

Esta classificação tem por base as Resoluções do CONAMA n.o 358/05 e da Diretoria

Colegiada (RDC) n.º 306/04, nas quais a identificação deve permitir o reconhecimento dos

resíduos, fornecendo informações acerca do manejo correto, classificando os resíduos em 05

grupos distintos (Grupo A, B, C, D e E).

Grupo A

Nesta classificação, encontram-se os resíduos com possível concentração de presença

biológica, tais como: sangue, hemoderivados, excreções, secreções, líquidos orgânicos entre

outros.

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Subdivisões

A1 - Enquadra-se nesse grupo

Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos,

exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados;

meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de

culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética;

Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou

certeza de contaminação biológica, microrganismos com relevância epidemiológica e

risco de disseminação ou causador de doença emergente, que se torne

epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido;

Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por

contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas

oriundas de coleta incompleta;

Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e

materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos

corpóreos na forma livre.

A2 - Enquadra-se nesse grupo:

Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais

submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem

como suas forrações;

Cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância

epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo

anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica.

A3 - Enquadra-se nesse grupo:

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Peças anatômicas (membros) de humanos, amputados.

Produtos de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura

menor que 25 cm ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor

científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares.

A4 - Enquadra-se nesse grupo:

kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados;

Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membranas filtrantes de

equipamentos médico-hospitalares e de pesquisas, entre outros similares;

Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes, contendo fezes, urina e secreções

provenientes de pacientes que não sejam suspeitos de contaminação e nem apresentem

relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismos causadores de

doenças emergentes, que se tornem epidemiologicamente importantes ou cujo mecanismo

de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons;

Resíduos de tecidos adiposos provenientes de lipoaspiração e lipoescultura ou outro

procedimento de cirurgia plástica que gere esse tipo de material;

Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não

contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos

cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica;

Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não

submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem

como suas forrações;

Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

A5 - Enquadra-se nesse grupo:

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Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e

demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou

certeza de contaminação com príons.

Grupo B

Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à Saúde Pública ou

ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade,

reatividade e toxicidade.

Enquadram-se nesse grupo:

Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos;

imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando

descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de

medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos

medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações.

Resíduos de saneantes, desinfetantes, resíduos contendo metais pesados; reagentes

para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes;

Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores);

Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas; e

Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da

ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

Grupo C

Resíduos com quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham

radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação, especificados nas normas da

Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não

prevista.

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Enquadram-se neste grupo:

Quaisquer materiais resultantes de laboratórios de pesquisa e ensino na área de saúde,

laboratórios de análises clínicas e serviços de medicina nuclear e radioterapia que

contenham radionuclídeos em quantidade superior aos limites de eliminação.

Grupo D

Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio

ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

Enquadram-se nesse grupo:

Sobras de alimentos e do preparo de alimentos;

Resto alimentar de refeitório;

Resíduos provenientes das áreas administrativas;

Resíduos de varrição, flores, podas e jardins;

Resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde;

Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de

vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia

de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1;

Material utilizado em anti-sepsia e hemóstases de venóclises equipo de soro e outros

similares aos classificados como A1.

Grupo E

Materiais perfurocortantes ou escarificantes.

Enquadram-se nesse grupo:

25

Lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, brocas, escalpes, lâmina de bisturi e

todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório, (pipetas, tubo de coleta

sanguínea e placa de Petri) e outros similares.

Com base nas informações da Associação Brasileira de Normas Técnicas n.o 10004 de

2004, os resíduos são classificados em:

Classe I (perigosos), que devem ter pelo menos uma das características a seguir:

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e patogenecidade.

Classe II (não perigosos):

Resíduos classe II A (não inertes), estando incluso nesta categoria os resíduos

biodegradáveis, com características de combustibilidade ou solubilidade.

Resíduos classe II B (inertes)

3.4. Hospital Geral de Palmas Dr. Francisco Aires.

O Hospital Geral de Palmas Dr. Francisco Aires (HGPP), localizado em Palmas, capital

do Estado, foi inaugurado em julho de 2005 sob administração estadual. Possui atendimento

continuo 24 horas por dia e dispõe de 353 leitos habilitados, distribuídos em leitos de internação,

Unidade de Tratamento Intensivo Adulta e Pediátrica, além de uma Unidade de Tratamento

Intermediário. Seu corpo clínico é composto por aproximadamente 15 especialidades cirúrgicas e

10 clínicas. Seu Pronto Socorro é de porta aberta e conta com especialistas nas diversas áreas da

medicina; por ser considerado de grande porte e com alta densidade tecnológica é componente de

Atenção Hospitalar da Região “Capim Dourado”.

A instituição encontra-se sob ampliação, com implantação de mais quatro salas no Centro

Cirúrgico (CC), aumento do expurgo e da central de material estéril (CME), além de mais cinco

leitos na sala de recuperação anestésica e 200 leitos na Unidade de Internação. Seu Plano de

26

Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde (PGRSS) tem como base a Resolução n.º 358

do CONAMA e segrega seus resíduos em comum (grupo D) e resíduos infectantes (grupo A).

