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VERIFICAÇÃO DE ADEQUAÇÃO DE PROTEÇÃO DPS, DR E ATERRAMENTO
EM CAIXA CONTROLADORA SEMAFÓRICA
Roseli Alves Nascimento 1
Anderson Duarte Betiol2
Resumo: O artigo apresentado tem como objetivo minimizar os riscos de acidentes e
aglomerações de veículos e pedestres gerados pelas falhas de sinalizações semafóricas
provenientes da falta de qualidade de energia elétrica e elementos climáticos. As caixas
controladoras semafóricas, dispositivos eletromecânicos e eletrônicos, são equipamentos
instalados nos semáforos diretamente responsáveis por suas operações. Portanto, uma vez
danificadas em virtude de não aterramento, aterramento inadequado, sobretensões na rede
elétrica ou descargas atmosféricas, o sistema de sinalização se vulnerabiliza, ficando sujeito a
falhas e até podendo causar acidentes por choques elétricos. A estatística mostra que acidentes
procedentes de choques elétricos são mais comuns em sistemas de baixa tensão; o ser humano
em contato com uma descarga elétrica pode receber danos aos tecidos nervosos, alterações na
frequência cardíaca, queimaduras graves. Diante desde cenário, o objetivo desse estudo é
averiguar os aterramentos, as corretas instalações de dispositivo de proteção na caixa
controladora, evitar custos financeiros comparados aos gastos causados pelas falhas
semafóricas, proteger pessoas e a preservação dos bens. Além de conscientizar a importância
de se fazer uma instalação dentro dos padrões da ABNT NBR 5410.
Palavras-Chave: Choque elétrico; Proteção; aterramento.
Abstract: The presented article has as objective to minimize the risks of accidents and
agglomerations of vehicles and pedestrians generated for the imperfections of semaphores
signallings proceeding from the lack of quality of electric energy and climatic elements. The
boxes semaphores controllers, electromechanical and electronic devices, are equipment
installed in the directly responsible traffic lights for its operations. Therefore, a time damaged
in virtue of not grounding, inadequate grounding, atmospheric in the electric net or discharges,
the system of signalling if makes vulnerable, being subject to imperfections and until being able
to cause accidents for electric shocks. The statistics sample that accidents originating electric
shocks are more common in systems of low tension; the human being in contact with an electric
discharge can receive damages to nervous fabrics, serious alterations in the cardiac frequency,
1 Graduanda em Engenharia Elétrica pela Universidade de Araraquara – UNIARA, Araraquara – SP, [email protected] 2 Professor Anderson Duarte Betiol da Universidade de Araraquara – UNIARA, Araraquara – SP, [email protected]
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burnings. Ahead since scene, the objective of this study is to inquire the groundings, the correct
installations of device of protection in the box controller, to prevent comparative financial costs
to the expenses caused for the semaphore’s imperfections, to protect people and the preservation
of the goods. Beyond acquiring knowledge the importance of if inside making an installation
of the standards of ABNT NBR 5410.
Key-words: Semaphore, Electrical suitability, Electric shock; Outbreaks; Grounding
INTRODUÇÃO
De acordo com o Anuário Estatístico Abracopel (2019), em 2018 o número de acidentes
com origem elétrica subiu em 5,8% em relação a 2017, foram 1.424 acidentes de origem
elétrica, sendo que 59% causados por choques, 38% incêndios por sobrecargas e 3% por
descargas atmosféricas (raios). O Brasil lidera o ranking de acidentes de origem elétrica com
836 registros. Diante deste cenário de acidentes com eletricidade, constatam as evidências
empíricas de que os acidentes podem ser evitados.
A NBR 5410 é uma norma brasileira aprovada pela ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) que estabelece as condições essenciais para executar instalações elétricas de
baixa tensão, garantindo a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da
instalação e a conservação dos bens. Esta norma aplica-se principalmente às instalações
elétricas de edificações (residencial, comercial, público, industrial, de serviços, agropecuário),
incluindo as pré-fabricadas (ABNT NBR 5410, 2004).
O subsistema de sinalização semafórica é composto, basicamente, de um conjunto de
indicações luminosas fixado ao lado da via ou suspenso sobre ela, e o dispositivo
eletromecânico ou eletrônico (controlador) é responsável pelo acionamento dessas indicações
luminosas. (CONTRAN, 2014, p. 20).
Os Sistemas de Controles Semafóricos são os principais equipamentos responsáveis
pelo funcionamento do semáforo, portanto, o principal objetivo deste artigo é fazer um estudo
empírico e verificar se a instalação do conjunto semafórico atende aos requisitos da NBR 5410
quanto ao aterramento, proteção de descargas atmosféricas, choques elétricos, com ênfase na
proteção de pessoas e prevenção dos bens.
A instalação de dispositivos nos controladores de semáforos é de extrema importância,
pois irão desenvolver as seguintes funções:
• o DPS (dispositivo de proteções contra surtos): tem como ênfase detectar
sobretensões transitórias na rede elétrica ou sobretensões transientes diretos ou
indiretos.
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• o DR (dispositivo de diferencial residual): tem por finalidade a proteção
contrachoques elétricos por contato direto ou indireto (causado por fuga de
corrente).
O semáforo selecionado para vistoria de campo é identificado com o numero 59,
localizado na Rua Itália com Avenida Mario Ybarra de Almeida, onde será contemplado com:
✓ Vistorias de campo
✓ Análise critica da situação encontrada.
✓ Análise comparativa da situação atual x situação proposta.
✓ Conclusões.
Através desta investigação quantitativa, serão coletados dados dos problemas atuais e
soluções cabíveis dentro da Norma 5410 serão propostas.
A Motivação deste trabalho é conscientizar os agentes envolvidos no subsistema de
sinalização semafórica sobre a importância da aplicação das normas técnicas de acordo com a
norma 5410, para eliminar possíveis riscos, acidentes, custos desnecessários e aglomerações de
veículos/pedestres gerados pelas falhas de sinalizações semafóricas, garantindo, assim, a
preservação do sistema de instalação.
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 Choque Elétrico
O choque Elétrico é a passagem de uma corrente elétrica no corpo humano ou animal,
o organismo recebe estímulos rápidos do sistema nervoso, e isso ocorre pela diferença de
potencial entre dois corpos distintos (NEITZEL, 2008).
Os acidentes por choques elétricos podem ocorrer por contato direto com a parte viva
energizada ou indireta, quando a massa fica sobtensão devida uma falha de isolamento. Os
efeitos do choque elétrico sobre o corpo humano são: dor forte, formigamento, convulsões,
parada respiratória, fibrilação, queimaduras e parada cardíaca (NEITZEL, 2008).
As estatísticas demonstram o crescimento de acidentes causados por eletricidade.
ABRACOPEL (Associação Brasileira de Conscientização para Perigos da Eletricidade) relata
que em 2018 houve 1424 acidentes de origem elétrica, somando 836 acidentes por choque
elétricos, 537 ocorrências de incêndio e 51 acidentes por descargas atmosféricas.
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O valor mínimo de corrente que alguém pode perceber os efeitos do choque elétrico é
de 1mA e esse ponto é denominado Limiar de Sensação. Com correntes até 9mA, a pessoa
perde o controle dos músculos mais próximos do contato. Acima de 10mA, o choque causa
dano biológico para o indivíduo.
A tabela 1 relata os efeitos fisiológicos causados por CA ( corrente alternada), de
frequência 15 a 100Hz, passando pela extremidade do corpo humano através do trajeto da mão
direita-pés, em uma pessoa de, no mínimo de 50Kg de peso ( Domingos Leite 1997).
Tabela 1: Corrente e Danos sobre o Corpo Humano
Corrente Elétrica Danos Biológicos
até 0,5mA No máximo um pequeno formigamento.
de 0,5 e 10mA Paralisia parcial e moderada dos músculos.
de 10 e 30mA Efeito da faixa anterior sem nenhum perigo
se a corrente for interrompida em 5s.
de 30 a 500mA Tontura, sufocamento e ate fibrilação
ventricular.
acima de 500mA Parada cardíaca e fibrilação ventricular.
Fonte: Livro pág. 189 Projeto Instalações Elétrica Prediais 5º Edição; Domingos Leite.
Quando a corrente elétrica entra por uma extremidade do corpo humano e sai por outra,
pode ser agravante, pois transcorre pelo coração e ou cérebro. Esse é o pior choque elétrico,
pois pequenos valores de corrente percorridos por esses caminhos podem resultar em morte
(KINDERMANN, 2000).
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil é campeão
mundial em raios. Esse fenômeno da natureza é formado por uma descarga elétrica de imensa
intensidade. A elevação térmica de até 30000ºC chega a descarregar em um ponto de impacto
em fração de segundo. Se esse ponto for um ser humano, ele poderá ser eletrocutado devido à
passagem elétrica no seu corpo, podendo chegar a serias lesões e até a morte (AFFONSO,
GUIMARÃES E OLIVEIRA, 2007).
Devido a quantidade de acidentes causados por descargas elétricas, contabilizado pelo
INPE um total de 1790 morte entre os anos de 2000 a 2014, surge no ano de 2015 a norma
5419:2015 com a proposta dedicada à Proteção Contra Descargas Atmosférica (PDA), com o
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intuito de padronizar projetos, instalações, inspeções, ensaios, manutenções da PDA, para
proteger estruturas e equipamentos de incidências diretas das referidas descargas (NUNES,
2016).
Quanto a aplicabilidade da norma 5419, NUNES (2016) ressalta a importância de um
estudo de gerenciamento de riscos, danos elétricos e eletrônicos internos a estrutura, físicos e
principalmente de pessoas, o qual através de uma análise detalhada de todo os escopo da norma,
seja possível estabelecer o cumprimento das 4 partes que a compõe:
• Princípios gerais: requisitos teóricos necessários para a implementação da PDA.
• Gerenciamento de risco: fornece os procedimentos para análise de riscos.
• Danos físicos a estrutura e perigos à vida: estabelece requisitos para a proteção de
estruturas e seres vivos.
• Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura: subsídios para Medidas de
Proteção contra Surtos (MDS).
1.2 Sistema de Proteção
1.2.1 Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS)
O DPS (dispositivo de proteção contra surto) é uma das prevenções contra descargas
atmosféricas (raios), quando os raios caem colocam em risco as pessoas, animais, bens duráveis,
instalações elétricas e causam danos financeiros até mesmo perdas de vida humana. O aumento
de danos em equipamentos eletroeletrônicos é devido às descargas elétricas e sobretensões, que
ao atingir a rede de distribuição de energia elétrica se move diretamente e indiretamente ou por
interferência eletromagnética nas instalações.
Dispositivo de proteção tem a finalidade de atuar contra surtos de tensão decorrentes de
descargas atmosféricas. Detectando e escoando essa anormalidade da corrente para a terra e
deixando somente o suportável pela instalação. Nos gráficos das Figuras 1 e 2 é demonstra do
o comportamento da tensão e o surto na rede elétrica.
Nota-se que ao ocorrer uma anormalidade na rede elétrica a forma de onda mostrada no
gráfico referente á figura 1 permanece inalterada, porém ao comparar com o gráfico da figura
2, se torna perceptível o momento em que ocorre o surto de tensão, pois a forma de onda assim
como sua amplitude mostrada no gráfico da figura 2 muda, aumentando-se bruscamente a
tensão, desta forma a atuação do dispositivo de proteção inicia-se devido à mudança de
comportamento da tensão.
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Figura 1: Gráfico Tensão
Fonte: Manual de Instalações Prysmian (2006)
Figura 2: Gráfico Surto
Fonte: Manual de Instalações Prysmian (2006)
A Norma Brasileira de Instalaçoes Eletricas NBR5410:2004 observou a relevância do
aumento de equipamentos danificados e definiu em 2005 explicitamente a necessidade da
proteção (DPS) em locais com riscos de sobretensoes.
Os tipos de DPS´s são classificados em classe I, classe II e classe III. Contudo as
classificações se dão pela capacidade de suportar maiores ou menores sobretensões, todavia as
informações sobre o tipo se encontram no catalogo do fabricante.
• Classe I ou I/II é mais aplicado em edificações altas (prédios) ou
predominantemente horizontais;
• Classe II é instalada no interior do quadro de distribuição;
• Classe III é ligada exclusivamente junto aos equipamentos eletroeletrônicos e
eletrodomésticos.
A identificação da necessidade do uso do DPS é realizada por um profissional
qualificado, através de uma verificação na instalação. Caso haja a necessidade da instalação de
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um dispositivo de proteção devem-se respeitar os seguintes critérios pré-estabelecidos pela
norma NBR 5410:2004, que são de forma direta ou indireta conforme descrito a seguir:
Forma indireta é quando o objetivo principal for a instalação de um DPS para proteção
de sobretensão devido às descargas atmosféricas advindas das linhas externas de alimentação.
Por outro lado, forma direta é quando as descargas atmosféricas atingirem a edificação e seus
entornos.
Na hora de selecionar um Dispositivo de Proteção contra Surtos, é preciso levar em
consideração a tensão de operação do equipamento, do qual será protegido e a máxima
sobretensão que ele for sujeito a fim de que não afetar de maneira direta ou indireta o seu
desempenho (PENALVER, 2016).
A Tabela 2 representa os parâmetros e exigências, definidos pela BS (Brithish Standard,
2018), que devem cumprir de acordo com o nível de ensaio e a classe de proteção para a qual
são projetados.
Tabela 2: Parâmetros e exigências
Corrente nominal de
descarga
Valor máximo de corrente, que circulará através do DPS, de forma
segura.
Máxima tensão contínua de
operação
Valor máximo de tensão que pode ser aplicada continuamente ao DPS
sem entrar em regime de condução.
Tensão de nível de proteção.
Máxima tensão esperada nos terminais do DPS quando submetido a
um impulso com uma subida de tensão e uma corrente com amplitude
e forma de onda determinadas. Ou seja, é a tensão limitada pelo DPS
quando submetido a um surto de energia.
Fonte: Própria, 2019.
1.2.2 Diferencial Residual (DR).
O Diferencial Residual é um dispositivo que atua na proteção de pessoas e animais em
contato direto ou indireto com partes energizadas, onde esta parte energizada transmite uma
corrente elétrica para o corpo ocorrendo o choque elétrico, causando formigamento,
queimadura ou até levando ao obtido. O Dispositivo atua no seccionamento mecânico ou
associação de dispositivos destinada a provocar a abertura de contatos quando a corrente
diferencial residual atinge um valor dado em condições especificadas. (NBR 5410 no item
3.2.5).
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A sensibilidade do DR é classificada como alta e baixa, todavia ambos são fabricados
no Brasil.
• Alta sensibilidade detecta uma corrente de fuga de 15 a 30mA onde provoca uma
interrupção em 30 ms, é utilizado em instalações residenciais para proteger
pessoas contra choque elétrico. Essa corrente de fuga se da muitas vezes por
condutores desencapados ou danificados.
• Baixa sensibilidade detecta uma corrente de até 300mA, este dispositivo por sua
vez é mais utilizado para proteger patrimônio, atua na proteção ao contato
indireto, associando o aterramento da instalação evitando a fuga de corrente em
estrutura metálicas, evitando riscos de incêndios em locais próximos a produtos
inflamáveis.
O dispositivo de proteção tem por finalidade proteger as pessoas contra choques
elétricos assim como bens de consumo ou equipamentos contra curtos circuitos ou fuga de
correntes e para que, ocorra tal proteção o DR tem um mecanismo interno que permite a
detecção da fuga de corrente e com isso ocorre um disparo que desliga o circuito caso a soma
vetorial das correntes seja igual ou maior que estabelecido no dispositivo.
O DR é classificado de acordo com o tipo de corrente detectada:
• AC: detecta corrente alternada diferencial residual senoidal
• A: detecta corrente alternada diferencial residual senoidal e corrente pulsantes
retificadas
• B: detecta corrente alternada senoidal, contínua lisa pura e corrente continua
pulsante retificada.
• SI: detecta corrente alternada e contínua pulsada super imunizado.
A função do diferencial residual não é a mesma de um disjuntor, o DR detecta a fuga de
corrente e desarma para proteger pessoas do choque elétrico sendo assim não protege contra
curto-circuito e sobrecarga. É sugerida a instalação em série do disjuntor termo magnético com
o DR e ambos devem ter o mesmo dimensionamento da corrente elétrica.
Na figura 3, são ilustrados os componentes de funcionamento do DR, e suas funções.
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Figura 3: Componentes de funcionamento de um dispositivo diferencial residual.
Figura3:https://www.volneireisprojetoseletricos.com/2013/03/conceitos-e-aplicacoes-de-
dispositivos.html
• Transformador de corrente, com núcleo redondo, onde contem os condutores do
circuito e o enrolamento de detecção.
• Unidade lógica que processa o sinal detectado pelo disparo através de um relé
diferencial.
• Mecanismo de disparo e rearme são confeccionados em aço temperado para que
não haja deformação com o tempo.
• Estrutura da caixa é elaborada com materiais que se solicitam através do calor.
• Contatos de Prata tem a finalidade de diminuir a possibilidade de solda caso haja
um curto- circuito.
A Norma 5410 determina no item 5.1.3.2.2 que o uso do DR é obrigatório em circuitos
que sirvam de pontos e contemplam;
• Locais com chuveiro e banheira;
• Locais com circuito edificações não residenciais que sirvam a pontos de tomada
situados em cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e,
no geral, em áreas internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens.
• Tomadas em área externa de edificação;
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• Tomadas em áreas interna que possa a vir alimentar equipamentos em área
externa;
A figura 4 ilustra uma instalação trifásica de baixa tensão contendo um dispositivo de
proteção DR, onde o condutor que tem por finalidade desviar a corrente de efeito caso aconteça
um curto-circuito será o fio terra, porém se ele não é 100% eficiente, quem se responsabiliza
por fazer a proteção das pessoas ou do equipamento é o DR.
Figura 4. Dispositivo de proteção à corrente diferencial residual
Fonte: NBR5410-2004, p.200.
Segundo as recomendações do item 5.1.3.2 da norma NBR-5410, poderá ser necessária
à instalação de dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade (DR) nos quadros de
distribuição da unidade consumidora para a proteção das pessoas contra choques elétricos.
O condutor neutro somente poderá ser seccionado pelo dispositivo DR, o qual possui
terminal próprio para a sua conexão e seccionamento. Não deverá existir nenhum outro
dispositivo capaz de causar sua interrupção.
1.2.3 Aterramento.
O aterramento é obrigatório desde 2006 sendo ele uma proteção utilizada no sistema
elétrico com a finalidade de proteger contra sobretensões, descargas atmosféricas, facilitar o
funcionamento do dispositivo de proteção e proteger a segurança das pessoas envolvidas. Essa
proteção é realizada através de condutor de baixa resistência (impedância) aterrado ao solo
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(terra). O aterramento e a equipotencialização está contido na NBR 5410/2004 onde estabelece
as condições a que devem satisfazer as instalações elétricas de baixa tensão, a fim de garantir a
segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação dos
bens.
O objetivo do aterramento é direcionar ou dissipar a corrente elétrica até a terra,
uniformizando o potencial em toda área do projeto. Há três tipos de aterramento no sistema:
• não aterrado (neutro isolado);
• aterrado por impedâncias;
• efetivamente aterrado.
Esquema de aterramento conforme NBR5410/2008 no item 5.1.2.2.4.2 são TN, TT e
IT:
• TN situação da alimentação em relação a terra;
• TT situação das massas em relação à terra;
• IT situação do neutro é isolado da terra.
As letras (S e C) indica a disposição do condutor neutro e do condutor de proteção.
• S quando as funções de neutro e de condutor de proteção são realizadas por
condutores distintos;
• C quando as funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas num
único condutor;
• TN-S disposição do condutor neutro e do condutor de proteção;
• TN-C tanto o condutor neutro e o de proteção são combinados em um único
condutor,
Cada edificação, sistema elétrico ou equipamento há uma necessidade particular de
aterramento, do qual um profissional qualificado será capaz de identificar o método e
posteriormente implantar o sistema de aterramento conforme descrito pela norma NBR5410.
2. METODOLOGIA
A metodologia aplicada neste trabalho será um estudo de caso através de uma vistoria
de campo realizada em um semáforo na cidade de Araraquara/SP, Brasil, com o propósito de
adequar as instalações elétricas da caixa controladora semafórica à NBR 5410.
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O semáforo selecionado para pesquisa de campo foi o nº59, localizado na Rua Itália
com Avenida Ybarra de Almeida. Ilustrado na Figura 5, e a planta em questão concentra-se na
sinalização de trafico de veículos e pedestres.
Figura 5: caixa controladora semafórica
Fonte: Própria, 2019.
2.1 Vistoria de campo
A vistoria de campo foi realizada na caixa controladora semafórica nº59 com o apoio da
Secretaria de Transito e Transporte e o apoio Técnico da Manutenção Semafórica através do
processo para liberação de acesso as informações 000.406/2010.
A caixa controladora semafórica esta alimentada com um circuito monofásico a dois
fios, sendo uma fase e um neutro, com uma tensão de 127 V. Na entrada do sistema tem um
disjuntor termomagnético que protege os condutores do circuito, desligando automaticamente
quando há ocorrência de uma sobrecorrente provocada por um curto-circuito ou sobrecarga.
Constatou-se que a NBR5410 não esta sendo aplicada, pois durante a vistoria de
campo foi verificada a ausência do aterramento, uma vez que, não está instalado o fio de
proteção da caixa semafórica controladora e consequentemente do sistema.
A figura 6 relata a ausência de dispositivos de proteção descritos pela norma, a falta do
fio terra no seu plug e massa não aterrada conforme mostrado no circulo vermelho editado na
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foto abaixo além de não utilizar uma tomada de alimentação fora dos padrões de proteção
descrito na ABNT NBR 14136:2012.
Figura 6: caixa controladora semafórica
Fonte: Própria, 2019.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A situação atual da instalação gera danos e falhas semafóricas, custo de manutenção
para solucionar os danos causados pelas falhas, custo pela compra de dispositivos novos para
substituição dos danificados e causa riscos de acidente. As sugestões são com base na
necessidade da caixa controladora, visando à segurança das pessoas envolvidas, animais e
patrimônio conforme descrito na Norma. Foi sugerido são:
• estudo de Proteção
• laudo de aterramento
A Secretaria de Transito informou que as caixas estão sendo substituída por novas
caixas, essa substituição já chegou a 90% das caixas controladoras. A nova caixa contempla
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todos os dispositivos de proteção, tais como DR, DPS e aterramentos, desta forma a segurança
está sendo mantida com a implantação desses equipamentos e consequentemente tais medidas
estão sendo direcionadas gradativamente para a adequação e posterior solução dos problemas
diagnosticados na pesquisa de campo, com isso a prefeitura estará de acordo com a norma e
legalmente dentro dos padrões pré-estabelecidos por ela.
A figura 7 demonstra a nova caixa controladora semafórica, da qual contem todos os
equipamentos de proteção referenciados pela norma NBR5410. Desta forma cumprindo todos
os requisitos e padrões. Esta nova caixa semafórica controladora está sendo instalada em função
da substituição das caixas semafóricas antigas, que estavam em discordância com a norma.
.
Figura 7: Nova caixa controladora semafórica
Fonte: Própria, 2019.
CONCLUSÕES
Este artigo tratou de verificar as adequações de proteção DPS, DR e aterramento na
caixa controladora semafórica, através de um estudo de campo normativo, da qual demonstra
as consequências causadas pelo não cumprimento das exigências da Norma 5410 para
instalações de baixa tensão.
O estudo foi elaborado pela excessiva quantidade de acidentes com choques nas
instalações elétricas no Brasil em 2018 relatados pela INPE e Abracopel.
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A inspiração desse artigo é relatar a importância dos dispositivos de segurança em uma
caixa controladora semafórica, pois numa pesquisa de campo feita em alguns pontos
semafóricos da cidade de Araraquara-SP, foram encontradas diversas anormalidades e com isso
foi realizado um levantamento junto a prefeitura para que fosse tomadas as ações cabíveis.
Nesse sentido constatou-se que, com a substituição da caixa controladora semafórica contendo
os dispositivos de proteção ideais assim como sua correta instalação adequando-se essas
variáveis aos padrões estabelecidos pela norma ABNT NBR 5410, houve uma redução
significativa voltada para a manutenção das caixas semafóricas e consequentemente a
diminuição nos custos gerados na resolução dos problemas voltados a choques e mau
funcionamento do sistema.
Portanto com a implantação desse sistema é possível certificar-se que haverá a proteção
das pessoas, das quais estão expostas a choques elétricos assim como a preservação dos bens,
uma vez que, a instalação está de acordo com as normas da ABNT, todavia caso venha sofrer
algum dano em virtude de raios ou sobretensões devido às descargas atmosféricas o impacto
será minimizado ou até mesmo eliminado dependendo da força da natureza e, por conseguinte
diminuir as aglomerações de veículos e acidentes gerados pelo mau funcionamento da caixa de
controle semafórico, que é responsável por controlar o sistema luminoso.
Por fim concluiu-se que, não existe instalação elétrica segura, sem os dispositivos de
segurança exigidos pela norma NBR 5410, desta forma a conscientização é um fator
preponderante para uma instalação correta e confiável, pois a norma está disponível para ser
seguida e utilizada.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT NBR 5419:2015, Proteção contra descargas atmosféricas.
ABNT NBR 5410:2004, Instalações elétricas de baixa tensão.
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