Verniz negro e Imitacoes Monte Dos Castelinhos-VFX

36
86 CIRA-ARQUEOLOGIA III ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAÇÃO DO VALE DO TEJO Cerâmicas de verniz negro itálico e imitações em pasta cinzenta de Monte dos Castelinhos - Vila Franca de Xira JOÃO PIMENTA 1 MUSEU MUNICIPAL VILA FRANCA DE XIRA/UNIARQ VINCENZO SORÍA 2 BOLSEIRO FCT/ UNIARQ HENRIQUE MENDES 3 MUSEU MUNICIPAL VILA FRANCA DE XIRA/UNIARQ Resumo: Com o presente trabalho pretende-se apresentar os já extensos conjuntos de cerâmica de verniz negro da península Itálica, assim como as suas imitações em produções de pasta cinzenta, convencionalmente atribuídas ao âmbito peninsular, recolhidos nas 6 campanhas de escavação arqueológica efetuadas em Monte dos Castelinhos até ao momento. Esta investigação insere-se no projeto de estudo Monte dos Castelinhos: Povoamento e dinâmicas de ocupação em época romana republicana no vale do Tejo” dirigido por um de nós (J.P.). Com esta publicação pretende-se dar início ao estudo dos diversos grupos de materiais recolhidos inserindo-os dentro da estratigrafia e faseamento do sítio, e tendo uma atenção particular na sua distribuição espacial dentro do conjunto arquitetónico iden- tificado. Summary: The present work aims to present the already extensive sets of Campanian ware of the Italian peninsula, as well as their imitations in productions of gray ware, conventionally attributed to peninsular context, collected in 6 campaigns of archaeological excavation carried out at the Monte dos Castelinhos. This research is part of the research study “Mountain of Castelinhos: Settlement dynam- ics and Republican Roman occupation in the Tagus Valley” directed by one of us (JP). This publication is intended to initiate the study of diverse groups of materials collected by inserting them into the stratigraphy and phasing of the site, and having a particular focus on their spatial distribution within the architectural complex.

description

black gloss ware in Portugal

Transcript of Verniz negro e Imitacoes Monte Dos Castelinhos-VFX

  • 86 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Cermicas de verniz negro itlico e imitaes em pasta cinzenta de Monte dos Castelinhos - Vila Franca de XiraJOO PIMENTA1 MUSEU MUNICIPAL VILA FRANCA DE XIRA/UNIARQ

    VINCENZO SORA2 BOLSEIRO FCT/ UNIARQ

    HENRIQUE MENDES3 MUSEU MUNICIPAL VILA FRANCA DE XIRA/UNIARQ

    Resumo:Com o presente trabalho pretende-se apresentar os j extensos conjuntos de cermica de verniz negro da pennsula Itlica, assim como as suas imitaes em produes de pasta cinzenta, convencionalmente atribudas ao mbito peninsular, recolhidos nas 6 campanhas de escavao arqueolgica efetuadas em Monte dos Castelinhos at ao momento.Esta investigao insere-se no projeto de estudo Monte dos Castelinhos: Povoamento e dinmicas de ocupao em poca romana republicana no vale do Tejo dirigido por um de ns (J.P.). Com esta publicao pretende-se dar incio ao estudo dos diversos grupos de materiais recolhidos inserindo-os dentro da estratigrafia e faseamento do stio, e tendo uma ateno particular na sua distribuio espacial dentro do conjunto arquitetnico iden-tificado.

    Summary:The present work aims to present the already extensive sets of Campanian ware of the Italian peninsula, as well as their imitations in productions of gray ware, conventionally attributed to peninsular context, collected in 6 campaigns of archaeological excavation carried out at the Monte dos Castelinhos. This research is part of the research study Mountain of Castelinhos: Settlement dynam-ics and Republican Roman occupation in the Tagus Valley directed by one of us (JP). This publication is intended to initiate the study of diverse groups of materials collected by inserting them into the stratigraphy and phasing of the site, and having a particular focus on their spatial distribution within the architectural complex.

  • 87 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    1. Enquadramento do projetoO stio arqueolgico de Monte dos Castelinhos ocupa um extenso morro calcrio sobran-ceiro antiga foz do rio Grande da Pipa, na freguesia de Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, (Figura 1).Esta extensa estao, com mais de 10 hectares, encontra-se numa rea de portela de ligao natural entre as margens do Tejo e o interior da Pennsula de Lisboa, atravs do Vale do Rio Grande da Pipa. As caractersticas da sua implantao, com ampla visibilidade, e defensibilidade natural levam a que a sua localizao assuma uma posio geoestratgia de controlo de uma zona de fronteira natural. Em frente a Castelinhos encontra-se uma extensa zona de alagadia onde correm trs importantes linhas de gua subsidirias do Tejo, o rio Grande da Pipa, o rio de Alenquer e o rio da Ota. Sendo conhecidas desde h mais de cem anos, referncias existncia de ocupaes antigas, estas nunca foram devidamente investigadas resumindo-se a alguns achados isolados e a prospees de superfcie (Pimenta, Mendes e Norton, 2008). As escavaes que o Museu Municipal de Vila Franca de Xira tem desenvolvido no local desde 2008, inserem-se no mbito de um projeto plurianual de pesquisa do Museu Munici-pal de Vila Franca de Xira, aprovado pela Direo Geral de Patrimnio e Cultura (DGPC), e denominado Monte dos Castelinhos: Povoamento e dinmicas de ocupao em poca romana republicana no vale do Tejo (Pimenta, 2013).

    2. Contextualizao do sitio Tendo em conta os resultados dos trabalhos de prospeo, abriram-se seis reas de sondagem em distintos pontos do stio arqueolgico. Estas tiveram objetivos especficos correlacionados quer com a perceo do sistema defensivo (Sondagem 1, 2 e 6), quer com a obteno de leituras estratigrficas (Sondagem 3, 4 e 5). A rea colocada a descoberto at ao momento, revelou um notvel conjunto urbano de poca romana datado do sculo I a.C., composto por vrios edifcios e reas de circulao obedecendo a um plano pre-definido de cariz ortogonal.O esforo para implantao deste urbanismo significativo, visto estar-mos em grande parte da rea perante uma encosta com forte pendente. Para vencer este desnvel os diversos compartimentos foram constru-dos em socalcos sucessivos, tendo os nveis calcrios de base sido esca-vados para o efeito. No podemos deixar de sublinhar que o discurso sobre este stio se encontra em processo de construo, no sendo ainda de todo claro que

    estabelecimento este (Pimenta e Mendes, 2014). O primeiro ponto que nos parece relevante de que podemos afirmar categoricamente a ausncia de quaisquer nveis pr-existentes. Temos assim, evidncias consistentes da construo de raiz, em meados do sculo I a.C., de um estabelecimento de dimenses considerveis, mais de 10 hectares, numa rea de grande valor estratgico e implantado de forma equidistante em relao aos dois principais ncleos habitacionais do vale do Tejo, as cidades de Olisipo e Scallabis (ver figura 1).

    Figura 1Localizao do Monte dos Castelinhos na pennsula Ibrica em geral e no vale do Tejo em particular, com a localizao dos dois principais ncleos urbanos

  • 88 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Face s consistentes evidncias estratigrficas e estruturais constata-se que apenas alguns anos (no mximo uma a duas dcadas) depois da edificao deste estabelecimento se assiste sua brusca destruio resultante de um conflito blico. Este cenrio levanta um amplo quadro de questes que nos encontramos a tentar clarificar e que se prendem com a interpretao da funcionalidade e relevncia deste stio arqueo-lgico.

    Figura3Levantamento topogrfico do Monte dos Castelinhos com a localizao das reas de sondagem.

