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Dizer tudo o que pensamos nas redes sociais e compartilhar o que vemos pela frente podem ter consequências sérias # pronto falei Sintonia Cultural A favor da diversidade, projeto internacional coloca cidadãos na pele de outras pessoas Reportagem Imigrantes precisam vencer o preconceito e uma legislação morosa antes de poderem chamar o Brasil de lar edição 227 • abril | maio 2014

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Publicação bimestral da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

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Dizer tudo o que pensamos nas redes sociais e compartilhar o que vemos

pela frente podem ter consequências sérias

#prontofalei Sintonia Cultural

A favor da diversidade, projeto internacional coloca cidadãos na pele de outras pessoas

ReportagemImigrantes precisam vencer o preconceito e uma legislação morosa antes de poderem chamar o Brasil de lar

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O alcance das redes sociais é gigantesco. O que muitas pessoas podem não saber é

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É de casa!

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mercadode trabalho

Algumas profi ssões pare-cem, mas não são.Descubra o que um ar-queólogo, um engenheiro fl orestal,um restaurador e um estatístico realmente fazem.

Música que toca

o coração

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O combate pela

saúde do corpo

Em 55 anos de história, um título de Pontifícia, reconhecimento inter-nacional, forte incentivo à pesquisa. Saiba mais sobre essas últimas cinco décadas e meia da PUCPR e como Waldemi-ro Gremski está envolvi-do nelas.

Mais confl itos e

mais alegrias

O caçador de sorrisos

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20 40

ESTAÇÃO PUC MUNDO MELHOR

Até os passarinhos escolhem alimentos saudáveis para dar aos fi lhotes. Veja a pesquisa realizada pelo curso de Biologia.

48Estudantes e professores antenados em eventos, palestras e grandes atividades podem reser-var em suas agendas um espaço para atividades selecionadas sobre a esfera acadêmica.

DNA

REPORTAGENS VEJA +

ENQUANTO ISSO FALANDO SÉRIO

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A participação dos pro-fessores da PUCPR em eventos, lançamentos e congressos é desta-que na Vida Univer-sitária, com direito a muitas fotos.

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Fotos e registros dos acadêmicos que par-ticiparam de eventos, premiações e diversas oportunidades dentro e fora da Universidade.

50Dúvidas são fundamen-tais para gerar conheci-mento. Aquilo que você não sabe pode ser a pergunta de mais univer-sitários. Saia da dúvida e descubra a resposta.

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Vamos fazer games?

Jovens com sonhos e pensamentos diferentes mostram que, pelo bem, vale a pena se unir. As diferenças são a força motriz para grandes projetos.

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BRASIL,

Terra da esperança?

31Quer conhecer uma cidade ou mesmo um país vivendo como os locais? Você precisa de um social guide. Conheça o TravelPeople e veja como suas viagens podem ser mais interessantes.

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identidade34

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A copa do mundo

é nossa...

fi lhosda puc

mundoafora

sintonia cultural espirutualidade na prática

perguntepra pucvem aí

qualidade de vidadrops

diário de bordo

vidadocente registro

reportagem reportagem reportagem entrevista pesquisa

índice

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Nossa Universidade tem uma missão clara: além de formar profi ssionais de excelência, formar cidadãos comprometidos com a construção de uma socie-dade mais justa. Quando vemos que o sonho de nossos alunos é, efetivamente, colaborar para um mundo mais solidário, nosso coração se enche de alegria.

Um desses casos você irá conhecer nesta edição da Vida Universitária: Abel Domingues Souza, egresso de Teologia, leva alegria a hospitais, orfanatos, al-deias indígenas e comunidades em situação de vulnerabilidade social com o seu teatro de marionetes feitas a partir de materiais descartados como lixo. Uma iniciativa simples que desperta o sonho e a imaginação de crianças e jovens.

Esse espírito de solidariedade também está presente em nossos educa-dores. Um exemplo é o maestro Paulo Torres, docente do curso de Música. Ele leva os belos acordes de seu violino aos corredores de hospitais e, assim, transmite conforto a pacientes e familiares, tão fragilizados pela falta de saú-de. Um belo trabalho que você também acompanha em nossas páginas.

A matéria de capa fala sobre as redes sociais, que são tão benéfi cas no com-partilhamento de conhecimento, mas que também têm sido palco de crimes. É preciso ter clareza sobre os benefícios dessas ferramentas e os perigos que tamanha exposição pode gerar. É essa discussão que vamos compartilhar com você.

Também trazemos uma matéria especial sobre os 55 anos de nossa queri-da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Temos um breve histórico de nossa trajetória até os dias de hoje e uma cobertura das celebrações que mar-caram o aniversário da Universidade.

Enfi m, esperamos que nossa publicação possa inspirá-los a iniciar a cami-nhada pela construção de um mundo melhor, sempre guiada pelos princípios cristãos e Maristas que regem nossa Universidade. Que o conhecimento de nossas páginas possa incitá-los a sonhar, ousar e lutar.

inspiraçãopara a construção de um mundosolidário

Boa leitura a todos!

Waldemiro GremskiReitor

gRão-CHAnCElER Dom Moacyr José Vitti

VIDA UNIVERSITÁRIA é uma publicação bimestral da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Registrada sob o nº 01, do livro B, de Pessoas Jurídicas, do 4º Ofício de Registro de Títulos, em 30/12/85 - Curitiba, Paraná

ConSElHo EditoRiAl – PUCPR

REITOR Waldemiro Gremski

VICE-REITOR Paulo Otávio Mussi Augusto

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃOVidal Martins

PRÓ-REITORA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Paula Cristina Trevilatto

PRÓ-REITOR COMUNITÁRIO José Luiz Casela

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO E DE DESENVOLVIMENTO Paulo de Paula Baptista

DIRETORA DE RELACIONAMENTOSilvana Hastreiter

Edição

DIRETORIA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO DO GRUPO MARISTAEduardo CorreaVivian Lemos

REdAção

JORNALISTA RESPONSÁVEL Rulian Maftum - DRT 4646

SUPERVISÃO Maria Fernanda Rocha

EDIÇÃO DE ARTE Julyana Werneck

PRoJEto gRáFiCo E logotiPo

Estúdio Sem Dublê | semduble.com

REViSão tExtUAl

Lumos – Bureau de Traduções

PRoPAgAndA

Lumen ComunicaçãoRua Amauri Lange Silvério, 270 Pilarzinho – Curitiba – ParanáCep: 82.120-000www.grupolumen.com.brPara anunciar, ligue: (41) 3271-4700

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Rua Imaculada Conceição, 1155 - 2º andarPrado Velho – Curitiba – ParanáCaixa Postal 17.315 - CEP: 83.215-901Fone: (41) [email protected]

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução sem autorização prévia e escrita. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

editorial

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“Viver não é você estar feliz”. A psicanalista e filósofa Viviane Mosé acredita que o estado de perfeição, que tange a felicidade, é irreal. O que a gente precisa mesmo é de contradições, instabilidades e momentos de alegria. Leia a entrevista que ela concedeu, com exclusividade, à revista Vida Universitária e fique à vontade para refletir sobre o assunto. Será inevitável, acredite!Por Elizangela Jubanski

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entrevista

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Mais conflito

E como tentar se desapegar dessa perfeição – digamos assim – no nosso dia a dia?

Tem inúmeras maneiras de exemplificar essas tentativas. Por exemplo, alguém pode pensar que a felicidade é encontrar o amor da vida e ir para um cruzeiro na Grécia. Mas quando essa pessoa encontra o amor da vida, ela diz coisas que o ou-tro não gosta, o barco balança, dá enjoo. Então, a situação que você fantasiou lá atrás como sen-do perfeita é, na verdade, móvel, contraditória, intensa e problemática. Então, a felicidade é um ideal que foi inventado e nos faz mal porque fica-mos sempre sonhando com aquilo que, de fato,

a gente não quer. Outro exemplo é sobre as ex-pectativas dos homens quanto à figura clássica da mulher dos anos 50 que queria um marido tranquilo, que não saísse, que não jogasse fute-bol, que ajudasse em casa – isso é o ideal. Mas se ela tiver esse marido, ela mata esse homem. Nin-guém suporta alguém tão estável. Então, não crie ideias e sonhos em formas de moldes porque não é de fato o que a gente quer. Hoje, a gente paga um preço muito caro por essa ideia.

E qual é a consequência de buscar algo que nunca vai ser alcançado?

A busca por toda essa perfeição que não existe acaba resultando em ritalina para as crianças e fluoxetina para adultos. O Brasil é um dos paí-ses que mais usa medicação psiquiátrica, então, como atingir a estabilidade sendo que somos instáveis? Medicando ou comprando. Estamos nos tornando pessoas que compram e vendem porque querem ter a sensação de que controlam

suas próprias vidas, e isso está ligado a uma bus-ca pela perfeição. Não é a felicidade que devemos buscar, mas sim a alegria. Esse é um sentimen-to amoral que vai além de qualquer valor. Você pode estar alegre sem nenhuma razão. A alegria é uma variação afetiva, e, como diz Baruch Spino-za, um filósofo de quem gosto muito, “estar ale-gre é estar cheio de vida”.

A que você atribui o fato de algumas pessoas terem a necessidade de se autoafirmar nas redes sociais?

Somos muito novos em redes sociais. Toda essa maneira de se portar nelas é muito nova. As pes-soas estão lá, na sua maioria, para se mostrar: olha meu cachorro novo, minha viagem, o res-taurante onde eu fui. Inicialmente, ninguém quer mostrar o lado feio, o lado que ninguém quer ver. Mas isso é fruto da imaturidade da própria rede social. Com o tempo, isso se desgasta porque a experiência também vai nos mostrar que a gen-te não precisa ser feliz, a gente precisa viver. E viver é muito difícil, é complicado, denso, e isso ninguém quer mostrar. Sem contar que as redes

sociais são fascistas, maniqueístas. Se alguém postar algo que tem mil curtidas, aquilo é legal. Se você vai contra uma dessas opiniões, você é destruído nas redes sociais. Então, reina a tal da conclusão. As pessoas leem, concluem o que querem e opinam. Mas não são só críticas porque eu, particularmente, adoro redes sociais. Acho que elas são fundamentais, mas isso faz parte de um processo de amadurecimento. Com o tempo, elas vão se tornar mais naturais, aí você não vai ter perfil para se mostrar, mas sim para se rela-cionar, que é o objetivo.

A busca pela felicidade é um dos temas que desperta boas leituras. Afinal, é possível encontrá-la?

Essa questão em si é um problema. A felicidade é um conceito, um anseio, é uma ideia quando a gente busca um estado de perfeição. E essa perfeição é o que, de fato, você não busca. Exis-te uma contradição entre aquilo que você quer como alegria e aquilo que se chama de felicida-de. É como se a felicidade fosse a concretização, mas ninguém gosta do fim, e é essa a dificuldade. Viver não é estar feliz. Sabe o que faz bem para a gente? Contradições e conflitos. É isso que nos faz bem. Felicidade é saber lidar com a intensi-

dade, com o excesso e com o desequilíbrio. É conseguir construir disso um formato. Isso sim é realização, é maturidade. A ideia de felicidade é imatura, é infantil. Então, hoje, a gente tem que eliminar essa vontade de ser estável, porque isso está nos matando. Vamos assumir a angústia como um fenômeno positivo, porque é ela que nos faz crescer, nos alarga a alma para sermos maiores do que somos. E é isso que gente tem que buscar ser: grandioso e melhor.

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“A mulher está prepotente e arrogante”, você disse. Por quê?

A mulher foi muito reprimida no século passado e por isso está querendo tudo. Mas não apenas para se desenvolver, curtir, mas para provar que pode. Isso a tornou arrogante porque quer tudo e todos aos seus pés. Mas ela não faz ideia de que, na verdade, não há problema algum em ser frágil. Uma mulher só quer um homem se ele tiver algo que complemente. Um homem também procura uma mulher que tenha essa necessidade para que ele possa complementá-la. Não só sexualmente. Então, se eu não tenho uma falta, um vazio, por que o cara vai gostar de mim? A arrogância, tanto do homem quanto da mulher, não leva a um re-lacionamento. Só tem um relacionamento quem precisa um do outro. Quem não precisa que fi que sozinho.

Ainda somos imaturos em vários aspectos. mesmo diante de todos esses apontamentos, estamos acertando em quê?

Pelo contrário, está tudo muito certo, a gente é que não está entendendo o que está acontecen-do. Estamos saindo de um mundo velho, arcaico, excludente e piramidal para um mundo em rede, onde os poderes são democráticos e tudo pode acontecer. Só que como é que você sai de um modelo em que tinha um pai mandando para um modelo em que não há pai? Por isso é que a gen-te sofre tanto, por não saber ser autônomo com responsabilidade. A gente não pode mais educar uma criança para receber uma ordem, precisa educá-la para construir suas próprias regras. E isso a gente não sabe. Daqui a pouco tempo, vamos aprender a viver melhor, só estamos em uma transição, e estar em transição é ótimo.

“Não é a felicidade que devemos buscar, mas sim a alegria. Esse é um sentimento amoral que vai além de qualquer valor. Você pode estar alegre sem nenhuma razão.”

Em uma entrevista, você afi rmou que ninguém casa para ser feliz. “Se quer ser feliz, vá para londres e faça o que você quiser. Casamento é doação”. Explique isso.

Exatamente. Acho importante discu-tir o que se ouve por aí: “eu quero um homem/uma mulher que me faça feliz”. Está errado, isso está redondamente errado. Seja feliz e partilhe sua felici-dade com alguém. Pensamos em felici-dade com aquele conceito que a gente já conversou. Não posso esperar que alguém me faça feliz. Eu tenho que me fazer feliz e, então, querer compartilhar esse sentimento com alguém. Isso sim

é diferente. Então, casamento deveria ser duas pessoas partilhando alegrias, tristezas e suas vidas. Mas o que está acontecendo é que, no casamento, um atribui ao outro a razão de ser da sua própria vida e também do seu próprio sofrimento. Então, quando uma pes-soa se casa, ela quer ser feliz. Não. Você casa para estar junto, para traçar metas em comum.

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Rede SocialRede Social

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Embora recentes, as redes sociais chegaram ao Brasil de forma intensa. Disseminar assuntos, comentários e vídeos nunca foi tão fácil. O alcance é gigantesco. O que muitas pessoas podem não saber é que postagens na internet se tornaram alvos de inquéritos e processos judiciais.Por Elizangela Jubanski

Quem publica conteúdo nas redes sociais está mais propenso a receber algum processo do que aqueles que apenas curtem e compartilham, certo? Errado. Cur-tir e compartilhar algum conteúdo que não seja verdadeiro ou que seja ofensivo pode, sim, ter penas judiciais. Em dezembro do ano passado, em São Paulo, duas internautas descobriram isso da forma menos amigável possível.

Pela primeira vez, a justiça condenou uma internauta que postou um conteú-do, caracterizado como vexatório, e outra que compartilhou essa mensagem na rede social. As duas terão de pagar uma indenização de R$ 10 mil cada por danos morais. A queixa de negligência no atendimento a uma cadela era contra um ve-terinário que não tinha rede social, mas fi cou sabendo da postagem pelos amigos.

O desembargador José Roberto Amorim, relator do caso, em entrevista ao SPTV, acredita que a decisão pode trazer mais responsabilidade para quem es-creve e compartilha texto nas redes sociais. “É para que as pessoas tenham cons-ciência, no momento que leem algum tipo de matéria, se elas devem ou não re-passar isso para frente. Que elas estejam cientes de que poderão ser penalizadas também pelo simples fato de replicar”.

Outro caso que ganhou repercussão recentemente foi o da internauta que, sem checar a informação, compartilhou a foto de um leão com descrições polê-micas e alcançou a marca de 8,7 mil compartilhamentos no Facebook, em janeiro deste ano. Junto com a imagem, graves acusações contra o Zoológico de Curitiba.

A discussão sobre o assunto tomou corpo e acabou virando matéria de vários veículos de comunicação. A Prefeitura de Curitiba rebateu as acusações, mas, di-ferentemente do que foi divulgado, optou por não processá-la. A cidadã foi ape-nas interpelada extrajudicialmente, ou seja, chamada para conversar em um tri-bunal, na companhia de um representante da prefeitura.

Contudo, a internauta poderia ter sido processada pelo que postou. O ato de alguém publicar uma inverdade caracteriza-se judicialmente como sendo calúnia. “Isso acontece e é mais comum do que se imagina. Ela atribuiu falsamente uma conduta criminosa a uma pessoa ou instituição. Como a prática de maus tratos a animais é tipifi cada como crime na Lei de Proteção ao Meio Ambiente, ela fez uma calúnia à prefeitura e poderia ter sido processada por isso, com certeza”, analisa o especialista em Direito Digital Diego Almeida. Muita gente aprendeu a lição.

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“Isso pode acontecer no âmbito civil, ou seja, uma indenização, ou no criminal, se essa ofen-sa for enquadrada nos casos de injúria, calúnia ou difamação”, comenta Almeida. Sobretudo, as redes sociais tomaram grande proporção na internet e ajudaram na criação de vários núcleos e delegacias especializadas.

E há ainda casos que poderiam ganhar pro-porção ainda maior com as redes sociais. Quan-do uma servidora pública de Curitiba, que prefe-re não ter o nome divulgado, abriu seu e-mail e clicou em um link intitulado “Pra vc”, não calcu-lou a devastação que aquele download causaria. Um vídeo íntimo caseiro, gravado por uma web-cam, tinha caído na rede, mais precisamente em um blog, um diário de rede. Hoje, com 32 anos e há quase dez do fato, ela tem pouca clareza so-bre o episódio. “Tinha terminado um noivado há poucas semanas de maneira bem tranquila. Eu me lembro daquele vídeo, mas nunca pude ima-ginar que alguma coisa desse tipo fosse aconte-cer. Sofri bastante, senti muita vergonha”.

A lista dos remetentes era longa e boa parte deles era da família. “Mãe, pai, meus primos e até alguns professores com quem eu tinha contato na época: todos receberam o link”, lembra. Na época, a rede social que dava as caras no Brasil era o Orkut, recém-lançado, por isso a “vingan-ça” contra a servidora foi feita por e-mail mes-mo. “Liguei para ele na hora. Depois de muito diz que me diz, entendi que a garota com quem ele estava saindo tinha feito isso. O porquê não sei até hoje. Não tinha subsídios para ir atrás de uma delegacia, acho que nem tinha, naquela época, quem eu pudesse procurar. A família dele fi cou revoltada e todos me ajudaram a remover aquele post do blog”, descreve.

Depois de muitos panos quentes, tudo foi resolvido na conversa, no entanto, o drama tal-vez pudesse ter tido um fi nal diferente nos dias

de hoje. Embora nenhuma legislação brasileira específi ca regulamente a utilização das redes sociais, tampouco o comportamento dos usu-ários, existem leis que são aplicadas no mundo offl ine que também valem para o virtual, tanto no âmbito civil quanto penal.

O advogado especialista em Direito Digi-tal, Diego Almeida, alerta que o primeiro passo para quem se sentiu ofendido online, mais es-pecifi camente nas redes sociais, é mandar uma notifi cação para o servidor em que esse conteú-do foi colocado. “Qualquer servidor é obrigado a manter esse registro, sem que responda algo diretamente ao ofendido, ele precisa armazenar essa notifi cação”, explica Almeida, que é sócio do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados, referência nacional em Direito Digital.

A intervenção jurídica após essa notifi cação é inevitável. O advogado explica que é preci-so identifi car o autor do conteúdo difamató-rio para seguir adiante. “Como o servidor, por exemplo, não tem obrigação de entregar os dados de um usuário simplesmente com uma notifi cação, é preciso apresentar uma medida judicial solicitando que ele os forneça para se fazer a identifi cação do ofensor”. A essas altu-ras, o pedido de notifi cação já está em análise, podendo ser removido a qualquer momento, caso assim seja entendido pela administração do site em questão.

Diante disso, com a certeza de onde partiu a ofensa e quem é o autor, o processo será guia-do para que a pessoa lesada busque reparação.

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“Qualquer servidor é obrigado a manter esse registro, sem que responda algo diretamente ao ofendido, ele precisa armazenar essa notifi cação.”

[diego AlmeidaAdvogado especialista em Direito Digital]

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Rede SocialRede Social

https://www.minharedesocial.com.br

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REDE SOCIALREDE SOCIAL

O Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber) do Paraná é referência na solução de crimes cometidos na internet. Algumas atitudes pouco nobres na rede abrem caminhos para um lado per-verso do mundo online, com acusações e ofensas. Atual-mente, crimes contra a hon-ra só perdem para os contra o patrimônio. “Foi o caso do lutador de MMA e ídolo na-cional Anderson Silva, que realizou, por meio de seu ad-vogado, um boletim de ocor-rência por injúria contra uma mulher de 40 anos que mora em Pinhais, na região metro-politana de Curitiba. Ela postou na página do Facebook, entre outras coisas, uma frase que incluía ‘o Brasil vai ver o ídolo e o podre que você é’. Só o ‘podre’ já justifi cou o processo de injúria.”

O delegado Marcelo Magalhães que acompanha o inquérito detalhou que a internauta não quis se pronunciar e deve responder à representação em meados de abril no Juizado Especial do município. “Casos de injúria são comuns, mas não pela internet, pelo menos nessa delegacia. Mas quando isso ocorre, as pessoas não têm conhecimento de como essas ofensas em rede social prejudicam uma pessoa”. A pena prevista para injúria é detenção de um a seis meses ou multa.

Casos como o do lutador crescem de maneira disparada no Brasil. O acesso ao Judiciário, somado às repercussões de alguns deles na mídia, faz – cada vez mais – com que pessoas processem outras por se sentirem lesadas em comen-tários e postagens, principalmente nas redes sociais. De acordo com o Nuciber, o aumento, em dois anos, foi de cerca de 40% dos casos registrados.

Para o advogado especialista em Direito Digital, é um erro pensar que inter-net é uma “terra sem lei”. “Muito pelo contrário. Algumas pessoas fazem esses questionamentos para a gente, mas não é nada disso, mesmo. Tudo que você faz na internet se equipara ao que você faz na vida real, digamos assim. Se você pratica uma conduta criminosa ou lesa uma pessoa, terá que responder por isso independentemente se foi praticado na internet ou não”, alerta.

A maior difi culdade enfrentada nos casos de crimes cibernéticos é quanto à identifi cação do usuário, que pode criar um e-mail que esteja hospedado fora do Brasil, por exemplo. “Existem ferramentas para burlar, mas também existem outras para detectar tudo isso. Uma pessoa não vai fi car impune ao ter praticado algo impróprio nas redes sociais”, fi naliza Almeida.

ESPECiAlizAdA

o núcleo de Combate aos Cibercrimes (nuciber) do Paraná foi criado em 2005 e possui índice de resolu-ção de 90% dos casos investigados. de aproximada-mente 30 mil queixas recebidas, 27 mil foram so-lucionadas. os outros cerca de 10%, na maior parte dos casos, não são solucionados devido a empresas que não dão respostas ou que são de outros países.os investigadores já chegaram a resolver 23 casos em apenas um dia. outro fator determinante que fez do nuciber referência nacional foi ter se tornado a primeira unidade policial a pedir quebra de sigilo de uma comunidade de uma rede social no brasil.Registros indicam que cerca de 90 boletins de ocor-rências são feitos por mês na delegacia especiali-zada. outros 30 vêm de delegacias do interior que precisam de apoio durante as investigações.

FAlAndo niSSo...

A página da Prefeitura de Curitiba no Facebook vem conquistando popularidade entre os internautas. Em meio a charadas, memes e serviços, a fanpage já passou de 100 mil curtidas e se tornou um meio direto de co-municação com a população. Contudo, postagens bem-humoradas não signifi cam falta de credibilidade, nem sinal de uma brecha para que usuários ultrapassem limites subentendidos nas redes sociais. O diretor de Mídias Sociais e Internet, Marcos Giovanella, afi rma que qualquer dose extra nos comen-tários é analisada pela equipe de mídias para uma to-mada de decisão. “Tentamos mediar todos os assuntos, mas qualquer comentário que fuja da linha pré-estabe-lecida não vemos outro jeito a não ser deletar”.Para evitar transtornos ou acusações na fanpage, a prefeitura possui um “manual da boa convivência”. “Na verdade, é uma cartilha que fi ca no ‘Sobre’. Lá, adicio-namos tudo que não pode ser postado ou que, em caso de postagem, seremos obrigados a deletar”, explica o Giovanella. Mesmo assim, algumas mensagens já tiveram de pas-sar pelo crivo da equipe e a determinação foi a remoção do comentário. “Conteúdos difamatórios, preconceitu-osos ou até mesmo xingamentos já foram excluídos da página. Não podemos ser coniventes com essas situa-ções”, fi naliza ele.

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“O porquê não sei até hoje. Não tinha subsídios para ir atrás de uma delegacia, acho que nem tinha, naquela época, quem eu pudesse procurar.”[Vítima de exposição na internet, que prefere não ter o nome divulgado]

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A PREFERidA

o Facebook é a rede social que se mantém na liderança no brasil por quatro anos, de acordo com pesquisa da Serasa Experian. Em segundo lugar, mas bem longe, aparece o site de vídeos Youtube. Já o twitter fi cou com a terceira colocação. o microblog foi seguido de perto pelos serviços de perguntas e respostas Ask.fm e Yahoo Respostas, além das platafor-mas sociais badoo e google+.A faixa etária também foi pesquisada. os usuários com idade entre 25 e 34 anos lideram os acessos aos sites de redes sociais no brasil com 27,45%. Um pouco atrás aparece uma geração mais nova, de 18 a 24 anos, que registrou 23,57%, e uma mais antiga, de 35 a 44 anos, com 20,46%.

A noVAtA

Cerca de 350 milhões é o total estimado de usuários do WhatsApp, aplicativo para celulares que tem ganhado espaço entre outras redes sociais. o próprio Facebook já admitiu que parte dos usuários, principalmente os adolescentes, tem migrado para outras plataformas, a fi m de buscar mais privacidade – hoje, é comum os pais de muitos jovens terem perfi l no Facebook. Recentemente, o WhatsApp foi comprado pelo Facebook por U$ 16 bilhões.

CASO DIECKMANN

Com fotos íntimas expostas em toda a web, a atriz Carolina Dieckmann protagonizou se-manas de discussão em torno do tema. O pro-jeto de lei, que leva seu nome, apresentado pelo deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), foi aprovado em 2012, no entanto, já estava sendo discutido há anos.

Logo, pela primeira vez, o país criou, então, uma lei que permite julgar a conduta de alguém que invade um dispositivo informático com a violação do sistema de segurança e com a ob-tenção de dados. “A comoção social foi gran-de com esse caso e o projeto de lei que estava sendo discutido há tempos ganhou destaque e virou pauta de um dia para o outro. Houve uma discussão sobre o tempo em que a aprovação da lei aconteceu, ou seja, sem um texto robus-to. Por isso, é considerada por alguns como in-completa”, julga o advogado.

O texto defende que a pessoa que invadir um dispositivo, móvel ou não, e disponibilizar esse conteúdo na internet deve ser punido. “A defi nição de invadir é quebrar uma senha ou derrubar qualquer obstáculo de segurança para conseguir o conteúdo. O problema acon-tece quando alguém acessa esse conteúdo sem precisar quebrar senhas, por exemplo, em um descuido do computador ou do celular”, es-clarece. É o caso da servidora pública, que não teve nenhuma senha roubada ou quebrada, mas mesmo assim teve conteúdo íntimo ex-posto na internet.

Essa pessoa que tiver acesso a vídeos, fotos ou qualquer outro material sem que precise invadir o sistema não será enquadrada na Lei Carolina Dieckmann. “Uma lei inovadora que

visa proteger a população, mas que possui ca-minhos para escapar da punição”, diz Almeida.

Voltando ao caso da servidora pública, ain-da que ela conseguisse ser indenizada pelo con-teúdo, caso a justiça avaliasse como necessário, a pessoa que publicou o vídeo íntimo dela no blog, na época, não responderia criminalmente por isso. Para confi gurar como injúria, é preci-so manifestar uma ofensa, como explica o es-pecialista em Direito Digital. “Nesse caso, essa pessoa não chegou a manifestar uma ofensa ao disponibilizar o conteúdo. Se o autor que dis-parou esse link, que remetia ao blog, tivesse es-crito alguma frase que ofendesse a honra dela, pode ser que fosse caracterizado como injúria. Mas o fato de simplesmente disponibilizar um conteúdo não poderia confi gurar como crime”, explica.

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depois de fraudes eletrônicas, crimes contra a honra – injúria, calúnia e difamação – aparecem no topo do ranking dos principais crimes virtuais que acontecem no brasil. São três hipóteses diferentes tratadas no Código Penal: calúnia é você atribuir a uma pessoa um fato defi nido como criminoso; injúria é todo e qualquer tipo de xingamento; e difamação é quando se ataca a reputação das pessoas.

Com fotos íntimas expostas em toda a web, a atriz Carolina Dieckmann protagonizou se-manas de discussão em torno do tema. O pro-jeto de lei, que leva seu nome, apresentado pelo jeto de lei, que leva seu nome, apresentado pelo deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), foi aprovado em 2012, no entanto, já estava sendo

Logo, pela primeira vez, o país criou, então, uma lei que permite julgar a conduta de alguém que invade um dispositivo informático com a violação do sistema de segurança e com a ob-tenção de dados. “A comoção social foi gran-de com esse caso e o projeto de lei que estava sendo discutido há tempos ganhou destaque e virou pauta de um dia para o outro. Houve uma discussão sobre o tempo em que a aprovação discussão sobre o tempo em que a aprovação da lei aconteceu, ou seja, sem um texto robus-to. Por isso, é considerada por alguns como in-

O texto defende que a pessoa que invadir visa proteger a população, mas que possui ca-minhos para escapar da punição”, diz Almeida.

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diFEREnçAS

“Se você pratica uma conduta criminosa ou lesa uma pessoa, terá que responder por isso independentemente se foi praticado na internet ou não.”[marcelo magalhães, delegado]

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Rede SocialRede Social

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inFRAçÕES CRiminAiS à ESPERA dE lEi

Acessar computador ou sistema de compu-tador de outra pessoa sem a sua autorização. Pena: reclusão de 1 a 3 anos e multa – aumen-tada em 1/6 se o agente se vale de nome ou identidade de terceiros na prática delituosa.

Acessar para si, transferir ou fornecer, sem autorização, dado ou informação de um sistema informatizado que não lhe pertença. Pena: reclusão de 1 a 3 anos e multa – aumen-tada em 1/3 se o dado obtido for passado a terceiro.

divulgar, utilizar, comercializar ou dis-ponibilizar dados e informações pessoais contidas em um sistema sem a autorização da pessoa titular dos dados, ressalvados os casos previstos em lei.

inserir vírus de computador em aparelho de comunicação, rede de computadores, ou sistema informatizado. Pena: reclusão de 1 a 3 anos e multa.

* Com informações do Direito e as Novas Tecnologia

(DNT) e do advogado Alexandre Atheniense

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Ou seja, o responsável por disponibilizar o vídeo da servidora pública não responde-ria criminalmente, mas poderia responder no âmbito civil ao ocorrido e a pena poderia ser o pagamento de uma indenização, tudo por meio de um processo judicial. Mas, nesse caso, não há caracterização de crime, espe-cifi camente. “Não tem nenhuma lei que diga que isso é crime. Se esse mesmo caso acon-tecer com uma pessoa que tenha menos de 18 anos, aí, então, ela pode responder por crime porque essa prática é pedofi lia”, explica.

Sobre essa vulnerabilidade na lei, tramita no congresso um projeto criado pelo depu-tado federal Romário que prevê penas de um a três anos de reclusão ao responsável pela divulgação de vídeos ou fotos íntimas na in-ternet sem a devida autorização. “As adoles-centes estão aprendendo a se relacionar e não sabem lidar com sentimentos gerados por esse crime: tristeza, vergonha e desespero. Recomendo às jovens que procurem apoio da família e denunciem os agressores à polícia, porque são vítimas e não têm culpa por terem sua intimidade divulgada em redes sociais por pessoas em que, até então, confi avam,” diz no projeto de lei.

UM CLIQUE

Com um clique é possível publicar, com-partilhar ou curtir uma publicação nas redes sociais. Esse ato que parece tão simples pode trazer graves consequências, não só na esfe-ra jurídica. Quando a professora universitária Rosa Marina Meyer compartilhou a foto de um homem de bermuda e camiseta regata, ao lado da frase “Aeroporto ou rodoviária?”, certamen-te não imaginou a reviravolta que estava pres-tes a acontecer em sua vida.

Acusada de fomentar o preconceito, ela foi alvo de piadas de outros internautas, que chega-ram a criar outro perfi l com o nome da docente com o intuito de criticá-la. Ela foi afastada de funções administrativas que exercia na Univer-sidade carioca. O advogado retratado na foto se disse chocado com o preconceito e afi rmou que irá buscar as medidas judiciais cabíveis.

Já para a servidora pública, do vídeo íntimo, a palavra “compartilhar” remete a “frio na es-pinha”. “Quando eu penso que, naquela época, não tinha Facebook, eu agradeço com todas as minhas forças. Imagina só? O bom é que, se fos-se agora, estaria mais antenada nas leis”, brinca – algo que ela se permite fazer depois de longos tempos de amargura.

dE qUEm é?

A enxurrada de citações parece tomar conta do Facebook. Autores como Clarice Lispector, Luis Fernando Verissimo, Cora Coralina e até Ayrton Senna integram a lista de personali-dades que têm frases compartilhadas na rede nunca escritas ou ditas por eles. O campeão é o gaúcho Caio Fernando Abreu, jornalista e es-critor que faleceu aos 48 anos, em Porto Ale-gre. Lançado pela editora Nova Fronteira em 2013, o livro #Caio Fernando de Abreu de A a z foi publicado justamente para atribuir a ele o que verdadeiramente integra suas publica-ções. A hashtag é proposital à lembrança das redes sociais.

mAiSA internet e todas as suas vertentes são fascinantes. Para explorar ainda mais o tema, duas sugestões que farão valer a pena. Assista:

documentário | Catfi sh

O advento das mídias sociais mudou a forma como as pessoas se relacionam na internet. Nev Schulman conversava com uma mu-lher na internet e descobriu que, na verdade, se tratava de uma outra pessoa. Ele narrou a história no documentário Catfi sh, que virou série televisiva pela MTV.

Filme | Startup.com

Em Statup.com, os documentaristas Chris Hegedus e Jeha-ne Noujaim capturaram o glorioso crescimento e a surpreen-dentemente rápida queda de uma empresa fictícia chamada GovWorks.com, de seu início até a implosão. O fi lme dá aos telespectadores um lugar na sala de reuniões durante as ses-sões de brainstorming da equipe de construção de treinamento e o capital de risco no centro dos negócios no lançamento da web.o capital de risco no centro dos negócios no lançamento da web.

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o caçador deSORRISOS

Na maleta, criativamente decorada, encon-tram-se dormindo muito mais que bonecos, ali estão seres que tomam vida e têm a missão de roubar sorrisos de crianças que, por vezes, não têm motivo para sorrir em meio à sua rotina.

É assim que o analista de documentação e teólogo formado pela PUCPR, Abel Domingues Souza, 45, descreve o objetivo do projeto Ca-beça de Coco, que toca junto com seu fi lho de 14 anos, Gabriel de Araujo Souza, desde 2005. “Se em uma apresentação que fi z para aquelas crianças carentes tirei sorrisos, já ganhei meu dia. Meus personagens trazem alegria, eles ga-nham vida em frente às crianças”, conta Abel.

Sobre as rodas de uma bicicleta cargueira, Abel leva o projeto aos lugares mais distantes, aqueles que, por vezes, ninguém lembra. Seu ideal? “Levar diversão, mas de uma maneira diferente e lúdica”, explica. Mas não é de agora que o viajante, caçador de sorrisos, desenvolve ações como essas. Desde seus 17 anos de idade, Abel se vestia de Papai Noel para alegrar os pe-quenos. “Eu queria fazer um projeto constante e democrático, não apenas no Natal, e por isso resolvi criar o teatro de bonecos”, completa.