3.5. Gerenciamento de Resíduos no Hospital Geral de Palmas Dr. Francisco Aires.

O Programa de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde (PGRSS) das

instituições que prestam assistência à saúde devem adotar ações para proteção dos usuários,

funcionários e pacientes desde o momento de produção do resíduo até seu destino final. Visando

esta segurança, o gerenciamento de resíduos destas instituições deve atender às várias etapas do

plano de gestão, sempre tendo como base a classificação dos resíduos.

A seguir será descrita a forma que se realiza o gerenciamento dos resíduos no Hospital

Geral de Palmas Dr. Francisco Aires, baseada na Resolução CONAMA n.º 358 de 2005 e a RDC

da ANVISA n.º 306 de 2004.

3.5.1. Segregação, Acondicionamento e Identificação dos Resíduos.

A segregação de resíduos inicia-se no local de sua geração, sendo classificados em

contaminados e resíduos comuns.

Os resíduos do Grupo “A” são acondicionados em recipientes com tampa e com pedal; os

sacos plásticos são de cor branca leitosa, com símbolo de resíduo infectante, classe II. Os

resíduos do subgrupo A3 são encaminhados para exames ou sepultamento.

Os resíduos líquidos do grupo “B” são encaminhados diretamente para a estação de

tratamento de esgoto. Os resíduos quimioterápicos são acondicionados em recipientes com tampa

e com pedal, os sacos plásticos são de cor branca leitosa, com símbolo de resíduo infectante,

classe II.

Os resíduos do grupo “D” são acondicionados em recipientes, com tampa e pedal, os

sacos plásticos são de cor preta, classe II.

Finalmente, os resíduos do tipo “E” são acondicionados em caixas rígidas, impermeáveis,

com lacre e com símbolo de resíduos infectantes, estando em conformidade com a Norma NBR

9191/7500.

27

Figura 1: Classificação dos Resíduos de Saúde Fonte: http://pt.slideshare.net/tamireslima/apresentao-gerres

3.5.2. Transporte Interno dos Resíduos na Instituição.

Os resíduos dos grupos A, B e D, são transportados cinco vezes ao dia e quatro vezes à

noite, em carro de transporte projetado em resina poliéster e fiberglas reforçado, dreno para

escoamento de líquidos, com duas tampas e capacidade para 500 litros. Os resíduos do grupo E,

são transportados sempre que as embalagens atinjam o limite máximo permitido.

Figura 2 - Carro para transporte interno dos resíduos. Fonte: www.metalpan.com.br

O funcionário responsável por este transporte é capacitado e orientado quanto ao manejo do

resíduo hospitalar, entre as orientações citamos o acondicionamento, coleta, armazenamento

28

temporário, armazenamento externo dos resíduos. Sendo paramentado de acordo com as

normativas vigentes.

3.5.3. Paramentação do Funcionário.

O profissional responsável pela coleta e transporte dos resíduos infectantes deve estar

devidamente paramentado com os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), essenciais para a

prevenção de acidentes. Cabe ao empregador dispor de equipamento de proteção que se adapte ao

tipo físico do funcionário, devendo estar condizente com o tipo resíduo a ser manuseado. Os

EPI’s recomendados são: botas de borracha antiderrapantes; luvas de borracha cano curto; óculos,

máscara com filtro de carvão ativado, avental impermeável, boné ou touca. (CUSSIOL, 2008).

Além de calça comprida e camisa (uniforme da empresa).

Figura 3: Paramentação adequada para transporte dos resíduos sólidos.

Fonte: http://pt.slideshare.net/juliamartinsulhoa/gerenciamento-de-resíduo

3.5.4. Armazenamento Temporário

O abrigo de resíduos temporário é dimensionado em 3.50 x 1,65 m². O piso é revestido de

material liso, impermeável, lavável e de fácil higienização, o fechamento é constituído de porta

29

de madeira, ponto de iluminação, água, tomada elétrica, ralo sifonado, com tampa direcionada

para a rede de esgoto do estabelecimento.

A sala para armazenamento temporário é destinada exclusivamente para o resíduo

hospitalar, existe uma para cada setor. As embalagens plásticas com resíduo hospitalar são

acondicionadas em carro de transporte, existente em cada abrigo. O abrigo é identificado e

restrito aos funcionários do gerenciamento de resíduos, sendo de fácil acesso para o transporte.

Figura 4 - Abrigo Temporário dos resíduos sólidos até o transporte para o abrigo externo.

Fonte: Acervo próprio da pesquisadora.

3.5.5. Armazenamento Externo

O abrigo é dimensionado em 61,62 m², com capacidade de armazenamento para três dias

de geração de resíduos. O piso é revestido de material liso, impermeável, lavável e de fácil

higienização. O fechamento é constituído de material liso, lavável e fácil higienização, com

aberturas para ventilação, a porta é provida de tela de proteção contra roedores e insetos vetores,

de largura compatível com as dimensões dos recipientes de coleta externa, pontos de iluminação,

água, tomada elétrica, canaletas de escoamento da água já utilizada, direcionadas para a rede de

esgoto do estabelecimento e ralo sifonado, com tampa que permita sua vedação. Possui também

área para higienizar os carros de transporte de resíduo.

