VII Caderno Nacional de Formação

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7ª Edição do Caderno Nacional de Formação da Juventude Franciscana do Brasil.

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Enfim, para que melhor se desenvolva a

dinâmica de participação do Animador

Fraterno no processo acima mencionado, o

presente texto vem orientar, de modo

prático, a realidade atual pela qual passa a

formação do jufrista, sua transição para a

OFS e o papel do Animador Fraterno neste

procedimento.

Ir. Raphael Rodrigues Taboada, OFS Animador Fraterno Nacional

[email protected] Caros (as) Animadores(as) Fraternos(as) e jufristas, É sabido que, a partir do Congresso Nacional

da JUFRA, realizado em Santa Maria-RS, a Juventude Franciscana do Brasil vem buscando, de modo dinâmico, revisar e atualizar suas diretrizes formativas a fim de tornar ainda mais edificante a caminhada formativa do jovem franciscano integrado nas diversas fraternidades espalhadas pelo território nacional.

Para tanto, é indispensável que cada fraternidade local (lugar primeiro no qual o carisma é vivenciado) participe ativamente de tal processo, relatando suas experiências e dificuldades, mas, sobretudo, encaminhando propostas que contribuam para resolução destes problemas constatados.

A Ordem Franciscana Secular do Brasil, por sua vez, sentindo-se particularmente responsável pela JUFRA (art. 96, CCGG) manifesta o desejo de caminhar ao lado das fraternidades juvenis neste momento histórico em que se coloca em análise e reflexão o processo formativo do jufrista. Este acompanhamento é indispensável, principalmente, por ser a caminhada formativa um dos objetivos pelos quais se constitui a Animação Fraterna (art. 5º, II, Estatuto da Animação Fraterna).

Enfim, para que melhor se desenvolva a dinâmica de participação do Animador Fraterno no processo acima mencionado, o presente texto vem orientar, de modo prático, a realidade atual pela qual passa a formação do jufrista, sua transição para a OFS e o papel do Animador Fraterno neste procedimento.

Primeiramente, desenvolve-se o acompanhamento vocacional com o jovem que se apresenta diante da fraternidade e manifesta o interesse em ingressar na JUFRA, iniciando-se a Etapa da Formação para Iniciantes, que justamente visa levar esse jovem a um conhecimento acerca da JUFRA e sua organização, bem como da espiritualidade franciscana, da vida em fraternidade e da sua própria vocação.

Esse primeiro momento possui um desenvolvimento temporal flexível, recomendando-se um período estimado de 6 meses, podendo ser prorrogado ou antecipado conforme a realidade local. Analisada sua participação nesta etapa formativa, e sendo o jovem batizado, o secretariado competente delibera acerca de sua continuação na caminhada em fraternidade.

Numa resposta positiva à vocação franciscana, o jovem realiza o Encontro Inicial de Formação Básica da JUFRA que culminará com o "Compromisso do Jufrista". Neste período, o jovem será preparado para a vivência franciscana na fraternidade e para sua apostolicidade no mundo, de modo a despertá-lo para a vivência do Evangelho onde quer que esteja inserido, à luz do carisma franciscano.

A Formação Básica da JUFRA é aceita como válida, conforme dispõe o Diretório de Mútuas Relações, para o que a OFS denomina de Tempo de Iniciação (DMR, III, item 3.1.) e deve ser desenvolvida no prazo de um ano, podendo ser prorrogada por igual período mediante

análise do secretariado competente.

Em seguida, tem-se a Etapa de Formação Franciscana, que constitui um período de intensa formação franciscana, com a exigência de uma vida franciscana secular autêntica e com estímulo à profissão na Ordem Franciscana Secular como realização de sua vocação. Essa etapa possui um encontro inicial no qual o jovem participa do Rito de Admissão à OFS.

Este período formativo deve receber especial atenção do Animador Fraterno designado pelo Conselho da OFS, pois é considerado válido e equivalente ao Tempo de Formação da OFS. Para tanto, devem ser estudadas as Constituições Gerais, bem como a Regra da Ordem Franciscana Secular, com a devida orientação deste irmão Animador (DMR, III, item 3.2.), devendo o jufrista que se encontra nesta etapa participar da vida de fraternidade e preencher o período mínimo de dois anos, prorrogável por mais um ano, contados da data do rito de sua Admissão à OFS.

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Rosineide (Animadora Fraterna da Frat. Anunciadores da Paz - Aracaju/SE e Sérgio (Animador Fraterno Regional NEB2)

Paula Ruas (Animador Fraterno Regional NEB4) ajudando nos Encontros de FBJ e EFF

Terminado período da Etapa de Formação Franciscana, e amadurecida a vocação franciscana secular, o jufrista solicitará a Profissão da Regra da Ordem Franciscana Secular ao Conselho da OFS competente que deverá deliberar sobre o assunto. Em sendo aceito o pedido, o jufrista fará sua profissão (temporária ou definitiva) conforme o Rito de Profissão previsto no Ritual da OFS e aprovado pela Igreja.

Nova etapa se iniciará caso a Profissão tenha sido na modalidade temporária, sendo então todo o Conselho da OFS, conjuntamente com o Secretariado Fraterno da JUFRA, responsável por este período de Formação Permanente que objetivará uma progressiva inserção do jufrista professo no grupo de irmãos professos da fraternidade de OFS culminando com seu compromisso definitivo.

Em linhas gerais, esse é o desenvolvimento das etapas formativas do jufrista segundo a atual e ainda em vigor Diretrizes de Formação da JUFRA. A busca pela mudança destas diretrizes deve ser pautada pelo desejo de se gerar uma maior profundidade no estudo do carisma franciscano, adequando às realidades locais, bem como em se efetivar um desenvolvimento para maior comunhão com a Ordem Franciscana Secular, "caminho natural da vocação franciscana" do irmão jufrista (Carta de Guaratinguetá).

Confiante que o Espírito Santo conduz cada congresso realizado com a finalidade de aprimoramento das Diretrizes de Formação da JUFRA, e colocando-me a disposição para eventuais necessidades, deixo minha saudação fraterna de Paz e Bem!

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Antonio da Silva Oliveira Junior Subsecretário de Formação do Regional Norte II

Sthefânia Gonçalves Pires Subsecretária de Formação do Regional Sudeste I

Alguma vez você já parou por um minuto algo que esteja fazendo e se dirigiu à janela mais próxima para observar o mundo lá fora? Concordamos que o simples fato de se dirigir à janela e observar o que se passa do lado de fora pode ser irrelevante, mas a “janela” pode nos dar um significado mais profundo.

Às vezes a correria do

dia a dia, as obrigações diárias, as responsabilidades profissionais, os estudos e tantas outras coisas que somos obrigados a realizar, impedem-nos de observar nossa janela de mundo antes de sairmos para ele. No mundo de hoje, o jovem é cheio de responsabilidades e obrigações que o faz ser incluído na sociedade de uma forma muito “pacata”, fazendo com que todos os esforços realizados sejam voltados para o consumo, onde é dado maior valor ao “TER” do que ao “SER”. Atributos como o prestígio, o desejo de ser o melhor, de ser

elogiado e aplaudido caracterizam uma espécie de identidade de valores que tentam moldar o ser humano obrigando-o a aceitar essa nova identidade do mundo globalizado.

Essas

características estão vinculadas a aspectos sociais, culturais e históricos que a juventude vem sofrendo com o passar dos anos. Há tempos, a passagem da juventude para a vida adulta era marcada com o término dos estudos, o início do

primeiro emprego, saída da casa dos pais para ter sua própria moradia, casar e ter filhos; hoje em dia o jovem se encontra numa espécie de insegurança que faz com que ele permaneça na casa dos pais, mesmo após da conclusão dos estudos, que agora são universitários, e com a vivência do primeiro emprego. A sociedade foi se tornando complexa de tal forma, que pode-se dizer que estamos inseridos na era de uma profunda complexidade.

Sendo assim, vamos

analisar uma transformação que vem acontecendo nos dias de hoje: o início da juventude começa com as mudanças da puberdade, passa pelas transformações intelectuais e emocionais e termina, em tese, quando o indivíduo conclui sua inserção no mundo adulto; mas nos dias de hoje a juventude se apresenta em pleno desenvolvimento humano e

não mais como estágio de preparação para a vida.

Outro fator que marca o

mundo que vivemos é a forma como estamos conectados. A troca de informações se tornou rotina hoje em dia e faz parte de nossa vida social. Não há aquele que não passe um dia sem acessar a internet para ver seu e-mail ou no facebook para trocar informações com outras pessoas em tempo real. O uso das redes sociais e de informação é tamanho que existem pessoas que são viciadas e trocam a sua vida real pela virtual, deixando de enfrentar os problemas e desafios diários.

Outro fator a destacar é

a presença e o uso da religiosidade na sociedade. O mundo de hoje é tão ferozmente religioso quanto antes, o que muda é a forma como o jovem atua na igreja e quais são seus objetivos dentro dela. A igreja produz espaços para os jovens onde são construídos lugares de agregação social, formando grupos que são inseridos diretamente no espaço social. Sendo assim, a juventude atuando de forma mais ativa no

Não há aquele que não

passe um dia sem acessar

a internet para ver seu e-

mail ou no facebook para

trocar informações com

outras pessoas em tempo

real.

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espaço público e essa característica é bastante positiva.

Bem, poderíamos ficar

aqui debatendo essas e outras questões por um bom tempo, mas o verdadeiro objetivo é sabermos como estamos vivenciando tudo isso. Quais nossas verdadeiras ações, como jovens cristãos e franciscanos, no mundo que nos cerca com tantas opções oferecidas? No embate entre os meios de comunicação em massa e a educação familiar, que referência nós temos que seguir? Quais os medos que nós, jovens, temos que enfrentar todos os dias, decorrentes da sociedade capitalista em que vivemos?

