Vinde, adoremos · de júbilo. Contudo, o Salmo 95 não está nos incentivando a ficar gritando...

52
Vinde, adoremos Adoração coletiva no livro de Salmos C o m u n h ã o & A d o r a ç ã o Mensagens de Março 1ª edição 2013 PROCLAMANDO

Transcript of Vinde, adoremos · de júbilo. Contudo, o Salmo 95 não está nos incentivando a ficar gritando...

Comunhão&AdoraçãoMensagensdeMarço

1ª edição2013

Vinde, adoremos

Adoração coletiva no livro de Salmos

Comunhão&AdoraçãoMensagensdeMarço

1ª edição2013

Vinde, adoremos

Adoração coletiva no livro de Salmos

Comunhão&AdoraçãoMensagensdeMarço

1ª edição2013

Vinde, adoremos

Adoração coletiva no livro de Salmos

PROCLAMANDO

Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.É proibida a reprodução parcial ou total sem autorização da Igreja Adventista da Promessa.

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

Diretor Alan Pereira RochaConselho Editorial José Lima de Farias Filho Hermes Pereira Brito Magno Batista da Silva Osmar Pedro da Silva Otoniel Alves de Oliveira Gilberto Fernandes Coelho João Leonardo Jr.

IMPRESSÃO

Gráfica e Editora A Voz do CenáculoRua Dr. Afonso Vergueiro, nº 12 – Vila MariaSão Paulo – SP – CEP 02116-000Fone: (11) 2955-5141 – Fax: (11) 2955-6120

Revisão de textos: Eudoxiana Canto Melo Capa: Roberta S. Bassanetto Editoração: Farol Editora

ABREVIATURAS DE TRADUÇÕES E VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS NOS SERMÕES

ARA – Almeida Revista e AtualizadaARC – Almeida Revista e CorrigidaAS21 – Almeida Século 21ECA – Edição Contemporânea de AlmeidaNVI – Nova Versão InternacionalKJA –Tradução King James AtualizadaBV – Bíblia VivaNBV – Nova Bíblia VivaBJ – Bíblia de JerusalémTEB – Tradução Ecumênica da BíbliaNTLH – Nova Tradução na Ling. de Hoje

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 5

Pode-se dizer que o ser humano é essencialmente religioso. Jamais um antropólogo ou qualquer outro estudioso do compor-tamento humano foi capaz de encontrar uma pessoa, um povo, um grupo ou tribo que fosse totalmente destituído da ideia de culto ou vida religiosa. A religião e, por conseguinte, a adoração é tão natu-ral ao homem como a fome, a sede, a saudade. Até mesmo as pes-soas consideradas as mais atrasadas, às vezes, são as mais religiosas.

Quando olhamos para dentro de nós com honestidade, inapela-velmente constatamos a necessidade de religião, isto é, de estarmos ligados a um ser supremo chamado Deus. Nos dias de hoje, há mais de sete bilhões de seres humanos; são sete bilhões de pecadores, sete bilhões de adoradores. Uns adoram Buda e outros, Maomé; há outros milhares que adoram vishinú – o deus hindu. Tribos adoram o sol, a lua, os rios e até os ídolos de madeira e de barro.

Nós, adventistas da promessa, junto com milhões de pessoas em redor do mundo, adoramos com exclusividade o Salvador e Senhor Jesus Cristo, para a glória de Deus Pai, através do indispensável auxílio do Espírito Santo. Nossa adoração é uma resposta à tão grande salvação que recebemos por graça e misericórdia, na pessoa de Jesus, em quem está a nossa existência (At 17:28).

O nosso Deus é espírito, e, por isso, espera de seus adoradores uma adoração verdadeira ( Jo 4:24). O nosso Deus é santo, e, por isso, merece ser adorado em santidade (Lv 11:44). Desde o An-tigo Testamento, as pessoas se esmeravam para oferecer-lhe uma adoração solene: nas reuniões, nas assembleias, nas festividades e

APRESENTAÇÃO

6 Igreja Adventista da Promessa

até nos juramentos (Lv 29:35; Jl 1:14; Zc 8:19; Ez 21:23). O mo-mento máximo da adoração era quando o sumo sacerdote entrava no santo dos santos, o lugar sagrado onde ficava a arca do Senhor. O propósito de toda essa solenidade na adoração era acentuar a absoluta pecaminosidade humana e a absoluta santidade de Deus.

No Novo Testamento, a adoração tornou-se menos litúrgica, mais informal, mas nem um pouquinho desordenada ou destituída de solenidade. Na Nova Aliança, cada salvo executa o sacerdócio (1 Pe 2:9; Ap 1:6, 5:10). Porém, tudo continua sendo feito com decên-cia e ordem, na presença de Deus (1 Co 14:40). O “sede santos por-que eu sou santo” do Antigo Testamento (Lv 20:7) veio para o Novo Testamento (1 Pe 1:15). A persistência do salvo em estar na presença de Deus sem temor e tremor gera gravíssimas consequências, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (Lv 10:1-3; At 5:1-10).

Com o santo objetivo de gerar mais temor e respeito pela santa pessoa de Deus durante os cultos na Igreja Adventista da Promessa, a Diretoria da Convenção Geral, através do Departamento de Edu-cação Cristã (DEC), vem apresentar aos irmãos a série de sermões denominada VINDE, ADOREMOS: Adoração coletiva no livro dos Salmos. São pregações bíblicas a serem ministradas nos quatro primeiros sábados e no último domingo do mês de março deste ano. Os adventistas da promessa são convidados a adorarem o seu Deus com consciência, santidade, anseio, unidade e gratidão.

Que, de fato, cada irmão e irmã seja fortalecido espiritualmente e mais consciente sobre a santidade de Deus. Ao entrarem pelas portas da igreja para cultuá-lo e adorá-lo, que o façam com o máxi-mo de respeito e santidade, certos de que, assim procedendo, em vez de juízo, receberão a indispensável e maravilhosa justiça de Deus.

“Seja glorificado para sempre, Deus santo e tremendo!”

Pastor José Lima de Farias FilhoPresidente da Convenção Geral da IAP

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 7

Vinde, adoremos com consciência

Introdução

Saúdo todos os adoradores, aqui presentes, com a paz do Senhor Je-sus. Por gentileza, abram suas Bíblias no Salmo 95. Vamos ler os versos 1 ao 8 e orar. Na Nova Versão Internacional (NVI), está escrito assim:

1 Venham! Cantemos ao Senhor com alegria! Aclamemos a Rocha da nossa salvação. 2 Vamos à

presença dele com ações de graças; vamos aclamá-lo com cânticos de louvor. 3 Pois o Senhor é o grande Deus, o grande Rei acima de todos os deuses. 4 Nas suas mãos estão as profundezas da terra, os cumes dos montes lhe pertencem. 5 Dele também é o mar, pois ele o fez; as

suas mãos formaram a terra seca. 6 Venham! Adoremos prostrados e ajoelhemos diante do Senhor, o nosso Criador; 7 pois ele é o nosso Deus, e nós somos o

povo do seu pastoreio, o rebanho que ele conduz. Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, 8 não endureçam

o coração, como em Meribá, como aquele dia em Massá, no deserto.

Talvez você ainda não saiba, mas, pelo planejamento da nossa igreja para os próximos anos, ficou definido que março é o “Mês de comunhão e adoração”. Por isso, estamos iniciando, neste culto, uma série de sermões intitulada “Vinde, Adoremos!: Adoração cole-tiva no livro dos salmos”. Nos quatro primeiros sábados deste mês

SERMÃO 1

8 Igreja Adventista da Promessa

e no último domingo, vamos tratar, com base no livro dos Salmos, sobre o ato de congregar e sobre o significado e o valor do culto que oferecemos a Deus no templo, mostrando as atitudes corretas que devemos ter na adoração coletiva.

O texto escolhido para hoje é o Salmo 95 e o título desta men-sagem é Vinde, adoremos com consciência. Veja bem, uma das primei-ras exigências que Deus faz aos seus adoradores é que eles tenham consciência do que estão fazendo enquanto adoram. O culto que prestamos a Deus precisa ser feito com entendimento (Rm 12:1). Mas o que é adoração? No Salmo 95 está a resposta. Este cân-tico é um convite à adoração.

No Salmo 95, aprendemos que o adorador deve se aproximar do Senhor com consciência do que significa adorá-lo. Encontramos três con-ceitos sobre a adoração, que mostram qual deve ser a nossa postura no culto. E o primeiro conceito é este:

I. O culto que prestamos ao Senhor deve ser sinônimo de celebração diante dele

No verso 1, o salmista nos convida a celebrar, e celebrar é o mesmo que festejar, aclamar ou comemorar junto a outras pesso-as. O momento que passamos na igreja deve ser en carado como uma festa espiritual. Aqui, Deus é o homenage ado. O culto é uma festa. O salmista começa dizendo: Vinde, cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação (Sl 95:1). Dois verbos se destacam aqui: “cantar” e “celebrar”. O verbo “cantar” (hb. ra-nan), na língua original, significa, literalmente, “gritar de alegria”. O verbo “celebrar” (hb. ruwa) tem uma ideia semelhante: significa “gritar de triunfo”.1

1. Harris et al. (1998:1412).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 9

Pode até parecer es tranho, mas esse salmo estimula-nos a “gritar de alegria” em ado ração ao nosso Deus, a demonstrar nossa felicidade diante do Senhor. Há cristãos que gritam, quando seu time de futebol marca um gol, mas, no culto, ficam acanhados. São capazes de ficar estáticos e em silêncio, diante da manifestação do Rei da Glória. Não cantam, não glorifi-cam, não demonstram sua alegria. Isso está errado! Devemos nos expressar alegremente diante do Senhor. Podemos gritar de júbilo. Contudo, o Salmo 95 não está nos incentivando a ficar gritando feito loucos. O texto não trata de uma euforia vazia ou de ruídos sem sentido e emitidos ao acaso, mas, sim, de uma explosão consciente de regozijo.

