VII COLÓQUIO DE ESTUDOS RETÓRICOS · Os sentidos de um texto se modificam em função da época,...
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SUMÁRIO
O discurso de Conceição: comportamentos sociais no conto machadiano
Luciane Oliveira da Costa Santos
Damares Sousa Silva
Mirem-se no exemplo dessas mulheres: da submissão à revelação
Claudia M C Quintas
Maria Cristina Maximo de Almeida
Toda mulher é meio Leila Diniz?
Cláudia Abuchaim
Sandra Maria Barbosa Farias
A construção histórica do ethos feminino e sua desconstrução na canção Pagu
Sílvia Scola da Costa
Wilson Lopes do Amaral
O design de Deus para mulher: análise do ethos feminino no relato de Moisés em
Gênesis
Inês Teixeira
A constituição do ethos feminino na musica Pagu, de Rita Lee
Elizabeth Rizzi Lyra
Priscilla Harka
A construção da vilania feminina nos filmes infantis: uma análise do ethos
retórico da bruxa em Branca de Neve
Maria Sílvia Rodrigues-Alves
Fernando Aparecido Ferreira
Os ethé dos juristas e a constituição do ethos feminino de uma das partes em um
processo da esfera civil
Letícia Machel Lovo
Maria Flávia Figueiredo
O humor dos dramas femininos nas tirinhas de Pryscila Vieira – uma análise
retórica e textual
Helena Madeira Caldeira Silva
As figuras de retórica nas eleições presidenciais de 2014 como recurso
intensificador na construção do ethos feminino.
Luanny Maria Almeida Vidal
Fernando Aparecido Ferreira
Sobre o riso que esconde a dor: a construção retórica do humor em “Maricson”,
de Heloísa Périssé e Marcelo Saback
Luana Ferraz
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Análise retórica de uma entrevista: o discurso feminino em pauta
Farnei Santos
Maria Flávia Figueiredo
Inferências: semântica e pragmática em – o estranho procedimento de Dona
Dolores – uma proposta de análise retórica no ensino fundamental II
Andreia Honório da Cunha
Os recursos retóricos no gênero editorial de O Jornal das Senhoras, de 1852:
argumentação e ethos discursivo
Sandro Luis da Silva
A relação silenciosa da personagem Macabéa em A Hora da Estrela
Maria Julia Santos Duarte
A construção das cenas da enunciação e a responsabilidade enunciativa na
revista Piauí
Mayara Evangelista Alegre
Uma outra face feminina: retórica, argumentação e ethos em entrevistas de
Hilda Hilst
Regiane Raquel de Oliveira
O idoso, a publicidade e a retórica: algumas reflexões
Adriano Gonçalves dos Santos
Tensões entre ethé de Dilma Rousseff: o caso de postagens bem humoradas no
Ana Cristina Carmelino
Marcio Antonio Gatti
Sou foda! Coitado! A (des)construção do masculino nas músicas populares
Acir de Matos Gomes
Luiz Antonio Ferreira
Subserviência e dominação: a constituição do ethos feminino em Folhetim, de
Chico Buarque de Holanda
Fernanda Martin Sbroggio
Aidil Soares Navarro
O discurso feminino no interior da Igreja Católica Apostólica Romana: a
ausência da mulher na instituição do sacerdócio.
Cláudio Sampaio Barbosa
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O discurso de Conceição: comportamentos sociais no conto
machadiano
Luciane Oliveira da Costa Santos
Damares Sousa Silva
Este breve estudo tem o objetivo de analisar o discurso da personagem Conceição, do
conto machadiano Missa do Galo, a partir de pesquisa bibliográfica, com destaque
para as obras de Erving Goffman (2010) e Luiz Antonio Ferreira (2010). Sem
pretensão de esgotar o tema, são apresentadas aqui, em forma de tópicos indicativos,
algumas noções sobre comportamentos sociais presentes no conto. Além disso, é
possível observar que o enredo não apresenta grandes surpresas ao longo de seu
desenvolvimento, mas é enriquecido por detalhes do comportamento humano, com
descrições e reflexões, notadamente no discurso de Conceição que, repleto de ironia e
pessimismo, revela o desejo não explícito num discurso que pode ser considerado
ambíguo. A forma de comunicação entre os personagens principais – Conceição, com
30 anos de idade, e Nogueira, narrador personagem com 17 anos –, embora com
diálogos compatíveis aos costumes da época, foge, em certa medida, das regras
sociais impostas. Alguns fatores conduziram à conclusão: conhecimentos linguísticos
sobre variáveis socioculturais, psicológicas e geográficas; estudos acerca de
estratégias linguísticas de interação; e, enfim, conhecimento sobre a fala de cada
época. O que se deve ressaltar ainda é que tais variáveis são coadjuvantes na análise,
pois o interesse está em entender a interação, como objeto de estudo, na obra em
questão.
