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    Orientacao em Variedades Diferenciaveis

    Andre Guerino Castoldi

    Prof. Dr. Josiney Alves de Souza

    Universidade Estadual de Maringa

    29 de marco de 2012

    Resumo

    Neste trabalho abordamos o conceito de orientacao em variedades diferenciaveis, que ge-

    neraliza o conceito de orientacao em superfcies mergulhadas em R3. Exemplos de variedades

    orientaveis sao apresentados e relacionamos o conceito de orientacao entre variedades difeomorfas

    e localmente difeomorfas.

    1 Orientacao de Superfcies em R3

    Inicialmente, iremos apresentar o conceito global de orientacao em superfcies mergulhadas em

    R3. Conforme [1] temos a seguinte definicao.

    Definicao 1. Uma superfcie regular S R3 e orientavel quando existe uma famlia de parame-

    trizacoes de S, digamos {x: U R2 S : A}, tal que:

    (a) S=A

    x(U);

    (b) Se W =x(U) x(U) =, a aplicacao de mudancas de coordenadas

    x1

    x: x1

    (W)x1

    (W)

    tem jacobiano positivo em todo ponto q x1 (W).

    A escolha de uma tal famlia e chamada uma orientacao de S, e a superfcie S, neste caso, e

    dita orientada. Se nao existir uma famlia de parametrizacoes de S satisfazendo as condicoes da

    Definicao 1, dizemos que S e uma superfcie nao-orientavel. Dizemos que duas famlias determinam

    a mesma orientacao de S se a uniao delas ainda satisfaz as condicoes da Definicao 1.

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    Um exemplo de superfcie orientavel e uma superfcie que e um grafico de uma funcao difereciavel.

    Isto segue do fato que todas as superfcies que podem ser cobertas por uma unica vizinhanca

    coordenada sao orientaveis. Em contraste, uma superfcie que nao e orientavel e a chamada faixa

    de Mobius.

    2 Orientacao em Variedades

    O objetivo, nesta secao, e apresentar uma generalizacao do conceito global de orientacao em

    superfcies para as variedades difenciavies. Exemplos de variedades orientaveis e nao orientavies

    serao dados e relacionamos o conceito de orientacao entre variedades difeomorfas e localmente

    difeomorfas.

    Iniciamos com a definicao de variedade orientavel, conforme [2].

    Definicao 2. Seja Muma variedade diferenciavel de dimensao m. Dizemos que M e orientavel se

    M admite uma estrutura diferenciavel{(U, x)}tal que:

    (i) para todo par e , comW=x(U)x(U) =, a diferencial da mudancas de coordenadas

    x1 x: x1 (W)x

    1 (W)

    tem determinante positivo em todo ponto q x1 (W).

    Caso contrario, diz-se que M e nao orientavel. Se M e orientavel, a escolha de uma estrutura

    diferenciavel satisfazendo (i) e chamada uma orientacao de M, e a variedade M, neste caso, e

    dita orientada. Duas estruturas diferenciaveis que satisfazem a condicao (i) determinam a mesma

    orientacao se a uniao delas ainda satisfaz (i).

    Exemplo 3. SeM e uma variedade orientavel, entao todo aberto deM e uma variedade orientavel.

    Sejam U M aberto e {(U, x)} uma orientacao de M. Entao x(U) U e aberto de U

    e V = x1 (x(U) U) e aberto em Rn. Assim {(V, x)} e uma estrutura diferenciavel em U.

    Ademais,

    det[d(x|1V

    x|V)q] =det[d(x1 x)]> 0

    para todo q V, ou seja, a estrutura diferenciavel {(V, x)} e uma orientacao para U.

    O seguinte resultado sera util neste trabalho.

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    Lema 4. SejamM uma variedade ep M. Dadas parametrizacoesx : U M ey : V M

    emp tais queW=x(U) y(V) e conexo, ent ao o determinante Jacobiano dey1 x nao muda de

    sinal no aberto x1(W).

    Demonstracao: De fato, considere a funcao

    g : x1(W) R

    q g(q) =det[d(y1 x)q].

    Como g e uma funcao contnua e x1(W) e conexo (pois W e conexo), entao g(x1(W)) e co-

    nexo. Logo g(x1(W)) (0,+) ou g(x1(W)) (, 0), pois det[d(y1 x)q] = 0 para todo

    q x1(W), o que prova o desejado.

    Veremos que sob certas hipoteses em uma variedade podemos garantir que ela e orientavel.

    Proposicao 5. SejaMuma variedade que admite uma estrutura diferenciavel com duas parame-

    trizacoes, digamos{(U1, x), (U2, y)}. Sex(U1) y(U2) e conexa, ent ao M e orient avel.

    Demonstracao: Seja W = x(U1) y(U2), como a aplicacao y1 x : x1(W) y1(W) e um

    difeomorfismo, tem-se que det[d(y1 x)q] = 0 para todo q x1(W). Mais ainda, pelo Lema 4 o

    determinante Jacobiano de y1 x nao muda de sinal no aberto x1(W).

    Sedet([d(y1

    x)q])> 0 para todo q x1

    (W), entao a estrutura diferenciavel{(U1, x), (U2, y)}satisfaz a condicao (i), donde M e orientavel. Caso contrario, considere a aplicacao z : Rn Rn

    definida por z(x1, . . . , xn) = (x1, x2, . . . , xn). Notemos que z e um difeomorfismo de Rn. Assim a

    aplicacao x z: z1(U1) Rn M e uma parametrizacao de Mtal que x z(z1(U1)) =x(U1).

    Mais ainda, {(z1(U1), x z), (U2, y)} e uma estrutura diferenciavel em Me pela regra da cadeia

    tem-se

    d(y1 x z)a= d(y1 x)z(a) d(z)a.

    Como det[d(y1 x)z(a)] < 0 e det[d(z)a] < 0, entao det[d(y1 x z)a] > 0. Assim a estrutura

    diferenciavel {(z1(U1), x z), (U2, y)}satisfaz a condicao (i), donde M e orientavel.

    Como uma aplicacao da proposicao anterior apresentamos o seguinte exemplo.

    Exemplo 6. Vamos mostrar que a esfera

    Sn ={(x1, . . . , xn+1) Rn+1 :

    n+1i=1

    x2i = 1} Rn+1

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    e orientavel. Com efeito, sejaN = (0, . . . , 0, 1) o polo norte e S= (0, . . . , 0,1) o polo sul de Sn.

    Consideremos a projecao estereografica a partir do polo norte 1: Sn {N} Rn dada por

    1(x1, . . . , xn+1) = ( x1

    1 xn+1

    , . . . , xn

    1 xn+1

    )

    e a projecao estereografica a partir do polo sul 2: Sn {S} Rn dada por

    2(x1, . . . , xn+1) = ( x1

    1 + xn+1, . . . ,

    xn

    1 + xn+1).

    Como as aplicacoes1e 2sao difeomorfismos, segue que11 e

    12 sao parametrizacoes que cobrem

    Sn.

    Vamos determinar a aplicacao mudanca de coordenadas. Seja (x1, . . . , xn+1) Sn {N, S} e

    considere (y1, . . . , yn) = ( x1

    1 xn+1, . . . ,

    xn

    1 xn+1) Rn. Entao

    2 11 (y1, . . . , yn) = (

    x1

    1 + xn+1, . . . ,

    xn

    1 + xn+1).

    Mas, para todo j {1, . . . , n}tem-se

    xj

    1 + xn+1=

    yjni=1 y

    2i

    .

    Logo, a mudanca de coordenadas 2 11 : R

    n Rn dada por

    2 11 (y1, . . . , yn) =

    1ni=1 y

    2i

    (y1, . . . , yn)

    e diferenciavel. Assim, a famlia {(Rn, 11 ), (Rn, 12 )} e uma estrutura diferenciavel emS

    n. Como

    a intersecao11 (Rn)12 (R

    n) =Sn{N, S} e conexa, pela Proposicao 5 segue queSn e orientavel.

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    A matriz da diferencial da aplicacao mudanca de coordenas em y = (y1, . . . , yn) do exemplo

    anterior e dada por

    [d(2 11 )y] =

    1

    (ni=1

    y2i)2

    n

    i=1

    y2i 2y21 2y1y2 . . . 2y1yn

    2y1y2

    ni=1

    y2i 2y22 . . . 2y2yn

    ... ...

    . . . ...

    2y1yn 2y2yn . . .ni=1

    y2i 2y2n

    Tomando y= (1, 0, . . . , 0) Rn, obtemos que

    [d(2 11 )y] =

    1 0 . . . 0

    0 1 . . . 0...

    ... . . .

    ...

    0 0 . . . 1

    e o determinante da matriz acima e negativo. Logo a estrutura diferenciavel dada no exemplo

    anterior nao e uma orientacao para a esfera Sn. Agora, vamos construir uma orientacao para a

    esferaSn a partir da estrutura diferenciavel dada no exemplo anterior. Com efeito, defina a funcao

    f : Rn Rn

    y= (y1, . . . , yn) f(y) = (y1, y2, . . . , yn).

    Claramente a funcao f e um difeomorfismo do Rn. Afirmamos que a famlia {(Rn, 11 ), (Rn, 12 f)}

    e uma orientacao para a esfera Sn. Basta mostrar que essa famlia satisfaz a condicao (i). Temos

    que

    1 12 f(y1, . . . , yn) =

    1ni=1 y

    2i

    (y1, y2, . . . , yn)

    e assim o determinante da diferencial desta aplicacao no ponto (1, 0, . . . , 0) Rn e positivo. Portanto

    provamos o desejado.

    Sob certas hipoteses em uma variedade orientavel M podemos determinar quantas orientacoes

    distintas existem em M.

    Proposicao 7. SeM e uma variedade orientavel e conexa, entao existem exatamente duas ori-

    entacoes distintas emM.

    Demonstracao: Sendo M orientavel, entao existe uma estrutura diferenciavel = {(U, x)}

    que e uma orientacao em M. Vamos construir outra orientacao em M a partir da orientacao

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    ={(U, x)}. Consideremos a funcao

    f : Rm Rm

    y= (y1, . . . , ym) f(y) = (y1, y2, . . . , ym).

