Verbo Digital

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marco LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas jornal Iniciativa da Prefeitura de Belo Horizonte busca esclarecer e orientar carroceiros da cidade, que passam a auxiliar na limpeza urbana. Página 11 Projeto viabilizou a criação de uma rádio na Escola Municipal São Rafael, que teve sua rotina alterada com a novidade. Página 15 Há mais de dez anos moradores do Bairro Califórnia convivem com o mau cheiro e outros incômodos causados por lote “bora-fora”. Página 4 Dezembro • 2010 Ano 38 • Edição 279 IARA OLIVEIRA CARLOS EDUARDO ALVIM RICARDO MALLACO VIDA MAIS DIGNA NA VILA SÃO JOSÉ LAURA MILAN Moradores da Vila São José, na Região Noroeste de Belo Horizonte, aos poucos, veem suas realidades sendo alteradas. Com a implantação do Pro- grama Vila Viva, e de projetos como a Fábrica Social, que oferece cursos de capacitação em costura para as mulheres da comunidade, possibilitando uma nova fonte de renda. Apesar das melhorias, o tráfico de drogas e a violência também se mudaram para os conjuntos de apartamentos, virando obstácu- los para a construção de uma vida digna nos novos lares. Páginas 8, 9 e 10 WASHINGTON ALVES / VIPCOMM / DIVULGAÇÃO BRUNO CANTINI / ATLÉTICO MINEIRO / DIVULGAÇÃO Experiência e liderança a serviço da equipe celeste Jovem promessa do gol alvinegro abre o jogo Renan Ribeiro é uma das grandes reve- lações do Campeonato Brasileiro de 2010. O jovem goleiro, de 20 anos, assumiu a responsabilidade de defender o gol alvine- gro em um momento difícil para o clube, e ajudou o Atlético a terminar a competição fora da zona de rebaixamento. Em entre- vista ao MARCO, ele garante não ter mágoa de Vanderlei Luxemburgo, que não o aproveitou, mas revela que Dorival Júnior é um treinador mais presente e adepto ao diálogo que o seu antecessor no comando do alvinegro mineiro. Página 16 O goleiro Fábio, do Cruzeiro, foi eleito pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) o melhor goleiro do Brasileirão de 2010. Há cinco anos defendendo o time celeste, ele esteve presente nos momentos mais impor- tantes e difíceis do clube nesse período, como na conquista dos títulos do Campe- onato Mineiro e a derrota na final da Liber- tadores da América em 2009. Líder no campo e ídolo na arquibancada, em entre- vista ao MARCO, o goleiro lamenta que a seleção brasileira tenha se tornado “um pouco de comércio”, abrindo espaço para ação de empresários. Apesar disso, ainda vê chances de futuras convocações. Página 16 Córrego dentro de parque no Caiçara é revitalizado Motivo de reclamação durante muito tempo por parte dos moradores, por causa da sujeira e mau cheiro de suas águas, o Cór- rego Cascatinha, que corta o Par- que Ecológico do Bairro Caiçara, foi revitalizado por meio de uma drenagem em sua nascente. Além disso, outro projeto visa trabalhar a conscientização ambiental dos moradores do bairro. Apesar das melhorias, o parque, que conta com uma grande área verde, ainda é pouco conhecido e aproveitado pelas pessoas que vivem na região. Página 3 O aumento dos casos de dengue no Bairro São Gabriel coloca a Região Noroeste de Belo Ho- rizonte em estado de alerta. Para tentar reverter essa situ- ação, está sendo feito um trabalho que busca monitorar as equipes de combate às endemias e motivar os moradores a tomar os cuidados necessários para acabar com os focos do mos- quito Aedes aegypti . Além disso, é feito também o serviço “bota-fora” para recolher materiais de grande volume que ficam nas ruas ameaçando a limpeza das vias, tor- nando-se abrigo para os mosqui- tos. Pagina 5 Bairro São Gabriel registra aumento no número de casos de dengue este ano NATHÁLIA FREITAS GABRIELLA PACHECO

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Iniciativa da Prefeiturade Belo Horizonte buscaesclarecer e orientar carroceiros da cidade, quepassam a auxiliar nalimpeza urbana. Página 11

Projeto viabilizou a criação de uma rádio naEscola Municipal SãoRafael, que teve sua rotina alterada com anovidade. Página 15

Há mais de dez anosmoradores do BairroCalifórnia convivem como mau cheiro e outrosincômodos causados porlote “bora-fora”. Página 4

Dezembro • 2010Ano 38 • Edição 279

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VIDA MAIS DIGNA NA VILA SÃO JOSÉLAURA MILAN

Moradores da Vila São José, na Região Noroeste de Belo Horizonte, aospoucos, veem suas realidades sendo alteradas. Com a implantação do Pro-grama Vila Viva, e de projetos como a Fábrica Social, que oferece cursos decapacitação em costura para as mulheres da comunidade, possibilitando umanova fonte de renda. Apesar das melhorias, o tráfico de drogas e a violênciatambém se mudaram para os conjuntos de apartamentos, virando obstácu-los para a construção de uma vida digna nos novos lares. Páginas 8, 9 e 10

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Experiência eliderança a serviçoda equipe celeste

Jovem promessado gol alvinegroabre o jogo

Renan Ribeiro é uma das grandes reve-

lações do Campeonato Brasileiro de 2010.

O jovem goleiro, de 20 anos, assumiu a

responsabilidade de defender o gol alvine-

gro em um momento difícil para o clube, e

ajudou o Atlético a terminar a competição

fora da zona de rebaixamento. Em entre-

vista ao MARCO, ele garante não ter

mágoa de Vanderlei Luxemburgo, que não

o aproveitou, mas revela que Dorival Júnior

é um treinador mais presente e adepto ao

diálogo que o seu antecessor no comando

do alvinegro mineiro. Página 16

O goleiro Fábio, do Cruzeiro, foi eleito pelaConfederação Brasileira de Futebol (CBF) omelhor goleiro do Brasileirão de 2010. Hácinco anos defendendo o time celeste, eleesteve presente nos momentos mais impor-tantes e difíceis do clube nesse período,como na conquista dos títulos do Campe-onato Mineiro e a derrota na final da Liber-tadores da América em 2009. Líder nocampo e ídolo na arquibancada, em entre-vista ao MARCO, o goleiro lamenta que aseleção brasileira tenha se tornado “umpouco de comércio”, abrindo espaço paraação de empresários. Apesar disso, ainda vêchances de futuras convocações. Página 16

Córrego dentro de parqueno Caiçara é revitalizado

Motivo de reclamação durantemuito tempo por parte dosmoradores, por causa da sujeira emau cheiro de suas águas, o Cór-rego Cascatinha, que corta o Par-que Ecológico do Bairro Caiçara,foi revitalizado por meio de umadrenagem em sua nascente. Além

disso, outro projeto visa trabalhar aconscientização ambiental dosmoradores do bairro. Apesar dasmelhorias, o parque, que conta comuma grande área verde, ainda épouco conhecido e aproveitadopelas pessoas que vivem na região.Página 3

O aumento dos casos de dengueno Bairro São Gabriel coloca aRegião Noroeste de Belo Ho-r izonte em estado de a ler ta .Para tentar reverter essa situ-a ç ã o , e s t á s e n d o f e i t o u mtrabalho que busca monitoraras equipes de combate àsendemias e motivar os moradores

a tomar os cuidados necessáriospara acabar com os focos do mos-quito Aedes aegypti. Além disso, éfeito também o serviço “bota-fora”para recolher materiais de grandevolume que ficam nas ruasameaçando a limpeza das vias, tor-nando-se abrigo para os mosqui-tos. Pagina 5

Bairro São Gabriel registraaumento no número decasos de dengue este ano

NATHÁLIA FREITAS

GABRIELLA PACHECO

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2 ComunidadeDezembro • 2010jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

jornal marcoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: [email protected]

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31) 3319-4920

Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel: (31) 3439-5286

Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Profª. Maria Libia Araújo BarbosaCoordenador do Curso de Jornalismo: Prof. José Milton Santos Coordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Daniela Serra

Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditor: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais

Monitores de Jornalismo: Adriana Benevenuto, Bruna Fonseca, Carlos EduardoAlvim, Cínthia Ramalho, Laura de Las Casas, Pedro Vasconcelos e Samara NogueiraMonitores de Fotografia: Renata Fonseca e Ricardo MallacoMonitora de Diagramação: Lila Gaudêncio

Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

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PEDRO VASCONCELOS, 3º PERÍODO

Durante todo o ano o MARCO procurou relatar e exporos principais problemas enfrentados pelos moradores daRegião Noroeste e Nordeste de Belo Horizonte, sempreenfatizando o fator humano das histórias e de seus per-sonagens. Na última edição de 2010 estas histórias rea-parecem em destaque. Moradores da Vila São José hámuito tempo sofrem com problemas de infraestrutura, ese queixam com frequência da falta de saneamentobásico, excesso de lixo e insegurança. Para tentar solu-cionar alguns destes problemas a Prefeitura de BeloHorizonte tem realizado diversas obras de revitalizaçãoda vila. Através do projeto Vila Viva muitos apartamentosnovos já foram entregues à moradores da Vila São José,causando grandes transformações em suas vidas. Emmatéria especial o MARCO relata estas transformações,conta as histórias dos moradores que já foram realojadose vivem uma nova realidade nos conjuntos habitacionais,uma nova realidade mais confortável, mas ainda, segun-do moradores, assombrada pelo fantasma do tráfico dedrogas da região.

Outra obra que vem sendo comemorada por moradoresé a revitalização do córrego do Parque Ecológico doBairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte. Ocórrego conhecido como "Cascatinha" era um alvo anti-go de reclamações. A sujeira e o mau cheiro que afas-tavam os visitantes fizeram com que os moradores semobilizassem e exigissem uma postura da Prefeitura. Aobra faz parte do Programa de Recuperação e Obras nosParques (Proparque), que já investiu mais de R$ 3,5 mi-lhões na revitalização de diversos parques de BeloHorizonte.

Já no Bairro Califórnia o problema com o lixo ainda nãofoi resolvido. Moradores convivem com os transtornoscausados pela falta de fiscalização em um lote na Ruados Violões. O lote, que recebeu o apelido de bota-fora,vem sendo utilizado para depósito de lixo clandesti-no. Os moradores que convivem com o problema de maucheiro há mais de dez anos alegam que o lixo é deposi-tado por pessoas de fora do bairro, sobretudo pelos car-roceiros, que por sua vez alegam não ter lugar paradepositar o lixo. A prefeitura já foi acionada e osmoradores continuam aguardando alguma providência.

Encontramos em uma outra matéria um bom exemplopara solucionar este problema de depósito de lixo clan-destino. O Projeto Carroceiros da Prefeitura de BeloHorizonte estimula o carroceiro a atuar como um agentede limpeza urbana. Para isso foram criadas as Unidadesde Recebimentos de Pequenos Volumes (URPV) onde ostrabalhadores depositam os entulhos que depois sãorepassados para a (SLU). Além de trazer benéficos aoscidadão e aos próprios carroceiros, o programa é umimportante aliado na defesa do meio ambiente.

As chuvas de fim de ano acendem a preocupação dopoder público com a Dengue. Segundo dados doMinistério de Saúde o índice de infestação predial noBairro São Gabriel, Região Nordeste, é um dos mais ele-vados do município de Belo Horizonte. O MARCO ouviuespecialistas e moradores do Bairro São Gabriel quedevem trabalhar juntos na tentativa de minimizar osdanos causados pela Dengue na região este ano.

Para fechar o ano o MARCO traz duas entrevistaspingue-pongue com atletas que brilharam no cenárioesportivo brasileiro no ano de 2010, os goleiros Fábio doCruzeiro e Renan Ribeiro do Atlético. Fábio ganhou estemês o prêmio de melhor goleiro do Brasileirão, em pre-miação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), jáRenan Ribeiro é apontado como uma promessa do fute-bol brasileiro e foi decisivo para a recuperação doAtlético no Campeonato Brasileiro. Eles abrem o jogo econtam histórias exclusivas do início de suas carreiras.

Para fechar o anocom histórias quefazem diferença

editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorial EDITORIAL

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteEXPEDIENTE

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BRUNA FONSECA,4° PERÍODO

A placa que sinalizaestacionamento proibidona Rua Dom João Pimentaparece não intimidar osmotoristas que paramdiariamente no local. Alargura de sete metros darua é reduzida a quatrometros ao se formaremextensas filas de carrosparados nos dois lados daDom João Pimenta, noCoração Eucarístico,Região Noroeste de BeloHorizonte.

A administradoraDanielle Salgado, 25 anos,vive na pele os transtornoscausados pelos veículosestacionados irregular-mente. Moradora de umprédio localizado àesquina da Rua Dom JoãoPimenta, ela conta quetem que deixar seu carroestacionado fora dagaragem até conseguirentrar no edifício. "O piordia é sexta feira, é intran-sitável, além das pessoasque saem da aula (naPontifícia UniversidadeCatólica de Minas Gerais,PUC Minas), muitas vãoaos bares próximos e esta-cionam na Dom João",afirma Danielle.

O empresário MiroKohlhofer Wallner, 24anos, morador da ruadesde que nasceu, comen-ta que os problemas vãoalém da dificuldade deentrar em sua vaga nagaragem. "Todos os dias,volto para casa e não con-sigo entrar na garagem,além de ter que esperar o

fluxo todo da D. JoãoPimenta, quando viro omeu carro para entrar (emseu prédio) escuto buzinasde 12 carros, eles tentampassar no estreito espaçoque sobra atrás e muitasvezes travam todo ofluxo", observa Miro. "Nãoposso parar o carro dolado de fora e nem meusconvidados, quando façoalgo em minha casa", com-pleta. Ele ainda diz que oshorários de pico são os detroca de turnos das turmasda PUC, principalmenteentre 19 h e 22h30.

Outro transtorno é ofato da Rua Dom JoãoPimenta estar incluída narota do ônibus 9410. Porcausa dos veículos esta-cionados nos dois lados darua, o motorista do ônibusmuitas vezes não consegue

fazer a curva, engarrafan-do o trânsito. "O carro daminha avó apareceu todoarranhado de azul, semsombra de dúvidas era atinta do ônibus que bateuno carro dela e não deu amínima. Quando subo arua e vem um ônibus, épraticamente um jogo detétris para conseguir pas-sar, e os motoristas passama um milímetro do carro",denuncia o empresário.

Danielle Salgado, contaque a Empresa de Trans-portes e Trânsito de BeloHorizonte (BHTRANS) jáesteve no local váriasvezes, porém, após adecisão do SuperiorTribunal de Justiça (STJ)que impede o órgão demultar infrações de trânsi-to, os agentes da BHTranspararam de ir ao local.

Em nota, a Assessoriade Comunicação eMarketing da BHTrans,afirma que a PolíciaMilitar de Minas Gerais ea Guarda Municipal deBelo Horizonte são asinstituições habilitadas apreencher autos deinfração de trânsito nacapital. A assessoria, entre-tanto, assegura que se-manalmente, a UnidadeIntegrada de Trânsito(BHTrans e Polícia Mi-litar) fiscaliza as vias noentorno da PUC, paracobrir irregularidades, elembra que o veículo queestacionar em local proi-bido poderá ser removido.

Tanto Miro quantoDanielle acreditam quedeveria haver uma fisca-lização mais efetiva, e queos ônibus da linha 9410não poderia passar na RuaDom João Pimenta. Oempresário ainda propõeque outros retornos maispróximos sejam liberados."Quando toda a obra deduplicação da Dom JoséGaspar iniciou, eu, meusfamiliares e outros vizin-hos tentamos sugerir algu-mas mudanças, mas o pro-jeto era fechado. Des-viaram todo o fluxo de car-ros para a Dom JoãoPimenta, é a única formade retorno legal, as outrasformas são proibidas oumuito afastadas", explicaMiro, o qual afirma queele e a vizinhança já solici-taram a mudança da rotado 9410, mas não obtive-ram êxito.

CARROS ESTACIONADOS

EM LOCAIS IRREGULARESRENATA FONSECA

A placa não inibe motoristas de esstacionarem dos dois lados da rua.

Falta CRAS na comunidade Sumarén

SAMARA NOGUEIRA,3º PERÍODO

Com o objetivo deamenizar os problemassociais existentes em diver-sas áreas de BeloHorizonte, a Prefeituracriou em 2001 o Centro deReferência de AssistênciaSocial (CRAS), que descen-traliza as políticas públicassociais. Entretanto, aindaexistem comunidades quenão são beneficiadas peloequipamento como aSumaré, localizada naRegional Noroeste. "Acomunidade Sumaré é umaregião que possui altoíndice de vulnerabilidadesocial, com problemas, porexemplo, com drogas", afir-ma Carlos Guilherme,Conselheiro do ConselhoTutelar da RegionalNoroeste.

O principal critério paraque uma comunidade pos-sua CRAS, segundo ShirleyPires, Gerente de ProteçãoSocial da Secretaria deAssistência Social de BeloHorizonte, é o índice devulnerabilidade social queela apresenta. Quanto mais

auto ele for maior a proba-bilidade de instalação doequipamento. Entretanto,Shirley explica que aquestão da vulnerabilidadenão é apenas uma questãode renda, mas tambémuma questão da qualidadede vínculo social existenteentre os moradores.Quanto mais fragmentadaa relação entre osmoradores, maior o índicede vulnerabilidade de umacomunidade.

Cleidnéia MartinsGomes, gerente de políticasnacionais da RegionalNoroeste explica que em-bora a comunidade Sumarépossua problemas sociaisque a enquadra noscritérios necessários paraimplantação, isso aindanão ocorreu pela falta derecursos. "A política socialde Belo Horizonte jámapeou as áreas que oCRAS será implantado.Entretanto, esse processo écontinuo e depende dadisponibilidade de recur-sos. Então a Vila Sumaréestá dentro da progra-mação de instalação doCRAS, mas, dependendode recursos para isso",

conta. Ela ainda acrescentaque o processo da implan-tação do CRAS em BeloHorizonte é ágil, mas nãoacompanha as necessidadesdas comunidades. "Ascomunidades que aindanão foram contempladascom o equipamento ficampenalizadas, porque oprocesso de implantaçãoainda não é tão ágil",desabafa.

PRIORIDADES Apesar dacomunidade Sumaré aten-der aos critérios, ainda nãoé prioridade do governoatual, já que existem outroslocais em Belo Horizonteque possuem um nível devulnerabilidade acima ouequivalente o dela. VendaNova, por exemplo, explicaShirley, é uma área queapesar de já possuir umCRAS precisa de outro de-vido ao nível de vulnerabi-lidade e de sua extensão."Pelas metas colocadas pelogoverno Municipal a genteainda não tem previsão deinstalação de Centro deAssistência social na comu-nidade Sumaré nesse go-verno", conta Cleidnéia.

