VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente...

110
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE PEDRO LEOPOLDO FUNDAÇÃO CULTURAL DR. PEDRO LEOPOLDO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – FINANÇAS VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS ADMINISTRAÇÃO DE CAPITAL DE GIRO DE CONCESSIONÁRIAS DA MARCA MERCEDES BENZ – DAIMLERCHRYSLER: IMPLICAÇÕES DO FUNDO DE CAPITALIZAÇÃO DE VEÍCULOS “FUNDO ESTRELA” Pedro Leopoldo 2006

Transcript of VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente...

Page 1: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE PEDRO LEOPOLDO FUNDAÇÃO CULTURAL DR. PEDRO LEOPOLDO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – FINANÇAS

VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS

ADMINISTRAÇÃO DE CAPITAL DE GIRO DE CONCESSIONÁRIAS DA MARCA MERCEDES

BENZ – DAIMLERCHRYSLER:

IMPLICAÇÕES DO FUNDO DE CAPITALIZAÇÃO DE VEÍCULOS “FUNDO ESTRELA”

Pedro Leopoldo

2006

Page 2: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS

ADMINISTRAÇÃO DE CAPITAL DE GIRO DE CONCESSIONÁRIAS DA MARCA MERCEDES

BENZ – DAIMLERCHRYSLER:

IMPLICAÇÕES DO FUNDO DE CAPITALIZAÇÃO DE VEÍCULOS “FUNDO ESTRELA”

Dissertação apresentada à Fundação Cultural

Dr. Pedro Leopoldo da Faculdade de Ciências

Humanas de Pedro Leopoldo como pré-

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre Profissional em Administração – MPA.

Área de Concentração: Finanças.

Orientação: Prof. Dr. Haroldo Guimarães Brasil

Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo

Pedro Leopoldo

2006

Page 4: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

A meus pais,

Geralda (in memoriam), Geraldo (in memoriam),

Silvia, e minha avó Maria do Carmo(in memoriam),

por terem me educado com valores que me levaram

a buscar o crescimento pelo trabalho.

Page 5: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida.

Ao Professor Doutor Haroldo Guimarães Brasil, pelo estimulo, desafio e pela

forma motivadora com que me guiou para a conclusão deste trabalho.

Aos Professores Jair, Marcelo e Neuza, amigos fraternais conquistados nesta

jornada de mestrado.

A minha família pelo apoio, incentivo e compreensão pelas ausências decorrentes

do desenvolvimento deste trabalho e por ser a razão de minha felicidade.

Aos empresários Leonardo Palhares Cardoso e Orosimar Valentin Fraga

(Castelo), pelo apoio, oportunidades e amizade.

Page 6: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

RESUMO

Este estudo objetivou pesquisar os efeitos das políticas comerciais e

financeiras das montadoras sobre a administração financeira das concessionárias

de veículos, especificamente da rede Mercedes Benz da DaimlerChrysler, com

foco nas questões de liquidez e capital de giro. As montadoras de veículos têm

papel expressivo na economia mundial, repetindo esse fenômeno na economia

brasileira. As concessionárias são o principal canal de distribuição das

montadoras, sendo grandes geradoras de empregos, com perfil de empresas de

médio porte, de capital nacional e familiares. A marca Mercedes Benz, no que

tange aos veículos comerciais (caminhões e ônibus), tem liderança histórica no

mercado brasileiro, embora atualmente com concorrência mais acirrada. Na

trajetória de aumento da concorrência no setor, os concessionários da marca, e

conforme estudos do setor as demais marcas também, estão passando por

readequação de seu perfil de atuação, que, por sua vez, passa por redução de

sua rentabilidade com o principal produto da revenda, que vem a ser os veículos

novos. A administração financeira tem nos itens de capital de giro e liquidez, estes

com forte correlação, o desafio constante de preservar o equilíbrio financeiro e a

solvência das organizações. As concessionárias, além dos itens comuns às

demais empresas, como gestão de tesouraria, crédito de clientes, estoques e

fornecedores, têm as normas implementadas pelas montadoras concedentes,

uma variável a mais a ser considerada. E as restrições inerentes aos interesses

destas não necessariamente coincidentes com a rede distribuidora. Desta forma,

utilizou-se o modelo dinâmico para estudar comparativamente os demonstrativos

contábeis das concessionárias pesquisadas, com referência à comercialização

dos veículos novos, especificamente sobre a movimentação do fundo de

capitalização denominado “Fundo Estrela”, que tem a sua movimentação

totalmente vinculada às políticas da montadora. Concluiu-se que há,

efetivamente, uma alteração significativa nos indicadores financeiros das

concessionárias, trazendo modificações na sua necessidade de capital de giro e

liquidez, em função das condições contratadas.

Palavras-chave: Administração de capital de giro. Liquidez. Modelo Dinâmico. Concessionárias de veículos, Fundo Estrela.

Page 7: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

ABSTRACT

This paper seeks to investigate the effects of the commercial and

financial policies of the manufacturers upon the financial management of car

dealerships, especially DaimlerChrysler’s Mercedes Benz, with emphasis on the

issues of liquidity and working capital. Vehicle manufacturers play an expressive

role in the economy worldwide, a phenomenon that is repeated in the Brazilian

economy. Dealerships, which create a large number of employment opportunities,

are the main distribution outlet for the manufacturers and are, for the most part,

mid-size family-owned concerns. The Mercedes Benz make, as far as commercial

vehicles are concerned (trucks and buses), is a perennial leader in the Brazilian

market, though it is at present faced with ever-increasing competition. In keeping

up with the sector’s competition, its dealerships are undergoing a restructuring

process, which entails a change in their business profile with a consequential

cutback in the profitability of their main product, namely brand-new vehicles.

Financial management is constantly hard pressed to preserve the financial

balance and the solvency of the organizations in terms of such closely related

items as cash flow and liquidity. Dealerships, like any other company, not only

have to control such items as treasury management as well as inventory and

supplier and customer credit, but are also bound by rules imposed by the

manufacturers, which is another variable to be taken into account. And the

restrictions inherent to the interests of the latter do not necessarily coincide with

the interests of the former. Thus, the dynamic model was used to comparatively

study the accounting statements of the dealerships investigated, in respect of the

sale of brand-new vehicles, specifically regarding the so-called “Fundo Estrela”, a

capitalization fund, which is totally pegged to the policies of the manufacturer. It

has been effectively concluded then that there is a significant alteration in the

financial indicators of the dealerships, causing changes to their working capital

and liquidity needs, on account of the conditions undertaken.

Key words: Working capital management. Liquidity. Dynamic model. Dealerships, Fundo Estrela.

Page 8: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Ciclo operacional.................................................................... 27

FIGURA 2 – Ciclo econômico...................................................................... 28

FIGURA 3 – Ciclo financeiro....................................................................... 29

FIGURA 4 – Exemplo do cálculo da quota de participação com a

utilização de valores hipotéticos............................................................

65

FIGURA 5 - Concessionária com saldo disponível no fundo na data da

emissão da nota fiscal fatura.................................................................

69

FIGURA 6 - Concessionária com saldo indisponível no fundo na data da

emissão da nota fiscal fatura.................................................................

70

Page 9: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadros

QUADRO 1 - Políticas de investimento em capital de giro.............................. 30

QUADRO 2 - Tipos de estrutura e situação financeira.................................... 46

QUADRO 3 - Distribuição das concessionárias da marca Mercedes Benz

da DaimlerChrysler no Brasil...................................................................

60

Tabelas

TABELA 1 - Perfil e distribuição das concessionárias associadas no

território brasileiro.......................................................................................

20

TABELA 2 - Percentuais de remuneração da concessionária, no

faturamento de veículos comerciais para estoque.....................................

71

TABELA 3 - Percentuais de remuneração da concessionária no

faturamento da fábrica para o consumidor final.........................................

72

TABELA 4 - Demonstrativo dos saldos de Fundo Estrela das

concessionárias..........................................................................................

75

TABELA 5 - Reclassificação de contas da Concessionária 1......................... 76

TABELA 6 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 1....................... 77

TABELA 7 - Reclassificação de contas da Concessionária 2......................... 78

TABELA 8 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 2....................... 79

TABELA 9 - Reclassificação de contas da Concessionária 3......................... 80

TABELA 10 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 3..................... 81

TABELA 11 - Reclassificação de contas da Concessionária 4....................... 82

TABELA 12 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 4..................... 83

TABELA 13 - Reclassificação de contas da Concessionária 1....................... 84

TABELA 14 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 1..................... 85

TABELA 15 - Reclassificação de contas da Concessionária 2....................... 86

TABELA 16 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 2..................... 87

TABELA 17 - Reclassificação de contas da Concessionária 3....................... 88

TABELA 18 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 3..................... 89

TABELA 19 - Reclassificação de contas da Concessionária 4....................... 90

TABELA 20 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 4..................... 91

TABELA 21 - Fundo classificado em aplicação financeira.............................. 92

TABELA 22 - Fundo classificado no contas a receber................................... 93

Page 10: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC Ativo circulante

ACF Ativo circulante financeiro

ACO Ativo circulante operacional

ANFAVEA Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

AP Ativo permanente

ARLP Ativo realizável a longo prazo

CCC Conta corrente contratual

CCG Conta corrente garantida

CCL Capital circulante líquido

CDI Certificado de depósito interbancário

CF Ciclo financeiro

CGL Capital de giro líquido

CGP Capital de giro próprio

CP Curto prazo

EBIT Lucro bruto operacional

EBITIDA Earnings before interests, taxes, depreciation and amortization

ELP Exigível a longo prazo

EVA Valor econômico agregado

FENABRAVE Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores

FLP Financiamento de longo prazo

IBRE/FGV Instituto Brasileiro de Economia - Fundação Getúlio Vargas

ICMS Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços

IPI Imposto sobre produtos industrializados

IR Imposto de renda

IRPJ Imposto de renda de pessoa jurídica

ISEF Indicador da saúde econômico-financeiro das empresas

LP Longo prazo

MPE Micro e pequena empresa

MVA Market value added

NCG Necessidade de capital de giro

Page 11: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

OCT Ordem de crédito por teleprocessamento

PC Passivo circulante

PCF Passivo circulante financeiro

PCO Passivo circulante operacional

PELP Passivo exigível a longo prazo

PL Patrimônio líquido

PIB Produto interno bruto

PME Prazo médio de estocagem

PMP Prazo médio de pagamento

PMR Prazo médio de recebimento

ROI Return on investment - Rendibilidade do investimento

ROIC Retorno sobre capital investido dos novos investimentos

SINCODIV SINCODIV-MG – Sindicato de Concessionárias e Distribuidores

de Veículos de Minas Gerais

T Saldo de tesouraria

Te Tendência

TSF Termômetro da situação financeira

Page 12: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 13

1.1 Questão norteadora................................................................................. 15

1.2 Objetivo principal...................................................................................... 15

1.3 Objetivos secundários.............................................................................. 15

1.4 Justificativa do estudo.............................................................................. 16

1.4.1 Relevância da administração financeira................................................ 16

1.4.2 Relevância do setor............................................................................... 18

2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................... 24

2.1 A administração financeira e a importância do capital de giro................. 24

2.1.1 O capital de giro.................................................................................... 25

2.1.2 Ciclo operacional................................................................................... 26

2.1.3 Ciclo econômico.................................................................................... 27

2.1.4 Ciclo financeiro...................................................................................... 28

2.2 Análise dinâmica...................................................................................... 36

2.2.1 Necessidade de capital de giro (NCG).................................................. 38

2.2.2 Saldo de tesouraria (T).......................................................................... 39

2.3 Capital circulante líquido (CCL)................................................................ 42

2.4 Capital de giro próprio (CGP)................................................................... 42

2.5 Exigível a longo prazo (ELP).................................................................... 45

2.6 Termômetro da situação financeira (TSF)................................................ 46

2.7 Tipos de estruturas financeiras................................................................ 46

2.8 Efeito tesoura........................................................................................... 49

2.9 Administração do capital de giro.............................................................. 50

2.10 Aplicações do Modelo Dinâmico............................................................ 55

3 METODOLOGIA.......................................................................................... 59

4 ESTUDO DE CASO.................................................................................... 63

4.1 Especificidades das concessionárias Mercedes Benz............................. 63

4.1.1 Definição do Fundo Estrela................................................................... 63

Page 13: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

4.1.2 Recursos que formam o Fundo Estrela................................................. 64

4.1.3 Cálculo da quota de participação de cada concessionária no Fundo

Estrela............................................................................................................

65

4.1.4 Funcionamento do Fundo Estrela......................................................... 66

4.1.5 Contas correntes................................................................................... 67

4.1.6 Administrador, remuneração e custo financeiro dos recursos do

Fundo Estrela.................................................................................................

67

4.1.7 Inadimplência no Fundo Estrela............................................................ 68

4.1.8 Fluxo do funcionamento do Fundo Estrela............................................ 68

4.1.9 Política comercial da Mercedes Benz com as concessionárias............ 71

4.2 Desenvolvimento do estudo de caso....................................................... 72

4.2.1 - Demonstrativo dos Saldos de Fundo Estrela das Concessionárias... 75

4.2.2 Concessionária 1 - demonstrações contábeis reclassificadas no

Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira........

76

4.2.3 Concessionária 2 – demonstrações contábeis reclassificadas no

Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira........

78

4.2.4 Concessionária 3 - Demonstrações contábeis reclassificadas no

Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira........

80

4.2.5 Concessionária 4 – Demonstrações contábeis reclassificadas no

Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira........

82

4.2.6 Concessionária 1 – demonstrações contábeis reclassificadas no

Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber.............

84

4.2.7 Concessionária 2 – demonstrações contábeis reclassificadas no

Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber.............

86

4.2.8 Concessionária 3 – demonstrações contábeis reclassificadas no

Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber.............

88

4.2.9 Concessionária 4 - Demonstrações contábeis reclassificadas no

Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber.............

90

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS..................................................... 94

6 CONCLUSÕES........................................................................................... 97

REFERÊNCIAS.............................................................................................. 103

Page 14: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

13

1 INTRODUÇÃO

A administração do capital de giro eficaz é um dos pilares da gestão

financeira, em função do seu impacto sobre o equilíbrio e a estabilidade das

organizações. Trata-se da adequada coordenação entre ativos e passivos

cíclicos, visando à manutenção dos níveis de liquidez, solvência e crescimento

das empresas.

O objetivo de manter o equilíbrio financeiro é garantir a continuidade

operacional e, conseqüentemente, a sobrevivência das empresas. Paralelamente,

as políticas de gestão do capital de giro têm que atender as condições gerais do

mercado financeiro no momento da realização de suas operações e as práticas

comerciais do segmento empresarial em que atua, levando em consideração a

força de negociação dos fornecedores, clientes e concorrência.

Segundo Assaf Neto e Silva (2002), o capital de giro é a parcela mais

significativa dos ativos investidos em uma empresa, pois se trata de um dos

indicadores de mais importância, que permitirá às empresas a iniciativa de

mudanças táticas e estratégicas de cunho operacional, podendo influenciar de

maneira acentuada suas ações voltadas ao mercado. Desta forma, o capital de

giro demanda um esforço de administração devido à necessidade de

acompanhamento contínuo, pois é diretamente impactado pelas decisões táticas

e operacionais da empresa, ao contrário dos investimentos permanentes ou fixos

que normalmente estão ligados às decisões estratégicas cuja freqüência é menor.

Ressalta-se a constatação de Vieira (2005) sobre a valorização dos

estudos sobre administração do capital de giro: “um dos temas que vêm

Page 15: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

14

recebendo crescente interesse é o da administração do capital de giro, devido às

suas implicações sobre o equilíbrio e a estabilidade financeira da organização”

(VIEIRA, 2005 p. 32).

O capital de giro consiste nos recursos aplicados no ciclo operacional

da empresa visando à manutenção de determinado nível de atividade, tratando os

ativos e passivos circulantes como interdependentes.

A gestão inadequada do capital de giro normalmente implicará

problemas de liquidez, podendo chegar à insolvência.

A necessidade de capital de giro de uma empresa e a variação dessa

necessidade estão diretamente ligadas a fatores internos e externos, como:

volume de vendas, política de concessão de crédito, gestão de estoques,

sazonalidades de mercados, oscilações da economia em função de políticas

governamentais ou crises sistêmicas, etc.

Importante considerar também que as altas taxas de juros e seus

reflexos via custo do capital de giro são bastante relevantes nos resultados das

indústrias, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Economia – Fundação

Getúlio Vargas (IBRE/FGV, 2002). E a escassez de recursos de crédito a serem

disponibilizados para os setores produtivos da economia, confirmada pela baixa

relação entre as operações de crédito e o produto interno bruto (PIB) no Brasil

(GALVÃO et al., 2006), limita a capacidade das empresas de recorrerem a

recursos de terceiros.

Nesse contexto, o esforço de conhecer, controlar e dimensionar o

capital de giro torna-se muito importante para a administração financeira,

representando uma das questões de grande relevância no cenário atual.

Page 16: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

15

1.1 Questão norteadora

A questão que se faz é se as políticas comerciais e financeiras

impostas pela montadora provocam alterações sobre situação financeira, liquidez

e a forma de administrar o capital de giro, especificamente de concessionárias

autorizadas da marca Mercedes Benz da DaimlerChrysler do Brasil.

1.2 Objetivo principal

• Análise das variáveis, restrições e possibilidades de administração do

capital de giro e dimensionamento da necessidade de capital de giro das

concessionárias autorizadas de veículos comerciais da marca Mercedes

Benz da DaimlerChrysler do Brasil.

1.3 Objetivos secundários

• Identificar os efeitos da política comercial e financeira adotada para a

comercialização de veículos novos sobre a situação financeira e capital de giro

das concessionárias autorizadas da marca Mercedes Benz da DaimlerChrysler

do Brasil.

• Identificar os principais elementos do ciclo financeiro da concessionária.

• Identificar o impacto na capacidade de pagamento das concessionárias.

Page 17: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

16

1.4 Justificativa do estudo

1.4.1 Relevância da administração financeira

A maximização da riqueza dos acionistas é o objetivo principal da

administração financeira (BRIGHAM; HOUSTON, 1999, p.11), maximizando o

valor das empresas. Em empresas constituídas por ações negociadas no

mercado, o sucesso na maximização da riqueza é verificado na valorização da

cotação das ações. Por sua vez, os preços das ações são fortemente

influenciados pela capacidade da empresa de gerar rendimentos futuros de

acordo com os riscos assumidos.

A teoria de finanças divide a administração financeira em três áreas,

consideradas os três grandes pilares da disciplina: decisão de investimento,

decisão de financiamento e decisão de dividendos. Toda decisão tomada nessas

áreas deverá ser realizada com o objetivo de maximizar o valor para os

acionistas, que é alcançado maximizando-se o valor das ações da empresa.

As decisões de investimento são de suma importância nos resultados

das empresas, afetando os riscos assumidos, a geração de resultados e o valor

das empresas. A manutenção do equilíbrio financeiro envolve a adequação da

maturidade dos passivos à capacidade de geração de caixa dos ativos. As

decisões de financiamento devem ser tomadas levando-se em conta as

características das atividades da empresa, do setor e as suas condições de

acesso ao mercado financeiro. As decisões de distribuição de lucros – a política

de dividendos – devem ser analisadas com o devido cuidado, apesar de serem

aparentemente independentes das atividades em curso, pois estariam sendo

Page 18: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

17

distribuídos resultados de exercícios passados. Parcela significativa dos recursos

disponíveis para investimento é oriunda dos resultados anteriores. Destarte,

apesar da divisão da administração financeira em três áreas, as decisões devem

ser tomadas sempre se analisando o todo.