    Notemos que f e um difeomerfismo em Rm e det[d(f)y] < 0 para todo y Rm. Logo =

    {(f1(U), x f)} e uma estrutura diferenciavel em M. Mais ainda, e uma orientacao em M

    pois a regra da cadeia fornece

    d((x f)1 x f)q =d(f)x1

    xf(q)

    d(x1 x)f(q) d(f)q

    e assim

    det[d((x f)

    1

    x f)q] =det[d(f)x1

    xf(q)] det[d(x

    1

    x)f(q)] det[d(f)q]> 0.

    As orientacoes e sao distintas. De fato, tomemosp Mex , xf parametrizacoes

    em p. Seja q = (x f)1(p), pela regra da cadeia

    d(x1 x f)q =d(x1 x)f(q) d(f)q

    donde

    det[d(x1 x f)q ] =det[d(x1 x)f(q)] det[d(f)q ]< 0.

    Logo as orientacoes e sao distintas.

    Resta mostrar que nao existe outra orientacao em M distinta de e . Seja = {(V, y)}

    outra orientacao em M. Vamos provar que ou e ainda uma orientacao em M. Seja

    p Me consideremos x , x f e y parametrizacoes em p e q= (x f)1(p) Rm.

    Sem perda de generalidade podemos assumir que W e conexo. Pela regra da cadeia

    d(y1 (x f))q =d(y1 x)x1 (p) d(x

    1 x f)q

    e assim

    det[d(y1 (x f))q] =det[d(y1 x)x1 (p)] det[d(x

    1 x f)q]. ()

    Sabemos que det[d(x1 x f)q ]< 0, logo

    1. se det[d(y1 x)x1 (p)]> 0, entao det[d(y1 (x f))q]< 0.

    2. se det[d(y1 x)x1 (p)]< 0, entao det[d(y1 (x f))q]> 0.

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    Assuma que (1) vale. SendoW conexo, pelo Lema 4 temos que det[d(y1 x)b] >0 para todo

    b x1 (W).

    Afirmacao: Dado p1 M e x , y parametrizacoes em p1 com W conexo, entao

    det[d(y1 x)a]> 0 para todo a x1 (W).

    De fato, suponha que det[d(y1 x)a]< 0 para todo a x1 (W). Entao WW = . Se

    p2 W W, pela regra da cadeia

    d(y1 x)x1 (p2)

    = d(y1 y)y1 (p2)

    d(y1 x)x1 (p2)

    .

    e assim

    det[d(y1 x)x1 (p2)

    ] =det[d(y1 y)y1 (p2)

    ] det[d(y1 x)x1 (p2)

    ]< 0

    o que contradiz det[d(y1 x)x1 (p)] > 0. Logo vale WW = . Agora, consideremos os

    conjuntos

    M1= {p1 M :det[d(y1 x)x1 (p1)]> 0}

    M2= {p2 M :det[d(y1 x)x1

    (p2)

    ]< 0},

    entao M1 e M2 sao abertos em M tais que M = M1 M2 e M = M1 M2 = . Assim M e

    desconexa, contradizendo a hipotese.

    Assim, assumindo que (1) vale, pela afirmacao e a relacao () temos que e uma orientacao

    em M e nao e uma orientacao em M. Portanto se M e uma variedade orientavel e conexa,

    entao existem exatamente duas orientacoes distintas de M.

    Como consequencia da proposicao anterior, a esfera Sn admite exatamente duas orientacoes

    distintas. Tambem se uma variedade M tem k componentes conexas, entao ela admite exatamente

    2k orientacoes distintas.

    O proximo resultado relaciona orientacao em variedades com o conceito de variedades difeomor-

    fas.

    Proposicao 8. SejamM eN variedades diferenciaveis e: M N um difeomorfismo. Entao

    M e orient avel se, e somente, seN e orient avel.

    Demonstracao: Suponha queM e orientavel, por definicaoMadmite uma estrutura diferenciavel

    {(U, x)} que satisfaz a condicao (i). Como e difeomorfismo, segue que {(U, x)} e uma

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    estrutura diferenciavel para N. Sejam e um par de ndices tais que:

    x(U) x(U) =W =.

    Dado q ( x)

    1(W), tem-se

    d(( x)1 x)q =d(x

    1 x)q.

    Como a estrutura diferenciavel{(U, x)}satisfaz a condicao (i), temos que o determinante Jacobi-

    ano ded(( x)1 x)q e sempre positivo. Portanto N e orientavel. Analogamente mostra-se

    a recproca.

    Sejam M e N variedades conexas e orientadas e : M Num difeomorfismo. Como vimos

    na Proposicao 7 as variedades M e Nadmitem exatamente duas orientacoes, logo induz uma

    orientacao em Nque pode ou nao coincidir com a orientacao inicial. No primeiro caso, diz-se que

    preserva a orientacao e no segundo caso, que reverte a orientacao.

    Exemplo 9. Considere a aplicacao antpoda A: Sn Sn dada por A(p) =p, com p Rn+1.

    Vale que A2 =IdSn e A e diferenciavel. De fato, dado p= (x1, . . . , xn+1) Sn, tome

    y= ( x1

    1 xn+1, . . . ,

    xn

    1 xn+1) Rn,

    entao 2 A 11 (y) = y, ou seja, 2 A

    11 = IdRn que e diferenciavel. Portanto A e

    um difeomorfismo. Mais ainda, quando n e par, o difeomorfismo A reverte a orientacao de Sn e

    quando n e mpar, o difeomorfismo A preserva a orientacao de Sn. Com efeito, consideremos a

    orientacao ={(Rn, 11 ), (Rn, 12 f)} para a esfera S

    n construida anteriormente. Como vimos

    na proposicao anterior, a estrutura diferenciavel = {(Rn, A 11 ), (Rn, A 12 f)} e uma

    orientacao para a esfera Sn. Assim, devemos mostrar que se n e par, nao e uma orientacao

    para a esfera Sn, e se n e mpar, e uma orientacao para esfera Sn. Notemos que e uma

    estrutura diferenciavel paraSn

    e o determinante da diferencial da aplicacao obtida pela composicaode uma funcao da estrutura com uma da estrutura e negativo sen e par e positivo se n e mpar.

    Como ilustracao, consideremos 1 (A 11 ) : R

    n Rn dada por

    1 (A 11 )(y1, . . . , yn) =

    1ni=1 y

    2i

    (y1, . . . , yn).

    Notemos que [d(1 (A 11 ))y] = [d(2

    11 )y] e tomando y = (1, 0, . . . , 0) temos que o

    determinante dessa matriz satisfaz o desejado.

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    Atraves do exemplo anterior e de uma acao propriamente descontnua de um grupo G na varie-

    dadeSn e possvel mostrar que o plano projetivo Pn e orientavel se, e somente se, n e mpar. Logo,

    se n e par o plano projetivo Pn nao e orientavel.

    Proposicao 10. Seja : M N uma aplicacao diferenciavel entre variedades que e um difeo-

    morfismo local. SeN e orientavel, entao M e orient avel.

    Demonstracao: Sendo : M Num difeomorfismo local temos que para todo p M existe

    Up M aberto e Vp N aberto com (p) Vp tais que |Up : Up Vp e um difeomor-

    fismo. Agora, sendo Norientavel, existe uma estrutura diferenciavel {(V, x)}em N que satisfaz

    a condicao (i). Seja x : U N uma parametrizacao em (p). Entao Wp = x(U) Vp =

    e aberto em N. Considere a aplicacao 1 x : x1 (Wp) R

    n M, logo 1 x e uma

    parametrizacao em p. Entao{(x1 (Wp), 1 x)} e uma estrutura diferenciavel em M. De fato,

    claramente1(Wp) =Me vale que

    (1 x)1 (1 x) =x

    1 x,

    ou seja, (1 x)1 (1 x) e diferenciavel. Mais ainda,

    det[d((1 x)1 (1 x))q] =det[d(x

    1 x)q]> 0.

    Portanto M e orientavel.

    A recproca da proposicao anterior nao e valida. Com efeito, consideremos o difeomeorfismo local

    : S2 P2 dado por (p) = [p]. Como S2 e orientavel e P2 nao e orientavel, entao a recproca

    nao e valida.

    Exemplo 11. Seja Mm uma variedade (orientavel ou nao), vamos mostrar que o fibrado tangente

    TM de M e orientavel. De fato, considere{(U, x)} uma estrutura diferenciavel maxima de M.

    Logo{(U Rn, y)} e uma estrutura diferenciavel de TM, onde

    y(x1 , . . . , x

    n, y1, . . . , yn) = (x(x

    1 , . . . , x

    n),

    ni=1

    yi

    xi).

    Dados e tais que W=y(U Rn) y(U R

    n) = e (q, u) y1 (W) sabemos que

    y1 y(q, u) = (x1 x(q), d(x

    1 x)q(u)).

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    Logo,

    [d(y1 y)(q,u)] =

    [d(x

    1 x)q ] 0

    C [d(x1 x)q ]

    donde, det[d(y1 y)(q,u)] = (det[d(x1 x)q ])2 > 0. Assim a estrutura diferenciavel

    {(U Rn, y)} de TMsatisfaz a condicao (i) e portanto TM e uma variedade orientavel.

    Exemplo 12. Sejam M e N variedades diferenciaveis e considere a variedade produto MN.

    Entao M N e orientavel se, e somente, se M e N sao orientaveis.

    Sejam {(U, x)} e {(V, y)} estruturas diferenciaveis de M e N, respectivamente, que satis-

    fazem a condicao (i). Logo {(U V, z)} e uma estrutura diferenciavel para M N, onde

    z(p, q) = (x(p), y(q)), p U eq V. Vamos mostrar que esta estrutura diferenciavel satisfaz

    a condicao (i). De fato, vale que

    z1 z(p, q) = (x1 x(p), y

    1 y(q)),

    logo

    [d(z1 z)(p,q)] =

    [d(x

    1 x)p] 0

    0 [d(y1 y)q]

    .

    Assimdet[d(z1 z)(p,q)] =det[d(x1 x)p]det[d(y

    1 y)q]> 0. PortantoMN e uma variedade

    orientavel.

