Vias públicas são ocupadas ilegalmente pela cidade
-
Upload
arivaldo-silva -
Category
Documents
-
view
216 -
download
0
description
Transcript of Vias públicas são ocupadas ilegalmente pela cidade
SALVADORSALVADOR QUINTA-FEIRA 6/1/2011A4
REGIÃO METROPOLITANA
Editor-coordenadorCláudio Bandeira
OPORTUNIDADE Funceb oferece curso de dançagratuito http://cidadaoreporter.atarde.com.br
VIDA URBANA Sem fiscalização ostensiva, ambulantes, lava-jatos, bares, oficinasmecânicas e lojas invadem diversas áreas destinadas a veículos e pedestres
Vias públicas são ocupadasilegalmente pela cidade
ARIVALDO SILVA EJULIANA DIAS
Basta um breve passeio pelasruas e avenidas da capital pa-ra flagrar ambulantes, la-va-jatos, oficinas mecânicas ebares e até lojas de roupasocupando as ruas e calçadas.A prestação desses serviçosprolifera em toda a cidade,causando transtornos tantopara o tráfego de veículosquanto para a mobilidade dospedestres, expostos a riscos,como atropelamento.
“As oficinas aqui no bairrodeixam a desejar, pois elascolocam os carros para con-sertar ou pintar em cima dascalçadas e nos obrigam a ficarexpostos na rua”. A reclama-ção é do eletricista SérgioDantas, 47. Morador do bairrode Narandiba, Dantas convivediariamente com uma infini-dade de irregularidades nasruas do local.
Na rotatória localizada nasproximidades do Hospital Ju-liano Moreira, no mesmobairro, os serviços informaisdeumlava-jatosãorealizadosdebaixo de um toldo. Os la-vadoresanunciamàclientela,em uma placa, que trabalhamde segunda a sexta, das 8h às19h. “A prefeitura não resolvenunca essa situação nem fis-caliza o espaço adequado pa-ra essas atividades”, bradaDantas.
A céu aberto, uma oficinalocalizada na Avenida Cente-nário toma espaço no asfalto.O mais inusitado é que os me-cânicos sinalizaram a aveni-da com um cone de trânsito,com a finalidade de afastar oscarros que transitam na área.Os pedestres, sem opção, an-dampelomeiodavia,sujeitosa ser atropelados a qualquermomento.
FiscalizaçãoNas ações de fiscalizaçãodos órgãos responsáveis, ge-ralmente ocorre a apreensãode equipamentos, caso osmesmos não tenham licençapara utilização do espaço. Po-rém a fiscalização só ocorrecom a denúncia feita pela po-pulação. No bairro Boca doRio, os comerciantes e ambu-lantes expõem as mercado-rias nas calçadas e nas ruas,obstruindo o trânsito dos pe-destres.
Os comerciantes do localalegam que foi a forma en-contrada para ofertarem osprodutos e atraírem a clien-tela, mesmo sendo conside-rada irregular. “Se não colo-carmos os manequins do ladode fora, comprometemos avenda e a divulgação. É issoque atrai o cliente, e os mo-radores daqui não reclamam.A fiscalização só ocorre sehouver denúncia”, revelouum dono de loja, que preferiunão se identificar.
Problema socialDe acordo com o titular daSuperintendência de Contro-le e Ordenamento do Uso doSolo do Município (Sucom),Cláudio Silva, a fiscalizaçãodas atividades na cidade vemsendo “intensificada”.
Mas ele afirma tambémque há um problema socialpor trás da proliferação des-ses serviços na cidade. “Nocaso dos lava-jatos, sempreautuamos e multamos quan-do recebemos denúncias.Com o aumento do desem-prego, esses indivíduos pe-gam um balde e começam alavar carros. Não podemospermitir, pois a rua é do ci-dadão. A saída é a formali-zação”, assinala Silva.
Ainda segundo o superin-tendente da Sucom, as irre-gularidades são coibidas comações que visam à formali-zação desses serviços. “O sus-tento dessas pessoas sai des-sas atividades. Em 2011, ini-ciamos uma parceria com oSebrae para orientar essestrabalhadores a deixarem ainformalidade”.
A Secretaria Municipal deServiços Públicos (Sesp) foiprocurada por A TARDE, masaté o fechamento desta edi-ção não respondeu às ques-tões sobre a fiscalização.
