VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE...

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA Renata Veiga Andersen Cavalcanti VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL RIO DE JANEIRO 2008

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

Renata Veiga Andersen Cavalcanti

VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS

DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

RIO DE JANEIRO

2008

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Renata Veiga Andersen Cavalcanti

VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS

DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

Orientadora: Dra. Esther Mandelbaum Gonçalves Bianchini

RIO DE JANEIRO 2008

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissionalizante em Fonoaudiologia, da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Processamento e Distúrbios da Fala, da Linguagem e da Audição.

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

SISTEMA DE BIBLIOTECAS Rua Ibituruna, 108 – Maracanã 20271-020 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 2574-8845 Fax.: (21) 2574-8891

FICHA CATALOGRÁFICA

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial Tijucal/UVA

C376v Cavalcanti, Renata Veiga Andersen

Verificação e análise morfofuncional das características da mastigação em usuários de prótese dentária removível / Renata Veiga Andersen Cavalcanti, 2008.

98p. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade Veiga de Almeida, Mestrado em Fonoaudiologia, Processamento e distúrbios da fala, da linguagem e da audição, Rio de Janeiro, 2008. Orientação: Esther Mandelbaum Gonçalves Bianchini

1. Prótese dentária. 2. Prótese dentária parcial removível. 3. Mastigação. I. Bianchini, Esther Mandelbaum Gonçalves (orientador). II. Universidade Veiga de Almeida, Mestrado em Fonoaudiologia, Processamento e distúrbios da fala, da linguagem e da audição. III. Título.

CDD – 617.692 BN

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RENATA VEIGA ANDERSEN CAVALCANTI

VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS

DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

Aprovada em 18 de julho de 2008.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________ Prof. Marcos da Veiga Kalil – Doutor

Universidade Federal Fluminense - UFF

__________________________________________________________ Profª. Mônica Medeiros de Britto Pereira – Doutora

Universidade Veiga de Almeida – UVA

__________________________________________________________ Profª. Esther Mandelbaum Gonçalves Bianchini – Doutora

Universidade Veiga de Almeida - UVA

Dissertação apresentada à Universidade Veiga de Almeida, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia. Área de concentração: Processamento e Distúrbios da Fala, da Linguagem e da Audição.

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Dedico esse trabalho ao meu filho Lucas

e ao meu marido Antonio pelo incentivo, paciência e carinho.

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Agradecimentos

À minha mãe Lúcia e à minha avó Regina, pelo apoio e incentivo em mais

uma etapa de minha vida.

À minha orientadora Esther M. G. Bianchini pelo seu desprendimento em

compartilhar seu conhecimento, e pela sua dedicação e competência.

Aos pacientes avaliados pela colaboração, fundamental para a realização da

pesquisa.

Aos colegas de mestrado e de trabalho que ajudaram e incentivaram durante

a construção desta dissertação.

A todos que participaram direta ou indiretamente, muito obrigada!

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“Sucesso parece ser em grande parte uma questão

de continuar depois que outros desistiram. ”

William Feather

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RESUMO

As perdas dentárias determinam modificações funcionais estomatognáticas, sendo indicada reabilitação por próteses dentárias. Entretanto podem existir problemas associados à sua adaptação envolvendo estruturas e funções estomatognáticas. O objetivo desse estudo foi verificar as características da mastigação em indivíduos usuários de prótese dentária removível parcial e total e em indivíduos com dentição natural, analisando prováveis fatores interferentes associados à função mastigatória. Participaram 53 indivíduos, ambos os gêneros, entre 42 anos e 67 anos, divididos em dois grupos: 32 indivíduos usuários de prótese dentária total e/ou parcial removível estável (G1) e 21 indivíduos com dentição natural (G2). Foram critérios de exclusão: deficiência neurológica ou cognitiva, deformidades dentofacias, dor ou disfunção temporomandibular e qualquer lesão bucal que pudesse interferir na mastigação. A avaliação foi realizada com pão de sal, solicitando-se mastigação habitual, com observação e análise de cinco porções desprezando-se a primeira. Foram analisados: tipo de corte, manutenção de vedamento labial, tempo de mastigação, número de ciclos mastigatórios, e tipo de mastigação uni ou bilateral considerando-se predomínio unilateral em mais de 66% dos ciclos mastigatórios em um único lado. Foram verificadas alterações quanto à característica do músculo masseter e ao tipo de corte para G1 com diferenças estatisticamente significantes, quando comparado à G2. As demais estruturas orofaciais, lábios, língua, bochechas, mentual, e postura de lábios durante a mastigação apresentaram-se normais para ambos os grupos. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos quanto: aos movimentos mandibulares, ao tipo, tempo e número de ciclos mastigatórios e caracterização da deglutição. Conclui-se que a mastigação em usuários de prótese dentária removível caracteriza-se por alterações no corte do alimento, indefinição de tipo mastigatório, observando-se padrão bilateral e unilateral, com postura de lábios fechados, média do tempo e de ciclos mastigatórios compatíveis com dados de referência para indivíduos com dentição natural. Palavras-chave: prótese dentária, prótese parcial removível, mastigação.

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ABSTRACT

The tooth loss determines stomatognathic functional modifications, and indicates the necessity of dental prosthesis. Problems may arise associated to the involvement in adapting structures and stomatognathic functions. The aim of this study was to verify the mastication characteristics in individuals users of partial and totally removable dental prosthesis and individuals with natural dentures, analyzing probable interference factors associated to functional mastication. A total of fifty three individuals of both gender and ages between 42 and 67 years, were divided into two groups: thirty two individuals, users of total stable prosthesis dentures and/or partially stable removable prosthesis (G1) and twenty one individuals with natural dentures (G2). Exclusion criteria used were: neurological or cognitive deficiency, dental facial deformities, pain or temporomandibular disorders and any mouth lesions which could interfere in mastication. Evaluation was done with salt bread, using habitual mastication, observing and analyzing five portions and then disregarding the first. A study was made of: the type of cutting, maintenance of labial sealing, length of mastication time, number of masticatory cycles, and type of uni or bilateral mastication, considering a unilateral predominance in more than 66% of the masticatory cycles on just one particular side. Alterations were noticed regarding the characteristics of the masseter muscle and the type of food cutting for G1, with significant statistical differences when compared to the G2. All other orofacial structures; lips, tongue, cheeks, mentual, and the position of lips during mastication proved to be normal for both groups. There was no difference in statistical significance between the groups related regarding the movement of the jaws, to the type, time, and number of masticatory cycles and the characterization of deglutition. One comes to the conclusion that mastication in users of denture partially removable prosthesis is acquired by alterations in the form of cutting food, undefined type of mastication, observing a unilateral and bilateral pattern, with posture of closed lips, an average time and masticatory cycles, compatible with information control of the individuals with natural dentures.

Key words: dental prosthesis, denture partial removable, mastication.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Descrição dos protocolos pesquisados e número final de participantes para G1, p.47

Tabela 2 - Distribuição dos participantes e caracterização dos grupos em relação à idade, p.48

Tabela 3 - Distribuição dos participantes e caracterização dos grupos em relação ao gênero, p.48

Tabela 4 - Distribuição absoluta e relativa dos participantes de G1 quanto ao tipo de prótese e localização, p.49

Tabela 5 - Análise estatística quanto aos p-valores das comparações entre os tipos de próteses, p.49

Tabela 6 - Distribuição dos participantes de G1 referente ao tempo de uso das próteses superiores e inferiores, p.50

Tabela 7 - Caracterização das estruturas orofaciais para os 2 grupos analisados, p.50

Tabela 8 - Caracterização dos movimentos mandibulares para os 2 grupos analisados, p.51

Tabela 9 - Caracterização do corte do alimento para os 2 grupos analisados, p.52 Tabela 10 - Caracterização do tipo mastigatório para os 2 grupos analisados, p.52 Tabela 11 - Caracterização da postura dos lábios durante a mastigação, p.53 Tabela 12 - Comparação dos grupos para tempo e número de ciclos mastigatórios,

p.53 Tabela 13 - Caracterização dos grupos em relação à deglutição, p.54 Tabela 14 - Grau de relação entre as estruturas orofaciais e tempo de uso da

prótese, p.55 Tabela 15 - Grau de relação entre as estruturas orofaciais e o tipo mastigatório,

p.55 Tabela 16 - Grau de relação entre as estruturas orofaciais e tempo mastigatório,

p.56 Tabela 17 - Grau de relação entre as estruturas orofaciais e ciclos mastigatórios,

p.56 Tabela 18 - Grau de relação entre os movimentos mandibulares e o tempo de uso

da prótese, p.57 Tabela 19 - Relação entre lateralidade esquerda e tipo mastigatório, p.58 Tabela 20 - Relação entre lateralidade direita e tipo mastigatório, p.58 Tabela 21 - Grau de relação entre as características da mastigação e tempo de uso

da prótese, p.59 Tabela 22 - Grau de relação entre as características da mastigação, p.59 Tabela 23 - Grau de relação entre as características da mastigação e deglutição,

p.60 Tabela 24 - Grau de relação entre idade e mastigação, p.61

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SUMÁRIO

RESUMO ABSTRACT LISTA DE TABELAS 1. INTRODUÇÃO, p.10 2. OBJETIVO, p.12 3. REVISÃO DE LITERATURA, p.14 4. METODOLOGIA, p.34

4.1. PARTICIPANTES, p.34 4.2. MATERIAL, p.36 4.3. PROCEDIMENTO, p.36 4.4. OBTENÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DADOS, p.38 4.5. ANÁLISE ESTATÍSTICA, p.44

5. RESULTADOS, p.47 6. DISCUSSÃO, p.62 7. CONCLUSÃO, p.72 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p.73 9. ANEXOS, p.78 10. APÊNDICES, p.92

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1. INTRODUÇÃO

A mastigação é uma das funções mais importantes do Sistema

Estomatognático, pois inicia o processo de alimentação, triturando e preparando o

alimento, favorecendo a deglutição e a digestão, e conseqüentemente uma nutrição

de qualidade. Uma mastigação eficiente requer o equilíbrio das estruturas do

sistema, incluindo músculos, dentes e ossos.

É fato que, mesmo com todo o avanço da odontologia, o brasileiro ainda tem

alta incidência de perda dos dentes. Essas podem ser parciais ou totais, e propiciam

alterações no sistema estomatognático, tais como mudanças na relação maxilo-

mandibular, na forma das estruturas ósseas que provocam um desequilíbrio

neuromuscular, dificultando as funções do sistema, podendo também interferir no

processo de adaptação da prótese dentária.

As próteses dentárias surgem como possibilidade de melhora na realização

das funções de mastigação, deglutição, fala, e da estética. Porém, tanto a adaptação

da prótese pode ficar comprometida por alterações miofuncionais, quanto às funções

estomatognáticas podem estar modificadas devido à condição e tipo de prótese

dentária, o que indicaria a necessidade de um trabalho integrado com a

Fonoaudiologia. O trabalho interdisciplinar entre a Fonoaudiologia e a Odontologia

não é novo, porém é mais conhecido e aceito nas áreas da odontopediatria e da

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ortodontia, com enfoque maior na fala, deglutição e postura de língua. A área de

prótese dentária é um campo que também se associa à reabilitação miofuncional

orofacial e, portanto, alguns trabalhos vêm sendo desenvolvidos de forma conjunta.

A fonoaudiologia pode auxiliar o paciente na adaptação às próteses e na

reabilitação das suas funções orais dentro das limitações encontradas, favorecendo

melhor qualidade de vida para o indivíduo.

Visando contribuir com a integração da Fonoaudiologia na área de prótese

dentária, esse trabalho busca analisar a mastigação de usuários de prótese dentária

removível e apontar possíveis inter-relações miofuncionais.

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2. OBJETIVO

Verificar as características da mastigação em indivíduos adultos, usuários de

prótese dentária removível parcial e total, quanto ao: corte do alimento, tipo

mastigatório se uni ou bilateral, tempo e número de ciclos mastigatórios, assim como

a caracterização das estruturas orofaciais e deglutição; analisando prováveis fatores

interferentes associados à função mastigatória.

As hipóteses de estudo testadas quanto à mastigação foram:

1. O tempo e o número de ciclos mastigatórios do grupo de usuários de prótese são

maiores quando comparado ao grupo com dentição natural.

2. Os grupos se diferenciam quanto ao corte do alimento e quanto ao tipo

mastigatório.

3. As estruturas orofaciais do grupo de usuários de prótese encontram-se mais

alteradas quando comparadas ao grupo com dentição natural, e relacionam-se

ao tempo de uso das próteses, tipo mastigatório, tempo e número de ciclos

mastigatórios observados.

4. Os movimentos mandibulares e características da mastigação estão diretamente

relacionados ao tempo de uso da prótese.

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5. A alteração da mastigação pode determinar alteração da deglutição, sendo essas

alterações predominantes no grupo de usuários de prótese.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

O sistema estomatognático (SE) é composto por ossos, maxila, mandíbula,

articulações, dentes, músculos e ligamentos, espaços orgânicos, língua, lábios,

mucosa, glândulas, vasos e nervos. Estas estruturas atuam em conjunto controladas

pelo sistema nervoso central, realizando as funções estomatognáticas, respiração,

sucção, deglutição, fala e mastigação (BIANCHINI, 2005).

A mastigação destaca-se como uma das funções mais importantes do SE

(BIANCHINI, 2005), e faz parte do processo de alimentação, pois é através desta

que o alimento é fragmentado, facilitando a deglutição e a digestão. Uma

mastigação eficiente proporciona a transformação do alimento em pequenas

partículas que são homogeneizadas para formar o bolo alimentar. Durante este

processo, as ações das estruturas orais são monitoradas pelo sistema nervoso

central, através de estímulos provenientes dos receptores sensoriais do ligamento

periodontal, mucosa, articulação temporomandibular (ATM) e músculos (CORPAS,

2005).

Segundo Bianchini (2005), a mastigação é dividida em três fases: incisão,

trituração e pulverização.

A fase de incisão, quando existe uma oclusão ideal e alimento consistente,

exerce influência nas fases restantes da mastigação, fraciona o alimento em

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tamanhos diferentes para cada indivíduo, e é seguida predominantemente por

mastigação bilateral alternada sem predominância de lado e exige um maior esforço

mastigatório do que se o alimento for quantificado manualmente ou pré-fracionado

(TAGLIARO, CALVI & CHIAPPETTA, 2004).

Nas fases de trituração e pulverização, dependendo do alimento, ocorrem

deglutições seqüenciais à medida que parte do alimento vai sendo posteriorizado

pela ação da língua e bucinador. Todas essas fases dependem da presença e

saúde dos dentes, além da possibilidade e liberdade dos movimentos mandibulares

(BIANCHINI, 2005).

Os indivíduos com mastigação madura e típica apresentam eficiência na

coordenação dos movimentos da língua e da bochecha enquanto comem o bolo

alimentar. A bochecha, a língua e a coordenação da mastigação adaptam-se às

mudanças e/ou às condições imprevisíveis das características físicas do alimento

durante o processo mastigatório (CASAS, KENNY & MACMILLAN, 2003).

No processo mastigatório, são de grande importância a participação da

língua, dos bucinadores e orbiculares dos lábios para o direcionamento do alimento

para a face oclusal dos dentes posteriores, determinando a eficácia do golpe

mastigatório (BIANCHINI, 2005).

Durante a mastigação, as atividades da musculatura perioral e facial,

favorecem movimentos espaciais e temporariamente estáveis, apresentando o

mesmo ritmo preciso que o dos movimentos mandibulares, cooperando

temporariamente com estes; e são úteis para a avaliação da suavidade dos

movimentos mastigatórios (SAKAGUCHI, KAWASAKI & ARAKI, 2003).

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O ciclo mastigatório é determinado por um movimento mandibular completo,

sendo iniciado pela abertura da mandíbula, seguido por fechamento até ocorrer o

contato e intercuspidação dos dentes. Esta última fase também é conhecida como

golpe mastigatório, proporcionando a fragmentação do alimento em partículas

menores (BIANCHINI, 2005).

A consistência do alimento interfere no tempo mastigatório de acordo com o

estudo de Melo, Arrais e Genaro (2006), onde foram encontrados os seguintes

resultados: 9,6s para a mastigação de banana; 26,3s para pão; 15,4s para biscoito

wafer; 11,4s para biscoito água e sal; 10,4s para maçã; 11,6s para castanha. Os

alimentos como pão e bolacha tipo wafer apresentaram tempo mais elevados que os

demais alimentos pelas características físicas desses alimentos como consistência,

elasticidade, viscosidade e resistência, que requerem maior tempo para a

degradação mecânica, necessária para a deglutição. Não observaram diferença

estatisticamente significante entre os valores de tempo mastigatório e o gênero.

Berretin-Felix et al (2005) e Bianchini (2005) concordam que o tipo e

consistência dos alimentos interferem na duração e freqüência dos ciclos

mastigatórios, e Bianchini (2005) complementa que outras variáveis também

apresentam essa relação direta, como a qualidade neuromuscular e o tipo facial.

Para a mastigação ser considerada equilibrada os estímulos devem ser

alternados nas estruturas do SE. A mastigação bilateral favorece a uniformidade da

força mastigatória, intercala períodos de trabalho e repouso musculares, promove

sincronia e equilíbrio muscular e funcional e atua na estabilidade oclusal. Esse

padrão mastigatório é referido como o ideal e, geralmente, ocorre quando existe

integridade anátomo-funcional dos componentes do sistema estomatognático

(BIANCHINI, 2005).

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Duarte (2001) realizou um estudo com o objetivo de verificar o padrão

mastigatório encontrado nas maloclusões, considerando que a mastigação bilateral

é fundamental para manter o equilíbrio oclusal. Foi pesquisado o padrão

mastigatório de 38 sujeitos com maloclusões Classe I, Classe II e Classe III de

Angle, associadas a outras alterações: apinhamentos, mordidas cruzadas,

sobremordidas, sobressaliências e mordidas abertas. Verificou-se a predominância

do padrão bilateral de mastigação com movimentos verticais, independente da

maloclusão apresentada; e nos sujeitos que apresentaram um padrão unilateral de

mastigação, nem sempre este padrão estava associado a uma maloclusão. Conclui-

se com este estudo que as maloclusões não propiciam um padrão unilateral de

mastigação, mas favorecem a presença de movimentos mastigatórios verticais. A

autora ressalta que, apesar do padrão bilateral de mastigação, a grande maioria dos

sujeitos indicou a preferência por um dos lados, independente da maloclusão,

levando-o a questionar se haveria uma dominância lateral para a função

mastigatória.

A lateralidade mastigatória pode ser influenciada pela textura do alimento,

especialmente a dureza, segundo estudo de Mizumori et al (2003). Foram utilizados

7 alimentos de diferentes características, sendo eles: chiclete – macio, pegajoso;

pasta de peixe – macia, elástica; jujuba – nem dura nem mole, elástica; rabanete

japonês – nem macio nem duro, fibroso; amendoim – consistência moderada,

crocante; milho gigante – crocante e duro; camarão seco – duro, coeso. Nos

resultados observou-se que sujeitos que podiam mastigar bilateralmente alimentos

mais macios, nos alimentos mais duros podiam mastigar unilateralmente, ou seja, os

alimentos duros evocaram mais a lateralidade, sendo assim considerados os mais

apropriados para as avaliações de lateralidade mastigatória. Os autores ressaltam

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que também podem existir razões específicas para determinados sujeitos serem

incapazes de mastigar igualmente os alimentos duros, como a interferência oclusal,

a falha do músculo mastigatório, ou uma desordem da ATM.

Nissan et al (2004), realizaram este estudo para examinar se a preferência

lateral de mastigação é afetada pela regulação central. A distribuição das

características da preferência lateral de mastigação foi examinada em relação à

distribuição de outras características de lateralidade na mão, pé, olho e ouvido, e

aos dentes ausentes, e também em relação ao gênero, tipo de oclusão e o tipo de

guia no momento lateral. Os resultados mostraram que as características de

distribuição da preferência lateral de mastigação assemelham-se àquelas das outras

lateralidades hemisféricas. Dentes ausentes, restaurações implanto-suportadas e

dentaduras não afetam a preferência lateral de mastigação, e os parâmetros da guia

lateral por tipo de oclusão e gênero não afetaram a preferência lateral de

mastigação, o que reforça o argumento de que a preferência lateral de mastigação é

controlada pelo Sistema Nervoso Central (SNC).

Bianchini (2005) tem observado que no padrão unilateral a musculatura do

lado do trabalho apresenta-se mais forte, e a musculatura do lado do balanceio

apresenta-se mais alongada, e a manutenção deste padrão pode prejudicar todo o

SE.

A eficiência mastigatória segundo Akeel, Nilner e Nilner (1992), depende de

diversos fatores, tais como: idade, gênero, o número de dentes, o número de dentes

em oclusão, o índice de necessidade de tratamento ortodôntico e o índice da

extensão da restauração, e não pode ser prevista a partir da arcada dentária

somente. Em estudo realizado verificou-se através de análise estatística índice de

eficiência mastigatória significativamente maior em homens do que em mulheres;

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coeficiente de correlação altamente significante entre a eficiência mastigatória e o

número de dentes em oclusão; diferença na eficiência mastigatória antes e depois

dos 40 anos de idade, sendo sugerida uma dicotomização para estes dois grupos

etários.

César, Bommarito e Ramos (2004), vêm reforçar que o processo de

envelhecimento influi sobre a função mastigatória dos indivíduos idosos, à medida

que ocorrem mudanças no SE decorrentes da senescência.

Mbodj et al (2007), vêm discordar, a idade não apresenta efeito significativo

sobre o desempenho mastigatório.

A perda dentária é muito significativa, pois altera todo o sistema devido à

destruição de parte do esqueleto facial, altera a morfologia e a neuromusculatura, o

que dificulta a realização das funções de deglutição, mastigação, fala e a própria

adaptação às próteses, além de ser uma das causas de instabilidade das próteses

totais (CUNHA, FELÍCIO & BATAGLION, 1999).

De acordo com Alves e Gonçalves (2003), a principal causa da perda dentária

relatada pelos pacientes é a cárie dentária. No mesmo estudo, a mastigação,

estética e fonação, juntas, foram relatadas em 38% da amostra pesquisada como

dificuldades encontradas após a perda dos dentes, mostrando-nos a relevância

desses três aspectos que o paciente relata e indicando injúria de todo o sistema

estomatognático.

Segundo Fazito, Perim e Di Ninno (2004), a presença ou ausência de dentes

não é fator determinante para a escolha de usar ou não a prótese dentária e sim a

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expectativa do idoso em melhorar o processo mastigatório, à medida que a falta de

dentes sem o uso da prótese leva à dificuldade de mastigar.

A saúde oral está diretamente relacionada à saúde geral e qualidade de vida.

(FELÍCIO & CUNHA, 2005). Indivíduos desdentados que não fazem uso de próteses

totais, ou cujas próteses não estão adaptadas, apresentam problemas estéticos,

funcionais, nutricionais e gastrointestinais, além da remodelação da articulação

temporomandibular. A reabilitação protética é fundamental para a melhora dos

aspectos como interação social, eficiência mastigatória e qualidade da fala.

(CUNHA, FELÍCIO & BATAGLION, 1999; FELÍCIO & CUNHA, 2005).

De acordo com Alves e Gonçalves (2003), a mastigação e estética são

expectativas de mudanças em relação à nova prótese em 24,3% dos indivíduos

pesquisados; apenas 14% e 10,3% apresentam como expectativas de mudanças, a

mastigação e estética de forma isolada, respectivamente.

Gotfredsen e Walls (2007), vêm reforçar que os indivíduos atribuem

geralmente alto significado à mastigação e aparência, e baixo significado à fala,

percepção tátil e gustativa.

O índice de satisfação ainda é maior que o de insatisfação, de maneira geral,

em usuários de prótese total inferior e superior; apesar disto, o grau de insatisfação

ainda encontra-se significativo, principalmente referindo-se à mastigação e

estabilidade, retenção e conforto da prótese total inferior (FREITAS et al., 2001).

Segundo Nocchi e Luchtemberg (2001), as estruturas musculares determinam

as relações dinâmicas das próteses durante as diversas funções orais,

estabelecendo vínculos diretos, tanto com a área basal, quanto com as zonas das

bordas ou flancos. No entanto, muitos fatores que são variantes em cada indivíduo

podem intervir nesta relação, tais como: volume de massa muscular, tônus, origem

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dos ventres musculares e tendões, áreas de inserção das fibras, disposição dos

feixes e ação contrátil. A etiologia da perda dentária e a atrofia muscular por

diminuição da função também podem determinar condições específicas quanto ao

grau de influência muscular sobre o remanescente alveolar e, conseqüentemente,

estabelecer variavelmente a maior ou menor relação dos músculos sobre a futura

prótese. De acordo com os autores, mesmo apresentando limitações, as próteses

totais convencionais ainda são uma opção vantajosa, segura e efetiva para muitos

casos.

A inserção das próteses totais não altera o padrão, a velocidade e os limites

dos movimentos não funcionais, ou seja, o padrão dos movimentos mandibulares

não demonstra mudanças significantes entre as etapas pré e pós-inserção da

utilização de próteses totais. Pode-se sugerir que a adaptação às novas próteses

não está estritamente relacionada às mudanças funcionais. Problemas intrínsecos

da prótese e os subjetivos individuais, ambos relacionados ao paciente, podem

desempenhar um papel maior durante o processo pós-inserção (LELES et al., 2003).

Ao realizar um tratamento protético, seja pela primeira vez ou por estar

substituindo prótese antiga por novas, poderão surgir problemas de adaptação,

ocasionando ferimentos, fala alterada e dificuldade para mastigar. Esse quadro de

desconforto geralmente acontece nos primeiros dias, seguindo-se uma acomodação,

porém, há casos em que essa adaptação fisiológica não ocorre, levando até ao

abandono do uso da prótese. Essa dificuldade de adaptação fisiológica pode ser

provocada por fatores morfológicos, funcionais ou relacionados às características

das próteses (FELÍCIO & CUNHA, 2005).

Barbosa, Fernandes e Cury (1996) observaram que: a instalação das

próteses favoreceu maior facilidade e conforto para mastigar os alimentos e a

Page 24: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

22

diminuição do tempo de mastigação; com as próteses antigas ou sem as próteses os

indivíduos realizavam muito mais esforço e gastavam mais tempo para a trituração

dos alimentos; e que não ocorreram mudanças em relação ao hábito alimentar dos

pacientes após a instalação das próteses.

A dificuldade encontrada na função mastigatória ocorre independentemente

do tipo de prótese total utilizada, possivelmente por falta de adequação da

musculatura oral e das funções de mastigação e deglutição (CUNHA,

ZUCCOLOTTO & BATAGLION, 1999).

Cunha, Felício e Bataglion (1999), ao investigar as condições miofuncionais

orais de pacientes desdentados totais antes e após o tratamento protético,

encontraram os seguintes resultados: na condição postural de lábios e da língua da

fase inicial à fase final de avaliação, verificou-se mudança estatisticamente

significante; na função de deglutição, não houve diferença significante com a

colocação das próteses, o que pode indicar que alguns sujeitos apresentavam

alterações da função antes de ocorrer à perda dentária, ou, que o tempo de uso não

foi suficiente para a adaptação. Na função mastigatória verificou-se o padrão de

cada fase, sendo assim, na fase inicial, ainda sem o uso de prótese, 55,55% dos

sujeitos apresentaram mastigação em charneira, amassando o alimento com a

língua e também apresentaram incoordenação dos movimentos mandibulares. Com

a inserção da prótese não houve melhora do padrão, predominando a mastigação

unilateral e após um mês de uso, 77,77% permaneceram com o padrão mastigatório

unilateral. Essa persistência pode ser pela dificuldade de realizar a função com a

nova prótese ou decorrente de um padrão previamente estabelecido.

A alta incidência de alterações miofuncionais, mesmo após o uso das

próteses pelo período de um mês, parece indicar a necessidade da terapia

Page 25: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

23

fonoaudiológica para normalização das funções para dar condições de maior

estabilidade às próteses. Para que ocorra a adequação da mastigação com as

próteses, somente a recolocação dos dentes não é suficiente, é necessária uma

nova programação neuromuscular que se dá através de um processo de

aprendizagem. Também é evidenciada a importância de se considerar as relações

funcionais e oclusais dos sujeitos idosos (CUNHA, FELÍCIO & BATAGLION, 1999).

Segundo Veyrune e Mioche (2000), o edentulismo afeta os aspectos motores

e sensoriais do processo mastigatório. A atrofia muscular, principalmente dos

músculos masseter, estava associada a uma perda do feedback sensorial

periodontal e estava nitidamente implicada em uma redução da eficiência

mastigatória na população de usuários de dentaduras. Pode ser que a informação

recebida centralmente não seja precisa o suficiente para os usuários de dentaduras

adaptarem seu padrão mastigatório à textura percebida, como ocorre para a

população dentada. A adaptação do ciclo mastigatório ao bolo alimentar é

consideravelmente reduzida para os usuários de próteses totais.

De acordo com Miyaura et al (2000), as habilidades de mordida melhoraram

dois meses depois da inserção de novas próteses, indicando que a adaptação

funcional às novas próteses fixas e removíveis pode requerer pelo menos um mês

ou mais. No estudo realizado, ao comparar grupos de indivíduos com prótese

parcial removível (PPR), prótese total (PT) e dentição natural (DN), foi encontrado

que: a força de mordida do grupo PPR foi de 35%, e do grupo PT 11%, quando

expressas como uma porcentagem do grupo DN; sujeitos com uma ou mais PPR

apresentaram performances inferiores comparados ao grupo com DN, porém

superiores àqueles com PT. Sugere-se que a função mastigatória é prejudicada nos

usuários de prótese.

Page 26: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

24

Em estudo para verificar a capacidade funcional muscular do idoso edêntulo

com e sem próteses dentárias totais e removíveis, através da avaliação de 12

indivíduos com e sem próteses dentárias, medindo as pressões do sopro e da

sucção, utilizando o vacuomanômetro, foi possível observar que o sopro e a sucção

foram mais eficientes nos indivíduos com prótese do que sem elas e que o sexo

pode interferir no comportamento muscular, pois na ausência do uso da prótese

dentária, o sexo masculino apresentou melhor adaptação funcional muscular quando

comparado ao sexo feminino, tanto na sucção quanto no sopro (CERQUEIRA,

ASSENCIO-FERREIRA & MARCHESAN, 2001).

Segundo Fajardo et al (2002), a função é o fator predominante no interesse

dos pacientes pela reabilitação com prótese total. Em estudo realizado com o

propósito de analisar as condições bucais e a qualidade de vida de uma população

edêntula submetida à reabilitação protética; dos 101 participantes, 70,3% relataram

que os aspectos funcionais eram mais importantes que a estética, 8,9% deram

preferência a estética e 20,8% escolheram as duas opções. A amostra pesquisada

quando questionada sobre dificuldades para mastigar, 49,5% relataram dificuldade e

50,5% não encontravam dificuldade e, sobre a maior dificuldade de se usar uma

prótese total, 29,7% apontaram a mastigação, 24,8% apontaram não ter nenhuma

dificuldade e 36,6% citaram outros problemas como falar, modificação do paladar,

instabilidade da prótese inferior, dor, etc.; e 61,4% dos pacientes deixaram de comer

algum alimento após a instalação da prótese total.