Essas e tantas outras

dúvidas que surgem na cabeça do jovem fazem com que ele seja obrigado a se tornar um competidor feroz e tenha que se adequar aos padrões estabelecidos pelo mundo capitalista, ou como muitos autores costumam designar: “o mundo da pós-modernidade”.

Você já parou para analisar os documentos da Jufra, os Cadernos de Formação, as Diretrizes e tantos outros textos que são a base da nossa formação enquanto jufristas? O que eles nos dizem?

Com Francisco e Clara aprendemos a parar e refletir sobre nós mesmos, a sermos humildes e simples diante da vida; aprendemos que precisamos do outro

(considerado como nosso irmão) para viver, para sermos felizes; que devemos viver a partilha, a comunhão com os demais; que nossa espiritualidade está na observação, na contemplação e na sensibilidade, e tantas outras coisas que adquirimos conforme nossa caminhada como jufristas. Mas será que essas características estão de acordo com os avanços do mundo moderno? Como nos posicionamos frente às desigualdades que nossa sociedade impõe?

Analisando o

comportamento de muitos outros jovens que se deixam “engolir” pelas transformações do mundo moderno corremos o risco de perder nossa verdadeira identidade de jovens franciscanos e termos de usar a identidade que a sociedade vem impondo. Às vezes pensamos se temos de vivenciar nosso carisma de acordo com as transformações globais, deixando o tradicionalismo de lado e voltando-nos para novas atitudes que nos fazem mais inseridos no mundo que nos cerca.

Mas, para que isso

ocorra, temos que ter um olhar diferenciado para os métodos de como anda nossa formação: franciscana, cristã e principalmente a humana. Aplicar novas metodologias pode ser um grande passo para provocar mudanças

significativas, não apenas em nossa formação como jovens cristãos e políticos que somos, mas principalmente na forma como olhamos o mundo ao nosso redor. Temos que seguir o exemplo de Francisco e Clara: a observação e a contemplação são fundamentos indispensáveis para que o jovem consiga se inserir no mundo globalizado sem perder de vista o seu verdadeiro ponto de partida.

QUESTÕES PARA

REFLEXÃO

1) Quais as formas de viver o

carisma franciscano nos dias de

hoje?

2) Que “janela” de mundo temos

visualizado?

3) Como devemos voltar nossas

formações locais para os

acontecimentos que nos

rodeiam?

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Ariana Baccin dos Santos Subsecretária Regional de Formação Sul 3 – RS

A Regra e a vida dos franciscanos seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o exemplo de São Francisco de Assis que fez do Cristo o inspirador e o centro da sua vida com Deus e com os homens. Cristo, dom de Amor do Pai, é o caminho para Ele, é a verdade na qual o Espírito Santo nos introduz, é a vida que Ele veio dar em

superabundância. Os franciscanos seculares se empenhem, além disso, na leitura assídua do Evangelho, passando do Evangelho à vida e da vida ao Evangelho.” (Trecho da Regra da OFS)

Serviço e doação: duas

palavras simples que traduzem um pouco dos grandes exemplos deixados por Cristo e Francisco, os quais nos desafiam diante da sociedade cada vez mais individualista que estamos inseridos. A Regra e os Escritos de São Francisco traduzem que a vida franciscana é baseada no evangelho, dessa maneira a nossa formação precisa ser também evangélica, de modo que possibilite a concretização dos princípios franciscanos na vida em comunidade.

São Francisco de Assis,

em seu Testamento, menciona que o próprio Altíssimo lhe revelou que devia viver segundo a forma do Santo Evangelho, nessa linha, se pode considerar que a vida franciscana é uma vida evangélica. A expressão “evangélico” é um adjetivo que deve ser acrescentado a qualquer elemento da identidade franciscana. Por exemplo, ao se falar de pobreza, esta deve ser a pobreza evangélica, da mesma forma, a fraternidade é uma fraternidade evangélica.

Francisco viveu

sua vida segundo o evangelho de Jesus Cristo, foi fiel a esta

forma de vida e nos deixa a missão de também sermos seguidores fiéis do evangelho, sendo anunciadores dos valiosos

ensinamentos que nos deixou. Mas como expressar esses ensinamentos na prática da vida em comunidade? Como “ser franciscano” colabora para o trabalho nas pastorais de nossa comunidade? Esses questionamentos necessitam estar presentes em nosso dia-a-dia, haja vista que ser franciscano é modo de vida, é todo dia, não apenas enquanto estamos com nossa fraternidade, por exemplo.

O Evangelho retomado “sem glosas” por Francisco resgatou a real identidade evangélica dentro do contexto conturbado dos séculos XII e XIII, marcado por mudanças estruturais no mundo, na qual a Igreja tentava responder à nova realidade. Assim, nós franciscanos somos convidados a, diante de uma realidade em que as coisas se alteram rapidamente, sermos presença evangélica junto aos irmãos, junto aos serviços que a igreja desenvolve através das pastorais.

Evangelho é o Cristo

presente, é forma de vida; Formação possui relação com o humano (diálogo), espiritualidade que vai formando um conjunto de valores e ao mesmo tempo tomando corpo na vida de cada ser humano. A partir dessa ideia se pode afirmar que a nossa formação não deve estar fixada apenas nos estudos, mas principalmente no que eles de fato nos transformam como pessoa. Francisco se aproximou de Cristo justamente porque conseguiu colocar em prática o evangelho, viveu com humildade a caridade, o amor ao próximo; soube servir aos irmãos e especialmente olhar o mundo com os olhos de Cristo.

Serviço e doação: duas palavras

simples que traduzem um pouco dos

grandes exemplos deixados por

Cristo e Francisco, os quais nos

desafiam diante da sociedade cada

vez mais individualista que estamos

inseridos.

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O Papa Francisco retoma esses princípios, sugere um perfil de igreja atenta aos problemas sociais, aos pobres, com estrutura a serviço do povo, sempre iluminado pelos ensinamentos deixados por São Francisco. Nos traduz a partir dos gestos franciscanos o que espera de nós, igreja. Segundo expõe Frei Vitório Mazzuco, OFM, “Ser SERVIÇAL: É servir por Amor. Não é qualquer atividade feita simplesmente por fazer, mas é ter a consciência que se está contribuindo com o Criador e seus atos de cuidado pela vida. É uma ação bem produtiva e bem atenta às necessidades do outro. Não é um fazer visando lucros e honrarias, mas é o estar voltado, gratuitamente, para a pessoa e para a vida. Não fazer por dinheiro, mas por uma causa nobre. Para Francisco de Assis, este espírito de serviço o moveu a servir leprosos e a trabalhar com camponeses. O serviço faz parte de uma mudança radical de vida, uma conversão. É ir lá e fazer junto; o estar junto com determinado lugar social que se quer abraçar e morar. Toda a ação que se faz está na dependência exclusiva de servir. É ser servo e se fazer naturalmente servo. A sua liberdade e autonomia em servir está em ser servidor de um valor maior.” (Publicado em 30/04/2013 http://www.pvf.com.br/videos/servical).

Iluminados por estes valores, somos

convidados a viver e experiênciar isto na prática, no serviço da comunidade. É importante não nos fixarmos somente em uma formação fechada, mas também numa formação que vá ao encontro do irmão, pois o Evangelho, para Francisco, não foi somente algumas prescrições radicais relativas à pobreza, mas ao invés disso, a inexaurível manifestação do dom que Deus faz ao homem, chamando-o, juntamente com o universo do qual

faz parte, a partilhar a sua alegria divina de existir.

Depoimento de um Jufrista que participa da

Pastoral de Rua em Porto Alegre – RS:

“A Pastoral de rua, dirigida pelas Irmãs Religiosas da

Congregação Arca de Maria, realiza um trabalho de

assistência aos moradores de rua e pessoas mais

necessitadas prestando ajuda física, através de

doações de roupas e alimentos, psicológica através do

diálogo e espiritual, através da Oração, Evangelização

e acolhida, levando a Palavra e o Amor de Deus aos

irmãos. Participar desse ato nobre é extremamente

satisfatório e é uma grande lição de vida para nós, pois

passamos a agradecer e valorizar mais nossas vidas e

tudo o que temos, pois conhecemos pessoas que

pouco têm, e ainda assim, elas sabem partilhar o que

possuem com os outros irmãos. Além disso, são

pessoas educadas e receptivas, nos respeitando e

sendo muito gratas por nosso ato e a Deus por

proporcionar nossa iniciativa de amparo e

solidariedade. Nos sentimos muito bem, aprendemos

muito com eles e é um ato verdadeiramente Cristão, de

ajudar o próximo e reconhecer que Cristo está neles,

apesar das condições em que se encontram, assim

como Ele está presente em nós, e devemos tratá-los

como irmãos, irmãos em Cristo. Assim, estamos

praticando a caridade, ou seja, fazendo o bem ao

próximo, um gesto acessível e necessário que todos,

dentre suas condições, façam, pois assim como São

Francisco fazia, e nosso querido Papa Francisco deseja

e nos convoca, eis aí um belo caminho, entre muitos,

de transmitir a Fé, através da oração e do testemunho,

a solidariedade e o Amor Cristão.”

Lucas Geremia – Paróquia Santo Antônio, Porto

Alegre – RS.

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- O encontro pode ser iniciado como na missa de lava pés. Com uma bacia e toalha, um irmão pode lavar os pés do outro. - Oração para São Francisco: “Ó glorioso São Francisco, nosso grande padroeiro, a vós recorremos pela doçura da vossa santidade. Protegei-nos e abençoai-nos. Vós que nos ensinastes a procurar neste mundo a perfeita alegria no amor de Deus e do próximo; vós que tanto amastes as pessoas e a natureza toda, porque proclama a glória e a sabedoria do Criador, fazei-nos servir a Deus na alegria, ajudar o próximo o melhor possível, amar até as mais fracas criaturinhas e, com os nossos bons exemplos e boas ações, espalhar em torno de nós os benefícios da fraternidade cristã. Amém.”