    Figura 2Localizao do Monte dos Castelinhos na Carta Militar de Vila Franca de Xira 1: 25.000, Folha n. 390.

  • 89 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Perante estes dados plausvel que o stio tenha sido alvo de uma destruio blica. Face ao seu enquadramento cronolgico, este episdio pode ser correlacionada com os conflitos entre os partidrios de Csar e Pompeio na Ulterior resultante da instabilidade reinante no ocidente durante este perodo (Fabio, 1998). Apesar de destrudo, alguns dados, permitem afirmar que o stio de Monte dos Casteli-nhos no total nem definitivamente abandonado. As reas destrudas no voltam a ser reedificadas. Porm numa das ruas, assiste-se a uma repavimentao j de poca Augustana e verificou-se na ltima campanha uma clara reutilizao e reocupao de um dos com-partimentos da sondagem n. 5. Estes elementos, assim como a presena de Terra Sigillata Itlica, Glica e mesmo Hispnica nos nveis de superfcie indica-nos uma continuidade do stio que aparentemente se estende at poca Flvia (Silva, 2012, p. 505-506). Infortuna-damente as sondagens at ao momento realizadas ainda no permitiram definir de uma forma contundente nveis desta fase Alto Imperial.

    3. Identificao das produesO conjunto objeto de estudo caracterizado por dois macro grupos artefactuais: que se referem o primeiro s produes em verniz negro da colnia latina de Cales (Campnia setentrional) e o segundo s produes a pasta cinzenta, convencionalmente atribudas ao mbito peninsular, que imitam os prottipos em verniz negro de produo itlica4.

    A produo calena reconhecvel pela pasta calcria de tonalidade roscea com presena de mica e outras pequenas incluses; o revesti-mento composto por um verniz negro-acastanhado apresentando--se opaco ou com reflexos metlicos. Destaca-se tambm que a aplicao sumria do composto para o revestimento, produziu uma cobertura parcial de algumas peas; as tonalidades avermelhadas visveis sobretudo nos fundos exteriores e interiores das peas so o resultado da disposio destas na camara de cozedura do forno (empilhamento).Atravs da anlise das diferenas composicionais das pastas foi pos-svel identificar dois grupos no mbito das produes em pasta cin-zenta encontradas em Monte dos Castelinhos (figura 4). A presena de revestimento no foi portanto uma das variveis que contribuiu ao reconhecimento dos grupos, porque a maioria das peas s apre-sentavam pequenos vestgios, devido a fenmenos tafonmicos. Segue-se a descrio detalhada dos elementos caracterizantes os dois grupos reconhecidos: Grupo 1= Pasta: M. 2.5Y 7/1 (light gray). Calcria, pulverulenta,

    muito depurada com altas percentagens de presena de mica e incluses orgnicas de mdias e grandes dimenses. Revestimento: quase totalmente ausente; s parecem peque-nos vestgios dum engobe cinzento fosco pouco aderente ao corpo cermico. Grupo 2= Pasta: M. 10 YR 5/2-4/2 (grayish brown). Calcria, presena de incluses de pequenas e mdias dimenses brancas; baixas percentagens de mica; presena de inclu-ses orgnicas reconhecidas pela presena de vacolos. Revestimento: engobe fosco bem aderente.No obstante esta subdiviso, considerar-se-o os dois grupos em conjunto devido s carac-tersticas tcnicas similares e falta de confirmaes arqueomtricas para justificar a anlise dos dois grupos separadamente.

    Figura 4Fotografia das produes em pasta cinzenta.

  • 90 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    4.1 Anlise estadstica geral do conjunto O conjunto exumado durante as campanhas de escavao 2008-2013 e objeto do presente estudo de 312 fragmentos.

    4.1.1 Cermicas de verniz negro de CalesEste conjunto composto por 199 fragmentos, representando 64% da totalidade do con-junto. Destes foi possvel identificar 68 indivduos tendo como discriminante a identifi-cao dos bordos. As formas mais representadas so os pratos Lamb. 7 e as taas Lamb. 1, correspondendo respetivamente a 21 e 16 exemplares.

    4.1.2 Produo em pasta cinzentaNeste conjunto contabilizaram-se 113 fragmentos, que representam 36% da totalidade do conjunto. Foram identificados 46 indivduos. As taas Lamb. 28 encontram-se atestadas com 20 indivduos e a categoria funcional de taas com 11, sendo as formas mais fre-quentes. Enquanto os pratos Lamb. 7 correspondem a 9 exemplares.

    Figura 5Grfico N. de fragmentos por fabrico.

    Figura 6Cermica de verniz negro de Cales: contabilizao dos bordos.

  • 91 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    4.2 Anlise contextualDecorrente da anlise estratigrfica e da dinmica do urbanismo possvel individuar 3 fases distintas de cronologia romana republicana em Monte dos Castelinhos (Pimenta e Mendes, 2013). Esta situao permite uma anlise pormenorizada do enquadramento contextual do conjunto em estudo.

    Fase 1 Corresponde primeira fase identificada, assentando diretamente sobre os nveis de base calcrios. A sua identificao ainda muito parcial, resultando das leituras estrati-grficas que efetumos em profundidade no interior dos compartimentos de poca romana republicana da Fase 2. No interior dos Ambientes 5, 6, 7, 9 e 10 detetou-se estruturas ptreas pr-existentes de construo cuidada, que foram destrudas e desmanteladas para a construo do urbanismo

    Figura 7Cermica pasta cinzenta: contabilizao dos bordos.

    Figura 8Planta interpretativa da ltima fase de ocupao detetada nas reas de Sondagem 3 e 4 - Fase 2.

  • 92 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    da Fase 2. Estas estruturas correspondem a dois compartimentos de tendncia retangular, que utilizam o nvel geolgico como pavimento. Qual a cronologia desta fase? de momento uma incgnita. Os nveis associados a estas estruturas so j de meados do sculo I a.C., mas dificilmente recuam muito. Entenda-se, no diferem grande coisa dos nveis associados construo e abandono brusco do con-junto urbanstico de matriz ortogonal que lhe sucede. Estes caracterizam-se pela presena de cermica comum predominando os contentores de armazenamento de bordo moldurado e base com reforo externo; presena de cermica comum importada do sul peninsular; paredes finas itlicas; nforas Itlicas do Tipo Dressel 1C; nforas hispnicas de morfologia ovide do vale do Guadalquivir, e da rea da baa de Cdis, ovides Gaditanas e Ma C2b. A nvel do esplio metlico destaca-se a presena de um numisma de cunhagem hispnico, correspondendo a uma cunhagem da antiga cidade Ibrica de KELSE. Tendo em conta a iconografia, o exemplar exumado em Castelinhos parece corresponder a uma cunhagem posterior a 133 a.C. A importncia destes nveis, tm que ser matizada, eles de facto no datam as estruturas, mas sim o seu abandono. Qual a cronologia da sua construo/ocupao de momento uma incgnita.

