VetScience Magazine Número 9/2015

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GERONTOLOGIA VETERINÁRIA DIAGNÓSTICOS ESPECÍFICOS PARA CÃES E GATOS IDOSOS ISSN 2358-5148 www.vetsciencemagazine.com Número 09, 2015 uma revista do cliente TECSA

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Gerontologia Veterinária - Diagnósticos específicos para cães e gatos idosos.TECSA

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GERONTOLOGIA VETERINÁRIADIAGNÓSTICOS ESPECÍFICOS PARA CÃES E GATOS IDOSOS

ISSN 2358-5148

www.vetsciencemagazine.com

Número 09, 2015

uma revista do cliente TECSA

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Nossos sinceros agradecimentos aos nossos parceiros, colaboradores, Médicos Veterinários e estudantes.

Vocês são a nossa maior inspiração.

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Dr. Afonso PerezDiretor Executivo

Dr. Luiz RistowDiretor TécnicoEDITORIAL

Gerontologia e Geriatria Durante os últimos anos, tem havido um grande aumento no interesse sobre saúde geriátrica de cães e gatos. Nossos pacientes estão vivendo por mais tempo, devido a melhor qualidade da nutrição, cuidados de higiene e cuidados veterinários. Além disto, tem-se aprendido muito mais sobre a importância da ligação humano-animal que se desenvolve à medida que mais proprietários mantêm animais de estimação por mais tempo. Existem poucos artigos de pesquisa e relatos de casos publicados que contêm informações práticas sobre o manejo diagnóstico, médico e cirúrgico do cão ou gato idosos. Esse número da Revista Vetscience Magazine visa contribuir como um compilado de informações com relação às exigências especiais de saúde dos cães e gatos geriátricos. Atendemos aqui às necessidades dos cães e gatos idosos, ao caracterizar estratégias diagnósticas específicas para retardar ou minimizar a degeneração progressiva associada com o envelhecimento e ao melhorar a qualidade de vida desses animais e das pessoas que os amam, através da monitoria da saúde e dos check-ups.

Qualidade e preço justo Um laboratório precisa ter confiabilidade que gere segurança para quem solicita exames, uma vez que a partir dos resultados muitas decisões críticas são tomadas, sendo a responsabilidade 100% do médico que tomou a decisão. Por este motivo, a escolha de um bom suporte laboratorial de forma alguma pode se dar apenas pelo quesito “preço – precinho “, já que as conseqüências de um laudo errado recaem em quem o utilizou como base de suas condutas. No segmento de serviços em saúde a única forma de termos garantia da qualidade é através da fiscalização de Órgãos de reconhecida credibilidade e competência, que comprovem que aquelas análises seguem rigorosos padrões internacionais.

Quando você se depara com uma situação no consultório em que o proprietário de um paciente o questiona sobre a confiabilidade/preço dos exames do laboratório que você utiliza - se você utiliza o TECSA, o grande argumento é: no TECSA utiliza-se controle diário em três níveis em todas as baterias de exames em aparelhos de ultima geração espécie específicos – possui  certificação ISO que controla e audita a empresa desde 1999 – é fiscalizado pelo MAPA ate 4 vezes ao ano – possui uma equipe de médicos veterinários conferindo cada laudo e conta com controle externo da qualidade com 100% de acerto há 8 anos. Agora, se com tudo isto o cliente disser que não quer pagar por qualidade, peça-o para imaginar se dá para confiar em um laboratório pequeno ou recém-inaugurado, sem nenhum controle de qualidade, que utiliza produtos baratos e da linha humana para ficar com preço de coisa fácil, sem veterinário fiscalizando cada resultado – sem ser credenciado no MAPA – sem Acreditações ISO – sem cuidados pré-analíticos ou de transporte – o que se pode esperar dos resultados destes laboratórios? Será que realmente o proprietário acredita que pagar pouco é a solução ou ele quer preço justo, mas com qualidade garantida? O TECSA  sempre repetiu todos os exames que o veterinário solicita e sempre ofereceu educação continuada e suporte técnico para todas as dúvidas. Se o TECSA falhar vai ser um em um milhão – mas um laboratório sem controles, sem qualidade comprovada vai falhar 01 em cada 10. Pense nisto!!! Construa as argumentações reais com o seu cliente, não permita que o cliente se importe apenas com preço. Qualidade e credibilidade comprovada é fundamental em se tratando de laboratório.

Afonso PerezLuiz Ristow

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Realizamos diversas pesquisas, nos equipamos com os mais modernos instrumentos e cercamo-nos apenas de

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LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA - ESPECIALIDADE TECSA

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ÍNDICE

Editores/Publishers: Dr. Luiz Eduardo Ristow . CRMV-SP 5560S . CRMV-MG 3708 . [email protected]. Afonso Alvarez Perez Jr. . [email protected] de Médicos Veterinários TECSA . [email protected]

Projeto Gráfico: Haja Comunicação . [email protected]

Diagramação: Sê Comunicação . [email protected]

Contatos e Publicidade: [email protected]. do Contorno , nº 6226 , B. Funcionários, Belo Horizonte - MG – CEP 30.110-042PABX-(31) 3281-0500

Tiragem: 5000 revistas . Publicação Bimestral

Na Internet: www.vetsciencemagazine.com

CIRCULAÇÃO DIRIGIDAA revista VetScience® Magazine é uma publicação do Grupo TECSA dirigida somente aos médicos veterinários, como parte do Projeto JORNADA DO CONHECIMENTO, criado pelo mesmo. Este projeto visa a universalização do conhecimento em Medicina Laboratorial Veterinária. A periodicidade é Bimestral, com artigos originais de pesquisa clínica e experimental, artigos de revisão sistemática de literatura, metanálise, artigos de opinião, comunicações, imagens e cartas ao editor.

Não é permitida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem a prévia autorização do TECSA.Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista VetScience magazine.

Grupo TECSA – 21 anos de precisão, tecnologia e agilidade.

EXPEDIENTE

ISSN: 2358-1018

ÍNDICE

25. DÚVIDAS NO CONSULTÓRIO SOBRE ALERGIAS EM CÃES

25. ALERGOLOGIA24. HIPERADRENOCORTICISMO: SUPRESSÃO COM DEXAMETASONA

24. ENDOCRINOLOGIA

26. PRINCIPAIS DOENÇAS INFECCIOSAS EM FELINOS - PARTE II 26. “NOVAS” DOENÇAS DE PELE EM GATOS

26. MED. LAB. DE FELINOS31. PCR RT QUANTITATIVA: APLICAÇÕES NO DIA A DIA EM MEDICINA VETERINÁRIA

31. BIOLOGIA MOLECULAR

33. EXAME IMUNO-HISTOQUÍMICO PARA DIAGNÓSTICO DE NEOPLASIAS

33. ANATOMIA PATOLÓLICA35. PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR: EXAMES DE ROTINA ACONSELHADOS PARA MONITORAMENTO

35. PATOLOGIA CLÍNICA

36. PARVOVIROSE CANINA E A IMPORTÂNCIA DOS EXAMES DIAGNÓSTICOS39. ANEMIA INFECCIOSA EQUINA

36. MICROBIOLOGIA41. EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES

41. PARASITOLOGIA

06. FUNÇÃO TIREOIDIANA E SUAS DESORDENS EM CÃES E GATOS GERIÁTRICOS

10. HIPERADRENOCORTICISMO NO CÃO GERIÁTRICO

12. MUNOSSENESCÊNCIA EM CÃES

13. INTEPRETAÇÃO CLINICOPATOLÓGICA EM PACIENTES VETERINÁRIOS GERIÁTRICOS

15. ABORDAGEM CLÍNICO-LABORATORIAL EM PACIENTES GERIÁTRICOS

18. PATOLOGIAS DO PACIENTE IDOSO

22. DOENÇA VALVULAR CRÔNICA NO CÃO

06. GERIATRIA

Colaboraram neste número:Membros da Equipe de Médicos Veterinários do TECSA Laboratórios:

Dr. Frederico Miranda PereiraDr. Guilherme StancioliDr. João Paulo FrancoDr. João Paulo Fernandez FerreiraDr. Luiz Eduardo RistowDr. Matheus MoreiraDr. Flávio Herberg de AlonsoDra Isabela de Oliveira AvelarDr. Bruno Péricles Gomes de Oliveira

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FUNÇÃO TIREOIDIANA E SUAS DESORDENS EM CÃES E GATOS GERIÁTRICOS

As desordens tireoidianas representam uma importante causa de morbidade em pacientes veterinários geriátricos. Alguns fatores dificultam o diagnóstico deste tipo de enfermidade em animais idosos, como por exemplo, o impacto da idade, doenças concomitantes e medicações administradas. A glândula tireóide sintetiza os aminoácidos tiroxina (T4) e triiodotiroxina (T3), que contêm iodo. Estes aminoácidos apresentam alta capacidade de ligação com proteínas séricas, como a globulina ligadora da tiroxina (TGB), transferretina, albumina e apolipoproteínas. Uma fração destes hormônios está ligada a estas proteínas e outra fração se encontra livre no plasma ou soro. Somente a fração livre na circulação é capaz de adentrar a célula e produzir o efeito biológico esperado desta substância, bem como reproduzir o efeito de retroalimentação (“feedback”

em inglês) negativa na glândula pituitária e hipotálamo.

Os hormônios tireoidianos desempenham diversos papéis fisiológicos, o que justifica os sinais clínicos intensos observados na deficiência desses hormônios no organismo. Eles promovem um aumento na taxa metabólica e no consumo de oxigênio da maioria dos tecidos. Estes hormônios desempenham ainda efeitos catabólicos no tecido muscular e adiposo, estimulação eritropoiética e regulação da degradação e síntese do colesterol. A síntese e a secreção dos hormônios tireoidianos são reguladas, primordialmente, pelas mudanças na concentração da tirotrofina pituitária (hormônio estimulante da tireoide – TSH), e a secreção deste hormônio é regulada pelo TRH (hormônio liberador de tirotrofina) secretado pelo hipotálamo.

Figura 1: Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. Fonte: TECSA Laboratórios.

Relação da idade e outros fatores indiretos com a concentração dos hormônios tireoidianos

Em cães, há um declínio progressivo na concentração de T4 total de acordo com a idade do animal. É esperado que filhotes apresentem uma concentração fisiologicamente maior quando comparados a cães adultos ou idosos. As concentrações de T4 livre e T3 também apresentam tendências

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similares. Os cães de meia idade e os idosos também apresentam resposta ao TSH menos eficiente comparados a cães jovens. Foi descrito aumento dos níveis do anticorpo anti-T4 em cães idosos, entretanto, apesar destes estudos, não existem relatos de intervalos de referência para concentração de T4 total em animais idosos. Acredita-se que para muitos cães idosos, uma concentração de T4 total abaixo do intervalo de referência represente uma alteração normal ligada à idade. Os motivos propostos para explicar esta diminuição relacionada com a idade incluem efeitos de doenças concomitantes, mudanças na capacidade de resposta da glândula tireoide ao TSH, patologias tireoidianas subclínicas (fibrose, atrofia, alterações degenerativas) e diminuição da atividade biológica do TSH com a idade. Não existem estudos publicados a respeito das alterações na concentração dos hormônios tireoidianos relacionadas ao envelhecimento em gatos.

Algumas doenças concomitantes, ou condições médicas relatadas como diminuidoras da concentração de T4 total em cães incluem hiperadrenocorticismo, diabetes cetoacidótica, hipoadreno-corticismo, falência renal, doença hepática, neuropatia periférica, megaesôfago generalizado, falência cardíaca, neoplasia, infecções graves, procedimentos cirúrgicos e anestésicas. O fenobarbital, o trimetropim ou as sulfonamidas demonstraram influência na função tireoidiana de cães, promovendo diminuição nas concentrações de T4 total e livre, além de aumento na concentração de TSH. Os glicocorticoides, assim como a clomipramina, também desempenham efeito similar, porém não foi observado alteração nos níveis de TSH durante a administração deste medicamento em cães. Além disso, existem relatos de que a aspirina pode diminuir os níveis séricos de T4 total. Os cães das raças Greyhound, Whippet e Saluki Sloughi apresentam intervalos de referência para as concentrações de T4 total, livre e/ou T3 menores do que os cães das demais raças ou sem raça definida.

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Disfunção tireoidiana caninaAs desordens tireoidianas mais

comuns em cães geriátricos são o hipotireoidismo adquirido e a neoplasia de tireoide. O hipotireoidismo primário adquirido é causado por uma tireoidite linfocítica ou atrofia tireoidiana idiopática e resulta em diminuição da produção de T4 e T3. A tireoidite é relatada como a causa mais comum de hipotireoidismo em cães e identificada como fator de risco para neoplasia de tireoide. O hipotireoidismo secundário, causado por deficiência de TSH, é considerado raro em cães.

O hipotireoidismo é considerado uma doença típica de cães de meia idade a idosos. O Golden Retriever e o Pinscher são relatados como raças mais propensas ao desenvolvimento dessa doença, enquanto várias outras raças apresentam alto risco para desenvolvimento de tireoidite. Os sinais clínicos mais típicos envolvem letargia, ganho de peso e intolerância ao frio (figura 2). Alterações dermatológicas são comuns e alterações neurológicas são mais raras, porém não menos importantes.

Figura 2: Cão com hipotireoidismo apresentando ganho de peso, alopecia bilateral simétrica em tronco, seborreia e piodermatite superficial. Fonte: www.dogaware.com

A triagem diagnóstica desta enfermidade pode ser realizada através da dosagem da concentração de T4 total, visto que este exame apresenta uma sensibilidade adequada e satisfatória. A confirmação do diagnóstico pode ser obtida através da dosagem das concentrações de T4 livre e TSH, além de testes provocativos de função tireoidiana. No hipotireoidismo canino, normalmente são observados níveis séricos baixos de T4 total e T4 livre, e níveis altos de TSH. A avaliação da resposta ao tratamento com reposição

hormonal também é considerada útil para o diagnóstico final da enfermidade. Caso estejam disponíveis evidências de tireoidite e/ou alterações clinico-patológicas como anemia arregenerativa, hipertrigliceridemia de jejum e hipercolesterolemia, a suspeita diagnóstica deve ser fortalecida.

Disfunção tireoidiana felinaA desordem hormonal felina mais

comum em gatos geriátricos é o hipertireoidismo causado por adenoma ou hiperplasia de tireoide. Os carcinomas de tireoide ocorrem em menos de 2% dos gatos com hipertireoidismo, além disso, as neoplasias tireoidianas não funcionais, assim como o hipotireoidismo espontâneo, são extremamente raros em gatos.

O hipotireoidismo pode se desenvolver de maneira secundária ao tratamento para hipertireoidismo. Sua prevalência hospitalar é relatada em 3% e as alterações patológicas podem acometer um ou os dois lobos glandulares, entretanto, as alterações são bilaterais em 70% dos gatos. Além disso, há evidência de tecido tireoidiano ectópico hiperplásico em até 20% dos gatos. Os fatores de risco relatados incluem, além da idade avançada, animais de raças mistas, o uso de caixas de areia e consumo de dieta com proporção aumentada de comida enlatada para gato. Acredita-se também que as dietas apresentando alto ou baixo teor de iodo possam desempenhar um papel no desenvolvimento desta desordem.

A idade média de gatos acometidos com hipertireoidismo é de 13 anos e a maioria dos estudos demonstrou não haver predisposições raciais ou de sexo, apesar dos gatos de raças puras serem sub-representados e as gatas fêmeas possivelmente apresentarem maior risco. Os sinais clínicos desta doença incluem perda de peso, pelame de baixa qualidade, diarreia, vômito crônico, polifagia, poliúria, polidipsia, fraqueza muscular e hiperatividade (figura 3). Outros possíveis achados clínicos são taquicardia, murmúrios cardíacos, taquipneia, arritmias cardíacas,

desidratação e um nódulo tireoidiano palpável. Algumas desordens comuns em gatos idosos como falência renal, falência cardíaca congestiva, doença gastrointestinal e diabetes mellitus podem mimetizar alguns dos sinais clínicos do hipertireoidismo.

Figura 3: Gato com hipertireoidismo apresentando pelame de baixa qualidade e caquexia. Fonte: www.cat-health-guide.org

Como o hipertireoidismo felino é uma doença geriátrica, é importante investigar a presença de doenças concomitantes quando há suspeita clínica. Os exames solicitados devem incluir concentração de T4 total, hemograma completo, perfil bioquímico e radiografias torácicas. No hemograma, é possível observar policitemia (ou eritrocitose) e/ou leucograma de stress. O perfil bioquímico geralmente revela aumentos discretos a moderados na atividade das enzimas alaninaaminotransferase (ALT), aspartatoaminotransferase (AST) e fosfatase alcalina (FA). Outros achados comuns incluem azotemia, hiperfosfatemia e hipocalemia. Cerca de 10% dos gatos apresentam-se azotêmicos no momento do diagnóstico e 50% apresentam aumento da relação proteína:creatinina urinária.

