Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

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verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade ensaio teórico/fau-unb - 1/2014 matheus maramaldo andrade silva orientadora: flaviana lira barreto

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“As florestas, os caniçais, os juncais densos e as ervas altas podem esconder o inimigo.” Sun Tzu Ninguém gosta de ervas daninhas. Elas são invasoras indomáveis que destroem com perfeição todo um trabalho refinado de topiaria. Que dirá de tua esquina, rua, casa... de tua rotina. Um jardineiro ou doce senhora falaria que, mesmo assim, melhor seria se todos os dentes de leão da terra germinassem nas pradarias das mansões e dos terrenos baldios, e com um sopro de vento espalhassem vida e plumagem pelo cotidiano. Bem sei como queria isto... mas somente as novas heras e formigas poderão responder...

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verde

patológicoa vegetação nos diversos

processos de degradação da cidade

ensaio teórico/fau-unb - 1/2014matheus maramaldo andrade silva

orientadora: flaviana lira barreto

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“As florestas, os caniçais, os juncais

densos e as ervas altas podemesconder o inimigo.”

Sun Tzu

Ninguém gosta de ervas daninhas. Elas são invasoras indomáveis que destroem com perfeição todo um trabalho refinado de topiaria. Que dirá de tua esquina, rua, casa... de tua rotina.

Um jardineiro ou doce senhora falaria que, mesmo assim, melhor seria se todos os dentes de leão da terra germinassem nas pradarias das mansões e dos terrenos baldios, e com um sopro de vento espalhassem vida e plumagem pelo cotidiano.

Bem sei como queria isto... mas somente as novas heras e formigas poderão responder...

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a vegetação nos diversos

processos de degradação da cidade

ensaio teórico/fau-unb, 1º/2014 matheus maramaldo andrade silva

orientadora: flaviana barreto lira

verde

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Maramaldo Andrade Silva, Matheus, 1991

Verde Patológico: A vegetação nos diversos processo

de degradação da cidade/ Matheus Maramaldo Andrade Silva –

10/0017916/ Ensaio Teórico/FAU - UnB – Brasília, 1º semestre de 2014.

1. Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo

Diagramação: Matheus Maramaldo Andrade Silva

Arte da capa: Matheus Maramaldo Andrade Silva

Ilustrações: Matheus Maramaldo Andrade Silva

Revisão: Profa. Flaviana Barreto Lira (FAU-UnB)

Orientação: Profa. Flaviana B. Lira (FAU-UnB)

Coorientação e/ou Banca Examinadora:

Profa. Giuliana de Brito Sousa (FAU-UnB)

Profa. Juliana Saiter Garrocho (FAU-UnB)

Impressão: Copiadora Planalto (CLN 407 BL B - loja

37, Brasília, DF, CEP: 70855-520)

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“As moitas e capões de mato onde

viviam seres misteriosos tinham sido violados. ”

Graciliano Ramos

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Agradecimentos

A Deus por ter concedido saúde e espírito para encarar toda esta, e

tantas outras, empreitadas.

Aos meus pais, Maria Arlete e Eurisvaldo, por todo o carinho e apoio,

durante os dias de trabalho e durante toda a jornada da vida.

A Jéssica e sua família, pelo carinho e apoio incondicional nestes

últimos anos.

A minha orientadora, Dra. Flaviana Barreto Lira, pessoa exemplar que,

mesmo não sendo da área de Paisagismo, nunca desperseverou, e

sempre me ajudou com a metodologia, revisão e apoio.

As minhas professoras de Paisagismo, as quais fui monitor e que

compõem a banca avaliadora, Juliana Saiter e Giuliana de Brito

Sousa, pelos textos, monitoria, suporte técnico e amizade.

A todos que contribuíram, de forma direta ou não, com este trabalho,

com apoio, amizade e crítica.

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sumário

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1. apresentação pág. 11

2. introdução: quando as heras abrem o

concreto

pág. 15

3. a vegetação: xilema, floema... e raiz pág. 33

4. verde urbano: urbe gramada pág. 49

5. metodologia de análise: conversando com as

mangueiras

pág. 81

6. as diversas fitopatologias na cidade:

oleandros, gameleiras e desgaste

pág. 113

7. diagnóstico: sementes iguais, árvores

diferentes

pág. 239

9. considerações finais pág. 285

10. índice de imagens pág. 295

11. índice de mapas pág. 307

12. índice de tabelas pág. 311

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13. bibliografia pág. 315

14. anexos pág. 335

15. glossário pág. 379

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apresentação

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

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Olá, Leitor,

O que está prestes a ler aqui certamente não são

minhas memórias ou algum ensaio balizado em fontes

inesgotáveis, mas um enredo pouco jocoso de minha paixão

travado por pesquisas árduas.

Não que eu seja algum Dom Quixote, que enxerga mal

os moinhos da vida, - suponho que tenha sido sua primeira

impressão ao ler o título do texto – estou são, o bastante

como poderão ver a seguir.

Peço que também não me olhem achando que sou

algum cidadão que odeia a flora, estou muito longe disto,

senhores, e os colaboradores desta minha empreitada e

minha orientadora poderão confirmar isso.

As plantas são mais que uma obsessão machadiana

para mim, são um motivo de investigação constante e

prazeroso deleite.

Mesmo parecendo torpe a denominação deste texto,

verás que tenho certa razão. A cada capítulo e linha, verás o

que as vinhas da ira podem fazer desde pequenas, mesmo se

mostrando macias no primeiro contato.

Este ensaio, desenvolvido no âmbito da disciplina

obrigatória de Ensaio Teórico em Arquitetura e Urbanismo,

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

nada nada mais é do que um manifesto ao bom senso da

produção urbana, um pedido chato, mas necessário para o

fomento da vegetação nas cidades, a vegetação que tanto

amo.

Plantar algo fora de casa é algo muito sério e que

incorre a erros faraônicos, por vezes pela nossa própria

inexperiência ou mediocridade. Quem nunca se orgulhou de

plantar uma árvore? Eu mesmo já fiquei todo bobo ao plantar

um pé de feijão, quem dirá uma frondosa espécie arbórea.

Mas um dia o abacate que sairia daquele abacateiro não

poderia machucar alguém ao cair? A vegetação pode ser

uma caixinha de surpresas – inclusive uma caixinha de

Pandora, não se esqueça disto.

Faço aqui valer então minhas palavras, mesmo que em

terceira pessoa, ócios do ofício, sabendo que esta é

demasiada científica para se tratar de algo tão belo. Mas

espero que a linguagem pouco vulgar do meio acadêmico

não esconda a principal mensagem do texto: não plante

nada somente pelo código de barras; confira as informações

nutricionais, a credibilidade da marca, o fornecedor e vá até

a validade.

Matheus Maramaldo, 2014

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introdução

quando as heras abrem o concreto

introdução

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

“... e emolduradas por uma

larga cinta densamente arborizada...”

Lúcio Costa

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

O verde1... como aferir e classificar isso? Seriam as

árvores sombreando as áreas antes ensolaradas, os jardins

enfeitados e bucólicos que estão em nossas casas ou o tilintar

majestoso dos pássaros sobre as galhadas que é o verde?

Quando se trata de vegetação logo associamos nossa

visão à natureza e a um bucolismo sereno que muito se

assemelha às falas do iluminismo francês. Fulgeri (2003) resume

este pensamento nesta interpretação de Rousseau:

[...] a civilização e a sociedade corrompem o homem, é

necessário recorrer ao sentimento, voltar à natureza que é boa.

Rousseau entende a natureza como sendo o estado primitivo,

originário da humanidade, isto é, entende-a no sentido espiritual,

como espontaneidade, liberdade contra todo vínculo antinatural e

toda escravidão artificial. Segundo ele a sociedade impõe ao

homem uma forma artificial de comportamento que o leva a

ignorar as necessidades naturais e os deveres humanos, tornando-o

vaidoso e orgulhoso. O homem primitivo entretanto, por viver de

acordo com suas necessidades mais legítimas é mais feliz. Ele é

auto suficiente e satisfaz suas necessidades sem grandes sacrifícios

daí não sente grandes angústias, através do sentimento inato da

piedade ele evita fazer o mal desnecessariamente aos demais.

(FULGERI, 2003, p.6).

1 Os leitores vão ler bastante esta palavra. O verde será sinônimo aqui de vegetação,

a menos que acompanhado de outros adjetivos que mudem completamente este

sentido.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Mesmo sendo um pensamento arcaico, que reluz mais

ao que é próprio da alma humana que à vegetação em si,

não se pode discordar de sua persistência conosco. A

natureza, o natural e o verde são coisas que qualificamos

como boas; a vida no campo é a tradução da paz, da

serenidade e liberdade; pensa-se que podemos melhorar a

qualidade de vida das pessoas, principalmente nas cidades,

ao colocar em prática medidas que nos aproximam dessa

natureza.

Isto fica ainda mais claro quando saímos da filosofia e

do senso comum e ouvimos especialistas que investigam a

cidade, seja para propor modelos ou para mostrar valores do

emprego da vegetação nas urbes. Todos os capítulos têm

algum jardim, algum parque ou alguma árvore que possa

agregar bons valores ao discurso.

Veja esta entrevista do renomado paisagista Benedito

Abbud quanto do lançamento de um dos seus livros:

O verde é fundamental em todas as escalas: dentro de

casa, numa varanda, em um parque, em pequenas ou grandes

avenidas. O verde melhora a qualidade ambiental, a umidade

relativa do ar, ameniza a poluição e as ilhas de calor, já que as

plantas o absorvem. Além disso, há um efeito psicológico: a

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

natureza é mais agradável de olhar do que o concreto. O verde

estimula nossos sentidos com cores, flores, aromas, formas, sombras,

texturas e gostos ... É sabido que uma bela vista sempre foi

associada à qualidade de vida, sempre foi chique. Uma avenida

de ipês amarelos dá outra impressão da cidade. (GEROLLA, 2006).

A vegetação é tratada por ele como algo

extremamente importante e infalível. No início da reportagem,

o entrevistador ainda é mais enfático:

Em tempos de insegurança social, o paisagista [...] diz ter a

receita para combater a violência e incentivar o convívio pacífico

entre as pessoas: usar mais o verde nos espaços públicos. (Id., ibid.).

Mas o leitor pode estar se perguntando: “Mas esta

entrevista pode ser sensacionalista, o entrevistador já começa

dizendo que tal coisa é a solução, é uma conversa casual,

etc.”; e pode ter realmente razão, por mais crédito que se dê

ao arquiteto.

Balizando na literatura científica (de paisagismo ou

ecologia), vejamos se nos manuais essa fala se confirma.

Waterman (2009) assim emprega o valor das plantas:

As plantas nos dão conforto nas mais diversas formas, além

de suas qualidades essenciais. As árvores nos proporcionam

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

sombra, barram os ventos fortes, limpam o ar poluído, amenizam as

temperaturas e enquadram vistas. As plantas também podem ser

usadas para proteger o solo da erosão, absorver o excesso de água

que escoa durante as tempestades ou retirar contaminantes do

solo poluído, entre tantos outros atributos positivos. (WATERMAN,

2009, p.75).

Esse outro grupo de pesquisadores europeus já

descreve assim os valores do verde:

As árvores e as florestas são, por causa de mudanças

sazonais e seu tamanho, forma e cor, os elementos mais

importantes da natureza urbana. As suas vantagens e utilizações

variam desde benefícios psicológicos e estéticos intangíveis à

melhoria do clima urbano e mitigação da poluição do ar.

Historicamente, os principais benefícios das árvores urbanas e

florestas se relacionam com a saúde, estética e lazer - benefícios

em cidades industrializadas. Além disso, áreas verdes têm fornecido

as pessoas subsistência, fornecendo alimentos, forragem,

combustível e madeira para construção. (KONIJNENDIJK et al, 2005,

p. 81, tradução nossa).

Percebe-se que não se mudou o discurso.

Esta concepção de vegetação não é só

compartilhada pelos paisagistas acima e pelos ecologistas,

ela é fortemente vinculada ao planejamento urbano,

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

extrapolando o conceito individual, de integrante de

espaços, e conformando-se como o próprio espaço.

Isto data já de muito tempo (pode-se considerar o

período que se inicia o sedentarismo da humanidade, criando

as primeiras polis), mas, como discurso, é mais efusiva a partir

do pré-urbanismo (séculos XVIII e XIX), em que os modelos já

procuravam o verde como agregadores de valor e de bem

estar às ditas utopias: em New Harmony, por exemplo, de

Robert Owen, os espaços verdes tinham o papel de inibir a

visão e o cheiro das indústrias mecânicas e matadouros; nas

propostas de falanstérios de Victor Considérant (discípulo de

Charles Fourrier), mais do que barreiras, a vegetação já se

mostrava como área verde necessária para o descanso e

contemplação em meio à rotina; John Ruskin é direto,

descrevendo que as casas-tipo da sua proposta deveriam ter

árvores, grama e flores - em todas as casas do modelo

(CHOAY, 1965).

Essa evolução do papel da vegetação no desenho

urbano viria a se confirmar ainda mais com o século XX: os

tratados e as experiências se tornavam mais facilmente

concretos e as vilas, cidades e metrópoles estavam mudando

mais rapidamente, usando muitas vezes de intenções e

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

normas descritas nesses manuais em um processo quase que

global.

Le Corbusier, arquiteto urbanista, foi o maior expoente dessa

nova ordem (Figura 01), que muito persiste até hoje em nosso

desenvolvimento urbano. Nas novas vertentes e propostas, o

solo pertencia ao movimento e ao verde, e não mais às casas

e aos carros, como descreveria:

O solo não é mais tocado em seu conjunto. O primeiro piso

fica 3 metros acima do solo, deixando livre o espaço, sob a casa,

entre pilotis. [...] Desta forma, as coisas estarão novamente na

escala humana. A natureza foi novamente tomada em

consideração. A cidade, em lugar de se tornar uma pedreira

impiedosa, é um grande parque, onde o urbanista distribuirá as

unidades de habitação de tamanho ideal, verdadeiras

comunidades verticais. [...] Sol. Espaço. Vegetação. Os imóveis são

colocados na cidade atrás do rendilhado de árvores. A natureza

está inscrita no arrendamento. O pacto foi assinado com a

natureza. (Id., 1976, p. 30 e 50).

Seja conforme o pensamento rousseauniano e popular,

do início do texto, ou advindo de pesquisas, teorias e

vanguardas, essa é a conjuntura da vegetação aplicada ao

projeto urbano que temos. Quase sempre se faz uma

descrição amplamente positiva desta: plantar mudas e

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 01 - Novo modelo de cidade, Le Corbusier (CORBUSIER, Le. 1976, p. 40

e 41)

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

elementos mais frondosos faz parte de toda a política de

embelezamento e bem estar das casas e cidades. Os

manuais nos ensinam o que se deve fazer para aproveitar ao

máximo as qualidades das plantas nos nossos canteiros.

Mas será mesmo que a vegetação é uma fonte

inesgotável de prazer e lazer, que traz somente benefícios ao

homem, como descrevem os ecologistas e tratados das mais

variadas ordens?

É delicado falar que as plantas podem ser inimigas das

populações e das cidades, mas a realidade não é totalmente

aprazível.

Já parou para pensar que ao andar pela rua nem

sempre a calçada é regular ou ao estar dirigindo quase não

se percebe uma ou outra placa por estar encoberta por

vegetação?

Eis ai alguns dos percalços que não são cogitados pela

literatura e pela população até esbarrar diretamente neles.

Caso o texto ainda não esteja sendo claro, façamos

algumas analogias.

Há algumas centenas de anos, antes mesmo do

nascimento de Jesus, um guerreiro chinês, que muito escrevia,

redigiu mais um adentro ao seu livro de estratégias:

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

“As florestas, os caniçais, os juncais densos e as ervas

altas podem esconder o inimigo.” (TZU, 2008, p.77).

Quando se para pra pensar nesta frase, é difícil

imaginar o que ela tem a ver com nossos dias de hoje, mais, o

que ela pode ter a ver com a cidade e o cotidiano urbano

de agora.

Não há florestas, os bambuzais estão restritos às poucas

fazendas que querem se proteger do vento e as prefeituras

tentam aparar ao máximo a grama próxima as pistas.

Contudo, ao ter um olhar mais minucioso sob os percursos que

diariamente são percorridos por todos nós, sejam calçadas,

avenidas ou outros caminhos, nota-se que nem sempre o

translado vegetado é agradável como se imagina,

chegando por vezes a gerar a percepção de perigo.

Atendo-se a esta explicação, leia novamente a frase

de Tzu (2008):

“As florestas, os caniçais, os juncais densos e as ervas

altas podem esconder o inimigo.” (Id., 2008, p.77).

A possibilidade de se transpor para os dias atuais essa

afirmação, rebatendo-a para os espaços livres públicos das

nossas cidades, é inquestionável. Um terreno baldio podia

muito bem representar qualquer um destes habitats e, tendo

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

isto em mente, perceber-se-ia o risco que um mato alto pode

trazer, escondendo desde escorpiões a punguistas.

Jane Jacobs, dura crítica do Urbanismo Moderno, dá

ainda outro exemplo de como o planejamento ruim do verde

pode trazer malefícios a sociedade:

No East Harlem de Nova York há um conjunto habitacional

com um gramado retangular bem destacado que se tornou alvo

da ira dos moradores. Um assistente social que está sempre no

conjunto ficou abismada com o número de vezes que o gramado

veio à baila, em geral gratuitamente, pelo que ela podia perceber,

e com a intensidade com que os moradores o detestavam e

exigiam que fosse retirado. Quando ela perguntava qual a causa

disso, a resposta comum era: “Para que serve?”, ou “Quem foi que

pediu o gramado?” Por fim, certo dia uma moradora mais bem

articulada que os outros disse o seguinte: “Ninguém se interessou

em saber o que queríamos quando construíram este lugar. Eles

demoliram nossas casas e puseram nossos amigos em outro lugar.

Perto daqui não há um único lugar para tomar café, ou comprar

um jornal, ou pedir emprestado alguns trocados. Ninguém se

importou com o que precisávamos. Mas os poderosos vem aqui,

olham para este gramado e dizem: ‘Que maravilha! Agora os

pobres tem tudo!’ (JACOBS, 2010, p.14)

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 02 - Não pise à grama? Foto: autor

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

O gramado citado parecia ser pela descrição algo

exemplarmente polido, mas qual a sua função em meio ao

contexto em que se encontrava?

Crendo nisto, vê-se que a vegetação, que está por

toda a parte, singela ou mais ostensiva, nem sempre dispõe só

de benefícios aos moradores de uma cidade. Quando não se

há projeto ou cuidados de manutenção, o natural pode ficar

fora de controle, ameaçando a saúde, a segurança e até a

cadeia social de uma urbe.

E isso é o que não está claro nos textos que tratam de

vegetação e paisagismo, acadêmicos ou não. Está presente

o que se deve fazer, mas não o que ou por que não se deve

fazer, geralmente.

O que se pretende, então, com este ensaio é avaliar

em que medida esses maciços vegetais podem trazer

malefícios ao cotidiano urbano.

A discussão a ser construída buscará responder a esta

questão por meio de revisão da literatura, aparentemente

escassa até o momento, e da elaboração/reunião de

conceitos e aspectos fitopatológicos nas cidades, que,

posteriormente, serão organizados na forma de uma

ferramenta de diagnóstico aplicável a áreas urbanas. Espera-

se, com a ferramenta proposta, contribuir na tomada de

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

decisão projetual para os novos planejamentos de áreas com

verde2 (Figura 02).

Para o enfrentamento desta problemática, o estudo se

estruturará da seguinte forma:

1. Primeiramente, buscar-se-á elucidar o objeto de

estudo (vegetação) e seu contexto nas cidades (vegetação

urbana);

2. A partir desta conceituação, partir-se-á para

compreensão e elaboração de um método, analisando e

ponderando discursos de alguns estudiosos da análise urbana;

3. Essas pesquisas (de base metodológica), como

outras fontes ligadas à botânica, jardinagem, geografia física,

paisagismo e urbanismo, balizarão uma enumeração dos

possíveis malefícios da vegetação nas cidades (espontânea

ou por implantação antrópica), as fitopatologias3, e assim

permitirá seu estudo em campo;

4. A partir da categorização das fitopatologias,

será proposta uma ficha de diagnóstico a ser aplicada em

áreas urbanas. O recorte físico-espacial para aplicação desta

2 Áreas verdes e espaços verdes são conceitos que serão mais explorados no capítulo

‘Verde Urbano: a urbe gramada’. 3 Fitopatologia: Aqui foi emprestado este termo da botânica, no qual se refere a

doenças, deformações e outros problemas que ocorrem nas plantas, invertendo-o e

o empregando como: plantas causando malefícios a cidade.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

ferramenta de levantamento será uma superquadra do Plano

Piloto de Brasília, a SQS 308;

5. Feito o estudo de campo, os resultados deverão

ser diversos mapas e tabelas, os quais darão um razoável

panorama de como são encontradas tais patologias e qual a

situação da área escolhida em relação a elas;

6. Por fim, serão brevemente analisadas tais

estatísticas, o procedimento metodológico proposto e sua

aplicação, como o processo de estudo como um todo.

O intuito é que este trabalho, sirva de base para o

levantamento do desempenho da vegetal urbana, e, a partir

dos seus resultados (estatísticos ou não), possa se fazer

recomendações projetuais para as áreas avaliadas.

Não é, de forma alguma, um manifesto contra o uso

das plantas nas urbes, vejam bem, está justamente no

caminho oposto. Para se ter uma cidade saudável, é

necessário ter maciços de árvores, forrações e arbustos, mas

em equilíbrio, pensando nas demandas e necessidade, nas

aplicações e usos, de forma agregadora e sem prejuízos para

malha.

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xilema, floema... e raiz

a vegetação

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

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” No momento em que senti vontade

de exprimir-me dentro da ordem

estética, só tinha à minha disposição

um único material: a planta.”

Arnaud Maurières

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

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Poder-se-ia dizer aqui que vegetação é simplesmente

um “conjunto de plantas que povoam uma área

determinada”4, porém, mesmo o presente texto tendo o

intuito de ser científico e o mais austero possível nesta

posição, falar sobre plantas não é um processo cartesiano.

Vejam, basta ler os próprios nomes científicos que nos

são apresentados: Plumbago auriculata, Schefflera arborícola,

Yucca gigantea, Callisia fragans... e tantos outros; estas

denominações estão carregadas de emoções e impressões

retidas nas íris, tez e brônquios dos mais diversos

pesquisadores. Estes cientistas foram até as florestas mais

fechadas e distantes coletá-las, mas, mesmo com todos os

seus manuais e congressos, ainda assim nomeiam as flores por

características subjetivas.

A vegetação é epidêmica, tem diversas cores, formas

e tamanhos, e encanta-nos, sendo impossível tratar como um

algoritmo ou um pedaço genético que se repete durante as

gerações.

Hoje não a tratamos mais como mero exemplar do

quintal ou como alimento do dia-a-dia. Essa é o centro, direto

ou indireto, de quase todas as discussões: está nas pesquisas e

4 MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo-SP: Editora

Melhoramentos, 1998.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

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colheitas da agricultura, chegando a nossas casas como

material de construção, tendo em forma de florestas tropicais

zelo para as futuras gerações ou servindo como pretexto para

as mais diversas falas acerca de sustentabilidade.

O entendimento do verde (mas também azul,

vermelho, violeta...) é tão complexo que interage inclusive

com nossas cidades.

Nossas cidades? Sim, nossas cidades.

Por vezes achamos que as urbes em que moramos são

“selvas de pedra”, e não se pode tirar a razão, pois o que se

enxerga é quase que exclusivamente prédios, cimento e

carros. Porém, mesmo que imperceptível, devido a rotina

urbana, o vegetal também está nela inserido, por menores ou

maiores que sejam seus elementos.

Podem as plantas estar menos presentes, se

escondendo atrás de uma única árvore na rua ou podem

estar exuberantes em grandes extensões ajardinadas, o que

importa é que estão lá.

Visto isso, este balanço tende agora a parecer mais

sensato. É chegada, portanto, a hora de aprofundar seus

elementos.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

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O Reino Plantae para carpinteiros e jardineiros:

Parece básico e elementar definir este campo: plantas

são plantas, abobrinha é um vegetal, cenoura é um vegetal,

mangueira é uma planta. Porém, mais do que saber seus

nomes ou saber se é uma planta ou uma pedra, por exemplo,

é necessário ter conhecimento das tipologias em que estão

classificadas, em chaves mais diversas do que a simples

diferenciação entre vegetais, animais e minerais.

Equalizemos, portanto, o que vem a ser planta:

Segundo Raven et al (1992):

As plantas verdes incluem um amplo conjunto de

organismos fotossintéticos que contém clorofilas a e b, são capazes

de armazenar seus produtos fotossintéticos como amido dentro de

uma membrana dupla de cloroplastos que o produz, e têm paredes

celulares feitas de celulose (RAVEN, 1992, sem página, tradução

nossa).

Esta já é uma definição mais abrangente do que a lida

no dicionário, auxiliando-nos a abrir mais nossa visão. Todos os

seres que se encaixarem nesta descrição são plantas, o que

irá incluir, para surpresa de muitos, várias algas e musgos.

Munidos desta informação, classifiquemos:

Page 40: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

38

Primeiramente, mais do que se agruparem em florestas,

restingas e matas, a vegetação obedece a uma ordem de

hábito5 - para os paisagistas, estratos.

Para Salviati (1993), divide-se a vegetação em (Figura

03):

- Plantas arbóreas:

Normalmente acima de 5 metros de altura, com caule

autoportante, base única6 - árvores, palmeiras e coníferas7.

- Plantas arbustivas:

Normalmente abaixo de 5 metros de altura, com caule

autoportante, base múltipla e resistência ao menos parcial.

- Trepadeiras:

Plantas sem caule autoportante que crescem sobre

suporte.

- Plantas herbáceas:

Normalmente abaixo de 1 metro de altura, com caule

não resistente e herbáceo – herbáceas, forrações e pisos

vegetais.

5 Hábito, no campo da botânica, trata do porte e sustentação da planta. 6 Há várias palmeiras com caule múltiplo. 7 Coníferas: Pinheiros, araucárias, cedros. Não estão incluídas gimnospermas menores,

como as cicas.

Page 41: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

39

Há outras que não se encaixam nas descrições,

flutuando nas classificações, como bananeiras e sagus.

Mais do que estilos, que variam com culturas, há jardins

e jardins8 para grupos de vegetação. As plantas se

enquadram em xerófitas (Figura 04) (que aguentam bem

longos períodos de estiagem), ombrófilas (que preferem

regimes mais constantes de chuva) (Figura 05), heliófilas e

umbrófilas (que respondem melhor à maior ou menor

luminosidade, respectivamente), aquáticas, epífitas, brejeiras

e que se adaptam tanto ao regime de chuvas quanto a seca.

Vejam que estas se encaixam nos quesitos de água, sol e solo.

Já para Gonçalves e Lorenzi (2011), botânicos, a

vegetação pode ser dividida em diversos graus, os quais se

pode encaixar também o hábito.

O primeiro deles é o evolutivo, dividindo as plantas em

algas, briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas9

(Figura 06).

8 Como se verá mais à frente no texto, escolher por um tipo de planta ou jardim tem

várias consequências. Jardins áridos, por exemplo, são uma ótima forma de

economizar água e manutenção, mas incorrem em diversos prejuízos sociológicos e

físicos se mal planejado. 9 Resumo geral da classificação botânica. Estes conjuntos são fortemente divididos e

complexos, sendo até equivocado chama-los assim, mas, pela noção popular, deve-

se por aqui esta classificação.

Page 42: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

40

Figura 03 - Os estratos da vegetação. Desenho: autor.

pa

lme

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ras

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

41

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usto

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

42

Figura 04 – Piteira do Caribe (Agave vivípara L.), exemplo de planta xerófita

e heliófila. Foto: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

43

Figura 05 – Orelha de Elefante Gigante (Alocasia macrorrhizos (L.) G.Don),

planta ombrófila e umbrófila. Foto: autor.

Page 46: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

44

Isto definirá presença de flores, ciclo de reprodução,

tamanho, necessidade de água, informações imprescindíveis

para um planejamento paisagístico.

O segundo é a lenhosidade e ramificação, ou seja, a

resistência e composição do caule junto a sua divisão junto

da base. Plantas sem lenho são consideradas ervas, as que

não se auto sustentam são lianas, as que possuem

lenhosidade e são ramificadas na base são arbustos e as

lenhosas e de caule único são árvores. Dadas estas formas de

crescimento, há, claro, exceções, mistos dessas composições,

caso de palmeiras e subarbustos10.

Outra variação, que será importante, como veremos

mais à frente, é quanto à forma de sobrevivência das plantas.

Elas podem ser autótrofas (produzem seu próprio alimento),

hemiparasitas (praticam fotossíntese, mas suga água da

planta parasitada), parasitas (não praticam fotossíntese e

dependem de todos os nutrientes da planta parasitada) e

saprófitas (dependem de matéria orgânica do solo ou de

cima do seu suporte, fazendo pouca ou nenhuma fotossíntese

– não invadem os canais das plantas próximas).

10 Subarbustos são plantas mais baixas, com até 1 metro de altura, com base lenhosa

e restante herbáceo.

Page 47: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

45

Há ainda outros graus de divisão, segundo os

botânicos, do Reino Plantae, mas que aqui não são

convenientes.

A vegetação então, visto isso, pode se constituir em

uma árvore bem alta, com mais de cem metros de altura, ou

um arbusto de cinquenta centímetros; ter plantas de folhas

largas e abundantes por todo o caule ou desprovidas disto;

habitar o deserto ou estar somente em cima de uma árvore

específica da Amazônia; ser aquela despercebida área verde

– totalmente adaptável e com características das mais

diversas possíveis.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

46

Figura 06 – Cladograma das Plantas (dados: RAVEN, 1992). Desenho: autor.

Algas Ancestrais

(Provavelmente Clorófitas)

Pteridófitas**

(Licófitas, Equisetos, Psilotos, Samambaias e

Samambaiaçus)

Briófitas*

(Musgos, Hepáticas e Antóceros)

Va

scu

lariza

çã

o

Am

bie

nte

Te

rre

stre

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

47

Gimnospermas

(Pinheiros, Ciprestes e Cicas) Se

me

nte

s

*Forma didática de condensar as divisões Bryophyta,

Marchantiophyta e Anthocerotophyta.

** Forma didática de condensar as divisões Lycophyta

e Monilophyta.

Angiospermas

(Todas as plantas floríferas)

Page 50: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo
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a urbe gramada

verde urbano

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

50

“Prosseguindo, através do Palácio de Cristal, nossa caminhada em

direção ao bulevar exterior da cidade, atravessaremos a Quinta

Avenida, arborizada, como todas as ruas da cidade, ao longo da

qual – olhando em direção ao Palácio de Cristal – encontramos um

cinturão de casas bem construídas e levantadas em terreno próprio

e espaçoso.”

Ebenezer Howard

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

51

Descrito um conceito mais amplo – paisagístico,

geográfico e botânico (p. 34 à 40) - do que viriam ser as

plantas, cabe agora fazer a seguinte pergunta: onde estará

este verde que tanto conceituamos em nossas cidades?

A vegetação é um elemento compositivo quase que

obrigatório dos espaços livres ao longo do tempo e está

distribuída de forma variada nas polis do mundo. Diz-se

caótica, por que mesmo planejada e bem plantada, esta

não se restringe ao projeto antrópico e se espalha, como no

meio natural, por todas as áreas, sem restrição de solo e de

uso.

Mesmo não sabendo como as plantas se organizam e

se organizarão nos territórios de São Paulo, Madri ou Xangai,

ainda assim podemos categorizar as ambiências que elas

atingem, percorrem e se encontram: de modo análogo aos

elementos construídos, elas podem estar inseridas em espaços

livres privados, semi-privados ou públicos urbanos.

É importante diferenciar onde o verde está nas

cidades, por que isto implicará em usos completamente

distintos, e, consequentemente, percepções variadas.

Ciente disto, antes de passarmos propriamente para

suas especificidades, o que viria a ser um espaço livre?

Page 54: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

52

No âmbito das urbes, segundo a Professora Magnoli

(2006, p. 202) “o espaço livre é [...] todo espaço (e luz) nas

áreas urbanas e em seu entorno, não-coberto por edifícios”

(Figura 07).

Outra definição, que tem um esforço de esmiuçar mais

este conceito, é a das Professoras Carneiro e Mesquita (2000),

que o descrevem como:

Áreas parcialmente edificadas com nula ou mínima

proporção de elementos construídos e/ou de vegetação [...] ou

com a presença efetiva de vegetação [...] com funções primordiais

de circulação, recreação, composição paisagística e de equilíbrio

ambiental, além de tornarem viável a distribuição e execução dos

serviços públicos, em geral. São ainda denominados espaços livres,

áreas incluídas na malha urbana ocupadas por maciços arbóreos

cultivados, representados pelos quintais residenciais, como também

pelas atuais áreas de condomínio fechado; áreas remanescentes

de ecossistemas primitivos – matas, manguezais, lagoas, restingas,

etc – além de praias fluviais e marítimas. (CARNEIRO e MESQUITA,

2000, p.2).