Fotos Haroldo Abrantes / Ag. A TARDE
Lava-jato funciona em pleno asfalto, numa rotatória de Narandiba, flagrante de ocupação irregular de via pública
Na Av. Centenário, oficina mecânica usa cone na pista Na Boca do Rio, manequins são exibidos na calçada
COMO REGULARIZARO SEU NEGÓCIO
1Para obter a licença eatuar como ambulante, ocidadão precisa ter emmãos RG e CPF e darentrada nos documentosindo ao setor delicenciamento daSecretaria de ServiçosPúblicos – Sesp (Praça daSé, Ed. Ranulfo Oliveira,térreo), preencher oformulário e indicar aárea em que desejatrabalhar – além deefetuar o pagamento dataxa de R$ 7,54.Informações pelo número:71 3172-8634
2A Coordenadoria deLicenciamento eFiscalização (CLF) da Sespé responsável pelaliberação de ambulantespara atuarem tanto no diaa dia quanto em festaspopulares, sendo tambémfunção do setor aorganização do comércioinformal, exercendo afiscalização e apreensãode mercadorias daquelesambulantes que não estãolicenciados. Acoordenadoria também éresponsável pela liberaçãode eventos realizados emlogradouro público
3O EmpreendedorIndividual (EI) é umainovação no sistematributário, para quemilhões de brasileirosformalizem os negócios. Ainscrição na modalidade éoferecida pelo Sebrae.É possível se inscreverpela internet oucom contadorescredenciados. A inscriçãoé gratuita
4Com a regularização donegócio e o alvará emitidopela prefeitura (Sucom),acaba o medo deque a mercadoriaseja confiscada
SESP E SEBRAE
Organização dosespaços públicosnecessita deplanejamento
JULIANA DIAS
“O ordenamento é um termodistante da realidade”. É o queafirma o arquiteto HeliodórioSampaio, sobre o controleadequado do espaço públicoem Salvador.
Para o professor de plane-jamento urbano da Faculda-de de Arquitetura da Univer-sidade Federal da Bahia (Uf-ba), os principais problemasque atingem a capital estãodiretamente ligados à orga-nização destes espaços – cal-çadas, praças, ruas, avenidas,parques e demais equipa-mentos, como instituições deensino e teatro.
A falta de empenho políticopara reprimir as irregulari-dades, o mau uso e má pre-servação do espaço públicopela população e o atrela-mento dos interesses públi-cos e privados são problemascitados pelo professor Sam-paio, que ocasionam a ocu-pação irregular.
De acordo com ele, o espaçopúblico na cidade necessitade fiscalização por parte dosórgãos responsáveis e, paraisso, destaca que é necessário“planejar o espaço conformesuas especificidades; imple-mentar o planejado e adotarmanutençãopreventivaecor-retiva ao longo do tempo”.
Por fim, Heliodório Sam-paio sinaliza que “a fiscali-zação deve estar sempre alia-da a esse planejamento”.
ENTREVISTA Cristina Aragón / consultora de trânsito
“A CIDADE É MUITO DESORDENADA”Qual é a principal causa douso irregular dos espaçospúblicos em Salvador?
Ao permitir o uso desor-denado das calçadas, o ór-gão responsável pelo trân-sito em Salvador, a Tran-salvador, descumpre o Có-digo Brasileiro de Trânsito.E se essa situação traz riscoao pedestre, o órgão nãopode se eximir da respon-sabilidade.
Por que o ordenamento dosolo em Salvador é tão ir-regular?
Luciano da Matta / AG. A TARDE / 20.01.2009
A cidade é muito desor-denada. Parece uma en-ceradeira ligada sozinha.Vejo Salvador sem contro-le, cada um faz o que quer.Precisamos cobra soluçõesdo poder público.
Como essa ordenação podeser realizada efetivamente?
Muitas vezes, a prefeituraé conivente com a desor-dem. Diariamente, vejomuitos contêineres to-mando as calçadas, e isso égrave. É necessário inten-sificar a fiscalização para
não permitir esse tipode ocupação.
Existem exemplos de orde-namento do solo bem-su-cedidos pelo Brasil?
Para uma ocupação bemplanejada não é precisoque a cidade fique vazia,sem vida. Em São Paulo,por exemplo, a maioriados bares possui cadeirasnas calçadas, mas essaocupação é limitada, umafaixa é pintada no chão eela não pode nunca serultrapassada.
Margarida Neide / Ag. A TARDE