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Humanismo e CiênCia

Aveiro • CoimbrA • São PAulo

2015

Antiguidade e Renascimento

António mAnuel loPeS AnDrADeCArloS De miGuel morAJoão mAnuel nuneS torrão (CooRds.)

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Humanismo e CiênCia: Antiguidade e Renascimento

EdIÇÃo

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ORgAnIzAçãO E cOORDEnAçãO EDITORIAl

AnTónIO MAnUEl lOpEs AnDRADE

cARlOs DE MIgUEl MORA

JOãO MAnUEl nUnEs TORRãO

DEsIgn DA cApA MEIOKIlO DEsIgn sTUDIO

DEsIgn cARlOs cOsTA

IMpREssãO E AcAbAMEnTO

sERsIlITO • MAIA

Isbn

UA • 978-972-789-434-5

IUc • 978-989-26-0940-9

Isbn DIgITAl

UA • 978-972-789-435-2

IUc • 978-989-26-0941-6

doI

http://dx.doi.org/10.14195/ 978-989-26-0941-6

DEpósITO lEgAl 368241/13

TIRAgEm 500 Exemplares

© 2015

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cOMIssãO cIEnTífIcA

António Manuel lopes Andrade

Carlos de miguel mora

Delfim ferreira leão

Henrique leitão

João Manuel nunes Torrão

Maria de fátima Reis

Maria do céu zambujo fialho

Miguel Ángel gonzález Manjarrés

TExTos

Adelino Cardoso

Ana leonor pereira

Ana Margarida borges

António guimarães pinto

António maria martins melo

bernardo Mota

Carlos A. martins de Jesus

Carlos de miguel mora

Cristina santos Pinheiro

Donald beecher

Emília oliveira

Isabel Malaquias

James W. nelson novoa

Joana mestre Costa

João Manuel nunes Torrão

João Rui pita

Jorge Paiva

José sílvio Moreira fernandes

Maria de fátima silva

Miguel Ángel gonzález Manjarrés

Rui Manuel loureiro

Telmo corujo dos Reis

Teresa nobre de carvalho

vinicije b. lupis

virgínia soares pereira

Este volume é financiado por fundos fEDER através do programa Operacional factores de competitividade – cOMpETE e por fundos nacionais através da fcT – fundação para a ciência e a Tecnologia no âmbito do projecto de I&D com a referência fcOMp-01-0124-fEDER-009102.

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Antiguidade e Renascimento

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obrA PubliCADA

Com A CoorDenAÇão

CientÍFiCA De:

cEnTRO DE língUAs,

lITERATURAs E cUlTURAs DA

univerSiDADe De Aveiro

cEnTRO DE EsTUDOs

clÁssIcOs E HUMAnísTIcOs DA

univerSiDADe De CoimbrA

cÁTEDRA DE EsTUDOs sEfARDITAs

“AlbERTO bEnvEnIsTE”

DA fAcUlDADE DE lETRAs DA

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sumáRIo

PreFáCio .............................................................................................................................................................7

1) Humanismo e CiênCia ..................................................................................................................... 11

1.1 “Teofrasto, Tratado das plantas. no alvor de uma nova ciência” .................................................... 13

Maria de Fátima Silva

1.2 “francisco de Melo e os fragmentos de teoria óptica de pierre brissot” .................................... 21

Bernardo Mota

1.3 “Algumas reflexões sobre as pedras preciosas nos Colóquios

dos simples de garcia de Orta” ............................................................................................................... 37

Rui Manuel Loureiro

1.4 “Estratégias, patronos e favores em Colóquios dos Simples de garcia de Orta” ........................ 63

Teresa Nobre de Carvalho

1.5 “As plantas na obra poética de camões (épica e lírica)” .................................................................. 95

Jorge Paiva

1.6 “nicolás Monardes, John frampton and the Medical Wonders of the new World” ................141

Donald Beecher

1.7 “literatura e Medicina: alguns textos de Justo lípsio e de dois doutores luís nunes” .........161

António Guimarães Pinto

1.8 “Ontologias e idiossincrasias dos Amantes, à luz da Archipathologia de filipe Montalto” ......211

Joana Mestre Costa & Adelino Cardoso

1.9 “gabriel da fonseca. A new christian doctor in bernini’s Rome” ................................................227

James W. Nelson Novoa

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2) DioSCóriDeS e o HumAniSmo PortuGuêS: os Comentários De AmAto luSitAno ............................................................................249

2.1 “léxico científico português nos Comentários de Amato: antecedentes e receção”..............251

Ana Margarida Borges

2.2 “Usos medicinais das plantas, em Amato lusitano: o bálsamo” ..................................................275

António Maria Martins Melo

2.3 “Amato lusitano e a importância da ilustração botânica no século xvi.

Em torno das edições lionesas das Enarrationes (1558)” ..............................................................303

Carlos A. Martins de Jesus

2.4 “sobre la identificación entre ébano y guayaco en una entrada

del Index Dioscoridis de Amato lusitano” ..........................................................................................317

Carlos de Miguel Mora

2.5 “Os partos distócicos em Amato lusitano e em Rodrigo de castro:

fontes, doutrinas e terapias greco-romanas” ...................................................................................353

Cristina Santos Pinheiro

2.6 “Do carvalho ao castanheiro: usos e propriedades medicinais

de fagáceas nas Enarrationes de Amato lusitano” ..........................................................................373

Emília Oliveira

2.7 “O mundo mineral nos Comentários a Dioscórides de Amato lusitano” ....................................387

Isabel Malaquias & Virgínia Soares Pereira

2.8 “Alguns comentários de Amato: entre a estranheza e a realidade” ............................................413

João Manuel Nunes Torrão

2.9 “caracterização e usos terapêuticos de produtos de origem marinha

nos Comentários de Amato lusitano a Dioscórides” ......................................................................425

José Sílvio Moreira Fernandes

2.10 “la mandrágora de Amato lusitano: edición, traducción y anotación” ...................................449

Miguel Ángel González Manjarrés

2.11 “o vinho e os vinhos — usos e virtudes de um dom dos deuses

nas Enarrationes de Amato lusitano” .................................................................................................467

Telmo Corujo dos Reis

2.12 “Amatus lusitanus e Didaco pirro: due ebrei portoghesi

e cerchia umanistica di Dubrovnik” ....................................................................................................481

Vinicije B. Lupis

2.13 “Estudos contemporâneos sobre Amato lusitano” .......................................................................513

João Rui Pita & Ana Leonor Pereira

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7Prefácio

Prefácio

Este volume resulta de várias iniciativas desenvolvidas no âmbito do projecto de I&D “Dioscórides e o Humanismo Português: os Comentários de Amato Lusitano”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (http://amatolusitano.web.ua.pt), recolhendo contribuições de mais de duas dezenas de colaboradores, tanto de membros da equipa do pro-jecto como de outros investigadores nacionais e estrangeiros. Entre os eventos que estiveram na origem deste livro destacam-se as três edições do Ciclo de Conferências promovido pelo projecto, realizadas entre 2010 e 2013, e sobretudo o Colóquio Internacional “Dioscórides e o Humanismo Português: os Comentários de Amato Lusitano”, que decorreu no Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, nos dias 21 e 22 de Novembro de 2013.

O objectivo principal do projecto é a edição e tradução para português dos dois livros que Amato Lusitano dedicou ao comentário do tratado grego De materia medica de Dioscórides, ou seja, o Index Dioscoridis (Antuérpia, 1536) e as In Dioscoridis Anazarbei de medica materia libros quinque...enarrationes (Veneza, 1553), estando contemplada, também, a tradução de mais duas obras directamente correlacionadas com os livros do médico português: a montante, a do próprio tratado grego de Dioscórides; a jusante, a do livro intitulado Apologia adversus Amathum Lusitanum (Veneza, 1558) do humanista Pietro Andrea Mattioli.

Os trabalhos em curso constituíram-se como o ponto de partida de uma reflexão alargada sobre as relações entre Humanismo e Ciência, percepcionadas a partir do diálogo fecundo entre dois tempos tão próximos quão afastados: Antiguidade e Renascimento. Naturalmente, a própria matéria médica representa o eixo central em torno do qual gravita a maioria dos estudos deste volume, cujas ramificações se estendem a múltiplos saberes no domínio da Botânica, Farmácia, Geologia, História, Lexicografia, Literatura, Medicina ou Zoologia.

Dioscórides escreveu por volta de meados do século I d. C. o tratado Περὶ ὕλης ἰατρικῆς, conhecido comummente pela sua designação latina De materia medica, uma obra matricial no âmbito da Medicina e da Farmácia desde a Antiguidade Clássica até ao Renascimento, porquanto os cinco livros em que se divide constituem um verdadeiro catálogo das substâncias com propriedades medicinais de origem animal, mineral e sobretudo vegetal. Esta obra conheceu

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ao longo dos séculos uma tradição manuscrita riquíssima e uma difusão a todos os títulos extraordinária (latina e árabe) em razão da enorme utilidade que sempre lhe foi reconhecida.

O interesse pela obra de Dioscórides viria a recrudescer no final do século xv, após a publica-ção da primeira edição em língua grega do De materia medica, saída dos prelos venezianos de Aldo Manúcio, em 1499. Esta edição singular constituiu um autêntico marco de viragem no estudo e na divulgação do tratado grego, já que colocou a obra de Dioscórides no centro do interesse e da atenção dos mais reputados humanistas e homens do saber. Ao longo do século xvi, sucedem-se por toda a Europa as edições, traduções e comentários do tratado a um ritmo ver-dadeiramente impressionante, favorecidos pela ampla generalização da imprensa e pela rápida evolução das técnicas e métodos utilizados no processo editorial. Surgem em múltiplos formatos novas edições do texto grego, inúmeras traduções tanto em latim como em vernáculo, acompa-nhadas com frequência de profusos comentários, por vezes publicados de forma independente.

Os diversos humanistas que desde os finais do século xv editaram, comentaram e traduziram o tratado matricial de Dioscórides estão na origem de um processo acelerado de (re)conheci-mento do mundo natural, ancorado no método filológico de estudo dos textos greco-latinos, propugnado por Nicolò Leoniceno, e nos resultados cada vez mais desafiantes carreados pela observação e pela experimentação de uma realidade tantas vezes nova e completamente desco-nhecida. Quase em simultâneo, os descobrimentos portugueses e espanhóis desempenharam um papel crucial no avanço do conhecimento do mundo natural, contribuindo para a ultrapassagem definitiva dos limites que condicionaram as grandes referências da Antiguidade (Hipócrates, Teofrasto, Dioscórides, Plínio, Galeno). E, neste movimento de largo espectro, tomaram parte alguns dos autores em destaque neste volume, seja através do estudo da própria matéria médica e/ou da medicina (Amato Lusitano, Filipe Montalto, Gabriel da Fonseca, Garcia de Orta, John Frampton, Luís Nunes de Santarém, Nicolás Monardes, Rodrigo de Castro), seja através do culto da poesia (Camões, Diogo Pires, Luís Nunes), seja através da matemática (Pierre Brissot, Francisco de Melo).

A partir dos alvores do século xvi, a matéria médica torna-se indiscutivelmente um tema de primeira grandeza entre os membros da República das Letras, objecto de estudo e de acesa controvérsia entre os mais notáveis humanistas europeus, em particular entre aqueles que se dedicavam ao exercício da arte de Galeno. Entre os autores em destaque neste volume encontram-se, à cabeça, os nomes de Amato Lusitano, Garcia de Orta e Nicolás Monardes, famosos pelos contributos que deram para o conhecimento do mundo natural. Os restantes médicos em evidência nos estudos apresentados neste livro possuíam igualmente um interesse particular pela matéria médica, tanto mais que o exercício da sua actividade dependia directa-mente desse conhecimento. Bastará recordar, por exemplo, que Pierre Brissot, doutor em Medicina pela Universidade de Paris, viajou para Portugal, em 1518, com o fito de investigar as novíssimas matérias que eram trazidas dos territórios ultramarinos e que estavam a chegar

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9Prefácio

aos mercados europeus através do eixo Lisboa-Antuérpia; ou que Luís Nunes de Santarém, colega de Amato no Estudo de Salamanca, depois de chegar a Antuérpia em 1544, após ter honrado a Universidade de Coimbra com o seu magistério, decidiu permanecer bastante mais tempo do que previa no empório do Escalda, segundo relata em carta dirigida a Diogo de Murça, porquanto aí foi encontrar, em larga abundância, duas coisas do seu maior interesse: livros e matéria médica.

Não se estranha que entre os autores estudados neste livro figurem vários médicos cristãos-novos em diáspora (Amato Lusitano, Filipe Montalto, Gabriel da Fonseca, Garcia de Orta, Luís Nunes, Luís Nunes de Santarém, Rodrigo de Castro), confirmando a antiga predilecção hebraica pelo exercício da arte de Galeno e evidenciando a profunda chaga aberta na sociedade portuguesa pela questão judaica. É assim possível acompanhar neste livro o percurso e a acti-vidade de muitos destes médicos notáveis, que se destacaram por toda a Europa no exercício, estudo e ensino da Medicina.

O volume encontra-se dividido em duas partes distintas: a primeira, subordinada ao título “Humanismo e Ciência”, alberga os estudos que versam sobre todos os autores supramencio-nados, à excepção de Amato Lusitano; a segunda está reservada a um conjunto de trabalhos dedicados exclusivamente ao médico albicastrense, cuja autoria se fica a dever, em grande medida, aos membros da equipa do projecto de investigação, tomando, por isso, o seu pró-prio título — “Dioscórides e o Humanismo Português: os Comentários de Amato Lusitano”. No fundo, nesta segunda parte, oferece-se, desde já, aos leitores deste livro uma amostra signi-ficativa do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito do projecto e que culminará, assim o esperamos, na edição e tradução integral para língua portuguesa das quatro obras previstas de Dioscórides, Amato Lusitano e Pietro Andrea Mattioli.

Na verdade, os comentários de Amato Lusitano a Dioscórides constituíram-se como o cora-ção deste projecto ambicioso, que envolve um conjunto alargado de investigadores, tanto de tradutores do grego e do latim como das áreas científicas mais directamente ligadas à matéria médica. Os comentários de Amato Lusitano a Dioscórides inserem-se no movimento humanista de regresso à pureza das obras matriciais da Antiguidade Clássica, de que o tratado grego é um exemplo paradigmático. São textos de carácter muito diversificado que não se cingem apenas ao âmbito estritamente filológico, porquanto constituem, no seu todo, uma manifestação signifi-cativa da contribuição decisiva dada pelo Humanismo português para a revolução cultural e científica que, nos séculos xv e xvi, abalou as estruturas da sociedade europeia e rasgou as fronteiras do mundo conhecido, abrindo as portas à modernidade.

A publicação deste livro muito deve à parceria estabelecida entre o Centro de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade de Aveiro, no âmbito do projecto de I&D “Dioscórides e o Humanismo Português: os Comentários de Amato Lusitano”, o Centro de Estudos

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Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra e a Cátedra de Estudos Sefarditas “Alberto Benveniste” da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que uniram esforços com o objectivo de proporcionar uma reflexão alargada sobre o tema que deu o mote a este volume — Humanismo e Ciência —, no qual se entrecruzam saberes, espaços e tempos diversos.