Caso haja vegetação, o enfoque desta pesquisa, esses

ainda podem ser classificados como áreas verdes ou espaços

verdes.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

53

Estes conceitos são complexos, pois há bastante

divergências do ponto de vista das definições (BENINI,

MARTIN, 2010, p.66), principalmente na escala de

abrangência (calçadas arborizadas são ou não áreas verdes,

por exemplo?). Dentre os vários autores que refletem sobre

esses dois termos, aqui serão reportados os conceitos dados

pelos pesquisadores Macedo e Lima et. al.

O primeiro define espaços verdes como:

Toda área urbana ou porção do território ocupada por

qualquer tipo de vegetação e que tenham um valor social. Neles

estão contidos bosques, campos, matas, jardins, alguns tipos de

praças e parques, etc, enquanto que terrenos devolutos e quetais

não são necessariamente incluídos neste rol. (MACEDO, 1995, p. 16).

E áreas verdes como:

[...] aos mesmos elementos referenciados anteriormente e

ainda [...] toda e qualquer área onde por um motivo qualquer

exista .vegetação. (MACEDO, 1995, p. 16 e 17)

No caso de Lima et. al. (1994) áreas verdes se

encaixam mais na definição de espaços verdes de Macedo:

Page 56: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

54

Figura 07 – Espaços livres, Áreas Verdes. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

55

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

56

Onde há o predomínio de vegetação arbórea; engloba as

praças, os jardins públicos e os parques urbanos. Os canteiros

centrais e trevos de vias públicas, que têm apenas funções estética

e ecológica, devem, também, conceituar-se como Área Verde.

Entretanto, as árvores que acompanham o leito das vias públicas,

não devem ser consideradas como tal. (LIMA et. al., 1994, p.10).

Conhecendo estas definições, já é possível esboçar

exemplos práticos de onde encontramos o verde em nossas

cidades.

O primeiro tipo de espaço livre que podemos encontrar

vegetação em nossas polis é o privado (Figura 08).

Segundo a Professora Leitão (2002, p.18 à 20), seria “o

qual, por definição, acolhe poucos [...] de acessibilidade

restrita a determinados grupos claramente definidos.”

São áreas verdes11 normalmente associados a jardins

residenciais, comerciais e institucionais fechados, formando

lagos, hortas, maciços, paredes verdes e gramados. Apesar

de estarem inseridos dentro da cidade e poderem conter

todos os tipos de plantas, tais locais não permitem a qualquer

usuário o usufruto. A vegetação que aí se encontra, portanto,

influi menos no aporte do conjunto urbanístico, embora

11 Adotaremos principalmente a definição de Macedo (1995).

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

57

Figura 08 – Espaço livre privado. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

58

contribua com uma porcentagem da drenagem e, caso haja

transparência, com paisagens diferenciadas aos não

convidados.

Já o espaço livre semi-privado12 é um pouco mais

democrático.

Esta expressão - espaço livre semi-privado - pode ao

mesmo tempo assumir a significação de espaço coletivo

privado, em que “proporciona um determinado tipo de

encontro e convivência, mas ainda entre pessoas de uma

determinada camada social” (LEITÃO, 2002, p.18 à 20), (Figura

09.1), como também ser um vestígio ou sobressalência do

espaço privado (Figura 09.2).

Na primeira significação (Tipo 1) (Figura 09.1), tem-se

assim incluídos, por exemplo, shoppings centers, hospitais,

museus e instituições abertas, supermercados e feiras,

ambientes nos quais a vegetação projetada em forma de

jardins, gramados, hortas, lagos e paredes verdes estará

acessível a todos, embora não sejam áreas definitivamente

públicas, nem estejam abertas todo o tempo – determinados

grupos sociais se sentirão inibidos ao entrarem em alguns

desses locais, à princípio.

12 Ou potencialmente coletivo, segundo Lima et. al. (1994).

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

59

Figura 09.1 – Espaço livre semi-privado – Tipo 1. Desenho: autor.

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Figura 09.2 – Espaço livre semi-privado – Tipo 2. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

61

Há ainda que se destacar que os jardins dos espaços

livres privados podem interferir mais do que com a simples

mudança na paisagem, dialogando também com o plano

público. Este é outro tipo de espaço livre semi-privado (Tipo 2)

(Figura 09.2).

Essa significação pode englobar, dentre outros casos,

áreas muradas com cercas-vivas (pois espinheiros e paredes

arbustivas mudam drasticamente a forma de andar em uma

calçada) ou locais com árvores de copa ou raízes extensas,

que ultrapassam o limite do lote. Apesar de estarem em uma

delimitação privada, a esfera de interferência dessa

vegetação ocorrerá de forma decisiva no cotidiano extra

particular, sendo assim um híbrido de espaço privado que

impacta diretamente no espaço público.

Seguindo a ordem, a última categoria de espaço livre

urbano, no qual estará presente a vegetação, é, para efeito

deste estudo, a mais importante, pois agregará a maior parte

das ambiências que aqui serão levantadas: são públicos.

Os espaços livres públicos são onde a vegetação mais

intervêm no cotidiano da urbe. Isto se explica pelo fato deles

serem de “uso comum, acessível a todos, em que estão

registrados os fatos urbanos que constituem a cidade.”

(LEITÃO, 2002, p.18 à 20) (Figura 10).

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

62

Figura 10 – Os espaços livres públicos. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

63

Constituem estes tipos de espaços livres: os passeios, os

estacionamentos, as ruas e avenidas, as ciclovias, as orlas, os

lagos e lagoas, as praças, os parques, os becos, os largos, os

pátios, os gramados e os jardins coletivos13, sendo todos

passíveis de ter vegetação.

Tendo elementos vegetais, estes ambientes ainda

poderão ser classificados como áreas verdes de domínio

público (similar aos espaços verdes, segundo Macedo (1995))

ou áreas com verde de domínio público (similar ao verde

residual e ao verde viário, segundo Lima et. al. (1994) –

apropriando espaços sem função social ou acompanhando

ruas e avenidas, por exemplo, em que a vegetação é

secundária).

As áreas verdes de domínio público são todas aquelas

áreas com predominância de elementos arbóreos ou

espaços [...] que desempenhem função ecológica, paisagística e

recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional

e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços

livres de impermeabilização” (CONAMA, 2006, p. 150 e 151).

13 Estes espaços podem ser ainda divididos em: espaços de circulação, recreativos e

de equilíbrio ambiental, segundo as autoras, mas isto aqui implicaria em aumentar a

abrangência para áreas diferenciadas, como campi universitários, cemitérios, jardins

botânicos.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

64

Englobam:

▫ Parques:

Pode-se dizer que parque “é uma área verde com

função ecológica, estética e de lazer, no entanto, com uma

extensão maior que as praças e jardins públicos.” (MINISTÉRIO

DO MEIO AMBIENTE, 2014).

Estes espaços são normalmente compostos por todo

tipo de vegetação e possuem microparcelas semelhantes a

praças e jardins devido a sua extensão (Figura 11).

Podem também ser hortos, jardins botânicos e reservas

florestais, tomando-se o cuidado de analisar se são

macroparcelas independentes da urbe.

Figura 11 – Parque da Cidade, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Foto:

autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

65

▫ Praças14:

São espaços públicos os quais são desempenhados

diversos usos. Essas áreas são facilmente mutáveis e possuem

representatividade alterada tanto pelas edificações próximas

quanto pelo simbolismo próprio (Figura 12).

Por definição é “logradouro público constituído de

área arredondada, quadrada etc. com arborização e

ajardinamento [...], cortada de vias e alamedas para

circulação de pedestres.” (SILVA, 2008, p. 203).

Figura 12 – Praça Dom Pedro II, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor.

14 Para efeito de pesquisa, estenderemos o termo para largos e rossios também.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

66

Nestas, desempenham-se as funções de estar, lazer,

esportes, descanso, contemplação, ecológica, festiva,

educativa, meramente estética e psicológica (LEITÃO, 2002).

A vegetação, assim como nos parques é variada,

podendo ser de todos os tipos de estratos dependendo do

projeto.

▫ Orlas:

Mais do que uma margem ou transição entre oceanos,

rios, lagos, lagoas e o continente, orlas urbanas são áreas nas

quais há intervenção antrópica e que possuem as funções de

lazer, esportes, descanso, contemplação e ecológica (Figura

13).

Figura 13 – Praias Olho d’água, Caolho e Calhau, São Luís, Maranhão, Brasil.

Foto: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

67

Normalmente, há palmeiras, árvores e forrações ciliares

nesses espaços e esses elementos vegetais estão associados

diretamente com a proteção das praias e bordas –

segurando aterros, fomentando a drenagem e protegendo as

cidades da areia e marés excessivas – ou desempenhando

funções secundárias de embelezamento e/ou sombra.

▫ Jardins Coletivos:

Áreas ajardinadas públicas com pouco índice de

impermeabilização não associadas a espaços definidos ou

vias (Figura 14).

Desempenham normalmente funções estéticas, de

contemplação ou educativas e alimentícias – caso de hortas

– e possuem diversos estratos de vegetação (BENINI, MARTIN,

2010).

▫ Gramados públicos:

São áreas públicas projetadas compostas somente por

gramíneas pisoteáveis e ervas daninhas – raras árvores ou

arbustos (Figura 15).

Estes espaços são de uso igual ao de áreas totalmente

pavimentadas, pois se pode andar por toda sua extensão,

Page 70: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

68

desempenhando mais as funções de estar, lazer, esportes,

descanso e festiva.

Figura 14 – Horta na Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Foto: autor.

Figura 15 – EQN 106/107, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

69

▫ Áreas arborizadas informais e cinturões:

Locais públicos, projetados ou não, que não são

propriamente parques, terrenos baldios ou vagos, e nos quais

se pode encontrar árvores, arbustos e forrações (Figura 16).

Tem importância estética e, dependendo da abertura,

podem ser usados como gramados públicos com sombra ou

como áreas de lazer e esporte.

Figura 16 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

70

Os outros espaços livres públicos não listados, em que

existe vegetação, são as áreas com verde de domínio

público.

Como descrito na página 52, são os verdes viários, os

verdes residuais da cidades. Abarcam normalmente locais

com uma maior taxa de impermeabilização, água ou vazios

urbanos. Preponderam espaços fortemente pavimentados

com pontuais inserções de árvores, arbustos e forrações e que

servem principalmente como meios de circulação ou que

não estão abarcadas na Lei de Parcelamento de Solo nº

6.766, 19.12.1979):

▫ Rios, Córregos, Lagos e Lagoas:

Estes espaços são cursos ou retenções d’água naturais

ou escavados pelo homem (Figura 17).

Cada vez mais presentes nas cidades devido à

expansão urbana, estes locais desempenham funções de

abastecimento d’água ou alimentício, ecológica, estética ou

higrotérmica.

No caso, a vegetação presente nesses espaços é

aquática ou são árvores e forrações ciliares.

Page 73: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

71

▫ Vazios Urbanos:

Segundo Benini e Martin (2010, p. 66, adaptado), são

locais que “compreendem as coberturas baixas ou medianas.

Os lotes vazios, característicos principalmente em áreas

urbanas de consolidação recente, caracterizam este grupo.”

(Figura 18).

São os terrenos baldios, os lotes demarcados para

edificações e ainda não ocupados. Por desleixo ou por falta

Figura 17 – Lagoa da Jansen, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

72

de proprietário, é comum a presença de plantas

resistentes/daninhas, de pequeno a médio porte (arbustos,

herbáceas, forrações e gramíneas).

Além dos cursos d’água e terrenos não construídos, a

estrutura viária, em quase todas as escalas (do automóvel, do

ciclista ou do pedestre), é por vezes composta por espaços

verdes.

São exemplos comuns, em que encontramos

elementos vegetais os seguintes locais:

Figura 18 – Setor N, QNN 12, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

Page 75: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

73

▫ Vias expressas, ruas e avenidas:

Apesar das diferenças de hierarquia e as sinonímias,

estes espaços aqui serão definidos como espaços

pavimentados15 os quais suportam as circulações de veículos.

A vegetação, quando encontrada nesses espaços,

pode estar ladeando as faixas de rolamentos ou ser central,

em canteiros. Normalmente constituem o verde das ruas,

avenidas e vias expressas árvores ou gramíneas, que as

sombreiam, embelezam, identificam ou somente dividem e

protegem os espaços. (Figura 19).

Tecnicamente, calçadas, passeios, ciclovias e

estacionamentos podem estar inseridos nas caixas das ruas,

avenidas e vias expressas, mas, por possuírem uma estrutura

diferente das faixas de rolamento, serão referenciados em

tópicos próprios.

▫ Calçadas e Passeios:

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (1997), são

“parte da via, normalmente segregada e em nível diferente,

não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito

15 Normalmente pavimentados, mas podem incorrer, como em várias cidades do

interior do Brasil, em ser vias de terra ou areia.

Page 76: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

74

de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário

urbano, sinalização, vegetação e outros fins.”

Os elementos verdes associados a estes locais

fortemente pavimentados buscam, em princípio, auxiliar e

proteger os pedestres que a usam (Figura 20).

Nos espaços reservados à vegetação – gaiolas, poços,

recortes e faixas – estão comumente presentes gramíneas e

árvores.

Figura 19 – Av. Hélio Prates, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

Page 77: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

75

▫ Canteiros:

Considera-se canteiro as áreas floridas ou cobertas de

forrações normalmente associadas a pistas de rolamento

(Figura 21).

Com o intuito simbólico, de orientação ou de

organização do sistema de circulação veicular (podendo

contribuir com a estética da via), estão comumente em faixas

Figura 20 – Calçada, São José do Ribamar, Maranhão, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

76

de serviço para colocação de mobiliário urbano ou

arborização de vias expressas e rotatórias.

▫ Estacionamentos:

São as áreas, em que se deixam veículos

provisoriamente16. Estes ambientes são bastante

pavimentados e quando apresentam vegetação, elas estão

ligadas à proteção, ao sombreamento dos veículos ou

paralelamente a pisos mais permeáveis, como o pisograma.

São, portanto, árvores ou arbustos de maior porte que

dividem as vagas e a circulação, ou forrações mais resistentes

ao tráfico (como algumas gramas) junto ao pavimento

(Figura 22).

16 Adaptação da definição do dicionário. MICHAELIS: moderno dicionário da língua

portuguesa. São Paulo-SP: Editora Melhoramentos, 1998.

Figura 21 – Rotatória das SQN’s 103 e 104 e EQN 303/304, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor.

Page 79: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

77

Figura 22 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

▫ Ciclovias:

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (1997,

adaptado), as ciclovias (Figura 23) são “pistas próprias

destinadas à circulação de ciclos, separadas fisicamente do

tráfego comum.” Como as calçadas e ruas, são elementos

urbanos fortemente pavimentados que podem ter canteiros

no centro ou lateralmente. Estes espaços verdes

preferencialmente contem árvores ou gramíneas.

Page 80: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

78

Terminada esta explicação, são basicamente esses

espaços livres públicos, semi-privados e privados (Tabela 1),

em que a vegetação pode se enquadrar nas cidades.

O objetivo mesmo era trazer a miscelância de espaços

que as plantas podem estar ocupando na urbe, preparando

o leitor, munido já do conceito e do sítio, para o que virá no

próximo capítulo: as consequências do mal uso da

vegetação nos nossos centros urbanos.

Figura 23 – Via N2, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: Thamires Chácara.

Page 81: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

79

Tabela 01 – Composição dos espaços livres nas cidades

privado semi-privado 1 semi-privado 2 público

Dentro dos

lotes

privados e

sem

interferênci

a com o

meio

externo

Em pátios de

shoppings e

feiras, jardins

de edifícios

empresariais,

onde a

circulação é

quase pública

Dentro dos

lotes privados,

mas com

interferência

com o meio

externo

Em parques,

praças permeáveis,

orlas (como

calçadões), jardins

coletivos,

gramados públicos,

áreas arborizadas

(áreas verdes)

Em calçadas e

passeios, leitos

d’água, vazios

urbanos, canteiros,

estacionamentos,

vias expressas, ruas,

avenidas, ciclovias

(áreas com verde)

Fonte: Autor

Page 82: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo
Page 83: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

conversando com as mangueiras metodologia de análise

Page 84: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

82

Matheus Maramaldo Andrade Silva

“Só não há primavera no meu recinto/

Enfermidades, beijos decompostos/

como heras de igrejas que se pegaram/

nas janelas negras da minha vida,/

só o amor não basta, nem o selvagem e extenso perfume da

primavera.”

Pablo Neruda

Page 85: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

83

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Sabendo o quanto de vegetação as cidades possuem,

não mais podemos achar que todo o canto destinado ao

verde está realmente bom pelo simples fato de tê-lo.

Generalidades normalmente incorrem em erros, assim como

paradigmas são verdades absolutas até que se quebrem suas

espinhas dorsais.

As fitopatologias17 que aqui serão comentadas estão ai

para provar esta tese. Elas não têm distinção de raça, classe

social ou tipo edificante, avançam conforme a própria razão.

Assim, apesar de definidos os problemas causados, são

infinitas as possibilidades de degeneração nas cidades, ao

mesmo tempo que existem formas mais adequadas para

cada situação. São combinações variadas que se conectam,

desconectam, fazem simbiose.

Partindo desse princípio, qual ferramenta metodológica

se prestaria a analisar os impactos negativos do mal

planejamento como da espontaneidade da vegetação na

urbe? É esta questão que o presente capítulo espera

responder.

Sabendo da escassa literatura específica (confirmada

por pesquisadores como Lúcia e Juan Mascaró (2010)) sobre

o tema deste estudo, considerando uma pesquisa focada

17 Vide Nota de Rodapé 3, página 30.

Page 86: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

84

Matheus Maramaldo Andrade Silva

somente nos processos maléficos da incorreta implantação

de elementos vegetais na cidade, adotou-se como recurso

metodológico a analogia com textos e ferramentas advindos

de análises urbanas, das tipologias edificantes e dos espaços

livres.

Foram, portanto, lidas algumas formas de apreensão

dos espaços urbanos, dos seguintes autores: Jane Jacobs

(2010), Philippe Panerai (2006), Maria Elaine Kohlsdorf (1996).

Mais próxima da problemática desta pesquisa, foram

lidos os artigos do Grupo de Pesquisa QUAPÁ/FAU-USP (2009) e

do NORIE/UFRGS (2003).

O primeiro, desenvolvido pelos pesquisadores Ana

Cecília de Arruda Campos, Denis Cossia, Silvio Soares

Macedo, Maria Helena Preto, Fábio Robba, parte para análise

de espaços livres usando do caso de São Paulo, em uma

construção também metodológica, algo que já esboçaram

em diversas outras pesquisas.

Já o segundo, desenvolvido por Beatriz Fedrizzi, Sérgio

Luiz V. Tomasini e Luciano Moro Cardoso, propõe critérios de

análise do desempenho quantitativo e qualitativo da

vegetação frente a vivência escolar das crianças (no caso,

quando tem acesso ao pátio).

Page 87: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

85

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Como estes estudos não seriam suficientes para

abarcar todas as conjunturas da temática, voltou-se também

para uma literatura mais cartesiana, gráfica, que apresenta

alternativas de graficação passíveis de serem adotadas neste

estudo. As seguintes fontes também foram consultadas: a

construção de mapas de dano, nos quais são levantadas as

patologias dos edifícios desenvolvida pelo Centro de Estudos

Avançados da Conservação Integrada (CECI, 2009), alguns

Planos de Arborização (PDAU Goiânia, 2009), os quais são

claros estudos de campo; livros, artigos, revistas ou matérias

mais específicas de elementos vegetais, que darão maior

enfoque em cada subtópico das fitopatologias.

Assim, neste ponto da pesquisa, após todo o

preâmbulo que conceitua o que é vegetação e onde

podemos encontra-la nas cidades, inicia-se a sistematização

de procedimentos que visam dar uma resposta possível à

problemática já posta: Quando e de que forma a vegetação

está associada aos diversos tipos de degradação da urbe?

Para responder a esta questão, este capítulo está

estruturado da seguinte forma:

Primeiramente, tendo em vista a pouca abordagem

específica sobre o desempenho patológico físico, ambiental

sanitário e psicossocial da vegetação no contexto urbano,

Page 88: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

86

Matheus Maramaldo Andrade Silva

recorreremos à análise de caminhos propostos por alguns

autores para o levantamento e a compreensão da forma da

cidade.

Em seguida, serão identificados os critérios adotados

para a análise do desempenho da vegetação, segundo os

autores anteriormente descritos, nos pátios das escolas e nos

espaços livres.

Notadas as visões desses autores, será moldado o

caminho próprio desta pesquisa, amálgama das referências e

do reconhecimento preliminar do problema em campo.

Assim, a partir do cotejamento e confronto das fontes teóricas

com as informações colhidas em campo, será proposto um

arcabouço com face teórica e metodológica para o

levantamento e a avaliação do desempenho da vegetação

na urbe.

Levantamento em uma superquadra de Brasília (SQS

308), com a intenção de perceber as patologias recorrentes,

bem como definir quais as formas mais precisas para graficá-

las;

Page 89: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

87

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Frente ao exposto, os tópicos a seguir visam construir e

explicitar esses procedimentos acima descritos, culminando

com a proposição de um caminho analítico próprio.

A Análise das Cidades:

Jane Jacobs, Philippe Panerai e Maria Elaine Kohlsdorf, a

partir de um olhar urbano, e o QUAPA/FAU-USP e o

NORIE/UFRGS, em temáticas mais próximas a deste ensaio,

mostraram estudos que analisam os fenômenos, as cidades,

os espaços livres ou o desempenho da vegetação em

escolas, com princípios similares aos que poderão ser

adotados nesta pesquisa.

A primeira pesquisadora, que relacionamos a

apreensão do todo, é a jornalista Jane Jacobs (2010).

No seu mais celebrado livro, Morte e vida das Grandes

Cidades (Americanas), Jacobs traça uma análise pessoal e

de campo.

Refutando quase todos os preceitos urbanísticos

advindos do Modernismo e também do planejamento urbano

dado àquele momento, Jacobs vai delineando várias e várias

comparações e exemplos do que considera bom e o que

Page 90: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

88

Matheus Maramaldo Andrade Silva

considera ruim nas cidades, com um olhar peculiar da

vivência, segurança e diversidade dos ambientes urbanos

(Figura 24).

Mesmo parecendo uma conversa franca entre duas

pessoas, a autora e o leitor, na realidade se estabelece uma

profunda pesquisa que está dividida em quatro partes: a

natureza peculiar das cidades, condições para a diversidade

urbana, forças de decadência e de recuperação e táticas

diferentes.

Começa-se esboçando dois elementos públicos

presentes (ou que deveriam estar) no espaço da cidade: a

calçada e os parques.

Nota-se que apesar de introdutório ao repertório

urbano de que se está falando, Jacobs já está fazendo sua

crítica a como não se deve deixar a participação popular de

fora do planejamento, como áreas verdes não

necessariamente trazem bem estar ao bairro, como conjuntos

habitacionais não necessariamente produzem ou induzem a

um estilo melhor ou mais confortável de vida do que em

casas próximas e cortiços.

A crítica ao modelo contemporâneo a ela está

corrente em todo o texto, por mais que os títulos dos capítulos

não ensejem algo do tipo, sempre está sendo feita uma

Page 91: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

89

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

comparação entre o ruim (péssimo) e o bom, buscando-se

também demonstrar como o planejador moderno está

alienado das reais necessidades da população.

E assim vai se encampando, no avanço do livro, formas

e elementos que contribuem para a pulsação das cidades:

diversidade de comércio, tipologias variadas de edifícios,

estratos sociais diversificados, densidade populacional.

A análise de Jacobs, portanto, é pautada pelo juízo

dado aos casos e a comparação.

E por que esta visão é importante para o estudo

presente?

O trabalho de Jacobs é valoroso por ter sido feito

basicamente fora dos laboratórios e centros de pesquisa. É

um exercício de campo, de observação, questionamento, de

casos e estatísticas reais e de menos prognósticos. Jacobs foi

a cada rua, parque e centro habitacional que menciona, o

que de fato reforça bastante o seu discurso, descreditando o

uso exclusivo do lápis para o projeto.

Não podemos esquecer também que a forma como a

jornalista abordou a cidade, por meio de confrontos entre

circunstâncias, demonstra o quão forte ou o quão

desqualificado é cada lado da avaliação, justificando a

problemática da pesquisa.

Page 92: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

90

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 24 – O monótono, o deserto de Jacobs. Desenho: autor.

Page 93: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

91

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

O segundo pesquisador mencionado na lista é Panerai

(2006).

O autor, como em O Urbanismo, de Françoise Choay,

procura uma extensa lista de personagens para encaminhar

sua lógica. Tal holisticidade promove uma confiança maior

em seu método de avaliação.

Panerai, em Análise Urbana, traça primeiramente uma

evolução da forma edificante e do crescimento das cidades

para daí começar a mostrar as leituras possíveis da malha

urbana.

Como os tentáculos das cidades se estendem e como

percebemos as complexas urbes?

Com emprego da interpretação de Kevin Lynch, são

descobertas algumas das formas de apreensão da malha

urbana: pontos nodais, marcos, barreiras, percursos e setores.

São pontos mais visuais, que servem bastante para esta

pesquisa, no entanto, se limitando por se estreitar a um só

sentido, o dos olhos, faltando englobar o olfato, o paladar, o

tato e a audição, apreensões necessárias para se apreender

a realidade típica dos bairros e também as características da

vegetação na urbe.

Mais adiante são citados outros autores como Saveiro

Muratori, Gianfranco Caniggia, Marcel Poëte, Gaston Bardet,

Page 94: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

92

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Patrick Geddes e Raymond Unwin em um denso escrito de

como as cidades se comportam quanto ao seu crescimento:

radiais, tentaculares, envolvendo limites físicos ou estagnando

por barreiras regulatórias; de forma espontânea ou dirigida.

Visto isso, exploram-se os termos característicos do

tecido urbano, um pequeno dicionário comentado que

define e exemplifica vias, lotes e a malha em si, como

averigua certos valores dimensionais.

Contudo, o que é primordial do livro e do autor para os

encaminhamentos deste estudo é a sua proposta de método

de avaliação.

Panerai faz uma definição de tipo, dá exemplos de

tipificação (tipologias), como catálogos de moradias e

quarteirões e parte para um método de análise tipológica,

organizando nas seguintes etapas:

Definição de Abrangência:

Muitas tentativas de estabelecer tipologias resultam infrutíferas por

que não se toma o cuidado de se definir claramente, de antemão, o

que irá ser estudado. Evidentemente, a definição da abrangência está

vinculada as questões que se pretende responder.

Escolha de níveis:

Page 95: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

93

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Como a tipologia começa por uma classificação, é preferível

classificar os objetos que pertencem a um mesmo nível de leitura do

tecido urbano18.

Delimitação da Zona de Estudo:

Ela depende da problemática colocada e dos meios disponíveis

(tempo, recursos humanos), mas é necessário decidir se será feita uma

análise exaustiva, em que todos os objetos serão considerados em

detalhe, ou uma análise representativa (como uma sondagem), em

que são escolhidas amostras e, após a determinação dos tipos, verifica-

se quão contemplada foi toda a zona.

Classificação prévia:

[...] o caso em que todas as operações são explicadas.

Começaremos por um inventário.

É uma fase de observação minuciosa do objeto, em que

procuramos descrevê-los para deixar claras as propriedades que os

distinguem e estabelecer critérios. [...]

A partir das respostas a esses diferentes critérios, podemos fazer uma

primeira classificação, isto é, agrupar em uma mesma família os objetos

que ofereçam a mesma resposta a uma série de critérios. [...]

[...] as famílias ainda não são tipos, essa classificação ainda não é

uma tipologia: ela constitui apenas um primeiro agrupamento que irá

permitir elaborar os tipos.

Elaboração dos tipos:

18 Nível de leitura do tecido urbano se torna nível leitura das patologias no tecido

urbano neste estudo.

Page 96: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

94

Matheus Maramaldo Andrade Silva

O tipo se constrói. Essa construção por abstração racional pode ser

feita em duas etapas. Primeiramente, para cada família estudada,

explicitamos as propriedades dos objetos que a compõem. Em seguida

reunimos as propriedades em comum dos objetos de uma família para

definir o tipo; o conjunto das propriedades não compartilhadas mostra

as variações possíveis em relação ao tipo.

Tipologias:

Esses tipos isolados não são de grande interesse e só adquirem

sentido quando inseridos em um sistema global. A tal sistema – o

conjunto dos tipos e de suas relações – denominamos tipologia. [...]

A tipologia conduz a uma compreensão da arquitetura inserida em

um tecido. (PANERAI, 2006, 127 à 137).

Apesar de não ser aplicado stricto sensu à vegetação,

é um método para uma gama de fatores, nos quais estava

encaixada também a cidade. Sua contribuição a esta

pesquisa é especialmente de natureza metodológica, pois é

uma forma de estruturar as etapas de levantamento e a

análise para a identificação:

Definição de abrangência – vegetação urbana;

Escolha de níveis – espaços livres privados, semi-

privados e públicos;

Page 97: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

95

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Delimitação da zona de estudo – Quadra do

Plano Piloto (SQS 308);

Classificação prévia – fitopatologias;

Elaboração de tipos - fitopatologias;

Tipologias - aplicabilidade.

Se Panerai define uma linha tipológica genérica para o

estudo das cidades, Maria Elaine Kohlsdorf (1996)19 direciona

a um caminho, identificando fatores ou dimensões prévias

que, como em uma tabela, deverão ser objeto de avaliação

na urbe.

O seu estudo se esboça por meio da forma como

codificamos o espaço urbano. Esta se dá por respostas

estéticas (de acordo com grupos sociais), psicossociais ou por

19 Maria Elaine Kohlsdorf é precursora neste tipo de estudo das dimensões e em suas

definições aqui no Brasil. Apesar do livro ser de sua autoria, a pesquisa em si teve a

contribuição de outros pesquisadores, que ainda estão em um processo de

evolução/complementação do estudo de Kohlsdorf. São eles Benamy Turkienicz,

Márcio Villas Boas, Gunter Kohlsdorf e Frederico de Holanda (todos estudiosos que

pertencem ou pertenciam ao grupo de pesquisa Dimensões Morfológicas do

Processo de Urbanização – DIMPU). Este último ainda agrega três outras dimensões ao

estudo: estética, simbólica e afetiva, conforme se verifica em HOLANDA, Frederico

de. 10 mandamentos de Arquitetura. Brasília-DF: Editora FRBH, 2013.

Page 98: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

96

Matheus Maramaldo Andrade Silva

entendimento de informações explícitas ou implícitas que são

reconhecidas em determinado local (Figura 25).

No andamento do texto, são demonstradas várias

maneiras de abordagem da cidade por parte do observador,

em dadas hierarquias de percepções e sensações, conforme

se anda pelo espaço. Estas se derivam de elementos próprios

da construção do ambiente, são efeitos como alargamento,

estreitamento, direcionamento, impedimento, etc.

A contribuição principal desse estudo é como são

agrupadas estas sensações em forma de

dimensões/aspectos.

Tais aspectos que Kohlsdorf emprega (agregando os

demais de Frederico de Holanda) são:

Topoceptivo:

[...] estudo de atributos da arquitetura captáveis

essencialmente pelo sentido da visão, para responder as questões: o

lugar tem forte identidade, é facilmente memorável? o lugar tem

estímulos visuais em quantidade, qualidade e ordenação capazes

de favorecer a boa orientação através dele, i. é, deduzo facilmente

onde estou e que direção devo tomar para chegar a meu destino?

Funcional:

[...] concernem respostas da arquitetura a exigências

práticas da vida cotidiana em termos de tipo e quantidade de

Page 99: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

97

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

espaços para as atividades do corpo e da mente, e a relação dos

espaços entre si – de complementaridade, proximidade, distância

etc.

Bioclimático:

[...] concernem relações entre praticamente todos os

atributos dos elementos arquitetônicos listados antes – sítio natural,

cheios, vazios etc. – e a satisfação das expectativas do nosso corpo

quanto a temperatura, umidade, qualidade, aromas e movimentos

do ar, luminosidade diurna ou noturna, som ou ruídos. São

examinadas as características do clima local (temperatura,

umidade e qualidade do ar; velocidade e direção dos ventos;

intensidade e direção da radiação solar; regime de chuvas) e como

a arquitetura reproduz condições favoráveis ou apazigua – ou

agrava – as desfavoráveis, pois a arquitetura é um “modificador

climático”.

Sociológico:

Arquitetura como sistema de barreiras e permeabilidades ao

movimento, de transparências e opacidades à visão, de cheios e

vazios, impregnados de práticas sociais. Lugares são ordenados em

sistemas de contiguidades, continuidades, proximidades,

separações, hierarquias, circunscrições.

Afetivo:

Relativos aos afetos – sensações, estados psicológicos,

estados d’alma, emoções – provocados em nós pelos atributos do

lugar captáveis por nossos sentidos

Page 100: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

98

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 25 – Edifícios, relevo, traçado, perspectiva da cidade. Desenho:

autor.

Page 101: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

99

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Estético:

Elementos arquitetônicos cujas partes e todo tenham

características de claridade, harmonia, unidade, unidade na

variedade, integridade etc. a implicarem estimulação prazerosa

autônoma dos sentidos para além de questões práticas – o lugar é

belo. Configuração arquitetônica que veicula uma visão de mundo,

uma filosofia – o lugar é uma obra de arte.

