VENDA PROIBIDA -...

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EDIÇÃO Nº 06 • ANO II • OUTUBRO 2018 • WWW.INOVEDUC.COM.BR EDETCHS DO PAÍS COMEÇAM A BUSCAR O EXTERIOR Com foco na América Latina, startups brasileiras de tecnologia educacional voltam atenções para o mercado internacional PLATAFORMAS ONLINE AJUDAM A IMPLEMENTAR BNCC Tecnologia ajuda professores de todo o país a adaptarem currículos e aulas às diretrizes estabelecidas pela BNCC, que vigora a partir de 2019 TECNOLOGIA POSSIBILITA EMPODERAMENTO DE ALUNOS E PROFESSORES Em entrevista, Juliano Costa, head de Educação da Pearson no Brasil, aponta vários pontos positivos do uso das ferramentas tecnológicas VENDA PROIBIDA

Transcript of VENDA PROIBIDA -...

EDIÇÃO Nº 06 • ANO II • OUTUBRO 2018 • WWW.INOVEDUC.COM.BR

EDETCHS DOPAÍS COMEÇAM A BUSCAR O EXTERIORCom foco na América Latina, startups brasileiras de tecnologia educacional voltam atenções parao mercado internacional

PLATAFORMASONLINE AJUDAM AIMPLEMENTAR BNCCTecnologia ajuda professores de todo o país a adaptarem currículos e aulas às diretrizes estabelecidas pela BNCC, que vigora a partir de 2019

TECNOLOGIA POSSIBILITA EMPODERAMENTO DE ALUNOS E PROFESSORESEm entrevista, Juliano Costa, head de Educação da Pearson no Brasil, aponta vários pontos positivos do uso das ferramentas tecnológicas

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INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018 3

Otermo Educação 4.0 leva a pensar em toda a evolução tecnológica que pre-senciamos, e também nas necessidades educacionais das novas gerações: estamos preparando nossos alunos para o mundo quando saírem da escola? Como será esse mundo? As profissões serão as mesmas? As habilidades que desenvolvemos hoje suprirão as necessidades desses futuros profissionais?

“A inovação é a chave.” A frase é de Saku Tuominen, diretor de Criatividade e Funda-dor da SCOOL, empresa voltada a educação inovadora localizada na Finlândia. “Em um mundo em transformação, pensamos que em 2030, por exemplo, os alunos precisarão estar capacitados tanto em termos de novas tecnologias e ênfase na criatividade, como também no desenvolvimento de habilidades emocionais, autoconhecimento e pensamento crítico”, disse Tuominen em entrevista à BBC.

O pensamento do finlandês é corroborado por dados apresentados no The Global Sum-mit 2017, o futuro da Educação. Também chamado de Educação 4.0, baseia-se no conceito de Learning by doing — ou seja, aprender fazendo. O relatório The New Work Order, di-vulgado pela Foundation for Young Australians (FYA), confirma que em um futuro próximo teremos a substituição do trabalho humano por robôs e pela AI (inteligência artificial). O estudo alerta para o fato, por exemplo, de que mais da metade dos estudantes da Austrália ainda buscam profissões que se tornarão obsoletas pelos avanços tecnoló-gicos e automação em apenas 20 anos. Mas por onde começar?

Um bom ponto de partida é este que está em suas mãos. Nesta edição, a revista InovEduc traz informações sobre a criação de ambientes inovadores propícios para o desenvolvimento de projetos que aproximem os alunos dessa nova realidade. Na nossa matéria de capa, o diretor nacional de tecnologia da Micro-soft Brasil, Ronan Damasco, afirma que “a edu-cação tem que pensar na mão de obra para o futuro do trabalho”. Especialista em Educação Digital pelo ITA, Cassiano Zeferino ressalta que muitos dos modelos educacionais ainda praticados estão em xeque diante das trans-formações digitais globais muito rápidas.

Por outro lado, Juliano Costa, head de Educação da Pearson no Brasil, afirma, em longa entrevista, que nunca houve tanta oportunidade — “acessível, escalável e efi-caz” — para se fazer um salto de qualidade no ensino-aprendizagem quanto agora. Não à toa, edtechs brasileiras começam a levar seus produtos para o mercado educacional no exterior, ao mesmo passo que cresce o interesse em integrar a robótica educacional nos currículos escolares, im-pulsionado pelas diretrizes estabelecidas pela Base Na-cional Comum Curricular (BNCC) — que passará a vigorar no ano letivo de 2019 para os segmentos infantil e fundamental.

Assuntos atuais e pertinentes que serão discutidos na Bett Educar 2019, entre os dias 14 e 17 de maio, em São Paulo. O tema central que norteará os assuntos abor-dados no congresso já foi definido: “Construindo a Educação que o Brasil precisa”.

Aproveite a leitura!

'A inovaçãoé a chave'

CARTA AO LEITOR

4 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

CAPATransformação da sala de aula

A cada surgimento de uma nova revolução industrial, há reflexos e mudanças profundos

na educação. As tecnologias disruptivas já presentes na indústria 4.0, que propõem, muitas vezes, a integração do mundo físi-co com o digital, torna premente a com-preensão e, especialmente, a absorção da Educação 4.0 por educadores, ges-tores, alunos e pais. Mas a inovação nos processos de ensino-aprendizagem vai

além do simples uso de dispositivos tecno-lógicos: ela exige total imersão. Página 20

OPINIÃO

BNCC na práticaLeticia Lyle, presidente do Instituto So-

mos e diretora de Impacto Social da Somos Educação, fala sobre as dificuldades a se-rem enfrentadas pelos professores com a implementação da BNCC. Página 28

COBERTURA

Futuro da educaçãoO Museu do Amanhã, no Rio de Janei-

ro, abrigou dois eventos importantes para o setor: “HUB: Conexões para a educa-ção do futuro” e “Educação 360”. Confira como foram as discussões. Página 49

TENDÊNCIA

Robótica educacionalUm dos pilares da Quarta Re-

volução Industrial, a robótica começa a assumir um papel

importante ao mudar prá-ticas pedagógicas e pre-

parar alunos para os trabalhos do futuro. Página 6

Presidente

Adolfo Martins

CEO

Fernando Martins

Editora

Débora Thomé

Designer

Teresa Perrotta Carrione

Consultora Editorial

Andréa Marini

Reportagem

Luiz Fernando Caldeira

Renato Deccache

Alexandre de Miranda

Giulliana Barbosa

Gustavo Portella

Letícia Santos

Site

www.inoveduc.com.br

Departamento Comercial

Gerente Geral - Ulisses Oliveira

E-mail: ulisses.oliveira@

folhadirigida.com.br

Tel.: (21) 3233-6307 /

96485-0880

Rio de Janeiro

Rua do Riachuelo, 114 - Centro -

RJ CEP: 20230-014

Tel. fax: (21) 2461-0062

Os artigos e opiniões de ter-

ceiros publicados nesta edição

a posição da revista

Fica proibida a reprodução

das matérias sem a expressa

autorização dos editores

e sem a citação da fonte

Compartilhar é precisoAlém da excelência pedagógica e da

base de desenvolvimento socioemocio-nal, o Grupo Eleva passará a comparti-lhar expertise em gestão com suas escolas parceiras em 2019. Página 30

MULTIPLICADORES

ÍNDICE

CASE

Paul, o tutor 24 horasConheça como nasceu Paul, o tutor de

inteligência artificial da Saint Paul Escola de Negócios, criado com tecnologia IBM Watson e alimentado por catedráticos septuagenários. Página 44

Tecnologia educacionalSócio do grupo Eleva e diretor de Edu-

cação da Associação Brasileira de Star-tups, Daniel Machado dá exemplos de como a tecnologia, por meio das edtechs, pode melhorar a educação. Página 12

TENDÊNCIA

6 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

TENDÊNCIA

Além de transformar as relações de trabalho e produção, a quarta revo-lução — ou pelo menos o seu con-ceito — já alcança as escolas e pre-para, desde já, uma geração para

os desafios tecnológicos dos próximos anos. Uma das provas mais contundentes, e que mexe com as práticas pedagógicas, tem sido a aplica-ção crescente da robótica em sala de aula. Um misto entre meio e objeto de ensino, a robótica educacional ou robótica pedagógica revê os mé-todos didáticos tradicionais e aponta aos jovens um pouco do que o mercado de trabalho espera deles. Assim, conteúdos que eram ditados por décadas nas escolas são substituídos por novas maneiras de ensinar e aprender conectadas à re-alidade profissional.

“A robótica permite que o aluno concretize os conceitos dos conteúdos curriculares, am-plie a capacidade de compreensão e consolide os conhecimentos fornecidos em sala de aula”, observou Fabio Alexandre Strazza Cruz, coorde-nador educacional da Maker Robotics, empresa paulista de desenvolvimento educacional com tecnologia.

Comparada a outros métodos de inovação do ensino, a robótica tem a vantagem de despertar grande interesse entre os estudantes. O proces-so de aprendizagem se torna mais significativo porque robôs possuem apelo lúdico, pegada essencial para garantir a atenção de crianças e adolescentes. Motores, programas computacio-

nais, sucatas e toda sorte de parafernália de um robô, juntamente com o professor, são os gran-des astros que atuam para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias ao novo conceito de aula. “O caminho percorrido para a aprendizagem de forma lúdica, prazero-sa, intuitiva e desafiadora possibilita ao aluno a própria busca pelo conhecimento”, destacou Strazza.

A criatividade e o raciocínio lógico fluem dentro e fora de sala quando a robótica faz parte de um plano consistente em que resolução de problemas e conceitos pedagógicos unem-se em um propósito: aprender com a mão na massa. Disciplinas como Matemática e Física são as grandes estrelas nos experimentos, mas quase todas as matérias podem fazer parte do processo de aprendizagem quando a interdisciplinaridade é incluída.

O ensino de Artes, por exemplo, pode estar presente na aparência, forma e finalidade de um robô (há androides programados para dançar). Em Biologia e Química, professores e alunos criam máquinas para recolher lixo de praias, lagos ou rios e que despertam a consciência ecológica.

“Durante as aulas, os conteúdos trabalhados em robótica podem e devem abranger pratica-mente todas as disciplinas. Podemos ainda criar projetos de robótica para trabalhar temas como os abalos sísmicos, a geração de energia renová-vel ou simular os movimentos do corpo huma-no”, exemplificou Fábio Strazza.

Cada vez mais presente, desde o ensino primário até o ensino universitário, a metodologia ajuda a romper com modelos tradicionais de ensino em todas as disciplinas

Alexandre de Miranda

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A robótica dentro e fora do espaço escolar vai de vento em popa, e impulsionará a economia mundial nos próximos anos. De acordo com a Federação Internacional de Robótica, em 2016 foram vendidos 1,8 mil robôs industriais no mer-cado brasileiro. A estimativa é que o número chegue a 3.500 até 2019. Em todo o mundo, até o próximo ano, as indústrias deverão adquirir mais de 400 mil robôs industriais. Para fomentar ainda mais o setor por aqui, o governo zerou o imposto de importação para a compra de robôs, que atuarão principalmente no setor têxtil, de calçado e automotivo.

Muitas escolas estão atentas a essas transfor-mações da chamada indústria 4.0 e deverão in-crementar o uso de tecnologia em sala de aula como forma de antever as carreiras do futuro. Um estudo do Serviço Nacional de Aprendiza-gem Industrial (Senai), contudo, já antecipa as 30 novas profi ssões que surgirão em dez anos. Engenheiro de cibersegurança, especialista em big data, técnico em informação e automação, mecânico de veículos híbridos, projetista para tecnologias 3D são algumas das ocupações que estarão em alta.

Essas profi ssões, de acordo com o estudo, integram oito áreas que sofrerão maior impacto da indústria 4.0: automotiva, tecnologias da in-formação e comunicação, alimentos e bebidas, máquinas e ferramentas, construção civil, quí-mica e petroquímica, têxtil e vestuário e petró-leo e gás.

Diante das novas perspectivas, o professor Fa-bio Strazza observou que a atual geração precisa estar preparada para as futuras necessidades do

mercado de trabalho diretamente relacionadas à criatividade, ao domínio das tecnologias e ao trabalho colaborativo. “O grande desafi o é guiar os alunos durante todo o processo de aprendiza-gem para que estejam cientes de suas responsa-bilidades e que tenham capacidade criativa sufi -ciente para gerar novas soluções para a indústria e a sociedade.”

As escolas particulares são as que mais in-vestem em robótica educacional, juntamente com as unidades de ensino do Serviço Social da Indústria (SESI). Na rede pública, apesar das difi culdades que envolvem recursos fi nancei-ros, diversos projetos bem-sucedidos servem de inspiração para outras instituições. Na pequena cidade catarinense de Timbó, o uso da tecno-logia nas escolas do município foi destaque no II Fórum de Cidades Digitais do Médio Vale do Itajaí, em agosto. Além de fazer com que alu-nos do 6º ao 9º ano entrem em contato com a robótica, o Clube da Tecnologia de Timbó, uma parceria com a Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb), trouxe projetores multimídia para as creches e escolas e informa-tizou os sistemas de administração das unida-des de ensino.