Atualmente, existe em

Belo Horizonte 26 CRASque atendem em médiacinco mil famílias porcomunidade. Essas famíliassegundo Shirley, tem a po-ssibilidade de ter umequipamento muito maispróximo de suas casas, oque permite maior facili-dade de acesso aos progra-mas que o CRAS encami-nha. Ela ainda acrescenta,que o CRAS não está den-tro da comunidade só paraidentificar seus problemas,mas também, suas poten-cialidades.

A partir dessa identifi-cação, a equipe do CRAS,composta por três assis-tentes sociais, um psicólo-go e um coordenador, vaimapear as famílias e deacordo com suas caracterís-ticas encaminhá-las paraprogramas de saúde, edu-cação, emprego do BHcidadania e do CRAS. Essemapeamento é feito a par-tir do cadastro das famíliasda comunidade, que podeocorrer por demandaespontânea ou por indi-cação de escolas, Centrosde Saúde ou, em casos maisgraves, do ConselhoTutelar.

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3ComunidadeDezembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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DIEGO SCORVO,MARIANA GARCIA,NATHÁLIA FREITAS,YARA FONSECA,7º PERÍODO

Conhecido como"Cascatinha", o córregolocalizado no ParqueEcológico do BairroCaiçara já foi motivo demuita contestação porparte dos moradores daregião devido ao seu maucheiro, causado pelapoluição das águas.Entretanto, hoje os resi-dentes da área só têm acomemorar, já que o cór-rego foi revitalizado pelaprefeitura da capital. "Foiuma luta, por mais de dezanos ficamos pedindo paraque o córrego fosse limpo.Sua revitalização tem sidouma conquista. Nãopodíamos deixar que umparque tão bonito pudesseser ofuscado por umanascente poluída", afirmaa ex-secretária daAssociação Pró-Melhoramento do BairroCaiçara, Sylvia deOliveira, que acompanhoutodo o processo de ação dacomunidade em prol demelhorias no córrego.

De acordo com Sylvia, acomunidade já chegou atéa realizar feiras e bar-raquinhas no parque parachamar a atenção dasautoridades para a neces-sidade de despoluição docórrego "Cascatinha". "Anascente era poluída echeirava muito mal. Issonos incomodava muito.Hoje, o local já está bemmelhor: fizeram umadrenagem e o córrego nãoé mais aquela coisa feia deantigamente", completa a

ex-secretária."O esgoto aqui era a céu

aberto e o cheiro insu-portável devido àimundice da água. Alémdisso, o parque era atrati-vo para marginais, queaproveitavam o localquase que abandonado,para usar drogas", afirma oaposentado AntônioEvangelista de Paula,tradicional morador dobairro. "Sou morador anti-go do Bairro Caiçara.Quando mudei para cá, sóhavia três casas na minharua. Conheço o parquedesde quando só existiaum campinho aqui", diz.

Segunda a Assessoria de

Comunicação daFundação de ParquesMunicipais de BeloHorizonte (FPM), a obrade recuperação do córregofaz parte do Programa deRecuperação e Obras nosParques (Proparque), quejá investiu mais de R$ 3,5milhões na revitalizaçãode diversos parques deBelo Horizonte. NoParque Caiçara, que temárea total de 11.400 me-tros quadrados, foraminvestidos R$ 330 mil nasreformas.

A Assessoria deComunicação da FPMtambém informou que oprojeto foi apresentado naRegional Noroeste para osusuários do parque conhe-

cerem e aprovarem suaimplantação. "Sempre queposso dou uma corridinhaou uma passada rápidapara observar a paisagem.Amo o parque, mas ad-mito que sejam poucas aspessoas com conhecimen-to sobre o local. Umapena, pois é um local ma-ravilhoso e que só faz bemà nossa região", comenta oestudante de 18 anos,Frederico Ferreira.

Segundo a presidenteda Associação doMovimento Comunitáriodo Bairro Caiçara eAdjacências, Lenice Silva,muita coisa ainda tem queser feita, entre elas a cons-cientização ambiental dosmoradores da região paraque eles reconheçam anecessidade de preservar ocórrego. "Não adianta agente se empenhar paraobter melhoria nas nas-centes se a população nãocolaborar. Temos que fazera nossa parte", ressalta.

Para Lenice, os anos deluta para a despoluição docórrego valeram a pena, eo projeto só obteve êxitodevido à entrada doDrenurbs, Programa deRecuperação Ambientalda Prefeitura de BeloHorizonte, que trouxecomo inovação a propostade inclusão dos cursosd'água na paisagemurbana, evitando-se astradicionais canalizações."Creio que ainda podemosconseguir mais. Aindatemos que continuar arevitalizar o córrego. Maspara quem viveu a reali-dade da área há 40 anos,posso dizer que hoje estátudo uma maravilha", diz.

CÓRREGO É REVITALIZADO NO CAIÇARAConhecido como “Cascatinha”, o córrego que corta o Parque Ecológico do Bairro Caiçara e que já foi alvo de reclamação pelos moradores do bairro, foi recuperado. Isso aconteceu porcausa do empenho da comunidade, da ação da prefeitura e trouxe melhorias para frequentadores do local, que se livraram do mau cheiro que existia por causa da poluição das águas

Depois de mais de dez anos, comunidade pode aproveitar os benefícios da revitalização do corrego Cascatinha

A revitalização do parque partiu de um apelo da comunidade que não suportava mais o mau cheiro e a poluição

NATHÁLIA FREITAS

De acordo com váriosmoradores da região, oParque Ecológico doBairro Caiçara, apesar derevitalizado, continuasendo pouco frequentadopela comunidade. Muitosnem se dão conta daexistência do local."Nunca tinha ouvido falarsobre o parque. Sempreque posso levo meu 13netos para passear. É bomsaber da existência desteterritório verde, que podeagregar saúde às famíliasdo Bairro Caiçara", obser-va a aposentada LindaFerreira, 67 anos.

Linda também chamaatenção para uma maiordivulgação da área, princi-palmente feitas pelosmeios de comunicação."Acho importante queexistam estratégias dedivulgação do parque. Énecessário que façamosisso inclusive em nossosjornais do bairro", revela.

"Trabalho no bairro esempre senti a falta deuma área verde. Vi essaregião crescer; com meusolhos observei prédios,condomínios e mini-shop-pings tomarem conta dasruas e comércios, masnunca vi uma área limpa,saudável que trouxesse dealguma forma benefíciosàs famílias do Caiçara",afirma o comercianteCláudio Henrique, 58anos.

Segundo a ex-secretáriada Associação Pró-Melhoramento do BairroCaiçara, Sylvia deOliveira, na época em queela estava à frente da insti-tuição uma série de even-tos eram realizados noparque, como os campe-onatos de futebol femini-no e masculino. "O futebolfeminino era muito inter-essante. Era o futebol desenhoras mesmo. Fa-zíamos de tudo para

chamar a atenção deautoridades para melhora-mentos na região. Hoje, oparque é pouco frequenta-do mesmo, acredito que oesgoto a céu aberto perma-nente no local por muitotempo e o grande númerode jovens que vinham usardrogas no parque tenhaafastado a população daárea", enfatiza.

Para o estudante ThiagoNunes, de 11 anos, adescoberta de um parque,com quadra de futebol noBairro Caiçara é motivo demuita alegria. "Minhadiversão sempre esteve li-gada a jogar futebol. Ébom saber que no nossobairro exista um parquecom espaço para gentebrincar. É muito legal,gostei bastante. Vou ver sepasso a frequentar mais oParque", acrescenta.

Apesar da reforma, parquerecebe poucos visitantes

Originário da Fa-zenda Engenho No-gueira, o Parque Cai-çara, também conheci-do como "Parquinho",foi implantado em1996 por meio doPrograma ParquePreservado da Pre-feitura de BeloHorizonte.

Com uma área decerca de 12.446 m² ,o parque é protegidopor uma vegetaçãode mata ciliar comespécies nativascomo açoita-cavalo,cedro, ingá, jequitibá elouro pardo. A fauna écomposta por avescomo bico-de-lacre,pica-pau, rolinha esabiá e pequenosmamíferos, como micose gambás. "Moro nobairro há 18 anos esempre procurei manter

contato com o parque,mesmo morando umpouco afastado. Achoimportante ter umespaço verde e saudávelperto dos nossos olhos,fico feliz em saber que o

nosso bairro é um doslugares na cidade comesse privilégio", afirmao funcionário públicoGilson Fontoura.

Como opções delazer, o parque agoraoferece quadra polies-portiva, campo de fute-bol, equipamentos de

ginástica, pista paracaminhada e brinque-dos, além de ser umespaço para contem-plação. A revitalizaçãodo parque também con-tou com a adequação dos

espaços para garantiracessibilidade aosportadores de defi-ciência, a construçãode nova portaria comguarita e de uma áreade convivência, próxi-ma à quadra, combancos, abrigo eequipamentos deginástica. O local ga-

nhou também banheirospúblicos, novos bancos,bebedouros e lixeiras,além da reforma dosbrinquedos e da quadrapoliesportiva, a revita-lização dos jardins e otratamento paisagísticodas margens do córregoCascatinha.

Parque Caiçara tem mataciliar com espécies nativas

[ ]“ACHO IMPORTANTETER UM ESPAÇO

VERDE E SAUDÁVELPERTO DOS NOSSOS

OLHOS”

[ ]“O ESGOTO AQUI ERA A

CÉU ABERTO E O CHEIRO

INSUPORTÁVEL DEVIDO À

IMUNDICE DA ÁGUA” ANTÔNIO EVANGELISTA

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DEZ ANOS DE CONVÍVIO COM O LIXO

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CÍNTHIA RAMALHO,SAMARA NOGUEIRA,4º E 3º PERÍODOS

Há mais de 30 anosuma das maiores preocu-pações dos moradores daRua Edson Paes, localiza-da no Bairro Dom Bosco,Região Noroeste de BeloHorizonte, é a existênciade um lote abandonado.Situado em uma área dedeclínio que vai da RuaEdson Paes até a RuaZoroastro de Souza, o lotetem sido utilizado pelapopulação como bota-fora,moradia e esconderijo demarginais. Rosana Pereira,moradora do bairro há umano afirma que um dosseus maiores medos é dolote desmoronar com aschuvas de fim de ano, jáque sua casa esta localiza-da em cima dele. "Tenhomuito medo do barracãoceder com essa chuva. Eumorro de medo", afirma.

Os problemas com odesmoronamento come-çaram a acontecer, deacordo com Paulo Antônio

Reis, morador da RuaEdson Paes há 42 anos,com a duplicação do AnelRodoviário, na década de80. Assim, a água queescorria da rodovia tinha oterreno no final da ruacomo destino, o que oca-sionou o desmoronamentode parte do lote.

Na parte que desmoro-nou estava localizada umapracinha, que acabousendo destruída quando olote caiu. "Por causa dosproblemas da erosão apracinha acabou. O posteque iluminava a pracinhateve que ser retirado paranão cair também", contaPaulo. Das duas ruas ocu-padas pelo lote, a RuaZoroastro de Souza é aque mais sofre com odesmoronamento, já quese localiza na parte debaixo do terreno.

Para tentar resolver aquestão, o morador AloísioGomes de Faria denun-ciou, em 1990, a situaçãona seção ‘Alô, Alô’ doextinto Jornal da Tarde."Eu fiz essa reclamaçãoduas vezes no Diário da

Tarde, mas não adiantounada", afirma ele. Alémdisso, em 1998, Aloísioencaminhou um abaixoassinado para a prefeitura,pedindo a construção deum sistema de capitaçãode água fluvial paraamenizar o problema daerosão. O sistema de capi-tação não foi obtido,porém, a prefeitura cons-truiu um quebra-mola noprincípio da rua, o quemelhorou a situação, masnão deu fim a ela.

Outros moradores tam-bém tentam acharsoluções para minimizaros impactos causados pelaerosão, como é o caso deFlorentina Lana, 63 anos,que mora ao lado do lote eé dona de parte do ter-reno. Florentina colocoupneus e plantou árvoresem parte do terreno paraevitar um novo desliza-mento.

Além do perigo dedesmoronamento, proble-mas com pessoas que uti-lizam o terreno abandona-do para usar drogas, man-ter relações sexuais e até

mesmo se esconder dapolícia geram incômodo einsegurança aos moradoresda Rua Edson Paes. O ter-reno, por estar abandona-do, também é usado comodepósito de lixo, o quecolabora para a prolife-ração de doenças comoleishmaniose. "O foco [deleishmaniose] é muitogrande aqui no BairroDom Bosco", conta PauloAntônio.

Procurada pela equipedo Jornal MARCO, AtenáMaria de Oliveira, asses-sora de comunicação daprefeitura, afirmou que olote tem um dono, porémseu nome não pode serrevelado. Ela esclareceuque o proprietário receberáuma notificação exigindo alimpeza do lote e, caso estanão seja cumprida em 30dias, ele será multado emR$ 500. Ainda de acordocom a assessora, se o propri-etário não der nenhumasatisfação sobre a situação,a SLU vai ao local e realizaa limpeza, porém os custosdo serviço ficam emresponsabilidade do dono.

Terreno abandonado é motivo de reclamações

O terreno abandonado traz risco aos moradores da Rua Edson Paes

RICARDO MALLACO

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SAMARA NOGUEIRA,3º PERÍODO

Na Rua dos Violões, no BairroCalifórnia, existe um lote co-nhecido como bota fora que temcausado transtorno a populaçãoque além do mau cheiro,enfrenta dificuldades de loco-moção, já que o local é utilizadocomo atalho para outros locaisdo bairro. "A gente que mora dolado não importa tanto comentulho não, importa mesmo écom o lixo. Já teve até cavalomorto lá. O cheiro incomodamuito, é muito ruim", afirmaJoseane Galvão. Para o secretárioadjunto da Regional Noroeste,Nildo Taroni, Belo Horizontevive hoje uma situação de epi-demia de lotes bota-foras, "Nósvivemos uma epidemia, umproblema crônico na cidade queé a questão da deposição clan-destina de entulho e lixo", revela.

Esse problema existe no bairrohá 10 anos, sendo que há cinco aassociação dos moradores recla-ma junto à prefeitura à desocu-pação do lote. "Nós já recla-mamos muito com a prefeitura eela não faz nada, duvido se fosseem um bairro rico se ela já nãotinha resolvido. O lixo não énosso não, são os caminhões defora que trazem os lixos para cá",afirma Antonio Guerra , Presi-dente da Associação dos Mora-dores do Bairro Califórnia. JúlioCésar Teixeira, diretor da as-sociação, culpa também os car-roceiros pela deposição do lixo."Os entulhos menores são joga-dos pelos carroceiros, e os mai-ores pelos caminhões. Entendoos carroceiros pelo fato disso sero ganha pão deles, então, achoque a prefeitura deveria arrumarum lugar para eles depositarem olixo", diz.

Antonio de Carvalho, 52anos, morador da Vila Cali-fórnia, e há 40 anos na profissãode carroceiro, diz que utiliza simo lote por não ter um local oficial

dos carroceiros para depositar osentulhos que recolhe. "Eu utilizoesse lote, outros lotes ou jogonas esquinas, quanto menos euandar melhor para mim. Aprefeitura olha o lado dela e nãoolha os dos carroceiros, elesquerem que a gente pare de jogarlixo, mas não arrumam um lugaroficial para a gente depositar".Para ele, o lugar ideal seria narua do antigo aterro sanitário,localizado na rua Violinos comClarinetas, já que lá existe umpedaço de terreno que sobrou doantigo aterro da prefeitura.

SUGESTÕES Teixeira eGuerra acreditam que a soluçãodo problema seria a instalaçãode URPV (Unidade Recebi-mento de Pequenos Volumes) e oaumento da fiscalização, já quesó a limpeza, segundo eles, nemsempre realizada pela prefeitura,não esta solucionando o proble-ma. "Em três meses, eles vieramaqui só duas vezes, e agora a

gente tem mais um problema,que é a deposição de terras porcarroceiros e caminhões, e terraa prefeitura não limpa. Colocarsó URPV não adianta, tem queter a fiscalização, porque se nãoo povo joga fora da caçamba. Hápouco tempo nós tiramos1800,00 do nosso bolso para alimpeza", afirma Guerra.

Júlio acredita também quealém fiscalização e da URPV aprefeitura poderia instalar umsistema de reciclagem no local,onde as pessoas poderiam dire-cionar seu lixo. "Só a limpezanão adianta. O terreno é limpo eno outro dia já está tudo cheionovamente, os caminhões vem ànoite e enchem tudo de novo.Tem que ter uma ação efetiva daprefeitura, se não tiver vai con-tinuar. Limpa, suja, limpa, suja.O ideal seria criar um local igualda Via Expressa, monitoradopela prefeitura onde já é dire-cionado o tipo de entulho".

Entretanto, Taroni, descarta a

possibilidade de instalação deURPV no local. "Lá não pode terURPV porque assim como láprecisa de URPV outros lugaresprecisam também. Não existeprogramação de instalação deURPV nesse local", explica osecretário. Taroni tambémressalta que boa parte do entu-lho depositado no lote tem de irpara o aterro sanitário localizadoem Sabará e não para unidadede recebimento de PequenosVolumes. "A URPV é a unidadede recebimento de pequenos vo-lumes como um sofá velho quevocê tenha em casa ou umapequena poda que você tiverfeito em seu terreno, não é parareceber aquele entulho que ta láaquilo lá tem que ir para aterrosanitário, a única solução para oproblema é o aumento da fisca-lização", explica.

Ele acrescenta que ainda oproblema com bota fora noCalifórnia é maior porque anteso aterro sanitário era localizado

no bairro, então as pessoas aindanão se adaptaram a situação. "Oproblema ali é maior porque nóstínhamos um aterro sanitário lá,então, o pessoal não estava acos-tumado a ter essa responsabili-dade de levar para Sabará onde adistância é muito maior",ressalta o secretário.

Em relação aos carroceiros, oSecretário Adjunto, deixou claroque a prefeitura entende o prob-lema social que a desocupaçãode um lote utilizado por elespoderia causar. "O grande pro-blema dos carroceiros é que aURPV não tem a função que elesquerem destinar o URPV. Vocênão pode fazer uma reforma,tirar lá vinte carroças de entu-lhos e jogar no URPV, não éjusto. Para solucionar esse pro-blema a prefeitura esta inclusiveestudando uma forma de geraremprego para esse pessoal, que équase duzentos na RegionalNoroeste", relembra.