30

O armazenamento externo, denominado de abrigo de resíduos, é construído em ambiente

exclusivo, com acesso externo facilitando à coleta, possuindo um ambiente separado para atender

o armazenamento de recipientes de resíduos do grupo A, juntamente com os do grupo E, e outro

ambiente para acondicionar os resíduos do grupo D.

Os resíduos orgânicos do grupo D, tais como sobras de alimentos da cozinha e restos

alimentares do refeitório, possuem armazenamento individual, a câmara fria, também com acesso

externo para coleta. O abrigo é identificado e restrito aos funcionários do gerenciamento de

resíduos, tem fácil acesso para recipientes de transporte e para veículos coletores. Os recipientes

de transporte interno não transitam pela via pública externa à edificação do hospital, para terem

acesso ao abrigo de resíduos.

Figura 5- Abrigo externo de resíduos infectantes e comuns. Fonte: Acervo próprio da pesquisadora.

4. TRATAMENTO DOS RESIDUOS INFECTANTES DO HGP

Em 2015 foi celebrado contrato, onde foram partes o Estado do Tocantins, através da

Secretaria de Estado da Saúde e a empresa Dantas e Cavalcante – LTDA/ECOSERVICE,

localizada na cidade de Imperatiz/MA, com o objetivo de garantir a coleta e transporte externos;

tratamento e destinação final dos resíduos sólidos infectantes (grupo A), químico (grupo B) e

perfurocortante (grupo E).

31

A empresa possui alvará da vigilância sanitária e atende às resoluções do CONAMA,

relacionadas ao credenciamento deste serviço, a qual, por contrato, estará recebendo R$ 4,080

(Quatro reais e oito centavos) por quilo de resíduo. A coleta é realizada uma vez por dia,

diariamente. A empresa contratada é responsável em fornecer recipientes apropriados, com

capacidade de 200 litros (bombonas), para coleta e acondicionamento dos resíduos infectantes

naquela Unidade Hospitalar.

A pesagem deve ocorrer na presença de um servidor do Estado, designado pelo contratante,

e deve ser registrada no Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), em três vias, ficando uma

no local da coleta.

Os veículos utilizados no transporte e coleta dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

devem ser do tipo baú fechado, com a devida identificação normatizada de transporte de material

infectante e de acordo com as legislações vigentes.

As despesas decorrentes com transporte, tratamento e destino final do resíduo infectante

são custeadas por meio das seguintes dotações orçamentárias:

Quadro 1: Origem das Dotações orçamentárias que custeiam as despesas com transporte,

tratamento e destino final do resíduo infectante do HGPP.

CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA Programa do PPA Saúde Direito do Cidadão Ação/ Orçamento Modernização da Gestão e Gerência Hospitalar e Ambulatorial

Própria do Estado Bloco Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) Componente Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e

Hospitalar Ação/Serviço/Estratégia Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e

Hospitalar Fonte F – 250 e / ou F-102.

Fonte: Contrato n.o 15/2015; Processo n.o 20153055000469.

32

5. MATERIAL E MÉTODO

Para dar conta dos objetivos, foi realizado diagnóstico do processo de segregação dos

resíduos sólidos do hospital, através da utilização de protocolo (Apêndice 01), elaborado a partir

do programa de gerenciamento de resíduos, para identificar se os profissionais e/ou usuários

estão realizando a segregação de acordo com protocolo.

Foi realizada então avaliação dos resíduos sólidos infectantes, depositados no abrigo

temporário do segundo piso, que recebe os resíduos produzidos por 100 leitos, onde a

pesquisadora, durante o período da coleta, esteve paramentada de forma adequada com as

determinações das resoluções específicas e contou com o auxilio de uma funcionária para o

registro da pesagem. A avaliação da segregação dos resíduos do grupo A foi realizada,

inicialmente, com a pesagem do resíduo, na forma como foi acondicionado nas unidades de

coleta. Posteriormente, houve a abertura dos sacos contendo resíduos infectantes e a avaliação

criteriosa do conteúdo, conforme o PGRSS da instituição. Os resíduos que estavam em

conformidade com a classificação do grupo A foram separados, sendo realizada nova pesagem,

desta forma foi possível avaliar o quantitativo de resíduo gerado atualmente e sua magnitude real,

identificando-se, assim, os possíveis casos de erros na segregação. Os resultados, após a

pesagem, foram registrados em planilha (apêndice 2), conforme fluxo (Figura 6).

A balança mecânica utilizada foi da marca Welmy, capacidade para 150 kg, com graduação

de 100g, tapete em borracha anti-derrapante, estrutura em material resistente e acabamento

branco, com certificação do IPEM/INMETRO, sendo realizada a tara antes do início de cada

período de coleta.