Econômico:

Custos de construção e manutenção dos lugares. Padrões

de uso do solo relativos à ociosidade, intensidade ou continuidade

no uso da infraestrutura urbana – redes de circulação para todos os

modais (veículos motorizados, ciclistas, pedestres etc.), de

abastecimento d’água, coleta de esgoto, distribuição de energia

etc. Forma, dimensões e materiais constitutivos da edificação.

Simbólico:

Elementos arquitetônicos que evocam o lugar onde estão

(uma fonte escultórica como símbolo de uma praça ou um bairro);

ou lugares mais amplos em que se inserem (a Torre Eiffel com o

símbolo de Paris ou mesmo da França); ou valores, ideias, história (o

Congresso Nacional, Brasília, como símbolo da cidade e da

democracia representativa brasileira). (HOLANDA, 2013.)

Algumas dessas dimensões, em especial aquelas

relacionas a percepção mais visual e sensorial da cidade,

têm potencial para serem adaptadas à avaliação das

Page 102: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

100

Matheus Maramaldo Andrade Silva

fitopatologias e os efeitos que podem provocar nos usuários

do espaço.

No próximo capítulo, de uma forma referencial, devido

à complexidade deste estudo do DIMPUJ, serão listados parte

desses aspectos, pois são maneiras de também apreender a

vegetação disposta na urbe, positiva ou negativamente.

A vegetação faz parte dos elementos compositivos das

cidades, como um prédio, uma lixeira ou uma pavimentação,

sendo assim é propensa a instigar reações do público usuário.

Afunilando, o grupo de pesquisa QUAPA/FAU-USP

(2009) já se atém a uma parcela desse contexto urbano.

O principal foco da pesquisa, que ainda não está

concluída, foi a elaboração de mapas da cidade de São

Paulo os quais permitiriam analisar as relações entre o espaço

construído e os espaços livres (estudo o qual não somente

traria resultados para São Paulo, como conclusões para o

urbano como um todo).

Em resumo, o método da pesquisa consiste em fazer

graficações das porcentagens de áreas sem edificações e a

verticalização das áreas e as analisar quantitativa e

qualitativamente a partir dos mapas elaborados.

Page 103: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

101

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Os desenhos dessas manchas e a sobreposição dos

mesmos, mostraram vários parâmetros que reafirmam o quão

diversificada é a cidade paulistana. Foram visualizadas zonas

de maior concentração de moradias, de maior

concentração de empreendimentos de grande porte ou

espaços vazios, a direção do crescimento urbano e da

apropriação das áreas da cidade (Figura 26)

Da leitura podem ser tiradas conclusões de como se

deu o processo de esvaziamento de construções,

urbanização ou de eliminação de áreas verdes nestas zonas,

junto da observação do cotidiano urbano, as razões pelas

quais ocorreu isso (a faixa de renda e as leis de ocupação do

solo traduzem a qualidade destes espaços livres, uma nova

via expressa no bairro X modifica os parâmetros urbanísticos

lindeiros, novas normas de gabarito para o Centro criam

novas possibilidades de ocupação, etc.) e avaliar também a

qualidade desses espaços (mais áreas livres intralote igual

maior permeabilidade do solo e visual, por exemplo):

“O conjunto desses fatores termina por ratificar e

potencializar a demanda e a importância dos espaços livres

públicos, tanto para lazer e recreação urbanos como para o

conjunto da cidade, melhorando as condições locais em relação à

insolação e ventilação, e permeabilidade do solo. A criação de

Page 104: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

102

Matheus Maramaldo Andrade Silva

espaços livres públicos, devidamente tratados, extrapola os

aspectos funcionais, e eles devem ser entendidos nas esferas

ambiental, estética e simbólica.” (CAMPOS et. al., 2009, p.207)

Figura 26 – Sobreposição – Espaços livres x Verticalização. Mapa:

QUAPA/FAU-USP, 2009.

Page 105: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

103

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Esta pesquisa é interessante para o presente ensaio, por

que grafica para fazer a análise, produz um método que tem

como base mapas, estabelecendo relações, comparações,

diálogos.

Não qualifica propriamente a vegetação dos espaços

livres, mas já traduz um arcabouço mais próximo do que será

aqui levantado, pois estaremos relacionando o tempo todo o

objeto (vegetação) à zona de estudo (espaço – espaço livre

– cidade).

Saindo do contexto mais global, uma percepção mais

próxima, ou elucidativa, que foi encontrada, com o elemento

vegetal incluído, vem da pesquisa de Fedrizzi, Tomasini e

Cardoso, da NORIE/UFRGS (2003).

Seus estudos são interessantes, por que, apesar de

trabalhar com os aspectos positivos da presença da

vegetação nos pátios escolares, constrói a análise com base

em parâmetros classificatórios (similar a Kohlsdorf, mas mais

cartesiano).

Após busca na literatura sobre em que medida é

necessário às crianças o contato com a natureza, e como isso

favorece o seu desenvolvimento, os pesquisadores esboçam

uma metodologia quase que inteiramente de campo, na

Page 106: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

104

Matheus Maramaldo Andrade Silva

qual, por meio visual classificam os pátios escolares (Figura

27).

Assim, os pesquisadores elaboraram as tabelas ou

fichas a seguir:

Tabela 2: Pontuação quanto ao estrato vegetal:

Estrato Pontuação

Árvores e grama 3

Outros 1

Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003

Tabela 3: Conceitos e notas - níveis de vegetação existentes no pátio:

Conceito Nota Observação

Inexistente 0 Nível de vegetação avaliado não está disponível no

pátio

Ruim 1 Nível de vegetação avaliado, porém em quantidades

muito pequenas e/ou condições muito ruins

Regular 2 Nível de vegetação avaliado em quantidades e/ou

condições razoáveis

Bom 3 Nível de vegetação avaliado em quantidades e/ou

condições relativamente boas

Muito

bom

4 Nível de vegetação avaliado em quantidades e/ou

condições muito boas

Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003

Tabela 4: Classes de pátio - a vegetação em função da pontuação obtida:

Classe Pontuação

Final

Conceito

I De 31 à 40

pontos

Pátio com boa vegetação

II De 21 à 30

pontos

Pátio com relativa vegetação

III De 11 à 20

pontos

Pátio semiárido ou com

vegetação ruim/insuficiente

Page 107: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

105

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

IV De 0 à 10 pontos Pátio árido, com vegetação

muito ruim ou praticamente

inexistente

Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003

A pontuação da tabela 1 é multiplicada pela da

tabela 2 e o resultado é conferido na tabela 3.

Os pesquisadores foram a 15 escolas de Porto Alegre

(dentre 44 municipais) e utilizaram esse método para avaliar a

vegetação em seus pátios. O resultado foi majoritariamente

ruim, com as classes III e IV sendo as mais encontradas.

Também não será um método a ser aplicado sensu

stricto neste estudo, porém, é um exemplo já factível de como

outros estudiosos já tentaram compreender a qualidade

(ainda que não pública e geral) advinda da inserção de

vegetação nos espaços.

Seu sistema de pontuação e tabelas é um

procedimento também factível, pois auxilia no entendimento

de comparações e outras avaliações.

Contudo, deve ser bastante ponderado,

principalmente pela escala e por se ater a existência ou não

dos elementos vegetais, o que não é o propósito desta

pesquisa, que é verificar os malefícios do mau planejamento

da vegetação nos espaços.

Page 108: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

106

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 27 – Diferenças na pesquisa dos pátios escolares. Desenho: autor.

Page 109: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

107

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Os procedimentos estruturados:

A vegetação não é, conforme dito nos primeiros

capítulos, um elemento comum capaz de ser tipificado de

maneira restrita e a avaliação (Figura 28) de sua apreensão

não é fechada no campo visual ou psicológico. Para

compreender de fato os processos que podem estar

associados à presença de plantas na cidade, é preciso

esboçar características também físicas e ambientais, por

exemplo.

Sendo assim, buscou-se qualificar a pesquisa com os

métodos descritos, sem necessariamente se amarrar a eles,

propondo uma ideia mais sutil e desenvolta dos problemas

causados pelos erros de implantação da vegetação nas

cidades.

O que se tornou viável e mais interessante foi revisar

textos ligados ao verde urbano, como específicos de

botânica e jardinagem, e sair a campo para coletar o

máximo de amostras sensitivas (negativas) dos arbustos,

palmeiras, árvores, etc, em diálogo com a urbe (em espaços

públicos ou semi-públicos, principalmente), tentando assim

reunir em categorias e subcategorias os problemas vistos. O

que se verificou foi a presença de três grandes tipos de

Page 110: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

108

Matheus Maramaldo Andrade Silva

avarias provocadas pelas plantas quando mal planejadas em

sua implantação ou devido à própria espontaneidade de

seus ciclos vitais: Ambientais sanitárias, Físicas e

Psicosociológica).

Após as descrições das fitopatologias, é feita uma

síntese em tabelas, uma para cada, com uma listagem em

tópicos de tudo que foi comentado. Isso se tornará a espinha

dorsal do diagnóstico, pois é semelhante a um check-list e

estará incorporado a todas as graficações futuras.

Terminada as tipificações, optou-se por averiguá-las em

conjunto em um espaço pré-determinado, limitado na

cidade. Foi então escolhida a SQS 308 do Plano Piloto de

Brasília, para ser feito esse levantamento.

Para tanto, foi preciso elaborar um documento, o qual

guiaria tanto o estudo de campo, como reuniria todos os

resultados: a ficha diagnóstico. Em seu cabeçalho há lacunas

em que são descritos o endereço, a área edificada, a área

pavimentada e a área vegetada, já no seu corpo são postas

as fotos, os mapas e as tabelas elaboradas. Estes são,

portanto, os resultados, visuais e quantitativos das

fitopatologias encontradas na área escolhida.

Os resultados são, então, discutidos, sem ainda grandes

recomendações, posto que esse não era o exercício

Page 111: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

109

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

proposto, mas sim a elaboração de um método de

diagnóstico (categorias fitopatológicas e suas distribuições

pela malha urbana).

Page 112: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

110

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 28 – Diagrama da pesquisa. Desenho: autor.

Page 113: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

111

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

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Page 115: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

oleandros, gameleiras e desgaste

as diversas

fitopatologias na cidade

Page 116: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

114

“Uma cidade deve ser construída de modo

a proporcionar a seus habitantes segurança e felicidade.”

Aristóteles

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

115

Dando início à análise proposta, dar-se-á a

categorização dos processos de degradação regidos pelos

elementos vegetais na cidade.

As plantas estão longe de serem iguais ao que se

mostra nos desenhos e fotos: estáticas. Essas são exigentes e

cobram o que lhes é de direito na natureza – espaço, luz,

nutrientes, reprodução.

Nessa busca incessante por vida, acompanhada ou

não pelas mãos antrópicas, cria-se um contexto que por

diversas vezes não é cogitado – seja em manuais ou no

diálogo cotidiano – a destruição, o incômodo e os miomas de

diversos tipos que o verde pode causar nas teias sociais e

psicológicas da cidade.

Essas inconveniências ao ambiente urbano são o

grande problema que este texto tenta alertar: não há

justificativa do verde pelo verde, e se deve ter noção de

todas as possibilidades ao plantar uma muda e dos impactos,

sejam estes positivos e/ou negativos que trazem ao meio

urbano.

Observando isso, serão aqui listadas as pequenas e

grandes doenças que a vegetação traz às veias da urbe.

Esta pesquisa dispôs em três categorias os problemas

causados pelo verde mal empregado, os quais chamaremos

Page 118: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

116

de fitopatologias20. Estas, por sua vez, poderão ou não estar

subdivididas em subtópicos, devido à abrangência de

situações que podem acometer.

Considerou-se, então, estas ordens de fitopatologias na

cidade: Ambiental-sanitárias (problemas relacionados ao

microclima, intoxicações e pragas), Físicas (problemas

relacionados à destruição de elementos construídos e outros

transtornos de natureza material) e Psicosociológicas

(problemas relacionados à forma de apreensão dos espaços,

quando a vegetação causa desconforto – medo, distorção

de beleza – e aos ciclos de atividades da cidade).

Cada uma destas categorias pode possuir origens

semelhantes ou distintas e estar associadas a toda a gama

vegetal, desde gramíneas até árvores frondosas.

Terminado o preâmbulo, façamos uma descrição mais

pormenorizada dos termos:

20 Vide Nota de Rodapé 3, página 30.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

117

Fitopatologias 1:

Ambiental-sanitárias

Page 120: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

118

O uso indiscriminado e/ou popular das plantas, como a

própria natureza atuando com seu ciclo intrínseco, pode

gerar conflitos de ordem micro ou macroclimática nas

cidades, como na saúde dos seus habitantes.

A falta de planejamento e o contraditório desejo por

natureza e desnatureza permitem, uma ampla gama de

problemas de ordem ambiental-sanitária, que, caso

negligenciados, podem comprometer não somente o

cotidiano, como aumentar a mortalidade nas urbes.

Estão relacionados a este conjunto fitopatológico:

1. Aspectos de conforto térmico, luminoso e acústico;

2. Toxidades (plantas com conteúdo venenoso,

entorpecente, alergênico, urticante ou corrosivo);

3. Plantas que servem de abrigo, alimento ou espaço

reprodutivo para uma fauna hostil (peçonhentos ou

transmissores de doenças);

4. Relações tróficas competitivas entre a própria

vegetação;

5. Riscos de incêndio potencializados pelo verde.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

119

1. Calor, ruído e escuridão:

As plantas interferem em todos os campos de conforto

que são estudados pelos cientistas, arquitetos e engenheiros,

térmico, acústico e luminoso, como revela Mascaró (1996,

p.2):

A vegetação atua nos microclimas urbanos contribuindo

para o controle da radiação solar, a temperatura e a umidade do

ar, a ação dos ventos e da chuva e para amenizar a poluição do ar

e, em determinadas situações a poluição sonora.

Assim como o controle tende para o equilíbrio

climático, quando este é perdido o conforto diminui,

podendo ser em pequena ou grande escala.

Normalmente, associamos a perda desse controle

climático a falta ou destruição das plantas em determinada

área, contudo, a presença de uma árvore, arbusto, etc. pode

também desfavorecer essa qualidade.

1.1. Conforto térmico:

É usada extensivamente a vegetação para

arrefecimento das altas temperaturas e umidificação do ar

Page 122: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

120

nas zonas urbanas (Figura 29):

A vegetação em relação à radiação atua como um filtro

das radiações absorvidas pelo solo e pelas superfícies construídas,

refrescando os ambientes próximos, uma vez que a folhagem das

árvores atuam como anteparos protetores. (ROMERO, 2013).

Isso é amplamente benéfico, com inúmeros estudos

atestando a eficácia do uso correto da vegetação como

boa refletora e absorvedora de calor.

Porém, ao ponderar sobre a qualidade do fluxo dos

ventos, umidade e irradiação solar, há vários eventos, em que

a vegetação está relacionada ao desconforto térmico dos

usuários.

O primeiro ponto é o fluxo de vento.

Segundo Romero (2013):

O movimento do ar no meio urbano está em relação direta

com as massas edificadas, a forma destas, suas dimensões e sua

justaposição. O movimento do ar numa escala microclimática afeta

especificamente os pedestres e as edificações (aumentando as

perdas de calor por convecção ou levando calor e poeira).

Page 123: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

121

Figura 29 – Benefícios da vegetação; aspectos climáticos. Desenho: autor.

Page 124: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

122

É importante frisar, que não somente massas edificadas

interferem no percurso dos ventos, como qualquer tipo de

barreira implicará mudanças em seu trajeto e força, sendo

que quanto menos poroso e mais alto, mais difícil se dará seu

percurso.

No caso da vegetação, os fatores que implicam

alteração da qualidade do vento (intensidade e sentido), são

massa foliar, distância entre os elementos vegetais e altura

das plantas (Figura 30) (MASCARO, Juan Luis, MASCARO,

Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 29, 30, 43 À 50).

Em climas de calor muito intenso, seco ou úmido, é

importante a passagem do ar da rua para as edificações,

pois o vento tende a diminuir a temperatura ambiente e

melhorar a sensação térmica.

Quando se deseja receber um bom fluxo de ar,

elementos vegetais de pequeno porte podem ocasionar um

prejuízo considerável nesta circulação a pequenas

edificações, pois o acúmulo vegetativo, pela quantidade de

folhas ou troncos, impedirá a passagem do vento (barreira)

(Figura 31).

Page 125: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

123

Figura 30 – Elementos que modificam a qualidade do vento. Desenho:

autor.

Page 126: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

124

Em prédios mais verticais, vale as mesmas

considerações, mas restringindo a gama vegetal a árvores

mais altas, palmeiras mais robustas e a trepadeiras. Caso haja

muita densidade vegetal, a passagem do vento pode se

tornar impossível (barreira) (Figura 31).

Não somente como barreira vertical, a vegetação

também pode se tornar barreira horizontal.

No caso de ambientes com muita radiação solar

durante o dia, o ar quente fica acumulado nas superfícies e

tende a se dispersar a noite. O verde pode obstruir essa

passagem quando forma dosséis densos, principalmente nas

ruas das cidades.

A pesquisa de Mestrado do Professor Caio Frederico e

Silva (2009), em que analisa várias avenidas de sua cidade

natal, Teresina, comprova isso. Em dada via, fechada por

copas de árvores, se dá uma dispersão bem mais vagarosa

do ar quente a noite, o que é bastante desagradável para os

moradores, que já convivem durante o dia com temperaturas

normalmente acima de 28ºC (Figura 33):

No caso da formação da ilha de calor, no horário noturno,

quando o acúmulo de calor recebido durante o dia é devolvido

para a atmosfera, um local densamente arborizado [...] apresenta-

Page 127: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

125

se como um cenário negativo para as trocas térmicas, conforme é

demonstrado nas simulações no horário noturno. (SILVA, 2009).

Vendo o oposto, quando não se deseja a passagem

de ar, por ocasião de temperaturas baixas ou cidades/bairros

com ventos muito fortes devido a própria natureza do lugar

ou a morfologia edificada, a vegetação também pode

contribuir negativamente neste controle. Dependendo do

porte e disposição das plantas, estas tendem a criar pólos de

pressão que atraem o fluxo de ar ou o aceleram (Figura 32 e

34).

Os principais efeitos não desejados relacionados com o

verde podem ser o de barreira, o de canalização ou o de

redemoinho (ROMERO, 2013).

O Efeito Barreira/Redemoinho é ao mesmo tempo

solução e problema, pois, caso as plantas bloqueiem o vento,

estarão auxiliando os usuários (efeito barreira), mas caso o

prédio seja a barreira e a vegetação não permita a saída

vertical do vento, cria-se uma diferença de pressão que pode

causar transtornos ali (efeito redemoinho) (Figura 34).

Page 128: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

126

Figura 31 – Interrupções do fluxo de ar. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

127

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

128

Figura 33 – Avenida Santos Dumont, Teresina, Piauí, Brasil. Fonte:

http://farm5.staticflickr.com/4066/

Figura 32 – Rua Gonçalo de Carvalho, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,

Brasil.Fonte: http://g1.globo.com/

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

129

O Efeito de Canalização se dá por convergência dos

fluxos de ar. Caso os renques arbóreos estejam próximos e

diminuindo o ângulo do espaço, estes unirão as massas de

ventos locais, podendo aumentar perigosamente a

velocidade dos ventos (Figura 34).

Outro fator que está muito atrelado aos ventos e ao

contexto climático é a umidade (ROMERO, 2013, e MASCARO,

Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 43 À 44).

As plantas, como os animais, transpiram. Elas

contribuem significantemente para o regime de chuvas no

mundo e estão estritamente ligadas à qualidade da umidade

das cidades (Figura 35).

Em climas quentes e secos, é extremamente desejável

o acúmulo dessa umidade, pois melhora a sensação térmica

e a respiração.

Conforme exposto, em áreas com esse tipo de clima,

ou somente secos, é importante evitar a perda de umidade.

Dependendo da vegetação escolhida e da forma com que

ela está disposta, esta não entrará em um regime favorável

de trocas de umidade com a atmosfera próxima, como pode

favorecer a ventilação e retirar o pouco de água dali.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

130

Figura 34 – Corrente negativa de vento. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

131

No caso de climas úmidos e quentes, se opera o

contrário. Precisa-se aumentar o fluxo de ar para amenizar o

excesso de umidade.

Uma reclamação recorrente em Belém e Manaus,

cidades do Norte Brasileiro, é o fatigante calor que não cessa.

Devido à umidade e temperaturas muito elevadas não nos

sentimos confortáveis.

A vegetação que ai encontramos deve ser pensada

para trazer o máximo de circulação e o mínimo de

transpiração (nota-se que é mais fácil favorecer a circulação

de ar, pois as plantas normalmente aumentam a umidade).

Árvores com copas muito densas, como qualquer

elemento vegetativo de folhagem mais rugosa e grossa, irão

piorar a situação se estiverem muito próximos às edificações.

No oposto, em locais de clima frio, os maciços vegetais

tendem a transpirar menos, mas ainda assim devem ser

planejados para evitar um acúmulo de umidade (que ainda

pode criar gelo em casos extremos e causar prejuízos físicos

ao entorno).

Caso não haja constância climática, quase sempre frio,

ou quase sempre calor, a exemplo de Brasília, as plantas

pouco pensadas não dialogarão com o a amplitude térmica

e com ritmo das chuvas ou secas. A probabilidade de não

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

132

Figura 35 – Variantes de umidade. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

133

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

134

haver folhagem no inverno seco (típico do Centro Oeste) ou

haver excessiva umidade no verão úmido será grande.

Além do vento e da umidade, resta mencionar a

radiação solar (ROMERO, 2013 e MASCARO, Juan Luis,

MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 29 à 50).

O verde está diretamente imbricado com a proporção

de calor que recebemos todos os dias, podendo absorver os

raios solares, como nos proteger com sua sombra.

Em cidades frias ou com estações prolongadas de

temperaturas baixas, não é desejável evitar nenhum tipo de

radiação solar, pois esta é a principal e mais barata fonte de

calor existente.

Árvores, palmeiras e trepadeiras de folhagem densa ou

copa extensa, caso estejam muito próximas das edificações

ou sombreando áreas muito grandes das ruas e calçadas

tendem a proteger em demasia estes locais do calor

desejado (Figura 36).

Diametralmente opostas, as cidades com temperaturas

altas ou com estações prolongadas quentes, desejam evitar

os raios solares que incidem sobre seus moradores.

Aqui deve-se atentar em massificar ao máximo a

folhagem, pois esta protegerá os habitantes da radiação. O

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

135

Figura 36 – Interrupção da radiação solar. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

136

erro mais comum é se atentar aos aspectos estéticos do

espaço e esquecer de sombrear as áreas de circulação e

estar. Elementos baixos, pouco densos ou esparsos não

criarão uma cobertura que evite a insolação (Figura 37).

Deve ser considerada também a caduquice, pois há

meses de grande radiação solar e calor, em que várias

plantas não poderão contribuir com sombra por essa razão.

1.2. Conforto luminoso:

O verde é um elemento compositivo que vai além da

cor, ele é uma barreira que qualifica, positivo ou

negativamente, a intensidade luminosa recebida nos espaços

(MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo,

2010, p. 32 e 33).

Quando é necessária uma maior luminosidade, o que

de fato é o mais recorrente, tanto para economia energética

como para uma contribuição com a luz artificial, a

vegetação mal pensada pode se tornar um estorvo completo

ou parcial.

Vista a densidade foliar, a quantidade plantas, o

diâmetro do tronco e a disposição, os elementos vegetais

influenciam decisivamente a quantidade e o foco luminoso.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

137

Figura 37 – Passagem forte da radiação solar. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

138

Um flamboyant (Delonix regia (Hook.) Raf.), com sua

estrutura de copa horizontal e rala, permitirá a entrada de

bastante luz, contudo, devido aos ecos sem folhagem, esta

tende a ficar desproporcional no espaço, deixando a área

maculada (vários pontos de luz ao invés de contínuo),

enquanto que uma gameleira (Ficus benjamina L.) será uma

barreira ostensiva à luz, tendo densa sombra, devido a sua

disposição e quantidade foliar compacta e alta.

Assim, é importante observar que até mesmo uma

fileira de palmeiras esguias pode atrapalhar a qualidade

lumínica da rua, das edificações e dos passeios (Figura 38).

Figura 38 – Vegetação x Luz. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

139

Quanto a proteção dos raios solares, deve-se tomar os

cuidados contrários (Figura 38).

O mesmo flamboyant continuará não impedindo os

raios solares de chegarem a área, como plantas esparsas,

esguias e com pouca vigorosidade foliar e de tronco.

Quanto ao ofuscamento, o cuidado tem de ser maior,

principalmente quanto a via pública, por estar além do

conforto.

Figura 39 – Ofuscamento às 7hs – SQN 106, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Foto: autor.

Em horários de sol baixo (início da manhã e final da

tarde), a vegetação, principalmente árvores frondosas,

quando esparsas nos canteiros ou calçadas, implicam sérios

prejuízos a visão dos motoristas. A sombra criada por estes

Page 142: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

140

elementos vegetais modifica a percepção visual, em uma

espécie de polarização focal, a qual impede quem está

dirigindo o carro de enxergar da forma devida antes e

durante o trajeto sombreado. Isso traz um risco alto tanto para

os pedestres, como para os automóveis próximos, pois são

metros de completa cegueira por parte do motorista (Figura

39) (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo,

2010, p. 27).

1.3. Conforto sonoro:

Mesmo que possa parecer esdrúxulo, a vegetação

também se aplica as variantes acústicas (MASCARO, Juan

Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 51 e 57).

Estudos comprovam que a correta distribuição vegetal,

junto ao elemento terra e ao distanciamento e

posicionamento correto das edificações e ruas, pode

arrefecer os ruídos. Quando não é pensado corretamente, os

maciços vegetais, junto desses outros fatores, podem não

funcionar para este fim.

Por outro lado, o verde é também um chamariz de

diversos sons pouco pensados quando se está no meio

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

141

civilizado. A fauna, ameaçada pelo homem, utiliza as plantas

como alimento e abrigo (Figura 40).

Com o avanço atroz do meio antrópico às florestas, é

cada vez mais comum encontrarmos animais em nossas

cidades e com isso, seus sons típicos.

A maioria vai gostar dos assobios dos sabiás e

canarinhos e outros vão odiar o tilintar das cigarras e os berros

de algumas aves.

O planejamento vegetal implica também pensar na

fauna que utilizará aquela planta como suporte.

Figura 40 – Dilemas dos cantos dos pássaros. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

142

2. Urticárias, espirros e dores crônicas:

Quando os animais surgiram na Terra (seja qual for das

versões que procure, a bíblica ou a evolucionista), este

ambiente já estava permeado pelas plantas.

Antes ou conjuntamente, se deu a escalada, em que

vieram as Algas, os musgos, samambaias, os grandes pinheiros

e as plantas com flor e fruto (Figura 06, pág. 45).

Nessa evolução esteve configurado também o

aprendizado contínuo e ininterrupto dos seres vivos quanto a

sobrevivência frente aos outros viventes: alguns animais

maiores devoram todos os outros, uns minúsculos comem

somente os restos de outras refeições, e a extensa maioria se

alimenta das plantas.

Estas, obviamente, tiveram que se adaptar a isso,

senão seriam alvos muito fáceis e acabariam dizimadas. Umas

adotaram regimes de reprodução baseados em

“recompensas”, tendo o caçador que somente distribuir seu

pólen ou suas sementes para poder se alimentar delas, outras

preferiram buscar barreiras maiores para não serem atingidas,

tendo cascas mais espessas ou espinhos e, embora esses dois

tipos de evolução tenham sido comuns, algumas se

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

143

Figura 41 – Potencialmente venenosas. Desenho: autor.

Page 146: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

144

adaptaram com um contra-ataque mais imediato: a toxidade

(Figura 41).

Segundo o dicionário21, toxidade é próprio de tóxico,

que por sua vez é o mesmo que veneno: “Substância que,

quando absorvida em determinada quantidade, provoca

perturbações funcionais mais ou menos graves. ”

Sendo assim, algumas plantas, no ato de se

protegerem, começaram a produzir substâncias nocivas,

como: seivas tóxicas, alcaloides venenosos, oxalatos,

paralisantes, alucinógenos, etc.

E estão aqui até hoje, sem data para partirem.

O homem, desde que surgiu, também não esteve a

parte dessa evolução, é animal acima de tudo, e, com o

passar dos anos, aprendeu mais e mais o quanto várias

plantas são importantes para ele... e com quais se deve ter

maiores precauções em seu manuseio.

Mesmo com as pesquisas avançando tanto, e com

menos pessoas morrendo por envenenamento que em

séculos anteriores, ainda hoje somos de certa forma aliteratos

frente às flores dos nossos próprios jardins.

21 MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo-SP: Editora

Melhoramentos, 1998.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

145

Não é claro para os habitantes de nossas cidades o

perigo potencial ao qual estão sujeitos a enfrentar caso

toquem ou façam um chá com certas folhas ou respirem um

estranho pólen.

Visto isso, deve-se alertar novamente o quanto o

planejamento da vegetação nas cidades é importante,

como descreve Link e Alvares Filho (2010):

Diversas plantas usadas nos projetos de arborização e

paisagismo [...] possuem substâncias tóxicas. Apesar de vistosas,

servindo como motivo ornamental pela beleza, presença ou

qualidade da flor, apresentam perigo para a sociedade. As

crianças têm sido alvo da maioria dos casos de intoxicação. (LINK,

ALVAREZ FILHO apud MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira

Alicia Raffo, 2010, p. 113.)

O conteúdo tóxico dos elementos vegetais pode estar

em qualquer parte de suas estruturas (das raízes até as folhas

mais altas) sendo de extrema importância seu conhecimento,

pois auxiliará no projeto, como também permitirá um

diagnóstico mais rápido quanto à causa de intoxicação, caso

precise de atendimento.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

146

Essas substâncias estão relacionadas ao

envenenamento, entorpecimento, irritação da pele e das vias

aéreas ou corrosão.

2.1. Envenenamento direto, Hiperdose e Medicação

Popular:

A literatura e a história do mundo são muito ricas

quanto aos episódios de envenenamento: Sócrates e a

cicuta, Romeu e Julieta, a maçã envenenada da Branca de

Neve, dentre tantos outros. Aqui no Brasil também são

relatados casos de intoxicação na literatura:

Andaram cerca de meia hora pela prainha e encontraram

mais adiante um cacho de bananas ainda verdes... De repente

Eduardo foi ficando pálido e pôs a mão no estômago; fez uma

careta. (DUPRÉ, 2005, p. 45)

Ele então foi ficando para trás, entrou na roça, escavacou

com um pauzinho o chão, numa cova, onde um tronco de

manipeba apontava... e enterrou os dentes na polpa amarela,

fibrosa, que já ia virando um pau nos extremos... Ele contou a

história da manipeba. Cordulina levantou-se assustada: - Meu filho!

Pelo amor de Deus! Você comeu mandioca crua? Assombrado, e

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

147

sentindo a dor mais forte, o pequeno começou a chorar. (QUEIROZ,

1979, p. 38 e 39)

Visto isso, é plausível pensar que todos estão propensos

a ter algum risco de envenenamento por alguma planta,

inclusive em nossas cidades (veja Anexos, Tabela 5).

Como descrito por Link e Alvarez Filho nas páginas

anteriores, um dos erros mais comuns da implantação da

vegetação nas urbes é a do puro apreço estético. Ao plantar

uma árvore, uma forração ou qualquer outra espécie e

estrato, não é observado, normalmente o quão fácil é o

acesso de um cachorro, um gato ou uma criança, e até

mesmo adultos àquele elemento.

Figura 42 – Chapéu de Napoleão (Cascabela thevetia (L.) Lippold). Foto:

autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

148

Se tiver substâncias nocivas, como muitas aráceas e

alamandas os tem, deve-se observar a facilidade de contato

das mesmas com os usuários (LORENZI, SOUZA, 2012).

Vegetação de pequeno porte (até 5 metros) com

propriedades intoxicantes estará criando riscos à saúde dos

que estão próximos a elas, caso não tenham barreiras, por

serem elementos vegetais de acesso muito fácil, com o

simples ato de se estender a mão, podendo ser ingeridas

(Figura 42).

Árvores e palmeiras maiores (acima de 5 metros) ou

trepadeiras altas intoxicantes também podem trazer riscos aos

usuários próximos, pois ainda assim podem ter frutos, folhas e

flores com substâncias venenosas, que, ao caírem, voltam a

ter total facilidade de acesso.

Outro fator preponderante é evitar que se crie,

principalmente em hortas e jardins públicos, riscos de se errar

a identidade de uma planta inofensiva com uma tóxica. Um

exemplo é dispor taros (Colocasia esculenta (L.) Schott)

(Figura 43) e taiobas (Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott)

próximos. Com folhas exuberantes, são muito similares, mas

sendo um extremamente venenoso e a outra usada por

completo em nossa culinária. Sem um olhar clínico, ambos

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

149

parecem iguais, potencializando as chances de um acidente

(GONÇALVES apud Portal Bonde, 2012).

Não somente as plantas com venenos graves são

motivos de risco aos usuários. Quando as mesmas têm

propriedades culinárias ou medicinais conhecidas, essas se

tornam potencialmente perigosas:

Figura 43 – Taro (Colocasia esculenta (L.) Schott) – SQN 402, Brasília, Distrito

Federal, Brasil Foto: autor.