- Questionamentos: 1) A Paróquia à qual está ligada a sua fraternidade desenvolve algum trabalho pastoral? Qual? A JUFRA está envolvida? 2) O que podemos fazer para desenvolver ou melhorar este(s) trabalho(s)? 3) Você acredita que a formação franciscana auxilia no desenvolvimento dos trabalhos pastorais? - Dinâmica: Entregar um balão para cada participante, nele deverá ser desenhado aquilo que mais gosta. Em seguida todos deverão jogar o balão para o alto sem deixar que nenhum caia ao som da música. Quando a música parar, cada um pega um balão (de preferência que não seja o seu). Ao pegar o balão, deverão amarrar em sua cintura com um cordão de forma que o mesmo possa arrastar pelo chão. Novamente a música toca e cada um cuida para que seu balão (o que está em sua cintura) não estoure. A ideia central é: o cuidado com o outro. Perceber o quanto é difícil e o quanto contamos com o outro quando dependemos dessa outra pessoa. O compromisso que temos enquanto franciscanos de dar amparo, de servir quem necessita, de acolher e cuidar das vidas que passam por nós. - Músicas: Lá vem São Francisco; Cristo quero ser instrumento

Colaboração:

Gleice Francisca

Formadora Regional Sul 1 – PR

Frei Aldevir Jandres OFM Cap.

Assistente Espiritual Regional Sul 3 – RS

Lucas Geremia

Jufrista Porto Alegre – RS

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É com imensa felicidade que apresentamos a todos os Jufristas o “Boletim Informativo da JUFRA do Brasil –

Nos Caminhos da História”. Um trabalho bastante inovador que convida todos os Jufristas para, em fraternidade, relembrarem os momentos mais importantes em que a Juventude Franciscana fez história.

Um projeto muito querido, pensado em fraternidade e que será desenvolvido com muita dedicação a cada dois meses. Um instrumento de comunicação pensado em cada um de vocês, portanto, mais um meio de expansão do nosso carisma jovem por todo canto.

Dedicaremos uma página do Boletim para seus depoimentos! Então, a partir de hoje, envie sua mensagem para o email da JUFRA Brasil ([email protected]) sobre o que achou do Boletim, com sugestões e opções de matérias, bem como depoimentos de amor à JUFRA. Vai ser maravilhoso ter sua participação na elaboração de cada nova Edição.

Jéssica Maria de Lima Rocha

Subsecretária Nacional de Comunicação Social, Escrituração e Arquivo da Jufra do Brasil

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Alex Federle do Nascimento Subsecretário Regional de Formação – Regional NE B2

José Douglas Soares C. de Souza Secretário Fraterno Regional – Regional NE B1

Um olhar sob as

Diretrizes de Formação A Juventude

Franciscana do Brasil tem uma proposta de vivencia cristã destinada a jovens que, por vocação ou carisma, se comprometem com um ideal de vida inspirado na espiritualidade franciscana. Assim nosso movimento leva o/a jovem a uma vida em fraternidade, “criando condições para que viva o Evangelho no contexto da realidade atual, buscando a transformação da sociedade à luz do carisma franciscano”.

O/a jufrista é convidado/a

a cada dia a vivenciar o evangelho de Jesus Cristo no molde de vida de São Francisco de Assis, renovando sua vocação diante os desafios dos novos tempos. A cada dia novas (re)descobertas surgem, fazendo com que o/a jovem franciscano/a tenha que repensar e replanejar sua vida cotidiana, principalmente no que concerne a “ADEQUAR A VIDA AO EVANGELHO E TRAZER O EVANGELHO PARA A VIDA!”

Eis aqui o grande desafio

de se trabalhar a formação dentro das fraternidades. Como podemos ser esse exemplo de Cristãos autênticos, assim como São Francisco foi e continua sendo para a sociedade? Com isso iremos refletir um pouco sobre a Formação Franciscana, um dos tripés da nossa formação, tendo como base as diretrizes de formação.

A primeira reflexão que colocamos aqui é sobre o que é a formação? Podemos enxergá-la como um “processo de promoção do

desenvolvimento integral, da pessoa humana, feita nova criatura pelo Espírito Santo, na participação da vida de Deus em Cristo e na missão salvífica, como membro do seu corpo, a Igreja”.

Nas nossas formações

franciscanas, segundo o documento que nos norteia, vemos a história do nosso Pai Seráfico, de Santa Clara de Assis, da nossa padroeira – Santa Rosa de Viterbo, a organização e os objetivos do nosso movimento, os documentos, a vivência do carisma, o aprofundamento dos valores franciscanos, o contexto histórico e escritos de São Francisco de Assis, dentre outros assuntos. Mas como estamos nos baseando para realização de nossos encontros formativos? Pelos nossos livros (Iniciantes, FBJ, EFF, Caderno de Formação, blog)? Ou simplesmente deixamos que o espírito aja sem ao menos nos preparar para o encontro?

Buscamos as

Fontes Francisclarianas e Evangelho? E até mesmo outros livros que apresentam a temática

apresentada nas formações? Outro fato que apresentamos é: será que nos prendemos somente às formações, ficando tudo por conta do irmão/a responsável pela formação ou buscamos ler os livros ou outros, buscando assim mais informações?

Também podemos discutir o hábito de muitas

fraternidades realizarem encontros com temáticas franciscanas, mas não existe o propósito de avançar nas etapas de formação (dificuldade em concretizar etapas), para assim chegar a professar em uma fraternidade de Ordem Franciscana Secular já existente ou fundar uma, como previsto em nossos documentos. Por que será que isso acontecesse? Por desentendimento das Diretrizes? Por

Eis aqui o grande desafio de se trabalhar a formação

dentro das fraternidades. Como podemos ser esse

exemplo de Cristãos autênticos, assim como São

Francisco foi e continua sendo para a sociedade?

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‘desleixo’ com o tempo de formação? Por não haver maturidade em assumir uma nova etapa? Se isso acontece, por que não há esse amadurecimento? Essa é uma reflexão séria que devemos ter em nossas fraternidades locais, para assim podermos avançar para “águas mais profundas” (Lc 5,5).

Que possamos refletir esses questionamentos e outros que possam surgir, para que assim haja uma verdadeira construção da Juventude Franciscana que queremos ser, podendo “estar onde a juventude se faz presente, nos servindo de todos os meios disponíveis para visibilizar nossa

opção de vida... Porém com a certeza de que muitos jovens, às vezes sem um sentido para sua vida, podem beber da espiritualidade que temos a oferecer e encontrar em nosso carisma um luminoso ideal de vida” (Carta de Guaratinguetá - A JUFRA que queremos ser).

E ai, já baixou a Cartilha de Orientações para

Revisão das Diretrizes de Formação? É com muita alegria que apresentamos à Jufra do Brasil a Cartilha de Orientações para a Revisão das

Diretrizes de Formação para ajudar na condução das reflexões dos regionais que ainda não realizaram o encontro de formadores. Pedimos que leiam com atenção e façam chegar às fraternidades locais para que possamos reformular nossa caminhada formativa nos próximos anos com maturidade. Os regionais devem enviar suas propostas de alterações até o dia 15 de abril de 2014. O Congresso Extraordinário Nacional está marcado para os dias 19 a 22 de junho próximo.

Muita paz e todo o bem! Fraternalmente,

Ana Carolina Miranda Subsecretária Nacional de Formação

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Fr. Wellington Buarque, OFM Assistente Espiritual Nacional [email protected]

“Quão bela, quão

intensa e libertadora é a experiência de aprender a ajudar o outro. É impossível descrever a necessidade imensa que tem as pessoas de serem realmente ouvidas, levadas a sério, compreendidas. Ninguém pode se desenvolver livremente neste mundo, nem encontrar uma vida plena, sem sentir-se compreendido por pelo menos uma pessoa... Ouça as conversas deste mundo, tanto entre nações, como entre casais [como nas famílias, como entre amigos, entre irmãos de fraternidade...]. São, na maior parte, diálogos entre surdos!”

Pensando em elaborar uma reflexão acerca

da vida fraterna e dos desafios que ela apresenta, acredito que uma bom passo inicial seria começar por pensar na forma como nos comunicamos e como comunicamos nós mesmos. Nossa vida fraterna exige de nós uma comunicação contínua, aberta e dialógica. Até porque uma verdadeira comunicação nunca se faz por monólogos, e sim por diálogos. E já que propomos aqui repensar a comunicação a partir da própria fraternidade que abraçamos como ideal, podemos também estender os adjetivos que devem permear nossa comunicação; sendo assim ela deve também ser sincera, verdadeira e libertadora. E se ela não se apresenta com esses adjetivos enumerados, ao menos deve haver sempre um esforço de nossa parte em alcançá-los!

Pois bem, um primeiro passo seria pensar em

que de fato consiste a COMUNICAÇÃO! A palavra comunicação refere-se ao processo pelo qual alguém ou alguma coisa torna-se comum a duas ou mais pessoas, ou seja, é compartilhada. Se você me conta um segredo, nós possuímos o conhecimento desse segredo comum, pois você o comunicou a mim. Mas você pode me comunicar, se quiser, muito mais do que apenas um de seus segredos. Você pode me dizer quem é, como posso lhe dizer quem sou!

Na sociedade de hoje, nos mais diversos âmbitos, tem-se dado grande ênfase à autenticidade,

embora na prática não se proporcione meios para sua construção. Fala-se em colocar máscaras sobre a face do nosso “verdadeiro eu” e em representar papéis que disfarçam nossa pessoa real. A implicação disso é que

em algum lugar, dentro de você e de mim, está escondido o nosso eu real. Supostamente, esse eu é uma realidade estática e estruturada e há momentos (às vezes muitos) em que me sinto impulsionado a escondê-la.