Para o secretário de Educação de Timbó, Al-froh Postai, os resultados dos projetos em robóti-ca nas escolas do município são visíveis em sala de aula e ainda abrem oportunidades no campo profi ssional. “Tudo isso, aliado à curiosidade pela descoberta, faz com que o aluno desperte com muito mais possibilidades para o mundo do trabalho e com grandes chances de se tornar um empreendedor no futuro”, disse Postai.

Escola e indústria de olho no futuro

TENDÊNCIA

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MERCADO

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Startups brasileiras que desenvolvem tecnologias para o mercado da educação começam a ganhar (e a buscar) espaço no exterior

Gustavo Portella

INTERNACIONALIZAÇÃOde edtechs

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Ganhar tamanho, mercado e re-levância. Esses são os princi-pais motivos que têm levado as edtechs brasileiras a desbravar o mercado exterior. Tal movi-

mento, ainda iniciante no país, aparece como promissora oportunidade de crescimento des-sas startups na área da Educação. Prova disso é que o mercado global de edtechs cresce, em média, 17% ano. Até 2020, segundo previsões do CBInsights, deve atingir um montante de US$ 252 milhões. No Brasil, as edtechs já se fi rmaram. Segundo dados da ABStartups, são

364, com 73% dos estados brasileiros contando com, pelo menos, três.

De acordo com o CEO e investidor da Cedro Capital, Alessandro Machado, os principais mo-vimentos brasileiros para o exterior já são perce-bidos na América Latina pelo fato de os países terem cultura semelhante à brasileira. “Estamos em um movimento ainda inicial, e tudo depende muito das barreiras que existem nesse processo. Sair do Brasil para países com cultura e modelo de negócio diferentes é um desafi o. Por isso, os movimentos que existem são mais notados em países da América Latina”, ponderou.

Mas por que partir para o mercado exterior? Alessandro Machado destacou que as vantagens são inúmeras, sobretudo no que diz respeito aos atrativos para os investidores. “Na medida em que as empresas passam a ser vistas com poten-cial global, e não só nacional, elas fi cam atrati-vas para mais fundos. Quando investimos, por mais que a empresa não esteja pronta para a in-ternacionalização, sempre vislumbramos a pos-sibilidade de, em algum momento, isso aconte-cer”, destacou.

Chegar ao mercado exterior, porém, não é simples. A decisão exige estratégias diferen-ciadas. Alessandro Machado citou a primeira delas: “O primeiro ponto a se pensar é quem vai tocar essa unidade no exterior. Eu diria que é fundamental ter pessoas locais tocando o negócio porque, dessa forma, você queima várias etapas do conhecimento do negócio”, explicou. Em seguida, segundo o investidor, é preciso avaliar as difi culdades culturais e de negócio.

“Das divergências culturais, destaco o mode-lo de ensino do país. Isso afeta a forma como al-gumas edtechs são constituídas. Se ela é voltada para a metodologia de ensino brasileira, aderen-te ao MEC (Ministério da Educação), quando vai para outro país, com outras metodologia e grade curricular, precisará se adaptar”, exemplifi cou o CEO da Cedro, acrescentando que, na área dos negócios, há diferenças no modelo de contra-tação. “Se no Brasil há processo licitatório no serviço público, no exterior os procedimentos costumam ser diferentes.”

MERCADO

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Caso de edtech que foi ao mercado exterior e vem alcançando bons resultados é o da Escola em Movimento. Com clientes no México e no Canadá, a startup recebeu um aporte de R$2 milhões da Cedro Capital no início deste ano. De acordo com o CEO da Escola em Movimento, Guilherme Rocha, a decisão de partir para o mercado exterior teve a ver com o desejo de ganhar tamanho, mercado e relevância.

“Internacionalizar sempre foi um desejo nosso de, no mínimo, experi-mentar, dentro das nossas limitações orçamentárias, uma excursão interna-cional. Já tínhamos trocado ideias com outras empresas com essa experiência, de vender para o mercado internacional. Um grande motivador é o modelo tributário para essa natureza. Você é totalmente isento de impostos e o re-sultado dessa operação vai diretamente para a sua última linha, que é o seu lucro. Dando certo, é muito bom para a empresa”, frisou.

O processo, porém, gerou desafi os. Na ida para o México e Canadá, por exemplo, foi necessário entender a dinâmica do país na área dos negócios e da Educação. “Dominar a língua da região não bastou. No caso do Mé-xico, há uma cultura de uso de cartão de crédito totalmente diferente do Brasil. Há pais que pagam as escolas dos seus fi lhos com cartão de crédito, por exemplo, o que é impensado no Brasil. Questões desse tipo e na área da Educação devem ser entendidas. Por isso, ter um parceiro do país de destino é fundamental”, disse Rocha, que deixou um recado para edtechs brasileiras que pensam em partir para o mercado exterior.

“Primeiro, conheça muito bem o mercado nacional do país que você está indo. Segundo passo é ter apoio fi nanceiro, porque é um outro país e outro cliente. Terceira dica é sobre a montagem de estrutura, que pode ser sua ou com um parceiro estratégico nesse país. Claro que você vai ganhar mais quando a estrutura é sua, mas o risco aumen-ta. Você pode diminuir o risco tendo um parceiro local, mas, ao mesmo tempo, você tem que descobrir um parceiro que seja competente para vender o produto. Por último, não adianta você chegar em um país onde aquele mercado já está dominado por um tipo de solução e você é apenas um pedaço dela.”

Escola em Movimento tem sete clientes no México

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ARTIGO

Como a tecnologia pode melhorar a educação brasileira?

Você sabe quantas edtechs existem hoje no Brasil? Para responder a essa e outras perguntas, a Abstartups, junto com o Comitê de

Edtech, acaba de lançar um mapea-mento que identifica as tecnologias educacionais do país. No estudo, fo-ram mapeadas 364 edtechs. Esse é um número representativo não só para o setor, se pensarmos que a educação também está em 1º lugar entre o merca-do de atuação das startups com 7,8%.

Outro dado importante desse estudo mostra que 73% dos estados brasileiros possuem no mínimo três edtechs. Isso é

positivo, ainda que um negócio difícil, onde o empreendedor de educação an-tes de tudo, tem que acreditar no poder de transformação de suas ações. Isso me fez lembrar de uma conversa que eu tive com uma secretária municipal de educação em uma feira de tecno-logia educacional ue reuniu mais de 177 startups. Perdida em meio a tanta novidade, me perguntou, assustada, se toda essa inovação estava de fato revo-lucionando as escolas.

Aproveitei a oportunidade para cha-mar a atenção da gestora pública para o impacto da tecnologia na educação. Expliquei que a Associação Brasileira

Daniel MachadoAtivista e empreendedoreducacional, fundador do Coleguium, a maior rede de educação básica de Minas Gerais, fundador da Imaginie uma das dez maiores empresas de tecnologia educacional do Brasil, sócio do grupo Eleva e diretor de educação da Associação Brasileira de Startups

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ARTIGO

‘APESAR DO APELO, O MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO E AS SECRETARIAS MUNICIPAIS E

ESTADUAIS AINDA NÃO ENTENDERAM O

RECADO. AS STARTUPS RECLAMAM QUE O

GOVERNO PODERIA MELHORAR

EXPONENCIALMENTE A QUALIDADE DA

EDUCAÇÃO E AO MESMO TEMPO

ECONOMIZAR RECURSOS’

de Startups conta com uma base de mais de 300 empresas de educação que estão revolucionando as escolas de elite no Brasil. O ensino de ponta inclui, por exemplo, aulas de progra-mação de software, robótica e platafor-mas capazes identificar a dificuldade pedagógica de cada aluno de forma personalizada, apresentando videoau-las para suprimir qualquer deficiência do estudante que tenha ficado para trás. Entretanto, toda essa tecnologia tem aumentando o abismo de qualida-de entre as instituições públicas e par-ticulares de ponta. A pesquisa “Nossa escola em (re)construção”, desenvolvi-da pelo Porvir/Instituto Inspirare com 132 mil alunos de 13 a 21 anos de to-das as regiões do Brasil, aponta que o maior desejo dos jovens é usar tecnolo-gia fora do laboratório de informática.

Apesar do apelo, o Ministério da Educação e as secretarias municipais e estaduais ainda não entenderam o re-cado. As startups reclamam que o go-verno poderia melhorar exponencial-mente a qualidade da educação e ,ao mesmo tempo, economizar recursos, como ocorreu com o uso da plataforma de estudos Geekie Games.

A plataforma foi parte de um progra-ma oferecido pelo Ministério da Educa-ção e pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) intitulado Hora do Enem que vi-sava a qualificar os estudantes para o temido Enem. Ela mudou a preparação dos alunos, em especial os de escolas públicas e de famílias carentes, por ofe-recer educação gratuita e personaliza-da. Isto serviu para diminuir de forma considerável a quase intransponível barreira que separa quem está na rede privada de quem está na rede pública. Os alunos do último ano do ensino mé-dio tiveram acesso a um conjunto de videoaulas, a exercícios e a um plano de estudos moldado aos seus interes-ses, que levava em conta a realidade educacional e as metas de cada um. Tudo isso, repetindo, de forma gratuita.

O Hora do Enem atraiu mais atenção dos vestibulandos que utilizam durante mais tempo o sistema do que redes so-ciais como Facebook, Twitter ou Insta-gram. Em média, alunos que usaram o Geekie Games no programa Hora do

Enem dedicaram 57 minutos diários aos estudos – já o padrão nacional para o Facebook é de 44 minutos diários, e do Instagram de 12. Os dados são de uma comparação feita entre números de uma pesquisa sobre redes sociais elaborada pela empresa SimilarWeb e informações levantadas pelo Geekie Games.

Em 2016, o projeto contribuiu para melhoria de 72 pontos no desempenho acadêmico e impactou 4,5 milhões de alunos usando menos de 0,0001% dos recursos que seriam necessários para ter o mesmo efeito sem uso de tecnologia. Entretanto, o programa foi abandonado em 2017 por falta interesse político, dei-xando milhões de alunos desamparados.

Enquanto a elite brasileira que estu-da na escola privada avança no ensino e garante a sonhada vaga em uma uni-versidade, o aluno de escola pública é negligenciado por falta de compro-misso de seus gestores. Por exemplo, há uma quantia substancial de recur-sos já existentes do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) que são suficientes para transformar a educa-ção no Brasil. Para isso, falta ajustar o modelo de compra, incluindo novos produtos didáticos, para permitir que as escolas públicas usufruam da tec-nologia das startups e, assim, possam dar oportunidade de vida para todas as crianças e jovens.

ENTREVISTA

Nunca antes, em toda a história da educação, tivemos uma oportu-nidade tão acessível, escalável e efi caz de melhorar a qualida-de do ensino e da aprendizagem

quanto hoje.”A afi rmação de Juliano Costa, head de Educação da Pearson no Brasil, considera-da uma das maiores empresas de educação do mundo, ilustra uma infi nidade de possibilidades que as novas ferramentas tecnológicas podem oferecer para o empoderamento dos alunos e professores. Contribuirão, na visão do educador, para promover um salto qualitativo na aprendi-zagem das crianças e jovens.

Juliano Costa acredita que a Educação 4.0, por meio de tecnologias como a robótica e a inteligência artifi cial, provocará mudanças no conceito de aprendizagem. “Entendemos que a

educação terá uma função muito mais voltada para competências do que cognição pura”, des-tacou o head da Pearson no Brasil.

Na sua visão, a quarta revolução industrial, que está em curso, exigirá do mercado de trabalho profi ssionais com um perfi l de liderança, empatia, sociabilidade e a capacidade de resolver proble-mas. Por isso, Juliano Costa acredita que a escola deixará de ser um espaço que garanta somente o aprendizado de conteúdos de História e Mate-mática, por exemplo, para se tornar um local de desenvolvimento e aprimoramento de habilidades fundamentais para a sociedade pós-moderna.

Em entrevista ao InovEduc, Juliano Costa fa-lou, ainda, sobre outros assuntos que abrangem a Educação 4.0, como bilinguismo e letramento midiático, além da Base Nacional Comum Cur-ricular (BNCC).

Luiz Fernando Caldeira

Juliano Costa, head de Educação da Pearson no Brasil, fala sobre o momento atual da educação no país e sua relação com o futuro do trabalho

mundo novoAdmirável’

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ENTREVISTA

O mundo vive a quarta revolução indus-trial. Como usar as ferramentas que estão surgindo para promover um ensino de quali-dade no Brasil?

Juliano Costa - Podemos afi rmar, com a licen-ça poética da expressão, que este é um admirável mundo novo. Nunca antes em toda a história da educação tivemos uma oportunidade tão acessí-vel, escalável e efi caz de melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem quanto hoje. Está com difi culdade em aprender um conteúdo específi co e a aula já passou? Assista um youtuber teacher, veja uma videoaula num canal online qualquer, jogue a pergunta no google e assista vídeos/tex-tos/podcasts explicativos, logue numa plataforma de aprendizagem gamifi cada sobre o tema, envie um whatsapp para seu amigo da sala que apren-de tudo e peça a ele para enviar um vídeo resol-vendo o problema. Você é professor e precisa de apoio para montar uma aula legal, engajadora e motivadora para seus alunos? Use uma ferramen-ta Google para criar slides online compartilhá-veis, envie gifs com perguntas problematizadoras antes da aula ocorrer para os alunos pesquisarem, crie um grupo no Facebook e coloque como tare-fa para os alunos compartilharem conhecimento interessante sobre o tema, crie uma conta no Ins-tagram e poste regularmente dicas sobre o assun-to estudado, ou acesse uma plataforma pública e simplesmente baixe um plano de aula pronto e execute na sua sala. É claro que, para poten-cializar todas as soluções digitais disponíveis (e são muitas!) os professores precisam de formação continuada. Mas mesmo essas formações já estão em oferta abundante na web e só crescem a cada dia, e também precisam reconhecer que nesse "admirável mundo novo" os alunos podem ter um papel absolutamente relevante no uso das tecno-logias e na gestão da sua própria aprendizagem.