Veja o versí culo 2: Apresentemo-nos ante a sua face com lou-vores e celebremo-lo com salmos. A ideia, aqui, é que devemos direcionar toda a nossa alegria para um louvor inteligente e harmônico. Canalizamos e demonstramos essa alegria na mú-sica. Charles London disse que “a música é o melhor dom de Deus ao homem, a única arte do céu dada à terra, e a única arte da terra que levaremos ao céu”. Na adoração, devemos cantar com muita alegria! É bom que se diga que há uma razão, um motivo para tanta alegria. Veja os versos 3 a 5: Porque o Senhor é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses. Nas suas mãos estão as profundezas da terra (...). Dele é o mar, pois ele o fez; obra de suas mãos, os continentes (Sl 95:3-5).

Quando adoramos, não estamos diante de uma criatura ou de um ser qual quer, mas, diante do ser mais magnífico e poderoso. É privilégio pertencermos a ele e podermos nos aproximar dele, ter comunhão e ser seus amigos. É impossível ficarmos indiferentes e impassíveis, diante de verdades tão preciosas. O culto a Deus deve ser marcado pela alegria dos adoradores. De fato, culto sem alegria é muito estranho. Em presença de tudo que Deus é e tudo que ele fez por nós, é inaceitável ofere cermos-lhe um culto frio e desanimado. Devemos louvar e adorar o nosso Deus com todo en-

10 Igreja Adventista da Promessa

tusiasmo. O culto jamais deve parecer um veló rio, porque o nosso Senhor não está morto. Ele vive e reina para sempre! Portanto, quando você for prestar culto, cante e ore com bastante ânimo e fer vor. Glorifique a Deus, pois ele é digno.

O primeiro conceito apresentado pelo salmista é que adoração deve ser vista como uma festa diante de Deus. Agora, vamos ao segundo conceito:

II. O culto que prestamos ao Senhor deve ser sinônimo de reverência diante dele

Leia, por favor, o verso 6 agora: Vinde, adoremos e prostremo--nos; ajoelhemos di ante do Senhor, que nos criou (Sl 95:6). No sal-mo 95, aprendemos que, além de nos apresentar diante do Senhor com a atitude de festa, devemos tam bém o adorar com a atitude de reverência. É preciso ha ver um equilíbrio entre a celebração e a reverência. Veja que interessante: O verbo hebraico traduzido aqui por “adoremos” significa, literalmente: inclinar-se ou prostrar-se. Adoração, além de ser “celebração”, é também “prostração”.2

Esse verbo é seguido por outros dois que transmitem o mesmo conceito sobre a adoração: prostrar-se (hb. kara) e ajo-elhar-se (hb. barak). Nesse sentido, adorar é reverenciar a Deus. É prostrar-se não apenas de joelhos, mas de coração, diante do Pai, em expressão de nossa gratidão e amor a ele. E o poeta assinala o motivo para nos prostrarmos: dê uma olhada no verso 7: Ele é o nos-so Deus, e nós somos o seu povo. Somos suas ovelhas, e ele é o nosso Pastor (Bíblia Viva). Glória a Deus por isso! A nossa atitude reverente na adoração é fruto da com preensão que temos de nós mesmos, e, especialmente, da compreensão que temos a respeito de Deus.

2. Kidner (1981:366).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 11

Quando descobrimos quem de fato ele é e quem nós somos, nós nos enchemos de humildade, de temor e tremor. Quem ele é e quem nós somos? Ele é Deus infinito e ilimitado, e nós somos humanos mortais e cheios de limitações; ele é o criador, e nós, suas criaturas; ele é o Rei, e nós, seus servos; ele é oleiro, e nós, os vasos; ele é santo, e nós, pe cadores. Ele é incomensurável, e nós, grãos de areia. Mas, apesar de toda a sua grandeza, Deus nos ama e se importa conosco. A Bíblia diz que Deus se inclina para nos ouvir. Ele assiste ao culto que prestamos. Ele vem receber nossa adoração.

Contudo, não podemos nos aproximar de Deus de qualquer jei-to: é preciso ter reverência em sua presença. O culto ao Senhor é algo muito sério. Pelo fato de ele ser tão santo e tão magnífico, você deve ir diante dele com temor e tremor. É preciso honrá-lo e respeitá-lo pelo que ele é e pelo que ele faz. Portanto, seja reverente. Evite con-versas paralelas, durante o culto; concentre-se em Deus; não deixe que sua mente fique divagando; evite gracejos e piadinhas desneces-sários. Não fique saindo do templo o tempo todo. Desligue seu tablet, seu smartphone, seu celular, a não ser que você esteja utilizando-os para culto ou em casos excepcionais. É muito feio ficar verificando as “redes sociais” durante o culto. Temos notícias de irmãos postando no Facebook ou twitando, enquanto o culto está acontecendo. Isso é muito triste! Nosso Deus merece mais do que isso.

Seja um adorador que demonstre o apropriado respeito e temor perante o ser mais poderoso e magnífico de que se tem notícia. Vamos a mais conceito bíblico sobre adoração:

III. O culto que prestamos ao Senhor deve ser sinônimo de compromisso diante dele

Gostaria de que você desse uma olhada agora na última parte versículo 7:  Hoje, se ouvirdes a sua voz. Há algo bem interes-

12 Igreja Adventista da Promessa

sante aqui: “ouvir” (hb. shama‘) não significa simplesmente “escu-tar”, mas, também, “dar atenção” e “obedecer”. 3 Essa ideia fica bem clara na paráfrase da Bíblia Viva, em que se lê: Como seria bom se hoje mesmo vocês ouvissem e obedecessem ao Senhor! Aqui, o salmista nos apresenta um elevadíssimo conceito sobre adoração: Deus es-pera de nós muito mais do que aquilo que oferecemos a ele na hora do culto no templo: quer que lhe sejamos fiéis e obedientes; espera compromisso; quer que o adoremos com fidelidade.

Assim, adoração é um estilo de vida, ou seja, nossa vida deve ser um constante culto a Deus: devemos viver para glória do Se-nhor. De nada adiantará você celebrar alegremente com os irmãos e ser reverente a Deus naquele momento, se, após o culto no tem-plo, você voltar para casa e tudo continuar como estava antes: sem transformação de vida, sem santidade e sem obediência. Para Deus, o obedecer é melhor do que o sacrificar (1 Sm 15:22). Vá ao templo; cante, sim, louvores alegres; faça orações reverentes. Mas, se você quiser, realmente, alegrar o coração de seu Pai, obedeça a sua pala-vra; viva para a glória dele.

Sua adoração precisa continuar em sua casa, em seu trabalho, em sua faculdade, por onde você for e em tudo que você fizer. Essa é a adoração que Deus espera! E isso é tão sério que o versículo 7, que acabamos de ler, é seguido por uma palavra de alerta. Note que o tom do poema muda. E já não é mais o salmista quem se expressa, mas, sim, o próprio Deus: Não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá (Sl 95:8). Nesses lugares, Meribá e Massá, os israelitas se rebelaram contra Deus, no deserto, conforme Êxodo 17 e Números 20.

O verso 9 é impressionante. Deus diz: Ali eles me puseram à prova e me desafiaram, embora tivessem visto o que eu havia feito por eles (Sl 95:9). Que trágico! O culto não fez nenhuma dife-rença para aquelas pessoas, que continuavam rebeldes, apesar

3. Harris (1998:1585).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 13

de ouvirem a voz de Deus e verem os seus milagres. Nós de-vemos ser diferentes! Não basta glorificarmos e expres sarmos nossa alegria cantando louvores ou glorificando a Deus em alta voz; tampouco nos basta ajoelharmos em reverência e ado-ração ao Senhor: precisamos viver o que nos é ensinado no cul-to, praticar a pregação. O Senhor não aceita o culto de quem não o leva a sério. Vá ao templo e saia dele compromissado com Deus. Busque viver para a glória de Deus.

Conclusão

Sejamos adoradores conscientes, reconhecendo o significado e a importância do culto a Deus. Precisamos atender ao apelo do apóstolo Paulo, que dizia: Irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Precisamos saber que a adoração coletiva não é apenas o levantar de mãos, no momento do louvor, ou, ainda, o cantar uma canção espiritual. É mais profundo do que isso! Cul-to, na visão do salmista, é o encontro de Deus com seu povo.

