Vila penteado hoje

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Condição atual Vila Penteado Fotos dos livros citados

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C o n d i ç ã o a t u a l

V i l a Pe n t e a d o

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Segundo o livro Bens Culturais e Arquitetônicos no Município e na Região Metropolitana de São Paulo, publicado pela SNM – Secretaria de Negócios Metropolitanos e EMPLASA – Empresa de Planejamento da Grande São Paulo S/A, o tombamento da Vila Penteado consta com os seguinte dados:

“NÚMERO DE PAVIMENTOS Dois mais porão

TÉCNICA CONSTRUTIVAAlvenaria de tijolos

USO ATUALEscola

ESTADO DE CONSERVAÇÃO O edifício apresenta-se bem conservado. Internamento sofreu adaptações para funcionamentod a faculdade sem ter, no entanto, prejudicadas as suas características originais. Um dos anexos, construídos no terreno ao tempo da FAU, foi recentemente demolido, melhorando a ambientação do edifício preservado.

HISTÓRICO/DESCRIÇÃO / AMBIÊNCIAEm consequência da prosperidade da cultura cafeeira, a cidade de São Paulo tornou-se um centro ferroviário e, portanto, um entreposto para onde escoava a produção de café que daí seguia para o Porto de Santos para ser exportado.Em 1.900, com o crescimento da cidade, São Paulo já apresentava poucos exemplares da arquitetura colonial. Muiots sobrados de famílias abastadas, localizados no centro da cidade, foram demolidos cedendo espaço ao comércio, artesanato, aos serviços e até mesmo algumas fábricas. É nesse contexto que foi construída a Vila Penteado; localizada na Rua Maranhão e portanto afastada do centro da cidade, a casa data de 1902. A casa era dotada de 14 quartos de dormir, um amplo saguão, várias salas; externamente tinha quadra de tênis, lago artificial, estufa, horta, bosque, cocheira, cocheira.”

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Trabalho do professor Lucio Gomes Machado, Fau-USP, (Arquitetura do Século XX no Bairro de Higienópolis: Identificação, Tombamento e Proteção Urbanística) mostra que não houve grande interesse pela preservação das gravuras na mansão, até 1990.

“Entre as primeiras manifestações de cunho critico revelando interesse pela arquitetura do bairro de Higienópolis destaca-se o estudo de Flávio Motta versando sobre o Art Nouveau no Brasil, mas com especial atenção para São Paulo, destacando-se a Vila Penteado, uma das primeiras residências edificadas no Bairro. Interessante lembrar que a Vila Penteado foi doada pelos filhos do Conde Penteado para a instituição de uma escola de Arte, tendo sido adotada para sediar Faculdade de Arquitetura, instituída em 1948, cindindo-se da Escola Politécnica. Naquela época, não foi dado o devido valor à sua ornamentação, com forte influência do estilo art nouveau ou do sezession, tendo sido quase totalmente coberta com tinta branco-gelo. Somente a partir da década de 1990 foram essas pinturas revalorizadas com o seu restauro. Para Motta, a Vila Penteado é um exemplar fundamental para o entendimento do Art Nouveau em São Paulo.”

O casarão que se elevava sobre a cidade tornou-se uma ilha cercada por espigões.

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Fotos capturada na web

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Em seu estudo o professor Lucio Gomes Machado mostra como se construiu a duras penas uma nova mentalidade de preservação:

Em 1980, é publicado o estudo de Maria Cecília Naclério Homem, vencedor de tradicional concurso de monografias sobre os bairros paulistanos promovido pelo DPH-PMSP3. Nesse estudo encontramos minucioso relato do desenvolvimento do bairro, de seus habitantes, além de um primeiro inventário dos seus principais edifícios.

(...) Os estudos foram então aprofundados, incorporando as referências bibliográficas e documentais disponíveis e com a elaboração de fichas de registro e respectivo mapeamento. Foram ainda incorporados aos estudos a análise do estado atual do desenvolvimento do Bairro e o potencial de sua verticalização contrapondo-o às formas atuais de preservação, restritas fundamentalmente às áreas envoltórias" de bens anteriormente tombados pelo CONDEPHAAT. Em razão do interesse pela preservação da ambiência do bairro, foram também incorporados os estudos constantes do Cadastro dos Espaços Arborizados Significativos do Município de São Paulo

A Lei Municipal no. 9.725 de 2 de junho de 1984, "dispõe sobre a transferência do potencial construtivo de imóveis preservados; estabelece incentivos, obrigações e sanções relativas (…) à preservação de imóveis, e dá outras providências". Os benefícios semelhantes aos previstos por esta Lei seriam perfeitamente aplicáveis aos casos em exame, uma vez que em áreas próximas, dentro dos mesmos limites de zoneamento existem imóveis com potencial de verticalização, possibilitando assim um amplo leque de possibilidades, dentro das leis de mercado, para a transferência do potencial construtivo.

O professor Lucio Gomes Machado registra como os estudos elaborados por pesquisadores empenhados teve de se contrapor à elite financeira interessada, sobretudo na valorização imobiliária de Higienópolis.