Há quem tema que as novas tecnologias, notadamente a inteligência artifi cial, acabem com muitos dos empregos que conhecemos hoje. Nesse sentido, qual a importância de se desenvolver uma educação voltada para o empreendedorismo?

Recentemente publicamos um estudo cha-mado The Future of Skills: Employment in 2030. Constatamos que vários empregos de hoje não existirão no futuro (o que é óbvio, mas nos am-paramos em IA, insights de grandes especialistas e Learn Machine para chegar a essas conclusões). A questão é que esse estudo também mostrou que existirão centenas de oportunidades de trabalhos baseadas não em profi ssões, mas em habilidades

específi cas, como "capacidade de resolver pro-blemas", "liderança", "empatia" e "sociabilidade". Dessa forma, entendemos que a educação terá uma função muito mais focada em competências do que em cognição pura. Ou seja, muito mais para permitir ao estudante ter na escola um es-paço de descoberta, desenvolvimento e aprimo-ramento de habilidades fundamentais para essa sociedade pós-moderna do que garantir o apren-dizado dos conteúdos de história e matemática, por exemplo. Costumo dizer que você encontra qualquer informação que desejar no Google, me-nos "como enfrentar uma decepção amorosa". Experimente perguntar à IA do Google "o que é mitocôndria?" e logo depois da resposta perguntar novamente "estou triste, pode me ajudar?". Você verá claramente a diferença entre como o mun-do do trabalho de hoje, focado na informação, está comprometido pelo mundo digital (a perfei-ta resposta da IA sobre a mitocôndria), mas como temos maravilhosas oportunidades de inovação, trabalho e empregabilidade no mundo focado nas competências e nas habilidades (a limitada resposta da IA sobre a tristeza). Então eu não falaria sobre a cultura empreendedora na escola, mas sim sobre as soft skills, ou seja, as habilidades que somente os seres humanos podem ter e que fazem toda a diferença para quem cria, desenvolve e usa as tecnologias e a própria inteligência artifi cial.

Como a inteligência artifi cial e a robótica podem contribuir efetivamente para a educa-ção no momento?

De infi nitas formas: como auxiliares que facili-tem e agilizem o acesso à informação necessária; identifi cando nossas falhas de aprendizado com gestão de big data (grandes bancos de dados) e propondo caminhos de aprendizagem alterna-tivos, como automatizadores de rotinas docen-tes (presença escolar, coleta e preenchimento de notas, controle do tempo e da produtividade estudantil); permitindo que o professor foque no ensino e atenção aos seus alunos; na personali-zação da aprendizagem, pela identifi cação de preferências de acesso ao conhecimento (visual, textual, auditivo, etc) e ofertando ao aluno formas de aprendizagem mais efi cazes; como mediado-res de atividades multiculturais e colaborativas entre estudantes de diferentes níveis cognitivos e/ou diferentes origens culturais e nacionalidades, ampliando o repertório cultural, a perspectiva de inclusão e a internacionalização da cidadania;

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ENTREVISTA

facilitando o acesso ao conhecimento através de modos de inclusão cognitiva ou de complemen-tos tecnológicos para a aprendizagem de alunos portadores de defi ciências ou com síndromes específi cas; garantindo aos gestores escolares fa-tos e dados para auxiliar na tomada de decisão sobre performance, estratégia escolar, integração família e escola, gestão fi nanceira; permitindo à escola adotar dimensões práticas jamais imagina-das, como impressoras 3D, autômatos para expe-rimentos científi cos, realidade virtual para visita a sítios históricos online. Enfi m, as possibilidades para o uso da IA e da robótica só estão limitados pela nossa imaginação... e talvez pelas três leis da robótica de Isaac Asimov.

O objetivo principal da Base Nacional Co-mum Curricular (BNCC) é trazer equidade ao sistema de ensino brasileiro, ao mesmo passo que incentiva o uso de ferramentas tecnológi-cas e o desenvolvimento de habilidades socio-emocionais dos alunos. Como implementar a BNCC diante da diversidade de realidades e dos recursos disponíveis no Brasil?

Essa é uma questão típica de países conti-nentais e que também adotam um sistema fede-rativo, onde os entes federados (estados e seus municípios) têm, por defi nição constitucional, autonomia política para gerir boa parte das suas obrigações públicas. Nesse sentido, a BNCC bus-ca atuar como um "farol", uma orientação geral para que cada ente federado possa construir seu currículo de modo a atender o desenvolvimento de um conjunto de competências e habilidades comuns que permitam aos estudantes brasileiros uma mínima uniformidade de aprendizagem e garantia de desenvolvimento pessoal, cognitivo e social. A diversidade de realidades é contempla-da na BNCC justamente na medida em que per-mite que os estados construam currículos a partir de "linhas gerais" que garantam minimamente o aprendizado dos estudantes, da Amazônia ao Rio Grande do Sul, em todos os campos de experiên-cia e grandes áreas do conhecimento.

Muitos alegam que o problema para a im-plementação da BNCC não é a habilidade, mas a falta de recursos tecnológicos nas escolas pú-blicas para desenvolvê-la. Concorda com isso?

Na verdade, a BNCC traz apenas uma macro competência diretamente relacionada ao tema tecnologia, que é a Competência 5 - Cultura Di-gital (compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma crítica, signifi cativa e ética), en-quanto todas as outras competências perpassam aquilo que a escola e a sociedade realmente de-

vem desenvolver, inclusive no campo socioemo-cional. Entendo que a difi culdade em inserir na escola os recursos tecnológicos (ou mesmo utili-zá-los adequadamente) é uma realidade anterior à BNCC e por ela não foi agravada. Nesse senti-do, excetuando-se a citada Competência 5, me parece que todas as outras competências têm ple-nas condições de serem desenvolvidas a partir de um currículo consistentemente elaborado, com participação e engajamento de todos os agentes sociais da escola (diretores, professores, alunos, comunidade), de uma prática pedagógica focada no aluno, em resultados de aprendizagem e em utilidade concreta para a comunidade em que a escola está inserida. Obviamente, se a escola pu-der contar com recursos tecnológicos de ponta a possibilidade de desenvolvimento e engajamento dos agentes sociais pode ser potencializada.

O bilinguismo vem se tornando uma ten-dência no Brasil, inclusive incentivado pela BNCC. Mas o que fazer para deixar de ser algo voltado para a elite e tornar-se mais abrangen-te, atendendo a todas as classes sociais?

Não consigo visualizar no curto prazo o Es-tado brasileiro se dedicando a esse processo de adoção e desenvolvimento do bilinguismo nas escolas públicas, simplesmente pelo fato de que a lista de prioridades para o momento é relativa-mente grande. A educação integral, a educação socioemocional, fi nanceira, o desenvolvimento esportivo, o letramento digital e mesmo os desa-fi os do século passado — como a alfabetização matemática e linguística na idade certa — ainda devem consumir a atenção e os recursos públicos por algum tempo. É claro que isso não impede o governo e/ou a iniciativa privada de atuarem fortemente nesse desenvolvimento (e estamos no-tando acenos nessa direção) mas ainda assim não poderemos falar, no curto prazo, em uma "univer-salização do bilinguismo". De qualquer maneira, temos diversas iniciativas que têm oportunizado às pessoas o estudo da segunda língua, como os programas bilíngues ofertados por empresas pri-vadas em diversas modalidades, as escolas de idiomas, os cursos online e a multiplicação de oportunidades de internacionalização estudantil.

Durante a Bett Educar 2018, a Pearson apresentou a Global School. O senhor poderia detalhar esse projeto?

Entendendo todas as difi culdades que o pro-cesso do bilinguismo tem para ser desenvolvido no Brasil, buscamos criar uma solução completa e acessível para as escolas brasileiras instituírem em seus currículos o bilinguismo na sua versão

Juliano Costa ressalta que os professores precisam de formação continuada para potencializar as soluções digitais disponíveis

DIVULGAÇÃO

INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018 17

ENTREVISTA

‘OBVIAMENTE, SE A ESCOLA PUDER CONTAR COM RECURSOS TECNOLÓGICOS DE PONTA, A POSSIBILIDADE DE DESENVOLVIMENTO E ENGAJAMENTO DOS AGENTES SOCIAIS PODE SER POTENCIALIZADA’

de desenvolvimento da segunda língua associada a criação de repertório cultural, por meio de discipli-nas regulares, metodologia STEM (Science, Techno-logy, Engineering and Mathematics) e extensões de aprendizagem. Assim, criamos materiais didáticos específi cos para esse fi m, tanto para a Educação Infantil quanto para o Ensino Fundamental, associa-dos a materiais complementares, formação de pro-fessores e tecnologia educacional que permitem aos professores aplicar o material e a metodologia e aos estudantes desenvolverem a profi ciência no inglês e o conhecimento acadêmico simultaneamente, de maneira integrada ao currículo escolar. Em sequên-cia, oferecemos para o Ensino Médio uma solução digital em formato EAD para a conquista do diplo-ma do Ensino Médio norte-americano (High School Certifi cation), onde os alunos, através da Connec-tions Academy, assistem a aulas com professores dos EUA e desenvolvem o currículo de lá em ho-rários extracurriculares daqui (pois continuam com as aulas regulares do currículo brasileiro aqui, pre-sencialmente) afi m de obter dupla certifi cação ao fi nal da educação básica. Encerrando essa proposta, para garantir a devida efi cácia pedagógica, oferta-mos a aplicação do Pearson Test of English (PTE) para os alunos, um dos mais conceituados testes de profi ciência do mundo, garantindo assim que nos-sos estudantes tenham obtido aquilo que realmente esperavam da escola: a aprendizagem signifi cativa do segundo idioma.

Na era da informação, qual a importância do letramento midiático junto às crianças e jovens do ensino fundamental?

Este é um "tema da moda", especialmente pelas questões levantadas pelas fake news, pelo cyber-bulling, e também pela difi culdade de pais, esco-las e comunidade gerirem o acesso a informação que todos os estudantes — de crianças a adoles-centes — têm hoje ao seu dispor. Entendermos que o letramento midiático é, na verdade, parte de um letramento ainda maior — um letramento sobre o mundo, sobre a realidade — talvez seja o ponto focal para atuarmos na escola e na sociedade de modo não a resolver um problema pontual e ca-tegorizado, como o já citado (fake news, etc), mas sim permitir que nossos estudantes sejam capazes de tomar decisões responsáveis, avaliar correta-mente os riscos de todas as situações que enfren-tam, terem equilíbrio emocional para enfrentar cri-ses e difi culdades e, acima de tudo, possam atingir o ideal da educação de crianças e adolescentes, que é a capacidade de agir de forma autônoma para o seu próprio bem e da comunidade em que habita. Mantendo esse foco, acredito que pode-mos abrir janelas para o tema específi co do letra-

mento midiático em diversas disciplinas regulares (como língua portuguesa, fi losofi a, sociologia, etc), mas sem deixar de entender que é impossível al-guém ser "letrado midiaticamente" e não ser "letra-do socialmente". Na verdade, conseguir entender o mundo e as pessoas vem antes de entender as mídias que estão nele e que as pessoas consomem, e esse deve ser o nosso foco na educação.

As instituições de ensino, no Brasil, têm in-vestido adequadamente em atividades para pre-parar os estudantes para o uso responsável da internet e para prevenir o compartilhamento de conteúdos duvidosos? Ou o país está ainda en-gatinhando nesse processo?

Defi nitivamente, isso tem sido uma crescente nas escolas, e educadores e gestores escolares têm buscado meios para inserir nas atividades cotidianas e no currículo dimensões de atuação pedagógica que contemplem o uso responsável das tecnologias educacionais e a criticidade na análise da informação. Porém, como já afi rmei antes, as dimensões continentais do nosso país, a quantidade de estudantes contemplados pela educação básica e as difi culdades inerentes à formação de professores têm sido uma barreira que gradualmente vem sendo rompida. Não te-nho dúvida de que os estudantes brasileiros te-rão condições, em médio e longo prazo, de con-sumirem informação digital de forma criteriosa, qualifi cada e responsável, mas isso — assim como todo processo educacional — leva tempo, esforço e vigilância para acontecer. O mais im-portante é que tenho percebido interesse do go-verno, das empresas privadas (de educação ou não) e da sociedade civil organizada em trazer para a pauta, para a discussão e para a práti-ca esse tema, bem como tomar providências no sentido de auxiliar escolas, professores e alunos a melhorarem a gestão e o uso das tecnologias na educação e na vida cotidiana.