Não perca isso de vista, meu irmão. Jamais se esqueça disso, minha irmã. Você veio até aqui, hoje, para se encontrar com o seu Deus, que espera a sua manifestação de alegria diante dele, mas quer também que você esteja consciente de que ele é o ser mais magnifico e poderoso que existe e de que é necessário reverência na sua presença. Pelo que o Senhor é, devemos nos apresentar diante dele cheios de humildade, com temor e tremor. Deus espera que tenhamos compromisso com ele e com sua palavra, pois não aceita a adoração de quem não o leva a sério.

14 Igreja Adventista da Promessa

Bibliografia

CÉSAR, Elben M. Lenz. Refeições diárias com o sabor dos salmos. Viçosa, MG: Ultimato, 2006.

HARRIS, R. Laird. (et al). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo, 1998.

KIDNER, Derek. Salmos 73-150: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1981.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento 2: Poéticos. Santo André: Geográfica, 2006.

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 15

Vinde, adoremos com santidade

Introdução

Que a graça e a paz de Cristo Jesus sejam com todos vocês, amados irmãos. Por favor, abram suas Bíblias no Salmo 24. Os ver-sos 3 a 5, na versão Almeida Revista e Atualizada, dizem assim:

Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade,

nem jura dolosamente. Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação.

No sábado passado, iniciamos a série de mensagens intitulada “Vinde, Adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos”. O tema tratado foi este: “Vinde, adoremos com consciência”. Hoje, dare-mos continuidade a esta série refletindo acerca do tema: “Vinde, adoremos com santidade”, que é de extrema importância para a adoração coletiva do povo de Deus. Afinal, presenciamos, em nos-sos dias, uma crise de santidade sem precedentes. O conceito de pecado torna-se banal e a busca por uma vida pura diante de Deus, cada vez mais ignorada. Adoradores sem muito compromisso com o Deus santo é o que muito se vê, lamentavelmente.

O Salmo 24 é um chamado insistente de Deus à santidade de seus adoradores. Aliás, este Salmo tem tudo a ver com adoração e santidade. Tanto o seu contexto histórico quanto o seu conteúdo confirmam isso. Ele foi escrito, provavelmente, na ocasião em que

SERMÃO 2

16 Igreja Adventista da Promessa

a Arca da Aliança foi transportada por Davi a Jerusalém, após ter sido capturada pelos filisteus. A Arca simbolizava a presença do Deus Santo no meio do seu povo. Naquele dia, houve muito júbilo. Os sons dos instrumentos se juntavam às vozes dos adoradores, em celebração ao Senhor. Todavia, Deus queria muito mais que isso. Ele exigiu que houvesse santidade na vida dos adoradores.

O salmo 24 nos ensina que, para sermos qualif icados a perma-necer na presença de Deus, precisamos ter uma vida santif icada. Por isso, três atitudes são fundamentais para esse propósito. Veja-mos a primeira:

I. Adoremos a Deus com santidade em nossas ações

A prática da adoração é essencial na vida do cristão; por isso, não pode ser realizada de maneira irresponsável e relaxada. Muito se espera do verdadeiro adorador. Comprometimento é essencial da parte deste. Para que entendamos isso melhor, precisamos conhe-cer um pouco sobre o destinatário da adoração. Os primeiros versos do Salmo 24 nos proporcionam isso: Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam. Fundou-a sobre os mares e sobre as correntes a estabeleceu (vv.1-2). Sendo Deus o soberano de toda a terra, não deve ser buscado levianamente, de qualquer modo, no culto.

Deus é santo, e seu povo não pode ser diferente; daí a ênfase na pergunta: Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de per-manecer no seu santo lugar? (v.3). É importante entendermos que essas palavras foram endereçadas à multidão, que é advertida de que nem todos poderiam avizinhar-se do templo e seu culto. So-mente os qualificados ousam fazer isso.1 Quem são estes? Veja, por

1. Champlin (2000:2123).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 17

gentileza, o que diz o início do verso 4: O que é limpo de mãos. Esta é uma qualidade exigida por Deus aos seus adoradores. Pureza é uma prioridade a ser buscada, dia e noite, pelo adorador sincero.

O que quer dizer a expressão limpo de mãos? Refere-se a “uma conduta íntegra (Is 1:15, 16, 18)”.2 Assim sendo, aqueles que alme-jam permanecer na presença de Deus agem com fidelidade a ele; são fiéis tanto no muito quanto no pouco. No templo, cantam e pregam o que vivem. Comportam-se verdadeiramente como sal da terra e luz do mundo. As suas boas obras são manifestas, contra-riando as práticas más deste mundo. Suas atitudes condizem com o que afirmam as sagradas letras e servem de testemunho em favor da autenticidade da palavra de Deus.

Precisamos entender que não devemos nos gloriar por cau-sa de nossas boas obras: devemos fazê-las no intuito de glorifi-car a Deus. Somente a ele a glória! Ser santo, no entanto, não é ser infalível, mas é lutar contra o pecado diariamente. Por isso, é importante que, ao chegarmos ao templo, confessemos os nossos pecados ao Senhor. Somos pecadores, mas, se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1Jo 1:9). O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado (1 Jo 1:7). Sendo nós adoradores, como temos nos com-portado no trabalho, em nosso lar, em nossa igreja? Deus tem sido glorificado por meio de nossas ações? Que a nossa resposta a esta pergunta seja sempre positiva.

Adoremos a Deus com santidade em nossas ações. Essa é a primeira atitude que devemos adotar para sermos qualificados a permanecer na presença de Deus. Vejamos a segunda.

2. Wiersbe (2006:135).

18 Igreja Adventista da Promessa

II. Adoremos a Deus com santidade em nossos pensamentos

Deus requer de seus adoradores mãos limpas, isto é, integridade de conduta. Mas não é só isso. O verso 4 do Salmo 24 continua a descrever outra qualidade do adorador fiel. Além de limpo de mãos, ele deve ser também puro de coração. O que isso quer dizer? Que, diante do criador do universo, dono da terra e de seus habitantes, o adorador deverá prostrar-se com motivações e caráter piedosos (Mt 5:8).3 Os nossos sentimentos e pensamentos precisam ater-se ao propósito do nosso culto. Muitos pecam por não levar essa ver-dade em conta, na prática da adoração.

Os homens conseguem enxergar as nossas ações, mas Deus tem o poder de ir muito além. Ele conhece o que se passa em nosso interior. Sim, ele nos conhece mais do que nós mesmos. Você se lembra das palavras proferidas pelo salmista, no Salmo 139? Veja: SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos (vv.1-2). Não há como nos escondermos de Deus. É impossível enganá-lo, ainda que seja em pensamentos. Por isso, é convenien-te que, ao nos colocarmos diante dele para adorá-lo, examinemo--nos a nós mesmos.

É possível que muitos de nós cheguemos ao templo na hora certa, com as pessoas certas, vestidos da maneira correta, mas com a motivação errada. A alguns fariseus e escribas, Jesus foi taxativo: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mc 7:6). Qual tem sido a nossa motivação, no momento de adoração no culto? Será que, ao invés de nos humilharmos diante do Senhor, temos alimentado a raiva, a inveja, a amargura, o orgulho, a promis-

3. Idem.

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 19

cuidade e muitos outros sentimentos impuros que impedem que a nossa adoração seja aceita? Reflitamos a respeito.

O momento de adoração é importante. Devemos aproveitá-lo ao máximo! É um momento de entrega, de respeito e devoção. É uma oportunidade que temos de rogar ao Senhor que nos purifi-que. Precisamos pedir-lhe que tire os excessos de impureza aloja-dos em nosso coração, pois é deste que procedem os maus desíg-nios (Mc 7:21). Que o nosso interesse, no culto, não seja aparecer, mostrar nossas habilidades musicais, intelectuais, homiléticas, mas glorificar aquele que nos amou e nos deu vida. Se houver pureza em nossos corações, estaremos qualificados, por graça, a permane-cer em sua presença.

Adoremos a Deus com santidade em nossas ações e pensa-mentos. Devemos adotar essas atitudes para sermos qualificados a permanecer na presença de Deus. Vejamos, portanto, a terceira e última.

III. Adoremos a Deus com santidade em nossas palavras

Mãos limpas e coração puro qualificam o adorador a permanecer na presença do Deus Santo. Santidade nas ações e nas motivações do pensamento não pode faltar, em hipótese alguma, na vida do servo de Deus. Todavia, há, ainda, outra qualidade a se tratar aqui. Veja, por favor, a continuação do verso 4 do Salmo 24: ... que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente. O sentido da palavra falsidade está restrito à idolatria. A Bíblia na versão NVI traduz a primeira parte deste trecho assim: ... que não recorre aos ídolos. Em outras palavras, nenhum adorador deveria contaminar--se com os falsos deuses, que eram tão cultuados pelas outras na-ções, naquela época.

20 Igreja Adventista da Promessa

A expressão jurar dolosamente, por sua vez, refere-se a todo tipo de dissimulação, especialmente ao falso testemunho num tribunal.4 O cuidado com as palavras a serem proferidas precisa ser levado a sério por quem almeja adorar a Deus de maneira correta. A língua, quando não utilizada sabiamente, poderá levar-nos a pecar. Logo, bem-aventurados os que a dominam. É necessário que haja santi-dade em nosso falar. Nosso Deus se importa com isso. Portanto, precisamos tomar alguns cuidados em relação às nossas palavras.