Estes são aspectos que definem minha pessoa em processo de mudança constante. Minha pessoa não é como uma estátua permanente e fixa: pelo contrário, ser pessoa implica um processo dinâmico e dialógico. Em outras palavras, se você me conheceu ontem, por favor, não pense que sou a mesma pessoa que você vai encontrar hoje! Experimentei um pouco mais da vida, encontrei novos sentimentos naqueles a quem amo, e naqueles a quem não amo também, sofri, rezei e estou diferente.

Muitas dores e cicatrizes humanas bloqueiam o caminho para uma verdadeira identidade. São as mesmas cicatrizes, as mesmas dores e medos que bloqueiam o caminho para a verdadeira comunicação sobre a qual o amor é construído.

Queremos, de forma bem sucinta, descrever

aqui como essas marcas e as defesas que usamos para nos proteger de uma vulnerabilidade maior tendem a formar em nós padrões de ação e reação. Esses padrões podem se tornar tão enganosos que acabamos perdendo todo o senso de identidade e integridade. Desempenhamos “papéis”, usamos “máscaras” e montamos “jogos”. Nenhum de nós deseja ser uma fraude ou viver uma mentira; nenhum de nós quer ser uma pessoa falsa ou fingida. Mas os medos que experimentamos e os riscos envolvidos numa auto comunicação honesta parecem-nos tão intensos que se torna quase uma ação reflexa e natural buscar refúgio em nossos papéis, máscaras e jogos (de forma tal que todos,

Na sociedade de hoje, nos mais diversos âmbitos, tem-

se dado grande ênfase à autenticidade, embora na

prática não se proporcione meios para sua

construção.

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sem exceção, em algum momento e de alguma forma, desempenham algum papel ou máscara!).

Depois de certo tempo, torna-se até mesmo difícil distinguirmos o que realmente somos do que mostramos ser, num momento qualquer de nosso desenvolvimento como pessoa. Este é um problema humano tão universal que podemos chamá-lo, com razão, de “a condição humana”, condição de toda pessoa em constante crescimento!

E aqui vale uma importante observação: é impossível citar o exemplo de uma pessoa inteiramente crescida porque cada um de nós deve crescer como pessoa, na SUA PRÓPRIA DIREÇÃO, e não tornar-se “como” outra pessoa.

Seguindo esse raciocínio o crescimento de qualquer relação interpessoal, como um reflexo do crescimento intrapessoal, só se dará na medida em que eu tiver a coragem de me desafiar a me dar conta dos “papéis” que exerço diante de cada pessoa e ousar dar um passo no sentido de abandonar os papéis que me impedem de estabelecer uma comunicação que seja verdadeiramente autêntica.

Todo e qualquer relacionamento humano só será bom – ou seja, autêntico – na medida em que for boa a comunicação aí existente!

Sendo assim, propomos aqui uma forma

diferente, talvez pra maioria ainda desconhecida, de entender as maneiras pelas quais se realiza o encontro interpessoal. Alguém distinguiu de maneira hábil que há diferentes níveis de comunicação através dos quais as pessoas podem se relacionar umas com as outras. Talvez possamos compreender melhor esses níveis se visualizarmos uma pessoa trancada numa prisão. Ela representa o ser humano pressionado por uma necessidade interna de ir ao encontro do outro e ao mesmo tempo temeroso de fazê-lo. Entendido assim, os diferentes níveis de comunicação significariam diferentes graus de disposição da pessoa para sair de si mesma e se comunicar com os outros.

O homem na prisão – e ele pode ser qualquer

pessoa – está encarcerado há muito tempo, apesar de as portas de ferro não estarem trancadas. Ele pode sair, se

quiser, mas durante o longo tempo de sua detenção, aprendeu a temer os perigos externos. Chega até mesmo a sentir uma espécie de segurança atrás dos muros de sua prisão, onde se mantém como um prisioneiro voluntário. A escuridão o protege de se ver com clareza; ele nem mesmo está certo de como seria sua aparência à luz do dia. Acima de tudo não está certo de como seria recebido pelo mundo que ele vê por trás das grades e pelas pessoas que se movimentam neste mundo. Fica dividido por uma necessidade quase desesperada de ir ao encontro daquele mundo e daquelas pessoas e, ao mesmo tempo, por um medo quase desesperado de ser rejeitado, caso abandone seu isolamento.

É esse o dilema visível e um tanto dramático

que todos nós experienciamos em algum momento de nossas vidas e durante o processo de nos tornarmos pessoa. A maioria emite apenas uma resposta fraca ao convite para o encontro com os outros e com o mundo. A razão para isso é que nos sentimos desconfortáveis quando expomos nossa nudez como pessoa. Alguns apenas desejam fazer essa viagem, enquanto outros encontram, de alguma forma, a coragem para percorrer todo o caminho.

E esse caminho, uma vez percorrido, por sua vez, pode conduzir à liberdade!

PARA REFLETIR

PESSOALMENTE E EM

FRATERNIDADE:

Tenho me esforçado

para construir uma comunicação

autêntica e verdadeira comigo

mesmo e com os irmãos/ãs?

Se me comparo ao

‘homem na prisão’, em que nível

de comunicação eu estaria,

entre estar totalmente preso e

totalmente livre para me

comunicar e me relacionar com

os irmãos?

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Emanuelson Matias de Lima (Elson) Subsecretário Nacional de Ação Evangelizadora da JUFRA do Brasil

Assessor Nacional de Arquivo e Memória da JUFRA do Brasi

Documentos Revelados:

Jufra foi investigada pela ditadura militar

ecentemente ficamos sabendo que a JUFRA foi objeto de investigação na época da

Ditadura Militar de 1964, isto graças às revelações das investigações impetradas após a instalação da Comissão Nacional da Verdade. A Comissão Nacional da Verdade foi instituída em 16 de maio de 2012, viabilizada pela lei Nº 12.528, de 18 de novembro de 2011. Tem a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas entre 18 de setembro de 1946 e 05 de outubro de 1988. Vários estados da Federação também instituíram Comissões Estaduais propondo-se em efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional. Além da realização de audiências públicas para tomada de informações, depoimentos e publicação de relatórios, as Comissões também utilizam a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527 sancionada pela Presidenta da República em 18 de novembro de 2011), que afirma em seu Artigo 21, Parágrafo único: “As informações ou documentos que versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso.”. A partir deste aparato legal vários Estados iniciaram então a digitalização e publicação digital dos arquivos relacionados à violação de direitos humanos no período ditatorial. Só no Estado de São Paulo já foram digitalizadas cerca de um milhão de páginas de documentação do extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops) que, além de trazer conhecimento ao público, para fins históricos e de pesquisa, também vão facilitar o trabalho de reparação da Comissão de Anistia. O site do Arquivo Público do Estado de São Paulo, na página “Memória Política e Resistência”, informa: “(...) é possível realizar a consulta de parte das fichas, prontuários e dossiês dos acervos DEOPS/SP, DOPS/Santos e DCS. As pesquisas revelavam as pessoas e organizações que foram alvo de vigilância

desses órgãos, ou, como ficou popularmente conhecido, quem foi “fichado” pelo DEOPS.”. O prontuário de Nº 002800, de 30 de maio de 1974, com o título de “Juventude Franciscana – JUFRA”, se refere à investigação confidencial da Polícia Militar, durante a Ditadura Militar, à Juventude Franciscana (JUFRA). O relatório cita a Juventude Franciscana de Vicente de Carvalho (JUFRA VIC) e a Juventude Franciscana da Igreja do Valongo (JUFRA Valongo). Segundo o documento, foram realizadas investigações na cidade de Santos-SP, pelo investigador Sebastião de Paula, encaminhada a José Aurélio Cardoso, delegado do DOPS. O documento de investigação possui 122 páginas, com vasta quantidade de anexos com os materiais de organização e formação da JUFRA do Brasil à época, como a edição dos Documentos Básicos (1973), Esquema Funcional, Manifesto da Juventude Franciscana, Organogramas de Hierarquias da JUFRA, Fluxograma de Implantação dos Núcleos da JUFRA, Organograma de Agendas da JUFRA, Cartilha de Treinamentos e Tirocínios da JUFRA e Endereços de Equipes-Pilotos da JUFRA do Brasil. O documento também cita a realização de reuniões da JUFRA em Santos-SP e a preparação de uma grande concentração em Santo André-SP, articulada com a JUFRA daquela cidade. O material contém nome e endereço do Secretário Executivo Regional da JUFRA da 8ª Região (São Paulo, Mato Grosso e Território de Rondônia) da época, Ozias Ferreira Siqueira, também fichado, sob prontuário de Nº 10.717, e da Secretária Nacional da JUFRA, Maria de Lourdes de Paula, residente em Ponta Grossa-PR.

R A investigação confidencial concluiu que: "(...) julga-se

conveniente a observação das atividades da JUFRA na área, bem

como contribuir-se para o não incentivo ao ingresso de jovens

nessa organização...".

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Vários trechos da documentação chamam atenção pelo teor do relatório, como esta afirmação em relação à JUFRA: “(...) é interessante que as atividades da organização passem a ser acompanhadas, pois dada a sua estrutura e poder de envolvimento psicológico do jovem, pode tornar-se perigoso instrumento de atividades subversivas no futuro, como ocorreu com várias organizações, entre as quais a AP (sic Ação Popular), que inicialmente

tinham finalidades salutares, mas que depois tornaram-se facções de cunho esquerdista.”. A investigação confidencial concluiu que: "(...) julga-se conveniente a observação das atividades da JUFRA na área, bem como contribuir-se para o não incentivo ao ingresso de jovens nessa organização...".