Com o objetivo de investigar a presença de problemas relacionados com a

mastigação durante a ingestão de certos alimentos, foram entrevistadas 103

pessoas idosas, que na sua maioria possuíam as mesmas próteses havia mais de

10 anos. Constatou-se que 40% das pessoas possuíam dificuldades mastigatórias,

Page 27: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

25

tendo 60,2% declarado apresentar limitações ao mastigar certos tipos de alimentos.

Entre os entrevistados, 19,4% evitavam carnes; 15,5% verduras cruas, 8% legumes

crus; e 7,8% frutas. Apesar das dificuldades mastigatórias relatadas, 70,9% dos

entrevistados ainda preferiam ingerir os alimentos na forma consistente (BRAGA et

al., 2002).

Kapur e Soman (2004), ressaltam que o processo mastigatório dos usuários

de prótese total não deveria ser comparado com aquele das pessoas com dentição

natural, pois a eficiência mastigatória do usuário de prótese total é menos que 1/6 da

do sujeito com uma dentição natural. Concluem, então, que as próteses totais

fornecem substituições funcionais pobres em relação às dentições completas.

César, Bommarito e Ramos (2004), relatam que esperavam encontrar uma

relação praticamente direta entre adaptação inadequada da prótese dentária com

função mastigatória ineficiente em seu estudo, no entanto, não ocorreu de maneira

estatisticamente relevante, sugerindo que a prótese dentária é um dos fatores

principais para a mastigação, porém outras variáveis devem ser consideradas, tais

como: trabalho da musculatura intra-oral, adaptações miofuncionais, consistências

das dietas, entre outras. Desta forma, provavelmente, existe um mecanismo

compensatório individual determinando uma mastigação eficiente, atendendo às

demandas nutricionais e prazerosas.

Através da melhora da capacidade mastigatória com o uso da prótese

dentária ocorre melhora da deglutição, porém o uso da prótese não influencia

diretamente a presença de dificuldade para deglutir e a sensação de boca seca. No

entanto, esses fatores estão diretamente relacionados à dificuldade de mastigar

(FAZITO, PERIM & DI NINNO, 2004).

Page 28: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

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Corpas (2005), em estudo para avaliar a função mastigatória em pacientes

edêntulos portadores de prótese total convencional, realizou testes de sensibilidade

tátil, estereognose oral, mastigação e força máxima de mordida, em 20 indivíduos

edêntulos e 16 indivíduos dentados. Os testes de mastigação foram realizados com

Optosil e com uma cera natural colorida, onde avaliavam o grau de fragmentação e o

grau de mistura de cor, respectivamente; e também foi realizada avaliação subjetiva

do indivíduo sobre a sua mastigação, através de um questionário. Através dos

resultados obtidos, pode-se concluir que os indivíduos edêntulos quando

comparados aos indivíduos dentados, possuem alguns aspectos da sua função

sensorial altamente comprometidos; apresentaram sua função mastigatória

extremamente comprometida, gerando os piores índices de performance e de

eficiência mastigatória; além de que a força máxima de mordida foi significantemente

menor em todos os locais de medição. Na avaliação subjetiva houve divergência

quanto aos índices de performance e eficiência mastigatória, pois os indivíduos

edêntulos se mostraram mais satisfeitos com a sua condição mastigatória que os

indivíduos dentados. O estudo ainda conclui que a sensibilidade tátil e a força de

mordida estão mais correlacionadas com a mastigação do que a estereognose oral e

sugere a importância da função sensorial e motora na mastigação, uma vez que os

indivíduos com melhor sensibilidade tátil e maior força máxima de mordida foram os

que apresentaram melhores índices de mastigação entre os indivíduos avaliados.

Estudo realizado por Piancino et al (2005), através do monitoramento da

atividade eletromiográfica do músculo levantador da mandíbula e os padrões

cinemáticos (padrão de mastigação) em pacientes edêntulos durante a mastigação,

antes e depois da inserção de uma nova prótese total na mandíbula e maxila, indica

que: em sujeitos edêntulos com uma dentadura utilizada por vários anos, o masseter

Page 29: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

27

do lado do bolo é significativamente mais ativo do que o do lado oposto, como

acontece em sujeitos dentados; no momento da inserção de uma nova prótese total,

a atividade eletromiográfica do masseter do lado do bolo diminui e atinge os valores

com a prótese antiga após três meses; a atividade do músculo temporal anterior

diminui com a nova prótese; e a distância padrão e a excursão lateral retornam aos

valores obtidos com a prótese antiga após três meses, enquanto nenhuma mudança

é observada nas velocidades de abertura e de fechamento.

Prado et al (2006), em estudo para avaliar a função mastigatória de indivíduos

reabilitados com prótese total muco-suportadas, observaram que: a performance

mastigatória após 20 e 40 ciclos mastigatórios dos pacientes reabilitados por esse

tipo de prótese foi, respectivamente, de 12% e de 31% da performance mastigatória

do grupo de indivíduos com dentição natural. Esse aumento na performance

mastigatória demonstra que uma melhor fragmentação de alimentos sólidos é

conseguida com maior número de ciclos mastigatórios. As próteses com tempo de

uso maior que seis meses tiveram performance mastigatória melhor, sugerindo que

a adaptação do paciente com a prótese pode influenciar significantemente na sua

performance mastigatória.

A avaliação da satisfação dos pacientes sobre a qualidade de suas próteses

indicou, nos resultados de estudo que, não existe relação entre a avaliação objetiva

da qualidade das próteses e a performance mastigatória dos pacientes. Foi também

verificado que a satisfação com a prótese superior é maior do que com a inferior.

Provavelmente o baixo índice de satisfação com a estabilidade das próteses foi

responsável pela baixa satisfação com a prótese inferior (PRADO et al., 2006).

A mastigação prejudicada em usuários de próteses modifica a dinâmica da

formação do bolo alimentar, resultando em bolos menos fragmentados em

Page 30: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

28

comparação aos sujeitos dentados, mas com o mesmo nível de umidade, pois

nenhuma diferença nas taxas do fluxo salivar foi encontrada entre os dois grupos de

sujeitos, qualquer que fosse a condição da estimulação (YVEN et al., 2006).

Com a inserção de uma prótese adequada a mastigação torna-se mais

satisfatória e propicia uma sensação de conforto, influenciando sobre a saúde

fisiológica e psicológica, ou seja, o restabelecimento da função mastigatória é

essencial para manter a mente e o corpo saudáveis (KOSHINO et al., 2006).

Segundo Ikebe et al (2007), a função sensorial oral reduzida, a diminuição da

força oclusal e da salivação parecem estar associadas ao desempenho mastigatório

prejudicado de idosos usuários de prótese total.

Diante dos aspectos envolvidos na adaptação das próteses, dos quais vários

estão relacionados com a musculatura, é importante identificarmos as causas das

alterações miofuncionais (CUNHA, FELÍCIO & BATAGLION, 1999).

Deve-se enfocar a importância da relação interdisciplinar quanto ao

diagnóstico e às terapias fonoaudiológicas, proporcionando uma adequada

adaptação da prótese total do paciente, e a necessidade de uma adequação da

musculatura oral e das funções de mastigação e deglutição, através de exercícios

miofuncionais, favorecendo assim sua saúde oral (CUNHA, ZUCCOLOTTO &

BATAGLION, 1999).

O acompanhamento após instalação das próteses é de vital importância para

o conforto e satisfação das mesmas (FAJARDO et al., 2002).

A atuação conjunta dos profissionais é favorável no processo reabilitador, pois

são obtidos resultados mais satisfatórios quanto à mastigação, fala e estética, assim

como o conforto e a funcionalidade das próteses (CUNHA et al., 2003).

Page 31: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

29

Estudo revela que poucos dentistas recorrem ao trabalho fonoaudiológico na

adaptação de próteses dentária totais em idosos, havendo escassez de

conhecimento por parte dos dentistas em relação a esse trabalho. Quando há

encaminhamento, o principal motivo é a fala (OLIVEIRA et al., 2005).

O exame clínico desses sujeitos deve compreender a avaliação miofuncional

oral, para que se possa identificar as alterações musculares que comprometem a

adaptação funcional. A terapia miofuncional pode facilitar a adaptação das próteses,

restaurando a possibilidade de realizar as funções estomatognáticas de modo

equilibrado e compatível com a presença das próteses na cavidade oral (FELÍCIO &

CUNHA, 2005).

A função mastigatória pode apresentar prejuízos decorrentes da disfunção

temporomandibular (DTM), quadro complexo que envolve os músculos mastigatórios

e/ou a articulação temporomandibular (BERRETIN-FELIX et al., 2005). Segundo

Celic, Jerolimov e Knezoviczlataric (2004), os movimentos mandibulares foram

extensivamente analisados no passado por razões protéticas, e recentemente para

analisar a função do SE. A DTM é freqüente causa da limitação dos movimentos

mandibulares e é caracterizada por restrição, desvio, e limitação desses padrões,

incluindo a variação do movimento, os desvios frontais, a limitada extrusão lateral,

etc.

Um estudo para investigar a amplitude dos movimentos mandibulares, foi

realizado em uma população masculina de jovens, composta por pacientes

assintomáticos e pacientes com diagnóstico de DTM, num total de 180 pacientes

com idades de 19 a 28 anos. Os resultados deste estudo demonstraram diferenças

Page 32: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

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clínicas significantes entre os pacientes com DTM e os controles saudáveis na

mensuração da abertura máxima da boca (p = 0.016), entre as variações dos

movimentos protrusivos (p = 0.002) e laterais para a direita (p = 0.003) e para

esquerda (p = 0.006), indicando que as diferenças na variação dos movimentos

mandibulares nitidamente separaram os sujeitos assintomáticos e os pacientes com

desordens temporomandibulares (CELIC, JEROLIMOV & KNEZOVICZLATARIC,

2004).

Berretin-Felix et al (2005), em estudo para avaliar a atividade eletromiográfica

do músculo masseter durante a mastigação habitual de pão, maçã, banana,

castanha de caju e folha de parafilme (Parafilm M) em 25 indivíduos adultos com

DTM e em 15 indivíduos adultos livres de sinais e/ou sintomas de DTM, concluíram

que o comportamento dos músculos mastigatórios em indivíduos com DTM durante

a mastigação habitual é semelhante à verificada em indivíduos sem disfunção, já

que não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os

indivíduos do grupo controle e com DTM no que diz respeito à duração do ato e do

ciclo mastigatório, bem como o número de ciclos, considerando todos os materiais

utilizados para a mastigação.

Em estudo realizado com 20 sujeitos com desordem temporomandibular

(grupo com DTM) e 10 do grupo controle, com o objetivo de compará-los quanto à

mastigação e analisar as variáveis relacionadas, foi verificado predominância do tipo

mastigatório bilateral no grupo controle, e tendência ao tipo mastigatório unilateral no

grupo com DTM. O tempo mastigatório e a severidade da DTM foram

correlacionados positivamente, ou seja, quanto mais severa a DTM maior o tempo

mastigatório; já o tipo mastigatório e o número de interferências oclusais foram

correlacionados negativamente, indicando que quanto maior o número de

Page 33: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

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interferências oclusais, mais distante do padrão fisiológico normal. Foi concluído que

no grupo com DTM a mastigação diferiu do padrão fisiológico normal; e o número de

interferências oclusais e a severidade da DTM foram as variáveis correlacionadas à

mastigação (FELÍCIO et al., 2007).

Felício, Fernandes e Silva (2005), concluíram que não houve relação entre a

preferência mastigatória unilateral e as medidas do movimento de excursão lateral

da mandíbula. O estudo foi realizado com 30 sujeitos: 20 sujeitos com DTM, sendo

10 de próteses parciais de substituição (Grupo P) e 10 com dentição natural (Grupo

D), e outros 10 sujeitos formaram o grupo controle (C), sem sinais e sintomas de

DTM. Neste estudo foi possível verificar que o grupo controle distinguiu-se dos

grupos com DTM por apresentar predomínio da função mastigatória bilateral,

movimentos de lateralidade simétricos, maiores médias das medidas de lateralidade,

menor tempo para consumir o alimento e menores escores atribuídos a dificuldade

para mastigar. Distinguiu-se ainda do grupo P por apresentar menor ocorrência de

interferências oclusais e do grupo D por apresentar maior número de dentes

posteriores. Não houve diferença significativa entre os grupos D e P quanto aos

aspectos analisados. Quanto aos julgamentos de dificuldade para mastigar e

severidade da dor, a correlação foi direta e significante em ambos os grupos com

DTM. Os autores colocam que fatores oclusais, como ausências dentárias e

interferências oclusais; e sintomas da DTM, isoladamente ou em conjunto, podem

contribuir para alteração da função mastigatória, e até para a restrição do movimento

lateral da mandíbula.

Gil e Nakamae (1998), realizaram estudo com a finalidade de analisar

comparativamente a severidade de sinais e sintomas das desordens

craniomandibulares (DCM) em 102 pacientes divididos em três grupos de 34

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pessoas, assim constituídos: a) portadores de prótese parcial removível corretiva

para arcos com ausência unilateral de dentes inferiores (classe II de Kennedy); b)

edentados unilaterais inferiores, sem tratamento protético (ausência unilateral de

dentes naturais ou artificiais); e c) pacientes com todos os elementos dentais. Todos

os indivíduos estudados apresentavam alguma queixa de dor facial ou desconforto

muscular. Foi utilizado o índice craniomandibular (ICM) que permitiu avaliar com

segurança sinais e sintomas das desordens craniomandibulares (DCM), mostrando

que os pacientes edentados unilaterais posteriores inferiores sem PPR

apresentaram maior grau de severidade dos sinais e sintomas das DCM, quando

comparados com os demais grupos estudados. Concluíram que a possível

instalação de uma PPR em pacientes edentados unilaterais inferiores poderá

diminuir ou eliminar os sinais e sintomas disfuncionais.

Posteriormente, Gil e Nakamae (1999), realizaram outro estudo com o

objetivo de comparar a severidade dos sinais e sintomas das desordens

craniomandibulares em 29 pacientes edentados parciais unilaterais, submetidos a

tratamento protético corretivo, acompanhados e avaliados longitudinalmente, por

meio de investigação clínica, dois anos após a instalação da prótese parcial

removível. Pode-se concluir, que os pacientes apresentavam uma prevalência

significativamente maior na severidade das desordens craniomandibulares antes do

tratamento protético e que o tratamento corretivo por meio da instalação de prótese

parcial removível (PPR) bem indicada e planejada, atuou positivamente na

diminuição da severidade destes distúrbios nesses pacientes.

Segundo Ribeiro et al (2002), a perda dos dentes e o uso de próteses totais

não influenciam na presença de sintomas de DCM. Em estudo realizado para avaliar

a prevalência de sintomas de disfunção craniomandibular (DCM) em sessenta

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pacientes desdentados totais portadores de próteses totais duplas (Grupo 1)

comparados com sessenta pacientes dentados naturais (Grupo 2), foi possível

observar que 55% dos desdentados portadores de prótese total e 61,7% dos

dentados naturais apresentavam algum grau de DCM. Contudo, essa diferença

observada não foi comprovada estatisticamente.

Ribeiro et al (2003), avaliaram a prevalência de queixas de dificuldades de

movimentação vertical e lateral, cansaço ou dor muscular quando mastiga, dor de

cabeça, dor na nuca e torcicolo, dor de ouvido, ruídos na ATM e hábito de apertar ou

ranger dentes em pacientes desdentados totais portadores de próteses totais duplas

e comparou com pacientes dentados naturais. Foi verificado que os sintomas de

DCM apareceram de maneira similar entre os dois grupos, exceto para dor de

ouvido, que foi mais freqüente no grupo dos desdentados; e o sintoma mais

freqüente, tanto para desdentados como nos dentados foi a dor na nuca (55% e

51,6% respectivamente).

Page 36: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

34

4. METODOLOGIA

Esta pesquisa foi realizada após processos éticos pertinentes: análise e

aprovação pela Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Veiga de Almeida,

sob o número 79/07, sendo considerada sem risco e com necessidade de Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

Trata-se de pesquisa exploratória de corte transversal.