Em primeiro lugar, repudiemos a mentira. Quando menti-mos, não agradamos a Deus, mas ao diabo, o pai da mentira. Deus é contra essa prática. Ele não compactua com mentirosos. De fato, a mentira põe em risco a solidez dos relacionamentos. Por isso, a ordem divina é: Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos (Cl 3:9). Nada de caluniar o próximo.

Em segundo lugar, repudiemos as palavras obcenas. Efésios 5:4 nos alerta: Não haja obscenidade, nem conversas tolas, nem gracejos imo-rais, que são inconvenientes, mas ao invés disso, ações de graças (NVI). Cuidado com o conteúdo de nossas conversas, na roda de amigos, ou com o tipo de piadas que contamos. Fujamos da imoralidade.

Por fim, em terceiro lugar, repudiemos a murmuração. Os israe-litas, no deserto, pecaram muito nesse sentido, e o fim de muito de-les não foi dos melhores. Não caiamos no mesmo erro. Ao invés de reclamar, abramos nossa boca para agradecer e glorificar ao nosso Deus! Façamos como o Salmista, que disse: Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome (Sl 103:1). É isso que devemos fazer: usar nossos lábios para entoar louvores ao Rei da glória! Que nossas palavras sejam utilizadas para a edi-ficação dos ouvintes, não só dentro das paredes do templo, mas também fora delas.

4. Wiersbe (2006:136).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 21

Conclusão

Milênios se passaram, desde que o Salmo 24 foi escrito. Mas o seu conteúdo ainda é válido. As perguntas que não calam são estas: Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? (v.3). A resposta, por sua vez, não mudou: O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente (v.4). A adoração é algo muito sério; não é para qualquer um. Ministrar louvor na igreja, cantar no grupo de louvor, tocar um instrumento, dirigir o culto, pregar uma mensagem exi-gem as qualificações que vimos nesta manhã.

Deus quer adoradores comprometidos com a santidade em suas ações, pensamentos e palavras. Sim, ele espera isso de cada um de nós. Se quisermos obter a bênção do Senhor e a sua justiça, não po-demos esquecer isso. Se quisermos ser identificados como a geração dos que buscam o Deus de Jacó, não podemos esquecer isso. Se qui-sermos encontrar o Senhor sempre que o buscarmos, não podemos esquecer isso. Que o Senhor, por meio de sua infinita graça, nos ajude a sermos adoradores que se esforçam e se alegrem em adorá--lo em espírito e em verdade. Isso muito importa ( Jo 4:23). Amém!

Bibliografia

WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento: Poéticos. Tradução: Susana E. Klassen. Santo André: Geográfica, 2006.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado: versícu-lo por versículo: vol. 4. São Paulo: Candeia, 2000.

22 Igreja Adventista da Promessa

Vinde, adoremos com anseio

Introdução

A paz de Jesus! Convido os amados irmãos a abrirem suas Bíblias no Salmo 84. Vamos fazer a leitura dos quatro primei-ros versos. Eles se encontram assim na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA):

1 Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! 2 A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! 3 O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu! 4

Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente.

Já ouvimos dois sermões da série “Vinde, Adoremos!: Adoração Coletiva no livro dos Salmos”. Hoje, trataremos do tema: “Vinde, adoremos com anseio”. O coração do salmista, escritor do Salmo 84 é cheio de bons desejos. No salmo em questão, ele não esconde seu enorme anseio de ir ao templo de Jerusalém, para adorar o Senhor. No v. 2, ele diz: ... a minha alma suspira (...) pelos átrios do Senhor. A palavra “átrios” é uma referência ao templo em Jerusalém. No antigo Israel, o único lugar definido para o culto a Deus era o templo, em Jerusalém, sobre o monte Sião. A maioria dos judeus ia até lá, ao menos, três vezes no ano prestar culto ao Senhor.

SERMÃO 3

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 23

O salmista é um destes que aguarda ansioso o dia de poder ir até o templo e chegar ao lugar onde o povo de Deus está, pois, naquele lugar, Deus habita. A palavra hebraica traduzida por “sus-pirar”, que aparece no v.2, traz o sentido de ansiar por alguma coisa profundamente, desejar algo com intensidade. Diante desse desejo do salmista, é importante nós refletirmos sobre que tipo de expec-tativa temos, quando chega o dia de virmos à igreja prestar culto ao Senhor com outros adoradores. Nós nos alegramos? Esperamos com ansiedade este dia? Ainda é importante para nós o culto co-letivo? Se sim, até que ponto? É sobre essas questões que seremos desafiados a pensar nesta oportunidade.

O Salmo 84 ensina que todo servo de Deus deve demonstrar an-seio por cultuá-lo com outros adoradores. Existem três evidências, neste Salmo, que demonstram o quanto o autor ansiava por congregar, e que nos desafiam à reflexão:

I. Seu amor declarado por congregar mostra que o salmista ansiava profundamente estar diante de Deus

Desde o início do Salmo 84, o autor afirma seu amor ao lugar da habitação de Deus. Confira, em sua Bíblia, a primeira frase do salmo: Quão amáveis são os teus tabernáculos (v.1a). Se você tem a Bíblia na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, constatará, de maneira mais clara, a declaração de amor do salmista ao lugar onde ele se reunia com os demais adoradores para congregar: Como eu amo o teu templo, diz a tradução citada. No hebraico, é essa a ideia. A expressão poderia ser traduzida também por “amado”.

A razão de tanto amor não está no próprio templo em si, mas no Senhor Todo-Poderoso (v.1b, NTLH), que se manifestava ali de forma singular; afinal, aquele era o lugar designado para

24 Igreja Adventista da Promessa

tais manifestações, naqueles dias. Na antiga aliança, conforme afirmamos na introdução, o local para se cultuar a Deus cole-tivamente era o templo; por isso, este tem um lugar especial no coração do salmista. É importante dizer que o seu amor pelo templo de Deus não era maior do que o seu amor pelo Deus do templo. Ele se mostrou “entusiasmado acerca de tudo o que o templo representava, e foi ali buscar a presença de Deus, e não meramente participar de cerimônias ou sacrifícios”.1

O salmista peregrino não ia ao templo apenas para ver sua be-líssima estrutura, mas para se encontrar com Deus. Ele prossegue dizendo que todo o seu ser, “alma, coração e carne” desfalecem pelo Deus vivo (v.2). Essas expressões, “alma, coração e carne”, mostram que o salmista deseja estar por completo na presença de Deus. Para ele, assim como existiam ninhos de pássaros, no pátio do templo, também haveria acolhida para a sua vida na casa de Deus. Isso nos faz lembrar o que Jesus disse: se o Pai tem cuidado dos pássaros quanto mais de nós (Mt 6:26).2 Igualmente ao salmista, devemos ter esse amor por congregar. E quando falamos de ter amor por essa prática, não é somente pelas estruturas, mas, principalmente, pelas pessoas que se encaminham para o lugar do culto.

Nós, que fomos salvos pela graça de Cristo, somos templo do Espírito Santo (1 Co 3:16). Kidner diz que esse amor pelo tem-plo, na época do salmista, equivale, agora, ao “ ‘amor aos irmãos’ que são, individual e coletivamente, o templo de Deus”3. Nós pre-cisamos decidir amar uns aos outros. Precisamos demonstrar amor por congregar e por participar da adoração coletiva, porque aqui encontramos nossos irmãos. Neste encontro, Deus se manifesta! Assim como se fazia presente no antigo templo, ela se faz presente quando sua igreja se reúne para buscá-lo e bendizê-lo! Você pode

1. Champlin (2000:2314).

2. Kidner (1981:329).

3. Idem.

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 25

dizer, hoje, de todo coração: “Como eu amo estar junto com meus irmãos adorando o Senhor dos Exércitos!”? Que esse seja o desejo profundo e sincero de todos nós.

Muito bem, acabamos de ver a primeira evidência que mostra o quanto o salmista ansiava estar diante de Deus: seu amor declarado por congregar. Sigamos:

II. Sua felicidade inegável por congregar mostra que o salmista ansiava profundamente estar diante de Deus

Dos versos 4-7, o salmista declara a felicidade de poder estar no templo, em Jerusalém. É impossível negar a felicidade que ele sentia em poder chegar às portas do templo. Temos, nos versos 4 e 5, a repetição da palavra hebraica: ‘esher. Poderíamos traduzir este termo assim: “Ó que felicidade a de”.4 Quem é feliz, de acordo com o salmista? Felicidade é um tema muito debatido em nossos dias. Para muitos, casa, carro, relacionamentos, bens materiais estão entre os itens que compõem a lista de quem é feliz. Mas, para o salmista, alegria têm mesmo os que habitam na casa do Senhor e o louvam sem cessar (v.4). O comentarista Wiersbe afirma que “a palavra ‘habitam’, aqui usada, refere-se ao sacerdócio do templo”, aos sacerdotes de plantão, que se abrigavam ao redor do templo.5

Quando o salmista diz que são bem-aventurados ou felizes os que habitam à casa de Javé, tem em mente essa imagem dos sacer-dotes. Eles são muito felizes por poderem morar na casa de Deus! Como eles são privilegiados! Contudo, o salmista apresenta uma segunda classe de pessoas que também são muito felizes: Felizes

4. Harris et al (1998:135).

5. Champlin (2000:2315).

26 Igreja Adventista da Promessa

são aqueles que de ti recebem forças e que desejam andar pelas estradas que levam ao monte Sião! (v.5 – grifo nosso). Felizes são aqueles que, mesmo não habitando continuamente no templo, em períodos regulares podem pegar a estrada e ir até o templo adorar a Deus! O salmista pertencia a este grupo e era muito feliz.