Cordulina, aturdida, topando o madeirame do chão, andou

até ao terreiro limpo, procurando na terra varrida umas folhas para um

chá. (QUEIROZ, 1979, p. 39)

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

150

Por serem temperos ou de uso popular no tratamento

dos mais variados sintomas, há por vezes um uso

indiscriminado.

Tecnicamente, não há o que falar quanto à

implantação, pois poucas tem efeitos colaterais diretos,

devendo os usuários se atentarem à hiperdose, a falsos efeitos

medicinais e tomar os mesmos cuidados com grávidas,

crianças, incapazes, e animais, preferencialmente impondo

barreiras físicas para os três últimos.

2.2. Entorpecentes:

As substâncias tóxicas podem extrapolar a esfera da

simples intoxicação, o que por si só já é grave e pode levar a

morte, tendo também efeitos colaterais associados à

alucinação e à estimulação do corpo (veja Anexos, Tabela

6).

São alcaloides, aminas, amidas, que quando ingeridos,

injetados na corrente sanguínea ou inspirados, perturbam

principalmente o sistema nervoso. (ALMEIDA, MARTINEZ e

PINTO, 2009).

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

151

Nas cidades, o planejamento e o cuidado de

manutenção deve preservar os transeuntes de ter contato

com tais substâncias.

As leis são rígidas no Brasil e em vários países quanto à

existência de certas plantas dentro do meio urbano, como a

maconha (Cannabis sativa L.) e a coca

(Erythroxylum coca Lam.), porém, outras plantas nocivas e

menos conhecidas ou com princípios ativos menos

conhecidos podem estar permeando e embelezando as

calçadas e jardins dos nossos bairros (como a espatódea

(Spathodea campanulata P.Beauv.) e o jasmim-manga

(Plumeria rubra L.) (Figura 44) (PDAU Goiânia, 2009, p.82).

Figura 44 – Jasmim Manga (Plumeria rubra L.) – SQN 303, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

152

Novamente, plantas de pequeno porte (até 5 metros)

com essas propriedades estarão criando riscos à saúde dos

que estão próximos a elas, caso não tenham barreiras físicas,

e os elementos mais altos (acima de 5 metros) com tais

princípios ativos também poderão trazer riscos aos próximos,

pois ainda assim podem ter frutos, folhas e flores com

substâncias entorpecentes, que, ao caírem, voltam a ter total

facilidade de acesso.

2.3. Alergia nas vias aéreas:

Outro problema, que só pode ser evitado pelo bom

planejamento, é a disposição de plantas com pólen nocivo

(Figura 45).

Figura 45 – Lírio do Amazonas (Eucharis x grandiflora Planch. & Linden) – SQN

304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

153

Certas espécies têm toxinas ativas presentes no pólen

(veja Anexos, Tabela 7), outras não são necessariamente

tóxicas, mas desencadeiam processos alérgicos pelas suas

estruturas diminutas, caso do pólen de muitas palmeiras e

forrações, em pessoas já pré-dispostas a tal.

O plantio não associado ao regime dos ventos, a falta

de diagnóstico quanto aos usuários, como a proximidade

exacerbada dessas espécies com os transeuntes em espaços

livres expõem-nos a alergias desnecessárias.

2.4. Urticárias:

Nas cidades, não estamos tão longe das heras

venenosas (Toxicodendron radicans (L.) Kuntze) dos filmes e

desenhos animados o quanto pensamos. Muitas espécies,

sendo que quase todas muito ornamentais e espalhadas

pelos jardins, possuem propriedades irritantes para a pele

(veja Anexos, Tabela 8).

O equívoco comum, novamente, é não se atentar a

dualidade usuário x vegetação. Plantas com valores

urticantes não devem ter acesso, até mesmo para adultos.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

154

Quando estão dispostas em calçadas, parques, praças,

orlas e jardins públicos, o controle por vezes é negligenciado,

faltando grades ou deixando a espontaneidade da

reprodução vegetal fazer nascer espécies com essas

propriedades sem controle.

Esta irritação na pele pode ser de vários graus, sendo:

leve, moderada ou grave.

As plantas com propriedades irritantes leves ainda

criam certa tolerância ao seu acesso. A grama batatais

(Paspalum notatum Flüggé) (Figura 46), por exemplo, é

usada amplamente em Brasília em gramados públicos,

canteiros, áreas de lazer de clubes e casas, mas, se não se

estiver usando calças, causa coceira leve com seus diminutos

pelos. Não há razões para criar tantas barreiras, pois este tipo

de irritação é levemente desagradável.

Já no caso das plantas com propriedades urticantes

maiores (moderadas ou graves), deve-se ter um cuidado

maior de implantação. Esse tipo de vegetação tem que estar

mais afastado, bloqueado ou ausente dos espaços livres

urbanos, pois levam a dermatites fortes ou a outros problemas

graves em vários sistemas do corpo. Quando isso não é

observado, ocorre casos como o descrito no jornal:

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

155

Parecia que uma tragédia havia ocorrido na manhã de ontem

em Brasília. [...] Os setores de clínica geral e de pediatria do Hospital

Regional da Asa Norte (HRAN) ficaram lotadas de crianças e

adolescentes [...]. Alguns choravam, outros riam e todos se

coçavam. Eles tiveram uma reação alérgica causada pelo fruto de

uma planta popularmente conhecida como palmeira rabo de

peixe, que causa irritação e ardência quando entra em contato

com a pele. Segundo contagem dos bombeiros, 80 estudantes [...]

foram transportados para o Hran. [...] Segundo o diretor do CASEB,

Figura 46 – Grama batatais (Paspalum notatum Flüggé). Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

156

Edmilson Rodrigues, dois alunos, um de 13 e outro de 16 anos,

colheram os frutos de cinco árvores em frente ao colégio,

plantadas curiosamente no jardim de uma clínica de dermatologia,

e começaram a esfregar nos colegas, que se preparavam para

entrar na escola, por volta das 7h15. Outros quatro alunos, incluindo

uma menina, acharam graça e passaram o fruto nos colegas. Antes

do início das aulas, a sala da direção estava lotada de estudantes.

(JORNAL DE BRASÍLIA apud UnB Clipping, 2009)

2.5. Queimaduras:

Dermatites ainda tem tratamento, contudo,

queimaduras literalmente corroem o tecido dos que a tiveram

como ocorrência. Várias espécies vegetais, além de sua

beleza e utilidades medicinais, culinárias e de configuração

urbana, trazem consigo substâncias corrosivas (veja Anexos,

Tabela 9).

Algumas seivas, principalmente das plantas da família

Euphorbiaceae (LORENZI, SOUZA, 2012, p.355 à 365), são

cauterizantes, podendo fazer desde leves manchas na pele a

orifícios irreversíveis em qualquer parte do corpo, levando ao

comprometimento dos órgãos, cegueira, perda do cabelo,

etc, dependendo de onde foi o contato.

Como algumas estão presentes na medicina popular,

em ritos religiosos, ou são barreiras ostensivas por possuírem

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

157

muitos espinhos (caso da coroa de Cristo (Euphorbia milii Des

Moul.)) (Figura 47), não é fácil retirá-las do contato com a

cidade.

Assim, é imprescindível evitar o contato direto, dando

distanciamento dos usuários por meio de barreiras ou a

ausência de tais elementos vegetais, principalmente no

espaço livre público ou em ambientes de circulação intensa

(um dos fatos mais comuns é o de calçadas x muros, onde um

escorregão já propicia ter contato com a planta, quebrar

alguma estrutura e liberar sua seiva).

Figura 47 – Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.) – SQN 704, Brasília,

Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

158

3. Amigos da natureza:

Como na questão dos ruídos, percebe-se que há limites

ao contato com a natureza desejado pelos habitantes das

cidades.

Um dos problemas comuns da urbanização é o de

destruir os habitats naturais de vários animais e com isso trazê-

las para as urbes.

Eles poderão se refugiar em qualquer canto, incluindo

nas árvores, arbustos, ou palmeiras das cidades. Não só isso, a

fauna (não mais silvestre) se alimenta, buscando restos

espalhados pela urbe, e se reproduz.

Assim, é cauteloso pensar que, além de proteger mais

nossas matas e promover um ciclo menos devastador de

urbanização, devemos também pensar em como não permitir

que uma parcela destes animais (principalmente os nocivos

ou potencialmente nocivos (Figura 48)) estejam próximos de

nós.

Estão envolvidos nas questões de abrigo, alimentação

e ciclo reprodutivo as espécies de plantas e o cuidado de

poda e limpeza, principalmente.

Em caso de colmeias e teias de aranha, os moradores

normalmente já querem se ver livres, mas é difícil diagnosticar

Page 161: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

159

Figura 48 – Aranhas, ratos, formigas, cobras, mosquitos, escorpiões, vespas.

Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

160

onde elas surgirão e assim, dizer se há algum erro de

implantação ou uso da vegetação.

Contudo, quanto a outros insetos e artrópodes, cobras

e roedores, há já algumas medidas que os atraem (veja

Anexos, Tabela 10).

Vegetação com acúmulo de folhagem seca, caso da

palmeira washingtônia (Washingtonia filifera (Linden ex

André) H.Wendl. ex de Bary) (Figura 49), permitem o abrigo

de vários animais, principalmente roedores e cobras, por

serem ambientes escuros, secos, com oferta de comida,

protegidos do solo e do ataque de outros animais (GILMAN,

WATSON, 1994).

Figura 49 – Palmeira Washingtônia (Washingtonia filifera (Linden ex André)

H.Wendl. ex de Bary) – SQS 107, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

161

Além folhas secas persistentes, há as caídas. Quando

no chão, terão o mesmo papel de esconderijo e alimento que

as persistentes para outros animais.

Há ainda plantas que se especializam, permitindo o

abrigo de uma espécie que lhe irá proteger ou lhe irá

polinizar. É o caso do pau-formiga (Triplaris americana L.), o

qual possui ócreas (orifícios), em que as formigas criam

formigueiros (MUNHOZ, 2013) (Figura 50).

Outras plantas ornamentais, como bromélias,

acumulam água e tornam seu centro um ambiente perfeito

para anfíbios e larvas (VARELLA, sem data).

Figura 50 – Pau-formiga (Triplaris americana L.) – SQN 303, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

162

Restringindo a alimentação, cada planta tem um fruto,

uma flor ou uma folha que atrai certo tipo de animal.

Se é feito plantio de uma árvore frutífera que atrai

morcegos e a população envolta se incomoda, teremos ai

um primeiro equívoco; se temos uma vegetação caduca e

não há uma boa limpeza, principalmente em zonas

suburbanas mais próximas de matas nativas, certamente

animais peçonhentos surgirão; se plantas próximas de

espaços de circulação deixam cair muitos frutos e flores, assim

permitem toda uma fauna, principalmente moscas e

mosquitos, avançarem.

Servindo de abrigo, tendo ou não alimento

subsidiando, a vegetação pode servir como amparo de

reprodução da fauna.

O maior perigo é permitir que roedores, cobras,

escorpiões, aranhas e insetos infectados (com vírus,

plasmódios, bactérias) procriem nas cidades. Havendo a

mesma palmeira washingtônia ou plantas que possam

acumular água externamente, facilitar-se-á a reprodução dos

mesmos (Figura 51).

Os problemas, então, estão mais relacionados à

manutenção do que propriamente à implantação, pois as

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

163

mesmas plantas podadas e sem água/com água tratada já

deixam de ser potenciais criadouros.

Figura 51 – Bromélia Imperial (Vriesea imperialis Carrière) – Clube do Exército,

Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor

4. Degeneração:

O projeto, a intervenção e o cultivo dos elementos

vegetais nas cidades também possibilita interferências entre

eles mesmos (veja Anexos, Tabela 11). Há uma parcela de

Page 166: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

164

culpa do nosso plantio, como também um processo natural

de sobrevivência (RAVEN, 1992).

Não avaliando ainda tais responsabilidades, quando

há relações de cobertura, parede e piso entre as plantas,

estas estarão propensas a competirem por luz e nutrientes, por

melhores relações com o fluxo de vento e visibilidade para

reprodução (competição).

Quando são formados dosséis muito densos, estes não

permitem que o que esteja abaixo receba ou faça com

qualidade os itens citados no parágrafo acima (Figura 52). Há

a necessidade, caso se queira ter outras vegetações

embaixo, de se espaçar adequadamente esses elementos

altos ou podá-los de forma a chegar luz, água e até mesmo

adubo em níveis mais baixos, senão tudo que estará ali será

barro nu ou plantas de sombra resistentes.

Também fazem parte dessa relação trófica as ervas

daninhas (Figura 53). Muitas vezes elas não liberam nenhuma

substância no solo, mas, são altamente reprodutivas e rústicas,

conseguindo se espalhar facilmente pela área, impedindo o

surgimento de outras plantas.

A espontaneidade, o controle de manutenção fraco, a

escolha equivocada de certas espécies e a pequena

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

165

Figura 52 – Espaços fechados para a luz. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

166

variedade de plantas nos jardins, nesse caso, são os principais

fatores que permitem a invasão de ervas daninhas.

Observando isso, outra relação natural, que é

semelhante, mas ainda menos benéfica, é o parasitismo

(vegetal x vegetal). É difícil ter um controle inicial, pois muitas

plantas parasitárias surgem por sementes espalhadas por

pássaros e pelo vento, mas, se não forem controladas, por

sugarem os nutrientes e/ou água da espécie parasitada,

fadigam-na, podendo levar a sua morte. Isso nos direciona a

riscos que vão além do apreço estético, como veremos mais

adiante (Figura 54).

Figura 53 – Capim-Estrela (Rhynchospora nervosa (Vahl) Boeckeler) –

Campus Darcy Ribeiro, Unb, Brasília, Distrito Federal, Brasil . Foto: autor. Foto:

autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

167

A última relação nociva que se estabelece entre as

próprias plantas é o amensalismo.

Problemático, este ocorre naturalmente nas florestas,

em que se encontram eucaliptos (Eucalyptus sp.), pinheiros

(Pinus sp.) e outras plantas que, com suas raízes, folhas, flores

e frutos caídos no chão liberam inibidores (CASTRO, s/d, p. 254

e 255):

Figura 54 – Cipó Chumbo (Cuscuta racemosa Mart.) – SQN 105, Brasília,

Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

168

Onde aquelas casas estavam agora havia uma pequena

plantação de carvalhos, onde as árvores haviam crescido tão

juntas que eram todas muito altas e finas e, na primavera, o chão

abaixo delas ficava juncado de anêmonas. (ORWELL, 1978, p.176).

São plantadas nas cidades por acharmos belas,

cheirosas ou importantes para datas festivas, porém, onde

estiverem, pelo próprio ciclo vital, dificultam o crescimento

dos elementos vegetais que estão em volta, devendo ser

cauteloso no plantio (Figura 55).

Figura 55 – Pinheiral, próximo a cidade de Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil.

Foto: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

169

5. Fogo:

Não é somente pela razão e estima associado à

madeira que estamos mais propensos a ter incêndios caso

próximos de vegetação, muitos materiais, quando expostos a

fiações elétricas, a raios ou a chamas tendem a se

desmanchar e a propagar o fogo, e as plantas,

principalmente as dotadas de lenho, contribuem com essa

afirmativa (Figura 56).

Madeira por madeira, folha por folha, elas irão torrar

em um tempo próprio, conforme diversos outros materiais,

contudo há fatores de risco. O importante de ser notado é o

quanto elas podem aumentar ou facilitar a distribuição desse

fogo.

Algumas plantas, como os pinheiros, produzem

substâncias (normalmente óleos) fortemente combustíveis. Em

zonas de clima temperado, exemplo da Europa e da América

do Norte, dotadas de muitos pinheirais, incêndios costumam

ser devastadores por essa razão (veja Anexos, Tabela 12).

Enfeites de festa com energia, fiações elétricas

próximas e aglomerações dessas plantas, portanto, são

potenciais catástrofes.

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Figura 56 – Fogo. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

171

Outro fator que pode acelerar a propagação do fogo

é o próprio ciclo de queda das folhas. Apesar da

recomposição nutricional do solo, as folhas secas são meios

fáceis de combustão e propagação de incêndios. Jardins

descuidados, principalmente os públicos, são alvos fáceis

para as chamas com mínimas faíscas (Figura 57).

Também ligado a um ciclo vital da vegetação, certas

espécies ou biomas (caso do Cerrado e da Savana africana)

instigam o fogo (Figura 57).

As próprias cascas e o interior das plantas, por

diferenças eletroestáticas, começam a produzir faíscas e,

consequentemente, fogo. Uma parcela das sementes dessas

atingir temperaturas altas para sair da dormência e poder

crescer. Outras, já crescidas, precisam eliminar concorrentes

próximas, dando assim início a queimada (MUNHOZ, 2013).

Não é comum, nem é fácil de ser evitado, mesmo

assim, o projeto, o plantio e a manutenção devem ser

consoantes. Caso esse tipo de vegetação fique próxima de

fiações elétricas ou materiais inflamáveis, o risco aumenta de

uma pequena diferença eletrostática causar um incêndio.

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Figura 57 – Cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) e a secura do Cerrado –

SGAN 607, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor. Foto: autor.

Visto todos estes tipos de situações de ordem

ambiental sanitária que se originam da vegetação (por

projeto/plantio antrópico ou por surgimento espontâneo),

cabe fazer uma síntese, em forma de tabela, dos aspectos a

serem observados no meio urbano vegetado que podem se

constituir em fitopatologias dessa natureza. A tabela a seguir,

junto às tabelas 18 e 19, constituem a ferramenta de

levantamento e diagnóstico das fitopatologias observadas no

meio urbano proposta por este ensaio:

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

173

Tabela 13: Síntese Fitopatologias Ambiental Sanitárias

1. Quanto ao conforto térmico:

1.1. Vegetação alterando a passagem do ar (contrariamente ao

desejado);

1.2. Plantas em regime de transpiração deficiente/exagerado (em

relação ao ambiente);

1.3. Plantas altas decíduas em períodos secos ou de maior radiação

solar;

1.4. Vegetação alterando a passagem dos raios solares (contrariamente

ao desejado);

2. Quanto ao conforto luminoso:

2.1. Vegetação alterando a passagem dos raios solares (contrariamente

ao desejado);

2.2. Ofuscamento ou penumbra ocasionado por elementos vegetais;

3. Quanto ao conforto sonoro:

3.1. Barreiras vegetais ineficientes ao som;

4. Quanto aos riscos de envenenamento:

4.1. Há plantas venenosas sem proteção (barreiras, avisos);

4.2. Há plantas venenosas com proteção (barreiras, avisos);

4.3. Plantas similares, sendo uma tóxica;

4.4. Presença de plantas medicinais;

5. Quanto aos riscos de entorpecimento:

5.1. Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção

(barreiras, avisos);

5.2. Há plantas com substâncias entorpecentes com proteção (barreiras,

avisos);

6. Quanto aos riscos de alergias:

6.1. Presença de plantas com pólen nocivo próximas a circulação e a locais

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

174

de estar;

6.2. Presença de plantas urticantes (grau leve);

6.3. Presença de plantas urticantes fortes com proteção (barreiras,

avisos);

6.4. Presença de plantas urticantes fortes sem proteção (barreiras,

avisos);

7. Quanto aos riscos de corrosão:

7.1. Presença de plantas com substâncias corrosivas sem proteção

(barreiras, avisos);

7.2. Presença de plantas com substâncias corrosivas com proteção

(barreiras, avisos);

8. Quanto às relações com animais peçonhentos, agressivos ou

transmissores de doenças:

8.1. Vegetação com reserva externa de água;

8.2. Vegetação com persistência de folhas secas;

8.3. Vegetação adaptada como esconderijo para fauna nociva;

9. Quanto às relações tróficas:

9.1. Vegetação considerada daninha ou invasora;

9.2. Presença de plantas amensais;

9.3. Presença de plantas parasitárias;

10. Quanto ao perigo de fogo: Aglomerações de coníferas ou

proximidade com fiações elétricas

Fonte: autor

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

175

Fitopatologias 2:

Físicas

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

176

Lembramos mais das plantas de nossas cidades

certamente pelo contexto físico, tratando dos prejuízos que

podem causar por ter crescido no local ‘errado’. Isso é

comum pelo fato de observarmos bastante as ervas daninhas

e as raízes das árvores crescendo nas calçadas ou asfalto.

Contudo, as plantas estão relacionadas somente a

isso? Mesmo no recorte das fitopatologias físicas, há uma

esfera maior de análise, do que somente o esfarelamento das

vias públicas.

Assim, podemos dividi-la em pelo menos duas frentes

de análise: as de agressão direta e as de agressão indireta.

Na gama direta, encontramos a deterioração física dos

elementos construídos e de outras plantas ocasionada

diretamente pelo crescimento da vegetação (raízes, troncos,

galhos, etc) (tópico 1 deste capítulo).

Já na indireta, há a elevação dos riscos de incidentes

ocasionadas pelos frutos, baixa resistência, pioneirismo, e

pragas/fortes ações naturais sobre as plantas, como as

potenciais agressões aos transeuntes (espinheiros) e as

barreiras visuais e concretas erguidas pela vegetação

(tópicos 2, 3, 4 e 5 deste capítulo).

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

177

1. Elementos vazados:

A extensa maioria dos manuais e artigos relacionados

ao projeto e a implantação de vegetação nas urbes trata de

forma pontual os fatores de destruição física ocasionados

pelas plantas. São razões ligeiras pelas quais se deve ter uma

gola de tamanho y em uma calçada ou uma relação w com

os edifícios e as fiações elétricas, pois os usuários desejam

mais verde em suas cidades. Contudo, este texto pretende

plurificar tais justificativas, saindo da expressão sintética “por

ter raízes superficiais”.

Quanto ao potencial agressor físico do verde, há três

tipos22: horizontal, vertical e de movimento, sendo este último

potencial/indireto.

1.1. Agressão horizontal:

Trata de todas as ações nocivas de origem física

ocasionadas pela vegetação no plano do piso, subterrâneas

ou com pouca altura (até 1 metro), estando principalmente

relacionadas as raízes e as bases dos caules (MASCARO, Juan

22 Categorização feita a partir da leitura das interferências nas infraestruturas urbanas,

‘aéreas’ e ‘subterrâneas’, escrita pelos pesquisadores Mascaró (2010, p. 135 à 149).

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

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Figura 58 – Agressão Horizontal. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

179

Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 136 à 138;

PDAU Goiânia, 2008, p.82) (Figura 58).

O primeiro evento a ser considerado é a

espontaneidade das gramíneas, ervas daninhas ou plantas

invasoras (normalmente poáceas ou asteráceas).

Por serem quase todas rústicas, sem necessidade de

muitos nutrientes e profundidade de solo, com um ciclo

reprodutivo muito acelerado, são extremamente habilidosas

em surgirem nos pavimentos urbanos. Estando lá, temos um

percalço (Figura 59).

Essas ervas, quando aderidas às calçadas, blocos ou

asfalto, criam desníveis desagradáveis, corroem ferragens,

afastam elementos, formam buracos e deformam a estética

da via.

Claro que há projetos que equilibram vegetação e

pavimentos, como embaixo de degraus de escadas, porém,

nos casos não projetados, isso se torna um estorvo para o

caminhar dos transeuntes e mesmo para os automóveis.

Como é algo não programado e natural, somente o

ritmo regular de podas e manutenções pode afastar ou

diminuir a quantidade de tais plantas nos espaços livres

pavimentados.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

180

Este caso, apesar de regido pelo ritmo da natureza e

com a necessidade de uma observância constante, é menos

complexo, pois as forrações e herbáceas tem pouco ou

nenhum lenho, sendo fácil sua retirada e manejo.

Figura 59 – Ervas daninhas – Rua no Bairro do Calhau, São Luís, Maranhão,

Brasil. Foto: autor.

No entanto, quando tratamos de elementos maiores,

principalmente árvores, tem-se um problema mais difícil de se

resolver:

Expliquei ao principezinho que os baobás não são arbustos,

mas árvores grandes como igrejas. E que mesmo que ele levasse

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

181

consigo toda manada de elefantes, eles não chegariam a destruir

um único baobá (SAINT-EXUPÉRY, 2000, p. 22).

Árvores, palmeiras e arbustos mais altos não trabalham

somente no plano horizontal, como as herbáceas e forrações.

Elas interagem também com os edifícios, com os postes, com

as fiações, com o mobiliário, com o céu (conforme será

exposto no tópico 1.2. das fitopatologias físicas).

Assim, quando tais elementos perturbam de alguma

forma o contexto urbano, mais fatores precisam ser

considerados (Como ficará a sombra? Há animais? Há vínculo

dos moradores? Etc.), e ser usado no mínimo um podador ou

um motosserra.

Figura 60 – Destacamento do pavimento – Rua 4, Setor Central, Goiânia,

Goiás, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

182

Tratando especificamente do que este tópico está

disposto, no plano horizontal, essa vegetação mais vertiginosa

por vezes não se desenvolve com um sistema radicular axial.

Certas árvores possuem raízes com geotropismo negativo,

tendo-as distribuídas também acima do solo (aéreas)

(MUNHOZ, 2013). As que nos compete mencionar são as com

raízes tabulares (veja Anexos, Tabela 14), pois são as mais viris

e que causam mais danos físicos quando mal pensadas no

cotidiano urbano (Figura 60).

Quando a localização dessa vegetação não é bem

planejada, estas criam desníveis desagradáveis ou impossíveis

de serem percorridos, corroem ferragens, afastam elementos,

formam buracos, deformam a estética das vias e, devido a

vigorosidade, podem afetar tubulações subterrâneas.

Isto ocorre quando plantamos, por exemplo, uma

canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.) próxima a

uma calçada ou nas divisões de um estacionamento. Jovem,

as raízes ainda pouco se desenvolveram, mas, na medida em

que cresce, seu sistema radicular se espalha

exponencialmente pela superfície, podendo cobrir um

diâmetro de até 25 metros, espelhando a copa (CARVALHO,

2002 e MACHADO et al. Apud CECONI et al., 2003, p. 101).

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

183

Ao se atentar a estética, projetar golas diminutas ou

não se observar fatores como o desenvolvimento das plantas

e as distâncias necessárias das vias, incorre-se a erros deste

tipo, e as cidades estão repletas dessas situações, com

ondulações perigosas nas pistas, destacamentos de

pavimentos, e muitas calçadas intransitáveis.

Não somente as raízes, mas também os caules destas

plantas mais vigorosas podem agredir similarmente os

materiais das urbes. O equívoco comum é o plantio não

agregar em seu planejamento o contraste jovem x adulta,

incorrendo ao desgaste dos elementos construídos próximos

com o passar dos anos pelo engrossamento dos troncos ou

dos estipes. Sutilmente, Saint-Exupéry (2000, p.22) faz

referência a isso em um trecho de O Pequeno Príncipe: “Os

baobás, antes de crescer, são pequenos”.

Assim, deve-se fazer sempre um estudo preliminar das

espécies a serem usadas, para um devido dimensionamento

de canteiros ou distanciamento de elementos construídos,

para depois não ser necessário podá-las ou extingui-las dos

espaços que nasceram.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

184

1.2. Agressão vertical:

Trata de todas as ações nocivas de origem física

ocasionadas pela vegetação em alturas superiores a 1 metro,

estando principalmente relacionadas aos galhos e folhas,

como ao crescimento em planos verticais (paredes, muros,

pilares) (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia

Raffo, 2010, p. 135 à 149; PDAU Goiânia, 2008) (Figura 61).

Os elementos vegetais mais altos (árvores, trepadeiras e

uma parcela dos arbustos e palmeiras) podem interferir

decisivamente na constituição física dos postes, fiações

elétricas e edificações.

Sem o correto posicionamento, com um

distanciamento conveniente dos elementos construídos, ou

uma poda bem feita, tais plantas, com suas raízes, galhos e

folhas, tendem a cortar ou a empurrar o que veem pela

frente.

Um exemplo é plantar a mesma canafístula do tópico

anterior em uma rua de prédios de seis andares sem recuo e

com calçadas de 3 metros.

Apesar de ser necessária a vegetação, a planta

escolhida possui uma copa que não é comportada pela rua,

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

185

Figura 61 – Agressão Vertical. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

186

pois seus galhos estarão em crescimento constante na

direção dos prédios.

Não é algo rápido, mas se postergado, como

descrevem os pesquisadores Mascaró (2010, p.135), prejudica

a população, cortando os cabos de energia, danificando as

esquadrias e os telhados ou mesmo invadindo e deslocando

casas, prédios e muros (Figura 62).

Figura 62 – Intervenções para proteger a fiação elétrica – Avenida X, Bairro

Feliz, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor.

Novamente, o correto plantio e manutenção

garantirão não somente a permanência das plantas em

questão como evitarão problemas maiores, inclusive

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

187

estruturais e de morte, como com o destacamento de peças

de acabamento em cima dos transeuntes.

2. Efeito de Gravidade:

A agressão de movimento já está inscrita na gama de

fitopatologias físicas indiretas. Esta trata de todas as ações

nocivas de origem física ocasionadas pela vegetação em

deslocamento ágil (o que exclui o próprio crescimento)

devido aos seus próprios elementos constituintes ou sua

própria natureza (o que exclui pragas, vento e cortes)

(MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo,

2010, p. 135 à 149; PDAU Goiânia, 2008) (Figura 63).

Nesta categoria, podemos incluir os frutos e folhas,

principalmente os pesados, e a fadiga das plantas, por serem

pioneiras, de pouca resistência ou de período vital curto,

caindo ou se rompendo com facilidade e com pouca

interferência do meio externo.

Quanto aos frutos e folhas, há de se diferenciar suas

qualidades, pois não são todos que causam danos físicos a

cidade. Podem ser classificados como: inofensivos ou de

mínimo risco (a maioria das folhas, com até 40 centímetros de

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

188

Figura 63 – Agressão de movimento. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

189

comprimento, ou frutos pequenos e sem substâncias com

potencial corrosivo – ingá, jabuticaba, eucalipto, vagens em

geral, etc); de médio risco (folhas com comprimento entre 40

e 100 centímetros e com peso relevante (algumas palmeiras e

árvores umbrófilas), frutos pequenos, mas que podem

comprometer com o tempo o substrato que se encontram, ou

frutos de médio porte – jamelão, oiti, caju, goiaba, etc); ou de

grande risco (folhas maiores e pesadas (acima de 1 metro,

caso da maioria das palmeiras) e frutos grandes, pesados ou

espinhentos – abacate, manga, jaca, etc).

Os elementos descritos como inofensivos ou de mínimo

risco caem e não machucam os transeuntes, secam com

facilidade e pouco modificam o cotidiano além da limpeza

(Figura 66).

Os de médio risco, dependendo do tamanho e

localização das plantas que os produzem, podem também

não atrapalhar a rotina urbana, mas já podem machucar os

transeuntes ou danificar o mobiliário e os veículos, pelo peso e

aceleração dados pela altura.

Também são considerados desta categoria aqueles

frutos que com o tempo afetam quimicamente (e a posteriori

fisicamente) os substratos que se acomodam. Um jamelão,

por exemplo, ao cair em cima da lataria de um automóvel,

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

190

além de sujar de roxo, com o tempo corrói a tinta e o metal.

Isso varia com a fruta, material e tempo transcorrido de

contato (Figuras 64 e 66).

Figura 64 – Sujeira ocasionada por jamelão – SQN 303, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor.

Tanto por apreço alimentar, quanto por apreço

estético e bioclimático, essas plantas por vezes não estão

devidamente distanciadas dos passeios, como não recebem

uma manutenção apropriada.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

191

Ainda mais danosos, quando equivocadamente

posicionados, são os de grande risco (Figuras 65 e 66). Estas

folhas e frutos ao cair sempre danificam o que atingem,

mesmo que levemente.

Por serem grandes, pesados ou com espinhos, podem

quebrar calçadas e telhados, danificar mobiliários e

automóveis, machucar transeuntes, mesmo que a planta não

tenha uma altura vertiginosa (veja Anexos, Tabela 15):

A cidade era bonita, muito verde, mangueiras e outras

árvores frondosas sombreando as principais ruas e avenidas. Em

certas épocas do ano devia ser perigoso andar debaixo delas,

quando ficavam carregadas de frutas (MINEV, Ilko, 2014, p.74 e 75).

Figura 65 – Castanhas pesadas perto da avenida – 506 Norte, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

192

Figura 66 – Tipos de frutos segundo sua agressividade física. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

193

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

194

Também por levar em consideração vários valores, essa

vegetação muitas vezes se encontra em locais de grande

circulação, como estacionamentos, passeios e canteiros de

vias pavimentadas, o que é um risco recorrente a cada

época de frutificação e queda da folhagem (MASCARO,

Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 143 e

144).

Além dos danos causados por esses elementos uma

parcela da vegetação também podem causar danos físicos

pela queda de estruturas maiores ou por inteiro nas cidades,

devido ao seu simples ciclo vital.

Para entender isso, vale lembrar os processos de

formação das florestas. Na natureza, há uma ordem de

surgimento e crescimento das plantas.

Figura 67 – Árvore pioneira de área de circulação – Outlet, Alexânia, Goiás

Brasil. Foto: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

195

Primeiro vem as ervas e subarbustos, depois os arbustos,

palmeiras, trepadeiras, para daí chegarem as primeiras

árvores (GANDOLFI e RODRIGUES, 1996).