18 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

ARTIGO

Colaborarcom a educação

Fica cada vez mais evidente a importância do regime de colaboração para melhorar a educação brasileira. Isso está posto no Plano Nacional de

Educação como instrumento estratégi-co para alcançar as metas educacionais para 2024. Agora, com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil e o Ensino Funda-mental, novamente se confi gura o va-lor do regime de colaboração entre as três esferas de governo em colaboração com a sociedade.

Esse espírito de colaboração para efetivar o direito à educação enquanto obrigação do Estado e da família, em conjunto com a sociedade, já estava posto no Artigo 205 da Constituição Federal. Na prática, isso tem se efeti-vado mediante convênios entre os en-tes federados e os consórcios intermu-nicipais. Mas outro caminho que tem se mostrado bastante fl exível e criativo são os arranjos de desenvolvimento da educação, conhecidos como ADEs.

A boa notícia é que, desde a sua homologação pelo Ministério da Edu-

cação, em 2011, esse mecanismo, que promove a colaboração entre municí-pios de um dado território com as mes-mas características sociais e culturais, tem crescido em todo o país. Em 2018, já são 12 arranjos envolvendo mais de 165 municípios. Mas atuar em colabo-ração dá resultado? Algumas experiên-cias dizem que sim.

Na região do ADE Noroeste Paulis-ta, há cinco anos, mais de 55 municí-pios se organizam para promover um Congresso Internacional de Educação para ofertar formação continuada de qualidade para professores. O Ideb mé-dio da região passou de 6,0 em 2007 para 6,5 em 2015.

Em Santa Catarina, no ADEGran-fpolis, desde 2015, 22 municípios se uniram para enfrentar quatro desafi os identifi cados no território. Um deles é a redução da distorção idadexano, que, na média, alcança 12,8% dos alunos. Em 2017, a partir da parceria com o Instituto Ayrton Senna, 92% dos alunos matriculados no programa “Se Liga” foram alfabetizados, e 100% dos alunos foram promovidos ou avança-

Eliziane GorniakDiretora do Instituto Positivo

‘AGORA, COM A APROVAÇÃO DA BASE

NACIONAL COMUM CURRICULAR PARA A

EDUCAÇÃO INFANTIL E O ENSINO

FUNDAMENTAL, NOVAMENTE SE CONFIGURA

O VALOR DO REGIME DE COLABORAÇÃO

ENTRE AS TRÊS ESFERAS DE GOVERNO EM

COLABORAÇÃO COM A SOCIEDADE’

ram de ano escolar por meio do pro-grama Acelera.

Esses exemplos mostram que preci-samos celebrar o número de arranjos em crescimento no país. Afi nal, alian-ças podem representar uma grande oportunidade para aumentar a equida-de e a qualidade da educação.

ARTIGO

ARTIGO

19INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

ARTIGO

CAPACAPA

Saiba o que devemos esperar do novo modelo de aprendizagem que pretende revolucionar as relações de ensino por meio das tecnologias disruptivas

Letícia Santos

Os desafios da

20 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

CAPACAPA

INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018 21

22 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

Desde o fenômeno da primeira revolução in-dustrial, em 1760, os homens buscam formas de aprimorar seus mé-

todos de produção tornando-os mais inovadores e eficazes. Naquela época, as máquinas a vapor, que substituiriam o trabalho manufaturado, eram a gran-de novidade. De lá para cá, todo esse sistema industrial evoluiu chegando ao que hoje é conhecido como indústria 4.0. O principal conceito desse sistema é a integração do mundo físico com o digital, o que possibilita o surgimento de tecnologias disruptivas como a in-teligência artificial, internet das coisas e Big Data.

“Essa mudança aproximará a tecno-logia digital da vida e dos negócios das pessoas de uma maneira muito mais natural. A experiência do usuário não está mais vinculada a um único dispo-sitivo, ela viaja com você e estimula múltiplos sentidos. Ela pode começar com um simples toque em um dispo-sitivo e terminar com o registro de voz em outro. Nesse cenário, a Inteligência Artificial é a principal tecnologia dessa revolução e está sendo incorporada em tudo a todo o momento. Seja no carro autônomo, no chão de fábrica ou no hospital, a IA está contribuindo para essas experiências”, analisou Ronan Damasco, diretor nacional de tecnolo-gia da Microsoft Brasil.

A quarta revolução industrial foi tema do Fórum Econômico Mundial 2016, onde o engenheiro e econo-mista alemão Klaus Schwab destacou os principais desafios propostos pela indústria 4.0. Entre eles, a transforma-ção no mercado de trabalho. Pesqui-sas no mundo todo apontam que nos próximos dez anos muitas profissões comuns atualmente, como vendedor e operador de telemarketing, não exis-tirão mais. E, especialmente por conta dessa problemática, o conceito da in-dústria 4.0 começa a ser incorporado, cada vez mais, na educação.

“A quarta revolução industrial foi marcada pela transformação digital, momento onde se romperam as fron-teiras físicas, biológicas e digitais, tra-zendo desafios e inovação para todos

CAPA

INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018 23

DIVULGAÇÃO

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24 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018 25

CAPA

os negócios. Quando inseri-mos esse conceito na área de educação, entendemos que os sistemas educacionais que co-nhecemos atualmente foram construídos para uma econo-mia e uma sociedade que já não existe mais. Hoje, a edu-cação tem que pensar na mão de obra para o futuro do traba-lho”, explicou Damasco.

O diretor nacional de tec-nologia da Microsoft Brasil ressaltou que além do conhe-cimento tecnológico, os estu-

dantes precisam desenvolver habilidades como criatividade, comunicação, pensamento crítico e colaboração. “Escolas e educadores devem ter como premissa a transformação em seus méto-dos. As salas de aula precisam evoluir e oferecer para crianças e jovens o poder da tecnologia, direcionando-os aos processos de aprendizagem que oferecerão a esses alunos a preparação ne-cessária para conseguir um emprego na era digi-tal”, enfatizou.

Para Damasco, grande parte da mudança ne-cessária para a implementação da educação 4.0 no Brasil já foi implementada. “Os estudantes já se veem diferentes, fazem conexão entre o mun-do digital e físico de forma natural, usam tanto um celular quanto um livro para aprender, cola-boram entre si de forma online”, exemplificou.

No entanto, Ronan Damasco salientou que o sistema educacional brasileiro, assim como de outros países, precisa mudar e reconhecer que as formas de aprender mudaram. Além disso, o local de trabalho para o qual os alunos estão sen-do preparados não será mais o mesmo. “A for-ma como nós compartilhamos ideias e conheci-mentos mudou e é aí que o sistema educacional precisa se adaptar. A questão toda é como criar novas experiências na sala de aula. E nesse con-texto, os professores são mais imprescindíveis do que nunca. E a tecnologia é uma aliada e está presente para aumentar a capacidade deles para que possam fazer ainda mais por seus alunos.”

Cassiano Zeferino, pós-doutor em Educação Digital pelo Instituto Tecnológico de Aeronáuti-ca (ITA), também concorda que a preparação dos alunos para as profissões que surgirão nesta nova era digital é um dos principais desafios da edu-cação 4.0. “As mudanças no meio tecnológico são muito rápidas. Até 2030, esses alunos, que são muito diferentes dos estudantes do século XX, atuarão em funções com outras características e que exigiram competências e habilidades diferen-

tes das que são ensinadas hoje nas escolas.”Zeferino alertou, ainda, que a educação 4.0

não se limita apenas à questão tecnológica. Para investir nesse modelo, as instituições de ensino de-vem atentar para quatro pilares nos quais o con-ceito está baseado. Em primeiro lugar é importante fazer uma avaliação do cenário atual da escola e, a partir disso, elaborar um plano de ação para inovar nos processos de ensino-aprendizagem.

Além disso, gestores e professores precisam investir em uma base científica e tecnológica que assegure os processos de inovação. O terceiro pi-lar citado por Zeferino refere-se à gestão do co-nhecimento, onde se faz necessário um estudo sobre novas habilidades comportamentais que serão necessárias no mercado de trabalho futuro. Por fim, o especialista destaca que a estruturação dos espaços onde são ministradas as aulas interfe-re na dinâmica do processo de aprendizado. Este conceito está relacionado à ciberarquitetura.

Cassiano Zeferino ressaltou, ainda, que as evoluções que ocorrem na educação 4.0 são mais rápidas que as anteriores. “Certos proces-sos e concepções são, de fato, algo novo e não simplesmente uma melhoria do que foi feito no passado. Essas concepções trazem um novo modelo histórico, social e econômico e novas necessidades para a formação das pessoas. O fato é que por serem, justamente, mudanças globais muito rápidas e que afetam os contex-tos locais, essas mudanças colocam em xeque os modelos anteriores de educação que ainda são praticados.”

Para Ronan Damasco, da Microsoft, as salas de aula precisam evoluir para preparar os alunos para o mercado de trabalho da era digital

FOTOS: DIVULGAÇÃO

As soluções de Educação 4.0 da Microsoft são levadas para feiras como a Bienal do Livro

28 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

ARTIGO

Implementandoa BNCC na prática

Um dos grandes desafios do cenário da educa-ção no Brasil, hoje, é a implementação da Base Nacional Comum Cur-

ricular. Além de ser o primeiro instru-mento normativo desse porte, a BNCC traz de maneira mais explícita as com-petências e habilidades que cada alu-no tem direito de aprender no Ensino Básico. A homologação da Base Na-cional Comum Curricular apresenta às escolas de todo o país a necessidade de traduzir direitos de aprendizagem em prática cotidiana até o início de 2020.

Esse processo certamente passa por um conjunto de desafios: (re)elaboração curricular, formação de professores e reflexão sobre práticas, didáticas e es-tratégias de avaliação.

A imensidão da tarefa de colocar em prática algo nacionalmente é em si um desafio para muitos anos — quan-do estamos falando de uma mudança que altera também expectativas de ensino e aprendizagem, a necessida-de de nos apoiarmos nesse processo é ainda maior. Se ainda pensarmos que ele deve estar alinhado ao Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 4, um

Leticia LyleMestre em Desenvolvimento Curricular e Educação Inclusiva pelo Teachers College da Columbia University (EUA), pedagoga e especialista em ensino e aprendizagem de com-petências socioemocionais. Atua como presidente do Instituto Somos e diretora de Impacto Social da Somos Educação

currículo focado em competências e habilidades deve tentar promover uma educação (1) inclusiva e colaborativa, (2) caracterizada por aprendizagem significativa, (3) promover aprendiza-gem ao longo da vida e (4) levando em consideração um desenvolvimento in-tegral do indivíduo (What Makes Qua-lity Curriculum, Unesco, 2016).

O próximo passo na trajetória da BNCC é a construção de currículos locais. Um currículo representa a se-leção consciente e sistemática de co-

INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018 29

ARTIGO

‘COLOCAR A BNCC NA PRÁTICA VAI

REQUISITAR DE TODOS NÓS O ESFORÇO

DE REALINHAR NOSSAS PRÁTICAS E

EXPECTATIVAS COLETIVAMENTE E

INDIVIDUALMENTE. A COMPLEXIDADE DO

PROCESSO É, MUITAS VEZES, O MAIOR

IMPEDITIVO DE FAZERMOS ISSO DE

MANEIRA DEMOCRÁTICA’

nhecimentos, habilidades e valores; uma seleção que delineia as maneiras que processos de ensino, aprendiza-gem e avaliação são organizados ao responder as questões de o que, por-que, quando e como os alunos devem aprender (Unesco, 2016). A platafor-ma BNCC na Prática foi desenvolvida com o intuito de abrir um espaço de suporte para redes, gestores e profes-sores que estão se deparando com esse desafio. Ela traz a BNCC de for-ma detalhada, objetivos de aprendiza-gem claros, e conecta os mesmos com melhores práticas sugeridas por ex-celentes professores para dar concre-tude para cada uma das milhares de habilidades trazidas pela Base. Tudo isso em uma plataforma gratuita, inte-rativa, que permite que os professores registrem seus mapas curriculares, e compartilhem com seus pares.

Construída a partir da Matriz Cur-

ricular Somos, a plataforma apresen-ta também a possibilidade que pro-fessores criem os seus próprios itens curriculares, refletindo a realidade e as demandas específicas de sua localidade. A Matriz Curricular So-mos, desenvolvida ao longo de dois anos com mais de trinta especialistas, fornece um detalhamento da BNCC que amplia o repertório das escolas e educadores em relação às possibi-lidades de habilidades e experiências promovidas com os estudantes.

Se por um lado, essa matriz detalha os Objetos de Conhecimento estabele-cidos pela Base com uma lista de con-teúdos e as Habilidades da BNCC em habilidades na prática, por outro, apre-senta novos elementos, que podem ser trabalhados de maneira transversal aos componentes curriculares. Alinha-dos às demandas do século 21 e com a mesma estrutura da BNCC, são eles: Tecnologia, Desenvolvimento Socioe-mocional e Ética e Cultura.

Colocar a BNCC na prática vai requi-sitar de todos nós o esforço de realinhar nossas práticas e expectativas coletiva-mente e individualmente. A complexi-dade do processo é muitas vezes o maior impeditivo de fazermos isso de maneira democrática, e por isso ter ferramentas para apoiar professores e professoras a imprimir sua identidade dentro de um projeto curricular é tão valioso.