O processo de planejamento financeiro é uma grande fonte de

contribuição para o sucesso organizacional. O planejamento financeiro de curto

prazo tem como foco a administração do capital de giro da empresa. Segundo

Gitman (1997 p.618), “a administração financeira de curto prazo – administração

dos ativos e passivos circulantes - constitui uma das mais importantes atividades

dos administradores financeiros, à qual dedicam mais de 60% de seu tempo de

trabalho”. Desta forma, a administração do capital de giro na empresa é uma

variável estratégica, fundamental para a própria continuidade de suas atividades,

pois uma empresa pode conseguir sobreviver a alguns exercícios sociais sem

lucro, mas efetivamente “quebra” se não tiver caixa. Em outras palavras, a

rentabilidade garante a sobrevivência em longo prazo, mas a liquidez é

imprescindível a curto prazo.

O capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa

para financiar suas necessidades operacionais, que vão desde a aquisição de

matérias-primas (mercadorias) até o recebimento pela venda do produto acabado

(SILVA, 2002, p. 35). Outra definição de capital de giro são os recursos

financeiros aplicados pela empresa na execução do ciclo operacional de seus

produtos, recursos estes que serão recuperados financeiramente ao final deste

ciclo. A estratégia de administração do capital de giro é um planejamento que

estabelece um curso de ação para lidar com ativos e passivos correntes.

Page 19: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

18

1.4.2 Relevância do setor

O segmento automobilístico é composto de três grandes integrantes,

que são os fabricantes de autopeças, as montadoras de veículos e as

concessionárias (distribuidores varejistas de veículos). Pode-se identificar com

certa facilidade que as montadoras são o elo mais forte da cadeia, visto que são

corporações transnacionais.

As concessionárias, de acordo com os estudos conduzidos pela

Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRAVE), são

empresas de capital nacional, majoritariamente familiares e encontram-se em

pleno processo de mudança em face das exigências das montadoras de

reposicionamento para menores margens na comercialização de veículos novos,

agregação de valor em serviços e a entrada da Internet como novo canal de

distribuição de produtos e serviços.

Em estudo específico do setor, Arbix e Veiga (2000) são contundentes

ao afirmar:

As estimativas indicam que a cada ano a indústria automotiva consome mais de um trilhão de dólares para produzir 50 milhões de veículos no mundo todo. Suas dimensões gigantescas e o imenso fluxo de bens e serviços necessários para mover simultaneamente estruturas de produção e distribuição geraram nos últimos anos uma pressão crescente sobre os padrões de preço, com estreitamento contínuo das margens de lucro, tanto na produção quanto na distribuição. Porém, essa diminuição da margem de lucro só se realiza de forma assimétrica. Pela posição-chave que sempre ocuparam e pelo novo poder que vêm concentrando em anos recentes, as montadoras acabam agindo como juízes na partilha dos custos e benefícios de todo o negócio, tendendo a reter a maior parte do bônus e a descarregar o ônus sobre os elos mais frágeis da cadeia (ARBIX; VEIGA, 2000).

Page 20: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

19

Especificamente para a DaimlerChrysler do Brasil, a adesão ao fundo

de capitalização denominado Fundo Estrela11é um instituto que compõe o

processo de concessão, fazendo parte do acordo da marca com as suas

concessionárias.

As distribuidoras de veículos foram marcadas positivamente pela Lei

Renato Ferrari - Lei 6729/79, que regulamentou e normatizou a relação entre a

fábrica, que concede ao distribuidor o direito de comercialização de seus produtos

e uso da marca, e as distribuidoras, formalizando esta relação por um “contrato de

concessão”, origem da terminologia utilizada de concessionárias.

Conforme dados apresentados pela FENABRAVE, tem-se a seguinte

distribuição territorial para as concessionárias, contemplando todo o seu universo

de veículos, como automóveis, caminhões, ônibus, motocicletas, máquinas

agrícolas e implementos rodoviários.

1 FUNDO ESTRELA – Fundo de capitalização constituído com recursos das concessionárias para garantir a aquisição de veículos novos junto à montadora.

Page 21: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

20

TABELA 1

Perfil e distribuição das concessionárias associadas no território brasileiro

2002 2001 2000

Empregos Concess.

por estado

EmpregosConcess.

por estado

Empregos Concess.

por estado

AC 780 13 840 14 780 13 AL 2.640 44 2.640 44 2400 40 AM 1.740 29 1.740 29 1440 24 AP 600 10 540 9 420 7 BA 12.120 202 10.860 181 10800 180 CE 5.580 93 4.980 83 4440 74 DF 3.060 51 2.760 46 2760 46 ES 5.280 88 5.040 84 4860 81 GO 8.880 148 7.860 131 7260 121 MA 3.720 62 3.720 62 3420 57 MG 30.660 511 28.800 480 28200 470 MT 6.900 115 6.540 109 6000 100 MS 5.460 91 4.920 82 4680 78 PA 4.920 82 4.560 76 3960 66 PB 3.420 57 3.120 52 2700 45 PE 8.160 136 7.620 127 7020 117 PI 2.940 49 2.760 46 2940 49 PR 20.100 335 19.260 321 19560 326 RJ 18.240 304 15.600 260 16440 274 RN 3.060 51 2.820 47 2580 43 RO 3.060 51 3.120 52 2520 42 RR 600 10 660 11 420 7 RS 26.280 438 24.480 408 24120 402 SC 18.300 305 17.640 294 17760 296 SE 2.280 38 2.220 37 1860 31 SP 73.560 1226 70.680 1178 67140 1119 TO 2.220 37 1.740 29 1380 23 TOTAL 274.560 4576 257.520 4292 247860 4131 Fonte: FENABRAVE

Ainda com base nos dados disponibilizados pela entidade de classe, as

concessionárias, de forma geral, são empresas de pequeno e médio porte, de

capital nacional e com grande pulverização nos municípios.

Page 22: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

21

Desta forma, pelos números apresentados e como um serviço

diretamente ligado às montadoras, que são portadoras e canalizadoras de

investimentos de capital, agentes de re-ordenamento da produção global, tendo

forte influência no processo de crescimento econômico e comércio regional e

nacional, esse segmento é um setor relevante e um vasto campo de estudo.

Verifica-se, ainda, que o perfil de pequena e média empresa de capital nacional

atualmente está sendo pressionado por mudanças, seja pelo processo de

concentração no setor automotivo (fusões e participações cruzadas), seja pelos

novos canais de distribuição como a Internet. Pela redução constatada nas

margens, essas empresas encontram-se descapitalizadas, desmotivadas e

confusas no processo de transformação do setor, o que torna oportuno e

relevante para elas o tema de administração financeira, sendo que certamente

poderá ter aplicação prática junto às empresas do setor.

Essas afirmações podem ser constatadas em Arbix e Veiga (2000), de

onde se extraíram os seguintes pontos:

Revenda pelos revendedores O sistema de distribuição no Brasil vem sendo sacudido nos últimos anos por uma profunda mudança estrutural, que resultou na diminuição da rentabilidade da revenda a índices inferiores a outros segmentos da economia e da própria cadeia automotiva.

Competindo com a mesma marca Muitos revendedores acreditam estar no interior de um circulo vicioso. A queda de rentabilidade estaria ligada à fragmentação da rede, o que serviria de estímulo para práticas desgastantes, como a competição entre revendas da mesma marca. O resultado seria um aprofundamento da descapitalização das pequenas e médias empresas, aumentando o seu isolamento, tornando, por sua vez, mais difícil o abatimento de custos a partir de ganhos de escala. Ou seja, não vêem as condições para a deflagração de novos projetos com muitas dificuldades a serem superadas. Como quebrar esse círculo? Sem Capital Muitos se vêem como um departamento de vendas da montadora, levados a engolir veículos indesejados e a comprar peças a preços elevados, com margem de lucro insignificante.

Page 23: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

22

Descapitalizados, sentem-se sem motivação para operar as mudanças necessárias. Suas maiores dificuldades, dizem, concentram-se no alto custo da manutenção de seus estoques (peças e autos), nas áreas de ferramental, adequação do layout, tecnologia e capital de giro (ARBIX; VEIGA, 2000, p.11-12).

O Sindicato das Concessionárias e Distribuidores de Veículos de Minas

Gerais (SINCODIV-MG) apresenta um esquema de recomendações práticas com

o seguinte título: “o que posso fazer pelo meu negócio? Ações práticas para

melhorar o resultado de minha concessionária”, onde se destaca:

Gestão financeira Razão de sucesso ou fracasso da concessionária • Capitalizar-se a qualquer custo. • Análise diária do fluxo de caixa e dos resultados. • Tomar decisão operacional de venda/compra/despesa pelo

fluxo de caixa. • Agir imediatamente sobre os recebíveis atrasados. • Implementar as operações de F&I (financiamento e seguros)

negociando comissões com os fornecedores (www.sincodiv-mg.com.br).

No V Encontro Estadual de Concessionárias e Distribuidores de

Veículos de Minas Gerais, realizado em 2002, foi distribuído um guia prático

chamado Concessionária Enxuta, desenvolvido pela FENABRAVE, onde há um

tópico específico sobre administração pelos fluxos de caixa e que tem como uma

de suas nove premissas de orientação: “gestão pelo caixa é o único modelo

concreto que permite a sobrevivência. Empresa que não gera caixa é ilusão”

(VERDI JR.; PERERA, 2002).

Ainda segundo a FENABRAVE, as concessionárias têm a composição

de seu faturamento distribuído em 68% com veículos novos, 23% com peças e

acessórios, 6% com veículos usados e 3% com oficina.

Page 24: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

23

Obviamente, existem outros aspectos operacionais das

concessionárias, mercado consumidor e relacionamento com as montadoras, que

são abordados nos estudos citados, mas em todos eles a situação financeira das

revendas é destaque comum nos temas descapitalização, capital de giro ou

geração de caixa, questões estas interligadas.

Diante da relevância do tema capital de giro, da importância do setor e

das especificidades no segmento de concessionárias, a presente pesquisa,

através de um estudo de caso utilizando as demonstrações contábeis de quatro

concessionárias e aplicando o Modelo Dinâmico (Modelo Fleuriet), buscou

analisar impactos no capital de giro das concessionárias, ocorridos em função da

exigência da manutenção do fundo de veículos novos – “Fundo Estrela”.

Especificamente, o estudo de caso terá como objeto quatro

concessionárias da marca Mercedes-Benz da DaymlerChrysler – que teve larga

liderança durante décadas no segmento de veículos comerciais (caminhões e

ônibus) no Brasil e no momento se alterna com outra montadora na liderança de

mercado – e o instrumento de provimento de capital de giro para a rede nas

operações de veículos novos denominado “Fundo Estrela”, buscando mensurar

através do Modelo Dinâmico os eventuais efeitos deste sobre o capital de giro

dessas concessionárias.

Fundo Estrela é o fundo de capitalização, formado com parte da comissão

dos revendedores, destinado a manter a capacidade e a liquidez da rede de

concessionáros e a aquisição de veículos novos.

Page 25: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

24

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Administração financeira e a importância do capital de giro

De acordo com Braga (1991, p.1), “a administração do capital de giro

constitui um processo de planejamento e controle dos recursos financeiros

aplicados no ativo circulante das empresas”. Para Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003,

p.12), “o capital de giro é um conceito econômico-financeiro e não uma definição

legal, constituindo uma fonte de fundos permanente utilizada para financiar a

necessidade de capital de giro da empresa”. Mehta (1978, p.11-16) apresenta três

características do capital de giro: curta duração, rápida transformação e formas

inter-relacionadas, formas de ativos e sincronização dos níveis de atividade.

Portanto, constata-se que a administração do capital de giro tem por objetivo gerir

cada uma das contas de ativo e passivo circulantes da empresa, de forma a

manter, considerando-se a visão da empresa em termos do binômio liquidez e

rentabilidade, um mínimo aceitável de capital circulante líquido, este representado

pela diferença entre ativos e passivos circulantes ou pela diferença entre ativos e

passivos não circulantes, conforme propõem Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003).

O investimento em capital de giro é fator crítico no resultado da

empresa:

Decisões de investimento em capital de giro devem também promover a atratividade econômica da empresa, favorecendo sua solvência, sua continuidade e valorização. A definição da política de investimento em capital de giro da empresa, portanto, deve

Page 26: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

25

considerar qual a quantidade de capital de giro necessária para o adequado funcionamento da empresa, ou seja, qual é a melhor relação entre ativos circulantes e ativos totais, a fim de alcançar um equilíbrio entre lucratividade e risco, que contribua positivamente para o valor da empresa (PEREZ; FAMÁ, 2002, p.4).

Brigham e Houston (1999, p. 561) complementam afirmando que a

política para capital de giro envolve duas perguntas básicas: qual é a quantia de

ativos correntes a ser mantida pela empresa, tanto no total como em cada conta

específica, e como os ativos correntes devem ser financiados. Quatro fatores

caracterizam a importância da administração do capital de giro: o tempo dedicado

a essa administração; o investimento em ativos circulantes; a relação entre

crescimento das vendas e os ativos circulantes; e a importância para as pequenas

empresas (WESTON; BRIGHAM, 2000, p. 264).

Os valores alocados em ativos circulantes representam um

investimento substancial em relação ao total dos ativos, devendo ser bem

gerenciado a fim de que se torne um instrumento voltado para a maximização do

valor. Estudos indicam que as empresas investem, em média, 40% dos seus

recursos em ativos circulantes (CHANG; DANDAPANI; PRAKASH, 1995, p. 106).

A gestão do capital de giro é extremamente dinâmica, demandando cuidados por

parte dos administradores financeiros.

2.1.1 O capital de giro

Define-se usualmente o capital de giro de uma empresa como os

investimentos realizados em ativos circulantes de curto prazo, onde se destacam

Page 27: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

26

as contas de caixa, aplicações financeiras, contas a receber e estoques: “capital

de giro ou capital circulante identificam os recursos que giram (ou circulam) várias

vezes em determinado período. Ou seja, corresponde à parcela do capital

aplicada pela empresa em seu ciclo operacional” (ASSAF NETO; MARTINS,

1993, p.276).

Em abordagem mais ampla, a administração do capital de giro abrange

as contas dos ativos e passivos circulantes. Desta forma, calcula-se o “capital de

giro líquido” ou capital circulante líquido (CCL). A diferença “ativos circulantes

menos passivos circulantes” pode ser positiva ou negativa e demonstra qual é a

parcela do ativo circulante que está sendo financiada com recursos de longo

prazo e que excedem as necessidades de financiamento do ativo permanente e

do ativo realizável de longo prazo.

É mister separar o capital de giro fixo, ou permanente, do capital de giro

variável, ou sazonal. O primeiro é o volume de recursos necessários para manter

a empresa em condições normais de funcionamento. Já o segundo é aquele

necessário em função de alterações não rotineiras dos itens que compõem o

circulante.

Na decisão de investimento em capital de giro da empresa, é

importante analisar os ciclos empresariais da empresa. Para tanto, deve-se

identificar os ciclos a seguir.

Page 28: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

27

2.1.2 Ciclo operacional

O ciclo operacional começa com a aquisição da matéria-prima para

produção, no caso de uma empresa industrial, ou com a aquisição de

mercadorias, no caso de uma empresa comercial, e termina com o recebimento

pela venda do produto final. Esse ciclo envolve as etapas produtivas e/ou

comerciais e a financeira, ou seja, engloba os ciclos econômico e financeiro. O

ciclo operacional varia em função do setor de atividade, das características,

estratégias e produtividade da própria empresa.

FIGURA 1 – Ciclo operacional.

Fonte: Matarazzo (2003, p.319).

C O M P R A

VENDA

RECEBI

MENTO

Ciclo Operacional

PMRE PMRV

Page 29: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

28

2.1.3 Ciclo econômico

Este ciclo considera as transações de natureza econômica. Assim, ele

inicia-se na compra das matérias-prima e/ou mercadorias e encerra-se na

realização da venda, desconsiderando quando são realizados os pagamentos e

recebimentos dessas operações.

FIGURA 2 – Ciclo econômico.

Fonte: Assaf Neto (2002, p. 21).

2.1.4 Ciclo financeiro

Compra de Matéria-prima

Início da Fabricação

Fim da Fabricação

Venda Recebimentoda Venda

PME(Mp) PMF PMV PMC

Ciclo Operacional

PMPF

Ciclo Financeiro (Caixa)

Ciclo Econômico

Page 30: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

29

Considera apenas as movimentações financeiras decorrentes do ciclo

econômico. Esse processo inicia-se no primeiro desembolso de caixa e encerra-

se no recebimento efetivo das vendas. O ciclo financeiro informa o intervalo de

tempo em que a empresa irá necessitar de recursos para financiar suas

atividades operacionais.

FIGURA 3 – Ciclo financeiro.

Fonte: Matarazzo (2003, p.319).

Empresas com ciclos financeiros muito curtos requerem menos

investimentos em capital de giro, enquanto empresas que possuem ciclos

financeiros mais longos, com menor rotação de seus elementos, possuem mais

necessidade de investimentos em capital de giro.

C O M P R A

VENDA

RECEBIMENT O

VENDA

Ciclo Operacional

Ciclo de Caixa/financeiro

PAGAMENO COMPRA PMRE PMRV

PMPC

Page 31: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

30

Alterações que venham a produzir-se nas fases operacionais também modificam o volume de capital necessário ao giro. Ao se verificarem reduções nos prazos de pagamentos a fornecedores ou acréscimos nos prazos de estocagem e cobrança, para citar alguns exemplos, o investimento necessário em capital de giro eleva-se, indicando maior demanda por recursos permanentes de financiamento (ASSAF NETO; MARTINS, 1993, p.20).

Pode-se identificar a política de investimento em capital de giro de uma

empresa analisando-se o montante de recursos aplicados em ativos correntes. As

empresas possuem diferentes alternativas de políticas. Tais políticas diferem

umas das outras pelos diferentes volumes de ativos correntes que são utilizados

para sustentar qualquer nível dado de vendas e atividade. O Quadro 1 caracteriza

as políticas de investimento em capital de giro.

QUADRO 1

Políticas de investimento em capital de giro

Políticas flexíveis Políticas restritivas Manutenção de saldos elevados de caixa e aplicações financeiras

Manutenção de saldos reduzidos de caixa e nenhuma aplicação financeira

Investimentos elevados em estoques Pequenos investimentos em estoques

Concessão de crédito em condições liberais, resultando em elevadas contas a receber

Não realização de vendas a prazo; portanto, nenhum investimento em contas a receber.

Fonte: Souza e Menezes (1997, p.29).

Brigham e Houston (1999) identificam uma terceira política de

investimento em capital de giro, classificando-as em:

Page 32: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

31

Política Liberal – política na qual são mantidas quantias relativamente grandes em caixa, títulos negociáveis e estoques e em que as vendas são estimuladas por uma política de crédito liberal, resultando em um alto nível de contas a receber. Política Agressiva – política na qual os volumes de caixa, títulos, estoques e contas a receber são minimizados. Política Moderada – política que está entre as políticas liberal e agressiva (BRIGHAM; HOUSTON, 1999, p.562).

Toda teoria em finanças é baseada na relação direta entre risco e

retorno, ou seja, as decisões financeiras - incluindo aquelas de capital de giro -

são baseadas no binômio risco e retorno (ASSAF NETO; MARTINS, 1993, p.22).

O retorno pode ser considerado o resultado apurado em determinado período, ou

seja, receitas menos custos e despesas, ou ainda pela concepção de variação de

valor da empresa entre dois períodos considerados. Já o risco pode ser

considerado como a probabilidade de a empresa tornar-se insolvente, isto é,

incapaz de pagar suas contas nos respectivos vencimentos. Ao minimizar o

montante alocado em capital de giro, uma empresa certamente incorre em riscos

mais altos de não ter recursos para honrar seus compromissos. Por outro lado,

quando opta por manter maiores volumes de capital de giro líquido, maior é sua

segurança financeira, portanto, menor é seu risco de insolvência. Assaf Neto e

Martins (1993) ressaltam que a maior segurança conseguida por uma folga

financeira incorpora um custo de oportunidade mais elevado, pressionando

negativamente os resultados.

Por definição, os ativos permanentes (máquinas, instalações, etc.) são

os fatores que determinam a rentabilidade das empresas, pois se considera que

são eles que permitem a agregação de valor aos produtos e/ou mercadorias

vendidos. Os investimentos nesse tipo de ativo são responsáveis pelo nível de

rentabilidade que a empresa pode alcançar.

Page 33: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

32

Quando o índice ativo circulante/ativo total aumenta, o risco e o retorno decrescem. A lucratividade é reduzida porque os ativos circulantes são menos rentáveis do que os ativos permanentes. O risco diminui porque, supondo não haver alteração nos passivos circulantes, o aumento nos ativos circulantes eleva o nível de CCL. Ocorrendo diminuição no índice ativo circulante/ativo total, haverá um retorno maior da empresa, já que os ativos não circulantes geram maiores retornos do que os ativos circulantes. O risco crescerá, pois o CCL diminui com a redução dos ativos circulantes (SOUZA; MENEZES, 1997, p.5).

As elevações na liquidez da empresa ocorrem em detrimento do

investimento em ativos permanentes. Assim, elevações do CCL devem, via de

regra, acometer a rentabilidade, como preconiza a teoria financeira.

As políticas de capital de giro envolvem todas as atividades da

empresa. Assaf Neto (2000, p.171) identificou os seguintes custos decorrentes do

investimento em capital de giro:

• Custo de oportunidade – definido pelos ganhos decorrentes da melhor

alternativa não aproveitada. Quanto maior o investimento em capital de

giro, mais alto se apresenta o seu custo de oportunidade, ou custo de

carregamento.

• Custo de manutenção – de ativos circulantes, identificado, por exemplo,

nos gastos em manutenção de estoques de matérias-primas e produtos

para vendas, carteiras de valores a receber de vendas a prazo e assim por

diante.

• Custo de falta – determinado pelo investimento insuficiente em capital de

giro. Por exemplo, uma empresa pode perder vendas pela falta de

estoques ou de capital para conceder crédito ao comprador.

Page 34: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

33

Em períodos de alta inflação, como os existentes nas décadas

passadas no Brasil, deve-se considerar também como custo a inexistência de

correção monetária de alguns itens que compõem o ativo circulante.

Outro custo que deve ser considerado pelo administrador financeiro ao

estabelecer a política de investimentos em capital de giro da empresa está no fato

de que, ao financiá-lo com recursos de longo prazo, em tese estará contratando

um financiamento mais oneroso do que o financiamento com passivos circulantes,

porém, livrando-se da dependência financeira de renovação de suas dívidas de

curto prazo.

Uma empresa deve investir em capital de giro, enquanto o retorno marginal dos ativos correntes se mantiver acima do custo dos recursos alocados para seu financiamento. Apesar da quantificação dessas medidas de custo e retorno nem sempre serem operacionalmente simples, a proposição é relevante, principalmente como uma orientação teórica para as decisões que envolvem investimentos em capital de giro (ASSAF NETO; MARTINS, 1993, p.13).

Algumas variáveis influenciam diretamente na definição do volume de

investimento em capital de giro. As empresas devem considerar na definição do

seu capital de giro o volume das suas vendas, a tendência das vendas

(crescimento ou diminuição de volume), o seu ciclo financeiro, a sazonalidade dos

negócios, os aspectos econômicos (crescimento, recessão, alterações de

mercado), os aspectos tecnológicos, as condições negociais, o risco e a

previsibilidade do fluxo de caixa.

Existem outros motivos que, apesar de não influenciarem diretamente a

política de capital de giro, induzem as empresas a manterem maiores volumes de

recursos com liquidez imediata. Fornecedores costumam oferecer aos seus

clientes descontos para pagamento antecipado das contas. Saldos mais altos em

Page 35: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

34

ativos circulantes ajudam a empresa a manter uma boa classificação de crédito,

permitindo-lhe comprar mercadorias a prazo junto aos fornecedores e manter

linhas de crédito junto às instituições financeiras. Surgem as oportunidades de

negócios passíveis de aproveitamento e a ocorrência de situações não previstas,

tais como emergências e variações não previstas no mercado.

A necessidade de investimento em capital de giro e o ciclo financeiro de

uma empresa são explicitamente relacionados na equação do ciclo financeiro:

CF = PMR + PME – PMP (1)

onde:

CF = Ciclo financeiro

PMR = Prazo médio de recebimento

PME = Prazo médio de estocagem

PMP = Prazo médio de pagamento

Nesta equação, verifica-se que os administradores da empresa, caso

queiram reduzir sua necessidade de investimento em capital de giro através da

redução do ciclo financeiro, possuem ingerência direta nos prazos médios de

estocagem e produção refletidos em seu ciclo econômico. Desta forma, a partir de

um incremento nos padrões de produtividade da empresa, pode-se reduzir seu

ciclo econômico, minimizando, assim, seu ciclo financeiro, sem o envolvimento

dos agentes externos (clientes e fornecedores). Para definição da política de

investimento em capital de giro da empresa, deve-se também considerar o perfil

conjuntural e estrutural desta, suas características de negócio e suas estratégias

de investimento (BRASIL; BRASIL, 2000), ou seja:

É preciso considerar a estratégia geral de aplicação de capital; tipo de negócio; grau de crescimento pretendido; medidas de impacto que o nível de crescimento exigirá da área financeira, especialmente no que diz respeito às necessidades de capital de giro e estrutura de capital (SOUZA; MENEZES, 1997, p.30).

Page 36: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

35

A maioria das empresas possui ciclo financeiro positivo. Ao elevarem

suas receitas, apresentam crescimento de suas necessidades de investimento em

capital de giro. Esse crescimento tem que ser acompanhado por um crescimento

do CCL ou então a empresa poderá enfrentar dificuldades financeiras. Desta

forma, é imperioso acompanhar o volume marginal de vendas e das necessidades

de capital de giro.

Algumas empresas possuem perfil operacional diferente, como, por

exemplo, os supermercados. Elas possuem ciclo financeiro negativo, ou seja, à

medida que aumentam suas vendas, também aumentam suas disponibilidades

financeiras, geradas pelo próprio crescimento operacional, aumentando as fontes

de recursos disponíveis para investimentos. Assim, não precisa realizar uma

gestão rigorosa das suas necessidades de capital de giro.

No balanço patrimonial sente-se o reflexo do ciclo financeiro e suas modificações nos valores das chamadas contas cíclicas do ativo e do passivo, principalmente aquelas ligadas aos clientes, estoques, fornecedores, salários, encargos, impostos ou quaisquer outras que guardem afinidade com a produção. O ciclo financeiro, medido pela diferença entre os valores das contas cíclicas do ativo e as do passivo, guarda estreita relação com o ciclo econômico da empresa e seus registros permitem não só fazer medida daquele, mas também constatar as modificações ocorridas (redução ou alongamento do ciclo) (BRASIL; BRASIL, 2000, p.44).

Empresas de maior porte possuem mais poder para transferir parte de

seu ciclo financeiro para seus fornecedores, clientes ou, ainda, em caso de

multinacionais, para suas matrizes. As pequenas acabam sendo mais vulneráveis

a pressões, portanto, operam com mais riscos, devendo também adotar políticas

mais flexíveis de investimento em capital de giro.

Page 37: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

36

Outro aspecto relevante é a falta de sincronia temporal entre o ativo

circulante e o nível de atividade da empresa. Pois, se a atividade de seus

elementos ocorresse de forma perfeitamente sincronizada, não haveria

necessidade de investir recursos em capital de giro. Por exemplo, se as

atividades de produção e vendas ocorressem de maneira mais integrada, não

haveria necessidade de investimentos em estoques de produtos acabados. Desta

forma, a falta de sincronia entre as atividades de produção, vendas e cobrança é

uma importante variável no dimensionamento dos investimentos em capital de

giro. Quanto maior a falta de sincronia, mais flexível deve ser a política de capital

de giro da empresa. Acrescentam Brigham e Houston:

Sob condições de certeza – quando as vendas, os custos, os tempos de espera por encomendas, os períodos de pagamento, etc. são conhecidos com certeza, todas as empresas manteriam somente níveis mínimos de ativos circulantes. Quaisquer volumes maiores aumentariam a necessidade de financiamento externo, sem contrapartida nos lucros, ao passo que volumes menores acarretariam atrasos nos pagamentos a mão-de-obra e fornecedores, bem como vendas perdidas devido à falta de estoques e a uma política de crédito demasiadamente restritiva (BRIGHAM, HOUSTON; 1999. p.562).

Portanto, quanto maiores forem as incertezas interna e externa da

empresa, mais “flexível” deve ser a política adotada por ela, de forma que ela

possa operar com mais segurança em face das flutuações operacionais e de

mercado.

2.2 Análise dinâmica

Page 38: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

37

Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003), em seus estudos sobre gestão

financeira de empresas, descreveram um modelo de análise dinâmica da situação

financeira das organizações. Baseado em suas idéias, outros autores, como

Braga (1991), Brasil e Brasil (2000) e Silva (2002), aperfeiçoaram o modelo,

aplicando-o e divulgando-o. Ao desenvolvê-lo, Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003)

acrescentaram ao conceito clássico de capital de giro líquido (CGL) os conceitos

de necessidade de capital de giro (NCG) e saldo de tesouraria (T). Para isso,

reclassificaram as contas do ativo e passivo conforme a realidade das empresas,

em que as contas são classificadas de acordo com o seu ciclo. Certas contas,

quando analisadas isoladamente ou em relação ao conjunto de outras,

apresentam movimentação tão lenta que, em análise de curto prazo, podem ser

consideradas permanentes ou não cíclicas. Por outro lado, outras contas estão

relacionadas com o ciclo operacional do negócio e apresentam movimento

contínuo e cíclico.

Para fazer uso do Modelo Dinâmico de análise financeira, faz-se

necessário reclassificar as contas do balanço patrimonial em contas circulantes e

não circulantes. O grupo dos ativos circulantes é composto dos ativos circulantes

operacionais (cíclicos) e ativos circulantes financeiros (erráticos). O ativo

circulante operacional é o investimento orientado para as atividades operacionais

da empresa, como compra, produção, estocagem e venda do produto, enquanto o

passivo circulante operacional é a fonte denominada passivo de funcionamento,

ou seja, contas como salários, fornecedores e impostos. O ativo circulante

financeiro representa as contas de natureza financeira, como os valores

disponíveis e as aplicações de recursos de curto prazo da organização, enquanto

o passivo circulante financeiro compreende as fontes de financiamento

Page 39: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

38

representadas pelos empréstimos bancários, desconto de títulos e outras

operações que não estão diretamente relacionadas com o ciclo operacional da

empresa.

O grupo dos ativos não circulantes é composto dos ativos realizáveis

em longo prazo e pelos ativos permanentes, enquanto o grupo dos passivos não

circulantes é composto dos passivos exigíveis em longo prazo, pelos resultados

de exercícios futuros e pelo patrimônio líquido da empresa.

Baseado nessa reclassificação, chega-se às variáveis utilizadas na

análise dinâmica do capital de giro: NCG, T, CCL, capital de giro próprio (CGP),

financiamento de longo prazo (FLP) e termômetro da situação financeira (TSF).

2.2.1 Necessidade de capital de giro (NCG)

É o elemento fundamental para avaliar-se a situação financeira das

organizações. O seu valor revela o montante necessário de recursos para manter

o giro dos negócios. As contas que compõem a necessidade líquida de capital de

giro representam operações de curto prazo e de retornos rápidos, sendo

totalmente diferentes das que compõem o ativo permanente, pois estas resultam

de decisões de longo prazo, com perspectiva bastante lenta para a recuperação

do capital investido (SANTI FILHO; OLINQUEVITCH, 1995).

Na maioria das empresas, as saídas de caixa ocorrem antes das

entradas, impondo-se a necessidade permanente de aplicação de fundos,

evidenciada pela diferença entre o valor das contas operacionais do ativo

circulante e das contas operacionais do passivo circulante. O ativo circulante

Page 40: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

39

operacional (ACO) é o investimento que decorre automaticamente das atividades

de compra/produção/estocagem/venda, enquanto o passivo circulante operacional

(PCO) é o financiamento, também automático, que decorre dessas atividades. O

ACO compreende os saldos das contas relacionadas com as atividades

operacionais, tais como: estoques, duplicatas a receber, despesas antecipadas,

etc. O PCO é formado pelos passivos em funcionamento, que normalmente são

de curto prazo, como: duplicatas a pagar, impostos incidentes sobre as

operações, salários, taxas, contribuições sociais, contas a pagar diversas, etc. A

diferença entre os investimentos (ACO) e financiamentos (PCO) oriundos das

atividades da empresa resulta no valor que a empresa necessita para financiar o

giro, denominada NCG, conforme a equação 2.

NCG = ACO – PCO (2)

Alterações nas políticas de compras, estocagem e crédito podem

produzir efeitos imediatos sobre o fluxo de caixa e sobre a NCG, ressaltando-se a

importância desse tipo de análise para se caracterizar o equilíbrio financeiro de

curto prazo das organizações. Quando o saldo dessa variável é positivo, a

empresa tem necessidade de financiamento para o giro, devendo encontrar fontes

adequadas para tal. Por outro lado, quando o saldo é negativo, significa que as

fontes de capital de giro são superiores às aplicações de capital de giro e a

organização não necessita de recursos para financiar suas atividades

operacionais, dispondo, inclusive, de recursos para financiar aplicações de outra

natureza. A NCG é influenciada pela natureza e pelo nível de atividades dos

negócios da empresa, sendo afetada pelas mudanças que ocorrem na economia.

A natureza dos negócios determina seu ciclo financeiro, enquanto o nível de

atividade é função das vendas.

Page 41: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

40

2.2.2 Saldo de tesouraria (T)

Essa variável identifica o grau de utilização de recursos de terceiros de

curto prazo para financiar as necessidades de capital de giro. O saldo de

tesouraria é definido como a diferença entre o ativo circulante financeiro (ACF) e o

passivo circulante financeiro (PCF), de acordo com a equação 3.

T = ACF – PCF (3)

O ACF é de natureza errática e constitui-se de elementos

essencialmente financeiros, como caixas e bancos, aplicações financeiras, etc. O

PCF também se comporta de maneira errática e abrange os empréstimos

bancários de curto prazo, duplicatas descontadas (reclassificadas do ativo para o

passivo circulante), dividendos a pagar, imposto de renda a pagar, títulos a pagar.

De acordo com Assaf Neto e Silva (2002, p. 54), “esse grupo não denota qualquer

comportamento preestabelecido, variando mais estritamente em função da

conjuntura e do risco de maior ou menor liquidez que a empresa deseja assumir”.

Se o saldo é positivo, significa que a organização conta com uma folga

financeira, ou seja, com recursos financeiros aplicados no curto prazo; caso

contrário, significa que recursos financeiros de curto prazo estão financiando as

atividades operacionais da organização. Se o CCL é insuficiente para financiar a

NCG, o T será negativo, com o passivo errático maior do que o ativo errático.

Essa condição indica que a empresa está financiando parte de sua necessidade

de capital e/ou o ativo permanente com recursos de curto prazo, aumentando seu

risco de insolvência. Quando o T é positivo, a empresa dispõe de recursos de

Page 42: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

41

curto prazo que poderão ser aplicados no mercado financeiro ou investidos nas

suas operações.

Contudo, Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003, p.14) chamam a atenção para

T positivo e elevado: Um T positivo e elevado não significa necessariamente uma

condição desejável para as empresas; pelo contrário, pode significar que a

empresa não está aproveitando as oportunidades de investimento propiciadas por

sua estrutura financeira, caso em que o T “engorda” por falta de uma estratégia

dinâmica de investimentos.

Alternativamente, T pode ser calculado pela diferença entre o CCL e a

NCG, ou seja:

T = CGL – NCG (4)

É de suma importância o acompanhamento da evolução de T, a fim de

evitar que permaneça constantemente negativo e crescente. Caso a empresa não

consiga que o seu autofinanciamento cresça na mesma proporção do seu

crescimento da NCG, T se tornará cada vez mais negativo com o crescimento das

vendas, acarretando o que Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003) denominaram de

efeito tesoura. O efeito tesoura ocorre quando a empresa financia a maior parte

da NCG com recursos de curto prazo.

Acrescentam Marques e Braga (1995) que o T pode sinalizar o grau de

adequação da política financeira empregada pela administração. Quando positivo,

indica disponibilidade de recursos para garantir a liquidez de curtíssimo prazo do

empreendimento. Caso seja negativo, pode evidenciar dificuldades financeiras

iminentes, em especial por ocasião da manutenção de saldos negativos

sucessivos e crescentes. O acompanhamento da evolução do T, no decorrer de

Page 43: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

42

exercícios sociais sucessivos, bem como das causas das eventuais alterações de

tendências percebidas, representa o cerne do Modelo Fleuriet.

Segundo Santi Filho e Olinquevitch (1995),

[...] o resultado da tesouraria deve ser analisado com cautela, ou seja, se existe folga financeira deve expressar um saldo de aplicações financeiras ou de outros ativos com elevada liquidez e adequada remuneração, o que não seria o mesmo para uma tesouraria positiva, formada por elevados saldos em contas obscuras como ‘outros créditos’, que poderiam esconder recursos que jamais serão realizados. Da mesma forma, uma tesouraria positiva com elevados saldos em disponibilidades também indica gerência ineficiente dos recursos financeiros, uma vez que esses recursos poderiam estar aplicados nos demais ativos da empresa em busca de maior rentabilidade para o negócio (SANTI FILHO; OLINQUEVITCH, 1995).

2.3 Capital circulante líquido (CCL)

O CCL representa uma fonte de fundos permanente da empresa com a

finalidade de financiar sua NCG. Pode ser calculado pela diferença entre o ativo

circulante (AC) e o passivo circulante (PC) ou pela diferença entre o passivo

permanente, representado pela soma do passivo exigível a longo prazo (PELP) e

o patrimônio líquido (PL), e o ativo permanente (AP), representado pela soma do

ativo realizável a longo prazo (ARLP) e o AP, ou seja:

CL = AC – PC (5)

CCL = (PELP+PL) – (ARLP+AP)

O CCL possui certa estabilidade ao longo do tempo, sofrendo

alterações quando a empresa adquire novos investimentos, que podem ser

realizados por meio de autofinanciamento, por empréstimos de longo prazo ou por

aumento do capital social em dinheiro.

Page 44: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

43

2.4 Capital de giro próprio (CGP)

Determina o volume de recursos próprios aplicados no giro dos

negócios e depende do comportamento das contas patrimônio líquido e ativo

permanente. Entre as atividades que reduzem o capital de giro próprio, podem-se

citar os prejuízos, as aquisições de ativos, os investimentos em outros negócios,

os gastos pré-operacionais e a distribuição de lucros. E as que aumentam são os

lucros, as vendas de bens do ativo permanente, a capitalização de recursos por

parte dos sócios e as contas retificadoras de depreciação, amortização e

exaustão. Quando essa conta apresenta saldo positivo, significa que a

organização financiou a totalidade do seu ativo permanente com recursos

próprios e ainda dispõe de uma parcela desses recursos para financiar outras

aplicações; caso contrário, quando o saldo é negativo, significa que o processo de

imobilização da organização consumiu totalmente os recursos próprios e ainda

necessitou de recursos de outra natureza para completar seu financiamento.