O Parecer do então Conselheiro Arquiteto Vitor Hugo Mori, elaborado para a análise da abertura do Processo de Tombamento, é extremamente feliz ao propor que o conjunto de imóveis a serem tombados poderia configurar um percurso de quase um século da arquitetura residencial burguesa paulistana. Em suas palavras: "O presente processo apresenta um excelente estudo técnico elaborado pelo DPH, justificando o tombamento de um conjunto de edificações representativo da história da ocupação do Bairro de Higienópolis e adjacências. Porém o que nos fixou a atenção ao examinar o inventário em confronto com outros edifícios na região‚ o fato de que a amostragem extrapola em muito a mera documentação de um processo de ocupação urbana. Estamos diante de uma rara oportunidade de propor um tombamento inusitado, que tem como um dos objetivos a possibilidade de reunir numa mesma região "um microcosmo" da história da arquitetura residencial de São Paulo, conforme justificaremos a seguir: 1. Os imóveis propostos pelo DPH cobrem um período contínuo da arquitetura residencial que inicia-se em 1884 (Império) partindo dos estilos neoclássicos, pitorescos, normando, florentino, etc, típicos do ecletismo; passam pelo "artnouveau", pelo neo-colonial e atingem o "art-deco", cujo exemplar da Vila na Rua Piauí ‚ é bastante expressivo. (...) 5. Concluímos assim, favoravelmente à abertura do processo deste conjunto, representativo da história do Bairro de Higienópolis e adjacências, sobretudo por compor uma resenha da História da arquitetura residencial brasileira, mesclando Panelli, Liberal Pinto, J. Pilon, V. Dubugras, Jo Bananere, Rino Levi, Warchavchik, Burle Marx, Artigas, etc., num mesmo ambiente.

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A Vila Penteada possui a uma implantação magnífica a ponto de se observar na foto do alto à direita, a chegada de automóveis e carrugens simultaneamente. Hoje ela ainda tem espaço para estacionamento de carros, mas sem a conexão com a rua Higienópolis.

Foto Carlos Elson Cunha

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Foto Carlos Elson Cunha

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Pouco sobrou da majestática implantação original. A antiga vila hoje é apenas um casarão, rodeado de prédios altos por todos os lados.

Dois aspectos podem ser registrados como qualidade original que remanesce: o arvoredo e a larga calçada.

Em virtude do entorno de alto gabarito, essa apreensão da casa – o do que foi os fundos da mansão, só é possível em poucos momentos.

Os danos na base do portão provavelmente se deve à urina de cães: um difícil desafio para a manutenção.

A perspectiva da calçada oferece um espaço arborizado e um diferente num bairro dominado por prédios modernistas.

Uma praça interna imersa em um quase bosque que convida quem vê. Funcionária da portaria nos disse que há vizinhos que costumam entrar e descansar rotineiramente ali.

A administração aceita que qualquer visitante tenha acesso ao bosque para descanso.

O uso do espaço pela população é franqueado, porém apenas das 8:00h às 17:00hs, que é o expediente.

Naturalmente a presença de muros e seguranças já inibe a entrada de passantes. Há uma segregação silenciosa do uso do espaço, como no Mackenzie.

Fotos Carlos Elson Cunha

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A placa de ferro com o nome da emérita Universidade de São Paulo contrasta com o prédio atual, no campus do Butantã, na Cidade Universitária: aqui a USP assume a austeridade classicista.

Note como a base do poste na foto do alto à direita, sofreu uma intervenção mal cuidada: o conduto flexível fica exposto e o arremate de cimento revela pouco caso num serviço feito às pressas.

Fotos Carlos Elson Cunha

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Ainda que o estado geral do prédio seja bom, um exame mais detido mostra o desafio de se proteger a base das paredes externas à influência da água da chuva.

Infiltrações acontecem e mesmo a fonte tem pastilhas faltando em seu piso e até alguma vegetação começa a nascer onde não deveria.

Fotos Carlos Elson Cunha

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Manter as ventilações do porão significa lutar contra a entrada de roedores: todas as aberturas contam com este produto repelente preso com arame em sua grade.

Janelas oclusas: jamais se abrem, mas mantém a forma que tiveram anteriormente.

Pedaço de reboco no chão e manchas de água na parede, além de um veio rente ao piso, junto à parede, confirmam o desafio e o alto custo de se manter um prédio em perfeitas condições.

Ao invés de um bosque, paredões como vizinhos: é a invasão modernista que tirou do mapa tudo que havia do art-noveau em Higienópolis. ...ou quase tudo.

Fotos Carlos Elson Cunha

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Mais do que um mero recorte no reboco: um recorte que varia de nível, à medida que o ramo finda seu traço. Raras vezes se vê isso em nossa cidade. Uma técnica de cinzelamento que praticamente desapareceu.

Não só há um recorte, em baixo revelo, como se tem diferenças cromáticas nos veios.

Fotos Carlos Elson Cunha

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As 3 imagens da esquerda mostram a ação da água, essa grande inimiga da construção.

Veja na primeira foto as manchas revelando problemas no reboco.

Nas foto logo abaixo o porão sofre pela ação da água quando o piso se encontra com a a parede.

E a escada também mostra manchas no reboco, todos esses efeitos causados pela chuva.

À direita vemos o corrimão de madeira se ressecando e perdendo parte da tinta.

No piso em ladrilhos vermelhos qualquer um deles que se soltem log o deixam uma mancha branca. Assim podemos dizer que a manutenção é boa, mas está longe de ser ideal.

Fotos Carlos Elson Cunha