4.1. PARTICIPANTES

Fizeram parte desta pesquisa, 53 indivíduos, de ambos os gêneros, com

idade entre 42 anos e 67 anos, divididos em dois grupos:

G1: 32 indivíduos usuários de prótese dentária total e/ou parcial removível

G2: 21 indivíduos não usuários de prótese dentária total e/ou parcial

removível.

Foram excluídos dessa pesquisa os indivíduos que:

- apresentaram quaisquer déficits neurológicos e cognitivos;

- apresentaram deformidades dentofaciais;

- foram submetidos a tratamento fonoaudiológico;

Page 37: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

35

- apresentaram sintoma de dor e desconforto na região temporomandibular,

dentes, periodonto, rebordos edêntulos e ossos maxilares;

- apresentaram algum tipo de patologia ou lesões bucais que pudessem

interferir na mastigação;

- apresentaram menos que 20 dentes naturais ou substituídos por prótese;

- apresentaram ausência de elemento dentário (natural ou prótese),

ocasionando falha de contato dentário posterior e/ou anterior.

1. Grupo de Pesquisa: G1

O Grupo de pesquisa foi constituído por 32 indivíduos, entre 42 anos e 67 anos, de

ambos os gêneros, usuários de prótese total e/ou parcial removível proveniente da

Clínica de Odontologia da Universidade Veiga de Almeida (UVA) e da Policlínica de

Referência do Centro Universitário Vila Velha (UVV), sendo obedecidos os seguintes

critérios de inclusão:

- tempo mínimo de uso das próteses – 1 mês

- tempo máximo de uso das próteses – 5 anos

- apresentassem estabilidade das próteses, relatadas pelo paciente como

estável e sem queixas específicas.

2. O Grupo Controle: G2

O Grupo controle foi constituído por 21 indivíduos, entre 43 anos e 63 anos,

de ambos os gêneros, não usuários de prótese total nem de prótese parcial

removível, balanceados quanto à faixa etária e gênero, que voluntariamente

concordaram em participar dessa pesquisa.

Page 38: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

36

4.2. MATERIAL

- Termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 1)

- Avaliação de seleção (Apêndice 2), com base nos critérios de exclusão e

inclusão.

- Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial para Usuários de Próteses

Dentárias (KALIL, CAVALCANTI & BIANCHINI, 2008). (Anexo 1).

- Protocolo de levantamento de dados (Apêndice 3)

- Filmadora digital SONY DCR-SR100

- DVD-R/CD-R

- Paquímetro digital 150/0,01mm PANTEC modelo 11108-150-1

- Cronômetro CRONOBIO SW2018

- Luvas

- Pão de sal

4.3. PROCEDIMENTO

Todos os participantes desse estudo foram esclarecidos quanto aos objetivos

e procedimentos dessa pesquisa, e assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (Apêndice 1).

Inicialmente foi realizado levantamento dos usuários de prótese da Clínica de

Odontologia da UVA que estavam realizando atendimento no período de agosto de

2006 a abril de 2007. Foi tentado contato telefônico com os pacientes selecionados

para solicitar a presença na Clínica para a realização da pesquisa. Concomitante foi

realizado o mesmo procedimento na Policlínica de Referência UVV.

Page 39: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

37

Todos os participantes foram avaliados individualmente pela pesquisadora.

Foi aplicada a avaliação de seleção (Apêndice 2), contemplando os critérios

de exclusão e inclusão, onde a pesquisadora realizou entrevista com o participante,

avaliação clínica por meio de observação do estado geral do paciente e das

estruturas do sistema estomatognático.

Os indivíduos, então selecionados, foram avaliados utilizando-se o protocolo

de avaliação miofuncional para usuários de prótese dentária (anexo 1). Visando a

criação de banco de dados, todos os itens foram verificados. Foi elaborado um

protocolo de levantamento de dados (Apêndice 3) especialmente voltado para os

itens de interesse do presente estudo, sendo esses tabulados e analisados

conforme detalhamento abaixo:

- Para a avaliação das estruturas do sistema estomatognático foi realizada

avaliação clínica constando de observação, palpação e medição com paquímetro.

- Para a avaliação da função mastigatória foi utilizado pão de sal e solicitado

ao participante que mastigasse cinco porções de forma habitual. Foi desprezada a

primeira porção para análise, uma vez que o participante poderia direcionar a

mastigação de forma atenta e controlada por estar em início de situação de

avaliação e filmagem. Nas quatro porções seguintes foi anotado o tempo e número

de ciclos de cada porção e realizada a média em relação a cada uma dessas

variáveis.

O participante foi devidamente documentado em vídeo, sendo fotografado de

frente e perfil, e filmado durante a realização da mastigação para possibilitar análise

e verificação posterior, assim como para viabilizar banco de dados, disponível para

consulta.

Ao final da avaliação o participante foi dispensado.

Page 40: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

38

4.4. OBTENÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DADOS

As características levantadas foram classificadas da seguinte forma para

posterior tratamento estatístico:

I - Caracterização da prótese

As próteses foram classificadas quanto ao tipo como: Prótese Total

Removível Superior, Prótese Total Removível Inferior, Prótese Parcial Removível

Superior e Prótese Parcial Removível Inferior; e descritas quanto ao tempo de uso

da prótese atual em meses, considerando-se desde o início da adaptação.

II- Dados da avaliação

A - Caracterização das estruturas orofaciais

Foi realizada a caracterização das estruturas orofaciais com classificação em

normal ou alterado. As estruturas analisadas foram:

Lábios

Foram classificados como alterados quando se observou hipotonia ou

hipertonia funcional.

Considerou-se hipotonia funcional, quando apresentaram postura habitual de

boca aberta ou entreaberta e quando, no teste do orbicular da boca para se verificar

força contra resistência solicitando contração da musculatura contra resistência dos

dedos do examinador, foi observado ausência de força ou força diminuída.

Considerou-se hipertonia funcional, quando apresentaram postura habitual de

boca fechada com esforço caracterizado por presença de lábios estirados ou com

tensão de musculatura perioral e quando, no teste do orbicular da boca, foi

observada força aumentada ou excessiva.

Page 41: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

39

Foram classificados como normais quando apresentaram postura habitual de

boca fechada sem esforço e quando, no teste do orbicular da boca, foi observado

presença de força e facilidade em executar a prova.

Bochechas

Foram classificadas como alteradas quando se observou hipotonia ou

hipertonia funcional.

Considerou-se hipotonia funcional quando no teste do bucinador, ao ser

solicitada força de músculo bucinador contra resistência do dedo indicador do

examinador, foi observada ausência de força ou força diminuída;

Considerou-se hipertonia funcional quando, no teste do bucinador, foi

observada força aumentada ou excessiva.

Foram classificadas como normais quando, no teste em questão, foi

observada presença de força e facilidade em executar a prova.

Língua

Foi classificada como alterada quando se observou postura anteriorizada de

língua.

Considerou-se postura anteriorizada, quando a língua apresentou a postura

interdental e/ou o apoio sobre os dentes anteriores.

Foi classificada como normal quando não foi observada postura anteriorizada

de língua.

Mentual

Foi classificado como alterado quando, em repouso, foi constatada

visualmente a contração da musculatura.

Foi classificado como normal quando, em repouso, não foi constatada

visualmente a contração da musculatura.

Page 42: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

40

Masseter

Foi solicitado ao participante que fizesse um apertamento dental para a

verificação perceptual da contração muscular por meio de toque com a ponta dos

dedos indicador e médio do examinador sobre os músculos, bilateralmente.

Foi classificado como alterado, quando constatada contração assimétrica, ou

seja, a contração exercida pela musculatura foi considerada menor ou insatisfatória

em um dos lados, assinalando-se o lado de melhor desempenho no protocolo de

levantamento de dados.

Foi classificado como normal, quando constatada contração equilibrada, ou

seja, a contração exercida pela musculatura foi considerada presente em ambos os

lados e simétrica.

B – Caracterização dos Movimentos Mandibulares

Abertura e fechamento

Foi verificada a amplitude, desvios no percurso e presença de ruídos

articulares perceptíveis à inspeção clínica.

Foi classificado como alterado, quando houve presença de desvios e/ou

ruídos.

Foi classificado como normal, quando não apresentou desvios e ruídos.

Abertura máxima

Foi solicitado ao participante para forjar um bocejo e manter a boca aberta em

sua abertura máxima. Utilizando o paquímetro, a amplitude máxima foi medida

considerando-se a distância obtida entre os incisivos superiores e inferiores,

somando-se a marcação da sobremordida. Foi utilizado como referência o intervalo

entre 40 mm e 55 mm (BIANCHINI, 2000).

Page 43: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

41

Foi classificada como alterada quando se constatou amplitude reduzida, ou

amplitude aumentada. Ou seja, sempre que a medida obtida foi menor que 40 mm,

ou sempre que foi maior que 55 mm, respectivamente.

Foi classificado como normal quando constatada a amplitude de referência,

entre 40 mm e 55 mm.

Lateralidade Direita e Esquerda

Inicialmente foi verificada a linha média dentária inter-incisivos centrais,

observando se a linha média superior era coincidente com a inferior. Em caso de

discrepância foi medido o desvio de linha média e considerado o cálculo para

obtenção da lateralidade (BIANCHINI, 2000).

Para a verificação da amplitude de lateralidade do movimento mandibular, foi

solicitado o movimento de lateralidade máxima com a mandíbula, usando como

referência o contato dental, e medida a distância entre a linha média superior e a

inferior, separadamente para o lado direito e para o lado esquerdo.

Foi utilizado como referência o intervalo entre 7 mm a 11 mm (BIANCHINI,

2000).

Foi classificado como alterado quando constatada amplitude reduzida, ou

seja, sempre que a medida obtida foi menor que 7 mm; ou amplitude aumentada,

sempre que maior que 11 mm.

Foi classificado como normal quando constatada a amplitude de referência,

entre 7 mm a 11 mm.

Protrusão

Foi verificada a protrusão máxima medindo-se a distância entre as faces

vestibulares do incisivo central superior e incisivo central inferior, com o paquímetro,

na altura do plano oclusal, com o movimento mandibular protrusivo, mantendo como

Page 44: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

42

referência o contato dental, somando-se a medida da sobressaliência. Foi utilizado

como referência o intervalo entre 7 mm a 11 mm (BIANCHINI, 2000).

Foi classificado como alterado quando apresentada amplitude reduzida, ou

seja, sempre que a medida obtida foi menor que 7 mm, ou amplitude aumentada,

sempre que maior que 11 mm.

Foi classificado como normal quando constatada a amplitude de referência,

entre 7 mm a 11 mm.

C – Caracterização da Mastigação

Tipo de corte

Foi verificado o corte do alimento e classificado como: anterior, lateral, com a

mão, rasga.

Foi caracterizado como corte anterior, quando realizado na região anterior,

com incisivos centrais e laterais. Corte lateral, quando realizado na região lateral,

pelos incisivos laterais em conjunto com os caninos e até pré-molares, ou quando

realizado na região posterior, pelos pré-molares e molares. Com a mão, quando o

participante partiu o alimento com as mãos antes de posicioná-lo entre os dentes,

não ocorrendo a fase incisal da mastigação. Rasga, quando foi observado que o

participante posiciona o alimento entre os dentes, mas não realizou a atividade de

corte, utilizando os dentes como alavanca para rasgar o alimento (WHITAKER,

2005).

Foi classificado como alterado quando observado: corte lateral, rasga e com a

mão.

Foi classificado como normal quando apresentado o corte anterior.

Postura dos lábios durante a mastigação

Foi classificada como alterada quando apresentou postura de lábios aberta.

Page 45: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

43

Foi classificada como normal quando apresentou postura de lábios fechada.

Tempo de mastigação

O tempo de cada uma das cinco porções solicitadas foi cronometrado e

registrado, acionando-se o cronômetro no início da fase incisal e desligado quando

se iniciou a primeira deglutição, observada pela elevação da laringe (WHITAKER,

2005). O tempo a ser tabulado foi a média dos valores obtidos para cada sujeito

descartando-se a 1ª porção.

Número de ciclos

Foi contado e registrado o número de ciclos mastigatórios de cada porção,

considerando-se desde o primeiro ciclo mastigatório até o início da primeira

deglutição. O número de ciclos a ser tabulado foi a média dos valores obtidos para

cada sujeito descartando-se a 1ª porção.

Tipo de mastigação

Foi classificado em unilateral e bilateral. Para essa classificação, foi

contabilizado o número de ciclos realizados em cada lado (direito e esquerdo) nas

quatro porções analisadas. A mastigação foi considerada como unilateral quando

houve mais de 66% dos ciclos mastigatórios em um mesmo lado, no total das 4

porções. Foi considerada bilateral quando apresentou menos que 66% dos ciclos

mastigatórios no total das 4 porções (WHITAKER, 2005).

D – Caracterização da deglutição do alimento mastigado

Com pressionamento

Foi classificado como alterado quando se observou, no momento da

deglutição, pressionamento de lábio e/ou língua.

Foi classificado como normal quando não se observou o pressionamento de

lábio e/ou língua.

Page 46: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

44

Movimento de cabeça

Foi classificado como alterado, quando se observou, no momento da

deglutição, movimento associado da cabeça.

Foi classificado como normal quando não se observou o movimento

associado da cabeça.

Deglutição

Foi classificada como alterada, quando apresentou alteração em um ou nos

dois itens anteriores.

Foi classificada como normal, quando não foram observados os itens

anteriores.

4.5. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística foi realizada conforme a seguinte apresentação:

A parte descritiva consta de cálculo das medidas-resumo, a seguir

mencionadas:

a) variáveis paramétricas (quantitativas): média aritmética simples, desvio-

padrão, intervalo de confiança, valores mínimo e máximo;

b) variáveis não-paramétricas (qualitativas): tabela de freqüência absoluta e

freqüência relativa (percentual).

A parte analítica consta de aplicação dos testes, a seguir mencionados.

A comparação dos resultados entre G1 e G2 foi realizada por meio dos testes

de: Mann-Whitney, teste não paramétrico para amostras independentes e visando

comparação de variáveis duas-a-duas; Teste de Igualdade de Duas Proporções,

não paramétrico que compara se a proporção de respostas de duas determinadas

Page 47: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

45

variáveis e/ou seus níveis é estatisticamente significante; e Intervalo de Confiança

para Média, técnica utilizada para verificar o quanto a média pode variar numa

determinada probabilidade de confiança.

A avaliação do grau de relação entre as variáveis de cada grupo foi realizada

através da Correlação de Spearman e do Teste de Correlação.

A Correlação de Spearman baseia-se na ordenação de duas variáveis sem

qualquer restrição quanto a distribuição de valores, ou seja, mais utilizado para

dados não paramétricos.

Essa técnica serve para mensurar o quanto as variáveis estão interligadas, ou

seja, o quanto uma está relacionada com a outra. Os resultados são dados em

percentual, e pode-se ter valores positivos e negativos.

Quando a correlação for positiva significa que à medida que uma variável

aumenta seu valor, a outra correlacionada a esta, também aumenta

proporcionalmente. Porém se a correlação for negativa implica que as variáveis são

inversamente proporcionais, ou seja, a medida que uma cresce a outra decresce, ou

vice versa.

Para se determinar a correlação, é utilizada a escala de classificações abaixo.

O Teste de Correlação foi utilizado como no caso da média e variância, para

testar o coeficiente de correlação entre duas variáveis.

O Teste Qui-Quadrado para Independência, teste não paramétrico foi

utilizado para se verificar se duas variáveis e seus níveis possuem ou não uma

Péssimo Ruim Regular Boa Ótima

0% 20 40 60 80 100

Page 48: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

46

dependência (associação) estatística. A relação entre lateralidade e tipo mastigatório

de cada grupo, separadamente, foi realizada por meio do teste.

Foi definido para este trabalho um nível de significância de 0,05 (5%).