    Reciprocamente, suponha que M N e orientavel. Entao existem estruturas diferenciaveis

    {(U, x)} e {(V, y)} em M e N, respectivamente, tais que a estrutura diferenciavel

    = {(U V, z)} e uma orientacao em MN, onde z(p, q) = (x(p), y(q)) com p U

    e q V. Vamos mostrar que a estrutura = {(U, x)} e uma orientacao em M. Fixe

    y : V Rn Numa parametrizacao em q N. Sejam x : U Rm e x : U R

    m

    na estrutura tais que W=x(U) y(U) =. Entao x y, x y e notemos que

    (x y)1

    (x y) = (x1

    x) IdV

    Assim, temos que

    det[d(x1 x)a] =det[d((x1 x) IdV)(a,b)] =det[d((x y)

    1 (x y))(a,b)]> 0

    pois M N e orientavel. Portanto M e uma variedade orientavel. Analogamente{(V, y)} e uma

    orientacao em N.

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    Referencias

    [1] CARMO, M. P. do, Geometria diferencial de curvas e superfcies. Sociedade Brasileira de

    Matematica, 2008.

    [2] CARMO, M. P. do, Geometria riemanniana. Projeto Euclides IMPA, 2005.

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    CONSTRUCAO DO ESPACOPROJETIVO Pn (R) PELARELACAO ANTIPODAL NA

    ESFERA Sn

    Sabemos que o espaco projetivo realPn (R) e identificado com o conjunto de todasas retas contidas em Rn+1 que passam pela origem.

    Cada uma dessas retas, intersecta a esfera

    Sn =

    (x1, . . . , xn+1) R

    n+1;n+1i=1

    x2i = 1

    em, precisamente, dois pontos. Alem disso, sep e um dos pontos de intersecao desta retacomSn, entao o outro ponto ep. Neste caso, dizemos quepe psao pontos antpodas.

    Reciprocamente, cada par {p,p} de pontos antpodas determina uma unica reta que

    passa pelos pontos 0,p e p. Essa identificacao sugere a seguinte relacao de equivalencia

    emSn:

    x y x= y.

    Deste modo, temos uma bijecao entre os espacos Pn (R) e Sn/ . Utilizando estabijecao, construiremos uma estrutura diferenciavel em Pn (R) a partir de uma estrutura

    diferenciavel em Sn. Comecaremos entao definindo em Sn uma estrutura diferenciavel

    (provando queSn e uma superfcie regular) para que esta estrutura induza sobre o conjunto

    Sn/ uma estrutura diferenciavel e utilizando a bijecao mencionada acima, contruiremos

    a estrutura diferenciavel de Pn (R).

    1

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    2 Seminario - Variedades Diferenciaveis

    A VARIEDADE DIFERENCIAVEL Sn

    Foi visto que superfcies regulares sao exemplos de variedades diferenciaveis. Vamos

    definir entao parametrizacoes sobre a esferaSn de modo a provar que esta e uma superfcie

    regular. Recordemos que um subconjuntoM

    k

    R

    n

    e umasuperfcie regular de dimens ao

    k, se para cada p Mk, existem uma vizinhancaV de p em Rn e uma aplicacao

    x: U Rk M V

    de um aberto U Rk sobreM V tais que

    (a) x e um homeomorfismo diferenciavel;

    (b) (dx)q

    : Rk Rn e injetiva para todo q U.

    Considere os conjuntos

    Ui=

    (x1, . . . , xn+1) R

    n+1; xi= 0,j=i

    x2j 0. Entao, x

    +i (p1, . . . , pi1, pi+1, . . . , pn+1) =p (caso fosse

    p

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    3

    (b) Seja agora q Ui. Entao,

    d(x+i )q =

    1 0 0 0 0 00 1 0 0 0 0...

    ... ...

    ... ...

    ... ...

    ...0 0 1 0 0 0

    Dix1

    (q) Di

    x2(q) D

    i

    xi1(q) D

    i

    xi+1(q) D

    i

    xn(q) D

    i

    xn+1(q)

    0 0 0 1 0 0...

    ... ...

    ... ...

    ... ...

    ...0 0 0 0 1 00 0 0 0 0 1

    (n+1)n

    .

    Esta matriz tem posto maximon, portanto a diferenciald(x+i )q e injetora. Isto prova que

    Ui, x

    i

    e uma estrutura diferenciavel em Sn.

    A VARIEDADE DIFERENCIAVEL Pn (R)

    Seguiremos agora com algumas consideracoes no intuito de definir a estrutura diferenciavel

    de Pn (R). Considere a projecao canonica

    : Sn Sn/ (p) = {p,p}

    Observe que

    Ui =

    (x1, . . . , xn+1) Rn; xi = 0 e

    j=i

    x2j

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    4 Seminario - Variedades Diferenciaveis

    Mais ainda, esta estrutura diferenciavel gera o mesmo atlas maximal que a estrutura

    diferenciavel da famlia A = {(Rn, zi)} em Pn (R), onde

    zi: Rn Vi

    e dada por zi(x1, . . . , xn) = [x1, . . . , xi, 1, xi+1, . . . , xn], sendoVi= {[(x1, . . . , xn+1)] ; xi = 0}.

    Com efeito, considere as projecoes canonicas (que sao obviamente sobrejetivas)

    A: Sn (Pn (R) ;A) e B :S

    n (Pn (R) ;B) .

    Para mostrar que as estruturas A e B sao as mesmas, basta provar que as aplicacoes

    acima sao submersoes.

    Tome p Sn. Vamos provar que

    d (A)p: TpSn T[p](P

    n (R) ;A) , ,

    e sobrejetora.

    Nao ha perda de generalidade supor que p = (p1, . . . , pi1, Di, pi+1, . . . , pn+1) (analogo

    para p = (p1, . . . , pi1,Di, pi+1, . . . , pn+1)), visto que as parametrizacoes xi cobrem a

    esfera Sn, isto e, p x+i (Ui) para algum 1 i n+ 1. Seja zi : Rn Vi uma

    parametrizacao em [p] (que pode ser tomada com o mesmo ndice pois Di = 0). Entao a

    expressao de A nas parametrizacoes x+i e zi, z

    1i A x

    +i :Ui R

    n, e dada por

    A

    (x+i )1(p)

    = z1i A x

    +i (p1, . . . , pi1, pi+1, . . . , pn+1)

    =z1i (A (p1, . . . , pi1, Di, pi+1, . . . , pn+1))

    =z1i

    p1Di

    , . . . ,pi1

    Di, 1,

    pi+1Di

    , . . . ,pn+1

    Di

    = 1

    Di(p1, . . . , pi1, pi+1, . . . , pn+1) ,

    e diferenciavel e sua diferencial no ponto p = (p1, . . . , pi1, pi+1, . . . , pn+1) e dada pela

    matriz simetrica n n

    (aij)nn= d( A)p =

    1

    D3i, se i= j ;

    pipjD3i

    , se i =j.

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    Se {ei} e a base canonica do Rn, entaod( A)p {ei} =

    1

    D3iei

    , que e tambem um conjunto

    comn vetores linearmente independentes. Assim, A e submersao.

    Provemos agora que B :Sn (Pn (R) ;B) e tambem uma submersao. Para tanto,

    tomemosq Sn e, sem perda de generalidade, suponha quex+j e uma parametrizacao em

    q. Pela forma como foi construda a estrutura B= Uj, yj sobre Pn (R), a aplicacaoyj = x

    +j e uma parametrizacao em [p] = {p,p}.

    Conforme fora mencionado anteriormente, a aplicacao B e uma aplicacao bijetora

    quando restrita ao conjunto x+j (Uj) Sn. Portanto, a expressao de B nas parame-

    trizacoes x+j e yj e dada por

    B (x+j)1(q)= y1j B x+j (q1, . . . , q j1, qj+1, . . . , q n+1)= B x+j 1 B x+j (q1, . . . , q j1, qj+1, . . . , q n+1)= (x+j)

    1(q),

    que e tambem uma aplicacao diferenciavel, cuja diferencial e a matriz identidade. Por-

    tanto, B e uma submersao.

    Desta forma, conclumos que o atlas maximal gerado pelas estruturas A e B sobre

    Pn (R) sao coincidentes.

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    SEMIN ARIO DE VARIEDADES DIFERENCIAVEIS EGRUPOS DE LI

    Acoes Descontnuas de GruposUma maneira de se construir variedades diferenciaveis a partir de uma variedade inicial

    e atraves da acao de um grupo sobre a mesma.Para as definicoes a seguir consideremosG um grupo e M uma variedade diferenciavel.

    Definicao 1: Dizemos queGage sobreMse existe uma aplicacao : GMMtal que

    (i) Para cadag G, a aplicacao g : MM, definida porg(p) =(g, p), p M, e umdifeomorfismo.

    (ii) Seg1, g2 G, entao g1g2 =g1 g2.

    Quando estamos lidando com uma unica acao geralmente usamos a notacao(g, p) =gp.

    Definicao 2: Dizemos que uma acao deG sobreM e livre se a identidadee G e o unicoelemento que satisfazep= p, para todo pM.

    Definicao 3: Dizemos que uma acao deG sobre M e descontnua se todo p M possuiuma vizinhancaVM tal queV g(V) =, para todo g=e.

    Quando G age sobre M, a acao determina uma relacao de equivalencia em M:

    p1 p2 p2 = gp1.

    Indicaremos o espaco quociente de M por esta relacao de equivalencia por M/G e aaplicacao : MM/G, definida por

    (p) = [p],

    sera chamada de projecao de M sobre M /G.Veremos agora que M/G possui uma estrutura diferenciavel.

    Proposicao: Se Mn e uma variedade diferenciavel de dimensao n e : GM M euma acao livre e descontnua de um grupo G sobre M, entao M/G possui uma estrutura

    diferenciavel de modo que a projecao : MM/G e um difeomorfismo local.

    PROVA: Para cada p M, escolhamos uma parametrizacao

    Xp: Up Rn M em p

    de modo que Xp(Up) VP, onde Vp Mseja uma vizinhanca de ptal que

    Vp g(Vp) =.