Nos últimos quatro meses, aprefeitura intensificou, segundoTaroni, a fiscalização dos lotesbota fora em Belo Horizonte, efoi montado um mutirão a fimde coibir a ação clandestina queocorre principalmente durante anoite. Taroni explicou, ainda,que o caso do Califórnia aindanão tenha sido solucionado, porser demorado, possivelmente eleserá nos próximos meses.

O secretário alerta que a pop-ulação pode ajudar na prevençãoe combate do depósito clandesti-no de lixo e entulhos, denun-ciando no telefone 156 ou pelosite da prefeitura,www.pbh.gov.br. Segundo aassessora de comunicação daprefeitura, Atená Maria deOliveira, os infratores estãosujeitos a apreensão do veículo emulta de R$ 500,00. "Além depagarem a multa, eles devemarcar com os custos da apreensãodo veículo", acrescenta ela.

Apelidado pela comunidade do Bairro Califórnia como bota fora, terreno causa transtornos para moradores,

pois é usado como depósito de lixo e entulho clandestino, além de servir de atalho para outros locais do bairro

O bota-fora serve de atalho para os moradores do Bairro Califórnia, na Região Noroeste da capital, além de ser depósito de lixos e entulhos

RICARDO MALLACO

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5ComunidadeDezembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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JULIANA CRISTINA,7° PERÍODO

De acordo com dadosdisponibilizados pelo Mi-nistério da Saúde omunicípio de BeloHorizonte este ano teveum índice de infestaçãopredial de 0,9% noL.I.R.A. O padrão consi-derado satisfatório émenor que 1%. Mas, acoordenadora dos agentesde combate às zoonosesno Bairro São Gabriel,Rosângela de Souza Porto,alerta que para o mesmoíndice o local apresentouum valor de 2,9%. "Émuito alto se comparado àcapital, o que coloca aRegional Nordeste emalerta", enfatiza.

Rosângela Porto explicaque a sigla L.I.R.A signifi-ca Levantamento deÍndice Rápido, sendo exe-cutado por agentes decombates às zoonozes emtodos os municípiosbrasileiros. Em BeloHorizonte, a pesquisa éfeita em todas as regionaisem uma mesma semana.

Segundo ela, o L.I.R.Atêm como objetivo avaliaro trabalho de rotina daequipe de combate àsendemias e motivar acolaboração dosmoradores para acabarcom os focos do mosquitoAedes Aegypti.

Neste tipo de pesquisaapenas 5% dos domicíliossão vistoriados para veri-ficar se há focos dedengue. O agente entra naprimeira casa e salta vintee depois entra na vigésimaprimeira, assim sucessiva-mente até atingir os 5% deresidências de todo o bair-ro. Caso o agente encontrelarvas ou pupas ele colocacerca de dez em tubículosde vidro e as envia paraanálise laboratorial parasaber se é mesmo larva oupupa do Aedes Aegypti.

Segundo RosângelaPorto, este levantamento éimportante para dar visi-bilidade se há vetor cau-sador da dengue na região."Por outro lado se deremnegativas as amostras istonão significa que não háAedes Aegypti. Ele podeestar nas casas não cober-tas pelo L.I.R.A.Infelizmente todas asamostras para o L.I.R.A doSão Gabriel deram positi-vas" revela.

A Prefeitura de BeloHorizonte realizou, noperíodo entre 16 e 18 denovembro, no Bairro SãoGabriel, o serviço de ‘botafora’ em que um caminhãorecolhe materiais degrande volume que nãosão recolhidos pela coletade rotina de lixo feita pelaSuperintendência deLimpeza Urbana (SLU).

Márcia Aparecida Mo-reira, 38 anos, moradorado São Gabriel,aproveitou a oportunidadee dispensou um sofá des-

gastado e dois tamboresenferrujados "Não temjeito a gente acaba acumu-lando estas coisas que nãoprestam no quintal. É pre-ciso estar muito vigilantemesmo porque se não vaidar muitos casos dedengue," reflete MárciaMoreira.

Dos 43 casos negativos,19 das amostras de sangueforam invalidadas. Alémdisso, 194 pacientes nãoretornaram ao serviço desaúde com o resultado desorologia para dengue,exame que define se foi ounão acometido peladoença, assim o númerode pessoas que tiveram adoença pode ter sido

maior do que se tem re-gistrado.

Rosemary dos Reis au-xiliar de enfermagem daunidade explica que oexame de sorologia não éútil para o tratamento dapessoa com dengue, masenfatiza a importânciadele para dados estatísti-cos e para vigilância epi-demiológica "Este exameserve como referência dequal área está tendo maiscasos da doença, portantoaponta para onde as açõesdevem ser direcionadas.

Além de dar a certeza aopaciente que ele tevedengue, portanto com umrisco maior de ter hemor-ragia, caso tenha a doençanovamente, embora naprimeira infecção já possaapresentar complicações"explica a auxiliar de enfer-magem.

Ainda de acordo comRosemary dos Reis, oexame de sorologia é pedi-do a partir do sexto dia dadoença, pois é neste perío-do em que o vírus é de-tectado circulando noorganismo.

Segundo a profissionalda saúde, na primeira con-sulta o paciente com sinaise sintomas de dengue fazum exame laboratorial deurgência, o hemograma,que serve para detectar eavaliar o número de pla-quetas. E enfatiza o quan-to é importante o pacienteretornar no quinto dia ouno primeiro dia de melho-ra da febre para avaliação."Quando o paciente pensaque está bem, aí pode ser oponto mais crítico dadengue, porque na pas-

sagem de um estado febril,se a temperatura cai deuma vez, o paciente podeter um choque", explica.

Vanda de FátimaFerreira da Silva, 54 anos,e o filho dela DiegoFerreira da Silva, 24,fazem parte das estatísti-cas de pessoas do bairroSão Gabriel que tiveramdengue em 2010. Elesforam acometidos peladoença em março desteano. O filho não teve com-plicações, mas a mãe, noentanto, teve denguehemorrágica e foi hospita-lizada. "No primeiro diasenti sintomas como deuma gripe, mas depois fuisentindo muitas pontadasna barriga, sentia malestar e suava demais.Desmaiei em casa e fuisocorrida pelo meu maridoe meu filho", relembra.

Vanda conta que um diaantes de se sentir mal ofilho já havia ido ao médi-co e recebido o diagnósti-co de dengue "No outrodia fiquei internada nohospital preocupada comele doente em casa", conta.

Segundo Vanda daSilva, esta não é a primeiravez que teve a infecção"Tive dengue há mais oumenos dez anos e nesteperíodo meu marido tam-bém teve dengue. Todostêm que se conscientizar enão deixar água parada,tenho medo de ter denguenovamente. Sempre fuicuidadosa, mas os cuida-dos na eliminação dosfocos redobraram", conta.

CAMPANHA ‘Dengue. Sevocê agir podemos evitar’.Esta é a campanha desteano que pretende mobi-lizar o país contra adoença. De acordo com osite do Ministério daSaúde foi realizada emagosto uma pesquisa nascidades de BeloHorizonte, Foz do Iguaçu,Brasília, Rio de Janeiro,Rio Branco e Recife comhomens e mulheres de 25a 45 anos que trabalhamem diversos setores, excetoos trabalhadores da áreade saneamento e saúde. Apesquisa teve como resul-tado que os adultos entre25 a 35 anos se preocu-pam menos com a doença.

Os brasileiros entrevis-tados consideram impor-tante estarem inseridos naluta contra os focos domosquito e reconhecem oempenho do governo nocombate a doença. E elesesperam que a campanhaveiculada na mídia sejamais impactante, mostran-do dados estatísticos demortalidade e com partici-pação mais ativa dasociedade.

DENGUE PREOCUPA O SÃO GABRIELPara tentar diminuir o alto índice de casos de dengue no Bairro São Gabriel, que coloca aRegião Nordeste em estado de alerta, o Levantamento de Índice Rápido fornece agentesque vistoriam as casas, além de realizar pesquisas que auxiliam no combate à doença

[ ]“SEMPRE FUI CUIDA-

DOSA, MAS OS CUIDA-DOS NA ELIMINAÇÃO

DOS FOCOS REDO-BRARAM”

VANDA DA SILVA

[ ]DE JANEIRO A NOVEM-BRO DESTE ANO FORAM

REGISTRADOS 339CASOS SUSPEITOS DE

DENGUE NO POSTO DE

SAÚDE SÃO GABRIEL

– Não deixe água parada em pneus e uten-sílios. Remova folhas, galhos ou qualquermaterial que impeça a circulação da água nascalhas da residência;

– A vasilha que fica abaixo dos vasos de plantas não pode ter água parada. Deixe estasvasilhas sempre secas ou cobri-las com areia;

– Caixas d’água devem ser limpas constantemente e mantidas sempre fechadas e bemvedadas. Ou mesmo qualquer outro tipo de reservatório de água;

– Vasilhas que servem para animais domésticos beber água não devem ficar mais doque um dia com a água sem trocar e a vasilha deve ser esfregada com bucha, pois africção eliminará ovos que tenham sido depositados pelo mosquito;

– As piscinas devem ter tratamento de água com cloro (sempre na quantidaderecomendada). Piscinas não utilizadas devem ser desativadas (retirar toda água) e per-manecer sempre secas;

– Garrafas latas, vasilhas e copos devem ser armazenados em locais cobertos e sem-pre de cabeça para baixo. Se não forem usados devem ser embrulhados em sacos edescartados no lixo (fechado);

– Não descartar lixo em terrenos baldios e manter a lata de lixo sempre bem fechada.

A coordenadora de combates às zoonoses, Rosângela Porto, mostra um tubo com larvas encontradas em uma casa

Moradora da região, Vanda da Silva, após ter dengue, passou a se preocupar mais com os cuidados contra o mosquito

JULIANA CRISTINA

JULIANA CRISTINA

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DENGUE

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6 ComunidadeDezembro • 2010jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

IDOSOS BUSCAM VIDA MAIS SAUDÁVELn

ANDERSON ROCHA,6º PERÍODO

Era uma daquelas manhãs quepareciam adequadas para uma ativi-dade física: o clima ameno, quasefrio, era só mais um convite para ogrupo que aguardava pelo início dasaulas. Duas vezes por semana, maisde uma centena de pessoas se reúneem uma quadra de esportes, noBairro Padre Eustáquio, RegiãoNoroeste da capital, para se exerci-tar. Às 7h, a rotina encontrada ésemelhante à de uma academiacomum: alongamentos, música,exercício físico. Só um detalhe difer-encia tudo: ali, todos os partici-pantes têm mais de 50 anos. Éassim o Vida Ativa, programa daPrefeitura de Belo Horizonte queoferece a oportunidade de se exerci-tar gratuitamente e com acompan-hamento profissional.

É o caso de Olmida Marques deSouza, de 93 anos. Ela frequenta oCentro de Referência do Idoso, noPadre Eustáquio, uma das unidadesdo programa, há três meses. A pro-fessora aposentada conta que osexercícios físicos sempre fizeramparte da rotina, mas o diabetes adeixou afastada por oito anos."Fiquei cega e surda por causa dadoença. Eu não conseguia me virarsozinha na cama e precisava dealguém para cuidar de mim, parame levar ao banheiro", explica. Como tempo e o tratamento com osremédios específicos para o dia-betes, a enfermidade foi sendo aten-uada. O incentivo para voltar àsatividades físicas veio da filha,fisioterapeuta, e o resultado nãopoderia ser melhor. "Hoje minhasaúde está ótima. É muito bompoder fazer exercícios novamente",diz.

Assim como ela, cerca de outroscinco mil idosos estão cadastradosno Vida Ativa. Ao todo são 24unidades em todas as nove regionaisde Belo Horizonte. Em todas elas,além das atividades físicas, os par-ticipantes têm contato compalestras, passeios e lazer. "O nossoobjetivo é contribuir com o envel-hecimento saudável e a melhoria daqualidade de vida destas pessoas",explica Ricardo Donizete, supervi-sor do programa na RegionalNoroeste da capital. Segundo ele, as

atividades são seguras para osidosos, já que são de baixo impacto.Antes de se cadastrar, o interessadotraz um laudo médico que libera oparticipante para o exercício. "Oatestado é uma segurança, já que àsvezes a pessoa tem algum impedi-mento, como uma artrose (pertur-bação nas articulações)", explica.

Os exercícios não podem serfortes porque a pessoa idosa nãopode ter frequências cardíacas altas.Além disso, há chances maiores desofrer um AVC (Acidente VascularCerebral), conhecido popularmentecomo derrame. Para auxiliar emtodos os exercícios, há uma equipeformada por um supervisor e pormais dois profissionais da área deEducação Física (um formado eoutro em formação, estagiário).

Mesmo sendo exercícios de baixoimpacto, as consequências da ativi-dade são muito positivas. Segundo aeducadora física, Fabíola dos SantosSilva, 24 anos, o principal benefíciovisível é a melhoria no equilíbrio ena coordenação motora. "Para os

jovens, subir uma escada é a coisamais simples que existe. Para umidoso, não. Com o passar dos anos,a pessoa mais velha perde o equi-líbrio, o que causa quedas e perdaprogressiva da capacidade de execu-tar simples ações, como lavar umalouça ou dirigir", explica. Alémdisso, o programa é terapêutico:Fabíola conta que os professoresacabam sendo filhos, netos e quasepsicólogos. "Muitos sofrem com osfilhos, que os abandonaram ou nãodão atenção. Eles chegam tristes econversam com a gente e se sentemmelhor", conta. "Gosto demais detrabalhar aqui. É uma honra", com-plementa.

Maria José da ConceiçãoAlmeida, 67 anos, é exemplo decomo o programa pode ajudar a sesentir melhor. A entrada no progra-ma veio após a morte do marido e oinício de uma depressão, há seteanos. "Minhas colegas me convi-daram para participar. Insistiram.Comecei a ir por causa delas. Gosteie estou até hoje", conta. Segundo

dona Maria, hoje quem ajuda é ela."Hoje, algumas das amigas até ficamdesanimadas em vir. Eu não deixo.Vou lá e chamo pra vir comigo, paraque elas fiquem animadas de novo",complementa.

A psicóloga Patrícia Freitas, 34,explica que o contato social é muitoimportante para os idosos. "Para aspessoas nesta faixa etária, é funda-mental criar uma rede de relaçõessociais, uma vez que muitas delasnão tem", explica. Segundo ela, écomum muitas senhoras dedicarem avida na educação dos filhos e, depois,vê-los partir. "Quando os filhostomam seu rumo, sobra um espaçona vida desses pessoas que é precisoque seja preenchido de maneira pos-itiva e produtiva", afirma.

Para o aposentado José dasGraças Zacarias, 63, neste um anono programa, só bons resultados."Fiquei muito mais disposto. Estoudormindo melhor, me alimentandomelhor", conta. Luiz Gonzaga deMagalhães, 68, entrou no programana mesma época que o colega. Os

benefícios também são parecidos."Estou mais disponível e animadopara fazer as coisas", diz. "Jovens ouvelhos, na melhor idade, como mesinto ou na idade mais nova, o exer-cício significa uma vida mais feliz,melhor", afirma Luiz. "Tenho umasamigas muito desanimadas.Arrumam dor para se queixar. É doraqui, dor ali. Não pode ser assim",complementa Maria José daConceição Almeida.

MINORIA Qualidade de vida nãotem sexo. Mas no Programa VidaAtiva, os homens ainda estão emmenor quantidade. No Centro deReferência do Idoso, das 320 pes-soas cadastradas nos turnos damanhã e tarde, cerca de 80% sãomulheres. Para Ricardo Donizete,supervisor do projeto na RegionalNoroeste da capital, um dosmotivos pode ser que os homenstendem a gostar de atividades deforça ou de cartas, por exemplo. "Osexercícios têm alongamento, dança,música. As mulheres parecem sesentir mais à vontade com esse tipode atividade. Este tipo de atividadecostuma agradar mais as mulheres,que parecem se sentir mais à von-tade", explica. Luiz Gonzaga deMagalhães, 68, sugere outra expli-cação. "Os homens parecem nãonecessitar de exercícios. São orgul-hosos ou têm vergonha. E não devi-am ter, já que é uma atividade tãoboa para todos, homens e mul-heres", diz o aposentado que está háum ano e meio no programa.

Para a psicóloga Patrícia Freitas,34, a menor presença de homens emprogramas e atividades que buscamcuidar da saúde é sintoma de umproblema maior. Segundo ela, é car-acterística do sexo masculino aresistência à procura de médicos, oque explica a morte precoce doshomens em comparação com mul-heres idosas. Patrícia explica quequando eles chegam a descobriruma doença grave, elas já estão emestágios avançados. "Analise pelaspessoas que você conhece.Geralmente, quem morre primeiro:o avô ou a avó? O pai ou a mãe?",diz. "Temos um problema de saúdepública. Além do preconceito e davergonha, os homens precisamcuidar mais da saúde", afirma.

O programa Vida Ativa, realizado pela prefeitura de Belo Horizonte, convida pessoas com mais de 50 anos a

se exercitarem duas vezes por semana em praças e quadras da cidade. Ao todo já são 5 mil inscritos

Grupo de inscritos no programa Vida Ativa realiza os exercícios propostos pelos educadores fisicos contratados pelo projeto

ANDERSON ROCHA

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ADRIANA BENEVENUTO,LAURA DE LAS CASAS,4º E 3º PERÍODOS

Por causa de uma dor nos pésque persistia mesmo depois demuitos remédios e fisioterapia,assistindo a um programa de tele-visão, a dona de casa Denise Mariade Almeida conheceu um poucosobre os tratamentos feitos pormeio da acupuntura. Moradora daRegião Noroeste de Belo Horizonte,Denise foi encaminhada por seumédico homeopata ao Centro deSaúde Carlos Prates, encontrandopor lá profissionais da saúde querealizassem esse tipo de cuidado."Realmente deu certo, porque eufiquei dez anos sem sentir dor nospés", conta a dona de casa sobre otratamento.

Desde 2005, o Centro de SaúdeCarlos Prates oferece cuidados alter-nativos como acupuntura e home-opatia para seus pacientes. Segundoum dos dois médicos homeopatasdo centro, Celsio Gontijo, a procuratem aumentado bastante, devido amaior divulgação do trabalho."Procuramos divulgar com o pessoalda rede de saúde", conta o médicoque atende no centro há dois anos.Celsio acredita que o que faz as pes-soas procurarem por esse trabalho éa possibilidade de um tratamento

mais leve. Para ser atendido no Centro de

Saúde, é necessário que o pacienteleve algum documento de identi-dade e um comprovante deendereço no mesmo nome. Casoqueira participar dos tratamentosalternativos oferecidos, o pacientedeve ser examinado anteriormentepor um médico que encaminharásua ficha para que o homeopata ou

acupunturista começe com os cuida-dos. A dona de casa Denise Mariaconta que sempre que têm algumador que os remedios não sãocapazes de curar, recorre á acupun-tura. "A melhora é exelente",ressalta.