O diagnóstico deve ser confirmado através da dosagem da concentração de T4 total. Os animais em estágios iniciais do hipertireoidismo ou com doenças não tireoidianas concomitantes, podem apresentar a concentração de T4 total dentro da metade superior do intervalo de referência. Nestes casos, a repetição da dosagem deve ser realizada após o tratamento da doença concomitante ou após 4 a 8 semanas, pois o hipertireoidismo é uma doença crônica progressiva e a concentração de T4 total aumenta com o tempo. A dosagem de T4 livre ou teste de supressão com

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T3 devem ser consideradas caso o diagnóstico imediato seja necessário. A dosagem de T4 livre é um exame considerado discretamente mais sensível que a dosagem de T4 total, entretanto, sua interpretação jamais deve ser realizada de maneira independente à concentração de T4 total. Se um animal apresenta concentração de T4 total no limite superior do intervalo de referência e T4 livre alto, então o diagnóstico pode ser confirmado.

Frequentemente, animais que apresentam T4 total baixo e T4 livre aumentado não possuem hipertireoidismo. O teste de supressão com T3 envolve a dosagem das concentrações de T3 e T4 basais, administração de T3 e posterior dosagem de T3 e T4 após 2 a 6 horas. Os cães com função tireoidiana normal apresentam queda de aproximadamente 50% na concentração de T4 em relação à concentração basal. Os gatos com hipertireoidismo não apresentam supressão. As dosagens de T3 são realizadas antes e depois para se confirmar que a droga foi corretamente administrada e absorvida.

Visando auxiliar o médico veterinário na realização de um correto diagnóstico, o TECSA Laboratórios oferece uma ampla variedade de exames para o diagnóstico da função tireoidiana, que são realizados com rapidez e segurança. Entre em contato com os nossos Médicos Veterinários, eles estão à disposição para auxiliar e esclarecer possíveis dúvidas.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

3

3

2

2

2

2

373 - PERFIL HIPERTIREOIDISMO

336 - PERFIL HIPOTIREOIDISMO

697 - PERFIL HIPERTIREOIDISMO (RADIOIMUNOENSAIO)

696 - PERFIL HIPOTIREOIDISMO (RADIOIMUNOENSAIO)

71 - TSH (HORMONIO ESTIMULANTE DA TIREOIDE)

643 - VALOR DO K TIREOIDEO

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HIPERADRENOCORTICISMO NO CÃO GERIÁTRICO

O envelhecimento é definido como um processo biológico complexo, resultando na redução progressiva da habilidade de um indivíduo em manter a homeostase sob um ambiente interno fisiológico e externo ambiental de stress. Como consequência, a viabilidade do indivíduo diminui e sua vulnerabilidade à doenças aumentam. Assim como em outros sistemas, o envelhecimento normal do sistema endócrino é caracterizado por uma perda progressiva da sua capacidade de reserva, resultando em uma competência diminuída de se adaptar às mudanças trazidas por demandas ambientais. Este prejuízo na regulação homeostática reflete em importantes alterações na síntese, no metabolismo e na ação hormonal, porém, como a reserva funcional para órgãos endócrinos é muito maior, as transformações clínicas não são normalmente evidentes, a não ser em situações de stress intenso. Durante a avaliação clínica de pacientes geriátricos com doença endócrina, deve ser considerado que as manifestações de doenças endócrinas podem, frequentemente, estar alteradas ou

mascaradas por doenças concomitantes e uso de alguns medicamentos. As doenças endócrinas mais comuns em cães idosos são hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo, feocromocitoma, hiperparatireoidismo, diabetes mellitus e insulinoma. Este artigo visa abordar os desafios diagnósticos envolvidos com o hiperadrenocorticismo (HAC) espontâneo em cães geriátricos. Existe um reconhecimento generalizado de que a incidência de hiperadrenocorticismo (HAC) ou síndrome de Cushing em cães aumenta com a idade, indicando que as disfunções no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) estão associadas com alterações ligadas a idade nessa espécie. A idade média de acometimento para o HAC é de 10 anos, e mais de 75% dos cães com HAC possuem idade superior a 9 anos. Nos casos de HAC pituitario (que correspondem a 85% do total), o tumor na glândula pituitária é responsável por secretar corticotrofina (ACTH) de maneira autônoma. Já nos casos em que a neoplasia de adrenal leva à HAC, o cortisol é secretado independentemente da concentração sérica de ACTH. As

neoplasias adrenocorticais bilaterais são raramente observadas em cães.

DiagnósticoIndependentemente do local de

origem do HAC, os sinais clínicos esperados são basicamente os mesmos. Polifagia, poliúria/polidipsia, letargia, fraqueza muscular, hipertensão sistêmica, respiração ofegante, hepatomegalia, ganho de peso geralmente com abdômen penduloso e alterações dermatológicas como alopecia, dermatites e hiperpigmentação podem ser observados. Os tumores de pituitária podem causar sinais neurológicos quando crescem demais.

Figura 1: Poodle, macho, 11 anos com hiperadrenocorticismo espontâneo. Nota-se abdômen penduloso e alopecia. Fonte: thebark.com

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A obtenção de um histórico detalhado e um exame físico minucioso é essencial para a avaliação dos cães com suspeita de HAC, e desta forma, excluir a possibilidade de doenças concomitantes não adrenais e identificar complicações clínicas do HAC que possam estar presentes. Além disso, muitos exames estão disponíveis para realizar a triagem e confirmação diagnósticas. Os resultados clinico-patológicos mais frequentemente encontrados em cães com HAC, incluem leucograma de stress (incluindo leucocitose neutrofílica com linfopenia), atividades intensamente aumentadas de fosfatase alcalina (FA) e alanina aminotransferase (ALT), hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e hiperglicemia. A densidade urinária também encontra-se normalmente diminuída, assim como uma proteinúria pode ser observada. A incidência de cistites secundárias é alta, mesmo sem evidência de sedimento rico em células epiteliais de descamação. Nenhum teste possui 100% de acurácia diagnóstica. O diagnóstico de HAC depende do aumento da produção de cortisol ou sensibilidade diminuída do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) ao feedback negativo provocado pelos glicocorticoides. A simples dosagem do cortisol basal não apresenta valor diagnóstico, pois as secreções pulsáteis de ACTH levam a uma concentração sanguínea variável de cortisol. Os testes atualmente disponíveis para triagem de HHC incluem relação cortisol/creatinina na urina, o teste de supressão com baixa dose de medicamento (dexametosona) e o teste de estimulação com ACTH. Como existe uma possibilidade alta de um animal geriátrico possuir alguma doença não adrenal concomitante, é recomendado que os resultados positivos para estes testes sejam interpretados juntamente com a história e sinais clínicos do paciente. Os cães portadores de alguma outra enfermidade não adrenal podem apresentar resultados falso positivo em qualquer um dos 3 testes disponíveis para o diagnóstico. Neste caso, e quando o resultado for negativo para um animal com sinais clínicos

clássicos, sugere-se a utilização de outro teste ou a repetição do exame após 3 meses. É importante diferenciar o HAC pituitário do decorrente de neoplasia adrenal, para que o prognóstico e o tratamento sejam definidos e instituídos de maneira precisa. A dosagem de ACTH canino é considerado o teste mais preciso para realizar esta diferenciação, porém, cuidados especiais de coleta e armazenamento da amostra devem ser considerados para que a sensibilidade do teste não diminua. Os testes de supressão com alta e baixa dose de dexametasona podem ser úteis para realizar a diferenciação. Se a supressão ocorre em testes com altas doses de dexametasona, o paciente provavelmente tem HAC pituitário. Entretanto, a ausência de supressão não confirma a existência de neoplasia de adrenal. Caso não haja supressão no teste com baixa dose de dexametasona, recomenda-se a dosagem do ACTH canino ou realização de ultrassonografia abdominal para avaliar a diferença de tamanho entre as duas glândulas. O último consenso emitido pelo Colégio Americano de Medicina Interna Veterinária (ACVIM), propõe algumas conclusões interessantes. Dentre elas, destacam-se:

- O teste de supressão com baixa dose de dexametasona (TSBDD) é considerado o método de triagem de escolha para diagnóstico de HAC espontâneo em cães, e o teste com estimulação de ACTH considerado padrão ouro para diagnóstico de HAC iatrogênico;

- O TSBDD deve ser realizado utilizando-se o fosfato dissódico de dexametasona em dose de 0,01 a 0,015 mg/kg intravenosa;

- O TSBDD e o teste com estimulação por ACTH podem ser iniciados a qualquer momento do dia e a alimentação durante o período de realização dos testes deve ser evitada. Um período de 24 horas entre a repetição de um teste deve ser respeitado;

- As amostras de sangue devem ser obtidas 4 e 8 horas após a administração do medicamento;

- Os cães sob tratamento com fenobarbital podem apresentar sinais clínicos e anormalidades bioquímicas similares a cães com HAC. A confirmação da doença nestes casos pode ser desafiadora;

- A relação cortisol/creatinina urinária apresenta alta sensibilidade, porém baixa especificidade para detectar hipersecreção de cortisol.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

1

1

2

2

2

2

3

39 - HEMOGRAMA COMPLETO (CANINO)

801 - CHECK UP GLOBAL PLUS

634 - RELACAO CORTISOL CREATININA URINARIA

620 - CORTISOL POS SUPRESSAO C/ DEXA 2 DOSAGENS (RADIOIMUNOENSAIO)

156 - CORTISOL POS SUPRESSAO COM DEXAMETASONA (3 DOSAGENS)

630 - DOSAGEM DE CORTISOL POS ACTHDUAS DOSAGENS (RADIOIMUNOENSAIO)

334 - PERFIL HIPERADRENOCORTICISMO

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IMUNOSSENESCÊNCIA EM CÃES

Segundo o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira de cães estimada para o ano de 2015 é de 52,2 milhões, com crescimento médio anual de aproximadamente 13,26%. A mesma fonte cita que os cães brasileiros vivem em média três anos a mais que há 15 anos atrás. Portanto, os veterinários estão lidando com uma população substancial de cães idosos. O envelhecimento está associado com um declínio da resposta imunológica, também conhecido como imunossenecência, e um consequente aumento da susceptibilidade à doenças infecciosas. A vacinação é considerada uma forma de controle de infecções em animais jovens e adultos sadios. Desta forma, torna-se importante a avaliação da capacidade protetora das atuais vacinas disponíveis, assim como seus intervalos de aplicação na população canina idosa.

Imunossenescência em cãesO envelhecimento é associado com

várias alterações estruturais nos órgãos linfoides primários e secundários. O timo sofre involução quando o animal atinge a maturidade sexual e este processo é caracterizado por redução do parênquima tímico, acompanhado de um número reduzido de timócitos e ampliação do septo interlobular com proliferação de tecido adiposo

e conectivo. A placa de Peyer ilíaca no cão jovem também apresenta involução quando o animal atinge a maturidade sexual. Este órgão se assemelha microscopicamente com a placa de Peyer de ruminantes jovens, e apresenta um papel importante no desenvolvimento de linfócitos B nesses animais, porém, maiores estudos na espécie canina ainda são necessários. Os cães idosos apresentam frequentemente alterações esplênicas relacionadas com a idade, como tamanho reduzido da polpa branca e alterações degenerativas da arteríola central. As alterações em linfonodos são muito variáveis (até mesmo considerando o mesmo animal) e são dependentes, dentre outros fatores, da localização do órgão. Estas alterações incluem atrofia cortical, fibrose medular, histiocitose sinusal, linfogranulomatose (especialmente no linfonodo hepático) e linfangiectasia. As mudanças estruturais em órgãos linfoides associadas à idade, são acompanhadas por mudanças na distribuição das subpopulações de linfócitos presentes no sangue periférico. Apesar de existirem publicações contendo resultados divergentes, vários estudos indicam a ocorrência de um aumento na concentração de linfócitos T positivamente marcados para CD8, além de concentrações diminuídas ou normais para linfócitos T marcados positivamente para CD4. As

concentrações séricas de IgG e IgM não apresentaram diferença estatisticamente significativa entre animais jovens e senis, entretanto, cães idosos tendem a apresentar maior concentração sérica de IgA. Um estudo transversal foi conduzido para avaliar se as alterações no sistema imune relacionadas com idade afetam a resposta vacinal. A conclusão foi que a resposta de memória parece não ser afetada pela idade, entretanto, a relação do envelhecimento com a duração da imunidade após a vacinação permanece não determinada. Um estudo embasado em várias outras pesquisas, concluiu que os cães idosos não morrem por doenças infecciosas evitáveis por vacina. Segundo o mesmo estudo, é raro ver um cão idoso morrer de cinomose, parvovirose ou hepatite infecciosa canina, a não ser que este animal nunca tenha sido vacinado. Ao contrário do que ocorre em humanos, os cães raramente morrem em decorrência de complexos respiratórios caninos. É relatado que uma única dose de vacina de vírus vivo-modificado para o CVV e PVC-2, quando administradas com 16 semanas de vida ou mais, fornecem imunidade de longa duração (durante toda vida) em uma porcentagem alta de animais.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

1

1

1

1

1

2

2

2

39 - HEMOGRAMA COMPLETO (CANINO)

801 - CHECK UP GLOBAL PLUS

234 - URINA ROTINA

239 -CINOMOSE + PARVOVIROSE - IGM -

670 - CINOMOSE IGG + PARVOVIROSE IGG

81 - LEPTOSPIROSE CANINA OU EQUINAMICROAGLUTINACAO (IGM)

281 - IMUNOGLOBULINA G - IGG

282 - IMUNOGLOBULINA M - IGM

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INTEPRETAÇÃO CLINICOPATOLÓGICA EM PACIENTES VETERINÁRIOS GERIÁTRICOS

O reconhecimento precoce das doenças pode ajudar a melhorar a qualidade de vida de todos os cães e gatos, entretanto, possui importância ainda maior quando aplicado a cães e gatos idosos. Estes animais são mais propensos a desenvolver anormalidades em múltiplos sistemas, e frequentemente recebem medicamentos por longos períodos para tratamento de doenças crônicas. Consequentemente, a busca por esforços diagnósticos completos, incluindo a solicitação de perfis laboratoriais, torna-se imprescindível. A avaliação do bem-estar do paciente idoso deve ser realizada anualmente através de exames hematológicos e bioquímicos em série. Desta forma, a caracterização de doenças em desenvolvimento no paciente clinicamente normal ou a confirmação da eficácia de uma determinada terapia para um paciente doente, tornam-se medidas mais facilmente aplicáveis. As alterações externas visíveis, como desgaste da arcada dentária, perda de elasticidade cutânea e pelagem áspera, são características convencionais para determinação da idade do animal. Porém, os dados obtidos de exames laboratoriais são considerados, de maneira geral, mais sensíveis, específicos e objetivos para diagnosticar as afecções

mais comuns em animais geriátricos do que as apresentações clínicas e achados em exame físico. Alguns dos parâmetros obtidos através de avaliações seriadas e considerados mais pertinentes nos perfis laboratoriais de animais geriátricos, incluem hemograma completo, perfil bioquímico com eletrólitos e urinálise completa. Além disso, a dosagem de T4 total também é recomendada para gatos mais velhos.

