Varoufakis Abre o Livro_ “Você Até Tem Razão, Mas Vamos Esmagar-Vos à Mesma”

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eurocrise, parlamento varoufakis Na primeira entrevista após deixar o Ministério das Finanças, Varoufakis revela que defendeu a emissão de moeda alternativa como resposta à asfixia dos bancos, fala da “completa falta de escrúpulos democráticos por parte dos supostos defensores da democracia na Europa” e acusa os governos de Portugal e Espanha se serem “os mais enérgicos inimigos do nosso governo”. “Desde o início, esses países [os mais endividados] deixaram bem claro que eram os mais enérgicos inimigos do nosso governo(…). E claro que a razão era que o seu maior pesadelo era o nosso sucesso: se conseguíssemos um acordo melhor para a Grécia, isso iria obliterá los politicamente, teriam de responder aos seus povos porque não tinham negociado como nós fizemos”, responde Varoufakis na entrevista à New Statesman. An account of the past five months of negotiations. newstatesman.com/worldaffairs/… 13: 20 13 jul 2015 2.645 1.979 Yanis Varoufakis @yanisvaroufakis Seguir O ambiente no Eurogrupo é um dos temas mais tratados na entrevista e é definido assim pelo antigo ministro das Finanças grego: “Aquilo é como uma orquestra bem afinada e Schäuble é o maestro. Tudo segue a sua pauta”. Para Varoufakis, apenas o ministro francês sai do tom, mas de forma “muito subtil”, parecendo que não se está a opor ao homólogo alemão. Mas no fim, quando o Dr. Schäuble responde a definir a linha oficial, o ministro das Finanças francês acaba sempre por aceitar”, explica. Varoufakis explica também o episódio da sua “expulsão” da reunião do Eurogrupo em junho. Quando chamou a atenção de Dijsselbloem que as declarações do Eurogrupo têm de ser aprovadas por unanimidade e que ele não pode convocar uma reunião excluindo um dos membros, “ele disse: Tenho a certeza de que posso. Então pedi um parecer legal. Isso criou alguma confusão. A reunião parou cinco ou dez minutos, os funcionários falavam uns com os outros ao telefone e acabou por chegar um responsável dos assuntos legais ao pé de mim a Yanis Varoufakis 13 Julho, 2015 Varoufakis abre o livro: “Você até tem razão, mas vamos esmagarvos à mesma”

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eurocrise, parlamento varoufakis

Na primeira entrevista após deixar o Ministério das Finanças, Varoufakis revela quedefendeu a emissão de moeda alternativa como resposta à asfixia dos bancos, fala da“completa falta de escrúpulos democráticos por parte dos supostos defensores dademocracia na Europa” e acusa os governos de Portugal e Espanha se serem “os maisenérgicos inimigos do nosso governo”.“Desde o início, esses países [os mais endividados] deixaram bem claro que eram os maisenérgicos inimigos do nosso governo(…). E claro que a razão era que o seu maior pesadeloera o nosso sucesso: se conseguíssemos um acordo melhor para a Grécia, isso iria obliterá­los politicamente, teriam de responder aos seus povos porque não tinham negociado comonós fizemos”, responde Varoufakis na entrevista à New Statesman.

An account of the past five months of negotiations. newstatesman.com/world­affairs/…13: 20 ­ 13 jul 2015

2.645 1.979

Yanis Varoufakis @yanisvaroufakis

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O ambiente no Eurogrupo é um dos temas mais tratados na entrevista e é definido assim peloantigo ministro das Finanças grego: “Aquilo é como uma orquestra bem afinada e Schäuble éo maestro. Tudo segue a sua pauta”. Para Varoufakis, apenas o ministro francês sai do tom,mas de forma “muito subtil”, parecendo que não se está a opor ao homólogo alemão. Mas nofim, quando o Dr. Schäuble responde a definir a linha oficial, o ministro das Finanças francêsacaba sempre por aceitar”, explica.

Varoufakis explica também o episódio da sua “expulsão” da reunião do Eurogrupo em junho.Quando chamou a atenção de Dijsselbloem que as declarações do Eurogrupo têm de seraprovadas por unanimidade e que ele não pode convocar uma reunião excluindo um dosmembros, “ele disse: Tenho a certeza de que posso. Então pedi um parecer legal. Isso crioualguma confusão. A reunião parou cinco ou dez minutos, os funcionários falavam uns com osoutros ao telefone e acabou por chegar um responsável dos assuntos legais ao pé de mim a

Yanis Varoufakis

13 Julho, 2015

Varoufakis abre o livro: “Você até tem razão,mas vamos esmagar­vos à mesma”

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dizer­me isto: Bom, o Eurogrupo não tem existência legal, não há nenhum tratado que tenhaprevisto este grupo”.

“Eurogrupo toma decisões quase de vida ou morte e nenhummembro tem de prestar contas a ninguém”“Afinal o que temos é um grupo inexistente que tem o maior poder para determinar as vidasdos europeus. Não presta contas a ninguém, dado que não existe na lei; não há minutas dasreuniões; e é confidencial. Por isso nenhum cidadão sabe o que lá é dito… São decisõesquase de vida ou morte e nenhum membro tem de prestar contas a ninguém”, prossegueVaroufakis.