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Mirem-se no exemplo dessas mulheres: da submissão à revelação
Claudia M C Quintas
Maria Cristina Maximo de Almeida
A mulher, ao longo dos séculos, representou para muitos, a perdição do homem,
chegou a ser vista como a encarnação do mal e teve a Eva como forte representante.
Para outros, a figura feminina estava ligada à divindade ao intocável assim como
Maria, mãe do Salvador. O tema feminilidade sempre foi objeto de constantes
discussões. Podemos observar pela História que a mulher se revela capaz de superar
essa submissão e aos poucos alcança seu espaço ao Sol. Por meio de diversas
expressões artísticas e literárias, a mulher se revela ou é revelada. Nas inúmeras
músicas que cantam a mulher, podemos perceber as diferenças de conceitos que se
têm dela. Em Mulher de hoje (1973), de Luiz Gonzaga e Nelson Valença,
encontramos, na temporalidade, duas facetas de um mesmo ser: antes, vivia para o lar;
hoje, precisa sair para a luta a fim de sustentar sua família. Em Ai que saudade da
Amélia (1942), Mario Lagos e Ataulfo Alves configuram a mulher ideal, comparada a
uma mulher superficial, fútil e gananciosa. Seja como for, há sempre uma perspectiva
subjetiva que norteia as diversas concepções do feminino ao longo do tempo,
sobretudo filtradas pela visão enviesada do discurso masculino. Neste artigo,
propomos um paralelo entre as mulheres apresentadas em Mulheres de Atenas, de
Chico Buarque e Augusto Boal, e algumas letras de funk, de autores diferentes, a fim
de apresentar a trajetória da mulher na música brasileira que parte da submissão
declarada e se encaminha para sua ascensão.
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Toda mulher é meio Leila Diniz?
Cláudia Abuchaim
Sandra Maria Barbosa Farias
A transformação da condição social feminina no Brasil permitiu que mulheres
pudessem além de interpretar, também compor músicas que desnudassem os anseios
femininos. Propõe-se, no presente trabalho, a análise, por meio dos recursos
permitidos pelos artifícios retóricos, da música de Rita Lee “Todas as Mulheres do
Mundo”, escrita na década de 90. No plano retórico, três questões importantes se
impõem para o analista. A primeira liga-se à análise do ethos do orador (Quem fala?).
A segunda estabelece relações com a temporalidade (Quando se fala?), e a última
constitui o auditório (A quem se fala?). Como afirma Aristóteles (2012), o orador,
simbolizado pelo ethos, tem credibilidade assentada no caráter que apresenta ao
auditório. Para suscitar confiança, o orador deve revelar inteligência prática, caráter
virtuoso e boa vontade. Para mover o auditório, simbolizado pelo pathos, precisa
comovê-lo e seduzi-lo por meio do discurso, simbolizado pelo logos (a palavra). Os
sentidos de um texto se modificam em função da época, dos acontecimentos que
antecedem ou sucedem o evento analisado. Por isso, a análise de uma música escrita
em 1993, que apresenta como ícone a atriz Leila Diniz, precisa levar em conta, a
princípio, duas indagações: “Quando fala?” e “De quem fala?”. Faz-se necessário
perscrutar-se a sociedade da época em que viveu Leila Diniz e a época em que foi
composta a música. Apresentaremos, então, uma reflexão sobre a inserção feminina
na sociedade a partir dos anos de 1960.
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A construção histórica do ethos feminino e sua desconstrução na
canção Pagu
Sílvia Scola da Costa
Wilson Lopes do Amaral
Temos como objetivo neste artigo analisar a constituição do ethos feminino na canção
popular brasileira. Como corpus, utilizaremos a canção Pagu, composta por Rita Lee e
Zélia Dunkan, no ano 2000. Buscaremos entender como o discurso construído pelas
autoras contribuiu para a compreensão da ressignificação do universo feminino em
seu aspecto mais íntimo, sua individualidade, demonstrando um pouco de seus
desejos e anseios. Com uma sintética retrospectiva histórica, tentaremos também
entender como por meio do discurso presente na canção ocorre a desconstrução de
estereótipos femininos tidos como supremos e necessários ao público masculino, com
o objetivo de demonstrar e valorizar exatamente o oposto desses estereótipos.
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O design de Deus para mulher: análise do ethos feminino no relato de
Moisés em Gênesis
Inês Teixeira
A mulher pré-histórica era divinizada como deusa na terra. Em torno dos anos 9000
a.C, ela passa, então, a ser dominada pelo homem. Muito mais tarde, na idade média,
a Igreja Católica medieval atribuía à mulher a culpa pelo pecado original de Eva.
