Vidas Secas

22
Universidade Estadual de Maringá Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – Departamento de Letras Curso / Habilitação: Letras Português/Inglês. Disciplina: LITERATURA BRASILEIRA - NARRATIVA Professora: LUZIA ALUNA: ALINE YURI KIMINAMI R.A.: 52310 O REGIONALISMO E A OBRA VIDAS SECAS, DE GRACILIANO RAMOS

Transcript of Vidas Secas

Page 1: Vidas Secas

U n i v e r s i d a d e E s t a d u a l d e M a r i n g áCentro de Ciências Humanas, Letras e Artes – Departamento de LetrasCurso / Habilitação: Letras – Português/Inglês.Disciplina: LITERATURA BRASILEIRA - NARRATIVA

Professora: LUZIA

ALUNA: ALINE YURI KIMINAMI R.A.: 52310

O REGIONALISMO E A OBRA VIDAS SECAS, DE GRACILIANO RAMOS

Page 2: Vidas Secas

Introdução

Com o intuito de explicar a situação histórica e o movimento regionalista do qual “Vidas Secas” faz parte, este trabalho traz fatos históricos, os autores mais marcantes do período, a definição de regionalismo e uma análise da obra-prima de Graciliano Ramos, seus aspectos narrativos, características e enredo.

Parte I

O regionalismo

Este tipo de literatura põe o seu foco em determinada região do Brasil, visando retratá-la, de maneira mais superficial ou mais profunda. De acordo com Afrânio Coutinho (1959), um romance regionalista não requer apenas a presença de uma região específica, de um local. Requer ainda que se tire a “substância”, a essência da terra onde está situada a obra. É preciso abordar a forma de falar da região, a fauna e flora típicas, as tradições culturais e sociais do lugar. É uma representação literária da realidade de uma região.

Este fazer literário surgiu em meados do século 19, nas obras de José de Alencar, de Bernardo Guimarães, do Visconde Alfredo d'Escragnole Taunay e de Franklin Távora e há textos de cunho regionalista em nossa literatura até o final do século 20.

É possível afirmar que no século 20 foram criados os grandes textos do regionalismo no Brasil. Entretanto, para se chegar a autores como Érico Veríssimo, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, o gênero percorreu um grande caminho, cujas raízes estão na época do romantismo, como foi o caso da obra de José de Alencar.

Na primeira fase romântica havia a valorização do índio como uma forma de buscar um elemento genuinamente brasileiro, que correspondesse aos ideais de Rousseau e o bom selvagem, como é possível ver em “O Guarani” de José de Alencar. Logo veio a insatisfação com a representação do Brasil por um tipo que não existia, o de um heroi indígena idealizado, sem quis quer defeitos. Esse “ideário da primeira hora” foi, gradualmente sendo substituído na literatura pelo regionalismo, que retrata o sertanejo (em sua maioria, mistura de branco e índio), o sertão.

Chama-se de autores de sertanistas aqueles cujo foco está no sertão, por oposição à cidade, à Corte, ao Rio de Janeiro - a única localidade com características efetivamente urbanas no Brasil do século 19. Focalizar o homem do sertão era uma forma de ir além do indianismo que - surgido na década de 1830 como forma de afirmação da nacionalidade - já se esgotara nas décadas de 1860 e 1870.

O sertanejo torna-se então o símbolo do autêntico brasileiro, alheio às influências da Europa, abundantes na sociedade fluminense, uma vez que o próprio Alencar (no prefácio de Sonhos D’Ouro) via o homem da cidade como menos autêntico, por estar corrrompido em seus valores básicos, influenciado pela destruidora cultura estrangeira. É nesse sentido que o sertanejo irá protagonizar os romances de Bernardo Guimarães, Taunay e Franklin Távora, constituindo uma metamorfose do "bom selvagem" que Peri

Page 3: Vidas Secas

(personagem central O Guarani) ou Ubirajara haviam personificado nos romances de Alencar anteriormente. Do que já se deduz que o sertanejo romântico também padece de uma idealização heroica que o afasta da realidade.

Além disso, os romances sertanistas são marcados por um "pequeno realismo" - como afirma o estudioso Nelson Werneck Sodré - que está preocupado em retratar as minúcias do vestuário, da linguagem, dos costumes, das paisagens e em valorizar o caráter exótico e grandioso da natureza brasileira. Nesse pano de fundo, decorrem os enredos marcados por amores, aventuras e peripécias como mandava o figurino da literatura romântica. Por trazer essa representação do real nas obras, o regionalismo foi considerado um pré-realismo.

As obras mais conhecidas de Bernardo Guimarães devem seu sucesso principalmente ao tema que abordam, segundo o crítico literário Alfredo Bosi. Ele se refere a "O Seminarista", que critica o celibato clerical, e "A Escrava Isaura", que critica a escravidão. É importante ressaltar, porém, que se trata de uma crítica tardia, surgida quando boa parte da sociedade brasileira já aderira à causa abolicionista. Além disso, não se pode deixar de lembrar que a personagem é uma escrava branca, pois seria inconcebível ao Brasil daquela época que uma negra protagonizasse um romance.