Tem sido para nós um grato privilégio levar por diante a coordenação deste projecto de investigação, cuja consecução se deve, em primeiro lugar, ao empenho e à dedicação dos membros da equipa e dos consultores científicos, bem patente na forma maciça como deram a sua cola-boração para este volume. Cumpre-nos manifestar aqui os nossos penhorados agradecimentos a todos quantos contribuíram para que este livro fosse publicado, muito particularmente aos autores dos estudos, que gentilmente aceitaram o nosso desafio, aos membros da Comissão Científica e às instituições editoras e financiadoras.

António Manuel Lopes AndradeCentro de Línguas, Literaturas e CulturasUniversidade de [email protected]

Nota: neste volume respeitou-se a opção de cada autor quanto à adopção do novo Acordo Ortográfico (1990).

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1Humanismo e CiênCia

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1091.5 “As plantas na obra poética de Camões (épica e lírica)”

Camões, n’Os Lusíadas, refere ainda outras palmeiras. Uma no Canto I, 45, 46:

Eis aparecem logo em companhia

Uns pequenos batéis, que vêm daquela

Que mais chegada à terra parecia,

Cortando o largo mar com larga vela.

A gente se alvoroça, e de alegria,

Não sabe mais que olhar a causa dela.

-“Que gente será esta?” (em si diziam)

“Que costumes, que leis, que rei teriam?”

“As embarcações eram na maneira

Mui velozes, estreitas e compridas;

As velas com que vêm eram de esteira,

Dũas folhas de palma bem tecidas;

A gente da cor era verdadeira

Que Fáeton, nas terras acendidas,

Ao mundo deu, de ousado e não prudente

(O Pado o sabe, e Lampetusa o sente).

Estas esteiras de folha de palma deviam ser feitas, muito provavelmente, das folhas flabeli-formes de Borassus aethiopum Mart., uma palmeira relativamente comum nas baixas planícies do litoral central de Moçambique. Actualmente, as velas dessas embarcações (pequenos batéis, os sambucos, de influência indo-árabe, de 2 velas e semelhantes às nossas caravelas) são feitas de “estopa” de sacos de farinha ou de pano. Na área de Matibane (cerca da ilha de Moçambi-que) são feitas das folhas flabeliformes de outras espécies de palmeiras pertencentes ao género Hyphaene, também comuns nessas regiões. Francisco Manuel de Mello (Conde de Ficalho, 1890)13 sugere que a palma usada para as velas pudesse também ser das folhas flabeliformes de Borassus flabellifer L., uma palmeira da Índia, utilizada para esse fim no litoral indiano. Na realidade, sabe-se que ainda há cerca de um século, os indianos, aproveitando os ventos das monções, iam em barcos à vela, aos mangais do litoral tanzaniano e moçambicano colher madeira para fabrico de habitações. Desta maneira, poderiam ter fornecido, por permuta, estei-ras da palmeira indiana aos pescadores moçambicanos. É uma hipótese, mas pouco plausível. Na nossa opinião, os africanos copiaram as velas indianas, utilizando as palmeiras nativas de folhas flabeliformes (Borassus aethiopum Mart.) como as da palmeira indiana (Borassus flabellifer L.).

13 Conde de Ficalho, Flora dos Lusiadas. Lisboa, Academia Real das Sciencias, 1880.

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110 Jorge Paiva

Outra palmeira citada por Camões (Canto VIII, 24 e Canto X, 42) é a tamareira (Phoenix dactylifera L.), já referida pelos “físicos” gregos, nos textos bíblicos, corânicos e por Garcia de Orta (Colóquio Quinquagesimo Terceiro), pela sua importância alimentar e religiosa:

A Dom Mateus, o Bispo de Lisboa,

Que a coroa de palma ali coroa. (VIII, 24)

“Que gloriosas palmas tecer vejo,

Com que Vitória a fronte lhe coroa,

Quando, sem sombra vã de medo ou pejo,

Toma a ilha ilustradíssima de Goa, (X, 42)

Como não podia deixar de ser, Camões refere também o aloé (Canto X, 137). Mas cita o aloé da ilha Socotra (Iémen) e não o Aloe vera (L.) Burm. f., o mais conhecido e citado aloé, desde a Antiguidade Grega e Tempos Bíblicos.

Verás defronte estar do Roxo Estreito

Socotorá, co’o amaro aloés famosa;

Este aloé de Socotra, já é referido por Aristóteles, que pretendeu que o Imperador Alexan-dre conquistasse esta ilha, por saber que ali havia muito aloé, de que necessitava para tratar as feridas dos soldados, pois é um bom cicatrizante. Na realidade, o Imperador, ao regressar da Índia, desterrou os habitantes da ilha de Socotra, fundando ali uma colónia grega para cultivarem os aloés.

Esta planta tem sido erradamente identificada como Aloe socotrina Lam. (ex Ficalho, 1890), aliás, um nome latino inexistente, por suporem tratar-se do Aloe succotrina Lam., que não é nativo de Socotra.

Mas, além de se confundir Aloe vera (L.) Burm.f. com os aloés da ilha de Socotra (Aloe perryi Bak. e Aloe forbesii Bak. f.), comercialmente utilizados para extrair a socotrina (tâyef, na ilha; saber ou sabr ou sabbara em árabe), também se tem confundido com Aloe succotrina Lam., nativo da província do Cabo da África do Sul, não só por se julgar que o restritivo es-pecífico é referente a Socotra, como também porque Philip Miller, em 1758, lhe chamou Aloe vera Mill. (non L.). O epíteto succotrina nada tem a ver com a ilha de Socotra; o termo deriva de sucocitrina, produto químico do suco das folhas deste aloé originário da África do Sul.

Desde que o frade franciscano Romano Zago, um brasileiro de São Francisco de Assis (Rio Grande do Sul, Brasil), na altura professor de Filosofia e de Latim no Convento de San Salvatore, em Jerusalém, deu a sua primeira grande entrevista à revista argentina “Florecillas de Tierra San-ta”, por ter curado a leucemia de Geraldito, uma criança argentina, o cancro de Linda, irmã de

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1111.5 “As plantas na obra poética de Camões (épica e lírica)”

uma amiga da freira Silvana, da Comunidade de Aida (Israel) e o cancro de Frei Rafael Caputo, director de uma Escola eclesiástica na Terra Santa, há cerca de uma dúzia de anos que se criou a panaceia do Aloe vera. Seguiram-se muitas mais entrevistas, conferências e curas milagrosas, tendo até o frade Romano Zago vindo a Portugal onde proferiu conferências no Porto, Coimbra, Odivelas e Lisboa, tendo sido entrevistado pelas emissoras de Rádio e Televisão.

A panaceia foi tal que em 1995-1996, quase desapareceram os aloés, que até não são Aloe vera (L.) Burm.f., mas, geralmente, Aloe arborescens Mill., dos jardins públicos de Portugal, pois as pessoas, tomadas de uma loucura colectiva, utilizavam o suco das folhas de qualquer aloé, na tentativa de tratarem qualquer tipo de doença e, até, apenas como uma espécie de vacina, mesmo sem estarem doentes. Formavam-se f ilas à porta do Convento dos Franciscanos em Lisboa, para compra do remédio milagroso. Não sei se esta romaria já parou, passados que são mais de uma dúzia de anos de muitas desilusões. Publicaram-se muitos artigos, plenos de erros, particularmente na identif icação das espécies de Aloe, até recentemente, em revistas de divulgação e em livros sobre plantas medicinais, sendo alguns desses textos de autoria de pessoas com grandes responsabilidades, por efectuarem investigação científ ica com plantas medicinais.

Nessa altura alertei para o logro em que as pessoas tinham caído, através de entrevistas e vários artigos de divulgação e na televisão, mas sem grandes resultados. Indivíduos sem escrúpulos continuam a vender gato por lebre, comercializando outras espécies de aloés como sendo Aloe vera (L.) Burm.f., que é muito pouco cultivado nos jardins de Portugal. Apenas tenho conhecimento de explorações agrícolas extensivas de Aloe vera (L.) Burm.f. em Portugal, no Algarve (concelhos de Portimão e de Vila do Bispo).

Como os aloés têm folhas suculentas (crassas), erroneamente, com muita frequência, designam-nos por cactos, um lapso “crasso”. Os verdadeiros cactos, são, na realidade, plantas crassas (suculentas), geralmente afilas (sem folhas) e com espinhos, que constituem a família das Cactáceas, com cerca de 2000 espécies nativas das estepes americanas (América do Norte, Central e do Sul; apenas um género fora da América), tendo sido introduzidos, por cultivo, noutras regiões do Globo, onde algumas espécies se naturalizaram e adaptaram tão bem que se tornaram invasoras, como aconteceu, por exemplo, com a figueira-da-índia [Opuntia ficus-indica (L.) Mill.], uma cactácea originária do México e não da Índia, como erroneamente o epíteto específico leva a crer.

Há cerca de 350 espécies de aloés, das quais quase metade (140) é nativa de África, sendo as restantes de Madagascar, Socotra, Região Mediterrânica, Arábia, Índia e China.

O verdadeiro Aloe vera (L.) Burm.f. é nativo do Nordeste de África e, muito provavel-mente, também da Arábia. É utilizado como medicinal há milhares de anos, havendo teste-munhos disso desde 1500 anos a. C., no Egipto (“Papyrus Ebers”, Universidade de Leipzig), referindo alguns autores que o encanto e beleza de Cleópatra se devia ao uso do “gel” de aloé.

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112 Jorge Paiva

O Aloe vera foi muito apreciado, como planta medicinal, pelos “físicos” gregos, como refere Hipócrates (ca. 460-370 a. C.) no seu De herbis, Teofrasto (370-285 a. C.) em Historia plantarum e descrito por Dioscórides em De materia medica. O Aloe vera (L.) Burm.f., actualmente, está naturalizado na Região Mediterrânica, Macaronésia (Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde), América Central e do Sul.

Sendo utilizado desde antes de Cristo, não admira que o Aloe vera (L.) Burm.f. seja refe-rido nos textos bíblicos. Mas, nem todas as referências a aloés nas diversas edições da Bíblia são verdadeiros aloés. Os aloés citados no Antigo Testamento (Salmos 45:9; Provérbios 7:17; Cântico dos Cânticos 4:14) são plantas que não pertencem ao género Aloe. Aí são referidas como plantas aromáticas, conjuntamente com a mirra [Commiphora myrrha (Nees) Engl.], a caneleira do Ceilão (Cinnamomum vera Nees) e a caneleira da China [Cinnamomum cassia (L.) J.Presl], que até são referidas como árvores (Cântico dos Cânticos 4:14) e o Aloe vera é uma erva não aromática. Esse aloé citado no Antigo Testamento é uma árvore muito aromática, a Aquilaria malaccensis Lam. (ahaloth, em Hebraico), a que os gregos chamam xylaloe e a que Garcia de Orta dedica um Colóquio (Trigesimo; Do linaloes) e também chama agalugem e que, portanto, Camões também refere n’Os Lusíadas (Canto X, 129).

“Vês: corre a costa que Champá se chama,

Cuja mata é do pau cheiroso ornada;

Por isso, quando traduziram os textos em hebraico do Antigo Testamento para grego, à ahaloth chamaram (muito bem) xylaloe. Ao traduzirem a Bíblia do grego para latim, traduziram (erroneamente) xylaloe para aloe. Aloe vera é uma erva, não aromática, com propriedades cica-trizantes, e é o aloé referido no Novo Testamento (João 19:39). Aqui, refere-se que envolveram o corpo de Jesus com ligaduras e uma mistura de mirra [Commiphora myrrha (Nees) Engl.] e aloés [cerca de 100 libras (45-50 kg), levadas por Nicodemos], para o sepultarem, como era costume entre os judeus. Estes aloés são o Aloe vera (L.) Burm.f. ou, pouco provavelmente, Aloe perryi Bak. e Aloe forbesii Bak. f., nativos da ilha de Socotra e muito confundidos com o Aloe vera. Actualmente, ainda persiste esse hábito de envolverem (embalsamarem) os mortos com aloés e outras plantas (particularmente aromáticas, pois muitas delas são anti-sépticas), não só em Israel, como também entre os árabes.

Após os descobrimentos, o Aloe vera foi introduzido no Novo Mundo, provavelmente pelos espanhóis, a partir de plantas levadas das Canárias. Naturalizou-se rapidamente nas Índias Ocidentais (Barbados, Jamaica, Antígua, Porto Rico), na América Central (México, Nicarágua) e na América do Sul (Peru, Bolívia, Venezuela). Por isso, Philip Miller (1768) designou por Aloe barbadensis Mill., uma planta supostamente nativa da ilha dos Barbados, que não é mais do que o Aloe vera (L.) Burm.f.

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1131.5 “As plantas na obra poética de Camões (épica e lírica)”

Infelizmente, essa confusão persiste ainda hoje, com a agravante de andarem a chamar Aloe barbadensis Mill. a um Aloe que não é o verdadeiro Aloe barbadensis Mill., isto é, que não é Aloe vera (L.) Burm.f. O pior é que essas confusões até aparecem em livros sobre plantas medicinais de autores com grandes responsabilidades, por fazerem investigação cientifica na área química das plantas medicinais. Não admira, pois, que nesses livros se apresentem produtos químicos diferentes para o Aloe barbadensis Mill e para o Aloe vera (L.) Burm.f., pois Aloe barbadensis Mill. que referem não é o autêntico e, portanto, não é o Aloe vera (L.) Burm.f. 14

Na África do Sul, começou, há já alguns anos, a utilizar-se como fonte comercial de produtos dos aloés, uma planta muito comum nos jardins desse país, o Aloe arborescens Mill. Inicialmente extraiam os produtos químicos do Aloe vera (L.) Burm.f., mas como o Aloe arborescens Mill. é não só largamente cultivado como ornamental, como também é nativo e bastante comum na Natureza daquele país, passaram a utilizar, para a obtenção do suco de aloé, este último em vez do Aloe vera (L.) Burm.f., que ali tinham que cultivar. Porém, não só a composição química do suco dos dois aloés é diferente, como também, como é evidente, as qualidades terapêuticas das duas espécies sejam igualmente diversas.

Aloe arborescens Mill. é nativo do sudoeste e sul de África (Zimbabwe, Malawy, Moçam-bique e África do Sul) e é muito utilizado como ornamental nas regiões temperadas do Globo, estando, actualmente, naturalizado em muitas regiões fora da respectiva área nativa, como no sudoeste da Região Mediterrânica (Sul de França, Espanha e Portugal).

Em Portugal (e não só), infelizmente, muita gente e herbanários sem escrúpulos, utilizam o Aloe arborescens Mill., como fonte do suco de aloé, para o comercializarem como se fosse o suco do verdadeiro Aloe vera (L.) Burm.f.

Gilbert Reynolds (1895-1967) foi o mais eminente especialista do género Aloe, tendo pu-blicado duas excelentes monografias (1950 e 1966)15, profusamente ilustradas com fotografias e desenhos a cores, pois ele observou vivas a maioria das espécies, muitas delas cultivadas nos jardins das suas residências na África do Sul e na Suazilândia. Este autor e Robert Compton (1886-1979), que foi director do Jardim Botânico de Kirstenbosch (África do Sul), durante a década de 70 do século passado, alertaram para o facto de se estar a comercializar gato por lebre, elucidando que o suco das folhas das duas espécies tinha composição química diferente e, portanto, propriedades medicinais também distintas. O suco das folhas dos aloés é um bom cicatrizante, virtude que nós próprios já constatamos e que é conhecida há muitos séculos, tanto que, na Antiga Grécia, Aristóteles utilizou as folhas de Aloe vera (L.) Burm.f. para tratamento dos ferimentos dos soldados gregos. Porém, enquanto o suco das folhas do Aloe arborescens Mill.