    Fase 2 Corresponde ao momento de construo e edificao de um conjunto arquitet-nico regular traduzindo um urbanismo de matriz ortogonal com um elevados padres de romanizao (Pimenta, 2013a). Os nveis da fase anterior foram desmantelados e aterrados, sendo sobrepostos pelo novo desenho urbano, contudo temos que referir que os alinhamentos so anlogos. Nestes nveis de aterro e de regularizao para a construo dos pavimentos dos novos edifcios, o esplio abundante. Sendo constitudo por diversos elementos de cermica de construo (tegulae), cermica comum do sul peninsular, paredes finas itlicas, cermica verniz negro caleno, fragmentos de almofariz importados da forma 2 de Santarm. Entre as nforas surgem importaes do sul peninsular, nomeadamente nforas Ovides Gaditanas e nforas da Classe 67 do Guadalquivir. Importa sublinhar que o esplio cermico apesenta-se em tudo idntico ao detetado nos nveis de abandono/destruio (Fase 3). Entenda-se, o estudo das cermicas importadas identificadas, nomeadamente a cermica verniz negro caleno, a cermica de paredes finas, e as nforas, leva-nos a sublinhar a uniformidade do esplio e das suas associaes formais remetendo-nos para cronologias muito prximas das avanadas para a fase de abandono. A nvel do esplio metlico destaca-se a presena de um numisma de cunhagem hispnico, correspondendo a uma cunhagem da antiga cidade de Castulo. Estaremos assim perante um curto espao de ocupao deste conjunto urbano.

    Fase 3 Corresponde ao momento de abandono/destruio deste espao. O estudo do esplio exumado, nos diversos nveis associados a esta fase permitem afirmar que este sector do povoado foi alvo de um abandono brusco e sincrnico, pouco tempo depois de ter sido edificado. A escavao destes nveis permitiu identificar diversos elementos de armamento militar itlico compatveis com um cenrio blico. Entre os materiais identi-fica-se glandes de chumbo, uma ponta de lana - pilum, duas balas de catapulta em arenito, e um invulgar escudo romano scutum (Pimenta, 2013b, Guerra e Pimenta, 2013).O estudo das cermicas importadas, nomeadamente os servios de mesa de verniz negro

  • 93 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    itlico, os delicados copos e taas de paredes finas, as lucernas, as nforas e a cermica comum, leva-nos a sublinhar a homogeneidade do esplio exumado e das suas associaes formais. A presena de paredes finas encontra-se particularmente bem atestada, com pro-dues itlicas das formas 2, 3 e 8 C de Mayet, com cronologias seguras entre os incios do sculo I a.C. at Augusto. As lucernas, apesar de muito fragmentadas, encontram-se presentes em praticamente todos os compartimentos e reas de circulao. Do ponto de vista tipolgico coexistem formas de tradio helenstica com lucernas Itlicas do tipo Dressel/Lamboglia 2. O conjunto de nforas romanas, identificado nestes nveis assaz relevante e significativo. No sendo aqui o lugar de apresentar o j extenso conjunto, importa reter em linhas gerais o panorama das importaes. O abastecimento de produtos alimentares em nforas dominado esmagadoramente pelas importaes meridionais provenientes do vale do Guadalquivir. As nforas documentadas evidenciam uma grande variedade morfolgica indo de encontro ao quadro tipolgico recentemente proposto por Rui Almeida (2008). Encontram-se presentes praticamente todos os tipos sistematizados, evidenciando um claro panorama de importaes centrado entre o fim do segundo e meados do terceiro quartel do sculo I a.C. Entre as nforas com esta provenincia, destaca-se a presena de nforas da Classe 67, Haltern 70 e os contentores da forma Ovide 4.Completando este quadro de importaes do sul peninsular, surgem-nos diversas nforas destinadas ao transporte dos preparados pisccolas da rea de Cdis. Esto presentes as nforas ovides Gaditanas, assim como os primeiros modelos das formas Dressel 7/11. Por ltimo as nforas de produo regionais, provenientes do vale do Tejo/Sado, encon-tram-se j representadas no momento de abandono/destruio do stio (Pimenta, 2014). Do ponto de vista da cronologia, a ausncia de nforas Itlicas, um dado a ter em conta. De fato, o abrandamento e mesmo a diminuio brutal da importao das nforas vinrias itlicas do tipo Dressel 1, encontra-se bem datado para a Glia, sendo claro a que as nforas itlicas presentes em contextos da segunda metade do sculo I a.C. so residuais e que as importaes destes contentores abrandam rapidamente cerca de 40 a.C.Identificou-se ainda um interessante conjunto de metais, que se encontra em fase de tra-tamento e restauro para poder ser estudado, dos quais se destaca uma srie elementos de baixela tardo republicana em bronze como uma asa do tipo Piatra Neamt, uma asa de simpulum assim como diversos numismas de cunhagem hispnica da Ulterior.Para a questo da cronologia, interessa ainda referir, a descoberta de um conjunto de fbulas em bronze das quais foi possvel classificar trs exemplares de fbula Alsia Pr-Aucissa com cronologias entre os meados do sculo I a.C. e Augusto e uma fbula em mega, que sendo comum em contextos do sculo I a.C. evidencia porm uma lata cronologia at meados do sculo III d.C.O maior nmero de fragmentos de verniz negro Itlico e imitaes em pasta cinzenta provem precisamente da fase 3, o que no ser de estranhar visto ser a que tem maior nmero de contextos escavados at ao momento. A anlise quantitativa e distributiva das produes e das formas por fases tem assim esta condicionante. No obstante esta limitao partida, a presena/ausncia de determinadas formas e produes por fase remete-nos para um repertrio homogneo, confirmando as hipteses iniciais de estarmos perante um conjunto utilizado num curto lapso de tempo.

  • 94 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Fase 1 Fase 2 Fase 3verniz negro de Cales L. 1; L. 28 /F 2653; L. 3 L. 1; L. 5; 5/7 L. 1, L. 2 losango, L. 3, L.

    5, L. 5/7 losango; L. 7imitao verniz negro ausente L. 28/ F 2653 L. 28/ F 2653; L. 7

    paredes finas ausente itlicas 2, 3 e 8 C itlicasnforas Dr. 1C itlica; ovides

    do Guadalquivir e da baia de Cdis

    ovides gadi-tanas; LC67

    Guadalquivir; Ovide 4, Ma

    C2B

    LC67 Guadalquivir; Ovide 4 Guadalquivir; Haltern 70 do Guadal-

    quivir; Dressel 7/11 Gadi-tana; produes do Tejo/

    Sadocermica comun importaes do sul

    peninsularimportaes do sul peninsular; almofariz tipo 2

    Santarm

    importaes do sul pe-ninsular

    numismas cunhagem de Kelse cunhagens hispnicas da

    Ulterior nome-adamente um exemplar de

    Castulo

    cunhagens hispnicas da Ulterior

    cermica de con-struao

    tegulae tegulae tegulae

    metais pregos em ferro Fbulas glandes; pilum; scutum; asa do tipo Piatra Neamt; simpulum; fbulas Alsia

    Pr-Aucissalucernas ausente ausente Dressel 2 italica

    elementos de pro-duo textil

    pesos de tear pesos de tear pesos de tear

    4.2.1 Anlise quantitativa por fases:O estudo dos contextos permitiu isolar um total de 144 fragmentos recolhidos em nveis associados ao faseamento do stio. Entre estes 100 correspondem a verniz negro de pro-duo calena (69 %) e 44 a imitaes em pasta cinzenta (31%).

    Figura 9Tabela das associaes de materiais por fases.

    Figura 10Grfico N. de fragmentos por fases.

  • 95 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 11Conjunto de produo em pasta cinzenta e verniz negro caleno da Fase 1: n. 1 taa em pasta cinzenta, n. 2 fundo em pasta cinzenta, n. 3 e 4 pyxides Lamb. 3, n. 5 taa Lamb. 1-F. 2653 de Morel , n. 6 taa, n. 7 taa Lamb. 1.

  • 96 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 12Figura 12 - Conjunto de produo em pasta cinzenta e verniz negro caleno da Fase 2: n. 1 taa em pasta cinzenta, n. 2 e 3 taa Lamb. 28 em pasta cinzenta, n. 4 prato Lamb. 7 em pasta cinzenta, n. 5 prato Lamb. 5 caleno, n. 6 prato Lamb. 7, n. 7 fundo caleno, n. 8 fundo de taa Lamb. 1 caleno.