Não é só Denise que acredita nopoder das agulhas. A médicaacupunturista Soraia Figueredoexplica que essa terapêutica não tra-

balha com remédios. Segundo ela,as agulhas entram para estimular opotencial de melhora do organismodo paciente. "Até mesmo nasdoenças crônicas, além de diminuira dor, a longo prazo, diminui o usode medicamentos", completa Soraia.A médica conta que as pessoasprocuram a acupuntura para curardesde ansiedade até paralisia facial,mas que 70% dos pacientes procu-

ram o tratamento por causa dedoenças músculo-esqueléticas etranstornos emocionais. "Tempatologias que a acupuntura trataperfeitamente bem, em outras elaatua como complemento", enfatizaa doutora, que atende cerca de 45pacientes por semana.

A estudante Júlia Farias começoucom os cuidados homeopáticosdesde o começo do ano, devido auma forte dor de cabeça. Para amenina, é preciso ter paciência, masos resultatos aparecem. "Eu quasedesisti, mas depois começei a mel-horar, foi uma luz, um alívio", contaa estudante. Ela trata com CélsioGontijo e pretende continuar seuciclo até obter alta. O médicoatende cerca de 25 pessoas por sem-ana, bem menos que na sessão seacupuntura devido ao tempo quesuas consultas exigem. "Temos queconversar com o paciente, sabersobre seus problemas, é um trabalhomais aprofundado", explica.

Dessa forma, os métodos semuso de medicamentos conven-cionais vão ganhando espaço naáerea da saúde, deixando de serdesconhecidos pela comunidade.Para os médicos, é uma satisfaçãover o aumento da procura pelo tra-balho que oferecem. "Saúde não secompra em farmácia, tem que culti-var", completa a médica Soraia.

Aumenta procura por tratamentos alternativosADRIANA BENEVENUTO

A acupunturista Soraia Figueredo trabalha no Centro de Saúde Carlos Prates todas as manhãs e demonstra satisfação com a demanda atual

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7Campus Dezembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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FELIPE AUGUSTO,RAÍSSA PEDROSA,1º PERÍODO

O festival “Mostra aCara” promoveu umamaratona com dez apre-sentações de peças teatraisde curta duração em umúnico dia, encenadas poralunos da Escola de Teatroda PUC Minas. A cenaque teve mais votos dopúblico foi "Dorotéia",com texto de NelsonRodrigues, adaptado edirigido por GustavoFreitas, 26 anos, com elen-co composto por trêshomens que interpretarampapéis femininos, sendoque os atores estavam ca-racterizados com roupasmasculinas. "São trêshomens em cena com ati-tudes de homem, tudomasculino, mas com ointerior feminino, e esseinterior a plateia não podever, o que pode mostrarmesmo é a masculinidadee mostrando à plateia quesomos mulheres somenteno texto, o que é bem difí-cil, porque o texto tem queser bem falado, interpreta-do e bem articulado", dizVictor Pedroza, 17 anos, eestudante de teatro há umano.

O festival, realizado em8 de novembro, na Escolade Teatro da PUC Minas,tem caráter independente.O “Mostra a Cara" é isso: éo ator vir com a ideia delee dar a cara a tapa, porqueé assim que o ator cresce",diz Gustavo. O festivalestá em sua terceira ediçãoe foi organizado por umgrupo de quatro ex-alunos,que também participaramdas apresentações comintervenções nos interva-los das cenas. Integranteda comissão de organiza-ção e ator da cena chama-da "Party Monster",

Gustavo Freitas destaca aimportância do festivalpara os estudantes deteatro. "É um projetomuito bacana que, desdeque eu estou na escola,desde 2006, não tinhanenhum festival assim,então é uma coisa dealunos para alunos, que euacho que me identifiqueimuito por isso. Logo naprimeira edição eu queriatrabalhar na produção, e jána segunda eu entrei nacomissão", diz.

Entre o público pre-sente, alguns eram fami-liares dos atores e atrizes,e foram não só para presti-giar como também paradar uma ajuda mais queparcial na votação. SheylaFátima Costa, 34 anos,assistente social e esposade Sérgio Amândula, 36anos, ator, bonequeiro e

contador de histórias queapresentou a cena intitula-da "Famigerado", deGuimarães Rosa, diz quedá apoio em todas as aspi-rações do esposo. "Euapoio porque ele gosta defazer, sou a fã número um.Ajudo a decorar textos, apassar a cena. Ele ensaiano chuveiro, tudo parafazer um grande espetácu-lo", conta. Já Péricles deSouza, jornalista da TVAlterosa, pai de DanielTartáglia, 22, tambémintegrante da cena"Dorotéia", foi dar umaforça ao filho. "Vim presti-giar o meu filho porquesou seu maior incenti-vador. Eu mesmo quisfazer teatro, mas com aesposa grávida, trabalhan-do, tive que priorizar a car-reira de jornalista, e eleque nasceu com essa

vocação, eu faço questãode apoiá-lo em tudo", afir-ma.

Atores da cena teatralde Belo Horizonte tam-bém marcaram presença,como Gustavo Mar-quezini, 26, ator profis-sional, ex-estudante daEscola de Teatro da PUCMinas e integrante do"Grupo Oficina Mul-timédia". "Vim prestigiar oevento. É uma coisa quevem crescendo e esperoque um dia este eventoseja prestigiado por pes-soas do meio artístico, poistem muita gente boa aí. Éuma oportunidade domeio artístico conhecer asrevelações do teatro deBH", ressalta. Sobre ascenas apresentadas, Mar-quezini diz ter gostadobastante, “Acho que o pes-soal foi muito bem. Eles

erram, aprendem e,através das votações, ospróprios atores se avaliame veem o que têm que me-lhorar", diz.

Outro destaque do festi-val, Felipe Nogueira, 20anos, que dirigiu e atuouna cena “Drum-mondeando”, a segundamais votada, que recebeu30 votos, e que litera-lmente deu sangue em suaapresentação. Enquantorecitava um dos cinco poe-mas de Carlos Drummondde Andrade que compu-nham a cena junto ao seugrupo do elenco, foi apoiaruma garrafa no chão,enquanto interpretavaDrummond em ummomento de embriaguez,quando a garrafa quebrou,cortando sua mão. "Noteatro é assim mesmo, foium imprevisto que eu

acabei cortando minhamão, na hora que eu visaindo sangue, me ener-gizei um pouco, a gente seadapta e não pode sair doestado do personagem,tanto que eu falei commeus colegas de elencodepois, que valeu por quetodos mantiveram o esta-do", conta FelipeNogueira.

Segundo Pedro Piazzi,20 anos, ex-aluno e organi-zador do "Mostra a Cara",o evento atingiu seu obje-tivo. “O festival cumpriubem seu intuito, de que osalunos expressassem suasideias, para o público, esem o direcionamento deum professor, por elesmesmos, como o próprionome diz, o ator vai lá emostra a cara", diz.

FESTIVAL DE CENAS CURTAS NA PUCO “Festival Mostra” a Cara foi promovido no dia 8 de novembro, na Escola de Teatro da PUC Minas, por um grupo de quatro ex-alunos da universidade, e

esta foi a sua terceira edição. No evento, os atores tiveram a oportunidade de interpretar cenas de grandes autores, como Nelson Rodrigues e Guimarães Rosa

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REBECA PENIDO,4º PERÍODO

Os tapumes na entrada doMuseu de Ciências Naturais daPUC Minas, no CoraçãoEucarístico, sinalizam que embreve o local receberá a construçãode um auditório com capacidadepara 220 pessoas. O espaço, aolado do museu, beneficiará princi-palmente os estudantes de escolasdo ensino fundamental e médio, jáque palestras e cursos serão ofere-cidos aos visitantes. O projeto foiaprovado, mas as obras sócomeçam no ano que vem.Mesmo assim, a previsão é de queo auditório fique pronto em 2011,com recursos financiados pelaprópria universidade e peloInstituto Estadual de Florestas(IEF). A reforma também contem-pla a transformação de umpequeno barracão nos fundos emuma oficina de taxidermia, câmerafria e moldes para a conservaçãodo acervo, pois as peças expostasno museu são, na verdade, réplicasde esqueletos.

Outras mudanças no local têm

como objetivo a inclusão de pes-soas com necessidades especiaispara que elas tenham contato comalgumas peças das coleções. Aconstrução dos chamados jardinsde cheiros, canteiros com floresque permitem os deficientesvisuais sentirem os objetos, é con-siderada uma obra simples e emandamento.

Segundo o diretor do Museu deCiências Naturais da PUC Minas,Bonifácio José Teixeira, mudançaspara facilitar o acesso estão sempreem pauta nas decisões do museu, ecita as rampas e o elevador comoexemplos de acessibilidade. Paraele, as adaptações só não são pos-síveis em locais cujas característi-cas específicas precisam ser conser-vadas, como a trilha da mata queperderia suas especificidades casofosse cimentada. "Nestes casos, édifícil modificar porque a ideia éque a pessoa se sinta no meio damata", explica.

Em finalização, as reformas doCerrado e da Caverna, no segundoandar do museu, estão previstaspara o ano que vem. JoséBonifácio explica que a parteinterativa do projeto ainda não foi

concluída, mas adianta que serápossível clicar na imagem de umanimal da época Pleistocena –entre 1 milhão e 806 mil e 11 mile 500 anos atrás aproximada-mente – e obter informações emáudio e vídeo. Raphael Bastos, 13anos, que já visitou o museu daPUC com os colegas da escolaDesembargador Mário Matos,acredita que os recursos em audio-visual ajudarão o visitante. "É maisuma ferramenta para aprender ese divertir. Torna a ida ao museumais fácil e agradável para todomundo", afirma.

O Museu de Ciências Naturaisda PUC fica à Avenida Dom JoséGaspar, 290, no bairro CoraçãoEucarístico, e está aberto à visi-tação a partir das 8h30 nas terças,quartas e sextas-feiras, com encer-ramento das atividades às 17h. Àsquintas o horário de funcionamen-to vai de 13h às 21h. O museutambém abre aos sábados e fe-riados, de 9h às 17h. A entradacusta R$ 4, crianças de até 5 anose maiores de 60 não pagam.Estudantes da PUC têm acessolivre mediante a apresentação dacarteirinha.

A peça “Dorotéia”, de Nelson Rodrigues, foi adaptada por Gustavo Freitas, 26 anos, e encenada por três alunos da PUC Minas, que interpretaram papéis femininos trajando roupas masculinas

RENATA FONSECA

Museu de História Natural terá novidades em 2011

O Museu de Ciências Naturais abrigará auditório, que começa a ser construído em 2011

RENATA FONSECA

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8jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas jornalmarcolaboratório do

VIOLÊNCIA É OBSTÁCULO NA PROCURA POR VIDA DIGNA PARA MORADORES

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ANA PAULA BRAGA,FELIPE DAMIÃO,LARISSA SOUZA,LAURA MILAN,MATHEUS MACIEL,7º PERÍODO

Sujeira, esgoto a céu aberto, malcheiro e lixo para todo lado. Ratos,galinhas e porcos brigam pelomesmo espaço que os moradores daVila São José, Região Noroeste deBelo Horizonte. Mas, para o aposen-tado Gilberto Fernandes Conceição,63 anos, a realidade mudou há umano, quando realizou um sonho anti-go. Ele deixou a vila e foi reassenta-do em uma das unidades habita-cionais do Vila Viva, programa daPrefeitura de Belo Horizonte, emparceria com o Governo Federal."Tenho mais qualidade de vida esegurança. Aqui, sim, é uma casadigna de morar", avalia. Para ele, nãofoi difícil se adaptar ao novo ambi-ente, no qual investiu mais de R$ 5mil em reformas e novas mobílias."Acho um absurdo alguns moradoresda vila reclamarem deste programa.As nossas condições melhorarammuito. Estamos em uma felicidadetotal", diz.

Na beira do córrego São José, emmeio às precárias condições desaneamento da Vila, está a casa deMaria Geralda Cândida, umaaposentada de 60 anos que moracom seus dois filhos adolescentes.Recentemente, seu barraco foiavaliado pela Prefeitura de BeloHorizonte para atender às propostasde reassentamento de todas as 2.400famílias da região através do progra-ma Vila Viva. Dona Geralda, como émais conhecida, reclama do valorque foi oferecido pelo imóvel, de R$13 mil. "É muito pouco e não dápara pagar um pedreiro para constru-ir outra casa", ressalta. Ela faz partedas 797 famílias que aguardam o tér-mino das obras de construção dasunidades habitacionais para melho-rar logo de vida. "Prefiro aceitar oapartamento porque não vai valer apena aceitar a indenização em di-nheiro", afirma.

O valor máximo das indenizaçõespagas pela Prefeitura de BeloHorizonte na Vila São José é de R$152 mil e o mínimo avaliado foi deR$ 2,5 mil. Um apartamento popu-lar de dois quartos, sala, cozinha ebanheiro construído pelo programahabitacional do município custa, emmédia R$ 45 mil, enquanto que umde três quartos sai por, aproximada-mente, R$ 55 mil.

Outra família que preferiu receberum apartamento do programa foi ada estudante Cândida Vitória, de 13anos. Depois de ficar no meio de umtiroteio entre traficantes na Vila SãoJosé e presenciar um homicídio naporta de sua casa, a adolescente con-segue perceber, hoje, o que é morarem segurança junto da comunidade.Há um ano, ela e sua famíliamudaram para as novas unidadeshabitacionais do programa Vila Viva.Agora, além de conquistar o próprioquarto e poder dormir confortavel-mente sozinha, Vitória foi eleita asíndica mirim do condomínio. Para ajovem, é essencial ser responsávelpara adquirir respeito com os demaismoradores, ainda mais com obri-

gações. "Eu quis ser síndica. É legal,mas, ao mesmo tempo, dá trabalhoporque tenho que chamar atençãodos meninos que pisam na grama ourabiscam a parede, por exemplo",avalia Vitória. Ela diz fazer questãode participar de todas as reuniões esugerir novas ideias.

Segundo Nikolas Trevizani, geó-grafo e técnico social da AssessoriaSocial e Pesquisa (ASP), empresacontratada para a realização do tra-balho social, sob a coordenação daCompanhia Urbanizadora de BeloHorizonte (Urbel), o cargo de síndi-co mirim surgiu da possibilidade deum diálogo mais próximo e apropria-do com as crianças dos condomínios.

"A atuação dos síndicos é acom-panhada de perto pelos técnicossociais que promovem capacitações,

encontros e discussões dos proble-mas que estão vivenciando, além depropor ações e melhorias conjuntas",explica. Entre as atividades desen-volvidas pelos síndicos mirins,encontra-se a conservação dosjardins, organização de eleições paratroca de síndico, mutirão de limpezanas áreas comuns, mobilizações parareuniões e a confecção de brinque-dos com materiais recicláveis. "Valedestacar que a equipe observou emdiversos blocos e condomínios signi-ficantes melhorias, justamente empontos cruciais como a correria nasescadas dos blocos, as mãos sujas nas

paredes e o futebol no estacionamen-to", completa.

A aposentada Solange MariaCoelho, 50 anos, vizinha do conjun-to habitacional acompanhou a obradesde o início. Solange mora com ofilho há mais de 20 anos na região esegundo ela, a construção não preju-dicou em nada sua vida, ao con-trário. "A região está mais iluminada,fiz amizades com os moradores dosapartamentos, está uma tranquili-dade só", afirma.

VILA VIVA O Programa Vila Vivatem como meta reduzir o déficithabitacional, melhorar e recuperarum estoque de moradias já exis-tentes por meio da reestruturaçãofísica e ambiental dos assentamen-tos, desenvolvimento social eeconômico, além da melhoria dascondições de vida da população.

O objetivo do programa, segundoa Secretaria Municipal de PolíticasUrbanas (Smurb), é reassentar 2,4mil famílias sendo que, deste total,1.603 já foram indenizadas.Segundo dados da prefeitura, o pro-grama oferece como principais açõesobras de saneamento, remoção defamílias, construção de unidadeshabitacionais, erradicação de áreasde risco, reestruturação do sistemaviário, urbanização de becos,implantação de parques e equipa-mentos para a prática de esportes elazer.

O empreendimento recebeu cercade R$115 milhões de investimento efoi o primeiro a ser iniciado na capi-tal mineira com os recursos doPrograma de Aceleração do Cres-cimento (PAC). No cronograma deobras na Vila São José, tambémestão previstas a implantação deáreas de lazer, como parque esporti-vo e espaço de convivência, cons-trução de redes de água e esgoto e deuma estação do BHBus. 40% daobra de canalização do córrego SãoJosé está concluída bem como aabertura de 70% das 25 vias locais.

São 1408 unidades habitacionaisdistribuídas em 88 blocos, sendo888 apartamentos de dois quartos e520 apartamentos de três quartos.Até o momento, de um total de 2175imóveis na Vila, 1774 estão libera-dos e 401 aguardam a finalização daconstrução das unidades habita-cionais ou a liberação do pagamentoda indenização.

Com a derrubada dos barracos,serão interligadas as avenidas PedroII, Tancredo Neves e João XXIII.Esta iniciativa promete resolver oprincipal gargalo do trânsito naregião formando um corredor viárioentre as regionais da Pampulha,Noroeste e Centro-Sul da capital.Conforme informações da Smurb,200 metros da Avenida João XXIII e600 metros da Avenida TancredoNeves já foram finalizados.

EDUCAR PARA SE ADAPTAR Afamília da dona de casa, MarilenePereira, 44, ainda está em fase deadaptação no novo apartamento queganharam, na Vila São José. Amoradora se diz satisfeita com a casae acredita ter melhorado a qualidadede vida. "Aqui é muito bom. Nãotem mais bagunça e meus meninosbrincam a vontade. (Minha casa) eraperto do córrego e tinha muito lixo esujeira. Agora aqui é limpinho", diz.

Algumas famílias têm problemasde adaptação porque aindaenfrentam dificuldades em conciliara vida anterior com o novo cotidi-ano dos prédios. Para a assistentesocial da Urbel, Flávia Mota, cadamorador possui o próprio tempo dese adaptar e de construir sua identi-dade territorial. "Essa questãodepende muito da história de vida,da cultura social daquele morador,que ainda não tem autonomianecessária para reconhecer suasnovas condições de moradia.Quando identificamos esse tipo deproblema na Vila São José, atuamoscom um atendimento mais especia-lizado e direcionado, na tentativa deeducar toda a família", afirma.

