VINHOS DE VERÃOBz).pdfReceitas para alegrar a estação Sangrias e Clericó invadem o verão ... Em...

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ANO 1 • NÚMERO 5 • 2012 • R$ 14,90 Vinho e estilo de vida Enoturismo Toscana de todos os sabores Harmonização Sol, praia, camarões e vinho Receitas para alegrar a estação Sangrias e Clericó invadem o verão Vinhos até R$ 30, de R$ 30 a R$ 60 e de R$ 60 a R$100 O melhor do Brasil As 16 safras do ícone do Chile Vertical Seña Leveza e frescor em sua taça O que beber? VINHOS DE VERÃO Vindimas Vamos colher as uvas da próxima safra? Espumantes do mundo 9 772238 327129

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Page 1: VINHOS DE VERÃOBz).pdfReceitas para alegrar a estação Sangrias e Clericó invadem o verão ... Em seu discurso de inauguração, Chadwi- ... Paladar macio e pronto, taninos finos

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ANO 1 • NÚMERO 5 • 2012 • R$ 14,90 Vinho e estilo de vida

EnoturismoToscana de todos os sabores

HarmonizaçãoSol, praia,

camarões e vinho

Receitas para alegrar a estação

Sangrias e Clericó invadem o verão

Vinhos até R$ 30, de R$ 30 a R$ 60 e de R$ 60 a R$100

O melhor do Brasil

As 16 safras do ícone do Chile

Vertical Seña

Leveza e frescor em sua taça O que beber?

VINHOS DE VERÃO

VindimasVamos colher as uvas da próxima safra?

Espumantes do mundo

9 772238 327129

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Degustação

Com toda pompa e circunstância foi inaugurado

o centro biodinâmico do Seña, um dos vinhos

ícones do Chile. O evento reuniu imprensa

internacional e representantes de 35 países,

em uma grande festa no meio do vinhedo.

Praticando agricultura biodinâmica há sete anos, e agora

com certificado da Demeter International, a Viña Seña e seu

presidente, Eduardo Chadwick, seguem como figuras líderes

na indústria chilena. Em seu discurso de inauguração, Chadwi-

ck transmitiu sua autêntica paixão por seu país e seus vinhos

e lembrou seu mentor, o americano Robert Mondavi, falecido

em 2008, aos 94 anos. Chadwick e Mondavi criaram o Seña em

1995, a primeira joint venture chilena.

O Seña ao longo dos anosComo parte da celebração realizou-se uma fantástica de-

gustação vertical, com todas as safras do Seña, de 1995 a 2010.

Se estivéssemos fazendo vertical de clássicos de Bordeaux,

por exemplo, estaríamos provando ótimos vinhos, mas cuja his-

tória já foi escrita há séculos. Provar 16 safras deste ícone, desde

seu nascimento, é degustar a recente história e evolução do vi-

nho chileno. Vale comentar, o Seña mudou muito ao longo des-

se período, passando por diferentes cortes, vinhedos, enólogos

e até vinícolas. O que as diferentes safras do Seña trazem em

comum é um conceito e uma grande vontade de seus criado-

res: elaborar um vinho chileno de classe mundial, sempre com a

Cabernet Sauvignon como espinha dorsal, unida a um pouco de

Carménère, que expressa a alma chilena.

O Seña 1995 foi elaborado com uma mistura de vinhos já

existentes daquele ano. Entre 1996 e 2002, foi usada uma seleção

de uvas dos vinhedos do grupo, que compreende as Viñas Errázu-

riz, Arboleda, Caliterra e Chadwick. A partir de 2003, começaram

a usar finalmente as uvas do vinhedo Seña, 42 hectares na parte

oeste (mais próxima ao Pacífico e mais fria) do Vale de Aconcágua.

Neste mesmo ano, assumiu como enólogo Francisco Baettig, que

hoje chefia a equipe de todo o grupo. Em 2010, foi inaugurada a

nova vinícola, criada especialmente para elaboração dos vinhos

ícones da casa e onde desde então é feito o Seña. O corte também

mudou muito ao longo dos anos (ver quadro), com claras distin-

ções entre 1995-98 (mais Cabernet), 1999-2002 (cresce o Merlot),

2003-06 (diminui o Cabernet) e 2007-10 (cresce o Carménère).

A prova verticalAos que ainda duvidam da longevidade dos vinhos chile-

nos, aqui está a prova. Vinhos como o 1996 e o 1997 estão per-

feitos aos 15-16 anos de idade, enquanto o 2000 e o 2001, aos

11-12 anos, estão em seu auge.