  • 97 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 13Conjunto de produo em pasta cinzenta da Fase 3: n. 1-8 taas Lamb. 28, n. 9 taa Lamb. 28 simil.

  • 98 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 14Conjunto de produo em pasta cinzenta da Fase 3: n. 10-12 pratos Lamb. 7, n. 13 fundo de taa, n. 14-17 fundos de pratos Lamb. 7.

  • 99 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 15Conjunto de verniz negro de Cales da Fase 3: n. 1-3 pratos Lamb. 5, n. 4 prato Lamb. 5/7, n. 5-9 pratos Lamb. 7.

  • 100 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 16Conjunto de verniz negro de Cales da Fase 3: n. 10-15 taa Lamb. 1, n. 16-18 taas.

  • 101 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 17Conjunto de verniz negro de Cales da Fase 3: n.19 pyxis Lamb. 3, n. 20 pyxis Lamb. 2 com losango, n. 21 pyxis Lamb. 2, n. 22 frag. com losango, n. 23 pyxis Lamb. 2 com losango, n. 24-31 fundos de pratos Lamb. 5/7 (n. 28 com vestgio de losango), n 32-33 fundos taa

    Lamb. 1.

  • 102 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Na fase 1 foi possvel identificar 14 fragmentos dos quais 11 calenos e 3 de pasta cinzenta. As formas pertencentes ao primeiro grupo correspondem s taas Lamb. 1 e Lamb. 28 /F. 2653 de Morel e pyxis Lamb. 3, enquanto ao segundo grupo pertence uma taa de forma indeterminada.A fase 2 caracterizada quase pelo mesmo numero de fragmentos, em relao fase anterior (17) embora neste caso os dois fabricos resultem ter quase o mesmo numero de fragmentos (8 calenos e 9 de pasta cinzenta). As taas de pasta cinzenta esto representadas pela categoria funcional de taa e pela forma Lamb. 28/ F. 2653 de Morel. Detetou-se tambm um fundo de prato classificvel como Lamb. 7. As cermicas calenas encontram-se representadas por um fundo de taa Lamb. 1 e pelos pratos Lamb.5 e 5/7. Como referimos, a fase 3 tm o maior nmero de contextos escavados e consequente-mente o maior nmero de fragmentos (107). Em relao s outras fases, proporciona uma maior variedade formal, sendo de destacar alm das formas anteriormente descritas de produo em pasta cinzenta (taa, Lamb. 28/ F. 2653) e calena (Lamb. 1, 2, 3, 5, 5/7, 28/ F. 2653) tambm os pratos Lamb. 7 atestados quer em produo calena como de pasta cinzenta.

    NMI Pasta cinzenta Verniz negro de CalesFormas Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 1 Fase 2 Fase 3taa 1 1 1 0 0 3

    Lamb. 28 0 2 8 1 0 0Lamb. 28 simil 0 0 1 ausente

    Lamb. 7 0 0 3 0 1 8Lamb. 7 / Consp.

    B. 1. 650 1 4 ausente

    Lamb. 1 ausente 2 1 6Lamb. 2 ausente 0 0 2Lamb. 3 ausente 2 0 1

    Lamb. 5/7 ausente 0 1 5Lamb. 5 ausente 0 1 3

    TOT por fases 1 4 17 5 4 28TOTAL 22 37

    4.2.3 Anlise das categorias funcionaisUm dos elementos que sobressai da anlise do conjunto da Fase 1 a completa ausncia de pratos que por sua vez aparecem na fase seguinte. Esta circunstncia de difcil interpretao tem que ser matizada pela diminuta rea escavada correspondendo a esta fase.Por outro lado os dados da Fase 2 revelam uma composio j algo distinta onde esta mor-fologia formal concretiza-se nas formas Lamb. 7 de pasta cinzenta e Lamb. 5 e 7 de verniz negro de Cales.A facies cermica da Fase 3 pode ser considerada paradigmtica pela quantidade de mate-riais exumados. O servio de mesa compe-se por 42 indivduos dos quais 22 so pratos e 21 taas. O substancial equilbrio entre estas tipologias funcionais (embora a nvel de fabricos encontramos uma relao de 1 a 1 para as taas e de 1 a 2 para os pratos a favor

    Figura 18Tabela NMI: Presena/ausncia de formas por fabrico.

  • 103 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 19Grfico NMI das taas por fases. As primeiras trs formas pertencem produo em pasta cinzenta enquanto as restantes pertencem ao fabrico caleno.

    Figura 20Grfico NMI dos pratos por fases. As primeiras duas formas pertencem produo em pasta cinzenta enquanto as restantes pertencem ao fabrico caleno.

  • 104 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    da produo calena) remete para uma prtica convivial que se caracterizava pelo consumo indiscriminado de alimentos lquidos, semilquidos e slidos.A ausncia de formas tpicas do repertorio caleno tardio como a urna Lamb. 10 e o suporte Lamb. 4, assim como a escassa presena da pyxides Lamb. 2 e 3 tambm indica- tambm indica- tambm indica-tiva do tipo de comensalidade que era praticada no stio em questo.Alm das consideraes sobre a funcionalidade destas formas, deve-se sublinhar um outro aspeto do quotidiano que a reparao dum recipiente de produo calena atravs dum gato metlico (fig. 15, n 6). Esta ao pode interpretar-se pelo interesse do proprietrio em continuar a utilizar um objeto, que no seria de fcil acesso no pela sua valncia mas pelo seu valor intrnseco. Em geral, a prtica de reparao de artefatos cermicos no parece ser conectada qualidade do objeto em si (Pea 2007, 249), sendo frequentes reparaes de cermicas em verniz negro ou vermelho assim como de cermica comum (Fabio 1998). Contudo no j extenso conjunto de cermicas exumadas em Monte dos Castelinhos este caso nico.

    4.2 Anlise cronolgica Comeando com a anlise da cermica de verniz negro de Cales, o conjunto de formas remete para a fase tardia da produo da colonia latina (Pedroni 2001; Principal Ribera 2013), balizada entre o 90/80 e 40/20 a.C.. A isto deve-se acrescentar a total ausncia de cermicas de verniz negro de Npoles, (Campaniense A), que pode ser considerada como um fator cronologicamente significativo: o perodo final da sua produo geralmente estabelecido nos meados do sc. I a.C.. Contudo no se pretende assentar a anlise crono-lgica do presente conjunto sobre este dado, pois os diferentes fatores que determinaram a distribuio dos manufatos napolitanos para o stio de Monte dos Castelinhos podem fugir de consideraes de ordem cronolgico.Um ponto importante para afinar a cronologia do conjunto a presena de produtos de pasta cinzenta imitando os prottipos em verniz negro itlico. Ao reconhecimento destes artefactos foi atribudo um valor cronolgico que se expressa nas caractersticas morfol-gicas intrnsecas a este tipo de produo.As formas em verniz negro caleno presentes em Monte dos Castelinhos e amplamente distribudas no Mediterrneo ocidental a partir do terceiro quartel do sc. II a.C. so as taas Lamb. 1, os pratos Lamb. 5 e as pyxides Lamb. 36, por sua vez a taa Lamb. 28 / F. 2653 parece ser particularmente presente em contextos do sc. I a.C.. O prato Lamb. 7 foi um dos elementos utilizados para restringir facies tardia de produo calena a crono-logia do conjunto em exame (Ribera, 2006). A reforar esta constatao est a presena da decorao imprimida em losango, tpica desta fase produtiva dos ateliers calenos (Pedroni 2000, 349-350 e 2001, 193), reconhecida nos fundos duma taa L.2 e dum prato L. 5/7 (fig. 17, n. 20, 23 e 28).O repertorio formal dos grupos de pasta cinzenta imitando o verniz negro itlico limi-tado a poucas formas: o prato Lamb. 7 e a taa Lamb. 28, alm de taas cuja morfologia no foi possvel determinar atravs das tipologias aqui utilizadas. O conceito mesmo de imitao tem implicaes cronolgicas concretas que se expressam numa posterioridade ou pelo menos numa contemporaneidade de produo das imitaes respeito aos mode-los de referncia. Portanto se o prato Lamb. 7 de produo calena tpico do segundo quartel do sc. I a.C., deve-se admitir uma cronologia alta da sua imitao a partir desta datao. Pode-se portanto aplicar o mesmo raciocnio com os mesmos resultados para a taa Lamb. 28.