Atendo-se a estas últimas, tais são chamadas de

pioneiras (veja Anexos, Tabela 16) (Figura 67) e são as que

começam a de fato sombrear a área, permitindo o

surgimento de plantas umbrófilas e protegendo as sementes e

mudas das árvores secundárias ou de clímax do sol

escaldante nos primeiros anos de vida. Sendo este seu papel,

são também as primeiras a perecerem, criando lareiras onde

caem, tornando possível o crescimento de outras plantas e

das árvores já mais maduras e aptas ao sol direto contínuo

(Id., ibid.).

As pioneiras normalmente têm madeira leve, raízes não

tão estruturantes ou fortes, e por vezes são finas e altas, como

descrevem os Mascaró (2010, p.115 e 118). Mesmo assim

estão espalhadas nas cidades principalmente pelas suas

qualidades estéticas. Embora belas, é comum não serem

levados em conta seus fatores de perenidade e resistência.

Assim, quando postas próximas de edificações e ambientes

de estar, sem outras árvores em volta, algumas podem com o

tempo cair e destruir os espaços em questão, como

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

196

machucar e levar a óbito os transeuntes. Caso, se tenha

ventos mais fortes, o risco fica ainda maior.

Há também plantas que continuam visualmente viris

após a morte, caso da palmeira rabo de peixe (Caryota

urens L.). Esse tipo de vegetação continua de pé durante

muito tempo depois de morta, parecendo estar ainda viva.

Mesmo assim, a qualquer momento pode cair, criando riscos

acidentes (SILVA, 2014).

Figura 68 – Fileira de palmeiras vivas e mortas – SQN 105, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

197

Tanto para as pioneiras, quanto para outras árvores de

madeira menos resistente ou plantas mortas persistentes,

deve-se pensar em um correto distanciamento dos espaços

livres de estar e circulação e na periódica manutenção,

ficando próximas de árvores mais fortes, e preferencialmente

menos presentes em cidades de vento forte.

3. Eventos terceiros:

Há fatores que não estão diretamente associados às

plantas, mas que mesmo assim podem causar prejuízos sérios,

os eventos terceiros: pragas, queimadas, terremotos,

inundações e ventos fortes.

Quando plantamos uma árvore, uma trepadeira, um

arbusto ou uma palmeira de grande porte nas cidades,

devemos prestar atenção também a eventos que estão fora

do nosso controle imediato, pois as mesmas, assim como os

pavimentos e prédios, podem não resistir e entrar em colapso.

No planejamento vegetal, normalmente não prevemos

tsunamis, encontros de placas tectônicas, incêndios ou

furacões, e isso ocorre devido à pequena incidência desses

fatos durante os anos. Contudo, quando ocorrem tais

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

198

hecatombes, ou casos mais leves, sempre vemos uma grande

quantidade de plantas arrancadas do chão:

“De repente viram uma árvore inteira que também vinha

em direção à ilha; ficaram tão admirados que se levantaram para

ver melhor; era uma árvore com flores amarelas e raízes à mostra.

Ela rodopiou e foi mais longe fazendo redemoinhos, depois a

correnteza empurrou-a outra vez para o lado da ilha; nesse instante

os dois meninos deram um grito de susto: a árvore vinha na direção

da canoa (DUPRÉ, 2005, p. 36).

Os trovões roncavam, ao longe. O vento aumentava. As

grandes árvores estremeciam na galharia e estalavam brutalmente

(VASCONCELOS, 1969, p.58).

Figura 69 – Carro quebrado por árvore em Barueri, São Paulo, Brasil. Foto:

http://s.glbimg. com/jo/g1/f/original/2012/01/05/arvore_carro.jpg

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

199

Nos eventos fortes, realmente, pouco pode ser salvo,

mas, em casos mais leves (que ainda assim causam

destruição e mortes), podem ser evitados parte dos danos

ocasionados pela vegetação.

Primeiramente, algo muito positivo para as cidades,

cultural, estética e bioclimaticamente, mas potencialmente

frágeis em casos de eventos naturais maiores, são os

elementos vegetais mais antigos. Pela idade, podem já estar

comprometidos em sua resistência e saúde, sendo mais fáceis

de serem arrastados por uma enxurrada, por exemplo.

Outra circunstância a ser evitada é o plantio

exagerado, com o mal posicionamento de plantas grandes já

pouco resistentes, como as pioneiras, por serem também

fáceis de serem quebradas ou arrancadas do chão. Em

avenidas e calçadas, estas plantas certamente criarão danos

ao piso quando caírem, estendendo-se às pessoas e às

edificações dependendo do ângulo de queda (Figura 70).

Por último, elementos vegetais isolados são

plasticamente belos e se destacam na paisagem, porém,

levando em consideração os eventos naturais maiores, são os

primeiros a serem atingidos (Figura 70). Renques e maciços

são mais fortes nestas situações, por dividirem as cargas de

um deslocamento feroz de ar, por exemplo.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

200

Em menor proporção, mas igualmente séria são

algumas das relações entre o verde e seus inimigos naturais.

Os parasitas ou predadores, normalmente insetos,

bactérias, fungos e outras plantas, podem ameaçar não

somente a vegetação das quais estão se alimentando, como

as pessoas que estão em volta do elemento vegetal em

questão (Figura 71).

Figura 70 – Elementos frágeis. Desenho: autor

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

201

Tratando da periculosidade no contexto urbano,

quando esses seres estão comendo ou sugando nutrientes

das plantas, enfraquecem-nas ou as matam por completo.

Isso é muito prejudicial em locais de circulação e estar das

cidades, pois, as vezes sem sinal, uma árvore pode cair.

Figura 71 – Pragas e a iminência de um acidente. Desenho: autor

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

202

Plantas como a sibipiruna (Caesalpinia pluviosa

(Benth.) G.P.Lewis), por exemplo, não podem estar em áreas

muito expostas a cupins (CAMPO et al., 2011), enquanto que

árvores adaptadas da caatinga brasileira normalmente não

devem estar em vias de Manaus, pois o ritmo de chuvas

certamente permitirá uma forte incidência de fungos nas

mesmas.

Mesmo se tomando os devidos cuidados na escolha

da espécie e no local de plantio, é humanamente impossível

tratar de toda a vegetação que já existe nos jardins das urbes,

pois seriam no mínimo toneladas de herbicidas (o que não é

correto, podendo ameaçar os lençóis freáticos e a saúde da

população). Deve-se intervir somente em casos de risco de

queda ou quando se achar conveniente retirar uma planta

afetada, por questões estéticas ou sanitárias.

4. Elementos de corte:

A vegetação, além de veneno, pode tentar se

defender de outras maneiras, sendo muitas vezes

complementares a essas substâncias. Diminutas ou bem

visíveis, chamamos uma parcela destas proteções de

espinhos e acúleos, conforme explica Munhoz (2013):

Page 205: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

203

Os espinhos são estruturas endurecidas e pontiagudas.

Podem ser de diversas origens: encontramos espinhos que são

modificações caulinares (neste caso são ramos modificados),

foliares, radiculares e até mesmo, espinhos que são modificações

do pecíolo de folhas, de estípulas e de segmento de folhas.

O espinho difere do acúleo (do latim aculeus – o aguilhão

das abelhas), pois o espinho é de natureza endógena, não se

separando do local onde se encontra, sem romper os tecidos mais

profundos; o acúleo, ao contrário é superficial e não tem ligações

com o sistema vascular do caule. A roseira e a paineira são

exemplos de plantas que possuem acúleos.

Independente da origem, o fato principal relacionado

a essas estruturas é o da dor física que podem provocar em

caso de contato.

Nas cidades, são comumente usadas plantas dotadas

de espinhos (ou acúleos) como cercas e muros, no intuito de

proteger edificações ou restringir usos, como são plantadas

vegetações espinhosas para ornamentação de espaços

(Figura 72). Há também as que surgem de forma espontânea,

sendo os espinhos uma forma de continuarem lá:

Corri, mas só encontrei um capinzal crescido. Um bando de

laranjeira velha e espinhuda... Não gostava de nenhuma mesmo...

Todas tinham muito espinho (VASCONCELOS, 1968, p. 31 e 32).

Page 206: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

204

Mesmo sendo potencialmente perigosas, quando

presentes nas urbes (podendo causar lesões leves até

cegueira e perfurações graves), é comum a implantação

dessas plantas como barreiras ou muito próximas de áreas de

estar e circulação.

Figura 72 – Canivetes (Erythrina velutina Willd.) próximas ao passeio –

Campus Darcy Ribeiro, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

205

Os principais exemplos vêm de jardins áridos, com

cactos, furcréias, iucas e agaves e das cercas-vivas, feitas de

plantas como a coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.)

(veja Anexos, Tabela 17).

Além dos espinhos, causam a mesma preocupação a

galharia e as folhas cortantes que o verde pode ter.

Quando os elementos vegetais são baixos e

caducifólios, a vegetação alta é frágil, deixando cair muitos

galhos e troncos, ou as folhas são finas e serrilhadas (caso da

cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) (Figura 73)),

incorre-se em danos semelhantes aos dos espinheiros:

Verde, na monotonia cinzenta da paisagem, só algum

juazeiro ainda escapo à devastação da rama; mas em geral as

pobres árvores apareciam lamentáveis, mostrando os cotos dos

galhos como membros amputados e a casca toda raspada em

grandes zonas brancas. E o chão, que em outro tempo a sombra

cobria, era uma confusão desolada de galhos secos, cuja

agressividade ainda mais se acentuava pelos espinhos (QUEIROZ,

1979, p. 8).

- Logo vi. Quem é marinheiro de primeira viagem, vem

sempre assim: camisa de manga comprida, lenço e chapelão... Às

vezes as folhas da cana cortam... (PUNTEL, 2002, p. 55).

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

206

Apesar da justificativa da beleza associada a estas

plantas, o pouco critério na escolha e na implantação, ou

mesmo o surgimento espontâneo, fazem dos espaços livres

dotados desse tipo de vegetação locais menos agradáveis

de se estar e circular. Ausentes de certas barreiras, de um

correto distanciamento ou de uma limpeza periódica, essas

plantas sujeitam os usuários a acidentes, sendo prejudicial

principalmente às crianças, que brincam, rolam e correm por

perto sem notar isso, cortando-se facilmente.

Figura 73 – Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) próxima ao

parquinho e escola – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

207

5. Olhos que não veem:

A urbe está regrada não somente pelos edifícios que

possui, mas também pelas vias que a organizam. Tais vias,

norteadoras e divisoras da cidade, dão aporte aos

movimentos diários e são nelas onde ocorrem os principais

eventos urbanos.

Pistas pavimentadas, passeios e até mesmo pátios e

áreas denominadas como praças podem ser caracterizados

como vias de circulação (BENINI e MARTIN, 2010, p.68),

públicas ou não.

Sendo assim, para um caminhar ou movimento

aprazível e correto, com o mínimo esforço e o máximo de

segurança, é importante não haver empecilhos visuais ou

barreiras bloqueando o passeio (Figuras 74 a 78).

Parte dos problemas que encontramos nesse sentido se

origina da equivocada implantação de arbustos e árvores por

perto, sem o cuidado necessário para se evitar sustos e

acidentes (IBAM/CPU, 1996, p.68 à 74; MACEDO, 1992, p.25 à

40; ABBUD, 2006, p.57 à 108 e 172 à180; MASCARO, Juan Luis,

MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p.123 à 149).

No âmbito visual, além da vegetação poder cobrir

visuais de janelas, o que vemos de mais comum são

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

208

vegetações de médio e grande porte impedindo os

motoristas, ciclistas e pedestres de visualizarem tanto a

sinalização (semáforos e placas de trânsito), como a

continuidade da via (rotatórias e curvas) e das faixas de

pedestre.

Quando o verde encobre as visuais ou o mobiliário de

aviso urbano, está dificultando ao transeunte saber o que virá

pela frente, o que está por perto, diminuindo seu tempo de

reação.

Nos espaços livres com menor presença de

automóveis, como em jardins, praças e parques, esconder

ambientes e objetos com plantas é um artifício lúdico

bastante usado, criando uma surpresa positiva para pedestres

e ciclistas. Porém, em espaços de maior circulação ou

conflitantes com o trânsito de carros, como em calçadas e

faixas de pedestres, isso se torna impraticável, imbricando

cuidados ainda maiores ao se atravessar pistas, por exemplo

(Figuras 74 e 75).

Quanto aos motoristas, não conseguir enxergar o que

vem a frente é ainda mais perigoso, devido a velocidade que

seus veículos podem estar. Em curvas, cruzamentos e

rotatórias, o capim alto ou arbustos e troncos de árvores muito

próximos das pistas, também em ângulos que impedem a

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

209

visualização do final da conversão, minimizam o tempo de

reação por estar, tecnicamente, cegando-os, não vendo

carros, cones e pessoas à frente (Figuras 74 e 75).

Esse fato pode ser percebido similarmente nas faixas de

pedestre e semáforos, quando a vegetação, com sua copa

ou tronco, encobre o caminhar dos transeuntes próximos a

eles (Figuras 74 e 75).

No âmbito dos impedimentos concretos, quando a

vegetação é implantada, esta pode comprometer o livre

andar das pessoas.

Por vezes, isso é proposital e agradável, caso das

cercas vivas e extensas áreas forradas sem gramíneas, que

servem de barreira bela e direcionam os fluxos.

Figura 74 – Árvores e arbustos escondendo pedestres e carros próximo a via.

Foto: autor

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

210

Figura 75 – Visuais x vegetação. Desenho: autor.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

211

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

212

Figura 76 – Impedimentos. Desenho: autor

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

213

Outras vezes isso vai de encontro às leis e ao próprio

desejo dos transeuntes, não permitindo andar por onde

realmente desejam.

O excesso desses muros vegetados, como a

espontaneidade e a falta de planejamento podem criar

circunstâncias desagradáveis, devendo os usuários percorrer

maiores distâncias ou desviar dos obstáculos (Figuras 76 a 78).

Figura 77 – Jardineira pouco gentil – Rua no Bairro do Calhau, São Luís,

Maranhão, Brasil. Foto: autor.

Page 216: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

214

Além das cercas vivas e dos maciços de vegetação,

estão dentro destas circunstâncias as plantas com

crescimento desproporcional presentes nas vias e as

agressões fortes aos pavimentos devido às raízes e aos caules,

pois no mínimo obstruem os passeios e pistas de rolamento.

Figura 78 – Uma pista de rolamento a menos – SQN 406, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor

Hoje, século 21, as prefeituras e companhias de

manutenção e embelezamento das cidades já estão mais

cientes de tais problemas, como estão sendo construídos

planos diretores específicos para a arborização, diminuindo

parte desses equívocos.

Visto todos estes tipos de situações de ordem física que

se originam da vegetação (por projeto/plantio antrópico ou

Page 217: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

215

por surgimento espontâneo), cabe fazer uma síntese, em

forma de tabela, dos aspectos a serem observados no meio

urbano vegetado que podem se constituir em fitopatologias

dessa natureza. A tabela à seguir, junto as tabelas 13 e 19,

constituem a ferramenta de levantamento e diagnóstico das

fitopatologias observadas no meio urbano proposta por este

ensaio:

Tabela 18: Síntese Fitopatologias Físicas

a. Quanto às agressões horizontais (direta):

a.1. Desníveis desagradáveis, corrosão de ferragens, elementos

afastados, buracos ocasionados por ervas daninhas e plantas invasoras

de pequeno porte;

a.2. Presença de árvores com raízes superficiais próximas a edificações,

mobiliários urbanos e pavimentos;

a.3. Presença de plantas com caule não suportado para a área

implantada;

b. Quanto às agressões verticais (direta):

b.1. Elementos vegetais interferindo em fiações elétricas, outras plantas,

mobiliário urbano e superfícies mais altas (>1m) de edificações;

c. Quanto às agressões de movimento e fragilidades (indireta):

c.1. Vegetação com folhas ou frutos de médio risco próxima a

edificações, espaços livres de estar e circulação;

c.2. Vegetação com folhas ou frutos de grande risco próxima a

edificações, espaços livres de estar e circulação;

c.3. Árvores pioneiras ou de madeira frágil próximas a edificações,

Page 218: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

216

espaços livres de estar e circulação;

c.4. Árvores e palmeiras muito velhas próximas a edificações, espaços

livres de estar e circulação;

c.5. Plantas de grande porte mortas, mas ainda de pé, próximas a

edificações, espaços livres de estar e circulação;

c.6. Plantas com grande quantidade de predadores e parasitas

(agredidas ou não);

d. Quanto à presença de elementos cortantes e perfurantes (indireta):

d.1. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a espaços livres de

estar e circulação sem proteção (barreiras, avisos);

d.2. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a espaços livres de

estar e circulação com proteção (barreiras, avisos);

d.3. Vegetação com densa galharia próxima a espaços livres de estar e

circulação sem proteção;

d.4. Vegetação com densa galharia próxima a espaços livres de estar e

circulação com proteção;

d.5. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços livres de estar

e circulação sem proteção;

d.6. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços livres de estar

e circulação com proteção;

e. Quanto às barreiras concretas e problemas de visibilidade (indireta):

e.1. Presença de plantas que estão perturbando a visibilidade das

edificações;

e.2. Presença de plantas que estão perturbando a visibilidade dos

motorista, pedestres e ciclistas;

e.3. Vegetação obstruindo a livre circulação;

e.4. Vegetação impedindo a livre circulação;

Fonte: autor

Page 219: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

217

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Fitopatologias 3:

Psicosociológicas

Page 220: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

218

No início do texto, no capítulo ‘Introdução’, foi

transcrita uma entrevista de Benedito Abbud sobre o valor

que tem o verde nas cidades. Lá, ele descreveu como é

importante esse contato, pois “há um efeito psicológico: a

natureza é mais agradável de olhar do que o concreto”

(GEROLLA, 2006). Nas ‘selvas de pedras’ que são as urbes, isso

tem se mostrado cada vez mais fundamental para as pessoas.

Porém, apesar dos cidadãos normalmente se sentirem

acolhidos pelas flores e pelas folhas, essas também podem

potencializar sensações avessas, como a de insegurança ou

até de desagrado pela falta de beleza.

Esta seção tratará justamente dessas possíveis

interações negativas estabelecidas entre a vegetação e os

espaços livres urbanos, quando implantadas de forma

equivocada, que afetam tanto as percepções/sensações das

pessoas, como o uso efetivo dos espaços livres urbanos. Serão

comentados como esses elementos vegetais podem criar

barreiras e separações sociais, intensificar a percepção de

medo, tornar ambientes menos aprazíveis e ainda diminuir a

vitalidade urbana.

Page 221: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

219

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

1. Segregação e Medo:

É notório o quanto a arquitetura tem evoluído em um

processo de encasulamento das edificações e dos espaços,

algo que se revela bastante através da expansão

desenfreada das áreas compreendidas por condomínios

privados, horizontais e verticais, e shoppings centers, nos quais

a convivência é quase restrita a um cumprimento na portaria

ou no elevador.

Há nisso questões de gosto e conforto, pela

comodidade de se ter um porteiro, vagas exclusivas e

encontrar tudo em um só lugar, por exemplo, mas as

principais razões que dão vazão a este processo de

‘introspecção’ tem sido mesmo as de segurança.

Apesar de ser normalmente um pensamento nobre, por

parte dos residentes, consumidores e construtores, no intuito

de se protegerem e aumentarem sua privacidade, esta

prática ostensiva de envelopamento (com consequente

emuralhamento) não é positiva para o urbano como um

todo, como descreve Lúcia Leitão (2005, p.13):

Do ponto de vista da produção da paisagem edificada da

cidade brasileira, a distinção que esses ambientes, segregados e

segregadores como poucos, perseguem se expressa em espaços

Page 222: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

220

que não se integram com o entorno onde estão fisicamente

inseridos, que não se misturam com o resto da cidade. No que diz

respeito à configuração urbanística constituem-se, portanto, em

espaços guetos, em enormes bolsões edificados, apartados dos

espaços que os circunda, assentados, muitas vezes, no ambiente

construído, como elefantes em lojas de louça.

[...]

Na realidade brasileira, com as exceções de praxe, a

implantação de espaços-bloco, quer sejam condomínios

habitacionais quer sejam shopping centers, favorece,

frequentemente, a exclusão dos demais espaços da cidade,

notadamente quando a vizinhança não lhes é conveniente social e

economicamente falando.

Assim, espalhados pelas cidades, esses espaços têm

promovido a criação de muros e cercas como primeira forma

de resguardo/segregação dos usuários.

E o que a vegetação tem a ver com isso?

Pois bem, muitos destes ambientes são cercados com

plantas. As vezes altas, as vezes baixas ou sobre um substrato

vertical, elas substituem os muros de concreto e as cercas

metálicas simples com o intuito desta proteção (TELES, 2005,

p.130).

É fácil entender por que elas têm sido tão empregadas

na substituição dos elementos construídos. Entre o cinza nu do

cimento e as folhas verdes, a segunda traz uma sensação

bem mais confortável aos transeuntes que passam próximos.

Page 223: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

221

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 79 – Muros verdes – SQN 704, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

Contudo, embora mais aprazíveis do que os

cercamentos construídos ou com material aparente, as

cercas-vivas altas continuam sendo muros fechados, e seu o

exagero leva a ‘espaços cegos’ (HOLANDA, 2013), que

geram a sensação desconfortante de imprevisibilidade sobre

o que acontece a seguir (Figuras 79 e 80).

Page 224: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

222

Um exemplo disto são as ruas do Lago Sul, bairro nobre

de Brasília. Lá há um forte vazio nas calçadas e quase todas

as bordas são preenchidas por figueiras topeadas de 3 metros

de altura. Em cem metros, a única coisa que se vê são as

barreiras, surgindo pontualmente os clarões das entradas dos

conjuntos.

Apesar de ‘belo’, este verde potencializa uma

sensação de medo, pois sem janelas e portas, como

comércios e pessoas, parece que ninguém poderá ajudar em

um caso de roubo ou briga, como evidencia Jacobs (2010,

p.35 e 36):

Uma rua movimentada consegue garantir a segurança;

uma rua deserta não. [...] Devem existir olhos para a rua [...] Os

edifícios de uma rua preparada para receber estranhos e garantir a

segurança tanto deles quanto dos moradores devem estar voltados

para a rua. Eles não podem estar de fundos ou com um lado morto

para a rua e deixa-la cega.

Page 225: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

223

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 80 – Elementos segregativos. Desenho do autor

Page 226: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

224

Figura 81 – Pequenas florestas e seus labirintos. Desenho do autor

Page 227: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

225

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Esse efeito é similar, apesar de não segregativo,

quando se fazem bordos muito densos de arbustos e árvores

dentro da cidade, no intuito de criar ‘áreas verdes similares as

florestas’ que estão fora das urbes. Embora criem bolsões

interessantes para a fauna e respiros para o cinza das

construções, tais fenômenos também podem potencializar

sensações de insegurança quando mal planejados, devido as

sombras e as próprias estruturas físicas dos elementos vegetais,

que podem muito bem encobrir meliantes ou animais

peçonhentos (Figura 81):

Os montes florestados, os lagos debruados de juncos, os

muitos pântanos e charcos abrigavam bandos de comerciantes

ladrões e assassinos (TZU, 2008, p. 128).

Já quando há barreiras vegetais mais baixas, cria-se

uma segregação branda, que permite a visualização dos

espaços ajardinados e construídos (não criando uma

sensação de medo). Mesmo assim, esses elementos ainda

impedem o livre acesso, continuando o ciclo de segregativo.

Em Brasília, isto implica na redução do conceito primordial dos

pilotis livres.

Os moradores dos blocos residenciais não desejam que

cães sujem seus jardins, como também não acham favorável

Page 228: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

226

à sua segurança a passagem constante de pessoas por

debaixo dos prédios (esses pensamentos provavelmente se

aplicam a todas as cidades). Como não podem fazer muros

altos, burlam as leis da urbe modernista e põe pequenos

impedimentos, como arbustos. O clássico é o uso do pingo de

ouro (Duranta erecta var.aurea L.) (TELES, 2005, p.130 à 137)

(Figura 82).

Tal separação, como frisou Jacobs, é prejudicial.

Apesar de preservar os jardins (materialmente), diminui a

vitalidade da cidade, obriga a se fazer percursos mais longos

(como será descrito no tópico 5 das fitopatologias físicas) e

potencializa preconceitos que poderiam já ter sido

ultrapassados.

Figura 82 – As pequenas barreiras verdes – SQN 307, Brasília, Distrito Federal,

Brasil. Foto: autor

Page 229: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

227

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

2. Não agradabilidade:

Não só de segregação, insegurança e bordaduras são

feitos os encontros entre a vegetação e a cidade, há outros

tipos de ocorrências que modificam negativamente nossa

apreensão do espaço.

Quando não nos sentimos confortáveis em um

ambiente com vegetação, temos, portanto, um efeito avesso

a sua proposição natural, que é, quando plantamos, de

tornar o espaço mais aprazível.

Em dias de temperaturas altas, a sombra das árvores

próximas parecem já nos satisfazer, mesmo que ainda não

tenhamos chegado embaixo delas:

Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos

juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga

rala (RAMOS, 2006, p. 9).

Algo similar ao que descrevem os pesquisadores

Mascaró (2010, p.52 e 53), quanto ao efeito de proteção

acústica das plantas:

Page 230: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

228

É reconhecido que as árvores e a fauna a elas associada

produzem um efeito de mascaramento sobre outros ruídos

ambientais [...] Isto provoca um efeito psicológico benéfico

aparentemente amenizando os efeitos irritantes dos ruídos, mesmo

que a cortina protetora não proporcione efetivamente tal efeito.

Porém, em dias de temperaturas mais amenas, isso

pode se tornar prejudicial, principalmente quando há

excessos de maciços altos de folhagem densa, pois podem

aparentar, mesmo que de fato não ocorra, estar diminuindo

as temperaturas próximas a eles (Figura 83).

O contrário também vale. Em dias de temperaturas

mais baixas, árvores caducifólias e palmeiras espaçadas

potencializam uma sensação de calor. Quando as

temperaturas sobem ou há grande radiação solar, tratar os

espaços livres dessa forma certamente afastará os transeuntes

de perto.

Além do desconforto psicológico ambiental, os

cidadãos também podem preterir espaços livres por eles não

serem belos, tendo como principal argumento o estado de

conservação da vegetação local.

Page 231: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

229

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 83 – O efeito oposto. Desenho do autor

Com o tempo, a maioria das plantas perecem, perdem

o brilho e as floradas ou as folhas amarelam e caem, se

Page 232: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

230

tornando ainda mais latente com a baixa manutenção e o

regime solar inadequado (Figura 84). Assim, quando os

espaços livres estão permeados por uma vegetação neste

estado, tendemos a querer nos distanciar, como fazemos

quando estamos próximos de canalizações de esgoto ou

prédios denegridos. O planejamento vegetal, com a

adequada escolha das plantas para os regimes de cuidados

que irão receber, como a periodicidade das regas,

adubagem e podas, já diminuiria tais ocorrências.

Figura 84 – No aguardo de uma nova primavera – Teatro Nacional, Brasília,

Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

Page 233: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

231

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Outro fator estético que nos leva a um afastamento,

este ainda mais espontâneo e de difícil controle, são áreas

invadidas por ervas daninhas e outras espécies resistentes,

como em terrenos baldios e lotes vazios. Esse tipo de

vegetação pouco apraz e facilmente nos faz associá-las a um

espaço mal cuidado, querendo novamente distância (Figura

85):

Figura 85 – Ervas daninhas – Avenida X, Bairro Feliz, Goiânia, Goiàs, Brasil.

Foto: autor

Page 234: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

232

Todo o mato à sua volta era muito espesso, cheio de

espinheiros, silvados e matagal apodrecido (as faias haviam cedido

lugar aos carvalhos ali em volta, o que tornou a vegetação rasteira

mais espessa) (ORWELL, 1978, p. 210).

Mais que segregadores e potencialmente inseguros, os

espaços livres vegetados podem ser hostis aos que estão

próximos. Isso muito ocorre quando temos excessos de

vegetação espinhosa (Figura 86).

Essas áreas, como as dotadas de ervas daninhas e

plantas invasoras, são facilmente apreendidas como locais

onde não devemos estar, tocar ou estar próximos.

Figura 86 – Como arame farpado – SQN 506/507, Brasília, Distrito Federal,

Brasil. Foto: autor

Page 235: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

233

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Desde bem jovens, ao nos espetarmos com vidro,

agulha ou qualquer objeto perfurante, habituamo-nos a ter

cautela, pois tais elementos machucam. Assim, quando

estamos diante de um muro erguido com coroas-de-cristo ou

de uma palmeira fênix, que são notáveis pelos seus elementos

perfurantes, temos a reação natural de nos preservarmos e

nos distanciarmos.

Os espaços livres, portanto, que desejem um fluxo

maior de pessoas e que tenham a intenção de garantir

conforto aos seus usuários, devem afastar tais plantas das

zonas de circulação e estar, ficando distanciadas em zonas

mais contemplativas.

Figura 87 – O verde contínuo – QI 23, Lago Sul, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Foto: autor

Page 236: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

234

Os espaços e as áreas verdes podem também se tornar

desconfortáveis pela monotonia que invocam. É chato estar

em um ambiente em que tudo é igual (Figura 87).

Assim, voltemos ao exemplo do Lago Sul. As extensas

áreas muradas por figueiras topeadas por lá não só causam

imprevisibilidade, como se tornam o que se propunham a não

ser: muros opacos sem vida. É tudo verde, é a mesma planta

se repetindo em planos iguais por grandes percursos, sem

diferenciação de alturas, texturas e cores.

O uso extensivo de uma só planta por longos trechos,

como este, diminuem a vitalidade urbana, como se observa

em grandes zonas com o mesmo tipo de uso (JACOBS, 2010).

Áreas dotadas somente de habitações, sem espaços de lazer

e comércio próximos, normalmente tem seus espaços

públicos vazios, e, consequentemente, desinteressantes.

3. Inatividade:

A última categoria de fitopatologia psicosociológica

que podemos encontrar nas cidades é justamente a atrelada

aos grandes vazios vegetados urbanos.

Não se trata de zonas arborizadas públicas espalhadas

pela cidade ou canteiros centrais floridos, pois estes têm

Page 237: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

235

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

funções importantes/imprescindíveis como sombrear e

bloquear percursos transversais em vias de trânsito de

automóveis, mas, sim, grandes gramados contemplativos e

enormes jardins desconexos ou sem uso.

Comecemos pelos gramados. Quando essas áreas

verdes estão em parques e outras áreas públicas, permitem

aos cidadãos transitar por entre, fazer piqueniques e se divertir

de ‘n’ maneiras. Contudo, quando não são acessíveis, caso

de muitos jardins residenciais, os mesmos se tornam espaços

ociosos.

Figura 88 – Sem acesso, sem uso – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Foto: autor

Page 238: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

236

O incrível é que, apesar de não terem uso efetivo, estes

espaços são exigentes. Normalmente dotados daquelas

plaquinhas de ‘não pise na grama’, tais áreas demandam

grande manutenção, com podas e regas regulares, sem

promover sombra, sem possibilitar percursos e ainda se

tornando fortes barreiras (mesmo tendo no máximo vinte

centímetros de altura e boa resistência ao pisoteio), para no

fim serem somente admirados, diminuir levemente a

temperatura local e substituírem o concreto do piso (Figura

88).

Jardins com muitas forrações partem do mesmo

princípio, porém, são realmente intransponíveis e podem ser

ainda mais exigentes quanto à conservação. O planejamento

vegetal deve ficar atento para que esses maciços não

criarem bolsões-barreira, e também se tornem elementos

muitos extensos e sem uso, devendo ter moderação no

enfoque do efeito contemplativo.

Por fim, jardins dotados de cercas-vivas baixas, como

as de pingo-de-ouro, acabam por também se tornarem

espaços inativos. Pelo cercamento, se evita que os usuários

excedam a contemplação, não podendo os mesmos

usufruírem por completo do espaço livre, passeando,

Page 239: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

237

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

colhendo flores, folhas e frutos ou, simplesmente, sentarem

(Figura 88).

Visto todos estes tipos de situações de ordem

psicosociológica que se originam da vegetação (por

projeto/plantio antrópico ou por surgimento espontâneo),

cabe fazer uma síntese, em forma de tabela, dos aspectos a

serem observados no meio urbano vegetado que podem se

constituir em fitopatologias dessa natureza. A tabela a seguir,

junto às tabelas 13 e 18, constituem a ferramenta de

levantamento e diagnóstico das fitopatologias observadas no

meio urbano proposta por este ensaio:

Tabela 19: Síntese Fitopatologias Psicosociológicas

Quanto à segregação e insegurança:

I. Elementos segregativos baixos (impedem a passagem e o uso

do espaço livre);

II. Elementos segregativos médios e altos (impedem a passagem,

aumentam a sensação de insegurança/imprevisibilidade,

diminuem o tempo de percurso e uso);

III. Espaços inseguros (vegetação contribuindo para uma

sensação de medo);

Quanto à agradabilidade:

IV. Presença de vegetação esteticamente feia (morta, desnutrida,

excesso de ervas daninhas, etc.);

Page 240: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

238

V. Presença de vegetação hostil (espaços com excesso de

plantas espinhentas, por exemplo);

VI. Espaços ambientalmente desconfortáveis devido ao mau

planejamento vegetal;

VII. Espaços monótonos (excesso de um tipo de vegetação, por

exemplo);

Quanto à inatividade:

VIII. Grandes extensões inativas (gramados e jardins sem uso

efetivo);

Fonte: autor

Page 241: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

sementes iguais árvores diferentes

diagnóstico

Page 242: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

240

“Só não há primavera no meu recinto

Enfermidades, beijos decompostos

Como heras de igrejas que se pegaram

Nas janelas negras da minha vida,

Só o amor não basta, nem o selvagem e extenso perfume da

primavera.”