Segundo Alfredo Bosi, "por seu temperamento e cultura, o visconde de Taunay tinha condições de dar ao regionalismo sua versão mais sóbria. Homem de pouca fantasia, muito senso de observação, formado no hábito de pesar com a inteligência as suas relações com a paisagem e o meio (era engenheiro, militar e pintor), Taunay foi capaz de enquadrar a história de "Inocência" (1872) em um cenário e em um conjunto de costumes sertanejos onde tudo é verossímil. Sem que o cuidado de o ser turve a atmosfera agreste e idílica que até hoje dá um renovado encanto à leitura".

De fato, "Inocência" é uma pequena obra-prima, com um enredo que também é capaz de seduzir o público de várias épocas. Tanto é que também chegou às telas do cinema em 1982, com direção de Walter Lima Jr. e a atriz Fernanda Torres no papel da personagem principal. A obra de Bernardo Guimarães, “ A Escrava Isaura” foi transformada em novela

O cearense Franklin Távora é o primeiro a tentar fazer do regionalismo um movimento, apresentando um projeto no prefácio de seu romance "O Cabeleira". O romance, porém, não acompanha às pretensões do autor. É uma obra medíocre que mistura uma crônica do cangaço (o personagem-título é um cangaceiro) com os expedientes melodramáticos da pior ficção romântica. No entanto, o seu prefácio não perde o título de ter sido o primeiro exemplo de um regionalista apresentado como programa explícito (Almeida, 1981).

No entanto, ele abre um ciclo em nossa literatura: são vários os romances que tematizam o cangaço e o banditismo originário das peculiaridades do Nordeste: a seca, o latifúndio, a miséria. As grandes obras nacionais sobre o cangaço, contudo, só iriam ser escritas no século 20: "Cangaceiros", de José Lins do Rego, e "Seara Vermelha", de Jorge Amado.

Este último, marcado por um caráter de propaganda comunista, pois o autor era filiado ao Partido Comunista Brasileiro (assim como Graciliano Ramos) pelo qual foi deputado

Page 4: Vidas Secas

e apresenta o cangaceiro como um heroi revolucionário, o que também é uma idealização não condizente com a realidade.

O Regionalismo de 30

No início do século XX, o Brasil vivia um período denominado Belle Epoque, que visava transformar o Brasil, em especial o Rio de Janeiro, de modo a assemelhá-lo à capital francesa. Os poetas parnasianos eram, sem dúvidas, maioria e escreviam obras vazias, excessivamente formais e sem compromisso algum com a realidade.

O ano de 1922 marca uma ruptura geral com o passadismo. A semana de arte moderna que acontece em São Paulo dá inicio ao movimento modernista. Concomitantemente, Gilberto Freyre, unido a outros com o mesmo ideal, dava início a um outro movimento. A melhor forma de diferenciar esses dois movimentos é partindo-se de questões socioeconômicas. O nordeste que uma vez tinha sido o maior pólo de comércio pela produção de cana, acabou perdendo a importância que tinha originalmente em detrimento do sul- sudeste, onde eram encontradas minas de minerais preciosos e onde a cafeicultura mostrou-se fonte de renda majoritária no país.

Outra questão importante é o fato de os líderes do modernismo (Mário de Andrade e Oswald de Andrade) serem poetas e a sua principal preocupação era antropofágica (aproveitar o que há de bom na literatura e cultura até o momento e dispensar o que não prestava), liguística principalmente. Eles queriam revolucionar a escrita, escreviam errado propositalmente, para chocar e provocar. No Nordeste o líder do movimento, Gilberto Freyre, é um sociólogo e o enfoque do “Manifesto regionalista” de 26 tem como dois elementos básicos a consciência orgulhosa dos valores culturais unidos ao receio quanto à ameaça de sua dissolução.

Na década seguinte, o romance regionalista já reina quase supremo, oferecendo uma visão alternativa do Brasil e buscando uma maior inserção da literatura nos problemas do seu tempo. Em oposição ao classicismo e alienação dos parnasianos, o romance regionalista, tanto o progressista quanto o conservador, tanto o nostálgico quanto o revolucionário, sempre dialoga com o presente, denuncia suas mazelas, envolve-se nas grandes questões sociais. O romance regionalista de trinta, seja qual for sua ideologia, é sempre engajado, literatura de denúncia.

Um dos iniciadores do processo é “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, lançado em 1933, onde, praticamente pela primeira vez, a contribuição do negro à sociedade brasileira é vista como algo positivo. O fato é especialmente digno de nota, considerando-se que na década anterior ainda era necessário que se apelasse para uma escrava branca para escrever um romance.

Alguns anos mais tarde, José Lins do Rego lança seu Menino de Engenho, parte homogênea de uma obra diretamente influenciada por Freyre - Rego se considerava seu discípulo e eram amigos pessoais. Não por acaso, naturalmente, as obras de ambos têm diversos pontos em comum e podem ser consideradas parte de uma vertente bem específica do regionalismo: o regionalismo conservador nostálgico.