O valor utilizado como base para os cálculos foi de R$ 4,08 (Quatro reais e oito centavos),

conforme contrato entre a Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins e a empresa contratada

para tratamento dos resíduos infectantes.

Destaca-se que, após realização da segunda pesagem, se manteve a segregação original,

pois o lixo comum torna-se infectante ao entrar em contato com material originariamente

infectante, desta forma os custos dos resíduos serão estimados nestas duas etapas conforme a

equação. Ve = Vo - Vs

33

Onde:

Ve = Volume excedente após segregação adequada.

Vo = Volume original (segregação proveniente das unidades).

Vs = Volume segregado (segregação após avaliação de acordo com os critérios

estabelecidos na normativa).

Os dados foram calculados considerando o Vo e Vs, onde a partir destes resultados foi

calculado o custo existente.

Figura 6 - Fluxo do processo de segregação a ser verificado no HGP Fonte: elaboração própria a partir do PGRSS do HGPP.

Abrigo interno no segundo piso do HGP

Pesquisadora

Abertura do saco com resíduo proveniente das unidades

Pesar o resíduo

Funcionária auxiliar anota o valor em planilha

Seguindo protocolo institucional

Reclassificação dos resíduos proveniente das unidades

Conformidade Inconformidade

Retornar novamente a embalagem original e encaminhar ao abrigo externo

m orig

Pesquisadora pesa o resíduo

R

34

6. ASPECTOS ÉTICOS

A coleta de dados foi realizada no mês de março de 2016, durante cinco dias, nos períodos

matutino e vespertino, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Saúde

Coletiva da universidade Federal da Bahia, sob o Parecer n.o 1445982.

A pesquisa seguiu a Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.º 466/2012, que

regulamenta a pesquisa com seres humanos, e a Portaria n.º 796, datada de 27 de junho de 2014,

exarada pela Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SESAU), que regulamenta a coleta de

dados para fins de pesquisa em unidades sob sua gestão.

7. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na tabela 1, observa-se que os valores no quantitativo de resíduos nos períodos matutino e

vespertino são aproximados entre eles, excetuando-se os períodos vespertinos do segundo e

quinto dia de coletas, onde, por questões operacionais, não seguiram os mesmo padrão

observado, em razão da própria coleta não seguir a uniformidade necessária para a mensuração

dos dados.

No segundo dia, a coleta foi prejudicada por motivos alheios à vontade da pesquisadora,

assim como, o quinto dia também, por questões de demora do Setor de higienização na coleta dos

resíduos e encaminhamento até o abrigo interno, onde seria realizada a devida pesagem.

Para finalidade de avaliação, a tabela foi completada, fazendo-se a média aritmética entre

os valores obtidos em todas as tardes. Apesar destas dificuldades o resultado final não ficou

comprometido, onde Volume Original (Vo) é referente ao quantitativo de resíduos gerados na

unidade; Volume Segregado (Vs) é referente aos resíduos após seleção; e o Volume Excedente

(Ve) corresponde aos resíduos acondicionados em local inadequado. Durante o processo de coleta

dos dados foi possível observar que existem erros na segregação e na coleta.

35

Tabela 1 - Distribuição do quantitativo de resíduos sólidos infectantes, por dia e período da

coleta de dados, Palmas TO, março de 2016.

Período Volume Original

(Vo) Volume Segregado

(Vs) Volume

Excedente (Ve)

Primeiro dia

Manhã 61.700 g 9.300 g 52.400 g

Tarde 64.500 g 15.000 g 49.500 g

Segundo dia

Manhã 53.300 g 11.900 g 41.400 g

Tarde 63.116 g 15.033 g 48.133 g

Terceiro dia

Manhã 52.900 g 14.300 g 38.600 g

Tarde 59.100 g 15.200 g 43.900 g

Quarto dia

Manhã 41.200 g 11.100 g 30.100 g

Tarde 65.900 g 14.900 g 51.000 g

Quinto dia

Manhã 62.900 g 20.400 g 42.500 g

Tarde 63.116 g 15.033 g 48.133 g

Total 587.732 g 142.166 g 445.666 g

Fonte: Hospital Geral. Elaboração própria.

Na segregação, o quantitativo de 445.666g dos resíduos foi acondicionado em local

inadequado, ou seja, resíduos comuns em sacos brancos destinados aos resíduos infectantes,

caracterizando desta forma que a segregação realizada não atende as recomendações do Plano de

Gerenciamento de Resíduos, conforme o demonstrado na figura 7, onde o resíduo infectante seria

somente os sacos que estão depositados do lado de fora do carro de transporte, enquanto os que

estão no interior do carro são o resultado do acondicionamento inadequado. A segregação deve

ser realizada na fonte de geração, condicionada a uma ampla e detalhada capacitação da equipe

multiprofissional, sendo esta etapa considerada uma das mais importantes para o sucesso da

implantação do Plano de Gerenciamento de dos Resíduos de Saúde (PGRSS).