    A restricao|Vp e injetiva, pois sep1, p2 Vpe (p1) =(p2), entaop2 = gp1, para algum

    g G.Dessa maneira, gp1 pertence a Vp, implicando em g= e, ou seja, p1=p2. Logo

    1

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    Yp= Xp:Up Rn M/G

    tambem e injetiva.Afirmamos que a famlia {(Up, Yp) : p M} e uma estrutura diferenciavel em M/G.

    Verifiquemos as duas condicoes que definem estrutura diferenciavel.

    (1)Se [q] M/G, entao [q] =(q), q M.Assim basta escolher uma parametrizacao Xq :Uq Rn M em q como anteriormente

    e obtemos

    [q] =(q) = ( Xq)(X1q (q)) =Yq(X

    1q (q))

    pM

    Yp(Up).

    Logo,

    pM

    Yp(Up) =M/G.

    (2)A partir daqui indexaremos as parametrizacoes usando numeros para facilitar a notacao.

    Sejam entao duas parametrizacoes

    Y1= X1:U1 Rn M/G e Y2 = X2 : U2 R

    n M/G,

    com W=Y1(U1) Y2(U2)=.Escrevamos

    W = ( X1)(U1) ( X2)(U2) =(X1(U1)) (X2(U2)).

    Consideremos p 1(W). Entao (p) W. Mais ainda,

    (p) (Xi(Ui)), i= 1, 2,

    o que leva a

    p 1((Xi(Ui))), i= 1, 2.

    Porem, uma vez que |Vi , onde Vi e a vizinhanca descrita como anteriormente, |Xi(Ui) einjetiva para i= 1, 2. Assim,

    p X1(U1) X2(U2).

    Suponhamos agora que pX1(U1) X2(U2). Deste modo

    (p) (X1(U1)) (X2(U2)) =W.

    Ou seja, p1

    (W). Assim1(W) =X1(U1) X2(U2),

    que e aberto em M.Logo

    Y1i (W) = (X1i

    1)(W) =X1i (1(W))

    e aberto em Rn para i= 1, 2.

    Consideremos agora a restricao i de a Xi(Ui), i = 1, 2. Sejamq Y1(U1)Y2(U2),r= (X12 2

    1)(q) e W2 U2 uma vizinhanca de r tal que

    (2 X2)(W2) Y1(U1) Y2(U2).

    2

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    Temos o seguinte

    (Y11 Y12 )|W2 =X

    11

    11 2 X2.

    E suficiente mostrar entao que 11 2 e diferenciavel emp2=12 (q) X2(W2).

    Seja p1 = (11 2)(p2). Entao p1 e p2 sao equivalentes em M, ou seja, existe g G tal

    que gp2

    = p1.

    Consideremos agorap X2(W2), entao

    (11 2)(p) =p,

    onde p e o unico ponto de X1(U1) tal que (p) =(p).

    Por outro lado, gp X1(U1), pois como g e um difeomorfismo, se p esta numavizinhanca dep2, entao gp

    esta numa vizinhanca degp2. Consideramos essa tal vizinhancacontida em X1(U1).

    Alem disso, (gp) =(p) =(p). Logo

    gp

    =p

    = (11 2)(p

    ).

    3

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    Isto e, a restricao (Y11 Y12 )|W2 coincide com o difeomorfismo g|X2(W2).

    Pela maneira como foi construda, esta estrutura diferenciavel e tal que : MM/Ge um difeomorfismo local.

    Observacao: A construcao anterior do plano projetivo se reduz a presente se tomarmosM = Sn e G o grupo dos difeomorfismos de Sn constitudo pela aplicacao antpoda A e aidentidadeI=A2 de Sn.

    Exemplos:

    (1) Consideremos o grupo G das translacoes atraves de coordenadas inteiras de Rk onde aacao de G e dada por

    (x1,...,xk)(x1+n1,...,xk+nk),

    onde n1,...,nkZ

    e (x1,...,xk)R

    k

    .A aplicacao acima define uma acao livre e descontnua deGsobre Rk. O espaco quocienteRk/G, com a estrutura diferenciavel descrita anteriormente e chamado de k-toro Tk.

    Quando k = 2, o 2-toro T2 e difeomorfo ao toro de revolucao de R3 obtido como imageminversa do zero da funcao f : R3 Rdada por

    f(x,y,z) =x2 + (

    x2 +y2 a)2 r2.

    (2) Seja S R3 uma superfcie regular de R3 simetrica em relacao a origem 0 R3.O grupo dos difeomorfismos de S constitudo por {A,Id} age sobre S de maneira livre edescontnua. Introduzimos em S/G a estrutura diferenciavel descrita acima. Quando S e o

    toro de revolucao T2

    , S/G= Ke chamada de garrafa de Klein (figura a seguir).

    Quando S e a faixa do cilindro circular reto dada por

    C={(x,y,z) R3 :x2 +y2 = 1,1< z

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    Transversalidade em Variedades

    DiferenciveisVictor Hugo Loureno da Rocha

    Universidade Estadual de Maring - Doutorado em Matemtica

    Disciplina: Variedades Diferenciveis e Grupos de Lie

    Professor: Josiney Alves de Souza

    Resumo: Neste trabalho, estudamos a teoria de transversalidade em variedades diferenciveis.

    Inicialmente, apresentamos alguns resultados sobre subvariedades para fundamentar nosso estudo. Pos-

    teriormente, apresentamos o conceito de transversalidade e mostramos que ele generaliza o conceito de

    valor regular.

    1. Introduo

    SejamMm e Nn variedades diferenciveis de classeCk e : M Numa aplicao de

    classe Ck. Um ponto a N chamado valor regularde se, para todo p 1 (a),

    a diferencial dp : TpM T(p)N sobrejetiva. Sabemos que, se a N um valor

    regular de e 1 (a)= , ento 1 (a) uma subvariedade deMde dimenso m n

    e de classe Ck.

    Qualquer ponto de Npode ver visto como uma subvariedade de dimenso 0de N.Dessa forma, surge o seguinte questionamento: se S uma subvariedade arbitrria de

    N, em que condies 1 (S) uma subvariedade de M? A teoria de transversalidade

    responde a essa pergunta.

    Neste trabalho, apresentamos a teoria de transversalidade em variedades diferen-

    civeis. Mostramos que esse conceito uma generalizao do conceito de valor regular

    e que, de certa forma, ele nos permite entender o que significa duas subvariedades se

    intersectarem transversalmente. Na Seo 2, apresentamos alguns resultados sobre sub-variedades que fundamentam o estudo de transversalidade que feito na Seo 3.

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    2. Subvariedades

    Nesta seo, apresentamos alguns resultados e observaes sobre subvariedades visando

    fundamentar o estudo de transversalidade que feito na Seo 3. Lembramos que uma

    subvariedade de dimenso s e de classe Ck de uma variedade diferencivel Nn de

    dimenson e de classe Ck um subconjunto SdeN, munido da topologia induzida de

    Ne que possui uma estrutura de variedade diferencivel de dimenso s (s n) e de

    classe Ck, tal que a incluso i : SN um mergulho de classe Ck.

    A menos de meno explcita em contrrio, ao longo dessa seo, Nn denota uma

    variedade diferencivel de dimenso n e de classe Ck.

    Proposio 2.1. SejaS Num subconjunto deN. Suponha que, para cadap S,

    existe uma parametrizaoy: V Rn N emp e existe uma bijeox: U Rs

    S y (V), ondeU um aberto deRs, tais que y1 x : U V um mergulho de

    classeCk. Ento, existe uma nica estrutura de variedade diferencivel que tornaSuma

    subvariedade de dimensos e de classeCk deN.

    Demonstrao: Dado p S, sejam yp :Vp Rn Ne xp : Up Rs S yp(Vp)

    como no enunciado. Mostremos que{(Up, xp)}pStorna Suma subvariedade de dimenso

    se de classe Ck deN.

    Por construo,

    S=pS

    xp(Up) .

    Agora, sejam p, qStais que

    Wpq= xp(Up) xq(Uq)= .

    Como yp,yq,y1p xpe y1q xqso homeomorfismos, segue que

    xp= yp y1p xp

    e xq= yq

    y1q xq

    so homeomorfismos (estamos considerando Scom a topologia induzida de N). Assim,

    os conjuntos xp(Up)e xq(Uq)so abertos em Se, consequentemente,

    x1p (Wpq) R

    s e x1q (Wpq) Rs

    2

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    so abertos em Rs. Alm disso, da Forma Local das Imerses, segue que y1q xq um

    difeomorfismo de classe Ck

    (considerando o domnio de maneira adequada), donde

    x1q xp =

    yq

    y1q xq

    1yp

    y1p xp

    =

    y1q xq

    1 y1q yp

    y1p xp

    uma aplicao de classe Ck.

    Conclumos, assim, que, munido de {(Up, xp)}pS, S uma variedade diferencivel

    de dimenso s e de classe Ck.

    Agora, mostremos que S, com essa estrutura diferencivel, uma subvariedade de

    N. Seja i: S Na incluso. Para mostrar que i um homeomorfismo, suficiente

    mostrar que = N, onde a topologia em S induzida pela estrutura diferencivel

    {(Up, xp)}pSe N a topologia induzida de NemS.

    SejaA S. Segue, da Forma Local das Imerses, que y1p xp um difeomorfismo de

    classeCk (restrito a um aberto que contmp), para todop S. Alm disso, a aplicao

    yp: y1p (S yp(Vp))S yp(Vp)

    um difeomorfismo de classe Ck, para todo p S. Logo, a afirmao

    x1p (A xp(Up)) aberto em R

    s, para todo p S,

    equivalente afirmao

    y1p xp

    1 y1p (A yp(Vp)) aberto em R

    s, para todo p S,

    que, por sua vez, equivalente a dizer que

    y1p (A yp(Vp)) aberto em y

    1p (S yp(Vp)) , para todo p S.