  • 105 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Partindo destes dados, procedeu-se ao estabelecimento duma grelha na qual as formas at aqui mencionadas marquem cronologicamente o faseamento urbanstico tardo republicano proposto para o stio de Monte dos Castelinhos.

    Fase Datao Formas UEs1 90/80-50 a.C. Cales: Lamb. 1, 3, 28/F 2653.

    Pasta cinzenta: taa.[88], [123], [131],

    [134], [143], [144], [173].

    2 70-40 a.C. Cales: Lamb. 1, 5/7, 5, 7. Pasta cinzenta: Lamb. 7, 28,

    taa.

    [52], [56], [128], [217], [280].

    3 60-30/25 a.C. Cales: Lamb. 1, 2, 3, 5, 5/7, 7, taa. Pasta cinzenta: Lamb.

    7, 28, taa.

    [17], [18], [23], [25], [28], [34], [37], [39], [45], [66], [73], [74],

    [86], [99], [153], [187], [204], [206], [219], [273], [282],

    [285].

    Resumindo: -a Fase 1 baseia a sua cronologia alta no incio da fase tardia da produo calena e a sua cronologia baixa marcada pela ausncia do prato Lamb. 7 caleno. A presena de alguns fragmentos de cermicas a pasta cinzenta fez com que se prolongasse at ao 50 a.C. a sua cronologia baixa.-a Fase 2, sendo uma fase de transio e apresentando similitudes com os conjuntos da Fase 1 e 3, sobrepe-se cronologicamente s outras. - a Fase 3, apresenta um conjunto de materiais similar ao das fases anteriores embora agora aparea abundantemente o prato Lamb. 7; a sua cronologia baixa pode ser estabelecida por volta do perodo 30-25 a.C. pela ausncia de terra sigillata itlica. indicativa tambm a presena da decorao em losango no fundo de duas pyxides Lamb. 2 e dum prato Lamb. 5/7. Situao similar acontece num contexto do castelo de Castro Marim datado entre 50 e 30 a.C. (Viegas 2011, 425)7.

    5. Distribuio espacialA disperso de fragmentos de verniz negro itlico e de produes em pasta cinzenta frequente nos vrios compartimentos postos luz. Contudo h algumas zonas em que a concentrao maior: o conjunto de materiais identificados nestes espaos pode ajudar na interpretao da funcionalidade do mesmo8. Tambm a ausncia um dado a ter em conta sendo interpretvel mais como um ulterior indcio da funcionalidade especfica dum espao do que em termos cronolgicos (Carvalho- Morais 2010, 142). Na Sondagem 4, os ambientes que tem um relevante nmero de fragmentos so o N. 2, 5, 6, 10, 11, 12, 24, 25, correspondendo a uma varivel entre 10 e 33 fragmentos. Focando na fase 3, ou seja aquela com maior nmero de contextos escavados, os ambientes

    Figura 21Datao das fases atravs o verniz negro caleno e as produes em pasta cinzenta

  • 106 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    2, 6, 12 e 25 so aqueles com a maior presena de fragmentos (> 9) e consequentemente aqueles que oferecem uma imagem melhor da composio dos servios finos de mesa. A nvel qualitativo, encontramos a presena no ambiente 2 de um prato Lamb. 7 de pasta cinzenta, duas taas Lamb. 28 de pasta cinzenta, um prato Lamb. 5 caleno, dois pratos Lamb. 5/7 calenos e uma provvel taa Lamb. 1 calena. No ambiente 6 encontraram-se duas taas Lamb. 1 calenas, uma taa Lamb. 2 calena com decorao em losango, um prato Lamb. 5/7 caleno e duas taas em pasta cinzenta. A composio do servio de mesa do ambiente 12 aproxima-se ao do ambiente 2 por apresentar formas de pratos e taas quer em pasta cinzenta quer no fabrico caleno. A composio formal do ambiente 25 similar ao do ambiente 6, sendo ausente tambm neste caso formas de prato em pasta cinzenta.Na Sondagem 5, os ambientes que proporcionaram um nmero de fragmentos consider-vel so o N. 31, 32 e 33 (respectivamente, 34, 36 e 19 fragmentos). Os fragmentos em contextos de fase 3 surgem maioritariamente no ambiente 32 (17 frag.) com uma associao entre trs taas calenas (duas Lamb. 1 e uma taa), quatro pratos Lamb. 7 calenos, um prato Lamb. 5/7 caleno. As produes em pasta cinzenta esto tambm presentes com dois fundos. Nos compartimentos 33-34, a composio do servio de mesa composto por uma taa Lamb. 1 calena, trs taas Lamb. 28 em pasta cinzenta, um prato Lamb. 5/7 caleno e um prato Lamb. 7 caleno. No compartimento 35 encontram--se as mesmas formas apenas descritas mas sem a taa Lamb. 28 em pasta cinzenta.

    6. Paralelos morfolgicosTendo em conta a caracterizao do conjunto em estudo, importante ter presente, outras estaes geograficamente prximas que embora tenham contextos de exumao diferen-tes, apresentem associaes formais parecidos ao que acabamos de descrever. Portanto preciso ter em conta que no se pretende proceder a uma comparao em termos contextuais pois as variveis a considerar no cabem no presente estudo. Com isto, pretende-se inserir o conjunto de Monte dos Castelinhos num mais amplo panorama

    Figura 22Mapa de distribuio das cermicas de verniz negro caleno e das Imitaes de pasta cinzenta na Sondagem 4 relativa fase 3.

  • 107 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    distributivo atravs da escolha de contextos que proporcionem dados sobre a composio qualitativa dos prprios conjuntos assim como sobre as propostas cronolgicas.O conjunto de verniz negro itlico presente no stio de Lomba do Canho (Arganil) constitudo pelas formas Lamb. 1, 3, 5/7, 7 de provvel origem caleno (Fabio e Guerra, 1996). A ocupao e o abandono do stio foram estabelecidos no segundo e terceiro quartel do sc. I a.C. (Fabio 2007, 124), resultado do cruzamento das informaes cronolgicas retiradas do conjunto de verniz negro itlico assim como de outros objetos arqueolgicos. Neste caso foi considerada a ausncia de terra sigillata como marcador cronolgico para o abandono do sitio (Ibid., 126).No povoado do Pedro (Setbal) foram identificadas (Soares e Silva 1973) formas em verniz negro itlico9 correspondentes a Lamb. 1, 2, 3, 510, a maioria das quais em nveis superficiais (camada 1 do compartimento 7). Os fragmentos em contexto de finais do sc. II-I a.C. (camada 3 do compartimento 1)11 se resumem a trs fragmentos de pratos Lamb. 5; destaca-se tambm a presena dum fragmento inclassificvel de pasta cinzento-amare-lada clara (5Y 6/1) com engobe que pensamos possa tratar-se dum produto imitante os vernizes negros itlicos. Tambm neste caso a ausncia de terra sigillata foi interpretada como dado negativo importante para a determinao do limite inferior da cronologia (Soares e Silva 1973, 279), tendo stio proposto uma cronologia de ocupao circunscrita no tempo e centrada em 50 a.C. (Silva e Soares, 1986, 141). A norte de Monte dos Castelinhos, encontramos o conjunto de verniz negro proveniente da Alcova de Santarm (Sora 2013) prximo em termos de composio e cronologia. A esmagadora presena de cermica a verniz negro de Cales (74% do total dos indivduos de verniz negro) concretiza-se em formas atribuveis ao repertorio tardio: Lamb. 1, 2, 3, 4, 5, 5/7 e 7. Assinalvel a presena sobre fundos de pratos Lamb. 5/7 da decorao estampilhada em losango. Alm disto, significativa a presena dum conjunto de cermi-cas em pasta cinzenta imitando prottipos itlicos em verniz vermelho (Sora, no prelo). Embora no seja abundante do ponto de vista percentual (11% do total dos indivduos de verniz negro), bastante significativo do ponto de vista morfolgico: foram reconhecidas