MULTIPLICADORES

Eleva vai

A partir de 2019, as instituições parceiras do grupo terão acesso ao modelo de gestão da rede própria e da Escola Eleva

Débora Thomé

sua expertise em gestão

compartilhar

INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018 31

MULTIPLICADORES

AEleva Educação nasceu da vontade de conectar culturas de resultado e aprendizagem para transformar vidas. A holding de educação que surgiu de um investimento de Gera

Venture Capital e hoje comporta uma rede de escolas inovadoras carrega a disrupção no seu DNA. Seja nas esolas próprias, nas escolas parceiras ou nas instituições que utilizam sua plataforma pedagógica — já somam sete gran-des redes em Minas Gerais, no Paraná e Rio de Janeiro, impactando um total de 120 mil alunos e reunindo 4.500 colaboradores.

A marca Eleva virou sinônimo de qualidade pedagógica. Os números comprovam. Só em 2018, foram mais de 2 mil aprovados no SiSu, 460 no vestibular da Uerj, 52 para o IME e o ITA. Cinco, das 30 melhores escolas no último ranking divulgado pelo Enem, fazem parte dessa grande família. E agora a marca Eleva quer virar sinônimo de gestão de sucesso.

Desde o início do segundo semestre de 2018, o Eleva realiza uma série de ofi cinas específi -cas para as suas escolas parceiras e próprias. Os temas são variados — “Como trabalhar com interdisciplinaridade”, “Importância da leitura no contexto da BNCC”, “Tecnologia e aprendi-zagem”, “Como trabalhar por competências e habilidades”, para citar alguns dos 15 estabele-cidos — e atendem os segmentos da Educação Infantil ao Ensino Fundamental II. O eixo prin-cipal é a implementação da Base Nacional Co-mum Curricular (BNCC).

“A adaptação à nova base para as escolas da rede é um processo quase natural, pela metodo-

logia e fi losofi a pedagógica adotadas pelo grupo desde o seu nascimento. Mesmo assim, entende-mos que o nosso cotidiano é de aprendizado e, por isso, a importância da realização dessa ação, já que o ano letivo de 2019 já chegará com todo o material didático adptado aos preceitos da BNCC”, explicou Antonia Mendes, diretora da plataforma de ensino Eleva, ressaltando que o próximo passo será o de realizar ofi cinas de gestão.

De acordo com a diretora, é imprescindível conhecer a fundo os desafi os da gestão escolar, especialmente na realidade atual do ensino. E conseguir implementar e manter um ensino de qualidade é um grande desafi o, que requer uma gestão escolar sempre buscando melho-rias. Como não poderia deixar de ser, o primeiro olhar do Eleva para se manter no patamar atingi-do de excelência é para o corpo docente. “É ne-cessário contar com professores qualifi cados e bem preparados. É a parte mais importante desse processo”, sentenciou.

A partir de 2019, serão abertas as práticas de gestão pedagógica para as escolas parceiras.

Antonia Mendes ressalta o DNA de disrupção do Grupo Eleva, que abrirá sua expertise em gestão

‘A ADAPTAÇÃO À NOVA

BASE PARA AS ESCOLAS DA

REDE É UM PROCESSO

QUASE NATURAL, PELA

METODOLOGIA E FILOSOFIA

PEDAGÓGICA ADOTADAS

PELO GRUPO DESDE

O SEU NASCIMENTO’

32 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

ARTIGO

A escola colaborativa e digital

Dias atrás, me deparei com a seguinte frase: “você não pode educar seus filhos da mesma forma que os seus pais

te educaram, pois o mundo para o qual você foi educado já não existe.” Certamente, o mundo de nossos pais, o nosso e de nossos filhos são bem di-ferentes. A presença da tecnologia, as profissões escolhidas, o modo como trabalhamos, a globalização, entre outros fatores, estão em constante mutação. Diante desse cenário, surge a pergunta: o quanto a educação se transformou?

No século 21, a educação mudou pouco em relação ao que era no século 19. E se considerarmos que a escola é uma ferramenta fundamental da socie-dade para preparar os adultos do futu-ro, ela não deveria ter a capacidade de antecipar a mudança? É claro que os planos educacionais foram ajustados, os computadores e outras melhorias foram incorporados, mas não devemos esquecer que as novas gerações nasce-ram com a internet, conectividade oni-presente, imediatismo e maior oferta de dispositivos.

Por isso, a tecnologia na sala de aula tem um papel fundamental não apenas em tornar o aprendizado mais atraente para os alunos, mas também em pre-pará-los para o mundo conectado em que vivem e onde irão trabalhar. Posso destacar quatro mudanças que devem ser consideradas.

Redesenhar o espaço educativo. No mundo dos adultos, os espaços de trabalho evoluíram buscando maior colaboração. E o mesmo deveria acontecer na escola. Nas classes, as fi-leiras de mesas voltadas para o profes-sor deveriam sumir. As salas de aula de hoje devem ser um espaço colabo-rativo que facilite o aprendizado e use

tecnologia para melhorar a experiên-cia educacional.

Dispositivos nas aulas. Trata-se de deixar para trás os laboratórios de informática para incorporar disposi-tivos permanentes nas salas de aula. Este é um recurso fundamental para poder ensinar alfabetização digital e as habilidades que serão exigidas no

Wagner BernardesDiretor de Vendas da Orange Business Services

mercado de trabalho.Jogar para aprender. Este conceito

não é novo no mundo educacional. Mas hoje a tecnologia pode ajudar a simpli-ficar questões complexas, trazer o con-ceitual para o visual, capturar a atenção e gerar uma experiência interativa.

Novas tecnologias a serviço da edu-cação. A tecnologia digital pode incen-

INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018 33

ARTIGO

tivar o aprendizado a ser colaborativo e interativo. A realidade aumentada e a realidade virtual permitem que os pro-fessores criem experiências de aprendi-zagem mais imersivas e possam incen-tivar uma maior participação nas aulas. A inteligência artificial pode ser usada para personalizar a experiência educa-cional ou para tutoriais.

Existem muitos aspectos a serem contemplados e desafios a serem re-solvidos, a fim de trazer a educação para o século 21 e antecipar o futuro, mas discuti-la e analisá-la é um pas-so fundamental. A escola tem em suas mãos os líderes digitais do futuro e, por isso, deve ser capaz de adicionar

novas ferramentas e conhecimentos à educação tradicional.

A Orange Business Services, frente dedicada da Orange a serviços B2B, com seus 22 mil funcionários, é foca-da em apoiar a transformação digital de multinacionais, além de pequenas e médias empresas francesas nos cin-co continentes. A Orange Business Services não é apenas uma operado-ra de infraestrutura, mas também uma integradora de tecnologia e prestadora de serviços que agregam valor. Ofere-ce às empresas soluções digitais que ajudam a promover a colaboração en-tre equipes (espaços de trabalho cola-borativos e móveis), melhoram o aten-

dimento aos clientes (relacionamento e inovação empresarial) e apoiam seus projetos (melhorias na conectividade, TI flexível e cyberdefense). As tecnolo-gias integradas que a Orange Business Services oferece vão desde SDN/NFV (Software Defined Network), Big Data, IoT (Internet das coisas), à computa-ção em nuvem (cloud computing), co-laborações e comunicações unifica-das, assim como defesa cibernética. A Orange Business tem mais de três mil clientes, entre eles empresas multina-cionais renomadas internacionalmen-te e mais de dois milhões de profissio-nais, empresas e comunidades locais na França.

INFORME PUBLICITÁRIO

Faculdade Cesgranrio: excelência confirmada pelo MEC

Criada no segundo semestre de 2016, a Faculdade Cesgranrio já se destaca pela excelência no ensino. Em avaliação feita pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Avaliação obteve conceito 5, o mais alto da escala de qualidade do MEC.

Fruto do amadurecimento de sua mante-nedora, a Fundação Cesgranrio, nas áreas da Educação e Cultura, em que atua com quali-dade e reconhecimento, a faculdade foi ava-liada em 2018 para fins de reconhecimento de seus cursos. Durante dois dias, recebeu comissões verificadoras do MEC para analisar os projetos pedagógicos, as estruturas curricu-lares, a infraestrutura e o corpo docente.

De acordo com Paulo Alcantara Gomes, diretor acadêmico da Faculdade Cesgranrio, a articulação da graduação com o Mestrado Profissional em Avaliação, mantido pela Ces-granrio há mais de dez anos, foi decisiva para o resultado. “Temos uma estrutura de gradua-ção e pós- graduação absolutamente integrada e com a sequência necessária para formar com excelência um avaliador.”

Os avaliadores atribuíram conceito 4 ao Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos. O resultado se justifica,

segundo o diretor acadêmico, pelo fato de a faculdade apresentar uma identidade orien-tada pela perspectiva da sustentabilidade em todas as suas dimensões – política, social, econômica, ambiental e cultural. Também contribuiu com o resultado o objetivo de pro-porcionar aos profissionais um poder maior de reflexão proativa e tomada de decisão para lidarem melhor com as complexas relações socioambientais na contemporaneidade.

Segundo Paulo Alcantara, a qualificação dos professores também teve peso no excelente resultado obtido na avaliação. Todos os docen-tes têm mestrado e cerca de 60% têm douto-rado. A maioria possui jornada integral, de 40 horas semanais, período em que desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão.

“O critério de seleção é bastante rígido para escolha dos nossos docentes. Levamos em conta, principalmente, titulação e experiên-cia profissional, e se a atuação do docente no mercado coincide com os conteúdos da nossa estrutura curricular”, destaca Paulo Alcantara.

Ainda em 2018, quatro novos cursos de graduação também foram submetidos à ava-liação para autorização de funcionamento: Pedagogia, bacharelados em Teatro e Siste-mas de Informação e licenciatura em Teatro (os dois últimos terão turmas abertas em breve) e todos obtiveram conceito 4.

Inovações tecnológicas e pedagógicas fazem a diferença

Os excelentes resultados alcan-çados pelos cursos da Faculdade Cesgranrio estão diretamente rela-cionados a uma série de inovações. Uma das mais elogiadas pelos avaliadores do MEC é a proposta de trabalhar o currículo a partir de um eixo transversal que articula conhecimentos teóricos e práticos.

Segundo a professora Sônia Pereira Koehler, coordenadora da Avaliação Institucional, desde o primeiro período o aluno desen-volve atividades que permitem a ele entender e vivenciar o que será a vida profissional escolhida. “Essa diretriz minimiza evasão, comprom-ete o professor, envolve os alunos e faz com que tenham produção acadêmica, pois, ao final de cada período letivo, eles precisam fazer um projeto.”

Em termos de infraestrutura, um dos diferenciais é a parceria com a Biblioteca Pearson, que possibilita a alunos, professores e ao corpo técnico, o acesso a uma biblioteca virtual com 7.449 títulos. “Com um celular, é possível consultar uma infinidade de publicações e livros no ônibus, no metrô, ou em qualquer outro lugar”, destaca Paulo Alcantara.

Outro diferencial é a plataforma de gerenciamento de aprendi-zagem, Brightspace, adquirida da empresa canadense D2L, uma das líderes mundiais em inovações edu-cacionais. Nesse ambiente digital, estudantes podem ver os textos das aulas, participar de fóruns e desenvolver trabalhos de grupo. Já os professores têm condições de postar materiais de estudo em diversos formatos, propor tarefas e orientar os alunos.

A plataforma de aprendizagem também viabiliza inovações ped-agógicas como a sala de aula in-vertida. Nessa metodologia, o aluno estuda a parte teórica em casa, por meio de textos, vídeos e outros ma-teriais, e aprofunda o aprendizado em sala, com o professor.

Outra metodologia usada na faculdade, a partir da plataforma Brightspace, é o sistema rotativo de atividades. Ele permite, por exemplo, em uma mesma turma, um nivelamento teórico com alunos que têm maior dificuldade e um di-recionamento para atividades mais complexas para os que têm maior proficiência.

“Esses e outros recursos são essenciais para nosso projeto ped-agógico institucional, que busca cri-ar condições para o aluno aprender, desde o primeiro período, a buscar seu conhecimento”, completa Sônia Pereira Koehler.

Cursos da FaculdadeCesgranrio se destacaramem avaliação do Inep

DIVULGAÇÃO

INFORME PUBLICITÁRIO

O marco de um novo polo cultural no Rio

Ao longo de oito dias, a Semana Cultural da Fundação Cesgranrio proporcionou à população dezenas de ati-vidades gratuitas. Seminários, encenações, shows, de-bates, peças teatrais, mostras e performances reuniram novos talentos das artes e alguns dos mais consagrados

nomes da classe artística do país, como a atriz Fernanda Montenegro e o diretor de teatro Amir Haddad.

Mais do que levar ao público apresentações da mais alta qua-lidade, o evento foi um marco para a cena cultural da cidade, na opinião do presidente da Fundação Cesgran-rio, Carlos Alberto Serpa. “Esta semana cultural permite à população ver não só o que fazemos, mas o que o Rio de Janeiro é capaz de fazer quando a cultura é valorizada.”