A caminhada até o templo não era fácil. Contudo, era o senti-mento de alegria e felicidade de poder ir ao templo que encorajava os fiéis a fazerem a viagem até Jerusalém. O autor menciona, no v. 6, o vale de baca ou vale de lágrimas, porque “‘Baca’ é o termo hebraico para ‘árvore de bálsamo’, e a seiva dessa árvore escorre lentamente como lágrimas’”.6 Era um vale longo, quente e seco. No caminho até o templo, os adoradores teriam de passar por ele. Qualquer viajante comum se deprimia só de pensar em ter de pas-sar por aquele lugar, mas não os filhos de Deus! Eles tinham um refrigério logo à frente! Quanto mais se aproximavam de Jerusa-lém, mais se alegravam com a perspectiva da comunhão diante de Deus, em Sião.

Irmãos e irmãs, mesmo sabendo que podemos orar em nosso quarto e ter o nosso particular com o Pai (Mt 6:6), a Bíblia nos chama para a adoração coletiva. Somos chamados a nos reunir, a congregar, a viver como comunidade do reino. Somos mais felizes quando vamos à igreja, mesmo com suas imperfeições. Há felici-dade em nos reunirmos para adorar. Pode ser que, às vezes, existam desentendimentos, problemas, pois somos seres humanos imper-feitos, mas você há de concordar que há muita felicidade no fato de pertencer a uma comunidade cristã! Talvez, ultimamente, sua vida esteja triste demais para você congregar. As coisas não mudam, a família se dividiu, os filhos querem ir embora, a fé esfriou. Porém, não abandone os cultos! Tenha certeza, nestes encontros coletivos, de que você encontrará palavras de ânimo! Você será encorajado por outros adoradores e, principalmente, será tratado por Deus!

6. Wiersbe (2006:231).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 27

Temos ou não motivos para externarmos para quem quer que seja a nossa felicidade por podermos congregar? Pense nisso!

Já vimos duas evidências que provam que o salmista ansiava profundamente estar diante de Deus: seu amor declarado e sua fe-licidade inegável. Vamos à última:

III. Sua escolha contundente por congregar mostra que o salmista ansiava profundamente estar diante de Deus

Além de evidenciar o seu amor e sua felicidade por congregar, o salmista mostra que ansiava profundamente estar diante de Deus, por sua escolha contundente. Podemos observá-la no v. 10: Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade. Ele começa o verso expressando-se com mais eloquência do que já vinha fazendo anteriormente. Ele usa o tempo como metáfora e assevera que “um dia” nos átrios do Senhor é melhor do que “mil dias” em qualquer outro lugar. Para o salmista, nada se compara à comunhão que ele desfruta com Deus em seu santuário.

O que nos chama à atenção, no entanto, é a segunda parte do v. 10: ... prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade. Observe a o verbo “prefiro”. Na Nova Tradução na Linguaguem de Hoje, temos: Eu gostaria. No hebraico, temos o ver-bo bachar, termo que sempre “implica uma escolha cuidadosa e bem pensada”.7 O autor do salmo, por todas as questões já apresentadas anteriormente, decidiu que queria ir à casa de Deus. Ele “conhece suas prioridades. Ele dá as costas para o caminho mau do mundo”.8

7. Harris et al (1998:167).

8. Bruce (2009:847).

28 Igreja Adventista da Promessa

Em nossos dias, o templo do Senhor chamaria mais a atenção do salmista do que o teatro, “o cinema, o circo, o campo de futebol, o motel, o clube, a praia e a região serrana”;9 o shopping, o compu-tador, o Domingão do Faustão, o Fantástico, as novelas, o namoro etc. Por que temos deixado de congregar por motivos tão banais, às vezes? Entenda: não estamos dizendo que é proibido faltar a um culto. Não estamos dizendo que, se você vai ao shopping em um domingo com seus filhos e deixa de ir ao culto, é o mais miserável dos pecadores! Absolutamente, não! Mas o problema é que, para muitas pessoas, o culto deixou de fazer falta.

Muitos trocam o culto por qualquer coisa, sem nenhum tipo de dor na consciência. Perderam o anseio por congregar. Na sua lista de prioridades, o culto está sempre em segundo plano. Na hora de decidirem o que fazer, é sempre preterido, desprezado, atropela-do. Por que isso está acontecendo? Gostaríamos de lhe convidar, hoje, a tomar a decisão do salmista. Escolha congregar. Diga ao Senhor: A partir de hoje, eu prefiro me reunir com meus irmãos para celebrarmos ao Senhor! A partir de hoje, eu prefiro me reunir com meus irmãos para suplicarmos misericórdia! A partir de hoje, eu prefiro me reunir com meus irmãos me reabastecer do temor do Senhor e da alegria de encontrar Deus! Decida isso! Peça para Deus reacender em você a chama do desejo por cultuar o glorioso nome do Senhor.

Conclusão

Que desejos têm ocupado o seu coração? Talvez, seja aquele carro do ano, a faculdade tão sonhada, a viagem em promoção, aquele vestido na vitrine, o cargo tão elevado na igreja. O que tem ocupado o seu coração? Aprendemos, pelas demonstrações de ati-

9. César (2006:193).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 29

tudes e bênçãos na vida do salmista, que ele havia priorizado Deus e sua obra. O seu alvo era adorar a Deus; sua atitude era caminhar para o templo e seu desejo era estar com o povo de Deus para cultuá-lo. Ele se juntava às várias caravanas que partiam rumo a Jerusalém e caminhavam até a casa do Senhor, Todo-Poderoso.

Precisamos fazer essa reflexão. Como está o nosso desejo pelas coisas de Deus? O evangelho de Cristo nos convida a priorizar o governo de Deus na nossa vida: ... buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6:33). Podemos crer que Deus nos suprirá as necessidades básicas, se o colocarmos em primeiro lugar. Por isso, que nossos desejos estejam colocados em Deus. Peçamos ao Senhor que ope-re em nós uma nova motivação para servi-lo em toda a nossa vida. Deus seja louvado.

30 Igreja Adventista da Promessa

Bibliografia

BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. Tradu-ção: Valdemar Kroker. São Paulo: Vida, 2009.

CÉSAR, Elben M. Lenz. Refeições diárias com o sabor dos Salmos. 2 ed. Viçosa: Ultimato, 2006.

CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versícu-lo. Volume 4. São Paulo: Candeia, 2000.

HARRIS, R. Laird et al. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. Tradução: Márcio Loureiro Redondo, Luiz Alberto T. Sayão, Carlos Osvaldo C. Pinto. São Paulo: Vida Nova, 1998.

KIDNER, Derek. Salmos 73-150: Introdução e comentário. Tradução: Gor-don Chown. São Paulo: Vida Nova, 1981.

WIERSBE, Warren. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento: Poé-ticos. Tradução: Susana E. Klassen. Santo André: Geográfica, 2006.

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 31

Vinde, adoremos com unidade

Introdução

A paz do Senhor Jesus aos irmãos e as irmãs! Queiram, por gentileza, abrir as suas Bíblias no Salmo 133. Vamos ler todos os versos desta porção da Bíblia na versão Almeida Revista e Atuali-zada, que diz:

1Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! 2 É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes.

3É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre.

Hoje, daremos continuidade à série de sermões “Vinde, Ado-remos!: Adoração Coletiva no livro dos Salmos”, tratando do tema: “Vinde, adoremos com unidade”, tendo por base o Salmo 133. A adoração faz parte da natureza humana. Só quando pas-sa a adorar o verdadeiro Deus é que o ser humano descobre o sentido de sua existência; afinal, foi criado para prestar culto ao Senhor. Deus os fez assim. Nunca houve uma “comunidade hu-mana sem nenhum tipo de adoração. Adoração é um fenômeno universal. Isso tem sido confirmado pela história das religiões”.1 No que se refere à igreja cristã, desde o seu início, esta sempre foi uma comunidade adoradora.

1. Smith (2001:299).

SERMÃO 4

32 Igreja Adventista da Promessa

Nossa adoração pode acontecer tanto no âmbito individual quando no coletivo. Ora adoramos sozinhos, ora adoramos acom-panhados de outros adoradores. Nosso foco, neste sermão, estará na adoração comunitária. Nunca podemos esquecer que fazemos parte de um corpo, “não somos células isoladas flutuando em nosso próprio mundo”.2 Como “corpo” de Cristo, devemos viver unidos! A unidade não deve ser vista somente no fato de estarmos reunidos, mas no dia-a-dia, em nossos relacionamentos. O livro de Salmos, inspirado por Deus para instruir os adoradores, é uma das porções da Bíblia que mais valoriza o ajuntamento do povo de Deus para adorá-lo. Um deles, o Salmo 133, mostra o quanto a união entre os irmãos é importante.