Lembramos também que todos os intervalos de confiança foram construídos com

95% de confiança estatística.

Para a análise estatística foram utilizados os softwares: SPSS V11.5, Minitab

14 e Excel XP.

Page 49: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

47

5. RESULTADOS

Os resultados serão apresentados em duas partes: a primeira refere-se à

caracterização da amostra e comparação entre G1 e G2 referente aos dados

coletados; a segunda refere-se à avaliação do grau de relação entre as variáveis de

interesse de cada grupo.

A tabela 1 mostra a descrição dos protocolos pesquisados e número final de

participantes para G1.

Tabela 1: Descrição dos protocolos pesquisados e número final de participantes para G1

Freqüência absoluta

Freqüência relativa

Prontuários selecionados 165 100% Não localizados/contactados 53 32,1%

Usuários de prótese fixa 18 10,9% Não quiseram colaborar 21 12,7%

Não terminaram tratamento/sem prótese 12 7,3%

Marcados e faltaram 03 1,8% Compareceram para avaliação 58 35,2% Excluídos da pesquisa pelos

critérios de exclusão 26 15,8%

Selecionados - N 32 19,4%

Page 50: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

48

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA E COMPARAÇÃO DOS

GRUPOS QUANTO AOS DADOS COLETADOS

Caracterização da amostra

A tabela 2 mostra a caracterização dos grupos em relação à idade.

Tabela 2: Distribuição dos participantes e caracterização dos grupos em relação à idade

* Teste de Mann-Whitney

A análise mostra diferença estatisticamente não significante, ou seja, os

grupos são homogêneos quanto a variável idade, confirmando que a variável foi

controlada.

A tabela 3 mostra a caracterização dos grupos em relação ao gênero.

Tabela 3: Distribuição dos participantes e caracterização dos grupos em relação ao gênero

G1 G2 Gênero Qtde % Qtde %

p-valor*

Feminino 24 75,0% 12 57,1%Masculino 8 25,0% 9 42,9%

0,173

* Teste de Igualdade de duas proporções

Verifica-se que não há diferença estatisticamente significante entre os grupos

referente à variável gênero, confirmando que a variável foi controlada.

Idade G1 G2 Média 55,31 51,48

Mediana 55 52 Desvio Padrão 7,35 5,69

CV 13,3% 11,1% N 32 21 IC 2,55 2,43

p-valor* 0,066

Page 51: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

49

Caracterização dos tipos de próteses em G1

Neste item foi analisado somente o G1, ou seja, os usuários de próteses.

A tabela 4 mostra a distribuição absoluta e relativa dos participantes de G1

quanto ao tipo de prótese: Prótese Parcial Removível (PPR) e Prótese Total (PT), e

localização: Prótese Superior (PS) e Prótese Inferior (PI).

Tabela 4: Distribuição absoluta e relativa dos participantes de G1 quanto ao tipo de prótese e

localização.

PS PI Prótese Qtde % Qtde %

Nenhum 3 9,4% 8 25,0% PPR 11 34,4% 16 50,0% PT 18 56,3% 8 25,0%

Prótese Parcial Removível (PPR) e Prótese Total (PT), Prótese Superior (PS) e Prótese Inferior (PI).

A tabela 5 mostra a análise estatística referente às comparações entre os

tipos de próteses.

Tabela 5: Análise estatística quanto aos p-valores das comparações entre os tipos de próteses

Prótese Nenhum PPR PPR 0,016* PS PT <0,001* 0,079

PPR 0,039* PI PT 1,000 0,039*

Prótese Parcial Removível (PPR) e Prótese Total (PT), Prótese Superior (PS) e Prótese Inferior (PI).

* Diferença estatisticamente significante

Em relação às próteses superiores, predominam as próteses totais com

56,3%, porém segundo análise estatística expressa na tabela de p-valores não foi

obtida diferença estatisticamente significante em relação ao percentual de próteses

parciais removíveis com 34,4%.

Page 52: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

50

Referente às próteses inferiores, o percentual mais prevalente foi de próteses

parciais removíveis com 50,0%. Segundo análise estatística expressa na tabela de

p-valores foi obtida diferença estatisticamente significante.

A tabela 6 mostra a distribuição dos participantes de G1 referente ao tempo

de uso das próteses superiores e inferiores, expresso em meses.

Tabela 6: Distribuição dos participantes de G1 referente ao tempo de uso das próteses superiores e

inferiores.

Prótese Tempo PS Tempo PI Média 31,6 33,3

Mediana 24 30 Desvio Padrão 20,7 21,2

Min 2 2 Max 60 60

Intervalo de Confiança 7,5 8,5

N 29 24 Prótese Superior (PS) e Prótese Inferior (PI).

Caracterização das estruturas orofaciais

A tabela 7 mostra a caracterização das estruturas orofaciais analisadas para

os 2 grupos em questão.

Tabela 7: Caracterização das estruturas orofaciais para os 2 grupos analisados

G1 G2 Estruturas Qtde % Qtde %

p-valor*

Alterado 3 9,4% 0 0,0% Lábios Normal 29 90,6% 21 100%

0,149

Alterado 5 15,6% 1 4,8% Bochechas Normal 27 84,4% 20 95,2%

0,222

Alterado 4 12,5% 0 0,0% Língua Normal 28 87,5% 21 100%

0,092

Alterado 5 15,6% 1 4,8% Mentual Normal 27 84,4% 20 95,2%

0,222

Alterado 6 18,8% 0 0,0% Masseter Normal 26 81,3% 21 100%

0,035**

* Teste de Igualdade de duas proporções ** Diferença estatisticamente significante

Page 53: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

51

Verifica-se que, somente no resultado referente ao músculo masseter existe

diferença estatisticamente significante entre os percentuais dos grupos 1 e 2, onde

G1 possui maior porcentagem de sujeitos com alteração e G2 maior percentual de

sujeitos sem alterações nesse músculo.

Caracterização dos Movimentos Mandibulares

A tabela 8 mostra a caracterização dos movimentos mandibulares para os 2

grupos em questão.

Tabela 8: Caracterização dos movimentos mandibulares para os 2 grupos analisados.

G1 G2 Movimentos Mandibulares Qtde % Qtde %

p-valor*

Alterado 12 37,5% 11 52,4%Abertura Normal 20 62,5% 10 48%

0,285

Alterado 10 31,3% 4 19,0%fechamento Normal 22 68,8% 17 81%

0,324

Alterado 8 25,0% 4 19,0%abertura máxima Normal 24 75,0% 17 81%

0,613

Alterado 16 50,0% 7 33,3%lateralidade esquerda Normal 16 50,0% 14 67%

0,231

Alterado 17 53,1% 9 42,9%lateralidade direita Normal 15 46,9% 12 57%

0,465

Alterado 17 53,1% 7 33,3%Protrusão Normal 15 46,9% 14 67%

0,157

* Teste de Igualdade de duas proporções

Verifica-se que não existe diferença estatística entre os percentuais dos dois

grupos para todos os movimentos mandibulares dirigidos analisados, ou seja, os

grupos apresentaram resultados estatisticamente semelhantes para a caracterização

dos movimentos mandibulares.

Page 54: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

52

Caracterização da Mastigação

A tabela 9 mostra a caracterização do corte do alimento para os 2 grupos

analisados.

Tabela 9: Caracterização do corte do alimento para os 2 grupos analisados

G1 G2 Corte Qtde % Qtde %

p-valor*

Alterado 23 71,9% 2 9,5%Normal 9 28,1% 19 90%

<0,001**

* Teste de Igualdade de duas proporções

** Diferença estatisticamente significante

Verifica-se que G1 possui maior percentual de participantes que apresentam

corte alterado do que G2, que por sua vez possui maior porcentagem de

participantes que apresentam corte normal. As diferenças são estatisticamente

significantes.

A tabela 10 mostra a caracterização do tipo mastigatório para os 2 grupos

analisados.

Tabela 10: Caracterização do tipo mastigatório para os 2 grupos analisados

G1 G2 Tipo Qtde % Qtde %

p-valor*

Bilateral 15 46,9% 12 57,1%Unilateral 17 53,1% 9 43%

0,465

* Teste de Igualdade de duas proporções

Verifica-se que embora exista pequena diferença dos percentuais entre os

grupos, as mesmas não são consideradas estatisticamente significantes.

Page 55: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

53

A tabela 11 mostra a caracterização da mastigação quanto à postura dos

lábios para os 2 grupos analisados. Verifica-se padrão normal para todos os

participantes tanto de G1 quanto de G2.

Tabela 11: Caracterização da postura dos lábios durante a mastigação

G1 G2 Postura lábios Qtde % Qtde %

Normal 32 100% 21 100%Alterado 0 0% 0 0%

A tabela 12 mostra a caracterização dos participantes dos grupos para tempo

e número de ciclos mastigatórios durante a mastigação.

Tabela 12: Comparação dos grupos para tempo e número de ciclos mastigatórios

tempo (seg.) número de ciclos Mastigação

G1 G2 G1 G2 Média 22,07 19,06 22,06 21,43

Mediana 21,64 19,84 19,25 21,5 Desvio Padrão 7,47 4,94 10,65 6,73

N 32 21 32 21 Intervalo de Confiança 2,59 2,11 3,69 2,88

p-valor* 0,237 0,750 * Teste de Mann-Whitney

Verifica-se que, embora existam mínimas diferenças entre os grupos tanto

para tempo quanto para número de ciclos, as mesmas não podem ser consideradas

estatisticamente significantes.

Page 56: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

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Caracterização da deglutição do alimento mastigado

A tabela 13 mostra a caracterização dos grupos em relação à deglutição.

Tabela 13: Caracterização dos grupos em relação à deglutição

G1 G2 Deglutição Qtde % Qtde %

p-valor*

Alterado 21 65,6% 12 57,1%Normal 11 34,4% 9 43%

0,533

* Teste de Igualdade de duas proporções

Verifica-se que não existe diferença estatisticamente significante entre os

resultados quanto à deglutição para os dois grupos.

5.2 AVALIAÇÃO DO GRAU DE RELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS DE

CADA GRUPO

Visando a verificação das hipóteses quanto à correlação entre as variáveis

foram realizados alguns cruzamentos de dados, a seguir descritos.

A partir das tabelas gerais e codificação das variáveis qualitativas (Anexo 2)

foram construídas as correlações descritas nas tabelas de número 14 a 18 e 21 a

24.

A tabela 14 mostra o grau de relação entre as alterações das estruturas

orofaciais e tempo de uso da prótese, somente para G1.

Page 57: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

55

Tabela 14: Grau de relação entre as estruturas orofaciais e tempo de uso da prótese

Par de variáveis Prótese Correlação* p-valor** PS -19,9% 0,275 Lábios x tempo de

uso da prótese PI -9,4% 0,609 PS -43,2% 0,013*** Bochechas x tempo

de uso da prótese PI 2,4% 0,898 PS -28,9% 0,109 Língua x tempo de

uso da prótese PI -14,5% 0,428 PS -21,1% 0,245 Mentual x tempo de

uso da prótese PI -14,6% 0,424 PS -0,4% 0,981 Masseter x tempo de

uso da prótese PI -17,1% 0,349 Prótese Superior (PS) e Prótese Inferior (PI) * Correlação de Spearman ** Teste de Correlação *** Diferença estatisticamente significante

Verifica-se somente correlação estatisticamente significante entre bochecha e

tempo de uso da prótese para prótese superior, indicando que os participantes com

menor tempo de uso de prótese superior são os que mais apresentam alterações de

bochecha.

A tabela 15 mostra a relação entre as estruturas orofaciais e o tipo

mastigatório. Vale ressaltar que foi possível o cruzamento de dados apenas para os

grupos onde ocorreu percentual de alteração.

Tabela 15: Grau de relação entre as estruturas orofaciais e o tipo mastigatório

Par de variáveis GRUPO Correlação* p-valor** G1 12,8% 0,487 Lábios x tipo

mastigatório G2 - - G1 11,3% 0,537 Bochechas x tipo

mastigatório G2 -25,8% 0,258 G1 21,3% 0,242 Língua x tipo

mastigatório G2 - - G1 -23,2% 0,202 Mentual x tipo

mastigatório G2 19,4% 0,400 G1 3,0% 0,870 Masseter x tipo

mastigatório G2 - - * Correlação de Spearman ** Teste de Correlação

Page 58: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

56

Não foram observadas correlações entre as alterações das estruturas

orofaciais e tipo mastigatório, ou seja, a presença de alteração nas estruturas

orofaciais parece não interferir no tipo mastigatório.

As tabelas 16 e 17 mostram o grau de relação entre as estruturas orofaciais e

tempo e ciclos mastigatórios, respectivamente. Vale ressaltar que foi possível o

cruzamento de dados apenas para os grupos onde ocorreu percentual de alteração.

Tabela 16: Grau de relação entre as estruturas orofaciais e tempo mastigatório

Par de variáveis GRUPO Correlação* p-valor** G1 0,6% 0,975 Lábios x tempo

mastigatório G2 - - G1 -19,6% 0,283 Bochechas x tempo

mastigatório G2 7,4% 0,750 G1 14,3% 0,434 Língua x tempo

mastigatório G2 - - G1 6,1% 0,742 Mentual x tempo

mastigatório G2 -22,2% 0,334 G1 0,9% 0,962 Masseter x tempo

mastigatório G2 - - * Correlação de Spearman ** Teste de Correlação Tabela 17: Grau de relação entre as estruturas orofaciais e ciclos mastigatórios

Par de variáveis GRUPO Correlação* p-valor** G1 0,6% 0,975 Lábios x ciclos

mastigatórios G2 - - G1 -12,6% 0,492 Bochechas x ciclos

mastigatórios G2 -9,2% 0,690 G1 6,7% 0,717 Língua x ciclos

mastigatórios G2 - - G1 14,9% 0,415 Mentual x ciclos

mastigatórios G2 -20,3% 0,377 G1 17,4% 0,342 Masseter x ciclos

mastigatórios G2 - - * Correlação de Spearman ** Teste de Correlação

Page 59: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

57

Não foram observadas correlações entre as variáveis propostas, ou seja, a

presença de alteração nas estruturas orofaciais parece não interferir no tempo e no

número de ciclos mastigatórios.

A tabela 18 mostra a relação entre os movimentos mandibulares e o tempo de

uso da prótese

Tabela 18: Grau de relação entre os movimentos mandibulares e o tempo de uso da prótese

Par de variáveis Prótese Correlação* p-valor** PS 12,3% 0,501 Abertura x tempo de uso

da prótese PI -22,3% 0,220 PS -8,8% 0,631 Fechamento x tempo de

uso da prótese PI -26,2% 0,147 PS -4,3% 0,814 Abertura máxima x

tempo de uso da prótese PI 17,4% 0,341 PS 2,4% 0,897 Lateralidade E x tempo

de uso da prótese PI -18,8% 0,302 PS 5,8% 0,752 Lateralidade D x tempo

de uso da prótese PI 12,4% 0,500 PS 4,1% 0,824 Protrusão x tempo de

uso da prótese PI 14,1% 0,442 * Correlação de Spearman ** Teste de Correlação

Não foram encontradas correlações entre os movimentos mandibulares e o

tempo de uso da prótese, ou seja, o tempo de uso da prótese parece não interferir

nos movimentos mandibulares.

As tabelas 19 e 20 mostram a relação entre a caracterização dos movimentos

mandibulares quanto à lateralidade e tipo mastigatório.