Na abertura da Semana Cultural, Carlos Alberto Ser-pa também ressaltou que o evento é mais um passo no esforço de revitalização do bairro do Rio Comprido. O movimento, encampado pela Cesgranrio junto com em-presas e instituições de ensino da região, é inspirado em uma transformação semelhante ocorrida no SoHo (abre-viação de South of Houston), um bairro de Nova York que se notabilizou pelo desenvolvimento pautado no incentivo à cultura.

“O SoHo era uma área degradada e hoje é um must nos Estados Unidos, muito procurado pelos que amam a cultura, o divertimento e a gastronomia. Estamos fazendo isso no Rio Comprido, e essa Semana Cultural é o primeiro passo para transfor-mar essa região em um grande polo cultural.”

Leandro Bellini, secretário-executivo do Centro Cultural Cesgran-rio, diz que a Semana Cultural é uma comemoração pela marca de 100 projetos oferecidos de forma gratuita à população. Ele também vê o evento como um divisor de água. “São 35 intervenções artísticas dos mais diversos tipos e todas elas gratuitas. Quando o Rio de Janei-ro teve um número tão grande e diversificado de atrações à disposi-ção do público?”, diz Bellini, destacando um dos objetivos principais da Cesgranrio: conjugar cultura e educação.

Na Semana deCultura, Baby do Brasil cantou acompanhadada Orquestra Cesgranrio.FernandaMontenegroapresentouespetáculoinspirado em Nelson Rodrigues

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Com painel em homenagem a participantes e decoração especial, o campus da Cesgranriofoi palco de apresentaçõesde dança, coral de estudantes e vários eventos culturais

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ARTIGO

As lições aprendidas na China

Todos sabem dos movimen-tos constantes tomados pela China para tornar-se uma superpotência mundial em vários quesitos, e educa-

ção é um deles. Recentemente fiz uma viagem ao outro lado do mundo para participar do curso “A excelência em Educação Básica - A experiência de Xangai”, conhecer de perto as práti-cas educacionais de Xangai e buscar entender a fórmula do seu sucesso. Os ingredientes são simples: educação aliada à inovação.

Por lá há uma noção generalizada de que cada cidadão é responsável por ajudar o país a se tornar uma superpo-tência. E em algumas províncias, como Xangai, a educação é tida como princi-pal meio para chegar a esse fim.

Dados da Organização das Nações Unidas, por exemplo, comprovam que os países que têm acima de 35% dos seus alunos no nível 4 na avaliação do Pisa (Programa Internacional de Ava-liação de Alunos) serão os responsá-veis por puxar essa corrente no futuro e influenciar outros. Xangai está nesse

Ademar CeledônioProfessor de Matemática, autor de material didático e diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS

‘E EM ALGUMAS

PROVÍNCIAS, COMO

XANGAI, A EDUCAÇÃO

É TIDA COMO

PRINCIPAL MEIO

PARA CHEGAR A

ESSE FIM’

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ARTIGO

barco; já o Brasil, atualmente, possui menos de 4% dos seus alunos nesse mesmo nível.

E o que eles estão fazendo na base para consolidar essa realidade? Os pri-meiros passos foram mudar o currícu-lo escolar e concentrar a formação de até 70% dos professores na Universi-dade Nacional de Xangai. A univer-sidade aplica os estágios em escolas públicas modelo e acompanha toda a sua formação pedagógica, assim, há a garantia de que os profissionais sejam treinados em escolas de referência. Os professores precisam completar 360 horas de desenvolvimento profissional durante os primeiros cincos anos de ensino para garantir uma entrada na prática docente com mais segurança.

Há ainda um sistema de avaliação escolar que vai além da mensuração da aprendizagem dos alunos. Desde 2011, alunos, professores e diretores são avaliados de maneira abrangente, abordando também carga acadêmica, relacionamentos interpessoais e moti-vações para estudar e trabalhar.

Outro ponto importante a ser res-saltado diz respeito à remuneração do professor, que é atribuída de acordo com os resultados globais de avalia-ção, e aqueles professores com alto de-sempenho podem galgar postos mais elevados, aumentando seu salário.

Olhando para nosso umbigo, pode-mos perceber alguns pontos convergen-tes. A Lei do Ensino Médio, aprovada no ano passado, exige que as universi-dades brasileiras pautem seu currículo na formação de professores de acordo com a Base Nacional Comum Curri-cular, com menos tecnicismo e mais prática. Com o tempo, poderemos per-ceber a mudança nos nossos alunos e cidadãos e, quem sabe, chegar próxi-mo do patamar dos chineses.

Podemos copiar o modelo chinês? A resposta é não, já que a educação de um país é um reflexo de muitos ele-mentos, como a sua cultura. No en-tanto, pude perceber que valorização, acompanhamento e apoio aos profes-sores em todas as etapas de formação e trabalho são aspectos fundamentais na escala de sucesso do modelo de Xangai.

MULTIPLICADORES

38 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

DIVULGAÇÃO

MULTIPLICADORES

Plataformas digitais ajudam educadores e escolas a ajustarem o planejamento pedagógico às diretrizes estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular

Renato Deccache

Escolas públicas e particulares de todo o país precisarão, a partir de 2019, es-tar preparadas para adotar a Base Na-cional Comum Curricular (BNCC). Em relação à adequação do material didá-

tico, o tempo disponível é um pouco maior (até 2020), mas ainda assim exige atenção especial. Os prazos valem só para a base do ensino fun-damental, já que a do ensino médio ainda está em discussão. Fazer essa adequação, porém, está longe de ser tarefa fácil, já que o documen-to apresenta dezenas de competências, distribu-ídas por disciplinas e anos de ensino. É nesse momento que a tecnologia pode proporcionar uma ajuda e tanto aos educadores.

Plataformas digitais podem facilitar, e mui-to, o trabalho do professor na hora de aplicar a BNCC, com funcionalidades que vão da cons-trução de currículos até a capacitação dos do-centes. O formato digital é uma das vantagens do uso desse tipo de ferramenta. Permite ao educador realizar, de forma mais simples, ta-refas como elaborar, rever, corrigir e transfor-mar o currículo, segundo Renato Dias, gerente de Qualidade, Currículo e Avaliação da Somos Educação, que criou a plataforma BNCC na Prá-tica. “Essa é uma função essencial do currículo: ser sempre revisto, repensado e transformado para estar alinhado a seu tempo e ao local de sua aplicação.”

Outro atrativo é a vinculação mais ágil e efi -ciente com objetos digitais de aprendizagem. Isso amplia o leque de opções do professor, na visão de Maria Slemenson, gerente de Projetos do Instituto Natura, que está à frente da Plata-forma Escola Digital. “Essa tecnologia possibilita

que o professor apresente aos alunos uma diver-sidade de recursos e tipos de mídia, valorizan-do as diferentes formas de aprender.”Maria Sle-menson, no entanto, destacou alguns cuidados ao usar plataformas digitais para adotar na práti-ca a BNCC. “É importante verifi car a qualidade dos recursos a serem apresentados aos alunos e planejar a sua prática com claros objetivos de aprendizagem.”

Utilizar ferramentas digitais, no entanto, não exime o educador de conhecer bem a BNCC, como ressaltou Cristiane Chica, gesto-ra pedagógica da Plataforma Mathema, volta-da para qualifi cação de professores. “Eles pre-cisam também ter tempo e organização para realizar a proposta da plataforma ou o uso das atividades propostas de modo a otimizar a qualidade do que está consumindo desses re-cursos”, disse Cristiane, que é otimista quanto ao impacto da BNCC. “Do mesmo modo que estamos usando uma plataforma digital para formar professores de acordo com as orien-tações da BNCC, possibilitando a eles novas aprendizagens, interação e conhecimento de recursos diversos, esperamos que os profes-sores o façam em sala de aula”, completou a gestora da Mathema.

Para Renato Dias, como instrumento curricu-lar, a BNCC ajuda a mapear objetivos e experi-ências possíveis em sala de aula. A partir daí, é mais fácil escolher os objetos digitais de apren-dizagem e de avaliação mais apropriados para cada objetivo. “Assim, a BNCC pode potencia-lizar a atuação do professor, a qualidade do li-vro didático, dos conteúdos digitais e das avalia-ções”, disse o gerente da Somos Educação.

para os professores MAIS FÁCILBNCC

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MULTIPLICADORES

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Uma das plataformasdisponíveis para auxiliar os educadores, da Somos Educação, ajuda a elaborar inclusive os currículos

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MULTIPLICADORES

ESCOLA DIGITALTrata-se de uma rede colaborativa formada por

secretarias estaduais e municipais de educação, que oferece mais de 20 mil recursos educacionais digitais. Com acesso gratuito, seu conteúdo é voltado para pro-fessores, estudantes e gestores das escolas. A platafor-ma já conta, inclusive, com um fi ltro para habilidades da BNCC.

SOMOS EDUCAÇÃOUm dos destaques é a Matriz Curricular Somos, que

traz detalhamento e possibilidades de aplicação em cada item da base, na educação infantil e no ensino fundamental. Além disso, há ferramentas para ajudar professores a elaborar currículos e a planejar as aulas ao longo de todo o ano letivo.

MATHEMA ONLINEPlataforma criada para auxiliar no processo de for-

mação continuada dos professores de todo o país que ensinam Matemática. Um dos objetivos dos cursos é o letramento matemático, para, dessa forma, desenvolver nos alunos, a habilidade de raciocinar matematicamen-te e resolver problemas.

ENSINA BRASIL Trata-se de uma organização sem fi ns lucrativos que

mobiliza talentos de diversas áreas para ensinar em redes públicas. Os “ensinas”, profi ssionais que atuam pelo programa, recebem capacitação e mentoria para lecionarem em escolas e desenvolverem habilidades de liderança.

MIND LAB A instituição lançou, em fevereiro, a plataforma

Mindzup, que tem como fi nalidade oferecer uma ex-periência extraclasse aos estudantes do ensino funda-mental e médio. Entre os objetivos da Mindzup está o desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemo-cionais, que deverão ser incorporadas no planejamento das escolas para se adaptarem à BNCC.

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ARTIGO

O magistério e a liberdade de ensino

Pedro Flexa RibeiroDiretor do Sinepe Rio

ARTIGO

Cuidar da formação huma-na é das mais relevantes ocupações, que reverbera positivamente por toda a sociedade, elevando as

condições de vida de todos. Trata-se de empreendimento essencial, cujos efei-tos extrapolam a população diretamen-te atingida. O impacto da atividade edu-cacional se difunde em benefícios que afetam positivamente a vida de muitas outras pessoas e da sociedade como um

todo. A Educação será cada vez mais caminho necessário para o acesso à ci-dadania plena e para a consolidação de sociedades democráticas.

O propósito de formar novas gera-ções remete o nosso olhar para adiante. Hoje frequentam as escolas alunos cujas trajetórias de vida se desenvolverão pelo século 21 afora, em um contexto con-vulsionado pelos impactos das intensas mudanças tecnológicas. Essas inovações estão mudando rapidamente a maneira

como cidades e negócios se organizam e afetam o mercado de trabalho.

Esse contexto será determinante para as circunstâncias em que se desenrolará a trajetória de vida da próxima geração, o que traz grandes convocações para os que se ocupam de sua educação. Nunca antes uma geração de educadores enfren-tou o desafio de conceber percursos esco-lares em meio a tanta imprevisibilidade.

A Lei de Diretrizes e Bases em vi-gor exorta as escolas a desenvolverem

INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018 43

ARTIGOARTIGO

o seu próprio Projeto Pedagógico, em consonância com sua identidade e vo-cação institucional. Superando a anti-ga tendência centralizadora, a nova lei procura induzir a diversidade, a experi-mentação e a inovação curricular.

A Reforma Curricular põe em pauta projetos de país, o tamanho do Estado e o grau de liberdade facultado aos educadores e aos cidadãos. Diante da atual crise que o Brasil enfrenta, muitos defendem que seja revisto o espectro das áreas de atuação do Estado, para que ele foque e concentre seu esforço no que é fundamental.

No entanto, mesmo nessa perspectiva, qualquer que venha a ser o redesenho do Estado, convém que o contorno de suas

‘A CADA FAMÍLIA CABE

DISCERNIR O TIPO DE

ESCOLARIDADE QUE

MAIS CONDIZ COM AS

SUAS PERSPECTIVAS.

ESSE DIREITO DE

ESCOLHA SE

CONCRETIZA

NA MEDIDA EM QUE

ELA TENHA AO SEU

ALCANCE UM LEQUE

DIVERSIFICADO

DE OPÇÕES’

atribuições inclua a educação, em espe-cial a escola básica, e a saúde. É essencial assegurar o investimento oficial na escola pública, laica e gratuita, que constitui um importante patrimônio que pertence ao conjunto da sociedade brasileira.

Os professores de cada escola co-nhecem os alunos que atendem. Sabe-rão usar a flexibilidade curricular em função das melhores perspectivas de futuro para as crianças e estudantes. Como educadores que são, sabem que a liberdade de currículo não desonera a escola oficial de assegurar à sua clien-tela as aprendizagens mínimas essen-ciais. Melhor do que ninguém, saberão discernir, a cada caso, que repertório de conteúdo será o mais adequado para suas perspectivas e demandas.

Ao se conceber reformas e matrizes curriculares é sempre oportuno termos em mente que a perspectiva de diver-sidade e de pluralidade se nutre justa-mente da existência de diferenças. Em uma sociedade democrática, na qual os cidadãos podem fazer escolhas, o ponto de equilíbrio não resolve nem elimina as diferenças, mas permite e encoraja que elas existam.