Neste quadro de coisificação, a mulher é reduzida a objeto e a fraqueza tornou-se
parte do ethos constitutivo feminino. O objetivo deste trabalho é apresentar o relato de
Moisés como instaurador de um ethos feminino que vai na contramão da história que
condenou a mulher ao status de inferioridade. Embora os primeiros capítulos de
Gênesis tenham sido escritos no período Monárquico e Pós-monárquico, quando a
participação da mulher na história de Israel foi menos intensa, o relato de Moisés
descreve um ethos feminino discrepante da cultura da época e da marca de
inferioridade feminina presente em muitos povos, tantos antigos, da idade média até
os dias atuais. Sem a pretensão de fazer uma exegese bíblica, usaremos as ferramentas
da retórica que permitem uma leitura genuína do texto bíblico, cuja autoria é atribuída
a Moisés. Para dar conta disso, foi feita uma análise retórica na leitura do texto
bíblico, usando como fundamentação as contribuições teóricas de Perelman (1997),
Reboul (2004), Ferreira (2010), além de uma pesquisa bibliográfica sobre da história
do feminino. Esse estudo abre possibilidades para discussão sobre papel feminino na
história, tão necessário para a compreensão do ethos feminino na pós-modernidade.
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A constituição do ethos feminino na música Pagu, de Rita Lee
Elizabeth Rizzi Lyra
Priscilla Harka
Neste trabalho pretendemos contemplar a imagem feminina na letra da canção Pagú,
de Rita Lee. Nos anos 70, as mulheres se firmaram como compositoras, inovando ao
expor de maneira direta temas antes proibidos como sexo, desejos, questionando seu
papel na sociedade. O feminino aqui é um efeito de sentido projetado no discurso por
meio de estratégias engendradas pelo orador e a partir dessa ideia, examinaremos os
elementos e as estratégias retóricas para a constituição do ethos feminino formado na
canção levando em consideração o contexto histórico, social, político e cultural e
baseados nas teorias de Aristóteles, a Nova Retórica de Perelman e O. Tyteca bem
como nos estudos linguísticos de Bakhtin, relacionando comunicação, homem e
sociedade. Por fim, após a análise da canção, todas as referências encontradas na letra
foram estruturadas com o propósito de averiguarmos a possibilidade de traçar um
ethos feminino do orador no todo da canção analisada.
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A construção da vilania feminina nos filmes infantis: uma análise do
ethos retórico da bruxa em Branca de Neve
Maria Sílvia Rodrigues-Alves
Fernando Aparecido Ferreira
A vilania está presente nas narrativas infantis. Tais vilões encontram-se na forma de
personagens diversos, mas a bruxa é o personagem mais recorrente quando se tratam
dos clássicos da literatura infanto-juvenil. Pensando na imagem que o orador constrói
de si e dos outros no interior do discurso, ou seja, o ethos, a presente pesquisa se
propõe a verificar os recursos que estão em jogo para engendrar o ethos retórico de
uma bruxa em uma animação. A voz é o ponto de partida na construção de um
desenho animado, pois através das falas é que se constrói a imagem, os movimentos e
todo o cenário que se elabora no mundo das animações. Instaura-se, nesse sentido, a
hipótese de que, no universo das narrativas audiovisuais infantis, um quadro se
delineia com palavras, sons, cores e movimentos no embalo da voz do personagem.
Assim, alicerçada na Retórica e na Prosódia, este trabalho estabelece um estudo do
trecho do filme Branca de Neve, de produção original dos estúdios Walt Disney, no
qual a rainha madrasta se transforma em bruxa. No que se refere à Retórica,
consideramos como arcabouço teórico, as asserções de Perelman e Olbrechts-Tyteca
(2005), Eggs (2005) e Ferreira (2010). No campo da Prosódia, atentamos para os
estudos de Cagliari (2007), Scarpa (1999) e Figueiredo (2006). Tais alicerces
conduzem o estudo e propiciam o entrecruzamento das teorias para a análise do texto
sincrético, considerando a relação do verbal com o imagético, com o suporte da voz.
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Os ethé dos juristas e a constituição do ethos feminino de uma das
partes em um processo da esfera civil
Letícia Machel Lovo
Maria Flávia Figueiredo
O presente trabalho nasceu da possibilidade de intersecção entre o Direito Processual
Civil Brasileiro e os estudos retóricos. Para realizá-lo, partimos de um corpus
constituído por um único processo, porém, que agrega em si sete diferentes gêneros
textuais, quais sejam: a Petição Inicial, a Contestação, a Impugnação, o Agravo, a
Sentença, a Apelação e o Acórdão. Encontramos, na Retórica, um meio para analisar
o corpus selecionado. Assim, partimos das contribuições advindas das obras de
Aristóteles, Meyer e Eggs, no que concerne a esse campo de estudos. Ademais, como
suporte para o entendimento dos gêneros que compõem o corpus, contamos com as
proposições de Bakhtin, Marcuschi e Costa, no campo dos estudos da linguagem, e
com Gonçalves, no que se refere à caracterização dos gêneros da esfera jurídica. A
partir daí, buscamos elucidar o modo com que cada um dos oradores, com vistas a
atingir seus respectivos propósitos de persuasão, intentou descrever e, assim, construir
o ethos feminino de uma das partes do processo. Findada a análise, pudemos observar
que a presente pesquisa nos conduziu a um duplo entendimento: por um lado, nos
possibilitou uma melhor compreensão das possíveis relações entre ethos retórico e
gênero textual; e, por outro, nos permitiu vislumbrar algumas estratégias
argumentativas utilizadas por juristas, dentre elas, a constituição dos ethé das partes
envolvidas no processo de modo a atender seus propósitos persuasivos específicos.