14 A. Proença da Cunha, A. P. da Silva, O. R. Roque, Plantas e produtos vegetais em fitoterapia. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.

15 G. W. Reynolds, The Aloes of South Africa. Johannesburg, Aloes of South Africa Book Fund, 1950; Idem, The Aloes of Tropical Africa and Madagascar. Mbabane, The Trustees. The Aloes Book Fund, 1966.

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114 Jorge Paiva

é eficaz no tratamento de queimaduras (até as devidas a Raios X), o do Aloe vera (L.) Burm.f. não o é. Como na literatura fitoterápica se têm confundido várias espécies de Aloe, têm sido atribuídas ao Aloe vera virtudes que não possui.

Encontram-se referências ao uso do Aloe vera no tratamento de cancros, mas, pessoal-mente, não conheço nenhum trabalho científico demonstrativo de tal atributo desta planta. Por outro lado, também não conheço nenhum caso de cura de cancro de doentes que se tra-taram exclusivamente com o suco “milagroso”, parando com todos os outros tratamentos que seguiam por indicação médica, como a quimioterapia e a radioterapia. Antes pelo contrário, conheci pessoas cancerosas, tanto em Portugal, como no estrangeiro, que se trataram com Aloe vera e morreram de cancro.

Na referida literatura encontram-se mencionadas muitas outras virtudes dos aloés, além das que acabamos de referir, tais como colagogas, emenagogas, vermífugas, repelentes de insectos, estimulantes, laxativas, no tratamento da meningite, conjuntivite crónica, blefarite, obstipação, ictiose, várias outras doenças cutâneas, úlceras e até, inimaginável, no tratamento da esterilidade. Enfim, os aloés curam todos os males!...A panaceia foi (e continua a ser) de tal ordem que, em 1996, até houve quem tivesse a desfaçatez de propor os aloés como as Plantas do Ano em Portugal.

Há imensas falsidades difundidas acerca destas plantas, como também, na grande maioria dos casos, se está a vender como Aloe vera (L.) Burm.f., outras espécies de Aloe, particularmente o Aloe arborescens Mill., que é o mais comummente cultivado nos nossos jardins, o que é grave, pois o suco deste último é laxativo e pode provocar reacções alérgicas.

Se o Aloe vera ou qualquer outra planta tivesse as propriedades oncológicas propagadas, as grandes multinacionais da indústria farmacêutica não deixavam de explorar tal filão, nem o deixavam entregue em mãos alheias. Aliás, a indústria sem escrúpulos, já explora este filão, pois encontram-se à venda produtos de cosmética (cremes, sabonetes, loções, águas de colónia, etc... até loções para a queda do cabelo...) fabricados por multinacionais como sendo à base de Aloe vera, não o sendo, na maioria dos casos.

O pior é que até na indústria alimentar já estão à venda alimentos com “Aloe vera”. Considero um crime para a saúde pública, permitir-se a venda dos iogurtes com “Aloe vera”. Não sei se têm suco do Aloe vera, mas se o têm, é criminoso permitir-se que crianças comam um alimento com um cicatrizante poderoso, sem terem qualquer infecção, fazendo com que o organismo da criança perca resistências a futuras infecções. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Instituto Nacional de Farmácia e do Medicamento (INFARMED) não permitem a comercialização de medicamentos não comprovados cientificamente. Por isso, não há à venda medicamentos à base do “Aloe vera” para tratamento de cancros. A indústria de cosméticos é uma indústria sem regras que explora a vaidade das pessoas. A indústria de plantas medicinais e os “herbanários” também não têm regras e exploram a

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1151.5 “As plantas na obra poética de Camões (épica e lírica)”

ingenuidade das pessoas. Mas a indústria alimentar é controlada pela Agência de Seguran-ça Alimentar e Económica (ASAE). Por isso, não se entende como se encontram à venda iogurtes com “Aloe vera”.

O verdadeiro Aloe vera (L.) Burm.f. distingue-se bem de todos os outros Aloe com os quais o confundem, deliberadamente ou não, pois tem f lores amarelas e os outros não. Aloe perryi Bak. e Aloe forbesii Bak.f., nativos da ilha Socotra, têm f lores cor de salmão, que amarelecem depois da antese (abertura das f lores), amarelecendo da base para o cimo da inf lorescência; Aloe succotrina Lam., da África do Sul, tem f lores avermelhadas e Aloe arborescens Mill., do sudoeste e sul de África, tem f lores escarlate. Além disso, o hábito das plantas e as inf lorescências também são diferentes. Geralmente Aloe arborescens Mill. e Aloe succotrina Lam. são subarbustivos e têm as inf lorescências simples (pedúnculos não ramificados), ao passo que Aloe vera (L.) Burm.f., Aloe perryi Bak. e Aloe forbesii Bak.f. são herbáceos e com as inf lorescências 2-3-ramificadas. Na presença unicamente das folhas não é fácil distingui-los, daí as trapaças de muitos indivíduos gananciosos e sem escrúpulos.

A fundamental razão que levou os portugueses a desejarem a posse de Timor, uma das deno-minadas ilhas de sândalo, foi a riqueza das suas florestas em sândalo (Santalum album L.), uma árvore de madeira considerada preciosa, aromática e muito utilizada medicinalmente desde tempos remotos. Actualmente, ainda é muito apreciada e utilizada, particularmente nos países asiáticos, para o fabrico de produtos cosméticos aromatizados (sabonetes, loções, etc.). Garcia de Orta refere-a várias vezes nos seus Colóquios, assim como Camões n’Os Lusíadas (Canto X, 134):

“Ali também Timor, que o lenho manda

Sândalo, salutífero e cheiroso;

Durante a ocupação indonésia de Timor, as florestas de sândalo foram praticamente dizi-madas, decorrendo, actualmente, um programa de cooperação portuguesa com reprodução de sândalos em viveiros. Não é fácil a produção de sândalo para reflorestação, por ser uma planta semi-parasita, necessitando, por isso de um hospedeiro lenhoso.

Finalmente, referimos apenas mais uma planta camoniana d’Os Lusíadas, não só por ser aromática e medicinal, como também e principalmente por ser do seu nome latino (Laurus nobilis L.) [laurus; em grego Δάφνη (dafne)] que derivou o termo vencedor laureado. A planta não só foi consagrada ao deus Apolo, como também era com ramos de loureiro que se coroavam os Imperadores romanos e os vencedores. Assim, tal como os ramos de oliveira simbolizam paz, os ramos de louro (Laurus nobilis L.) simbolizam vitória ou vencedor. É por isso que se representa quase sempre a figura de Camões com uma coroa de louros. É com essa simbologia que o poeta o refere n’Os Lusíadas (Canto III, 97):

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116 Jorge Paiva

Quanto pode de Atenas desejar-se

Tudo o soberbo Apolo aqui reserva;

Aqui as capelas dã tecidos de ouro,

Do bácaro e do sempre verde louro.

Claro que é também uma planta referida pelo poeta na Lírica, mas com outro sentido, tanto no já referido soneto:

Depois que viu Cibele o corpo humano

Do formoso Átis, seu verde pinheiro,

Em piedade o vão furor primeiro

Convertido, chorou seu grave dano.

E, fazendo a sua dor ilustre engano,

A Júpiter pediu que o verdadeiro

Preço da nobre palma e do loureiro

Ao seu pinheiro desse, soberano.

Como na ode a D. Manuel de Portugal:

A quem darão de Pindo as moradoras,

Tão doutas como belas,

Florescentes capelas

Do triunfante louro ou mirto verde,

Da gloriosa palma, que não perde

A presunção sublime,

Nem por força de peso algum se oprime?

Referimos algumas plantas invulgares e algumas curiosidades das plantas mencionadas por Camões n’Os Lusíadas, mas muito mais há a dizer. Porém, resultaria um trabalho extremamente longo e preferimos apresentar uma lista com todas as plantas citadas na obra épica camoniana.

PlAntAS DA lÍriCA

Na Lírica, Camões cita principalmente e como era previsível, flores e plantas campestres portuguesas, com a excepção de duas plantas asiáticas, o coco das Seychelles [Lodoicea maldivica (J. F. Gmel.) Pers.] e a árvore-triste (Nyctanthes arbor-tristis L.).

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1171.5 “As plantas na obra poética de Camões (épica e lírica)”

Muitas dessas plantas ocorrem nos campos do Mondego, por onde Camões, provavelmente, passeou quando esteve em Coimbra (1535-1544). Segundo J. H. Saraiva16, Camões foi aio da-quela que foi a sua grande paixão (platónica?), Violante de Andrade, casada com Francisco de Noronha e que residiam em S. Martinho do Bispo, povoação da margem esquerda do Mondego, fronteira a Coimbra. Que Violante tivesse constituído uma paixão marcante na vida do poeta, parece presumível pelo teor de alguns do seus poemas, embora ele devesse ter tido o cuidado de evitar citar o nome dela. Também é de referir que na época em que Camões viveu (século xvi), os poetas referiam, por vezes, f lores nos seus poemas amorosos (Natividade, 1970; Ventura, 1928-1936), como, por exemplo, Garcilaso de la Vega (1501-1536), que refere, por exemplo, a rosa e a açucena no soneto “En tanto que de rosa y azucena”; o lírio e a rosa na écloga a Salicio “el blanco lirio y colorada rosa” e até a violeta na ode “a la f lor de gnido” (y cómo por ti sola,/ y por tu gran valor y hermosura,/ convertido en vïola,/ llora su desventura/ el miserable amante en tu figura.). Mas, Camões não só o faz utilizando habilidades, transformando engenhosamente o termo viola em Violante, como refere várias vezes Violante nos seus poemas amorosos.

Há, pelo menos, dois sonetos onde Camões revela, claramente, o nome da sua apaixonada. Num deles, utiliza os seus referidos malabarismos linguísticos:

Num jardim adornado de verdura,

A que esmaltam por cima várias flores,

Entrou um dia a Deusa dos amores,

Co’a Deusa da caça e da espessura.

Diana tomou logo ũa rosa pura,

Vénus um roxo lírio, dos melhores;

Mas excediam muito às outras flores

As violas na graça e fermosura.

Perguntam a Cupido, que ali estava,

Qual daquelas três flores tomaria,

Por mais suave, pura e fermosa.

Sorrindo-se, o Menino lhe tornava:

-Todas fermosas são; mas eu queria

Viol’antes que lírio, nem que rosa.

16 Cf. J. H. Saraiva , Vida ignorada de Camões, op. cit., pp. 80-85; 121-136.

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118 Jorge Paiva

Noutro soneto, escreve claramente o nome dela:

A violeta mais bela que amanhece

No vale, por esmalte da verdura,

Com seu pálido lustre e fermosura,

Por mais bela, Violante, te obedece.

Perguntas-me porquê? Porque aparece

Em ti seu nome e sua cor mais pura;

E estudar em teu rosto só procura

Tudo quanto em beldade mais florece.

Oh luminosa flor, oh Sol mais claro,

Único roubador do meu sentido,

Não permitas que Amor me seja avaro!

Oh penetrante seta de Cupido,

Que queres? Que te peça, por reparo,

Ser, neste vale, Eneias desta Dido?

Note-se que Camões, neste último verso refere nitidamente o vale do Mondego, quando diz “neste vale”.

O nome de Violante também está bem expresso num poema publicado pela primeira vez em 1861 e que Juromenha classificou como Écloga XIV (Nas ribeiras do Tejo, a uma areia…) e que muitas edições modernas de obras de Luís de Camões (e. g. Costa Pimpão, 2005; Hernâni Cidade, 2005) omitem com o fundamento de descoberta tardia:

No bosque a Violante vi um dia,

Doce princípio destas doces dores;

A flor caía nela e parecia

Dizer caindo: aqui reinam amores!

Humilde em tanta glória, ela se ria

E errando iam sobre ela várias flores.

Eu, que vencido fui dum error cego,

Àquele honesto riso est’alma entrego.”

Aliás, a primeira vez que Camões refere o nome desta sua grande paixão, é num soneto escrito em galego e que talvez seja o mais antigo testemunho das iniciais tentativas literárias do poeta (Saraiva, 1982):

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1.8 “Ontologias e idiossincrasias dos Amantes, à luz da Archipathologia de Filipe Montalto” 217

rapidamente ultrapassada por Scheiner (1619), Benito Daça de Valdes (1623) ou Descartes (1636)” 13, conquanto possua o valimento, como também salienta o mesmo investigador, de ser “a única de autor “português” sobre este assunto, entre o De Oculo de Pedro Hispano (1220?-1277) e os Elementos de Cirurgia Ocular (1793) de Joaquim José de Santa Anna (1735?-1814)”14.

Já, através da Archipathologia, procura Filipe Montalto estabelecer a descrição e a classifi-cação das afeções neuropsiquiátricas em dezoito tratados: sobre a dor, sobre a dor de cabeça, sobre a frenite e a parafrenite, sobre a melancolia, sobre a insânia dos amantes, sobre a mania ou furor, sobre a loucura lupina ou canina, sobre a demência e a fatuidade, sobre a perda e a fraqueza de memória, sobre o coma ou catáfora, sobre o coma em estado de vigília, sobre a letargia, sobre o caro, sobre a catalepsia, sobre as vertigens, sobre o íncubo, sobre a epilepsia e sobre a apoplexia. E muito embora Philippe Pinel seja, graças à concretização e à publicação, em 1801, do seu Tratado Médico-Filosófico sobre a Alienação Mental, considerado o fundador da moderna psiquiatria15, a verdade é que Montalto foi, avant la lettre, um clínico que consagrou parte (e uma parte importante) da sua atividade a esse porvindouro ramo da Medicina devotado às doenças e às perturbações da mente e à respetiva terapêutica.

O pioneirismo de Filipe Montalto reside na abordagem das afeções mentais e, sobretudo, na con-fiança havida na Medicina como meio para o triunfo da natureza sobre os desvios de um organismo malsão que atestam o mérito da obra; o do seu autor assevera-o uma dedicação que pôde traduzir-se em resultados mais promitentes, no tocante às perturbações neuropsiquiátricas, que os de coetâneos seus do humanismo europeu, como Felix Plater, com as Observações de 1614, Robert Burton, com A Anatomia da Melancolia de 1621, ou Francisco Sanches, com as Obras Médicas de 1636.

Montalto arrisca, ao contrário de Sanches16 ou de Plater17, colocar o foco, exclusive, sobre as desordens da mente, e, consegue, ao contrário de Burton18, um mais extensivo e estruturado produto dessa focagem.

13 A. Rasteiro, “Amato, Montalto e a Arte dos Olhos nos Séculos xvi e xvii”, Medicina na Beira Interior da pré‑História ao Século xx. Cadernos de Cultura 8 (1994), p. 6.

14 Ibidem.

15 Cf. P. Pinel , Tratado Médico-Filosófico sobre a Alienação Mental. Tradução de B. Barreiros, N. Melim e N. M. Proença, Universalia, Série Ideias, 6. Lisboa, Colibri, 2011, passim.

16 Cf. F. Sanches, Opera Medica — his iuncti sunt tractatus quidam Philosophici non insubtiles . Tolosae Tectosagum, Apud Petrum Bosc, 1636, passim.