Por isso, a melhor equação a que se pode chegar deve ser flexível a ponto de permitir a coexistência de currículos diferentes.

Reivindicar a tutela prescritiva do Estado sobre o que cada escola deve ou pode ensinar é perspectiva que — em certa medida — desonera os sistemas de ensino da responsabilidade de fazer discernimentos e de responder por suas escolhas. Por todas as razões, a refor-ma curricular deve assumir como pres-suposto a competência e o empenho dos profissionais envolvidos.

Em primeiro lugar, porque o ide-al é que se instaure um diálogo efeti-vo e articulado com todos os sistemas de ensino, atribuindo aos educadores e professores a confiança e o crédito

que lhes são devidos em virtude de seu compromisso e engajamento. Mas ao lado disso, convém também observar a necessidade que se tem de prestar contas ao cidadão brasileiro. Afinal, a escola pública é viabilizada graças aos impostos que ele paga. Ele espera que os responsáveis por serviços de educa-ção respondam tanto pelos processos como pelos resultados de suas gestões.

Decorridos vinte e dois anos desde a promulgação da LDB, não faz sentido re-tardar ainda mais a instauração de novos currículos e de escolaridade mais adequa-da. O foco do debate deve ser o aluno e seu futuro. O compromisso dos gestores deve ser, em primeiro lugar, com a forma-ção das próximas gerações de brasileiros.

Ao se aproximar o fim da segunda década do século 21, torna-se flagran-temente anacrônica a pretensão de se atrelar as práticas escolares ao que ve-nha ditado pelo governo central. A essa altura, a possibilidade de que se con-dicione, subordine e atrele o currículo e a escolaridade das novas gerações ao que tiver sido previamente previsto e prescrito pelo governo é, definitiva-mente, ideia que perdeu o prazo de va-lidade. A inovação curricular, hoje tão necessária, brotará da liberdade que se tenha para ousar e experimentar.

É nesse sentido que deve ser norte-ada a Reforma Curricular. Às escolas e aos professores, cabe identificar os pro-gramas mais pertinentes.

A cada família cabe discernir o tipo de escolaridade que mais condiz com as suas perspectivas. Esse direito de es-colha se concretiza na medida em que ela tenha ao seu alcance um leque di-versificado de opções, nos termos pro-postos desde 1996 pela LDB. Afinal, o amadurecimento de sociedades demo-cráticas é favorecido pela liberdade de pensamento que, por sua vez, é fomen-tada pela liberdade de opinião, de ex-pressão e de ensino.

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CASE

Quem

E Paul?

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CASE

Tutor virtual da Saint Paul Escola de Negócios, Paul é fruto da inteligência artificial da IBM Watson alimentada por professores — alguns com mais de 70 anos de idade

Giulliana Barbosa

Imagine ter alguém para sanar suas dúvidas 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano. E, para completar, que seja especialista em inte-

ligência artificial. Parece uma realidade distante,

mas não é. A Saint Paul Escola de Ne-

gócios desenvol-veu uma ferra-

menta que

atende a essas especificidades: o Paul, o primei-ro tutor virtual do mundo que usa inteligência artificial IBM Watson.

O Paul está inserido na plataforma de onele-arning da Saint Paul — o LIT, lançado no fim de 2017. Ao fazer uma assinatura mensal ou anual, os usuários têm acesso a uma educação custo-mizada, na qual só será considerado o que real-mente os alunos precisam aprender. São muitos os cursos oferecidos pelo LIT, sendo que hoje o Paul está treinado para ser utilizado nos conte-údos de Contabilidade, Análise de Demonstrati-vos Financeiros, Inovação e Empreendedorismo.

Além de personalizar o aprendizado dos alu-nos, o Paul também ensina conteúdos comple-xos de negócios a eles. O processo de treina-mento da ferramenta durou cerca de dois anos, e contou com professores de faixas etárias dis-tintas. Dentre eles, dez docentes com mais de

70 anos de idade, e que haviam sido dispen-sados de grandes instituições de ensino.

Com o desenvolvimento do Paul, viram uma nova perspectiva profissional: a

da inteligência artificial.

46 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018

CASE

“A ideia de pegar diferentes perfis de profes-sores é garantir que o Paul tenha um treinamento completo e que a inteligência artificial possibili-te um novo mercado para docentes”, destacou o sócio-presidente e fundador da Saint Paul, José Cláudio Securato, que acrescentou.

“Acredito que a inteligência artificial é uma nova forma de aprender e mudará drasticamente a educação, pois permite uma interação única com seus usuários, ao contrário de um livro ou video-aula, por exemplo, em que o conteúdo é passado de forma padronizada e o aluno fica passivo. Não é viável um professor onipresente, que consiga conversar com um aluno 24 horas por dia e sete dias por semana. Mas é possível que uma plata-forma de inteligência artificial faça isso”, explicou.

Dentre as pessoas que “ensinaram” o Paul, está o reitor e sócio da Saint Paul, professor Adriano Mussa. O reitor pontuou que, durante o treinamento da ferramenta, foram utilizados muitos aspectos da sala de aula, “pois a essência não é transmitir conhecimento da mesma ma-neira como se escreve um livro”.

A vantagem da inteligência artificial, segun-do ele, “é conseguir ensinar para o Paul do jeito

mais didático possível — algo que só um professor com muita experi-

ência em sala de aula faz. É ensinar pensando em todas

as possíveis perguntas e formas de perguntar que o aluno costuma fazer

em sala de aula. E isso só é possível porque a inteligência artificial trabalha com linguagem natural e dados não estruturados”, esclareceu.

O CEO da Saint Paul explicou como é o funcionamento do Paul. “Quando o aluno faz uma pergunta, a resposta não é apenas uma in-formação desconexa, que talvez deixe diversas peças de fora do que ele precisava saber. O Paul responderá o que foi perguntado, mas também pontuará diversos outros conceitos necessários para entender o conceito que o aluno busca.”

Mussa complementou. “Os melhores profes-sores transmitem conhecimento ao Paul e o Paul transmite conhecimento ao aluno. Mas o mais exponencial e empolgante desse processo está no fluxo de volta: o aluno, ao interagir com o Paul, está ensinando como ele aprende melhor, e o Paul ensina isso para os professores. Assim, o professor utiliza essa informação para retreinar o Paul, melhorando a interação com o aluno.”

Outra pessoa que acompanhou de perto o processo de aprendizagem do Paul foi o diretor de Digital e Tecnologia na Saint Paul, Marcos Sanchez, que ressaltou que a ferramenta aten-deu bem às expectativas da empresa. “Criar um processo para treinar o Paul foi um dos maiores trabalhos que tivemos, mas podemos dizer que um dos mais gratificantes também. Por sermos pioneiros, havia pouco conhecimento no mer-

cado sobre esse procedimento. Na tercei-ra tentativa, chegamos a um modelo que agradou a vários tipos de usuá-rios”, salientou.

Os resultados estão sendo satis-fatórios também para os alunos, se-

gundo Securato. “Eles começam a interagir com o Paul cada vez

mais, para tirar suas dúvi-das. No início, percebí-

amos um movimento mais tímido. Mas

atualmente nossos alunos interagem diariamente com o Paul, tirando desde

dúvidas relacionadas ao conteúdo quanto sobre

o uso da plataforma. Nós me-dimos o nível de satisfação dos alunos

em relação à explicação que ele recebeu, e a média de satisfação com o Paul é superior a 95%”, enfatizou.

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AGENDA

DATAS DE EVENTOS

12ª CAMPUS PARTY BRASILA #CPBR12 900 palestrantes, mil horas de conteúdo e três áreas. Brasileiro que trabalha na NASA, Ivair Gontijo. Diretamente ligado às missões de exploração a Marte, o físico mineiro participou dos projetos que levaram o veículo Curiosity ao planeta e é autor do livro A Caminho de Marte: A incrível jornada de um cientista brasileiro até a NASA. Na #CPBR12 contará sua trajetória, que hoje tem papel importante na maior empresa de engenharia

O maior evento de ino-vação e tecnologia em educação da América Latina estará de casa nova em 2019. A Bett

Educar acontecerá no Transamerica Expo Center, entre os dias 14 e 17 de maio de 2019. O tema que norteará o congresso já foi defi nido: “Construindo a Educação que o Brasil precisa”.

Todo o conteúdo discutido será ela-borado em cima eixos, relacionados a macrotemas relevantes, que contarão com especialistas renomados para dis-

cutir assuntos como: a escola dos no-vos tempos, pensamento computacio-nal, neurociência, melhores práticas em formação de professores, persona-lização, aprendizagem híbrida, escola digital, bilinguismo, competências so-cioemocionais, STEM.

“É um momento de transformação, onde os professores e gestores pre-sentes terão a oportunidade única de aprofundar os seus conhecimentos e trocar experiências com os melhores profi ssionais do mercado”, disse Vera Cabral, curadora da Bett Educar.

A Bett Educar 2019 também deve-rá trazer de volta, em paralelo ao con-gresso e à feira, o Fórum de Gestores. A programação é específi ca, num auditó-rio que reúne líderes da educação para refl etir sobre suas práticas.

BETT EDUCAR 2019Data: 14 a 17 de maioLocal: Transamerica Expo Center - Av. Dr. Mário Vilas Boas Rodrigues, 387 - Santo Amaro - São Paulo-SPHorário: 9 às 18hSite: www.bettbrasileducar.com.br

Bett Educar 2019começa a traçar sua programação

ERIC RIBEIRO

Tema central das discussões será ‘Construindo a Educação que o Brasil precisa’

2018

EXCELINED NATIONAL SUMMITData: 5 a 7 de dezembroLocal: Washington, DC (EUA)Site: www.excelined.org/national-summit/Realizado desde 2010, o encontro nacional de reformuladores da educação reúne educadores, políticos locais e líderes educacionais em torno das discussões de tendências da inovação em educação para transformar o país.

2019

BETT LONDONData: 23 a 26 de janeiro de 2019Local: Excel LondonSite: www.bettshow.com/Com o objetivo de criar um futuro melhor trans-formando a educação, a Bett London reúne pessoas, ideias, práticas e tecnologias para que professores, gestores alunos e pais pos-sam atingir todo seu potencial como cidadãos.

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AGENDA

espacial do mundo.Data: 12 a 17 de fevereiroLocal: São PauloSite: brasil.campus-party.org

SXSW EDUO SXSW EDU Conference & Festival costuma reunir interessados nos avanços do ensino e aprendizagem.Data: 4 a 6 de marçoLocal: Austin, TX (EUA)Site: www.sxswedu.com

BETT ASIAData: 12 e 13 de marçoLocal: Kuala LumpurSite: asia.bettshow.com/O evento, que estava inicialmente marcado para novembro de 2018, foi transferido em virtude das eleições locais. Espera-se reunir cerca de 2 mil formuladores de políticas, líderes de instituições, educadores e inovadores de mais de 40 países na conferência que discutirá a transformação da educação e descobrirá a inovação que inspirará a mudança.

COSN CONFERENCE“Liderança para aprender” será o tema central do evento. A turma do jardim de infância de hoje se formará em 2030 depois de experimentar um mundo de rápidas mudanças tecnológicas. Como será o mundo quando a turma de 2030 deixar os sistemas de ensino? Como os pre-paramos agora para o sucesso nesse mundo?Data: 1º a 4 de abrilLocal: Portland, OR (EUA)Site: cosnconference.org

CUE CONFERENCEInsirerir alunos inovadores promovendo comunidade, personalizando aprendendo, in-fundindo tecnologia, desenvolvendo liderança e defendendo oportunidades educacionais para todos é o objetivo da conferência.Data: 14 a 16 de marçoLocal: Palm Sprigs, CA (EUA)Site: www.cue.org/conferences

ASUGVS SUMMITA melhor maneira de resolver a crise de talento do mundo é deixar o maior número possível de pessoas aprender sobre isso. Graças a uma parceria com o EdTech Podcast, as pessoas que estão por trás da Cúpula ASU/GSV continuarão a conversar com um podcast semanal acessível a todos em todo o mundo.Data: 16 a 18 de marçoLocal: Chicago (EUA)Site: www.asugsvsummit.com

LEARNING SOLUTIONS CONFERENCE & EXPOA Learning Solutions Conference concentra-

se em práticas comprovadas e explora o que funciona na interseção de aprendizado e tecno-logia. Para expandir esse tema, realiza quatro eventos únicos e totalmente dedicados a alguns dos tópicos mais importantes em nesse campo.Data: 26 a 28 de marçoLocal: Orlando, FL (EUA)Site: www.elearningguild.com

ASCD EMPOWERO evento capacita os educadores a criarem sua própria experiência de aprendizado profissional personalizada. Com mais de 400 sessões e painéis, os educadores podem trabalhar juntos para resolver os desafios que enfrentam em seu distrito, escola ou sala de aula.Data: 24 a 26 de marçoLocal: Boston, MA (EUA) Site: empower.ascd.org

NATIONAL CHARTER SCHOOLS CONFERENCEA National Charter Schools Conference é o maior evento de aprendizado e networking para educadores, líderes e defensores de escolas da região. Nesta edição, os participantes terão acesso a mais de 100 palestras e exposições.Data: 30 de junho a 3 de julhoLocal: Las Vegas (EUA)Site: ncsc.publiccharters.org