Aprendemos com o Salmo 133 que, ao nos reunirmos para adorar a Deus coletivamente, devemos fazê-lo em unidade, pois é isso que ele espera. E qual a razão de Deus esperar isto? Este salmo oferece três pos-síveis respostas a esta pergunta.

I. Quando nos reunimos para adorar coletivamente, e existe unidade, temos um ambiente precioso

Conforme se acredita, o Salmo 133 foi escrito por Davi. Nele, a harmonia entre os irmãos é celebrada e incentivada. Este era um assunto de grande preocupação entre os israelitas, que viviam em clãs ou tribos. O que se esperava dos irmãos (v.1), no clã, era que vivessem em harmonia uns com os outros, e “nisso residia a força da nação”.3 Numa sociedade tribal, se cada tribo decidisse viver por si mesma, o futuro da nação estaria em risco. Por isso a uni-dade era tão importante. E Davi sabia disso. Possivelmente, este

2. Lopes (2012:91).

3. Champlin (2000:2479).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 33

Salmo foi escrito quando ele, enfim, conseguiu reinar sobre todas as tribos de Israel.

Durante sete anos e meio, Davi comandou apenas uma parte da nação, tendo seu trono em Hebrom. Por causa da divergência a respeito do trono de Israel, a reunião de todas as tribos para adorar ao Senhor não era possível. Talvez o homem segundo o coração de Deus sonhasse com o dia em que veria toda a casa de Jacó unida celebrando ao Senhor. Vários comentaristas bíblicos encaixam este salmo no contexto do segundo livro de Samuel 5:1-10, que relata o momento em que Deus põe Jerusalém nas mãos de Davi. O Rei de Israel entra em Jerusalém e se alegra em ver novamente os irmãos de sua pátria em união. As tribos estavam juntas novamente e po-deriam celebrar o Senhor em união.

Ao descrever aquela nova realidade, Davi qualifica a unidade dos filhos de Deus. Ele diz: Oh! quão bom e quão suave é que os ir-mãos vivam em união (Sl 133:1). Por essas palavras, constatamos o quanto a unidade propicia um ambiente precioso, por, ao menos, duas razões. Em primeiro lugar, a unidade é bela. A palavra “bom” traz a ideia de “belo”.4 Um povo unido é um retrato vivo e eloquen-te do que há de mais bonito! Há solidariedade, perdão, amor, ajuda. É bonito de ver! Em segundo lugar, a unidade é agradável. A palavra hebraica traduzida por “suave” era utilizada para se referir a uma comida apetitosa, a um terreno bem localizado, a uma música bem tocada; enfim, era usada para descrever sensações ou coisas muito boas! De fato, “é muito além de bom quando não há o menor atrito entre os irmãos”.5

Quem, dentre nós, não quer esse ambiente, quando nos reuni-mos para adorar a Deus? Sem unidade, a adoração perde a beleza e torna-se desagradável. A falta de unidade destrói o ambiente da verdadeira adoração. Não há clima de adoração para o adorador,

4. Lopes (2004:94).

5. César (2006:332).

34 Igreja Adventista da Promessa

nem para o próprio Deus. Não há ambiente porque Deus rejei-ta a adoração desprovida de união (Mt 5:24). Vale lembrar que adorar com unidade não significar violentar a personalidade dos adoradores. O público composto de adoradores engloba pessoas de origens, raças e culturas diferentes. No entanto, essas diferenças jamais devem ser motivos de discórdias, divisão, preconceitos e dis-criminação. Os adoradores devem lembrar que a cruz de Jesus é o que une os que celebram ao Senhor. Em Cristo, todos igualmente adoram a Deus!

Pois bem, vimos a primeira possível resposta à pergunta: Por que Deus quer que adoremos em unidade? É por causa do ambien-te precioso proporcionado pelo local onde existe a unidade. Vamos à segunda:

II. Quando nos reunimos para adorar coletivamente, e existe unidade, temos um ambiente contagiante

Dando sequência a sua canção sobre unidade, Davi relembra a unção ministrada sobre Arão, quando este foi ordenado ao sacer-dócio. Este verso lembra-nos da verdade gloriosa de que, quando a igreja se reúne para adorar a Deus em unidade e vive assim em seu dia-a-dia, atrai a simpatia das pessoas. O v. 2 do Salmo 133 compara a união entre o povo de Deus nos seguintes termos: É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. A união é comparada com o óleo da unção colocado sobre Arão, no evento de sua consagração (Ex 30:22-30). Acreditamos que Davi usou essa figura por, pelo menos, duas razões:

A primeira razão diz respeito ao aroma do óleo. O óleo utiliza-do para ungir os sacerdotes consistia numa mistura “perfumada de azeite puro de oliva e especiarias como mirra, o cinamomo, o

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 35

cálamo e a cássia”.6 Não se podia deter a fragrância deste óleo. É possível que Davi estivesse pensando no perfume deste óleo, quan-do fez esta comparação. Isso fica subentendido na expressão “óleo precioso”.7 A NTLH chama este óleo de azeite perfumado. A Bíblia Viva o chama de óleo perfumado. A edição de Matos Soares diz: É como perfume. Quando o óleo era derramado sobre o sacerdote e suas vestes, não somente este sentia o perfume, mas todos os que estavam ao seu redor.

Entendeu aonde Davi queria chegar com a comparação? Quando há união entre nós, todo o ambiente é influenciado. A união contagia; propicia um ambiente de acolhimento, compreen-são, amor. Quando o povo de Deus está unido, está proclamando em alto som o evangelho ao mundo e à própria comunidade. Na unidade, não há “clima pesado”. Uma igreja unida “é uma usina de saúde, é uma clínica terapêutica, uma agência da ação restaurado-ra de Deus na terra”.8 Na unidade, não há corações amargurados, rancorosos e embrutecidos. A paz gerada pela unidade torna o am-biente propício à adoração a Deus em espírito e em verdade. Quem não quer estar num ambientes desses?

A segunda razão do uso desta figura diz respeito ao simbolismo do óleo. O óleo da unção representava a presença e a capacitação do Espírito Santo. As pessoas ungidas passavam a contar com a pre-sença do próprio Deus em suas vidas, para ajudá-las a desenvolver um ministério com eficácia. Não é diferente em nossos dias, no que diz respeito à igreja. Só podemos viver em comunhão por causa do Espírito. Não precisamos mais ser ungidos com óleo, no sentido li-teral. A Bíblia diz que todo cristão é alguém ungido por Deus, pois têm o Espírito em seu coração (2 Co 1:21-22; 1 Jo 2:20, 27). E é o Espírito quem nos possibilita a vida em comunhão (2 Co 13:13).

6. Adeyemo (2010:759).

7. Kidner (1981:462).

8. Lopes (2004:95).

36 Igreja Adventista da Promessa

Sob o derramar do Espírito Santo, o louvor contém graça, a men-sagem contém conhecimento, a oração contém o poder de Deus. Na unidade, os adoradores são cheios do Espírito Santo. Sem o Espírito, nossa adoração será somente uma formalidade religiosa. Diante disso, a unidade jamais pode ser desprezada.

Acabamos de ver a segunda possível resposta à pergunta: Por que Deus quer que adoremos em unidade? Vimos que é por causa do ambiente contagiante proporcionado pelo local onde existe a unidade. Vamos à última:

III. Quando nos reunimos para adorar coletivamente, e existe unidade, temos um ambiente abençoador

O Salmo 133 se encerra com a frase: Como o orvalho de Her-mom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SE-NHOR ordena a bênção e a vida para sempre (Sl 133:3). O monte Hermom era considerado o mais alto em Israel, com, aproxima-damente, três mil metros de altura, diferente do monte Sião, que era considerado pequeno. Segundo Wiersbe,9 estes dois montes são separados por mais de 300 quilômetros. O texto, no entanto, afirma que o mesmo orvalho que regava a alta montanha Her-mom também regava a pequena Sião.

Ao utilizar esse fenômeno da natureza, o salmista nos ensina que orvalho, assim como a benção de Deus, alcança tanto aqueles que consideramos grandes como aqueles que consideramos peque-nos. Quando há unidade, a porção das bênçãos de Deus é suficiente para abençoar a todos. Ao ver seu povo vivendo unido e adorando unido, Deus não economiza bênçãos. No mesmo pensamento, o salmista afirma a boa vontade do Senhor em ali ordenar benção e a vida para sempre. O texto destaca a soberania divina, afirmando que somente o Senhor ordena a benção e a vida.

9. Wiersbe (2006:336).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 37

Mas qual o significado de “ali”, no v.3? Diz respeito às mon-tanhas citadas, ou à união aludida no v.1? Acreditamos que seja uma referência à união, tema do salmo e das comparações feitas nele. “Ali”, onde os irmãos vivem em união, há bênção e vida para sempre; “ali”, onde se adora com amor; “ali” onde se adora com har-monia; “ali”, onde se adora com fraternidade, o Senhor, o próprio Deus, manda benção e vida, não em pequena quantidade ou com pouca duração: é bênção e vida para sempre. Enquanto houver uni-dade na presença de Deus, não faltará a bênção dos céus. O orvalho de Deus sempre descerá sobre os que adoram em união.