Quando falava nas reuniões, com argumentos económicos preparados, “as pessoas ficavam aolhar para mim, como se não tivesse falado (…) Bem podia estar ali a cantar o hino da Suéciaque ia receber a mesma resposta (…) Nem sequer havia mal­estar, era como se ninguémtivesse dito nada”, revela Varoufakis.

O que mais impressionou Varoufakis nas reuniões a que assistiu foi a “completa ausência dequalquer escrúpulo democrático por parte dos supostos defensores da democracia”. O ex­ministro dá um exemplo: “Ter várias figuras muito poderosas a olharem­me nos olhos edizerem ‘Você até tem razão no que está a dizer, mas vamos esmagar­vos à mesma’”.

Proposta de emitir moeda paralela, tomar posse do banco central ecortar dívida ao BCE foi a derrota que o levou a sair do governoVaroufakis fala também pela primeira vez da derrota política que o levou a sair do governo.Segundo a versão do ex­ministro, propôs ao governo um plano com três ações caso o BCEobrigasse ao encerramento dos bancos: a emissão (ou o anúncio) de uma moeda paralela(uma promessa de dívida conhecida como IOU), o corte na dívida detida pelo BCE desde2012 e tomar o controlo do Banco da Grécia. “Perdi por seis contra dois”, diz Varoufakis, quevoltou a insistir no plano na noite da vitória do OXI.

Mas o governo tinha outros planos, segundo Varoufakis, que levaria a “mais concessões aooutro lado: a reunião dos líderes partidários, com o nosso primeiro­ministro a aceitar apremissa de que o que quer que aconteça, o que quer que o outro lado faça, nunca vamosresponder de forma desafiante. E basicamente isso significa desistir… deixa­se de negociar”.

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José Frois · Fagotista na empresa São Carlosmeus amigos depois de ler este artigo de varoufakis , eu pergunto?algum de vocês

ficou admirado?este artigo devia de ser lido por todos os espoliados da europa !!!

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José Eduardo Calvet Magalhães · Professor na empresa Ministério daEducaçãoVejamos, se esta humilhação, não será premonitória , juntamente os outrosacontecimentos surpreendentes, não serão o início de um cataclismomundial...Gosto · Responder · 1 min

Álvaro Carregosa Filho · Professor na empresa Prefeitura Municipal de São PauloPOR QUE NÃO EXISTEM LIVROS DESTE CARA PARA A GENTE COMPRAR???EMBORA OS ARTIGOS SEJAM BONS NÃO SÃO TÃO PROFUNDOS, PARA NOSFAZER ENTENDER MELHOR...

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Filipe Bonito · Universidade Lusíada de LisboaLivros

Europe after the Minotaur: Greece and the Future of the Global Economy . ZedBooks, 2015 10 (ISBN 9781783606085 )The Global Minotaur: The True Origins of the Financial Crisis and the Future ofthe World Economy, London and New York: Zed Books, 2011, Second Edition,2013Economic Indeterminacy: A personal encounter with the economists’ peculiarnemesis, London and New York: Routledge, 2013Modern Political Economics: Making sense of the post­2008 world, London andNew York: Routledge, (with J. Halevi and N. Theocarakis) 2011Game Theory: A Critical Text, London and New York: Routledge, (with S.Hargreaves­Heap), 2004Foundations of Economics: A beginner's companion, London and New York:Routledge, 1998Rational Conflict, Oxford: Blackwell Publishers, 1991

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Sergio Sousa Cunha · UTAD ­ Universidade de Trás­os­Montes e Alto DouroExiste sim alvaro, já vi na fnac

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Caio Santos · Uni­FacefNo Brasil não tem Gosto · Responder · 6 h

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João Francisco Linhares · Universidade dos Açores"Completa falta de escrúpulos democráticos" também na própria Grécia. Então,questiona­se o povo num referendo, este diz "oxi" à austeridade e depois ainda sequestiona programas com a Europa? Então onde está o poder do povo que édemocracia, e logo por aqueles que diretamente os deveriam governar conforme omandato que lhes deram e de acordo com a pergunta que fizeram?

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Cláudia Almeida Rodrigues · EGE ­ Atlantic Business SchoolJoão. Oxi era não aceitar o pagamento nos moldes que oEurogrupo/Alemanhã estavam a exigir. Não estavam a votar para não pagar.

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Eugénia Bettencourt · Escola de Teatro do ConservatórioSenhores da fraude.

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Deolinda Gonçalves · Studying na empresa EstudanteQuais? Não deixou bem explicado.Gosto · Responder · 5 h

Manuel Croca · Adega do IsaíasDeolinda Gonçalves Boa tarde, convido­a a ler o artigo novamente mas faça­oc mais atençao.

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Antonio Marques · Ecole superieure des textiles ­tournai­belgicacoitado do fralda de fora, pensava que chegar fralda de fora cascol de marcaaterrorizava , os gregos são corruptos, todos se reformam aos 50 anos (talvez boaideia) é preciso é haver dinheiro.

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Aníbal Cardal · Calazans DuarteIgnorância, tanta.

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