    Tendo essas equivalncias em mente, suponha que A e tome a A. Seja ya a

    parametrizao associada ae bijeo xa. Como A , temos que x1a (A xa(Ua))

    um aberto de Rs, donde y1a (A ya(Va)) um aberto de y1a (S ya(Va)). Dessa

    forma, A ya(Va) um aberto de S ya(Va) e, portanto, de S, j que S ya(Va) um aberto de Sna topologia induzida de N. Em outras palavras, A ya(Va) N,

    3

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    com a A ya(Va) A. Isso mostra que A N. Reciprocamente, suponha que

    A N. Ento, A = S B, onde B um aberto em N. Dada uma parametrizaoy: V Rn NdeN, comoB aberto emN, segue que y1 (B y (V)) um aberto

    de Rn. Assim,

    y1 (A y (V)) = y1 (S B y (V))

    = y1 (S) y1 (B y (V))

    = y1 (S y (V)) y1 (B y (V)) ,

    de modo que y1 (A y (V)) aberto em y1 (S y (V)). Em particular, y1p (A yp(Vp))

    aberto em y1p (S yp(Vp)), para todo p S, de modo que x1p (A xp(Up)) aberto

    em Rs, para todo p S. Portanto, A e = N.

    Logo, i um homeomorfismo quando restrito a sua imagem. Alm disso, i uma

    aplicao de classe Ck emS, pois, dado p S, a aplicao y1p xp de classe Ck e

    y1p i xp= y

    1p xp,

    edip injetiva, j que

    dip= dy1p i xp

    x1p (p)

    = dy1p xp

    x1p (p)

    edy1p xp

    x1p (p)

    injetiva.

    Portanto, i : SN um mergulho de classe Ck e, assim, S uma subvariedade

    de dimenso s e de classe Ck deN. A unicidade segue do Corolrio da Proposio 2 da

    aula do dia 12 de maro.

    Proposio 2.2. Um subconjuntoSdeN uma subvariedade de dimensose de classe

    Ck deNse e somente se, para cadap S, existe um abertoV deN que contm p e

    existe um difeomorfismo de classeCk y: A Rn V, ondeA um aberto deRn, tal

    quey1 (S V) Rs {0} aberto em Rs {0}.

    Demonstrao: Suponha que S uma subvariedade de dimenso s e de classe Ck deN. Logo, a incluso i : S N um mergulho de classe Ck. Pela Forma Local das

    4

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    Imerses, dadop S, existe um aberto Wde Nque contmp, existe uma parametrizao

    x : U Rs

    Sem p e existe um difeomorfismo y : UW0 Rs

    Rns

    W,onde W0 um aberto de Rns, tais que x (U) =i (x (U)) W e y1 i x (u) = (u, 0),

    para todo u U. Em outras palavras, y1 (x (U) W) = U {0} Rs {0} e

    y1 (x (U) W) aberto em Rs {0}. Agora, note que x (U) aberto em S. Uma vez

    que a topologia emS a induzida deN, existe um aberto Bde Ntal que x (U) =SB.

    Logo, V = B W um aberto de N que contm p e y: y1 (V) Rn V

    um difeomorfismo de classe Ck, com y1 (V) aberto em Rn, tal que y1 (S V) =

    y

    1 (S B W) = y

    1 (x (U) W) =U {0} Rs {0} aberto em Rs {0}.Reciprocamente, suponha que, para cada p S, existe um aberto V de N que

    contmp e existe um difeomorfismo de classe Ck y:A Rn V, ondeA um aberto

    de Rn, tal que y1 (S V) Rs {0} aberto em Rs {0}. Observe que y uma

    parametrizao de N em p, j que y um difeomorfismo de classe Ck, que a mesma

    classe deN. Logo, V = y (A) uma vizinhana coordenada de Nemp. Por outro lado,

    denote por 1a projeo na primeira coordenada dada por

    1 : Rs Rns Rs

    (x, y) 1(x, y) =x .

    Restrita a Rs {0}, 1 um difeomorfismo de classe Ck. Sejam p S e y o

    difeomorfismo associado a pda hiptese. Denote por

    x= y1|y1(Sy(A))

    1

    : 1y1 (S y (A))

    S y (A) .

    claro que x

    uma bijeo de 1(y1

    (Sy

    (A))) em Sy

    (A). Alm disso,1(y

    1 (S y (A))) aberto em Rs, posto que, por hiptese, y1 (S y (A)) aberto

    em Rs {0}, e a aplicao

    y1 x = y1

    y1|y1(Sy(A))

    1

    =1|y1(Sy(A))

    1

    um mergulho de classe Ck. Da Proposio 2.1, segue que S uma subvariedade de

    dimensos e de classe Ck deN.

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    O resultado a seguir, que uma consequncia da Proposio 2.2, nos d uma impor-

    tante ferramenta para verificar se um determinado subconjunto ou no uma subvarie-dade.

    Corolrio 2.1. SeS um subconjunto deNcom a propriedade que, para cadap S,

    existe um aberto V de N que contm p de modo que SV uma subvariedade de

    dimensos e de classeCk deN, entoS uma subvariedade de dimensos e de classe

    Ck deN.

    Demonstrao: Seja Sum subconjunto de Nque satisfaz a propriedade do enunciado.

    Considere p Se um aberto V de N que contm p tal que SV uma subvarie-

    dade de dimenso s e de classe Ck de N. Ento, a incluso i : SV N um

    mergulho de classe Ck. Pela Forma Local das Imerses, existe um aberto W deNque

    contm p, existe uma parametrizao x : U Rs S V em p e existe um difeo-

    morfismo y : UW0 Rs Rns W, onde W0 um aberto de Rns, tais que

    x (U) =i (x (U)) We y1 i x (u) = (u, 0), para todo u U. Sem perda de genera-

    lidade, podemos supor que x (U)W= (S V)W(j que x (U) aberto emSV).

    Dessa forma, y: y1 (W V)WV um difeomorfismo de classeCk, y1 (W V)

    um aberto de Rn e y1 ((S V) W) = y1 (x (U) W) =U {0} um aberto de

    Rs {0}. Observe que, para o ponto arbitrriop S, encontramos um difeomorfismo

    y nas condies da Proposio 2.2. Portanto, S uma subvariedade de dimenso s e de

    classe Ck deN.

    Suponha que R uma subvariedade de Se que S, por sua vez, uma subvariedade

    deN. Ser queR, sendo uma subvariedade deS, uma subvariedade de N? A resposta

    dada no prximo resultado.

    Proposio 2.3. Sejam Ss uma subvariedade de dimensos e de classeCk deN eRr

    uma subvariedade de dimensor e de classeCk deS. Ento, R uma subvariedade de

    dimensor e de classeCk deN.

    Demonstrao: Denote por i : R Sa incluso de R em S e por i : S N a

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    incluso de SemN. Como Sest munida com a topologia induzida de N, no difcil

    mostrar que as topologias induzidas de Ne deSemR coincidem.Dessa forma, a incluso de R em N

    I :i i: R N,

    quando restrita a sua imagem, um homeomorfismo.

    Alm disso, dado p R e dadas parametrizaes x: U Rr R em pe y:V

    Rn NemI(p) =p, a aplicao y1 I x de classe Ck, pois y1,x, ie io so e

    y1 I x= y1 i i x,

    edIp injetiva, pois dipedipo so e

    dIp= d

    i ip

    = dii(p) dip= dip dip.

    Portanto,I um mergulho de classe Ck, o que, por definio, significa que R uma

    subvariedade de dimenso r e de classe Ck deN.

    Para encerrar, falemos um pouco sobre a relao que existe entre os espaos tangentes

    s subvariedades e o espao tangente variedade.

    SejaSs uma subvariedade de dimensose de classeCk deN. Dadosp Se v TpS,

    existe uma curva diferencivel : (, ) S tal que (0) = p e (0) = v. Ora,

    podemos considerar como uma curva em N atravs da composio = i , onde

    i: SN a incluso de SemN. Com isso, v TpNe

    TpSTpN. (2.1)

    A rigor, TpS identificado com um subespao de TpNatravs da diferencial dip.

    3. Transversalidade

    Apresentamos agora um estudo da teoria de transversalidade em variedades diferenciveis

    tendo como referncia [2]. O conceito de transversalidade generaliza o conceito de valorregular e permite entender o que significa variedades se intersectarem transversalmente.

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    Ao longo dessa seo, Mm eNn denotam duas variedades diferenciveis de classe Ck

    e : MN uma aplicao de classe Ck

    .

    Definio 3.1. SejaSs uma subvariedade de dimensos e de classeCk deN. Dizemos

    que transversal a S emp 1 (S) se

    dp(TpM) + T(p)S=T(p)N.

    Se transversal aS emp, para todop 1 (S), dizemos que transversala

    S.

    Eventualmente, podem existir subvariedades em Nque so disjuntas da imagem de

    . Em outras palavras, pode acontecer (M) S= , para alguma subvariedade Sde

    N. Neste caso, por vacuidade, transversal a S. Por outro lado, se transversal

    a uma subvariedade Ss deN e (M) S= , ento m + s n(lembre-se que me n

    so as dimenses de M e N, respectivamente). Logo, se m +s < ne transversal a

    S, ento (M) S= .

    Vejamos, agora, um caso particular. Seja S = {a}, onde a N. O conjunto{a}

    pode ser visto como uma subvariedade de dimenso 0 de N. Neste caso, transversal

    a{a}se e somente sea um valor regular de . De fato, se transversal a{a}, ento,

    dado p 1 (a), dp(TpM) + Ta{a} = TaN. Como Ta{a} o espao vetorial trivial

    {0}, temos que

    dim(TaN) = dim

    dp(TpM)

    + dim (Ta{a}) dim

    dp(TpM) Ta{a}

    = dim

    dp(TpM)

    + dim ({0}) dim

    dp(TpM) {0}

    = dim

    dp(TpM)

    .

    Logo,dp(TpM) =TaN e a valor regular de . Reciprocamente, se a um valor

    regular de , entodp(TpM) =TaN, para todo p 1 (a). Assim,

    TaN= dp(TpM) = dp(TpM) +{0}= dp(TpM) + Ta{a} ,

    para todo p

    1 (a), mostrando que transversal a{a}. Isso mostra que o conceitode valor regular um caso particular do conceito de transversalidade.