36

Figura 7: Demonstração da segregação inadequada Fonte: Acervo próprio da pesquisadora

Os erros de coleta ficaram evidentes quando foi observado que os sacos pretos recolhidos

são também acondicionados em sacos brancos pela equipe do serviço de higienização e limpeza,

conforme figura 8. Contrariando a RDC n. 306/2004 que especifica o tipo adequado de

embalagem e acondicionamento dos resíduos. Devendo o resíduo comum, ser descartado em saco

preto e ser encaminhado ao abrigo temporário separado do resíduo infectante.

Figura 8: Erros de coleta Fonte: Acervo próprio da pesquisadora.

37

Uma pesquisa realizada em Porto Alegre/RS, objetivando analisar o gerenciamento dos

resíduos sólidos produzidos nos serviços de saúde dos hospitais, destaca que a conscientização de

funcionários, médicos e gerência das Unidades Hospitalares, sobre a importância da correta

segregação, armazenagem e manuseio dos resíduos está diretamente ligada ao sucesso do

gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS). (NASCIMENTO et al, 2002).

Esta mesma dissertação obteve como resultado que a segregação na origem e o

encaminhamento à reciclagem, reduzem o volume de resíduos destinados ao aterro sanitário e,

consequentemente, traz benefícios sociais e ambientais, sendo que, em muitos casos, também

economia de recursos financeiros para o estabelecimento de saúde. Ressalta-se assim a

importância de um trabalho direto e eficiente na capacitação dos funcionários, envolvidos na

produção e manipulação destes resíduos. Através desta conscientização será possível a redução

do quantitativo de resíduos infectantes, produzidos na fonte geradora, como é preconizado pelas

resoluções vigentes.

A RDC n.o 33/2003 enfatiza que a capacitação de funcionários envolvidos no

gerenciamento de resíduos deve ser realizada em sua admissão e periodicamente. Esta ação, em

conjunto com uma supervisão criteriosa tornaria o processo de segregação, acondicionamento e

transporte mais eficaz.

Na tabela 2 podemos comparar os valores gastos com o tratamento necessário dos resíduos

até seu destino final. Considerando que o valor pago é de R$ 4,08 (Quatro reais e oito centavos)

por quilo de resíduo, a variação total dos custos que poderia ser economizado é da monta de R$

1.817,90 (mil oitocentos e dezessete reais e noventa centavos), sendo este valor considerável para

cinco dias e para um total de apenas cem leitos. Segundo a Resolução n.o 283/01 do CONAMA,

“cabe ao estabelecimento gerador à responsabilidade pelo gerenciamento de seus resíduos desde

a geração até a disposição final”.

Garcia e Zanetti (2004), afirmam que “apenas uma parcela dos RSS é potencialmente

infectante, contudo, se ela não for segregada adequadamente, todos os resíduos que a ela

estiverem misturados também deverão ser tratados como potencialmente infectantes, exigindo-se

assim, procedimentos especiais para acondicionamento, coleta, transporte e disposição final,

elevando-se, com isso, os custos do tratamento desses resíduos”.

38

Tabela 2 - Distribuição do valor gasto com os resíduos sólidos infectantes do Hospital Geral, por

dia e período da coleta de dados, Palmas-TO, março de 2016.

Fonte: Hospital Geral. Elaboração própria.

Durante o processo de avaliação dos sacos coletores dos resíduos infectantes, foi observada

grande quantidade de materiais, então, não infectantes, entre eles papel toalha, copos

descartáveis, restos de alimentos, embalagens plásticas, caixas de papel, coletores de urina

cheios, indevidamente descartados como resíduos infectantes, além de quantidade expressiva de

agulhas. Conforme o demonstrado na figura 9.

Figura 9: Segregação inadequada Fonte: Acervo próprio da pesquisadora

Período Volume

Original (Kg) Valor

Pago R$ Volume

Segregado (Kg)

Valor Ideal a ser Gasto

R$

Variação de custo R$

Primeiro dia

Manhã 61,70 251,74 9,30 37,94 213,80 Tarde 64,50 263,16 15,00 61,20 201,96

Segundo dia

Manhã 53,30 217,46 11,90 48,55 168,91 Tarde 63,11 257,49 15,03 61,32 196,17

Terceiro dia

Manhã 52,90 215,83 14,30 58,34 157,49 Tarde 59,10 241,13 15,20 62,02 179,11

Quarto dia Manhã 41,20 168,10 11,10 45,29 122,81 Tarde 65,90 268,87 14,90 60,79 208,08

Quinto dia Manhã 62,90 256,63 20,40 83,23 173,40 Tarde 63,11 257,49 15,03 61,32 1.96,17

Total 587,72 2397,90 142,16 580,01 1.817,90

39

Com a segregação feita de forma adequada, os custos com sua destinação final teria uma

redução significativa, num montante aproximado no valor de quase dois mil reais (R$ 1.817,90),

no período considerado de 5 dias de coleta, somente no período diurno, conforme demonstrado

no Gráfico 1.