Page 60: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

58

Tabela 19: Relação entre lateralidade esquerda e tipo mastigatório

aumentada diminuída normal Total Lateralidade Esquerda Qtde % Qtde % Qtde % Qtde %

p-valor*

bi 0 0% 6 42,9% 9 56,3% 15 46,9% uni D 1 50% 1 7,1% 3 18,8% 5 15,6% uni E 1 50% 7 50,0% 4 25,0% 12 37,5%

Grupo 1

Total 2 6,3% 14 43,8% 16 50,0% 32 100%

0,300

bi 1 50% 3 60% 8 57,1% 12 57,1% uni D 1 50% 1 20% 4 28,6% 6 28,6% uni E 0 0% 1 20% 2 14,3% 3 14,3%

Grupo 2

Total 2 9,5% 5 23,8% 14 66,7% 21 100%

0,928

* Teste Qui-Quadrado

Tabela 20: Relação entre lateralidade direita e tipo mastigatório

aumentada diminuída normal Total Lateralidade Direita Qtde % Qtde % Qtde % Qtde %

p-valor*

Bi 2 50% 6 46% 7 47% 15 46,9% Uni D 0 0% 1 8% 4 27% 5 15,6% Uni E 2 50% 6 46% 4 27% 12 37,5%

Grupo 1

Total 4 12,5% 13 40,6% 15 46,9% 32 100%

0,521

Bi 3 100% 4 67% 5 42% 12 57,1% Uni D 0 0% 1 17% 5 42% 6 28,6% Uni E 0 0% 1 17% 2 17% 3 14,3%

Grupo 2

Total 3 14,3% 6 28,6% 12 57,1% 21 100%

0,415

* Teste Qui-Quadrado

Não foram encontradas correlações entre a lateralidade (seja direita ou

esquerda) com o tipo de mastigação, para ambos os grupos.

A tabela 21 mostra o grau de relação entre as características da mastigação e

tempo de uso da prótese, apenas para G1.

Page 61: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

59

Tabela 21: Grau de relação entre as características da mastigação e tempo de uso da prótese

Par de variáveis Prótese Correlação* p-valor** PS 36,8% 0,038*** Corte x tempo de

uso da prótese PI 30,9% 0,086 PS 7,1% 0,698 Tempo mastigatório

x tempo de uso da prótese PI -5,7% 0,757

PS -5,5% 0,763 Ciclos mastigatórios x tempo de uso da

prótese PI -10,2% 0,580

PS -5,8% 0,752 Tipo mastigatório x tempo de uso da

prótese PI 15,4% 0,399

* Correlação de Spearman ** Teste de Correlação *** Diferença estatisticamente significante

Verifica-se somente correlação positiva entre alteração do corte e tempo de

uso da prótese, com relação estatisticamente significante para prótese superior, e

tendência à significância para prótese inferior. Apesar de observar-se correlação

fraca, a relação significante pode indicar que à medida que o tempo de uso de

prótese aumenta, maior o número de sujeitos com alteração no corte.

A tabela 22 mostra o grau de relação entre as características da mastigação.

Tabela 22: Grau de relação entre as características da mastigação

Par de variáveis GRUPO Correlação* p-valor** G1 82,5% <0,001*** Tempo mastigatório

x número de ciclos G2 83,0% <0,001*** G1 -0,3% 0,985 Tempo mastigatório

x tipo mastigatório G2 15,9% 0,491 G1 -1,4% 0,941 Número de ciclos x

tipo mastigatório G2 39,8% 0,074 * Correlação de Spearman ** Teste de Correlação *** Diferença estatisticamente significante

Page 62: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

60

Verifica-se correlação positiva entre tempo e número de ciclos mastigatórios

com relação estatisticamente significante para G1 e G2, ou seja, quanto maior o

tempo mastigatório maior o número de ciclos.

A tabela 23 mostra o grau de relação entre as características da mastigação e

deglutição.

Tabela 23: Grau de relação entre as características da mastigação e deglutição

Par de variáveis Prótese Correlação* p-valor** G1 -1,4% 0,941 Corte x deglutição G2 28,1% 0,217 G1 10,7% 0,560 Tempo mastigatório

x deglutição G2 -30,2% 0,183 G1 11,8% 0,521 Ciclos mastigatórios

x deglutição G2 -35,0% 0,120 G1 28,4% 0,115 Tipo mastigatório x

deglutição G2 -16,7% 0,470 * Correlação de Spearman ** Teste de Correlação

Não foram observadas correlações entre as características da mastigação e

deglutição, ou seja, as características da mastigação parecem não interferir no

desempenho da deglutição.

A tabela 24 mostra o grau de relação entre idade e mastigação.

Page 63: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

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Tabela 24: Grau de relação entre idade e mastigação

Par de variáveis GRUPO Correlação* p-valor** G1 -3,4% 0,854

Idade x corte G2 -13,5% 0,561 G1 9,2% 0,615 Idade x tempo

mastigatório G2 21,6% 0,347 G1 15,0% 0,414 Idade x número de

ciclos G2 43,9% 0,047*** G1 -15,6% 0,393 Idade x tipo

mastigatório G2 33,5% 0,137 * Correlação de Spearman ** Teste de Correlação *** Diferença estatisticamente significante

Verifica-se que somente para o G2 verificou-se correlação entre idade e

número de ciclos com relação estatisticamente significante. Apesar da correlação ser

regular, pode indicar quanto maior a idade, maior o número de ciclos mastigatórios.

Para G1 não houve correlação, ou seja, as características da mastigação, como

corte, tipo, tempo e número de ciclos, não se relacionam à idade.

Page 64: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

62

6. DISCUSSÃO

Este trabalho buscou verificar a mastigação em usuários de prótese dentária

removível parcial e total e em indivíduos com dentição natural através de avaliação

fonoaudiológica, e também caracterizar as estruturas orofaciais e a deglutição,

analisando prováveis fatores interferentes, visto que para a realização adequada da

função mastigatória há necessidade de equilíbrio das estruturas orofaciais, e que a

mastigação eficiente favorece uma deglutição adequada (BIANCHINI, 2005;

CORPAS, 2005).

Para a realização desse estudo buscou-se homogeneidade entre os

participantes dos grupos em relação à idade e gênero, controlando assim essas

variáveis, uma vez que na literatura encontramos divergências quanto a interferência

ou não dessas variáveis na função mastigatória (AKEEL, NILNER & NILNER, 1992;

CÉSAR, BOMMARITO & RAMOS, 2004; MELO, ARRAIS & GENARO, 2006;

MBODJ et al, 2007).

Para a avaliação funcional da mastigação foi escolhido o pão de sal por ser

um alimento de consistência firme que favorece um maior tempo de mastigação

quando comparados a outros alimentos, (MELO, ARRAIS & GENARO, 2006). Esta

padronização também se fez importante para controlar esta variável, já que a

Page 65: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

63

consistência do alimento pode interferir no tempo mastigatório (BERRETIN-FELIX et

al., 2005; BIANCHINI, 2005; MELO, ARRAIS & GENARO, 2006).

Quanto aos tipos de próteses, verificou-se na amostra pesquisada prevalência

de PT no arco superior e de PPR no arco inferior. Como, para essa pesquisa, o tipo

de prótese, se total ou parcial, não foi controlado, não se buscou as associações

quanto aos tipos utilizados e razão dessas escolhas.

Em relação às estruturas orofaciais, só foi observada diferença

estatisticamente significante entre os percentuais de sujeitos com alterações dos

grupos 1 e 2 referente ao músculo masseter, onde os usuários de prótese (G1)

apresentam maior porcentagem de sujeitos com alteração. Embora em número

reduzido, esse achado concorda com Veyrune e Mioche (2000), que indicam que o

edentulismo afeta as alterações dos aspectos motores e sensoriais do processo

mastigatório, favorecendo a atrofia muscular, principalmente do masseter. Nas

demais estruturas: lábios, bochechas, língua e mentual, não foram constatadas

diferenças estatisticamente significantes, mas sim resultados semelhantes. Para

ambos os grupos observou-se maior porcentagem de sujeitos com estruturas

normais indicando que a perda dos dentes seguida do uso de próteses, não

determinou alterações nas estruturas orofaciais. Esse resultado não está de acordo

com Cunha, Felício e Bataglion (1999) que indicam que a perda dentária altera a

morfologia e a neuromusculatura do SE.

Vale ressaltar, que a diferença significante para o músculo masseter

provavelmente ocorreu por G2 não apresentar nenhum indivíduo com alteração.

Analisando os resultados quanto à porcentagem descritiva, a diferença para

masseter, clinicamente também parece não ser significante, uma vez que apenas

18,8% dos sujeitos de G1 apresentou alterações nesse músculo.

Page 66: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

64

A hipótese de que as estruturas orofaciais de G1 encontram-se alteradas

quando comparadas a G2 não foi confirmada.

Ao analisarmos o comportamento dos participantes referente aos movimentos

mandibulares observa-se que, em ambos os grupos, existe importante percentual de

sujeitos com movimentos de abertura alterados, sendo em maior número para G2.

Quanto à lateralidade observou-se maior número de participantes com lateralidade e

protrusão alterada para G1 quando comparado a G2, embora as diferenças não

sejam estatisticamente significantes. O movimento mandibular de fechamento, assim

como as amplitudes de abertura máxima encontram-se normais na maioria dos

sujeitos nos dois grupos estudados. Portanto, em relação aos movimentos

mandibulares também não há diferença estatística entre os percentuais dos dois

grupos, ou seja, o uso de próteses parece não interferir nesses movimentos, uma

vez que os grupos comportam-se de maneira semelhante. Esses dados estão de

acordo com outros estudos que comparam grupos usuários de prótese e com

dentição natural, ambos com queixas e sintomas de DCM e DTM, que mostram

resultados similares entre os grupos quanto a movimentos mandibulares, e indicam

que o uso de prótese não influencia os sintomas de DCM e DTM (RIBEIRO et al ,

2002; RIBEIRO et al, 2003; FELÍCIO, FERNANDES & SILVA, 2005). Concorda

também com Leles et al. (2003), que mostraram que não ocorrem mudanças

significativas nos padrões de movimentos mandibulares pré e pós inserção de

próteses totais.

Quanto à avaliação da mastigação, foi encontrada diferença estatisticamente

significante entre os grupos em relação ao corte do alimento, onde G1 apresenta

mais indivíduos com alteração no corte do alimento que G2, 71,9% e 9,5%,

respectivamente. Logo, a hipótese de que os grupos se diferenciam quanto ao corte,

Page 67: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

65

foi confirmada. Esse resultado pode ser decorrente da força de mordida se

apresentar diminuída nos usuários de prótese quando comparados a indivíduos com

dentição natural (MIYAURA et al., 2000; CORPAS, 2005). Outra possibilidade a ser

levantada é a instabilidade de preensão do alimento devido ao fato da prótese ser

removível. Embora todos os indivíduos da amostra tenham relatado estabilidade da

prótese, esse dado não foi questionado em relação ao corte do alimento. Porém,

durante o corte, levando-se em consideração a maior força exigida e o

posicionamento anterior do alimento, pode-se favorecer a instabilidade. Além disso,

a simples insegurança dos indivíduos por usarem próteses removíveis, suscitaria

receio em cortar os alimentos anteriormente .

Em relação ao tipo mastigatório observou-se distribuição semelhante

para mastigação bilateral e para mastigação unilateral para os 2 grupos. Portanto, o

padrão mastigatório quanto ao tipo, se bilateral ou unilateral, parece não se

relacionar ao uso de prótese, na amostra estudada. Desta forma, a hipótese de que

os grupos se diferenciam quanto ao tipo mastigatório, não foi confirmada. O padrão

mastigatório bilateral é citado na literatura como ideal e dependente da integridade

das estruturas estomatognáticas (TAGLIARO, CALVI & CHIAPPETTA, 2004;

BIANCHINI, 2005), porém Duarte (2001) verificou que as maloclusões não

direcionam o padrão unilateral mas favorecem os movimentos verticais. A textura do

alimento pode ser um fator que influencia a lateralidade (MIZUMORI et al.,2003),

porém essa variável foi controlada neste estudo, uma vez que só foi utilizado um tipo

de alimento para a avaliação, o pão de sal. Os resultados do presente estudo não

corroboram com estudo de Cunha, Felício e Bataglion (1999) que encontraram

predominância do padrão unilateral logo após a instalação da PT e após um mês de

uso da PT, sendo que a persistência do padrão foi associada à dificuldade de

Page 68: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

66

adaptação a nova prótese ou a um padrão já previamente estabelecido. Porém

neste estudo, Cunha, Felício e Bataglion (1999) só avaliaram indivíduos

desdentados totais, diferentemente do atual estudo. Existem ainda estudos

questionando a existência de dominância lateral para a mastigação (DUARTE, 2001;

NISSAN et al., 2004), variável também não verificada no atual estudo.

Observou-se padrão normal para todos os participantes tanto de G1 quanto

de G2 quanto à postura dos lábios durante a mastigação e portanto o uso de prótese

parece não interferir no vedamento labial na mastigação.

Em relação ao tempo e número de ciclos mastigatórios, embora exista

diferença entre os grupos tanto para tempo quanto para ciclos, as mesmas não

podem ser consideradas estatisticamente significantes. O valor do tempo

mastigatório dos indivíduos usuários de prótese deste estudo está próximo ao valor

encontrado por Melo, Arrais e Genaro (2006) em estudo com indivíduos de dentição

natural. Portanto, o uso de prótese parece não determinar variação específica

quanto a tempo e ciclo mastigatório. Uma vez que foi utilizado apenas um tipo de

alimento, pão de sal, os resultados do presente estudo não podem ser comparados

a trabalhos que mostram que a consistência do alimento interfere no tempo

mastigatório (BERRETIN-FELIX et al., 2005; BIANCHINI, 2005; MELO, ARRAIS &

GENARO, 2006).

Apesar de não serem encontrados estudos avaliando o tempo e número de

ciclos mastigatórios, e sim a eficiência mastigatória, esperava-se encontrar uma

diferença significativa entre os grupos, a hipótese seria que os usuários de prótese

tivessem o tempo e número de ciclos aumentados em relação aos indivíduos com

dentição natural, mesmo discordando de César, Bommarito e Ramos (2004). A

hipótese foi levantada baseada em estudos que verificaram eficiência e/ou

Page 69: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

67

performance mastigatória tidas como significativamente reduzida nos usuários de

prótese quando comparados aos indivíduos com dentição natural (MIYAURA et al.,

2000; VEYRUNE & MIOCHE, 2000; KAPUR E SOMAN, 2004; CORPAS, 2005;

PRADO et al., 2006; YVEN et al.,2006). Entretanto a hipótese não foi confirmada,

podendo-se inferir que o tempo e número de ciclos mastigatórios talvez não reflitam

eficiência mastigatória.

Na amostra estudada parece que a mastigação não sofre interferência pelo

uso de próteses, sugerindo que as alterações da mastigação são favorecidas por

outras variáveis, independente do uso ou não de prótese.

A caracterização da deglutição do alimento mastigado também não apresenta

diferença estatisticamente significante entre os dois grupos. Esperava-se diferença

entre os grupos, já que existe estudo mostrando que a mastigação ineficiente nos

usuários de prótese resulta em um bolo alimentar menos fragmentado (YVEN et

al.,2006), o que favoreceria alteração na deglutição. Porém, no presente estudo, os

grupos comportam-se de maneira semelhante quanto à essa função, sugerindo que

o uso de prótese parece não interferir na deglutição, corroborando o estudo de

Fazito, Perim e Di Ninno (2004), e de certa forma o de Cunha, Felício e Bataglion

(1999) que não observaram diferença significante na função de deglutição antes e

após a inserção de PT em indivíduos desdentados totais, podendo indicar uma

alteração já pré-existente ou o tempo de uso da prótese não foi suficiente para a

adaptação.

Vale ressaltar que ao analisar a porcentagem descritiva dos resultados

verifica-se que a presença de alteração da deglutição foi grande em ambos os

grupos. Pode-se questionar se seria decorrente da mastigação, que se apresenta

similar em ambos os grupos, ou à própria característica do alimento que, por ser

Page 70: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

68

seco, poderia dificultar a deglutição produzindo maior esforço. Por tratar-se de

indivíduos adultos, não seria esperado maior número de sujeitos com alteração da

deglutição e assim, outra hipótese para justificar esse resultado pode estar

relacionada à situação de avaliação, que talvez favoreça modificação dos padrões

habituais do indivíduo. A análise do padrão de deglutição é bastante subjetivo em

exame clínico e os critérios são bastante variados, além de ser conhecida a

interferência de algumas variáveis que não foram controladas nesse estudo, tais

como tipologia facial, presença de mordida aberta anterior, volume de tonsilas

palatinas, profundidade e largura do palato e tamanho da língua. Sugere-se que

novos estudos envolvendo deglutição sejam propostos para usuários de prótese

dentária, com controle dessas variáveis e revisão da situação de avaliação subjetiva.

Em função das hipóteses levantadas, buscou-se realizar também a análise

dos grupos separadamente visando a verificação da correlação entre as variáveis do

mesmo grupo.

Ao correlacionar as estruturas orofaciais e tempo de uso da prótese verifica-

se somente relação estatisticamente significante para prótese superior na correlação

bochecha e tempo de uso da prótese, indicando menor número de sujeitos com

alteração na musculatura da bochecha a medida que aumenta o tempo de uso da

prótese superior. De maneira correlata, embora não significantes, todas as outras

correlações também foram inversas/negativas, o que pode sugerir a diminuição de

alteração das estruturas orofaciais a medida que o tempo de uso da prótese

aumenta, corroborando com estudos que mostram que para a adaptação funcional é

necessário pelo menos um mês de uso da prótese (MIYAURA et al.,2000), 3 meses

(PIANCINO et al., 2005), ou mais que seis meses (PRADO et al., 2006). Assim, a

Page 71: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

69

hipótese de que a situação das estruturas orofaciais relaciona-se ao tempo de uso

das próteses foi parcialmente confirmada.

A correlação entre estruturas orofaciais e o tipo, tempo e número de ciclos

mastigatórios, indicam que a presença de alteração nas estruturas orofaciais parece

não interferir no tipo, tempo e número de ciclos mastigatórios, não confirmando a

hipótese de que as estruturas orofaciais relacionam-se a essas características

mastigatórias.

Vale ressaltar que predominou o padrão de normalidade para as estruturas

orofaciais em ambos os grupos, o que provavelmente favoreceu a ausência de

relação significante.

A relação entre os movimentos mandibulares e o tempo de uso da prótese

indica que o tempo de uso da prótese parece não interferir nos movimentos

mandibulares, estando de acordo com Ribeiro et al. (2002), Leles et al. (2003),

Ribeiro et al. (2003) e Felício, Fernandes & Silva (2005). Dessa forma, a hipótese de

que os movimentos mandibulares estão diretamente relacionados ao tempo de uso

da prótese, não foi confirmada.

A relação entre a lateralidade e tipo mastigatório indica que a presença ou

não de alteração na lateralidade (seja direita ou esquerda) parece não interferir no

tipo mastigatório em ambos os grupos. Esse resultado já era o esperado pois o tipo

mastigatório é semelhante para os dois grupos.

Entretanto, a lateralidade aumentada para um dos lados, poderia facilitar o

movimento mandibular utilizado na mastigação para esse mesmo lado, direcionando

assim o lado de mastigação. De maneira correlata, observando-se lateralidade

diminuída, seria esperada mastigação contra-lateral ou bilateral como padrão

facilitador. Analisando-se os grupos separadamente, essa característica não foi

Page 72: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

70

verificada, obtendo-se predomínio de mastigação à direita ou à esquerda,

independente do lado de restrição ou de maior lateralidade. Apenas para restrição

de lateralidade direita foi verificada mastigação predominante bilateral ou esquerda.

A relação entre as características da mastigação e tempo de uso da prótese

só apresentou correlação estatisticamente significante entre corte do alimento e

tempo de uso da prótese, indicando que quanto mais tempo de uso da prótese,

maior o número de sujeitos com alteração no corte. Pode-se sugerir que essa

alteração do corte seja pelo desgaste do dente artificial, ou pelo receio do

deslocamento da prótese na hora do corte. Não houve relação entre tempo, ciclos e

tipo mastigatório e o tempo de uso da prótese, indicando que próteses com tempo

de uso entre dois e sessenta meses parecem não interferir nessas características

mastigatórias. A hipótese levantada foi confirmada parcialmente, visto que só houve

relação entre o corte do alimento e o tempo de uso da prótese. Para as outras

características da mastigação a hipótese não foi confirmada.

Ao correlacionar as características da mastigação: tipo, tempo e número de

ciclos mastigatórios, verifica-se relação direta e estatisticamente significante entre

tempo e número de ciclos mastigatórios para ambos os grupos, indicando que à

medida que aumenta o tempo mastigatório aumenta o número de ciclos

mastigatórios, e vice-versa.

Na correlação entre as características da mastigação e a deglutição não se

verificou relação estatisticamente significante, sugerindo que as características

mastigatórias parecem não interferir na deglutição, discordando de Fazito, Perim e

Di Ninno (2004) e Corpas (2005). Não foi confirmada a hipótese de que a alteração

da mastigação pode determinar alteração da deglutição.

Page 73: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

71

Foi realizada a correlação entre idade e mastigação por haver estudos

anteriores que analisam estes dados e também por não terem sido encontradas

relações significantes com outras variáveis. Buscou-se assim identificar mais um

possível fator associado que foi encontrado somente para G2, em relação direta, o

que pode sugerir que quanto maior a idade, maior o número de ciclos mastigatórios.

Porém como o grau de relação obtido foi apenas regular (entre 40 e 60%), sugere-se

que novos estudos sejam propostos buscando-se verificar a interferência da faixa

etária. Para G1 não houve correlação, ou seja, as características da mastigação,

como tempo e número de ciclos, não se relacionam à idade. Respeitando-se as

limitações desse estudo quanto à essa variável, o achado para G2 corrobora com os

estudos de Akeel, Nilner e Nilner (1992) e César, Bommarito e Ramos (2004), e

discorda do estudo de Mbodj et al (2007).

Page 74: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

72

7. CONCLUSÃO

A partir da metodologia utilizada nesse estudo, verificou-se que a mastigação

em usuários de prótese dentária removível caracteriza-se por alterações no corte do

alimento, indefinição de tipo mastigatório específico, observando-se padrão bilateral

e unilateral, com postura de lábios fechados e valores médios do tempo e do número

de ciclos mastigatórios compatíveis com dados de referência para indivíduos com

dentição natural.

A caracterização das estruturas orofaciais; a mastigação quanto ao tipo,

tempo e número de ciclos mastigatórios, e a deglutição em indivíduos adultos

usuários de prótese dentária removível e com dentição natural, não se diferenciam.

Os grupos se diferenciam quanto ao corte do alimento, onde a presença e tempo de

uso da prótese parecem interferir nessa variável.

Page 75: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

73

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9. ANEXOS

ANEXO 1

Universidade Veiga de Almeida Mestrado Profissionalizante em Fonoaudiologia

Área de concentração em Fala PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL PARA USUÁRIOS

DE PRÓTESE DENTÁRIA I- Entrevista 1-Identificação: Nome: ........................................................................................................................ Idade:.................... Data de nasc: ....................................... Data do Exame: ............................................ Gênero: ..................................... Profissão:.................................................................. Odontólogo responsável: ........................................................................................... 2- Há quanto perdeu os dentes e motivo da perda dentária: ........................................ ........................................................................................................................................ 3-Tempo sem prótese dentária: ....................................................................................

4- Tempo com a prótese dentária: ................................................................................ 5-Apresenta dificuldades na adaptação da prótese? Quais? ....................................... ........................................................................................................................................

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6- Apresentava problemas de fala, anteriores ao uso da prótese? .............................. Quais? .......................................................................................................................... 7- Hoje, apresenta problemas de fala? Quais?: ........................................................... ........................................................................................................................................ 8- Apresenta problemas mastigatórios?: Quais?........................................................... ........................................................................................................................................ 9- Apresenta problemas auditivos? Quais? ................................................................... ........................................................................................................................................ 10- Tem hábitos como: onicofagia ( ) colocar objetos na boca ( ) morder lábios ( ) morder língua ( ) morder bochechas ( ) ranger dentes ( ) Obs: .............................................................................................................................. II- Exame: 1 - Dados de Observação: Análise facial frontal e perfil: a- tensões: frontal ( ) mentual ( ) bochechas ( ) lábios ( ) região peribucal ( ) Obs: .............................................................................................................................. b- simetria ( ) assimetria ( ) Obs: .............................................................................................................................. III- Saúde dentária : 1- Interferências oclusais evidentes: ............................................................................. 2- Periodonto ( ) normal ( ) doente Diagnóstico: ............................................. 3- Classificação da perda dentária, segundo Kennedy: ................................................

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4- Tipo de prótese atual: ................................................................................................ 5- Classificação da Prótese: ( ) Dentossuportadas

( ) Dentomucossuportadas ( ) Mucossuportadas

6- Estado da Prótese: ( ) estável ( ) instável 7- DVR: medida .................... DVO: medida ..................... aumentada ( ) diminuída ( ) Obs: .............................................................................................................................. 8- Mordida e trespasse labial: ....................................................................................... 9- Oclusão: .................................................................................................................... IV – Características Craniofaciais (dados evidentes): 1-Face: curta ( ) média ( ) longa ( ) terço superior ................... médio ................. inferior ..................... 2-perfil: reto ( ) côncavo ( ) convexo ( ) biprotruso ( ) Obs: .............................................................................................................................. V – Verificação das estruturas e musculatura: 1- Lábios ( ) fechados, competentes. ( ) entreabertos ( ) totalmente abertos ( ) fechados com tensão ( ) protrusão labial superior ( ) protrusão labial inferior ( ) contração do lábio inferior ( ) contração do lábio superior ( ) simétricos ( ) assimétricos ( ) marcas na mucosa. Quais? Frênulo labial superior cordão tenso ( ) extensão longa ( ) normal ( ) Frênulo labial inferior cordão tenso ( ) extensão longa ( ) normal ( )

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2- Orbicular da boca: ( ) satisfatório ( ) hipotonia funcional ( ) hipertonia funcional Obs: .............................................................................................................................. 3- Bochechas: ( ) simétricas ( ) assimétrica ( ) marcas ou ferimentos internamente ( ) direita mais avolumada ( ) esquerda mais avolumada ( ) ambas avolumadas ( ) direita caída ( ) esquerda caída ( ) ambas caídas ( ) comprimidas 4- Bucinador: ( ) Contração equilibrada ambos os lados ( ) Hipotonia funcional lado esquerdo ( ) Hipotonia funcional lado direito ( ) Hipotonia funcional ambos os lados ( ) Hipertonia funcional lado esquerdo ( ) Hipertonia funcional lado direito Obs: .............................................................................................................................. 5- Masseter: ( ) Contração equilibrada ambos os lados ( ) Hipotonia funcional lado esquerdo ( ) Hipotonia funcional lado direito ( ) Hipotonia funcional ambos os lados ( ) Hipertonia funcional lado esquerdo ( ) Hipertonia funcional lado direito Obs: .............................................................................................................................. 6- Mandíbula: em posição normal ( ) retruída ( ) protruída ( ) 7- Maxila: normal ( ) estreita ( ) 8- Mentual: sem contração ( ) com contração ( )

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9- Língua:

( ) normal ( ) alargada ( ) sem ponta ( ) presença de marcas nas laterais ( ) presença de marcas na papila palatina ( ) presença de marcas na região alveolar inferior ( ) comprimida ( ) entre os dentes ( ) entre rebordos gengivais ( ) frênulo normal ( ) frênulo curto ( ) preenchendo áreas desdentadas 10- Palato duro: normal ( ) ogival ( ) baixo ( ) 11- Palato mole: boa mobilidade ( ) reflexo de vômito anteriorizado ( ) 12- Amígdalas: presentes ( ) ausentes ( ) aumentadas ( ) 13- Espaço intraoral: normal ( ) aumentado ( ) diminuído ( ) VI – Mobilidade: 1- Lábios: Protrusão ( ) Retração ( ) Lateralização: D( ) E ( ) Elevação ( ) Obs: .............................................................................................................................. 2- Língua: Protrusão ( ) Retração ( ) Lateralização: D ( ) E ( ) Estalo ( ) Obs: .............................................................................................................................. VII -Movimentos mandibulares: (medidas, desvios, limitações, ruídos, dor) 1- Abertura: desvio D ( ) desvio E ( ) limitações ( ) ruídos ( ) dor ( ) Obs: .............................................................................................................................. 2- Fechamento: desvio E ( ) desvio D ( ) ruídos ( ) Obs: .............................................................................................................................. 3- Abertura máxima: medida: .............................

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4- Lateralidade E: medida: .................. aumentada ( ) diminuída ( ) com relação à direita; com estabilidade da prótese ( ) sem estabilidade da prótese ( ) Obs: .............................................................................................................................. Lateralidade D: medida: ................... aumentada ( ) diminuída ( ) com relação à direita; com estabilidade da prótese ( ) sem estabilidade da prótese ( ) Obs: .............................................................................................................................. 5- Protrusão: medida: .................. presente ( ) ausente ( ) com desvio ( ) Obs: .............................................................................................................................. VIII – Funções Estomatognáticas: 1- Respiração: modo nasal ( )

oral predominante ( ) dificuldade na respiração nasal ( ) Obs: .............................................................................................................................. 2- Mastigação: bilateral ( ) predominância unilateral esquerda ( ) predominância unilateral direita ( ) presença de corte anterior sim ( ) não ( ) presença de movimento de charneira ( ) Obs: .............................................................................................................................. 3- Deglutição: com apertamento labial ( ) com projeção visível da língua ( ) com escape de líquido ( ) com movimento de cabeça ( ) Obs: .............................................................................................................................. IX- Exame da fala: Lista de palavras: Texto: Análise acústica da fala: Obs: ..............................................................................................................................

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X – Exames Complementares: ................................................................................... ........................................................................................................................................ Filmado ( ) Data:.............................. Fotografado ( ) Data: .............................. Diagnóstico: ................................................................................................................. Conduta: ....................................................................................................................... Adaptado por KALIL, M.T.A.C.; CAVALCANTI, R.V.A. & BIANCHINI, E.M.G. Adaptado de: BIANCHINI, E.M.G. Avaliação fonoaudiológica da motricidade oral: anamnese, exame clínico, o que e por que avaliar. In: BIANCHINI, E.M.G. Articulação Temporomandibular: Implicações, limitações e possibilidades Fonoaudiológicas. Carapicuíba: Pró-Fono, 2000. p.191-253. BIANCHINI, E.M.G. Articulação Temporomandibular e Fonoaudiologia. In: FERREIRA, L.P.; BEFI-LOPES, D.M.; LIMONGI, S.C.O. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca , 2004. p. 315–329. CUNHA, C.C.; FELÍCIO, C.M.; BATAGLION, C. Condições miofuncionais de usuários de próteses totais. Pró Fono Revista de Atualização Científica, São Paulo, v.11, n.1, p. 21-26, 1999. FELÍCIO, C.M. Fonoaudiologia Aplicada a Casos Odontológicos. São Paulo: Pancast, 1999. p 67-78 e 197-211. FRADEANI, M. Reabilitação estética em prótese fixa. Análise estética. Uma abordagem sistemática para o tratamento protético. São Paulo: Quintessence Editora LTDA, 2006. p 36-42; 52-58 e 117-134.