17 Cf. F. Plater , Obseruationum, in hominis affectibus plerisq[ue], corpori et animo, functionum laesione, dolore, alia ue molestia et uitio incommodantibus, Libri Tres. Basileae, Ludovic König, 1614, passim e M. A. Katritzky, Healing, Performance and Ceremony in the Writings of Three Early Modern Physicians:  Hippolytus Guarinonius and the Brothers Felix and Thomas Platter. The History of Medicine in Context. Farnham, Ashgate Publishing, 2012, passim.

18 Cf. R. Burton, The Anatomy of Melancholy, what it is, with all the kinds, causes, symptomes, prognostics, and several cures of it. In three partitions. With their several sections, members, and subsections, philosophically, medicinally, historically opened and cut up. London, Printed for J. Cuthell et alii, 121821, passim.

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Joana Mestre Costa & Adelino Cardoso218

O Quinto Tratado da Archipathologia, sobre o desassossego melancólico em que consiste a insânia dos amantes, é um bom exemplo da visão montaltina: revisitando a temática da amência amorosa, fá-lo, ao contrário do que sucede nos Diálogos de Amor19 de Leão Hebreu, à luz de uma conceção menos filosófica do que clínica20, e, de modo dissemelhante do proposto por Jacques Ferrand no seu Tratado sobre a Essência e a Cura do Amor ou sobre a Melancolia Erótica21, numa perspetiva mais neuropsiquiátrica do que psicológica e escusando-se, ainda, a compor um cabinet de curiosités22. Assim, conquanto seja o quinto dos mais breves entre os tratados da obra, não deixa, pela sua perspicuidade (não menos que pelo seu arrojo), de despertar a curiosidade e o interesse dos especialistas.

O autor principia a sua análise pela categorização desta patologia, determinando-lhe a essência e apontando-lhe as causas, com destreza na utilização da terminologia científica e clareza de discurso e concedendo especial atenção no que à legitimação das suas afirmações diz respeito, como torna percetível o remate do primeiro capítulo:

Interna huius passionis causa humor est atrabiliarius cerebrum intemperans, ani-

malesque spiritus uitians. Externa, immoderatus, aut diutinus amor. Huius enim uis

tum per se, tum solicitudinis, ac uigiliarum interuentu, igneum, torridum, ac demum

atrabiliarium sanguinem reddit; hic uero ad cerebrum delatus, insaniam parit [...].

Sic recte Auicennas lib. 3 canonis, eam melancholicis morbis adnumerat: minus recte,

ut reor, alibi cholericis.23

A causa interna desta afeção é o humor atrabiliário, que destempera o cérebro e que

adultera os espíritos animais. A [causa] externa [é] um amor excessivo ou que dura muito

tempo. Com efeito, a força desta [afeção], tanto por si própria, como pela intervenção da

inquietação e das insónias, torna o sangue inflamado, ardente e, finalmente, atrabiliário;

este, levado ao cérebro, com efeito, gera a insânia [...]. Assim, com validade, a enumera

Avicena entre as doenças melancólicas, no terceiro livro dos cânones; com menos validade,

segundo penso, noutra passagem, entre as coléricas.

19 Obra principal de Leão Hebreu, os Diálogos de Amor foram, a título póstumo, publicados em 1535.

20 L. Hebreu, Diálogos de Amor. Apresentação de J. Vila-Chã e Tradução de G. Manuppella. Lisboa, Im-prensa Nacional Casa da Moeda, 2001, passim.

21 Titulada, no original, Traité de l’Essence et Guérison de l’Amour ou de la Mélancolie Érotique, esta obra de Jacques Ferrand foi, pela primeira vez, dada à estampa em 1610, numa edição que alguns críticos consideram superior à sucessiva e revista de 1623.

22 J. Ferrand, A Treatise on Lovesickness. Translated and Edited and with a Critical Introduction and Notes by D. A. Beecher and M. Ciavolella. Syracuse, Syracuse University Press, 1990, passim.

23 F. Montalto, Archipathologia…, op. cit., p. 382.

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1.8 “Ontologias e idiossincrasias dos Amantes, à luz da Archipathologia de Filipe Montalto” 219

O segundo capítulo dedica-o Montalto à descrição dos sintomas, cujo escrutínio, logo adverte, não é fácil, quando:

Affectionis speciem, et originem, quandoque insanientes ipsi propalant, quandoque

celant; [...].24

Os próprios dementes por vezes divulgam, por vezes escondem o tipo e a origem da

paixão; [...].

Porém, elenca o autor uma série de manifestações físicas e de sinais psicológicos desta afeção: insónia, falta de apetite, magreza excessiva, atrofia corpórea, olhos cavos, indivíduos arrítmicos, suspirantes e incapazes de pensar, espíritos atidos só à forma, ainda que fantasiosa, da coisa amada ou desejada e que, dependendo da reciprocidade do sentimento, se mostram alegres e risonhos ou coléricos e desesperados. E o derradeiro dos sucessos desta afeção é a aniquilação do amente:

Quod ad praesagium attinet, in furorem, ferinaque deliramenta aliquando commigrat

haec passio; quin et uisi sunt non pauci hac passione laborantes, qui prae desperatione

et insania se ipsos interemerunt.25

No que diz respeito ao prognóstico, esta paixão muda-se, enfim, em furor e delírio

ferino; e, ainda mais, são vistos não poucos que sofrem desta paixão que, por desespero

e insânia, se matam a si próprios.

É com base na própria observação clínica, mas também (se não mesmo, sobretudo) na de terceiros — tomando, de forma particularmente expressiva, os exempla sobre as palpitações cardíacas, proporcionados pelos estudos de Erasístrato e de Galeno, sobre o mítico caso de

24 F. Montalto, Archipathologia…, op. cit., p. 383.

25 F. Montalto, Archipathologia…, op. cit., p. 386.

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Joana Mestre Costa & Adelino Cardoso220

Antíoco e Estratonice26 e sobre a situação da mulher de Pílades27, na devida ordem — que encontra o fundamento científico para a sua descrição. E isto, de imediato, se torna evidente no início da sua exposição sintomatológica:

Vniuersum corpus gracile, et aridum in dies euadit, ut Galeni, Halyabbatis, Alza-

rauij, et Auicennae testimonio ratum est; prodit experientia; firmat ratio belle ab eodem

amorum doctore decantata;

“Attenuant iuuenum uigilatae corpora noctes,

Curaque et immenso qui fit amore dolor.”28

26 Ao amor de Antíoco por Estratonice, celebrizado pelas artes, da literatura à música, passando pela pintura, e ratificado pela autoridade de Estrabão ou de Plutarco, concede Montalto tratamento exem-plar, salientado o papel do iátrico Erasístrato, na deteção deste célebre caso de insânia amorosa:

[...] quippe cum Antiochus Seleuci Regis filius, uesano Stratonices nouercae amore correptus, prae uerecundia impium uulnus dissimularet, duo hi animo inclusi affectus, amor nempe, et uerecundia, miserum adolescentem diuexantes pene contabefecerant; donec Erasistratus ingrediente Stratonice, auta ipsa obeunte, effatu dignam diuersitatem in Antiochi uultu, in respiratione, et in pulso obseruans, dissimulanter iterum, atque iterum animaduertens, urentem Stratonices amorem, aegritudinis causam esse, penitius explorauit, remque totam Seleuco patri exposuit, qui charissima coniuge cedens, in filii medelam, ipsum ab imminenti morte uendicauit. (F. Montalto, Archipathologia…, op. cit., pp. 384-385)

[...] visto que Antíoco, filho do rei Seleuco, tomado por um louco amor pela madrasta Estratonice, teria ocultado, por pudor, o ímpio golpe, [e] estes dois conjugados no ânimo, a afeição, amor sem dúvi-da, e o pudor, quase teriam consumido, devastadores, o jovem infeliz; então, Erasístrato, observando, no semblante, na respiração e no pulso de Antíoco, uma diferença digna de menção, aproximando-se Estratonice ou estando a mesma distante, [e], várias vezes, em segredo, verificando que o amor por Estratonice era a causa da aflição, examinou mais profundamente e expôs todo o caso ao pai, Seleu-co, que, afastando-se da caríssima cônjuge para a cura do filho, roubou o mesmo à morte iminente.

27 À semelhança do seu predecessor Erasístrato, que, a partir da observação da condição de Antíoco, pôde dar um contributo significativo para o dealbar do estudo da arritmologia, também Galeno procurou a compreensão dos ritmos cardíacos, examinando a mulher de um certo Pílades; e sobre as conclusões do segundo dos esculápios se pronunciaria, de novo, Montalto:

Haud multo aliter Galenus, iusti uxorem Pyladis amore captam deprehendit, non uiso, sed solum nominato Pylade praedictam turbationem considerans, ut apud ipsum lidere est, lib. de praenotione ad Posthumum, quo loco etiam nugas appellat eorum opinionem, qui credunt arterias amatorie pulsare, seu certam quandam esse pulsus differentiam amoris indicatricem; sed sicut in concertationibus et pauoribus animum ex improuiso turbantibus, pulsum immutari accidit; sic et in uesano amore, re amata subito occurente, aut eiusdem facta mentione; [...]. (F. Montalto, Archipathologia…, op. cit., p. 385)

De modo não muito diferente, Galeno, com fundamento, descobriu, tomada pelo amor, a mulher de Pílades, nunca divisado, mas, apenas, designado por Pílades, considerando o predito tumulto, como no próprio está patente, no livro De praenotione ad Posthumum, nesse passo também chama [Galeno] bagatelas à opinião daqueles que creem que as artérias pulsam amorosamente, ou que uma certa diferença no pulso é sinal do amor; mas sucede que assim como o pulso se altera por causa de um conflito e de uma agitação que, de improviso, perturbam o ânimo, assim por causa de um louco amor, inesperadamente presente a coisa amada ou dela feita menção; [...].

28 F. Montalto, Archipathologia…, op. cit., p. 383.

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1.8 “Ontologias e idiossincrasias dos Amantes, à luz da Archipathologia de Filipe Montalto” 221

O corpo todo se torna, de dia em dia, magro e mirrado, como está determinado pelo

testemunho de Galeno, Haly Habbas, Abulcasis e Avicena; [como] mostra a experiência;

[como] estabelece o argumento pelo mesmo doutor dos amores belamente declamado:

“As noites de vigília enfraquecem os corpos dos jovens;

e o cuidado e a dor nascem deste imenso amor.”29

Aparentemente inusitado poderá parecer este último convocado: trata-se do poeta Ovídio este encantador mestre dos amores. A perícia que, neste domínio, reconhece o iátrico ao vate, adviria, decerto, da reflexão proporcionada pela redação das páginas da sua Arte de Amar e não menos dos seus Remédios de Amor, das suas Heroides ou dos seus Amores.

A verdade é que cedendo a literatura à ciência exempla completivos dos testemunhos das autoridades médicas e da experiência clínica — assim corroboram estes escritos de Ovídio, como os de Marcial, os de Virgílio, os de Anacreonte ou os de Catulo, antes, citados —; aca-baria a ciência por conceder à literatura uma certa competência no seio da sua especialidade.

E não apenas quanto aos sintomas da insânia dos amantes indagou Montalto as obras ovidianas, como também no tocante à cura, como, depressa, permite perceber o dealbar do capítulo terceiro do seu tratado:

Vesani amoris curatio mox circa initia aggredienda, antequam ille altius radices defigat,

ut et magnus ille amorum magister belle cecinit.

Dum nouus est, coepto potius pugnemus amori;

Flamma recens parua sparsa resedit aqua.

Et alibi:

Dum licet, et modici tangunt praecordia motus,

Si piget, in primo limine siste pedem.

Opprime, dum noua sunt subiti mala semina morbi,

Et tuus incipiens ire resistat equus.

Nam mora dat uires:

Et rursum:

Principiis obsta, sero medicina paratur,

Dum mala per longas conualuere moras.30

29 A tradução de Ov., A. A., 1.735-736 supôs confronto com a edição crítica de George P. Goold e J. H. Mozley (G. P. Goold (revision); J. H. Mozley (translation), Ovid — The Art of Love and Other Poems. Loeb Classical Library. Cambridge and London, Harvard University Press, 21979 (1999 reprint)).

30 F. Montalto, Archipathologia…, op. cit., p. 386.

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Joana Mestre Costa & Adelino Cardoso222

A cura do amor louco deve ser empreendida de imediato, antes que aquele fixe raízes

muito profundamente, e assim bem cantou aquele grande mestre dos amores:

“Enquanto é novo, lutemos contra um amor que começámos a sentir;

uma chama recente extingue-se, quando salpicada com pouca água.”31

E numa outra obra:

“Enquanto é possível, e são ligeiros os movimentos que agitam o teu coração,

se te deixam pesaroso, mantém o pé no primeiro limiar.

Esmaga, enquanto são novas, as funestas sementes de uma súbita doença

e que, desde a partida, o teu cavalo se recuse a avançar.

Pois a demora dá forças.”32

E, em seguida:

“Resiste aos começos, demasiado tarde é preparado o remédio,

quando a doença ganhou força por uma longa demora.”33

Cedo ou tarde combatida, esta afeção para ser debelada, conclui Montalto, na senda científica de Hipócrates, Galeno, Paulo Egineta, Avicena, Haly Habbas ou Oribásio (mas, também, na literária de Ovídio), carece de procedimentos específicos, capazes de harmonizar o espírito (como o afastamento relativamente à coisa amada, o evitamento da solidão, a promoção da conversação elevada, a contemplação das coisas divinas, a dedicação às leituras sagradas, o entretenimento quer pela caça, quer pela pesca, quer pelos jogos, espetáculos e distrações de toda a sorte, a ocupação por meio de um qualquer ofício ou, mesmo, a busca de um novo amor e, até, a corretiva sujeição a chicotes e varas) e de regular o corpo (como os preparados e as beberagens, os sonos retemperadores, os banhos ou mais dúbias purgas de heléboro ou de lápis-lázuli), perturbados por esta vera afeção.

Um inegável intento de eficácia curativa acompanha a tentada classificação exaustiva das patologias neuropsiquiátricas, central no estudo montaltino, assim, a mais óbvia das curas para insânia dos amantes teria de constituir a primeira proposta deste elenco terapêutico:

[...] si licet amata re potiri, id sufficiens plerunque fuerit praesidium, tum pro amouenda

insania, tum pro omni corporis damno resarciendo.34

31 A tradução de Ov. H. 17.189-190 supôs confronto com a edição crítica de George P. Goold e Grant Showerman (G. P. Goold (revision); G. Showerman (translation), Ovid — Heroides, Amores, Loeb Classical Library. Cambridge and London, Harvard University Press, 21973).

32 A tradução de Ov. Rem. vv. 79-83 supôs confronto com a edição crítica de George P. Goold e J. H. Mozley (G. P. Goold (revision); J. H. Mozley (translation), Ovid — The Art of Love…, op. cit.). O mesmo aconteceu no passo seguinte.

33 Ov. Rem. vv. 91-92.

34 F. Montalto, Archipathologia…, op. cit., p. 387.

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1.8 “Ontologias e idiossincrasias dos Amantes, à luz da Archipathologia de Filipe Montalto” 223

[...] se é permitido possuir a coisa amada, isto terá, geralmente, sido socorro suficiente,

tanto diante da insânia que deve ser banida, como diante de todo o dano do corpo que

deve ser reparado.

