Vestígios arqueologicos em lisboa

14
Pequeno apontamento sobre Vestígios arqueológicos em Lisboa

Transcript of Vestígios arqueologicos em lisboa

Page 1: Vestígios arqueologicos em lisboa

Pequeno apontamento sobre

Vestígios arqueológicos em Lisboa

Page 2: Vestígios arqueologicos em lisboa

As Galerias Romanas da Rua da Prata

As primeiras notícias que temos destas Galerias datam de 1771 quando, durante a reconstrução da cidade de Lisboa depois do grande terramoto de 1755, descobriu-se um pedestal romano com

uma inscrição em latim dedicado a Esculápio (Deus da Medicina) e a existência de um conjunto de Galerias Romanas no subsolo da Baixa. Esse pedestal encontra-se hoje no Museu Nacional de

Arqueologia.

Page 3: Vestígios arqueologicos em lisboa

Durante muito tempo, e em virtude de as galerias terem sido descobertas parcialmente submersas, como ainda hoje se encontram, julgou-se que se estava perante umas termas romanas.

O monumento apenas é visitável uma vez por ano, devido à difícil acessibilidade e ao facto de a bombagem de água ter de ser constante para que essas visitas se possam efetuar, o que também dificulta os trabalhos arqueológicos.

Nesta foto vê-se a Galeria das Nascentes, onde se encontram uma série de Olhos de Água e uma fenda que se estende por todo o solo e teto, atualmente monitorizada com técnicas sofisticadas. Essa fenda, segundo os arqueólogos, pode ter surgido durante o terramoto de 1755 ou noutro incidente geológico do género.

Como se pode ver nesta e noutras fotos, é bem visível onde costuma estar o nível da água, pelas marcas mais escuras nas paredes.

Page 4: Vestígios arqueologicos em lisboa

A entrada nas Galerias é feita por um alçapão na Rua da Conceição junto ao nº 77, que como podem ver fica no meio da estrada, o que obriga a restrições de trânsito durante os dias das

visitas ou quando estão a decorrer trabalhos arqueológicos.

Page 5: Vestígios arqueologicos em lisboa

Em 1859, obras de saneamento permitiram observar, pela única vez, restos das construções romanas que seerguiam sobre as Galerias, não tendo sido possível, no entanto, identificar essas construções. Foi feito umlevantamento exaustivo das ruínas, conduzido por José Valentim de Freitas, sendo este um dos trabalhosarqueológicos pioneiros na cidade de Lisboa. Houve várias interpretações, desde Termas a Fórum Municipal.

Devido aos trabalhos atuais conhece-se agora melhor a funcionalidade do monumento, construído naprimeira metade do Séc. I d.C. (época dos imperadores Júlio-Cláudios) e que indicam tratar-se de“criptopórticos”, construções abobadadas e de grande robustez que os romanos frequentemente construíamem terrenos instáveis, para servir de suporte a outras construções.

Page 6: Vestígios arqueologicos em lisboa

Infelizmente os coletores da cidade não permitem o acesso à totalidade do monumento,

desconhecendo-se a sua extensão. Apenas se sabe que este é um dos limites e pensa-

se que esta área era visível do exterior quando foi construído, pela cuidada cantaria dos

arcos, técnica típica dos inícios da época imperial romana e por pedaços de mosaicos

encontrados perto do local.

Pela proximidade do porto da cidade, calcula-se que estas Galerias servissem de alicerce

de uma grande estrutura, talvez um mercado ligado às atividades portuárias e comerciais

da então cidade de Olisipo.

Page 7: Vestígios arqueologicos em lisboa

Pequenos compartimentos dispostos lateralmente às Galerias podem ter sido utilizados para armazenamento de mercadorias. Os últimos trabalhos arqueológicos revelaram que o monumento ergue-se sobre uma espessa placa artificial colocada sobre a areia. Essa antiga argamassa (de nome opus caementicium) é uma técnica de construção utilizada pelos romanos em que as pedras são unidas com esse material fortíssimo, um antepassado remoto do betão. Dada a sua robustez, essas Galerias ainda hoje servem de alicerce aos prédios pombalinos.

Page 8: Vestígios arqueologicos em lisboa

Devido às suas condições hidráulicas as Galerias foram utilizadas pela população como cisterna durante o século XIX, sendo ainda hoje visíveis diversas aberturas circulares no cruzamento das abóbadas. Era assim que a população dos edifícios situados nesta zona extraía a água, e o monumento era conhecido como “Conservas de Água da Rua da Prata”. Acreditava-se que as águas do poço que se encontra por cima da Galeria das Nascentes tinham um efeito terapêutico, pelo que foi apelidado “Poço das Águas Santas”. É provável que um pensamento semelhante existisse na época da construção do monumento, dado o pedestal dedicado a Esculápio.

Page 9: Vestígios arqueologicos em lisboa

A partir dos anos 80 a Câmara Municipal de Lisboa conseguiu criar condições para que as

galerias abrissem ao público, mas devido à acumulação de água no seu interior apenas pode ser

visitado uma vez por ano, sendo as visitas feitas em grupo e orientadas pelos técnicos do Museu

da Cidade.

Da parte da tarde assistimos à

inauguração da exposição sobre as

Galerias Romanas no Museu da

Cidade, ao que se seguiu uma série de

conferências sobre as intervenções

arqueológicas que se estão a efetuar,

uma síntese sobre a história do

monumento, assim como as sondagens

geotécnicas levadas a cabo no local.

Page 10: Vestígios arqueologicos em lisboa

Tivemos ainda oportunidade de assistir a uma reconstrução tridimensional do monumento, por um novo sistema de modelação em três dimensões e que poderá ter uma aplicação aos sítios arqueológicos. Esse sistema é constituído por um sensor laser, uma câmara de vídeo e um computador portátil que desloca sensores sobre um monocarril ao longo das galerias, obtendo-se uma descrição tridimensional das mesmas e que poderá ser um apoio à investigação nos casos – como o das Galerias Romanas – em que o acesso é condicionado.

Page 11: Vestígios arqueologicos em lisboa

Por curiosidade, aqui temos uma placa numa rua de Lisboa onde se vê o nome antigo da cidade - OLISIPO.(perto da Sé de Lisboa).

Page 12: Vestígios arqueologicos em lisboa

Ruínas do Teatro Romano, onde se pode notar a área da orquestra e o

início das bancadas.

A exposição das Ruínas do Teatro Romano – no Pátio do Aljube, entre a Sé e a Rua de S. Mamede - engloba várias áreas onde se podem observar diversos testemunhos arqueológicos, não só referentes ao Teatro Romano como também a outras construções que foram sendo edificadas ao longo dos séculos nessa área.

Foi após o terramoto de 1755 que as ruínas foram descobertas, durante a reconstrução da cidade, sendo atualmente visível cerca de um terço do monumento.

Page 13: Vestígios arqueologicos em lisboa

A entrada para uma casa junto às ruínas do Teatro Romano.Conforme muita coisa foi descoberta depois do terramoto, também muito ficou soterrado com o mesmo, deixando debaixo dos nossos pés muito da antiga cidade.

Page 14: Vestígios arqueologicos em lisboa

Perspetiva da intervenção arqueológica junto ao Museu do teatro Romano.

Muitas habitações foram construídas “aproveitando” o muro de sustentação do Teatro.

Fica um agradecimento aos técnicos do Museu da Cidade que proporcionaram momentos tão interessantes, bem como aos meus colegas (que me aturaram) e Prof. Lurdes que incentivou este apontamento sobre a nossa riqueza arqueológica e uma das minhas paixões.

Fernanda Esteves