Vida Maria x Pedagogia Autonomia
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Relacione e discuta de maneira coerente a narrativa trazida pelo curta metragem Vida
Maria de Márcio Ramos (que foi pedido para que você assistisse em nossa primeira
aula) com o seguinte trecho da obra de Paulo Freire Pedagogia da Autonomia – Saberes
necessários à Prática educativa: “gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um
ser condicionado, mas consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele.
Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o determinado. A diferença entre
o inacabado que não se sabe como tal e o inacabado que histórica e socialmente
alcançou a possibilidade de saber-se inacabado” (1996:59)
Maria, desvendando os olhos para alçar vôo
O curta metragem Vida Maria demonstra a reprodução do analfabetismo e da
exclusão social na escola, esses constituem dois problemas de âmbito sócio-educacional
da sociedade brasileira, que são oriundos dos tempos do Brasil colonial, perduraram
durante o período imperial e se mantêm desde a Proclamação da República até os dias
atuais em pleno século XXI.
A personagem Maria José representa apenas mais uma Maria da geração de
brasileiros excluídos, que integram a grande massa populacional dócil, inculta e
sobretudo alijada dos direitos sociais. Todavia, necessária para a manutenção do modo
de produção capitalista. Onde o acesso ao conhecimento de fato, é destinado a uma
parcela menor e privilegiada da população, detentora da maioria do capital e da
liderança política e institucional.
Mais ainda, Maria José reproduziu o que outras Marias de sua família fizeram,
viver uma vida insipiente, à margem do ensino, sem alçar vôo, sem metas para alcançar,
sem horizontes a serem descobertos, com os olhos vendados, sem a consciência de que
o mundo não se acaba nas fronteiras de sua casa. Maria apenas repetiu uma vida de
carência, assim como sua mãe e ascendentes, restando-lhe a sina de somente cuidar da
pobre casa, do marido e dos muitos filhos.
Comparando Vida Maria com o trecho acima retirado da obra de Paulo Freire,
Maria José é inacabada mas sua consciência lhe transmite a certeza da terminalidade, ou
seja, o analfabeto e/ou excluído do sistema educacional geralmente acredita que apenas
o conhecimento do senso comum é tudo, não possui a compreensão de que há muito o
que se aprender, não existe ponto final para a aquisão de conhecimento.
Portanto, cabe a nós educadores lutar por políticas públicas que revertam esse
triste quadro de analfabetismo e exclusão escolar. Para que termine a reprodução desta
mazela social, caso contrário continuará sendo da mesma forma que Maria José fez com
Maria de Lurdes no curta metragem. Também como educadores devemos mostrar aos
nossos alunos que somos inacabados, que temos condições sim de ir além, de tomar
posse da verdade e de todo o conhecimento a ser adquirido, pois só assim a sociedade
brasileira será verdadeiramente livre, conforme disse o Mestre de Nazaré: “E
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Evangelho de João 8.32.