Padrões clínico - patológicos esperados para condições geriátricas comuns

Com o intuito de detectar a presença de alterações precoces na função renal em pacientes idosos, recomenda-se a avaliação da proteína do trato urinário e enzimúria. A dosagem da albumina em mg/dL (microalbuminúria), assim como a determinação da relação proteína:creatinina e a relação GGT: creatinina são importantes parâmetros a serem definidos, pois, na insuficiência renal, se alteram antes mesmo do aparecimento de azotemia (aumento dos níveis séricos de uréia e creatinina) e distúrbios na densidade urinária. A doença renal crônica é uma enfermidade frequente em pacientes geriátricos e as anormalidades do perfil laboratoriais comumente observadas nesses casos

são azotemia, hiperfosfatemia, acidose metabólica, hiponatremia, hipercalemia ou hipocalemia e isostenúria. As alterações mais graves podem ser observadas na falência renal crônica. Os testes de função hepática também são especialmente úteis, visto que animais idosos apresentam predisposição à alterações funcionais desse órgão. Os primeiros parâmetros da bioquímica sérica em que se espera encontrar alteração são a concentração de albumina e o coagulograma. A síntese proteica é uma das primeiras funções a serem perdidas e percebidas através de exames laboratoriais. Por isso é esperado observar hipoalbuminemia e aumento dos tempos de protrombina (TP) e tromboplastina parcial ativada (TTPA) por deficiência de fatores de coagulação, hipoglicemia, hiperbilirrubinemia, diminuição dos níveis séricos de uréia, hiper ou hipocolesterolemia, aumento dos níveis séricos de ácidos biliares, dentre outros achados laboratoriais indicativos de insuficiência hepática. Caso o animal idoso esteja apresentando lesão hepatocelular, biliar ou hepatobiliar ativas, será esperado que a atividade de uma ou mais das seguintes enzimas esteja aumentada: ALT, AST, FA e GGT. Se o fígado do animal já tiver progredido para uma fase de cirrose ou

GERIATRIA

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fibrose, é esperado que a atividade destas enzimas esteja dentro do intervalo de referência ou até mesmo diminuídas. Nos casos em que não há coerência ou compatibilidade entre as alterações clínicas e laboratoriais recomenda-se a realização de biópsia hepática. Alguns testes endócrinos são fundamentais para o diagnóstico de enfermidades em animais idosos. Dosagens séricas de frutosamina, glicose, hemoglobina glicosilada e insulina para o diagnóstico de diabetes; T4 total, livre e TSH (hormônio estimulante da tireóide) para diagnóstico de hiper ou hipotireoidismo; cálcio ionizado, fósforo e PTH para diagnóstico de hiperparatireoidismo; relação cortisol:creatinina urinária, supressão com baixa dose de dexametasona, estimulação com ACTH para diagnosticar hiper ou hipoadrenocorticismo, etc.

Interpretando o hemograma geriátricoO hemograma fornece uma ampla

visão geral a respeito do estado de saúde do paciente idoso. O sangue periférico serve com um meio de transporte entre as células produzidas na medula óssea e o tecido final. Desta forma, o hemograma serve como uma “fotografia” do sistema hematopoiético em um determinado momento. A avaliação do esfregaço de sangue periférico é especialmente importante em animais idosos, porque alterações em eritrócitos, leucócitos e plaquetas são frequentes nestes pacientes. O eritrograma inclui as informações de volume globular (VG), concentração de hemácias, hemoglobina, reticulócitos e índices como volume corpuscular médio (VCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) e amplitude de distribuição eritrocitária (RDW). Se o VG, a contagem de hemácias e/ou a hemoglobina estiverem diminuídos o animal está anêmico. Estas informações devem ser avaliadas em conjunto com a concentração sérica ou plasmáticas de proteínas totais. Caso haja hiperproteinemia é possível que o animal esteja desidratado, o VG esteja sendo superestimado e a anemia

seja, na verdade, mais grave. Se houver hipoproteinemia, há indicação de causa hemorrágica para a anemia. A observação de poiquilócitos eritrocitários no esfregaço sanguíneo também fornece boas indicações de causa de anemia. O leucograma fornece elementos como leucometria total e diferencial, além de descrição morfológica dos leucócitos. A contagem diferencial de leucócitos sempre deve ser interpretada a partir de números absolutos e não relativos. Os leucogramas inflamatórios podem estar presentes no hemograma de animais idosos por vários motivos, incluindo processos inflamatórios associados a várias condições adjacentes, como diabetes melittus, hiperadrenocorticismo, neoplasia, entre outros. Uma eosinofilia persistente indica alergia sistêmica ou reação de hipersensibilidade e pode estar associada com asma felina, doença parasitária sistêmica e algumas neoplasias malignas. A avaliação dos linfócitos é especialmente importante em animais idosos porque os leucogramas de stress, que apresentam linfopenia, podem indicar doenças ocultas incluindo hiperadrenocorticismo. Quando linfócitos com aparência atípica ou em concentrações intensamente elevadas aparecem, uma investigação para o processo linfoproliferativo subjacente deve ser realizada. Nesta situação, também é recomendada a avaliação do caso por um patologista clínico, assim como a solicitação de imunofenotipagem ou exame de PCR. A trombocitopenia é um achado de grande significância clínica em qualquer paciente. Embora a concentração plaquetária possa sofrer alterações pré-analíticas relacionadas com formação de agregados e consequente subestimação de sua concentração, a avaliação plaquetária em pacientes geriátricos veterinários é importante porque a trombocitopenia tem sido relatada em aproximadamente 13% dos cães com neoplasia, particularmente linfoma, mieloma múltiplo, leucemia mielóide e hemangiossarcoma.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

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1

1

2

2

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

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2

2

2

2

2

39 - HEMOGRAMA COMPLETO (CANINO)

801 - CHECK UP GLOBAL PLUS

234 - URINA ROTINA

628 - MICROALBUMINURIA

193 - RAZAO PROTEINA CREATININA URINARIA

721 - RAZAO GAMA GT CREATININA URINARIO

114 - UREIA

98 - CREATININA

443 - ALBUMINA

591 - PERFIL COAGULOGRAMA

333 - PERFIL HEPATICO

105 - GLICOSE (GLICEMIA)

103 - FRUTOSAMINA

277 - GLICOHEMOGLOBINAHEMOGLOBINA GLICOSILADA

72 - DOSAGEM DE INSULINA

147 - T4 TOTAL (RADIOIMUNOENSAIO)

73 - T4 LIVRE (RADIOIMUNOENSAIO)

71 - TSH (HORMONIO ESTIMULANTE DA TIREOIDE)

620 - CORTISOL POS SUPRESSAO C/ DEXA 2 DOSAGENS (RADIOIMUNOENSAIO)

156 - CORTISOL POS SUPRESSAO COM DEXAMETASONA (3 DOSAGENS)

630 - DOSAGEM DE CORTISOL POS ACTHDUAS DOSAGENS (RADIOIMUNOENSAIO)

GERIATRIA

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ABORDAGEM CLÍNICO-LABORATORIAL EM PACIENTES GERIÁTRICOS

A idade para se considerar um cão idoso é variável de acordo com o porte. Cães pequenos e médios são considerados idosos a partir dos 8 anos de vida, ao passo que os grandes e os gigantes encontram-se senis aos 7 e 6 anos, respectivamente. Quando a idade “chega”, os principais sinais de envelhecimento a serem perceptíveis envolvem leucotricose, pelos ásperos, hipóxia e sedentarismo. A longevidade canina é dependente de três fatores básicos: vacinação, alimentação e assistência veterinária. É primordial que o monitoramento mais atento e

contínuo da saúde, seja realizado de 6 em 6 meses. Podemos nos assustar ao depararmos com essa frequência, mas, se levarmos em conta que, em média, um ano humano equivale a 5 - 7 anos do cão, poderíamos imaginar se uma pessoa mais velha ficaria 5 anos sem realizar uma consulta médica? Imagine então quanto à frequência de revacinação, é claro que não se compara o sistema imune de um animal jovem recém-vacinado ao de um cão idoso que só recebeu as “doses básicas”. Complicado, não é mesmo? O diagnóstico laboratorial em pacientes geriátricos

objetiva complementar e auxiliar no diagnóstico clínico, com o intuito de excluir e/ou confirmar suspeitas. A escolha das análises a serem realizadas requer uma ótima anamnese, devendo ser direcionada também baseada em um histórico clínico o mais completo possível! Para o auxílio no diagnóstico de enfermidades do paciente geriátrico, o TECSA Laboratórios, além de oferecer os Perfis Geriátricos I e II e o Check Up Global de Funções, disponibiliza várias outras análises laboratoriais baseadas em alguns sinais e sintomas, conforme a tabela abaixo:

Sinais e Sintomas das doenças comuns

em Cães Idosos Doenças associadas

Mudanças comportamentais

Dor associada à artrite Perda de visão ou de audição Hipotireoidismo Doença hepática Doença renal

FAN ou ANA / 272 ou 253 Fator Reumatóide Canino / 374 Leishmaniose (ELISA+RIFI) / 83 Glicemia / 105 Perfil Hepático / 333 Perfil Renal / 349 Análise de Líquido Sinovial / 139

Fraqueza ou intolerância ao exercício Variação do nível de atividade

Insuficiência mitral / Doença cardíaca Anemia Obesidade Diabetes mellitus Hipotireoidismo Neoplasias

Hemograma / 39 Dosagem de Digitálicos Perfil Cão Obeso / 339 Glicemia / 105 Curva Glicêmica / 124 Dosagem de Insulina(medicamentosa) / 72 Pesquisa de Hematozoários / 358 Pesquisa (sorologia) Babesia / 327 e 632 Pesquisa (sorologia) Ehrlichia / 666 e 667 Exame Histopatológico / 86 Perfil Hipotireoidismo / 696 Perfil Tireoidiano / 695

Ganho de peso

Hipotireoidismo Doença de Cushing Obesidade Artrite

Perfil Hipotireodismo / 696 Dosagem de cortisol / 619 Dosagem de ACTH / 218 Teste de Supressão com Dexametasona (2 ou 3 dosagens) / 205 e 621 Teste de estimulação com ACTH / 630 e 631 Perfil Cão Obeso / 339

Perda de peso

Neoplasias Doença hepática Doenças gastrointestinais Anorexia Doenças cavidade oral Insuficiência mitral / Doença cardíaca Diabetes mellitus Doença inflamatória intestinal Leishmaniose Visceral Canina

Sorologia Leishmaniose (ELISA+RIFI) / 83 Histopatologia / 86 Perfil Hepático / 333 Fosfatase Ácida Coprocultura / 393 Exames Parasitológico de Fezes / 63 Parvovirose ou Pesquisa de Antígeno / 538 Cinomose (IgM, IgG , Pesquisa de Antígeno e Corpúsculo de Inclusão) / 239, 670, 537 e 136 Check Up Global de Funções / 570

Análises a serem solicitadas / COD

GERIATRIA

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Mucosas com alteração de cor (gengivas)

Anemia Insuficiência mitral / Doença cardíaca Doença hepática

Hemograma / 39 Fosfatase alcalina / 101 Perfil Eletrolítico / 331 Perfil Hepático / 333 CPK / 99

Tosse

Insuficiência mitral / Doença cardíaca Doença Infecciosa respiratória Dirofilariose Câncer

Parasitológico de fezes / 63 Cinomose / 239, 670, 537 e 136 Fosfatase ácida Histopatologia / 86 Cultura com antibiograma de secreções / 51 Sorologia para Dirofilariose / 357

Poliúria e Polidipsia

Doença de Cushing Piometra (infecção uterina) Diabetes mellitus Doença hepática Doença renal

Dosagem de cortisol / 619 Cortisol-Teste de supressão com Dexametasona / 621 Dosagem de ACTH / 218 Perfil Piometra / 344 Hemograma / 39 Creatinina / 98 Perfil Hepático / 333 Perfil Renal / 349 Urina Rotina / 234 Glicemia Jejum / 105

Vômitos

Doença renal Doença hepática Doenças gastrointestinais Doença inflamatória intestinal Câncer Diabetes mellitus

Perfil Hepático / 333 Perfil Renal / 349 Hemograma / 39 Parasitológico de fezes / 63 Coprocultura / 393 Citologia / 87 Pesquisa de Cryptosporidium / 356 Glicemia / 105 Perfil Cão Obeso / 339 Histopatologia / 86

Diarreia

Doenças gastrointestinais Mudanças bruscas na dieta Doença inflamatória intestinal Doença renal Doença hepática

Perfil Hepático / 333 Perfil Renal / 349 Hemograma / 39 Parasitológico de fezes / 63 Coprocultura / 393 Pesquisa de Cryptosporidium / 356 Histopatologia / 86 Parvovirose HÁ / ELISA / 239 e 670 Giárdia (ELISA) / 539

Convulsões

Epilepsia Câncer Doença renal Doença hepática Cinomose senil ou tardia

Colinesterase / 244 Dosagem de Fenobarbital / 100 Perfil Hepático / 333 Pacote Toxicológico / 304 Cinomose IgG, IgM,Pesquisa de Antígeno / 239, 670 e 537 Histopatológico / 86

Mudanças no pêlo Hipotireoidismo Doença de Cushing Obesidade

Perfil Tireoidiano / 695 Perfil Hipotireoidismo / 336 Dosagem de Cortisol / 619 Teste de supressão com Dexametasona ou estimulação com ACTH / 630 Dosagem de ACTH / 218 Perfil Cão Obeso / 339 Perfil Hiperadrenocorticismo / 334

GERIATRIA

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Mau hálito Doença dental Câncer bucal Doença renal

Perfil Renal / 349 Histopatologia / 86 PTH intacto / 419 Cálcio / 96 Fósforo Sérico / 102 Hemograma / 39 Urinálise / 234

Claudicação, dificuldade crescente de locomoção

Artrite Doenças do sistema nervoso Obesidade Leishmaniose Visceral

Leishmaniose / 83 Análise de Liquido Sinovial / 139 Fator Reumatóide / 374 Perfil Muscular / 337 Glicemia / 105 Perfil Hepático / 333 Perfil Hipotireoidismo / 336 Perfil Cão Obeso / 339 Babesiose / 632 e 327 Mielograma / 132 Cinomose IgM, IgG, Pesquisa de Antígeno, Pesq. Corpúsculo de Inclusão / 239, 670, 537 e 136

Incontinência urinária

Doença renal Dor de artrite Urolitíase Câncer Doença da Próstata

Perfil Renal / 349 Razão Proteína / 193 Creatinina Urinária / 634 Análise de Cálculo Urinário / 219 PSA (Antígeno Prostático) / 363 Fosfatase Ácida Citologia / 87 Histopatologia / 86

Nódulos, inchaços Câncer Tumores benignos Leishmaniose Visceral

Análises anátomo-patológicas: biopsia excisional (histopatologia) / 86 Citologia ou imunohistoquímica para Leishmaniose / 456

Mudanças do apetite

Diabetes mellitus – Polifagia Câncer Doença hepática Doença renal Doenças gastrointestinais Estresse Dor Reação à medicação Doença Oral ou dental Doença de Cushing

Perfil Hiperadrenocorticismo / 334 Perfil Cão Obeso / 339 Perfil Glicêmico / 581 Perfil Renal / 349 Perfil Hepático / 333 CPK / 99 Histopatologia / 86 Dosagem de Cortisol / 619 Cortisol Pós-supressão com Dexametasona ou estimulação com ACTH / 630 Hemograma / 39 Sorologia Leishmaniose / 83

Olho nublado Esclerose Nuclear Catarata Glaucoma

Perfil Hiperadrenocorticismo / 334 Glicemia / 105 Perfil Glicêmico / 581 Curva Glicêmica / 124 Perfil Cão Obeso / 339 Perfil Eletrolítico / 331

GERIATRIA

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PATOLOGIAS DO PACIENTE IDOSO

Incontinência urinária no cão geriátricoA incontinência urinária é, na maioria

dos casos, inaceitável para o proprietário. Apesar de inicialmente não ser uma condição que comprometa a vida do animal, pode levar ao aparecimento de queimaduras na pele da região perineal em cadelas e no abdome em machos, fato que predispõe á ocorrência de infecções do trato urinário inferior, que podem ser complicadas com pielonefrite ascendente. A incontinência urinária de etiologia adquirida é provavelmente a patologia mais frequente que afeta a bexiga e a uretra em cães geriátricos. As diferentes causas que podem causar incontinência urinária em cães idosos podem ser classificadas em neurogênicas e não neurogênicas. Cães mais velhos podem desenvolver a incontinência urinária como resultado da capacidade vesical diminuída ou por uma diminuição do controle físico. Portanto todos os problemas físicos, especialmente

aquelas patologias que cursem com poliúria e que produzem deficiência ou dificuldades de movimento do paciente, devem ser avaliados e tratados convenientemente. Dentre as mudanças de comportamento que podem ocorrer em cães idosos inclue-se a perda de capacidade de retenção voluntária de urina, devido à demora (ou não) que estes animais são levados para a rua. A incontinência parece estar relacionada a uma diminuição de função do esfíncter uretral. O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico.

Causas de cegueira em pacientes geriátricosA perda da visão é uma causa muito

comum de consulta entre os pacientes geriátricos. Nestes casos, os proprietários costumam ir ao veterinário porque notaram uma alteração no aspecto dos olhos de seu animal de estimação (ficou opaco) ou porque o animal está colidindo com objetos, não quer subir escadas, etc. As vezes, há uma mudanças do comportamento do animal: que não quer brincar, fica apático ou torna-se mais agressivo.