Filipe Montalto constitui, pois, uma referência entre os humanistas portugueses e, mes-mo, entre os europeus, e este Tratado Quinto da sua Archipathologia disso mesmo faz prova, pela forma como recupera a tradição platónica e a recoloca à luz das narrativas de sucessivas gerações de homens das ciências e das letras, mas, sobretudo, do saber médico do seu tempo, conceptualizando doutrinalmente a insânia dos amantes:

Haec porro effraenata, disformis, inconstans, ac caeca appetentium facultatum motio,

prauam facultatum principum functionem sequitur. Non solum enim dilectae, deside-

rataeque rei formam multo pulchriorem, uenustioremque phantasia ementitur; sed et

ipsam nunc praesentem, nunc absentem, fugientemue confingit; nunc uotis annuentem,

nunc abnuentem; nunc aduersam et acriter infensam: quale uero phantasiae figmentum,

talis appetitus passio. Cogitatiua, ratiocinatrixue non modo phantasiae mendacia non

corrigit, sed et seducta ipsis assentitur [...].35

[...] este impulso desenfreado, disforme, inconstante e cego das faculdades apetitivas

resulta num vicioso funcionamento das faculdades principais. Com efeito, a imaginação

não mente apenas quanto à forma, muito mais bela e muito mais encantadora, da coisa

amada e desejada, como também a supõe ora presente, ora ausente ou fugidia; ora anuente,

ora resistente, relativamente aos desejos; ora desfavorável e fortemente hostil: na verdade,

tal a representação da imaginação, tal a paixão do apetite. A [faculdade] cogitativa ou

raciocinativa não só não corrige as ilusões da imaginação, como, seduzida, lhes dá a sua

anuência [...].

Ora, do ponto de vista montaltino, só através da ciência médica se revelava ser possível controlar o desassossego que afeta os amantes, sanando as faculdades cupidinosas e assegurando às faculdades principais o são funcionamento e a devida soberania.

35 F. Montalto, Archipathologia…, op. cit., pp. 381-382.

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Joana Mestre Costa & Adelino Cardoso224

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1.8 “Ontologias e idiossincrasias dos Amantes, à luz da Archipathologia de Filipe Montalto” 225

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2.4 “Sobre la identificación entre ébano y guayaco en una entrada del Index Dioscoridis de Amato Lusitano”

325

era un tratamiento ya usado para enfermedades que producían llagas en la piel, como la sarna, y gozaba de tradición galénica, por lo que en realidad se trataba de la aplicación de un trata-miento antiguo por aproximación, por la semejanza entre los síntomas externos de las dolencias.

Como en un principio parecía el único remedio que surtía algún efecto, pronto se convir-tió en el tratamiento por antonomasia contra el mal francés26, para suplicio de los enfermos, pues los terribles dolores que causaba, la hediondez del aliento, la pérdida de dientes, eran un castigo tan terrible que muchos afirmaban que preferían morir por el mal francés que vivir con el mercurio. Además, como notaron muchos médicos27, la enfermedad había cambiado durante las primeras dos décadas, y ya no era tan mortal. Sirvan de ejemplo estas palabras de Fracastoro, escritas en 1546:

Abinde enim annis fere viginti coeperunt pauciores videri pustulae, gummositates vero

plures, quum e contrario primis annis fuisset, factae item fuere pustulae (si quae appa-

rebant) sicciores, ac dolores (si qui accedebant) cuivis sunt acerbiores. Porro et annis

labentibus, annis iam fere sex in quibus nunc sumus, magna rursus mutatio facta est eius

morbi; quippe quum in valde paucis pustulae iam visantur, et dolores fere nulli, aut multo

leviores, gummositates vero multae, et, quod mirum omnibus visum est, capillorum,

et reliquorum pilorum casus homines fere ridiculos facit, aliis sine barba, aliis sine super-

ciliis, aliis glabro capite in conspectum venientibus, quod infortunium prius putabatur

ex medicaminibus evenire, praesertim ex argento vivo.28

Pues desde hace unos veinte años se han empezado a ver menos pústulas, pero mayor

número de gomas, mientras que sucedía al contrario en los primeros años: es decir,

que las pústulas que se formaban (si es que aparecían algunas) eran más secas, y los

dolores, si se daban, eran en cada caso más agudos. Pero sucede que con el paso de los

años, más o menos en los últimos seis, se ha producido de nuevo un gran cambio en

esta enfermedad. En efecto, ya se ven muy pocas pústulas y no hay casi ningún dolor

26 Lo seguía siendo a principios del siglo xx, antes de que el bacteriólogo alemán Paul Ehrlich descubriera, en 1910, el modo de acabar con la espiroqueta causante de la sífilis. En algunos carteles americanos de propaganda para evitar el contagio (los soldados americanos fueron los más afectados por esta enfermedad infecciosa durante la Primera Guerra Mundial) se podía leer la frase que aún suena en los tratados sobre la sífilis: “one night with Venus, a lifetime with Mercury.”

27 Cf. John Henderson, “Fracastoro, il legno santo e la cura del ‘mal francese’”, en Alessandro Pastore e Enrico Peruzzi (eds.), Girolamo Fracastoro. Fra medicina, filosofia e scienze della natura. Atti del Convegno internazionale di studi in occasione del 450º anniversario della morte. Verona‑Padova 9‑11 ottobre 2003. Firenze, Leo S. Olschki, 2006, pp. 73-89, maxime 75-79.

28 Hieronymus Fracastorius, De contagione et contagiosis morbis et eorum curatione, libri III. Translation and notes by Wilmer Cave Wright, Ph.D.. New York-London, G. P. Putnam’s Sons, 1930, pp. 138-140. Hemos alterado las grafías ‘j’ por ‘i’.

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Carlos de Miguel Mora326

o este es muy leve; en cambio hay muchas gomas y, lo que a todos maravilla, la caída

del cabello y de los restantes pelos torna a los hombres casi ridículos, llegándose a ver

a unos sin barba, a otros sin cejas y a otros con la cabeza pelada, desgracia que antes se

creía que derivaba de los tratamientos, especialmente del mercurio.29

Ante los graves daños que producía el mercurio en el organismo y los terribles padecimientos que tenían que soportar los que a tal cura se sometían, no es de admirar que la llegada de un nuevo producto que presuntamente curaba la enfermedad sin los dañinos efectos de la plata viva tuviese una aceptación prácticamente inmediata. El nuevo producto venía de las Indias occidentales; se trataba del guayaco, guayacán, palo santo o palo índico.

3. el GuAyACo

Contrariamente a lo que sucedió con otros productos americanos, la difusión del guayaco fue inmediata. Se calcula, sin ninguna precisión, que su uso se extendió por España y Portugal entre 1506 y 151630. Como bien indicaron Pardo Tomás y López Terrada31, ninguno de los investigadores que han estudiado la aparición del guayaco en el panorama médico del s. xvi y su difusión posterior parece haber dado importancia a esta ausencia de datos, lo que no deja de ser curioso, pues se trata de un asunto que merecería mayor atención. Los primeros textos de que disponemos ya indican que su uso es conocido, al menos en la península Ibérica, por lo que algunos de ellos no se explayan en una explicación que resultaría superflua al lector.

Tenemos noticia de que en 1516 o 1517 el obispo y canciller imperial de Maximiliano I Matthäus Lang, ya designado cardenal aunque aún no en posesión de su cargo, envió una co-misión de médicos a España y Portugal, con el objetivo de estudiar un nuevo producto de las Indias occidentales que estaba siendo empleado con bastante éxito contra el mal francés en los territorios peninsulares32. Es muy probable que, de entre los textos que tenemos, el más antiguo

29 Todas las traducciones que presentamos en el presente trabajo son de nuestra autoría.

30 Cf. Robert S. Munger, “Guaiacum, the Holy Wood of the New World”, Journal of the History of Medicine and allied Sciences 4 (1949), pp. 196-229, maxime 197. Agradezco aquí la amabilidad de Jon Arrizaba-laga, del CSIC de Barcelona, quien me hizo llegar copia de este artículo.

31 José Pardo Tomás y María Luz López Terrada , Las primeras noticias sobre plantas americanas en las relaciones de viajes y crónicas de Indias (1493‑1553). Cuadernos valencianos de Historia de la medicina y de la ciencia XL. Serie A (monografías). Valencia, Instituto de Estudios Documentales e Históricos sobre la Ciencia, 1993, p. 222.

32 Cf. Munguer, “Guaiacum, the Holy Wood...”, op. cit., p. 197; José María López Piñero y María Luz López Terrada, La influencia española en la introducción en Europa de las plantas americanas (1493-1623). Cuadernos valencianos de Historia de la medicina y de la ciencia LIII. Serie A (monografías). Valencia, Instituto de Estudios Documentales e Históricos sobre la Ciencia, 1997, p. 27. Disponible en http://

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2.4 “Sobre la identificación entre ébano y guayaco en una entrada del Index Dioscoridis de Amato Lusitano”

327

sea el del doctor Nikolaus Poll, físico imperial, (De cura morbi gallici per lignum guaiacum libellus), editado en 1535 pero escrito muy posiblemente en 1517. En su inicio nos da cuenta de la embajada de la que hemos hablado:

Incipit modus curandi Alemanorum corpora morbo Gallico infecta cum ligno quodam

Indico guycanum appellato secundum varias atque diversas receptarum descriptiones

quas reverendissima et illustrissima Sua Dignitas ex diversis Hyspaniarum locis, ubi talem

curam expertam habent, non parvis impensis neque sine magnatum ibidem favoribus

singularibus ad nos usque etiam pro sua tuenda valitudine proferri procuravit, extractus

per Nicolaum Pollucem, medicine professorem sacre Caesaris Maiestatis physicum.33

Comienza el modo de curar los cuerpos de los alemanes infectados por el mal francés

por medio de cierto leño índico llamado guycano, según varias y diversas descripciones

de recetas que Su Reverendísima e Ilustrísima Dignidad ha hecho que lleguen a nuestras

manos, también para protección de su salud, procedentes de diversos lugares de las Es-

pañas donde tienen experiencia en tal remedio, con gastos no pequeños y no sin favores

particulares de los grandes de allí, extraído por Nikolaus Poll, profesor de medicina y

físico de la Sagrada Majestad del Emperador.

Aunque el texto de Nikolaus Poll haya sido probablemente el primero que se escribió de los que aún conservamos, la primera noticia publicada34 podría ser una receta titulada Eyn bewert Recept wie man das holtz Guagacan fur die kranckheyt Frantzosen brauchen sol etcetera. Se trata de un texto breve, pues la receta se indica en cinco páginas, especificando cómo se debe preparar y en qué momentos hay que beber la decocción de guayaco. Hubo dos ediciones, una en Ausburg y otra en Nuremnberg. En la de Nuremberg (Nürnberg, Hieronymus Höltzel, 1518), al prin-cipio del documento se indica la fecha de 24 de diciembre de 151835, pero la de Ausburg es de 1 de diciembre, lo que hace a este texto anterior al que, el 17 de diciembre de ese mismo año, publicó el físico de Salzburgo Leonard Schmaus36, donde afirma que reunió diecinueve informes

digital.csic.es/bitstream/10261/88589/1/P_AMER_completo.pdf, accedido el 19-11-2013; Pardo Tomás y López Terrada , Las primeras noticias..., op. cit., p. 221.

33 Max Harold Fisch and Dorothy May Schullian, Nicolaus Pol doctor 1494: with a critical text of his guaiac tract . New York, Herbert Reichner for Cleveland Medical Library Association, 1947, p. 56.

34 Al menos, es la opinión de Munguer, “Guaiacum, the Holy Wood...”, op. cit., p. 198 y de López Piñero y López Terrada , La influencia española..., op. cit, p. 27.

35 La Biblioteca Digital de Múnich pone a disposición de los investigadores un ejemplar en la página http://daten.digitale-sammlungen.de/bsb00083987/image_1, en la que he realizado mis consultas.

36 Esta es la fecha que se indica al final del texto, donde después del fin, escrito en griego (τελοσ), se dice: In officina Sigismundi Grimm medicine doctoris atque Marci Wyrsung Auguste Vindelicorum anno etc.

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Carlos de Miguel Mora328

y estudios sobre el guayaco que le habían mandado algunos príncipes y señores de Alemania. En opinión de López Piñero y López Terrada37, Schamus confunde los territorios americanos con los territorios de las Indias orientales, error nada fuera de lo corriente en esta época, pues afirma haber recibido informes ex India et Portugalia. Nosotros no estamos tan seguros de ello, pues anteriormente dice de forma clara: de ligno quodam in occidentali India in insula Spagnola nouiter reperta.38 No sería imposible que lo que estuviese queriendo decir Schmaus es que los informes (y no el guayaco, que viene de las Indias occidentales) los recibieron desde Portugal y las Indias, y no desde España. Aunque este asunto merece mayor atención, puede ser que los primeros textos sobre el uso del guayaco hayan estado deliberadamente envueltos en un halo de misterio y sigilo para transmitir la idea de que se trataba de recetas secretas y de este modo potenciar su venta. Incluso antes de que los ricos banqueros Fugger controlasen gran parte del mercado de guayaco39, era de interés de mercaderes y de médicos conseguir que la preparación de este producto se hiciese según unas recetas médicas complejas, al estilo galénico de las medicinas tradicionales. En efecto, si se aceptase de modo natural que el guayaco producía una mejora del sufrimiento causado por el mal francés, o incluso su completa curación, como algunos afirmaban, mediante cualquier tipo de preparación, los médicos perderían buena parte de su credibilidad y de sus clientes, ya que cualquier particular podría comprar el producto y aplicárselo. Por otro lado, si los médicos publicasen y divulgasen la información de que el guayaco no producía ningún efecto práctico en los pacientes, los mercaderes podrían perder el lucrativo negocio que suponía la venta de un producto bastante caro, por su procedencia americana. Por lo tanto, era de interés común aceptar y hacer pública la información de que el guayaco funcionaba, pero solo si se consumía preparado de forma preceptiva, es decir, según el modo indicado por expertos médicos, al estilo de las complejas recetas para la preparación de otros productos medicinales.40

El espaldarazo definitivo al guayaco lo dio el humanista Ulrich von Hutten, con su obra De guaiaci medicina et morbo Gallico liber unus.41 Su prestigio como humanista reconocido

mdxviii, die vero xvii Decembris. Cf. Leonard Schmaus, Lucubratiuncula de morbo Gallico et cura eius nou‑iter reperta cum ligno Indico Leonardi Schmaus medicine professoris. Augsburg, Grimm & Wirsung, 1518.

37 Op. cit., p. 27.

38 Schmaus, Lucubratiuncula, fol. 1 v.

39 Pero sin tener propiamente un monopolio, como muchas veces se ha dicho. Cf. Mark Häberlein, The Fuggers of Augsburg. Pursuing Wealth and Honor in Renaissance Germany. Charlottesville & London, University of Virginia Press, 2012 (= Die Fugger: Geschichte einer Augsburger Familie, 1367‑1650. Stuttgart, W. Kohlhammer GmbH, 2006), p. 82, y la bibliografía allí citada en nota 23.