Este descarte inadequado contraria o que dispõe a RDC n.o 306/2004, que normatiza o

acondicionamento correto dos resíduos de fácil putrefação, entre os quais estão os restos de

alimentos, os quais, segundo a norma em comento, quando coletados por período superior a 24

horas, sua armazenagem deve ser feito sob refrigeração, com vistas a evitar sua imediata

decomposição, o que poderia atrair insetos e animais roedores, além de gatos e cachorros,

disseminadores de diversas patologias.

Gráfico 1 Distribuição dos valores gastos com os resíduos sólidos infectantes do Hospital

Geral, Palmas TO, março de 2016.

Fonte: Hospital Geral. Elaboração própria.

Ainda com base nesta resolução, os resíduos perfurocortantes devem ser descartados em

recipiente rígido, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa, devidamente

identificado, atendendo as normativas vigentes; da forma como foram encontradas em sacos

plásticos, podem causar acidentes graves aos funcionários do serviço de higienização e limpeza.

Garcia e Ramos (2004) apresentam diversos estudos realizados no Brasil, onde identificam

que os acidentes ocupacionais, especialmente as injúrias percutâneas, provocadas principalmente

pelos reencapes das agulhas e sua disposição inadequada, perfazem cerca de 90% dos casos de

0

500

1000

1500

2000

2500

Valor PagoAtualmente R$

Valor Ideal a serGasto R$

Variação de custosR$

2397,9

580,01

1817,89

40

acidentes envolvendo material biológico, citando o Hospital São Paulo, em um período de seis

anos. No município do Rio de Janeiro, uma parte considerável dos acidentes com materiais

perfurocortantes, reportados pelos mesmos autores, teriam ocorrido durante o manuseio dos

resíduos e sua disposição em locais impróprios. Em outro estudo realizado na Tailândia, onde

fora incluído o pessoal de apoio, entre eles, especialmente, os trabalhadores da lavanderia,

limpeza, recepção e almoxarifado, os autores constataram que 61% desses funcionários tinham

sofrido injúria perfurocortantes, considerando-se o último ano. A maioria dos acidentes ocorreu

com funcionários da limpeza, os quais manipulavam materiais perfurocortantes dispostos

inadequadamente pela equipe clínica.

Os outros resíduos identificados poderiam ser descartados em lixeiras destinadas aos

resíduos comuns (grupo D) e encaminhados ao aterro sanitário local, conforme figura 10.

Figura 10: Segregação inadequada de resíduos do grupo D. Fonte: Acervo próprio da pesquisadora.

A Tabela 3 demonstra o valor estimado dos resíduos produzidos por cem leitos, para um

mês em determinado ano, no período diurno, onde se destaca que poderia haver economia de

mais de cem mil reais (R$ 119.920,02) a cada ano, apenas com o transporte e sua destinação

final, confirmando assim, a necessidade premente de viabilização de cursos, com vistas à

capacitação das equipes multiprofissionais acerca da importância da segregação adequada dos

resíduos hospitalares. A grande produção de materiais descartáveis para o atendimento das

necessidades dos serviços de saúde é um dos vilões para o crescimento continuo e progressivo

41

dos resíduos sólidos das instituições de saúde. Paralelo a esta produção temos a crise no setor de

saúde no país.

No Estado do Tocantins, não diferente do restante do país, o setor de saúde vivencia

verdadeiro cenário de crise, onde são constatados inúmeros atrasos no pagamento de

fornecedores e o acúmulo de dívidas, greves e paralizações de serviços essenciais, entre eles,

anestesistas, laboratórios, setores de nutrição e limpeza, assim como, os serviços de coleta,

transporte e tratamento final dos resíduos infectantes, acarretando consequências negativas ao

atendimento oferecido pelo serviço de saúde estatal.

Manchetes como: “Lixo hospitalar está há cinco dias sem ser recolhido no Hospital Geral

de Palmas”- G1 Tocantins (23/07/14) - destaca o armazenamento inadequado, e os mais variados

transtornos advindos por essa razão. A empresa responsável, em defesa, alega o não recebimento

das verbas contratuais, por parte do Estado, onde este não teria honrado com os devidos

pagamentos, inviabilizando, assim, a manutenção adequada dos serviços a serem prestados.

(BARREIRA NOTÍCIAS, 2014).

Figura 11: Acúmulo de resíduo infectante no pátio do HGP. Fonte: Marcos Martins/G1 Tocantins

Outra manchete: “Lixo hospitalar volta a ficar acumulado em pátio do Hospital Geral de

Palmas”- TV Ananguera (19/12/15), enfatiza que parte do montante do lixo hospitalar estaria

42

acumulada no depósito por mais de 30 dias e outra parte no pátio, jogado a céu aberto.

(BARREIRA NOTÍCIAS, 2014).

Figura 12: Acúmulo de resíduo infectante no pátio do HGP. Fonte: Marcos Martins/G1 Tocantins

Ainda: “Sacos de lixo do Hospital Geral de Palmas deixam de ser recolhidos”- Barreiras

Notícias (20/01/16), destaca o acúmulo de lixo hospitalar, depositado também a céu aberto,

próximo ao almoxarifado, farmácia e cozinha. (BARREIRA NOTÍCIAS, 2014).