Pablo Neruda

Page 243: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

241

São inúmeros os fatores malignos que permeiam nossas

casas, percebidos ou não, como pudemos observar nos

capítulos passados. Dado este fato, convém-se tentar mostrar

tais casos de uma forma ainda mais direta no intuito de

reforçar o debate, fazendo um diagnóstico de algumas áreas

urbanas.

Por questões logísticas e simbólicas, foi escolhida uma

quadra do Plano Piloto (bairro de Brasília, Distrito Federal) para

se fazer esses estudos de campo: a SQS 308. Esta é

certamente a que pode melhor representar os conceitos

fundamentais da cidade, sendo uma das primeiras a ter

ficado pronta, com toda a aparelhagem descrita no Relatório

de Lúcio Costa próxima, e também tendo sido a primeira

regrada pelo paisagismo de Burle Marx. Isso também é

interessante, porque permite notar a evolução do edificado

no início da construção de Brasília até a contemporaneidade,

com o uso cotidiano.

A análise da área, conforme descrito no capítulo de

metodologia, foi elaborada a partir de um levantamento

presencial e da elaboração de uma ficha diagnóstico, com a

tomada de fotos e a execução de mapas e tabelas. Está

dividida da seguinte maneira:

Page 244: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

242

1. Breve histórico e caracterização da área de estudo;

2. Ficha diagnóstico:

2.1. Cabeçalho - endereço, área edificada, área

pavimentada, área vegetada;

2.2. Mapas - geral, de substratos, de vegetação, das

fitopatologias (com a divisão das glebas de trabalho23),

glebas (nesta pesquisa: A, B, C e D, acompanhadas de fotos,

tabelas e descrição das fitopatologias encontradas);

2.3. Tabelas – Ocorrências discriminadas Ambiental

sanitárias, Físicas e Psicosociológicas, síntese;

3. Levantamento e preenchimento da ficha;

4. Discussão dos resultados.

Superquadra Sul 308

Inaugurada oficialmente em 1962 (com todos os

edifícios já construídos) e tombada pela Governo do Distrito

Federal por meio do Decreto n.º 30.303/2009 em seu conjunto

urbanístico, arquitetônico e paisagístico em 2009, a SQS 308

pertence a única Unidade de Vizinhança24 que foi realmente

23 Pode-se dividir em mais ou menos quadrantes, ficando a critério do pesquisador. 24 Unidade de Vizinhança: modelo urbanístico modernista primeiramente idealizado

por Clarence Perry, na década de 1920 (FERREIRA, GOROVITZ, 2008, p.1). São

Page 245: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

243

concretizada em Brasília, com todos os equipamentos

previstos no projeto de Lúcio Costa, destacando-se a Igrejinha

de Nossa Senhora de Fátima (Figura 94), a Escola Parque

(Figura 100) e o Cine Brasília (este último mais afastado).

Contando com a entrequadra e a zona comercial, são

nove edifícios residenciais com pilotis, três escolas, uma igreja

e quatro blocos comerciais (a maioria, projetos de Oscar

Niemayer, Sérgio Rocha e Marcelo Graça Couto) (TELES, 2005,

p.46) (Figura 89 à 101). Além dos projetos de arquitetos de

renome, há pelo menos cinco projetos paisagísticos de

Roberto Burle Marx, sendo os mais conhecidos a Praça dos

Cogumelos e o Jardim Aquático (Figura 101 e 99,

respectivamente).

É uma quadra antiga, para os padrões da cidade, mas

preservou grande parte de sua originalidade, e é bastante

frequentada, por todas as faixas etárias, entre a 7 e às 19

horas, sendo comum, além da circulação, o uso das praças e

pilotis para descanso e bate-papo, como dos parquinhos

para diversão das crianças.

unidades habitacionais com princípios de autossuficiência, dotadas também de

comércio básico e espaços religiosos, de educação e entretenimento. Em Brasília,

estes equipamentos deveriam estar permeando quatro quadras por vez, mais um

grande cinturão verde (COSTA, 2003, p.131 À 134).

Page 246: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

244

Há bastante vegetação, principalmente elementos

arbóreos, arbustivos e gramíneas, espalhados pelos jardins

(TELES, 2005, p.46 à 48).

Figura 89 – 308 Sul. Foto: Joana França (fonte: http://www.

welcometobrasilia.com/)

Figura 90 – Bloco D. Foto: autor

Page 247: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

245

Figura 91 – Clube Vizinhança. Foto: autor

Figura 92 – Bloco A. Foto: autor

Page 248: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

246

Figura 93 – Palmeiras Imperiais. Foto: autor

Figura 94 – Igrejinha. Foto: autor

Page 249: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

247

Figura 95 - Blocos C e D. Foto: autor

Figura 96 – Estacionamento do Bloco A. Foto: autor

Page 250: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

248

Figura 97 – Espaço Renato Russo. Foto: autor

Figura 98 – Escola Classe. Foto: autor

Page 251: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

249

Figura 99 – Jardim Aquático. Foto: autor

Figura 100 – Escola Parque. Foto: autor

Page 252: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

250

Figura 101 – Praça dos Cogumelos. Foto: autor

Page 253: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

251

Ficha Diagnóstico de

Fitopatologias Urbanas

Pesquisador:

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Empresa/Órgão/Laboratório/Faculdade:

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de

Brasília, FAU-UnB

Endereço do levantamento:

Superquadra Sul 308, Asa Sul, Plano Piloto, Brasília, Distrito

Federal, Brasil

Tipo de espaço levantado:

Espaços livres públicos

Áreas: Valores aproximados m² %

Edificadas

(incluindo pilotis)

17250 19,5

Pavimentadas

(excluindo pilotis)

40000 45,5

Vegetadas

(dentro de circuncisões gramadas)

30500 35

Total 87750 100

Page 254: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

252

mapa geral

esc. 1/2500

N

(base SICAD, desenho do autor)

legenda:

edificações

vias e praças

vegetação

água

quadras esportivas

0 25 100

Page 255: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

253

Page 256: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

254

Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa de substratos

esc. 1/2500

N

(base SICAD e SILVA apud TELES, 2005, p.46. Desenho do autor)

legenda:

edificações

pavimentações

vegetação

0 25 100

Page 257: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

255

Page 258: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

256

Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa da vegetação

esc. 1/2500

N

(base SICAD, desenho do autor)

legenda:

edificações

pavimentações

árvores

palmeiras

arbustos

forrações e herbáceas

grama/predomínio de grama

* trepadeiras não foram incluídas (estão suportadas em árvores), como plantas

atípicas foram encaixadas em ‘forrações e herbáceas’ ou ‘arbustos’.

*

0 25 100

Page 259: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

257

Page 260: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

258

Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa das fitopatologias e de glebas de análise

esc. 1/2500

N

(base SICAD, desenho do autor)

legenda:

edificações

divisão das glebas

fitopatologias ambiental sanitárias

fitopatologias físicas

fitopatologias psicosociológicas

* Plantas altas decíduas em períodos secos ou de maior radiação

solar e árvores e palmeiras muito velhas próximas a edificações, espaços

livres de estar e circulação não foram representadas.

*

0 25 100

Page 261: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

259

Page 262: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

260

Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa da gleba A

esc. 1/1250

N

(base SICAD, desenho do autor)

legenda:

edificações

fitopatologias

fluxo de pessoas

fluxo de automóveis

* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.

0 12,5 50

x

Page 263: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

261

Page 264: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

262

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 20: Fitopatologias encontradas na gleba A

4.1 Há plantas venenosas sem proteção;

4.2 Há plantas venenosas com proteção;

4.4 Presença de plantas medicinais;

5.1 Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção;

6.1 Presença de plantas com pólen ... estar;

6.2 Presença de plantas urticantes (grau leve);

a.1 Desníveis desagradáveis, corrosão ... por ervas daninhas e plantas invasoras

de pequeno porte;

a.2 Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;

c.1 Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;

c.2 Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;

c.3 Árvores pioneiras ou de madeira frágil ... circulação;

d.1 Vegetação com espinhos/acúleos ... sem proteção;

d.5 Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;

I. Elementos segregativos baixos;

VIII. Grandes extensões inativas sem proteção;

Fonte: autor

Figura 102 – Poinsétias ao alcance

da mão (4.1). Foto: autor

Figura 103 – Tão interessante de pisar

(VIII). Foto: autor

Page 265: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

263

Figura 104 – O abacate na iminência de cair (d.1 e d.5).

Foto: autor

Figura 105 – Alarmantes espinhos fáceis (c.2). Foto: autor

Page 266: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

264

Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa da gleba B

esc. 1/1250

N

(base SICAD, desenho do autor)

legenda:

edificações

fitopatologias

fluxo de pessoas

fluxo de automóveis

* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.

0 12,5 50

x

Page 267: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

265

Page 268: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

266

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 21: Fitopatologias encontradas na gleba B

4.1 Há plantas venenosas sem proteção;

5.1 Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção;

6.1 Presença de plantas com pólen ... estar;

7.1 Presença de plantas com substâncias corrosivas sem proteção;

8.2 Vegetação com persistência de folhas secas;

a.1 Desníveis desagradáveis, corrosão ... por ervas daninhas ... porte;

a.2 Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;

c.1 Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;

c.2 Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;

d.1 Vegetação com espinhos/acúleos ... sem proteção;

d.3 Vegetação com densa galharia ... sem proteção;

d.5 Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;

e.2 Presença de plantas que estão perturbando a visibilidade ...;

e.3 Vegetação obstruindo a livre circulação;

II. Elementos segregativos médios e altos ...;

IV. Presença de vegetação hostil ...;

VII. Espaços inseguros ...;

VIII. Grandes extensões inativas sem proteção;

Fonte: autor

Figura 106 – O que há ai atrás? (e.2

e VII) Foto: autor

Figura 107 – Animais na tamareira

(8.2). Foto: autor

Page 269: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

267

Figura 108 – Cercado sem sentido (VIII).

Figura 109 – Hostil toque na parede (d.1 e IV). Foto: autor

Page 270: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

268

Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa da gleba C

esc. 1/1250

N

(base SICAD, desenho do autor)

legenda:

edificações

fitopatologias

fluxo de pessoas

fluxo de automóveis

* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.

0 12,5 50

x

Page 271: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

269

Page 272: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

270

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 22: Fitopatologias encontradas na gleba C

4.1 Há plantas venenosas sem proteção;

4.2 Há plantas venenosas com proteção

6.1 Presença de plantas com pólen ... estar;

8.3 Vegetação adaptada como esconderijo para fauna nociva;

a.1 Desníveis desagradáveis, corrosão ... por ervas daninhas e plantas

invasoras de pequeno porte;

a.2 Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;

c.1 Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;

c.2 Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;

c.3 Árvores pioneiras ou de madeira frágil ... circulação;

d.1 Vegetação com espinhos/acúleos ... sem proteção;

d.5 Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;

I. Elementos segregativos baixos;

VIII. Grandes extensões inativas sem proteção;

Fonte: autor

Figura 110 – Oleandros próximos da

calçada (4.1 e 6.1). Foto: autor

Figura 111 – Visível destacamento do

piso (a.2). Foto: autor

Page 273: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

271

Figura 112 – Jardineiras com plantas tóxicas (4.2). Foto: autor

Figura 113 – Jasmim Manga com fácil acesso (4.1). Foto: autor

Page 274: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

272

Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa da gleba D

esc. 1/1250

N

(base SICAD, desenho do autor)

legenda:

edificações

fitopatologias

fluxo de pessoas

fluxo de automóveis

* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.

0 12,5 50

x

Page 275: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

273

Page 276: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

274

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 23: Fitopatologias encontradas na gleba D

4.1 Há plantas venenosas sem proteção;

4.2 Há plantas venenosas com proteção

5.1 Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção;

6.2 Presença de plantas urticantes (grau leve);

8.2 Vegetação com persistência de folhas secas;

a.2 Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;

c.1 Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;

c.2 Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;

d.3 Vegetação com densa galharia ... sem proteção;

d.5 Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;

I. Elementos segregativos baixos;

VIII. Grandes extensões inativas sem proteção;

Fonte: autor

Figura 114 – Não são taiobas, mas...

(4.1). Foto: autor

Figura 115 – O roxo urticante (6.2).

Foto: autor

Page 277: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

275

Figura 116 – As árvores são antigas. Foto: autor

Figura 117 – Pode estar sufocando a árvore (4.1). Foto: autor

Page 278: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

276

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 24: Fitopatologias Ambiental Sanitárias

1. Quanto ao conforto térmico: Ocorrências:

1.1. Vegetação alterando a passagem do ar

(contrariamente ao desejado);

0

1.2. Plantas em regime de transpiração

deficiente/exagerado (em relação ao ambiente);

0

1.3. Plantas altas decíduas em períodos secos ou de

maior radiação solar;

X

1.4. Vegetação alterando a passagem dos raios solares

(contrariamente ao desejado);

Y

2. Quanto ao conforto luminoso:

2.1. Vegetação alterando a passagem dos raios solares

(contrariamente ao desejado);

Y

2.2. Ofuscamento ou penumbra ocasionado por elementos

vegetais;

0

3. Quanto ao conforto sonoro:

3.1. Barreiras vegetais ineficientes ao som; 0

4. Quanto aos riscos de envenenamento:

4.1. Há plantas venenosas sem proteção (barreiras,

avisos);

31

4.2. Há plantas venenosas com proteção (barreiras,

avisos);

9

4.3. Plantas similares, sendo uma tóxica; 0

4.4. Presença de plantas medicinais; 1

5. Quanto aos riscos de entorpecimento:

5.1. Há plantas com substâncias entorpecentes sem

proteção (barreiras, avisos);

6

5.2. Há plantas com substâncias entorpecentes com 0

Page 279: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

277

proteção (barreiras, avisos);

6. Quanto aos riscos de alergias:

6.1. Presença de plantas com pólen nocivo próximas a

circulação e a locais de estar;

4

6.2. Presença de plantas urticantes (grau leve); 0

6.3. Presença de plantas urticantes fortes com proteção

(barreiras, avisos);

0

6.4. Presença de plantas urticantes fortes sem proteção

(barreiras, avisos);

0

7. Quanto aos riscos de corrosão:

7.1. Presença de plantas com substâncias corrosivas sem

proteção (barreiras, avisos);

1

7.2. Presença de plantas com substâncias corrosivas

com proteção (barreiras, avisos);

0

8. Quanto às relações com animais peçonhentos,

agressivos ou transmissores de doenças:

8.1. Vegetação com reserva externa de água; 0

8.2. Vegetação com persistência de folhas secas; 16

8.3. Vegetação adaptada como esconderijo para

fauna nociva;

2

9. Quanto às relações tróficas:

9.1. Vegetação considerada daninha ou invasora; 0

9.2. Presença de plantas amensais; 0

9.3. Presença de plantas parasitárias; 0

10. Quanto ao perigo de fogo: Aglomerações de

coníferas ou proximidade com fiações elétricas

0

Fonte: autor

Page 280: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

278

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 25: Fitopatologias Físicas

a. Quanto às agressões horizontais (direta): Ocorrências:

a.1. Desníveis desagradáveis, corrosão de ferragens,

elementos afastados, buracos ocasionados por ervas

daninhas e plantas invasoras de pequeno porte;

6

a.2. Presença de árvores com raízes superficiais próximas

a edificações, mobiliários urbanos e pavimentos;

34

a.3. Presença de plantas com caule não suportado para

a área implantada;

0

b. Quanto às agressões verticais (direta):

b.1. Elementos vegetais interferindo em fiações elétricas,

outras plantas, mobiliário urbano e superfícies mais altas

(>1m) de edificações;

0

c. Quanto às agressões de movimento e fragilidades

(indireta):

c.1. Vegetação com folhas ou frutos de médio risco

próxima a edificações, espaços livres de estar e

circulação;

22

c.2. Vegetação com folhas ou frutos de grande risco

próxima a edificações, espaços livres de estar e

circulação;

11

c.3. Árvores pioneiras ou de madeira frágil próximas a

edificações, espaços livres de estar e circulação;

3

c.4. Árvores e palmeiras muito velhas próximas a

edificações, espaços livres de estar e circulação;

X

c.5. Plantas de grande porte mortas, mas ainda de pé,

próximas a edificações, espaços livres de estar e

circulação;

0

Page 281: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

279

c.6. Plantas com grande quantidade de predadores e

parasitas (agredidas ou não);

Y

d. Quanto à presença de elementos cortantes e

perfurantes (indireta):

d.1. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a

espaços livres de estar e circulação sem proteção

(barreiras, avisos);

22

d.2. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a

espaços livres de estar e circulação com proteção

(barreiras, avisos);

0

d.3. Vegetação com densa galharia próxima a espaços

livres de estar e circulação sem proteção;

56

d.4. Vegetação com densa galharia próxima a espaços

livres de estar e circulação com proteção;

0

d.5. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços

livres de estar e circulação sem proteção;

47

d.6. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços

livres de estar e circulação com proteção;

0

e. Quanto às barreiras concretas e problemas de

visibilidade (indireta):

e.1. Presença de plantas que estão perturbando a

visibilidade das edificações;

0

e.2. Presença de plantas que estão perturbando a

visibilidade dos motorista, pedestres e ciclistas;

1

e.3. Vegetação obstruindo a livre circulação; 2

e.4. Vegetação impedindo a livre circulação; 0

Fonte: autor

Page 282: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

280

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 26: Fitopatologias Psicosociológicas

Quanto à segregação: Ocorrências:

I. Elementos segregativos baixos (impedem a

passagem e o uso do espaço livre);

5

II. Elementos segregativos médios e altos

(impedem a passagem, aumentam a sensação

de insegurança/imprevisibilidade, diminuem o

tempo de percurso e uso);

1

Quanto à vitalidade e agradabilidade:

III. Presença de vegetação esteticamente feia

(morta, desnutrida, excesso de ervas daninhas,

etc.);

0

IV. Presença de vegetação hostil (espaços com

excesso de plantas espinhentas, por exemplo);

1

V. Espaços ambientalmente desconfortáveis

devido ao mau planejamento vegetal;

0

VI. Espaços monótonos (excesso de um tipo de

vegetação, por exemplo);

0

VII. Espaços inseguros (vegetação contribuindo

para uma sensação de medo);

2

VIII. Grandes extensões inativas (gramados e jardins

sem uso efetivo);

5

Fonte: autor

X – Não foi possível mensurar, devido ao número quase que total de árvores nesta

situação (c.4 e 1.3) e o tempo de pesquisa.

Y – Não foi possível mensurar, devido à ausência de materiais adequados e o tempo

de pesquisa.

Page 283: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

281

Tabela 27: Síntese Fitopatologias Ocorrências:

Fitopatologias Ambiental Sanitárias 70*

Fitopatologias Físicas 204*

Fitopatologias Psicosociológicas 14

Total 288*

*Conforme dito, com ausências dos números de alguns tópicos,

como o c.4 e o 1.3

Fonte: autor

A análise dos mapas e das tabelas resultantes das

visitas mostraram que, apesar das 288 ocorrências*, a SQS 308

está em um patamar diferente das outras quadras da cidade,

principalmente quanto às fitopatologias psicosociológicas

(somente 14 casos). É comum verificarmos um excesso de

forrações, muitas cercas vivas e pouca variação de árvores

dentro das superquadras, mas a 308 quebra um pouco esse

paradigma, principalmente devido aos habitantes bastante

politizados, à proteção governamental e ao planejamento

que nasceu com ela.

Mesmo assim, há de se comentar que, devido a sua

idade (52 anos em 2014) e ao perfil arbóreo encontrado,

deve-se fazer uma renovação da arborização, tendo em vista

que quase todas as árvores são datadas da década de 60, e

já podem estar sofrendo de fadiga. A extensa maioria das

árvores também são caducifólias (canafístulas, paineiras e

Page 284: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

282

Matheus Maramaldo Andrade Silva

ipês) e de folhas diminutas, provocando muito acúmulo foliar

pelo chão da 308, e provavelmente protegendo

minimamente os pavimentos e edifícios que estão cobrindo

em temporadas quentes. Por estarem em quantidades muitos

elevadas (no mínimo 200), tais árvores antigas e/ou

caducifólias não serem levantados.

Outros pontos relevantes do levantamento foram:

Pontos POSITIVOS ou de pouca interferência:

Poucas figueiras na quadra, algo surpreendente em

Brasília;

Há pouquíssimas cercas vivas impedindo a passagem,

protegendo, na maioria das vezes, as garagens;

A vegetação pouco perturba a visibilidade dos edifícios,

pedestres, ciclistas e motoristas, como pouco diminui a

luminosidade dos postes por sua altura e disposição, algo

extremamente positivo;

Não foram encontradas muitas mangueiras, jameloeiros e

abacateiros na 308, árvores comuns da arborização de

Brasília e comumente mal implantadas;

Quase não existem plantas medicinais e com uso

alimentar na 308, algo raro em Brasília;

Page 285: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

283

Os pilotis e os jardins em quase toda a quadra são

realmente livres, com poucas obstruções, algo raro em

Brasília (há, na maioria das quadras, taludes, jardins

cercados, grama intocável ou forrações em demasia que

impedem o livre acesso do solo);

Pontos NEGATIVOS:

As paineiras: são quase todas altas e velhas, tendo seus

espinhos da base desaparecido. Seus frutos de médio risco

(c.1), como as raízes superficiais levantando as calçadas

(a.2) foram as principais perturbações vistas (seria

interessante a substituição destas árvores por outras de

raízes axiais, mais jovens, sem espinhos e frutos de risco);

O piso da quadra, principalmente em suas bordas, está

bastante desgastado, com a invasão de gramas, ervas

daninhas e raízes superficiais (o piso certamente não é

renovado a décadas, devendo ser refeito, aumentando a

resistência contra forrações. Se possível, substituir as

árvores que prejudicam os calçamentos com suas raízes

ou aumentar suas covas);

Plantas dotadas de elementos perfurantes (espinhos,

acúleos, folhas navalhadas, galhada excessiva baixa) não

tem proteção, estão em grande quantidade e estão muito

Page 286: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

284

Matheus Maramaldo Andrade Silva

próximas do público (primaveras, caliandras, palmeiras

fênix e agaves) (o mais aconselhável é o replantio das que

estiverem muito próximas dos passeios e o uso de

elementos que impeçam o contato com as mesmas

(forrações, cercas, pedras, etc, sem perturbar o livre

trânsito onde ele for necessário));

Poucas foram as plantas dotadas de veneno achadas

com proteção, sendo que a maioria estava muito próxima

do público e com fácil acesso. Em grande quantidade

também, principalmente poinsétias e aráceas (filodendros,

jiboias, lírios da paz) (o mais aconselhável é o replantio das

que estiverem muito próximas dos passeios e o uso de

elementos que impeçam o contato com as mesmas

(forrações, cercas, pedras, etc, sem perturbar o livre

trânsito onde ele for necessário));

Os custos de manutenção da quadra devem ser altos, pois

há muita grama, bordaduras e árvores caducifólias (algo

quase inevitável com tanta vegetação, mas com redução

de custos na medida em que se plantar mais plantas

adaptadas ao bioma, menos cercas vivas e grama).

Page 287: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

considerações finais

Page 288: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

286

“Uma chuva de amores-perfeitos,

papoulas e miosótis abatera-se sobre os contingentes dos Voulás,

que haviam respondido inundando os Vaitimboras

de gerânios, margaridas e beijos. Um general tivera o quepe

arrebatado por um buquê de violetas. ”

Maurice Druon

Page 289: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

287

Pois bem, após três meses e meio de trabalho, temos

aqui um exercício cumprido, dentro do que foi proposto, que

era apresentar fitopatologias urbanas e elaborar uma

ferramenta para sua análise.

Embora tenha parecido ser um trabalho de refutação

ao uso da vegetação, pelo apelo dado, reforço novamente

nesta conclusão que o mesmo está na direção contrária,

buscando ser mais um instrumento de aporte e promoção do

verde em nossas cidades.

E por que isso?

Vejam, os elementos vegetais estão em quase toda a

parte: nas calçadas, próximos aos edifícios, nos pequenos e

grandes parques urbanos, como pudemos perceber no

decorrer do texto, e, por isso, é bastante provável que em um

ou outro momento eles estejam agindo de forma contrária ao

nosso desejo.

Assim, para se implantar elementos vegetais e se

evitar/diminuir tais degenerações, é necessário compreender

suas características como um todo e ponderar acerca de

várias dimensões, que vão muito além da estética, vendo

também as bioclimáticas, as sanitárias, as físicas, as

psicológicas, as sociais e até as econômicas. Como visto no

capítulo ‘As diversas fitopatologias da cidade’, uma árvore

Page 290: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

288

pode crescer até alturas vertiginosas, ter raízes agressivas,

frutos pesados, galhos espalhados que podem cortar a fiação

dos postes, possuir folhas venenosas e que caem com

facilidade, sendo assim imprescindível levantar todas suas

qualidades para não a dispor em uma rua de cinco metros de

largura ou ao lado de uma escola, por exemplo.

Nesse caminho, o esforço desse trabalho foi o de

buscar ao máximo esses pontos em que a vegetação possa

interagir de forma destoante a nossa vontade, ou pelo menos

da maioria.

A intenção foi a de se abordar a vegetação urbana

através dos possíveis malefícios que esta poderia causar

quando mal posta ou quando surge espontaneamente pelos

nichos da urbe, reforçando os diversos discursos dos manuais

existentes, tanto de urbanismo, quanto de paisagismo e

jardinagem, que, normalmente, apresentam as plantas e

trazem algumas regras de posicionamento e cuidado, sendo

bastante sintéticos nas suas justificativas de uso (ou não uso).

Nisso, a pesquisa obteve bons resultados, a prova maior

foi ter terminado com uma ficha diagnóstico que conseguiu

resumir tudo o que foi apresentado, servindo de base para

diversas aferições.

Page 291: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

289

Houve percalços e dificuldades grandes, mas as

recompensas foram ainda maiores, pelas contribuições

certamente inéditas para a arquitetura e para o

planejamento vegetal, o que será relatado a seguir:

O percurso e seus desafios:

Essa tarefa não foi fácil, tendo se tornado árdua

principalmente devido a escassa literatura específica sobre o

assunto, obrigando a pesquisa a fazer recortes e colagens de

várias ordens e textos para se embasar, como sair bastante a

campo para se ter noção do problema.

Desde o começo do texto, foi-se costurando discursos,

os quais aos poucos iriam revelando o assunto do trabalho e

fomentando as ideias que surgiriam.

Nesse início, como eram procedimentos mais

descritivos e com conceitos já bastante fortes na literatura,

com bastantes referências, não houve tantas dificuldades,

mas a partir do momento em que se estava buscando uma

metodologia para o exercício, viu-se os primeiros obstáculos.

Não são comuns pesquisas que estabeleçam relações

da vegetação com os espaços livres além da

agradabilidade. Então, o estudo se viu obrigado a buscar

Page 292: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

290

meios de se averiguar a qualidade dos espaços vegetados a

partir de uma ferramenta nova.

Foi preciso examinar referências do urbanismo e do

paisagismo, quase sem contato com o verde propriamente

dito, para elaborar a ferramenta. Daí ele surgiu, montado

como um quebra-cabeças, dividido nestas etapas:

CONCEITUAÇÃO

TIPIFICAÇÃO

TRADUÇÃO DOS TIPOS EM VARIÁVEIS OBSERVÁVEIS

EMPIRICAMENTE

DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

LEVANTAMENTO

Após ser pensada a forma de abordagem que se daria

na pesquisa, o próximo passo foi tratar da tipificação, ou das

fitopatologias. Foi um processo de intenso estudo em campo,

pois novamente o que havia de artigos e textos era muito

Page 293: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

291

sintético, pontual ou raso, perante as pretensões deste

trabalho.

Por fim, levantadas no texto várias categorias e

subcategorias fitopatológicas, chegava a hora de aplicar o

estudo a prática, e analisar uma área urbana com a pauta

descrita.

Essa última etapa, foi-se construindo desde quando a

pesquisa ainda estava em sua introdução, e se foi

modificando paulatinamente. A cada novo parágrafo, foram

vencidos receios e dúvidas quanto a essa fase, cortando-se

cada vez mais, pelo tempo principalmente, processos: a área

de análise, que já foram quatro superquadras, virou duas e

terminou sendo uma; questionários, que poderiam ter sido

elaborados e aplicados, foram deixados de lado; boas

práticas de projeto e desenho não foram enumeradas, tendo

em vista o tempo e rumo que o estudo estava indo. Esse

processo de recorte foi muito importante para intensificar o

olhar nos pontos principais e torna-los mais robustos, do que se

tivessem mais elementos.

Visto isso, a ferramenta proposta para tal diagnóstico

fechou em uma ficha, a qual teria uma descrição ligeira de

áreas e do endereço, e depois vários mapas, fotos e tabelas

Page 294: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

292

com a apresentação das fitopatologias encontradas somado

a alguns comentários gerais.

Seu uso foi bastante direto por quase se tratar de um

mapa de danos de patrimônio acrescido de um check list,

contudo, pelo curto prazo disponível e pela ausência de

aparelhagem suficiente, foram feitas somente quatro visitas

de três horas a área delimitada, não sendo possível completar

totalmente as lacunas.

O estudo de campo foi laborioso, principalmente por

não terem sido encontradas pesquisas semelhantes no

período deste trabalho para dar suporte, merecendo ainda

um devido refinamento dos procedimentos. Contando

somente com um pesquisador nesse exercício, pouco tempo,

apenas prancheta, papel e canetas, como também uma

grande diversidade e quantidade florística na área

delimitada, parecia que não se chegariam aos resultados

esperados.

Felizmente, a aplicação da ficha deu certo, como a

ferramenta se provou eficiente no diagnóstico das

degenerações de áreas vegetadas urbanas.

Page 295: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

293

Contribuições e propostas futuras:

O estudo aqui feito serve tanto como referência para

futuros plantios, tratando com mais cautela da implantação

de elementos vegetais, como é um dos primeiros a trazer uma

proposta de diagnóstico da vegetação em relação aos

possíveis problemas por elas causados na escala da cidade

(espontaneamente, como por mau planejamento).

Por ser ainda incipiente e por se tratar de uma pesquisa

de graduação elaborada em pouco tempo, esta traz mais

aberturas do que conclusões em definitivo, o que é

extremamente benéfico, visto que abre o leque das

discussões para esferas maiores (laboratórios de pesquisas,

pós-graduações e entidades governamentais), que possam vir

a desenvolvê-la, em todos os níveis.

Apesar de ainda carecer de mais técnicas,

principalmente para facilitar o diagnóstico, seus produtos já

podem subsidiar a elaboração de diretrizes de boas práticas

projetuais a serem aplicadas nas urbes e nos biomas onde

estão inseridas, como servem para avaliar o quanto os

espaços urbanos ainda podem melhorar em suas relações

com a vegetação.

Page 296: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

294

Assim, este estudo, coroado com sua ficha diagnóstico,

possibilita aos planejadores e todas as pessoas que gostam de

plantas, reduzir seus custos de manutenção, diminuir os

acidentes causados pela vegetação e tornar os espaços

vegetados mais aprazíveis e vitais nas cidades.

Espero que todo esse discurso tenha levantado alguma

mudança na escolha e local da próxima árvore a ser

plantada, com ferramentas e conceitos mais completos e

seguros do ‘por que plantar’.

Foi um prazer imenso, mesmo com todas as barreiras,

ter feito este ensaio, pois, de alguma forma, sinto que foram

descritos passos para um futuro melhor.

A vegetação, que é uma das minhas paixões, se tornou

base de uma pesquisa que certamente não parará por aqui.

Torço para que mais e mais projetos reflitam, como eu

comecei a refletir, as implicações de vegetar e que as

cidades se tornem, assim, mais seguras e belas... com mais

flores do que com espinhos.

Matheus Maramaldo, 2014

Page 297: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

índice de imagens

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Page 299: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

297

Figura 01 - Novo modelo de cidade, Le Corbusier (CORBUSIER,

Le. 1976, p. 40 e 41) ........................................................................ 24

Figura 02 - Não pise à grama? Foto: autor ................................. 28

Figura 03 - Os estratos da vegetação. Desenho: autor. .......... 40

Figura 04 – Piteira do Caribe (Agave vivípara L.), exemplo de

planta xerófita e heliófila. Foto: autor. ........................................ 42

Figura 05 – Orelha de Elefante Gigante (Alocasia macrorrhizos

(L.) G.Don), planta ombrófila e umbrófila. Foto: autor. ............ 43

Figura 06 – Cladograma das Plantas (dados: RAVEN, 1992).