Rego e Freyre, filhos de uma aristocracia rural falida, membros de uma classe dirigente cada vez menos poderosa em um século XX que já não precisava deles, voltam seu

Page 5: Vidas Secas

olhar para o passado patriarcal. Existe, na obra de ambos, uma rejeição à mercantilização, à industrialização, ao progresso tecnológico generalizado que marcava sua época. Transparece em suas obras a certeza de que esse processo estava destruindo as tradicionais relações humanas que, antigamente, tornavam a vida mais doce, mais humana, mais ordeira. Ao denunciar as relações inumanas e vis que ligam industriais, burgueses e comerciantes contemporâneos aos seus trabalhadores e operários, Rego e Freyre parecem querer recuperar um passado onde a elite era mais generosa, altruísta e protetora e, conseqüentemente, os trabalhadores e escravos eram mais gratos, mais felizes e sabiam o seu lugar.

De acordo com eles (e, em alguns trechos, isso é afirmado explicitamente), até mesmo uma escravidão patriarcal e bondosa seria preferível às relações cruéis e impessoais do nascente capitalismo. Freyre e Rego utilizam a denúncia social do regionalismo para rejeitar o presente em nome do passado.

O projeto de um Graciliano Ramos, em Vidas Secas e em toda a sua obra, apesar de também regionalista, não poderia ser mais diferente. Em Vidas Secas, não existe idealização alguma, nem do passado, nem do presente e nem do futuro. Para Graciliano, nunca houve o nordeste harmonioso, amoroso e ordeiro de rego e Freyre.

Nem mesmo os heróis são vistos com simpatia. Fabiano e sua família são mostrados como não mais que bichos, tão vitimados pelo sistema ao ponto de já mal conseguirem dominar a língua ou articular palavras e pensamentos. As autoridades, quando são mostradas (soldados e fazendeiros) são irredimivelmente vis e mesquinhas.

O romance não oferece nenhuma esperança para nenhum deles. Vidas Secas é só denúncia, do começo ao fim. A esperança, se existe, é como um ponto-de-fuga: está fora do romance, mas todas as linhas levam a ele; a esperança reside no aumento de consciência e desalienação do leitor. Em comparação ao regionalismo conservador nostálgico de Freyre e Rego, podemos chamar essa outra vertente de regionalismo socialista de denúncia.

Graciliano Ramos

Nascido em Quebrângulo, Alagoas em 27 de outubro de 1892, Graciliano Ramos fez apenas os estudos secundários em Maceió. Após rápida passagem pelo Rio de Janeiro, se fixou em Palmeira dos Índios, interior de Alagoas. Exercendo profissão de jornalista e político, ainda chegou a exercer o cargo de prefeito da cidade.

A vida literária de Graciliano tem inicio por volta de 1894, quando mudou para Buique (PE). Após esta fase, voltou para Alagoas em 1904 e começou sua carreira jornalística em Viçosa, com apoio de seu mentor intelectual (redator) Mário Venâncio. Quando morre Mario Venâncio, o jornal Echo deixa de circular, e sob o pseudônimo Feliciano de Olivença, Graciliano publicou na revista carioca “O Malho” diversos sonetos.

A partir desta fase, Graciliano passou a utilizar diversos pseudônimos em suas publicações, como: Almeida Cunha, Soares de Almeida Cunha, Lambda e Soares Lobato. Trabalhou de 1909 a 1913 em diversos jornais de Maceió, escrevendo diversos sonetos e prosas, determinados pelos pseudônimos que utilizava.

Page 6: Vidas Secas

No ano de 1914, trabalhou como revisor de provas tipográficas nos jornais cariocas "Correio da Manhã", "A Tarde" e "O Século". Colaborando com o "Jornal de Alagoas" e com o fluminense "Paraíba do Sul", sob as iniciais R.O. (Ramos de Oliveira). Voltou a Palmeira dos Índios, em meados de 1915, onde trabalhou como jornalista e comerciante.

Neste mesmo ano casa-se com Maria Augusta Ramos, na qual veio a falecer em 1920. Graciliano tornou-se prefeito da cidade de Palmeira dos Índios (AL) no ano de 1927, e assumiu em 1928. Quando escreveu seu primeiro relatório ao governador Álvaro Paes, “um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928”, publicado pela Imprensa Oficial de Alagoas em 1929, a verve do escritor se revela ao abordar assuntos rotineiros de uma administração municipal.

No ano seguinte, 1930, volta o então prefeito Graciliano Ramos com um novo relatório ao governador que, ainda em nossos dias, não se pode ler sem um sorriso nos lábios, da maneira única que havia sido apresentado. Dois anos depois, renunciou ao cargo de prefeito e se mudou para a cidade de Maceió, onde foi nomeado diretor da Imprensa Oficial. Após voltar para Maceió, Graciliano casou-se com Heloisa Medeiros e colaborou com jornais usando o pseudônimo de Lúcio Guedes.

Graciliano demitiu-se do cargo de diretor da Imprensa Oficial e voltou a Palmeira dos Índios, onde fundou urna escola no interior da sacristia da igreja Matriz e iniciou os primeiros capítulos do romance São Bernardo.

Estreou em livro em 1933, com o romance Caetés; nessa época trabalhava em Maceió, dirigindo a Imprensa Oficial e a lnstrução Pública, e travou conhecimento com José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e Jorge Amado. Em março de 1936 foi preso por atividades consideradas subversivas sem, contudo, ter sido acusado formalmente; após sofrer humilhações de toda sorte e percorrer vários presídios, foi libertado em janeiro do ano seguinte. Essas experiências pessoais são retratadas no livro Memórias do cárcere. Em 1934, publicou "São Bernardo". Logo em seguida faleceu seu pai, em Palmeira dos Índios.

O evento ocorrido em 1936 representou grande importância na vida de Graciliano, onde, acusado — sem que a acusação fosse formalizada — de ter conspirado no malsucedido levante comunista de novembro de 1935, foi demitido, preso em Maceió e enviado a Recife, onde foi embarcada com destino ao Rio de Janeiro no navio "Manaus" com outros 115 presos.

O país estava sob a ditadura de Vargas e do poderoso coronel Filinto Müller. No período em que esteve preso no Rio, até janeiro de 1937, passou pelo Pavilhão dos Primários da Casa de Detenção, pela Colônia Correcional de Dois Rios (na Ilha Grande), voltou à Casa de Detenção e, por fim, pela Sala da Capela de Correção. 

“Muitos crimes depois da revolução de 30. Valeria a pena escreversobre isto? Impossível, porque eu trabalhava em jornal do governo.”

(Ramos, 1987a, A.: 98).

Seu livro "Angústia" foi lançado no mês de agosto daquele de 1937. Esse romance foi agraciado, nesse mesmo ano, com o prêmio "Lima Barreto", concedido pela "Revista Acadêmica".

Page 7: Vidas Secas

Foi libertado e passou a trabalhar como copidesque em jornais do Rio de Janeiro, em 1937. Em maio, a "Revista Acadêmica" dedicou-lhe uma edição especial, de número 27 - ano III, com treze artigos sobre o autor. Recebeu ainda o prêmio "Literatura Infantil", do Ministério da Educação, com "A terra dos meninos pelados.”.

Em 1938, publicou seu famoso romance "Vidas secas". No ano seguinte foi nomeado Inspetor Federal do Ensino Secundário no Rio de Janeiro.E em 1940, freqüentou assiduamente a sede da revista "Diretrizes", junto de Álvaro Moreira, Joel Silveira, José Lins do Rego e outros "conhecidos comunistas e elementos de esquerda", como consta de sua ficha na polícia política. Traduziu ainda "Memórias de um negro", do americano Booker T. Washington, publicado pela Editora Nacional, S. Paulo. E publicou uma série de crônicas sob o título "Quadros e Costumes do Nordeste" na revista "Política", do Rio de Janeiro.

Graciliano recebeu o prêmio "Felipe de Oliveira" em 1942 pelo conjunto de sua obra, por ocasião do jantar comemorativo a seus 50 anos. O romance "Brandão entre o mar e o amor", escrito em parceria com Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz é publicado pela Livraria Martins, S. Paulo.

Lançou, em 1944, o livro de literatura infantil "Histórias de Alexandre". Seu livro "Angústia" foi publicado no Uruguai.

Filiou-se ao Partido Comunista, em 1945, ano em que são lançados "Dois dedos" e o livro de memórias "Infância". O escritor Antônio Cândido publicou, nessa época, uma série de cinco artigos sobre a obra de Graciliano no jornal "Diário de São Paulo", que o autor respondeu por carta. Esse material transformou-se no livro "Ficção e Confissão".No ano de 1946, Graciliano publicou "Histórias incompletas", que reúne os contos de "Dois dedos", o conto inédito "Luciana", três capítulos de "Vidas secas" e quatro capítulos de "Infância". Os contos de "Insônia" foram publicados em 1947 e o livro "Infância” foi publicado no Uruguai, em 1948.

Em 1950 Graciliano traduziu o famoso romance "A Peste", de Albert Camus, cujo lançamento se dá nesse mesmo ano pela José Olympio.

Elegeu-se presidente da Associação Brasileira de Escritores em 1952, tendo sido reeleito em 1962. O livro "Sete histórias verdadeiras", extraídas do livro "Histórias de Alexandre", foi publicado.

No mês de abril de 1952, Graciliano viajou em companhia de sua segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, à Eslováquia e Rússia, onde teve alguns de seus romances traduzidos. Visitou, também, a França e Portugal. Ao retornar, em 16 de junho, já enfermo, decide ir a Buenos Aires, Argentina, onde se submeteu a tratamento de pulmão, em setembro daquele ano foi operado, mas os médicos não lhe deram muito tempo de vida.

A passagem de seus sessenta anos foi lembrada em sessão solene no salão nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em sessão presidida por Peregrino Júnior, da Academia Brasileira de Letras. Sobre sua obra e sua personalidade falaram Jorge

Page 8: Vidas Secas

Amado, Peregrino Júnior, Miécio Tati, Heraldo Bruno, José Lins do Rego e outros. Em seu nome, falou sua filha Clara Ramos.

No janeiro ano seguinte, 1953, foi internado na Casa de Saúde e Maternidade S. Vitor, aonde veio a falecer, vitimado pelo câncer, no dia 20 de março, às 05h35min horas de uma sexta-feira, foi publicado o livro "Memórias do cárcere", que Graciliano não chegou a concluir, tendo ficado sem o capítulo final.

Postumamente, foram publicados os seguintes livros: "Viagem", 1954, "Linhas tortas", "Viventes das Alagoas" e "Alexandre e outros heróis", em 1962, e "Cartas", 1980, uma reunião de sua correspondência. Seus livros "São Bernardo" e "Insônia" foram publicados em Portugal, em 1957 e 1962, respectivamente. O livro "Vidas secas" recebe o prêmio "Fundação William Faulkner", na Virginia, Estados Unidos.

Em 1963, o 10º aniversário da morte de Mestre Graça, como era chamado pelos amigos, foi lembrado com as exposições "Retrospectiva das Obras de Graciliano Ramos", em Curitiba (PR), e "Exposição Graciliano Ramos", realizada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.Em 1965, seu romance "Caetés" foi publicado em Portugal. Seus livros "Vidas secas" e "Memórias do cárcere" foram adaptados para o cinema por Nelson Pereira dos Santos, em 1963 e 1983, respectivamente. Leon Hirszman dirige "São Bernardo", em 1980.

Em 1970, "Memórias do cárcere" é publicado em Portugal.

A obra

“Vidas Secas” foi publicado em 1938, por Graciliano Ramos.No que diz respeito à estrutura, o livro tem treze capítulos, dentre os quais alguns podem até ser lidos em outra ordem que não a impressa no livro. Entretanto, alguns capítulos, como o primeiro, "mudança", e o último, "fuga", devem ser lidos nesta ordem. Esses dois capítulos reforçam a ideia de que toda a miséria que circunda os personagens de "Vidas Secas" representa um ciclo, em que, quando menos se espera, a situação se agrava e a família é obrigada a se retirar, repetidas e repetidas vezes. Três capítulos foram publicados como contos, sendo “Baleia” o primeiro deles. Por essa razão,“Vidas secas” chegou a ser chamado por Rubem Braga de “romance desmontável” (apud Candido, 1956: 52). Dentro dessa concepção, o enredo é desenvolvido de forma precária, tendo como principal função ilustrar o tema que se quer dar a conhecer. Assim, como leitores, não nos preocupamos tanto com as pequenas peripécias das personagens de Vidas secas, mas com o estado de miséria e de dominação em que vivem.

Bibliografia:- Caetés - romance- São Bernardo - romance- Angústia - romance- Vidas secas - romance- Infância - memórias- Dois dedos - contos- Insônia - contos

Page 9: Vidas Secas

- Memórias do cárcere - memórias- Viagem - impressões sobre a Tchecoslováquia e a URSS. - Linhas tortas - crônicas- Viventes das Alagoas - crônicas- Alexandre e outros irmãos (Histórias de Alexandre, A terra dos meninos pelados e Pequena história da República). - Cartas - correspondência pessoal.

Críticas acerca da obra e de Vidas Secas

“Vidas Secas”  (considerada pela crítica a obra-prima de Graciliano Ramos) e "Memórias do cárcere" foram adaptadas para o cinema por Nelson Pereira dos Santos, em 1963 e 1983, respectivamente. O filme "Vidas secas"  obteve os prêmios "Catholique International du Cinema" e "Ciudad de Valladolid" (Espanha). Leon Hirszman dirige "São Bernardo", em 1980. Graciliano foi indicado ao prêmio Brasil de literatura.

Para o professor Carlos Eduardo Berriel, apesar de Graciliano ter sido estudado pelo melhor da crítica dos últimos 50 anos, pode-se considerar que grande parte de sua obra ainda está por ser avaliada de maneira mais abrangente e detalhada.

“Como alguns aspectos existentes em seu estilo literário e as influências que outros

escritores exerceram sobre Graciliano, como Dostoievski, Tolstoi e Eça de Queiroz, por exemplo, é algo que merece ser avaliado

com mais acuidade”, diz.

A primeira edição de “O Mundo Coberto de Penas” estava rodando na gráfica quando o autor resolveu fazer mais uma pequena correção: na última hora mudou o título do livro para “Vidas Secas”, que se tornaria uma das obras mais aclamadas da literatura brasileira.

A obra foi publicada na Argentina, na Polônia, Rússia, Alemanha, Portugal e França.“Apesar de Graciliano ser conhecido no Brasil, jamais viveu de literatura, mas sim para a literatura”, assinala Berriel.

É comum em suas obras o privilégio do substantivo em relação ao adjetivo. Por isso, alguns críticos gostam de afirmar que Graciliano deve ter se divertido muito quando, no romance Caetés, a personagem recebe uma carta repleta de adjetivos, denunciando o amor adúltero de sua esposa, Luísa.

 Sua obra, apesar de centrar-se em determinada região, vai além do pitoresco e do descritivo dos regionalistas típicos da geração de 1930. Graciliano analisa profundamente a relação do homem com o meio, explorando também o lado psicológico e o linguístico dessa relação. Independente das limitações regionais, Graciliano faz uma análise profunda da condição humana..

Preso em Maceió, em março de 1936, sem culpa formada pois seria comunista.

"Estou resolvido a não me defender. Defender-me de quê? Tudo é comédia e de qualquer

Page 10: Vidas Secas

maneira eu seria um péssimo ator" (carta à mulher). Em agosto, sai Angústia (Livraria José Olympio Editora),

que "foi bem recebido. Não pelo que vale, mas porque me tornei de algum modo conhecido, infelizmente" (idem).

Na opinião de Antônio Cândido sobre o enredo de Vidas Secas:

“O narrador não quer identificar-se ao personagem, e por isso há na sua voz uma certa objetividade de relator.

Mas quer fazer as vezes do personagem, de modo que, sem perder a própria identidade, sugere a dele. [...]

É como se o narrador fosse, não um intérprete mimético, mas alguém que institui a humanidade de seres que a sociedade põe à margem, empurrando-os

para as fronteiras da animalidade. Aqui, a animalidade reage e penetra pelo universo reservado,

em geral, ao adulto civilizado” (Antônio Cândido).

      “Este encontro do fim com o começo [...] forma um anel de ferro, em cujo círculo sem saída

se fecha a vida esmagada da pobre família de retirantes-agregados-retirantes,

mostrando que a poderosa visão social de Graciliano Ramos neste livro não depende [...]

do fato de ele ter feito romance regionaliza ou romance proletário. Mas do fato de ter sabido criar em todos os níveis,

desde o pormenor do discurso até o desenho geral da composição, os modos literários de mostrar a visão dramática d

e um mundo opressivo”. (Antônio Cândido)

Tendo como tema o drama social gerado pelo problema da seca no Nordeste, poderia se pensar que “Vidas secas” tivesse como foco privilegiado a realidade exterior da seca e da caatinga, mas o autor nos surpreende ao seguir em direção contrária, expondo os sentimento ou pensamento mais íntimos que trazem no espírito os seus sertanejos. Essa característica de “Vidas secas” chamou a atenção de Álvaro Lins, que considerou um defeito “o excesso de introspecção em personagens tão primários e rústicos”. O crítico ressalvou, porém, que Fabiano e seus familiares “pensam, imaginam e sentem o que seriam capazes de pensar, imaginar e sentir” (Lins, 1974: 37).Já Rolando Morel Pinto discorda desse último comentário, ao notar o que considera uma inverossimilhança:

“Às vezes, o autor chega a esquecer as limitações psicológicas deFabiano e atribui a ele reações que estão acima de seu nível mental.

Fabiano tem oportunidade de vingar-se do ‘soldado amarelo’.Não o faz, pensando na inutilidade do gesto, pois os verdadeiros

culpados são os ‘donos’ do soldado” (Pinto, 1962: 159).

As duas críticas parecem se aproximar ao colocar como defeito o que nos parece ser o maior talento de Graciliano em “Vidas secas”: representar o homem rústico como um ser humano, que pensa e sente, e ver seu pensamento não como falta de verossimilhança, mas como bastante significativo (ainda que fragmentário e contraditório).É essa proposta do livro que o próprio Graciliano deixa claro:

“Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que morana zona mais recuada do sertão, observar a reação desse espírito

bronco ante o mundo exterior, isto é, a hostilidade do meio físicoe da injustiça humana. Por pouco que o selvagem pense – e os

meus personagens são quase selvagens – o que ele pensa mereceanotação (apud Ramos, Clara, 1979: 125).

Page 11: Vidas Secas

Parte II – Análise de “Vidas Secas”

Enredo e personagens

A história de “Vidas Secas” começa com a tentativa de uma família nordestina em sobreviver e escapar da seca do sertão. Fabiano, o pai da família e protagonista, é um vaqueiro sem muita eloquência, fato que sempre aparece no texto. Por não ter habilidades comunicativas, ele prefere se comunicar com animais e muita vez recorre ao uso de onomatopeias como em:

“Assim um homem não podia resistir.– Bem, bem” (Ramos, 1974, V.S.: 69).

“Merecia castigo?– An!” (Ramos, 1974, V.S.: 70).

“Deviam bulir com outros.– An!

Estava tudo errado.– An!” (Ramos, 1974, V.S.: 71).

“Para que tanto espalhafato?

– Hum! hum!” (Ramos, 1974, V.S.: 137).

Sinhá Vitória é a mãe, é mais "madura" do que seu marido Fabiano, também não se conforma com sua situação miserável, e sonha com uma cama de couro como a de Seu Tomás de Bolandeira. Ela é a única que entende de contas, mais inteligente da casa.

Os dois filhos e a cadela Baleia acabam por concluir essa família. Dentre eles, a personagem mais intrigante e importante é Baleia considerada da família, humanizada em vários momentos, principalmente no capítulo reservado a ela e à sua morte, em que nota-se uma antropomorfização do animal (enquanto com os outros personagens ocorre a zoomorfização, como Fabiano que se julga um animal) e muito querida das crianças

Depois de muito caminhar e serem forçados pela fome a comer o papagaio de estimação (que não falava, muito devido aos monossilábicos donos) a família chega a uma fazenda abandonada, onde acabam ficando. Após de um curto período de chuva o dono da fazenda retorna e contrata Fabiano como seu vaqueiro. O dono da fazenda é uma personagem secundária. Desonesto, ele explorava seus empregados e os mantinha como escravos por dívidas, adicionando juros sobre juros sem motivos.

Fabiano vai a venda comprar mantimentos e lá se põem a beber. Aparece um policial que Fabiano chama de Soldado Amarelo, o antagonista, que o convida para jogar baralho com os outros. O jogo acontece e numa desavença com o Soldado Amarelo, Fabiano é preso maltratado e humilhado, aumentando assim sua insatisfação com o mundo e com sua própria condição de homem selvagem do campo.

Fabiano é solto e continuando assim sua vida na fazenda. O protagonista e sua mulher começam a perceber que o patrão os engana e lucra com o seu trabalho, inventando cobranças para pagar-lhes menos, zombando das contas de Sinhá Vitória. A família participa da festa de Natal da cidade onde se sentem humilhados por diversos "patrões" e "Soldados Amarelos".

Page 12: Vidas Secas

Baleia fica doente e Fabiano a sacrifica, pensando no bem de sua família, em um dos poucos episódios repletos de sentimento no livro, que em sua maior parte traz uma linguagem seca.

Não satisfeito e sentindo-se prejudicado com o patrão, Fabiano resolve conversar com seu patrão, este que ameaça despejar Fabiano da fazenda. Fabiano tenta esquecer o assunto e acaba ficando muito indignado. Na voltada venda Fabiano encontra o Soldado Amarelo perdido no mato.

Afinal, Tempos depois, ambos se encontram e Fabiano tem a oportunidade da vingança. A cena do soldado acuado, tal como descrita no texto, causa suspense e suscita no leitor o desejo de logo conhecer o final da cena. É impressionante o poder de intimidação do protagonista do romance. Absolutamente mudo, ele consegue impingir um terror atroz ao representante das forças oficiais. É um dos momentos de tempo psicológico no texto.

Somos levados a acreditar na possibilidade de uma revanche, uma desforra catártica. E, no entanto, surpreendemo-nos com a resignação do nosso herói. "Governo é governo": essa pequena frase talvez traduza o legado da opressão por tanto tempo cultivado no Brasil.

O penúltimo capítulo do livro “Vidas secas” tem como nome “O mundo coberto de penas” e há, para ele, duas interpretações: a primeira é o que, de forma não metafórica, o capítulo contém: as arribações tinham chegado, “Mau sinal, provavelmente o sertão ia pegar fogo.”.

As aves vinham aos bandos, bebiam a pouca água existente e seguiam para o Sul; quando pousavam, deixavam cair, na caatinga seca, as penas brancas, milhares delas. Fabiano achava bonito aquele mundo arrasado, seco e sem cor, coberto das penas das aves. Mas o segundo significado é metáfora pura: o mundo de Fabiano e sua família estava coberto de penas, penares, dores, sofrimentos, mágoas, desgostos e tristezas.

Chegou-se á casa, com medo. Ia escurecendo e, àquela hora, ele sentia sempre uns vagos terrores. Ultimamente vivia esmorecido, mofino, porque as desgraças eram muitas. Precisava consultar Sinhá Vitória, combinar a viagem, livrar-se das arribações, explicar-se, convencer-se de que não praticara

injustiça matando a cachorra. Necessário abandonar aqueles lugares amaldiçoados. Sinhá Vitória pensaria como ele.

(Cap. XII, O mundo coberto de penas)

Fecha-se o círculo vicioso, o elo de ligação de ferro de Antônio Candido.

Elementos da Narrativa

No romance "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, encontramos a narração em terceira pessoa, com narrador onisciente (externo e subjetivo). Podemos encontrar muitas vezes os discursos indiretos livres. O discurso indireto livre caracteriza-se por possibilitar ao narrador identificar-se com a personagem e, ao mesmo tempo, manter a independência em relação a ela.

Nessa construção, ouve-se ressoar duas vozes, misturadas de tal forma que, muitas vezes, não é possível atribuir o enunciado a uma das partes (narrador ou personagem).

Page 13: Vidas Secas

Essas características vão permitir a articulação de dois pontos de vista em Vidas secas: a visão do narrador, que olha os retirantes a partir de um contexto mais amplo, como parte de uma história de exploração; e a visão de Fabiano e de sua família, circunscrita no pequeno universo de seus afazeres e problemas cotidianos, com quase nenhuma perspectiva além da sobrevivência diária. Essas duas visões de mundo, definidas no romance pelas vozes, ora se aproximam, ora se afastam; ora são dissonantes, ora consonantes. O foco narrativo ganha destaque ao converter em palavras os anseios e pensamentos das personagens. No trecho a seguir, extraído do capítulo “Fuga”, de Vidas secas, Graciliano Ramos emprega os três tipos de discurso, mesclando-os com extrema habilidade estilística.

Começa com a pergunta de sinhá Vitória, em discurso direto, introduzido por um verbo carregado de expressividade, passa para o indireto narrativo nos dois períodos seguintes. Insere sutilmente o indireto livre, com a objeção rosnada de Fabiano, em seguida, retoma o indireto narrativo, para referir-se à indagação de sinhá Vitória e à reação do marido, e volta ao indireto livre, com Fabiano novamente, dessa vez ruminando sobre a capacidade de raciocínio da mulher.

O discurso indireto puro reproduz a indagação de sinhá Vitória a respeito do futuro dos meninos. A resposta de Fabiano projeta para o futuro dos filhos sua própria condição de vaqueiro e, plena de convicção, se faz em discurso direto e introduzido por um verbo de opinião, circunstâncias inusitadas na fala do monossilábico e reticente personagem:

Em que estariam pensando?, zumbiu sinhá Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas sinhá Vitória renovou a pergunta – e a certeza do marido abalou-se. Ela devia ter razão. Tinha sempre razão.

Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem.

– Vaquejar, opinou Fabiano.

O tempo de narrativa se localiza entre duas secas. A primeira que traz a família para a fazenda e a segunda que a leva para o Sul. Mesmo possuindo algumas referências cronológicas na obra, o tempo é psicológico e circular e há presença de tempo psicológico, como mencionado, na parte em que Fabiano encontra o Soldado Amarelo, e quando o menino mais novo pesa se deve ou não pular no cabrito.

"... Sinhá Vitória é saudosista. Lembra-se de acontecimentos antigos, até ser despertada pelo grito da ave e ter a idéia de transformá-la em alimento".(Cap. 01 – Mudança)

O espaço é físico, refere-se ao sertão nordestino, descrito com precisão pelo autor e é exótico, sobressaindo na paisagem juazeiros e caatingas, incomuns para o resto continental território do brasileiro. Isso é reflexo direto de um elemento essencial para a facção de uma obra regionalista. O trecho comprova"... na lagoa seca, torrada, coberta de caatingas e capões de mato".(Cap. 11 – O soldado Amarelo)

A alternância entre os espaços urbanos e rurais deixa clara a inadequação da família quando no primeiro, pois a família se sente confortável quando está entre os animais, e não entre gente.

Page 14: Vidas Secas

Conclusão

A obra de Graciliano Ramos é profundamente triste, pois nos mostra uma situação muito longe de nossa realidade. O movimento regionalista veio para que esses aspectos culturais, sociais e naturais fossem trazidos à tona nas obras de cunho regionalista como “Vidas Secas”.

Foi possível perceber a conexão entre o modernismo e o regionalismo e suas diferenças mais peculiares, que residem em aspectos de diferenças sócio-econômicas e históricas. Além disso, pude compreender melhor o que é uma obra regionalista, suas origens, seus autores mais influentes, e principalmente, o livro “Vidas Secas”, que sofreu uma análise de vários aspectos que ajudam a criar um conceito e abrir mais caminhos para novas leituras.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, José Maurício Gomes de. A tradição regionalista no romance brasileiro (1857-1945). Rio de Janeiro: Achiamé, 1981.

CORRÊA JÚNIOR, Ângelo Caio Mendes. Graciliano Ramos e o Partido Comunista Brasileiro: as memórias do cárcere. São Paulo, 2000, Dissertação (Mestrado em Letras), Universidade de São Paulo.

Caderno "Mais!", da Folha de São Paulo, edição de 09/03/2003

RAMOS, Clara. Mestre Graciliano. Confirmação humana de urna obra. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1979.

RAMOS, Ricardo. Graciliano: retrato fragmentado. São Paulo: Siciliano, 1992.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=529953

http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/graciliano_ramos/mov_30.html

CANDIDO, Antonio. “Ficção e confissão”. In: RAMOS, G. Caetés.(1956). Rio de Janeiro: J. Olympio. p. 13-83. [ prefácio]

LAJOLO, Marisa. (1991) “Machado, Graciliano e Rubem Fonseca: diferentesitinerários do escritor brasileiro”. In: Towards Socio Criticism(Selected proceedings of the conference “Luso Brazilian Literatures, asocio-critical approach”). Edited and with introduction by RobertoReis. Arizona State University. Center for Latin American Studies.p. 153-164.

LINS, Álvaro. “Valores e misérias das vidas secas”. In: RAMOS, G.(1974). Vidas secas. 32. ed. São Paulo: Martins Fontes. p. 9-40.

http://www.graciliano.com.br