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    No que segue, vamos mostrar que a condio de transversalidade pode ser, de certa

    forma, reduzida a de valor regular. Seja Ss

    uma subvariedade de dimenso s e de classeCk deN. Segue, da Proposio 2.2, que, para cada p 1 (S), existe um aberto V de

    Nque contm (p)e existe um difeomorfismo de classe Ck y: V A Rn, onde A

    um aberto de Rn, tal quey (S V) Rs {0} aberto em Rs {0}(basta considerary

    como sendo o difeomorfismo y1 da Proposio 2.2). Considere um aberto UdeMque

    contmp tal que (U) V. Considere a projeo na segunda coordenada dada por

    2 : Rs Rns Rns

    (x, y) 2(x, y) =y .

    Proposio 3.1. A aplicao: M N transversal aSnos pontos deU1 (S)

    se e somente se0 Rns um valor regular da aplicao2 y |U :U Rns.

    Demonstrao: Inicialmente, note que

    2 y |U U 1 (S) = 2 y (U) 1 (S) 2 y (S V)

    2(Rs {0})

    = {0} ,

    de modo que 2 y |U(U 1 (S)) ={0}(lembre-se que 2 y |U(p) = 0). Alm

    disso, note que, para todo r U 1 (S),

    dr:TrMT(r)N,

    dy(r):T(r)NTy((r))Rs Rns

    Rs Rns e

    d (y )r:TrM Rs Rns.

    Dado rU1 (S), denote por E= d (y )r(TrM) = dy(r)dr(TrM). Observe

    que podemos identificarEcom um subespao de Rs Rns atravs ded (y )r.

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    Agora, suponha que transversal a Sem

    rU 1 (S) = (2 y |U)1 (0) .

    Ento,

    dr(TrM) + T(r)S=T(r)N.

    Logo,

    d (y )r(TrM) + dy(r) T(r)S

    = dy(r)

    T(r)N

    .

    Identificando dy(r)

    T(r)S

    com Rs {0}, podemos concluir que

    E+ (Rs {0}) = Rs Rns.

    Segue da igualdade anterior que E um subespao de Rs Rns da formaG Rns,

    para algumG Rs. Dessa forma, podemos concluir que 2(E) = Rns.

    Da,

    d (2 y |U)r(TrM) = d (2)y((r)) d (y )r(TrM)

    = d (2)y((r))(E)

    = 2(E)

    = Rns,

    onde, na terceira igualdade, usamos que a aplicao 2 linear e, portanto, coincide com

    a diferencial d (2)y((r)). Com isso, mostramos que d (2 y |U)r sobrejetiva. A

    arbitrariedade na escolha de rnos permite concluir que 0 Rns

    um valor regular de2 y |U.

    A recproca anloga. Mais precisamente, como dy(r) um isomorfismo, para todo

    r U 1 (S), basta seguir a ordem contrria do raciocnio anterior para provar a

    recproca.

    A caracterizao de transversalidade em termos de valores regulares obtida na proposio

    anterior permite demonstrar o resultado a seguir, que o mais importante desse trabalho,uma vez que responde ao nosso questionamento inicial.

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    Teorema 3.1. Seja: M Numa aplicao de classeCk transversal a uma subva-

    riedadeSs

    de dimensos e de classeCk

    deN. Ento, 1

    (S) = ou 1

    (S) umasubvariedade de classeCk deMcuja codimenso em M igual a codimenso deS em

    N. Neste caso,

    Tp1 (S) =

    dp

    1

    T(p)S

    ,

    para todop 1 (S).

    Demonstrao: Suponha que 1 (S)= e tome p 1 (S). Seja y : V A, onde

    A um aberto de Rn e V um aberto de Nque contm (p), um difeomorfismo de

    classe Ck tal que y (S V) Rs {0} aberto em Rs {0}. Seja Uum aberto de M

    que contm ptal que (U) V. Como transversal a Sem r U 1 (S), para

    todo r U 1 (S), temos, da Proposio 3.1, que 0 Rns um valor regular da

    aplicao 2 y |U. Da Proposio 2 da aula do dia 15 de maro, segue que

    U 1 (S) = (2 y |U)1 (0) (3.1)

    uma subvariedade de Mde dimenso m (n s)e de classe Ck e que

    Tr

    U 1 (S)

    = ker

    d (2 y |U)r

    =

    d (2 y |U)r1

    (0)

    =

    d (2)y((r)) dy(r) dr

    1(0)

    = (dr)1

    dy(r)

    1

    d (2)y((r))

    1

    (0)

    = (dr)1

    dy(r)1 (Rs {0})

    = (dr)1

    T(r)S

    ,

    para todo rU 1 (S).

    Agora, observe a expresso em (3.1). Note que, para o p 1 (S)escolhido de forma

    arbitrria, existe um aberto Ude Mque contmptal que U1 (S) uma subvariedade

    de dimenso m(n s)e de classe Ck. Do Corolrio 2.1, podemos concluir que 1 (S)

    uma subvariedade de dimensom(n s)e de classe Ck deM. Note que a codimensode 1 (S)em M m (m (n s)) =n s, que a codimenso de SemN.

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    Alm disso, dado p 1 (S), o conjunto U 1 (S) uma subvariedade aberta de

    1

    (S), j que U1

    (S) um aberto de 1

    (S). Da observao em (2.1), segue queTp(U 1 (S)) um subespao de Tp1 (S)com a mesma dimenso de Tp1 (S), ou

    seja,

    Tp1 (S) =Tp

    U 1 (S)

    .

    Portanto,

    Tp1 (S) = dp

    1

    T(p)S .

    Os prximos dois resultados so consequncias do Teorema 3.1.

    Corolrio 3.1. Se : M N uma submerso de classe Ck, ento dada uma

    subvariedade Ss de dimenso s e de classe Ck de N, 1 (S) = ou 1 (S) uma

    subvariedade de classeCk deM.

    Demonstrao: SejaSs uma subvariedade de dimenso s e de classe Ck deNe suponha

    que 1 (S) = . Note que, dado p 1 (S), dp(TpM) = T(p)N, pois uma

    submerso. Assim, dp(TpM) + T(p)S=T(p)N. Isso significa que transversal a S

    em p, para todo p 1 (S). Pelo Teorema 3.1, 1 (S) uma subvariedade de classe

    Ck deM.

    Corolrio 3.2. Sejam Rr eSs duas subvariedades de classeCk deN. SeR S= e

    se, para cadap RS,TpR + TpS=TpN, entoRS uma subvariedade de dimenso

    r + sne de classeCk deN. Alm disso, Tp(R S) =TpRTpS, para todop RS.

    Demonstrao: Seja i : R Na incluso de Rem N. Note que

    R S=i1 (S) .

    Dado p i1 (S), temos quedip(TpR) =TpR, pois i um mergulho. Logo,

    dip(TpR) + TpS=TpR + TpS=TpN.

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    Dessa forma, i transversal a Sem p, para todo p i1 (S). Como p arbitrrio,

    segue que i transversal a S. Do Teorema 3.1, resulta que i1

    (S) = R S umasubvariedade de classe Ck de R e, consequentemente, de N (Proposio 2.3). Com

    relao dimenso de R S, note que a codimenso de R Sem R n s. Ento,

    denotando por ka dimenso de R S, temos que r k= n s, ou seja, k = r+ s n.

    Agora, dado p R S, mostremos que Tp(R S) = TpR TpS. Lembrando da

    observao em (2.1), temos que

    Tp(R S) = (dip)1 (TpS)

    = {v TpR: dip(v) TpS}

    = {v TpR: v TpS}

    = TpR TpS.

    Em particular, se R2 eS2 so duas superfcies regulares de classe Ck em R3 tais que,

    para cada p R S, TpRe TpSso distintos, ento R S uma curva de classe Ck em

    R3 (Exerccio 17, pgina 107, de [1]).

    Outro caso particular ocorre quando Rr e Ss so duas subvariedades de Nr+s tais

    que TpR TpS = TpN, para todo p R S. Neste caso, R S uma variedade de

    dimenso0, ou seja, um conjunto discreto de pontos de M.

    A condio TpR+TpS=TpN do Corolrio 3.2 estudada nos casos anteriores motiva

    a defi

    nio a seguir.

    Definio 3.2. Se duas subvariedadesR eS deNsatisfazem a propriedade que, para

    todop R S,

    TpR + TpS=TpN,

    dizemos queR eSesto emposio geral, ou que seintersectam transversalmente.

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    Referncias

    [1] Carmo, M. P.: Geometria diferencial de curvas e superfcies. Coleo textos

    universitrios, SBM (2008).

    [2] Lima, E. L.: Variedades diferenciveis. Publicaes Matemticas, IMPA (2010).

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    Aplicaes de Posto Constante

    Djeison Benetti

    Universidade Estadual de Maring

    Programa de Ps-Graduao em Matemtica (doutorado)

    Abril de 2012

    Resumo

    O ob jetivo deste breve trabalho apresentar o conceito de aplicaes de posto cons-

    tante e a demonstrao do teorema do posto para variedades diferenciveis. As notaes

    e principais definies, tais como a de variedade diferencivel e a de aplicao diferen-

    civel entre variedades, seguem conforme [1] e os resultados abaixo mencionados esto

    baseados sobretudo conforme [2].

    1 Aplicaes de Posto Constante e o Teorema do Posto

    para Variedades diferenciveis

    Sejam Muma variedade diferencivel de dimenso m e N uma variedade diferencivel

    de dimenso n. O posto de uma aplicao diferencivel : M N, em um ponto p M,

    a dimenso da imagem da diferencial dp : TpM T(p)N. Dizemos que tem posto

    constantequando o posto de em todo pontop M o mesmo.

    A seguir enunciamos o teorema do posto para o caso euclidiano. A demonstrao

    omitida, mas pode ser encontrada em [2] (p. 25).

    Teorema 1.1 (Teorema do Posto - Caso euclidiano). SejamU um subconjunto aberto de

    Rr+m e f : U Rr+n uma aplicao de classeCk (k 1). Suponha que f tem posto

    1

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    constante r em todos os pontos deU. Ento, para todo z0 U existem difeomorfismos de

    classeCk

    g: V W Rr Rm Z Rr+m,

    h: Z Rr+n V W Rr Rn,

    comVW aberto emRr Rm, VW aberto emRr Rn eZ, Z vizinhanas dez0 ef(z0),

    respectivamente, tais que a aplicao

    (h f g) :V W Rr Rn

    dada por(h f g)(x, y) = (x, 0) para todo (x, y) V W Rr Rm.