Unidade na adoração não é somente um mandamento divino: é uma necessidade dos homens. Deus sabe o quanto dependemos uns dos outros para sobrevivermos espiritualmente. Esta foi uma das razões pelas quais ele instituiu sua igreja: a reunião de seus santos para bendizer-lhe. Precisamos viver em união.

Voltando a tratar dos montes do v. 3, a vegetação de Hermom e Sião sofria com o sol escaldante durante o dia, mas recebia refrigé-rio do orvalho, durante a noite, proporcionando vida às montanhas. Adorarmos em unidade não nos isentará do sol escaldante da vida, mas, enquanto permanecermos unidos adorando ao Senhor, não faltará o orvalho de Deus, trazendo refrigério, pois o Senhor orde-nará sobre nós a benção e a vida para sempre.

Conclusão

Em sua palavra, Deus revela seu sentimento e desejo de nos ver adorando em grupo. A adoração individualista não é o ideal de Deus para nós. Podemos até adorar a Deus sozinhos, pois todos devemos ter nossos momentos de devoção pessoal, mas isso não nos isenta do dever de adorar com outros irmãos. Deus se alegra ao ver pessoas com personalidades, culturas e gostos diferentes louvando a um único Deus. Cristo Jesus morreu e nos

38 Igreja Adventista da Promessa

fez um. Dessa forma, somos convidados a adorar com o mesmo objetivo, com a mesma fé, com o mesmo amor àquele que é me-recedor de honra e glória.

Adorar em unidade é um desafio porque é remar contra a onda do mundo, em que cada um cuida da sua vida. No Reino de Deus os valores são diferentes. O amor ensinado por Cristo nos ensina a dar suporte uns aos outros. Ajudamos e somos ajudados a adorar a Deus. Adoramos em unidade porque isso é bom e agradável, porque o Espírito Santo habita na união. Adoramos em unidade porque, quando vivemos assim, o Senhor ordena a bênção e vida para sempre. Almejemos sempre isso, pois, se exis-tir unidade entre nós, haverá também, um ambiente precioso, contagiante e abençoador.

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 39

Bibliografia

ADEYEMO, Tokunboh (Ed.). Comentário Bíblico Africano. Tradução: Heloísa Martins et al. São Paulo: Mundo Cristão, 2010.

CÉSAR, Elben M. Lenz. Refeições diárias com o sabor dos Salmos. 2 ed. Viçosa: Ultimato, 2006.

CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado, versículo por versículo. Vol. 4. São Paulo: Candeia, 2000.

KIDNER, Derek. Salmos 73-150: introdução e comentário. Tradução: Gor-don Chown. São Paulo: Vida Nova, 1981.

LOPES, Augustus Nicodemus. O culto espiritual. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.

LOPES, Hernandes Dias. O melhor de Deus para a sua vida. Vol. 2, Belo Horizonte: Betânia, 2004.

SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento.Tradução: Hans Udo Fu-chs; Lucy Yamakami. São Paulo: Vida Nova, 2001.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Poéticos. Tradução: Susana E. Klassen. Santo André: Geográfica, 2006.

40 Igreja Adventista da Promessa

Vinde, adoremos com gratidão

Introdução

Que a paz de Jesus esteja com cada irmão e irmã. Queira, por gentileza, abrir a sua Bíblia no Salmo 100. Faremos a leitura de todos os versos na versão Almeida Revista e Atualizada, que diz:

1 Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras. 2 Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dele com cânti-co. 3 Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.4 Entrai

por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.

5 Porque o Senhor é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade.

Com este sermão, estamos finalizando a série “Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos”. Ao longo deste mês, já fomos ministrados por três temas: Vinde, adoremos com... 1) Consciência, 2) Santidade e 3) Anseio. Neste último sermão, o tema é gratidão, virtude indispensável no culto coletivo. O Salmo que dará base a esta reflexão é o de número 100, lido anteriormente. Conforme se deduz pelo conteú-do, este salmo “era entoado por um cortejo de adoradores que estavam a ponto de entrar nos portões e nos átrios do templo”.1 O propósito destes adoradores era efetuar um culto de agradecimento a Deus (v. 4).

1. Champlin (2000:2366).

SERMÃO 5

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 41

O Salmo 100 transborda gratidão a Deus. Foi escrito com o objetivo de preparar o coração do povo de Deus daquela época para a adoração que viria em seguida, depois que o adorador chegasse ao terreno onde ficava o templo. É importante dizer que, no antigo Israel, o local definido para o culto a Deus era o templo, que ficava sobre o monte Sião, em Jerusalém. Nós, os crentes em Jesus, não precisamos ir até Jerusalém para adorar a Deus. Contudo, ainda hoje, é apropriado nós nos reunirmos para “momentos de celebra-ção em que possamos expressar nossa gratidão e louvar a Deus pelas bênçãos concedidas”.2 É sobre essa questão que meditaremos nesta oportunidade.

Aprendemos com o Salmo 100 que, ao nos reunirmos para ado-rar a Deus coletivamente, devemos fazê-lo com gratidão. Existem três detalhes, nesse salmo, que apontam para essa verdade, e não podemos ignorá-los. Quais são eles?

I. Não ignoremos os solenes convites que nos são apresentados, no tocante à gratidão no culto

Há alguns convites apresentados no Salmo 100, no tocante a gratidão no culto coletivo. Os adoradores, ao chegarem ao terreno do templo, deveriam atender a todos eles. Listaremos dois destes solenes convites. Em primeiro lugar, o convite à celebração triunfan-te: Celebrai com júbilo... (v.1a). Esta expressão inicial do Salmo foi traduzida de um único verbo no original: ruwa’. Ela poderia ser traduzida também por “aclamar”. O sentido básico deste verbo é “fazer barulho”, através de grito ou instrumento. Era uma palavra usada para descrever um alarme disparado no meio de uma batalha, quando uma trombeta era soada.

2. Adeyemo (2010:725).

42 Igreja Adventista da Promessa

Qual a razão desse convite? Por que o salmista quer que o povo de Deus “faça barulho”? As vitórias militares, na época, eram assim comemoradas.3 O Salmo nos incentiva a celebrar o Senhor com triunfo, como as pessoas que saem às ruas, em nossos dias, para ce-lebrar a vitória do seu time em algum esporte o povo de Deus é um povo que celebra, que faz barulho. É um povo festivo. Veja que não é o barulho pelo barulho. A celebração é consciente. Todos os que reconhecem a grandeza de Deus é que se reúnem para aclamá-lo como Senhor! A celebração é abrangente: “todos” são convocados. Celebremos-lhe sempre!

Em segundo lugar, temos o convite à gratidão triunfante. O texto diz: Entrai pelas portas dele com louvor (v.4a). Por este verso, fica claro que o Salmo era mesmo cantado no caminho dos adoradores até o templo. Eles iam cantando durante todo o caminho! O v.4 faz alusão ao momento em que o cortejo chega ao terreno do tem-plo. “Portas” e “átrios” são referências ao templo, lugar da adoração pública. O convite é para que se apresentem, nessa reunião, com “ações de graças”. O verso faz alusão a “ofertas de gratidão”, que eram apresentadas pelos israelitas em sinal de gratidão a tudo o que haviam recebido da mão poderosa de Deus!

Observe que o salmista tem certeza de que todas as pessoas têm motivos para chegarem ao dia da reunião pública com gratidão. Daí a ordem a todos: ... rendei-lhe graças (v.4b). “Celebrar com júbilo” (v. 1) e “render-lhe” (v.4) foram traduzidos do mesmo verbo hebraico já apresentado: ruwa’. A diferença é que, aqui, o grito de triunfo deve ser em gratidão a tudo que Deus fez! Esse mesmo convite pode ser aplicado a nós. Você teria trabalho para buscar na memória algo que recebeu da mão poderosa de Deus? Acredito que não. Nós sempre teremos motivos para festejar ao Senhor com gratidão. Sempre que chegarmos à igreja para prestarmos nosso culto público a Deus, sejamos muito agradecidos!

3. Adeyemo (2010:725).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 43

Este é o primeiro detalhe do salmo que não podemos ignorar: os solenes convites que nos são apresentados, no tocante a gratidão no culto. Vamos ao segundo:

II. Não ignoremos as oportunas instruções que nos são apresentadas, no tocante à gratidão no culto

Acompanhando os dois convites solenes apresentados no tó-pico anterior, temos, ao menos, duas oportunas instruções sobre a forma de colocá-los em prática. Em primeiro lugar, a instrução sobre o serviço alegre. A primeira parte do v. 2 diz: Servi ao Senhor com alegria. Já afirmamos que este salmo era cantado enquanto o povo se aproximava do templo com suas ofertas de gratidão a Deus. Neste sentido, o serviço que o v. 2 menciona dizia respeito a fazer exatamente tudo o que a lei ordenava acerca do culto a Deus. Por isso, algumas versões bíblicas, como a NVI, traduzem o verso as-sim: Prestem culto ao Senhor.