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ANEXO 2

TABELA COM VALORES ABSOLUTOS DE G1

CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA CARACTERIZAÇÃO DA PRÓTESE IDADE GÊNERO TIPO PS TEMPO PS TIPO PI TEMPO PI 1 46 1 2 3 2 3 2 51 1 1 24 0 0 3 65 0 0 0 1 24 4 42 0 1 6 0 0 5 55 0 2 18 1 18 6 55 1 1 4 1 4 7 55 1 2 2 1 2 8 57 1 1 5 1 24 9 66 0 2 24 0 0 10 47 1 1 24 1 24 11 57 1 1 36 1 36 12 61 1 2 18 0 0 13 50 1 1 3 1 3 14 64 1 0 0 1 12 15 62 0 2 24 1 54 16 50 1 2 12 2 12 17 64 1 2 54 1 54 18 66 1 1 60 0 0 19 67 1 0 0 1 60 20 65 1 2 60 2 60 21 56 1 2 48 2 48 22 51 1 2 36 2 36 23 45 0 1 60 0 0 24 44 0 2 24 2 24 25 57 1 2 24 1 24 26 49 1 2 36 1 48 27 64 1 2 48 2 48 28 47 1 2 48 1 60 29 56 0 1 60 1 60 30 52 1 1 36 0 0 31 50 1 2 60 0 0 32 54 1 2 60 2 60

CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS QUALITATIVAS Codificação de Gênero Masculino = 0

Feminino = 1 Codificação de Tipo PS e PI Nenhum = 0

PPR = 1 PT = 2

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TABELA COM VALORES ABSOLUTOS DE G1

CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS OROFACIAIS LÁBIOS BOCHECHAS LÍNGUA MENTUAL MASSETER

1 0 0 1 0 0 2 0 0 0 1 0 3 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 1 7 0 0 0 0 0 8 0 0 0 0 0 9 0 0 0 0 0

10 0 0 0 1 0 11 0 0 0 0 1 12 1 1 1 1 0 13 1 1 1 0 1 14 0 1 0 1 0 15 1 1 1 1 1 16 0 0 0 0 0 17 0 0 0 0 0 18 0 0 0 0 0 19 0 1 0 0 0 20 0 0 0 0 0 21 0 0 0 0 0 22 0 0 0 0 0 23 0 0 0 0 1 24 0 0 0 0 0 25 0 0 0 0 0 26 0 0 0 0 0 27 0 0 0 0 0 28 0 0 0 0 0 29 0 0 0 0 0 30 0 0 0 0 1 31 0 0 0 0 0 32 0 0 0 0 0

CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS QUALITATIVAS Codificação das demais variáveis Normal = 0

Alterado = 1

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TABELA COM VALORES ABSOLUTOS DE G1

MOVIMENTOS MANDIBULARES ABERTURA FECHAMENTO ABERTURA

MAX LATERALID.

E LATERALID.

D PROTRUSÃO

1 1 1 0 1 1 0 2 1 1 0 1 0 1 3 0 0 0 1 1 1 4 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 1 1 0 6 0 0 1 1 0 1 7 1 1 1 1 0 1 8 0 0 1 1 1 0 9 0 0 0 0 0 0

10 0 0 0 0 1 0 11 0 0 0 0 0 0 12 1 1 0 0 0 1 13 1 1 0 0 0 0 14 0 0 0 0 0 0 15 0 0 0 0 0 0 16 0 0 0 1 1 1 17 0 0 1 1 1 1 18 1 1 1 1 1 1 19 1 1 1 0 1 1 20 1 0 0 0 0 0 21 1 0 0 1 1 1 22 0 1 0 0 1 0 23 1 0 0 1 1 0 24 0 0 0 1 1 1 25 0 0 0 0 1 1 26 0 0 1 1 1 1 27 0 0 0 0 0 0 28 0 0 0 0 1 1 29 0 0 0 1 0 1 30 0 0 0 0 0 1 31 1 1 0 1 1 0 32 1 1 1 0 0 1

CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS QUALITATIVAS

Codificação das demais variáveis Normal = 0 Alterado = 1

Page 90: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

88

TABELA COM VALORES ABSOLUTOS DE G1

CARACTERIZAÇÃO DA MASTIGAÇÃO CORTE POSTURA

LÁBIOS TEMPO (SEG)

CICLOS TIPO

DEGLUTIÇÃO

1 0 0 37,35 24,75 1 1 2 1 0 27,9 24,75 0 0 3 0 0 33,24 60,25 0 1 4 0 0 41,48 36,75 1 1 5 0 0 15,3 15,5 0 0 6 0 0 22 26 1 1 7 0 0 13,4 14,5 0 0 8 1 0 17,28 16,75 0 1 9 1 0 21,84 31,5 1 1

10 1 0 20,16 18,75 0 0 11 1 0 37,69 38 0 1 12 1 0 23,58 19,5 0 0 13 1 0 16,52 13 1 1 14 1 0 15,32 19 0 1 15 1 0 22,07 30,75 1 1 16 1 0 21,44 18,25 1 0 17 1 0 22,45 20 0 1 18 0 0 24,65 23,75 1 1 19 0 0 14,38 11,5 1 0 20 1 0 24,34 18,25 1 1 21 1 0 25,3 19,5 0 1 22 1 0 11,32 12,75 1 1 23 1 0 13,31 13,5 0 1 24 1 0 24,32 26,25 1 1 25 1 0 17,93 13,25 0 0 26 1 0 14,38 11 1 1 27 1 0 20,5 13,75 0 1 28 1 0 19,04 15,5 1 0 29 1 0 30,47 40,75 0 0 30 1 0 23,32 27,75 0 0 31 0 0 16,17 11 0 1 32 1 0 17,75 19,5 1 1

CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS QUALITATIVAS

Codificação de Tipo de Mastigação Unilateral = 0 Bilateral = 1

Codificação das demais variáveis Normal = 0 Alterado = 1

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89

TABELA COM VALORES ABSOLUTOS DE G2

CARACTERIZAÇÃO

DA AMOSTRA CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS OROFACIAIS

IDADE GÊNERO LÁBIOS BOCHECHAS LÍNGUA MENTUAL MASSETER 1 55 1 0 0 0 0 0 2 50 1 0 0 0 0 0 3 55 1 0 0 0 0 0 4 58 1 0 0 0 0 0 5 54 0 0 0 0 0 0 6 56 1 0 0 0 0 0 7 63 0 0 0 0 0 0 8 49 1 0 0 0 0 0 9 46 0 0 0 0 0 0 10 45 0 0 1 0 0 0 11 54 1 0 0 0 0 0 12 46 1 0 0 0 0 0 13 45 0 0 0 0 0 0 14 52 0 0 0 0 0 0 15 54 1 0 0 0 1 0 16 58 0 0 0 0 0 0 17 45 0 0 0 0 0 0 18 43 1 0 0 0 0 0 19 44 1 0 0 0 0 0 20 51 1 0 0 0 0 0 21 58 0 0 0 0 0 0

CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS QUALITATIVAS

Codificação de Gênero Masculino = 0 Feminino = 1

Codificação das demais variáveis Normal = 0 Alterado = 1

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90

TABELA COM VALORES ABSOLUTOS DE G2

MOVIMENTOS MANDIBULARES ABERTURA FECHAMENTO ABERTURA

MAX LATERALID.

E LATERALID.

D PROTRUSÃO

1 1 1 0 1 1 0 2 1 1 0 0 0 0 3 1 0 1 0 1 1 4 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 0 6 1 0 0 1 0 0 7 0 0 1 0 0 0 8 1 0 1 0 1 0 9 0 0 0 0 1 0 10 1 0 0 0 1 1 11 0 0 1 1 0 1 12 0 0 0 0 0 0 13 0 0 0 0 1 1 14 1 0 0 1 1 0 15 1 1 0 1 0 1 16 1 0 0 0 0 0 17 0 0 0 1 0 1 18 1 1 0 0 0 0 19 0 0 0 1 0 0 20 1 0 0 0 1 1 21 0 0 0 0 1 0

CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS QUALITATIVAS Codificação das demais variáveis Normal = 0

Alterado = 1

Page 93: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

91

TABELA COM VALORES ABSOLUTOS DE G2

CARACTERIZAÇÃO DA MASTIGAÇÃO CORTE POSTURA

LÁBIOS TEMPO (SEG)

CICLOS TIPO

DEGLUTIÇÃO

1 0 0 13,58 17,5 1 1 2 0 0 15,5 16,75 0 0 3 0 0 15,89 17,25 0 1 4 0 0 23,33 28,75 1 0 5 0 0 24,93 34,5 1 1 6 0 0 12,45 13,25 0 1 7 0 0 20,66 27 1 0 8 0 0 19,84 23,75 1 1 9 0 0 23,46 26,5 1 0

10 0 0 20,9 17,5 0 0 11 0 0 14,95 18,75 1 1 12 0 0 23,68 22,5 0 1 13 0 0 12,54 11,25 1 0 14 0 0 22,36 29,25 1 0 15 1 0 13,8 16,75 1 1 16 0 0 28,34 32,5 0 0 17 1 0 18,26 16,5 0 1 18 0 0 10,75 10,25 0 1 19 0 0 18,37 22,75 0 1 20 0 0 23,99 21,5 1 1 21 0 0 22,72 25,25 1 0

CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS QUALITATIVAS Codificação de Tipo de Mastigação Unilateral = 0

Bilateral = 1 Codificação das demais variáveis Normal = 0

Alterado = 1

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92

10. APÊNDICES

APÊNDICE 1: CARTA PARA OBTENÇÃO DO CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Caro (a) Senhor (a) Eu, Renata Veiga Andersen Cavalcanti, Fonoaudióloga, portadora do CPF 006573587-03, RG 07491126-4, estabelecido (a) na Rua Ibituruna, nº 108, casa 3 / 202, CEP 20271-020, na cidade do Rio de Janeiro, cujo telefone de contato é (021)2574-8871, vou desenvolver uma pesquisa cujo título é “Verificação da mastigação em usuários de prótese dentária”. Este estudo tem como objetivo verificar as características mastigatórias em usuários de prótese dentária, analisando possíveis correlações com o tipo de prótese e alterações estruturais e funcionais do Sistema Estomatognático. Necessito que o Sr (a) autorize a avaliação que consta de: uma avaliação da dentição, mordida, lábios, língua, bochechas, respiração, mastigação, deglutição e fala em que realizarei os seguintes procedimentos: realizarei um exame onde será pedido para abrir a boca para observar e palpar as estruturas citadas anteriormente; para a verificação da mastigação será pedido que mastigue cinco porções de pão francês; para verificação da deglutição será pedido que engula água. O exame da fala consistirá em pedir que nomeie figuras. Toda a avaliação será fotografada, filmada e gravada. Além disso, sua participação é importante para o aumento do conhecimento a respeito da mastigação em usuários de prótese dentária, o que pode colaborar para os tratamentos fonoaudiológicos e odontológicos, podendo beneficiar a outras pessoas ou até mesmo a si próprio(a). Com relação ao procedimento em questão, não existe melhor forma de obter.

Informo que o Sr (a) tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas. Se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Veiga de Almeida, situado na Rua Ibituruna 108 – Tijuca, fone 32343024 e comunique-se com a Profa. Dr. Mônica Medeiros de Britto Pereira.

Também é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo.

Garanto que as informações obtidas serão analisadas em conjunto com outras pessoas, não sendo divulgada a identificação de nenhum dos participantes.

O Sr (a) tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas e, caso seja solicitado, darei todas as informações que solicitar.

Não existirão despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.

Page 95: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

93

Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa, e os resultados serão veiculados através de artigos científicos, em revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível a sua identificação. Em anexo, está o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para ser assinado caso não tenha ficado qualquer dúvida. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Acredito ter sido suficientemente informado a respeito do estudo “Verificação da mastigação em usuários de prótese dentária”. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.

Ficou claro, também, que a minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer tempo. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. ___________________________________ Data_______/______/______ Assinatura do informante Nome: Endereço: RG. Fone: ( ) __________________________________ Data _______/______/______ Assinatura do (a) pesquisador (a)

Page 96: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

94

APÊNDICE 2: Avaliação de seleção

Nome:

Idade:

Gênero:

Déficit neurológico ou cognitivo: ( ) sim ( ) não

Deformidades dentofaciais: ( ) sim ( ) não

Fez ou faz tratamento fonoaudiológico: ( ) sim ( ) não

Dor ou desconforto na região temporomandibular, dentes, periodonto, rebordos

edêntulos e ossos maxilares: ( ) sim ( ) não

Presença de patologia ou lesão bucal que interfira na mastigação: ( )sim ( )não

Apresenta menos que 20 dentes naturais ou substituídos por prótese: ( )sim ( )não

Apresenta menos que 4 unidades oclusais posteriores bilateralmente: ( )sim ( )não

( ) usuário de prótese total e/ou parcial removível (G1)

( ) não usuário de prótese total e/ou parcial removível (G2)

Critério para inclusão do G1:

Tempo de uso da prótese – mínimo de 1 mês e máximo de 5 anos: ( ) sim ( ) não

Apresenta estabilidade da prótese: ( ) sim ( ) não

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APÊNDICE 3: Protocolo de levantamento de dados

Nome

I – Caracterização da amostra

Idade

Gênero

II - Caracterização da prótese:

Tipo

( ) Prótese Total Removível Superior

( ) Prótese Total Removível Inferior

( ) Prótese Parcial Removível Superior

( ) Prótese Parcial Removível Inferior

Tempo de uso da prótese atual: _________________

III- Dados da avaliação

A - Caracterização das estruturas

Lábios

( ) funcionalmente normais

( ) funcionalmente hipotônicos

( ) funcionalmente hipertônicos

Bochechas

( ) normais

( ) hipotônicas

( ) hipertônicas

Língua

( ) com postura anteriorizada de língua

( ) sem postura anteriorizada de língua

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Mentual

( ) sem contração

( ) com contração

Masseter

( ) Contração equilibrada em ambos os lados

( ) Contração assimétrica ( ) direito melhor ( ) esquerdo melhor

B - Movimentos Mandibulares

Abertura:

( ) desvio D

( ) desvio E

( ) limitações

( ) ruídos

( ) dor

( ) NDN

Fechamento:

( ) desvio D

( ) desvio E

( ) ruídos

( ) NDN

Abertura máxima: medida: ............... ( ) reduzida ( ) aumentada ( ) normal

(REF. 40 a 55mm)

Lateralidade E: medida: ........... aumentada ( ) diminuída ( ) amplitude normal ( )

Lateralidade D: medida: ........... aumentada ( ) diminuída ( ) amplitude normal ( )

Protrusão: medida: ........... aumentada ( ) diminuída ( ) amplitude normal ( )

com desvio ( )

Page 99: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

97

(REF. 7 a 11mm)

C – Caracterização da Mastigação

Tipo de corte

( ) anterior

( ) lateral

( ) com a mão

( ) rasga

Postura dos lábios

( ) aberta

( ) fechada.

Tempo de mastigação

1ª porção: _____seg

2ª porção: _____seg

3ª porção: _____seg

4ª porção: _____seg

5ª porção: _____seg

Média (2ª a 5ª porção): ________ seg

Número de ciclos

1ª porção: _____ciclos

2ª porção: _____ ciclos

3ª porção: _____ ciclos

4ª porção: _____ ciclos

5ª porção: _____ ciclos

Média (2ª a 5ª porção): ________ ciclos

Page 100: VERIFICAÇÃO E ANÁLISE MORFOFUNCIONAL DAS CARACTERÍSTICAS DA MASTIGAÇÃO EM USUÁRIOS DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

98

Tipo de mastigação

1ª porção: _____ciclos lado direito e _____ ciclos lado esquerdo

2ª porção: _____ ciclos lado direito e _____ ciclos lado esquerdo

3ª porção: _____ ciclos lado direito e _____ ciclos lado esquerdo

4ª porção: _____ ciclos lado direito e _____ ciclos lado esquerdo

5ª porção: _____ ciclos lado direito e _____ ciclos lado esquerdo

Total ciclos lado direito (2ª a 5ª porção): ________ ( ___ %)

Total ciclos lado esquerdo (2ª a 5ª porção): ________ ( ___ %)

( )unilateral

( )bilateral

D – Caracterização da deglutição do alimento mastigado

Com pressionamento

( ) sim

( ) não

Movimento de cabeça

( ) sim

( ) não

( ) Sem alterações significativas