Distrofia endotelialDistrofia endotelial provoca o

surgimento espontâneo de um edema de córnea difuso e progressivo, devido ao rompimento das células do endotélio da córnea, responsáveis pela manutenção do estado de desidratação no mesmo. Clinicamente, ocorre um edema, que geralmente tem inicio no quadrante temporal, progredindo

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

1

4

2

2

234 - URINA ROTINA

184 - UROCULTURA

332 - PERFIL GERIATRICO II

635 - ESTRADIOL (Incontinência urinária em fêmeas castradas por deficiência de estrógeno)

GERIATRIA

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lentamente até envolver toda a córnea, levando à cegueira do animal. Quando o edema é muito denso, podem-se formar pequenas bolhas, que ao se romper, causam úlceras de córnea. O tratamento baseia-se na administração de agentes tópicos hiperosmóticos (5%NaCl) para reduzir o risco de formação de bolhas, porém, não se consegue clarear a córnea. O transplante de córnea é a única abordagem terapêutica, mas nem sempre produz um bom resultado, porque ao longo do tempo, o enxerto pode opacificar.

Ceratoconjuntivite secaAnimais mais velhos são

particularmente predispostos à ceratoconjuntivite seca, provavelmente devido a processos imunomediados que afetam a glândula lacrimal, causando inflamação crônica. Além disso, com a idade ocorre uma atrofia senil da glândula lacrimal, que provoca uma diminuição progressiva na produção de lágrima. Existem algumas raças predispostas a esta patologia, como o Cocker Spaniel, West Highland White Terrier, Bulldog Inglês, Schnauzer, Beagle e York Shire. A ceratoconjuntivite seca é caracterizada, inicialmente, por um exudato mucoso ou mucopurulenta, com espessamento e hiperemia da conjuntiva. Conforme o processo avança ele afeta a córnea, cuja superfície parece regular. É importante esclarecer aos proprietários que o tratamento deve ser administrado durante toda a vida do animal, na maioria dos casos. Estágios iniciais do tratamento com ciclosporina devem ser acompanhada por uma terapia tópica a base de lágrima artificiais, antibióticos de largo aspecto para controle de bactérias oportunistas e corticóides (na ausência de úlceras de córnea), para melhorar o estado da córnea e aumentar a produção de lágrimas.

CataratasCatarata senil é muito mais comum em

cães do que em gatos e geralmente ocorre apos os 6 anos de idade. Geralmente esta opacidade do cristalino é facilmente visualizada e envolve principalmente o núcleo e o córtex. A causa deste tipo

de catarata é desconhecida, embora acredita-se que as mudanças, típicas da idade na composição e metabolismo do cristalino contribuem para sua opacificação. Porém, em animais mais velhos, são mais frequentes as cataratas secundárias do que outras afecções oculares (uveíte, glaucoma) ou doenças sistêmicas (diabetes mellitus). A única possibilidade terapêutica de restaurar a visão é a remoção cirúrgica da catarata, utilizando uma técnica extracapsular ou de facoemulsificação. A idade não deve ser um obstáculo à cirurgia, desde que o estado geral do animal seja bom, mas é importante que o proprietário possa aplicar medicação tópica e sistêmica ao animal por durante 3-6 meses após a cirurgia, onde a disponibilidade de tempo do proprietário é fundamental.

Luxação de cristalinoEm animais idosos, o deslocamento

do cristalino, quando completo (luxação) ou incompleto (subluxação), por ruptura dos ligamentos zonulares que o ancoram, está relacionado à idade. Nesses pacientes idosos, pode existir um processo degenerativo senil que afeta a zônula, o qual pode estar associado a processos degenerativos vítreos. As razões para a consulta clínica quando houver luxação e subluxação do cristalino podem ser variadas: perda de visão quando há uma catarata madura, dor ocular e edema de córnea, aumento da pressão intra-ocular (causando glaucoma ou opacidade da córnea), edema e se caso a luxação for anterior e houver contato entre a córnea e a lente. Normalmente, o deslocamento do cristalino é facilmente observado com claridade e pode-se ver o reflexo tapetal.

UveíteApesar de que uveítes em pacientes

geriátricos podem ser causados por diversas etiologias, as que estão relacionadas com a idade são a uveite facolítica e a uveíte secundária a neoplasias da úvea. De baixa incidência são as neoplasias da úvea e as mais frequentes em animais idosos são os melanomas da úvea, seguido por epiteliomas do corpo ciliar. Em cães, o melanoma da úvea inicia como um nódulo, pigmentado ou não, que se projeta para a câmara anterior e altera a forma da pupila. Pode haver sinais típicos de uveítes, como miose, congestão do humor aquoso, hipotonia, hifema e complicações secundárias, principalmente luxação e subluxação do cristalino e glaucoma secundário.

Glaucoma

As principais causas de glaucoma em pacientes geriátricos foram mencionadas. Por um lado, deve-se ter em mente a possível existência de uma subluxação e luxação de cristalino, e por outro, a presença de tumores intraoculares. Neste último caso, o glaucoma pode ser causado por vários mecanismos, desde a infiltração ou obstrução do ângulo iridocorneal pelas células tumorais ou pelo bloqueio desse ângulo pela íris ou pelo cristalino ao serem emperrados pelo tumor. Infelizmente, na maioria destes casos, a terapia médica para controlar a pressão intraocular é ineficaz. Estes tipos de glaucomas são crônicos e, portanto, já existe cegueira irreversível, o que leva à enucleação ou eviseração e colocação (ou não) de prótese ocular.

GERIATRIA

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RetinopatiaDentre as retinopatias que causam

perda de visão em animais mais idosos, destacam-se a retinopatia associada com hipertensão arterial sistêmica, a degeneração progressiva dos cones e bastonetes e, a degeneração adquirida aguda de retina. Em animais domésticos, a hipertensão arterial sistêmica é geralmente secundária a outras doenças, como a síndrome de Cushing, diabetes melittus, insuficiência renal ou hipotireiodismo. A degeneração retiniana aguda adquirida causa cegueira irreversível, que se apresenta de forma aguda. Ocorre mais frequentemente em cães entre 6 e 11 anos de idade. A cegueira ocorre de forma muito lenta e progressiva, começando com uma diminuição da visão na penumbra (inicialmente degeneram os bastonetes) que evolui para cegueira completa.

Odontologia em pacientes geriátricosSem dúvida a doença periodontal é a

doença dentária e oral mais comum em cães idosos. É a afecção do periodonto que pode envolver a gengiva, ligamento periodontal e osso alveolar. Cerca de 85% dos cães com mais de três anos apresentam um grau de doença periodontal que pode se beneficiar do tratamento odontológico.

Doença periodontalA doença periodontal inicia como

um infiltrado subjacente ao epitélio da margem gengival e rapidamente se espalha do tecido subepitelial, tanto do epitélio sulcular como oral da gengiva. Os sinais clínicos e a patogenia da doença periodontal em cães são caracterizados pela transformação de uma gengiva normal em uma gengiva

inflamada, altamente vascularizada e com tecido de granulação pobre em colágeno. A doença periodontal é um processo evolutivo de etapas independentes. Uma boca saudável, livre de enfermidade periodontal apresenta uma margem gengival acentuada de cor rosada e ausência de exudatos e odor e esta situação geralmente só ocorre em cães adultos de 1 a 1,5 anos. A doença periodental possui cinco graus:

Grau I. Gengivite marginal. Produzida principalmente pela falta de higiene dental que leva a um acúmulo de bactérias.

Grau II. Edema incipiente, inchaço dos tecidos da gengiva marginal e inflamação de gengiva aderida.

Grau III. Edema úmido, gengivite e início da formação de sulcos. Denomina-se periodontite.

Grau IV. Resposta inflamatória severa, formação de sulcos profundos e formação de pus.

Grau V. Avançada perda óssea, formação de sulco e mobilidade dentária.

O quarto e quinto graus requerem cirurgias para o controle de alguns tipos de doenças periodontais.

Medidas higiênico-profiláticas: A saúde geral e bucal consiste na manutenção de regras básicas de higiene e dieta adequada. A escovação frequente dos dentes é essencial para a saúde dental, o controle da placa e redução da halitose. A escovação é especialmente indicada nos pré-molares e molares, onde frequentemente é iniciada a doença periodontal, pois ali encontramos a saída do ducto salivar da parótida. Devem ser utilizados cremes dentais especiais para cães e/ou soluções orais, além de evitar dentifrícios humanos e bicarbonato de sódio.

Gastropatias no cão geriátricoAs gastropatias crônicas em cães

idosos são causa comum para consulta ao veterinário. Estas doenças gástricas crônicas são muitas vezes de difícil diagnostico, bem como de terapêutica variada, uma vez que nem todos respondem bem ao tratamento.

Gastrite atrófica crônicaSua ocorrência é característica

em cães mais velhos, então devemos considerar esta doença uma gastropatia crônica. A gastrite crônica atrófica afeta predominantemente o corpo gástrico, embora ocasionalmente também possa afetar outras áreas, como o fundo do estômago e antro. É caracterizada pelas atrofia das glândulas que produzem suco gástrico (ácido clorídrico e pepsina). Os sintomas da gastrite atrófica crônica não são muito expressivos, e muitas vezes passam despercebidas, tanto para o proprietário como para o clínico veterinário. Esta sintomatologia é caracterizada pela presença de vômitos intermitentes (um a dois vômitos por semana), tanto com alimentos quanto com o estômago vazio. A endoscopia e biópsia são as técnicas que permitem um diagnóstico definitivo. No tratamento da gastrite crônica atrófica deve-se combinar duas áreas terapêuticas: alimentação e tratamento médico. O tratamento dietético é baseado na ingestão de uma dieta altamente digerível pobre em gorduras e fibras. A terapia medicamentosa deve estar atuando em combinação com protetores de mucosa, procinéticos, antibióticos e corticoides. Protetores da mucosa são úteis para proteger ou cobrir as possíveis soluções de continuidade (úlceras ou erosões) na mucosa gástrica.

Neoplasias gástricasAs neoplasias gástricas são

relativamente raras em cães, em comparação com neoplasias de outros aparelhos ou sistemas (1%). Apenas 5% dos tumores do cão estão localizados no trato gastrointestinal, e destes, 70% estão localizados na cavidade oral, 20% estão localizadas a nível gástrico e os 10% restantes ocorrem

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

4

8

1

3

2

51 - CULTURA BACTERIANA COM ANTIBIOGRAMA

576 - CULTURA COM ANTIBIOGRAMA COMBINADO (AEROBIOS E ANAEROBIOS)

105 - GLICOSE

334 - PERFIL HIPERADRENOCORTICISMO

696 - PERFIL HIPOTIREOIDISMO (RADIOIMUNOENSAIO)

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

4

8

4

2

51 - CULTURA BACTERIANA COM ANTIBIOGRAMA

576 - CULTURA COM ANTIBIOGRAMA COMBINADO (AEROBIOS E ANAEROBIOS)

86 - HISTOPATOLOGICO COM COLORACAO DE ROTINA - HE

332 - PERFIL GERIATRICO II

GERIATRIA

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principalmente no intestino grosso. A sintomatologia clínica apresentada pelos tumores gástricos é diversa, mas fundamentalmente, estes pacientes têm vômito crônico com presença de sangue digerido, que podem ser mais ou menos grave, dependendo do tempo de doença, além de anorexia e emagrecimento progressivo. Imagens de contraste radiológicas podem ser úteis no diagnóstico de neoplasia gástrica. A ultrassonografia também é útil no diagnóstico de neoplasia gástrica canina. Através dela pode-se avaliar o espessamento da parede gástrica, e também diferenciar um tumor da mucosa de um tumor muscular, dependendo da camada espessada que for encontrada ultrasonograficamente.

Para obter um diagnóstico definitivo é necessária a realização de um exame endoscópico e biópsia correspondente.

Insuficiência respiratória em animais geriátricos

Bronquite crônica – fibrose pulmonarEstas enfermidades originam uma

dificuldade respiratória que afeta

especialmente a fase expiratória da respiração. Com as técnicas diagnósticas não invasivas atuais, é difícil diferenciar a bronquite crônica da fibrose pulmonar, portanto designam-se estas duas doenças sob o nome de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). A DPOC é definida como uma doença complexa, progressiva, de origem inflamatória e caracterizada pela presença de secreção excessiva de muco na luz da árvore brônquica, que por sua vez, provoca tosse seca persistente por um período superior a dois meses. As causas podem ser genéticas, causas ambientais, doenças infecciosas, doenças autoimunes, etc. O paciente geralmente apresenta tosse seca, mais frequente durante a noite ou de madrugada.

Colapso traqueal O colapso traqueal é uma causa

comum de obstrução das vias aéreas nos cães. Caracteriza-se por um achatamento da luz traqueal dorsoventral e perda de rigidez das cartilagens traqueais, podendo afetar a região cervical, torácica ou ambas simultaneamente. O principal sintoma é a presença de tosse, que pode ser causada por emoção, pelo fato de beber ou comer, devido a latidos e exercícios físicos. A radiologia nem sempre é diagnóstica. A cultura microbiológica de esfregaço traqueal é geralmente negativa, mas ocasionalmente é positiva quando existe traqueíte secundária. O tratamento não é curativo. Um estudo recente mostra que 71% dos cães afetados com esse problema podem ser controlados com tratamento médico e mantidos por longos períodos sem sintomas clínicos.CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

4

2

86 - HISTOPATOLOGICO COM COLORACAO DE ROTINA - HE

332 - PERFIL GERIATRICO IICÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

8

1

576 - CULTURA COM ANTIBIOGRAMA COMBINADO (AEROBIOS E ANAEROBIOS)

788 - CHECK UP GLOBAL DE FUNCOES COM HEMOGRAMA

GERIATRIA

21

Page 22: VetScience Magazine Número 9/2015

DOENÇA VALVULAR CRÔNICA NO CÃO

As válvulas cardíacas do cão podem sofrer várias alterações em suas características anatômicas e funcionais. Esses processos podem ocorrer devido à vários fatores (que podem interferir de forma direta ou indireta), como doenças parasitárias, traumas, processos neoplásicos, infecciosos, inflamatórios ou degenerativos. A doença valvular crônica (DVC) é a causa mais comum de doença cardíaca em cães, apresentando uma prevalência relativamente alta na população canina mundial. Alguns estudos epidemiológicos realizados recentemente, estimam uma incidência de DVC na população canina que varia entre 17% a 40%. Outros autores relatam um percentual de até 58% em cães com mais de nove anos de idade e de até 75% em animais com mais de 16 anos de idade. Entretanto, é importante ressaltar que o desenvolvimento deste tipo de alteração não necessariamente acarreta no aparecimento de sinais clínicos relacionados à insuficiência cardíaca. Por este motivo, é possível concluir que as incidências estimadas a partir

da triagem de animais com sintomas clínicos, podem ser subestimadas.

As raças mais afetadas são as pequenas ou anãs. Além disso, os machos apresentam maior incidência da doença quando comparados às fêmeas. Alguns estudos têm demonstrado uma incidência especialmente elevada na raça Cavalier King Charles Spaniel (figura 1). A degeneração atinge em 60% dos casos unicamente a valva mitral, em 30% as duas válvulas atrioventriculares e em 10% dos casos apenas a tricúspide. A lesão provocada na DVC canina é histopatologicamente classificada como endocardiose, degeneração valvular mucoide ou transformação mixomatosa das válvulas atrioventriculares. Macroscopicamente, observa-se a presença de pequenos nódulos ou placas coalescentes, que causam espessamento das válvulas acometidas. De maneira secundária, é possível observar uma dilatação por sobrecarga de volume no átrio esquerdo. Ao microscópio é possível observar a proliferação de tecido livre na camada esponjosa da

válvula e o depósito em excesso de matriz extracelular com elevado teor de mucopolissacarídeos.

Figura 1: Cavalier King Charles Spaniel. Fonte: petcare.com.br

Fisiopatologia e sinais clínicosA fisiopatologia endocardiose

observada na DVC se assemelha à da endocardite bacteriana, visto que a cooptação das válvulas mitrais durante a sístole ventricular encontra-se prejudicada. Em uma tentativa de manter a função ventricular e o débito cardíaco, ocorre uma dilatação compensatória do ventrículo e átrio esquerdos em consequência da sobrecarga de volume. Quando estes mecanismos compensatórios não são

GERIATRIA

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suficientes para regular o volume de refluxo de sangue, manter a complacência e a contratilidade ventriculares, os sinais de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) começam a aparecer. A congestão provocada pela diminuição do débito cardíaco leva ao surgimento de sinais clínicos relacionados à edema tecidual. Além disso, outros importantes sinais clínicos observados em cães com DVC são dispneia, fadiga, perda de peso, tosse seca (especialmente quando o animal encontra-se em decúbito), síncope cardiogênica e ascite.