Quando apresentavam seus sacrifícios a Deus, em obediência à palavra, os israelitas estavam adorando através deste “serviço”. Se-gundo este Salmo, tudo deveria ser cumprido com “alegria”. Essa palavra diz respeito a estar plenamente contente e satisfeito, pois não “era pouco ser participantes das bênçãos da aliança de Deus”.4 Lembremo-nos disso, quando nos reunirmos para celebrar ao nos-so Deus. Assim como os israelitas no passado, temos muitas razões para nos alegrarmos! Por isso, sirvamos ao Senhor com alegria! O verdadeiro “serviço é uma forma de adoração a Deus”.5 Quando obedecemos a Deus alegremente e “fazemos” algo em consonância com a sua palavra, nós o estamos adorando.

4. Champlin (2000:2366).

5. Wiersbe (2006:257).

44 Igreja Adventista da Promessa

Em segundo lugar, temos a instrução sobre o cântico exultante. Te-mos duas instruções, neste sentido. A primeira está na segunda parte do v. 2: ... apresentai-vos diante dele com cântico (grifo nos-so). A segunda instrução sobre o cântico exultante está na segunda parte do v. 4: ... e nos seus átrios, com hinos de louvor (grifo nosso). Atente, por gentileza, para as palavras “cântico” e “hinos de louvor”. Elas foram traduzidas de palavras hebraicas que são sinônimas. A segunda, “hinos de louvor”, dentro do contexto do salmo, diz res-peito a louvores através de coros e instrumentos musicais. A outra palavra, “cântico”, é a tradução do hebraico renãnâ, que significa, literalmente, “grito de júbilo”.6

A tônica da raiz está na comemoração exultante, que poderia ser tanto através de grito quanto de cântico. A Bíblia de Jerusalém traduz assim este verso: ... ide a ele com gritos jubilosos. A tradução de Matos Soares é ainda mais enfática: Vinde à sua presença com al-voroço. De fato, o culto dos hebreus era ruidoso, “pois o coro canta-va, os instrumentos tocavam, as trombetas sopravam e as mulheres dançavam”.7 Era um culto muito festivo! E quanto a nós? Qual a marca dos nossos cultos? Cantamos a Deus a plenos pulmões? Nós, cristãos, temos inúmeros motivos para cantar, e o cristianismo é uma religião de cânticos. Em nossas reuniões, cantemos exultante-mente ao Senhor. Cantemos com júbilo a mensagem da salvação, da obra completa e irrevogável de Cristo!

Pois bem, este é o segundo detalhe do salmo que não podemos ignorar: as oportunas instruções que nos são apresentadas. Vamos ao terceiro e último:

6. Harris; Archer Jr.; Waltke (1998:1435).

7. Champlin (2000:2366).

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 45

III. Não ignoremos os relevantes motivos que nos são apresentados, no tocante à gratidão no culto

Nos dois últimos tópicos, apresentamos os convites solenes do salmista para que celebremos ao Senhor com alegria, em nossas reuniões, e suas instruções de como isso deve ser feito, isto é, atra-vés do serviço alegre e de cânticos exultantes. Mas o salmista não para por aí. O Salmo 100 mostra que seu autor estava convencido de que existem inúmeras razões pelas quais devemos sempre adorar ao Senhor com gratidão. A palavra-chave, neste sentido, no Salmo, é Sabei (v.3). Wiersbe diz que “saber”, aqui, significa ter conheci-mento adquirido pela experiência, além de também ter o sentido de reconhecer.8 Saber é ter terra firme debaixo dos pés, é a “condi-ção prévia do louvor”.9 Precisamos saber quem e por que adoramos. A Bíblia não é contra o raciocínio.

Em primeiro lugar, saber quem é Deus deve motivar-nos a adorá--lo com gratidão. E quem ele é, segundo o Salmo? Ele é Deus! Sabei que o Senhor é Deus (v.3). O salmista é simples e direto. A nossa adoração deve fluir, primeiramente, da compreensão da di-vindade de Deus. No contexto do salmista, dizer que Yahweh é Deus significa renunciar a outros deuses. Reconheçamos, tam-bém, que existe alguém que está muito acima de nós, que é muito maior do que nós, alguém que é a razão e o sentido para a nossa vida, que é eterno, onipotente, onisciente, infinito, indefinível, soberano, absoluto e digno de glória, que, pelas coisas criadas, tem dado provas dos seus atributos invisíveis, seu eterno poder e divindade (Rm 1:20). Prostremo-nos diante dele em adoração e demos graças ao seu nome.

Em segundo lugar, saber de onde viemos e de quem somos deve mo-tivar-nos a adorá-lo com gratidão. O salmista diz: ... foi ele quem nos

8. Wiersbe (2006:257).

9. Kidner (1981:376).

46 Igreja Adventista da Promessa

fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio (v.3b). O salmista ensina ao povo daquela época que Deus é criador, e é isso que cremos. Fomos criados por Deus. Não estamos neste mundo por acaso; nós não somos uma mera obra do destino; não fazemos parte de um processo natural evolutivo. Deus é nosso criador! Por isso, somos dele. Ele é dono de tudo por direito; afinal, criou tudo; fez de nós o seu povo, através de seu propósito soberano e cuida de nós como o pastor cuida de suas ovelhas! Sejamos sempre agrade-cidos pelo cuidado de Deus. Vamos dar glória ao seu nome!

Em terceiro lugar, saber como Deus se relaciona conosco deve moti-var-nos a adorá-lo com gratidão. E como ele se relaciona conosco? O v. 5 tem a resposta: Porque o Senhor é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade. Deus é louvado, neste último verso, por sua bondade, misericórdia e fidelidade. Alguém duvida de que o Senhor é bom? Não duvide! Oh! Provai e vede que o Senhor é bom (Sl 34:8). Tudo que ele faz é bom! Alguém tem dúvida de que Deus é misericordioso? Não tenha dúvida! Ele é sempre misericordioso! Alguém tem dúvida de que Deus é fiel? Não tenha dúvida! Ele é digno de confiança. Diante dessas verdades, ao nos reunirmos para adorar, louvemos ao Senhor com gratidão!

Conclusão

August Ludwig Storm, sueco, nascido em 23 de outubro de 1862, foi quem escreveu o hino 404 do nosso hinário “Brados de Júbilo”. O hino foi escrito em 1891, quando ele tinha apenas 29 anos, para o Exército de Salvação sueco, do qual era capelão. Na versão original, a palavra “graças” aparece 32 vezes! No hino, temos gratidão pela vida transformada, “pela morte de Cristo em nosso lugar, pelas bênçãos e pelas tristezas, pelo passado e pelo futuro, pelo céu azul e pelas nuvens, pelas rosas e pelos seus espinhos, pela

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 47

oração respondida e pela esperança que falhou”.10 A seguir, trans-crevemos a primeira estrofe da canção, conforme nosso hinário:11

Graças dou por esta vida, Pelo bem que revelou;

Graças dou pelo futuro, E por tudo que passou.

Pelas bênçãos derramadas, Pelo amor pela aflição,Pelas graças reveladas,Graças dou pelo perdão.

Chama-nos à atenção a frase: “Graças dou pelo futuro”. Aos 37 anos, August sofreu uma paralisia na coluna, que lhe causava muita dor; contudo, continuou fiel a Deus, até o fim de sua vida. Um ano antes de seu falecimento, em 1º de julho de 1914, escreveu outro poema no qual agradeceu a Deus pelos anos de calma e paz como também pelos anos de dor. Não somos August Ludwig Storm; isso é óbvio. Mas será que não temos motivos suficientes para vivermos o tempo todo agradecendo a Deus? Assim como ele, não consegui-ríamos, também, enumerar várias razões pelas quais somos gratos a Deus? Imaginamos que sim. O dia de hoje é propício para fazer um exercício deste tipo. Estamos num culto coletivo. Vamos unir as nossas vozes, agora, e, atendendo aos apelos do salmista, celebre-mos ao Senhor com gratidão! Agradeçamos ao Senhor com muita alegria, com muita festa, pois ele é digno! Amém.

10. Graças dou por esta vida: comentário e reflexão. Publicado em: 29/06/2012. Disponível em: http://www.luteranos.com.br/conteudo.php?idConteudo=15491 >. Acessado em: 22/01/2013.

11. Brados de Júbilo (2002:353).

48 Igreja Adventista da Promessa

Bibliografia

ADEYEMO, Tokunboh (Ed.). Comentário Bíblico Africano. Tradução: Heloísa Martins et al. São Paulo: Mundo Cristão, 2010.

Brados de Júbilo. 13 ed., São Paulo: GEVC, 2002.

CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado, versículo por versículo. Vol. 4, São Paulo: Candeia, 2000.

HARRIS, R. Laird; ARCHER Jr., Gleason L.; WALTKE, Bruce K. Di-cionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. Tradução: Márcio Loureiro Redondo, Luiz Alberto T. Sayão, Carlos Osvaldo C. Pinto. São Paulo: Vida Nova, 1998.

KIDNER, Derek. Salmos 73-150: introdução e comentário. Tradução: Gor-don Chown. São Paulo: Vida Nova, 1981.

PEARLMAN, Myer. Comentário Bíblico: Salmos. Tradução: Gordon Cho-wn. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Poéticos. Tradução: Susana E. Klassen. Santo André: Geográfica, 2006.

Vinde, adoremos!: Adoração coletiva no livro dos Salmos 49

AN

OTA

ÇÕES

50 Igreja Adventista da Promessa

AN

OTA

ÇÕES