[ ]“TENHO MAIS

QUALIDADE DE VIDAE SEGURANÇA. AQUI

SIM É UMA CASADIGNA DE MORAR”

GILBERTO FERNANDES

[ ]“AQUI É MUITO BOM.NÃO TEM MAIS BAGUNÇAE MEUS MENINOS BRIN-

CAM A VONTADE”MARILENE PEREIRA

Os barracões da comunidade São José estão sendo substituídos por apartamentos, onde os moradores passaram a ter serviços de luz, água e saneamento

O Programa Vila Viva, implantado pela Prefeitura de Belo Horizonte, ofereceu aos moradores da Vila São José moradias de qualidade e diminuiu o déficit habitacional

Para oferecer aos moradores da Vila São José melhores condições de vida, por meio de moradias de dois e três quartos em condomíniosconstruídos pela Prefeitura de Belo Horizonte, o programa Vila Viva tem que superar diversos obstáculos. No último dia 10, a PolíciaMilitar de Minas Gerais realizou operação motivada por denúncias da expulsão de famílias do local, por traficantes. De acordo com aCompanhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), por meio de sua Assessoria de Comunicação, a situação voltou à normalidade. Porquestão de segurança, os moradores expulsos serão remanejadas para outras unidades residenciais. A Prefeitura está analisando cadacaso e até a conclusão das transferências, será pago um aluguel de R$ 300 para cada família. No dia 12 passado, 144 novos aparta-mentos foram entregues ali. Nesta reportagem do MARCO, são contadas algumas histórias de superação e de dignidade de pessoasem busca de uma vida melhor.

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Especial Vila São José 9Dezembro • 2010docursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas jornalmarcolaboratório

RA POR VIDA DIGNA PARA MORADORES

mentos, onde os moradores passaram a ter serviços de luz, água e saneamento

os moradores da Vila São José moradias de qualidade e diminuiu o déficit habitacional

Esgoto à céu aberto, mau cheiro e lixos dividiam espaço com os moradores da Vila São José que veem suas realidades mudarem com o Programa Vila Viva

FELIPE DAMIÃO

LAURA MILAN

FELIPE DAMIÃO

Michele Alves dos Santos, 25,anos, mudou-se para o conjuntohabitacional em março do anopassado e sentiu dificuldades emcontrolar as despesas. Sem cos-tume de pagar contas de água, luze condomínio, os gastos aumen-taram e por consequência, as dívi-das. Depois de perder o empregocomo vendedora, ela recebeu umaproposta de trabalho na FábricaSocial, projeto de geração derenda do programa Vila Viva.(Leia mais sobre o assunto na página10 desta edição).

"A oportunidade é muito boa,porque eu mesmo nunca tinhasentado em uma máquina naminha vida, eu não sabia nemligar. Agora além de ganhar um

dinheiro para pagar minhas con-tas, posso ter uma profissão",comenta Michele dos Santos.

Depois das assistentes sociaisrealizarem um diagnóstico com asmoradoras da vila e ter comoresultado uma grande vocaçãopara a área da costura, o projetofoi implementado. As partici-pantes produzem lençóis e fro-nhas para serem vendidos parahospitais, além de uniformes eoutros produtos.

Segundo a monitora TeresaCristina Teixeira, 38, além doretorno financeiro, a atividadeajuda no bem estar pessoal dasintegrantes. "A gente percebe queo trabalho ajuda muito na autoestima de cada uma e com isso é

possível conseguir resultados ma-ravilhosos. A força de vontade e adeterminação em dar uma vidamelhor para os filhos, faz com queelas produzem mais, ganhem maise se sintam bem", observa.

Nem todas que iniciaram oprocesso de aprendizado conti-nuam no progranma. "Algumaschegaram à conclusão que nãotinham afinidade com o trabalho,com uma máquina de costura,com uma tesoura. Então, elasperceberam que teriam que procu-rar outra coisa. Essas que estãoaqui sempre tiveram muita von-tade de aprender a profissão",explica Teresa.

Projeto Fábrica Social é alternativa para quem teve aumento de despesas

Não são todos os moradoresque estão satisfeitos com a vidanos conjuntos havitacionais viabi-lizados pelo Vila Viva.Incomodada com a falta de pri-vacidade e a presença constantede usuários de drogas na porta docondomínio, a aposentadaM.C.S., não vê a hora de semudar do novo apartamento dedois quartos em que mora.

Segundo ela, por não ter aceitoa indenização em dinheiro ofere-cida pela Prefeitura, a única opçãoque restou foi morar no conjuntohabitacional construído pelo pro-jeto Vila Viva. "Moro em qualquerlugar, menos aqui. Não tenhosossego nem para dormir. Estoutomando até mais remédios doque antes. Meus netos, que sãopequenos, nem podem me visitarporque ficam muito expostos aotráfico", afirma revoltada.

O clima entre os moradores dealguns blocos está comprometido.Com apartamentos invadidos hámais de três meses, os moradoresse sentem intimidados e recebemconstantes ameaças. "Alguns

usuários de droga chegaram aarrancar a tampa do hidrômetropara cheirar pó. Além da maco-nha, que vem gente fumar todasas noites", diz M.C.S. sobre o queenfrenta no dia-a-dia. "Tem genteque vem aqui para matar e que jásaiu daqui direto para a cadeia",acrescenta.

Segundo o Capitão RobertoFonseca de Oliveira, da oitavacompanhia, do 34° Batalhão deBelo Horizonte, o policiamentoda região é feito 24h por diaatravés do GEPAR (GrupoEspecialiazido em Áreas deRisco). "Sempre fazemos batidas(policiais) na Vila. Agimos atravésde abordagens de infratores,imprimindo mandados de busca eapreensão e fazendo visitas sis-temáticas a infratores que estãocom saída temporária do sistemaprisional", afirmou.

No dia 10, uma operação poli-cial de grandes proporções fezapreensões de drogas e armas emalguns apartamentos, além deprender sete pessoas suspeitas porparticipação no tráfico, dos quais

seis foram soltas no dia seguinte.Desde então, a presença ostensivada Polícia Militar no local foiintensificada.

De acordo com a Urbel, pormeio de sua Assessoria deComunicação, o trabalho de seusfuncionários continuara a ser feitonormalmente. Após a descobertade que famílias foram expulsas deseus apartamentos, a Prefeitura deBelo Horizonte decidiu fazer umrecadastramento dos habitantes.

A aposentada M.C.S, diz quepretende vender o imóvel queganhou o mais rápido possível.Ela conta que o apartamento emque mora vale, hoje, cerca de R$60 mil. "Não aceito indenizaçãoou vender por um valor menor",ressalta. Ela diz também que maisde 11 moradores do prédio serecusam a pagar taxa de con-domínio e que não quer arcar como prejuízo alheio. "Assumir contados outros? Se o povo não querpagar isso, vão querer cuidar doresto?", indaga a moradora in-dignada.

Perigo causado por usuários de drogasrevolta habitantes do programa Vila Viva

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10 Especial Vila São JoséDezembro • 2010jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

A Associação daVila São José poderiabem se chamar Fá-brica dos Sonhos. Aomenos é isso o que ascostureiras e associa-das deixam transpare-cer. Apesar das dificul-dades, como a falta deestabilidade e depen-dência financeira, asmoradoras conseguemencontrar satisfaçãoao atuar em um tra-balho em que elasrecebem sobre o queproduzem, sem por-centagem de lucropara o patrão. Deacordo com a Urbel, amaioria dos mora-dores da região tembaixa qualificação eestão desempregadosou fazendo trabalhostemporários, o quepode ser visto comoum outro indicadorpara entender porquealgumas das mulheresapreciam tanto o tra-balho na Fábrica. "Agente não quer nuncaque isso acabe. É umsonho realizado quevamos fazer de tudopara não deixar mor-rer", destaca AndréaFerreira, uma das cos-tureiras mais pró-ati-vas.

É ela quem mostraas instalações, contahistórias e demonstrade maneira maisintensa sua alegria nolugar. É ela tambémquem aponta o motivode tanta gente terdeixado o projeto."Aqui ainda não temestabilidade, não te-mos fornecedoresconstantes e nem sus-tentabilidade. A pro-dução não dá paragarantir um saláriomínimo para todomundo", conta. Po-rém, ela relembra queter passado pelaFábrica ajudou pes-soas que não tinhamformação a acharemum espaço no merca-do. "Muita gente saiudaqui e está no merca-do de trabalho. Elasconseguiram empre-gos em confecções porcausa do que apren-deram aqui", conta.

Para quem nãopode ou não quisrecorrer às outras

empresas, a FábricaSocial continua sendoa melhor opção. An-drelina das Graças foia primeira pessoa afazer a inscrição noprojeto. Há dois anosela trabalha com cos-tura e, antes de fazerparte da associação,trabalhava em casaconsertando roupas.Moradora da Vila SãoJosé há 25 anos, elaagora mora em umdos prédios dos con-domínios do programaVila Viva. "Adoro tra-balhar aqui, é o me-lhor emprego que eujá tive. Desde criançaque eu gosto de costu-rar. Eu consertavaroupas, mas só come-cei a costurar aqui,com o curso daqui. Euquero ficar aqui atéquando existir, todomundo aqui é meuamigo", destaca.

Já para CláudiaBarbosa dos Santos anecessidade é outra.Mãe de um garoto de4 anos, ela tem epilep-sia, o que limita muitosuas opções de em-prego. Cláudia está naFábrica Social hácinco meses e, pormais simples quesejam suas funções,adora o que faz."Sempre vinha aquiprocurando oportu-nidades, porque nãoposso trabalhar fora.Eu comecei (naFábrica) na máquina(costurando), mascomecei a passar mal eagora fico na passação(de roupa), alfineto,ponho bolso, arrema-to", conta. Segundoela, não se tratasomente das funçõesdesempenhadas, maso emprego fez comque Cláudia se sen-tisse capaz e respon-sável. "É meu primeiroemprego, ninguémnunca me deu oportu-nidade. Então eu soumuito grata, agarreiessa oportunidadecom tudo, pois tenhoum filho, CristianGabriel, para criar.Meu pai me ajudadesde que ele nasceu eeu ajudo lá em casacom o dinheiro queganho aqui", conta.

Na ‘Fábrica dos

Sonhos’ uma nova

realidade é viável

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ANA MARTINS, DIANA DO VALLE, GABRIELLA PACHECO,WASHINGTON GOMES,7º PERÍODO

Às margens da antigafavela da Vila São José, naRegião Noroeste de BeloHorizonte, está umpequeno negócio, que temperspectivas de umgrande futuro. A As-sociação Nova Esperança,também conhecida comoFábrica Social, foi umainiciativa da CaixaEconômica Federal, juntocom a prefeitura munici-pal. O objetivo dessaunidade era trabalhar ageração de renda junto àpopulação que está sendoremanejada da favela paraos condomínios doPrograma Vila Viva nobairro. Porém, ela fezmais do que isso. Como opróprio nome já expressa,a unidade produtiva deunova perspectiva de vidapara algumas mulheres dacomunidade, trazendo, defato, uma nova esperançapara essas moradoras davila. Apesar de ainda nãoter sustentabilidade eco-nômica, a Fábrica Social éa primeira associação dogênero em Minas Geraise, mais do que isso, repre-senta um exemplo paraoutras empreitadas defundo social com obje-tivos financeiros no esta-do.

O projeto tem sua basenas parcerias. As dire-trizes foram apresentadasà Prefeitura de BeloHorizonte pela CaixaEconômica Federal. Nateoria, a ideia é levar for-mação, conhecimento eprodução ao mesmotempo até a população. Ogoverno municipal com-prou a proposta e resolveuaplicá-la, por meio daCompanhia Urbanizadorade Belo Horizonte(Urbel). Desde o início, asmoradoras têm contadocom parceiros dos setorespúblico e privado, quefazem pedidos ou colabo-ram custeando gastos,como o aluguel. Os princi-pais parceiros foram esta-belecidos em umProtocolo de Intenções.De acordo com a coorde-nadora de trabalho socialda Urbel, Flávia Mota,uma pesquisa foi feitapelo departamento jurídi-co da companhia compro-vando que a entidade é apioneira do tipo no esta-do. "Ela é a primeira as-sociação já formada, quetrabalha com uma rede deparceiros. É diferente deuma cooperativa, elas sãomais independentes e têmcontrole sobre o própriodesempenho", afirma.

Iniciada em 2009, aunidade trabalhava com50 moradores que tiveramcapacitação em confecçãode silk e costura.Atualmente, 12 mulheresparticipam do projeto etêm toda sua renda vindadas peças de roupa queproduzem. "É bom porqueé pertinho de casa e não

FÁBRICA SOCIAL FORMA COSTUREIRASIniciativa da Caixa Econômica Federal, em parceria com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, a Associação Nova Esperança oferece capacitação às

mulheres da Vila São José, que não apenas aprendem diversas técnicas de costura, como também trabalham para gerar uma nova fonte de renda familiar

temos que nos preocuparcom patrão, somos respon-sáveis pela nossa própriaprodução", afirma AndréaVieira Ferreira, uma daspioneiras na Fábrica. Alémde terem sido capacitadaspara a costura, as mu-lheres também passarampor um curso de gestãopara que pudessemadministrar a Fábrica, quefunciona como uma as-sociação de confecção.

NEGÓCIOS A base de tra-balho hoje continua con-tando com alguns par-ceiros, entre eles a Urbel ea Anefis, a Agência deNegócios. Enquanto aprimeira investe na capa-citação, a segunda éresponsável pela assessoriatécnica à Fábrica Social.Literalmente, a Agênciaprocura e agenda traba-lhos e parcerias comempresas e instituiçõesque venham a precisar dosserviços.

Apesar de já ter cami-nhado bastante, o projetoainda não se mostrou sus-tentável e a renda geradapela produção não é está-vel, o que impede as cos-tureiras de tocarem onegócio sem a existênciade parcerias. "Elas pre-cisam de autonomia", afir-ma Flávia. Do ponto devista financeiro, a as-sociação ainda tem quecrescer, o que pode aconte-cer com a ajuda daAgência, que entrou efeti-vamente no projeto emjulho deste ano.

Para as associadas, odesafio no momento é omesmo que elas tinhamem suas vidas particulares:sair do aluguel. Para isso,buscam uma sede própria.O objetivo atual das as-sociadas é conseguir adoação de um espaço coma prefeitura. "Sabemos quea prefeitura tem ummonte de espaços poraqui, só queremos um queseja nosso para a gentenão precisar mais depen-der de alguém para pagaro aluguel", destaca AndréaFerreira.

CAPACITAÇÃO Atual-mente elas têm atendidopedidos de uniformes deuma empresa de segu-rança, o que exigiu dascostureiras uma novacapacitação. "Temos quefazer cursos paraencomendas diferentesporque são técnicas com-pletamente diferentes.Teve um cliente que agente fazia lençóis, isso ébem diferente desses uni-formes de agora", contaAndréa.

Apesar das queixas sobrea queda de produçãodurante períodos de curso,a capacitação contínua éessencial para que as cos-tureiras possam atenderum número maior declientes. "Esse mês dariapara tirar um salário, maso curso atrapalhou porquea produção da manhã estáparada", revela. Mesmocom isso, Andréa reco-nhece o benefício que ela e

suas colegas receberam."Aqui a gente tem oportu-nidade de aprender degraça, um curso dessecusta entre R$600 e R$700, e aqui é de graça",comenta.

Os cursos de formação ecapacitação são oferecidospela prefeitura. O que estásendo desenvolvido, até omês de dezembro, é o demodelagem, que atraiu atémoradores de outros bair-ros para participarem."Como em todas as turmasem que trabalho, aqui naVila São José existem pes-soas com habilidade natu-ral para a costura e outrasnão, algumas esforçadas eoutras nem tanto. É sem-pre assim, sempre temalgum talento e alguémque não leva tão a sério.Mas estou gostando muitode dar o curso e ensinarpara essas pessoas", afirmaa capacitadora CleideNogueira.

Um dos participantesde fora que se juntou aogrupo foi o ex-cami-nhoneiro Murilo Ferreira.Morador do BairroGameleira, ele conta quehá 30 anos aprendeu acosturar em um curso doSenai, mas nunca levou aprofissão à sério. Agoraque está aposentado dosvolantes, resolveu coman-dar as máquinas. "Estouachando esse curso ótimo,quero abrir a minha con-fecção em casa, já tenho asmáquinas, mas precisa demuita coragem", relata.

Na Fábrica Social, as mulheres aprendem a costurar através dos cursos de capacitação oferecidos gratuitamente

GABRIELLA PACHECO

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11CidadeDezembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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FABIANA SANTOS,FLORA PINHEIRO,IARA OLIVEIRA,JÚNIA VASCONCELOS,MARIANE SCHMITTD,RENATA CARVALHO,7º PERÍODO

Lotes vagos, córregos eruas são lugares comunsde despejo do lixo e entu-lho gerados em casa, prin-cipalmente por reformasou construções. Hoje esselixo pode ter um destinoadequado. A populaçãotem à sua disposição umserviço de carroceiroscadastrados que podem seracionados pelo telefone156.

O Projeto Carroceirosestimula o carroceiro aatuar como um agente delimpeza urbana recolhen-do pequenos volumes pelacidade. Para auxiliar nessetrabalho, foram criadas asUnidades de Recebi-mentos de Pequenos Vo-lumes (URPV) onde estestrabalhadores levam entu-lho que, posteriormente,são encaminhados a umadas usinas de reciclagemda Superintendência deLimpeza Urbana (SLU) daPrefeitura Municipal deBelo Horizonte. Na capi-tal, o projeto foi criado em1997 e já possui cadastra-dos 3.650 cavalos marca-dos e 1.800 veículosemplacados. SegundoMaria Stella Neves, repre-sentante do ProjetoCarroceiros da SLU e daUniversidade Federal deMinas Gerais (UFMG), oprojeto pretende reduzir apoluição urbana e oassoreamento de cursosd'água e dos sistemas dedrenagem pluvial. "Atravésdo Projeto Carroceirosbusca-se a recuperação daqualidade do meio ambi-ente urbano, e conse-quentemente torna o car-roceiro um agente de açõesambientais", afirma.

Em parceria com aUFMG, o projeto buscaesclarecer e orientar os car-roceiros quanto ao mane-jo, bem-estar, alimentaçãoe prevenção de doençasnos animais, dentre outrasatribuições. É de respon-sabilidade daUniversidade intervir edar assistência aos animaise melhorar a genética dosmais resistentes e adequa-dos para a tração animal.De acordo com Stella, ocontrole clínico da saúdedo animal é feito a partirda vacinação contra raiva,prevista no código sa-nitário municipal de BeloHorizonte e da marcaçãoque identifica e controlaos animais. "Os carroceirossão orientados empalestras que explicam oscuidados com o meioambiente, formas de as-sociação e trato dos ani-mais. Além disso, todosrecebem uma carteira comos dados pessoais e a iden-tificação do cavalo, que écadastrado e marcado comnitrogênio líquido",

comenta.Com todas as infor-

mações e documentações,os carroceiros se sentemmais seguros e inseridosno projeto. "É muito bomter a documentação doscavalos e as palestras deleis de trânsito. Para euandar com a carroça narua é a mesma coisa que'tocar' o carro", dizGeraldo Veloso de 54anos, sendo 35 deles dedi-cados como carroceiro.