O CGP pode ser calculado subtraindo-se do PL o ARLP e o AP:

CGP = PL – (AP+ARLP) (6)

Alternativamente, essa variável pode ser calculada pela diferença entre

o CCL e o passivo exigível a longo prazo, ou seja:

CGP = CCL – ELP (7)

O CGP está diretamente relacionado à capacidade de

autofinanciamento das empresas. É importante ressaltar a necessidade de se

manter um montante mínimo de capital de giro para garantir não somente o

desenvolvimento financeiro e técnico, como também o cumprimento de todas as

Page 45: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

44

aplicações da empresa com recursos obtidos internamente. O capital de giro deve

ser suficiente para financiar todas as variações na estrutura patrimonial fixa. Seu

crescimento deve ser bastante para que a empresa possa realizar todos os seus

investimentos em ativos imobilizados. Somente quando o excesso de capital de

giro sobre o mínimo for insuficiente para cumprir esse objetivo é que a empresa

poderá incrementar seus recursos financeiros permanentes - a menos que haja

uma justificativa em virtude de receitas não operacionais, independentes daquelas

necessárias ao desenvolvimento da atividade principal da empresa. O capital de

giro tem como origem fundamental o autofinanciamento e suas aplicações podem

ocorrer no incremento de ativos imobilizados ou na diminuição do financiamento

básico (patrimônio líquido ou exigível em longo prazo). Em contrapartida, além do

autofinanciamento, outras fontes podem complementá-lo, como a desmobilização

do ativo imobilizado ou o aumento dos recursos permanentes.

Queiroz (1988), embora afirme ser uma importante fonte de recursos

para as empresas, alerta que nem sempre o autofinanciamento é suficiente. O

autor se posiciona de seguinte forma: no sistema aberto de mercado, a expansão

das empresas não está, no entanto, limitada, pelo menos no curto prazo, à sua

capacidade de autofinanciamento. As perspectivas de boa remuneração do

investimento atraem capitais externos dos proprietários ou de terceiros que se

agregam ao processo produtivo.

Brasil e Brasil (2000) afirmam que o autofinanciamento é a principal

fonte de crescimento do capital de giro, quando incorporado ao patrimônio líquido

da empresa. Diferenciam o autofinanciamento da capacidade de

autofinanciamento dizendo que esta última representa recursos que, em parte ou

no todo, estarão disponíveis para distribuição aos acionistas sob a forma de

Page 46: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

45

dividendos; portanto, o autofinanciamento está diretamente ligado à política de

dividendos da empresa.

No estudo do desenvolvimento econômico de uma empresa, é

necessário conhecer as vantagens e desvantagens do processo de

autofinanciamento (GIMENES; GIMENES, 2005). O autofinanciamento é uma

fonte de capital que proporciona mais solidez na estrutura financeira da empresa,

pela maior participação de recursos próprios. Pode ser a única opção da empresa

quando sua rentabilidade é inferior ao custo disponível do capital de terceiros ou

quando seu atual nível de endividamento não permite captar um volume maior de

recursos de terceiros em função do elevado risco financeiro. O autofinanciamento

também permite a recuperação do capital de giro com menos pressão sobre a

liquidez da empresa, podendo a expansão desta ocorrer sem endividamento.

Possui a desvantagem de poder induzir a uma acumulação expressiva de

recursos, podendo produzir reação de aversão total a qualquer nível de

endividamento, fazendo com que, às vezes, a empresa perca oportunidades de

realizar bons investimentos por falta de capital.

2.5 Exigível a longo prazo (ELP)

Esta variável relaciona a conta exigível em longo prazo, cuja presença

na estrutura financeira da empresa revela a existência de fontes de recursos não

exigíveis no próximo período anual, e a conta realizável em longo prazo, que

representa os investimentos de lenta recuperação do capital.

Page 47: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

46

A ELP identifica a presença de fontes ou aplicações de recursos de

longo prazo nas atividades da organização. Se o saldo é positivo, significa que

existem recursos de longo prazo de terceiros financiando as atividades

operacionais da organização; se o saldo é negativo, existem aplicações de longo

prazo exigindo recursos para financiá-las, recursos estes oriundos dos

proprietários, via CGP, ou de terceiros de curto prazo. Tendo em vista que o CCL

é igual ao CGP mais o ELP (MATARAZZO, 2003), chega-se à equação:

ELP = CCL – CGP (8)

2.6 Termômetro da situação financeira (TSF)

O objetivo desta variável é evidenciar o grau de participação dos

recursos de terceiros de curto prazo no financiamento das necessidades de

capital de giro da empresa. A partir dela, pode-se perceber a magnitude do saldo

negativo de tesouraria em relação às necessidades de capital de giro e,

principalmente, sua tendência ao longo do tempo, uma vez que a continuação

desse tipo de financiamento pode conduzir a uma situação de completo

desequilíbrio financeiro. Portanto, calcula-se a referida variável por meio da

divisão de T pela NCG, conforme a equação 9.

TSF = NCG / T (9)

2.7 Tipos de estruturas financeiras

Page 48: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

47

Braga (1991) identificou seis situações possíveis da combinação do

CCL, NCG e T em um dado período. A combinação dessas variáveis determina a

estrutura financeira da empresa, como mostra o QUADRO 2.

QUADRO 2

Tipos de estrutura e situação financeira

Tipo/Item CCL NCG T Situação I + - + Excelente II + + + Sólida III + + - Insatisfatória IV - + - Péssima V - - - Muito Ruim VI - - + Alto risco

Fonte: Marques e Braga (1995).

Empresas que possuem estrutura do tipo I apresentam excelente

situação financeira, em razão do alto nível de liquidez praticado, pois mostram

recursos permanentes aplicados no ativo circulante e, conseqüentemente, boa

folga financeira para honrar as exigibilidades de curto prazo. Apresentam, ainda,

passivos de funcionamento maiores que os ativos circulantes operacionais e

ativos circulantes financeiros, excedendo aos passivos circulantes financeiros.

Esse tipo de configuração pode ser encontrado junto ao setor comercial. De

acordo com Braga (1991), o ciclo de produção e o prazo médio de cobrança

tornam praticamente impossível encontrar empresas industriais com esse tipo de

estrutura.

A estrutura financeira do tipo II caracteriza uma empresa com situação

financeira sólida e representa a posição mais usual encontrada no mundo real. Os

recursos de longo prazo investidos no CCL garantirão a continuidade de um T

favorável, desde que o nível de atividade operacional seja mantido. Caso esse

nível sofra modificações, podem surgir desequilíbrios.

Page 49: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

48

A estrutura financeira do tipo III evidencia uma situação financeira

insatisfatória, uma vez que o CCL é inferior à NCG. Empresas com esse tipo de

estrutura são bastante dependentes de empréstimos bancários de curto prazo

para financiar suas operações. O aumento da vulnerabilidade financeira ocorre à

medida que cresce a diferença entre o CCL e a NCG e, conseqüentemente, é

ampliado o saldo de tesouraria.

A estrutura financeira do tipo IV revela péssima situação financeira, pois

CCL negativo sinaliza que fontes de curto prazo estão financiando investimentos

de longo prazo. Como há necessidade de capital de giro e não se conta com CCL

para seu financiamento, o passivo oneroso passa a cobrir essa insuficiência.

Conforme Braga (1991), empresas privadas com esse tipo de estrutura estariam

próximas da falência, a menos que seus acionistas pudessem fornecer algum tipo

de apoio externo. Ainda segundo o autor, essa configuração aparece com mais

freqüência em empresas estatais mal administradas, com preços e tarifas

defasados, etc.

A estrutura financeira do tipo V retrata uma situação financeira muito

ruim, pois, além de CCL negativo, a NCG também é negativa, sendo seu valor

superior ao do primeiro. De acordo com Braga (1991), a estrutura do tipo V é

menos grave do que a estrutura do tipo IV, devido ao fato de os passivos de

funcionamento excederem às necessidades de recursos para financiar os ativos

circulantes operacionais, atenuando os efeitos negativos sobre o saldo de

tesouraria.

A estrutura financeira do tipo VI revela uma situação financeira de alto

risco, pois CCL e NCG permanecem negativos, porém o valor da NCG é inferior

ao do CCL. Essa circunstância permite que o T seja positivo e pode sinalizar para

Page 50: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

49

o fato de a empresa não estar desempenhando suas operações de maneira

adequada. Esse tipo de estrutura indica que a empresa estaria desviando sobras

de recursos de curto prazo para ativos não circulantes e mantendo saldo positivo

de tesouraria. Uma situação como esta não poderia ser mantida por muito tempo,

pois uma queda nas vendas esgotaria rapidamente a parcela excedente do PCO,

invertendo o sinal da NCG e de T (BRAGA, 1991).

2.8 Efeito tesoura

O efeito tesoura é conseqüência de um saldo de tesouraria (ST)

crescentemente negativo, vale dizer que se está operando com capital de giro

(CDG) insuficiente para financiar as necessidades de capital de giro da empresa.

Desta forma, ela tem de lançar mão de empréstimos de curto prazo em nível

elevado (BRASIL; FLEURIET, 1979, p.61).

Quando o saldo de tesouraria apresentar-se crescentemente negativo,

exercício após exercício, é forte sinal de “efeito tesoura”, mas não determinante. É

importante observar que o fato isolado de o saldo de tesouraria ser negativo não é

preocupante, mas o grave é a tendência.

A tendência (Te) é analisada pelo resultado da fórmula: Te = T / NCG.

Se o resultado dessa relação é crescentemente negativo, variando em proporção

superior à NCG, evidencia que a empresa está recorrendo, cada vez mais, a

recursos ou empréstimos bancários onerosos de curto prazo. E isto configura o

Page 51: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

50

“efeito tesoura”. Para avaliar a tendência, é necessário utilizar, no mínimo, três

balanços patrimoniais anuais e consecutivos.

Para Brasil e Brasil (2000, p.60), o “efeito tesoura” ocorre por efeito das

seguintes condições:

• crescimento das vendas nominais a taxas muito elevadas;

• endividamento de perfil de retorno inadequado;

• imobilização excessiva;

• prejuízos;

• distribuição excessiva de dividendos;

• relação ΔNCG/vendas crescendo em ritmo maior que a relação

autofinanciamento/vendas.

2.9 Administração do capital de giro

O tema administração do capital de giro tem destaque nas prioridades

dos gestores financeiros, pelo seu aspecto crítico para as organizações, em

função da premência das decisões sobre excesso ou insuficiência de saldos de

tesouraria, captação de recursos, políticas de crédito, giro de estoques, nível de

vendas, controle dos riscos assumidos pela empresa e percebidos pelo mercado,

em suma, gerenciamento das origens e aplicações de recursos de curto prazo e

efeitos decorrentes dessa gestão, como crise de liquidez, inadimplência de

recebíveis, insolvência e retornos dos investimentos.

Vieira (2005) situa a administração do capital de giro no patamar das

decisões estratégicas, embora tenha papel primordial no contexto operacional

Page 52: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

51

pela sua dinâmica, sendo um componente de forte influência no processo de

criação de valor, atividade fim da administração financeira.

Monteiro (2002) enfatiza a necessidade de harmonização dos níveis de

atividade com a geração própria de recursos, aportes de capital, linhas de crédito

e redução dos investimentos fixos, como prevenção ao “efeito tesoura”.

De acordo com Cheng e Mendes (1989), a gestão financeira consiste

em monitorar os fluxos financeiros operacionais (entradas de caixa operacionais e

saídas de caixa operacionais), cujo objetivo é rentabilizar os investimentos dos

acionistas e preservar a liquidez da empresa. Sugerem ainda que, tendo em vista

que as decisões de vários gestores têm impacto na gestão financeira, o modelo

mais adequado seria planejamento e execução financeira departamentalizados,

proporcionando a apuração de retorno de cada área das organizações, gerando o

compartilhamento da gestão financeira com o efetivo administrador financeiro.

Souza e Menezes (1997) complementam que as instituições definem as

suas estratégias empresariais e estas são desdobradas para toda a organização,

refletindo-se também no planejamento financeiro e, conseqüentemente, na

administração do capital de giro. Os indicadores gerados pela adequada

administração financeira pelas suas características são uma poderosa ferramenta

de gestão e refletem de forma clara os resultados alcançados pela organização.

De acordo com Silva (2002), é extremamente relevante a questão da

necessidade das empresas de obterem o capital de giro adequado ao nível de

atividade no qual a empresa está operando ou pretende operar, como forma de

manutenção do equilíbrio financeiro.

Tavares (2002), em pesquisa sobre empresas do setor

supermercadista, diagnostica que o elevado número de variáveis que podem

Page 53: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

52

determinar alteração na necessidade de capital de giro, como práticas comerciais,

oscilações de mercado combinadas com as incertezas sobre a possibilidade de

captação de recursos e os prazos, acentua o envolvimento do gestor financeiro

nas estratégias e demanda mais qualificação para a tomada de decisão.

Em Martins (1999), é ressaltada a necessidade do entendimento de que

demonstrativos contábeis e demonstrativos dos fluxos financeiros não são

excludentes e sim suplementares, concorrendo para o melhor entendimento do

processo de agregação econômica e gerenciamento da liquidez, ressaltando que

o segundo é mais suscetível às variações das políticas de crédito, inadimplência e

postergação de desembolsos.

Santiago (2000) constatou, através de pesquisa, sendo respaldado pela

literatura financeira, o impacto direto de todas as ações da empresa na sua

disponibilidade imediata (caixa e bancos). Desta forma, considera oportuna a

modificação na legislação societária, que incorpora a obrigatoriedade de

publicação da demonstração do fluxo de caixa como informação complementar às

demonstrações contábeis já previstas em lei.

Frezatti (1998), ao analisar os componentes de criação de valor com a

utilização do market value added (MVA), entende que as informações contábeis

incrementadas com as projeções futuras do negócio são fundamentais para a

gestão empresarial.

Ottoboni e Pamplona (2001) advertem como fundamental para a

viabilização das micro e pequenas empresas (MPEs) a adoção da administração

financeira da empresa como ponto primordial, tendo em vista a inadequação da

contabilidade para este fim, sugerindo que esses controles financeiros tenham

horizonte de curto e longo prazo.

Page 54: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

53

Já Cia (2000) aborda a capacidade financeira como uma das restrições

que devem ser consideradas no processo decisório empresarial, visto que uma

elevação do nível de atividades pode não somente inviabilizar esse crescimento,

como implicar insolvência, principalmente no mercado brasileiro, onde existe

contingenciamento e alta seletividade dos créditos de curto prazo.

Conforme Marques (2002), as decisões de investimento em ativos

observando-se o binômio risco e retorno, assim como a função de financiamento

destes, estão diretamente ligadas à habilidade e assertividade das decisões de

toda organização, sendo que estas, desde que tenham reflexo na administração

do capital de giro, produzem acréscimo ou decréscimo do valor econômico das

empresas.

Abordando o tema de administração de capital de giro, Eifert (2003)

enfatiza a prioridade da gestão sobre o capital de giro, por meio de

acompanhamento rigoroso e sistemático, tendo em vista o risco implícito de

liquidez e conseqüente possibilidade de descontinuidade da empresa por

inadimplência.

Kimura e Perera (2003), ao desenvolverem um modelo de gestão de

riscos financeiros, destacam que maior nível de liquidez e controle do

endividamento contratado são ações que poderão criar valor para a empresa,

visto que os financiadores e investidores, ao constatarem a redução do primeiro e

o aumento do segundo, passam a cobrar prêmios mais altos de risco, implicando

mais altos encargos financeiros, entre outras medidas exigidas para

monitoramento de eventual insolvência.

Corroborando a importância desses indicadores, Bezerra e Corrar

(2002), ao realizarem estudo com as demonstrações contábeis das companhias

Page 55: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

54

de seguro visando a reduzir o critério aleatório de escolha dos índices financeiros

de mais relevância para a avaliação de empresas desse setor, concluíram a partir

da análise fatorial que entre os três índices mais significativos um seria a

alavancagem e o outro a liquidez.

Monteiro e Moreno (2003) iniciam seu estudo reafirmando a importância

dos indicadores de geração de caixa e a prevalência dos mesmos sobre as

demais informações, ressalvando que o negligenciamento das análises desse

indicador é um dos fatores que têm maior peso no perecimento das instituições. A

fácil identificação das correlações entre os resultados econômicos, conseqüências

das operações ativas e passivas, previsibilidade dos recebíveis e das obrigações

com a geração de caixa torna esse marcador indispensável no acompanhamento

gerencial das ações empresariais implementadas.

Em Braga e Marques (2001), é enfatizada a interdependência entre a

continuidade operacional e o equilíbrio financeiro, visto que somente a

rentabilidade apurada no regime de competência isoladamente não garante a

sobrevivência das empresas.

Brasil (2005) demonstra um modelo que associa os fluxos de caixa

produzidos às previsões de crescimento de vendas, objetivando o

equacionamento entre os passivos, limites mínimos de geração de caixa e o

equilíbrio financeiro determinado. Desta forma, seria possível determinar o

crescimento máximo do passivo para determinado nível de atividade decorrente

das estratégias aplicadas.

Lameira (2001) sugere que as empresas brasileiras de capital aberto,

em função da geração de caixa, rentabilidade contábil, passivos de curto prazo e

porte, apresentam nível mais alto de liquidez, sendo a relação inversa em

Page 56: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

55

confronto com o patamar de capital de giro e Risco Brasil, ressalvando-se a

inexistência de um modelo ideal para a determinação do mesmo.

Sob a mesma ótica, Maximo, Montezano e Brasil (2004) concluem em

pesquisa que: empresas não financeiras, privadas, listadas em bolsa podem

trabalhar com nível mais baixo de liquidez, desde que tenham disponibilidade e

ingresso de créditos e investimentos - podendo promover uma blindagem de

liquidez com a geração própria de caixa; e que o setor de comércio detém mais

alto índice de liquidez para fomentar aumento de receitas a partir da expansão do

crédito.

Seidel e Kume (2003) observaram a importância do adequado

balanceamento do capital de giro, propondo a criação de uma conta de reserva de

capital específica para absorver as variações da necessidade de capital de giro.

2.10 Aplicações do Modelo Dinâmico

O Modelo Dinâmico e suas adaptações obtiveram boa penetração no

meio acadêmico, com várias e interessantes aplicações.

Um fato importante para sua divulgação foi a publicação, na Revista de

Administração de Empresas da FGV, de artigo de Marques e Braga (1995),

integrando o Modelo Fleuriet aos quocientes da análise tradicionais, utilizando

uma amostra de seis companhias industriais.

Nota-se que em estudos da década de 90 o modelo era pouco utilizado.

Como exemplo, pode-se verificar o artigo de Souza, Luporini e Souza (1996) que,

ao analisar a gestão do capital de giro do setor químico, utilizou somente os

Page 57: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

56

indicadores tradicionais de análise. Nessa mesma linha, Souza e Menezes (1997)

ressaltaram a importância do capital de giro como uma dimensão estratégica na

condução financeira de empresas, principalmente em ambientes inflacionários.

Também Cheng e Mendes (1989) ressaltaram a importância da contabilidade por

área de responsabilidade como ferramenta de gestão financeira nas empresas.

Theiss Jr. e Wilhelm (2000) consideraram o Modelo Dinâmico mais sensível às

mudanças na situação financeira das empresas do que o modelo tradicional,

recomendando o seu uso no diagnóstico econômico-financeiro, o que aconteceu

em vários estudos posteriores.

Nos últimos anos, vários estudos estão sendo disponibilizados na

literatura acadêmica, denotando a ampla penetração do Modelo Dinâmico,

podendo-se destacar os que se seguem.

Marques (2002) avaliou o relacionamento entre o Modelo Fleuriet e o

modelo baseado no valor econômico agregado (EVA), encontrando um

relacionamento significativo entre os dois. Utilizou análise de regressão linear

múltipla, demonstrando que para o setor do comércio varejista e transportes os

resultados são convergentes, o mesmo não ocorrendo para o setor de veículos e

autopeças. Seu estudo indicou a influência do setor econômico na comparação

dos resultados, provavelmente pela incapacidade da pesquisa de identificar

outros fatores que podem influenciar na agregação de valor, além da necessidade

de capital de giro, do capital de giro e saldo de tesouraria.