Diagnóstico e acompanhamento da doençaDevido à possibilidade de ocorrência

da doença sem a manifestação de sintomas clínicos, a ausculta cardíaca ainda é considerada o exame mais sensível para a detecção precoce de DVC. O sopro típico da insuficiência mitral é o holossistólico, auscultado com maior intensidade no quinto espaço intercostal esquerdo, região equivalente ao ápice cardíaco. É importante ressaltar que a intensidade do sopro auscultado não apresenta necessariamente relação com o grau da alteração hemodinâmica. A rigidez ventricular também pode ser detectada através de um terceiro

ou quarto ruído cardíaco, assim como arritmias podem ser verificadas na auscultação e confirmadas por eletrocardiograma (figura 2). A ausculta pulmonar também é um importante parâmetro do exame clínico em animais idosos, sendo que a presença de estertores deve sempre ser investigadas para obtenção de eventuais quadros de pneumonia, bronquite, fibrose ou edema pulmonares. Outros parâmetros clínicos que podem apresentar alteração em animais com DVC são, a intensidade do pulso (apresenta-se fraco nos estágios avançados da doença e quando há tamponamento), distensão da veia jugular (secundária ao processo congestivo), hipertensão pulmonar e insuficiência da tricúspide (também em estágios avançados). Os exames de imagem (principalmente a radiografia) são especialmente úteis para determinar o grau de congestão pulmonar, a existência de compressão brônquica, a identificação de possíveis causas alternativas de doença pulmonar ou pleural e outras desordens cardíacas e/ou vasculares. Nos pacientes sintomáticos, fica evidente a dilatação atrial e ventricular, já em casos de rompimento das cordas tendíneas, não costuma ocorrer cardiomegalia, porém,

o edema pulmonar apresenta-se mais marcante.

Figura 2: Eletrocardiografia. Fonte: www.laborcare.com.br

Figura 3: Ecocardiograma. Fonte: www.lookfordiagnosis.com

A eletrocardiografia não demonstra nenhuma alteração patognomônica de DVC ou ICC, entretanto, é considerada uma ferramenta necessária e eficiente para o acompanhamento da progressão de doenças cardiovasculares quando realizado de maneira seriada. Já a ecocardiografia (figura 3) é considerada um método bastante útil para detectar e quantificar várias disfunções, principalmente sistólicas. Com o exame, também é possível determinar alterações no tamanho das câmaras cardíacas, a espessura das paredes ventricular e atrial, além de anomalias e sopros valvulares e fluxos truculentos através da técnica de Doppler, sendo de grande auxílio na determinação do diagnóstico clínico.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

1

8

1

99 - CPK (CREATINOFOSFOQUINASE)

58 - HEMOCULTURA

788 - CHECK UP GLOBAL DE FUNCOES COM HEMOGRAMA

GERIATRIA

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Page 24: VetScience Magazine Número 9/2015

HIPERADRENOCORTICISMO:SUPRESSÃO COM DEXAMETASONA

DOSE BAIXAIndicações O teste é indicado para o diagnóstico

do hiperadrenocorticismo. Recomenda-se iniciar a coleta das amostras entre 08:00 a 09:00 horas da manhã. O cão deve permanecer desde a véspera em local quieto e tranquilo, para evitar qualquer tipo estresse. Essa condição deve ser mantida durante todo o dia do teste.

Protocolo1ª Coleta: Coletar amostra de sangue em tubo

de tampa VERMELHA (soro), para CORTISOL BASAL. Identificar o tubo como 1ª coleta.

Aplicação de dexametasona: Aplicar via endovenosa, a dose

de 0,01 mg/kg de peso corpóreo de dexametasona (DXM).

2ª Coleta: Coletar amostra de sangue em tubo

de tampa VERMELHA (soro), para CORTISOL após 4 horas da aplicação de DXM. Identificar o tubo como 2ª coleta.

3ª Coleta: Coletar amostra de sangue em tubo

de tampa VERMELHA (soro), para CORTISOL após 8 horas da aplicação de DXM. Identificar o tubo como 3ª coleta.

InterpretaçãoResposta normal: O cortisol é inferior a 1,0 – 1,5 μg/

dL de soro;Hiperadrenocorticismo: O cortisol atinge valores superiores a

2,0 μg/dL.

ComentáriosOs animais com Síndrome de Cushing

ou hiperadrenocorticismo costumam ter o chamado hemograma de estresse, além de aumento dos valores séricos de fosfatase alcalina. Entretanto, dosagens isoladas de cortisol são inconclusivas.

DOSE ALTAIndicações O teste é indicado para a diferenciação

entre o hiperadrenocorticismo primário e o secundário. Recomenda-se iniciar a coleta das amostras entre 08:00 a 09:00 horas da manhã. O cão deve permanecer desde a véspera em local quieto e tranquilo, para evitar qualquer tipo estresse. Essa condição deve ser mantida durante todo o dia do teste.

Protocolo1ª Coleta: Coletar amostra de sangue em tubo

de tampa VERMELHA (soro), para CORTISOL BASAL. Identificar o tubo como 1ª coleta.

Aplicação de dexametasona: Aplicar via endovenosa, a dose

de 0,1 mg/kg de peso corpóreo de dexametasona (DXM).

2ª Coleta: Coletar amostra de sangue em tubo

de tampa VERMELHA (soro), para CORTISOL após 4 horas da aplicação de DXM. Identificar o tubo como 2ª coleta.

3ª Coleta: Coletar amostra de sangue, em tubo

de tampa VERMELHA (soro), para CORTISOL após 8 horas da aplicação de DXM. Identificar o tubo como 3ª coleta.

Interpretação- Em casos de hiperadrenocorticismo

secundário (pituitário), o cortisol é 50% menor do que o cortisol basal, aquele registrado antes da aplicação da DXM;

- Nos casos de hiperadrenocorticismo primário (adrenal), o cortisol não sofrerá alterações significativas em relação ao cortisol basal após a aplicação da DXM.

ComentáriosOs animais com Síndrome de Cushing

ou hiperadrenocorticismo costumam ter o chamado hemograma de estresse, além de aumento dos valores séricos de fosfatase alcalina. Entretanto, dosagens isoladas de cortisol são inconclusivas.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

3

2

2

2

334 - PERFIL HIPERADRENOCORTICISMO

621 - CORTISOL POS SUPRESSAO DEXAMETASONA3 DOSAGENS (RADIOIMUNOENSAIO)

156 - CORTISOL POS SUPRESSAO COM DEXAMETASONA3 DOSAGENS (ELETROQUIMIOLUMINESCÊNCIA)

698 - RAZAO CORTISOL CREATININA URINARIA 3 DOSAGENS POS SUPRESSAO COM DEXAMETASONA

ENDOCRINOLOGIA

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DÚVIDAS NO CONSULTÓRIO SOBRE ALERGIAS EM CÃES:Doutor, por que meu cachorro se coça?

O que é alergia?Alergia é uma doença na qual o

sistema imunológico reage de maneira anormal a substâncias e microrganismos do dia-a-dia como: pólen, esporos de fungos, ácaros, gramíneas, alguns tipos de alimentos e medicamentos. Todas as reações alérgicas são muito desagradáveis, algumas bem sérias, podendo até ser fatais. As substâncias ofensivas causadoras de alergias são conhecidas como alergênicos ou alérgenos. Uma reação alérgica pode ser causada através da inalação ou ingestão do alergênico, ou talvez, seja resultado de contato direto com o alergênico.

Quais são os sinais de alergias? Os sinais clínicos mais comuns

de alergias em animais de estimação são: prurido, irritações nos olhos, mordidas e inflamações nas patas. Os locais mais comuns para se encontrar sinais de alergia são o flanco, patas, face (particularmente em torno dos olhos), boca, orelhas e base da cauda. Em cães, as alergias mais frequentes são derivadas de causas subjacentes da persistência de doenças de pele, no entanto, é importante lembrar que nem todo prurido é consequente de alguma alergia. Condições como problemas na tireóide, pulgas e certas infecções, (como micoses) podem causar sintomas similares.

Como os cães contraem alergias? Grande parte dos cães alérgicos

herdaram de seus pais a tendência de desenvolverem alergias. Após contínua exposição ao alergênico, por meses ou anos, os sinais clínicos da alergia se tornam visíveis no animal. A típica alergia pet se inicia com um curto período de prurido, mordidas, e/ou lambeduras logo no primeiro ano, podendo ser leve ou talvez imperceptível. Com repetidas exposições aos alergênicos ofensivos, o animal gradualmente irá apresentar

prolongados períodos de desconforto e de sinais clínicos mais severos.

Quando é mais provável ocorrer uma alergia?Alergias ocorrem sempre que os

alergênicos ofensivos a cada animal estiverem presentes em seu dia-a-dia. As alergias mais comuns são consequentes do contato com ácaros e esporos de fungos. Alergias causadas por plantas só serão percebidas durante seu período de polinização. As alergias causadas por alimentos devem ser percebidas após a ingestão de um alimento cujo animal não possui tolerância ou alguma preparação que inclua este ingrediente. Devido à complexidade do diagnóstico, a combinação do histórico do paciente, exames físicos e sinais alérgicos no animal são muito importantes para um diagnóstico seguro.

As alergias podem ser prevenidas?Desde que se descobriu que alergias

são herdadas, não há maneira concreta e eficiente de se prevenir uma alergia. Atualmente sabe-se com comprovação científica que as alergias são controláveis, porém não podem ser prevenidas. O melhor controle pode ser obtido evitando-se os alergênicos que agridem cada indivíduo. No entanto, alérgenos como fungos e ácaros são praticamente impossíveis de evitar, resultando na necessidade de tratamento alternativo.

Como eu sei se meu animal tem alergias? Se seu animal morde ou lambe

persistentemente suas patas, apresenta prurido em algumas partes do corpo (principalmente face), alergia pode ser uma possível causa. Infelizmente, não há sinais específicos para a alergia, então você deverá levar seu animal ao veterinário para determinar qual alergia ele possui. Diagnósticos de alergia requerem eliminações de outras possíveis causas, o que envolve um detalhado histórico clínico, um exame físico completo e alguns testes laboratoriais preliminares. Se o histórico e os exames físicos sugerirem uma alergia, seu veterinário talvez recomende a realização de testes alérgicos com o intuito de confirmar o diagnóstico.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

7

7

7

7

45

45

686 - TESTE ALERGICO PAINEL C/ 24 ALERGENOS

685 - TESTE ALERGICO PAINEL C/ 36 ALERGENOS

688 - TESTE ALERGICO ALERGIA A MALASSEZIA

684 - TESTE ALERGICO ALERGIA A PICADA (SALIVA) DE PULGA

VACINA IMUNOTERAPICA SUBLINGUAL

VACINA IMUNOTERAPICA SUBCUTÂNEA

ALERGOLOGIA

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estimação novo na casa). Já o portador crônico do Calicivírus dissemina o vírus de forma contínua e não precisa de um fator (como o estresse) para essa disseminação. Nem o Calicivírus nem o Herpesvírus são infectantes para o homem ou o cão, mas a Clamidiose (infecção secundária) é uma zoonose, ou seja, pode contaminar o ser humano. A única medida preventiva contra o complexo respiratório é a vacinação anual, mesmo que o gato não saia do ambiente doméstico.

PRINCIPAIS DOENÇAS INFECCIOSAS EM FELINOS - PARTE II

Complexo respiratório viral felinoO complexo respiratório viral felino é

uma doença que afeta os gatos domésticos e felinos selvagens, e foi por muito tempo chamada de Rinotraqueíte Viral Felina, no entanto, este nome designa a doença causada somente pelo vírus denominado Herpesvírus Felino Tipo 1. O nome “complexo” é mais correto por abranger doenças provocadas por mais de um agente causador, e também porque os sinais clínicos causados por cada um destes agentes se confundem. O herpesvírus é um microrganismo que causa a Rinotraqueíte, também conhecida como “a gripe do gato”, já que os sintomas são bem parecidos com os de uma gripe comum. Na Calicivirose, os sintomas são parecidos com os da Rinotraqueíte, sendo que as lesões na boca são bem mais graves e podem alcançar também as narinas. Este vírus pode atacar os pulmões, causando edema pulmonar e pneumonia. Além disso, frequentemente, ocorrem infecções bacterianas oportunistas, como por exemplo, “Clamidiose” responsável por sinais oculares e respiratórios (conjuntivite com pus, aguda ou crônica,

espirros e tosse, pneumonia, etc.), que se somam aos demais sintomas, agravando o quadro. Tanto o Herpesvírus como o Calicivírus são capazes de causar vários sintomas como febre, espirros, tosse, secreção nasal (coriza) e ocular, salivação, perda de apetite, conjuntivite, estomatite, lesões na boca, gengivite e pneumonia. Alguns sinais clínicos, como os problemas oculares, podem ocorrer sem que haja qualquer sinal respiratório. E nem todos os sintomas podem estar presentes num mesmo gato doente. Essas doenças são extremamente contagiosas entre os gatos, sendo mais perigosas para filhotes e para os imunodeprimidos, podendo causar a morte desses animais. Elas são transmitidas por meio dos espirros dos gatos infectados, do contato com objetos contaminados (potes de água e comida, cama, lençol etc.), via transplacentária e pela lambedura do filhote. Cerca de 80% dos gatos com Herpesvírus se tornam portadores assintomáticos do vírus por toda vida, expelindo-o e podendo apresentar sinais clínicos da doença quando o animal é submetido a estresse (viagem do proprietário, mudança, hospedagem, animal de

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

1

1

5

7

361 - CORONAVIRUS FELINO SOROLOGIA (PERITONITE INFECCIOSA FELINA - PIF)

343 - PERFIL PERITONITE INFECCIOSA FELINACORONAVIRUS FELINO

730 - CORONAVIRUS FELINO (PERITONITE INFECCIOSA FELINA) - PCR REAL TIME QUALITATIVO

782 - CORONAVIRUS FELINO (PERITONITE INFECCIOSA FELINA) - PCR REAL TIME QUANTITATIVO

MEDICINA LABORATORIAL DE FELINOS

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Peritonite infecciosa felina (PIF)A peritonite infecciosa felina é a

principal causa infecciosa de morte nos gatos. Ocorre quando o gato reage inadequadamente ao Coronavírus, ocorrendo na maioria dos casos em gatos de 6 meses a 2 anos de idade, podendo haver outro pico de incidência entre 14 e 15 anos. Muitos gatos são simplesmente infectados, mostram uma resposta imunitária, eliminam o vírus e vivem sem apresentar nenhuma sintomatologia clínica da doença. O nome PIF é um pouco enganador, pois não se trata de uma inflamação do peritônio, mas sim de uma vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos). Os sintomas que o gato desenvolve dependem dos vasos sanguíneos danificados e também dos órgãos por eles alimentados. A PIF pode se apresentar de 2 formas distintas: PIF úmida ou efusiva: Esta é a forma mais grave da doença, em que muitos vasos sanguíneos são gravemente danificados e há acúmulo de líquido no abdômen e no tórax. Quando os vasos sanguíneos do abdômen são afetados, ocorre um acúmulo de líquido na região (ascite). Quando são afetados os vasos

sanguíneos do tórax, dá-se uma acúmulo de líquido no peito, que impede os pulmões de se expandir e dificultam a respiração do gato.

PIF seca ou não efusiva: É a forma mais crônica da doença. O gato normalmente tem sintomas inespecíficos, como falta de apetite, perda de peso, pelagem com pouco brilho. Muitos gatos com PIF seca tornam-se ictéricos, podendo apresentar a conjuntiva ocular amarelada. Em muitos casos, aparecem marcas nos olhos, geralmente na íris (a parte colorida do olho, em torno da pupila) que muda de cor. Pode haver sangramento dentro do olho, ou aparecimento de depósitos brancos na córnea (a membrana transparente na superfície anterior do globo ocular). Cerca de 12% dos gatos com PIF não efusiva desenvolvem sintomas neurológicos: ataxia (desequilíbrio, descoordenação motora), podendo ter também tremores de cabeça, convulsões, o olhar pode deslocar-se em direções diferentes sem focarem um ponto definido. No entanto, todos estes sintomas podem ser causados por outras doenças, por vezes com cura, e, por essa razão, é essencial efetuar um diagnóstico

rigoroso. Como medidas de controle, recomenda-se o desmame precoce e separação da mãe e de outros adultos antes de 6 semanas de vida, eliminação dos positivos para Coronavírus, cuidados de manejo, não levar reprodutores a gatis infectados e testes de diagnóstico anual de 10% dos gatos. O tratamento não é recomendado, sendo a eutanásia o procedimento a ser realizado.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

5

1

14

7

7

82 - TOXOPLASMOSE FELINA

305 - TOXOPLASMOSE + CLAMIDIOSE FELINAS

653 - IMUNOHISTOQUIMICA (TOXOPLASMA GONDII)

733 - TOXOPLASMA SP (PCR REAL TIME QUALITATIVO)

783 - TOXOPLASMA SP (PCR REAL TIME QUANTITATIVO)

MEDICINA LABORATORIAL DE FELINOS

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Page 28: VetScience Magazine Número 9/2015

“NOVAS” DOENÇAS DE PELE EM GATOS

Dermatose de células gigantes (associado à FeLV)A dermatose de células gigantes é uma

doença pruriginosa que pode ocorrer em gatos acometidos por FeLV. Ocorre descamação, crostas (figura 1) e alopecia na face (pálpebras, atrás das orelhas, queixo e lábios), pavilhão auditivo (otite ulcerosa), pescoço e tronco, além de anorexia, depressão e perda de peso.

Figura 1: Presença de crostas e descamação no rosto em um gato com dermatose de células gigantes associada à FeLV.Fonte: http://vetbook.org/wiki/cat/index.php/File:Felv01.jpg

Histologicamente, as lesões revelam células gigantes na epiderme, de até trinta núcleos e abundante citoplasma eosinofílico. Aparentemente, o Vírus da Leucemia Felina (FeLV) pode ter induzido uma alteração neoplásica dos queratinócitos, por recombinação com oncogenes do hospedeiro. Assim,

é importante a realização do exame de FeLV em animais suspeitos, além de biópsias. Análises imunohistoquímicas também são úteis, uma vez que podem confirmar a presença do antígeno gp70 em amostras de pele. Não há tratamento para esta dermatose, e todos os animais descritos na literatura com a doença até a presente data, morreram ou foram sacrificados.

Dermatite idiopática facil do gato persaA doença se trata de uma dermatite

facial rara, progressiva e idiopática de origem provavelmente hereditária, sem tratamento específico, associada a gatos da raça Persa. A apresentação clínica consiste em dermatose facial pruriginosa, com alopecia, lesões perioculares, perilabiais ulceradas e exsudativas, presença de crostas enegrecidas aderidas ao pelo do mento e orelhas, acompanhadas de eritema e graus variáveis de escoriações, com presença de otite ceruminosa em alguns casos. Podem ocorrer complicações, como a dermatite secundária à Malassezia. Para o diagnóstico, podem ser utilizados vários exames, como o Tricograma, raspado de pele e a citologia. Já a terapia objetiva corrigir

desequilíbrios nutricionais e estados doentios concomitantes, podendo ser utilizadas drogas sistêmicas anti-inflamatórias e imunossupressoras.

Doença de BowenEm humanos, a doença de Bowen (ou

carcinoma espinocelular in situ) tem sido caracterizada por manchas vermelhas de bordas limitadas, associadas ou não à hiperqueratose, crostas, fissuras ou pigmentação. Na literatura, há relatos de gatos de meia-idade que apresentam lesões histologicamente semelhantes em áreas de pele e pelos pigmentados, que podem ser hiperqueratóticas e verrucosas ou não hiperqueratóticas e irregulares. Em felinos, deve-se suspeitar da doença de Bowen sempre que houver lesões crônicas, focal ou multifocal, com crosta e lesões hiperqueratóticas, especialmente em gatos de idade avançada que não respondem ao tratamento anterior. O diagnóstico deve ser realizado através de biópsia.

Alopecia paraneoplásica felinaA alopecia paraneoplásica felina

é uma doença rara e de patogênese desconhecida, sendo comumente associada a carcinomas pancreáticos e biliares. O animal afetado apresenta

MEDICINA LABORATORIAL DE FELINOS

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alopecia simétrica, que progride desde o ventre até a cabeça (menor frequência nas orelhas) e afeta primariamente a face medial dos membros. Nas zonas de alopecia, a pele é brilhante, pouco elástica e fina. O envolvimento dos coxins plantares é comum, os quais se tornam dolorosos e com aspecto seco e fissurado ou eritematoso e úmido (figura 2). A presença de prurido é incomum, exceto se existir infecção secundária por Malassezia spp ou infestações de pulgas.

Figura 2: Gato com carcinoma pancreático e alopecia paraneoplásica simétrica.Fonte: https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/1463

O diagnóstico deve ser estabelecido através dos sintomas clínicos e outros exames complementares, como a biópsia cutânea e a ecografia abdominal. Em relação ao tratamento, a doença é um processo potencialmente reversível se a neoplasia for removida precocemente (sem existência de metástases), entretanto, de forma geral o prognóstico é desfavorável.

Eritrema microlítico migratórioEsta patologia é raramente

descrita em gatos, caracterizada por lesões erodo-ulcerativas e crostosas em áreas intertriginosas, junções mucocutâneas, superfícies articulares e de apoio crônico. Sua etiologia tem sido relacionada a neoplasias pancreáticas e apresenta fortes similaridades com a síndrome do glucagonoma em humanos. No diagnóstico, a aparência histopatológica é distinta, onde se pode observar hiperqueratose paraceratótica, vacuolização dos queratinócitos, e espongiose. Nas lesões crônicas observa-se hiperplasia epidérmica, formação de crostas superficiais e infiltrado inflamatório intersticial superficial liquenóide. As manifestações cutâneas

podem melhorar com ressecção precoce do tumor no pâncreas (sem existência de metástases).

Síndrome de fragilidade cutânea adquiridaEsta síndrome pode ser idiopática

ou associada à síndrome de Cushing iatrogênica ou espontânea, diabetes mellitus, lipidose hepática e neoplasia hepática. A patogênese da síndrome é desconhecida, e o animal apresenta extremo afinamento da pele e fragilidade, sem hemorragias e laceração espontânea não dolorosa. Durante o tratamento, a pele rasga facilmente (figura 3).

Figura 3: Fragilidade cutânea com fácil rompimento da pele em um gato.Fonte: http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/viewFile/4248/3739

Para o diagnóstico, deve-se realiza exame histopatológico, que apresentará variação de tamanho e desorganização das fibras colágenas. Já em relação ao tratamento, é importante que a doença subjacente seja tratada, bem como estabelecer medidas de manejo que visem minimizar possíveis traumas.

Dermatite esfoliativa paraneoplásicaEsta é uma síndrome rara, associada

ao desenvolvimento de timoma no gato, caracterizada por grave esfoliação e descamação da pele. Muitas vezes, as lesões de pele são as únicas manifestações do tumor. A afecção se inicia com uma descamação não pruriginosa e eritema médio na cabeça e orelhas, que progressivamente se espalha pelo resto do corpo. O prurido geralmente está ausente, exceto quando há infecções secundárias por Malassezia ou bactérias. A radiografia do tórax, ultrassonografia e a aspiração com agulha fina da massa tímica juntamente com biópsia cutânea suportam o diagnóstico. Em relação ao tratamento, há relatos de remoção da

dermatite após a ressecção cirúrgica do tumor, porém, a maioria dos animais acaba sendo eutanasiado.

Foliculite mural degenerativa mucinosaA síndrome ocorre em resposta a

uma doença sistêmica (principalmente a neoplasias), sendo originada pela destruição dos folículos pilosos por células inflamatórias, como linfócitos. Por sua vez, os linfócitos estimulam os queratinócitos a produzirem mucina. O felino apresenta um quadro inicial de alopecia, eritema, crostas e descamação facial, mas que logo se distribui para os membros, pescoço e dorso (figura 4). Para o diagnóstico, é essencial a realização de biópsia. O tratamento é realizado à base de corticoides e imunossupressores, mas não leva à cura, sendo que na grande maioria dos casos descritos os animais vieram a óbito.

Figura 4: Felino diagnosticado com a síndrome.Fonte: http://medfelina.blogspot.com.br/2012/02/foliculite-mural-degenerativa.html

Demodicose felinaA demodicose é uma dermatopatia

que se manifesta através de uma reação cutânea inflamatória devido ao aumento da população de ácaros do gênero Demodex nos folículos pilosos ou nas glândulas sebáceas da pele. Os sinais clínicos da doença podem ser localizados ou generalizados, além disso, são variados, incluindo alopecia, dermatite pruriginosa e otites (figura 5).

Figura 5: Gato acometido por demodicose.Fonte:http://4.bp.blogspot.com/-rzc-okayNiU/UYk2VC8jsFI/AAAAAAAAM5g/r0O5683Semg/s1600/Demod%C3%A9cica.jpg

MEDICINA LABORATORIAL DE FELINOS

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Há duas espécies de ácaros envolvidos na demodicose felina, a Demodex cati e a Demodex gatoi. A demodicose causada por D. cati é mais comum em animais imunodeprimidos (com doenças como FIV e FELV) e não é contagiosa, já a D. gatoi, além de contagiosa, causa prurido intenso e alopecia simétrica. O diagnóstico deve ser feito a partir dos sinais dermatológicos e por exame microscópico dos pelos (tricograma) e da pele (raspado cutâneo profundo, para alcançar os ácaros que se encontram nos folículos). A demodicose pode ser confirmada pela presença de uma grande quantidade de ácaros adultos ou pela observação de formas imaturas (ovo, larvas e ninfas), em maior quantidade em proporção aos adultos. Em relação ao tratamento, o mesmo deve ser realizado através de drogas via oral e tópica, e como grande parte dos problemas de pele, as sarnas tem

tratamento demorado e podem levar de semanas a meses para serem erradicadas.

Dermatite devido à herpesvírusO Herpervírus Felino é o agente

causador da Rinotraqueíte, uma infecção comum do trato respiratório superior dos gatos.  Os principais sintomas são espirros, secreção nasal, dificuldade de respirar, febre e desidratação. Por causa da replicação do vírus, alguns animais podem desenvolver dermatite ao redor dos olhos e ulcerações orais. Para o diagnóstico, podem ser realizadas biópsia de pele e exames de imonohistoquímica ou PCR para detectar a presença do vírus. No Brasil o programa de vacinação dos gatos inclui a  vacina  contra o Herpesvírus, mas a desinfecção do ambiente e dos utensílios do gato doente também são fundamentais para complementar um programa de prevenção da doença.

Hipersensibilidade à picada de mosquitoA hipersensibilidade a picada de

mosquito é descrita como uma dermatite sazonal, relacionada ao ciclo biológico do inseto. Após a picada, os animais podem apresentar dermatite pápulo-crostosa, que afeta principalmente as regiões menos abundantes em pelos, como a superfície dorsal do nariz, pavilhão auricular (figura 6), região periorbital e coxins podais. Essas lesões são iniciadas por reações de hipersensibilidade do tipo I, que causam resposta imunitária imediata na maioria das vezes.

Figura 6: Hipersensibilidade à picada de mosquito.F o n t e : h t t p s : / / w w w . l u m e . u f r g s . b r / b i t s t r e a m /handle/10183/80514/000902258 pdf?sequence=1

Frequentemente estão presentes linfadenopatia periférica e eosinofilia, além disso, é necessária a prevenção de infecções bacterianas secundárias e por criptococos. Alguns casos necessitam de tratamento com glicocorticóides sistêmicos, que por sua vez, podem ou não ser eficientes. O ponto mais importante é o controle da doença, que se baseia em evitar a exposição dos gatos aos mosquitos.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

3

8

30

3

4

4

4

7

7

1

736 - TRICOGRAMA

576 - CULTURA (ANAEROBIOS + AEROBIOS) + ANTIBIOGRAMA

759 - CULTURA DE FUNGOS COM ANTIFUNGIGRAMA

87 - CITOLOGIAS PET

86 - HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO DE ROTINA

272 - FAN (FATOR ANTI-NUCLEAR VETERINARIO)

253 / ANA (ANTICORPO ANTI-NUCLEAR)

686 - TESTE ALERGICO PAINEL (24 ALERGENOS)

685 - TESTE ALERGICO PAINEL (36 ALERGENOS)

271 - FIV/FELV - LEUCEMIA E IMUNODEFICIENCIA FELINA

MEDICINA LABORATORIAL DE FELINOS

30

Page 31: VetScience Magazine Número 9/2015

PCR RT QUANTITATIVA:APLICAÇÕES NO DIA A DIA EM MEDICINA VETERINÁRIA

Dentre as maiores conquistas da ciência nas últimas décadas, o desenvolvimento e aprimoramento das técnicas de biologia molecular possuem notório destaque. Um dos maiores marcos foi a descrição do processo de reação em cadeia da polimerase (PCR), que atualmente é uma das técnicas mais utilizadas em laboratórios da área de saúde. Com o passar dos anos, a técnica de PCR convencional foi sendo aprimorada, sendo então desenvolvida a PCR quantitativa (qPCR), que realiza não só a detecção como a quantificação do material genético. Este método representa mais um grande avanço no setor, trazendo consigo resultados mais sensíveis, específicos e de maior reprodutibilidade.

Exames molecularesOs métodos moleculares detectam

fragmentos específicos de ácidos nucléicos (DNA/RNA) no material analisado. Com a técnica, é possível realizar a ampliação in vitro de qualquer fragmento de DNA ou RNA, partindo de uma pequena quantidade de material genético. As amostras biológicas comumente utilizadas são o sangue, urina, fluidos corporais, pêlos e fragmentos teciduais. Materiais contendo amostras de microorganismos ou células vegetais, mesmo com milhares de anos, também podem ser detectados através da PCR.

Vantagens da PCR quantitativaA qPCR possui várias vantagens

sobre a PCR convencional, que facilitam o diagnóstico do paciente. Além de ser possível quantificar o material genético na amostra, a técnica requer concentrações muito menores de material genético; o tempo de reação é reduzido; há maior reprodutibilidade, sensibilidade e precisão; o risco de contaminação é menor e há a possibilidade de detecção de mais de um patógeno por vez.

QuantificaçãoA quantificação da amostra é um

dos maiores diferenciais da qPCR, pois com ela tornou-se possível informar qual a quantidade de material genético contido na amostra. Essa informação pode auxiliar na diferenciação de reações vacinais ou se realmente se trata de uma infecção natural. Além disso, pode-se também saber o grau de infecção, estimar o prognóstico e o tratamento de doenças, levando em consideração a quantidade inicial do material genético detectado.

ContaminaçãoA contaminação na qPCR é mínima,

uma vez que a reação ocorre dentro de um tubo fechado, sem a necessidade de manipulação do material e ausência de processamento pós-amplificação, fazendo com que o risco de contaminação

diminua significativamente quando comparado à PCR convencional.

Detecção de patógenosUma das características da qPCR é

a possibilidade de detectar mais de um patógeno por amostra, através de painéis diagnósticos elaborados, que abrangem um grande número de agentes. Essa característica pode ser explorada quando há diferentes suspeitas de diagnóstico devido a um quadro clínico semelhante à várias doenças. Ao se investigar vários patógenos simultaneamente, além da diminuição no tempo de diagnóstico, há a possibilidade de se investigar coinfecções, o que reduz os custos de forma considerável se compararmos os mesmos exames de forma individual.

SorologiaOs testes sorológicos são baseados

nos níveis de anticorpos existentes na circulação do animal, que se elevam devido a anticorpos maternais, infecções naturais (agudas ou crônicas) ou por vacinações. Esses testes são amplamente usados na rotina, auxiliado a elucidar casos de infecções, porém, é importante saber alguns pontos críticos existentes em sua utilização. Ao realizar a solicitação de um exame sorológico para uma determinada doença, é preciso ter em mente alguns pontos, como se a suspeita é de uma infecção aguda (IgM) ou crônica (IgG); se a imunidade

BIOLOGIA MOLECULAR

31

Page 32: VetScience Magazine Número 9/2015

do animal está suficiente para gerar uma resposta contra o antígeno; se o resultado positivo teve alguma reação cruzada com alguma outra doença e se os níveis elevados de IgG são realmente devidos à doença ativa (ou se é apenas cicatriz de memória). Caso seja preciso repetir o exame por motivos inconclusivos, é preciso esperar algumas semanas para refazer o reteste, a fim do sistema imune gerar algum tipo de resposta. Desta forma, observa-se que a qPCR possui vantagens também sobre a sorologia, devido ao fato de que é realizada a mensuração do material genético e não da resposta humoral, podendo-se identificar a infecção antes mesmo do organismo produzir anticorpos contra a doença. Além disso, a qPCR é extremamente especifica, não ocorrendo reações cruzadas como é visto nos exames sorológicos. Um ponto importante a ser destacado é o de que em infecções crônicas (onde o nível de antígeno está muito baixo), a sorologia irá sobressair, pois será capaz de identificar anticorpos IgG (memória). Por sua vez, a qPCR pode não identificar o antígeno, devido ao tempo e a diminuição significativa dele no organismo. Desta forma, a qPCR tem se tornado uma ótima ferramenta para diagnosticar doenças na fase aguda.

Esfregaço sanguíneoO esfregaço sanguíneo é utilizado

na clínica veterinária para detectar hemoparasitas, doenças bacterianas e fúngicas de forma direta na lâmina. Porém, este exame é pouco sensível e podem ocorrer muitos resultados falso-negativos. Comparativamente, ao se pesquisar hemoparasitas em um esfregaço, é necessário existir cerca

e 1000 parasitas/μL de sangue, já na detecção através da qPCR, é necessário apenas 1 parasita/μL de sangue. Além disso, o resultado do esfregaço está intimamente ligado a qualidade da coleta, da amosta e da experiência do patologista. Outro ponto negativo do esfregaço sanguineo é a dificuldade (ou até impossibiliade) de se identificar as diferentes espécies do mesmo gênero de hemoparasias através apenas da morfologia. Por sua vez, com a ajuda da qPCR, não só é possível identficar o gênero e a espécie, como também quantificar sua presença na amostra.

Amostras para exames de qPCRLevando em consideração que

cada patógeno possui diferentes fisiopatologias, é necessário que antes de se enviar as amostras para o exame de qPCR, o veterinário do laboratório seja consultado para informar qual o melhor material para determinado exame. De forma geral, as amostras devem ser mantidas sob refrigeração após a coleta, porém sem congelar. É importante processar a amostra o mais rápido possível, pois amostras antigas podem ficar inviáveis para análise.

ConclusãoSem dúvida alguma, a qPCR é uma

poderosa ferramenta para auxiliar na determinação de diagnósticos, devido às suas inúmeras vantagens aqui discutidas. É importante destacar que os exames de rotina são de grande importância diagnóstica e funcional para o dia a dia na clínica veterinária, e o qPCR veio para somar forças, uma vez que possui o mesmo objetivo destes exames, que é o de sempre auxiliar o Médico Veterinário a concluir seus diagnósticos com êxito.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

7

5

7

7

5

7

7

5

7

5

7

7

5

7

7

7

5

7

7

7

7

7

7

5

7

4

4

5

7

7

7

7

7

5

7

5

803 - ADENOVIRUS TIPO 1 HEPATITE CANINA(PCR REAL TIME QUALITATIVO)

633 - BABESIA CANINA (PCR-RT QUALITATIVO)

769 - BABESIA CANINA (PCR-RT QUANTITATIVO)

728 - CALICIVIRUS FELINO (PCR-RT QUALITATIVO)

818 - CHLAMYDIACEAE TODAS ESPECIES (PCR-RT QUALITATIVO)

822 - CHLAMYDIACEAE - TODAS ESPECIES(PCR-RT QUANTITATIVO)

729 - CLAMIDIOSE FELINA (PCR-RT)

723 - CINOMOSE (PCR-RT QUALITATIVO)

772 - CINOMOSE (PCR-RT QUANTITATIVO)

730 - CORONAVIRUS FELINO PERITONITE INFECCIOSA FELINA (PCR REAL TIME QUALITATIVO)

782 - CORONAVIRUS FELINO PERITONITE INFECCIOSA FELINA (PCR REAL TIME QUANTITATIVO)

771 - EHRLICHIA SP (PCR-RT QUANTITATIVO)

615 - EHRLICHIA SP (PCR-RT QUALITATIVO)

731 - GIARDIA (PCR-RT QUALITATIVO)

784 - GIARDIA (PCR REAL TIME QUANTITATIVO)

680 - LEISHMANIA CHAGASI (PCR-RT QUANTITATIVO)

483 - LEISHMANIA CHAGASI (PCR-RT QUALITATIVO)

785 - LEPTOSPIROSE (PCR-RT QUALITATIVO)

786 - LEPTOSPIROSE (PCR-RT QUANTITATIVO)

548 - MYCOPLASMA HAEMOCANIS HAEMOBARTONELLA CANIS (PCR-RT QUALITATIVO)

775 - MYCOPLASMA HAEMOCANIS (PCR-RT QUANTITATIVO)

547 - MYCOPLASMA HAEMOFELIS HAEMOBARTONELLA FELIS (PCR-RT QUALITATIVO)

774 - MYCOPLASMA HAEMOFELIS (PCR-RT QUANTITATIVO)

732 - PARVOVIRUS CANINO (PCR-RT QUALITATIVO)

781 - PARVOVIRUS CANINO (PCR-RT QUANTITATIVO)

806 - PERFIL DOENCAS ENTERICAS - CINOMOSE E PARVOVIROSE (PCR REAL TIME QUALITATIVO)

793 - PERFIL PCR-RT PARA HEMOPARASITAS - EHRLICHIA E BABESIA - QUALITATIVO

823 - PERFIL FIV E FELV (PCR-RT QUALITATIVO)

824 - PERFIL FIV E FELV (PCR-RT QUANTITATIVO)

810 - PERFIL PCR DOADORES DE SANGUE - PCR PARA EHRLICHIA, BABESIA, LEISHMANIA CHAGASI QUALITATIVO

733 - TOXOPLASMA SP (PCR REAL TIME QUALITATIVO)

783 - TOXOPLASMA SP (PCR-RT QUANTITATIVO)

820 - FIV (PCR-RT QUANTITATIVO)

816 - FIV (PCR-RT QUALITATIVO)

821 - FELV (PCR-RT QUANTITATIVO)

817 - FELV (PCR-RT QUALITATIVO)

BIOLOGIA MOLECULAR

32

Page 33: VetScience Magazine Número 9/2015

EXAME IMUNO-HISTOQUÍMICO PARA DIAGNÓSTICO DE NEOPLASIAS

IntroduçãoPor muitos anos, a escolha do

tratamento para as neoplasias relacionava-se ao estágio clínico da doença e ao grau histológico do tumor. Nas últimas décadas, foram desenvolvidas outras ferramentas, como a imuno-histoquímica, método que auxilia na avaliação do prognóstico e a instituição do tratamento. A imunohistoquímica surgiu com as pesquisas em imunopatologia, que começaram na década de 40. Com o aprofundamento dos estudos, algumas descobertas contribuíram consideravelmente para a evolução da imuno-histoquímica, como o desenvolvimento de anticorpos monoclonais, que propiciaram uma grande fonte de reagentes altamente específicos para a demonstração de vários antígenos tissulares ou celulares e o advento da recuperação antigênica. Assim, a partir de 1974 foi possível

demonstrar alguns antígenos tissulares pela técnica de imunoperoxidase em tecidos fixados em formalina e incluídos em parafina, e a imuno-histoquímica passou a ser aceita como um importante método de diagnóstico de rotina. O exame imuno-histoquímico exige cuidados desde a preparação e acondicionamento dos anticorpos, reagentes e amostras, até o desenvolvimento da técnica e interpretação dos resultados. Mesmo assim, seu valor é indiscutível, já que proporciona condições para melhor avaliar a histogênese e o comportamento biológico das neoplasias.

FinalidadeO exame imuno-histoquímico possui

como finalidade fornecer o diagnóstico definitivo de um processo neoplásico, em que a avaliação histopatológica de rotina não consegue definir o caso. Além disso, fornece o valor prognóstico (desfavorável, reservado e favorável) de

determinadas neoplasias. Esta técnica é de grande valor nos diagnósticos patológicos, tratamento e/ou cirurgia específica e na investigação científica.

Pré-requisitoAlém de todo cuidado técnico

necessário para que as reações imuno-histoquímicas sejam de qualidade e possam ser interpretadas de maneira correta pelo patologista veterinário, a fase de escolha dos anticorpos a serem testados após a análise da lâmina corada em HE, é igualmente importante. Desta forma, o diagnóstico histopatológico da lesão tecidual neoplásica com levantamento da suspeita e diagnósticos diferenciais, é essencial para o sucesso do exame imuno-histoquímico no diagnóstico final da lesão.

MétodoNa imuno-histoquímica, são aplicados

anticorpos específicos antiantígenos

ANATOMIA PATOLÓGICA

33

Page 34: VetScience Magazine Número 9/2015

(em geral, proteínas) presentes em cortes histológicos, em associação com métodos de detecção altamente sensíveis para revelação da ligação antígeno (em geral, marcador tumoral) e anticorpo. Dessa maneira, o patologista identifica a expressão de marcadores teciduais, simultaneamente à avaliação morfológica. Atualmente, estão disponibilizados um grande número de anticorpos para uso em tecidos fixados em formol e incluídos em blocos de parafina, permitindo assim o estudo de blocos arquivados por longos períodos.

A aplicação da técnica de imuno-histoquímica está diretamente associada à experiência do patologista como morfologista, tendo grande valor no auxílio da definição diagnóstica de casos em anatomia-patológica. Desta forma, ressalta-se a importância da inspeção exploratória por profissional capacitado (Médico Veterinário Patologista) e um corte histológico com coloração imuno-dirigida adequada (corantes DAB - marrom ou AEC – vermelho) para o sucesso da técnica.

Causas de rejeiçãoEstudos revelam que a principal

razão para o não alcance do diagnóstico definitivo através da imuno-histoquímica refere-se ao envio de material limitado ou insuficiente para realização do exame (56%). As amostras consideradas inadequadas são aquelas não acondicionadas em formol a 10%, congeladas, blocos de parafina

com baixa preservação (fragmentados, comprimidos, etc) e blocos de parafina com fragmento tecidual insuficiente. Um dos maiores problemas relacionados aos diagnósticos por imuno-histoquímica referem-se à qualidade e à quantidade de material que é enviado ao laboratório, aliado às informações pertinentes ao caso incompletas. Estes fatores retardam o processo e propiciam diagnósticos equivocados, uma vez que a ausência de dados impossibilita o analista de avaliar as reais condições da situação clínica.

ComentáriosDentre as principais aplicações da

imuno-histoquímica em oncologia veterinária, estão o diagnóstico de tumores indiferenciados, diagnóstico diferencial entre tumores e estados reacionais, identificação de estruturas e produtos secretados pelas células neoplásicas, determinação de fatores prognósticos de neoplasias (figura 1), determinação/sugestão de sítio primário de neoplasias e determinação de tipo/subtipo de linfomas (figura 2) e leucemias.

Figura 1: Expressão em padrão peri-membrana para c-KIT em mastocitoma (Grau I).

Figuras: Linfoma linfocítico bem diferenciado de células B, revelando co-expressão para CD5, CD23 e baixa proliferação celular avaliada pelo índice Ki-67.

Apoio diagnóstico laboratorialAlém da avaliação imuno-

histoquímica em oncologia veterinária, o TECSA Laboratórios oferece aos Médicos Veterinários uma grande variedade de exames para auxiliar no diagnóstico de diversas outras patologias, seguindo todos os padrões ISO de qualidade nas principais áreas.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

7

4

3

5

4

4

14

86 - HISTOPATOLOGIA

650 - HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL

87 - CITOLOGIA

456 - IMUNO-HISTOQUÍMICA

89/90/91 - NECROPSIA

644 - MARGENS CIRÚRGICAS

648 - IMUNO-HISTOQUÍMICA DE NEOPLASIAS

ANATOMIA PATOLÓGICA

34

Page 35: VetScience Magazine Número 9/2015

indicado o envio de urina recente (5 a 30 mL, jato médio da primeira urina da manhã ou urina com no mínimo 4 horas após a última micção). Cateterismo ou cistocentese também podem ser métodos utilizados para coletar material. Fezes: A avaliação das fezes permite estabelecer a identificação do gênero do parasita presente nas fezes para que um protocolo terapêutico seja instituído e medidas de controle e profilaxia possam ser instituídas adequadamente.

MonitoramentoO intervalo mínimo recomendado

para o monitoramento em animais jovens é de um ano, mas em raças que já são propensas a alguma doença ou apresentam problemas de saúde constantemente, devem-se reduzir este tempo, para seis em seis meses. Já em animais idosos, o período deve ser de cinco a seis meses, pois nessa idade os animais estão mais susceptíveis a patologias.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

3

39 - HEMOGRAMA COMPLETO (CANINO)

358 - PESQUISA DE HEMATOZOARIOS

570 - PERFIL CHECK UP GLOBAL DE FUNCOES

97 - COLESTEROL TOTAL E FRACOES (TOTAL+LDL+VLDL+HDL)

107 - LIPIDES TOTAIS

105 - GLICOSE (GLICEMIA)

340 - PERFIL PANCREATICO

627 - LIPASE IMUNORREATIVA CANINA

234 - URINA ROTINA

99 - CPK (CREATINOFOSFOQUINASE)

421 - EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES (OPG)

695 - PERFIL TIREOIDEANO

334 - PERFIL HIPERADRENOCORTICISMO

PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR:EXAMES DE ROTINA ACONSELHADOS PARA MONITORAMENTO

Cuidar da saúde do seu animal é de grande importância, e a realização de exames de rotina (check-ups) garante a prevenção de muitas doenças, assim como a identificação precoce de enfermidades graves que poderiam tornar-se doenças que levam à morte. Lembrando que os animais às vezes não demostram estar doentes, ou seja, realizar  check-ups de seu animal de estimação  é uma forma de fazer com que ele viva mais e melhor.

Exames de rotina (Check-Ups)Há diversos motivos que mostram a

importancia da realização de check-ups em animais de estimação. É por isso que cada exame realizado tem a sua importância. 

Hemograma: é um exame que avalia as variações quantitativas e morfológicas das células da série branca e vermelha, contagem de plaquetas, reticulócitos e índices hematológicos. Indicado para avaliação de anemias, neoplasias hematológicas, reações infecciosas e inflamatórias, acompanhamento de tratamentos e avaliação de distúrbios plaquetários. Orientam na diferenciação entre infecções viróticas, bacterianas, parasitoses, inflamações, intoxicações e neoplasias, através das contagens global e diferencial dos leucócitos e avaliação morfológica dos mesmos. Quando os níveis de hemacias estão elevados demais, podem indicar uma desidratação ou uma condição de estresse passageiro. Já quando os índices estão demasiadamente baixos, sugerem problemas como anemia, presença de parasitas (Anaplasma, Babesia, Filaria, Ehrlichia e Trypanosoma), doenças crônicas e até mesmo deficiências nutricionais.

Bioquímicos: as avaliações bioquímicas darão informações rápidas sobre o estado da função renal, hepática, pancreática, cardíaca e muscular. Através da avaliação de uma série de enzimas,

como uréia, Creatinina, ALT(TGP), AST(TGO), Fosfatase Alcalina, Gama GT, Amilase, Glicose, Fósforo, Cálcio, Colesterol Total, Ácido Úrico, CK Total, Bilirrubina Total, Proteínas Totais, Albumina, Globulina, Relação A/G, Relação U/C. Através dessas analises bioquímicas, é possível avaliar as funções e diagnosticar precocemente algumas patologias como: insuficiência renal, insuficiência hepática, lesão muscular, diabetes e pancreatite.

Avaliação endócrina: Os hormônios são substâncias químicas que controlam o metabolismo, crescimento, desenvolvimento e a reprodução. As glândulas endócrinas situam-se em diferentes partes do corpo, sendo que as principais são: hipotálamo, hipófise, tireoide, pâncreas, adrenais, ovários e testículos. Essas glândulas podem desenvolver problemas no seu funcionamento, de forma a produzir hormônios em quantidade insuficiente ou em excesso. As doenças endócrinas mais frequentes são: diabetes melittus (deficiência absoluta ou relativa do hormônio insulina); hipotireoidismo (deficiência dos hormônios da tireoide); hipertireoidismo (produção excessiva de hormônios da tireoide); hipoadrenocorticismo (deficiência dos hormônios produzidos pela adrenal); hiperadrenocorticismo (produção excessiva de hormônios produzidos pela adrenal).

Urinalise: Fornece uma variedade de informações úteis em relação a patologias envolvendo os rins, o trato urinário e, por dados indiretos, algumas patologias sistêmicas. Usada para monitorar eficiência de tratamentos e constatar cura. Fornece dados químicos como presença de proteínas, glicose, corpos cetônicos, leucócitos, nitrito, bilirrubina, urobilinogênio e hemoglobina. Fornecem também dados sobre a presença de sedimentos, como células, leucócitos, hemácias, cilindros, muco, cristais e flora bacteriana. É

PATOLOGIA CLÍNICA

35

Page 36: VetScience Magazine Número 9/2015

PARVOVIROSE CANINA E A IMPORTÂNCIA DOS EXAMES DIAGNÓSTICOS

A parvovirose canina é sem dúvida, uma das doenças de maior importância e acomete geralmente cães jovens, causada por um vírus da família Parvoviridae e gênero Parvovirus. Algumas raças são mais susceptíveis à doença como Rottweilers, Dobbermans e Pitbulls, por causa ainda desconhecida. Existem dois tipos do vírus em cães: O CPV tipo 1 ou parvovírus diminuto dos cães, que não apresenta grande relevância nas gastroenterites; e o CPV tipo 2, que apresenta os subtipos CPV2a, CPV2b e CPV2c. O CPV2b é o subtipo utilizado em vacinas para cães por ser o mais prevalentes deles. A doença pode manifestar-se de forma clínica ou subclínica, dependendo do estado nutricional, sanitário e imunológico do cão. O vírus pode ser encontrado nas fezes do animal a partir do terceiro

dia pós-infecção, porém o diagnóstico clínico acaba sendo inconclusivo devido a grande similaridade dos sinais com outras doenças como coronavírus, rotavírus, cinomose, Salmonella sp, Escherichia coli, entre outros. Por esse motivo, as suspeitas de parvovirose devem sempre ser acompanhadas por exames laboratoriais como PCR (reação em cadeia da polimerase), ELISA e a HA (hemalutinação).

Figura 1: Modo de infecção da doença

Animais acometidos pelo vírus apresentam inicialmente sinais clínicos como: apatia, perda de apetite, diarreia severa (muitas vezes com sangue), desidratação, febre, vômitos esporádicos ou profusos. Estes sinais podem se manifestar em até 4 dias após a infecção, porém, o vírus pode ficar incubado por até 12 dias. O quadro de diarreia severa associado com vômitos frequentes pode levar o animal a um quando de desidratação grave, podendo levá-lo a morte num período de 24 a 48 horas, principalmente em cães jovens.

Exames diagnósticosExistem vários testes rápidos

(bastante eficientes como o Vetcheck para parvovirose) baseados na Imunocromatografia, quanto testes laboratoriais mais apurados. O uso

MICROBIOLOGIA

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Page 37: VetScience Magazine Número 9/2015

destes testes para diagnóstico imediato podem ser utilizados por serem fáceis de usar e ter um baixo custo.

Figura 2: Cassete de teste rápido para Parvovírus canino.

O teste de ELISA pode ser utilizado para diagnóstico, porém não deve ser feito separadamente devido a sua alta sensibilidade, tornando-o pouco conclusivo. Por isso é sempre recomendado a utilização, junto

ao ELISA, de um teste de maior especificidade como PCR-RT. O PCR (reação em cadeia da polimerase) é um método diagnóstico bastante utilizado e de grande especificidade e sensibilidade. Porém, esse método exige uma maior infraestrutura e possui um custo maior se comparado aos outros. O grande segredo do PCR-RT é que este se baseia na detecção de material genético. Isto o torna bastante específico uma vez que cada material é único. Funciona da seguinte maneira: ocorre a amplificação do DNA da amostra (ácido nucléico viral), através de um Mix de nucleotídeos e enzimas; depois é feita a leitura destas onde o método detecta somente os ácidos nucléicos virais e diz se o mesmo está presente. O PCR convencional (em gel de agarose) diz se existe ou não o material genético do vírus na amostra,

já o PCR Real Time revela tanto se existe o material (qualitativo) quanto a quantidade de material presente (quantitativo), tornando-o assim mais completo e seguro. Além disso, é capaz de identificar resíduos do DNA em questão que ainda estejam presentes na amostra, mesmo que o vírus na forma infecciosa não esteja mais presente.

A vacinação do cão é feita 15 dias após o desmame, ou seja, por volta de 45 dias de vida. Deve-se dar uma atenção especial à data de vacinação, pois ela varia de acordo com a raça.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

1

1

2

1

1

5

7

4

239 - CINOMOSE + PARVOVIROSEIGM - METODO: IMUNOCROMATOGRAFIA

670 - CINOMOSE IGG + PARVOVIROSE IGGMETODO: IMUNOCROMATOGRAFIA

310 - PARVOVIROSE (CANIDEOS)METODO: ELISA

538 - PARVOVIROSE (PESQUISA DO ANTIGENO VIRA)

671 - PARVOVIRUS + CORONAVIRUS CANINO

732 - PARVOVIRUS CANINOMETODO PCR REAL TIME QUALITATIVO

781 - PARVOVIRUS CANINOMETODO PCR REAL TIME QUANTITATIVO

806 - PERFIL DOENCAS ENTERICASCINOMOSE E PARVOVIROSE - PCR REAL TIME QUALITATIVO

MICROBIOLOGIA

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ANEMIA INFECCIOSA EQUINA

ResumoA Anemia Infecciosa Equina (AIE)

é uma afecção de carácter viral, causado pelo vírus da família Retroviridae, gênero Lentivirus, que acomete equinos, asininos e muares. Caracterizada em sua fase aguda por episódios periódicos de febre, anemia hemolítica, icterícia, depressão, edema e perda de peso. O agente é transmitido primariamente por picadas de tabanídeos (Tabanus sp.) e moscas dos estábulos (Stomoxys calcitrans) sendo estes apenas vetores mecânicos. Os principais reservatórios da enfermidade são os portadores inaparentes do vírus, principalmente em tropas que não sofrem monitoramento sorológico periódico. A transmissão é mais comum nas épocas mais quentes do ano e em regiões úmidas e pantanosas. A prova da Imunodifusão em Gel de Agar (IDGA) é considerada o teste

padrão-ouro. As medidas de controle para limitar a disseminação do vírus se baseiam principalmente em testes sorológicos de rotina e na remoção dos animais reagentes do plantel, além da restrição ao deslocamento de animais, do teste dos novos animais a serem introduzidos nas tropas, do controle da população de vetores e do não compartilhamento de seringas, agulhas e outros utensílios que possam ser veículos de células infectadas. No Brasil, os animais positivos no teste de IDGA devem ser sacrificados, conforme estabelecido pelo Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos do Ministério da Agricultura.

EpidemiologiaO vírus pertence à família Retroviridae,

cujo nome se refere à presença da enzima Transcriptase Reversa (RT).

Esta enzima transcreve em DNA o RNA viral, dando origem à sequência genética diplóide circular, que se integra ao DNA cromossômico da célula infectada, que por sua vez é recoberto por envelope derivado da membrana celular hospedeira. Os Lentivirus (do latim lentus = lento) causam doenças com longo período de incubação e curso insidioso prolongado.

Figura 1: Vírus da Anemia Infecciosa Equina. Fonte: http://www.curtitsyacres.com

MICROBIOLOGIA

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A distribuição da AIE é mundial, com exceção somente do continente Antártico. Em áreas endêmicas, a prevalência pode atingir 70% dos animais adultos, em geral, os níveis de prevalência são moderados a altos em regiões com populações numerosas e permanentes dos insetos vetores. No Brasil, estudos sorológicos em vários estados brasileiros, como o Pará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Rio Grande do Sul, demonstraram a presença do vírus da AIE na população equina nacional. O agente é transmitido primariamente por picadas de tabanídeos (Tabanus sp.) e moscas dos estábulos (Stomoxys calcitrans), estes atuam apenas como vetores mecânicos, uma vez que o vírus não se replica nos insetos. A transmissão é mais comum nas épocas mais quentes do ano, como o verão, e em regiões úmidas e pantanosas. A infecção iatrogênica pode ocorrer pelo uso de agulhas ou instrumentos cirúrgicos contaminados, transfusões sanguíneas ou ainda via intrauterina. Os hospedeiros naturais são os equídeos e, até o presente, não foi demonstrada infecção natural de outras espécies. O período de incubação pode chegar a três semanas.

PatogeniaApós a infecção, o vírus da AIE

se multiplica principalmente nos macrófagos e monócitos dos equídeos, nos órgãos que os comportem em maior quantidade: fígado, baço, linfonodos, pulmões e rins. Os vírus são liberados à circulação sanguínea e podem ser adsorvidos pelos eritrócitos dos equinos, e quando IgG ou IgM reagem com este complexo, o Sistema Complemento é ativado, induzindo hemólise, tanto intra quanto extravascular, resultando em anemia. Além da anemia, os equinos infectados também podem desenvolver glomerulonefrite como resultado da deposição de imunocomplexos nas membranas basais glomerulares e linfadenopatia. Estas respostas imunes do hospedeiro são geradas ao redor de 45 dias pós-infecção e persistem durante toda a vida do animal. A diferença entre a infecção pelo vírus da AIE

daquelas causadas por outros Lentivirus é o fato deste agente desencadear picos de viremia, que não são observados em infecções pelos vírus da Artrite e Encefalite Caprina, MaediVisna e da Imunodeficiência Felina.

Sinais clínicosA doença pode variar da forma

assintomática à fatal. Na fase aguda, ocorre febre (38.5ºC - 40.5ºC) com letargia e diminuição do apetite. A maioria dos cavalos apresenta ao menos trombocitopenia transitória, e alguns podem se tornar-se anêmicos, podendo vir a óbito em um período de duas a três semanas. Após se recuperarem da fase aguda, muitos cavalos nunca mais exibem sinais clínicos adicionais, outros passam por episódios recorrentes de febre que podem durar dias a semanas. Alguns cavalos progridem para o quadro clínico clássico da infecção crônica, com febre, perda de peso, edemas gravitacionais, letargia e

depressão. Eles se apresentam anêmicos, trombocitopênicos, hipoalbuminêmicos e hiperglobulinêmicos. Podem ocorrer hemorragias petequiais e epistaxe.

Figura 2: Animal em estado terminal da doença mostrando edema da fossa supra-orbitária, pescoço e peito. Fonte: http://www.fao.org

O decréscimo gradual no número e severidade dos sinais clínicos é atribuído à habilidade do sistema imune do equino em controlar a replicação viral. Muitos animais soropositivos não mostram sinais clínicos da doença. Com isso, estes animais mantêm uma condição corporal normal, podendo até ter algum desempenho atlético.

MICROBIOLOGIA

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Esta forma inaparente ou latente da infecção caracteriza os “portadores assintomáticos”, que permanecem como reservatórios do vírus e com poder de contaminação e propagação da doença.

DiagnósticoA enfermidade é facilmente

confundível com outras infecções que cursem com febre, como a Influenza e as Encefalites Equinas. Na doença aguda, o diagnóstico diferencial inclui púrpura hemorrágica, babesiose, erliquiose, arterite viral equina, anemia hemolítica auto-imune, leptospirose e trombocitopenia idiopática. Já na apresentação crônica considera-se infecção por Streptococcus equi, doenças inflamatórias crônicas, neoplasias e hepatite crônica.

Figura 3: Prova de IDGA com resultados positivos. Fonte: http://www.uky.edu

Rotineiramente, a prova da Imunodifusão em Gel de Agar (IDGA) é amplamente aceita e utilizada para a detecção dos infectados pelo agente da AIE a partir do antígeno viral p26. Este é o teste mais utilizado, e também

considerado teste-padrão. O equídeo que reagir positivamente à prova de IDGA é considerado portador de AIE. O resultado positivo é imediatamente comunicado pelo laboratório oficial ao serviço de defesa sanitária animal da jurisdição, que adota as medidas previstas em lei. No Brasil, os laboratórios e técnicos interessados em realizar o teste devem ser cadastrados no Ministério da Agricultura e serem submetidos a treinamento específico. Somente profissionais e laboratórios cadastrados são legalmente licenciados para a realização do teste e emissão do laudo.

Prevenção e controleNo território nacional, desde 1981,

por meio da Portaria nº 200, a AIE está incluída entre as doenças passíveis de aplicação das medidas previstas no Regulamento de Defesa Sanitária Animal (Art. 61 do Decreto 24.548, de 03 de julho de 1934). As ações de controle e profilaxia se baseiam principalmente em testes sorológicos de rotina e na remoção dos animais reagentes do plantel, além da restrição ao deslocamento de animais, exames realizados nos novos indivíduos a serem introduzidos nas tropas, controle da população de vetores e do não compartilhamento de seringas, agulhas e outros utensílios que possam ser veículo de células infectadas. Estas medidas visam reduzir o risco de novas infecções.Na emissão da GTA para equídeos com

seis meses ou mais de idade, é obrigatória a apresentação de resultado negativo à prova de IDGA. Animais destinados ao comércio, trânsito, participação em competições, feiras e exposições devem ser necessariamente testados e apresentar resultado negativo no teste de IDGA, independentemente da necessidade da movimentação interestadual ou não. No Brasil, os animais positivos no teste de IDGA devem ser sacrificados, conforme estabelecido no Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE) no MAPA, uma vez que não existe tratamento ou cura.

ConclusãoA AIE gera embargos ao trânsito de

equídeos, além de interferir nos eventos esportivos equestres, assumindo assim uma relevância econômica considerável. O estudo dos aspectos biológicos, epidemiológicos e profiláticos da doença se apresenta fundamental para resolução destes entraves, e consequentemente para o sucesso da equinocultura de qualquer país ou região onde a mesma se faz presente. Os principais reservatórios da enfermidade são os portadores inaparentes do vírus, principalmente em tropas que não sofrem monitoramento sorológico periódico. O sucesso em determinar e consequentemente eliminar os reservatórios do vírus depende de uma ampla aceitação e disposição dos proprietários e criadores em testar seus animais, e de adotarem medidas práticas e acessíveis, especialmente nas áreas rurais mais remotas.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

2

1

1

1

4

AIE1 - ANEMIA INFECCIOSA EQUINA

146 - HEMOGRAMA COMPLETO (EQUINOS)

109 - PROTEINA TOTAL E FRACOES

570 - PERFIL CHECK UP GLOBAL DE FUNCOES

86 - HISTOPATOLOGICO COM COLORACAO DE ROTINA (HE)

MICROBIOLOGIA

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EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES

O exame parasitológico de fezes (EPF) é a análise laboratorial feita a partir de uma amostra das fezes, buscando detectar a presença de elementos indicativos da existência de vermes no intestino, bem como determinar o seu tipo. Para que seu resultado seja corretamente avaliado é necessário que sejam seguidas as recomendações quanto à coleta, armazenamento e transporte das fezes.

Em relação ao exame parasitológico das fezes, alguns métodos podem detectar a maioria dos parasitas, mas outros requerem métodos mais específicos. Para maior garantia dos resultados, o exame deve ser feito em pelo menos três amostras de fezes, coletadas em dias diferentes, visto que um resultado

negativo em uma só amostra não garante a inexistência de vermes, haja vista que ela é só uma pequena parcela das fezes totais e que a  infestação pode ser de pequena intensidade. Em alguns casos, o Médico Veterinário pode pedir que sejam colhidas três amostras de fezes em dias diferentes, preferencialmente com intervalos de 2 a 3 dias. O MIF (Merthiolate-Iodo-Formol) é um exame de fezes parecido com o comum, porém é mais preciso, aumentando a sensibilidade, pois é colhido mais de uma amostra em um período de tempo, assim é mais eficaz na investigação de parasitas intestinais.

Figura 1: Frasco de MIF. Fonte: http://www.bio-brasil.com/tftest

Essa metodologia possibilita o achado de estruturas de resistência de helmintos

e protozoários. As amostras de fezes devem ser coletadas em 3 dias distintos, num recipiente contendo o conservante MIF. Esse conservante contém formol, razão pela qual as fezes não necessitam de conservação em geladeira.

Interferentes- Contaminação com urina;- Contraste radiológico na véspera do exame;- Laxantes;- Evitar e informar o uso de antipar-asitários e antibióticos nas últimas 3 semanas;- Evitar e informar o uso de antidiarre-icos e anti-inflamatórios nas últimas 72 horas.

ConclusãoSendo o exame parasitológico de fezes

(EPF) um dos mais solicitados na rotina laboratorial, é de extrema importância o entendimento dos princípios, aplicação e indicação dos diversos métodos parasitológicos disponíveis para o diagnóstico dos parasitos intestinais. O exame parasitológico de fezes é uma ferramenta importante, útil e necessária para que a saúde seja mantida e preservada.

CÓD - EXAME

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

PRAZO/DIAS

1

2

2

1

2

1

1

1

1

63 – EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZESPET E MAMÍFEROS

62 – EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZESAVES E REPTEIS

383 – EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZESBOVINO

191 – EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES (MIF)PET E MAMÍFEROS

135 – EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES (MIF)AVES E REPTEIS

421 – OPG (OVOS POR GRAMA DE FEZES)

360 – PESQUISA DE SANGUE OCULTO

387 – PESQUISA DE LARVAS

539 – PESQUISA DE GIÁRDIA (ELISA)

PARASITOLOGIA

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PCR

Tecnologia e inovação ao seu alcance.O PCR (PCR in Real Time), permite que os processos de ampli�cação, detecção e quanti�cação de DNA, sejam realizados em uma única etapa. Desta forma, potencializa-se a obtenção e precisão dos resultados, diminuindo o risco de contaminação da amostra.

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ISSN 2358-1018

www.vetsciencemagazine.com

Número 10, 2016

uma revista do cliente TECSA

MEDICINA LABORATORIAL DE ANIMAIS SILVESTRES E EXÓTICOS

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Em primeira mão, nossa próxima edição:

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AVALIADO COM ÊXITO NO ESCOPODE AIE E SANIDADE AVÍCOLA