40 Cf. Jon Arrizabalaga, John Henderson & Roger French, The Great Pox..., op. cit., p. 102.

41 La editio princeps fue publicada en Maguncia en abril de 1919. Así se dice en la anotación del editor al final del libro: Maguntiae in Aedibus Joannis Scheffer Mense Aprili, Interregni vero Quarto. Anni m.d.xix . Cum Privilegio Caesareo sexennii. Cf. F. F. A. Potton, Livre du chevalier allemand Ulric de Hutten sur la maladie fançaise et sur les propriétés du bois de Gayac. Orné d’un portrait de l’auteur, précédé d’une notice

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2.4 “Sobre la identificación entre ébano y guayaco en una entrada del Index Dioscoridis de Amato Lusitano”

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y poeta laureado, junto a la elegancia de su latín, contribuyó enormemente al éxito de su opúsculo, que se difundió rápidamente. Hutten no era médico, sino alguien afectado por la enfermedad que hablaba de sus padecimientos en primera persona. Pero, al contrario de los médicos, él afirma que no se detendrá en cuestiones inútiles, diríamos nosotros que bizantinas, sobre el origen de la enfermedad; estas disquisiciones no llevan a ninguna parte. Su falta de esperanza en los remedios propuestos por los médicos venía de experiencia propia, pues estos experimentaron con él mezclando remedios exóticos y dándole muchos tratamientos que no sirvieron para nada.42

Hutten, en cambio, habla desde la posición de un hombre letrado con sentido común y que se ha visto personalmente afectado por este tormento. Y habla con el entusiasmo de quien se juzga curado por un nuevo fármaco milagroso. Su obra se vio pronto traducida a varias lenguas vulga-res43, especialmente alemán, inglés y francés, probablemente por influencia de la familia Fugger. Jacob Fugger, apodado El Rico, financió la coronación del emperador Carlos V en 1519, por lo que, en ese momento, era de suponer que las relaciones entre la familia de banqueros y la corona española se mantendrían durante varios años. A partir de 1521 los préstamos a esa corona serían muy elevados, cinco millones y medio de ducados entre esta fecha y 1555, lo que representaba una quinta parte del total de los préstamos recibidos por Carlos V44. Como en ese mismo año de 1521 los Fugger abrieron su ‘casa del leño’45 (se la solía llamar de ese modo, Holzhaus, porque el remedio administrado era esencialmente el leño santo o guayaco), podemos suponer que ya tenían el control del producto y por lo tanto el máximo interés en que se divulgase su uso.

A partir de entonces se dio una importante controversia entre los partidarios del guayaco y los del mercurio46, animada por los escritos de Paracelso, quien escribió ocho libros sobre el mal francés recomendando el uso del mercurio (mezclándolo con otros productos, pues no ignoraba su toxicidad) y condenando el del guayaco, por parecerle inútil47. Naturalmente, incurrió en las iras de los Fugger y del decano de la facultad de medicina de Leipzig, Heinrich Stromer,

historique sur sa vie et ses ouvrages. Lyon, Imprimerie de Louis Perrin, 1865, p. xvi. Hemos manejado la edición citada en la nota 16, del mismo año.

42 [Medici] ausi tamen sunt exotica miscere nobis et multa quae minime oportuit inculcare. Ulrich von Hut-ten, De guaiaci medicina..., op. cit., fol. b (De causis morbi huius Caput II).

43 Se puede ver un estudio bibliográfico, interesante a pesar de su antigüedad, sobre la repercusión de esta y otras obras de Hutten, en Josef Benzing, Ulrich von Hutten und seine Drucker: eine Bibliographie der Schriften Huttens im 16. Jahrhundert, mit Beitragen von Heinrich Grimm. Wiesbaden, Otto Harrassowitz, 1956. Hay otras obras más modernas, pero se centran más en el papel de Hutten en las controversias religiosas y en el triunfo de la reforma protestante en Alemania.

44 Häberlein, The Fuggers of Augsburg..., op. cit., p. 76.

45 Häberlein, The Fuggers of Augsburg..., op. cit., p. 82.

46 En este debate se centra el estudio de Mariano Cipriani, “Mercurio e mercurialisti, guaiaco e guaiacofili e “fenomeno Fugger”“, Rivista di Storia della Medicina 6 (1962), pp. 87-113.

47 Cf. Jon Arrizabalaga, John Henderson & Roger French, The Great Pox..., op. cit., p. 103.

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muy vinculado a esta familia y amigo de Hutten, a quien había ayudado con asesoramiento médico en la redacción de su obra sobre el guayaco.

En cualquier caso, la extensión del uso del guayaco fue imparable. Cuando Garcia de Orta parte para la India, en 1534, entre el equipaje debía cargar algo valioso con lo que poder co-merciar a su llegada; decide entonces llevar cinco quintales de guayaco.48 En la colección de Luigi Luisini de 1566, gran parte de los autores seleccionados optan por aconsejar el leño santo, y este remedio es el que aparece en primer lugar en el frontispicio, cuando se hace mención de los remedios49. En fecha tan tardía como 1613 el hospital de S. Giacomo en Roma compraba 100 libras de carbón, 60 de leña para quemar y 5.000 de leño santo50. En términos generales, el consumo de guayaco para los hospitales de incurables era elevadísimo, y estos solían tener afluencia de enfermos que no estaban normalmente internados en los períodos en que admi-nistraban las curas de leño santo51.

4. el GuAyACo y el ébAno

El movimiento humanista de finales del s. xv tenía como una de sus principales aspiraciones el desarrollo de la Historia Natural, es decir, la descripción de la naturaleza. Pero esta descripción estaba encuadrada en un objetivo más amplio de recuperación de los saberes clásicos. La firme creencia de que los autores griegos y latinos formaban un marco de referencia irreprensible para el estudio de cualquier materia y de que la principal tarea de cualquier estudioso era purgar los textos de la corrupción entrañada en ellos desde la Edad Media llevó a una especie de adoración de los clásicos, por lo menos de algunos autores. La creencia de que estos autores constituían un modelo que se debía seguir sin fisuras y un criterio incuestionable para evaluar el mundo se convirtió en una verdad asumida y no en una postura que debía ser defendida. Por el contrario, lo que hubo que defender en ocasiones era la posición contraria, es decir, los momentos de

48 Garcia de Orta , Colóquios dos simples e drogas da Índia, ed. Conde de Ficalho, 2 vols.. Lisboa, Imprensa Nacional, 1985, vol. 2, p. 260 (Colóquio 47º): “Eu vim de Portugal hum anno antes, e trouxe pouca fazenda (como se acontece a muytos), entre a qual trouxe cinquo quintaes do páo chamado guaiacam.” La cursiva es del texto.

49 Aloysius Luisinus, De morbo gallico..., op. cit. Comienza el título del frontispicio diciendo DE | MORBO GALLICO | OMNIA QVAE EXTANT | APVD OMNES MEDICOS | CVIVSCVNQVE NATIONIS, | Qui vel integris libris, vel quoquo alio modo huius affectus curationem | methodice aut empirice tradiderunt, diligenter hincinde conquisita, | sparsim inuenta, erroribus expurgata, & in vnum | tandem hoc corpus redacta. | In quo de Ligno Indico, Salsa Perillia, Radice Chynae, Argento uiuo, | caeterisque rebus omnibus ad huius luis profligationem inuen- | tis, diffusissima tractatio habetur. La cursiva es del documento.

50 Cf. John Henderson, “Fracastoro, il legno santo...”, op. cit., p. 86.

51 Cf. Jon Arrizabalaga, John Henderson & Roger French, The Great Pox..., op. cit., pp. 145-233.

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desacuerdo con los textos clásicos52. La primera generación de humanistas médicos, la que va desde finales del siglo xv hasta los años 30 del siglo xvi, se preocupó sobre todo de identificar las materias médicas que habían descrito los autores antiguos, de conciliar los textos de estos cuando mostraban discrepancias53 y de edificar una medicina que estuviese de acuerdo con las enseñanzas de esos autores, especialmente Galeno y Dioscórides, sin olvidar a Plinio.

Teniendo en cuenta esta actitud, no es de extrañar que la incorporación al saber botánico de las nuevas plantas, tanto orientales, llegadas a través del comercio portugués, como occi-dentales, transportadas desde las Indias occidentales por los españoles, se realizase de forma deficitaria. A principios del s. xvi, cuando se dio una importante proliferación de traducciones y comentarios a la obra de Dioscórides54, los comentaristas incluyeron pocas plantas nuevas en sus listas (una de las pocas excepciones era precisamente el guayaco, muy probablemente por las razones económicas apuntadas anteriormente) y, cuando lo hacían, normalmente incurrían en importantes errores.55 Claro está que tener que respetar el riguroso catálogo dioscorídeo, con una serie bien definida de plantas, minerales y animales que tratar y en un orden de igual modo muy bien determinado por la tradición56 y al mismo tiempo incluir nuevas especies no tratadas por ningún estudioso de la antigüedad era una tarea que exigía no poco esfuerzo y mucha audacia.

Cuando los humanistas quieren tratar esas realidades venidas de nuevas tierras, a oriente u occidente, necesitan describirlas. No podemos olvidar que la preocupación principal de la historia natural del Renacimiento es la descripción57. Pero, como es inevitable partir de los propios paradigmas conceptuales cuando damos de bruces con una realidad que no se deja encasillar fácilmente en nuestras categorías mentales, cuando los humanistas encontraban nuevas materias que describir, inevitablemente buscaban un parangón con la realidad europea, y especialmente mediterránea, que conocían. En una época en que la ilustración, es decir, el dibujo, aún no ha asumido un papel preponderante, aunque el público exija cada vez más su

52 Cf. Brian W. Olgilvie, The Science of Describing. Natural History in Renaissance Europe . Chicago and London, The Universtity of Chicago Press, 2006, pp. 11-12.

53 Brian W. Olgilvie, The Science of Describing..., op. cit., p. 29.

54 Para comprobarlo no hay más que echar un vistazo al tamaño del artículo de Riddle dedicado a Dios-córides dentro de la colección del Catalogus Translationum et Commentariorum. Cf. John M. Riddle, “Dioscorides”, en F. Edward Cranz (ed.), Paul Oskar Kristeller (assoc. ed.), Catalogus Translationum et Commentariorum: Mediaeval and Renaissance Latin Translations and Commentaries. Annotated Lists and Guides, Vol. IV. Washington D. C., The Catholic University of America Press, 1980, pp. 1-144.

55 Cf. José María López Piñero, Medicina e historia natural en la sociedad española de los siglos xvi y xvii. Valencia, Universitat de València, 2007, p. 104.

56 Sobre el orden antiguo y el nuevo orden alfabético, probablemente realizado en el s. XI por Constan-tino el Africano, ver John M. Riddle, Dioscorides..., op. cit., p. 7.

57 Son palabras de Brian W. Olgilvie, The Science of Describing..., op. cit., p. 6: “It is no exaggeration to say that description, as both process and result, is the central concern of Renaissance natural history.”

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presencia y su importancia vaya en aumento58, lo primero al describir un objeto o un ser vivo insólito es decir a qué se parece. González Bueno recuerda que Hernán Cortés llamaba mezqui-tas a los templos náhualt.59 Este mismo autor, cuando analiza en otro trabajo la introducción de las plantas americanas en el comentario a Dioscórides más famoso del s. xvi, el del italiano Pietro Andrea Mattioli, explica que las va incluyendo dentro de las entradas correspondientes a las plantas dioscorídeas, aproximándolas normalmente por alguna semejanza, y confundién-dolas en ocasiones.60 En realidad, Mattioli no hacía sino seguir una tradición que se fue poco a poco instituyendo, de modo que las materias nuevas tenían que introducirse en el lugar en que lo había hecho otro comentarista anterior, de lo contrario los lectores tendrían dificultad en encontrar la entrada correspondiente a lo que querían buscar. Ahora veremos este asunto en relación al guayaco que, como dice González Bueno, se hallaba en el tratado de Mattioli en la entrada del ébano.

Si bien es cierto que los comentaristas de Dioscórides introdujeron deficientemente, de forma general, otros productos diferentes a los transmitidos por la tradición libresca, el hecho de que el caso de Amato Lusitano era algo diferente ya fue visto por el siempre perspicaz López Piñero, quien indica que el autor albicastrense supo incluir noticias de primera mano debido

58 Sobre la relevancia de las imágenes en los tratados médicos y botánicos, véase Sachiko Kusukawa , Picturing the Book of Nature. Image, Text, and Argument in Sixteenth-Century Human Anatomy and Medical Botany. Chicago, University of Chicago Press, 2012, y el artículo de Carlos de Jesus, “Amato Lusitano e a importância da ilustração botânica no século xvi. Em torno das edições lionesas das Enarrationes (1558)”, en este mismo volumen.

59 Antonio González Bueno, “La flora del paraíso: recepción de las plantas americanas en la literatura científica europea del Renacimiento” en Alfredo Baratas (ed.), Memorias de la Real Sociedad Españo‑la de Historia Natural. Tomo III. 2ª época. El libro de la Naturaleza. Madrid, Facultades de Biología y Geología – Ciudad Universitaria, 2004, pp. 5-33, maxime 10. También Oviedo compara las cabañas del poblado Thamara con mezquitas, diciendo: “Allí se halló un buhío á manera de mezquita ó casa de oraçion desta gente”. Gonzalo Fernández de Oviedo, Historia general y natural de las Indias, islas y Tierra‑Firme del mar Océano, editada por D. José Amador de los Ríos para la Real Academia de la His-toria. Tomo primero de la segunda parte. Madrid, Imprenta de la Real Academia de la Historia, 1852, p. 277.

60 Antonio González Bueno, “El Descubrimiento de la Naturaleza del Nuevo Mundo: Las Plantas Ame-ricanas en la Europa del siglo xvi”, Circumscribere. International Journal for the History of Science 2 (2007), pp. 10-25, http://revistas.pucsp.br/index.php/circumhc/article/view/569/1028, p. 18. Merece la pena transcribir el fragmento: “el guayaco pasa, sin apenas precisión, como una suerte de ébano pero al que se le reconocen virtudes antisifilíticas y sudoríferas, como a la zarzaparrilla americana, que es claramente identificada con la mediterránea, siguiendo la opinión que, años atrás, hubiera defendido Luca Ghini, profesor de la Universidad de Padua; un “piper in India nasci...”, de pequeños frutos en forma de cuernos, figura junto a la pimienta y el clavo. Apenas dos líneas merecen los to-mates, denominados “pomi d’oro” o “mala aurea”, de frutos dorados y rojos, aproximados en éste, y confundidos en otros textos renacentistas, con las berenjenas. Algo más añade sobre unas calaba-zas de Indias, conocidas en la península italiana desde algún tiempo atrás, cultivadas sobre semillas de procedencia americana y de las que señala la ventaja de poder ser conservadas durante todo el invierno. También tienen su sitio los “claveles de Indias”, rápidamente extendidos por los jardines europeos; y por supuesto el maíz, planta ya bien conocido en estos años centrales del siglo xvi.”

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a su conocimiento de las plantas de la península Ibérica y de algunos productos ultramarinos, venidos de las Indias orientales y de América.61 António Andrade demostró recientemente que los conocimientos que João Rodrigues de Castelo Branco (más tarde conocido tan solo como Amato Lusitano) poseía sobre los productos orientales le venían no solo de su actividad como médico y de su mirada atenta, sino de los negocios familiares en los que se involucró cuando salió de Portugal rumbo a Amberes en 1534, pues formaba parte de la familia de mercaderes judíos Pires-Cohen, sobrino como era de Henrique Pires, elemento nuclear de una de las redes familiares extendidas por toda Europa dedicadas al comercio.62

Amato Lusitano publicó el primero de sus comentarios a Dioscórides, el Index Dioscoridis,63 dos años después de su llegada a Amberes. Era obra de juventud, pues el autor contaba tan solo con 25 años de edad, y por ello con bastante errores, no solo tipográficos, como el propio autor denuncia en su prólogo al lector, lo que casi lo lleva, según sus palabras, a detener su publicación, sino incluso algunos fruto de una mala comprensión de los textos de que se sirvió. Muy diferente es su comentario a Dioscórides publicado en la madurez, a los 42 años de edad, las Enarrationes.64 Ahí hace gala de la originalidad que López Piñero apunta en su revisión de los comentaristas de Dioscórides. Sin embargo, en este trabajo nos vamos a detener en su pri-mera obra, de la que espero sacar algunas conclusiones interesantes. Dejaremos para un estudio posterior la curiosa evolución experimentada entre la publicación de una obra y la de la otra.