    Abaixo temos uma representao esquemtica do teorema acima.

    Figura 1: Teorema do Posto - Caso euclidiano.

    Agora enunciaremos e demonstraremos o teorema do posto para variedades diferenciveis.

    Teorema 1.2 (Teorema do Posto para Variedades diferenciveis). SejamMm eNn varie-

    dades diferenciveis de classeCk (k 1). Considere: MNaplicao diferencivel de

    classeCk tal que possui posto constante r. Ento, dado p M existem parametrizaes

    x : U Rm M em p e y : V Rn N em(p), com(x(U)) y(V), tais que a

    aplicao

    (y1 x) :U Rm Rn

    2

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    dada por(y1 x)(x1, . . . , xr, xr+1, . . . , xm) = (x1, . . . , xr, 0, . . . , 0).

    Demonstrao: Seja p M e considere as parametrizaes x1 : U1 Rm M em p e

    y1 : V1 Rn

    N em (p), tais que (x1(U1)) y1(V1). Como diferencivel de classeCk, temos que

    x1y1 := (y11 x1) :U1 R

    m Rn

    diferencivel de classe Ck. Alm disso, x1y1 possui posto constante r em todos os pontos

    de U1. De fato, observe que

    d(x1y1)x11 (p) = d(y

    11 )(p) d()p d(x1)x1

    1 (p).

    Comod(y11 )(p)e d(x1)x11 (p)so isomorfismos ed()ppossui postor, segue qued(x1y1)x1

    1 (p)

    possui postor.

    Dessa forma, vemos que a aplicao x1y1 est nas hipteses do teorema do posto (caso

    euclidiano). Logo, existem difeomorfismos de classeCk

    g: V W Rr Rmr ZU1,

    h: Z V1 V W Rr Rnr,

    comVWaberto em Rr Rmr,VW aberto em Rr Rnr eZ, Z vizinhanas dex11 (p)

    e x1y1(x11 (p)) =y

    1((p)), respectivamente, de modo que

    (h x1y1 g) :V W Rr Rnr

    dada por (h x1y1 g)(v, w) = (v, 0), para todo(v, w) V W Rr Rmr.

    Agora, denoteU =V W Rr Rmr e V =V W Rr Rnr. Defina ento as

    aplicaes x := (x1 g) : U

    Rm

    M e y := (y1 h1

    ) : V

    Rn

    N. Sendo g e hdifeomorfismos, claro quexe yso parametrizaes depe (p), respectivamente, e ainda

    (x(U)) y(V). Alm disso, a aplicao xy := (y1 x) :U Rm Rn dada por

    xy(v, w) = (y1 x)(v, w) = (h (y11 x1) g)(v, w) = (h x1y1 g)(v, w) = (v, 0),

    para todo(v, w) U =V W Rr Rmr.

    3

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    2 Exemplos e Aplicaes

    Exemplo 2.1. Um grupoG dito um grupo de Lie se G possui uma estrutura de variedade

    diferencivel tal que as operaes multiplicao e inverso do grupo so diferenciveis. Umexemplo de aplicao entre grupos de Lie e dado por Lg :G G, no qual Lg(x) =gx. Esta

    aplicao um difeomorfismo e chamada de translao esquerda. SejamGe Hgrupos

    de Lie e f :G Hum homomorfismo diferencivel. Ento, ftem posto constante.

    De fato, sendofum homomorfismo, dadosa, p Garbitrrios, temosf(ap) =f(a)f(p).

    Sejam La : G G e Lf(a) : HHtranslaes esquerda. Note ento que

    f La(p) =f(a p) =f(a) f(p) =Lf(a) f(p).

    Logo, f La= Lf(a) f :G H. Agora, tomando-sep, q G e pondo a= q p1, temos

    d(f La)p= d(f)La(p) d(La)p= d(f)q d(La)p;

    d(Lf(a) f)p= d(Lf(a))f(p) d(f)p.

    Sendo La e Lf(a) difeomorfismos, temos que d(La)p e d(Lf(a))f(p) so isomorfismos. Dessa

    forma, conclumos que

    d(Lf(a) f)p= d(f La)p d(f)p=d(Lf(a))f(p)

    1

    d(f)q d(La)p,

    donde segue que d(f)p e d(f)q possuem o mesmo posto.

    Exemplo 2.2. As imerses e as submerses so exemplos de aplicaes de posto constante,

    tambm ditas aplicaes de posto mximo.

    Um fato importante que muitos dos resultados relacionados a submerses e imerses

    em variedades, como a forma local das submerses e a forma local das imerses, podem ser

    concludos a partir do teorema do posto para variedades. Neste sentido, outro resultado

    relevante apresentado pela proposio abaixo.

    Proposio 2.3. Seja : Mm Nn uma aplicao diferencivel de classeCk (k 1) e

    posto constanter. Para cadaa N, com1(a)=, temos que1(a) uma subvariedade

    de classeCk e dimenso m r emM.

    4

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    Demonstrao: Seja p 1(a). Pelo teorema do posto encontramos parametrizaesxp :

    Up Rm M em pe yp : V p R

    n N em (p) = a, com Up = Vp Wp Rr Rmr e

    (xp(Vp Wp)) yp(V

    p), tais que a aplicao

    (y1p xp) :Vp Wp Rn

    dada por (y1p xp)(Vp Wp) =Vp {0}, isto ,

    (y1p xp)(x1, . . . , xr, xr+1, . . . , xm) = (x1, . . . , xr, 0, . . . , 0).

    Seja (q, u) Vp Wp tal que xp(q, u) = p. Logo, (y1p xp)(q, u) = (q, 0) e assim

    y1p (a) = (q, 0). Observe ento que

    (y1p xp)1(y1p (a)) = (y

    1p xp)

    1((q, 0)) ={q} Wp.

    Por outro lado,

    (y1p xp)1(y1p (a)) = x

    1p (

    1(a)) = x1p (xp(Vp Wp) 1(a)).

    Dessa forma, podemos ver que

    (y1p xp)1(y1p (a)) = x1p (xp(Vp Wp) 1(a)) ={q} Wp. (1)

    Agora, defina a aplicao

    zp: Wp Rmr 1(a)

    no qual zp(w) =xp(q, w)para todow Wp. Observe que por (1) temos

    zp(Wp) =xp({q} Wp) =xp(Vp Wp) 1(a). (2)

    De maneira anloga, considerando a aplicao incluso i : Rmr Rr Rmr, dada pori(w) = (q, w), denotamos poripa restrio desta incluso emWp. Assim, escrevemoszp(w) =

    (xp ip)(w). Note tambm que, sobre a imagem,ip uma bijeo diferencivel e cuja inversa

    denotamos por p, no qual p(q, w) =w para todo(q, w) {q} Wp.

    Para cada p 1(a) defina zp desta forma. Ento, a famlia {(Wp, zp)} define uma

    estrutura diferencivel em 1(a). De fato, como xp biunvoca, segue que zp tambm o

    5

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    . claro que 1(a) =

    p1(a) zp(Wp). Alm disso, para quaisquer p, s 1(a) com

    zp(Wp) zs(Ws) =Z=, temos z1p (Z)e z1s (Z)abertos em R

    mr. Com efeito,

    z

    1

    p (Z) = (xp ip)1

    (Z)= (p x

    1p ) (zp(Wp) zs(Ws))

    (2)= (p x

    1p )

    (xp(Vp Wp) xs(Vs Ws))

    =W aberto em M

    1(a)

    = px1p (W) x

    1p (xp(Vp Wp)

    1(a))

    (1)= p

    x1p (W) ({q} Wp)

    .

    Agora, tomeb z1p

    (Z). Ento, pela igualdade acima, temosb p x1

    p

    (W) ({q} Wp).Logo, ip(b) = (q, b) x1p (W) ({q} Wp). Como x

    1p (W) aberto R

    r Rmr, existe um

    aberto bsicoB Cem Rr Rmr tal que

    ip(b) = (q, b) (B C) ({q} Wp) x1p (W) ({q} Wp).

    Logo, temos

    b p((B C) ({q} Wp)) px1p (W) ({q} Wp)

    .

    Mas p((B C) ({q} Wp)) = p({q} (CWp)) = CWp um aberto em Rmr, donde

    segue que z1p (Z) aberto em Rmr. De modo anlogo, conclumos que z1s (Z) um aberto

    em Rmr. Continuando, vemos tambm que

    z1s zp= (xs is)1 (xp ip) =s (x

    1s xp) ip

    uma aplicao diferencivel de classeCk.

    Mostraremos agora que a aplicaoi : 1

    (a) M um mergulho. Para tanto, conside-rando as parametrizaeszp e xp definidas acima, temos que

    (x1p i zp) :Wp Rmr Rn

    dada por (x1p i zp)(w) = (q, w)e, portanto, diferencivel. Alm disso,

    d(x1p i zp)z1p (p) = d(x1p i xp ip)z1p (p)= d(ip)z1p (p)

    6

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    que uma aplicao injetiva. Assim, i uma imerso. Por outro lado, observe que A um

    conjunto aberto em1(a)(enquanto variedade) se, e somente se,

    z

    1

    p (zp(Wp) A) =z1

    p (xp(Vp Wp) A) =Bp

    aberto em Rmr para todo p 1(a). Da, zp(Bp) = zp(Wp) A = xp(Vp Wp) A

    aberto em1(a) (enquanto variedade). Mas,

    x1p (xp(Vp Wp) A) =ip(Bp) ={q} Bp.

    Dessa forma,

    xp(Vp Wp) A= xp({q} Bp) =xp(Vp Bp) 1(a)

    tanto um aberto de 1(a) quanto um aberto na topologia induzida por M em 1(a).

    Logo, temos quei : 1(a) M um mergulho. Portanto,1(a) um subvariedade deM

    com dimenso m r.

    Referncias

    [1] M. P. do Carmo - Geometria Riemanniana, Sociedade Brasileira de Matemtica, Rio de

    Janeiro, 2008.