Desenho: autor. .............................................................................. 46

Figura 07 – Espaços livres, Áreas Verdes. Desenho: autor. ....... 54

Figura 08 – Espaço livre privado. Desenho: autor. ..................... 57

Figura 09.1 – Espaço livre semi-privado – Tipo 1. Desenho:

autor. ................................................................................................ 59

Figura 09.2 – Espaço livre semi-privado – Tipo 2. Desenho:

autor. ................................................................................................ 60

Figura 10 – Os espaços livres públicos. Desenho: autor. ........... 62

Figura 11 – Parque da Cidade, Belo Horizonte, Minas Gerais,

Brasil. Foto: autor. ............................................................................ 64

Figura 12 – Praça Dom Pedro II, São Luís, Maranhão, Brasil.

Foto: autor. ...................................................................................... 65

Figura 13 – Praias Olho d’água, Caolho e Calhau, São Luís,

Maranhão, Brasil. Foto: autor. ....................................................... 66

Page 300: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

298

Figura 14 – Horta na Universidade de Brasília, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor. ............................................................. 68

Figura 15 – EQN 106/107, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto:

autor. ................................................................................................. 68

Figura 16 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

........................................................................................................... 69

Figura 17 – Lagoa da Jansen, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto:

autor. ................................................................................................. 71

Figura 18 – Setor N, QNN 12, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil.

Foto: autor. ....................................................................................... 72

Figura 19 – Av. Hélio Prates, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil.

Foto: autor. ....................................................................................... 74

Figura 20 – Calçada, São José do Ribamar, Maranhão, Brasil.

Foto: autor. ....................................................................................... 75

Figura 21 – Rotatória das SQN’s 103 e 104 e EQN 303/304,

Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. .................................. 76

Figura 22 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

........................................................................................................... 77

Figura 23 – Via N2, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto:

Thamires Chácara. ......................................................................... 78

Figura 24 – O monótono, o deserto de Jacobs. Desenho: autor.

........................................................................................................... 90

Figura 25 – Edifícios, relevo, traçado, perspectiva da cidade.

Desenho: autor. ............................................................................... 98

Page 301: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

299

Figura 26 – Sobreposição – Espaços livres x Verticalização.

Mapa: QUAPA/FAU-USP, 2009. ................................................... 102

Figura 27 – Diferenças na pesquisa dos pátios escolares.

Desenho: autor. ............................................................................ 106

Figura 28 – Diagrama da pesquisa. Desenho: autor. .............. 110

Figura 29 – Benefícios da vegetação; aspectos climáticos.

Desenho: autor. ............................................................................ 121

Figura 30 – Elementos que modificam a qualidade do vento.

Desenho: autor. ............................................................................ 123

Figura 31 – Interrupções do fluxo de ar. Desenho: autor. ....... 126

Figura 32 – Rua Gonçalo de Carvalho, Porto Alegre, Rio

Grande do Sul, Brasil.Fonte: http://g1.globo.com/ ................. 128

Figura 33 – Avenida Santos Dumont, Teresina, Piauí, Brasil.

Fonte: http://farm5.staticflickr.com/4066/ ................................ 128

Figura 34 – Corrente negativa de vento. Desenho: autor. .... 130

Figura 35 – Variantes de umidade. Desenho: autor. ............... 132

Figura 36 – Interrupção da radiação solar. Desenho: autor. . 135

Figura 37 – Passagem forte da radiação solar. Desenho: autor.

......................................................................................................... 137

Figura 38 – Vegetação x Luz. Desenho: autor. ........................ 138

Figura 39 – Ofuscamento às 7hs – SQN 106, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor. .......................................................... 139

Figura 40 – Dilemas dos cantos dos pássaros. Desenho: autor.

......................................................................................................... 141

Page 302: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

300

Figura 41 – Potencialmente venenosas. Desenho: autor. ...... 143

Figura 42 – Chapéu de Napoleão (Cascabela thevetia (L.)

Lippold). Foto: autor. .................................................................... 147

Figura 43 – Taro (Colocasia esculenta (L.) Schott) – SQN 402,

Brasília, Distrito Federal, Brasil Foto: autor. ................................. 149

Figura 44 – Jasmim Manga (Plumeria rubra L.) – SQN 303,

Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 151

Figura 45 – Lírio do Amazonas (Eucharis x grandiflora Planch. &

Linden) – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

......................................................................................................... 152

Figura 46 – Grama batatais (Paspalum notatum Flüggé). Foto:

autor. ............................................................................................... 155

Figura 47 – Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.) – SQN

704, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ........................ 157

Figura 48 – Aranhas, ratos, formigas, cobras, mosquitos,

escorpiões, vespas. Desenho: autor. ......................................... 159

Figura 49 – Palmeira Washingtônia (Washingtonia filifera

(Linden ex André) H.Wendl. ex de Bary) – SQS 107, Brasília,

Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. .............................................. 160

Figura 50 – Pau-formiga (Triplaris americana L.) – SQN 303,

Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 161

Figura 51 – Bromélia Imperial (Vriesea imperialis Carrière) –

Clube do exército, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

Foto: autor ...................................................................................... 163

Figura 52 – Espaços fechados para a luz. Desenho: autor. .... 165

Page 303: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

301

Figura 53 – Capim-Estrela (Rhynchospora nervosa (Vahl)

Boeckeler) – Campus Darcy Ribeiro, Unb, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor. ..................................... 166

Figura 54 – Cipó Chumbo (Cuscuta racemosa Mart.) – SQN

105, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor. .. 167

Figura 55 – Pinheiral, próximo a cidade de Grão Mogol, Minas

Gerais, Brasil. Foto: autor. ............................................................ 168

Figura 56 – Fogo. Desenho: autor............................................... 170

Figura 57 – Cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) e a secura

do Cerrado – SGAN 607, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto:

autor. Foto: autor. Foto: autor. ................................................... 172

Figura 58 – Agressão Horizontal. Desenho: autor. .................... 178

Figura 59 – Ervas daninhas – Rua no Bairro do Calhau, São Luís,

Maranhão, Brasil. Foto: autor. ..................................................... 180

Figura 60 – Destacamento do pavimento – Rua 4, Setor

Central, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor. .............................. 181

Figura 61 – Agressão Vertical. Desenho: autor. ....................... 185

Figura 62 – Intervenções para proteger a fiação elétrica –

Avenida X, Bairro Feliz, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor. .... 186

Figura 63 – Agressão de movimento. Desenho: autor. ........... 188

Figura 64 – Sujeira ocasionada por jamelão – SQN 303, Brasília,

Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. .............................................. 190

Figura 65 – Castanhas pesadas perto da avenida – 506 Norte,

Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 191

Page 304: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

302

Figura 66 – Tipos de frutos segundo sua agressividade física.

Desenho: autor. ............................................................................. 192

Figura 67 – Árvore pioneira de área de circulação – Outlet,

Alexânia, Goiás Brasil. Foto: autor. ............................................. 194

Figura 68 – Fileira de palmeiras vivas e mortas – SQN 105,

Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 196

Figura 69 – Carro quebrado por árvore em Barueri, São Paulo,

Brasil. Foto: http://s.glbimg.

com/jo/g1/f/original/2012/01/05/arvore_carro.jpg................. 198

Figura 70 – Elementos frágeis. Desenho: autor ......................... 200

Figura 71 – Pragas e a iminência de um acidente. Desenho:

autor ................................................................................................ 201

Figura 72 – Canivetes (Erythrina velutina Willd.) próximas ao

passeio – Campus Darcy Ribeiro, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

Foto: autor ...................................................................................... 204

Figura 73 – Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.)

próxima ao parquinho e escola – SQN 304, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor ............................................................ 206

Figura 74 – Árvores e arbustos escondendo pedestres e carros

próximo a via. Foto: autor............................................................ 209

Figura 75 – Visuais x vegetação. Desenho: autor. ................... 210

Figura 76 – Impedimentos. Desenho: autor .............................. 212

Figura 77 – Jardineira pouco gentil – Rua no Bairro do Calhau,

São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor. ..................................... 213

Page 305: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

303

Figura 78 – Uma pista de rolamento a menos – SQN 406,

Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ................................. 214

Figura 79 – Muros verdes – SQN 704, Brasília, Distrito Federal,

Brasil. Foto: autor ........................................................................... 221

Figura 80 – Elementos segregativos. Desenho do autor ......... 223

Figura 81 – Pequenas florestas e seus labirintos. Desenho do

autor ............................................................................................... 224

Figura 82 – As pequenas barreiras verdes – SQN 307, Brasília,

Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ............................................... 226

Figura 83 – O efeito oposto. Desenho do autor ....................... 229

Figura 84 – No aguardo de uma nova primavera – Teatro

Nacional, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ............... 230

Figura 85 – Ervas daninhas – Avenida X, Bairro Feliz, Goiânia,

Goiàs, Brasil. Foto: autor .............................................................. 231

Figura 86 – Como arame farpado – SQN 506/507, Brasília,

Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ............................................... 232

Figura 87 – O verde contínuo – QI 23, Lago Sul, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor ........................................................... 233

Figura 88 – Sem acesso, sem uso – SQN 304, Brasília, Distrito

Federal, Brasil. Foto: autor ........................................................... 235

Figura 89 – 308 Sul. Foto: Joana França (fonte: http://www.

welcometobrasilia.com/) ............................................................ 244

Figura 90 – Bloco D. Foto: autor .................................................. 244

Figura 91 – Clube Vizinhança. Foto: autor ................................ 245

Page 306: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

Matheus Maramaldo Andrade Silva

304

Figura 92 – Bloco A. Foto: autor .................................................. 245

Figura 93 – Palmeiras Imperiais. Foto: autor .............................. 246

Figura 94 – Igrejinha. Foto: autor ................................................. 246

Figura 95 - Blocos C e D. Foto: autor .......................................... 247

Figura 96 – Estacionamento do Bloco A. Foto: autor .............. 247

Figura 97 – Espaço Renato Russo. Foto: autor .......................... 248

Figura 98 – Escola Classe. Foto: autor ........................................ 248

Figura 99 – Jardim Aquático. Foto: autor .................................. 249

Figura 100 – Escola Parque. Foto: autor ..................................... 249

Figura 101 – Praça dos Cogumelos. Foto: autor ...................... 250

Figura 102 – Poinsétias ao alcance da mão (4.1). Foto: autor

......................................................................................................... 262

Figura 103 – Tão interessante de pisar (VIII). Foto: autor ......... 262

Figura 104 – O abacate na iminência de cair (d.1 e d.5). ..... 263

Foto: autor ...................................................................................... 263

Figura 105 – Alarmantes espinhos fáceis (c.2). Foto: autor..... 263

Figura 106 – O que há ai atrás? (e.2 e VII) Foto: autor ............ 266

Figura 107 – Animais na tamareira (8.2). Foto: autor ............... 266

Figura 108 – Cercado sem sentido (VIII). ................................... 267

Figura 109 – Hostil toque na parede (d.1 e IV). Foto: autor .... 267

Figura 110 – Oleandros próximos da calçada (4.1 e 6.1). Foto:

autor ................................................................................................ 270

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

305

Figura 111 – Visível destacamento do piso (a.2). Foto: autor 270

Figura 112 – Jardineiras com plantas tóxicas (4.2). Foto: autor

......................................................................................................... 271

Figura 113 – Jasmim Manga com fácil acesso (4.1). Foto: autor

......................................................................................................... 271

Figura 114 – Não são taiobas, mas... (4.1). Foto: autor ........... 274

Figura 115 – O roxo urticante (6.2). Foto: autor ........................ 274

Figura 116 – As árvores são antigas. Foto: autor ...................... 275

Figura 117 – Pode estar sufocando a árvore (4.1). Foto: autor

......................................................................................................... 275

Figura a – Figueira de jardim (Ficus auriculata Lour.) – Rua Ap

3, Bairro Aruanã 3, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor. ............ 374

Figura b – Figueira (Ficus elastica Roxb. ex Hornem.) – SQN 705,

Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 376

Figura c – Templo no Camboja. Foto:

http://i.ytimg.com/vi/ZbtLFSXkmog/0.jpg. ................................ 377

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índice de mapas

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309

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Mapa 01: Mapa geral,

(Base: SICAD),

Desenho do autor, pág.253.

Mapa 02: Mapa de substratos,

(Base: SICAD e SILVA apud TELES, 2005, p.46),

Desenho do autor, pág.255.

Mapa 03: Mapa da vegetação,

(Base: SICAD),

Desenho do autor, pág.257.

Mapa 04: Mapa das fitopatologias e das glebas de análise,

(Base: SICAD),

Desenho do autor, pág.259.

Mapa 05: Mapa da gleba A,

(Base: SICAD),

Desenho do autor, pág.261.

Mapa 06: Mapa da gleba B,

(Base: SICAD),

Desenho do autor, pág.265.

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310

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Mapa 07: Mapa da gleba C,

(Base: SICAD),

Desenho do autor, pág.269.

Mapa 08: Mapa da gleba D,

(Base: SICAD),

Desenho do autor, pág.273.

Page 313: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

índice de tabelas

Page 314: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo
Page 315: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

313

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 01 – Composição dos espaços livres nas cidade. Fonte:

autor ............................................................. 79

Tabela 2: Pontuação quanto ao estrato vegetal. Fonte:

Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003 ............ 104

Tabela 3: Conceitos e notas - níveis de vegetação existentes

no pátio. Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003 104

Tabela 4: Classes de pátio - a vegetação em função da

pontuação obtida. Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003

104

Tabela 5: Plantas tóxicas. Elaboração: autor 337

Tabela 6: Plantas com princípios entorpecentes. Elaboração:

autor .............................................................. 344

Tabela 7: Plantas com pólen alergênico. Elaboração: autor

........................................................................ 347

Tabela 8: Plantas urticantes ou irritantes. Elaboração: autor

........................................................................ 349

Tabela 9: Plantas com ácidos, álcalis e outras substâncias

corrosivas. Elaboração: autor .................... 352

Tabela 10: Plantas e animais nocivos. Elaboração: autor

........................................................................ 354

Tabela 11: Plantas parasitárias, daninhas ou invasoras e que

promovem amensalismo. Elaboração: autor 356

Tabela 12: Plantas com substâncias fortemente combustíveis.

Elaboração: autor ....................................... 359

Tabela 13: Síntese Fitopatologias Ambiental Sanitárias. Fonte:

autor .............................................................. 173

Tabela 14: Árvores com raízes superficiais (pequena e grande

extensão). Elaboração: autor ................... 361

Page 316: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

314

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 15: Palmeiras e Árvores com frutos pesados.

Elaboração: autor........................................ 364

Tabela 16: Árvores pioneiras e/ou de madeira frágil. Fonte:

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO, s/d 366

Tabela 17: Plantas dotadas de espinhos/acúleos. Elaboração:

autor ............................................................... 371

Tabela 18: Síntese Fitopatologias Físicas. Fonte: autor.

........................................................................ 215

Tabela 19: Síntese Fitopatologias Psicosociológicas. Fonte:

autor ............................................................... 237

Tabela 20: Fitopatologias encontradas na gleba A. Fonte:

autor ............................................................... 262

Tabela 21: Fitopatologias encontradas na gleba B. Fonte:

autor ............................................................... 266

Tabela 22: Fitopatologias encontradas na gleba C. Fonte:

autor ............................................................... 270

Tabela 23: Fitopatologias encontradas na gleba D. Fonte:

autor ............................................................... 274

Tabela 24: Fitopatologias Ambiental Sanitárias. Fonte: autor

........................................................................ 276

Tabela 25: Fitopatologias Físicas. Fonte: autor 278

Tabela 26: Fitopatologias Psicosociológicas. Fonte: autor

........................................................................ 280

Tabela 27: Síntese Fitopatologias. Fonte: autor 281

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drauziovarella.com.br/> Acessado em 18 de maio de 2014.

VASCONCELOS, José Mauro. Meu Pé de Laranja Lima.

São Paulo-SP: Editora Melhoramentos, 1968.

___________. Rosinha, Minha Canoa. São Paulo-SP:

Editora Melhoramentos, 1969.

WATERMAN, Tim. Fundamentos do Paisagismo. Porto

Alegre-RS: Editora Bookman, 2009.

Page 337: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

anexos

Page 338: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo
Page 339: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

337

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 5: Plantas tóxicas

Vegetação: Toxidade:

Forrações e Herbáceas:

Abacaxi Roxo

(Tradescantia spathacea Sw.)

Agapanto

(Agapanthus africanus (L.) Hoffmanns.)

Alpínia Vermelha

(Alpinia purpurata (Vieill.) K.Schum)

Aspargo Plumoso

(Asparagus densiflorus (Kunth) Jessop)

Áster do México

(Cosmos sulphureus Cav.)

Estrelízia

(Strelitzia reginae Banks)

Fórmio

(Phormium tenax J.R.Forst. & G.Forst.)

Sanseverias

(Sanseveria sp.)

Lírio do Amazonas

Toda a planta

Toda a planta

Toda a planta

Saponídeos

(Toda a planta)

Toda a planta

Sementes

Folhas

Toda a planta

Toda a planta

Page 340: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

338

Matheus Maramaldo Andrade Silva

(Eucharis x grandiflora Planch. & Linden)

Calanchoês, Mães de Milhares, Folhas da

Fortuna

(Kalanchoe sp.)

Moreias

(Dietes sp.)

Papiros, Sombrinhas chinesas

(Cyperus sp.)

Toxinas que afetam o

sistema cardíaco

(Toda a planta)

Toda a planta

Toda a planta

Palmeiras:

Areca Bambu

(Dypsis lutescens (H.Wendl.) Beentje & J.Dransf.)

Areca Dourada

(Areca vestiaria Giseke)

Corifa

(Corypha umbraculifera L.)

Pescoço Marrom

(Dypsis lastelliana (Baill.) Beentje & J.Dransf.)

Rabo de Peixe

(Caryota urens L.)

Toda a planta

Toda a planta

Frutos Maduros

Palmito

Frutos

Page 341: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

339

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Rabo de Peixe entouceirada

(Caryota mitis Lour.)

Rabo de raposa

(Wodyetia bifurcata A.K.Irvine)

Frutos

Sementes

Arbustos:

Trombeteira

(Brugmansia suaveolens (Humb. & Bonpl. ex

Willd.) Bercht. & J.Presl)

Algodão

(Gossypium barbadense L.)

Arálias, Árvores da Fortuna

(Polyscias sp.)

Azaleia

(Rhododendron sp.)

Bela Emília

(Plumbago auriculata Lam.)

Cinerária

(Senecio flaccidus var. douglasii (DC.) B.L.Turner

& T.M.Barkley)

Dama da noite

(Cestrum nocturnum L.)

Alcalóides

(Toda a planta)

Sementes

Toda a planta

Toda a planta

Toda a planta

Alcalóides

(Toda a planta)

Alcalóides

(Flores e frutos)

Page 342: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

340

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Dracenas

(Dracena sp.)

Oleandro

(Nerium oleander L.)

Hortência

(Hydrangea Macrophylla (Thunb.) Ser.)

Iucas

(Yucca sp.)

Leias

(Leea sp.)

Ligustros

(Ligustrum sp.)

Pingo de ouro, Violeteiras

(Duranta sp.)

Urtigas

(Fleurya aestuans L. e

Toxicodendron radicans (L.) Kuntze)

Lantana

(Lantana camara L.)

Saponídeos

(Toda a planta)

Toda a planta

Folhas e flores

Toda a planta

Toda a planta

Toda a planta

Toda a planta

Toda a planta

Hepatoxinas

(Toda a planta)

Árvores:

Page 343: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

341

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Ficus, Figueiras, Seringueiras, Unha de Gato

(Ficus sp.)

Cinanomo

(Melia azedarach L.)

Chapéu de Napoleão

(Cascabela thevetia (L.) Lippold)

Amora

(Morus nigra L.)

Aroeira Vermelha

(Schinus terebinthifolia Raddi)

Árvore Guarda Chuva

(Schefflera actinophylla (Endl.) Harms)

Mulungus, Eritrinas

(Erythrina sp.)

Plátano

(Platanus acerifolia (Aiton) Willd.)

Árvore Machineel

(Hippomane mancinella L.)

Seiva

Saponídeos e alcaloides

(Frutos e folhas)

Toda a planta

Partes que não os frutos

Toxicodendrol

(Folha)

Oxalatos

(Toda a planta)

Alcalóides

(Sementes)

Frutos

Toda a planta

Trepadeiras:

Heras Toda a planta

Page 344: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

342

Matheus Maramaldo Andrade Silva

(Hedera sp.)

Outras:

Aguapé

(Eichhornia crassipes (Mart.) Solms)

Árvore do Viajante

(Ravenala madagascariensis Sonn.)

Bambu imperial

(Bambusa vulgaris Schrad.)

Aloes, babosas

(Aloe sp.)

Toda a família ARACEAE (Anturium sp., Alocasia

sp., Aglaonema sp., etc, com raras exceções) –

Antúrios, Comigo Ninguém pode, Taros,

Singônios, Filodendros.

Toda a família EUPHOBIACEAE (Euphorbia sp.,

Codiaeum sp., Ricinus sp., etc, com raras

exceções) – Coroa de Cristo, Crótons, Avelóz,

Candelabro, Mamona, Pinhão Roxo, Mandioca,

Poinsétia.

Toda a família APOCYNACEAE (Plumeria sp.,

Alamanda sp., Catharanthus sp., etc, com raras

exceções) – Alamandas, Vincas, Jasmim

Cianetos e Nitratos

(Toda a planta)

Toda a planta

Brotos (Anti-enzimaticos)

Toda a planta (em caso

de ingestão)

Oxalatos (quase toda a

planta)

Seiva tóxica ou

substâncias tóxicas

(em toda a planta)

Seiva tóxica ou

substâncias tóxicas

(em toda a planta)

Page 345: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

343

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Manga.

Coníferas (Juniperus sp., Pinus sp., Araucaria sp.,

Cycas sp. etc.)

Normalmente possuem

óleos e cones tóxicos

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to

Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:

http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Primefact: http://www.dpi.

nsw.gov.au/__data/assets/pdf_file/0008/112796/ garden-plants-poisonous-

to-people.pdf; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001;

________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M.,

J.T., L.S.C., 2004.

Page 346: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

344

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 6: Plantas com princípios entorpecentes

Vegetação: Princípio Ativo:

Palmeiras:

Areca Bambu

(Dypsis lutescens (H.Wendl.) Beentje & J.Dransf.)

Alcalóides (Sementes)

Arbustos:

Flamboyanzinho

(Caesalpinia pulcherrima (L.) Sw)

Mancaá de cheiro

(Brunfelsia uniflora (Pohl) D.Don)

Jasmim Manga

(Plumeria rubra L.)

Maconha*

(Cannabis sativa L.)

Coca*

(Erythroxylum coca Lam.)

Tabaco

(Nicotiana tabacum L.)

Chacrona

(Psychotria viridis Ruiz & Pav.)

Figueira do inferno

Alcalóides (Sementes)

Alcalóides

(toda a planta)

Alcalóides

(Flor e Látex)

THC, CBD, CBN, THCV

(Folha)

Cocaína

(Folha)

Nicotina

(Folhas)

DMT

(Caule e folhas)

Atropina

Page 347: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

345

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

(Datura Stramonium L.)

Beladona

(Atropa belladonna L.)

(Toda a planta)

Atropina

(Frutos)

Árvores:

Espatódea

(Spathodea campanulata P.Beauv.)

Noz-Moscada

(Myristica fragrans Houtt.)

Jurema

(Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.)

Alcalóides

(Flor)

Miristicina, IMAO

(Fruto)

DMT

(Cascas e raízes)

Trepadeiras:

Cipó Mariri

(Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb.) Morton)

DMT

(Caule)

Outras:

Cacto Peyote

(Lophophora williamsii (Lem. ex Salm-Dyck) J.M.

Coult.)

Fenetilamina (Flor)

*Proibido o cultivo no Brasil

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

Page 348: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

346

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; ASPCA (American Society

for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at

Risk); Andando com Formigas: http://andandocomformigas.

blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Primefact: http://www.dpi.

nsw.gov.au/__data/assets/pdf_file/0008/112796/ garden-plants-poisonous-

to-people.pdf; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001;

________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M.,

J.T., L.S.C., 2004.

Page 349: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

347

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 7: Plantas com pólen alergênico

Vegetação:

Forrações e Herbáceas:

Lírio do Amazonas

(Eucharis x grandiflora Planch. & Linden)

Arbustos:

Oleandro

(Nerium oleander L.)

Ligustros

(Ligustrum sp.)

Urtigas

((Fleurya aestuans L.,

Toxicodendron radicans (L.) Kuntze) e

Parietaria judaica L.)

Árvores:

Árvore do Céu

(Ailanthus altissima (Mill.) Swingle)

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; ASPCA (American Society

for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at

Page 350: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

348

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Risk); Andando com Formigas: http://andandocomformigas.

blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Primefact: http://www.dpi.

nsw.gov.au/__data/assets/pdf_file/0008/112796/ garden-plants-poisonous-

to-people.pdf; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001;

________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M.,

J.T., L.S.C., 2004.

Page 351: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

349

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 8: Plantas urticantes ou irritantes

Vegetação: Propriedades Urticantes:

Gramas

Grama batatais

(Paspalum notatum Flüggé)

Grama bermuda

(Cynodon dactylon (L.) Pers.)

Pelos

Pelos

Forrações e Herbáceas:

Abacaxi Roxo

(Tradescantia spathacea Sw.)

Grama-azul

(Poa pratensis L.)

Trapoeraba roxa

(Tradescantia pallida (Rose) D.R.Hunt)

Trapoeraba zebra

(Tradescantia zebrina Bosse)

Cambará

(Lantana montevidensis (Spreng) Briq.)

Crino Branco

(Crinum asiaticum L.)

Cravo

Folhas

Folhas

Folhas

Folhas

Toda a planta

Folhas

Caule, flores folhas

Page 352: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

350

Matheus Maramaldo Andrade Silva

(Dianthus caryophyllus L.)

Narciso

(Narcissus cyclamineus DC.)

Jacinto

(Hyacinthus orientalis L.)

Caule, flores folhas

Caule, flores folhas

Palmeiras:

Rabo de Peixe

(Caryota urens L.)

Rabo de Peixe entouceirada

(Caryota mitis Lour.)

Frutos

Frutos

Arbustos:

Urtigas

((Fleurya aestuans L.,

Toxicodendron radicans (L.) Kuntze) e

Parietaria judaica L.)

Cóleus

(Plectranthus scutellarioides (L.) R.Br.)

Lantana

(Lantana camara L.)

Folhas

Folhas

Toda a planta

Page 353: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

351

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Cróton

(Codiaeum variegatum (L.) Rumph. ex A.Juss.)

Érica

(Cuphea hyssopifolia Kunth)

Toda a planta

Toda a planta

Outras:

Banana d’água

(Typhonodorum lindleyanum Schott)

Toda a planta

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to

Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:

http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,

2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,

L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

Page 354: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

352

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 9: Plantas com ácidos, álcalis e outras substâncias corrosivas

Vegetação: Substâncias Corrosivas:

Palmeiras:

Coco do Vaqueiro

(Syagrus flexuosa (Mart.) Becc.)

Estipe e Folhas com

algumas substâncias de

leve corrosão

Arbustos:

Comigo Ninguém Pode (Dieffenbachia amoena

Bull.).

Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.).

Erva Andorinha

(Chelidonium majus L.)

Avelóz

(Euphorbia tirucalli L.)

Poinsétia

(Euphorbia pulcherrima Willd. ex Klotzsch)

Caracasana

(Euphorbia cotinifolia L.)

Cabeleira de Velho

(Euphorbia leucocephala Lotsy)

Seiva

Seiva

Seiva

Seiva

Seiva

Substâncias do caule e

das folhas

Substâncias do caule e

das folhas

Page 355: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

353

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Árvores:

Cajueiro

(Anacardium occidentale L.)

Árvore Machineel

(Hippomane mancinella L.)

Seiva da Castanha

Toda a planta

Outras:

Candelabro

(Euphorbia trigona Mill.)

Seiva

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas, principalmente da família EUPHORBIACEAE.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to

Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:

http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,

2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,

L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

Page 356: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

354

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 10: Plantas e animais nocivos

Vegetação: Animais relacionados:

Palmeiras:

Washingtônia (Washingtonia filifera (Linden ex

André) H.Wendl. ex de Bary).

Tamareira das Canárias

(Phoenix canariensis Chabaud)

Leque da China

(Livistona chinensis (Jacq.) R.Br. ex Mart.)

Ratos, cobras, morcegos

Ratos, cobras, morcegos

Ratos, cobras, morcegos

Árvores:

Pau-formiga

(Triplaris americana L.)

Formigas

Trepadeiras:

Unha de Gato

(Ficus pumila L.)

Baratas

Outras:

Bromélias, Agaves e Orquídeas

Mosquitos, sapos,

pererecas

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to

Page 357: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

355

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:

http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,

2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,

L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

Page 358: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

356

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 11: Plantas parasitárias, daninhas ou invasoras e que promovem

amensalismo

Vegetação: Relações tróficas:

Forrações e Herbáceas:

Trapoeraba roxa

(Tradescantia pallida (Rose) D.R.Hunt)

Trapoeraba zebra

(Tradescantia zebrina Bosse)

Áster do México

(Cosmos sulphureus Cav.)

Capim-Estrela

(Rhynchospora nervosa (Vahl) Boeckeler)

Dentes de Leão em geral (Taraxacum sp., Tridax

sp., Emília sp., etc.)

Erva Capitão

(Hydrocotyle bonariensis Comm. ex Lam.)

Cambará

(Lantana montevidensis (Spreng) Briq.)

Capim do Texas

(Pennisetum setaceum (Forssk.) Chiov.)

Invasora (competição)

Invasora (competição)

Invasora (competição)

Daninha

(competição)

Daninha

(competição)

Daninha

(competição)

Invasora (competição)

Invasora (competição)

Page 359: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

357

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Damiana

(Turnera sp.)

Papiros, Sombrinhas chinesas, Tiriricas

(Cyperus sp.)

Capim elefante

(Pennisetum purpureum Schumach.)

Capim Colchão

(Digitaria sp.)

Invasora (competição)

Invasora (competição)

Invasora (competição)

Daninha

(competição)

Arbustos:

Ipê de jardim

(Tecoma stans (L.) Juss. ex Kunth)

Mamona

(Ricinus communis L.)

Invasora (competição)

Invasora (competição)

Árvores:

Eucaliptos

(Eucalyptus sp.)

Pinheiros

(Pinus sp., Araucaria sp.)

Amensalismo/

Invasora (competição)

Amensalismo/

Invasora (competição)

Trepadeiras:

Aráceas trepadeiras* (Cipó Imbé, Costela de

adão, Singônio, Filodendros, Jiboias)

Cipó Chumbo

Parasitismo/

Competição

Parasitismo

Page 360: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

358

Matheus Maramaldo Andrade Silva

(Cuscuta racemosa Mart.)

Erva de Passarinho

(Struthanthus flexicaulis (Mart. ex Schult. f.) Mart.)

Parasitismo

Outras:

Bambu imperial

(Bambusa vulgaris Schrad.)

Invasora (competição)

*Algumas aráceas são trepadeiras. Por vezes elas não sugam nenhum

nutriente, mas sufocam a árvore hospedeira.

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to

Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:

http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,

2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,

L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

Page 361: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

359

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 12: Plantas com substâncias fortemente combustíveis

Vegetação: Substância Inflamável:

Arbustos e Árvores:

Pinheiros e Cedros

(Pinus sp., Cedrus sp., Araucaria sp.)

Tuias

(Thuja sp.)

Juníperos

(Juniperus sp.)

Ciprestes

(Cupressus sp.)

Podocarpos

(Podocarpus sp.)

Samaúma, Paineiras

(Ceiba sp.)

Terebintina

Terebintina

Terebintina

Terebintina

Terebintina

Fibras e sementes

inflamáveis

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

Page 362: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

360

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to

Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:

http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,

2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,

L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

Page 363: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

361

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 14: Árvores com raízes superficiais (pequena e grande extensão)

Vegetação:

Abacateiro (Persea americana Mill.)

Aleluia (Senna multijuga (Rich.) H.S.Irwin & Barneby)

Amendoim Bravo (Pterogyne nitens Tul.)

Cadamba (Anthocephalus cadamba (Roxb.) Miq.)

Cajá Manga (Spondias dulcis Parkinson)

Cambará (Vochysia divergens Pohl)

Canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.)

Canafístula de Besouro (Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby)

Carolina (Adenanthera pavonina L.)

Cássia-rósea (Cassia grandis L.f.)

Chapéu de Sol (Terminalia catappa L.)

Cinamomo (Melia azedarach L.)

Espatódea (Spathodea campanulata P.Beauv.)

Flamboyant (Delonix regia (Hook.) Raf.)

Gamelina (Gmelina arborea Roxb.)

Guapuruvu (Schizolobium parahyba (Vell.) S.F.Blake)

Jambo Branco (Syzygium jambos (L.) Alston)

Jambo do Pará (Syzygium malaccense (L.) Merr. & L.M.Perry)

Jameloeiro (Syzygium cumini (L.) Skeels)

Jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.)

Jatobá (Hymenaea courbaril L.)

Jatobá do Cerrado (Hymenaea stigonocarpa Hayne)

Jenipapo (Genipa americana L.)

Jenipapo de Cavalo (Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum.)

Page 364: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

362

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Jequitibá (Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze)

Laranjeira (Citrus sinensis (L.) Osbeck)

Ligustro (Ligustrum lucidum W.T.Aiton)

Mangueira (Mangifera indica L.)

Munguba (Pachira aquatica Aubl.)