Existem 29 Unidades deRecebimento distribuídaspor todas as regiões deBelo Horizonte. O materi-al pode ser entregue gra-tuitamente nestes locaisou pode se contratar um

carroceiro para buscar oentulho. "O preço cadacarroceiro faz o seu, ovalor varia de R$ 10 a R$20. É bem barato se forimaginar a distância e otanto de entulho que agente carrega. Tem dia quetenho que fazer quatroviagens, tem dia que nãotem nenhuma", contaGeraldo.

As URPVs não recebemlixo doméstico, resíduosindustriais, lixo de sacolão,serviços de saúde ou ani-mais mortos. SegundoWilson Felix Vieira, quetrabalha como encar-regado da URPV do BairroGlória, a quantidade deentulho tem aumentadocada vez mais. "Somente

nesta unidade recebemosem torno de 95 toneladasde lixo por dia, trazidospor 30 carroceiros. Trêscaminhões vêm aqui pordia para recolher o entulhoe não dá conta. Sempretem um vigia nestaunidade para evitar que aspessoas comecem a jogarlixos inadequados", afirma.

RECICLAGEM Problemasquanto ao destino corretodo lixo de grandes oupequenas obras têm sidosolucionados através doPrograma de Reciclagemde Entulho da ConstruçãoCivil de Belo Horizonte,que atua em parceria como Programa de CorreçãoAmbiental e Reciclagemcom Carroceiros. Os resí-duos recebidos nas URPVssão separados e recolhidosdiariamente pelaPrefeitura, que direciona oresíduo da Construçãocivil para as Estações de

Reciclagem de Entulho.Segundo Joaquim Pereira,chefe da divisão de reci-clagem da usina, situadano Aterro Sanitário dacapital, o material rece-bido passa por umatriagem onde é separado oque pode ser usado na pro-dução do agregado recicla-do e o que deve ser descar-tado. "O entulho recebidopelas usinas deve apresen-tar, no máximo, 10% deoutros materiais comopapel, plástico e metal, eausência de terra, matériaorgânica, gesso e amianto",descreve.

O entulho reciclável ébritado mecanicamente eesse material pode substi-tuir a brita e a areia emdiversas aplicações naconstrução civil, em espe-cial como base e sub-basede pavimentação asfáltica.Do que é reciclado, 90%são usados em obras públi-cas e 10% são vendidos.São processadas 170toneladas de entulho pordia. "Já que nas unidadesnão é cobrada nenhumataxa com gerador, trans-portador, isso serviriacomo um incentivo paraque o poder público possautilizar em detrimento dadiminuição dos gastos",afirma Joaquim. Algumasobras da prefeitura jáforam executadas com omaterial produzido nasusinas, como é o caso darecuperação de vias noBairro Santa Efigênia, naAvenida Tereza Cristina eobras do programa VilaViva.

O programa de Reci-clagem de Entulho daConstrução Civil de BeloHorizonte foi criado em1995 e é referência interna-cional em tratamento deresíduos deste tipo.Joaquim Pereira ressalta aimportância de iniciativascomo essa para a reduçãoda produção do entulho.De acordo com ele, osEstados Unidos reciclam25% dos resíduos da cons-trução civil, na UniãoEuropéia esse percentualchega a 28%. No Brasil sãoreciclados apenas 10% doque é produzido."Programas de reciclagemsão muito importantes paraa destinação correta e parao meio ambiente, porquetem lugares que o volumedesses resíduos chega a60% do lixo produzido,muito mais do que o lixodoméstico", acrescenta.

Já o Projeto Carroceirosrecebeu vários prêmios,dentre eles, o segundolugar do Prêmio Estadualde Sustentabilidade eGestão Ambiental deResíduos Sólidos Urbanos.O projeto também foireconhecido oficialmentepela Fundação GetúlioVargas (FGV), FundaçãoOswaldo Cruz, pelaOrganização das NaçõesUnidas (ONU) e pelaRevista Superinteressante.

CARROCEIROS AJUDAM A LIMPAR BHCriado em Belo Horizonte em 1997, o Projeto Carroceiros tem como principal proposta estimular carroceiros da capital mineira a agir como agentes de limpeza da cidade. Por meio da

iniciativa, muitos locais, como terrenos abandonados e córregos já estão sendo limpos por esses trabalhadores, que recolhem lixo e volumes de entulho e os encaminham para reciclagem

Com o crescimentodesenfreado da cidade ecom a aproximação daCopa de 2014, melho-rias físicas em váriaspartes da capitalmineira estão sendofeitas. Com isso, háuma grande preocu-pação em relação aodestino dos resíduossólidos que serão gera-dos por essas grandesobras. "A nossa cidadetem passado por umprocesso de reurbaniza-ção, várias avenidas eprédios antigos da capi-tal estão sendo revita-lizados, então a geraçãode resíduos é uma con-sequência disso tudo",diz o chefe da divisãode reciclagem da Usinade Reciclagem daPrefeitura de BeloHorizonte, JoaquimPereira.

A adoção de práticassustentáveis durante aCopa do Mundo, será odiferencial do Brasil emrelação aos mundiaisrealizados em outrospaíses. Em BeloHorizonte, o projeto dereforma do estádioGovernador MagalhãesPinto, o Mineirão, é doarquiteto GustavoPenna, e as primeirasobras na arena já ado-taram medidas susten-

táveis. A reutilização demateriais foi uma pre-ocupação desde o inícioda obra, um exemplosão as rampas de acessoque utilizou o concretoproveniente dademolição da arquiban-cada inferior. E, paragarantir o reaproveita-mento de boa parte dosresíduos produzidos naobra, os entulhos sãoenviados à Usina deReciclagem daPrefeitura de BeloHorizonte.

Segundo Joaquim,iniciativas como a ado-tada no complexoMineirão-Mineirinhotem acontecido fre-quentemente nasgrandes obras que estãosendo realizadas. "Essasobras já tem suasunidades de reciclagemmóveis. A construtorasabe que reciclandoaquele material, elepode ser reinserido nacadeia produtiva, o quegera uma redução decusto na obra", afirma.

Dentre as principaismudanças que atingirãoBH nestes próximosanos que antecedem aCopa do Mundo 2014,a obra de maiorempreendimento é arevitalização do AnelRodoviário. A inter-

venção, será custeadapelo Programa deAceleração doCrescimento (PAC 2)do Governo Federal eestá orçada em R$837,5 milhões. O proje-to prevê obras em 17trechos, contando comviadutos, trincheiras epassarelas em toda arodovia. A obra vaiacabar com os con-stantes congestiona-mentos nas ruas Ivaí ePará de Minas, naAvenida AbílioMachado, no AnelRodoviário, com refle-xos no trânsito dos bair-ros Dom Bosco, Alípiode Melo, Glória e PadreEustáquio, entre outros.

Segundo Joaquim,toneladas de resíduosserão produzidos comobras como essas."Intervenções que reuti-lizam o seu próprio lixo,colaboram infinita-mente com o meioambiente. Por isso, éimportante a conscien-tização no sentido der e a p ro v e i t a m e n t o .Acredito que nesse tra-balho os caminhoneirose os carroceiros serãonossos braços direitos,nossa grande ajuda",afirma.

Entulho da construção civil éreutilizado em grandes obras

[ ]“PARA EU ANDARCOM A CARROÇA NA

RUA É A MESMA COISAQUE TOCAR O CARRO”

GERALDO VELOSO

[ ]NO BRASIL SÃO

RECICLADOS APENAS

10% DO QUE É

PRODUZIDO

No projeto, os carroceiros recebem orientações sobre manejo, recolhimento dos resíduos e sobre a saúde do animal

IARA OLIVEIRA

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12 CidadeDezembro • 2010jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

HOSPITAL PEDE DOAÇÕES DE VIDROSn

CÍNTHIA RAMALHO,4º PERÍODO

Quando Juan Victório,50 dias, nasceu, pesava1,570kg. O bebê nasceuprematuro devido a com-plicações que a mãe, AdmaMaria dos Reis, 25 anos,teve durante a gestação.Além disso, o neném nãopôde ser amamentado pelamãe nos quatro primeirosdias de vida, já que ela nãoestava produzindo leitepor causa da cesariana.Hoje, após dois mesesinternado no HospitalSofia Feldman, onde rece-beu leite de doações deoutras mães, Juan pesa2,375kg e já está prontopara ir para casa. Porém,nem todos os bebês inter-nados no hospital con-seguem ser alimentadospelas doações, já que fal-tam frascos de vidro paracoletar leite das doadoras.

De acordo com DéboraAlmeida Rocha, nutri-cionista da coordenaçãoclínica do Hospital SofiaFeldman, a falta de vidrospara a coleta está atrapa-lhando a doação de leitematerno, já que muitasmães chegam para doarleite e, sem ter o frasco paraarmazená-lo, ele acabasendo perdido. Assim, nahora de alimentar os bebêsque necessitam do leitedoado, a nutricionista temque fazer uma seleção doscasos de maior necessidade,pois não há leite suficientepara atender a demanda."Muitas vezes a gente perdedoações porque não temoso vidro. Tem mães quefalam 'olha, meu peito estácheio, estou perdendo oleite e não tem o vidro', porcausa disso, a gente nãoconsegue passar esse leitepasteurizado para todas as

crianças, a gente tem queescolher qual criança que avai receber, geralmente sãoos prematuros de baixopeso", conta.

A dificuldade em con-seguir vidros para a coletado leite materno se deve aofato de que os frascos têmcaracterísticas específicas:devem ser potes demaionese com tampa deplástico. Vidros com tampade metal, como por exem-plo, potes de azeitona, nãoservem, já que com atampa de metal, o processode oxidação ocorre e o leiteacaba sendo contaminado,como explica Débora.Ainda segundo a nutri-cionista, a nova embalagemdos potes de maionesetambém dificulta o proces-so de obtenção dos vidros."As maioneses estão vindonão em potes de vidro, masem potes de plástico, então

essa está sendo a dificul-dade. Tem muita gente queainda guarda, mas a genteestá conseguindo as tam-pinhas, mas não os vidros",afirma.

Para tentar reverter asituação e conseguir reco-lher um número maior devidros, a equipe doHospital Sofia Feldman,composta por nutri-cionistas, nutrólogos e far-macêuticos criou umacampanha para sensibi-lizar as pessoas a doaremvidros para a coleta deleite. A campanha consistebasicamente em palestrasministradas por nutri-cionistas em escolasmunicipais da região dohospital e em faculdades,onde o público é grande eas chances de doações sãomaiores. Além disso, ohospital tenta arrecadardinheiro para comprar os

potes de vidro de fornece-dores do Rio e São Paulo,pois em Belo Horizontenão há fabricantes dosfrascos. Porém, o custo émuito alto. Cada pote temo valor de R$ 3, e o hospi-tal não possui recursospara realizar a compra.

A campanha para doaçãode vidros para o HospitalSofia Feldman é de grandeimportância para uma cam-panha maior de doação deleite materno que estásendo planejada para 2011.De acordo com Débora, ohospital pretende se tornarum banco de leite e, porisso, precisa aumentar onúmero de doações de leitematerno. "Não vai ser ape-nas o recebimento do vidroque vai fazer a gente virarbanco de leite, são outrasquestões. Mas, se a gentereceber mais vidros, con-segue fazer mais doações e

receber mais leite. Aintenção do hospital seriaessa até a gente conseguirter instalações apropriadaspara se tornar um banco deleite", explica.

Os vidros doados, quan-do chegam ao hospital,passam por um processode esterilização, assim,ficam prontos para recebero leite coletado das mães.Ao fim da coleta, os vidroscom o leite recolhido sãoidentificados e mandadospara o Hospital OdeteValadares, onde acontece aetapa de pasteurização doleite, que o deixa prontopara o consumo dos bebês.Durante essa etapa, muitosvidros mandados peloHospital Sofia Feldman sãoperdidos. "Se eu mando 20vidros para o Odete, comoé ele que faz o trabalho depasteurização, ele me retor-na com 10 vidros. Então já

tenho essa perda porquealguns vão ficar lá, é comose fosse uma cota que agente vai pagar", explica anutricionista. Ela aindacompleta que se fossebanco de leite, o HospitalSofia Feldman poderiarealizar a etapa de pasteu-rização, o que evitaria aperda de muitos vidros.

A mãe de Juan, assimque pôde, quis ser doadorade leite. Adma, além deamamentar o filho, chega adoar cerca de 120 ml deleite a cada vez que faz acoleta e tem consciência daimportância da doação deleite materno. "Eu vi quecomo eu precisei para omeu filho, eu poderia pas-sar para outras mães tam-bém que tivessem nenénsque poderiam precisar,quando elas não poderiamestar amamentando com opróprio leite", afirma.

Para armazenar o leitecoletado por Adma e poroutras mães que tambémsão doadoras, o hospitalchega a gastar oito frascosde vidro por dia. "Têmmães que conseguem pelomenos uns três vidros porsemana de 500 ml. Têmoutras que não, só con-seguem 120, 150 ml. Seeu for receber uma doação,a mãe tiver com o leite eeu não tiver o vidro, tam-bém não adianta. Então,nosso objetivo é ter umaquantidade maior de fras-cos para que a gente consi-ga que essa doação sejaefetiva, porque a genteestá perdendo leite porquenão temos frascos paracoletar", alerta Débora.

As doações de potes,que podem ser de qual-quer tamanho, devem serfeitas na recepção doHospital Sofia Feldman, àRua Antônio Bandeira,1060, Bairro Tupi.

O Hospital Sofia Feldman está com dificuldade em conseguir frascos de vidro para o armazenamento do leite materno

destinado a doações. Para reverter essa situação, está sendo feita uma campanha em escolas, faculdades e hospitais

Táxi adaptado traz conforto a deficientes de BHn

MÉRIAN PROVEZANO,4º PERÍODO

Em 2009, entrou em cir-culação o primeiro veículode táxi adaptado paracadeirantes, em BeloHorizonte. Até hoje, ele é oúnico na cidade. Mesmocom grande contingente depessoas portadoras de algu-ma deficiência física, a ca-pital mineira ainda peca emrelação a acessibilidade.

O taxista Ranulfo daSilva Lopes, 55 anos, équem conduz o automó-vel, um Fiat Doblô ELX,adaptado. Ele conta quefoi um empresário de BeloHorizonte que teve a ideiade investir neste tipo detáxi e que assim, surgiu aoportunidade de trabalharcom esse veículo. Como ademanda é muito alta, elediz que só consegue aten-der a seis ou sete pessoaspor dia. "A corrida é paraida e volta. Então, quandosão seis pessoas, lógico,são doze corridas. Quandosão sete, eu tenho catorze

corridas", afirma Ranulfo.Em Belo Horizonte, há

7.797 pessoas com proble-mas físicos e uma frota de6.028 táxis comuns. ABHTrans admite que seri-am necessários de 10 a 50táxis adaptados para aten-der a esse segmento.Segundo a assessoria,qualquer um tem a possi-bilidade de ser um taxistacom carro adaptado, bastaa pessoa interessada obtero veículo e passar por umcurso, já que a forma a selidar com passageiro eveículo são diferentes.

Para o administrador,Alessandro RibeiroFernandes, de 37 anos eparaplégico há quatro, porconta de um acidente demoto, é muito pouco paraBelo Horizonte ter apenasum veículo de táxi adapta-do. Segundo ele, algunstaxistas comuns ficam semsaber o que fazer e muitasvezes os veículos têm porta-malas pequenos e difíceispara transportar cadeiras derodas. Ele conta que os

cadeirantes enfrentamgrandes dificuldades tam-bém com os ônibus, pois oselevadores muitas vezes nãofuncionam ou não são oper-ados corretamente.

Alessandro acredita queapesar disso, a mobilidade ea acessibilidade hoje, emBelo Horizonte, melhorarambastante, mas que ainda hámuitos lugares inacessíveiscom calçadas irregulares,com falhas e cheias dedegraus. "Falta consciênciadas pessoas na hora de con-struir ou reformar osimóveis, pensando sempreque poderá ser utilizado porum deficiente", diz.

Fátima Félix, daCoordenadoria de Direitodas Pessoas Portadoras deDeficiência, também afir-ma que apenas um táxiadaptado não é o bastantee que está previsto que seabra 40 licitações, paraesse tipo de veículo, em2011. Ainda de acordocom Fátima, uma das difi-culdades em se aumentar afrota de táxis adaptados, é

o alto custo do veículo esua adaptação. Ela assegu-ra que o transporte públi-co melhorou bastante eque até 2014, com a reno-vação dos ônibus, esteestará bem mais acessível,com todos possuindo ele-vadores e piso rebaixado.

INTERNET AlessandroRibeiro mantém o "Blog doCadeirante" desde março de2004. Nele, relata suasexperiências do dia a dia,dificuldades, notícias rela-cionadas e denúncias. Elerecebe muitos agradecimen-tos pelas informações edicas que dá em seu blog.

Além disso, muitas pes-soas fazem perguntas sobresituações enfrentadas eadaptações em carros, casase edifícios. "O blog surgiu danecessidade de comparti-lhar experiências com ou-tras pessoas que estão namesma situação, pois hámuita falta de informaçãosobre os desafios e proble-mas da vida em uma cadeirade rodas", conta Alessandro.

Adma Reis é exemplo de mãe que doa leite para o Hospiral Sofia Feldman, onde são gastos oito frascos de vidros por dia para a armazenagem do leite

Ranulfo ajuda sua passageira a entrar no carro devidamente equipado

RENATA FONSECA

RENATA FONSECA

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13Cidade Dezembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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LAURA DE LAS CASAS,3º PERÍODO

Há cerca de seis anos,em uma assembleia noAglomerado da Serra,Região Sul de BeloHorizonte, foi sugerida aideia de transformar umantigo terreno da pre-feitura em uma hortacomunitária. Na época, ogrupo de 12 pessoas pediuo aval da administraçãomunicipal para utilizar aárea, e, por meio de umdocumento, o terreno foiliberado. "A gente entrouaqui, roçou, arrancou ostocos, adubou e plantou",conta Durvalino Qua-resma, 65 anos, aposenta-do que é um dos poucosintegrantes do grupo queparticipa da horta atéhoje. A ideia de transfor-mar o espaço vazio emuma área de plantação nãoteve a contribuiçao detodos os participantes dogrupo por muito tempo,mas mesmo com adesistência de boa partedos integrantes, a hortacontinua existindo comgrandes mudas de diversasverduras, como taioba,inhame, mandioca, alme-rão, laruta, couve, alfaçe,tomate, limão, maracujina,erva cidreira, entre outras.