Figura 13: Acúmulo de resíduo infectante no HGPP. Fonte: Marcos Martins/G1 Tocantins.

“Sacos de lixo continuam acumulados no Hospital Geral de Palmas” – TV Anhanguera

(29/02/16), enfatiza o acúmulo de lixo, onde os profissionais responsáveis pelo recolhimento do

43

resíduo estariam parados por falta de pagamento e que a Secretaria de Estado da Saúde do

Tocantins teria efetuado pagamento, em valores de pouco mais de R$ 323 mil para a empresa,

bem abaixo daquele pactuado em contrato. (BARREIRA NOTÍCIAS, 2016).

Desta forma, se houvesse a segregação adequada dos resíduos hospitalares,

consequentemente haveria redução significativa dos custos decorrentes do direcionamento e

tratamento final destes materiais, promovendo-se com isso a gestão eficiente dos recursos

financeiros destinados para esta finalidade.

Tabela 3 - Distribuição dos valores estimados gastos com tratamento e destinação final dos

resíduos sólidos infectantes do Hospital Geral, Palmas TO, março de 2016.

Volume

Original

(Vo) - Kg

Valor pago

(Vo) R$

Volume

Segregado

(Vs) - Kg

Valor pago

(Vs) R$

Volume

Excedente

(Ve) - Kg

Variação de

custo (Vo-Vs)

05 dias 587,72 2.397,90 142,16 580,01 445,66 1.817,89

30 dias 3.526,32 14.387,40 852,96 3.480,06 2.673,36 10.907,34

365 dias 42.903,56 175.046,70 10.377,68 42.340,73 32.525,88 132.705,97

Fonte: Hospital Geral. Elaboração própria. Considerando o volume original, a estimativa para cem leitos durante um ano é de

42.903,56. Podemos concluir que a geração de resíduo por leito é de 429,03 Kg (R$ 1.750,47).

Com a segregação adequada (Vs) valor seria reduzido para 103,77 Kg (R$ 423,41).

Atualmente o valor gasto com refeições por paciente gira em torno de R$ 70,00/dia. Então o

valor economizado com uma segregação adequada (R$ 132.705,97/ano) seria suficiente para

alimentar 1895 pacientes, ressaltamos que estes valores correspondem somente a 100 leitos no

período diurno. Ao considerarmos o número de leitos cadastrados da instituição (353 leitos) este

valore atinge o quantitativo de R$ 398.117,91 reais, sendo este valor suficiente para suprir as

refeições de 5.687 pacientes.

44

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo em discussão comprova que o Plano de Gerenciamento dos Resíduos do Serviço

de Saúde deve se adequar às necessidades de cada Unidade de Saúde, considerando-se o tipo de

atividade desenvolvida e as características dos resíduos gerados, devendo ser observado o

cumprimento de todas as etapas definidas na normatização preconizada pelas autoridades

competentes.

E a necessidade premente mais importante do processo de implantação do Plano de

Gerenciamento dos Resíduos do Serviço de Saúde está na adequada capacitação dos funcionários

envolvidos no processo de manipulação dos resíduos e das equipes multiprofissionais que atuam

na assistência à saúde, assim como a orientação e conscientização de todos os envolvidos no

processo de prestação de serviços hospitalares, inclusive, os próprios usuários.

A primeira evidência observada foi o descumprimento do protocolo institucional quanto à

segregação adequada dos resíduos sólidos hospitalares, respeitando-se suas características

infectantes (grupo A) e comuns (grupo D). Outra evidência constatada está relacionada às falhas

no sistema de coleta dos resíduos, onde ficou evidenciado que resíduos comuns, não infectantes,

acondicionados em sacos pretos, são posteriormente depositados pelos funcionários do serviço de

higienização e limpeza, no momento de seu recolhimento, de forma inadequada em sacos

brancos, onde deveriam constar apenas resíduos infectantes.

Desta forma, se faz necessária a criação de um grupo de trabalho, com o objetivo de

implementar adequadamente o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde -

PGRSS, através da aplicação de ações educativas e capacitação dos funcionários da assistência

direta aos pacientes, assim como todos os funcionários do serviço de higienização e limpeza,

supervisão e monitoramento contínuos do cumprimento de todas as etapas do PGRSS.

Esta dificuldade não será resolvida simplesmente com capacitações pontuais, exigindo-se

profissionalismo e comprometimento de todos os trabalhadores envolvidos, fomentando-se

programas eficazes de reciclagem e capacitação, com ciclos periódicos e sistemáticos.

O diagnóstico realizado no período e local da coleta não representam a realidade da

segregação dos resíduos sólidos da instituição como um todo, todavia, direcionam e comprovam

45

a existência de problemas a serem resolvido de forma urgente, observando-se que a análise dos

resíduos avaliados corresponde menos de um terço do total de leitos da Unidade Hospitalar

avaliada, o que demonstra ser o problema proporcionalmente maior, destacando –se que a

variação dos custos estimada para um ano ultrapassam R$ cem mil reais (R$ 132.705,97).