O prontuário policial com toda a documentação pode ser conferido neste link: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/upload/Deops/Prontuarios/BR_SP_APESP_DEOPS_SAN_P002800_

01.pdf

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http://jufraevangelizadora.blogspot.com.br/ Emanuelson Matias de Lima (Elson)

Subsecretário Nacional de Ação Evangelizadora [email protected]

Vivendo o Evangelho

A Jufra na Missão da Pastoral Social

“No campo da promoção humana e da justiça, as Fraternidades devem empenhar-se com iniciativas corajosas, em sintonia com a vocação franciscana e com as diretrizes da Igreja. Tomem posições claras quando a pessoa humana é ferida na sua dignidade em virtude de opressão ou indiferença, qualquer que seja sua forma. Ofereçam seu serviço fraterno às vítimas da injustiça.”

(Constituições Gerais da Ordem Franciscana Secular, Art. 22, Nº 2)

“Pastoral Social” é a solicitude da Igreja para com as questões sociais, é a presença solidária da Igreja junto às pessoas e situações

onde a dignidade e a vida são negadas ou ameaçadas, é a sensibilidade para com as pessoas mais sofridas e abandonadas. A Pastoral Social, seguindo o caminho de Jesus Cristo, expressa o amor de Deus pelos pobres e excluídos. A Igreja através destas Pastorais e Organismos responde à missão, que é constitutiva da sua identidade, de estar com os fragilizados. Em comunhão com a missão maior da Igreja buscam o fortalecimento e o diálogo para que a missão seja plena de êxito no propósito de cuidar e defender a vida. Queremos, neste texto, apresentar as bases históricas da Pastoral Social, na Igreja do Brasil e, ao mesmo tempo resgatar o sentido da mesma e sua importância para nós, Juventude Franciscana, que queremos marcar nossa presença como membros do Povo de Deus. E, para isto, se faz indispensável refletirmos qual o nosso papel diante da ação pastoral da Igreja e qual o nosso real comprometimento frente a este meio de evangelização neste ‘jeito de ser Igreja’, no Brasil.

Um pouco da História...

Nos anos 60, o Brasil vivia no contexto da Ditadura Militar, período de destaque do papel da Igreja na defesa dos Direitos Humanos, reforçado pelos apelos do Concílio Vaticano II com a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, considerada a “Carta Magna” da Pastoral Social. A Conferência dos Bispos da América Latina, em Medellín, em 1968, alertava: “os pobres do Continente Latino Americano clamam por Justiça!”. Os religiosos/as e leigos/as também começavam a entender sua missão de “ir ao mundo dos pobres e levar-lhes a esperança.” Os gritos dos camponeses e indígenas encontram eco nas Assembleias da CNBB. Chega à tona as denúncias sobre o trabalho escravo, feitas por Dom Pedro Casaldáliga. São escritos três documentos importantes assinados por bispos, superiores religiosos e missionários: 1) “Eu ouvi o clamor do meu povo”, sobre a realidade do Nordeste; 2) “A marginalização de um povo: O Grito das Igrejas”, sobre o Centro-Oeste; e 3) “Y-Juca Pirama – o índio que deve morrer”, sobre a problemática indígena. O surgimento das primeiras Pastorais Sociais se dá no início dos anos 70, com a criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Eram a resposta ao processo colonizador da Amazônia. Surgiram a partir da consciência da insuficiência das mediações do

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trabalho social na Igreja Católica para dar conta, na época, dos novos problemas que atingiam amplos setores da sociedade brasileira. A consciência da missão exigia responder aos desafios que os povos indígenas e camponeses enfrentavam na Amazônia, região que a ditadura militar estava “integrando ao progresso nacional”. Os novos desafios e as novas Pastorais, nascidas como serviço ligado às comunidades, apontam algumas tarefas: Aprofundar o atendimento aos pobres tendo presente a recuperação da cidadania e garantia dos direitos básicos e responder ao desafio do empobrecimento no campo e nas cidades causados pelas mudanças no modelo agrícola. Seguiu-se então o desenvolvimento histórico da Pastoral Social ao longo das décadas seguintes, onde cada uma se apresentará com suas particularidades em relação ao surgimento e fortalecimento de ‘novas frentes’ de trabalho social. Quanto aos passos dados ao longo destas décadas, poderemos aprofundá-los posteriormente. Para o momento seria importante,

sem dúvida, destacar que foi em 1979, na Conferência de Puebla, onde a Igreja reafirmou sua opção evangélica pelos pobres e pastoral pelos jovens, que também se afirmou o método VER, JULGAR e AGIR, também utilizado por nós da JUFRA.

Uma identidade pastoral

Para a Igreja, a caridade não é uma espécie de atividade de assistência social que se poderia mesmo deixar a outros, mas pertence à sua

natureza, é expressão irrenunciável da sua própria essência. O amor tem necessidade também de “organização enquanto pressuposto para um serviço comunitário ordenado” (Deus Caritas Est). A ação social é considera atividade que tem implicância e relevância na sociedade nos níveis diferenciados: local, regional e nacional. A ação pastoral é uma ação social pelas implicâncias da prática nos locais e sugere a ideia da Igreja inserida no mundo e nas lutas do ser humano quando fragilizado. Uma prática pastoral que não tem relevância na sociedade perde o seu aporte na prática de Jesus, pois a ação do mestre de Nazaré era social (Lc 4, 16-20). Pela pertinência social faz-se uma ação política, no sentido em que busca o “bem comum”. A partir da identidade da pastoral social compreende-se de que todos merecem viver com dignidade e a situação da maioria da população indica a não vivência deste princípio.

A missão da Pastoral Social Trata-se da organização de serviços que garantam a vivência de uma dimensão essencial da missão da Igreja, a prática do amor aos pobres e a todas as pessoas que sofrem injustiças. Assumindo com nova força essa opção pelos pobres, manifestamos que todo o processo evangelizador envolve a promoção humana e autêntica libertação sem a qual não é possível uma ordem justa na sociedade. (Documento de Aparecida, 399) A Constituição Pastoral Gaudium et Spes dá uma excelente lição: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles e aquelas que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos e discípulas de Cristo”. A missão da Pastoral Social se coloca nas fronteiras da evangelização, no mundo dos pobres e marginalizados. Aqui, vale destacarmos que assumir estes sentimentos presentes na condição humana condiz de modo muito particular com nosso carisma, que vê no outro um Dom de Deus, revelado a “mim” como expressão de fraternidade, segundo a experiência feita pelo próprio Francisco de Assis. Acolher as alegrias e esperanças,..., assumindo-as como nossas – nós que somos discípulos e discípulas do Cristo pobre e Crucificado-Ressuscitado de São Damião – é levar a bom termo a nossa ação evangelizadora. A propósito, este mesmo trecho acima, da Gaudium et Spes, é citado na “Carta de Guaratinguetá: A JUFRA que queremos ser!”. Neste importante Documento para a JUFRA do Brasil reafirmamos nosso firme propósito de sermos presença fraterna e solidária entre aqueles que mais precisam e com os quais podemos aprender a viver o Evangelho. Por fim, gostaríamos de apresentar aos/às jovens das diversas Fraternidades da JUFRA, espalhadas por tantos lugares do Brasil, algumas atribuições que podem ser apontadas como que ‘ações próprias’ do agir na Pastoral Social. Estas ações, na verdade, se apresentam aos que assumem uma Pastoral Social específica, por exemplo, como verdadeiras tarefas através das quais nós, enquanto Juventude Franciscana, podemos testemunhar e anunciar nosso carisma franciscano, se soubermos entender a nossa

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participação nas Pastorais Sociais como um meio de realizar nossa Ação Evangelizadora.

As tarefas para as Pastorais Sociais: 1. Inserção, articulação: integração crescente entre as várias pastorais sociais. A possibilidade de ter ações combinadas, no sentido de concretizar o espírito de uma pastoral “orgânica e de conjunto”; 2. O leque de parcerias nas Campanhas da Fraternidade, nas Semanas Sociais Brasileiras, no Grito dos/as Excluídos/as, na Assembleia Popular, entre outros; 3. A metodologia de trabalho - Conjugação de eventos nacionais com infinitas manifestações locais. Podemos falar, efetivamente, em um grande “mutirão nacional”. Apesar das diferenças, foi possível unir esforços em ações conjuntas. Daí o caráter amplo, plural, aberto, democrático, ecumênico e participativo das iniciativas; 4. A participação popular, os plebiscitos, as leis de iniciativa popular; 5. O protagonismo dos excluídos, com atividades e reflexões que crescem a partir das bases. O protagonismo dos excluídos caminha lado a lado com o protagonismo dos leigos e das mulheres;

6. Inserção sócio-política: O seguimento de Jesus tem desdobramentos sócio-políticos intransferíveis. Relacionar a ação localizada com uma visão global; 7. A espiritualidade libertadora, vivida no conflito e na gratuidade.

Uma espiritualidade revigoradora A espiritualidade da Pastoral Social está enraizada na realidade que nos cerca, alimentada da Oração, da Palavra e da Eucaristia, vivenciada na Mesa... são pastorais conduzidas por gente de fé, de afetos, de amizades, de alianças... Da Estrada, a missão de Jesus se efetivou na Estrada – neste lugar ele revelou-se e revelou o seu projeto. A Juventude Franciscana que queremos ser, atenta aos sinais dos tempos e dos lugares, prossegue nesta missão, cantada no Hino dos 40 anos: “construindo o Reino nos caminhos da História, como Francisco e Clara viveram...”.