No início, ele comprava bonecos para ence-nar o teatro, mas várias vezes foi questionado “como posso fazer esse teatrinho, tio?”, e resol-veu aproximar seu projeto ainda mais do seu público-alvo. A solução foi trabalhar com ma-teriais recicláveis. O que é lixo para uns, sob os olhares clínicos do analista poderiam virar ca-belo, olhos, boca ou o corpo de algum boneco, já que a cabeça é sempre feita com cocos secos, daí o nome do projeto, Cabeça de Coco.

São 56 bonecos, ou melhor, personagens, que ganham vida enquanto Abel está atrás das cortinas pretas. “Pergunta em qualquer lugar quem é o Abel, ninguém conhece, essa é a ideia”, explica. No cargueiro da bicicleta vão Abel, Ga-briel e seus mais diversos bonecos. As histórias encenadas são criadas na hora. “Percebi que as crianças queriam participar da história, hoje são elas quem constroem na hora o que vai acontecer durante o teatro, os olhos fi cam fi xos e, no momento certo, elas ajudam a inventar a

trama”, completa. É por meio dos personagens que acabam se

criando sozinhos que as lições tomam corpo. “Conforme crio o boneco, ele vai se defi nindo, a fi nalidade é levar alegria e ensinamentos. Por meio deles, busco passar valores, mostrar que as crianças podem ser felizes mesmo não tendo muitas oportunidades, é possível reverter. Quero que elas se vejam nos personagens”, explica Abel. Para ele, trabalhar com materiais recicláveis aju-da na conscientização, “é mostrar que poluir não é bom, e que todos podem fazer sua parte”, conta. Além de criar e apresentar, ele faz ofi cinas quando possível para ensinar como é simples e acessível para aquelas crianças criarem personagens, além de estarem contribuindo com o meio ambiente.

Mexendo na sua maleta, apresentando um a um os seus personagens, o idealizador do proje-to explica que há um motivo para criar os mais diferentes bonecos: “Eles precisam entender que o diferente é normal, os bonecos mostram isso no meio das histórias, há muitas pessoas diferentes umas das outras”, explica, ao contar como busca trabalhar a questão do preconcei-to, seja ele racial ou social, por exemplo.

Ações que geram sorrisos gratifi cantes ge-ram emoções! “Seria difícil apontar qual situ-ação me marcou mais, cada momento é único. Lembro-me de uma tribo indígena em que, ao fi nal do teatro, as crianças começaram a me fa-zer carinho”, conta, de modo emocionado. Den-tre os vários locais que Abel frequenta estão a aldeia no Aterro da Caximba, em Curitiba; a tri-bo Guarani, em Piraquara, e o Jardim Ypê, em São José dos Pinhais, ambos na Região Metro-politana de Curitiba; os Xavantes, em Nova Xa-vantina, no Mato Grosso. “Vários lugares, luga-res que ninguém lembra de ajudar, por vezes”.

“Eu simplesmente coloco no Google e esco-lho um destino”, explica Abel ao falar do modo como elege os lugares para realizar suas ofi -cinas e apresentações, além dos locais que já frequenta. E completa: “Tento divulgar ações como essa para incentivar outras pessoas a fa-zerem o mesmo, quero deixar uma semente”.

É colocando a maleta recheada de boas histórias e personagens

na bike cargueira que Abel sai em busca de sorrisos e semeia

cidadãos melhores para o futuro

“Se em uma apresentação que fi z para aquelas crianças carentes tirei sorrisos, já ganhei meu dia. Meus personagens trazem alegria, eles ganham vida em frente às crianças.”

Por Julio glodzienski

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Brasil:Nos últimos quatro anos, o fl uxo migratório para o Brasil aumentou consideravelmente. O que os move é o sonho de uma vida melhor. Além de portas abertas, o país precisa vencer barreiras para que aqui também seja lar de estrangeiros.

Por michele bravos

Uma em cada dez pessoas que circula pelas ruas de Curitiba é imigrante. Estima-se que mais de 600 mil estrangeiros (entre refugiados e não) cruzaram a fronteira brasileira nos últimos qua-tro anos com o intuito de se estabilizarem aqui e construírem ou, em alguns casos, reconstruírem as suas vidas. Os haitianos representam uma fa-tia generosa desse contingente.

Ao contrário do que o senso comum possa incitar, alguns desses imigrantes possuem En-sino Superior completo, falam mais de um idio-ma e tinham emprego estável. É o caso da hai-tiana Rosalie St-Jacques, 28 anos, que estudou Contabilidade e Ciência da Gestão – ao todo, seis anos de dedicação. Em seu país, ela traba-lhava na organização internacional Oxfam, que atua no combate à pobreza ao redor do mundo e está presente em mais de 90 países. Com esse trabalho, seu salário era de aproximadamente US$950. A convite de um amigo haitiano, que já estava morando no Brasil, ela migrou em 2012. Seu sonho: construir uma vida mais promisso-ra fi nanceiramente e fi car longe das catástrofes que seu país sofre. Em 2010, o terremoto que atingiu o Haiti destruiu a casa de sua família. Petit-Goâve (cidade natal de Rosalie) foi uma das mais atingidas. “O que eu vivi no ano do

terremoto foi uma das coisas que me fez querer vir para cá. Acredito também que aqui há mais vagas de emprego e chances de ganhar mais di-nheiro, ter uma vida melhor”, diz Rosalie.

Ainda que ela tivesse, aparentemente, mo-tivos para permanecer em seu país, quando comparado ao Brasil, as possíveis oportuni-dades existentes aqui pesam mais na balança. A “terra adorada” faz os olhos de Rosalie e de tantos outros brilharem. Nádia Floriani, presi-dente da Comissão de Migrantes e Refugiados da OAB/PR e também advogada voluntária na Casla (Casa Latino Americana), atuante na luta pelos direitos dos imigrantes, afi rma que essa vontade de mudança faz parte do ser humano. “Todo cidadão é livre. Há direitos universais. Não existem fronteiras. Ele tem o direito de ir e vir e decidir onde vai morar”.

A economia crescente do país é o que tem atraído tantos imigrantes, principalmente de outras localidades da América Latina e da Áfri-ca. “O Brasil tem recebido muitos bolivianos, paraguaios, haitianos. Estes últimos, muitos na condição de refúgio. Da África, um grande volume de cidadãos da Nigéria, República De-mocrática do Congo, Guiné-Bissau e Uganda”, diz Nádia.

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Brasil: terra da esperança?

Ao chegar aqui, eles realmente encontram uma nação de economia promissora e portas abertas para o estrangeiro, mas pouco prepa-rada para inseri-los efetivamente na rotina do país. Aos imigrantes que possuem Ensino Su-perior completo é requerida uma revalidação de diploma para que possam exercer suas fun-ções aqui. A advogada explica que o processo é burocrático e pode levar anos.

Enquanto isso, graduados ocupam vagas que exigem menos qualifi cação. Rosalie, por exemplo, além da graduação, fala três idio-mas (francês, inglês e espanhol), mas trabalha em uma loja, em Piraquara, como gerente de caixa. De segunda a sábado, ela sai de Pinhais – onde divide um apartamento com a amiga Catherine Saint-Juste, 22 anos, – e se desloca até o outro município.

Apesar de estar desiludida com a vida que imaginou que teria no Brasil, Rosalie ainda acredita que o que pode viver aqui é melhor para o seu futuro do que no seu país. “Se eu fi zer uma faculdade no Brasil, vou conseguir um emprego melhor. Um formado no Brasil é melhor remunerado que no Haiti. Por isso, vou continuar aqui ainda”.

EStUdoSCatherine, amiga de Rosalie, veio para o

Brasil movida pelo sonho de estudar em uma Universidade. Ela acredita que o país possui mais possibilidades de estudos para pessoas de várias condições fi nanceiras, diferente-mente do seu país. Atualmente, ela está estu-dando e buscando um emprego como auxiliar

administrativo. “Não aguento mais trabalhar em fábrica, com trabalhos braçais”.

PREConCEitoO Brasil que se conhece hoje é origem de

imigração, a qual deu fruto a uma pluralidade que, em geral, é vista de forma positiva. Então, por que agora é diferente? Para Elizete de Oli-veira, assistente social da Pastoral do Migran-te, a explicação é cultural. “Antes, eram euro-peus vistos como superiores. Hoje, são latinos, africanos. A conotação que se tem é de que são povos com menos a agregar”.

Catherine percebe que o preconceito exis-te, sim. O fato de serem estrangeiros já gera desconforto em alguns cidadãos, que alegam que os imigrantes irão roubar os empregos que existem por aqui.

A cor da pele é outro fator, principalmente na região sul, segundo o que percebe Elizete. Para Catherine, preconceito é uma questão de falta de instrução. “Ninguém pode ser avalia-do pela cor de sua pele. Eu não aceito o pre-conceito e quero acreditar que as vezes em que não fui chamada para um emprego não tenham sido por esse motivo”.

Na percepção de Rosalie, “muitos brasileiros são racistas”. Ela conta que, antes de ser gerente no emprego atual, foi caixa nessa mesma loja. A ascensão não foi bem vista por outros colegas de trabalho. “O meu chefe percebeu que eu tinha qualifi cação e me promoveu. Os outros funcio-nários não gostaram, mas só porque eu sou es-trangeira e não sou branca. Eu fui à escola, tenho formação superior. Eles, não”, conta.

língUA PoRtUgUESA

Um dos maiores empecilhos para os imigrantes que chegam ao brasil é a língua. A difi culdade de comu-nicação pode ocasionar mal entendidos na hora da contratação em uma empresa ou da negociação do aluguel de um imóvel. na tentativa de solucionar esse problema, o Centro de línguas (Celin) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) está oferecendo, gratuitamente, cursos de por-tuguês para os haitianos. Além disso, o Celin também oferece o Programa tandem, em que um brasileiro com nível intermediário de francês ou superior pode se ins-crever para praticar o idioma com um haitiano. Em tro-ca, o haitiano pratica português com o brasileiro. o Pro-grama tandem é aberto a toda comunidade externa. nádia ressalta que essa lacuna da língua também pro-voca a exclusão e, por isso, a importância de ela ser preenchida. “Por não conseguirem se comunicar, os imigrantes acabam evitando se relacionar com bra-sileiros. é natural que se fechem em um núcleo com outros imigrantes, podendo gerar mais preconceito de ambos os lados”.

Catherine, Oremus e

Rosalie quando chegaram

ao Brasil enfrentam

difi culdades com a

legalização da cidadania.

Além disso, precisam

vencer o preconceito racial

e socioeconômico.

“Ninguém pode ser avaliado pela cor de sua pele. Eu não aceito o preconceito e quero acreditar que as vezes em que não fui chamada para um emprego não tenham sido por esse motivo.”[Catherine Saint-Juste, estudante]

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CRESCimEnto CUltURAlQuando um imigrante chega a um país, ele

traz consigo sua língua, sua gastronomia, sua religião e sua forma de ver o mundo, que foi moldada pelo meio em que vivia. Elizete lembra que são inúmeras as contribuições e que o país que acolhe essas pessoas tem muito a ganhar, independentemente da etnia do estrangeiro.

Um ganho prático é com a língua. “O bra-sileiro não está acostumado a aprender ou-tros idiomas. O grande volume de imigrantes também força o brasileiro a conhecer outras línguas”, diz a assistente social.

lEgiSlAçãoA lei em vigência no Brasil referente ao

imigrante é da época da ditadura. “Essa lei vê o estrangeiro como um intruso”, explica Ná-dia. Por isso, ela precisa ser reformulada.

Desde outubro de 2013, a OAB e a Casla estão com uma campanha para pressionar as autoridades públicas a rever as leis e imple-mentar medidas mais ágeis para a regulariza-ção de tantos imigrantes.

Atualmente, qualquer pessoa pode solici-tar um visto para morar no Brasil. Há várias categorias de visto, dentre elas a de refúgio. Esse visto pode ser concedido a um estran-geiro proveniente de um país com persegui-ção religiosa ou que esteja em guerra. Nesse caso, há um amparo maior do país que os acolhe, bem como um esforço para regulari-zar a situação. Mas para os outros, a questão é mais delicada.

Nádia explica que esse deslocamento de estrangeiros para o Brasil em busca de uma vida melhor, decorrente da precária situação econômica dos países de origem, não lhes garante a estadia regular no país. “Dificulda-de econômica não é um fator que caracteriza necessidade de refúgio. Então, os imigrantes chegam como turistas. Recebem um visto de 90 dias e, depois disso, se não conseguem o visto permanente de imigrante, entram no limbo jurídico”. A advogada ainda esclarece que só há três formas de esse visto perma-nente de imigrante ser obtido: casando com um(a) brasileiro(a), tendo um filho no país, ou recebendo uma proposta de trabalho em ca-ráter de exclusividade. “Por motivos de traba-lho, a empresa contratante precisa provar que não existe mão de obra qualificada no Brasil para exercer determinada função e, por isso, aquele imigrante está sendo contratado. É o caso de pesquisadores, por exemplo”.

PRoblEmASA assistente social Elizete lembra o quanto

a falta de legislação e a não aceitação do imi-grante pela população em geral pode levá-lo

justamente para onde o senso geral da socie-dade teme: a marginalização.

“Sem documentação, seus filhos não po-dem estudar – na escola pública, é preciso ser considerado cidadão brasileiro – no ensino particular, é exigida uma série de documentos que provem sua idoneidade – ele não trabalha de forma correta e tem dificuldade para con-seguir uma moradia”, afirma Nadia.

Oremus Ceraphin, 17 anos, veio ao Brasil com o irmão. Eles moram no Alto Maracanã, em Colombo, e estão aqui há sete meses. Ele trabalhava em uma indústria, na montagem de móveis, 11 horas por dia e ganhando o salá-rio mínimo nacional, R$ 724. Ao perceber que estava trabalhando em condições indevidas, pediu demissão. Elizete afirma que casos as-sim são recorrentes.

Das dificuldades, a assistente social ain-da comenta que muitos imigrantes chegam à Pastoral pedindo para que ela seja a fiadora deles no aluguel de imóveis. “Eu não posso assumir essa responsabilidade. Se assumo para um, precisaria assumir para todos”.

Elizete explica que, por esse motivo, inú-meros imigrantes têm morado na periferia. “O dono de uma casa na zona periférica não exige documentação para alugar o seu imó-vel. O trâmite é todo informal”.

Para os que estão envolvidos diretamente na causa dos migrantes, fica nítido que barrar esse fluxo de migração não é a saída e nem mesmo seria legalmente adequado. É preciso, a partir das novas circunstâncias, encontrar melhores soluções.

limbo JURídiCo

A assistente social Silvia Vieyra, 53 anos, é mexica-na e está no brasil há oito anos. nunca conseguiu emprego na área. trabalhou eventualmente em restaurantes ou barracas de feira de comida mexi-cana. Para poder atuar na profissão, é voluntária na Pastoral do migrante, onde exerce plenamente o que sabe fazer. Saiu do méxico com o intuito de dar uma vida melhor para os três filhos, na época adolescentes. Ela queria poder empreender em um negócio e deixar esse patrimônio para eles. no en-tanto, a construção do sonho se tornou um pesade-lo. Foram três golpes – dois pelos sócios e um por um advogado que deveria ajudá-la – em toda sua estadia aqui. o marido nunca veio para o brasil mo-rar com ela. na verdade, ele a convenceu a vir para cá porque tinha uma amante no méxico.Seu visto esteve regular por um curto período de tempo. Com todos os problemas que teve envolven-do dívidas, perdeu o direito de estar aqui no país. Hoje, está sem documentação, no limbo jurídico.Ela pretende voltar para o méxico no próximo mês. “Eu passei os piores anos da minha vida aqui. não quero nunca mais voltar”.

SAibA mAiS

documentário “Adeus, Haiti”: bit.ly/1p1DmTw

Programa tandem: http://bit.ly/1pxnKFw

Casla: www.casla.com.br

Pastoral do migrante: [email protected]

Voto do imigRAntE

A partir do momento que o imigrante vive como um cidadão do país, tendo, inclusive, que pagar impostos, levanta-se a questão de seus direitos. nádia comenta que, neste ano de eleição, é preciso discutir sobre a possibilidade do voto do imigrante e buscar a normatização disso. Ela afirma que, atu-almente, os imigrantes não podem votar. E você, o que pensa sobre isso? imigrante também tem o direito de votar? Envie sua opnião para [email protected]

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não é O QUE VOCÊ EStá PEnSAndoProfi ssões pouco comuns enfrentam desinformação e geram curiosidade sobre suas verdadeiras áreas de atuação e habilidades exigidas

Por mahani Siqueira

Engenharia Florestal é um estudo bem diferente de Engenharia Ambiental, estatís-ticos não lidam só com matemática, restauradores precisam entender de química e física (além de ter talento para delicados trabalhos manuais) e o curso de Arque-ologia não é para aspirantes a Indiana Jones. Descubra curiosidades sobre quatro

profi ssões que estão bem longe da lista de mais convencionais do mercado.

dE olHo nAS FloREStAS

O curso de Engenharia Florestal tem como foco o manejo sustentável de recursos oriundos das fl orestas, como madeira, resinas e óleos. Ele deve se preocupar com a exploração de forma a controlar todos os impactos que suas ações possam ter sobre o ecossistema. Já a responsabilidade principal do curso de Engenharia Ambiental é estudar como a atividade humana interfere na natureza com o depósito de resíduos. É função do engenheiro ambiental tratar e controlar o despejo de elementos químicos e industriais no solo ou na água.

Segundo Márcio Coraiola, coordenador do curso de Engenharia Florestal da PUCPR, a profi ssão ainda é recente e vigora no Brasil desde 1960. Ele admite que muitos desavisados costumam confundir o seu curso com a Engenharia Ambiental, mas se adianta em garantir que são profi ssões totalmente diferentes e que, em breve, a Engenharia Florestal terá seu espaço na sociedade, pois a sustentabilidade ambiental e fl orestal de um país vai precisar, cada vez mais, do apoio de profi ssionais qualifi cados para esse trabalho.

no RAStRo dE indiAnA JonES

Andrea Scabello é coordenadora do curso de Arqueologia e Arte Rupestre da Universidade Federal do Piauí e garante: os arqueólogos não estudam dinossauros, não vivem em busca de tesouros deixados por civilizações antigas e tampouco aprendem os truques e as artimanhas de Indiana Jones na faculdade. Segundo Andrea, é comum a confusão com a paleontologia (essa sim estuda os dinossauros) e a fantasiada visão romântica da profi ssão, incentivada pelos fi lmes do personagem protagonizado por Harrison Ford nos cinemas. Mas, evidentemente, a realidade não é nem perto disso.

Na verdade, o curso de Arqueologia e Arte Rupestre tem, como principais conteúdos, os estudos das ciências exatas, humanas e da terra, com atenção especial aos registros rupestres, como pinturas e gravuras. Os destinos mais comuns dos profi ssionais formados no curso são a vida docente ou a atuação como pesquisador, mas também há várias oportunidades em órgãos públicos que lidam com bens culturais.

mUito Além dA mAtEmátiCA

À primeira vista, a profi ssão dos estatísticos parece ter relação exclusiva com matemática. O vice-coordenador do curso de Estatística na UFPR, César Augusto Taconeli, no entanto, assegura que não é bem assim. “Sem dúvida, a matemática, de diversas formas, é fundamental na formação do estatístico. No entanto, a profi ssão requer uma base de conhecimentos bastante ampla. Como exemplo, um desafi o bastante atual do estatístico refere-se à manipulação e análise de grandes e complexas bases de dados”, comenta.

Segundo Taconeli, o mercado para estatísticos está em plena expansão e as áreas de atuação são inúmeras, já que qualquer segmento profi ssional que exija levantamento de dados precisa da participação ativa de um profi ssional da área.

REStAURo dA HiStóRiA

O trabalho de conservação e restauro de obras de arte ou de patrimônios arquitetônicos exige conhecimentos dos mais diversos. Para o primeiro, é necessário ter noções avançadas de química e física, além da formação em cursos específi cos e uma mão preparada para lidar com a responsabilidade de não danifi car obras de arte históricas. Para o segundo, é fundamental ter estudado Arquitetura e Urbanismo.

A restauradora Perla Larsen já trabalhou em ambas as áreas e garante que há espaço para mão de obra especializada no mercado, apesar de ser necessário muito empenho para conseguir uma boa vaga. Ela afi rma, em compensação, que a gratifi cação está em resgatar um pouco da história de um artista ou de um patrimônio histórico.

Restaurações são, na verdade, trabalhos delicados e que exigem cursos bastante específi cos.

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Quem nunca se sentiu tocado por uma música que, em determinada situ-ação, lhe causou bem-estar e leveza? São melodias que proporcionam muito mais que prazer, trazem saúde para aqueles que a apreciam. Além de fazer bem à alma, ouvir música pode contribuir para a qualidade de vida e até mes-mo para o incentivo na recuperação de pacientes.

E é tocando música clássica erudita, popular, sacra e hinos de várias con-gregações religiosas que o maestro da Orquestra de Câmara da PUCPR e pro-fessor do curso de Licenciatura em Música da PUCPR, Paulo Sergio da Graça Torres Pereira, acompanhado do também professor do curso de Licenciatura em Música da PUCPR e amigo Marcos Antonio De Lazzari Jr., faz a diferença! “É através do projeto Música nos Hospitais que levo um pouco de confor-to, paz, alegria e esperança nos momentos delicados e difíceis que pacientes internados e familiares estão sofrendo”, conta o maestro que atua em locais como o Hospital Santa Casa, o Hospital Cajuru, o Hospital Marcelino Cham-pagnat e o Hospital Pilar, com quem tem parceria.

Projeto de maestro e professor da PUCPR preenche corredores e leitos de hospitais com melodias

que tocam o coração dos pacientes internados

Por Julio glodzienski

música que toca o coraçãomúsica que toca o coração

o professor realizando o projeto nos corredores

do Hospital marcelino Champagnat.

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Foi há cerca de 20 anos que Torres deixou de tocar apenas para os amigos e parentes enfer-mos. “Certa vez, visitando uma tia doente, pude notar que outros pacientes saíram no corredor buscando ouvir melhor a música ou tentando descobrir o que estava acontecendo”, conta. E foi assim, fazendo bem às pessoas e percebendo que elas queriam mais daquele carinho que ale-gra o coração, que Torres não pôde mais parar. “Percebi que poderia ser um instrumento nas mãos de Deus, trazendo conforto, paz e esperan-ça àqueles que sofrem nos leitos dos hospitais”, completa.

Ao entrar no quarto e tocar, um sorriso ou gesto de gratidão faz o músico perceber e agra-decer a Deus a oportunidade e a missão que tem. “Agradeço por isso, pelo dom da música, e pelo privilégio que tenho de trazer àquelas pessoas momentos, como elas mesmas dizem, divinos”, conta. Além da música, o maestro costuma levar consigo livros que expressam o amor de Deus pelas pessoas para compartilhar com elas nes-ses momentos de dor e angústia. “Essa literatu-ra traz um conforto espiritual, mostrando como nosso Senhor prometeu estar conosco”, explica. São presentes que a Luci Moskalewicz, que cui-da do seu pai de 93 anos, Mario Gabardo, leva consigo. “A música renova, eles me tocaram. Era

o que eu precisava para me fortalecer. É um pre-sente”, afirma, emocionada.

E é levando consigo uma sensação de bem--estar ao ver sorrisos e ouvir palavras de agra-decimento e satisfação dos pacientes e acom-panhantes que o maestro sonha em tornar os hospitais que recebem o projeto em referência nacional. “Meu sonho é que toda a Universida-de participe, já tivemos a presença da Orquestra de Câmara da PUCPR e do Coral Curumin em ocasiões especiais, como o Natal, mas quero fo-mentar ainda mais”, explica Torres. Essa é uma experiência que o professor busca estender e compartilhar com seus alunos na sala de aula, transmitindo a eles a importância da solidari-zação como ser humano. São ações que, como acredita o professor, podem ter contribuído para sua nomeação à Academia Paranaense de Letras, que deve acontecer no dia 4 de junho, no Tuca, teatro da PUCPR. “Tendo a anuência e o apoio tanto dessa respeitável e importante Universidade, quanto da prestigiosa e influen-te Academia Paranaense de Letras, poderei le-var adiante esses excelentes projetos, os quais trarão certamente um enorme benefício social, físico, mental, moral e espiritual a nossos cida-dãos”, conclui o maestro que leva música ao co-ração de quem mais precisa.

“Percebi que poderia ser um instrumento nas mãos de Deus, trazendo conforto, paz e esperança àqueles que sofrem nos leitos dos hospitais.” [Maestro Paulo Torres]

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Com o violino, à esquerda, o maestro Paulo Sergio da graça torres Pereira, e marcos Antonio

de lazzari Jr., preenchendo os corredores do Hospital Pilar com música!

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O publicitário Bernardo Ruas é um apai-xonado por arrumar as malas e partir rumo aos mais variados destinos. Embora muitos não acreditem, ele garante que fala muito sério quando diz que vive e trabalha para viajar, e que boa parte do seu dinheiro é re-servado para novas aventuras ao redor do mundo. Foi durante uma viagem a trabalho para Paris que o mineiro de Montes Claros – radicado em Curitiba (PR) – teve a ideia de iniciar um projeto para ajudar as pessoas que gostam de viajar tanto quanto ele.

Batizado de Traveople, uma mistura das palavras travel (viajar) e people (pessoas), o serviço surgiu com a proposta de elaborar uma rede de guias turísticos locais e sem in-teresses comerciais nas mais variadas cida-des do globo e colocá-los em contato com os viajantes. Quando se encontram na cida-de do guia, o turista paga um valor previa-mente estabelecido para visitar os lugares que mais se encaixem nos seus interesses com a ajuda de um social guide (termo que Ruas gosta de usar para defi nir os guias) que conheça bem o destino.

“A principal diferença para os guias con-vencionais é que não há amarras. Com o Traveople, os social guides criam um roteiro e uma forma de viajar específi ca, de acordo com os gostos e as vontades de cada viajante. O serviço é pago para que haja uma respon-sabilidade maior do guia em prestar um ser-viço, e não simplesmente fazer um favor ao viajante”, comenta Bernardo.

O projeto ainda dá seus primeiros pas-sos, mas já dá mostras de que o crescimento é questão de tempo. Segundo o idealizador, o Traveople já conta com 38 guias cadas-trados em 29 cidades diferentes. Destinos como Buenos Aires, Nova York, Londres,

Paris e Mumbai, entre outros, já têm pelo menos um social guide disponível para via-jantes interessados em experimentar essa nova forma de turismo.

“Futuramente, o projeto funcionará com uma plataforma desenvolvida para com-putadores e smartphones. Por enquanto, quem quiser saber mais sobre os nossos serviços e até planejar uma viagem pode entrar em contato diretamente pela página do Traveople no Facebook”, explica Ruas.

Mesmo com poucos meses de vida, o projeto já ajudou um casal de brasileiros a conhecer Buenos Aires e auxiliou uma aus-traliana a desbravar o Brasil ao lado de um social guide local. Segundo Bernardo Ruas, esse é só o começo e a meta para o fi m desse ano é que sejam realizadas pelo menos dez viagens com o auxílio do Traveople. Nada mal para quem só pensa em viajar!

Publicitário cria uma rede de guias turísticos alternativos ao redor do mundo para ajudar turistas a terem uma experiência inédita em suas viagens

Por mahani Siqueira

Viajar é um NEGÓCIO

Bernardo Ruas (em Bruxelas) garante que não brinca quando diz que vive e trabalha apenas para viajar. O publicitário já conseguiu guias em 29 diferentes cidades do mundo e pretende ampliar negócios em 2014.

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VEJA mAiS

Ficou interessado no serviço oferecido pelo traveople? Confi ra como usar:

Acesse o Facebook ofi cial do projeto em www.facebook.com/traveople

Envie uma mensagem informando o seu roteiro de viagem e o tipo de atrações que gosta-ria de visitar.

A equipe do Traveople vai responder com sugestões e, caso realmente haja interesse, colo-cará o viajante em contato com o guia.

Um aplicativo para computadores, tablets e smartphones está nos planos dos criadores do projeto.

www.facebook.com/traveople

mundoafora

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A Vida Universitária conversou com Bruno Bozza, gerente de de-senvolvimento principal sênior na Microsoft, que é formado em Ciên-cia da Computação pela PUCPR e vive há 13 anos em Redmond – Wa-shington, nos Estados Unidos. Na função, ele gerencia uma equipe de dez desenvolvedores que constro-em uma plataforma de resolução de registros para o Bing Local, assim como a solução vertical para o mer-cado americano. Depois de 11 anos programando em diversos grupos, atualmente ele dedica seu tempo a gerenciar equipes e trabalha com outros gerentes nas interdependên-cias entre projetos. Antes de chegar a essa função, Bozza só havia feito estágios em Curitiba, na Objective Solutions e na SEI Informática.

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Saber aproveitar bem a Universidade para

desenvolver uma boa formação de base pode

ser seu diferencial no mercado de trabalho

Por Julio glodzienski

É de casa!Um dos grandes diferenciais da Microsoft para um engenheiro é, em minha opinião, a escala e a variedade das áreas de atuação. A Microsoft faz softwares, hardwares e serviços para clientes, servidores ou nuvem, faz jo-gos e sistemas de missão crítica, linguagens de programação, sistemas empresariais, uma search engine (software projetado para encontrar os recursos digitais) de primeira classe, e tem a maior instituição de pesquisa em ciência da computação na indústria – a

Microsoft Research – que conta com alguns dos melhores pesquisadores do mundo em suas áreas. Existe um vibrante mercado de trabalho interno, e o processo de transferên-cias internas é aberto e razoável, não muito diferente do processo de contratação. Para um engenheiro de software, nenhuma outra empresa apresenta tantas opções de desen-volvimento profi ssional em um só lugar.

o que representa fazer parte da equipe de uma empresa como a microsoft?

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É importante manter uma perspectiva de longo prazo. Na Universidade, isso signifi -ca “mirar alto” – almejar a mais do que jul-gamos provável – e correr atrás. O maior erro é otimizar para o mercado de trabalho. Primeiro, isso quebra a primeira regra, de mirar alto. Segundo, o mercado de trabalho é volátil. Ele não vai mais ser o mesmo da-qui a dois anos. A solução é ter uma base ampla na parte do conhecimento – a ciên-cia. Se você tem uma oportunidade de fazer um estágio ou intercâmbio no exterior, um semestre de faculdade pode esperar. Simi-larmente, depois de quatro anos ou mais, é compreensível a ansiedade e, em muitas

vezes, a necessidade de se mergulhar no mercado logo após a Graduação. Mas se houver a possibilidade de se prosseguir para uma Pós-Graduação, a oportunidade deve ser considerada um privilégio a ser aproveitado. Outra maneira de se pensar sobre isso é que os primeiros dois anos de carreira são aqueles em que o salário é mais baixo, enquanto que um título de mestre é para sempre. Aliás, não foi isso que eu fi z para a minha própria carreira, mas isso é porque eu tive uma oportunidade que eu julgava rara: uma vaga na Microsoft em Redmond – Washington.

de que modo você acredita que pensar no futuro, ainda na Universidade, é fundamental

para o sucesso?

Depende dos seus objetivos, das oportuni-dades, ambições acadêmicas e da tolerân-cia ao risco. Fazer estágios ajuda a desen-volver uma rede de contatos e provar sua competência profi ssional, o que, por sua vez, ajuda com o primeiro emprego como profi ssional formado, especialmente no mercado de pequenas e médias empresas no Brasil. É seguro. O custo, naturalmente, é o tempo, que poderia estar sendo dedica-do ao aprofundamento acadêmico. Não é surpreendente que, se o objetivo é uma car-reira acadêmica, limitar estágios e preferir programas de iniciação científi ca é mais re-

comendável. Um pouco mais surpreenden-te é que o mesmo é verdade para posições com grandes empresas de alta tecnologia e outras indústrias avançadas. Em geral, elas contratam para o longo prazo. Não es-peram muita (ou qualquer) experiência de trabalho de um jovem recém-formado, mas sim uma base forte, possíveis publicações acadêmicas e participação em projetos open-source contribuem. Estágios contam, mas eles devem envolver projetos substan-ciais, os quais o estagiário se orgulhará de ter no currículo, e não o trabalho repetitivo e trivial rejeitado pelos funcionários.

Você acha que existe um momento mais adequado para se lançar ao mercado de

trabalho? E de que modo a atuação, ainda como universitário, pode representar um

diferencial competitivo?

Uma base ampla e sólida permite que o profi s-sional se adapte rapidamente às mudanças do mercado. Existem tendências de longo prazo, quando áreas inteiras do conhecimento pas-sam do reino da ciência para a tecnologia, onde são aplicadas à indústria e aos negócios. Isso está acontecendo hoje com o aprendiza-do de máquina (machine learning). A tecnolo-gia mais em voga é dita Big Data (conjuntos de dados extremamente grandes que necessitam de criação de ferramentas para garantir que essas informações possam ser encontradas), e

certamente há valor nos problemas técnicos resolvidos por ela. Mas elas vão lado a lado, e o valor real, em minha opinião, está no apren-dizado de máquina, que permite que coisas úteis sejam feitas com o Big Data. O que mui-tos ignoram é que não é preciso ter Big Data para se tirar proveito desse aprendizado. E, re-almente, há uma explosão na popularidade da área, comparável a poucas outras em 60 anos de computação. Quando algo de tal magnitu-de acontece, acaba se tornando parte da grade básica.

Como você percebe a tendência do mercado profi ssionalmente? o mercado exige o quê?

Este é o fator mais importante a longo pra-zo. A questão é como. Fazer um curso sobre a tecnologia da moda a cada dois anos não é a resposta. O que funcionou pra mim foi paixão e ambição. Se você faz o que gosta, o aperfeiçoamento se torna parte natural do seu dia a dia e, para mim, de quem você é. Basicamente, eu estou sempre lendo algu-ma coisa sobre aprendizagem de máquina,

e acabo lamentando não ter mais tempo para ler e experimentar com algoritmos novos. Ambição signifi ca que estou dis-posto a desviar-me da paixão, temporaria-mente, para focar no necessário para che-gar onde almejo. Então, o mais importante é escolher uma profi ssão que se alinhe com sua paixão e ambição.

o constante aperfeiçoamento é fator determinante para o crescimento profi ssional.

o que você busca para o seu desenvolvimento?

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Pais exemplares

Pesquisa de estudante de Biologia constata cuidado de duas espécies de aves com os hábitos alimentares dos filhotesPor mahani Siqueira

Certo dia, em 2011, a aluna do curso de Bio-logia da PUCPR Dayane Mayumi, acompanhada da professora Marta Fischer, percebeu que as aves que rondavam o Câmpus pareciam estar um pouco acima do peso. Em um estalo científi-co, as duas tiveram a ideia de observar a alimen-tação dos pássaros. O resultado obtido foi que os alimentos industrializados deixados pelos alunos formavam boa parte da base alimentar das aves. A partir disso, a estudante resolveu in-tensificar a pesquisa para descobrir se os ani-mais apenas consumiam salgadinhos e bolachas ou se também levavam para os filhotes.

Durante a coleta de dados, que se tornou o trabalho de conclusão de curso de Dayane – sob orientação da professora Marta, é claro –, as observações levaram as pesquisadoras à desco-berta de que as aves consumiam mais os petis-cos industrializados do que os ofereciam para os filhotes. Segundo a aluna, o resultado leva a crer que existe um cuidado dos pais com os lan-chinhos dos herdeiros, uma vez que os pássaros parecem reconhecer as propriedades nutricio-nais dos alimentos que são dados aos filhotes.

A pesquisa exigiu um árduo trabalho durante o período de um ano e começou com um mape-amento dos ninhos de duas espécies diferentes: joão-de-barro (Furnarius rufus) e sabiá-laranjei-ra (Turdus rufiventris). Com uma seleção de dez ninhos de cada espécie, o acompanhamento co-meçou e seguiu 20 aves de cada espécie, além dos filhotes. Para Dayane e Marta, além de nota 96 no TCC, ficou o orgulho pelos frutos nascidos do bem-sucedido projeto.

“Poucos são os estudos realizados com es-pécies de aves urbanas, principalmente por estarem no nosso cotidiano. Muita gente me perguntou o que eu estava pesquisando, e as pessoas passavam a comentar que realmente as aves estavam sempre por perto se alimentando dos restos. Acho importante ter mais pesquisas sobre a fauna urbana para entender seus com-portamentos”, opina Dayane.

No infográfico ao lado, é possível ter uma noção melhor dos métodos de pesquisa e dos resultados obtidos pelas biólogas.

A pesquisa de dayane

estudou duas espécies

diferentes de passarinhos:

joão-de-barro (Furnarius

rufus) e sabiá-laranjeira

(turdus rufiventris). Ambos

são facilmente encontrados

no Câmpus Curitiba da

PUCPR.

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pesquisa

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durante o estudo, três tipos de alimentos foram oferecidos às aves participantes:

larvas de tenébrio, frutas e alimentos industrializados à base de glúten,

como pão e salgadinhos.

A pesquisadora realizou um

estudo e um mapeamento

de diversos ninhos das duas

espécies em toda a área do

Câmpus da Universidade. Ao

final, foram escolhidos dez

ninhos de cada espécie.

A etapa seguinte foi observar os hábitos alimentares de

cada espécie, identificando o alimento e a frequência com

que eram consumidos.

Em seguida, a pesquisadora verificou

se as aves estavam alimentando os

filhotes com resíduos de alimentos

industrializados. Foram adotados

procedimentos de observação e

experimentação, com bandejas

camufladas com os três tipos

de alimentos

depois de coletados todos os dados, dayane partiu para a análise estatística, quando constatou que, embora os

passarinhos levem alimentos industrializados para os ninhos, eles procuram consumir mais do que oferecem para os filhotes.

foi o número de passarinhos adultos

observados, sem contar os filhotes (que

tiveram participação fundamental, diga-

se de passagem)

o tempo total de mapeamento dos

ninhos e observação dos alimentos

levados aos filhotes foi de

foi a nota conquista por dayane mayumi

com o seu tCC, que exibiu os resultados

da pesquisa feita com os passarinhos.

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Desta vez, na Copa do Mundo, vai rolar muita bola aqui no Brasil. O país do futebol se prepara não só disputar o Mundial, mas também para ser sede. Apesar de ser o quinto maior país em ex-tensão e a sexta maior economia do pla-neta, o Brasil não poderia deixar de fazer uso de um de seus maiores recursos para que tudo saia como o planejado, o “jeiti-nho brasileiro ”.

As recentes – e constantes – experiên-cias negativas com o país pentacampeão, fi zeram a FIFA anunciar que aprendeu uma “lição”, refl exo dos atritos com o go-verno, atrasos nas obras e impasses com estádios privados. A Federação prevê repensar o modo de fazer a Copa, o que deve se refl etir para o próximo evento, em 2018, na Rússia, já que como apontou o secretário-geral, Jérôme Valcke, em entrevista ao jornal britânico Th e Times, em março deste ano: “A edição de 2014 tende a ser a pior da história”.

Tudo é consequência da falta de pro-gramação, como defi ne o professor co-ordenador do Programa de Pós-Gradua-ção em Gestão Urbana da PUCPR, Carlos Hardt: “Analise quando saiu o resultado de que o Brasil seria sede? Em 2007! E quando começaram a projetar e cons-truir? Em 2010, 2011 talvez? Perdeu-se muito tempo, e as obras começaram sem um planejamento defi nitivo, tudo isso

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nossa...nossa...nossa...O “jeitinho brasileiro” é mais comum e usado do que

se imagina. O termo começou a surgir por volta dos anos 30, quando estudiosos e acadêmicos passaram a dar mais atenção para a área cultural, os costumes, a estrutura familiar e o dia a dia do brasileiro. Sérgio Buarque de Holanda publicou, em 1936, a obra “Raízes do Brasil”, em que destaca, também, a importância da herança cultural nacional e uma mudança na visão de mundo da sociedade brasileira, explorando sua identi-dade, em que prevalece o afetivo e o irracional, o “jeiti-nho brasileiro”, portanto.

A antropóloga Lívia Barbosa, em seu livro o jeitinho brasileiro – arte de ser mais igual que os outros, defi ne o “jeitinho” como uma maneira especial de se resolver um problema, é “uma solução criativa para alguma emergência, seja sob forma de burla à alguma regra ou norma preestabelecida, seja sob forma de conciliação, esperteza ou habilidade” (1992, p.32). Porém, não se pode defi nir uma situação para caracterizar o “jeito”, como explica o coordenador da Especialização em An-tropologia Cultural da PUCPR, Cauê Krüger, essa carac-terística é uma corrupção e uma dádiva, depende do modo como é usada. “Seria uma forma de se dar mais atenção aos objetivos e não ao modo como seria feita determinada coisa – burla-se a burocracia, pois muitas vezes é vista como um entrave”.

Como mostra uma pesquisa realizada em 2012 pela Confederação Nacional da Indústria, que buscou saber a percepção das pessoas em relação à forma de agir do brasileiro com outras pessoas, 82% dos entrevistados acreditam que a maioria das pessoas usa o “jeitinho” para tirar alguma vantagem, enquanto apenas 16% acreditavam que as pessoas fazem o uso de manei-ra correta. Ou seja, é dar um “jeitinho” de furar a fi la, usar o acostamento, conseguir benefícios, privilegiar pessoas, por exemplo, tudo em busca de chegar a um objetivo próprio.

A contagem é regres-siva para o Brasil rece-ber o maior evento de

futebol do mundo, e nem tudo é um mar de

rosas. Vários atrasos e muitas difi culdades

surpreenderam a FIFA, mas para tudo há o

“jeitinho brasileiro”!Por Julio glodzienski

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reportagem

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atrasa, aí se encaixa o ‘jeitinho brasi-leiro’ para dar conta de tudo”, explica. O professor julga o “jeito” como um “estepe” para suprir os refl exos dessa falta de programação, mas que não re-presenta qualidade. Do mesmo modo, o coordenador da Especialização em Antropologia Cultural da PUCPR, Cauê Krüger, aponta que “é uma forma de determinismo, se usa a cultura como uma maneira de justifi car erros”, ao apontar que o brasileiro dá o “jeitinho” para tudo porque sabe que tem esse recurso, e que funciona.

Apesar de vários questionamentos acerca da capacidade do país em rece-ber o Mundial, a expectativa é de que sim, o Brasil tem condições de hospe-dar a competição, afi nal, há 64 anos já foi sede do evento. “Estamos prepara-dos, sim; já fi zemos megaeventos e sa-bemos fazer. O problema está na arti-culação dessa Copa porque deixaram as coisas chegar a um ponto crítico”, explica Krüger, mesmo com o evento sendo de extrema importância para o país. “Não só temos condições como vamos ganhar projeção mundial, é um evento ímpar que nos promove”, expli-ca Hardt. Para o professor, usar o “jei-tinho” não foi a melhor opção, afi nal, muitas coisas não estarão prontas e “a organização do evento deverá traba-

dE 1950 PARA 2014...

Eis que, 64 anos depois, o país do futebol volta a ser sede da Copa do mundo, mas o contexto histórico é bem di-ferente daquele em que o brasil foi derrotado na fi nal pelo Uruguai. Se naquela época o futebol ainda era menos exigente, hoje temos um contexto em que o esporte se profi ssionalizou e virou “coisa de gente grande”. mas quais as diferenças ocorridas no mundo e no brasil nesse período?

mUndo dE 1950Desde a Segunda Guerra Mundial, a Copa de 1950 foi a primeira a acontecer. Mui-tos dos países europeus ainda viviam o refl exo da batalha, o que se refl etiu no desempenho de suas seleções. A Guerra Fria já apontava indícios e deu-se início à Guerra na Coreia. Nas terras do Pelé, enquanto isso, o presidente era Eurico Gaspar de Dutra, ex-Ministro da Guerra de Getúlio Vargas. Devido à guerra, fomos o único candidato a ser sede. Na época, a população somava cerca de 51 milhões de pessoas, que tinham como expectativa de vida aproximadamente 43 anos, e, segundo o IBGE, metade eram analfabetas. Além disso, a capital ainda era o cartão postal Rio de Janeiro, só havia um Estado nomeado Mato Grosso e Goiás ainda englobava o território onde hoje se encontra o Tocantins.

mUndo dE 2014Se antes o cenário era de tensão entre países, agora vive-se em paz, não que o contexto econômico seja tão promissor. Se por um lado a maior potência econômi-ca mundial, os Estados Unidos, apresenta crises, países emergentes como Brasil, Rússia e China, por exemplo, começam a conquistar seu espaço e sua representa-tividade na economia global. Isso se refl ete na imagem que nosso país conquistou: agora é mais respeitado, desde a correção da economia interna, na década de 1990. Hoje somos 190 milhões de brasileiros, governados pela primeira presidente mu-lher, Dilma Rousseff, com expectativa de vida média de 75 anos. Considera-se que o país possui uma condição política estável, após ter passado pelo golpe militar e por mudanças de governo. Novamente é anfi trião do Mundial e receberá as Olimpí-adas de 2016, que, pela primeira vez, ocorrerão na América do Sul.

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lhar em dobro e dar ‘jeitinho’ em muita coisa para que o turista não perceba as falhas nas estrutu-ras, porque com toda essa falta de planejamento, vão existir muitas”, afi rma.

As 12 cidades-sede serão a porta de entrada do país, muitos turistas devem ir para outros lugares a partir delas, e Hardt observa que “o turista não deve sentir os refl exos do ‘jeitinho brasileiro’ du-rante o evento”, o que será crucial para a imagem que vão carregar consigo. “Nesse momento, há a expectativa de redução de uma série de estere-ótipos e, por isso, deve-se ter certo cuidado ao conduzir o evento”, completa Krüger.

A FIFA lançou uma estratégia de avançar em novos mercados, fazendo o rodízio entre os con-tinentes, uma forma de democratizar o futebol. Grandes expectativas eram colocadas no Brasil,

por ser pentacampeão e reconhecido como o país do futebol. “Acreditava-se que a população viveria em função da Copa, mas ainda não se viu a empolgação, o que se viu foram várias manifes-tações”, aponta Hardt. Porém, “não signifi ca que o brasileiro não está mais gostando de futebol, mas sim que está se tornando mais crítico”, com-pleta Krüger que defende que o esporte faz parte da identidade do brasileiro.

Apesar de o ex-jogador e atual membro do Comitê Organizador da Copa Ronaldo ter afi r-mado em entrevista ao SporTV que “é muito ca-racterístico isso no brasileiro, de fazer as coisas no último momento e começar uma correria”, defendendo o ‘jeitinho brasileiro’, é preciso en-tender que, como ilustra Hardt, “construir uma casa é diferente de mobiliá-la”.

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PolêmiCAS, Como ElAS Vão?Quando a FIFA anunciou, em 2007, que o

Brasil seria a sede do Mundial de 2014, todos vibraram eufóricos, afinal, há 64 anos não tí-nhamos esse prestígio. Mas enquanto a bola não rola no campo, o que tem rolado por aqui são muitas polêmicas e muito “jeitinho brasi-leiro”, que é “um modo de navegação social no Brasil”, (2001, p.63), como define o antro-pólogo Roberto DaMatta, em sua obra “O que faz do Brasil, Brasil”.

Esse “jeito” está sendo usado para suprir vários problemas que a organização tem apre-sentado, um exemplo disso são os atrasos nas obras dos estádios. Mas isso não é de hoje: em 1950, o estádio do Maracanã, até então o maior do mundo, foi construído semanas antes do evento, segundo a Superintendência de Des-portos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj). O estádio só foi concluído em 1965, para o Mundial ele não estava pronto, mas deram um “jeitinho” e o local foi inaugurado para a Copa. Hoje, completamente reformulado – ou qua-se – para receber novamente a Copa, na sua reinauguração, em junho de 2013, no amistoso entre Brasil e Inglaterra, a justiça fluminense chegou a impedir o jogo inaugural devido à falta de segurança e às obras inacabadas que o local apresentava. Para que a repercussão ne-gativa não se espalhasse, deu-se um “jeitinho” e a partida aconteceu rendendo um empate entre as duas seleções.

Ainda falando em estádios, em 1950 Curitiba recebeu o Mundial nos estádios Durival Brito e Ferroviário. Neste ano, o estádio da Arena da Baixada é que deve receber o evento. A capital paranaense quase foi excluída como sede – fato inédito na história da Copa. O local é um dos três estádios privados, entre os 12 que recebe-rão o evento, e os atrasos nas obras, devido a problemas no financiamento e à readequação de projetos e orçamentos, foram avaliados de perto por um engenheiro suíço, Charles Botta, a pedido do secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke. Após essa confirmação, a Federação resolveu acompanhar de perto o andamento e garantir que tudo desse certo. O custo inicial era de cerca de R$ 180 milhões e deve acabar em R$ 300 milhões. A previsão de entrega é 30 de abril, mas no final de março um amistoso en-tre o Atlético Paranaense e J.Malucelli marcou a primeira partida no novo estádio.

O estádio do Corinthians, em São Paulo, também tem sido alvo das atenções. Os atra-sos evidentes têm preocupado a organiza-ção do evento e o motivo são os frequentes acidentes com operários e a estrutura. Em novembro de 2013, um guindaste caiu sobre a estrutura do estádio, causando a morte de dois operários, e em março deste ano, uma arquibancada em que um operário trabalha-va se desprendeu, fazendo-o cair e também falecer. Recentemente, a Superintendência

Regional do Trabalho e Emprego de São Pau-lo interditou duas arquibancadas, cada uma com capacidade para 10 mil pessoas, pois violavam normas de segurança. Mesmo com os recorrentes incidentes na estrutura, o está-dio deve ser finalizado no mês de abril.

Outra polêmica foi o manual criado pela FIFA em março, intitulado “Brasil para Princi-piantes”, para ensinar aos estrangeiros como se comportar no nosso país durante dos 32 dias de competição. O texto da cartilha trata de modo humorado e crítico os costumes dos brasileiros, dentre eles a falta de pontualidade, a falta de educação no trânsito, o fato de o brasileiro sem-pre dar um “jeitinho”, pois odeia filas, e ainda aconselha o turista a exercer a paciência. Após as críticas sobre o modo com que a FIFA tratou o país, a cartilha foi retirada de circulação.

Todos os brasileiros sabem que não é per-mitido o comércio ou a ingestão de bebidas alcoólicas dentro dos estádios desde 2008, quando a Confederação Brasileira de Futebol fez a proibição alegando que o álcool estimula incidentes e brigas nos jogos. O problema é que, em 2013, durante a Copa das Confederações, deu-se um “jeitinho” na lei e a venda do produto foi liberada. Além desse agravante, um advoga-do de Curitiba, Henrique Cardoso dos Santos, pediu a liberação da venda de bebidas nos es-tádios, pois considera a proibição ilegal, já que o Estatuto do Torcedor proíbe a venda apenas

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reportagem

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diz Aí, o qUE VoCê ACHA dA CoPA?

Priscila Voltas | 7º período do curso de Enfermagem“A Copa do Mundo de certa forma, vai favorecer o turismo e fortalecer o mer-cado fi nanceiro em nosso país! Porém, eu penso que é um custo fi nanceiro desnecessário e muito alto, enquanto as nossas crianças estão esquecidas nas escolas ‘públicas’, pois a educação e a saúde no Brasil são de um nível muito baixo, sem falar nos hospitais públicos sem recursos fi nanceiros e nos políticos.”

gabriel Carriconde | 3º período do curso de Jornalismo“Seria favorável a realização da Copa caso tivesse retornos para o povo brasi-leiro. O que não está sendo o caso, o país tem gastado milhões com estádios privados ‘padrão FIFA’, enquanto os serviços públicos não atendem a tal pa-drão. E quando a juventude e os trabalhadores saem ás ruas para defender seus direitos, aí a repressão vira ‘padrão FIFA’. Sou contra, e garanto que na Copa terá muita luta.”

maycon n. tavares | 9º período do curso de Engenharia Ambiental “O Brasil precisava estar mais preparado para realizar a Copa do Mundo, deu mais atenção a estádios de futebol ao invés de obras públicas, isso foi um erro, mas espero que depois do evento as obras públicas continuem. Mesmo assim, sou a favor, pois desde 1950 o Brasil não sedia a competição e com esse evento, irá mostrar para outros países que somos um povo batalhador nos nossos objetivos, e que adoramos futebol.”

Caroline zonatto | 7º período do curso de Arquitetura e Urbanismo“Sou contra a realização do evento, afi nal, não vai mudar em nada a vida de ninguém. Acho que o país tem outras prioridades, como a educação e a saúde da população. Lógico que é legal torcer pelo Brasil, eu sou muito patriota, mas o povo deveria ser também, não só em relação ao futebol, mas em relação a tudo. O Brasil precisa mais do que ser só o país do futebol.”

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PARA lEmbRAR oS PRotEStoS

Milhares de pessoas tomaram as ruas de 438 municípios do país, dentre eles todas as cidades que serão sedes do Mundial, em junho de 2013, segundo a Confederação Nacional de Municípios. Se o estopim das manifestações foi o aumento do valor da passagem de ônibus em São Paulo, aos poucos outros ideais foram sendo agregados, dentre eles a revolta contra os altos gastos com as obras da Copa. Em algumas cidades-sede, as manifestações foram mais intensas, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília e Salvador, onde houve protestos próximos aos estádios e graves confrontos com a polícia, ações que ren-deram mais atenção global ao evento. Mas a promessa de muitos desses manifestantes é de que novos protestos aconteçam. “Acredito que boa parte dessas pessoas estará empolgada com o evento e não vai voltar às ruas. A Copa é inexorável, deve-se pensar, também, no legado que a competição vai deixar, mas não descarto que possam ocorrer em menor escala”, defende Hardt. O antropólogo José Rodrigues, da PUCRIO, explica que a mídia tem desenvolvido ações para que possíveis mani-festações durante a Copa não sejam bem acolhidas pela população. “Nesses meses que antecedem a realização do evento, começam-se a perceber propagandas na televisão que pretendem reduzir a possibilidade de protestos durante o evento”, e Krüger completa: “As propagandas vêm buscando criar um otimismo na população, porém tudo se distorce pelo jeito com que as coisas estão sendo levadas”, explica o professor ao apontar que é impossível prever a ação dos manifestantes, mas que não descarta possíveis ações, levando em consideração o papel funda-mental da mídia nesse processo.

de substâncias proibidas, e alega que bebidas al-coólicas não são proibidas no Brasil. A polêmica agora gira em torno da exigência da FIFA de que a venda desses produtos não sofra restrições. Resta saber qual o “jeitinho” que vão dar na lei para que a venda seja liberada. Em Curitiba, a Comissão de Educação, Cultura e Turismo, da Câmara Municipal, estuda a proibição da venda de bebidas mesmo durante a Copa.

O Mundial deve deixar um bom legado ao país, pois “o evento vai deixar ótimas estrutu-ras para a sociedade e deve fortalecer o turismo, porém nem tudo são estádios, dinheiro público sendo injetado em obras particulares, isso não deveria acontecer”, explica Hardt. Os brasilei-ros temem a corrupção nas obras da Copa, os superfaturamentos e os gastos excessivos, foi o que mostrou uma pesquisa realizada pela Hello Research, que buscou descobrir o que a popula-ção pensa sobre a preparação da Copa de 2014. Os mil entrevistados, das cinco regiões do país, espalhados em 70 cidades, foram questionados se concordavam que haveria o desvio de ver-bas públicas durante as obras: 71% afi rmaram que sim, 22% não emitiram opinião, e apenas 6% disseram que não. Por enquanto, a goleada tem fi cado com os custos para a realização do evento. Se a previsão era de R$ 2,5 bilhões em 2007, o excesso do uso do “jeitinho brasileiro” para suprir atrasos e falta de planejamento fez o orçamento saltar, até o momento, para quase R$ 10 bilhões. Imagina na Copa!

“Estamos preparados, sim; já fi zemos megaeventos e sabemos fazer. O problema está na articulação dessa Copa porque deixaram as coisas chegar a um ponto crítico.” [Carlos Hardt, professor coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUCPR]

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Nesta matéria, a Vida Universitária conversou com sete jovens de diferentes cidades, com idades variadas, sonhos pessoais e ideias profissionais bem distintas sobre o que move a juventude a fa-zer o bem e como jeitos tão diferentes podem con-tribuir positivamente para a sociedade. Todos eles se unem pela vontade de colocar boas intenções em prática por meio de ações sociais, como a Mis-são Solidária Marista (MSM) e o Trote Solidário.

o qUE moVEAcreditar que é possível mudar o meio em

que se está e que cabe a cada um ser uma in-fluência transformadora são fatores que fizeram com que Dalvana Fernandes, 24 anos, pastora-lista no Grupo Marista, participasse da Missão

Solidária Marista, uma ação promovida pelo Grupo Marista e que anualmente atua em co-munidades em vulnerabilidade social. “Existe um incômodo estampado no rosto da juventu-de, por ver e estar em uma realidade tão dura e desigual. É isso que gera sede de mudança, que leva à transformação. Tenho esperança de que juntos podemos caminhar rumo à civilização do amor. Sim, eu acredito nela”.

Também por esses motivos que Nathália Ca-vazzani, 18 anos, estudante do curso de Biotec-nologia da PUCPR, Câmpus Curitiba, envolveu--se com o Trote Solidário, uma prática instituída na PUCPR desde 2009 e que incentiva calouros e veteranos a doarem sangue e arrecadarem ali-mentos para instituições beneficentes. “Meu foco

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para o bem

Acreditando que fazer o bem é uma escolha individual e que juntos é possível caminhar

para uma sociedade mais humana e mais jus-ta, jovens com criações e interesses diferen-tes se unem e propõem uma transformação

no meio em que estãoPor michele bravos

espititualidade

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era ajudar o próximo, mas não somente aquela pessoa em situação de vulnerabi-lidade social. Eu também queria ajudar o meu colega de curso, que estava menos motivado, por exemplo. Gosto de conta-giar as pessoas com a ideia de que os pro-blemas que vivemos como sociedade têm solução. Podemos ajudar e ser ajudados”.

O lado espiritual pulsa igualmente forte quando o assunto é pôr em práti-ca boas ações. Murilo Biasi, que tam-bém participou da MSM, conta que um dos fatores que o movem em uma ação como essa é a transformação pessoal. “Participo de missões querendo dar o meu melhor, para que os outros se sin-tam bem. Fazendo isso, sinto Deus no meu coração! Isso é bom. Saio de ações assim renovado e querendo fazer ainda mais a diferença no mundo”.

o SEntimEntoHá um sentimento de esperança e de

alegria que paira no ambiente em que está acontecendo uma ação social. “Sinto esperança por ver que existem pessoas que não olham somente para o seu um-bigo, dá para acreditar na humanidade”, diz Nathália.

Os preconceitos se esvaem e ali o que importa são as pessoas, independente-mente de gênero, escolaridade ou classe social. Igor Pereira, 21 anos, estudante de Medicina na PUCPR, Câmpus Curitiba, também participante do Trote Solidário, considera que esse é um dos sentimentos mais fortes presentes em uma ação so-cial. “É um sentimento livre de precon-ceito. Não importa se você tem diploma ou que curso você estuda. Para aquela pessoa que está recebendo uma ajuda naquele momento, ela só te vê como um ser humano. E ela só quer alguém que a veja dessa forma também e a respeite”.

A reação das pessoas diante de boas ações é algo que impressiona Wellington Kozerski, participante da MSM, e isso o impulsiona a querer participar sempre mais de ações missionárias. “É muito bom sair do individualismo. Fazer o bem a outra pessoa e receber em troca um belo sorriso ou um abraço apertado de muito obrigado. Digo que todos deve-riam sentir isso um dia. É maravilhoso”.

Durante essas ações, há uma vontade de ser útil que transcende as diferenças. Juliana Ferraz, 20 anos, estudante de Química Industrial na UEMS (Universi-dade Estadual de Mato Grosso do Sul), participou da MSM e percebe como é gratificante fazer a diferença na vida das pessoas. “Eu posso fazer a diferença na

vida delas, nem que seja para levar só um dia de alegria. Isso provoca em mim uma mistura de sentimentos, como felicidade e satisfação. Sinto o amor pelo próximo. Me sinto útil”.

João Bassani, 17 anos, estudante que também esteve envolvido com a MSM, afirma que “a sensação de poder fazer parte de qualquer tipo de ação social é inexplicável”. “Sentir-se útil é o que me-lhor satisfaz o anseio pela mudança”.

diFEREnçAS qUE ContRibUEmAo encontrar pessoas tão diferentes,

mas que lá no fundo possuem um mes-mo propósito, a vontade de mudar o mundo parece menos utópica. “A união de todas aquelas pequenas vontades, pequenos sonhos que caçam inces-santemente a mudança, gera um pen-samento gigantesco e potencialmente realizável. Muito mais concreto e indes-trutível”, diz Bassani.

Para que as diferenças não gerem conflito, é preciso que todos tenham um objetivo final em comum. Dessa forma, as tomadas de decisões – mesmo em um grupo grande –, que são responsáveis por levar às transformações, tornam-se mais fáceis. “Quando trabalhamos por um bem comum, é mais fácil controlar os ânimos e ser paciente diante das di-ferentes opiniões. Em uma ação social grande, como o Trote Solidário, é extre-mamente importante ter mais de uma ‘mente pensante’. O projeto não acon-teceria com o mesmo impacto, com a mesma força, se não fossem as ideias e as ações de várias pessoas”, afirma Na-thália.

Juliana lembra que ser flexível é uma virtude e que esse é um exercício difí-cil, mas necessário, para pessoas com espírito de liderança tão aflorado – per-fil de tantos jovens engajados em ações sociais. “É uma virtude não se impor e procurar ouvir e entender as razões do outro. É preciso que haja respeito tam-bém. Isso não significa concordar com tudo, mas não discriminar a forma como o outro pensa. Mesmo sendo muito líder e querendo abraçar o mundo, eu tento aceitar as diversas opiniões e procuro aprender com elas”.

Para Dalvana, o segredo de tudo está em se dispor ao diálogo e se colocar no lugar do outro. “Com um bom diálogo, as coisas caminham a passos mais lar-gos e com harmonia. Quando as ideias não batem, se cada um se coloca no lu-gar do outro e cede um pouco, as coisas vão pela direção certa”.

nathália Cavazzani18 anosEstudante do curso de biotecnologia da PUCPR, Câmpus Curitiba

Seu sonho pessoal é poder chegar ao fim da vida com a certeza de que viveu plenamente.

“qUERo iR doRmiR nESSE diA Com A CERtEzA dE qUE FUi PARA AS PESSoAS o qUE ElAS REAlmEntE PRECiSAVAm.”

João bassani17 anos Estudante de Engenharia química, mora em Florianópolis

Para ele, uma profissão que lhe permita viajar muito e conhecer novas realidades.

“Um SonHo? mUdAR o mUndo! Sim, EU SEi qUE é UtóPiCo.”

Juliana Ferraz 20 anosEstudante de química industrial na UEmS, em dourados (mS)

Entre as pretensões profissionais está ensinar. Seu maior sonho é ser mãe.

“o PodER dE gERAR UmA VidA, Com CERtEzA, Foi A mAioR dádiVA qUE dEUS ConCEdEU àS mUlHERES. qUAndo FoR mãE, SEREi UmA PESSoA REAlizAdA.”

dalvana Fernandes 24 anosHistoriadora e pastoralista no grupo marista, em Cascavel (PR)

Seu grande sonho é ser psicóloga no programa Médicos Sem Fronteiras.

“o VAloR dE UmA boA Ação EStá no FAzER o bEm SEm olHAR A qUEm, no SER SolidáRio SEm PEnSAR Em RECEbER nAdA Em tRoCA.”

murilo biasi17 anosEstudante de um curso técnico de mecânica, em Joaçaba (SC)

Além de uma carreira bem sucedida, a construção de uma família faz parte do seu plano de vida.

“dAR o mElHoR dE Si E AgiR Com o CoRAção é FUndAmEntAl PARA UmA Ação SoCiAl SER EFEtiVA.”

igor Pereira 21 anosEstudante de medicina na PUCPR, Câmpus Curitiba

Ele acredita que se as pessoas falassem mais “não sei”, abririam portas para novos aprendizados e crescimento pessoal.

“ESPERo VER Um mUndo Em qUE todoS PEnSEm mAiS AntES dE FAlAR E ACEitEm mElHoR A oPinião do oUtRo.”

Wellington Kozerski 17 anosEstudante de matemática, morando em itapejara d’oeste (PR)

Seu sonho é fazer um mochilão pelo mundo, conhecendo culturas, estudando e vivenciando todas as religiões que conseguir.

“JUntAR idEiAS diFEREntES é PERmitiR qUE CAdA PESSoA dEixE SUA mARCA no mUndo.”

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Vendo o mundopor outros olhos

Projeto de grupo artístico dinamarquês transforma a aparência das pessoas como forma de promover uma reflexão sobre diversidade, inclusão e discriminaçãoPor Vivian lemos, com a colaboração de mahani Siqueira

Você já imaginou ser outra pes-soa por um dia ou pelo menos al-gumas horas? Como o mundo re-agiria à sua nova aparência? Será que os outros o tratariam da mesma maneira? Atrás dessas respostas, a Vida Universitária foi conferir o trabalho do artista dinamarquês Morten Nielsen, que trouxe ao Fes-tival de Teatro de Curitiba o projeto Through Different Eyes (Por Outros Olhos), nome da mostra que o gru-po Global Stories, liderado por ele, trouxe à capital paranaense.

Durante quatro dias, o artista e sua equipe foram responsáveis por “transformar” quem estivesse inte-ressado em experimentar ser ou-tra pessoa por um dia. Por meio de maquiagem e objetos como perucas, lenços e echarpes, eles conseguem transformar um branco em negro, um negro em asiático, um europeu em paquistanês. Pela primeira vez, Nielsen e sua trupe estiveram em um país com etnias tão diversas: “Sem-pre fizemos essas transformações na Europa, na maior parte das vezes em países escandinavos, onde há uma homogeneidade maior. Está sendo incrível transformar pessoas de ori-gens tão diferentes em um único dia”, comemorou o artista.

Para experimentar a sensação de ver o mundo com novos olhos, nós mesmos topamos passar pela transformação: encaramos o desafio de viver sob outra pele e ver como o mundo reagia a nós. Eu topei me transformar em uma paquistanesa

com direito a hijab (véu islâmico) e tudo. Já Eduardo Correa, da equipe da Vida Universitária, foi de branco a negro em questão de alguns minutos. Para escurecer o tom de pele, a equi-pe dinamarquesa utiliza maquiagem em uma espécie de pistola, o que ga-rante uma cobertura mais uniforme e dá um aspecto mais natural.

Após a caracterização, a ideia é que os “transformados” deem uma volta em um lugar público e vejam como o mundo reage à sua nova persona. Saímos para dar um pas-seio pelo Largo da Ordem, perto do Memorial de Curitiba, onde ocor-reram as transformações. Foi uma caminhada breve, mas pude notar olhares curiosos e alguns cochichos discretos. Como há uma mesquita ali perto, ver mulheres em trajes ti-picamente muçulmanos não é uma novidade por ali. Talvez por isso não tenha sentido um estranhamento tão grande. O que posso dizer é que o hi-jab é muito quente!

Como Nielsen gosta de ressaltar, cada pessoa que passa por esse pro-cesso tem uma experiência única, in-transferível. “Algumas histórias são bem divertidas, as pessoas voltam felizes, sorridentes. Outras, nem tan-to. Certa vez, fizemos a transforma-ção de uma executiva muito podero-sa na Dinamarca. Ela é branca, loura e tem os olhos claros, como a maio-ria dos dinamarqueses. Nós a trans-formamos em negra, e ela tentou comprar um imóvel. Com a mudança de aparência, ela simplesmente não

sintoniacultural

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“Sempre fizemos essas transformações na Europa, na maior parte das vezes em países escandinavos, onde há uma homogeneidade maior. Está sendo incrível transformar pessoas de origens tão diferentes em um único dia.”[Morten Nielsen, artista]

conseguiu, sequer consideraram sua proposta. Ela sentiu, naquele momento, que perdia todo o seu poder econômico e social ape-nas por sua ‘casca’. Talvez isso a faça refletir quando for contra-tar alguém, por exemplo”, relata Nielsen.

E é justamente esse desper-tar que o artista pretende com seu projeto. Muito mais do que fazer uma maquiagem e mudar o visual das pessoas, a intenção é que elas aprendam a respei-tar a diversidade e celebrem as diferenças: “É claro que existe uma parte muito divertida no que fazemos: é interessante se ver como alguém totalmente di-ferente. No entanto, temos um propósito muito sério com esse trabalho, que é despertar o de-bate sobre o preconceito e sobre a diversidade. Queremos que as pessoas aprendam a celebrar a beleza do que é diferente”, expli-ca o artista.

Nielsen já transformou cen-tenas de pessoas na Europa, e durante quatro dias ajudou brasi-leiros a serem pessoas diferentes por um dia. Essa foi a primeira experiência no Brasil, mas ele pretende repetir a dose: “Quero voltar ao país, gostei muito da ex-periência que tivemos aqui. Ado-rei o formato que o Festival nos proporcionou, de estar em um lo-cal público, mais perto das pesso-as, creio que assim tudo flui mais naturalmente. Queremos trazer o projeto a outras cidades, vamos ver se conseguimos”.

Talvez algumas horas não sejam suficientes para a quebra de conceitos pré-estabelecidos, mas pode ser o começo de um novo olhar sobre povos e cultu-ras que não conhecemos. Nesse sentido, a iniciativa de Nielsen pode ser muito bem sucedida para que vejamos que, na essên-cia, somos todos iguais. O que muda é a “embalagem”.

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HISTÓRIAS INTERLIGADASHISTÓRIAS INTERLIGADASHISTÓRIAS

Desde que entrou na Universidade, Waldemiro

Gremski sempre esteve ligado à PUCPR. De aluno, ele se transformou em professor

e, no aniversário de 55 anos da Instituição, ocupa o cargo

de ReitorPor mahani Siqueira

Sete anos depois de ofi cialmente fun-dada a Universidade Católica do Paraná, um seminarista que dava aulas para estu-dantes do 1° e do 2° graus se matriculou no curso de História Natural (hoje conhecido como Biologia ou Ciências Biológicas). O ano era 1966 e as aulas eram ministradas em um prédio da rua XV de Novembro, em frente ao Teatro Guaíra. Waldemiro Gre-mski – o então aplicado aluno que fazia as vezes de professor para sustentar os estu-dos – não imaginava, mas estava prestes a começar uma história em que sua própria trajetória se confundiria com a da Univer-sidade Católica, que viria a ganhar o título de Pontifícia em 1985.

Em 2014, ano em que a PUCPR comple-ta 55 anos de sua fundação, Gremski pode ser encontrado na sala do Reitor, cargo que ocupa desde dezembro de 2013. A função é mais uma dentre as várias já exercidas pelo biólogo especialista em histologia. Além de aluno na década de 1960, professor por vá-rios anos e agora Reitor, ele já foi diretor e Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação na Universidade. Das cinco décadas e meia de existência da PUCPR, Waldemiro sem-pre acompanhou, de perto ou um pouco mais distante, a trajetória da Instituição que, com o tempo, acabou se transforman-do em uma extensão da sua própria casa.

Apesar de um Mestrado na USP, dois Pós-Doutorados fora do Brasil (Suécia e Estados Unidos), trabalhos como professor visitante no exterior e vários anos entre os docentes da UFPR, o atual Reitor não afas-tou os olhos da PUCPR em nenhum mo-mento. É por isso que ele afi rma com na-turalidade que quando voltou ofi cialmente à Universidade, em 2002 – depois de com-pletar seu ciclo na Federal –, foi como se nunca tivesse saído.

Depois de se formar pela Universidade Católica em 1969, Waldemiro voltou em 1977, convidado para dar aulas de histolo-gia ao curso de Odontologia. Não demo-rou muito para assumir responsabilidades também em Fisioterapia e Biologia. Ele defi ne esse ano como o momento em que defi nitivamente se ligou à PUCPR. Nem o período entre o fi m da década de 1980 e o começo dos anos 2000, quando fi cou ofi -cialmente afastado da Universidade para tocar outros projetos, separou o professor da faculdade onde concluiu sua graduação.

“Eu estava fazendo outras coisas, dan-do aulas na UFPR e cuidando de algumas pesquisas, mas sempre visitava a PUCPR e procurava me manter informado sobre o que acontecia aqui. Um exemplo foi o pri-meiro grande planejamento feito aqui na Universidade, em 2000. O Irmão Clemen-

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pre acompanhou, de perto ou um pouco mais distante, a trajetória da Instituição que, com o tempo, acabou se transforman-do em uma extensão da sua própria casa.

e procurava me manter informado sobre o que acontecia aqui. Um exemplo foi o pri-meiro grande planejamento feito aqui na Universidade, em 2000. O Irmão Clemen-SElECionAmoS oito momEntoS

FUndAmEntAiS dA HiStóRiA dA PUCPR, qUE FAzEm dA UniVERSidAdE o qUE ElA é HoJE.

Em 14 de março, a Universidade Cató-lica é ofi cialmente fundada pelo então Arcebispo de Curitiba, Dom Manuel da Silveira D’Elboux. A Universidade, a prin-cípio, reuniria sete instituições. Entre elas, estavam as faculdades de Filosofi a, Direito e Medicina.

O primeiro prédio do Câmpus do Prado Velho é inaugurado e passa a sediar a Faculdade de Direito.

Em dezembro, o Instituto Marista as-sumiu a administração da Universidade Católica do Paraná.

No dia 6 de agosto, a Universidade Ca-tólica ganha o título de “Pontifícia”, em decreto assinado pelo Cardeal William Brum, então prefeito da Sagrada Con-gregação para a Educação Católica.

1959 1965 1973 1985

reportagem

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te me chamou e eu vim, com muito orgulho. Participei dessa reformulação com palestras e em reuniões do curso de Biologia”, conta Wal-demiro.

Com a propriedade de quem sempre este-ve antenado ao que acontece na Universida-de, Waldemiro defi ne os momentos que suce-deram a completa consolidação do Câmpus do Prado Velho como os mais importantes da história da PUCPR. Segundo o Reitor, com a questão da estrutura resolvida, os olhares se voltaram para a formação de recursos huma-nos e titulação de doutores.

“Até os anos 90, a PUC apostava exclusi-vamente no ensino. Depois que o Câmpus se consolidou, foi tomada a decisão de sair da condição de uma instituição de ensino e en-trar no universo da pesquisa. Foi por isso que a Universidade passou a titular seus docentes com nível de doutorado. Foram mais de 300 doutores titulados em cerca de sete anos. Em 1995, o corpo docente tinha cerca de 4% com doutorados, e esse número passou para 34% em 2002”, comenta.

PARtE dA HiStóRiAHoje especialista em medicina do traba-

lho, o médico Ruddy Facci também tem uma relação antiga com a PUCPR. Ele entrou na Universidade em 1965 e se formou em 1970, quando foi convidado para morar na Santa Casa de Curitiba, tornando-se, assim, o pri-meiro acadêmico residente da história da en-tão Universidade Católica. Perguntado sobre as mais importantes evoluções desde que concluiu os estudos, ele cita dois marcos.

“Na época em que eu estudei, o curso de Medicina era realizado em um prédio perto da Rui Barbosa. Então, o crescimento da es-trutura e a mudança para o Câmpus do Pra-do Velho foram fundamentais para a PUCPR, assim como o fato de ter ganhado o status de Pontifícia na década de 1980”, conta Facci,

responsável por articular o convênio entre a Universidade e a Università Cattolica del Sa-cro Cuore, de Roma.

Formado em Arquitetura em 1981, Cláudio Maiolino é outro que tem uma relação prati-camente umbilical com a PUCPR. Ele entrou na segunda turma de Arquitetura da Univer-sidade, em 1976 e, logo depois de formado, passou a dar aulas no Câmpus onde tinha passado os últimos anos como estudante. Bom de memória, ele se lembra muito bem de como foram seus tempos de aluno.

“Nos dois primeiros anos, tínhamos aulas no prédio de Humanas, que era o único até então construído. Depois, fomos para o blo-co que até hoje abriga o nosso curso, mas era tudo muito diferente do que é atualmente. A evolução de infraestrutura e organização na Universidade foi imensa e os estudantes de Arquitetura foram muito benefi ciados com isso”, comemora Maiolino, que, em 2013, re-cebeu uma medalha por seus 30 anos como professor da PUCPR.

“Até os anos 90, a PUC apostava exclusivamente no ensino. Depois que o Câmpus se consolidou, foi tomada a decisão de sair da condição de uma instituição de ensino e entrar no universo da pesquisa. Foi por isso que a Universidade passou a titular seus docentes com nível de doutorado. Foram mais de 300 doutores titulados em cerca de sete anos. Em 1995, o corpo docente tinha cerca de 4% com doutorados, e esse número passou para 34% em 2002.”

[Waldemiro Gremski]

FEStA dE AniVERSáRio

A comemoração pelos 55 anos da PUCPR não passou batida. no dia 14 de março, data exata do aniversário da Universidade, três eventos mo-vimentaram o Câmpus Curitiba em celebração ao aniversário.Uma missa na Capela Universitária Jesus mestre deu início ao evento, que continuou mais tarde com um bate--papo do Reitor Waldemiro gremski com os alunos e um pocket show com o músico tiago iorc. na ocasião, o cantor recebeu o cartão do Programa Alumni, concedido a ex-alunos e que dá vantagens e acesso à várias áreas da Universidade – como a biblioteca.no dia seguinte, tiago iorc completou a festa com um show gratuito realiza-do no tUCA.

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trutura e a mudança para o Câmpus do Pra-do Velho foram fundamentais para a PUCPR, assim como o fato de ter ganhado o status de Pontifícia na década de 1980”, conta Facci,

passou para 34% em 2002.”

[Waldemiro Gremski]

A pedido do prefeito de São José dos Pinhais, a PUCPR funda o Câmpus na cidade. O local esco-lhido é o prédio do antigo Semi-nário Sagrado Coração de Jesus. A princípio, a nova sede recebe os cursos de Administração e Economia.

Em 18 de fevereiro, é inaugurada a Bibilioteca Central da PUCPR. Com uma área de 10.545 m2 (sendo 3.511 m2 exclusivos para pesquisa e estudo), o prédio foi decorado com obras de Poty Lazzarotto, Sergius Elderly, Fernando Calderari e outros.

O primeiro ano do novo milênio marcou a fundação dos Câmpus de Londrina e Maringá.

No dia 28 de agosto, é inaugu-rado o Tecnoparque, destinado à inovação tecnológica e à atra-ção de empresas, com o objeti-vo de estreitar a ligação entre o setor acadêmico e o produtivo.

Em 2013, a PUCPR inaugurou o Centro de Simulação Clínica, inédito no país. O complexo tem a mais avançada tecnologia de treinamento em ambiente hospitalar.

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2013

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Sérgio Luiz Kukina, ministro do Superior

Tribunal de Justiça (STJ) e graduado em

Direito pela PUCPR, com especialização em

Direito Contemporâneo na mesma Institui-

ção e em Ciências Penais na Universidade

Federal do Paraná, falou sobre o papel

do STJ no sistema judiciário brasileiro em

evento promovido pela Escola de Direito

da PUCPR.

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ção

No dia 12 de março, a

PUCPR em Londrina

completou 12 anos de

criação. Para comemorar

a data, a direção do

Câmpus e o Núcleo de

Pastoral realizaram

uma Missa de Ação

de Graças, aberta a

toda a comunidade

universitária e também

aos londrinenses, que

foi celebrada pelo Padre

João Mendes, docente

da Universidade, no

auditório Dom Albano

Cavalin.

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O professor do curso de

Sistemas de Informação

e coordenador do Global

Game Jam na PUCPR,

Bruno Campagnolo de

Paula, palestrou no Game

Developers Conference

(GDC), maior e mais

tradicional evento de

desenvolvimento de jogos

do mundo, que acontece

anualmente em San

Francisco, EUA. Ele falou

sobre o cenário de desen-

volvimento independente

brasileiro e o apoio que é

dado pela PUCPR à área.

O professor Artur Mittel-

bach também participou

do GDC.

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A PUCPR lamenta infor-mar a perda do profes-sor de Design Antônio Martiniano Fontoura, que faleceu no dia 28 de fevereiro, vítima de pa-rada cardíaca. Fontoura dedicou-se por 25 anos à Instituição, escreveu diversos livros na área e fez parte do conselho editorial da Revista ABC. Sinceros sentimentos a família, amigos, colegas de trabalho e alunos.

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Para o professor Mário Antonio Sanches,

coordenador do Mestrado em Bioética, e

docente da Graduação e da Pós-Gradu-

ação em Teologia da PUCPR, o começo

de 2014 foi diferente. Trabalhando na

Universidade desde 1992, Sanches passou

os meses de fevereiro e março lecionando

Bioética e Antropologia no curso de Filo-

sofia do Instituto Superior de Filosofia e

Teologia Dom Jaime Garcia Goulart – Dili,

no Timor Leste. Essa experiência foi pos-

sível por meio do Projeto de Solidarieda-de entre as igrejas do brasil e do timor leste, uma parceria entre as Igrejas do

Timor, a Conferência Nacional dos Bispos

do Brasil (CNBB) e a PUCPR. O objetivo do

projeto é cooperar com as Igrejas locais do

Timor Leste no que diz respeito à forma-

ção dos seminaristas nas áreas de Filoso-

fia, Teologia e Língua Portuguesa.

A professora do curso de Nutrição da

PUCPR, Cilene Ribeiro, conta no livro

tudo Pronto! o comer fora e o prazer reinventado - História dos restauran-

tes por quilo de Curitiba, no período

entre de 1970 e 2000. Nesses anos,

houve muitas mudanças, que passa-

ram pela valorização dos profissionais

ligados à gastronomia, pelo maior

poder de compra dos consumidores,

que se tornaram mais seletivos na

escolha dos alimentos, e até mesmo

pela redução das cozinhas nos empre-

endimentos imobiliários. “O brasileiro

se oportunizou a comer mais, melhor

e a escolher os alimentos de forma

diferenciada e o ‘quilo’ permitiu essa

integração e a popularização dos gos-

tos e dos prazeres”, explica Cilene.

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A HSM Educação e a PUCPR abriram as atividades do Programa de

Desenvolvimento de Lideranças Volvo (PDLV). O decano da Escola de Negócios,

Eduardo Damião, recepcionou os convidados e falou sobre os planos para

este ano. O professor Marciano Cunha, da Escola de Negócios, ministrou a

palestra interfaces entre vida executiva e vida familiar: reflexões sobre o planejamento, o acompanhamento e o sucesso da carreira dos filhos.

Os coordenadores dos cursos de Fisioterapia da PUCPR,

Pedro Cezar Beraldo, e de Enfermagem, Ana Beatriz Costa,

estiveram em viagem técnica à cidade de Madrid – Espanha.

Essa viagem fez parte do Planejamento Estratégico da

Escola de Saúde e Biociências – ESB, oportunizando que

coordenadores de cursos da Escola tenham experiências

inovadoras internacionais. O foco central da viagem foi a

participação dos docentes em um Seminário internacional em bioética, desenvolvido em parceria entre o Mestrado

em Bioética da PUCPR e o Departamento de Bioética da

Universidad Pontifícia Comillas.

Foi inaugurada pela PUCPR a Unidade de

Pesquisa em Suínos (UPS) na Fazenda

Experimental Gralha Azul, em parceria

com a Impextraco Latin America. A

UPS foi criada visando à realização de

parcerias do setor privado com a PUCPR

para o desenvolvimento de projetos de

pesquisas nas áreas de produção, manejo,

nutrição, genética, bem-estar animal e

sanidade de suínos.

A UPS possui uma esterqueira externa,

que permite o armazenamento dos

dejetos para sua posterior utilização como

adubo orgânico na lavoura, além de ter

capacidade para 250 leitões.

O curso de Design de Moda da PUCPR recebeu conceito máximo do Ministério da Educação. O curso foi

criado em 2010 e formou a primeira turma em dezembro do ano passado. Atualmente, o curso possui

cerca de 140 alunos.

EnSino

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Que tal falar menos sobre jogos e fazer jogos? Esse é o lema da Global Game Jam, um evento mundial que reúne cerca de 20 mil estudantes, profi ssionais ou simplesmente apaixonados por games, em mais de 500 sedes espalhadas pelo mundo. A missão é que os grupos formados, de modo colaborativo, criem jogos alinhados com um tema em comum. Em 2014, entre os dias 24 e 26 de janeiro, a PUCPR foi pela 5º vez sede regional do evento – neste ano, uma das maiores sedes do mundo, e a maior do Brasil, com mais de 76 jogos elaborados pelos 414 inscritos. Fazer games por 24 horas foi o desafi o dessas equipes. Quer saber como isso aconteceu? A Vida Universitária acompanhou de perto o evento.Veja como foi.

HoRA dE ComEçAR

Pontualmente às 17h do dia 24 soava uma buzina para atrair a atenção de todos os gamers que estavam no bloco azul da

PUCPR, Câmpus Curitiba, organi-zando seus equipamentos para dar início à maratona. Todos a

postos, era hora de dar início ao grande evento, mas antes, para garantir a boa produtividade de todos, foram passadas algumas orientações, como a apresenta-

ção do manual e o vídeo mundial, transmitido em todas as sedes.

As regras eram claras: “todo tipo de jogo é permitido, o evento

é totalmente colaborativo, em que alunos do curso de Música,

Ciência da Computação, Design e Matemática se reúnem para tra-

balhar juntos”, explica o professor do curso de Sistemas de Informa-ção da PUCPR e coordenador do evento na sede Curitiba, Bruno

Campagnolo.

qUE SE iniCiEm oS JogoS

O momento mais esperado che-gou, enfi m o tema foi exposto!

“We don`t see things as they are, we see them as we are”, ou seja “Nós não vemos as coisas como

elas são, nós as vemos como nós somos”. A mesma frase foi aplicada nos quatro cantos do

planeta. O desafi o agora era de-senvolver um jogo baseado nela, era hora das equipes começarem

a quebrar a cabeça e bolar seu projeto – e esse é só o começo da longa maratona de programação.

Muitos dos participantes já se conhecem de outras edições do evento e têm sua equipe forma-da. No entanto, os novatos ou

aqueles que querem experiências com equipes diferentes partici-param de uma dinâmica para se

inserir em alguma equipe.

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diário de bordo

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bRAinStoRming

A PUCPR reservou um bloco inteiro para o evento, e os parti-cipantes podiam ocupar as salas para dar início aos seus trabalhos ou permanecer no saguão do 1º

andar. Na sala 16 estavam as três equipes que iríamos acom-panhar, esquematizando seus jogos. Elas refl etem bem o que é o evento. Além de jogos (digi-tais) multidisciplinares, jogos de tabuleiro também foram criados.

É o exemplo do matemático Guilherme Pieanezzir, o histo-

riador Thiago Zanotti e da estu-dante de Design Gráfi co Camila

Yumi, que discutiam a criação de um jogo de tabuleiro. Diferen-temente da equipe de Nikolas Moya, formado em Ciência da

Computação, Guilherme Mattioli e Bruno Kustiuk, estudantes,

Rafael Rubert, designer digital, e Marília Ferreira, estudante,

que optaram por fazer um jogo de multiplayer, em que o jogador

se conecta com jogadores de qualquer lugar do mundo automa-ticamente ao entrar no site. Além

da Pamela de Assis, formada em Ciência da Computação, que também desenvolveu um jogo

para computador.

nA PRátiCA

Na primeira noite, a ansiedade prometia uma madrugada provei-tosa. A boa pedida para a confra-ternização com todas as equipes foi pizza. Então, fazer uma torre com caixas pareceu inevitável. O desafi o era alcançar o teto, e eles

conseguiram! Na manhã de sá-bado, 25, o farto café da manhã dava energia para os maratonis-

tas, afi nal, às 11h da manhã, o nome do jogo deveria ser postado

no site mundial, a exemplo de todas as outras equipes espalha-das pelo planeta. Alguns times se revezavam, enquanto uns produ-ziam seus games, outros descan-savam. Nossas equipes estavam

desde cedo no trabalho árduo, desde as 8h, mais precisamente. Com muito bate papo, apresen-taram os nomes dos seus jogos, “Tower of Mimics”, da Pamela;

“Sql Killer”, da equipe do Moya e “Tabuleiro Maneiro”, da equipe

do Mattiolli. O desafi o agora era colocar em prática o projeto ar-

quitetado na noite anterior.

HoRA dE CoRRER

O dia prometia grandes avanços no material desenvolvido pelas

equipes, os olhares concentrados nos computadores e papéis não

mostravam o contrário. En-quanto os nossos maratonistas desenvolviam seus trabalhos, no telão eram mostrados os

demais aventureiros nas sedes mundiais. Às 19h, estava previsto

o game test, momento em que as equipes deveriam apresentar o funcionamento prévio do seu

game, e também em que grupos diferentes podiam opinar no seu

trabalho. Todo mundo estava empenhado: alunos de Música com instrumentos e equipa-

mentos cuidavam de produzir a sonorização, por exemplo. Apesar das refeições servidas e disponí-veis aos participantes, o que eles

queriam mesmo é que a noite acabasse em pizza! E assim se

fez, mais caixas deveriam compor a torre.

qUEm FEz, FEz...

Já no domingo, mais uma vez aque-le super café da manhã foi prepara-do e a maratona deveria ser intensa.

Pontualmente, às 15h, deveriam ser encerradas as atividades, e os games, postados no site ofi cial do evento. Às 17h, todas as equipes

deveriam mostrar o resultado fi nal do árduo trabalho desempenhado nessas 48 horas de maratona. E

como será que está o desenvolvi-mento das nossas equipes? O game desenvolvido pela equipe do Nikolas

Moya foi um multiplayer baseado em tower defense. O objetivo é que todos os jogadores protejam o líder e se houver alguma falha, perde-se o jogo. Já Pamela desenvolveu um game em que o jogador está em

uma torre e deve subir as escadas, derrotar o inimigo encontrado,

até chegar ao fi nal. E a equipe do Mattiolli criou um jogo de tabuleiro

para três jogadores; um tem o poder sobre os outros peões e o objetivo fi nal é levar sua peça até um lugar

pré-determinado pelos dados. Agora é só se preparar para a Global Game Jam 2015, que já tem data marcada: de 23 a 25 de fevereiro. Para mais informações, acesse o site ofi cial:

globalgamejam.org.

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O combate pela saúde do corpo

Lutas se tornam cada vez mais a opção para

quem quer praticar exercícios físico s

atrelados às técnicas de coordenação motora

Por Elizangela Jubanski

Elas são mãe e fi lha. Dividem a mesma casa, confi dências, reuniões em família e, há dois meses, passaram a dividir o mesmo ta-tame. A relações internacionais Cássia Mor-ghett Inácio, 26 anos, e sua mãe Magaly Mor-ghett Inácio, 52 anos, praticam muay thai, uma arte marcial originária da Tailândia. A diferença de idade não impediu que elas fi -zessem a mesma atividade física e, sobretu-do, com os mesmos objetivos.

Sem disciplina para séries nas aulas de musculação, Cássia foi buscar outra for-ma de estar em dia com a saúde. “Eu tinha preguiça, essa é a palavra, de ir à academia. Fazia inscrição, começava e sempre parava depois. Chegou uma hora que eu vi a neces-sidade de praticar um exercício e uma amiga minha falava sobre muay thai. Fui fazer uma aula experimental e não saí mais de lá”, lem-bra. Ela frequenta aulas de luta junto com outras 80 mulheres em uma academia que tem horário específi co somente para elas – prática bastante comum de dez anos para cá.

Poucas atividades físicas são tão comple-tas quanto as lutas. A professora de Teoria e Prática das Lutas, do curso de Educação Fí-sica da PUCPR, Keith Sato, afi rma que isso acontece por causa da multiface da ativida-de. “Elas são assim porque cada pessoa pode iniciar a sua prática com objetivos diferen-tes. Algumas pessoas querem emagrecer e melhorar sua qualidade de vida, outras so-nham em se tornar atletas, alguns pais que-

rem diminuir a agressividade de seus fi lhos e assim por diante. São objetivos muitas vezes diferentes aliados à luta”.

São exercícios que, além de melhorar o condicionamento físico, a fl exibilidade, a respiração e a coordenação motora, aumen-tam os refl exos e ainda são capazes de trans-mitir conceitos de hierarquia, concentração e disciplina.

Diante desses benefícios, Magaly fi cou encantada com o entusiasmo da fi lha pela luta e o resultado que as aulas proporciona-vam a ela. “Eu primeiro acompanhei algu-mas aulas só olhando os treinos da Cássia. Também tinha o mesmo problema que ela com relação à musculação. Mas demorei um pouco para assimilar que eu também po-deria fazer luta”. O medo, segundo ela, era quanto à idade. “Pensava que a idade pode-ria ser um empecilho porque não tinha visto mulheres acima de 50 anos nas aulas”.

Nada disso. O professor que comanda o treino feminino da academia Chute Box, em Curitiba, Nilson da Silva, afi rma que não há contraindicações quanto à idade e que, dife-rentemente do que se imagina, mulheres apre-sentam resultados melhores. “O treino de luta com mulheres gira muito em torno da autoes-tima e da dedicação. Muitas chegam até aqui com a fi nalidade de se exercitar e acabam se doando bastante nas artes marciais”.

Para Magaly, o resultado está sendo exa-tamente o que imaginou: “Saio do trabalho

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qualidadede vida

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correndo para o treino. Desestresso, fi co tranquila e ainda estou me exercitando”, rasgou elogios.

mEntEO que é saudável ao corpo também é à

mente. É o que garante o psicólogo Fabia-no Vieira, 36 anos, que viu na luta sua pró-pria terapia. Fã de caratê desde os 12 anos, ele conseguiu unir o gosto pela luta com a necessidade de também ter uma válvula de escape. Ele treina artes marciais pelo menos três vezes ao dia.

“Nesse espaço, o corpo é trabalhado, sem dúvida. Mas a confi ança, o seu próprio conhecimento e suas limitações também são moldados. Lutar mexe com a nossa ca-beça porque nos deixa mais confi antes”. Há quem duvide?

PodE?Todo mundo pode. No entanto, antes de

praticar qualquer exercício físico, o exame médico é fundamental. “Os hipertensos de-vem tomar cuidado com algumas técnicas de estrangulamento do judô e do jiu-jítsu, devido ao aumento de pressão arterial du-rante a execução dessas técnicas”, alerta a professora Keith.

O treino com crianças deve ser encarado de forma mais lúdica até os 6 anos, segun-do ela. “Alguns berçários oferecem aulas de capoeira e o professor trabalha com a mu-sicalidade e a estimulação motora do bebê”, conta. Já dos 8 aos 12 anos, sugere-se a in-clusão de alguns movimentos específi cos da modalidade, mas ainda com um olhar mais lúdico. A partir dessa idade, então, o adoles-cente pode se especializar com técnicas es-pecífi cas da modalidade e participações em competições ofi ciais.

diFEREnçAS

Na década de 1990, quando a família Gracie atingiu o grande público, revolucionando as artes marciais, jamais poderia prever que es-ses confrontos virariam grandes espetáculos. Para fi car por dentro, a Vida Universitária* listou de que forma essas lutas ajudam na prática do exercício físico.

1. boxE

Malha braços, ombros, costas, abdômen e panturrilhas, já que no treino você salta na ponta dos pés enquanto se esquiva dos gol-pes do adversário. Exige bastante agilidade e refl exo. Além disso, exige força de abdômen e costas devido aos golpes de ataques (socos) e defesa.

2. mmA

A modalidade (abreviação da sigla em inglês para artes marciais mistas) da moda já foi chamada de vale-tudo e é uma mistura de téc-nicas e golpes de diversas lutas (boxe, muay thai, caratê, judô, jiu-jítsu, entre outras). De-vido aos treinamentos de luta em pé, no chão e realização de quedas, em uma aula você exercita o corpo todo – só não pode ter medo de cair no chão!

3. mUAY tHAi

Conhecido também como boxe tailandês, de-senvolve concentração e agilidade e modela membros inferiores e superiores, pois trabalha socos, chutes altos e baixos e joelhadas.

4. KUng FU

Executados com força e precisão, os golpes são inspirados nos movimentos dos animais e exercitam concentração e foco na respiração. Trabalha bastante os membros inferiores e glúteos, já que boa parte das posturas é feita com os joelhos fl exionados e a musculatura contraída.

5. JiU-JítSU

Os movimentos em pé têm a fi nalidade de jogar o adversário no chão, onde acontece a maior parte da luta. Os golpes – estrangula-mentos, torções, encaixe de pernas e de braços – visam imobilizar o adversário. O jiu-jítsu tra-balha especialmente muita força de membros inferiores e superiores.

*Com auxílio da professora Keith Sato de Lutas e Fisiolo-gia de Educação Física da PUCPR.

“Lutar mexe com a nossa cabeça porque nos deixa mais confi antes.”[Fabiano Vieira, psicólogo e adepto do esporte]

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ExPERiênCiA Com o tio SAm

As comunidades de Monte Santo e Vila Grécia, em Almirante Tamandaré, receberam uma visita espe-

cial de alunos de extensão e Graduação da PUCPR. A iniciativa faz parte do curso Empreendedorismo social: desenvolvendo lideranças transformadoras e hospedou os estudantes em residências das

comunidades, onde foram realizadas atividades com música, dança e brincadeira. Os alunos também

promoveram diversos cursos e organizaram encontros com artistas e skatistas locais.

CARA A CARA Com bUFFEtt

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ViSitA ESPECiAl

Quatro alunos do curso de Farmácia participaram de um intercâmbio na University of Incarnet Word,

no Texas, Estados Unidos. Durante o período do curso, que teve duração de quatro semanas, os es-

tudantes fizeram atividades direcionadas ao atendimento a pacientes em unidades hospitalares e à

avaliação de prescrições em uma rede de farmácias. Na foto, da direita para a esquerda, os estudantes:

Pietro Bueno, Andressa Cavassim, Aline Veronese e Kelma Lima.

Um grupo de 25 brasileiros foi selecionado para participar da Jornada Warren Buffett 2014 e conhecer

o investidor e filantropo norte-americano. Aluno do curso de Engenharia de Controle e Automação da

PUCPR, André Mendes fez parte da seleção e teve a oportunidade de, durante sete dias de programa,

conhecer o próprio Buffett, visitar a sede da Berkshire Hathway, em Omaha, e participar de uma sessão

de perguntas e respostas com o investidor.

Alunos do curso de Design de Moda da PUCPR, Aline Balbino, André Felipe Acunha, Andrei Lira, Everton

Oliveira, Kelly Pauka e Letícia Aleotti garantiram vaga entre os finalistas da 15ª edição do Concurso dos

Novos – Dragão Fashion Brasil, um dos mais importantes eventos de moda do país, realizado em Forta-

leza. Com trabalhos de 17 instituições de curso superior, o tema do concurso foi Formas em movimento,

e os representantes da PUCPR apostaram no conceito do movimento da visão, que impulsiona a pessoa

a viver todas as fases da vida.

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Como parte do convênio que a PUCPR mantém com a Secretaria da Justiça, Cidadania e

Direitos Humanos, alunos da Escola de Direito participam de um projeto de extensão em

que prestam assessoria jurídica às internas da Unidade Prisional de Regime Fechado do

Paraná. O atendimento é feito às presas de condição economicamente desfavorecida e que

não estejam sendo atendidas por um advogado constituído.

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tRAbAlHo mUito bEm FEito

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Em nomE dA AlEgRiA

A campanha Criança protegida, alegria garantida, realizada pela Fundação Ação Social (FAS), ganhou o apoio dos

alunos da Escola de Educação de Humanidades da PUCPR. No projeto, os estudantes contribuíram na orientação para

defesa de crianças em situações de risco, de uso de álcool e outras drogas. Também foram distribuídas pulseiras para

minimizar casos de crianças perdidas.

A PUCPR foi representada no Simpósio Internacional em Fisioterapia Dermatofuncional,

realizado em Belo Horizonte, em fevereiro. No evento, a aluna Juliane Tsuya, orientada

pela professora do curso de Farmácia e coordenadora da Pós-Graduação em Fisioterapia

da PUCR, Viviani de Marque Carrer, apresentou o seu bem-sucedido projeto de conclusão

de curso. A pesquisa, um dos grandes destaques do simpósio, tem como título Efeitos da eletropoforese na adiposidade abdominal nas frequências de 30Hz e 10Hz em mu-lheres jovens.

Alunos e professores do curso de Marketing da PUCPR participaram do evento Share - Social media na Prática,

na ESPM de Porto Alegre. O evento reuniu profissionais que trabalham com mídias sociais para um grande debate

sobre as principais e atuais pautas do setor. A viagem foi organizada pelo Centro Acadêmico do curso (CAMPKO),

juntamente com a coordenação.

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Programe-se

mUSEU_dE_ARtE_SACRA_dE_CURitibAEstá em exposição até 1º de junho, no Museu de Arte Sacra de Curitiba, o trabalho do artista plástico Rafael Codognoto, chamado triângulo. Na composição de escultura de suas obras, o artista utiliza objetos e simbologias do catolicismo, como oratórios, relicários e capelas. O nú-mero três também é um dos símbolos católicos presentes em suas composições, representando, no seu caso, o passado, o presente e o futuro. A entrada é franca e os dias e horários de visitação são de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h, e sábados, domingos e feriados, das 9h às 14h. Entre em contato pelo número abaixo.

(41) 3321-3265

21_A_24_mAioAcontece entre os dias 21 e 24 de maio, no Teatro Calil Haddad, em Maringá, a 36º edição do Femucic (Festival de Música Cidade Canção). No evento, músicos de todo o Brasil se inscrevem com o objetivo de difundir trabalhos autorais e oferecer ao público a oportunidade de ter contato com outros estilos musicais, além da música de outras re-giões, o que amplia o repertório musical e promove o conhecimento cultural. O evento é referência em produção, técnica e pedagogia da música do Brasil. Para mais informações, acesse o site.

www.sescpr.com.br.

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14_A_16_mAioO VIII Congresso Brasileiro Científi co de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas, organizado pela Associação Brasileira de Pes-quisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp), vai acontecer entre os dias 14 e 16 de maio, na Universi-dade Estadual de Londrina.

O evento terá como tema Comunicação, interculturalidade e organizações: faces e dimensões da contemporaneidade. Para ampliar o debate sobre o tema, acontece, nos dias 12 e 13 de maio, o curso: Comunicação, cultura e diferenças nas organizações: refl exões sobre o local e o global, com o prof. Dr. Shiv Ganesch, da Massey University, em Auckland, Nova Zelândia.

www.abrapcorp.org.br

ConVitEFique mais próximo da Vida Universitária! Envie-nos suas dúvi-das sobre o mundo acadêmico, sugestões de pautas, informa-ções sobre eventos e críticas. Assim, você estará sempre conec-tado com a equipe da revista e vai ter acesso aos conteúdos de seu maior interesse. Participe!

[email protected]

PRogRAmA_dE_mobilidAdE_nACionAlEstão abertas, até 22 de abril, as inscrições para o edital, aberto pelo PIBIC, para o Pro-grama de Mobilidade Nacional. O programa é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCPR e tem como objetivo geral o aprimoramento da formação em pesquisa dos alunos participantes dos programas de Iniciação Científi ca e Iniciação Tecno-lógica. Confi ra mais informações no site.

www.pucpr.br/iniciacaocientifi ca.

xV_CongRESSo_dE_ CiênCiAS_dA_ComUniCAção_ SUlIrá acontecer de 8 a 10 de maio o XV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul, na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), em Palhoça – SC. O período de inscrição para participar do congresso é até 21 de abril e podem ser feitas pelo site.

www.portalintercom.org.br

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...masE AgoRA?

AlliSon noRonHAPublicidade e Propaganda

7º período

qUAl o SigniFiCAdo do logo dA PUCPR?

QUEM RESPONDE: Másimo Della Justina, chefe de gabinete da Reitoria da PUCPR [com o auxílio do livro “História da Pontifícia Universidade Católica do Paraná”, de Valério Hoerner Júnior]: O símbolo da PUCPR é a combinação do seu logotipo original com o brasão de armas do Estado do Vaticano. Foi concebido pelo arquiteto Manoel Coelho. A marca, idealizada em 1959, era inicialmente um retângulo representando um livro ao qual se sobrepunha uma cruz, deixando clara a integração CIÊNCIA/FÉ, fundamento básico das Universidades Católicas. A partir de 1986, quando a Universidade ganhou o título de “Pontifícia”, adotou-se o emblema em uso, sobreposto a uma ver-são modernizada do brasão de Santa Sé. A evolução levou a um livro que dobra-se levemente, mostrando ser um instrumento ativo em mãos criado-ras. Assim, o logo procura resumir a fé, o conhecimento e a criatura, de forma que equilíbrio, simetria e seriedade sejam sempre respeitados.

Como PoSSo AComPAnHAR E/oU PARtiCiPAR doS PRoJEtoS qUE A PAStoRAl dA UniVERSidAdE dESEnVolVE?

QUEM RESPONDE: Ana Langner, Assessora de Pastoral da PUCPR: A Pastoral da Universidade é um espaço aberto a toda comunidade acadêmica: universitários, professores e colaboradores. Todos são convidados a conhecer e participar dos projetos, e também auxiliar no processo de vivência de uma Universidade em Pastoral. Todos os interessados em acompanhar e participar dos projetos da Pastoral podem fazer isso de diversas maneiras: Através do site da PUCPR (http://www.pucpr.br/pastoral), por telefone (3271-1397) ou man-dando um e-mail para pastoral.ctba.pucpr.br.A melhor maneira, no entanto, é fazer uma visita no Núcleo de Pas-toral, tomar um café e conhecer mais de perto o que é e como atua o Núcleo de Pastoral da PUCPR.

mARiElE CERqUEiRABiologia

1º período

mESmo Já SEndo EStUdAntE dA PUCPR, PoSSo AdERiR Ao FinAnCiAmEnto EStUdAntil? Como?

QUEM RESPONDE: Daniele Ribaski, do setor de Bolsas e Financiamentos da PUCPR: Para adesão ao FIES é necessário estar regularmente ma-triculado e posteriormente efetuar a inscrição para o fi nanciamento através do site (sisfi esportal.mec.gov.br). As inscrições são disponibi-lizadas através de lotes fi nanceiros com liberações em datas especifi -cas e divulgadas pela Universidade

com antecedência. Após a inscrição efetuada, a documentação deve ser apresentada na instituição de ensi-no escolhida, para análise e compro-vação das informações cadastradas anteriormente no site. Durante este trâmite, o aluno pode acompanhar sua inscrição pelo e-mail ou direta-mente no portal do aluno. Posterior-mente à análise, emitimos o docu-mento de regularidade de matrícula

– DRI – para fi nalização da contrata-ção junto ao agente fi nanceiro.A PUCPR também possui fi nancia-mento próprio. É o Fundo Solidário – Crédito Educacional, que consiste em custear as mensalidades de es-tudantes que não têm como arcar integralmente com os custos. Todas as informações estão em http://bit.ly/OqiA2T

HEloíSA SAntAnA FigUEiREdoDireito

1º período

A vida acadêmica é rica em descobertas e experiências. Um mundo novo se abre a cada livro, a cada leitura, a cada conversa ou aula. Mas, como não poderia deixar de ser, essa vivência é repleta de perguntas. Dúvidas a respeito do universo acadêmico, que envol-vem, acredite, não só você, mas a mente de muitos alunos que cursam o Ensino Superior. Fomos atrás de algumas dessas questões frequentes e comuns, e buscamos respostas para você tirar suas dúvidas aqui, na Vida Universitária.

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