Salientamos aqui que o maior problema está na segregação inadequada e que esta por sua

vez, depende diretamente da atitude e postura do profissional que presta assistência direta ao

paciente. Desta forma se faz necessário um trabalho intenso de conscientização não só

relacionado ao custo que esse resíduo gera, mas, também, os riscos de acidentes que podem ser

provocados pela segregação inadequada, principalmente com perfurocortantes.

Com relação à estrutura física a instituição atende as legislações vigentes, em especial, os

abrigos temporários e os externos, porém os restos de alimentos provenientes das enfermarias,

que deveriam ser acondicionados em câmara fria, estão sendo desprezados juntamente com os

resíduos infectantes (saco branco) ou no lixo comum, destinados ao abrigo temporário e

posteriormente ao externo, o que favorece a proliferação de vetores.

Esta pesquisa é o primeiro passo dado para análise detalhada e diagnóstico preciso do

comprometimento ambiental e humano acerca da destinação correta de todos os tipos de resíduos

sólidos gerados nas Instituições de Saúde, com a pretensão de levantar discussões que visem a

melhoria dos sistemas, comprometimento e atuação profissional no tratamento e destinação

adequados, buscando-se com isso, a qualidade de vida necessária para o bem estar comum.

46

9. REFERÊNCIAS

AMBIENTE BRASIL. Residuos Hospitalares, disponível em: www.ambientes.ambientebrasil.com.br › Conteúdo › Resíduos. Acessado em: 14/03/2015.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução n.º33 de 25 de fevereiro de 2003. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2003.

______. Resolução n.º306 de 07 de dezembro de 2004. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2004.

BRASIL. Lei n.º 12305 de 02 de agosto de 2010. Disponível em: http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/lei-12-305-2010-pnrs/view

CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução N.º 06 de 19 de setembro de 1991. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1991.

______. Resolução N.º 05 de 05 de agosto de 1993. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1993.

______. Resolução N.º 283 de 12 de julho de 2001. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2001.

______. Resolução N.º 358 de 29 de abril de 2005. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2005.

CUSSIOL, Noil Amorim de Menezes. Manual de gerenciamento de resíduo de serviço de

saúde/Fundação Estadual do Meio Ambiente. Belo Horizonte: Feam, 2008.

BARREIRAS, NOTÍCIAS. Lixo hospitalar está há 5 dias sem ser recolhido no Hospital Geral de Palmas. Disponível em: G1. globo.com. Disponível em: <htpp://www.google.com.br/search.hl=pt&source=hp&biw=&bih=&q=problemas+com+lixo+hospitalar+no+HGP&gbv.> Acesso em 06 de junho de 2016.

______. Lixo hospitalar volta a ficar acumulado em pátio do Hospital Geral de Palmas. G1. globo.com. Disponível em: <htpp://www.google.com.br/search. hl=pt&source=hp&biw=&bih=&q=problemas+com+lixo+hospitalar+no+HGP&gbv.> Acesso em 06 de junho de 2016.

______.Sacos de lixo do hospital geral de palmas deixam de ser recolhidos. Disponível em: <htpp://www.google.com.br/search.hl=pt&source=hp&biw=&bih=&q=problemas+com+lixo+hospitalar+no+HGP&gbv.> Acesso em 06 de junho de 2016.

47

GARCIA, Leila Posenato Ramos; Betina Giehl Zanetti. Gerenciamento dos Resíduos de Serviço de Saúde: uma questão de biossegurança. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20 (3): 744 – 752, mai - jun, 2004. NASCIMENTO, Luis Felipe Machado do; Oliveira, Joseane Machado de. Análise do Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde nos Hospitais de Porto Alegre. 2002. Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/3255.

PORTAL RESÍDUOS. Tratamento dos Resíduos. Disponível em: www.portalresiduos.com/tratamento-de-residuos-solidos. Acessado em: 08/08/2015.

48

APÊNDICE 01

Relação dos Resíduos Infectantes Com o objetivo de facilitar o processo da nova segregação, segue abaixo a relação dos resíduos

que devem ser considerados como infectantes.

Resíduos Infectantes

Grupo A 1

Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes,

Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos,

Recipientes e materiais contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

Grupo A 3 Peças anatômicas (membros) de humanos, amputados.

Grupo A 4

kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados,

Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes, contendo fezes, urina e

secreções provenientes de pacientes,

Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de

procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de

confirmação diagnóstica,

Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

Grupo A 5

Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes

e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais,

com suspeita ou certeza de contaminação com príons.

49

APÊNDICE 02

Planilha para acompanhamento de peso dos resíduos Data:

Hora Volume Original (Vo)

Volume Segregado (Vs)

Volume Excedente (Ve)

Total

50

ANEXO 01 Parecer da comissão de Ética

51

52

53

ANEXO 02