    Figura 23Mapa de distribuio das cermicas de verniz negro caleno e das Imitaes de pasta cinzenta na Sondagem 5 relativa fase 3.

  • 108 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 24Mapa do territrio portugus com a localizao dos principais stios mencionados no texto

  • 109 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    formas que imitem as taas Lamb. 1, 2, 28 e 27 assim como os pratos Lamb. 5, 6 e 7. Foram tambm a identificadas cermicas de verniz negro napolitano e etrusco.No stio de Alto dos Cacos (Almeirim) (Pimenta, Henriques, Mendes 2012), documentou--se a presena de cermicas de verniz negro caleno nas formas das taas Lamb. 1 e 2 e dos pratos Lamb. 7. Embora o reduzido conjunto seja fruto de recolhas de superfcie antigas e mais recentes, um indubitvel indcio da utilizao do local em meados do sc. I a.C..No conjunto de vernizes negros itlicos de Cabea de Vaiamonte (Monforte) sobressaem as produes calenas com as formas Lamb. 1, 2, 3, 4, 5, 5/7, 7, Pasquinucci 127 (Fabio 1998). Contudo merece ateno o conjunto de produes que imitam os prottipos it-licos: foram exumados maioritariamente pratos Lamb. 7 e taas Lamb. 2 em fabricos que diferem completamente dos de Monte dos Castelinhos. Referimos tambm a presena de uma imitao de taa Lamb. 1 e de outras duas taas que reproduzem formas tpicas dos prottipos napolitanos de verniz negro, nomeadamente Morel 68/ F 3131 e Lamb. 31.Tambm o repertorio formal do conjunto de verniz negro itlico de Cceres el Viejo (Ulbert 1984) tem afinidades com o de Monte de Castelinhos. As formas ali encontradas remetem para o repertorio produtivo tardio caleno, nomeadamente Lamb. 1, 2, 3, 4, 5, 712. Tambm so presentes formas em pasta cinzenta (Lamb. 2 e 5/7), neste caso aparen-temente sem vestgios de qualquer revestimento. Apesar do debate sobre a identificao do sitio como castra Caecilia, Servilia ou Liciniana, o repertorio formal remete para um horizonte cronolgico que abrange os primeiros trs quarteis do sc. I a.C. no sendo descartvel que perodos de ocupao do sitio poderiam abranger os finais do II a.C. assim como o ultimo quartel do sc. I a.C..No castelo da Lousa (Mouro), o conjunto de vernizes negros itlicos composto princi-palmente pelo fabrico caleno13 sendo que as formas ali exumadas enquadram-se na variante tardia. Foram identificadas as formas Lamb. 1, 2, 3, 5, 7, uma suposta Lamb. 10 e uma Pasquinucci 127 de perfil completo. Esta ultima de particular interesse porque no frequente no territrio portugus nem como produo etrusca nem calena. Contudo a atribuio a uma ou outra rea produtiva tem implicaes de ordem cronolgica, sendo que a distribuio do artefacto est ligada a fatores que nem sempre asseguravam a con-temporaneidade em contextos de exumao. Foi tambm reconhecido um prato Lamb. 5/7 de verniz negro napolitano, forma tardia desta produo que no surpreende no seio do conjunto caleno apenas descrito. O estudo das imitaes de verniz negro itlico seguiu uma ordenao que tinha como ele-mento discriminador a qualidade das pastas, a presena/ausncia de revestimento assim como a reelaborao de pormenores formais descritos pelo Lamboglia ou Morel. Com estes critrios foram definidos duas classes uma pertencente aos vernizes negros itlicos (nas quais se enquadram os trabalhos da Delgado (1971) e Lus (2010)) e outra s cermicas comuns, estas ltimas ulteriormente divididas em regionais e no regionais (Vaz Pinto- Schmitt 2010). Os indivduos com revestimento documentados por Lus Lus, so Lamb. 2 e 5/7. Para as imitaes estudadas no mbito da cermica comum as formas regionais so: Lamb. 1, 2, 5/7, varias tigelas entre as quais a Lamb. 28, e entre as no regionais encontramos as formas Lamb.1, 2, 5/7.No obstante a escassez de materiais datveis e os problemas de leitura das realidades urba-nsticas, o perodo de construo do castelo da Lousa foi avanado ser no terceiro quartel do sc. I a.C. e o abandono nos finais do reinado de Augusto (Alarco et al. 2010, 109-110). A presena de terra sigillata e no s (por exemplo o fragmento de nfora lusitana inserida no forno) proporcionou o terminus post quem nos contextos de exumao. A ausncia de

  • 110 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    terra sigillata em alguns sectores foi considerada como um indicador de ordem funcional mais do que propriamente cronolgico (Ibid., 104).Como j referimos acima, foi reconhecido um contexto de 50- 30 a.C. no castelo de Castro Marim cuja composio o aproxima aos de Monte dos Castelinhos. No seio das diferentes produes em verniz negro itlico, destaca-se o repertorio caleno pela quantidade de bordos identificados (83% do total dos vernizes negros e imitaes em pasta cinzenta). Foram reconhecidas com segurana as formas Lamb. 1, 2, 3, 4, 5, 5/7, 7; o repertorio das produes em pasta cinzenta composto pelas formas Lamb. 1, 7, 28 e por taas. Importa tambm referir que este contexto caracterizado pela total ausncia de terra sigillata (Viegas 2011, 438) que delimita a sua cronologia baixa. No podemos deixar de mencionar outros trs relevantes conjuntos de cermicas de verniz negro itlico estudados no territrio portugus durante os ltimos anos, nomeadamente o de Mrtola, Mesas do Castelinho (Almdovar) e Monte Molio (Lagos). Embora apre-sentem problemticas diferentes face ao exposto at agora, afigurem-se como ulteriores testemunhos da complexidade em termos socioeconmicos que nos proporciona a chegada desta classe de artefactos at o extremo Ocidente peninsular (Lus, 2003; Alves, 2011; Dias, 2011).

    7. Consideraes finais:Neste panorama de investigao, o stio de Monte dos Castelinhos reveste um fundamen-tal papel: a sua sequncia estratigrfica bem fechada que permitiu a determinao de fase cronolgicas distintas junto com a presena dum nmero notvel de materiais datveis faz com que se torne num ponto de referncia para os estudos do perodo tardo republicano na parte ocidental da pennsula ibrica. O conjunto de cermicas de verniz negro itlico e as produes em pasta cinzenta so uns dos indicadores que nos ajudam na compreenso das dinmicas internas ao stio. A composio do conjunto analisado revela peculiaridades que importante no subestimar. No obstante todos os problemas de ordem quantitativa que se geram quando se est em presencia de realidades parciais como as arqueolgicas, podemos afirmar que o servio fino de mesa integrado por produes calenas e produes em pasta cinzenta quase em iguais medidas. Tudo isto tem implicaes de ordem cultural e at econmicas relevantes e faz com que esta coleo cermica se torne numa medida de comparao imprescindvel no mbito destes estudos.

  • 111 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 25Cermicas em pasta cinzenta identificados fora de contexto primrio: taas Lamb. 28.

  • 112 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 26 Cermicas em pasta cinzenta identificados fora de contexto primrio: taas Lamb. 2 e outras taas.

  • 113 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 27Cermicas em pasta cinzenta identificados fora de contexto primrio: pratos Lamb. 7.

  • 114 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 28Cermicas em pasta cinzenta identificados fora de contexto primrio: fundos.

  • 115 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 29Cermicas de verniz negro caleno fora de contexto: taas Lamb. 1 e outras taas.

  • 116 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 30Cermicas de verniz negro caleno fora de contexto: pratos Lamb. 5 e Lamb. 7.

  • 117 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    Figura 31Cermicas de verniz negro caleno fora de contexto: Lamb. 2, Lamb. 3 e fundos com decoraes.

  • 118 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    BIBLIOGRAFIA:

    ALVES, C. (2011) A Cermica Campaniense em Mesas do Castelinho. Lisboa: Faculdade de Letras de Lisboa. 2 Volumes, 115, 161 p. Dissertao de Mestrado. Disponvel em http://repositorio.ul.pt/handle/10451/2994ALARCO, J.; CARVALHO, P.C.; GONALVES, A. (2010) Castelo da Lousa Intervenes Arqueolgicas de 1997 a 2002. STUDIA LUSITANA 5. Museu Nacional de Arte Romana. Mrida. ALMEIDA, R. R. (2008) Las nforas del Guadalquivir en Scallabis (Santarm, Portugal). Una aportacin al cono-cimiento de los tipos minoritarios. Collecci Instrumenta. 28. Barcelona. Publicacions Universitat de Barcelona.CALADO, M.; DEUS, M.; MATALOTO, R. (2000) - O stio dos Soeiros (Arraiolos): uma abordagem pre-liminar. Revista de Guimares volume especial. Actas do Congresso de Proto-Histria Europeia Centenrio da morte de Martins Sarmento. Guimares: Sociedade Martins Sarmento. Vol. II, pp. 759-774.CARVALHO, P.; MORAIS, R. (2010) Terra sigillata de tipo itlico. Castelo da Lousa Intervenes Arqueol-gicas de 1997 a 2002, STUDIA LUSITANA 5. Museu Nacional de Arte Romana. Mrida, pp. 139-152.CONSPECTUS= ETTLINGER, E. et al (2002): Conspectus Formarum Terrae Sigillatae Italico Modo Confectae, Dr. Rudolf Habelt Gmbh, Bonn (Materialen zur romischgermanischen Keramik, Heft 10).DIAS, V. (2011) A Cermica campaniense de Monte Molio, Lagos. Lisboa: Faculdade de Letras de Lisboa. 2 Volumes, Dissertao de Mestrado. Disponvel em http://repositorio.ul.pt/handle/10451/3020DELGADO, M. (1971) - Cermica campaniense em Portugal, em Actas do II congresso Nacional de Arqueologia, vol. II. Coimbra, pp. 403-420.FABIO, C. (1998) O Mundo Indgena e a sua Romanizao na rea Cltica do territrio hoje Portugus. Lisboa. Dissertao de Doutoramento em Arqueologia apresentada a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Policopiado.FABIO, C. (1992) - A romanizao do actual territrio portugus. In Histria de Portugal. Direco Jos Mattoso. Lisboa. Circulo de Leitores. Vol. I, pp. 202-299.FABIO, C. (2002) Mundo indgena, romanos e sociedade provincial romana: Sobre a percepo arqueo-lgica da mudana. Era arqueologia. N. 3, pp. 108-131.FABIO, C. (2004) El ejrcito romano en Portugal. In El ejrcito romano en Hispania. Guia Arqueolgica. Universidad de Len, pp. 113-134.FABIO, C. (2004a) Arqueologa Militar romana da Lusitania: textos e evidencias meterais. In Actas Arque-ologa Militar Romana en Europa. Coords Csareo Prez-Gonzlez y Emilio Illarregui. Salamanca, pp. 53-73.FABIO, C. (2007) - El ejrcito romano en Portugal. em Morillo (ed.) El Ejrcito Romano en Hispania (Gua Arqueolgica). Len: Universidad de Len, pp. 113-134.FABIO, C., GUERRA, A. (1996) A cermica campaniense do acampamento romano da Lomba do Canho (Arganil). Ophiussa. N. Zero, pp. 109-131. GUERRA, A.; PIMENTA, J. (2013) Os projteis de funda de Monte dos Castelinhos e a disperso destes materiais no territrio portugus. In Catlogo Exposio Monte dos Castelinhos (Castanheira do Ribatejo) Vila Franca de Xira e a conquista romana no Vale do Tejo. Museu Nacional de Arqueologia e Museu Municipal de Vila Franca de Xira. LAMBOGLIA, N. (1952) Per una Classificazione preliminare della Ceramica Campana. In Atti del I Con-gresso Internazionale di Studi Liguri (Monaco-Bordighera-Genova, 1950), pp. 139-206. LUS, L. (2003) As cermicas campanienses de Mrtola. Instituto Portugus de Arqueologia. Lisboa. Trabalhos da Arqueologia. 27. LUS, L. (2010) Cermica Campaniense. In Castelo da Lousa Intervenes Arqueolgicas de 1997 a 2002. STUDIA LUSITANA 5. Museu Nacional de Arte Romana. Mrida, pp. 111-138. MARIN JORD, C.; RIBERA I LACOMBA, A. (2001) Las ceramicas de barniz negro de Cales en Hispania (y las Galias), em Ceramica calena a vernice nera, produzione e diffusione. Pedroni, L., Petruzzi Editore, pp. 246-295.