PBL WORLD 2018Com uma pré-conferência no dia 18, o evento reúne workshops, palestras e oportunidades de contato com a comunidade que está transfor-mando os processos de aprendizagem com o chamado Project Based Learning (PBL).Data: 18 a 20 de junhoLocal: Napa Valley, CA (EUA)Site: www.pblworld.org/events/pbl-world- 2018/event-summary-de6b1584040f4956a4b-b587a2900a89e.aspx

ISTE 2019Com o tema “Educadores corajosos ativam a mudança”, a edição 2019 do evento prevê uma verdadeira imersão em ideias poderosas e in-spiradoras distribuídas por 1.200 atividades e sessões de palestras, conectando educadores inovadores de todo o mundo.Data: 23 a 26 de junhoLocal: Filadélfia (EUA)Site: conference.iste.org

MICROSOFT INSPIRE 2019O grande meeting entre parceiros e funcionári-os da Microsoft oferece uma semana inteira de networking, aprendizado e colaboração. E, claro, novidades são lançadas em vários setores de atuação da multinacional, incluindo a educação.Data: 14 a 18 de julhoLocal: Las Vegas (EUA)

Site: partner.microsoft.com/en-in/inspire

NEW TECH ANNUAL CONFERENCEA tradicional conferência reúne experts em per-sonalização do ensino. O objetivo é promover discussões em torno da metodologia, trocar experiências e promover networking entre os especalistas da área.Data: 15 a 19 de julhoLocal: Orlando (EUA)Site: newtechnetwork.org/resources/new-tech-annual-conference-2019/

SERIOUS PLAY CONFERENCE 2019O encontro possibilita quee criadores e profis-sionais de aprendizagem tenham conversas importantes sobre os requisitos de design de jogos e compartilhem seus conhecimentos. O objetivo da conferência é explorar oportuni-dades, desafios e o potencial da aprendizagem baseada em jogos.Data: 10 a 12 de julhoLocal: Manassas, VA (EUA)Site: seriousplayconf.com/

BBWORLD 2019Mais direcionado aos profissionais de educação, o evento da Blackboard reúne discussões de liderança ponderada, treinamento prático, práticas recomendadas compartilhadas e opor-tunidades de networking que garantem que você tenha as ferramentas necessárias para navegar pelos desafios mais difíceis do setor.Data: 23 a 25 de julhoLocal: Austin, TX (EUA)Site: bbworld.com/

SERIOUS GAME CONFERENCE 2019O objetivo é fornecer um fórum para educa-dores visionários, diretores de aprendizado e chefes de programas de treinamento em saúde, governo/forças armadas ou outras áreas. O evento é direcionado a quem deseja aprender a melhorar a eficácia de programas e a usar os dados coletados para aprimorar o setor, inclusive na gamificação.Data: 17 a 19 de julhoLocal: Buffalo, NY (EUA)Site: seriousplayconf.com/

DT&L Conference 2019Data: ainda sem data confirmadaLocal: Madison (EUA)Site: dtlconference.wisc.edu/Em sua 34ª edição, a Distance Teaching & Learning Conference pretende proporcionar uma experiência de desenvolvimento profissional transformadora aos participantes. A conferên-cia enfatiza a prática baseada em evidências, inovação educacional e aplicações práticas de teorias e resultados de pesquisas no campo da educação a distância e da aprendizagem online.

COBERTURAS

Realizado no Museu do Amanhã, o ‘HUB: conexões para a educação do futuro’ foi organizado pelo programa bilíngue Edify

Valorização do professor é tema de debate no RJ

Realizado nos dias 24 e 25 de setembro, também no Museu do Amanhã e no Museu de Artes do Rio (MAR), no Rio de Janeiro, o evento Educação 360 - Encontro Internacional realizou diversos debates e workshops. Discutiu promessas da educação com a presença do economista do Banco Mundial David Evans. Abordou questões-tabu, como política de cotas e diversidade. Lançou luz na nova Agenda Educação 2030, que trata da estratégia para implantar uma educação para o desenvolvimento sustentável. Mas o assunto que mais calou fundo foi a discussão sobre a atual situação da docência como profissão.

A mesa formada por Mila Gonçalvez, da Fundação Telefônica, o CEO do Instituto Singulari-dades, Miguel Thompson, o psicopedagogo Jayse Antonio (duas vezes premiado no “Professores do Brasil”, e Heleno Gomes, professor da rede pública de Pernambuco e Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

Se para a gerente de projetos da Telefônica a profis-são atrai interessados menos preparados — de acordo com sua apresentação, vão para a formação inicial “apenas” candidatos com pontuação abaixo de 500 no Enem — Thompson afirmou que essa é a profissão do futuro e do Brasil. E usou sua fala para rebater a visão pessimista dos dados da apresentação.

“Há um desejo de deixar nossa profissão lá em-baixo. Quando dizem que 2,4% dos alunos querem ser professores, fica parecendo pouco. Mas não analisamos índices das outras profissões. Quan-tos querem ser sapateiros? Ou melhor: 2,4% de 8 milhões de alunos que fazem o Enem; já vira 150 mil. Esta é a quantidade de professores que vão se aposentar. Em um ano, já recompensamos”, disse o CEO do Instituto Sigularidades, em um depoimento cheio de positividade.

O evento também discutiu a educação como antí-doto para as fake news em uma das palestras — e ainda realizou dois workshops sobre o mesmo as-sunto. A mesa que reuniu Eugênio Bucci, jornalista e professor na ECA-USP, Claudio Sassaki, cofundador do Geekie, e Thiago Braga, professor no ensino médio. Na discussão, o trio destacou a velocidade da disseminação das notícias falsas e o impacto que elas causam na sociedade. Também frisaram a importância e o papel da educação no combate à desinformação em todas as camadas sociais.

“Precisamos educar também as nossas elites. Aquelas camadas que se tornam dirigentes, elite no sentido abrangente. As elites no Brasil não têm apreço pela verdade, não têm apreço pelos fatos. Isso leva a uma distorção de deseducação no topo. Educar para a democracia, para o respeito e para o cultivo da verdade é um grande desafio no Brasil”, disse Eugênio Bucci.

Evento no Rio de Janeiro inspira professores para a educação do futuro

Nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, o Museu do Amanhã, no Rio de Janei-ro, abrigou a conferên-cia “HUB: conexões para

a educação do futuro”. A iniciativa do programa bilíngue Edify, que pertence ao fundo Gera Venture e é adotado em escolas regulares de diferentes estados, foi um sucesso. Bilinguismo, storytelling, gamificação, letramento midiático, ar-quitetura e colaboração. Todos esses as-suntos protagonizaram ou, pelo menos, permearam, palestras, debates e ativida-des da programação.

A diretora do programa, Marina Dal-bem, resumiu bem a experiência: “Estrutu-ramos o evento pensando em três grandes pilares da atual revolução na educação: gente, inovação e o inglês. Acreditamos que o conhecimento é construído com diversidade. E que são necessárias pontes para conectar os educadores com as prin-cipais tendências do setor.”

A apresentação mais esperada do primeiro dia do evento foi a da diretora do Instituto Inspirare, Anna Penido. Ao falar sobre a “Construção de uma edu-cação que faz sentido para os estudantes do século 21”, a educadora chamou os presentes para a necessidade de adoção de novas ferramentas no processo de ensino-aprendizagem.

“As crianças estão com dificuldade de se adaptar já no ensino na educação in-fantil. E isso vai só se agravando e ganha um volume considerável de preocupa-ção nos anos finais do ensino fundamen-tal desses alunos que já não conseguem

se adaptar ao estilo tradicional de apren-dizagem. Precisamos oferecer um leque cada vez mais amplo de oportunidades que de fato preparem essa nova geração para o mundo de hoje.”

No segundo dia do evento, a dupla de arquitetas Suyene Arakaki e Nazareth Pi-nheiro, de Brasília falaram sobre a relação entre Arquitetura e Educação. As especia-listas defenderam que é preciso olhar para espaços de aprendizagem com os olhos do século 21. “A sala de aula do futuro é para indivíduos totalmente conectados.”

Outro ponto alto foi a presença da jor-nalista e pedagoga Carolina Sanches, di-retora do LER - Educação Literária, sobre “Cultura Remix” na educação. A palestra mostrou como os games podem trabalhar habilidades e brincou usando a expressão “pensamento minecraftiano” em referên-cia ao jogo Minecraft. “Não se vence o sistema. Os jogos ensinam lógicas, im-posições, limites, raciocínio e estratégia”, disse Carolina Sanches.

Mas o nome mais aguardado do se-gundo dia do evento foi o professor An-tónio Nóvoa. Para o catedrático da Uni-versidade de Lisboa, nunca antes foi tão necessário existir professores. No Brasil e no mundo. E provou sua “teoria” ao con-tar a história do formato tradicional de es-cola, consagrado em 1850.

Nóvoa levantou uma reflexão a res-peito da mudança desse modelo. Sem-pre com um olhar humanista para a edu-cação. “Estamos vivendo uma mudança na forma da escola, uma metamorfose que vai levar o tempo de uma geração, ou seja, uns 20 anos, para acontecer.”

INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018 49

Miguel Thompson, do Instituto Singularidades, durante o Educação 360

FOTOS: DIVULGAÇÃO

NOTAS Grupos de educação investem em edtechs

Gigantes da educação no país, como Kroton, Ser Educacional e Ânima, já voltam suas atenções para investimentos e parcerias em startups de tecnologia educacional — as edtechs. O movimento desse mer-cado deu uma aquecida no segundo semestre deste ano. A Kroton também fechou parceria com o Cubo Itaú — espaço de empreendedorismo do Itaú e do fundo de venture capital Redpoint eventures — em um andar inteiro para o Cubo Education. O objetivo é abrigar 14 edtechs no espaço.

No Recife, a Ser Educacional lançou uma aceleradora de startups, o Overdrives, com previsão de aportes de até R$ 100 mil por semestre. E o grupo Ânima dispõe de R$30 milhões para a área, sendo que o montante pode ser usado até 2020 — até o fim deste ano, a expectativa é injetar R$1 milhão em startups.

Crescer, crescer, crescer

Não são só os grandes grupos que estão fazendo movimentos constantes de aquisição de pequenas empresas. No início de agosto, o Descomplica — maior instituição de ensino online do Brasil — adquiriu a PaperX, startup voltada para o desen-volvimento de exercícios e avaliações online, como testes esimulados.

Em 2017, a empresa já havia adquirido o Mas-terjuris, um curso online especializado em concursos públicos. Até o fim deste ano, o Descomplica pretende fechar mais três aquisições. No alvo, empresas das áreas de tecnologia da informação e conteúdo.

A meta da empresa é seguir dobrando de tamanho, como acontece desde sua criação, em 2012.

Boa notícia para edtechs

Com um acúmulo de duas décadas de experiência no setor, o engenheiro de software Danilo Machado acaba de as-sumir toda a estratégia e desenvolvimento de novos negócios no setor de edtech da KICK Ventures.

A ideia é auxiliar no crescimento dessas startups no país. Além, é claro, de consoli-dar a posição do fundo de investimentos nesse mercado promissor, de acordo com Rodrigo Quinalha, CEO da KICK Ventures.

Para tanto, o fundo contará com uma capacidade de investimento de R$8 mil-hões exclusivamente para edtechs. A KICK Ventures promoverá, ainda, um evento voltado para esse setor, até o fim deste ano. O “KICK Edtech” reunirá startups, em-preendedores e interessados para anunciar os investimentos.

Cenário lá de foraA Reach Capital, uma das empresas de

capital de risco mais ativas nas escolas, lançou um novo fundo de US$82 milhões que prioriza empresas de apoio que estão fornecendo informações diretamente aos pais sobre escolas, lições e desenvolvi-mento infantil.O novo financiamento, denominado

“Reach II”, também apoiará empresas que ten-tam vender diretamente para sistemas K-12, além de

ensino superior e aprendizado de adultos.A Reach Capital foi lançada oficialmente em 2015. Uma rodada inicial de investi-

mentos, chamada Reach I, arrecadou US$ 53 milhões em 35 empresas, incluindo aquelas voltadas para o ensino fundamental, educação infantil e pais.

Recentemente, o FBI divulgou uma nota oficial alertando educadores e pais sobre riscos e seguran-ça cibernética para os alunos com o uso de edtech.

A unidade de polícia de investigações e inteligência do Departamento de Justiça dos Estados Unidos ob-servou, especificamente, que a “coleta generalizada de informações confidenciais” por fornecedores de tecnologia educacional, como histórico de nave-gação na Web, dados biométricos e geolocalização dos alunos, poderia “apresentar oportunidades únicas de exploração para criminosos”.

O memorando ainda ressaltou que, em 2017, duas grandes empresas de tecnologia de ponta tiveram problemas de segurança cibernética. Solicitado a comentar a nota, o FBI assegurou que o aviso é roti-neiro, para “alertar empresas e indivíduos americanos sobre as últimas tendências e fraudes cibernéticas, ameaças emergentes e potenciais vulnerabilidades”.

50 INOVEDUC | Folha Dirigida | outubro 2018