Palavras-chave: direito processual civil; retórica; ethos retórico; gênero textual; ethos
feminino.
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O humor dos dramas femininos nas tirinhas de Pryscila Vieira – uma
análise retórica e textual
Helena Madeira Caldeira Silva
A mulher contemporânea está cada vez mais independente, mas também com mais
dilemas: trabalha, estuda, divide contas e tarefas e ainda precisa encontrar tempo para
se cuidar. Apesar das conquistas, sobretudo na legislação brasileira, a mulher ainda
sofre preconceito, existindo desrespeito e violações à sua integridade. Pensando em
trabalhar com a conscientização das pessoas, especialmente dos homens, a cartunista
Pryscila Vieira tem publicado diversas tirinhas em jornais e revistas, abordando as
“tragédias” da mulher moderna de forma cômica. O objetivo deste trabalho é mostrar
como a intertextualidade, presente nas tirinhas, pode ser eficaz para despertar as
paixões dos leitores, criando empatia e levando-os ao riso. Segundo Cavalcante
(2014), a paródia é um recurso de intertextualidade criativo que se constrói a partir de
um texto-fonte e tem intenções cômicas, dentre outros. Demonstraremos, ainda,
outros recursos persuasivos empregados nos quadrinhos e presentes nas tirinhas, com
destaque para as expressões faciais, essenciais para tornar a história mais divertida e
despertar o pathos. Faremos uma análise qualitativa de duas tirinhas da autora, com
base nos pressupostos da Linguística Textual, da Retórica e da linguagem dos
quadrinhos. Serão identificados quais mecanismos persuasivos estão presentes nas
tirinhas e são responsáveis por despertar o riso no leitor. Utilizaremos as concepções
sobre retórica, argumentação, texto e narrativa em quadrinhos, vindas de autores
como Aristóteles (2000), Ferreira (2010), Reboul (2004), Cavalcante (2014), Ramos
(2009) e Eisner (1999, 2013). Este trabalho suscita importantes discussões sobre o
discurso feminino, como também promove os estudos retóricos, aplicando-os a textos
verbo-visuais.
13
As figuras de retórica nas eleições presidenciais de 2014 como
recurso intensificador na construção do ethos feminino.
Luanny Maria Almeida Vidal
Fernando Aparecido Ferreira
Diante das campanhas políticas, é muito comum os eleitores se depararem com vários
tipos de figuras de retórica (metáfora, metonímia, ironia, pleonasmo, dentre outras),
empregadas como um argumento intensificador dos discursos nas propagandas dos
candidatos. Considerando isso, o presente trabalho pretende identificar, nas
campanhas à presidência do Brasil no ano de 2014, as figuras de retórica, que
segundo Fiorin (2014) são operações do discurso que servem para intensificar o
sentido de algum elemento da enunciação. Assim, propomos investigar o uso das
figuras de retórica empregadas para intensificar o (ethos) feminino das candidatas, e
compreender também como elas (as figuras) contribuem para intensificar argumentos
(logos) e ativar paixões (pathos) no auditório. Para essa pesquisa, faremos uma
análise à luz da Retórica e contaremos com autores como: Abreu (2013), Aristóteles
(2012), Citelli (2005), Fiorin (2014), Ferreira (2015), Meyer (2007), Reboul (2004) e
Perelman & OlbrechtsTyteca (2014). Este trabalho toma como objeto de investigação,
textos verbo-visuais, mais especificamente os vídeos veiculados das mulheres
candidatas no horário eleitoral gratuito, e tem como método a seleção as campanhas
mais significativas para o propósito da pesquisa. Resultados preliminares revelam
uma presença de figuras de retórica nas campanhas presidenciais, e esta análise
contribuirá para a compreensão do uso das mesmas em discursos políticos e em textos
verbo-visuais.