O aposentado afirmaque os moradores doAglomerado procuram ahorta diariamente para

comprar as verduras, quesão vendidas por um preçomuito mais barato. Por 60centavos, é possível deixara horta com uma grandemuda de alface. "Quandotem muita verdura nóspegamos um carrinho esaimos pela rua vendendoelas", diz Durvalino.Rosemaire Gomes daSilva, 43 anos, que traba-lha na cooperativa de bor-dados da comunidade, dátotal preferência aos pro-dutos plantados na horta."Além de gostoso e mais

barato é mais saudável,pois temos a garantia deque nenhum agrotoxico éusado nesse trabalho. Euindico pra todo mundo,minha mãe inclusive,depois que eu falei pra elaparar de comprar nosacolão e comprar nahorta comunitária, ela nãoquer saber de outra coisa",afirma a bordadeira.

Os lucros com a vendadas verduras são usadospara a manutenção damesma, comprando adu-bo, instrumentos de plan-

tio e sementes novas.Durvalino afirma que essefoi um dos motivos paramuitos moradores para-rem de trabalhar com oplantio. "As pessoas têmque ganhar dinheiro parase sustentar, aqui não dálucro nenhum, quase,então isso levou muitagente a pular fora. Eu ficotriste, mas entendo, aspessoas nao têm culpa",conta o aposentado.Durvalino conta que todosos dias levanta às 6h parase dedicar aos trabalhos na

horta, e de lá só sai nahora do almoço. Quandonão chove a tarde, voltapara trabalhar mais. Paraele, ver a terra totalmenteplantada e dando frutos émotivo de muito orgulho.

Outro integrante dahorta comunitária é o pin-tor José TimótioSeveriano, 66 anos, quetrabalha com o plantiotodos os sábados. "Todavida gostei de plantar, façoisso por prazer", contaTimótio. Ele ressalta aimportância de terem con-

seguido a autorização daprefeitura para tomaremconta do lugar. "Não gosta-mos de fazer nada escon-dido. Plantamos com acerteza de não estar fazen-do nada errado", afirma opintor. Para ele, o fato deterem poucos integrantesatualmente na horta nãoatrapalha. "Desde quetenha uma pessoa pracuidar, já está valendo, elanos dá muita alegria",acrescenta o pintor.

O TRABALHO DE POUCOS QUETRAZ BENEFÍCIOS PARA MUITOS

A persistência e a dedi-

cação de alguns

moradores tem garantido

verduras sem agrotóxi-

cos, frescas, de boa

qualidade e por preços

bem mais acessíveis para

a comunidade do

Aglomerado da Serra.

O aposentado Durvalino Quaresma ajudou a criar o projeto e trabalha todas as manhãs na horta comunitária; o lucro obtido com a venda das verduras é usado na manutençao da produção.

LAURA DE LAS CASAS

Bem Me Quer é bem mais do que brincadeiran

LAURA DE LAS CASAS,3º PERÍODO

Depois de uma manhãde aula no ColégioMunicipal BenjaminJacob, próximo à favelaVila Acaba Mundo, locali-zada no Bairro Sion,regiao Sul de BeloHorizonte, KatiellyMoreira, 9 anos, não voltapara casa. Ela sabe que umalmoço caprichado aespera na Casa de ApoioBem me Quer, onde amenina passa suas tardesde segunda á quinta, desdeo começo do ano. O diapreferido da pequenaKatielly é quinta-feira,pois a menina tem sua tãoesperada aula de ballet,oferecida pela professoraMarise Campos. Lá, alémde aulas de dança, Katiellyaprende bordado,culinária, psicoterapiaindividual, momentos deoração, aula de com-putação, desenvolvimentodas lições de casa e coisasbásicas como a higienepessoal. "Daqui eu nãosaio, daqui ninguém metira", conta a menina, comalegria.

A “Bem me Quer” é umprojeto que acontece há

15 anos, liderado porPérola Mascarenhas e quesobrevive graças aos cercade cem associados, quefazem doações mensaispara manter as diversasatividades oferecidas paracerca de 40 meninas, desete a 14 anos, todasmoradoras da Vila AcabaMundo, em dois horáriosdistintos, pela manhã e àtarde. Pérola explica que aideia para o surgimentodesse projeto social veiojunto com a vontade deretribuir a sociedade tudoaquilo que teve em suavida. "Por isso, sempre quisfazer algo destinado agarotas. É um trabalho quetem como única meta afelicidade delas", contaPérola.

DO BEM Para a fundadora,a ideologia que todos daCasa Bem Me Quer devemseguir “vem de um filósofomuito antigo e diz quenossa finalidade é buscartudo que é bom, tudo queé bonito e tudo que é ver-dadeiro". Para isso, o focodo projeto é a saúde e aeducação das meninas,que contam com a ajudade quatro educadoras paraas atividades diárias.

A condição para quem

quer participar do projetoé estar matriculada emalguma escola, com fre-quência regular. Para servoluntário , basta assinarum termo de compromissocom o trabalho e ter boavontade.

ATIVIDADES Katielly sediverte nos momentos debrincadeiras, mas demon-stra reconhecer aimportância das outrasatividades. "Aqui a genteaprende muito sobre onosso corpo, sobre cozin-har, a gente aprende atécomidas de outros países.E bordar também eu gosto,mas não só pra bordaraqui. Eu aprendo aqui ebordo em casa com aminha mãe também",explica a menina. Todos osdias, antes de voltar paracasa, o grupo de garotastoma banho e escova osdentes, para aprenderemcorretamente como cuidardo próprio corpo. Um dosmomentos de descon-tração mais esperados pelogrupo de garotas é a rodade canto, que acontecetoda quinta-feira, na qualtodas as meninas podemsoltar a voz e cantar com aajuda de um microfone.

Pérola explica que passa

por algumas dificuldadesno dia a dia, no que dizrespeito ao interesse pelosestudos e pelo futuro."Quando as meninas sãomenores é mais fácil, poiselas nos escutam, mas emcontraponto elas não estãotão preocupadas com ofuturo. As adolecentes sãodifíceis. Eu gostaria quehouvesse mais interesse,que elas absorvessem

mais. Isso tudo é um tra-balho lento", reconhece afundadora. GenerosaCosta, uma das educado-ras, concorda com Pérola."Mas elas, apesar de todasserem muito diferentes,são super carinhosas",completa.

Apesar das reuniõescom as mães terem a pre-sença de pouquíssimasdelas, Pérola insiste em

compartilhar cada proble-ma e cada conquista comelas. Sempre quandopercebe alguma dificul-dade maior em uma dasmeninas, procura a ajudade psicólogos e logo entraem contato com os pais. "Étriste porque as mães sãoquem menos vêm, sãodaquelas que mais pre-cisam", conclui.

Katielly, à direita, entre outras atividades, observa Generosa e aprende a cozinhar.

LAURA DE LAS CASAS

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14 Esporte • CidadaniaDezembro • 2010jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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SAMARA NOGUEIRA,3º PERÍODO

É em um galpão na Vila SãoJosé que todas as quintas-feiras oGrupo de idosos "Reflorescer" sereúne para conversar, dançar,cantar e fazer atividades físicas.Na última quinta-feira, dia 9 dedezembro, às 14h30, o grupo sereuniu ao som das músicas deRoberto Carlos para realizaruma confraternização de fim deano, nela eles apresentarammusicas natalinas no coral,dançaram e fizeram dinâmicasrelacionadas à união.

O grupo foi fundado há 13anos por mulheres da comu-nidade, que resolveram se reunirpara conversar e trocar experiên-cias. "Eu e mais oito mulheresresolvemos fundar o Grupo paraa gente ter um meio de comuni-cação, para a gente trocar exper-iências e fazer trabalhos manu-ais", explica Maria FerreiraPascoal.

Com a chegada do Centro deReferência de Assistência Social(CRAS) na Vila São José há seisanos, a coordenação do grupo"Reflorescer" foi transferida paraequipe de assistência social e depsicólogos do local, que desen-volveram com os integrantes dogrupo o Projeto Convivência deIdosos.

O acréscimo do projeto aogrupo aumentou o número de

atividades realizadas por eles, ouseja, o grupo além de realizaratividades manuais, passou apraticar esportes, dançar, cantar,visitar lugares turísticos, realizarprojetos sociais, conhecer maissobre os direitos dos idosos e,principalmente, passaram arefletir e a entender sobre aimportância dessas atividadesem suas vidas. "Antes era basica-

mente artesanal, mas hoje agente vê a importância da ampli-ação. Ficar só no trabalho manu-al, sem reflexão fica esvaziado",afirma Liliane Batista, uma dascoordenadoras do projeto.

Além dessas atividades sãorealizadas para o grupo palestrassobre saúde, estatuto do idosoou outros assuntos requisitadospor eles. "A gente procura traba-

lhar assuntos relacionados àidade idosa. Mas, também ouvi-mos do grupo, assuntos que elestêm interesse", explica Liliane.Maria Conceição Sobrinho, umadas integrantes do grupo, contasobre a importância daspalestras. "As palestras são muitoboas, ajudam muito a gente. Jávieram médicos, farmacêuticos",afirma.

Renato Mota, também coor-denador do Grupo deConvivência de Idosos explicasobre a importância que o proje-to tem na vida dos integrantesdo grupo. "Eles veem isso daquicomo espaço deles, um lugar queeles tentam se expressar. Muitosdeles só ficam em casa, entãoesse é o lugar que eles vêm parafazer algo", afirma.

Liliane também acrescentasobre as modificações que elapercebeu com o desenvolvimen-to do trabalho. "A principalmodificação é a autonomiaporque quando a gente começouera um grupo ainda muitodependente, o que a coorde-nação passava todos concor-davam. Hoje, é um grupo total-mente participativo. A gentesabe que se não viermos algumdia eles dão conta de fazer oencontro sozinhos", conta.

As modificações não são ape-nas notadas pelos coorde-nadores. Maria ConceiçãoSobrinho, por exemplo, afirmaque após começar a participar dogrupo sua depressão sumiu. JáOrlando Gomes da Silva contaque seu conhecimento sobresaúde melhorou depois que pas-sou a ser mais participativo emenos sozinho. "Mudou muitacoisa, eu ficava muito sozinho,aqui eu tenho mais companhia.Aqui é muito bom, a genteaprende sobre a saúde", afirma.

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LEONOEL PACHECO,1° PERÍODO

Entre os garotos quenão perdem as peladas nocampo da Praça daComunidade, localizadano Bairro Dom Cabral,Região Noroeste de BeloHorizonte, uma jogadorachama atenção. Aos 44anos, Marlei Barbosa deAndrade é o destaque dotime que não tem nomenem uniforme, mas, que sereúne fielmente as terças,quartas e quintas-feiras apartir das 14h. Ex-jogado-ra de futebol amador pelostimes Januarense,Baluarte e Galo de Ouro,há 12 anos, Marlei sai pelavizinhança com o objetivode tirar as crianças queestão jogando bola na rua,para treiná-las no campi-nho.

Casada e mãe de três fil-hos, ela explica que suainiciativa não se resumeapenas ao esporte. Parafazer parte dos treinos,Marlei exige que as cri-anças estejam com boasnotas na escola. "A criançatem que possuir um bomdesempenho na escola,tirando boas notas e fazeros deveres de casa todos osdias, são os requisitos paraparticipar das atividades",conta.

Durante os treinos ejogos, não é permitidofalar palavrões ou desres-peitar os colegas. Marlei,

que além de jogadora defutebol foi fiscal de segu-rança, hoje se dedica acuidar da sua casa, dos fil-hos e claro, das crianças davizinhança. Ela tambémpromove partidas de fute-bol entre os garotos dacomunidade e outrostimes de Belo Horizonte."O esporte é muito impor-tante para todos, princi-palmente para as criançase adolescentes. Porque noseu tempo livre, ocupaesta garotada com algoque fará bem para eles emtodos os sentidos.Principalmente para quenão entrem no mundo dacriminalidade e drogas",explica a treinadora.

Após parar de jogarfutebol amador, o técnicoconhecido no Bairro DomCabral como João Baiano,foi quem incentivouMarlei a não desistir doesporte. Ele a treinou emequipes femininas e permi-tia a participação deMarlei em alguns treinosde times masculinos.

A ex-atleta conta quemuitas crianças queparticipam de suas ativi-dades, jogam em clubesimportantes de base emBelo Horizonte e Goiás.Os que não seguiram a car-reira do futebol, com obom desempenho na esco-la se formaram e exercemhoje uma profissão.Gabriel Fiúza Ferraz, 10anos, não perde um treino

e conta que seu sonho éser goleiro. Lucca de SouzaMoura, 11 anos, quer serjogador de futebol e sem-pre pede a sua treinadoraque continue tirando osgarotos das ruas e incenti-vando o esporte e os estu-dos.

Com o apoio dos pais eda comunidade, Marleiconsegue que as criançasnão deixem de frequentaros treinos, para que pos-sam ter um bom desem-penho nos jogos. "A popu-lação gosta, pois já meconhece há bastante

tempo e tem confiança nomeu trabalho, e sempreestou marcando reuniõescom os pais para acom-panhamento dos garotosno dia a dia", afirma.

Apesar da ajuda da pop-ulação local, existem algu-mas dificuldades para con-tinuar com o projeto."Quanto ao apoio para arealização das atividadesnão tenho nenhum, contocom a ajuda do treinadorJoão Baiano com os uni-formes nos dias de jogos eauxiliando no treinamentodas crianças. Falta materi-

al básico para o treina-mento como pratinhos,cone, chuteiras, bolas defutebol proporcionais àidade das crianças, lanchesnos intervalos de treina-mentos e dias de jogos",explica Marlei.

Atleticana de coração,Marlei sempre teve osonho de ser uma atletaprofissional. As dificul-dades e falta de auxíliofinanceiro fizeram comque ela transferisse seusonho para todas as cri-anças que ajuda, se reali-zando a cada conquista

dos pequenos. A treinado-ra quer não só transformá-los em jogadores de fute-bol, mas, principalmente,que eles tenham uma boaformação, evitando as dro-gas e criminalidade. "Faltamuito apoio para o fute-bol, principalmente para ofutebol feminino ondetentei jogar, mas por váriasdificuldades não conseguimeu objetivo de seguir car-reira. Procuro passar paraas crianças tudo queaprendi e possa ajudar emseus futuros", conclui.

EX-JOGADORA INCENTIVA O ESPORTEAos 44 anos Marlei Barbosa reúne crianças do Bairro

Dom Cabral três vezes por semana para jogar futebol.

Para ela, o esporte evita o envolvimento com as drogas

Marlei Barbosa ensina crianças a jogar futebol, no Bairro Dom Cabral, e destaca a importância do esporte como forma de livrar a juventude de vícios

Grupo de idosos se reúne, uma vez por semana, na Vila São José, para trocar experiências e participar de manifestações culturais

Projeto Convivência de Idosos ajuda Vila São JoséRENATA FONSECA

RICARDO MALLACO

Page 15: Verbo Digital

15EducaçãoDezembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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CÍNTHIA RAMALHO, CARLOS EDUARDO ALVIM,4º E 3º PERÍODOS

Quando bate o sinal dorecreio a rotina da EscolaMunicipal São Rafael, noBairro Pompéia, RegiãoLeste de Belo Horizonte,muda. Entre as brin-cadeiras, gritos e correria,um som diferente chama aatenção dos alunos: "Bomdia, está no ar a RádioMP3, comunicando com aescola e com vocês". A vozé da estudante JenniferCarolina Alves Duarte, 13anos, que de um pequenocômodo debaixo da esca-da, inicia mais uma ediçãoda rádio escolar.

Basta tocar a primeiramúsica para que os demaisalunos da escola se aproxi-mem da rádio para acom-panhar a programação. Aeuforia é grande, todosquerem participar e escol-her as canções que serãotocadas por meio das seiscaixas de som espalhadaspor toda a escola.

Foi trabalhando narádio que Jennifer perdeua timidez e começou ainteragir mais com os outros alunos. Ela conta quequando chegou à EscolaMunicipal São Rafael, nãotinha muitos amigos e pas-sava a maior parte dotempo sozinha. A iniciati-va deu certo, já que

Jennifer, além de locutora,também é responsável porrecolher recados paraserem dados durante aprogramação e por isso, jáé reconhecida e fezamizade com váriosalunos. "Na rádio euaprendi a conversar maiscom os outros meninos.Hoje, eu tenho muitosamigos", afirma.

Além de Jennifer, a pro-gramação da rádio é feitapor outros 19 alunos.Gladson de Souza Santos,10 anos, é um dos maisnovos do grupo. Ele éaluno da 3ª série e mesmocom a pouca idade, já sabemexer em todos os progra-mas necessários para colo-car a rádio no ar. "Eu quisentrar porque é muitobom para comunicar comas pessoas. O que eu maisgosto é de comunicar comas pessoas, passar os reca-dos e tocar as músicas queelas gostam", conta.

Bruno Martins está cur-sando a 8ª série na escolaSão Rafael e é o DJ darádio MP3. Ele conta queos estilos musicais preferi-dos entre os alunos sãofunk, axé e pagode, alémdisso, por intermédio dotrabalho na rádio, já fazplanos para o futuro. "Eupretendo continuar nessaárea. Quando for maisvelho, quero ser DJ profis-sional", diz.

RÁDIO EM ESCOLA MUNICIPALMUDA A ROTINA DE ALUNOS

Projeto Comunica Escola

viabiliza a comunicação

interna da Escola Municipal

São Rafael, Região Leste de

Belo Horizonte. O conteúdo

da Rádio MP3 é produzido

pelos próprios alunos com a

ajuda de seus professores e é

reproduzido durante o recreio

Aluna da escola há ape-nas um mês, LíviaFernanda, 15 anos, está na5ª série e descobriu a rádiopor meio dos novos ami-gos. Ela conta que acha otrabalho de edição dosprogramas uma das partesmais difíceis, porém, nãoesconde a satisfação emparticipar da rádio. "O queeu mais gosto? De tudo.Acho que todo mundoaqui gosta de tudo. Émuito bom", revela.

A Rádio MP3 é resulta-do do Projeto ComunicaEscola, que tem atividadesdentro do Programa EscolaIntegrada desde outubrode 2008. A iniciativa pro-movida pelo GovernoFederal, em parceria com aPrefeitura de BeloHorizonte, busca viabilizara comunicação dentro dasescolas, por intermédio deoficinas e dinâmicas comalunos e com a criação deuma rádio.