Cuando se habla de esta obra, no se tiene en consideración, o al menos no se da importan-cia al hecho de que la entrada del ébano es, con un amplio margen, la más extensa de los dos libros de Dioscórides que incluye. Bastante más extensa que, por ejemplo, la primera entrada, sobre el iris, sobredimensionada porque el autor la usa para realizar una presentación del libro y dirigirse a los lectores, dejando de hecho un espacio cuando va a empezar a hablar propia-mente de la planta que le ocupa.65 La del ébano comienza en la página 23v y acaba en la 26r, con texto corrido, algo curioso si tenemos en cuenta que algunas páginas contienen hasta cinco entradas. Evidentemente, el motivo de esta extensión fuera de lo común para un producto que no merece la misma atención en el texto del autor griego radica en que, en realidad, la entrada

61 José María López Piñero, Medicina e historia natural..., op. cit., p. 98.

62 António Manuel Lopes Andrade, “Ciência, Negócio e Religião: Amato Lusitano em Antuérpia”, en Inês de Ornellas Castro e Vanda Anastácio (coord.), Revisitar os Saberes – Referências Clássicas na Cultura Portuguesa do Renascimento à Época Moderna. Lisboa, Centro de Estudos Clássicos – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2010, pp. 9-49.

63 Amatus Lusitanus (João Rodrigues de Castelo Branco), Index Dioscoridis. Antuerpiae, excudebat Vidua Martini Caesaris, 1536.

64 Amatus Lusitanus, In Dioscoridis Anazarbei de medica materia libros quinque enarrationes eruditissimae. Venetiis, apud Gualterum Scotum, 1553. Para conocer las vicisitudes de las diferentes ediciones de los textos de Amato Lusitano, ver João José Alves Dias, Amato Lusitano e a sua obra: séculos xvi e xvii. Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, 2011.

65 Amatus Lusitanus, Index Dioscoridis..., op. cit., p. 2r.

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se aprovecha para hablar del guayaco. O, mejor dicho, João Rodrigues trata del ébano, que identifica plenamente con el leño santo.

Al tratar los nombres que recibió el guayaco, Munger afirma que, al principio, unos pocos escritores lo identificaban con el ébano.66 Uno de ellos fue Amato Lusitano, y con mucha mayor rotundidad en el Index, de fecha tan temprana como 1536. Las cuestiones que se nos plantean son: ¿cómo se produjo esa identificación?, ¿en quién se fijó Amato para relacionar ambos productos?, ¿qué papel juega el texto de Amato en el debate sobre el guayaco y el ébano?

En 1550 se publica en Lyon una edición de la traducción de Dioscórides de Jean Ruel (la editio princeps es de 1516, publicada en París) con comentarios añadidos, de la autoría de H. B. M. En su exhaustiva obra, Riddle, basándose en la identificación del estudioso DuPetit-Thouars, indica que estas iniciales se refieren posiblemente a Johannes Bruyerinus. Ignoramos si esta atribución de autoría ha sido rebatida por alguien. Sin haber comprobado su fiabilidad, hemos visto que una notación manuscrita del ejemplar de la Biblioteca Complutense indica que el autor es Huberto Barlando, médico belga que fue profesor en Lovaina. En esta obra, al final de la traducción de Ruel en la entrada del ébano, se incluye un pequeño comentario en el que se dice: Quidam guayacum ebeni speciem putant; istud nec affirmare nec negare ausim, cum a nullo veterum scriptorum praedictum sit qualia folia, flores et fructus ebenus producat.67 Podemos deducir de aquí dos cosas: que ya era común, aunque no todo el mundo lo compartía, pensar que el guayaco fuese una especie de ébano, y que este último producto ya era menos conocido que el americano, pues el autor del comentario no se atreve a manifestar su opinión por la ausencia de descripciones de las hojas, flores y fruto del ébano. Una década antes los co-mentaristas se quejaban de no conocer las del guayaco, porque no se enviaban desde las Indias occidentales, ya que solo interesaba el lucro de la madera (solo esta se usaba para el tratamiento del mal francés) y no el conocimiento científico.

Pero si el autor incluye esta duda en su comentario al ébano es porque otros comentaristas de Dioscórides ya lo están haciendo. En efecto, las mismas dudas vemos ya en los comentarios de Pietro Andrea Mattioli y Andrés Laguna. Mattioli introduce la siguiente consideración en su comentario al ébano:

Sunt qui lignum ex Indijs petitum, quod quidam GVAIACVM, nonnulli Guaiacanum,

plerique uero Lignum sanctum appellant, cuius aduersus Gallicam luem praecipus est usus,

ebeni genus esse crediderint. Quod quidem nec asserere nec negari ausim: quandoquidem

66 Munguer, “Guaiacum, the Holy Wood...”, op. cit., p. 204.

67 [Hubertus Barlandus], Pedanii Dioscoridis Anarzabei de medicinali materia libri sex, Ioanne Ruellio Suessionensi interprete, cuilibet capiti additae annotationes, eruditae et compendiariae e selectiori medicorum promptuario. Lugduni, Apud Balthazarem Arnolletum, 1550, p. 105

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Albano Mendes de Matos160, Manuel Lourenço Nunes161, José Morgado Pereira162, Alfredo Rasteiro163,

Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 11 (1997), pp. 23-26; “A água e a vida quotidiana à luz das IV e V centúrias de curas medicinais de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 13 (1999), pp. 19-21; “Os quatro elementos e a vida quotidiana dos doentes na obra de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 14 (2000), pp. 34-37; “Amato Lusitano e o uso da palavra médica na tradição hipocrática”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 15 (2001), pp. 25-29; “Os temas Universais em Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 16 (2002), pp. 25-28; “Saberes efémeros duradouros — o caso da sangria com passagem por Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 18 (2004), pp. 38-43; “Sentir dor no tempo de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 20 (2006), pp. 37-41.

160 Cf. Albano Mendes de Matos, “A mulher e as suas doenças em Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 10 (1996), 9-11; “Os produtos de origem animal na terapêutica de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 12 (1998), pp. 13-19.

161 Cf. Manuel Lourenço Nunes, “A saúde oral em Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑His‑tória ao Século xx — Cadernos de Cultura 12 (1998), pp. 25-26.

162 Cf. José Morgado Pereira, “A melancolia nas centúrias de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 7 (1993), pp. 3-5; “A doença e a condição feminina em Amato”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 12 (1998), pp. 21-23; “Os comportamentos alimentares nas centúrias de curas medicinais”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 12 (1998), pp. 4-7; “A ironia em Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 13 (1999), pp. 30-33; “A epilepsia nas Centúrias de Curas Medicinais”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 15 (2001), pp. 22-24; “Amato Lusitano e as fronteiras da prática médica”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 16 (2002), pp. 29-32; “Considerações sobre o Morbo Gallico nas Centúrias de Amato Lusitano”. Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 17 (2003), pp. 31-35.

163 Cf. Alfredo Rasteiro, “João Rodrigues de Castelo Branco e a solidariedade médica na luta contra a doença e a morte”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 1 (1989), pp. 16-18; “Memória de Ama-to”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura. 5 (1992), pp. 3-7; “Amato, Vesálio, Paré e os traumatismos da cabeça em 1559”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 6 (1993), pp. 20-21; “Amato, Montalto e a arte dos olhos nos séculos xvi e xvii”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 8 (1994), pp. 5-9; “Amato e os nasci”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 9 (1995), pp. 3-10; “A mulher, o sofrimento e a compaixão na obra de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 10 (1996), pp. 13-20; “A receita do “manjar de fígados” do Doutor Amato Lusitano (1511-1658)”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 11 (1997), pp. 3-7; “Salamanca e os Lusitanos”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 11 (1997) pp. 66-69; “Índias de Castela e Índias de Por-tugal na obra de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 12 (1998), pp. 8-11; “A água em “De Medica Materia”, Dioscórides, segundo Amato Lusitano e Andres Laguna”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 13 (1999), pp. 5-9; “Quatro elementos, reacção Hipocrática, Amato Lusitano e “O Múmia”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 14 (2000), pp. 13-18; “Cultura clássica, barbarismos e arcaísmos em Amato Lusitano (1511-1568)”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 15 (2001), pp. 10-14; “Amato Lusitano — Fronteiras políticas, religiosas e linguísticas”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 16 (2002), pp. 11-18; “Religião, medicação e informação / desinformação na época de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 17 (2003), pp. 18-22; “Amato Lusitano e a medicina das navegações no século xvi”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura. 18 (2004), pp. 24-28; “Amato Lusitano (1511-1568). Tensões e diferenças na Europa do século xvi”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 19 (2005), pp. 6-16; “Escorbuto, pepinos, inquisição e opúncias na época de Amato Lusitano (1511-1568)”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 20 (2006), pp. 23-36; “Amato Lusitano (1511-1568). Religião e imagem”, Medicina na Beira In‑

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2.13 “Estudos contemporâneos sobre Amato Lusitano” 535

Maria Adelaide Neto Salvado164, Daniel Cartucho, Gabriela Valadas165, João Maria Nabais166, Maria de Lurdes Cardoso167, Maria de Fátima Paixão, Fátima Regina Jorge, Ana Isabel Flórido168,

terior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 21 (2007), pp. 28-31; “Calcanhar de Amato”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 22 (2008), pp. 17-25; “Amigos de Amato, cidadãos do mundo”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 23 (2009), pp. 15-19; “O Juramento do Doutor Amato e o compromisso dos essénios”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 24 (2010); “Doutor Amado (1511-1568), sete apontamentos”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 27 (2013), pp. 13-22.

164 Cf. Maria Adelaide Neto Salvado, “O espaço geográfico nas centúrias de Amato”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 5 (1992), pp. 9-15; “Catástrofes naturais na visão de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 6 (1993), pp. 15-19; “A mulher do século xvi no olhar de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 10 (1996), pp. 3-8; “Os frutos e as leguminosas nas Centúrias de Curas Medicinais de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 11 (1997), pp. 15-21; “As águas santas — das velhas crenças à voz de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 13 (1999) pp. 23-29; “Os quatro elementos, os astros, as doenças e o homem — a visão de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 14 (2000), pp. 21-28; “A História Natural de Plínio, o Velho, no olhar de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xx — Cadernos de Cultura 15 (2001), pp. 15-21; “Amato Lusitano — Médico sem Fronteiras em Ragusa do Séc. xvi”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 16 (2002), pp. 19-24; “De Amato Lusitano a Mircea eliade — os elos de religação”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 17 (2003), pp. 23-30; “O “mau olhado” em dois tratados de medicos portugueses contemporaneous de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 19 (2005), pp. 25-35; “De um caso de raiva contado por Amato Lusitano, em Salónica do século xvi, aos casos de raiva na região de Castelo Branco em finais do século xix”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 20 (2006), pp. 47-54; “Dos casos de varíola tratados por Amato Lusitano na 3ª centúria às epidemias de varíola na Beira Interior em finais do século xix”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 22 (2008), pp. 49-55; “Amato — ‘amável de nome e de facto’ “. Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 23 (2009), pp. 36-38.

165 Cf. Daniel Cartucho; Gabriela Valadas, “Abcessos de drenagem pura e branca — a propósito de uma cura em Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 16 (2002), pp. 33-36.

166 Cf. João Maria Nabais, “A importância de Amato Lusitano na medicina do século xvi”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 16 (2002), pp. 37-40; “Garcia de Orta, um contemporâneo de Amato (médico naturalista do século xvi: cerca 1500-1568)”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 18 (2004), pp. 44-48; “Contributos de Amato Lusitano para a história das religiões e da ciência”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 21 (2007), pp. 48-54; “A criança no tempo de Amato Lusitano, uma análise historiográfica das centúrias de curas medicinais”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 23 (2009), pp. 53-62; “O humanismo na medicina: a importância de Amato Lusitano na visão ecumenical de Ricardo Jorge”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 24 (2010), pp. 21-27.

167 Cf. Maria de Lurdes Cardoso, “História da ciência e ensino das ciências — a história da ciência a partir da vida e obra de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 16 (2002), pp. 79-80; “O cruzamento de olhares: humanismo em Amato Lusitano e Luís Vives”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 23 (2009), pp. 39-43; “Saúde e ambiente — perspectives amatianas e darwinianas”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 24 (2010), pp. 28-35.

168 Maria de Fátima Paixão; Fátima Regina Jorge; Ana Isabel Flórido, “Pesos e medidas na obra de Amato Lusitano: dos saberes e das certezas da época”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 19 (2005), pp. 17-24.

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João Rui Pita & Ana Leonor Pereira536

Manuel Costa Alves169, Maria José Leal170, Aires Gameiro171, Armando Moreno172, J. A. David de Morais173; Isilda Teixeira Rodrigues174, Pedro Salvado175, António Romeiro Car-valho176, António Maria Martins Melo177, Maria do Sameiro Barroso178, Ana Margarida Borges179, Emília Oliveira180. De todos estes sublinhamos os nomes de Alfredo Rasteiro e António Lourenço Marques, mas também de José Morgado Pereira, Maria Adelaide Neto Salvado e Fanny Xavier da Cunha181 pelos estudos que realizaram e continuam a realizar sobre

169 Manuel Costa Alves, “Amato Lusitano e a doença de D. Sebastião”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 19 (2005), pp. 36-39.

170 Maria José Leal, “As incursões de Amatus Lusitanus pela cirurgia pediátrica”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 22 (2008), pp. 29-34; “Nempe color — o preceito galenico nas centúrias de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 24 (2010), pp. 16-20; “O caminho de Hades — o verbo, a palavra, a voz de Amato”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 27 (2013), pp. 23-26.

171 Aires Gameiro, “Amato Lusitano (1511-1568) e S. João de Deus (1495-1550): contemporâneos, aven-tureiros e cuidadores de doentes com princípios éticos”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 22 (2008), pp. 35-43.

172 Armando Moreno, “Ética em Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 23 (2009), pp. 55-86; “Os mitos em Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 23 (2009) pp. 23-29.

173 J. A. David de Morais, “O tratamento vernáculo do cobro (herpes zoster) nas Centúrias de Amato Lusitano e no Sul de Portugal: abordagem médico-antropológica”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 21 (2007), pp. 43-47; “Ainda a questão do desaparecimento do túmulo de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 27 (2013), pp. 7-12; “O mercador de Salónica, o seu gato e os seus criados: contribuição para o estudo das zoonoses nas “Centurias” de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 24 (2010), pp. 31-34.

174 Isilda Teixeira Rodrigues, “Paralelismos e divergencias entre as Centúrias e o traité des Monstres et des Prodiges”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 23 (2009) pp. 30-35; “O contributo de Amato Lusitano para a história da sexologia”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 23 (2009), pp. 44-52.

175 Pedro Salvado, “Amato Lusitano e outras presences médicas no espaço urbano albicastrense — visibilidades e invisibilidades”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 23 (2009), pp. 69-82.