Seña 1995Já bastante evoluído na cor e aroma, alaranjado, com notas

couro, frutas secas e especiarias. Paladar macio, taninos finos e

pontos, acidez baixa, já velhinho, mas com textura deliciosa e

ainda prazeroso. Esta safra, que escreveu a história do Seña, é

hoje uma senhora que merece respeito e não nota.

Seña 1996Granada-alaranjado. Aroma expressivo e fresco com notas

de eucalipto, terra molhada, tabaco, couro e muitas especiarias.

Paladar macio e pronto, taninos finos e doces, já passou de seu

auge, mas ainda está perfeitamente equilibrado, sem muita ma-

deira, em estilo clássico.

Nota: 94

Seña 1997Granada-alaranjado. Aroma denso com notas de eucalipto, tos-

tados, frutas passas, couro, cedro, especiarias, pimenta, chocolate

amargo. Paladar concentrado, com taninos doces, ainda bem vivo,

perfeito, neste momento o melhor da década de 90.

Nota: 95

Seña 1998Granada-alaranjado. Aroma expressivo, com men-

tol, frutas secas e especiarias. Paladar macio, bons ta-

ninos, cai um pouco no meio de boca, um vinho muito

bem feito em ano difícil.

Nota: 88

Seña 1999 Granada-alaranjado. Aroma com o típico toque bal-

sâmico (menta, eucalipto), frutas maduras e madeira

discreta. Paladar macio e pronto, taninos finos e

doces, já maduro, mas perfeitamente.

Nota: 89

Seña 2000Granada-alaranjado. Aroma intenso, com

especiarias doces, alcaçuz, baunilha, couro,

chocolate, eucalipto, bem mais jovial que o 99.

Paladar de médio corpo, taninos prontos, mas

firmes, equilíbrio perfeito, boa complexidade

mostrando profundidade. Um Seña muito ele-

gante em seu auge.

Nota: 93

Seña VerticalInauguração do Centro Biodinâmico do Seña reuniu representantes de 35 países

Por Marcelo Copello

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Seña 2001Cor na transição rubi-granada. Aroma complexo, muitas

especiarias, balsâmicos, couro, madeiras, amora, tabaco, cedro.

Paladar com taninos mais doces, equilibrado e longo. Faz um par

interessante com o 2000, ambos no mesmo estilo e em seu auge,

o 2001 é mais concentrado enquanto o 2000 mais elegante.

Nota: 95

Seña 2002Rubi-granada. Aroma denso e mentolado, frutado, com no-

tas de chocolate, baunilha, alcaçuz. Paladar com taninos vivos e

macios, acidez moderada. Um Seña mais discreto em sua estru-

tura e equilíbrio, sem perder seu estilo e qualidade.

Nota: 88

Seña 2003Rubi-violáceo. Aroma concentrado denso e bem integrado,

com balsâmicos, fruta muito madura, geleia de morango, alca-

çuz, baunilha, madeira bem dosada, em perfeita integração. Pa-

ladar encorpado, taninos finíssimos e doces, esplêndido equíli-

brio, longo e delicioso. 2003 representou uma mudança de estilo

e um salto em relação ao 2002.

Nota: 93

Seña 2004Rubi-violáceo na transição escuro, mas não muito. Aroma

um pouco menos fresco e mais quente que 2003, igualmente

compacto, mostrando couro, amoras, especiarias, chocolate,

menta, ameixa, cassis, tabaco. Paladar com taninos doces bem

vivos. Um belo Seña, mas à sombra do 2003 e do 2005.

Nota: 91

Safra % Álcool CastasMeses em

barrica Nota

1995 13,0% 70% Cabernet Sauvignon, 30% Merlot e Carménère 14 sem nota

1996 12,7% 91% Cabernet Sauvignon, 9% Carménère 15 94

1997 14,7% 84% Cabernet Sauvignon, 16% Carménère 16 95

1998 13,8% 90% Cabernet Sauvignon, 5% Merlot e 5% Carménère 16 88

1999 14,2% 75% Cabernet Sauvignon, 16% Merlot e 9% Carménère 15 89

2000 14,0% 77% Cabernet Sauvignon, 17% Merlot e 6% Carménère 18 93

2001 14,3% 75% Cabernet Sauvignon, 15% Merlot e 6% Carménère 18 95

2002 14,0% 70,4% Cabernet Sauvignon, 19,8% Merlot e 9,8% Carménère 18 88

2003 14,5% 52% Cabernet Sauvignon, 40% