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PORTUGUÊSAuto da Barca do Inferno - APONTAMENTOS:
→ CENAS
O auto tem doze cenas. A primeira em que o Diabo e o Companheiro preparam a barca para receber as almas que chegam ao cais para o julgamento final.
→ AÇÃO
Esta peça está organizada em diversas miniações semelhantes, em torno de um ou mais protagonistas. Oito dessas ações são constituídas por exposição, conflito e desenlace. Ao surgir cada uma das personagens o primeiro momento é a sua apresentação breve (exposição), o segundo, implica a acusação e defesa da personagem (conflito) e o terceiro é o desfecho da ação, destino final. Cada miniação assemelha-se a um julgamento no tribunal, em que há dois ou três advogados de acusação, mas nenhum de defesa. É o réu, a alma recém-chegada que tem de providenciar a sua defesa.
→ ARGUMENTO DA PEÇA
No cais de embarca encontram-se duas barcas: a do Diabo que seguirá para o inferno e a do Anjo que seguirá para o paraíso. O Anjo e o Diabo aguardam a chegada das almas que entrarão na barca do Diabo se tiverem pecados e na do Anjo se forem merecedores “de tal bem”.
→ CARACTERIZAÇÃO DAS PERSONAGENS
Todas as personagens serão caracterizadas através dos seus símbolos cénicos identificadores. Usando a caracterização direta o Anjo e o Diabo vão apontando características, defeitos, vícios ou virtudes das personagens. Estas defendem-se a si próprias. As suas atitudes durante o “julgamento”, os argumentos e a linguagem também as caracteriza indiretamente.
→ SÍMBOLOS CÉNICOS
Como foi visto em cada uma das cenas, há uma relação entre os símbolos cénicos que cada personagem transporta consigo e os motivos de condenação, pois esses símbolos representam precisamente a atividade exercida e a condição ou a característica que está na origem da condenação ou da salvação (no caso dos Cavaleiros).
→ PERSONAGEM-TIPO
Representam uma determinada classe socioprofissional ou traços psicológicos /sociais que Gil Vicente, além de denunciar, pretende satirizar, visando simultaneamente moralizar a sociedade.
→ ALEGORIA
O Auto da Barca do Inferno é uma alegoria, porque representa figurativamente o “Juízo Final”, no qual as almas são julgadas – pelo Diabo e pelo Anjo – de acordo com as noções de Bem e de Mal – e depois, sentenciadas ao Inferno ou ao Paraíso.
a·le·go·ri·a
substantivo femininoModo indirecto de representar uma coisa ou uma ideia sob a aparência de outra.
"alegoria", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/alegoria [consultado em 16-01-2015].
Numa época fervorosamente religiosa, em que se acreditava na vida após a morte, a alegoria servia os propósitos moralizadores da igreja: levar os espectadores a praticar o Bem e a evitar o Mal, segundo a doutrina de então.
O Diabo e o Anjo são personagens alegóricas porque representam respetivamente o Mal e o Bem.
→ MORALIDADE
Se por um lado, o Auto da Barca do Inferno é uma peça de carácter religioso, por outro, trata-se de uma peça de crítica social, na qual Gil Vicente faz desfilar os representantes da nobreza, do clero, da burguesia e do povo, com vista a moralizar os usos e costumes do seu tempo. Daí a designação que o próprio autor lhe dá AUTO DE MORALIDADE, ou seja, uma peça medieval de cariz religioso, destinado a transmitir aos seus espectadores ensinamentos sobre o BEM e o Mal, segundo o seu autor.
→RIDENDO CASTIGAT MORES
Expressão latina que significa “a rir criticam-se os costumes”, é a frase que melhor resume a intenção e o estilo
próprio de Gil Vicente. Esta expressão é a forma mais adequada de iniciar a abordagem do “Auto da Barca do
Inferno” ou “Auto da Moralidade”, pelo facto de nesta obra ser bastante evidente a sátira social que, através do seu
cómico, critica a sociedade, tentando assim denunciar tudo aquilo que na opinião do autor era merecedor de atenção
e mudança.
O objetivo é criticar de uma forma cómica e alterar os costumes de uma época marcada pela falta de valores que se
estendeu até aos nossos dias, ou talvez corrigir os costumes, respeitando assim o ideal “ridendo castigat mores”.
Nesta obra, os corruptos, os ladrões e os tiranos todos têm o mesmo fim, o inferno. Apenas os inocentes ou os que lutaram até à morte por Cristo, como foi o caso dos Quatro Cavaleiros, se salvaram. A sociedade da época estava completamente dominada pela vaidade, falsidade, corrupção e antireligiosidade.