Coautoria Fr. Wellington Buarque, OFM Assistente Espiritual Nacional

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http://www.dhjupic.blogspot.com.br/ Igor Guilherme Bastos

Sub. Nacional de Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade da Criação [email protected]

Um caminho de vida

ais do que uma atividade ou um compromisso, Justiça, Paz e Integridade da Criação, na

realidade, são dimensões do carisma franciscano. Não podem ser separadas do ser franciscano. A vida Franciscana é um modo de ser no mundo. Francisco em seu processo de conversão abraçou o leproso, e como ele mesmo disse em seu Testamento, aquilo que era amargo se tornou doçura do coração. Nascia uma nova lógica de viver e encarar a vida. O jovem Francisco deixou a loja de se pai, Pedro Bernardone, rico comerciante, e com isso sua herança e o dinheiro. Abraçou uma vida pobre e simples. Tornou-se, por amor a Cristo, solidário com os leprosos, os últimos da sociedade de seu tempo. Movido pela fé passou a enxergar nos pobres a presença de Cristo e de Maria sua mãe. Francisco não só buscou solidarizar-se com o pobre, mas superou a própria solidariedade, tornou-se pobre. Identificou-se com os pobres por amor ao presépio e à cruz. Deixando tudo, Francisco é um sinal de Justiça no mundo de hoje, onde a propriedade privada é base de toda injustiça. Sem nada de próprio ele descobriu a natureza como irmã e foi capaz de reconhecer a integridade de toda criação. Francisco se descobriu como criatura em meio às criaturas. Aí então o abraço ao leproso e se abriu em um grande abraço, uma abraço cósmico. Para ele a Justiça não se limitava ao social, mas tinha implicações com a vida de todos e de tudo. Francisco viveu a justiça ambiental e a exprimiu de forma maravilhosa no Cântico das Criaturas, onde cada elemento da natureza tem sua dignidade e valor. Expressou essa dignidade a tal

ponto, nesse cântico, que para ele a terra é nossa mãe, que nos sustenta e governa. A sustentabilidade da vida, para Francisco, não era a sujeição da natureza aos caprichos da exploração humana, mas sim a integração da humanidade à dinâmica da vida, que deve ser cuidada e respeitada, louvando nela o Criador. Esse abraço humano e cósmico fez de Francisco um construtor da Paz. Como incansável construtor da paz foi ao encontro do Sultão, durante as cruzadas, estabelecendo entre eles um amoroso diálogo. Francisco nos mostrou, no episódio do lobo de Gúbio, que a Paz é fruto da justiça. E acima de tudo, Francisco propôs uma vida em fraternidade. Portanto, antes de tudo, a Justiça, Paz e Integridade da Criação se constituem em uma maneira de viver. As ações, as lutas e os compromissos que iremos assumir serão respostas do viver o nosso carisma franciscano, diante dos desafios dos dias de hoje. Numa sociedade onde a dignidade da maioria das pessoas é desrespeitada, onde a natureza se torna cada vez mais mercadoria nas mãos de uns poucos e onde a violência se instituiu como caminho para dominação e exploração, Francisco se faz menor, para que outro (humano ou não) possa se revelar em toda sua dignidade.

M Deixando tudo, Francisco é um sinal de Justiça no mundo de hoje,

onde a propriedade privada é base de toda injustiça.

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Maria Aparecida P. Brito, OFS/JUFRA Subsecretária Nacional de Finanças

[email protected]

Importância da Contribuição

Fraterna para as Fraternidades

onscientização é uma das palavras chaves no que refere-se à contribuição

fraterna. Conscientizar é tomar consciência de algo; tomar conhecimento; tornar-se consciente. Nesse tema, vamos juntos começar a relembrar e/ou tomar consciência de algo importante em nossas fraternidades que por várias vezes passa desapercebido ou sem a devida atenção. Qual é a importância da contribuição fraterna? Poderíamos citar outros sinônimos para a contribuição nas fraternidades como, por exemplo, doação, partilha, responsabilidade, compromisso, colaboração, trabalho... A Juventude Franciscana é constituída por jovens que, chamados ao carisma franciscano, aprofundam a vocação cristã e secular na vivência em fraternidade. E, uma das melhores formas de entender e explicar esse tema é quando lembramos da vida simples e pobre de Francisco de Assis. Uma vez que nos inspiramos no exemplo desse homem, temos que observar todo o desapego, a partilha, a simplicidade que ele ensinava e ensina aos seus seguidores. E mais ainda! Francisco não estava fazendo algo de sua cabeça, mas viveu e seguiu o Evangelho. Jesus Cristo foi o maior de todos os exemplos, ensinou-nos a partilhar, a multiplicar no pouco, a termos nada mais do que o necessário para a vida. Assim, nós como jovens franciscanos(as) entendemos que a importância de contribuir está em poder partilhar em fraternidade. Partilha essa que deve ser em benefício de todos(as) os(as) irmãos e irmãs. É uma das nossas práticas evangélicas e, por consequência, franciscana. Portanto, quando contribuímos fraternalmente estamos doando um pouco de nós para o outro, assim como recebemos um pouco do outro para nós. Na soma final se dá a concretude que poderemos chamar de amor, de vivência em fraternidade. Alguém pode perguntar-se: a contribuição é apenas em dinheiro?

Procuremos antes entender que, para uma organização humana funcionar, temos gastos financeiros. Porém, o gasto não pode NUNCA sair apenas de uma só pessoa, pois, se for assim, só participariam da JUFRA aqueles que possuem algum tipo de renda. Não podemos pensar dessa forma. Por isso, temos a partilha, a contribuição de cada irmão e irmã, ou seja, todos colaboram um pouco para que aquela determinada atividade seja desenvolvida. Todos doamos e fazemos assim a multiplicação do pouco. É claro que na forma real de despesas, essas são pagas em dinheiro, pois temos as próprias atividades que a fraternidade local se propõe a fazer; as visitas que os secretariados regionais e nacional precisam realizar; as reuniões e encontros que os(as) irmãos e irmãs participam, entre outros. A partir do conhecimento de que a JUFRA se organiza em fraternidades local, regional, nacional e internacional, sabemos que estes são formados por secretariados eleitos. Irmãos e irmãs que independentemente de sua condição financeira, se dispõem por determinado período ao serviço voluntariado daquela função em que foi eleito(a). No nosso estatuto nacional, a contribuição fraterna é a base econômico-financeira do funcionamento da JUFRA. A solidez desta base encontra-se na corresponsabilidade dos próprios jufristas, membros ativos das fraternidades. Por isso, ressaltamos a importância de conscientizar a contribuição fraterna na fraternidade, pois esse é o maior meio de receita da JUFRA. Mas, e aquele jufrista que de repente naquele momento não tenha o dinheiro para doar? Precisamos a partir do conhecimento de cada realidade, partilhar mais ainda, ou melhor, ter a sensibilidade de ver as dificuldades de cada irmão(ã), principalmente daqueles jovens que não têm

C É importante usar a criatividade, procurar juntos outros meios

que não seja apenas o que cada um partilha do seu bolso.

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oportunidades no mercado de trabalho. Sabemos também que a JUFRA é constituída, na maioria das vezes, de jovens que apenas estudam e dependem dos pais. É importante usar a criatividade, procurar juntos outros meios que não seja apenas o que cada um partilha do seu bolso. Existem muitas outras maneiras que são praticadas e sabemos que dá resultado. É preciso "colocar a mão na massa"! Porém, vamos deixar essa parte par outra oportunidade. Destacamos que cada um de nós faz a JUFRA acontecer, como organização espalhada por todo o Brasil. Somos nós, jovens franciscanos(as) inspirados pelo Espírito Santo de Deus, que mantemos cada fraternidade viva e reanimada em suas atividades, atos, encontros, reuniões, passeios...

"A contribuição fraterna também é um ato de

responsabilidade, desapego, obediência e amor

a fraternidade"

Outras Informações Disponibilizo meus contatos pessoais e disponho-me para qualquer esclarecimento, dúvida, crítica ou sugestão: Maria Aparecida P. Brito, OFS/JUFRA Subsecretária Nacional de Finanças [email protected] (11) 97636-8773 claro e (11) 3781-8552 Dados para Deposito: Banco Itaú Agência: 7859 Conta Poupança: 05826-0/500 Favorecido: Sandolini Braga

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Entrevista concedida a Emanuelson Matias

Nossa entrevistada:

Carmem Lucia Teixeira

sta conversa pede uma apresentação, creio que o que me define como pessoa é o nome – Carmem Lucia Teixeira, fala de jardim, de luz e de família. Poderia dizer

que é uma boa síntese de uma pessoa que há mais de 30 anos trabalha, estuda, reflete, caminha ao lado da juventude deste continente Latino Americano. Trilhei pela Sociologia como formação com foco em situações da juventude – trabalho, grupo e participação política. Assumi como Igreja vários serviços de modo especial na assessoria em vários níveis – Arquidiocese de Goiânia, Regional Centro Oeste, na CNBB Nacional no Setor de Juventude e no CELAM assessoria sobre o tema da juventude. Acompanhamento desde a pessoa do jovem e suas organizações, tanto na Igreja como na Sociedade: foi e é lugar de aprendizagens cotidiano.