    [2] E. L. Lima - Variedades Diferenciveis, Publicaes Matemticas, IMPA, Rio de Janeiro,

    2010.

    7

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA

    CENTRO DE CIENCIAS EXATAS

    DEPARTAMENTO DE MATEMATICA

    PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM MATEMATICA

    Disciplina: Variedade Diferenciaveis e Grupos de Lie

    Ewerton da Silva Lemes

    Metricas Riemannianas

    Introducao

    Para definir um produto interno g em Rm basta defini-lo sobre uma base {v1, . . . , vm}

    pondo g(vi, vj) = gij. Entao, dados u, v Rm com u =

    mi=1

    aivi e v =mi=1

    bivi,

    temos g(u, v) =m

    i,j=1

    aibjpij. O produto interno canonico em Rm e obtido definindo

    gij =ei, ej= ij, delta de Kronecker, onde {e1, . . . , em} e a base canonica de Rm.

    Agora seja Mm uma variedade diferenciavel. Queremos definir um produto interno

    gp(, ) no espaco tangente TpM com p M. Usaremos as notacoes gp(, ) ou , p para

    representar o produto interno em TpM.

    Sejam x: U Rm M e y :V Rm Mduas parametrizacoes em p M. Nosso

    problema agora e verificar como se relacionam os produtos internos nessas diferentes

    parametrizacoes com p x(U) y(V). Mais ainda, nos interessa definir um produto

    internogp(, ) em todo ponto p Me saber como varia esse produto interno em relacao

    a p.

    Daqui em diante, diferenciavel significara de classe C.

    Definicao 1. Umametrica Riemanniana ou, estrutura Riemanniana, em uma variedade

    diferenciavelM e uma correspondenciag que associa a cada ponto p M um produto

    interno, p (isto e, uma forma bilinear simetrica, positiva definida) no espaco tangente

    TpM, que varia diferencialvelmente no seguinte sentido:

    Sex : U Rm M e um sistema de coordenadas locais em torno do pontop, com

    x(x1, . . . , xm) = q x(U) e

    xi(q) = dxq(0, . . . , 1, . . . , 0), entao,

    xi(q),

    xj(q)

    q

    =

    gij(x1, . . . , xm) e uma funcao diferenciavel emU.

    1

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    As funcoes gij(=gji) sao chamadas expressao da metrica Riemanniana no sistema de

    coordenadasx: U Rm M. Uma variedade diferenciavel com uma dada metrica Rie-

    manniana chama-se umavariedade Riemanniana. Denotaremos por (M, g) uma variedade

    riemanniana que possui a metrica Riemanniana g.

    Vamos mostrar agora que a definicao de matrica Riemanniana nao depende da escolha

    do sistema de coordenadas. Mas antes disso, provaremos a seguinte proposi cao:

    Proposicao 2. SejamMm uma variedade diferenciavel, x : U Rm M e y : V

    Rm M duas parametrizacoes de M em p. Considere W = x(U) y(V). Entao, a

    matriz mudanca de base emTpMda base=

    xi para a base =

    yi e a matrizjacobiana da aplicacao y1 x: x1(W) y1(W), isto e,

    [I] =

    y1x1

    y1

    xm...

    ...ymx1

    ym

    xm

    .

    Demonstracao. Temos que y1 x: x1(W) y1(W) pode ser escrita como,

    y1 x(x1, . . . , xm) = (y1(x1, . . . , xm), . . . , ym(x1, . . . , xm))

    Escolha uma curva diferenciavel : (, ) M com (0) =p e (0) =v . Denote

    por [v] o vetor v escrito na basee [v] o vetor v escrito na base . Expressando na

    parametrizacao xtemos

    x1 (t) = (x1(t), . . . , xm(t)) e [v] =mi=1

    xi(0)

    xi

    Portanto,

    y1 (t) = (y1(x1(t), . . . , xm(t)), . . . , ym(x1(t), . . . , xm(t)))

    Da decorre que a expressao de(0) na base =

    yi

    associada a parametrizacao

    2

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    y, e dada por

    vf = d

    dt(f)|t=0=

    d

    dt(f yy1 )|t=0

    = ddt

    f(y1(x1(t), . . . , xm(t)), . . . , ym(x1(t), . . . , xm(t)))|t=0

    =mi=1

    xi(0)y1xi

    f

    y1+ +

    mi=1

    xi(0)ymxi

    f

    ym

    =m

    j=1

    mi=1

    xi(0)yjxi

    f

    yj

    =

    mj=1

    mi=1

    xi(0)yjxi

    yj

    f

    Logo, a expressao de v na base =

    yj

    e

    [v] =

    mi=1

    xi(0)y1xi

    , . . . ,mi=1

    xi(0)ymxi

    Assim, segue que

    [v] =

    y1x1

    y1

    xm... ...

    ymx1

    ym

    xm

    x1(0)

    ...

    xm(0)

    = [I][v]

    Disso segue o resultado.

    Usando o resultado acima, mostraremos que a definicao de metrica Riemanniana nao

    depende da parametrizacao.

    Proposicao 3. Considere a variedade(Mm, g). A definicao de metrica Riemanniana nao

    depende da escolha da parametrizacao.

    Demonstracao. Seja x: U Rm Muma parametrizacao de M no ponto p M. Te-

    mos que as funcoesgij :U R dada porgij(x1, . . . , xm) =

    xi,

    xj

    q

    sao diferenciaveis

    com x(x1, . . . , xm) =q x(U). Considere agora outra parametrizacao y :V Rm M

    de Mno ponto p e W =x(U)y(V). Mostraremos que hij :y1(W) R definida por

    hij(y1, . . . , ym) =

    yi,

    yj

    q

    com y(y1, . . . , ym) =q W e diferenciavel.

    3

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    Considere a mudanca de coordenadas dada por

    x1 y(y1, . . . , ym) = (x1(y1, . . . , ym), . . . , xm(y1, . . . , ym)))

    Entao, dadas as bases =

    xi

    e =

    yj

    de TqMrelativas as parametrizacoes

    xe y, respectivamente, temos que a matriz jacobiana

    [I]

    =

    x1y1

    x1

    ym...

    ...xmy1

    xm

    ym

    que e a matriz mudanca de base da base =

    yj

    para a base =

    xi

    . Logo,

    escrevemos,

    yk

    = [I]

    yk

    =

    x1yk

    , . . . ,xmyk

    Note que cada xiyj

    e diferenciavel. Assim,

    yk=

    mi=1

    xiyk

    xie

    hij(y1, . . . , ym) =

    yi,

    yjq

    =

    mk=1

    xkyi

    xk,

    ml=1

    xlyj

    xl

    q

    =m

    k,l=1

    xkyi

    xlyj

    xk,

    xl

    q

    =m

    k,l=1

    xkyi

    xlyj

    gkl

    Portanto,hij e diferenciavel, e assim segue o resultado.

    Definicao 4. Um difeomorfismo f : (M, g) (N, h) entre variedades e uma isometria

    se

    dfp(v), dfp(w)f(p) = v, wp

    para todo p M ev, w TpM.

    Exemplo 5. SejamM= Rn com

    xiidentificado comei = (0, . . . , 1, . . . , 0). A metrica

    Riemanniana e dada por gij(p) = ei, ej = ij. O R

    n

    e chamado espaco euclidiano dedimensao n e a geometria Riemanniana deste espaco e a geometria metrica euclidiana

    gij : Rn R definida porgij(p) =ei, ej= ij para todo pM.

    4

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    Exemplo 6. Sejam(Nn, h)uma variedade Riemanniana,Mm uma variedade diferenciavel

    ef :MNuma imersao, isto e, f e diferenci avel edfp:TpMTf(p)N e injetiva para

    todo p M. Assim, finduz uma estrutura Riemanniana emM por

    u, vp = dfp(u), dfp(v)f(p) para todo pM

    Como dfp e injetiva, u, vp e um produto interno emTpM. Mostraremos queu, vp

    varia diferenciavelmente em relacao ap. Sejay : V Rn N uma parametrizacao de

    N emf(p) ex: U Rm Muma parametrizacao deM emp tal quef(x(U)) y(V).

    Podemos escrever,

    y

    1 fx(x1, . . . , xm) = (f1(x1, . . . , xm), . . . , f n(x1, . . . , xm))

    A matriz jacobiana dey1 fx e

    f1x1

    f1

    xm...

    ...fnx1

    fn

    xm

    e

    dfp

    xi

    =

    f1xi

    , . . . ,fnxi

    =n

    j=1

    fjxi

    yj

    Da,

    gji =

    xi,

    xj

    p

    =

    df

    xi

    , df

    xj

    f(p)

    =

    nk=1

    fkxi

    yk,

    nl=1

    flxi

    yl

    f(p)

    =n

    k,l=1

    fkxi

    flxj

    yk,

    yl

    f(p)

    =n

    k,l=1fkxi

    flxj

    hkl

    Portanto gij e diferenci avel para todo p M. Conclumos tambem quefuma isome-

    tria.

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    Teorema 7. Uma variedade diferanciavelMde Hausdorff e com base enumeravel possui

    uma metrica Riemanniana.

    Demonstracao. Como a variedade M e um espaco de Hausdorff com base enumeravel,

    segue que, M e um espaco paracompacto de Hausdorff. Sendo M paracompacto de

    Hausdorff, M admite uma particao diferenciavel da unidade. Seja {f} uma particao

    diferenciavel da unidade de M subordinada a uma cobertura {V} de Mpor vizinhacas

    coordenadas. Isto significa que{V}e uma cobertura localmente finita, isto e, cada ponto

    de M possui uma vizinhanca U tal que UV = apenas para um numero finito de

    ndices e que {f} e um conjunto de funcoes diferenciaveis em M satisfazendo:

    1. f 0, f = 0 no complementar de V.

    2.

    f(p) = 1 para todo p M.

    Podemos definir uma metrica Riemanniana , em cada {V}, a saber, a induzida

    pelo sistema de coordenadas. Obtemos uma metrica Riemanniana em M fazendo

    u, vp=

    f(p)u, v

    p

    Note quef(p)u, vp = 0 sep /Ve isto define uma metrica Riemanniana em M.