Palavras-chave: retórica; figuras de retórica; ethos feminino; campanhas
presidenciais
14
Sobre o riso que esconde a dor: a construção retórica do humor em
“Maricson”, de Heloísa Périssé e Marcelo Saback
Luana Ferraz
Há uma linha simbólica. De um lado, uma mulher ofendida, desprezada. Do outro,
mulheres e homens ridentes. Em um ambiente como o teatro, onde tudo é pensado na
perspectiva de facilitar o contágio pelas paixões, que estratégias retóricas seriam
capazes de “anestesiar” o auditório, ainda que temporariamente, diante do contato
com os afetos dolorosos? Partindo dessa questão, pretendemos identificar, nesta
comunicação, alguns dos expedientes retóricos capazes de ressaltar o efeito
humorístico em esquetes teatrais. De maneira mais específica, propomo-nos a
observar como as estratégias retóricas atuam na construção do humor em “Maricson”,
de Heloísa Périssé e Marcelo Saback, um dos nove quadros que compõem a peça
Cócegas, interpretada por Heloísa Périssé e Ingrid Guimarães. O esquete em questão
foi selecionado a partir do DVD Cócegas (EMI, 2004). Após a seleção, procedemos à
análise dos componentes da cena, buscando revelar os expedientes retóricos (verbais e
não verbais) envolvidos na produção do efeito humorístico. Foram utilizadas como
respaldo teórico para este estudo as obras de Aristóteles (2000, 2005), Perelman e
Olbrechts-Tyteca (1996), Meyer (2000, 2007), Fiorin (2014), Bergson (1983),
Pirandello (2009), entre outras. A partir de nossas análises, concluímos que a
organização particular do logos (em especial, o uso de figuras da escolha, de presença
e de comunhão) associada à utilização de diferentes recursos performáticos (
15
Análise retórica de uma entrevista: o discurso feminino em pauta
Farnei Santos
Maria Flávia Figueiredo
Este trabalho faz parte de um projeto mais amplo que tem por objetivo verificar as
marcas do ethos retórico manifestadas no gênero textual “entrevista”. Nele,
analisamos entrevistas conduzidas por diferentes expoentes da cultura brasileira, a
saber: Clarice Lispector, Marília Gabriela, Jô Soares e Antônio Abujamra. A seleção
das entrevistas considera o momento histórico em que cada uma delas foi proferida
(caminhando dos anos 70 à primeira década dos anos 2000). Tomamos como corpus a
entrevista concedida pela cantora Pitty a Abujamra (transcrita através do YouTube).
Nela, nossa atenção esta voltada para os posicionamentos, manifestados pela
entrevistada, acerca do discurso feminino na modernidade. Futuramente, com a
evolução do projeto e com base no presente trabalho, intencionamos efetuar uma
análise comparativa dos corpora supracitados. Alguns teóricos que sustentam esta
pesquisa à luz da retórica são: Aristóteles (2012), Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996)
Meyer (2010), Fiorin (2015) e Ferreira (2010). No que concerne ao gênero
“entrevista”, tomaremos Bakhtin (1995), Marcuschi (2008), Machado (2006),
Hoffnagel (2002) e Brito (2007). Esta pesquisa visa a contribuir para os estudos da
teoria Retórica no que se refere aos laços vinculativos que o conceito de ethos e o
gênero “entrevista” possam manifestar. Os resultados da análise da entrevista
selecionada evidenciam que Abujamra revelou-se um entrevistador com potencial
apoiado na phronesis, já que seu ethos retórico apoia-se sobretudo em seus
argumentos e raciocínios. Esse procedimento levou a entrevistada a refletir sobre as
questões direcionadas por ele, bem como a reavaliar suas respostas.
Palavras-chave: retórica; ethos; gênero textual; entrevista, feminino.
16
Inferências: semântica e pragmática em – o estranho procedimento
de Dona Dolores – uma proposta de análise retórica no ensino
fundamental II
Andreia Honório da Cunha
Proporcionar aos aprendentes um nível de análise de leitura crítica além da
superficialidade presente no posto para adentrar o pressuposto do texto conforme o
pensamento teórico de Grice corresponde a um desafio interessante e, sobretudo,
necessário a ser proposto ao nível de entendimento referente à faixa etária dos
estudantes do Ensino Fundamental. Esse desafio justifica-se na necessidade de
demonstrar a função semântica e também pragmática embutidas nos sentidos e nos
significados concernentes aos usos, sejam estes nos dicionários ou no falar cotidiano
nem sempre evidentes, mas possíveis de serem apreendidos mediante análise voltada
para este fim. Objetiva-se com a análise da crônica O estranho procedimento de D.