Murici Rosa (Byrsonima coccolobifolia Kunth)

Muxiba comprida (Erythroxylum tortuosum Mart.)

Orelha de Macaco (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong)

Paineira (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna)

Pajeú (Triplaris gardneriana Wedd)

Pau de Balsa (Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb.)

Pau-Brasil (Caesalpinia echinata Lam.)

Pau Mulato (Calycophyllum spruceanum (Benth.) Hook.f. ex K.Schum.)

Pau Santo (Kielmeyera coriacea Mart.)

Pau Terra (Qualea sp.)

Sombreiro (Clitoria fairchildiana R.A.Howard)

Tipuana (Tipuana tipu (Benth.) Kuntze)

Gêneros Ficus sp. e Clusia sp. normalmente são agressivos, com raízes

superficiais grandes: Figueiras, clúsias, Unhas de Gato, Gameleiras.

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; Andando com Formigas:

Page 365: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

363

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; SILVA JR., 2005; SILVA JR., PEREIRA,

2009; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________,

_________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C.,

2004.

Page 366: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

364

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 15: Palmeiras e Árvores com frutos pesados

Vegetação:

Coqueiro (Cocos nucifera L.)

Abacateiro (Persea americana Mill.)

Jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.)

Jenipapo (Genipa americana L.)

Mangueira (Mangifera indica L.)

Munguba (Pachira aquatica Aubl.)

Paineira (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna)

Flor de Abril (Dillenia indica L.)

Graviola (Annona muricata L.)

Mamoeiro (Carica papaya L.)

Castanha do Pará (Bertholletia excelsa Bonpl.)

Mogno Brasileiro (Swietenia macrophylla King)

Sapucaia (Lecythis pisonis Cambess)

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; Andando com Formigas:

http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Silva Jr., 2005; Silva Jr., Pereira,

Page 367: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

365

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

2009; Secretaria De Meio Ambiente De São Paulo, S/D; Lorenzi, 2002;

________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres,

M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

Page 368: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

366

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 16: Árvores pioneiras e/ou de madeira frágil

Vegetação:

Lithraea molleoides Aroeira-brava

Schinus terebinthifolius Aroeira-mansa

Tapirira guianensis Peito-de-pomba

Annona cacans Araticum

Annona glabra Araticum-do-brejo

Peschiera fuchsiaefolia Leiteiro

Rauwolfia sellowii Casca-d’anta

Gochnatia polymorpha Cambará

Vernonia polyanthes Cambará-guaçu

Cybistax antisyphilitica Ipê-verde

Jacaranda macrantha Caroba

Jacaranda micrantha Caroba-miúda

Jacaranda puberula (Jacaranda semisserrata) Carobinha

Zeyheria tuberculosa Ipê-felpudo

Chorisia speciosa Paineira

Eriotheca candolleana Embiruçu-do-litoral

Eriotheca gracilipes Paineira-do-campo

Eriotheca pentaphylla Sapopemba

Pseudobombax grandiflorum Embiruçu-da-mata

Pseudobombax longiflorum Embiruçu-do-serrado

Cordia ecalyculata Café-de-bugre

Cordia sellowiana Chá-de-bugre

Cordia superba Babosa-branca

Patagonula americana Guaiuvira

Jacaratia spinosa (Jacaratia dodecaphylla) Jacaratiá

Page 369: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

367

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Caryocar brasiliense Pequi

Cecropia hololeuca Embaúba-vermelha

Cecropia pachystachya Embaúba-branca

Alchornea glandulosa (Alchornea iricurana) Tanheiro

Croton floribundus Capixingui

Croton urucurana Sangra-d’água

Hyeronima alchorneoides Aracurana-da-serra

Mabea brasiliensis Canudo-de-pito

Mabea fistulifera Canudeiro

Pera glabrata Tamanqueira

Sapium glandulatum Pau-de-leite

Casearia sylvestris Guaçatonga

Bauhinia forficata Unha-de-vaca

Bauhinia holophylla Pata-de-vaca

Cassia ferruginea Cássia-fístula

Dimorphandra mollis Faveiro-doce

Peltophorum dubium (Peltophorum

vogelianum)

Canafístula

Pterogyne nitens Amendoim-do-campo

Schizolobium parahyba Guapuruvu

Senna macranthera Fedegoso

Senna multijuga Pau-cigarra

Acacia polyphylla Espinho-de-maricá

Albizia edwallii (Pithecellobium edwallii)

Albizia hasslerii Farinha-seca

Albizia polycephala Albizia

Anadenanthera colubrina Angico-branco

Anadenanthera falcata Angico-do-cerrado

Page 370: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

368

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Anadenanthera macrocarpa Angico-vermelho

Enterolobium contortisiliquum Orelha-de-negro

Inga edulis Ingá-de-metro

Inga marginata Ingá-feijão

Inga uruguensis Ingá-quatro-quinas

Mimosa bimucronata (Mimosa sepiaria) Maricá

Mimosa scabrella Bracatinga

Parapiptadenia rigida (Anadenanthera rigida) Angico-da-mata

Piptadenia gonoacantha Pau-jacaré

Pithecellobium incuriale Chico-píres

Bowdichia virgilioides Sucupira-preta

Centrolobium tomentosum Araribá

Erythrina crista-galli Corticeira-do-banhado

Erythrina falcata Corticeira-da-serra

Erythrina speciosa Mulungu-do-litoral

Erythrina verna Suinã

Lonchocarpus campestris Embirinha

Lonchocarpus guilleminianus Embira-de-sapo

Lonchocarpus muehlbergianus Embira-de-sapo

Machaerium aculeatum Pau-de-angú

Machaerium nictitans Jacarandá-bico-de-pato

Machaerium stipitatum Sapuva

Machaerium villosum ( Machaerium lanatum) Jacarandá-paulista

Platycyamus regnelli Pau-pereira

Pterocarpus rohrii Aldrago

Lafoensia glyptocarpa Mirindiba-rosa

Lafoensia pacari Dedaleiro

Byrsonima verbascifolia Murici

Page 371: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

369

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Miconia candolleana Jacatirão

Miconia ligustroides Jacatirão-do-brejo

Tibouchina mutabilis Manacá-da-serra

Tibouchina pulchra Manacá-da-serra

Cedrela fissilis Cedro-rosa

Cedrela odorata Cedro-do-brejo

Guarea guidonia Marinheiro

Chlorophora tinctoria (Maclura tinctoria) Taiúva

Ficus guaranitica Figueira-branca

Ficus insipida Figueira-do-brejo

Rapanea ferruginea Capororoca

Rapanea guianensis Capororoca

Rapanea umbellata Capororoca

Psidium cattleianum (Psidium littorale) Araçá-da-praia

Gallesia integrifolia (Gallesia gorazema) Pau-d’alho

Phytolacca dioica Cebolão

Seguieria langsdorffi Agulheiro

Rhamnidium elaeocarpum Saguaragi-amarelo

Prunus myrtifolia (Prunus sellowii) Pessegueiro-bravo

Dictyoloma vandellianum Tingui-preto

Helietta apiculata Canela-de-veado

Zanthoxylum rhoifolium Mamica-de-cadela

Zanthoxylum riedelianum Mamica-de-porca

Allophylus edulis Chal-chal

Diatenopteryx sorbifolia Correeiro

Acnistus arborescens Marianeira

Solanum granuloso-leprosum Gravitinga

Guazuma ulmifolia Mutambo

Page 372: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

370

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Heliocarpus americanus Jangada-brava

Luehea divaricata Açoita-cavalo-miúdo

Luehea grandiflora Açoita-cavalo

Trema micrantha Crindeúva

Aegiphila sellowiana Tamanqueiro

Aloysia virgata Cambará-de-lixa

Cytharexyllum myrianthum Pau-viola

As coníferas em geral (CUPRESSACEAE,

ARAUCARIACEAE, PINACEAE, etc.)

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Instituto Brasileiro de

Florestas: http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; SILVA JR., 2005; SILVA JR., PEREIRA,

2009; SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO, s/d; Lorenzi, 2002;

________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres,

M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

Page 373: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

371

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 17: Plantas dotadas de espinhos/acúleos

Vegetação:

Palmeiras:

Palmeira Fênix (Phoenix roebelenii O’Brien)

Palmeira Macaúba (Acrocomia aculeata a (Jacq.) Lodd. ex Mart.)

Palmeira Pupunha (Bactris gasipaes Kunth)

Palmeira Ráfia (Raphia farinifera (Gaertn.) Hyl.)

Tamareira das Canárias (Phoenix canariensis Chabaud)

Gênero Phoenix sp. em geral

Palmeira Tucumã (Astrocaryum vulgare Mart)

Palmeira Washingtônia (Washingtonia Robusta H.Wendl.)

Palmeira Washingtônia de Saia (Washingtonia filifera (Linden ex André)

H.Wendl. ex de Bary)

Palmeira Homem Velho (Coccothrinax crinita (Griseb. & H.Wendl. ex

C.H.Wright) Becc.)

Arbustos:

Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.)

Iucas (Yucca sp.) em geral

Rosa (Rosa x grandiflora hort.)

Minirosa (Rosa x chinensis Jacq.)

Ora-pro-nobis (Pereskia grandifolia Haw.)

Marmelo-japonês (Chaenomeles speciosa (Sweet) Nakai)

Palo-verde (Parkinsonia aculeata L.)

Espinho-de-fogo (Pyracantha coccínea M.Roem)

Primavera (Bougainvillea sp.)

Árvores:

Mulungus, Eritrinas (Erythrina sp.)

Page 374: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

372

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.)

Acácia (Acacia farnesiana (L.) Willd.)

Laranjeira (Citrus sinensis (L.) Osbeck)

Mamica de Porca (Zanthoxylum rhoifolium Lam.)

Paineira (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna)

Pau-Brasil (Caesalpinia echinata Lam.)

Outras:

Aloes, babosas (Aloe sp.) em geral

Abacaxi (Ananas comosus (L.))

Agaves (Agave sp.) em geral

Furcréias (Furcraea sp.) em geral

Sagu de Espinho (Encephalartos ferox G.Bertol.)

Membros da família CACTACEAE em geral

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou

plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não

listadas.

Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; MASCARO, Juan Luis;

MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; Andando com Formigas:

http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://

www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:

http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,

2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,

L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

Page 375: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

373

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

A.1. O gênero Ficus sp.:

Visto os três modos de agressão física vegetal é

importante fazer um adentro quanto ao gênero Ficus sp., de

uso extensivo nas cidades, principalmente como muro, por

estar em um patamar mais alto de agressão (Figura a).

As árvores e trepadeiras desse gênero são

extremamente competitivas, vigorosas e as mais comuns no

meio urbano vem de zonas tropicais com muita chuva

(LORENZI, SOUZA, 2012, p.324). Estão adaptadas a muita

pluviosidade e suas raízes buscam água e nutrientes de forma

intensa.

Apesar da maior parte de suas espécies serem

formadas por elementos de grande porte, são tratadas como

arbustos, sendo comumente topeadas e restringidas a

pequenas alturas para servirem de barreiras nas urbes devido

ao seu rápido crescimento.

Pensando se tratar de qualquer planta ou que o

sistema radicular não crescerá, pela poda constante dos

galhos, os usuários deste tipo de vegetação estão se

enganando, trazendo riscos não só para eles, como para

toda a cidade.

Page 376: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

374

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Primeiramente, as raízes dessas plantas podadas

crescem no mesmo ritmo das completas (pensem em uma

árvore de 30 metros de altura e copa sempre podada, se

restringindo a 2,5 metros de altura acima do solo. Mesmo

assim ela poderá chegar aos 30 metros abaixo do substrato)

(MACHADO, 2008), podendo um “arbusto” estar desnivelando

uma extensa faixa de calçada ou até algumas edificações

distantes.

Figura a – Figueira de jardim (Ficus auriculata Lour.) – Rua Ap 3, Bairro

Aruanã 3, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor.

Page 377: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

375

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

Além do que pode ser visto pela ação raízes tabulares,

parte do desenvolvimento fica escondido no solo e só aflora

mais tarde. Em várias situações, com a proximidade das

manilhas de esgoto e água, tais espécies podem perfurá-las e

continuar crescendo, como comenta este senhor:

Eu tive a infeliz ideia de plantar um Ficus no meu rancho,

bem perto do banheiro. Ai começou a estourar toda as calçadas

em volta da construção e as raízes começaram a sair pelo vaso

sanitário (comentário de Nilton C. Lucílio em 29 de julho de 2010 a

matéria ‘Ficus benjamina: ele é um perigo!’ do blog Ana Vilhana).

São comuns nas urbes brasileiras as figueiras Ficus

benjamina L. e Ficus elastica Roxb. ex Hornem. (Figura b),

como a trepadeira unha de gato (Ficus pumila L.), usada

para esconder muros. Esta última, segundo Franco (2011),

além da agressão perceptível, também se adere ao substrato

que se encontra (parede, muro, pilar, etc) disfarçadamente,

expandindo-se. Isso tende a afetar a estrutura e criar ocos,

formando fissuras leves sem maiores danos ou com retirada de

material estrutural, tornando possível o colapso daquele

elemento (riscos de acidentes e mortes).

Page 378: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

376

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura b – Figueira (Ficus elastica Roxb. ex Hornem.) – SQN 705, Brasília,

Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

No exterior, são mais conhecidos os exemplos que

surgem espontaneamente, com árvores literalmente

devorando antigos templos budistas. Como descreve Alves et

al. (s/d), no Sudeste Asiático é comum vermos figueiras

sagradas (Ficus religiosa L.) crescendo em cima de

construções antigas e ruínas (Figura c). Lá elas são veneradas,

mas no resto do mundo, exóticas ou não, tornam-se um

Page 379: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

377

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

estorvo destrutivo, por mais belo que seja o evento e a sua

completitude, danificando patrimônios.

Figura c – Templo no Camboja. Foto:

http://i.ytimg.com/vi/ZbtLFSXkmog/0.jpg.

Assim, nas cidades, a precaução gira em torno de não

plantar tais espécies ou tornar possível sua convivência em

meio urbano, afastando-as de canalizações, edificações,

outras plantas e pavimentos e fazendo a manutenção

periódica com podas e extrações, pois os Ficus sp. estão

Page 380: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

378

Matheus Maramaldo Andrade Silva

próximos da exagerada descrição dos baobás de Saint-

Exupéry (2000, p. 23):

Ora, havia sementes terríveis no planeta do pequeno

príncipe: as sementes de baobá... O solo do planeta estava

infestado. E quando não se descobre que aquela plantinha é um

baobá, nunca mais a gente consegue se livrar dele, pois suas raízes

penetram o planeta todo, atravancando-o.

Page 381: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

glossário

Page 382: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo
Page 383: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

381

Acúleo – Similar aos espinhos, mas se tratando de uma estrutura exógena

perfurante não ligada ao sistema vascular da planta. Ou seja, quando se

rompe, não deteriora a planta.

Adubação, recomposição física e química – Parte da manutenção das

plantas, a qual se dá nutrientes as plantas, em uma recomposição orgânica

e física (N, P, K).

Aeração do solo – Parte da manutenção das plantas, a qual se ara ou infla

o solo, para aumentar sua porosidade.

Agressão direta – Deterioração física dos elementos construídos e de outras

plantas ocasionada diretamente pelo crescimento da vegetação (raízes,

troncos, galhos, etc).

Agressão indireta – Elevação dos riscos de incidentes ocasionadas pelos

frutos, baixa resistência, pioneirismo, e pragas/fortes ações naturais sobre as

plantas, como as potenciais agressões aos transeuntes (espinheiros) e as

barreiras visuais e concretas erguidas pela vegetação.

Agressão de movimento – Trata de todas as ações nocivas de origem física

ocasionadas pela vegetação em deslocamento ágil (o que exclui o próprio

crescimento) devido aos seus próprios elementos constituintes ou sua

própria natureza (o que exclui pragas, vento e cortes).

Agressão horizontal – Trata de todas as ações nocivas de origem física

ocasionadas pela vegetação no plano do piso, subterrâneas ou com

pouca altura (até 1 metro), estando principalmente relacionadas as raízes e

as bases dos caules.

Agressão vertical – Trata de todas as ações nocivas de origem física

ocasionadas pela vegetação em alturas superiores a 1 metro, estando

Page 384: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

382

Matheus Maramaldo Andrade Silva

principalmente relacionadas aos galhos e folhas, como ao crescimento em

planos verticais (paredes, muros, pilares).

Amensalismo – Relação trófica que promove a inibição por parte de uma

planta, através de substâncias liberadas por ela, do crescimento e

surgimento de outras plantas (no caso da vegetação).

Angiospermas – Todas as plantas que estão dentro da Divisão

Angiospermae. São as plantas que produzem flores.

Aquáticas – Plantas adaptadas a superfícies alagadas e a leitos aquáticos.

Arbustos – Plantas de caule sublenhoso a lenhoso, com muitas ramificações

na base. Normalmente não superam 5 metros de altura.

Áreas arborizadas – Áreas dotadas de árvores.

Áreas arborizadas informais – Locais públicos, projetados ou não, que não

são propriamente parques, terrenos baldios ou vagos, e nos quais se pode

encontrar árvores, arbustos e forrações.

Áreas Verdes – Podendo ter várias definições, umas mais abrangentes e

outras mais fechadas. A mais comum é a de espaço livres dotados de

vegetação.

Áreas com verdes de domínio público - Áreas dotadas de vegetação

qualificadas como espaços livres públicos.

Áreas verdes de domínio público - Áreas dotadas de vegetação em que a

mesma tem uma função social (o que excluí canteiros de avenidas e

árvores de calçadas) qualificadas como espaços livres públicos.

Árvores – Plantas de caule lenhoso, pouco ou não ramificadas na base.

Normalmente superam 5 metros de altura.

Page 385: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

383

Aspectos fitopatológicos Ambiental Sanitários – Aspectos que envolvem a

perturbação do cotidiano urbano, tendo como agente a vegetação, no

âmbito ambiental e/ou sanitário.

Aspectos fitopatológicos Físico – Aspectos que envolvem a perturbação do

cotidiano urbano, tendo como agente a vegetação, no âmbito físico.

Aspectos fitopatológicos Psicosociológicos – Aspectos que envolvem a

perturbação do cotidiano urbano, tendo como agente a vegetação, nos

âmbitos psicológico e/ou sociológico.

Autótrofas – Seres vivos que produzem seu próprio alimento.

Barreira – Todo aquele elemento que obstrui ou impede uma ação.

Barreira Física – Todo aquele elemento concreto que obstrui ou impede

uma ação.

Barreira Visual – Todo aquele elemento que obstrui ou impede uma ação

visual.

Bioclimatismo – Estudos relacionados a aspectos ambientais, como

confortos térmico, sonoro e luminoso.

Brejeiras – Planta adaptada a superfícies alagadas, como pântanos.

Briófitas – Todas as plantas que estão dentro das Divisões Bryophyta,

Marchantiophyta e Anthocerotophyta. Podem ser resumidas só a musgos

também.

Caduca ou caducifólia – Planta que deixa, em algum momento do ano,

todas as folhas caírem. Igual a Decídua.

Calagem – Parte da manutenção das plantas, a qual se melhora a acidez

do solo com uso de cal.

Page 386: Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

384

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Calçadas – Passeios para pedestres feitos de materiais resistentes ao

trânsito. Estão inseridos em uma parcela das vias ou são a própria via.

Canteiros – Espaços vegetados ou não centrais ou que margeiam vias,

dividindo-as, embelezando-as ou protegendo outras escalas de trânsito.

Caule – Estrutura de suporte, onde estão as principais redes vasculares

(floema e xilema). Se estendem até as folhas, podem fazer fotossíntese e

podem ser de vários formatos e estar aéreos (haste, tronco, estipe,

prostrados, lianas, etc) ou subterrâneos (tubérculo, bulbo, xilopódio).

Cerca viva – Muramento de qualquer tamanho erguido através de plantas.

Cerrado – Bioma do Centro brasileiro similar as savanas africanas.

Ciclovias – Vias de trânsito exclusivo de ciclistas.

Clímax – Plantas de crescimento tardio na sucessão ecológica.

Competição – Relação trófica em que as plantas brigam entre si por

espaço, nutriente e luz (no caso da vegetação).

Coníferas – Englobam a Divisão Gminospermae, mas normalmente se

restringem no discurso aos pinheiros, ciprestes, cedros e tuias.

Conservação – Preservação e cuidados com a vegetação.

Copa – Parte mais alta das plantas arbóreas e arbustivas, onde está a

galharia e as folhas normalmente.

Corrosão – Destruição de tecidos e materiais por conta de ácidos e álcalis

presentes em secreções das plantas.

Decídua– Planta que deixa, em algum momento do ano, todas as folhas

caírem. Igual a Caduca ou caducifólia.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

385

Divisão – Segunda categoria na classificação botânica (caso se esteja

começando pelo Reino). Representada por Angiospermae e

Gminospermae, por exemplo.

Dossel – Copas se entrelaçando.

Entorpecente – Tóxico alucinógeno, de ação direta no sistema nervoso.

Epífitas – Plantas adaptadas a ficarem em suportes acima da terra, como

em cima de árvores e palmeiras.

Erva daninha – Plantas rústicas, altamente propagativas, invasoras que

podem liberar substâncias nocivas as plantas próximas ou serem muito

agressivas na absorção dos nutrientes.

Espaços Livres – Espaços não edificados urbanos.

Espaços Livres Privados – Espaços não edificados urbanos de uso exclusivo.

Espaços Livres Semi-Privados – Espaços não edificados urbanos de uso

aparentemente público ou que aceitam muitos usuários. Igual a Espaços

Livres Semi-Públicos.

Espaços Livres Semi-Públicos – Espaços não edificados urbanos de uso

aparentemente público ou que aceitam muitos usuários. Igual a Espaços

Livres Semi-Privados.

Espaços Livres Públicos – Espaços não edificados urbanos de uso total, por

parte de qualquer usuário sem restrição.

Espaços Verdes - Podendo ter várias definições, umas mais abrangentes e

outras mais fechadas. A mais comum é a de espaço livres dotados de

vegetação em que a mesma tem uma função social (o que excluí

canteiros de avenidas e árvores de calçadas).

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386

Matheus Maramaldo Andrade Silva

Espécie – Última categoria na classificação botânica (caso se esteja

começando pelo Reino). Representada por Ficus sp. e Aloe sp., por

exemplo.

Espinho – Se tratando de uma estrutura endógena perfurante ligada ao

sistema vascular da planta. Quando se rompe, deteriora a planta.

Espontaneidade – Surgimento natural, sem intervenção antrópica.

Estacionamentos – Espaços onde se param por períodos longos automóveis.

Estipe– Tipo de caule aéreo. É o caule das palmeiras.

Estrato – Porte e tipo de vegetação (arbóreas, arbustivas, herbácea, etc.

Exóticas – Plantas que não são daquele bioma ou daquele país.

Família – Quinta categoria na classificação botânica (caso se esteja

começando pelo Reino). Representada por Asparagaceae e Cycadaceae,

por exemplo.

Fitopatologia – O termo botânico se refere a doenças, deformações e

outros problemas que ocorrem nas plantas. Neste texto, foi invertido seu

sentido e é empregado como: plantas causando malefícios a cidade.

Flor – Estrutura de reprodução das angiospermas. Pode ser simples ou

composta (inflorescências), de diversas cores e tamanhos, ter brácteas,

sépalas, pétalas, anteras, estigmas, ovários, estames e filetes, dentre outras

estruturas secundárias.

Folha – Estrutura que normalmente é a responsável direta pela fotossíntese

das plantas. Tem diversos formatos e também pode ter diversas cores.

Dotada ou não de nervuras, bainha e estípula.

Forrações – Plantas de caule herbáceo e pouco visível, bastante

ramificadas na base. Normalmente não superam 50 centímetros de altura.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

387

Fruto – Estrutura que protege as sementes das angiospermas. É o resultado

final da reprodução e possui endocarpo, mesocarpo e exocarpo. Podem

ser comestíveis.

Galho – Parte de caules lenhosos ou sublenhosos que se ligam as folhas.

Gênero – Penúltima categoria na classificação botânica (caso se esteja

começando pelo Reino). Representada por Agave e Hibiscus, por exemplo.

Gimnospermas – Todas as plantas que estão dentro da Divisão

Gminospermae. São as plantas que já produzem sementes, mas ainda não

tem flores.

Gola – Elemento preso as calçadas que protege a vegetação e o

pavimento, como cria um respiro para receber nutrientes.

Gramados públicos – São áreas públicas projetadas compostas somente

por gramíneas pisoteáveis e ervas daninhas – raras árvores ou arbustos.

Gramas – Plantas de caule herbáceo e pouco visível, bastante ramificadas

na base. Pertencem necessariamente a Família Poaceae e tem resistência

ao pisoteio. Normalmente não superam 50 centímetros de altura. Com

menos restrição, englobam também capins de outras famílias e alturas não

pisoteáveis.

Heliófilas – Plantas adaptadas ao regime de sol mais contínuo.

Hemiparasitas – Plantas parasitárias que sugam uma parcela dos nutrientes

que necessitam da planta parasitadas, mas fazem fotossíntese.

Herbáceas – Plantas de caule herbáceo e normalmente mais visível, não

necessariamente ramificadas na base. Normalmente não superam 1,5

metros de altura.

Herbáceo – Tipo de caule com pouca lignina e bem moldável.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Impedimento – Quando não é possível o movimento de um local para o

outro.

Invasoras – Plantas normalmente rústicas que se estabelecem facilmente

em locais onde não foram destinadas a estar.

Jardim Árido – Tipo de jardim elaborado a partir de plantas adaptadas a

estiagens ou sem planta alguma.

Jardins coletivos – Áreas ajardinadas públicas com pouco índice de

impermeabilização não associadas a espaços definidos ou vias.

Látex – Secreção de algumas plantas semelhante ao leite. Um tipo de látex

é a base da borracha e a maioria é fortemente venenoso e corrosivo.

Leitos aquáticos – Rios, córregos, açudes, lagos, lagoas e riachos.

Lenhoso – Tipo de caule com muita lignina e bem rígido.

Lianas – Ver Trepadeiras.

Manutenção – Cuidados com a vegetação, como podas e regas.

Mapa de dano – Normalmente associados ao patrimônio ou a investidas de

reforma. É uma graficação que expõe a localização de pontos danificados

de alguma obra.

Nativas – Plantas inseridas no mesmo país ou bioma que são originárias.

Nome científico – Termo de identificação dos seres vivos na literatura

científica. É preciso. Na Botânica, possui gênero com primeira letra

maiúscula e epíteto específico todo em letras minúsculas. Está em destaque

em qualquer frase, ex: Ficus benjamina.

Obstrução – Quando é possível o movimento de um local para o outro, mas

com algum tipo de dificuldade.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

389

Ócrea – Estruturas de algumas plantas que são pequenos buracos, os quais

alguns animais, como formigas, podem se abrigar.

Ombrófilas – Plantas adaptadas ao regime de chuvas mais contínuo.

Orlas – Mais do que uma margem ou transição entre oceanos, rios, lagos,

lagoas e o continente, são áreas nas quais há intervenção antrópica e que

possuem as funções de lazer, esportes, descanso, contemplação e

ecológica.

Paisagismo – Estudo dentro da Arquitetura, que analisa e projeta todo o

âmbito das paisagens.

Paisagista – Aquele que trabalha com o paisagismo.

Palmeiras – Plantas de estipe simples ou múltipla coroadas por folhas em seu

ápice. Normalmente produzem inflorescências em formato de cacho e tem

folhas pinadas ou costapalmadas.

Parasitas – Entes que promovem o parasitismo. Podem ser fungos, insetos,

outras plantas, por exemplo.

Parasitismo - Relação trófica em que uma planta ou outro tipo de praga

suga nutrientes e água da planta parasitada. Não fazem fotossíntese (no

caso da vegetação).

Parques – É um espaço livre, dotado de vegetação normalmente, com

funções amplas, desde a ecológica até a de lazer e estética. São grandes

(mais de 2 quarteirões) em sua maioria.

Passeios – Onde o pedestre circula. Pode ser uma calçada ou parte de um

parque ou uma praça.

Patologia – Estudo de sintomas de doenças ou o próprio caso danoso.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Pioneira – Plantas que estão no início da sucessão ecológica. São

normalmente frágeis e esguias.

Pisos vegetais – Normalmente compostos por gramas, são plantas mais

resistentes ao pisoteio e de pouca altura, menor que 50 centímetros.

Planejamento Vegetal – Estudos e planos da implantação da vegetação

nas cidades.

Plano de Arborização Urbana – Projeto e metas de implantação de árvores

em cidades.

Plano Diretor – Instrumento de planejamento urbano. É comum delimitar

áreas, impor regras e trazer princípios e recomendações para a evolução

da cidade.

Plantas (desambiguação: planta de forma, planta topográfica, planta

arquitetônica, etc, são desenhos em vista aérea) – As plantas são todos os

seres vivos que reúnem todas estas características: fazem fotossíntese,

contém clorofila a e b, armazenam amido e possuem parede celular de

celulose.

Plantas atípicas – Plantas que não se encaixam exatamente em outras

categorias. São por exemplo cactos, agaves, samambaias, cicas, etc.

Poda – Parte da manutenção das plantas, a qual se faz cortes na planta.

Pólen – Estrutura diminuta que está relacionada a reprodução vegetal. Ao

encontrar o ovário, poliniza-o e daí começa o surgimento das sementes e

frutos.

Praças – São espaços públicos os quais são desempenhados diversos usos,

desde lazer a contemplação. Essas áreas são facilmente mutáveis e

possuem representatividade alterada tanto pelas edificações próximas

quanto pelo simbolismo próprio.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

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Praga – Ser vivo que parasita, inibe ou preda (em um processo diferente da

caça) outro ser vivo.

Pteridófitas – Todas as plantas que estão dentro das Divisões Lycophyta e

Monilophyta. Podem ser resumidas só a samambaias também.

Queimadura – Efeito ocasionado pela corrosão ou irritação do tecido. Pode

ser leve a mais grave.

Raiz – Estrutura de suporte normalmente subterrâneo, onde são obtidos

água e nutrientes do solo. Podem ser de vários formatos e estar aéreos

(tabulares, fulcréias, pneumatóforos, etc) ou subterrâneos (tuberosas,

comuns, etc), fasciculadas ou pivotantes.

Raiz tabular – Ou sapopemas, são raiz superficiais, ex: raiz das figueiras.

Rega – Parte da manutenção das plantas, a qual se dá água as plantas.

Reino – Primeira categoria na classificação botânica (caso se esteja

começando pelo Reino). Representada por Plantae e Monera, por

exemplo.

Relação Trófica – Relações estabelecidas entre os seres vivos, podendo ser

amistosas (ex.: simbiose) ou competitivas (ex.: parasitismo).

Saprófitas - Plantas que dependem de matéria orgânica do solo ou de cima

do seu suporte para sobreviver, fazendo pouca ou nenhuma fotossíntese –

não invadem os canais das plantas próximas.

Secreção – Todo o líquido, seiva ou pasta que pode ser expelido pelas

plantas.

Secundárias – Plantas que surgem depois das pioneiras ou que crescem

depois das pioneiras.

Segregação – Aquilo que separa.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Seiva – Secreção de algumas plantas, normalmente branca e venenosa. Há

outros tipos de seiva usadas na alimentação.

Subarbustos – Plantas de caule sublenhoso na base e herbáceo no restante,

com muitas ramificações na base. Normalmente não superam 1,5 metros

de altura.

Sublenhoso – Tipo de caule com mediana quantidade de lignina e

medianamente rígido.

Substrato – Igual a Suporte, pode ser a terra ou uma parede. Também pode

ser específico ao tipo de terra.

Sucessão ecológica – Processo de evolução da vegetação em ambientes

naturais.

Suporte – Onde se apoia.

Topoceptivo – Estudo de atributos da arquitetura captáveis essencialmente

pelo sentido da visão, para responder as questões: o lugar tem forte

identidade (HOLANDA, 2013).

Tóxico – Aquilo que envenena.

Toxinas – Igual a Veneno.

Trepadeiras – Plantas que avançam sobre seu suporte em busca de

nutrientes e luminosidade. Podem somente se apoiar, como podem

estrangular e sugar o suporte, caso vivo.

Tronco – Tipo de caule lenhoso ou sublenhoso. Pode ser ramificado na base.

É o caule das árvores e arbustos.

Umbrófilas– Plantas adaptadas ao regime de sombra mais contínuo.

Urticária – Irritação da pele que pode gerar coceira ou queimaduras. Tem

graus leves ou mais graves.

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verde patológico

a vegetação no processo de degradação da cidade

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Vazios Urbanos – Onde não há uso na cidade, como lotes ainda não

ocupados.

Vegetação – Conjunto de plantas que povoam uma área determinada

(MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo-SP: Editora

Melhoramentos, 1998).

Veneno – Toxina que pode estar presente em plantas, animais e minerais.

Verde – Além da cor, pode denominar elementos e ações sustentáveis

ambientalmente (economia de energia, carros menos poluidores, etc) ou

ser sinônimo de vegetação.

Vias – Por onde se circula. Pode ter o sentido de ser avenida ou rua,

tratando do trânsito de automóveis.

Vias de trânsito de automóveis – Por onde circulam automóveis. Podem ser

ruas, avenidas, corredores expressos.

Xerófitas – Plantas adaptadas ao regime de chuvas menos contínuo.

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