Para a professora comu-nitária e coordenadora doPrograma Escola Integradada Escola Municipal SãoRafael, Orquídea de Deus,a rádio além de ajudar nostrabalhos, vai favorecertoda a comunidade. "Éuma rádio muito versátil.Ela é de utilidade paratodos os alunos e tambémpara os moradores. Nóstivemos a preocupação decolocar uma caixa de som

direto para a rua. Paraqualquer evento, paraqualquer coisa que acomunidade queira falarou comunicar, a rádio seráum espaço aberto", diz acoordenadora.

De acordo comOrquídea, todo o conteú-do veiculado, vinhetas emúsicas, foi produzido eselecionado pelos alunosdurante as oficinas. Onome da rádio também foiescolhido por votaçãoentre os estudantes.

Valéria Simões deCarvalho, diretora daescola, acredita que arádio ajudou a melhorar adisciplina. Segundo ela, osalunos que participam doprojeto adotaram umanova postura na escola."Meninos difíceis, agorasão alunos que tem umcomportamento bem mel-hor, são meninos que jádão conta de resolver asquestões da rádio, e queprocuram melhorar oambiente escolar", afirma.

A professora da 3ª série,Eliana Barbosa vê a rádiocomo mais uma aliadapara o trabalho pedagógi-co. "A gente pode enrique-cer o trabalho da gentecom músicas, com reca-dos, com poesias. E eusinto que eles têm muitavontade de participar darádio como um espaçodemocrático", conta.

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SAMARA NOGUEIRA4º PERÍODO

Desde 2001 crianças e adoles-centes com deficiência em BeloHorizonte são beneficiadas na redepública de ensino, pois contam coma ajuda de estagiários e instrutorespara auxiliá-los durante as aulas.Segundo Jussara Fátima Liberal, ge-rente de educação da RegionalNoroeste, a inserção dos estagiáriosou instrutores nas escolas aconteceupara facilitar a interação do defi-ciente com o professor e os outrosalunos da sala e, dessa forma, me-lhorar seu desenvolvimento duranteo ano letivo.

O projeto atende atualmente a 323crianças matriculadas em 24 escolasdiferentes de Belo Horizonte. Para par-ticipar do projeto o candidato,primeiramente, precisa se inscrever nosite da PBH e, de acordo com as neces-sidades das escolas, será selecionadopara uma entrevista com a diretora.Entretanto, para que ocorra essa etapafinal são levadas em consideração out-ras características do candidato, comoa localização de sua residência. "Sãoconsideradas a proximidade da residên-cia dele com a escola e se possuiaptidão para trabalhar com crianças",explica Jussara Liberal.

Patrícia Cristina dos Santos, mãede Patrick, que possui deficiênciaauditiva, diz que depois que aprefeitura disponibilizou umainstrutora de libras na UMEI, odesenvolvimento de seu filho me-lhorou muito. "Antes da instrutora,no meu modo de ver, ele ia mais paraescola para brincar, porque não

entendia o que estava acontecendo,o que estavam falando. Agora já me-lhorou a escrita, sabe escrever onome e se comunica mais", afirma.

Wuanda Nascimento, estagiáriade Maria Eduarda Ferreira, de trêsanos, que possui paralisia cerebral,também ressalta as modificações nodesenvolvimento da criança desde oinício do trabalho, em agosto de2010. "A Maria Eduarda desen-volveu muito. A coordenação moto-ra dela melhorou, ela já pega nacanetinha e tenta fazer os desenhos",conta.

A mãe de Maria Eduarda, VeraLucia Ferreira, acredita que o fato daestagiária entender a filha e das duasterem uma ótima relação, ajudou naadaptação e no desenvolvimentodela dentro da escola. "Ela entendeas vontades dela, ela sabe o que ela

quer e a Maria Eduarda a adora”,ressalta.

Além de ajudar as crianças, a pre-sença das estagiárias na sala de aula,segundo a coordenadora da UMEI,Márcia Maria Dias, ajuda tambémos professores. "Eles ficam menossobrecarregados e aprendem a lidarmais com as especificidades das cri-anças com deficiência", afirma.Kênia Rezende, professora dePatrick, também compartilha dessaopinião, pois, afirma que o acom-panhamento realizado pelo estag-iário não só ajuda os alunos, mastambém o seu trabalho. "Ela nãoestá ensinando só ele, ela está meensinando e está ensinando aturma", explica.

A inclusão de crianças com defi-ciências na sala de aula, segundo acoordenadora da UMEI, é impor-

tante, pois, as outras crianças apren-dem a lidar com a deficiência comnaturalidade. "Para as outras cri-anças taxadas normais, ter um con-vívio com crianças especiais é impor-tante, pois eles aprendem a respeitar,aprendem a cuidar, você vê orespeito crescendo com a idade.Além de respeitarem, eles tem nor-mal o diferente. Eu acho isso bonito,porque com isso eles vão chegar láfora e vão ver pessoas cegas, surdas,ou com qualquer outro tipo de defi-ciência e não vão se chocar", diz.

TREINAMENTO Quando as esta-giárias da inclusão são selecionadaselas recebem um treinamento que écomum a todas as demais estagiáriasda prefeitura. "Elas recebem umtreinamento que é para todos osestagiários da Prefeitura de Belo

Horizonte não somente os dainclusão", explica a gerente de edu-cação da Regional Noroeste. Duranteesse treinamento é explicado, segundaWuanda, sobre diversas deficiênciasfísicas ou mentais e sobre os direitos edeveres de um estagiário.

Entretanto, para Márcia Dias,deveria existir um treinamento maisespecífico para cada tipo de deficiên-cia, pois, segundo ela, as estagiáriaschegam lá quase sem nenhumainformação, o que dificulta o traba-lho. "O treinamento deveria ser obri-gatório, eles deveriam vir aqui etreinar as professoras e as estagiáriasantes do início do trabalho.Deveriam ensinar como trabalharcom aquela criança, quais vão sersuas limitações, facilidades, porqueassim a gente não se cobra tanto. Eu,por exemplo, quando fico sabendoqual vai ser o tipo de deficiência quea próxima criança incluída vai ter,pesquiso na internet e passo para asestagiárias", explica. Além disso, elatambém diz que essa é a única defi-ciência que o programa apresenta, jáque, em relação aos materiais comolivros, vídeos, cadeiras especiais, queas crianças precisam a prefeiturasempre envia.

Jussara Liberal esclarece que,durante o estágio, a Prefeitura enviauma técnica pedagógica, que vai àescola verificar como está sendo rea-lizado o trabalho e oferece maisinformações sobre o deficiente queestá sendo acompanhado. "A própriaescola aponta os casos, e aacompanhante vai vendo a necessi-dade de estar colocando esses estag-iários mais preparados para lidar comas crianças. Mas, para nós, é aindaum desafio lidar com isso", desabafa.

Instrutores nas UMEIs ajudam alunos deficientes

Jennifer e Gladson fazem parte do grupo de alunos responsáveis pela rádio

Através de oficinas, os alunos aprenderam a criar vinhetas e fazer locuções

A instrutora Daniésia Rocha auxilia e acompanha o aluno Patrick Santos durante as aulas fazendo a interpretação de libras para ele

RENATA FONSECA

CARLOS EDUARDO ALVIM

Page 16: Verbo Digital

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Entrevista GOLEIROS

n Quando você descobriu que queria ser jogador profissional?Eu sempre gostei de futebol, meu pai sempre gostou de futebol e em Nobres, ele tinhauma equipe amadora e eu sempre convivi dentro desse meio, sempre viajando paraonde a equipe viajava e sempre gostando do que eu fazia ali . Daquele meio, con-vivendo com aqueles jogadores amadores, mas que foram fundamentais para o meucrescimento dentro do futebol, desse gostar de futebol, então foi muito gratificante.

n Sua primeira opção no futebol, foi a posição de goleiro?É, eu sempre gostei de jogar no gol, desde muito novo, desde as equipes escolares, emque eu participava, sempre joguei futsal, primeiramente, depois passei para futebolde campo. O único esporte que eu joguei na linha foi o handebol, e eu gostava muitoe já usava bastante as mãos, então eu já tinha facilidade, mas o restante sempre jogan-do no gol, desde muito novo e sempre gostando do que eu fazia, muitas vezes a pes-soa vai para o gol não gostando, por falta de opção na linha e acaba indo para o gole ai começa a ver que tem condições de seguir naquela posição, mas no meu caso jáfoi diferente, eu sempre atuei mesmo desde criança no gol e sempre me adaptei muitorapidamente.

n Em 2000, você teve uma breve passagem pelo Cruzeiro, participando de apenasdois jogos. Naquele ano, a equipe foi comandada pelo técnico Marco Aurélio e foicampeã da Copa do Brasil. Como foi essa experiência para você?Vim mais para pegar experiência e tive oportunidade de ficar na reserva naquelaépoca do André e tendo oportunidade de participar de um grupo com grandesjogadores, que tinham vivido grandes experiências em outros clubes. Então foi grati-ficante ter aquela oportunidade de trabalhar naquela época no Cruzeiro, e ainda metornar campeão da Copa do Brasil. Foi mais um momento que eu aprendi e levei parao resto das equipes que eu passei, a convivência que eu tive aqui e a dedicação, graçasa Deus, hoje eu tive a oportunidade de retornar.

n Há mais de cinco anos vestindo acamisa do Cruzeiro, você já viveualtos e baixos como titular da metaceleste. Como você vê esta fase desua carreira?Eu passei momentos de adaptação eisso foi muito importante para meucrescimento como pessoa e tambémcomo profissional, eu tinha vividocoisas muito boas dentro de outrasequipes, dentro da Seleção Brasileirae nunca tinha passado um momentodifícil. Eu tive esse momento aquino Cruzeiro, logo após a perda dotítulo minero de 2007 para oAtlético, mas Deus foi comigo e medeu uma nova oportunidade demostrar dentro de campo, porque eutinha sido contratado pelo Cruzeiro.

n Você teve algum problema comalguém da comissão técnica ou alguémda CBF, que impeça sua convocação?Bom, eu fui convocado pela últimavez nas primeiras convocações doDunga, no ano de 2006, onde eu

tinha feito um excelente trabalho naqueleano, e tive oportunidade, o Dunga estavaassumindo a seleção, depois da derrota naCopa da Alemanha, na saída do Parreira(Carlos Alberto) e eu tive essas oportu-

nidades. Mas a gente fica meio sem saber como estar falando dessas coisas que acon-tecem dentro da seleção, porque às vezes você acha que esta agradando e às vezes nãoestá agradando, e eu sempre tive dentro da seleção, cresci dentro da seleção, passeipor todas as seleções de base e pela seleção profissional. Venho fazendo um ótimo tra-balho, tendo uma meta boa de jogos e sempre tentando ter um equilíbrio dentrodessas partidas e no possível, me destacando no momento em que eu sou exigido eeu não posso também ficar pensando no que está acontecendo.

n Você acredita que se estivesse atuando em algum time do eixo Rio - SP ou em algumtime de expressão do exterior já teria sido convocado pelo Mano Menezes?Eu não gostaria de pensar dessa forma, porque o Cruzeiro hoje é uma equipe grandeem todos os aspectos, tanto dentro do Brasil como no exterior, pelas conquistas quetem, pelo histórico, então não gostaria de pensar dessa forma, espero que eles tenhamconsciência e convoquem quem está melhor no momento, e quem tem condição devestir a camisa da Seleção Brasileira por merecimento e também por querer estar den-tro da seleção.

n Faltando pouco mais de três anos para a Copa do Mundo no Brasil, qual é a suaexpectativa para estar nesse grupo?Bom, expectativa sempre existe, porque você vem se destacando dentro do seu clube,e seleção sempre foi isso, você se destacar na sua equipe para ter a oportunidade deestar representando seu pais, há alguns anos a gente não esta vendo dessa forma, aseleção virou um pouco de comércio, de meio de empresários, que prejudica e ficasem transparência e até o torcedor começa a ver isso e começa a não torcer pelaSeleção Brasileira, por que a gente já viu ai ao longo dessas competições que o Brasilparticipou, o torcedor muito desacreditado na seleção, mas a expectativa é sempreque melhore com a mudança do treinador e que ele tenha critérios sempre corretospara que possa fazer uma seleção que o povo goste de assistir e goste de torcer.

n Você tinha 15 anos quando você veiopara o Atlético- MG, como que foi sua adaptação? Eu vim para cá eu tinha de 14 para 15 anos. Minha mãe teve que vir para cá, ficouumas duas, três semanas aqui, porque eu não estava aguentando, eu só chorava. Elaveio e ficou comigo aqui, ai deu tudo certo. Eu morei aqui na Cidade do Galo 5 anos.Faz um ano que eu saí daqui.

n Como foi sua experiência na seleção?A primeira convocação minha foi com 15 anos. Foi uma experiência nova na minhavida, que me ajudou muito. Muitas pessoas falam que chegar à seleção novo atrapalha,mas no meu caso não atrapalhou em nada, me deu mais experiência, mais concentraçãono que eu estava fazendo, porque a responsabilidade aumenta por ser da seleção.

n O Celso Roth foi o técnico que promoveu sua subida para o profissional. Como quefoi trabalhar com ele?Ele conversava comigo para eu continuar trabalhando, continuar dedicando. Ele diziaque para eu manter as boas atuações que eu estava tendo nas categorias de base, naseleção, eu tinha que continuar com o meu trabalho no profissional, que uma horaminha oportunidade ía chegar.

n Qual a diferença entre a forma de trabalho de Dorival Júnior e Luxemburgo?O professor Dorival está mais perto do grupo, conversa mais, não é muito de dartanta dura. Ele tenta resolver o problema mais no diálogo. A diferença eu acho que éisso, o diálogo, e ele estar presente com a gente.

n Você tem alguma mágoa do Luxemburgo?Não tenho mágoa nenhuma não. Eu tenho muito a agradecer a ele. Querendo ou nãoquerendo eu aprendi muito com ele. Não tive a oportunidade de jogar com ele, masaprendi muito também.

n O setor defensivo vinha sofrendo muitascriticas, principalmente antes da suaentrada na equipe, o que você acredi-ta que estava acontecendo? Vínhamos sofrendo muitos gols debola parada. Com o professorLuxemburgo a gente não treinavamuito. Então, o diferencial dotreinador, do Dorival é a bola para-da, e o fato dele estar presente coma gente, conversando com a gente.Eu acho que a minha entrada naequipe foi boa para o grupo todo.Não desmerecendo os outrosjogadores que estavam na posição,mas eu acho que eu pude contribuir.

n Apesar de novo, você já tem umafilhinha. Este tipo de responsabilidadeo ajudou a amadurecer?Sim, com certeza. No começo, quan-do eu fui ter a filha, para mim era apior coisa que estava acontecendo,mas hoje eu vejo que foi a melhorcoisa que aconteceu na minha vida.É uma experiência nova, você ganhamais responsabilidade e amadurecemais rápido.

n Como você encara a responsabili-dade de ser goleiro de um grande time do Brasil?Eu encaro isso com muita humildade, muita responsabilidade de estar assumindo acamisa do Atlético. Para mim foi um período longo de trabalho, para eu estar meadaptando mais rápido no profissional, e para quando chegasse minha oportunidadenão ser pego de surpresa.

n Em relação à rivalidade entre Atlético e Cruzeiro, como foram suas experiências nascategorias de base? Como foi para você o primeiro clássico como profissional, no qualvocê foi um dos destaques da partida, garantindo um resultado importantíssimo, que tirouo time da zona de rebaixamento e o maior rival da liderança?Na categoria de base eu joguei três clássicos, ganhei dois e empatei um. Agora com oprofissional foi uma experiência nova na minha vida. No momento encarei como ape-nas mais um jogo, claro que com responsabilidade a mais, por ser clássico, mas ficofeliz por ter dado tudo certo e o principal foi Atlético estar vencendo.

n Você tem se revelado um jogador de muita personalidade, que cobra bastante dos seuscompanheiros, principalmente da zaga. Como é para você que está começando a carreiraagora, sendo mais novo, cobrar de jogadores que já possuem uma história no futebol?Acho que dentro de campo iguala muito. Eles podem ser mais velhos, mas a posiçãoque eu jogo exige muita personalidade e muita responsabilidade. Eles mesmos pedempara que eu ajude, posicionando eles. Por mais experiência que eles tenham, exigemuito do posicionamento. Eu que estou vendo tudo. Devo respeito a eles, mas den-tro de campo tem que cobrar mesmo.

n Você acha que um jogador vindo da categoria de base, realmente tem uma relaçãodiferente com o clube?Quando o jogador vem da base o cara tem mais responsabilidade, a cobrança é maior,porque a origem é a base. O valor que esses jogadores têm é diferente.

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[ ]“MUITAS PESSOASFALAM QUE CHEGARNA SELEÇÃO NOVO

ATRAPALHA, MAS NOMEU CASO NÃO”

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CAIO BARROSO DIVULGAÇÃO

REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA NO GOL

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CAIO BARROSO,LÍDIA LIMA,LUIZA SALLES,PATRÍCIA DIAS,2º PERÍODO

Aos 20 anos, Renan Ribeiro terminou 2010 como titular do gol do Atlético-MG e um dos

destaques do time alvinegro, a partir da troca de Vanderlei Luxemburgo por Dorival Júnior.

Dez anos mais velho, Fábio teve mais uma temporada de sucesso pelo Cruzeiro, coroada com

o prêmio de melhor goleiro do Brasileirão, em premiação da Confederação Brasileira de

Futebol (CBF). Referências para seus torcedores, os dois atletas trazem a paixão pelo futebol

desde a infância. O jogador atleticano veio de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, ainda

menino para Belo Horizonte, onde atuou nas categorias de base do clube até se firmar como

titular. Ele traz na bagagem conquistas como o Campeonato Sul-Americano Sub-20, pela

Seleção Brasileira, em 2009 e o Campeonato Mineiro de 2010. Fábio saiu da cidade de

Nobres, no Mato Grosso, e está no Cruzeiro, desde 2005, depois de uma primeira passagem

sem brilho pelo clube. Pelo time celeste, o camisa 1 foi três vezes campeão mineiro, vice da

Libertadores e vive do Brasileiro este ano. Enquanto Renan sonha em chegar à Seleção

Brasileira principal, Fábio, que foi campeão Mundial e Sul-Americano, com a equipe

Sub-17, em 1997, já foi convocado por Dunga e aguarda chance com Mano Menezes.

[ ]“A SELEÇÃO VIROUUM POUCO DE

COMÉRCIO, DE MEIODE EMPRESÁRIOS, QUE

PREJUDICA”