Dolores adentrar-se esse nível de análise evidenciando a atitude da personagem
feminina nas funções de mãe, mulher, dona de casa e suas necessidades evidenciadas
pelas atitudes exageradas e atípicas bem como seus motivos ao grupo etário que
compõe o ciclo II do E.F. as possibilidades de interpretação fundamentadas nessas
inferências argumentativas. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa pautada na
experiência de prática de sala de aula e os efeitos produzidos pelo uso desses recursos
na produção de análises interpretativas autorizadas pelo texto mediante a busca pelos
pressupostos mediante os postos do texto pela habilidade do autor. A conclusão,
portanto, pauta-se pela importância de se desenvolver a competência retórica nas
análises textuais como recurso fundamental para o desenvolvimento de uma
capacidade crítica no ato da lei
17
Os recursos retóricos no gênero editorial de O Jornal das Senhoras,
de 1852: argumentação e ethos discursivo
Sandro Luis da Silva
Proponho nesta comunicação algumas reflexões sobre os elementos retóricos, em
especial os que caracterizam a argumentação, que corroboram para a constituição do
ethos discursivo na imprensa feminina, mais especificamente em três editoriais de O
Jornal das Senhoras, nas edições de 01 de janeiro, 04 de abril e 04 de junho de 1852.
Este jornal parece ter sido um dos primeiros a contar com mulheres na redação, além
de ser destinado ao público feminino. Assim como os outros jornais da época,
também trazia o editorial, crônicas, ilustrações, moda. A base teórica que pautou este
estudo foi Maingueneau (1997, 2004, 2008, 2010 e 2014) em relação ao discurso e ao
ethos discursivo; Meo (1985), Souza (2006) e Silva (2007), no tocante ao editorial
Sodré (2011), Mouillaud e Porto (2012), Buitoni (1981, 2009) quanto à imprensa. Por
meio de levantamento bibliográfico e análise dos elementos retóricos do editorial do
corpus escolhido, pode-se constatar que a voz feminina enunciadora revela não só a
consciência da realidade em que estava inserida, como também a necessidade de se
lutar pelos direitos das mulheres daquele século XIX no Brasil.
Palavras-chave: Discurso. Jornal. Ethos feminino
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A relação silenciosa da personagem Macabéa em A Hora da Estrela
Maria Julia Santos Duarte
“O silêncio é o real do discurso”, afirma Orlandi (1997). Nesse sentido, faz-se
necessário entender a materialidade simbólica e específica do mesmo, de modo que se
compreenda a relação discursiva das pessoas com o silêncio e com as palavras.
Assim, a presente comunicação tem como objetivo examinar as manifestações de
silêncio em Macabéa, personagem principal da obra A Hora da Estrela, Lispector
(1997). Nesta comunicação o sentido do silêncio se configura como manifestação
para o exercício de leitura sob a perspectiva discursiva retoma os estudos de Gadet e
Pêcheux (2004), Le Breton (1997) para quem “o silêncio pode ser uma escolha,
valorizada pela cultura que alimenta uma sobriedade da linguagem”. O estudo da
manifestação do silêncio se justifica dada a importância de tratar-se de um signo
socialmente estabelecido, criado através de pausas presentes durante o discurso. A
ausência de palavras configura um desafio de sobrevivência diante do universo
inexpressivo vivido pela protagonista. Nesse sentido, é importante se perceber como a
materialidade discursiva se configura no texto literário. Essa apresentação é parte
integrante de uma proposta mais ampla de discussão a respeito das teorias de leitura e
práticas discursivas, que se encontra em fase inicial, e pretende examinar a ausência
de palavras nas manifestações dos personagens Fabiano, no romance Vidas Secas
(RAMOS, 2001), e de Macabéa, em A Hora da Estrela (LISPECTOR, 1997). Espera-
se que ao examinar as manifestações de silêncio constituídas pelo não dito da
personagem se entenda o encaminhamento dos múltiplos sentidos que o silêncio
produz, como parte do discurso.
19
A construção das cenas da enunciação e a responsabilidade
enunciativa na revista Piauí
Mayara Evangelista Alegre
O presente trabalho, Projeto de Pesquisa de Mestrado articulado ao Grupo de Pesquisa
"Discurso em Cena", da Linha de Pesquisa “Texto, discurso e ensino: processos de
leitura e de produção do texto escrito e falado”, da Universidade Cruzeiro do Sul,
parte da pressuposição de que, tradicionalmente, a construção de reportagens no
jornalismo impresso formaliza-se de forma rígida e neutra na apresentação dos fatos,
no entanto as reportagens apresentadas na revista Piauí, especialmente na seção
Esquina, assumem uma posição mais literária. Assim, busca-se compreender como é
feita a construção das cenas de enunciação e da responsabilidade enunciativa da
revista Piauí, analisando como a apresentação da informação jornalística e a
manipulação estética e literária da palavra se articulam para a construção da cena de
enunciação e da responsabilidade enunciativa das reportagens, utilizando-as como
forma de legitimação do seu dizer. Para a execução da pesquisa, realizar-se-á a análise
da materialidade linguística das reportagens selecionadas (julho de 2014 a junho de
2015), fundamentando-a, entre outros, a partir das proposições de Cenas da
Enunciação e Responsabilidade Enunciativa de Maingueneau (1993, 2008, 2013 e
2015).
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Uma outra face feminina: retórica, argumentação e ethos em
entrevistas de Hilda Hilst
Regiane Raquel de Oliveira
Problema: Como se constrói o ethos e as possibilidades do ser feminino no discurso
da escritora brasileira Hilda Hilst? Objetivos: Geral: Demonstrar como se constrói o
ethos em entrevistas da autora Hilda Hilst. Específicos: Explicar o que é retórica e a
questão do ethos nesse contexto; Mostrar as diferenças no discurso feminino de Hilda
- Analisar entrevistas de Hilst na formulação de uma outra visão do papel da mulher e
da sua escrita Metodologia, esboço teórico e resultado obtido: Entende-se a retórica
como uma das mais antigas ferramentas a favor da argumentação, ou seja, uma
técnica argumentativa ou, como explica Reboul (2004), “a arte de persuadir pelo
discurso” (p. 14). Um dos desdobramentos colocados pela retórica é a questão do
ethos, termo de origem clássica que trabalha o caráter do orador na aquisição da
credibilidade de seu auditório, como coloca Perelman (2002). Hilda Hilst, poeta,
ficcionista, cronista e dramaturga brasileira, reconhecida pela sua maneira nada
comum de exercer a comunicação através de sua linguagem “diferenciada”, trabalha a
argumentação na construção de uma nova ideia do “ser mulher”. Cristiano Diniz
(2013) organizou o livro intitulado “Fico besta quando me entendem” que apresenta
uma reunião de entrevistas de Hilst e alguns fragmentos das respostas da autora são
utilizados como corpus para a investigação neste artigo. Portanto, o resultado desse
estudo é a prova da construção de um ethos através do discurso argumentativo em
entrevistas de Hilda Hilst, que acabam por formular uma espécie de “atrevimento” no
escrever - e ser - feminino.
21
O idoso, a publicidade e a retórica: algumas reflexões
Adriano Gonçalves dos Santos
O envelhecimento da população mundial coloca a velhice no centro do debate social.
É indispensável atentar para a dimensão sociocultural da velhice, incluindo a
participação das imagens mediadas dos mais velhos nos modos de viver e entender o
contemporâneo. Consideramos que a retórica é a arte de persuadir, envolvendo uma
série de elementos que leva os sujeitos envolvidos no processo de comunicação a criar
imagens de determinados sujeitos e objetos. Esta comunicação pretende apresentar
uma reflexão sobre a construção social dos modos de ser a partir da análise dos
elementos retóricos que constituem um anúncio publicitário voltado para o público
idoso, na tentativa de compreender as transformações dos valores fundamentais que
informam o discurso publicitário a partir dos elementos retóricos que o constituem. A
base teórica de que nos valemos pauta-se Lenoir (1990), Thompson (1991) no tocante
aos estudos retóricos na publicidade e no que diz respeito ao envelhecimento, Debert
(1999), Beauvoir (1976).
Palavras chave: comunicação, consumo, envelhecimento, publicidade
22
Tensões entre ethé de Dilma Rousseff: o caso de postagens bem
humoradas no Facebook
Ana Cristina Carmelino
Marcio Antonio Gatti
Ao refletir sobre a relação existente entre estereótipo e ethos, esta comunicação
pretende não só defender que certos casos de ethos prévio podem ser compreendidos
como de ethos-estereotipado, mas também tratar das tensões estabelecidas entre ethos
estereotipado e ethos efetivo de Dilma Rousseff, presidente que governa o Brasil
desde 2011, em algumas postagens bemhumoradas feitas em seu perfil na rede social
Facebook. Para isso, busca-se mostrar o contraste entre os diferentes ethé construídos
pela/para a presidente nessas postagens e os que, em geral (no Facebook ou não), se
construíram ou circula(ra)m sobre ela. O referencial teórico que fundamenta as
análises advém especialmente da Análise de Discurso francesa, a partir das
considerações de Amossy e Herschberg-Pierrot (2001) e Maingueneau (1997, 1998,
2006a, 2006b, 2010). O corpus de análise compreende quatro postagens publicadas
entre janeiro e setembro de 2015 que abordam o ensino superior no Brasil, mais
precisamente os programas do governo voltados à seleção e inserção de estudantes
nas faculdades e universidades do país.
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Sou foda! Coitado! A (des)construção do masculino nas músicas
populares
Acir de Matos Gomes
Luiz Antonio Ferreira
Existe uma complexidade de perspectivas e conceitos para tentar compreender como
homens e mulheres interagem no campo da linguagem e da sexualidade. Há uma
linguagem proibida ligada ao erotismo e à pornografia. Importa compreender em que
lugar retórico é aceitável romper o preconceito ou tabu linguístico nesse campo
discursivo. Temos como corpus duas músicas brasileiras de propagação massiva
(sertaneja) e como base teórica a Retórica pretendemos analisar os ethe masculino e
feminino, notadamente no que se refere à contradição, à transgressão, ao rompimento
de um tabu, de um discurso machista, que ainda impera na sociedade brasileira
(discurso dominante). Nas músicas analisadas percebe-se uma escalada da
insegurança e da perda da referência, da identidade do masculino e feminino, ethe até
então cristalizados pelo discurso dominante. As mulheres adotam ao que parece o
“modelo discursivo masculino” de se posicionar no mundo e esquecem de que o
“poder” pode estar na “sedução”, entendida como “domínio do universo simbólico” e
que se opõe ao discurso da “produção de tudo fazer, falar e gozar”. A análise
comprova a tentativa de manutenção do ethos masculino e uma autoconstrução do
ethos feminino, de uma identidade e representação feminina, que “não é expressão de
uma essência, mas uma afirmação de poder pela qual mulheres se mobilizam para
mudar de como são para como querem ser. Reivindicar uma identidade é construir
poder”, construção que permeia o valor simbólico da forma linguística como dado, o
enunciador aprende e usa e cria sentidos, identidades e filiações de forma constante e
mútua. O ethe masculino e feminino, por força da liberação e proliferação inclusive
do discurso sexual, (des)constrói a identidade do homem e da mulher e produz
incerteza, dúvidas, divergências e problemas, campo fértil para atuação da retórica.
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Subserviência e dominação: a constituição do ethos feminino em
Folhetim, de Chico Buarque de Holanda
Fernanda Martin Sbroggio
Aidil Soares Navarro
Este trabalho tem como objetivo analisar a dicotomia subserviência/dominação a
partir da constituição do ethos feminino na letra da canção Folhetim, de Chico
Buarque de Holanda. Acreditamos que a música, observada a partir de sua
materialidade mais concreta – a letra, o texto –, revela a sua relação com o mundo
externo e passa a ser percebida como um elemento que provoca reflexão, mexe com a
emoção, a afetividade e os valores do público a que ela se destina. Para a realização
desta análise pautamo-nos nas bases teóricas da Retórica e tomamos como referencial
as obras de Aristóteles (s/d), Reboul (1998), Perelman e Olbrechts-Tyteca (2002),
Meyer (2007) e Ferreira (2010), para os quais os enunciados (exposição simplificada
que explica ou demonstra uma proposição) visam persuadir por meio de técnicas
argumentativas utilizadas pelos oradores. Buscamos com esse trabalho contribuir não
apenas para a leitura e interpretação da letra, mas também explicitar os mecanismos
de construção do texto cantado de forma mais ampla. Optamos pela música Folhetim
por considerar que a imagem feminina construída na canção, embora estivesse
ancorada nos valores e pensamentos da sociedade do século XX, dialoga em muitos
aspectos com o perfil da mulher atual.
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O discurso feminino no interior da Igreja Católica Apostólica
Romana: a ausência da mulher na instituição do sacerdócio.
Cláudio Sampaio Barbosa
Este trabalho tem como objetivo analisar o discurso feminino no interior da Igreja
Católica Apostólica Romana diante da não legitimação da presença da mulher na
instituição do sacerdócio, ou seja, do sacramento da Ordem, não obstante o
fortalecimento do discurso da emancipação feminina nos tempos atuais. Portanto,
pretende-se primeiramente verificar os recursos retóricos de persuasão da instituição
Católica em defesa de um papel coadjuvante da mulher na hierarquia clerical da
Igreja. Num segundo momento, analisa-se os efeitos desses argumentos na construção
de discursos convergentes e divergentes por parte dos membros leigos que compõem
o catolicismo romano. A análise ocorreu de forma a contemplar procedimentos
teóricos-analíticos, portanto, a partir dos fundamentos retóricos do discurso religioso,
observou-se os discursos contidos em documentos oficiais da Igreja Católica
Apostólica Romana e o discurso de lideranças leigas reconhecidas no ambiente
católico. O trabalho encontra-se embasado na retórica clássica aristotélica e nos
estudos retóricos de Ruth Amossy, Olivier Reboul, Chaim Perelman, Lucie Olbrechts-
Tyteca, Michel Meyer e Luiz Antônio Ferreira, além de aspectos relacionados à
linguística textual, como os fatores de textualidade de Beaugrande e Dressler (1981).
Os resultados obtidos evidenciaram o discurso de aceitação, ou resignação em alguns
casos, da condição da mulher no ambiente católico. Observou-se que este resultado
encontra justificação na crença de que homens e mulheres apresentam papeis distintos
no plano salvífico de Deus que, segundo a teologia cristã, é a razão da existência do
homem.