176 António Maria Romeiro Carvalho, “O número e a superstição em Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 24 (2010), pp. 36-39.

177 António Maria Martins Melo, “Amato Lusitano, leitor da Odisseia”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 27 (2013), pp. 27-30.

178 Maria do Sameiro Barroso, “Amato Lusitano – os bezoares e a tradição das pedras curativas”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 24 (2010), pp. 41-46.

179 Ana Margarida Borges, “Anotações metalinguísticas nas obras de Amato e de Laguna: a metáfora termino-lógica”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 24 (2010), pp. 47-50.

180 Emília Oliveira, “Da romã à nêspera: propriedades e fins terapêuticos de alguns frutos comuns em Portugal nas Enarrationes de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 24 (2010), pp. 51-56.

181 Falecida em 2011. Ver Sociedade de Geografia de Lisboa. Relatório da Gerência e Parecer da Comissão Revisora de Contas. Referido a 31 de Dezembro de 2011. In: http://www.socgeografialisboa.pt/wp/wp-content/uploads/2009/01/Relatorio-2011.pdf (consultado em 23/04/2014).

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2.13 “Estudos contemporâneos sobre Amato Lusitano” 537

Amato, sendo, igualmente dinamizadores importantes das Jornadas e dos Cadernos de Cul-tura. Nos últimos anos sublinhem-se os estudos de António Andrade integrados no projecto de investigação referido. Em 2011, ano de comemoração dos 500 anos de Amato Lusitano, os Cadernos de Cultura publicaram sobre Amato os seguintes estudos: António Andrade, De Antuérpia a Ferrara: o caminho de Amato Lusitano182; Alfredo Rasteiro, João Rodrigues Lusi-tano, Doutor Amado (1511-1568) e Armando Tavares de Sousa, estudioso de Amado 183; João Maria Nabais, Amato e os médicos da diáspora: a face oculta das atribulações dos judeus portugueses184; Emílio Rivas Calvo; Carlos d’Abreu, Amato Lusitano: na Universitatis Studii Salamantini185; Maria José Leal, Amato, Inédia e Chi Kung: quebrando o circuito da fome186; António Lourenço Marques, Amato Lusitano: o médico vai até ao fim187; Aires Gameiro, Amato Lusitano (1511-1568): identidade e cultura judaico-cristã europeia do século xvi188. E em 2012 foram publicados textos que serviram de base a comunicações apresentadas aquando da sessão comemorativa do quinto centenário de Amato Lusitano: João Marinho dos Santos, A história de “Amato Lusitano” na história de Portugal189; Luís Nuno Ferraz de Oliveira, O meu Amato Lusitano190; António Manuel Lopes Andrade, Amato Lusitano em Ancona: a tragédia da família Pires191; João Manuel Nunes Torrão, Amato Lusitano: entre o Index Dioscoridis (1536) e as Enarrationes (1553)192; Carlos de Miguel Mora, Do Index às Enarrationes. Um esboço de estudo comparativo através de quatro

182 António Manuel Lopes Andrade, “De Antuérpia a Ferrara: o caminho de Amato Lusitano e da sua fa-mília”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 25 (2011), pp. 5-16.

183 Alfredo Rasteiro, “João Rodrigues Lusitano, Doutor Amado (1511-1568)”. Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 25 (2011), pp. 17-20; “Armando Tavares de Sousa, estudioso de Amado. In Memoriam”. Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 25 (2011), pp. 47-48.

184 João Maria Nabais, “Amato e os médicos da diáspora: a face oculta das atribulações dos judeus portu-gueses”. Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 25 (2011), pp. 21-30.

185 Emílio Rivascalvo; Carlos d’Abreu, “Amato Lusitano: na Universitatis Studii Salamantini”. Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 25 (2011), pp. 31-36.

186 Maria José Leal, “Amato, Inédia e Chi Kung: quebrando o circuito da fome”. Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 25 (2011), pp. 37-40.

187 António Lourenço Marques, “Amato Lusitano: o médico vai até ao fim”. Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 25 (2011), pp. 41-44.

188 Aires Gameiro, “Amato Lusitano (1511-1568): identidade e cultura judaico-cristã europeia do século xvi”. Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 25 (2011), pp. 45-46.

189 João Marinho dos Santos, A história de “Amato Lusitano” na história de Portugal, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 8-13.

190 Luís Nuno Ferraz de Oliveira , “O meu Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 14-19.

191 António Manuel Lopes Andrade, “Amato Lusitano em Ancona: a tragédia da família Pires”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 20-27.

192 João Manuel Nunes Torrão, “Amato Lusitano: entre o Index Dioscoridis (1536) e as Enarrationes (1553)”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 28-30.

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entradas193; Alfredo Rasteiro, João Rodrigues Lusitano - Doutor Amado - serviu as Musas: amou a Poesia, cultivou a Ciência194; J. A. David de Morais, As Parasitoses nas “Centúrias” de Amato Lusitano195; António Lourenço Marques, O ser humano na clínica de Amato Lusitano – rumo ao conceito de dignidade196; Maria Adelaide Neto Salvado, Amato num mito e um mito em Amato197; Joaquim Candeias da Silva, João Rodrigues... Amado, Lusitano, de Castelo Branco (1511-1568): Contributo para uma aclaração dos seus elos familiares198; Maria José Leal, No Cenotáfio de Amato199; Virgínia Soares Pereira, Amato Lusitano: a propósito de uma breve nota resendiana200; António Maria Martins Melo, Janela de aromas: excertos do Index de Amato Lusitano201; Maria do Sameiro Barroso, As filhas de Pirra em Amato Lusitano, um caso de embriotomia (VI Centú-ria, Cura LI)202; Gabriela Valadas e Daniel Cartucho, Tumor da mama em Amato Lusitano - da semiologia à terapêutica203; Isilda Teixeira Rodrigues, Alguns factores que contribuíram para o desenvolvimento da Medicina de Amato Lusitano204; Albano Mendes de Matos, A atitude Cientí-fica em Amato Lusitano205; Lurdes Cardoso, Amato Lusitano e alguns dos seus contemporâneos206;

193 Carlos de Miguel Mora, “Do Index às Enarrationes. Um esboço de estudo comparativo através de quatro entradas”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 31-36.

194 Alfredo Rasteiro, “João Rodrigues Lusitano - Doutor Amado - serviu as Musas: amou a Poesia, cultivou a Ciência”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 37-44.

195 J. A. David de Morais, “As Parasitoses nas “Centúrias” de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 45-54.

196 António Lourenço Marques, “O ser humano na clínica de Amato Lusitano – rumo ao conceito de digni-dade”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 55-60.

197 Maria Adelaide Neto Salvado, “Amato num mito e um mito em Amato”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 61-66.

198 Joaquim Candeias da Silva, “João Rodrigues... Amado, Lusitano, de Castelo Branco (1511-1568): Contributo para uma aclaração dos seus elos familiares”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 67-73.

199 Maria José Leal, “No Cenotáfio de Amato”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 74-77.

200 Virgínia Soares Pereira, “Amato Lusitano: a propósito de uma breve nota resendiana”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 78-80.

201 António Maria Martins Melo, “Janela de aromas: excertos do Index de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 81-87.

202 Maria do Sameiro Barroso, “As filhas de Pirra em Amato Lusitano, um caso de embriotomia (VI Centúria, Cura LI)”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 88-93.

203 Gabriela Valadas; Daniel Cartucho, “Tumor da mama em Amato Lusitano - da semiologia à terapêu-tica”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 94-97.

204 Isilda Teixeira Rodrigues, “Alguns factores que contribuíram para o desenvolvimento da Medicina de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 98-100.

205 Albano Mendes de Matos, “A atitude Científica em Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 101-104.

206 Lurdes Cardoso, “Amato Lusitano e alguns dos seus contemporâneos”, Medicina na Beira Interior.

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2.13 “Estudos contemporâneos sobre Amato Lusitano” 539

Aires Gameiro, Amato Lusitano, homo europeus: Expoente Cimeiro da Cultura Europeia Judaico-Cristã no século xvi207; João Maria Nabais, O Judaísmo Humanista em Amato Lusitano208; Maria Antonieta Garcia, Cinco médicos Beirões e a conversão forçada209. Na mesma revista de 2012 assinale-se nas últimas páginas a informação diversificada das actividades realizadas aquando das comemorações do V Centenário do Nascimento de Amato Lusitano210.

AutoreS eStrAnGeiroS eStuDioSoS De AmAto que PubliCArAm em PortuGAl

Vários autores estrangeiros publicaram sobre Amato Lusitano, designadamente em Por-tugal. Com frequência aborda-se a presença de Amato em Itália ou no extremo da Europa. É o caso de Jacob Seide211, J. Nehama (1955)212, Hirsh Rudy (1955)213, Harry Friedenwald

Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 105-108.

207 Aires Gameiro, “Amato Lusitano, homo europeus: Expoente Cimeiro da Cultura Europeia Judaico-Cristã no século xvi”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 109-112.

208 João Maria Nabais, “O Judaísmo Humanista em Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 113-117.

209 Maria Antonieta Garcia, “Cinco médicos Beirões e a conversão forçada”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao séc. xxi – Cadernos de Cultura 26 (2012), pp. 118-128.

210 Sublinhe-se, entre vários, além dos discursos oficiais introduzidos na revista, do Presidente da República e do Presidente da Câmara de Castelo Branco, as actividades desenvolvidas em 2011, homenagem aos estudiosos de Amato e algumas edições realizadas como: Amato Lusitano Judeu Errante, de Armando Moreno (Peça vicentina em 3 actos – Comemorações dos 500 anos do nascimento de Amato Lusita-no, Prémio Marcelino Mesquita); Amato Lusitano e as Rosas, textos de Maria Adelaide Neto Salvado, Edição da Câmara Municipal de Castelo Branco; O Corpo do Coração – Horizontes de Amato Lusitano – catálogo da Exposição – Pedro Salvado, Edição da Câmara Municipal Castelo Branco; Amato Lusitano Cidadão de Castelo Branco, de José Lopes Dias – Reedição da Câmara Municipal Castelo Branco; Amato Lusitano nos Caminhos do Mundo – O Saber sem Fronteiras – Caderno Especial do Jornal do Fundão de 10/11/2011; Catálogo da inauguração da estátua Diáspora, Edição da Câmara Municipal Castelo Branco; Amado Amato – antologia de poesia dedicada a Amato Lusitano, organizada por Maria de Lurdes Barata e Pedro Salvado, Edição da Câmara Municipal Castelo Branco; Jardim Amato Lusitano, de Maria Adelaide Salvado e Maria de Lurdes Cardoso, Edição da Câmara Municipal Castelo Branco; Ode a Amato Lusitano, da autoria de António Salvado, Edição da Câmara Municipal Castelo Branco.

211 Cf. Jacob Seide, “The two diabetics of Amatus Lusitanus”, Imprensa Médica 19.11 (1955), pp. 670-674.

212 Cf. J. Nehama, “Amato Lusitano à Salonique”, in Homenagem ao Doutor João Rodrigues de Castelo Branco (Amato Lusitano). Castelo Branco, Câmara Municipal de Castelo Branco, 1955, pp. 213-214.

213 Cf. Hirsch Rudy, “Amatus Lusitanus (Biographischer Rahmen)”, in Homenagem ao Doutor João Rodri‑gues de Castelo Branco (Amato Lusitano). Castelo Branco, Câmara Municipal de Castelo Branco, 1955, pp. 193-211.

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(1955)214, Lavoslav Glesinger (Estudos de Castelo Branco, 1968)215, Joshua O. Leibowitz (Estudos de Castelo Branco, 1961, 1968)216, Ivolino de Vasconcelos217, Marija Ana Dürrigl, Stella Fatovic Ferencic (Acta Médica Portuguesa, 2002)218, Alfredo Pérez Alencart (Medicina na Beira Interior. Da Pré-História ao Século xxi — Cadernos de Cultura)219

214 Harry Friedenwald, “Medical works of Amatus Lusitanus”. Homenagem ao Doutor João Rodrigues de Castelo Branco (Amato Lusitano). Castelo Branco, Câmara Municipal de Castelo Branco, 1955, pp. 177-191.

215 Cf. Lavoslav Glesinger , “Amatus Lusitanus à Raguse” in Centenário (IV) de João Rodrigues de Castelo Branco — Amato Lusitano, Castelo Branco, Estudos de Castelo Branco, 1968, pp. 111-131; Amato Lusitano em Ragusa. Estudos de Castelo Branco 28 (1968), pp. 170-178.

216 Cf. Joshua O. Leibowitz, “Amatus Lusitanus on sudden death due to ‘Obstruction in the heart’” (1560), Estudos de Castelo Branco, 4 (1961) pp. 11-26; “Simpósio de Amato Lusitano em Sena. Amatus Lusitanus à Salonique” in Centenário (IV) de João Rodrigues de Castelo Branco — Amato Lusitano. Castelo Branco, Estudos de Castelo Branco, 1968, pp. 41-46; “Amatus Lusitanus (1511-1568) à Salonique”, Estudos de Castelo Branco 28 (1968) pp. 90-93; “Amato Lusitano (1511-1568) em Salónica”, Estudos de Castelo Branco 28 (1968) pp. 93-95.

217 Cf. Ivolino de Vasconcelos, “Discurso de encerramento de ‘Simpósio de Amato Lusitano’, em Siena, do Prof. (…)” in Centenário (IV) de João Rodrigues de Castelo Branco — Amato Lusitano. Castelo Branco, Estudos de Castelo Branco, 1968, pp. 191-192; Discurso de encerramento do “Simpósio de Amato Lusitano” em Siena. Estudos de Castelo Branco 29 (1969), pp. 21-22.

218 Cf. Marija-Ana Dürrigl; Stella Fatovic-Ferentic, “The medical practice of Amatus Lusitanus in Dubrovnik (1556-1558) a short reminder on the 445

th anniversary of his arrival”, Acta Médica

Portuguesa 15.1(2002), pp. 37-40.

219 Alfredo Pérez Alencart, “Descubrimiento de Amato Lusitano”, Medicina na Beira Interior. Da Pré‑História ao Século xxi — Cadernos de Cultura 19 (2005) pp. 40-41.

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2.13 “Estudos contemporâneos sobre Amato Lusitano” 541

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Pelo que fica exposto, Amato Lusitano, figura maior da história da medicina portuguesa é, igualmente, uma referência na história da medicina internacional. Apesar de muitos estudos publicados sobre a sua vida e a sua obra, de dimensões, âmbitos e profundidades diferentes, sendo uma boa parte muito recente, Amato Lusitano continua a aguardar um trabalho historio-gráfico de grande fôlego, segundo os mais recentes e autorizados métodos da história cultural da ciência e da medicina e que seja marcante para a historiografia médica, sobretudo um trabalho de natureza biográfica. Os trabalhos sobre Amato sublinham igualmente a possibilidade de trabalhos multifacetados que sobre Amato se podem realizar e que o tornam numa fonte de investigação de enorme fecundidade. O quinto centenário de Amato proporcionou diversas iniciativas e produções científicas. As diferentes actividades levadas a bom porto em Castelo Branco, na Biblioteca Nacional de Portugal, bem como o projecto de investigação Dioscórides e o Humanismo Português: os Comentários de Amato Lusitano do qual decorre a presente publi-cação testemunham o excelente trabalho realizado nos últimos anos sobre Amato Lusitano.

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