CNF: Qual o papel da juventude cristã na sociedade? E qual a importância de suas organizações sociais e pastorais? Nós cristãos/as temos uma missão – viver como testemunhas do Ressuscitado. Gente que não paralisa diante da morte, por isto, gente da esperança. Por esta razão, muito mais que fazer, somos convocados/as a ser esta presença amorosa do Deus de Jesus em um mundo em mudança, em uma sociedade que está organizada para poucos, onde muitos vivem o processo de exclusão todos os dias. Por isso,

testemunhamos o extermínio da Juventude, de modo visível negra de periferia. Eles/as não interessam ao mercado, ao sistema que tem o único objetivo – o dinheiro – por isto, podem ser eliminados. E como nós temos que agir? Imitar Jesus. Em sua ação sempre tocou nas estruturas de morte, sejam elas da cultura, da religião, da economia. Sempre anunciou o Reino da Vida e agiu sempre anunciando esta Utopia. A prática de Jesus está organizada em comunidade, por isto, sempre organizou grupos. Assim, também, nós temos que estar em todos os espaços da sociedade, da cultura, da Igreja e

ali, sermos gente da misericórdia, gente que cuida da vida, sermos profetas e profetizas da esperança, ou seja, aqueles/as que denunciam tudo que é contra o Reino. A ação nossa como cristãos está na vida, nas situações onde esta está ameaçada. Por esta razão, a Igreja, a comunidade com nossos grupos são espaços para alimentar o nosso agir. Não somos cristãos

e cristãs porque estamos frequentando uma Comunidade ou um grupo, somos cristãos e cristãs quando atuamos como irmãos e irmãs, filhas do mesmo Pai, irmanados em Jesus, defendemos a vida – curamos as feridas, participamos da política, criando grupos, defendendo as causas da humanidade e do planeta. Pastorais são ferramentas, espaços onde nos fortalecemos para transformar a realidade de morte, em vida. Onde nos organizamos como testemunhas do ressuscitado. CNF: Quais os desafios da Igreja para compreender o jovem moderno? E, neste sentido, como avalia o ano de 2013 para a Juventude no Brasil? a. O primeiro desafio está em nosso modo de olhar. Não dá para falar do jovem, mas dos diversos jovens a partir de suas condições sociais, econômicas, culturais, sexuais, religiosas. Depois considerar que esta geração faz parte de uma cultura em mudança, o sistema patriarcal não é mesmo de 10 anos atrás. Basta examinar a educação que as famílias têm oferecido. Elas primam em formar

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pessoas com capacidade de escolha, com divisão de tarefa no cuidado da casa na maioria das famílias, as mulheres assumiram papéis diferenciados, mesmo que ainda tenhamos que avançar e muito, porque o número de mulheres agredidas, assassinadas dentro das famílias ainda é escandaloso. b. A juventude neste país já participou do processo de duas conferências nacionais, apontando as necessidades urgentes para as políticas públicas, organizou o Conselho Nacional e aprovou o Estatuto da Juventude. c. O ano de 2013 foi chamado pela hierarquia da Igreja como o Ano da Juventude e vários eventos tiveram a juventude como tema. Podemos nos perguntar como Igreja se nosso olhar, nossa postura e nosso compromisso se converteram na direção de garantir mais vida para a juventude! Os espaços de participação estão garantidos? A voz da juventude está sendo ouvida? Os espaços de poder na Igreja incluíram jovens para contribuir nas decisões? Os jovens estão se encontrando como grupo? O acompanhamento oferecido contribui para a sua autonomia? Penso que estes critérios de avaliação dirão da qualidade dos eventos que foram ou tiveram os jovens como ator. Creio que se observarmos estas mudanças na Igreja e na Sociedade podemos dizer que fez diferença, caso contrário, foram eventos midiáticos, com grande movimento de pessoas, porém com pouca capacidade de alterar a realidade da juventude. CNF: A JUFRA do Brasil está num processo de reformulação de seu caminho formativo (2012/2014). Quais elementos devem ser considerados na formação da juventude cristã? Três elementos são sempre centrais no planejamento: o ponto de partida é sempre o que temos, com quem contamos e quais as situações que nos desafiam na

vida da juventude. O segundo é o ponto de chegada: onde queremos estar daqui a dois anos, três anos, cinco anos? Que critérios? Que alterações queremos provocar tanto na qualidade como na quantidade – lideranças, grupos, etc. E o terceiro elemento é o processo: como articular as ações que desenvolvemos em um processo que considere a situação inicial e a situação final que propusemos para caminhar. Por esta razão, evitar eventos, atividades isoladas, pensar um caminho de aprendizados que parta da ação e reflexão e retorne sempre para uma nova ação, agora refletida. CNF: Em temos de método, metodologia, conteúdos, no processo formativo da juventude, quais experiências, em nível de Brasil e América Latina, inclusive em torno de critérios e temáticas, as organizações da juventude cristã devem ter como orientação? Já tratei do tema na questão anterior. Creio que a metodologia responde pelo caminho que desejamos percorrer, porém, sempre partindo da realidade, das questões da vida da juventude, das situações que nosso olhar pastoral, cuidadoso, do Mestre de Nazaré, nos indica. A metodologia também nos indica que nossa ação não é neutra. Como afirma o pedagogo Paulo Freire, neutralidade significa defesa do que está posto. Método é caminho, escolher o caminho do amor, da amorosidade, do cuidado com a outra pessoa, de desejar que a outra pessoa cresça. João

Batista apresenta Jesus assim. O método de ensino de Jesus é o seguimento, como escola, para formar discípulos. Nossa metodologia de formar pessoas comunitárias passa pelo grupo, por uma mística do caminho, da festa, da dança, da celebração da vida... Creio que o livro Civilização do Amor – Projeto e Missão nos indica este caminho dos conteúdos, da espiritualidade, da pedagogia. Este material é uma síntese de 30 anos, por isto, temos aprendido a construir, materiais que nos aproximam da formação integral, dos processos, da espiritualidade e da organização da juventude como Igreja Jovem. CNF: Na caminhada formativa da juventude, e com a juventude, que papel exerce a assessoria e acompanhamento aos jovens? Que caminhos o/a assessor/a deve trilhar para não ferir o protagonismo juvenil? O acompanhamento é algo que está em toda a nossa vida. Se pensarmos em uma criança que aprende a andar, a situação exige todo o tempo alguém que a acompanhe nesta aventura de andar. Observe que o resultado final é que ande com suas próprias pernas. Quem acompanha precisa oferecer apoio, segurança, confiança para que aprenda e entenda de ritmo, etc. Aquela

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pessoa que se dispõe acompanhar a juventude, antes de qualquer coisa, precisa desejar que este jovem seja sujeito de sua história. Por isto, amar o suficiente para que esta pessoa que está sendo acompanhada cresça. Por isto, aproximar e distanciar, atenção com o projeto de vida pessoal e comunitário, com a história, com a participação, com os valores... O cuidado da assessoria, aquela pessoa que acompanha, é conhecer a juventude, não somente a pessoa, mas quais são as situações e condições da juventude do lugar onde ele ou ela acompanha. Estudar para compreender, amar para aproximar e ser reconhecido pelo sujeito jovem.

CNF: Qual a mensagem que você deixaria para os jufristas do Brasil, inclusive em nível de aconselhamento pastoral? Uma Igreja jovem reformada é a tarefa daquelas pessoas que vão seguir Jesus a partir do carisma de São Francisco. Por isto, uma Igreja Jovem que renova a vida comunitária, que cuida da vida do planeta que defende os pobres deste sistema que tem o dinheiro como centro, como já disse o Papa Francisco. Tenho a impressão de que a fala do Papa aos jovens argentinos é muito boa – “Façam bagunça, revolucionem, saiam para as ruas... E eu lhes digo, obedeçam estas palavras, sejam testemunhas da alegria, da simplicidade e do cuidado com os

irmãos e irmãs necessitados.”. CNF: Caso queira acrescentar alguma coisa, pode ficar à vontade. Vivi quando jovem uma experiência de juventude franciscana, por estar em uma comunidade de Frades Franciscanos e foi muito importante para minhas escolhas na vida. Olho e gostaria que muitas coisas fossem diferentes. Por isto, hoje vocês têm a oportunidade de fazer melhor, com mais radicalidade os ensinamentos de Francisco de Assis, que tem tanta coisa para nos dizer.

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Ana Carolina Miranda Coordenadora Local do Encontro

Subsecretária Nacional de Formação [email protected]

artilha, fraternidade, alegria, cultura, troca, fé, perseverança, superação,

conquistas... Difícil encontrar palavras que descrevam plenamente a experiência que vivemos no último mês de julho. Desde a Jornada Mundial da Juventude da Espanha, sabíamos que seríamos responsáveis por acolher a Fraternidade Internacional da Juventude Franciscana (JUFRA) no Brasil. O Encontro, que acontece a cada dois ou três anos, sempre por ocasião da JMJ, aconteceu em sua sexta experiência no Brasil. Já tendo acontecido em Roma, Colônia, Alemanha, Madrid, entre outras cidades, a cidade escolhida no Brasil foi São João del Rei, Minas Gerais, pela relativa proximidade com o Rio de Janeiro e por sua tradição franciscana. Sabíamos que seria uma responsabilidade grande e um desafio único, mas abraçamos a causa de receber jovens do mundo todo que vivenciam o mesmo ideal de vida: seguir Cristo, a exemplo de Francisco e Clara de Assis, como leigos.

Após mais de um ano de preparação, acolhemos entre os dias 19 e 22 de julho, cerca de 200 participantes de 19 países! Guine Bissau, Argentina, El Salvador, Chile, Paraguai, Venezuela, Coreia do Sul, Costa Rica, França, EUA, Colômbia, Cabo Verde, Croácia, Lituânia, Panamá, Bolívia, Espanha, México e Brasil (em seus diversos Estados: Pará, Piauí, Paraíba, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul). Ainda a presença do CIOFS (Conselho Internacional da OFS, do qual faz parte a Comissão Internacional da JUFRA), Secretariado Fraterno Nacional da JUFRA do Brasil, OFM, OFMCap e OFMConv, Religiosos e religiosas da TOR (Terceira Ordem Regular), Ministro Nacional da OFS e diversos irmãos da OFS do Brasil. Este encontro pôde ser considerado uma grande oportunidade de fortalecer nossos laços de união e diversidade, além de um momento formativo marcante para todos os participantes, já que partilhar

experiências enquanto fraternidades nacionais muito contribui na reflexão da nossa própria caminhada e nos anima a perseverar nos passos de Cristo, a exemplo de Francisco e Clara. Entre os momentos que marcaram o acontecimento tivemos as celebrações na Igreja São Francisco (abertura e encerramento), o Lucernário, na Igreja de São Gonçalo, e o Festival das Nações, com apresentações culturais dos diversos países presentes, além da partilha de experiências das fraternidades nacionais dos diversos continentes, que permearam todo o Encontro. De São João del Rei, os jovens seguiram para o Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude. Em nome da Jufra do Brasil, agradecemos a todos os que contribuíram para a realização desse encontro, especialmente aos religiosos, irmãos da OFS e jufristas que se colocaram a serviço, construindo conosco esse momento tão importante para a Jufra do Brasil e do mundo.

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Mayara Ingrid Sousa Lima, OFS/JUFRA Secretária Fraterna Nacional da JUFRA do Brasil

[email protected]

Juventude Franciscana do Brasil na Jornada Mundial da Juventude: Presença Franciscana na JMJ; Tenda das Juventudes e Marcha Mundial das Juventudes.

Sempre que falávamos em Jornada Mundial da Juventude refletíamos se os jovens que estariam presentes conseguiriam compreender os reais objetivos que devem impulsionar a reunião de jovens católicos do mundo inteiro com realidades culturais, sociais e religiosas tão diversificadas. Será que perpassava pela mente de nossos jovens que uma jornada representa um momento de revelarmos para o mundo nosso protagonismo juvenil? Quais são nossas realidades, nossas inquietações, nossos desejos e desafios? E assim colocar no centro o jovem, a partir da afirmação de uma Igreja que fez uma opção preferencial pela Juventude. Foi com essas inquietações que a Juventude Franciscana chegou ao Rio de Janeiro, e não veio sozinha, trazíamos conosco os anseios, gritos e lutas de todas as juventudes. A cada celebração que participávamos, quando encontrávamos nas ruas, no metrô ou no sambódromo os jovens de todos os continentes vinham a expectativa e a esperança de que ali estivesse representado o rosto de nossa Igreja. Ficava o desejo de que as mesmas inquietações que pairavam em nossa mente fossem também as perguntas, muitas vezes sem respostas, de todas essas juventudes. O primeiro ponto de encontro foi o Espaço Franciscano onde

apresentamos à nossa família os rostos e realidades das juventudes. O Francisco que acolhe a diversidade e respeita as diferenças, que dialoga com todos, transmitindo uma cultura de paz e vivenciando a fraternidade universal. No jeito simples e alegre do franciscano vivenciamos todos aqueles dias, onde não existia hierarquia, o maior ou o menor, todos como membros de uma única família que deseja construir a “civilização do amor, da paz e da fraternidade”. O espírito do pobrezinho de Assis era também vivenciado pelo Francisco de Roma. E aí se revela a figura do Papa Francisco, que com seus pequenos gestos e atitudes desejou transmitir a todos jovens presentes, espremidos entre as ruas e avenidas para tentar tirar uma foto ou entregar um presente, que o centro não estava nele, mas no algo maior que nos reúne em torno de um único ideal, construindo unidade na diversidade... É Cristo que nos une. E foi isso que Francisco nos disse em cada olhar, gesto e palavra. Enquanto o mundo diz a nossa juventude que devem caminhar em torno do centro, ele nos mandou ir para periferias; enquanto a sociedade nos imprime um cruel mercado consumista e egoísta, ele nos pediu para cuidar uns dos outros; enquanto nos pedem para nos fecharmos em nossos quartos, ele nos pediu para

irmos para ruas; enquanto nos chamam de passivos e alienados, ele nos convocou a sermos revolucionários. E foi com essa certeza que fomos à periferia junto com vários parceiros fazer acontecer a Tenda das Juventudes, um espaço de comunhão, onde poderíamos discutir, dialogar e apontar soluções para os problemas que atingem as juventudes e o mundo. Onde também bailamos ao som das cirandas e vivenciamos a Mística dos Mártires da Caminhada. Fomos também às ruas para Marcha Mundial das Juventudes... Jovens em marcha dizendo: “Chega de Violência e Extermínio da juventude”. Obrigada, Francisco, por apontar que estamos no caminho certo! Se aqueles três milhões de jovens presentes com tanto vigor na praia de Copacabana tiverem saído das suas casas com as mesmas inquietações que as nossas, devem ter compreendido a verdadeira mensagem dessa Jornada, expressa tão claramente por Francisco... Se a semente caiu em terra boa, ela dará bons e verdadeiros frutos. Se nossos ouvidos estavam abertos para a mensagem, ela será compreendida pelas nossas juventudes. Dancem sim, cantem sim, se alegrem sim, mas também lutem, questionem e construam a “civilização do amor”!

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Gésus De Almeida Trindade Subsecretário de Formação – Regional NEB4

Os ensinamentos do Papa Francisco

“A gente pode ser muito mais feliz, seguindo o exemplo de Francisco de Assis.”

visita do papa Francisco foi marcada por inúmeras emoções, com muita simplicidade e humildade ele pediu licença para entrar nos corações dos brasileiros, ressaltando que não tinha nem ouro e nem prata, porém trazia o essencial para todos que desejam viver uma vida pacífica, fraterna, justa, igualitária e solidária: Jesus Cristo, o verdadeiro amor. O pontífice demonstrou que pessoas comuns

podem ajudar muito na construção de um mundo mais fraterno, não doando, simplesmente, os bens materiais, e sim participando, envolvendo-se no debate e refletindo o que acontece no mundo. Pensando no futuro da nova geração.

Ele nos ensinou a lançar um olhar sobre o próprio mundo, registrar o que há realmente para ser registrado,

entender e respeitar as diferenças culturais, mas sem fechar os olhos às necessidades básicas do outro, deixar de ter o olhar seletivo e passar a enxergar aquilo que não queremos enxergar. Esse olhar cuidadoso o pontífice dirigiu aos nossos irmãos que estão esquecidos pelos poderes públicos, os usuários de drogas. Comentando: É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor. Por isso, é importante desenvolver a consciência crítica, a imaginação, conhecer a nossa história, ampliar horizontes, abrir possibilidades e interagir com um mundo que nos rodeia. Para, dessa forma, procurar ajudar os irmãos que estão vivendo no mundo obscuro e precisam tanto da ajuda da sociedade.

Jesus Cristo através dos seus ensinamentos foi e continua sendo luz para muitas pessoas que vivem no

obscuro. E o Papa Francisco pediu para que todos os cristãos levassem luz da fé para o mundo: Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade. Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a sociedade.

O papa convida aos jovens a terem mais fé no que ele

tem mais de precioso, Jesus Cristo: “Bote fé e a vida terá um sabor novo, a vida terá uma bússola que indica a direção; bote esperança e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; bote amor e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. Bote fé, bote esperança, bote amor! Todos juntos: Bote fé, bote esperança, bote amor! O jovem, evangelizado e consciente da sua vivência pessoal com Cristo, deve sentir-se enviado a este mundo para que, com seu jeito e maneira de pensar, ajude naquilo que pode.”. O jovem não é convocado, simplesmente, a transformar o mundo, mas sim ajudar na transformação dele. O jovem deve defender esses valores que, no fundo, ele acredita, mas que nem sempre consegue viver numa sociedade da contradição.

O papa Francisco demonstrou para o mundo a

necessidade de acreditar e apoiar a juventude, nas suas potencialidades, incentivando-a para que batalhe por seus sonhos e por seus ideais. Para tanto, é crucial investir na formação para a cidadania crítica e participativa, tornando-a capaz de interferir criticamente na realidade em que está inserida. Ele ensinou a todos, independente de convicção religiosa, a olhar e não simplesmente a enxergar o próximo. E convida os jovens a serem protagonistas da construção de um mundo mais solidário e menos desigual. A juventude agradece ao Papa Francisco por trazer e demostrar Jesus através de atos de humildade, simplicidade e alegria.

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Envie sua sugestão para o e-mail da Equipe de Formação Nacional: [email protected] A partir desse Caderno de Formação, indicaremos livros que podem auxiliar nossos jufristas e as

fraternidades em geral a se formarem!

Jesus – Formando e Formador (Carlos Metsers)

A realidade complexa e conflituosa do tempo de Jesus teve influência decisiva sobre a formação que ele recebeu em casa e na sua comunidade em Nazaré, e condicionou também a atividade formadora do próprio Jesus com seus discípulos e discípulas. Neste livro Mesters apresenta uma visão de conjunto do processo de aprender e ensinar em que Jesus forma e é formado no dia-a-dia dos pobres de seu tempo.

Estudos da CNBB – Pastoral Juvenil no Brasil – Identidade e Horizontes

O presente subsídio tem como objetivo ser um instrumento atualizado para motivar, esclarecer e orientar à evangelização dos jovens, auxiliando na condução efetiva dos trabalhos pastorais e estimulando o olhar para além dos limites das estruturas eclesiais.

Ovelha ou Protagonista? (Renold J. Blank)

Quando Renold escreveu o presente livro, alguns de seus amigos lhe desaconselharam a publicá-lo dizendo que era perigoso e que a igreja não permite e não aceita tais reflexões. Para Renold, a igreja é aquilo que a água é para o peixe; e mais de 25 anos de trabalho nela o ensinaram a respeitá-la e a amá-la. Foi nesses anos que o conheceu a sua vitalidade. Vitalidade que a torna capaz de se transformar, vitalidade que lhe permite realizar sempre novas reformas, vitalidade mantida por um Espírito que se manifesta como Espírito transformador de Deus. Para Renold, a igreja é capaz de mudar e capaz também de ouvir propostas que questionam... Ela não só é capaz de ouvi-las, mas também de concretizá-las.

Por que tenho medo de lhe dizer quem sou? (John Powell)

Em "Por que Tenho Medo de lhe Dizer quem Sou?", o autor faz colocações ao mesmo tempo incisivas e sensíveis que nos ajudam a perceber melhor nossas dificuldades emocionais e as relações de nosso dia-a-dia, a identificar os medos que nos aprisionam e a construir uma vida melhor, para nós e para as pessoas à nossa volta.

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