  • 119 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    MOREL, J. P. (1981a) Cramiques Campanienne. Les Formes. 2 Vols. Rome. Ecole Franaise de Rome. MOREL, J. P. (1981b) La produzione della ceramica campana : aspetti economici e sociali, em Giardina, A. e Schiavone, A. Societ romana e produzione schiavistica, Editori Laterza, pp. 81-97.MORILLO, A. (ed.) (2007) El ejrcito romano en Hispania. Guia Arqueolgica. Universidad de Len. MORILLO, A. (2008) Criterios arqueolgicos de identificacin de los campamentos en Hispania In Actes de la table redonde internationale (Madrid, noviembre de 2007) La Guerre et ses traces dans la pninsule Ibrique lpoque de la conqute romaine. SALDVIE. N. 8. Universidad de Zaragoza, pp. 73-93. NUNES, J. C.; FABIO, C. ; GUERRA, A. (1990) As Lucernas do acampamento militar romano da Lomba do Canho (Arganil). In Conimbriga. Coimbra. XXIX, pp. 69-90.PEDRONI, L. (2000) Produzione e diffusione della ceramica calena media: problemi e ipotesi di lavoro. In la ceramica de verns negre dels s. II i I a.C.:centres productors mediterranis i comercialitzaci a la Peninsula Ibrica, Matar, p. 345-362.PEDRONI, L. (2001) - Ceramica calena a vernice nera, produzione e diffusione. Petruzzi Editore.PEA, J. T. (2007) - Roman Pottery in the Archaeological Record. New York: Cambridge University Press.PINTO, I. V. e MORAIS, R. (2007) Complemento de comrcio das nforas. Cermica comum Btica no territrio portugus. In Actas del Congreso International Cetariae 2005. Salsas y salazones de pescado en occidente durante la antiguidad. Cdis, 7-9 de noviembre de 2005, pp. 235-254. PIMENTA, J.; MENDES, H. e NORTON. J. (2008) - O Povoado Tardo-Republicano do Monte dos Caste-linhos Vila Franca De Xira. Al-madan. II Srie, n. 16, pp. 26-37.PIMENTA, J.; MENDES, H. (2012) Sobre o povoamento romano ao longo da via de Olisipo a Scallabis. In Cira Arqueologia n. 1. Actas da Mesa Redonda de Olisipo a Scallabis. A rede viria romana no vale do Tejo. Vila Franca de Xira. PIMENTA, J. (2013) Catlogo Exposio Monte dos Castelinhos (Castanheira do Ribatejo) Vila Franca de Xira e a conquista romana no Vale do Tejo. Museu Nacional de Arqueologia e Museu Municipal de Vila Franca de Xira. PIMENTA, J. (2013a) A Arquitetura do Monte dos Castelinhos. In Catlogo Exposio Monte dos Castelinhos (Castanheira do Ribatejo) Vila Franca de Xira e a conquista romana no Vale do Tejo. Museu Nacional de Arque-ologia e Museu Municipal de Vila Franca de Xira, pp. 31-42. PIMENTA, J. (2014) Em torno dos mais antigos modelos de nfora de produo lusitana. Os dados do monte dos castelinhos Vila Franca de Xira. Actas Seminrio Internacional e Ateli de Arqueologia Experimental. A Olaria Romana. Seixal 17-20 de Fevereiro de 2010. Cmara Municipal do Seixal. PIMENTA, J. (2013b) O escudo romano de Monte dos Castelinhos. In Catlogo Exposio Monte dos Caste-linhos (Castanheira do Ribatejo) Vila Franca de Xira e a conquista romana no Vale do Tejo. Museu Nacional de Arqueologia e Museu Municipal de Vila Franca de Xira, pp. 43-46. PIMENTA, J.; MENDES, H. (2013) A sequncia estratigrfica de Monte dos Castelinhos. In Catlogo Expo-sio Monte dos Castelinhos (Castanheira do Ribatejo) Vila Franca de Xira e a conquista romana no Vale do Tejo. Museu Nacional de Arqueologia e Museu Municipal de Vila Franca de Xira, pp. 15-30. PIMENTA, J. ; MENDES, H. (2014) Monte dos Castelinhos Vila Franca de Xira. Um stio singular para o estudo da romanizao do Vale do Tejo. In Actas da II Reunio Cientifica As Paisagens da Romanizao Fortins e ocupao do territrio no sc. II a.C. I d. C. Anejos de Archivo Espaol de Arqueologia, p. 125-142.PIMENTA, Joo; HENRIQUES, Eurico; MENDES, Henrique (2012) O Acampamento romano de Alto dos Cacos Almeirim. Associao de Defesa do patrimnio Histrico e Cultural do Concelho de Almeirim. PRINCIPAL, J.; RIBERA I LACOMBA, A. (2013) - El material ms apreciado por los arquelogos. La cermica fina - La cermica de barniz negro. Manual de cermica romana. Del mundo Helenstico al Imperio romano. Alcal de Henares, pp. 43- 146.RICCI, M. (1973) Per una cronologa delle lucerne tardo-repubblicaine. In Rivista di Studi Liguri. XXXIX. 39, pp. 168-234.

  • 120 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    SILVA, C. T.; SOARES, J. (1986) Arqueologia da Arrbida. Lisboa. S.N.P.R.C.N. Coleo Parques Naturais. 15. SILVA, C. T.; SOARES, J. (2012) Castro de Chibanes (Palmela). Do III milnio ao sculo I a.C. In Palmela Arqueolgica no Contexto da Regio Interestuarina Sado-Tejo, Municpio de Palmela, Palmela, pp. 67-87. SILVA, R. B. (2012) As marcas de oleiro na terra sigillata e a circulao dos vasos na Pennsula de Lisboa. Disser-tacao para a obtencao do grau de Doutor em Historia, especialidade em Arqueologia, orientada pela Prof.a Dr.a Rosa Varela Gomes, apresentada a Faculdade de Ciencias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (policopiado).SOARES, J.; SILVA, C. T. (1973) - Ocupao do perodo Proto-Romano do Pedro (Setbal). In Actas das II Jornadas Arqueolgicas da Associao dos Arquelogos Portugueses. Lisboa. Vol. 1, pp. 245-305.SORA, V. (2013) - A cermica de mesa em poca tardo republicana em Scallabis: o contributo da campaniense. In Actas do II Congresso Internacional da SECAH, Cdiz 2011, 249-269.SORA, V. (no prelo) A cermica de mesa de pasta cinzenta que imita prottipos itlicos tardo republicanos/protoimperiais, proveniente da Alcova de Santarm, in Actas do II Congresso Internacional da SECAH, Braga 2013.ULBERT, G. (1984) Caceres el viejo. Ein sptrepublikanisches Legionslager in Spanisch-Estremadura. Madrider Beitrage. 11. Mainz-am-Rhein.VAZ PINTO, I.; SCHMITT, A. (2010) Cermica comum, em Castelo da Lousa Intervenes Arqueolgicas de 1997 a 2002. STUDIA LUSITANA 5. Museu Nacional de Arte Romana. Mrida, pp.219- 444.VIEGAS, C. (2011) A Ocupao Romana do Algarve. Estudo do Povoamento e economia do Algarve central e oriental no perodo romano. Estudos e Memrias 3. Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa Uniarq. Lisboa.

  • 121 CIRA-ARQUEOLOGIA II I ATAS - CONGRESSO CONQUISTA E ROMANIZAO DO VALE DO TEJO

    1 Museu Municipal Vila Franca de Xira/UNIARQ2 Bolseiro FCT/ UNIARQ3 Museu Municipal Vila Franca de Xira4 Daqui em frente referir-se- a esta produo baseando a terminologia sobre as suas caractersticas de fabrico (pasta cinzenta)

    porque o seu ou os seus centros de produo so alvo de debate e anlise.5 Manteve-se a dupla designao por tratar-se de fragmentos de fundo cuja classificao enquadra-se na tipologia do Lamboglia

    (1952) e do Conspectus (2002).6 No Mediterrneo Ocidental encontra-se esta forma j a partir da primeira metade do sc. II a.C.. Marin Jord - Ribera 2001.7 Embora a qui o fundo esteja classificado como Lamb. 5.8 A titulo de exemplo veja-se o trabalho de Childe, V G 1931 Skara Brae; a Pictish Village in Orkney London.9 Considerando a descrio das pastas pensamos que o conjunto possa ser atribudo produo calena.10 Fabio (1996, 119) faz referencia tambm a uma L. 4, no mencionada no artigo de 1973 de Soares e Silva.11 Perodo tambm referido como prto-romano, ibid., 278.12 O Ulbert (1984, figg. 533-534) assinala a presena de dois bordes de prato L. 36 em verniz negro napolitano que no considera

    determinantes do ponto de vista cronolgico. 13 Luis 2010. O autor no explicita o centro produtor mas pela descrio que faz, do Tipo 2, foi possvel identificar este com as

    produes da colnia Latina de Cales.

    NOTAS

    Cira Arqueologia N. 3 DEZ'14 - Atas | Congresso Conquista e Romanizao do Vale do TejoCermicas de verniz negro itlico e imitaes em pasta cinzenta de Monte dos Castelinhos - Vila Franca de Xira | Joo Pimenta; Vincenzo Soria e Henrique Mendes