Perez e Famá (2002), ao analisarem o setor siderúrgico brasileiro

utilizando o modelo dinâmico, constataram a precariedade do equilíbrio financeiro

das empresas do setor listadas em bolsa de valores (a amostra avaliada).

Page 58: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

57

Monteiro e Moreno (2003), ao analisarem empresas varejistas

empregando o modelo dinâmico, conseguiram identificar os seis tipos de

estruturas financeiras apontados por Marques e Braga (1995).

O trabalho de Moura e Matos (2003) segue caminho diferente. Ao

criticar o uso dos dados contábeis na determinação do capital de giro das

empresas, propõe que o capital de giro seja calculado através da simulação

probabilística, acrescentando a dimensão do risco.

Jatobá e Campos (2003) ressaltaram a importância da administração do

capital de giro, advertindo sobre a elevação do risco de overtrading que a

elevação de preços ocasiona.

Santana (2004) propôs ajustes na análise dos fundos de pensão do

estado de Santa Catarina, validando a aplicabilidade do Modelo Fleuriet.

Moraes e Campos (2004) analisaram, em seu artigo, o uso da

tecnologia da informação em bancos e os efeitos da extinção da correção

monetária nos balanços por meio do Modelo Dinâmico.

Rasoto et al. (2004) analisaram o financiamento de empresas utilizando

o Modelo Dinâmico, destacando a sua capacidade de identificação da situação de

overtrade.

Há que se destacar aqui o estudo de Braga, Nossa e Marques (2004).

Valendo-se do Modelo Fleuriet e da análise de rentabilidade do Modelo Du Pont,

desenvolveram uma referência denominada indicador da saúde econômico-

financeiro das empresas (ISEF), que pretende fornecer medida que permita a

comparação de diferentes empresas. Apesar do potencial do ISEF, a utilização

desse índice de análise ainda é muito incipiente.

Page 59: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

58

Medeiros e Rodrigues (2004) realizaram estudo avaliando os balanços

de 80 empresas listadas no Bovespa entre os anos de 1995 e 2002. Na análise,

utilizando o Modelo Fleuriet, foi encontrado que 75% das empresas apresentaram

desequilíbrio financeiro, o que seria um resultado bastante implausível para o

tamanho da amostra e período de análise. Ao calcularem o CCL da mesma

amostra, foi encontrado que 2/3 das empresas estariam em situação equilibrada,

hipótese bem mais plausível. Ampliando a avaliação, foi utilizada a análise de

regressão e correlação para avaliar se os passivos e ativos financeiros eram

erráticos, não sendo relacionados com os passivos e ativos operacionais, de

acordo com o preconizado por Fleuriet. Os autores rejeitaram estatisticamente

essa hipótese, básica para o modelo, conseqüentemente rejeitando-o.

Cardoso (2000) utilizou o Modelo Fleuriet e o Beta do Modelo CAPM

para associar o capital de giro da empresa com o grau de risco desta em relação

ao mercado, na análise em estudo de caso sobre a Siderúrgica Belgo Mineira,

tendência esta que necessita ser confirmada com ampliação da amostragem de

empresas e diversificação dos setores analisados.

A pesquisa e associação da NCG, T e CDG nas empresas, segundo

Monteiro (2002), possibilitou um diagnóstico diferencial sobre os estágios de

liquidez das empresas com a possibilidade de determinação da origem da

eventual disfunção no operacional, nas destinações da geração operacional de

caixa ou nas origens e aplicações de recursos de longo prazo.

Page 60: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

59

3 METODOLOGIA

O objetivo específico deste capítulo é apresentar os procedimentos

metodológicos a serem desenvolvidos na pesquisa, cuja definição baseou-se na

elucidação da questão proposta e nos objetivos geral e específicos levantados

anteriormente.

Para a classificação desta pesquisa, tomou-se como base a sistemática

apresentada por Yin (1989), que o qualifica como um estudo exploratório/

explanatório.

Quanto aos fins, deve ser classificado como exploratório/ explicativo,

não sendo ele aplicável empiricamente a outras organizações, entendendo-se,

dessa forma, sua utilidade.

O desenvolvimento deste trabalho pode ser analisado em duas etapas

distintas: a primeira constituiu-se de uma pesquisa essencialmente teórica, com

revisão bibliográfica. O meio utilizado para o seu desenvolvimento foi a pesquisa

bibliográfica sobre o tema central e suas derivações. A segunda etapa apresenta

a parte empírica do estudo, desenvolvida junto às quatro conceituadas

revendedoras de veículos comerciais do estado de Minas Gerais, da marca

Mercedes Benz da DaimlerChrysler, que por questão de sigilo serão tratadas

como Concessionária 1, Concessionária 2, Concessionária 3 e Concessionária 4,

mediante análise dos demonstrativos contábeis dos anos de 2002, 2003 e 2004,

leitura de contratos, normas, circulares e manuais das concessionárias, onde a

investigação foi orientada pela técnica de estudo de caso. A amostra selecionada

representa 17% das concessionárias da marca Mercedes Benz da

Page 61: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

60

DaimlerChrysler de Minas Gerais e 2% em âmbito nacional, conforme o QUADRO

3.

QUADRO 3

Distribuição das concessionárias da marca

Mercedes Benz da DaimlerChrysler no Brasil

Região Número de Concessionárias % Participação

Sudeste São Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro Espírito Santo

86 45 24 11 6

46,7% 24,4% 13,0% 5,9% 3,2%

Sul 51 27,7% Nordeste 26 14,1% Centro-Oeste 15 8,1% Norte 6 3,2% TOTAL 184 100%

Fonte: Anfavea 2003 – Adaptado pelo autor.

Segundo Yin (1989), “o estudo de caso é uma inquirição empírica que

investiga um fenômeno contemporâneo e o contexto não é claramente evidente e

onde múltiplas fontes de evidencias são utilizadas”.

Uma observação acerca da utilização do estudo de caso é evidenciada

por Yin (1989), que aponta a possibilidade da influência do investigador nos

resultados levantados por meio desse método de pesquisa. “Muitas vezes o

investigador de estudo de caso tem sido descuidado e tem admitido evidências

equivocadas ou enviesadas para influenciar a direção das descobertas e das

conclusões” (YIN, 1989, p.21).

Outra afirmação feita por esse autor é que:

o estudo de caso fornece uma pequena base para generalizações científicas, já que, por estudar um ou alguns casos, não se constitui em amostra da população e, por isso, torna-se sem

Page 62: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

61

significado qualquer tentativa de generalizações. Além disso, o resultado da pesquisa é caracterizado por um documento volumoso e de difícil leitura (YIN, 1989, p.21).

Contudo, esses problemas podem ser contornados e, ao se decidir pelo

uso desse método de pesquisa, é necessário que o investigador tenha em mente

os perigos e as críticas que são normalmente feitas ao método, devendo tomar

precauções e cuidados para evitá-los ou minimizar suas conseqüências.

Cabe ressaltar o entendimento de Martins, E. (2000) sobre o método

estudo de caso:

O estudo de caso, por meio de diferentes técnicas de coleta de dados: entrevistas, questionários, observação participante, entrevista em profundidade, levantamento de dados secundários etc., com o objetivo de apreender a totalidade de um fato concreto mediante um mergulho profundo e exaustivo em um objetivo delimitado – problema de pesquisa - possibilita a penetração na realidade social, não conseguida plenamente pela análise e pela avaliação quantitativa (MARTINS, G. 2000, p.36).

A metodologia específica utilizada foi o estudo de caso de empresas do

setor automotivo do estado de Minas Gerais, com base na pesquisa exploratória,

a fim de construir, de forma lógica e empírica, uma argumentação teórica capaz

de elucidar a questão central do trabalho.

Os dados pertinentes às empresas pesquisadas consistiram da base de

informações para avaliação e mensuração, mediante seu desempenho econômico

financeiro, resultado de suas negociações com a montadora.

Objetivando o levantamento dos dados necessários para o

desenvolvimento do trabalho, foi utilizada a pesquisa de campo, que é

conceituada por Lakatos (1999) como sendo:

aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura

Page 63: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

62

uma resposta ou de uma hipótese que se queira comprovar ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou relações entre eles (LAKATOS, 1999, p.85).

As fontes de evidências utilizadas no desenvolvimento da pesquisa de

campo incluem:

• Pesquisas documentais – Nessa etapa foram levantados e analisados os

documentos da empresa, relativos aos resultados dos anos de 2002, 2003

e 2004.

• Inspeção in loco – para levantamento dos dados, foi utilizada a técnica de

entrevista direta em contato com os gerentes e dirigentes da empresa

envolvidos no processo.

Este estudo está limitado à mensuração dos efeitos do Fundo Estrela

sobre a administração do capital de giro das concessionárias-objeto, visto que o

mesmo está diretamente ligado às vendas dos veículos novos, sendo este

responsável, em média, por 68% do faturamento nesse segmento, de acordo com

a FENABRAVE.

Page 64: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

63

4 ESTUDO DE CASO

4.1 Especificidades das concessionárias Mercedes Benz

Este subitem aborda os temas específicos sobre as políticas comerciais

e financeiras das montadoras em relação às concessionárias.

4.1.1 Definição do Fundo Estrela

O Fundo Estrela é formado pela DaimlerChrysler e sua rede de

concessionárias, com a finalidade de supri-las com capital de giro necessário para

a retirada e estoque de veículos novos até a venda ao consumidor final, sendo

que para tanto deverá contingenciar recursos para:

• Pagamento dos veículos encomendados à fábrica pela concessionária,

data da emissão da nota fiscal fatura pela DaimlerChrysler.

• Antecipação do pagamento integral do preço de compra do veículo, de

acordo com as normas e procedimentos que forem fixados pela

DaimlerChrysler.

• Pagamento de indenização por prática de concorrência desleal, sob a

condição exclusiva de que haja solicitação por escrito de concessionária

causadora do dano, ou de seu procurador, à DaimlerChrysler.

• Ao pagamento da penalidade relativa à bonificação não atribuída à

concessionária, decorrente do cancelamento da nota fiscal fatura.

Page 65: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

64

• Garantir o pagamento e a eventual amortização de importâncias devidas

pela concessionária a instituições financeiras, quantias estas decorrentes

da utilização de recursos de abertura de crédito.

4.1.2 Recursos que formam o Fundo Estrela

O fundo é formado pelas bonificações pagas pela DaimlerChrysler

sobre a retirada de veículos novos. O valor dessas bonificações é estabelecido

pela DaimlerChrysler e são de dois tipos:

• Bonificação de venda de 1,5%, sendo que é creditado aproximadamente

1% na quarta-feira da semana seguinte à do faturamento do veículo. O

restante (0,5%) será creditado, apenas quando for feita a revisão de

garantia, à concessionária que executar a revisão.

• Bonificação de localização de 3,5% sobre as vendas dentro da área da

concessionária com base na declaração decendial de vendas de veículos.

Essa bonificação é atribuída no dia útil seguinte ao recebimento da

declaração da concessionária e creditada na quarta-feira da segunda

semana subseqüente.

As bonificações são calculadas sobre o valor do veículo menos o

imposto sobre produtos industrializados (IPI) e o valor da revisão de garantia,

sendo seus percentuais livremente estabelecidos pela DaimlerChrysler, que

contratualmente poderá alterá-los ou suprimi-los de forma unilateral.

Page 66: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

65

4.1.3 Cálculo da quota de participação de cada concessionária no Fundo Estrela

A base do cálculo é igual ao valor de um caminhão modelo 914, preço

de concessionária de São Paulo, sendo a quota mínima igual ao valor de dois

caminhões 914.

O valor da quota de participação da concessionária será mensalmente

determinado pela média dos veículos adquiridos junto à fábrica nos últimos cinco

meses, ajustado pela exclusão dos meses com maior e com menor número de

unidades comercializadas.

Valor do veículo 914 base para cálculo

R$100.000,00

Mês Número de unidades

adquiridas 1 27 2 35 3 15 4 42 5 30

Média ajustada 31

Valor da quota da concessionária

R$3.100.000,00

FIGURA 4 - Exemplo do cálculo da quota de participação com a

utilização de valores hipotéticos.

Fonte: elaborado pelo autor.

Na hipótese do saldo da conta corrente contratual (CCC) ultrapassar o

valor estabelecido para a quota da concessionária, incluído os valores utilizados,

Page 67: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

66

o excedente será disponibilizado para sua livre utilização, conhecida como

entorna do fundo.

4.1.4 Funcionamento do Fundo Estrela

Ao faturar o veículo, a concessionária opta entre o pagamento à vista

ou a utilização da conta corrente garantida (CCG). Se optar por esta, o valor da

nota fiscal será debitado da mesma, ou seja, a concessionária paga o veículo

mediante a utilização de crédito bancário. O valor utilizado não poderá ser

superior ao saldo da conta corrente contratual.

Quando utilizado o Fundo Estrela, o Banco emite uma OCT (ordem de

crédito por teleprocessamento) com os seguintes vencimentos:

• Último dia útil do mês subseqüente para os valores utilizados na primeira

quinzena do mês.

• Último dia útil da primeira quinzena do segundo mês subseqüente para os

valores utilizados na segunda quinzena do mês.

Até a liquidação da OCT, o seu valor fica bloqueado na conta corrente

contratual, isto é, não estará mais disponível até a liquidação do crédito utilizado.

A concessionária pode, ainda, optar por parcelamento em quatro parcelas iguais,

vencendo a primeira na data da liquidação integral e as demais a cada 30 dias,

acrescidas de juros de 0,05% ao dia. A seu critério e conveniência, pode liquidar

posições em aberto na conta corrente garantida, total ou parcialmente, antes do

vencimento.

Page 68: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

67

4.1.5 Contas correntes

Todas as concessionárias são participantes do Fundo Estrela e mantêm:

• CCC junto à DaimlerChrysler, aberta em nome da concessionária e

administrada pela DaimlerChrysler, conforme contrato entre a

DaimlerChrysler e a rede de concessionárias.

• CCG junto ao Bradesco, que abre para cada concessionária um limite de

crédito igual à sua quota de participação na CCC.

• Contratos assinados simultaneamente e com seu funcionamento vinculado.

4.1.6 Administrador, remuneração e custo financeiro dos recursos do Fundo

Estrela

Os recursos são administrados pela DaimlerChrysler, que poderá,

quando lhe convier, delegar a terceiros a operacionalização do contrato de conta

corrente. Os valores aplicados são convertidos em quotas, cujo valor é

estabelecido pelo Bradesco e rende aproximadamente 93% do certificado de

depósito interbancário (CDI). O crédito utilizado na conta corrente garantida custa

aproximadamente 100% do rendimento do CDI.

Page 69: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

68

4.1.7 Inadimplência no Fundo Estrela

A concessionária que não liquidar as OCTs no vencimento será

considerada inadimplente, exceto nos casos onde se comprove que o veículo não

foi revendido no prazo de 45 dias, contados da sua aquisição, hipótese esta em

que a DaimlerChrysler prorroga o seu vencimento por mais 30 dias.

A concessionária considerada inadimplente perderá o direito às

bonificações decorrentes de novas retiradas de veículos, tendo um prazo

adicional para liquidação de suas obrigações de 60 dias das posições vencidas,

com o custo financeiro de 0,10% ao dia. Após 60 dias, a concessionária somente

poderá regularizar sua situação com a reposição do valor acrescido de multa de

5% e mora de 0,10% ao dia.

4.1.8 Fluxo do funcionamento do Fundo Estrela

Pode-se definir duas situações básicas de utilização do Fundo Estrela,

que serão determinadas pelo saldo da concessionária na data da emissão da nota

fiscal fatura, referente ao pedido realizado pela concessionária, ressalvando-se

que ela, a seu critério, poderá realizar os pagamentos dos veículos retirados

diretamente na montadora, em detrimento de movimentar o Fundo Estrela.

Page 70: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

69

INICIO PRAZO CUSTO FINANCEIRO

Concessionária

Realiza Pedido de Veiculo a MBB

Concessionária autoriza o bloqueio no FUNDO ESTRELA

coloca no Valor do Pedido pelo prazo de

pagamento

MBB Fatura Veículos nos Prazos previstos na Politica de

Vendas no mês 45 Dias 0%

Concessionária Vende o Veiculo consumidor final

(a vista, CDC, Leasing, Finame)ou

Veículo Permanece em Estoque

Autoriza débito das NFF no fundo

30 Dias CDIDébito no Fundo transforma

em OCTs

Pagamento integral ou Parcelamento em 4X sendo 25%

a vista

30 Dias CDI+0,05% a.d.Se Parcelamento Vencimento 2a.

Parcela 25%

30 Dias CDI+0,05% a.d.Se Parcelamento Vencimento 3a.

Parcela 25%

30 Dias CDI+0,05% a.d.Se Parcelamento Vencimento 4a.

Parcela 25%

FIGURA 5 - Concessionária com saldo disponível no fundo na data da emissão da

nota fiscal fatura. Fonte: elaborado pelo autor.

Page 71: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

70

INICIO PRAZO CUSTO FINANCEIRO

ConcessionáriaRealiza Pedido de Veiculo a MBB

Concessionária coloca Fiança Bancária em Favor da MBB no Valor do Pedido pelo

prazo de pagamento

MBB Fatura Veículos nos Prazos previstos na Politica de

Vendas no mês 45 Dias Fiança Bancária

Concessionária Vende o Veiculo consumidor final

(a vista, CDC, Leasing, Finame)ou

Veículo Permanece em Estoque

Concessionária no vencimentoverifica a existencia de saldo de

FUNDO ESTRELA para quitação dos veículos

Se tiver saldo suficiente no

FUNDO ESTRELA

autoriza débito das NFF no fundo

Se não tiver saldo suficiente no FUNDO ESTRELA, realiza reposição do

através de antecipação de pagamento das OCTs a vencer

Débito no Fundo transforma em OCTs Autoriza débito das NFF no fundo

30 Dias CDIDébito no Fundo transforma em

OCTs

Pagamento integral ou Parcelamento em 4X sendo 25% a

vista

Pagamento integral ou Parcelamento em

4X sendo 25% a vista

30 Dias CDI+0,05% a.d.Se Parcelamento Vencimento 2a.

Parcela 25%Se Parcelamento Vencimento 2a.

Parcela 25%

30 Dias CDI+0,05% a.d.Se Parcelamento Vencimento 3a.

Parcela 25%Se Parcelamento Vencimento 3a.

Parcela 25%

30 Dias CDI+0,05% a.d.Se Parcelamento Vencimento 4a.

Parcela 25%Se Parcelamento Vencimento 4a.

Parcela 25%

FIGURA 6 - Concessionária com saldo indisponível no fundo na data da emissão

da nota fiscal fatura.

Fonte: elaborado pelo autor.

Page 72: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

71

4.1.9 Política comercial da Mercedes Benz com as concessionárias

Mensalmente, a montadora emite circular informando a política

comercial, contemplando o faturamento da concessão e faturamento direto, com

os respectivos prazos de carência de pagamento para caminhões, chassis-

ônibus/plataformas.

O faturamento da concessão implica os veículos que serão adquiridos

pela concessionária na fábrica, para seu estoque. A concessão tem o objetivo de

aquisição na fábrica de um número de veículos determinado pela média das

vendas dos últimos cinco meses, excluindo-se o maior e o menor faturamento.

No faturamento de veículos comerciais para seu estoque (faturamento

concessão), a concessionária tem os seguintes percentuais de remuneração:

TABELA 2

Percentuais de remuneração da concessionária, no faturamento de veículos

comerciais para estoque

ITEM PERCENTUAL FORMA DE PAGAMENTO Bonificação de venda 1,50% Crédito junto ao Fundo Estrela Bonificação de localização 3,50% Crédito junto ao Fundo Estrela Bonificação de objetivo 2,00% Crédito em conta bancária

TOTAL 7,00% Fonte: elaborado pelo autor.

Importante ressaltar que a bonificação de objetivo somente é paga caso

a concessão atinja os objetivos mensais no trimestre.

O faturamento direto é a modalidade onde a aquisição é realizada

diretamente pelo consumidor final junto à montadora, com a interveniência da

concessionária, utilizada normalmente para vendas de atacado, em que as

Page 73: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

72

garantias da operação e as necessidades com relação a saldos de fundo

excedem a capacidade financeira das concessionárias.

No faturamento realizado da fábrica para o consumidor final

(faturamento direto), a concessionária tem os seguintes percentuais de

remuneração.

TABELA 3

Percentuais de remuneração da concessionária no faturamento

da fábrica para o consumidor final

ITEM PERCENTUAL FORMA DE PAGAMENTO Bonificação de venda 1,50% Crédito junto ao Fundo Estrela

Bonificação de localização 3,50% Crédito junto ao Fundo Estrela

TOTAL 5,00% Fonte: Elaborado pelo autor.

4.2 Desenvolvimento do estudo de caso

O estudo de caso foi realizado com base nos demonstrativos contábeis

sintéticos de quatro concessionárias de veículos comerciais marca Mercedes

Benz do estado de Minas Gerais, empresas familiares e constituídas na forma de

sociedade limitada, com áreas de concessão distintas, que, de acordo com a

necessidade citada na metodologia, serão denominadas Concessionária 1,

Concessionária 2, Concessionária 3 e Concessionária 4.

Os valores referentes ao Fundo Estrela de cada concessionária foram

fornecidos pela área financeira de cada empresa, assim com a sua

contabilização, para realização dos ajustes necessários ao estudo empírico.

Page 74: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

73

As informações prestadas quanto à contabilização do Fundo Estrela já

demonstram o aspecto polêmico de sua natureza, visto que nas Concessionárias

1, 2 e 3 o fundo é classificado como aplicação financeira e na Concessionária 4

como contas a receber. O procedimento em comum é o registro do valor aplicado,

tendo uma conta redutora de ativo o valor utilizado.

As práticas e fundamentos contábeis oferecem elementos para justificar

os dois procedimentos de contabilização. A classificação como aplicação

financeira é aceitável porque esse recurso efetivamente está em um fundo

administrado pelo Bradesco, tendo percentual de remuneração fixo e custo fixo

sobre o CDI, quando utilizada a conta garantida vinculada, produzindo, portanto,

receitas financeiras e despesas financeiras. Mas, também, há amparo para

classificar-se como contas a receber (clientes), visto que o principal do fundo é

constituído por receitas oriundas da atividade operacional da empresa, vinculado

ao maior cliente e fornecedor da concessionária, que é a própria montadora.

Os procedimentos utilizados foram comuns às quatro empresas, sendo:

• Obtenção dos demonstrativos contábeis das empresas nos anos de 2002,

2003 e 2004.

• Identificação do critério utilizado pelo responsável técnico para classificar

contabilmente o saldo positivo do Fundo Estrela.

• Identificação do saldo de Fundo Estrela de cada concessionária nos

períodos analisados.

• Os balanços foram reclassificados para aplicação do modelo dinâmico.

• Visando a determinar os impactos do fundo na administração do capital de

giro das concessionárias pesquisadas, o saldo positivo do Fundo Estrela

Page 75: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

74

de cada concessionária será alocado na conta de aplicações financeiras e

comparado com o mesmo valor alocado em contas a receber.

• Cálculo das variáveis NCG, CDG e T, dos indicadores retorno sobre capital

investido dos novos investimentos (ROIC), return on investment (ROI), ciclo

financeiro, índice de liquidez T/AE e T/|NCG|, margem liquida e média de

earnings before interests, taxes, depreciation and amortization (EBITDA).

Page 76: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

75

4.2.1 Demonstrativo dos saldos de Fundo Estrela das concessionárias

TABELA 4

Demonstrativo dos saldos de Fundo Estrela das concessionárias

2002 2003 2004 Concess. Aplicado Utilizado Saldo Aplicado Utilizado Saldo Aplicado Utilizado Saldo

1 - Fundo Estrela 1.757.984 1.572.899 185.085 2.043.024 2.083.066 4.958 1.528.014 1.040.792 487.222

2 - Fundo Estrela 139.322 111.197 28.125 150.234 13.620 136.614 174.624 38.097 136.527

3 - Fundo Estrela 721.272 190.571 530.701 1.500.620 1.462.221 38.399 1.769.152 1.244.144 525.008

4 - Fundo Estrela 2.075.921 1.560.503 515.418 1.667.650 1.626.165 41.484 4.364.004 3.440.791 923.212

Page 77: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

76

4.2.2 Concessionária 1 - demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo

Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira

TABELA 5

Reclassificação de contas da Concessionária 1

Período dez/02 dez/03 dez/04 ATIVO 19.433 33.857 33.388 Ativos erráticos financeiros de curto prazo (CP) 3.730 3.532 3.247 Disponibilidades 110 120 110 Aplicações financeiras 3.619 3.412 3.137 Ativos operacionais de CP 8.199 7.947 7.101 Contas a receber de clientes 2.101 1.645 1.600 Estoques 4.196 4.489 3.547 Outros ativos 1.902 1.813 1.954 Outros ativos de LP 5.019 5.064 6.246 Outros 415 501 643 Mútuo c/coligadas e sócios 4.604 4.564 5.603Ativos permanentes 2.485 17.314 16.793 Imobilizado 2.485 17.314 16.793 PASSIVO + PL 19.433 33.857 33.388 Passivos erráticos financeiros de CP 1.186 1.866 378 Financiamentos 1.186 1.866 378 Passivos operacionais de CP 6.754 3.953 2.126 Fornecedores e contas a pagar 6.674 3.881 2.049 Salários e obrigações sociais 77 60 70 Outros 4 12 7Outros passivos de LP 1.158 980 1.741 Outras 0 925 686 Mútuo c/coligadas e sócios 300 - -Tributos parcelados 858 55 1056Patrimônio líquido 10.335 27.058 29.143 Capital social 2.433 8.135 8.135 Lucros e prejuízos acumulados 6.869 8.485 10.500 Reserva de reavaliação 1.033 10.437 10.508

Page 78: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

77

TABELA 6

Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 1

Exercício: dez/02 dez/03 dez/04 Receita líquida 25.469 28.722 25.140 (-) Custos operacionais (21.903) (24.616) (20.007)Lucro bruto 3.565 4.105 5.133 (-) Despesas administrativas (1.006) (1.166) (1.552)(-) Despesas comerciais (1.053) (1.089) (1.206)Lucro bruto operacional (EBIT) 1.506 1.850 2.375 (-) Despesas financeiras (731) (1.039) (665)(+) Receitas financeiras 720 977 550 Lucro após encargos financeiros 1.495 1.787 2.260 (+) Receitas não operacionais 6 7 1 Lucro antes do imposto de renda 1.501 1.795 2.261 (-) Imposto de renda e contribuição social (144) (179) (246)Lucro líquido 1.357 1.616 2.015 (+) Depreciações 238 256 272 Resultado prov. das operações sociais 1.595 1.872 2.287 Geração Interna de Recursos 1.595 1.872 2.287 (-) Variação da NCG (2.369) (1.464)Fluxo de caixa líquido (497) 823 Lucro bruto operacional (EBIT) 1.506 1.850 2.375 Depreciação e outros ajustes 238 256 272 EBITDA 1.744 2.106 2.647

EBIT: lucro bruto operacional

Page 79: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

78

4.2.3 Concessionária 2 – demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo

Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira

TABELA 7

Reclassificação de contas da Concessionária 2

Período dez/02 dez/03 dez/04 ATIVO 18.054 18.629 21.409 Ativos erráticos financeiros de CP 1.817 1.813 3.102 Disponibilidades 126 134 183 Aplicações financeiras 1.691 1.678 2.919 Ativos operacionais de CP 7.339 7.357 7.643 Contas a receber de clientes 2.054 2.556 2.660 Estoques 3.207 2.717 2.311 Outros ativos 2.078 2.084 2.672 Outros ativos de LP 2.858 3.323 3.021 Outros 851 863 904 Mútuo c/ coligadas e sócios 2.007 2.460 2.118Ativos permanentes 6.040 6.136 7.642 Imobilizado 6.010 405 439 Investimento 30 5.727 7.193 Diferido 4 9 PASSIVO + PL 18.054 18.629 21.409 Passivos erráticos financeiros de CP 1.860 1.446 284 Financiamentos 1.860 1.446 284 Passivos operacionais de CP 1.311 1.094 1.673 Fornecedores e contas a pagar 1.065 888 1.423 Salários e obrigações sociais 245 205 250 Outros passivos de LP 1.583 1.553 1.826 Outras 1.168 1.251 1.336 Mútuo c/ coligadas e sócios - - 130Tributos parcelados 414 301 361Patrimônio líquido 13.301 14.537 17.626 Capital social 5.288 5.288 5.288 Reserva de capital 1.208 1.208 1.208 Lucros e prejuízos acumulados 6.805 8.041 11.130

Page 80: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

79

TABELA 8

Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 2

Exercício: dez/02 dez/03 dez/04 Receita Líquida 22.465 24.999 27.431 (-) Custos operacionais (18.047) (19.877) (21.718)Lucro Bruto 4.418 5.122 5.713 (-) Despesas administrativas (1.072) (1.403) (1.415)(-) Despesas comerciais (1.905) (2.051) (2.372)Lucro bruto operacional (EBIT) 1.441 1.667 1.927 (-) Despesas financeiras (796) (836) (625)(+) Receitas financeiras 337 567 591 Lucro após encargos financeiros 982 1.398 1.893 (-) Despesas não operacionais (7)(+) Receitas não operacionais 42 4 0 Outros 1.412 Lucro antes do IR 1.024 1.403 3.297 (-) Imposto de renda e contribuição social (102) (167) (209)Lucro líquido 922 1.236 3.089 (+) Depreciações 29 33 35 Resultado prov. das operações sociais 951 1.269 3.124 Geração interna de recursos 951 1.269 3.124 (-) Variação da NCG (235) 293 Fluxo de caixa líquido 1.034 3.417 Lucro bruto operacional (EBIT) 1.441 1.667 1.927 Depreciação e outros ajustes 29 33 35 EBITDA 1.470 1.700 1.962

Page 81: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

80

4.2.4 Concessionária 3 - demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo

Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira

TABELA 9

Reclassificação de contas da Concessionária 3

Período dez/02 dez/03 dez/04 ATIVO 45.661 33.643 29.671 Ativos erráticos financeiros de CP 9.366 19.219 14.760 Disponibilidades 70 158 171 Aplicações financeiras 9.296 19.061 14.589 Ativos operacionais de CP 7.874 7.714 7.729 Contas a receber de clientes 967 739 1.175 Estoques 2.616 4.069 3.442 Outros ativos 4.291 2.907 3.112 Outros ativos de LP 28.156 6.416 6.709 Outros 1.378 3.706 3.539 Mútuo c/ coligadas e sócios 26.778 2.710 3.170Ativos permanentes 265 294 473 Imobilizado 195 224 403 Investimento 70 70 70 PASSIVO + PL 45.661 33.643 29.671 Passivos erráticos financeiros de CP 3.604 9.539 7.689 Financiamentos 3.604 9.539 7.689 Passivos operacionais de CP 2.408 2.661 2.395 Fornecedores e contas a pagar 2.344 2.609 2.309 Salários e obrigações sociais 64 52 86 Outros passivos de LP 14.552 19.366 16.010 Outras 1.602 3.790 3.894 Mútuo c/ coligadas e sócios 12.951 15.576 11.167Tributos parcelados 0 0 949Patrimônio líquido 25.096 2.077 3.577 Capital social 1.000 1.000 1.000 Reserva de capital 7 7 7 Lucros e prejuízos acumulados 24.089 1.070 2.570

Page 82: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

81

TABELA 10

Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 3

Exercício: dez/02 dez/03 dez/04 Receita líquida 13.814 17.286 20.686 (-) Custos operacionais (11.186) (13.935) (16.509)Lucro Bruto 2.628 3.351 4.177 (-) Despesas administrativas (934) (1.110) (1.205)(-) Despesas comerciais (827) (913) (1.101)Lucro bruto operacional (EBIT) 867 1.327 1.871 (-) Despesas financeiras (1.204) (2.352) (2.383)(+) Receitas financeiras 1.916 2.182 2.153 Lucro após encargos financeiros 1.579 1.157 1.642 (-) Despesas não operacionais (3) (+) Receitas não operacionais 43 4 Lucro antes do IR 1.577 1.200 1.646 (-) Imposto de renda e contribuição social (166) (130) (146)Lucro líquido 1.411 1.070 1.500 (+) Depreciações 19 21 37 Resultado prov. das operações sociais 1.430 1.091 1.537 Geração interna de recursos 1.430 1.091 1.537 (-) Variação da NCG 414 (281)Fluxo de caixa líquido 1.505 1.256 Lucro bruto operacional (EBIT) 867 1.327 1.871 Depreciação e outros ajustes 19 21 37 EBITDA 886 1.348 1.908

Page 83: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

82

4.2.5 Concessionária 4 – Demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo

Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira

TABELA 11

Reclassificação de contas da Concessionária 4

Período dez/02 dez/03 dez/04ATIVO 32.289 30.474 36.045 Ativos erráticos financeiros de CP 857 140 946 Disponibilidades 342 99 23 Aplicações financeiras 515 41 923 Ativos operacionais de CP 8.744 7.638 10.300 Contas a receber de clientes 2.814 2.279 3.786 Estoques 3.815 2.026 3.686 Outros ativos 2.099 3.265 2.815 Despesas antecipadas 16 68 13 Outros ativos de LP 6.616 6.696 8.813 Depósitos compulsórios/judiciais 1.472 1.604 1.626 Outros 1.360 1.516 2.986 Mútuos c/ coligadas e sócios 3.784 3.576 4.201 Ativos permanentes 16.072 16.000 15.986 Imobilizado 8.084 8.119 8.132 Investimento 7.988 7.881 7.854 PASSIVO + PL 32.289 30.477 36.044 Passivos erráticos financeiros de CP 4.439 3.582 7.613 Financiamentos 4.439 3.582 7.613 Passivos operacionais de CP 3.348 1.811 5.451 Fornecedores e contas a pagar 2.692 875 4.020 salários e obrigações sociais 478 368 635 Impostos e contribuições 30 460 496 Outros 148 108 300 Passivos financeiros de LP 753 2.706 2.236 Financiamentos 753 2.706 2.236 Outros Passivos de LP 3.178 3.709 4.276 Mútuos c/ coligadas e sócios 2.862 2.879 3.051 Ações tributárias e parcelamentos de impostos 316 830 1.225 Patrimônio líquido 20.571 18.669 16.468 Capital social 4.500 4.500 4.500 Reserva de capital 472 472 472 Lucros e prejuízos acumulados 8.561 6.659 4.458 Reserva de reavaliação 7.038 7.038 7.038

Page 84: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

83

TABELA 12

Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 4

Exercício: dez/02 dez/03 dez/04 Receita líquida 31.428 26.860 44.876 (-) Custos operacionais (24.094) (20.248) (38.203)Lucro Bruto 7.334 6.612 6.673 (-) Despesas administrativas (3.628) (4.248) (5.348)(-) Despesas comerciais (2.595) (1.965) (1.465)Lucro bruto operacional (EBIT) 1.111 399 (140)(-) Despesas financeiras (2.152) (3.127) (2.806)(+) Receitas financeiras 1.027 1.493 1.604 Lucro após encargos financeiros (14) (1.235) (1.342)(-) Despesas não operacionais (165) (107) 0 (+) Receitas não operacionais 519 192 0 Outros (294) 0 0 Lucro antes do IR 46 (1.150) (1.342)(-) Imposto de renda e contribuição social (232) 0 0 Lucro Líquido (186) (1.150) (1.342)Resultado prov. das operações sociais (186) (1.150) (1.342)Geração interna de recursos (186) (1.150) (1.342)(-) Variação da NCG (431) 978 Fluxo de caixa líquido (186) (1.581) (364)Lucro bruto operacional (EBIT) 1.111 399 (140)Depreciação e outros ajustes 211 198 312 EBITDA 1.322 597 172

Page 85: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

84

4.2.6 Concessionária 1 – demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo

Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber

TABELA 13

Reclassificação de contas da Concessionária 1

Período dez/02 dez/03 dez/04 ATIVO 19.433 33.857 33.388 Ativos erráticos financeiros de CP 3.545 3.527 2.760 Disponibilidades 110 120 110 Aplicações financeiras 3.434 3.407 2.650 Ativos operacionais de CP 8.384 7.952 7.588 Contas a receber de clientes 2.101 1.645 1.600 Estoques 4.196 4.489 3.547 Outros ativos 1.902 1.813 1.954 Fundo de veículos (Fundo Estrela) 185 5 487 Outros ativos de LP 5.019 5.064 6.246 Outros 415 501 643 Mútuo c/ coligadas e sócios 4.604 4.564 5.603Ativos permanentes 2.485 17.314 16.793 Imobilizado 2.485 17.314 16.793 PASSIVO + PL 19.433 33.857 33.388 Passivos erráticos financeiros de CP 1.186 1.866 378 Financiamentos 1.186 1.866 378 Passivos operacionais de CP 6.754 3.953 2.126 Fornecedores e contas a pagar 6.674 3.881 2.049 salários e obrigações sociais 77 60 70 Outros 4 12 7Outros passivos de LP 1.158 980 1.741 Outras 0 925 686 Mútuo c/ coligadas e sócios 300 - -Tributos parcelados 858 55 1056Patrimônio líquido 10.335 27.058 29.143 Capital social 2.433 8.135 8.135 Lucros e prejuízos acumulados 6.869 8.485 10.500 Reserva de reavaliação 1.033 10.437 10.508

Page 86: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

85

TABELA 14

Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 1

Exercício: dez/02 dez/03 dez/04 Receita líquida 25.469 28.722 25.140 (-) Custos operacionais (21.903) (24.616) (20.007)Lucro Bruto 3.565 4.105 5.133 (-) Despesas administrativas (1.006) (1.166) (1.552)(-) Despesas comerciais (1.053) (1.089) (1.206)Lucro bruto operacional (EBIT) 1.506 1.850 2.375 (-) Despesas financeiras (731) (1.039) (665)(+) Receitas financeiras 720 977 550 Lucro após encargos financeiros 1.495 1.787 2.260 (+) Receitas não operacionais 6 7 1 Lucro antes do imposto de renda 1.501 1.795 2.261 (-) Imposto de renda e contribuição social (144) (179) (246)Lucro líquido 1.357 1.616 2.015 (+) Depreciações 238 256 272 Resultado prov. das operações sociais 1.595 1.872 2.287 Geração interna de recursos 1.595 1.872 2.287 (-) Variação da NCG (2.369) (1.464)Fluxo de caixa líquido (497) 823 Lucro bruto operacional (EBIT) 1.506 1.850 2.375 Depreciação e outros ajustes 238 256 272 EBITDA 1.744 2.106 2.647

Page 87: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

86

4.2.7 Concessionária 2 – demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo

Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber

TABELA 15

Reclassificação de contas da Concessionária 2

Período dez/02 dez/03 dez/04 ATIVO 18.054 18.629 21.409 Ativos erráticos financeiros de CP 1.788 1.676 2.966 Disponibilidades 126 134 183 Aplicações financeiras 1.663 1.542 2.783 Ativos operacionais de CP 7.367 7.493 7.780 Contas a receber de clientes 2.054 2.556 2.660 Estoques 3.207 2.717 2.311 Outros ativos 2.078 2.084 2.672 Fundo de veículos (Fundo Estrela) 28 137 137Outros ativos de LP 2.858 3.323 3.021 Outros 851 863 904 Mútuo c/ coligadas e sócios 2.007 2.460 2.118Ativos permanentes 6.040 6.136 7.642 Imobilizado 6.010 405 439 Investimento 30 5.727 7.193 Diferido 4 9 PASSIVO + PL 18.054 18.629 21.409 Passivos erráticos financeiros de CP 1.860 1.446 284 Financiamentos 1.860 1.446 284 Passivos operacionais de CP 1.311 1.094 1.673 Fornecedores e contas a pagar 1.065 888 1.423 salários e obrigações sociais 245 205 250 Outros passivos de LP 1.583 1.553 1.826 Outras 1.168 1.251 1.336 Mútuo c/ coligadas e sócios - - 130Tributos parcelados 414 301 361Patrimônio líquido 13.301 14.537 17.626 Capital social 5.288 5.288 5.288 Reserva de capital 1.208 1.208 1.208 Lucros e prejuízos acumulados 6.805 8.041 11.130

Page 88: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

87

TABELA 16

Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 2

Exercício: dez/02 dez/03 dez/04 Receita líquida 22.465 24.999 27.431 (-) Custos operacionais (18.047) (19.877) (21.718)Lucro bruto 4.418 5.122 5.713 (-) Despesas administrativas (1.072) (1.403) (1.415)(-) Despesas comerciais (1.905) (2.051) (2.372)Lucro bruto operacional (EBIT) 1.441 1.667 1.927 (-) Despesas financeiras (796) (836) (625)(+) Receitas financeiras 337 567 591 Lucro após encargos financeiros 982 1.398 1.893 (-) Despesas não operacionais (7)(+) Receitas não operacionais 42 4 0 Outros 1.412 Lucro Antes do imposto de renda 1.024 1.403 3.297 (-) Imposto de renda e contribuição social (102) (167) (209)Lucro líquido 922 1.236 3.089 (+) Depreciações 29 33 35 Resultado prov. das operações sociais 951 1.269 3.124 Geração interna de recursos 951 1.269 3.124 (-) Variação da NCG (343) 293 Fluxo de caixa líquido 926 3.417 Lucro bruto operacional (EBIT) 1.441 1.667 1.927 Depreciação e outros ajustes 29 33 35 EBITDA 1.470 1.700 1.962

Page 89: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

88

4.2.8 Concessionária 3 – demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo

Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber

TABELA 17

Reclassificação de contas da Concessionária 3

Período dez/02 dez/03 dez/04 ATIVO 45.661 33.643 29.671 Ativos erráticos financeiros de CP 8.835 19.180 14.235 Disponibilidades 70 158 171 Aplicações financeiras 8.765 19.022 14.064 Ativos operacionais de CP 8.405 7.752 8.254 Contas a receber de clientes 967 739 1.175 Estoques 2.616 4.069 3.442 Outros ativos 4.291 2.907 3.112 Fundo de veículos (Fundo Estrela) 531 38 525Outros ativos de LP 28.156 6.416 6.709 Outros 1.378 3.706 3.539 Mútuo c/ coligadas e sócios 26.778 2.710 3.170Ativos permanentes 265 294 473 Imobilizado 195 224 403 Investimento 70 70 70 PASSIVO + PL 45.661 33.643 29.671 Passivos erráticos financeiros de CP 3.604 9.539 7.689 Financiamentos 3.604 9.539 7.689 Passivos operacionais de CP 2.408 2.661 2.395 Fornecedores e contas a pagar 2.344 2.609 2.309 Salários e obrigações sociais 64 52 86 Outros passivos de LP 14.552 19.366 16.010 Outras 1.602 3.790 3.894 Mútuo c/ coligadas e sócios 12.951 15.576 11.167Tributos parcelados 0 0 949Patrimônio líquido 25.096 2.077 3.577 Capital social 1.000 1.000 1.000 Reserva de capital 7 7 7 Lucros e prejuízos acumulados 24.089 1.070 2.570

Page 90: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

89

TABELA 18

Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 3

Exercício: dez/02 dez/03 dez/04 Receita líquida 13.814 17.286 20.686 (-) Custos operacionais (11.186) (13.935) (16.509)Lucro Bruto 2.628 3.351 4.177 (-) Despesas administrativas (934) (1.110) (1.205)(-) Despesas comerciais (827) (913) (1.101)Lucro bruto operacional (EBIT) 867 1.327 1.871 (-) Despesas financeiras (1.204) (2.352) (2.383)(+) Receitas financeiras 1.916 2.182 2.153 Lucro após encargos financeiros 1.579 1.157 1.642 (-) Despesas não operacionais (3) (+) Receitas não operacionais 43 4 Lucro Antes do imposto de renda 1.577 1.200 1.646 (-) Imposto de renda e contribuição social (166) (130) (146)Lucro Líquido 1.411 1.070 1.500 (+) Depreciações 19 21 37 Resultado prov. das operações sociais 1.430 1.091 1.537 Geração interna de recursos 1.430 1.091 1.537 (-) Variação da NCG 906 (768)Fluxo de caixa líquido 1.997 769 Lucro bruto operacional (EBIT) 867 1.327 1.871 Depreciação e outros ajustes 19 21 37 EBITDA 886 1.348 1.908

Page 91: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

90

4.2.9 Concessionária 4 - demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo

Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber

TABELA 19

Reclassificação de contas da Concessionária 4

Período dez/02 dez/03 dez/04ATIVO 32.289 30.477 36.044 Ativos erráticos financeiros de CP 342 99 23 Disponibilidades 342 99 23 Ativos operacionais de CP 9.259 7.682 11.222 Contas a receber de clientes 3.329 2.320 4.709 Estoques 3.815 2.026 3.686 Outros ativos 2.099 3.265 2.815 Despesas antecipadas 16 71 12 Outros ativos de LP 6.616 6.696 8.813 depósitos compulsórios/judiciais 1.472 1.604 1.626 Outros 1.360 1.516 2.986 mútuos c/ coligadas e sócios 3.784 3.576 4.201 Ativos permanentes 16.072 16.000 15.986 Imobilizado 8.084 8.119 8.132 Investimento 7.988 7.881 7.854 PASSIVO + PL 32.289 30.477 36.044 Passivos erráticos financeiros de CP 4.439 3.582 7.613 Financiamentos 4.439 3.582 7.613 Passivos operacionais de CP 3.348 1.811 5.451 Fornecedores e contas a pagar 2.692 875 4.020 salários e obrigações sociais 478 368 635 Impostos e contribuições 30 460 496 Outros 148 108 300 Passivos financeiros de LP 753 2.706 2.236 Financiamentos 753 2.706 2.236 Outros passivos de LP 3.178 3.709 4.276 mútuos c/ coligadas e sócios 2.862 2.879 3.051 Ações tributárias e parcelamentos de impostos 316 830 1.225 Patrimônio líquido 20.571 18.669 16.468 Capital social 4.500 4.500 4.500 Reserva de capital 472 472 472 Lucros e prejuízos acumulados 8.561 6.659 4.458 Reserva de reavaliação 7.038 7.038 7.038

Page 92: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

91

TABELA 20

Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 4

Exercício: dez/02 dez/03 dez/04 Receita líquida 31.428 26.860 44.876 (-) Custos operacionais (24.094) (20.248) (38.203)Lucro bruto 7.334 6.612 6.673 (-) Despesas administrativas (3.628) (4.248) (5.348)(-) Despesas comerciais (2.595) (1.965) (1.465)Lucro bruto operacional (EBIT) 1.111 399 (140)(-) Despesas financeiras (2.152) (3.127) (2.806)(+) Receitas financeiras 1.027 1.493 1.604 Lucro após encargos financeiros (14) (1.235) (1.342)(-) Despesas não operacionais (165) (107) 0 (+) Receitas não operacionais 519 192 0 Outros (294) 0 0 Lucro antes do imposto de renda 46 (1.150) (1.342)(-) Imposto de renda e contribuição social (232) 0 0 Lucro Líquido (186) (1.150) (1.342)Resultado prov. das operações sociais (186) (1.150) (1.342)Geração interna de recursos (186) (1.150) (1.342)(-) Variação da NCG 40 100 Fluxo de caixa líquido (186) (1.110) (1.242)Lucro bruto operacional (EBIT) 1.111 399 (140)Depreciação e outros ajustes 211 198 312 EBITDA 1.322 597 172

Page 93: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

92

TABELA 21 Fundo classificado em aplicação financeira

Variáveis Concessionária 1 Concessionária 2 Concessionária 3 Concessionária 4 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04NCG 1.445 3.994 4.975 6.028 6.263 5.970 5.467 5.053 5.334 5.396 5.827 4.849

Capital de giro 3.988 5.660 7.845 5.985 6.630 8.788 11.228 14.733 12.406 1.814 2.388 (1.819)

Saldo de tesouraria (T) 2.544 1.666 2.870 (43) 367 2.818 5.761 9.680 7.072 (3.582) (3.442) (6.667)

Ativo econômico (AE) 7.791 25.392 26.273 13.344 14.169 14.807 19.335 (7.603) (3.494) 24.906 24.814 25.372

Exigível (E) 1.186 1.866 378 1.860 1.446 284 3.604 9.539 7.689 5.192 6.288 9.849

Ativos financeiros (AF) 3.730 3.532 3.247 1.817 1.813 3.102 9.366 19.219 14.760 857 140 946

Patrimônio líquido (PL) 10.335 27.058 29.143 13.301 13.301 13.301 25.096 2.077 3.577 20.571 18.669 16.468

Geração interna de recursos 1.595 1.872 2.287 951 1.269 3.124 1.430 1.091 1.537 (186) (1.150) (1.342)

Variação da NCG - (2.549) (982) - (235) 293 - 414 (281) - (431) 978

Fluxo de caixa líquido - (677) 1.305 - 1.034 3.417 - 1.505 1.256 (186) (1.581) (364)

EBIT 1.506 1.850 2.375 1.441 1.667 1.927 867 1.327 1.871 1.111 399 (140)

EBITDA 1.744 2.106 2.647 1.470 1.700 1.962 886 1.348 1.908 1.322 597 172

Indicadores Concessionária 1 Concessionária 2 Concessionária 3 Concessionária 4

Período dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04ROIC (antes do imposto) 0,0% 11,1% 9,2% 0,00% 12,12% 13,30% 0,00% 22,63% -33,73% 0,00% 1,60% -0,56%

ROE 0,0% 8,6% 7,2% 0,00% 8,88% 19,21% 0,00% 7,88% 53,06% 0,00% -5,86% -7,64%

Ciclo financ (NCG/ROL) (dias) 1,7 4,2 5,9 8,1 7,5 6,5 11,9 8,8 7,7 5,2 6,5 3,2

Índice de liquidez (T/AE) (%) 32,6% 6,6% 10,9% -0,32% 2,59% 19,03% 29,80% -127,32% -202,38% -14,38% -13,87% -26,28%

Índice de liquidez (T/ |NCG|)% 176,1% 41,7% 57,7% -0,72% 5,87% 47,21% 105,39% 191,58% 132,58% -66,38% -59,07% -137,49%

Margem líquida (LL/ROL) (%) 5,3% 5,6% 8,0% 4,11% 4,94% 11,26% 10,21% 6,19% 7,25% -0,59% -4,28% -2,99%

MEBITDA (%) 6,8% 7,3% 10,5% 6,54% 6,80% 7,15% 6,42% 7,80% 9,23% 4,21% 2,22% 0,38%

Exigível/EBITDA 0,06 0,07 0,01 0,11 0,07 0,01 0,34 0,59 0,34 0,33 0,88 4,77

Page 94: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

93

TABELA 22

Fundo classificado no contas a receber

Conc.1 Conc.2 Conc.3 Conc.4 Variáveis dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04

(NCG) 1.630 3.999 5.463 6.056 6.400 6.107 5.997 5.091 5.859 5.911 5.871 5.771 Capital de giro 3.988 5.660 7.845 5.985 6.630 8.788 11.228 14.733 12.406 1.814 2.388 (1.819) T 2.358 1.661 2.383 (71) 231 2.682 5.231 9.642 6.547 (4.097) (3.483) (7.590) Ativo econômico (AE) 7.976 25.397 26.760 13.372 14.306 14.944 19.865 (7.565) (2.969) 25.421 24.858 26.294 Exigível (E) 1.186 1.866 378 1.860 1.446 284 3.604 9.539 7.689 5.192 6.288 9.849 Ativos financeiros (AF) 3.545 3.527 2.760 1.788 1.676 2.966 8.835 19.180 14.235 342 99 23 PL 10.335 27.058 29.143 13.301 14.537 17.626 25.096 2.077 3.577 20.571 18.669 16.468 Geração interna de recursos 1.595 1.872 2.287 951 1.269 3.124 1.430 1.091 1.537 (186) (1.150) (1.342) Variação da NCG 0 (2.369) (1.464) 0 (343) 293 0 906 (768) 0 40 100 Fluxo de caixa líquido 0 (497) 823 0 926 3.417 0 1.997 769 (186) (1.110) (1.242) EBIT 1.506 1.850 2.375 1.441 1.667 1.927 867 1.327 1.871 1.111 399 (140) EBITDA 1.744 2.106 2.647 1.470 1.700 1.962 886 1.348 1.908 1.322 597 172 ROIC (antes do imposto) 0,0% 11,1% 9,1% 0,00% 12,05% 13,18% 0,00% 21,58% -35,53% 0,00% 1,59% -0,55% ROI 0,0% 8,6% 7,2% 0,00% 8,88% 19,21% 0,00% 7,88% 53,06% 0,00% -5,86% -7,64% Ciclo financ (NCG/ROL) (dias) 1,9 4,2 6,5 8,1 7,7 6,7 13,0 8,8 8,5 5,6 6,6 3,9 Índice de liquidez (T/AE) (%) 29,6% 6,5% 8,9% -0,53% 1,61% 17,95% 26,33% -127,46% -220,48% -16,12% -14,01% -28,87% Índice de liquidez (T/ |NCG|) (%) 144,7% 41,5% 43,6% -1,18% 3,61% 43,91% 87,22% 189,39% 111,74% -69,31% -59,33% -131,52% Margem líquida (LL/ROL) (%) 5,3% 5,6% 8,0% 4,11% 4,94% 11,26% 10,21% 6,19% 7,25% -0,59% -4,28% -2,99% MEBITDA (%) 6,8% 7,3% 10,5% 6,54% 6,80% 7,15% 6,42% 7,80% 9,23% 4,21% 2,22% 0,38% Exigível/EBITDA 0,06 0,07 0,01 0,11 0,07 0,01 0,34 0,59 0,34 0,33 0,88 4,77

Page 95: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

94

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

No que se refere à necessidade de capital de giro, a classificação do

Fundo Estrela como ativo operacional aumenta essa necessidade nos percentuais

respectivos aos anos de 2002, 2003 e 2004:

• Concessionária 1 - 12,80%, 0,13% e 9,81%;

• Concessionária 2 – 0,46%, 2,19% e 2,29%;

• Concessionária 3 – 9,69%, 0,75% e 9,84%;

• Concessionária 4 - 9,54%, 0,76% e 19,01%.

Em relação ao saldo de tesouraria, naturalmente o impacto causado

pela classificação do Fundo Estrela como ativo operacional foi negativo, como

pode ser observado nos percentuais respectivos aos anos de 2002, 2003 e 2004:

• Concessionária 1: -7,31%, -0,30% e -16,97%;

• Concessionária 2: -65,12%, -37,06%, -4,83%;

• Concessionária 3: -9,20%, -0,39%, -7,42%;

• Concessionária 4: 14,38%, -1,19%, -13,84%.

Quanto ao ativo econômico, a inclusão do Fundo Estrela como ativo

operacional traz impactos, respectivamente aos mesmos anos, da ordem de:

• Concessionária 1 - 2,37%, 0,02%, 1,85%;

• Concessionária 2 – 0,21%, 0,97%, 0,93%;

• Concessionária 3 – 2,74%, 0,50%, 15,03%;

• Concessionária 4 - 2,07%, 0,18% e 3,63%.

Page 96: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

95

Considerando os ativos financeiros, a classificação do Fundo Estrela

como ativo operacional causa impactos negativos, respectivamente aos anos

citados, de:

• Concessionária 1, -4,96%, -0,14%, e -15,00%,

• Concessionária 2, -1,60%, -7,56% e –4,38%;

• Concessionária 3, -5,67%, -0,20% e -3,56%;

• Concessionária 4, -60,09%, -29,29% e -97,57%.

A inclusão do Fundo Estrela como ativo operacional impacta o ciclo

operacional aumentando-o, conforme se pode observar, nos anos de 2002, 2003

e 2004, respectivamente, em:

• Concessionária 1: 11,76%, 0,00% e 10,17%;

• Concessionária 2: 0%, 2,67% e 3,08%;

• Concessionária 3; 9,24%, 0,00% e 10,39%;

• Concessionária 4: 7,69%, 1,54% e 21,88%.

Analogamente, os índices de liquidez (T/AE) são afetados

negativamente com a classificação do Fundo Estrela como ativo operacional,

respectivamente aos anos de 2002, 2003 e 2004, em:

• Concessionária 1: -9,20%, -1,52% e -18,44%;

• Concessionária 2: -65,63%, -37,84%, -5,68%;

• Concessionária 3: -11,64%, -0,11% e, -8,94%;

• Concessionária 4: -12,10%, -1,01% e -9,86%.

Page 97: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

96

Assim, também os índices de liquidez (T/NCG) são afetados

negativamente com a classificação do Fundo Estrela como ativo operacional,

respectivamente aos mesmos anos:

• Concessionária 1: -17,83%, -0,48% e -24,44%;

• Concessionária 2: -68,89%, -38,50% e -6,99%;

• Concessionária 3: -17,24%, -1,14% e -15,72%;

• Concessionáira 4: -4,41%, 0,44% e +4,34%.

Ao realizar-se a classificação do Fundo Estrela como ativo operacional,

houve também, conseqüentemente, aumento na NCG, na variação desta e no

fluxo de caixa líquido na exata proporção do saldo disponível ao final de cada

exercício para todas as concessionárias.

Os resultados de capital de giro, exigível, patrimônio liquido, lucro

operacional e EBITDA não sofreram reflexo do Fundo Estrela, assim como os

indicadores de resultados.

Importante ressalvar que, nos casos examinados, as estruturas

financeiras no modelo definido por Braga (1991) não se alteraram com as

reclassificações do Fundo Estrela, sendo que nos anos examinados (2002, 2003

e 2004) mantiveram-se - tendo as Concessionárias 1, 2 e 3 estruturas sólidas e a

Concessionária 4 estrutura financeira insatisfatória, conforme definição de

Marques e Braga (1995).

Page 98: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

97

6 CONCLUSÕES

Após a interpretação dos índices, pode-se concluir que

inequivocamente a resposta à questão norteadora é que efetivamente as políticas

comerciais e financeiras das montadoras, especificamente no caso do Fundo

Estrela, impactam a administração financeira das concessionárias, notadamente

reduzindo os seus saldos possíveis de tesouraria, aumentando a necessidade de

capital de giro e, conseqüentemente, reduzindo sua liquidez.

Tavares (2002), ao estudar o setor supermercadista, alertava para o

elevado número de variáveis que influenciam a necessidade de capital de giro. No

caso especifico em questão, pode-se acrescentar outra de grande complexidade

para o gestor financeiro de concessionária, que é o Fundo Estrela, tendo em vista

as suas vinculações às condições comerciais da fábrica para movimentação e

utilização.

O confronto das simulações da alocação do saldo do Fundo Estrela em

aplicações financeiras e em contas a receber, alternadamente, comprova que não

se trata somente de uma questão de transferência de valores, mas evidencia uma

restrição financeira que deve ser considerada no processo de decisão

empresarial, visando a evitar-se a insolvência, constatação esta realizada por Cia

(2000).

Ao examinarem-se as normas de movimentação do Fundo Estrela,

concluiu-se que as vinculações contratadas entre as concessionárias e a

montadora aumentam a necessidade de capital de giro, visto que a própria

remuneração da revendedora, conseqüente parte significativa de sua

Page 99: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

98

rentabilidade, fica vinculada à aquisição de produtos da fábrica para seu estoque

e posterior venda. Assim sendo, o fundo tem quota pré-determinada, os valores

utilizados são repostos, à vista ou parceladamente, tornando um ativo que tem

características de ativo financeiro em ativo operacional. Kimura e Perera (2003)

tiveram como ponto primordial no desenvolvimento de seu modelo de gestão de

risco o gerenciamento da liquidez, o que é de elevada importância na pesquisa

específica sobre o setor de seguros, realizada por Bezerra e Corrar (2002). Nos

casos analisados, o gerenciamento de liquidez tem significativas alterações,

conforme foi demonstrado ao se analisarem os índices de liquidez das

concessionárias nas simulações realizadas.

Para os financiadores, investidores e fornecedores, a forma de

funcionamento do Fundo Estrela, que constitui um credor privilegiado em

detrimento dos demais, no caso a montadora, reportando-se a Kimura e Perera

(2003), poderá significar acréscimo aos prêmios de risco e conseqüente

majoração dos encargos financeiros.

A indisponibilidade do saldo positivo do Fundo Estrela (valor de quota

de fundo – valor utilizado de fundo) para quitação de outras obrigações torna esse

ativo financeiro (ativo errático) em ativo cíclico (ativo operacional), evidenciando o

risco de descontinuidade ou crise de liquidez por inadimplência, previsto por Eifert

(2003).

O analista financeiro e até mesmo o gestor financeiro que esteja

realizando o diagnóstico de uma concessionária terão dificuldade em determinar

os indicadores de geração de caixa, indispensáveis - conforme Monteiro e Moreno

(2003) - pelo número de variáveis e condicionantes, em decorrência do fundo e

seus impactos no capital de giro da concessionária. Assim, o monitoramento em

Page 100: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

99

separado do fluxo financeiro da área de veículos novos, conforme segregação

sugerida por Cheng e Mendes (1989), poderá ser uma decisão gerencial

necessária e eficaz.

Poderiam ser utilizados outros produtos financeiros, como compror,

vendor e conta garantida, que dariam melhor condição de gerenciamento do

capital de giro da concessionária.

O fundo aumenta o ciclo financeiro da empresa em um número de dias

aparentemente irrelevante. Mas, tendo em vista que o recebimento das verbas de

remuneração típicas da concessão, como fundo de localização e comissões, é

feito através do fundo, tem-se uma administração financeira em que a

disponibilidade dos lucros fica condicionada à queda da média de vendas. Isso

resultaria na redução da quota e, conseqüentemente, na “entorna” ou na

eventualidade de recebimento de bonificações que, somadas aos valores

aplicados no fundo, viessem a superar o valor definido da quota. Tem-se, então, a

configuração de um quadro em que a interdependência entre as operações e o

equilíbrio financeiro prevista por Braga e Marques (2001) é inequívoca, podendo

haver um grave descompasso entre a apuração de resultados por competência e

a disponibilidade financeira, comprometendo a liquidez da organização.

Para a fábrica, o fundo funciona como proteção ao overtrade da

concessionária e a uma eventual gestão financeira temerária.

A concessionária com saldo disponível em fundo no momento do

pedido de veículos na fábrica, tendo em vista a indisponibilidade dos recursos,

poderá optar por alavancar recursos, retirar os veículos com fiança, realizar a

venda e utilizar o produto desta como capital de giro por até 45 dias, incorrendo

no custo da fiança bancária. Entretanto, esta seria uma operação de

Page 101: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

100

autofinanciamento sem a necessária geração interna de recursos, incorporada ao

patrimônio líquido, conforme descrito por Brasil e Brasil (2000). Essa operação

visa somente à geração de caixa que, na hipótese de ocorrência de uma

oscilação negativa de vendas no momento do pagamento dos veículos e/ou

reposição de fundo, aumenta de forma substancial a possibilidade de uma crise

de liquidez da concessionária. Isso estaria contrariando também Monteiro (2002),

que prevê um equilíbrio imprescindível entre nível de atividade e geração própria

de recursos, como prevenção ao efeito tesoura.

Fica claro, ao analisar-se a situação da Concessionária 4 - que tinha

elevado nível de endividamento e saldo negativo de tesouraria - que, da forma

como o fundo é operado, poderá ter efeito contrário ao pretendido, que é de

preservar capital de giro e acelerar a crise de liquidez da empresa. Nessa

situação, o aumento do ciclo operacional e a indisponibilidade de recursos

agravam as captações de recursos e aumentam as despesas financeiras. Há

também que se considerar que, conforme Brasil (2005), deve haver um patamar

mínimo de geração de caixa para suportar o endividamento da empresa e o

crescimento de faturamento, o que não ocorreu. Pode-se concluir que essa

empresa apresenta quadro de efeito tesoura, com os eventos de endividamento

de perfil de retorno inadequado e série de prejuízos como condições para

surgimento deste, de acordo com Brasil e Brasil (2000).

Para as concessionárias com saldo positivo de tesouraria, a vinculação

dos saldos positivos do Fundo Estrela, mesmo que aplicada a 93% do CDI, pode

indicar, de acordo com Monteiro (2002), uma disfunção de aplicação de recursos,

visto que a empresa pode estar sendo privada de obter melhores retornos em

Page 102: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

101

outros investimentos, caracterizando os custos de oportunidade, manutenção e

falta identificados por Assaf Neto (2000).

Para as concessionárias com saldo negativo de tesouraria, com

existência de saldo positivo de Fundo Estrela, há um impacto nos resultados da

empresas, visto que as taxas de captação de recursos são superiores às taxas de

remuneração do Fundo Estrela. Desta forma, a concessionária é impedida de

amortizar o seu passivo oneroso, aumentando, assim, o seu custo de capital e,

provavelmente, terá uma avaliação de risco inferior à que poderia obter.

O valor disponível de fundo deveria servir de garantia a outras

operações financeiras para propiciar à revenda alavancar outras linhas de crédito,

o que certamente poderia amenizar os efeitos vinculantes do Fundo Estrela e

aumentar as opções de financiamento do aumento da necessidade de capital de

giro provocado pelo próprio fundo.

O fundo reduz a zero o risco de inadimplência das concessionárias com

a fábrica, sem que se possa identificar a contrapartida, em termos de

rentabilidade, pela eliminação do risco de crédito da montadora, cuja situação é

privilegiada.

O Fundo Estrela tem o benefício de preservar a rentabilidade mínima da

concessionária, visto que para cada venda existem as bonificações previamente

estabelecidas, embora depositadas em fundo, reservando, ainda, para a

concessionária a possibilidade de obter lucro adicional na venda a varejo em

preço acima da tabela da fábrica.

A concessionária poderá optar por trabalhar com o faturamento direto,

ou seja, sem realizar retiradas para o estoque e, conseqüentemente, reduzir ao

mínimo o saldo e utilização do Fundo Estrela, liberando recursos nele vinculados.

Page 103: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

102

Entretanto, essa alternativa implicaria reduzir sua margem em 2%, visto que

nessa modalidade há redução das bonificações da concessionária, as metas de

aquisição da concessionária com a fábrica provavelmente não seriam cumpridas

e poderia haver dificuldades no atendimento às demandas dos clientes, visto que

o estoque da fábrica poderia não contemplar o produto solicitado naquele

momento. Desta forma, embora possível, essa estratégia é praticamente inviável,

a não ser que existam benefícios fiscais não identificados no estudo.

Por essas razões, a existência do fundo, como é atualmente

estruturado, tem como único beneficiário a fábrica, pois, para as empresas em

situação de equilíbrio financeiro, ele seria naturalmente desnecessário e para as

empresa em crise de liquidez ou acentuado crescimento de vendas ele vem

acelerar e aprofundar as suas dificuldades financeiras, reduzindo suas

alternativas de autofinanciamento.

Tendo em vista a relevância do tema e do segmento econômico,

entende-se que outras pesquisas poderiam ser realizadas comparando as

condições comerciais e financeiras das outras montadoras com sua rede de

concessionárias, produtos financeiros que poderiam ser substitutos do Fundo

Estrela e adequação contábil para classificação mais correta do Fundo Estrela.

Page 104: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

103

REFERÊNCIAS

ANFAVEA - Anuário da Indústria Automobilística Brasileira do ano de 2003 – disponível www.anfavea.com.br. Acesso em 20.03.2006. ARBIX, G.; VEIGA, J.P.C. A distribuição de veículos sob fogo cruzado: em busca de um novo equilíbrio no setor automotivo(versão resumida) 2000 – disponível www.fenabrave.com.br. Acesso em 02.03.2006 ASSAF NETO, A.; MARTINS, E. Administração financeira. São Paulo: Editora Atlas, 1993. ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico financeiro. São Paulo: Editora Atlas, 2000. ASSAF NETO, A. A estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. ASSAF NETO, A.; SILVA, C. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 2002. BEZERRA, F.A.; CORRAR, L.J. Metodologia de identificação dos principais indicadores financeiros para acompanhamento e análise de empresas: uma aplicação em companhias seguradoras, ENANPAD, 2002. BRAGA, R. Análise avançada do capital de giro. Caderno de Estudos FIPECAFI, n.3, set/1991. BRAGA, R.; MARQUES, J.A.V.C. Avaliação da liquidez das empresas através da análise da demonstração de fluxos de caixa. Revista Contabilidade & Finanças FIPECAFI – FEA – USP, São Paulo, FIPECAFI, v.14, n. 25, janeiro/abril 2001. BRAGA, R.; NOSSA, V.; MARQUES, J. Uma proposta para a análise integrada da liquidez e rentabilidade das empresas. Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo, v. XV, n. 2, p. 51-64, 2004. BRASIL, H.; FLEURIET, M. O planejamento financeiro das pequenas e médias empresas: um modelo integrado. Belo Horizonte, Consultoria Editoria/Fundação Dom Cabral, 1979. BRASIL, H.V.; BRASIL, H.G. Gestão financeira das empresas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Ed.Qualitymark, 2000. BRASIL, H.G. Geração de caixa e endividamento. Revista Gestão & Tecnlologia. Faculdades Pedro Leopoldo, vol. 5 no. Jan/Jun 2005. BRIGHAM, E.F.; HOUSTON, J. F. Fundamentos da moderna administração financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

Page 105: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

104

CARDOSO, D. Correlacionando Beta do Modelo CAPM – Capital Asset Pricing Model – com as variáveis do Modelo Fleuriet: uma análise da Siderúrgica Belgo Mineira, ENANPAD 2000. CHANG, C.H; DANDAPANI, K.; PRAKASH, A.J. Current assets policies european corporations. In: Management International Review, v. 35, n. 2, p. 105-117, 1995. CHENG, A.; MENDES, M. A importância e a responsabilidade da gestão financeira da empresa. In: Caderno de estudos, FIPECAFI, São Paulo, nº1, Outubro/1989 p.1-11, 1989. CIA, J.N. Teoria das restrições: um estudo da restrição financeira em empresas com aplicação da metodologia Fleuriet. In: XXIV ENANPAD. 2000, Anais... Rio de Janeiro. 2000. Disponível em http://www.anpad.org.br, acesso em 26/04/2006. EIFERT, D.S. Análise quantitativa na concessão de crédito versus inadimplência: um estudo empírico. Dissertação de Mestrado Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Administração, Porto Alegre, agosto/2003. FLEURIET, M; KENHDY, R.; BLANE, G. O Modelo Fleuriet: a dinâmica financeira das empresas brasileiras: um novo modelo de análise, orçamento e planejamento financeiro. Belo Horizonte: Campus, 2003. FRANÇA, J.L. et al. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. Belo Horizonte: ed. UFMG, 7ed, 2004. 241p. FREZATTI, F. Valor da empresa: avaliação de ativos pela abordagem do resultado econômico residual. Caderno de Estudos, São Paulo, FIPECAFI, v.10, n° 19, p57-69, set/dez. 1998. GALVÃO, A. et al. Mercado financeiro: uma abordagem dinâmica dos principais produtos e serviços, Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. GIMENES, R.M.T.; GIMENES, F.M.P. Financiamento das necessidades líquidas de capital de giro em cooperativas agropecuárias: uma investigação empírica sob a perspectiva do Modelo Fleuriet. Revista FAE, v. 8, p. 103-115, jan/jun 2005. GITMAN, L. Princípios de administração financeira. São Paulo: Editora Harbra, 1997. IBRE – INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA – FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Juros sobre capital de giro: o impacto nos custos da indústria brasileira: impacto das taxas de juros sobre o custo do capital de giro na indústria brasileira – Relatório Final – Referências Fiesp – 2002. JATOBÁ, Z.; CAMPOS, J. Efeitos inflacionários no custo do capital de giro. Disponível em http://www.redecontabil.com.br/artigo/arquivos/art_39.pdf, acesso em 10/03/2006. 2003, 8p.

Page 106: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

105

KIMURA, H.; PERERA, L.C.J. Modelamento ótimo da gestão de risco em empresas não financeiras. ENANPAD, 2003. LAKATOS, E.M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo, Atlas 1999. LAMEIRA, L.D. Determinantes do nível de liquidez das firmas brasileiras. Dissertação de Mestrado. Fundação Getulio Vargas, Escola de Pós-graduação em Economia, EPGE.FGV, 2001. MARQUES, J.; BRAGA, R. Análise dinâmica do capital de giro: o Modelo Fleuriet. In: Revista de Administração de Empresas, v.35, n.3, p.49-63, mai/jun. 1995. MARQUES, R. Uma investigação do relacionamento entre o Modelo Fleuriet e o modelo baseado no valor econômico agregado: estudo utilizando dados de empresas relativos aos anos de 1999 e 2000. Dissertação de Mestrado em Ciências Contábeis, UNB, 2002, 154f. MARTINS, E. Contabilidade versus fluxo de caixa. Caderno de Estudos, São Paulo, FIPECAFI, no. 20, Janeiro a Abril. 1999. MARTINS, E. Avaliação de empresas: da mensuração contábil à econômica. Caderno de Estudos, São Paulo, FIPECAFI, v. 13, n. 24. p.28-37, julho/dezembro, 2000. MARTINS, G.A. Epistemologia da pesquisa em administração. Tese de Doutorado. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade FEA/USP, 2000. MATARAZZO, D.C. Análise financeira de balanços. São Paulo: Atlas, 2003. MAXIMO, I.R.A.; MONTEZANO, R.M.S.; BRASIL, H.G., Liquidez: um estudo empírico de empresas brasileiras de capital aberto. ENANPAD 2004. MEDEIROS, O.; RODRIGUES, F. Testando empiricamente o Modelo Fleuriet. In: BASE – Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos 1(2): 25-32 setembro/dezembro, 2004. MEHTA, D. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 1978. MONTEIRO, A.A.S. Os fluxos de caixa e o capital de giro – uma adaptação do Modelo de Fleuriet. Dissertação de Mestrado. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Administração e Finanças, Rio de Janeiro, primeiro semestre de 2002. MONTEIRO, A.; MORENO, R. Fluxos de caixa e capital de giro: uma adaptação do modelo fleuriet In: XXVII ENAPAD. 2003, Anais... Atibaia. 2003. 11p. CD Rom.

Page 107: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

106

MORAES, D.; CAMPOS, F. O uso da tecnologia da informação (TI) pelo setor financeiro: bancos comerciais. In: XI SIMPEP, Bauru- SP 08 a 10 de novembro, 2004. MOURA, H.; MATOS, D. Dimensionamento do capital de giro: uma abordagem financeira. In: XXVII ENAPAD. 2003, Anais... Atibaia. 2003. CD Rom. OTTOBONI, C.; PAMPLONA, E.O. Proposta de pesquisa para avaliar a necessidade de se medir o desempenho financeiro das micro e pequenas empresas, ENEGEP, 2001. PEREZ, M.; FAMÁ, R. Análise dinâmica e políticas de investimento em capital de giro do setor siderúrgico no Brasil. 2002 16p. Disponível em: http://www.nossocontador.com/artigos23.htm, acesso em 24/04/2006. QUEIROZ, A.D. Integração dos sistemas de produção e finanças: demonstrativos e análise dos fluxos de fundos. Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1988. RASOTO, A. et al. Análise da situação de financiamento empresarial: uma visão dinâmica. In: I Seminário de Gestão de Negócios da UniFAE, Blumenau, 2004. 18p. Anais eletrônicos. Disponível em http://www.fae.edu/publicacoes/se1_artigos.asp, acesso em 20/04/2006. SANTANA, J. Adaptação do balanço patrimonial de entidades de previdência privada ao modelo dinâmico de análise da gestão financeira: estudo comparativo dos fundos de pensão de Santa Catarina. Dissertação de Mestrado em Engenharia da Produção, UFSC, 2004, 170 f. SANTI FILHO, A.; OLINQUEVITCH, J.L. Análise de balanços para controle gerencial. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1995. SANTIAGO, P.W. Demonstração dos fluxos de caixa: uma contribuição para evidenciação contábil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Ciências Econômicas, Centro de Pós-graduação e Pesquisas em Administração. CEPEAD/ FACE/ UFMG/ UNIMONTES, Belo Horizonte, 2000. SEIDEL, A.; KUME, R. Contabilização das variações da necessidade de capital de giro. In: Revista Contabilidade & Finanças – USP, São Paulo, n.31, p. 66-77, Janeiro/abril, 2003. SILVA, A.A. Gestão financeira: um estudo acerca da contribuição da contabilidade na gestão do capital de giro das médias e grandes indústrias de confecções do estado do Paraná. 2002, 163f. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. SINCODIV-MG. Sindicato das concessionárias e distribuidores de veículos de MG (www.sincodiv-mg.com.br). Acesso em 18.03.2006.

Page 108: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

107

SOUZA, A.; LUPORINI, C.; SOUZA, M. Gestão do capital de giro. In: Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, V.1, nº3, 2ºSem. de 1996. SOUZA, A.; MENEZES, E. Estratégia, crescimento e a administração do capital de giro. In: Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo. v.2. nº5, 2º sem/97 1997. TAVARES, C.P. As estratégias de gestão do capital de giro e seus reflexos no desempenho econômico-financeiro de empresas do setor supermercadista. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Ciências Administrativas, CEPEAD, Belo Horizonte, 2002. THEISS JÚNIOR, F.; WILHELM, P. Análise do capital de giro: modelo dinâmico versus modelo tradicional. In: XXIV ENANPAD. 2000, Anais... Rio de Janeiro. 2000. disponível em http://www.anpad.org.br, acesso em 26/04/2006. VERDI JÚNIOR, W.; PEREIRA, H.M.A. Concessionária Enxuta – Guia Prático, Edição 1, FENABRAVE, 2002. VIEIRA, M.V. Administração de capital de giro. São Paulo, Atlas, 2005. WESTON, J.; BRIGHAM, E. Fundamentos da administração financeira. São Paulo: Makron Books, 2000. YIN, R.K.; Estudo de caso: planejamento e métodos. 2a. Edição, Porto Alegre Bookman, 1989. www.fenabrave.com.br www.sincodiv-mg.com.br www.anfavea.com.br

Page 109: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 110: VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp088264.pdf · vicente eustÁquio mascarenhas administraÇÃo de capital de giro de concessionÁrias da

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo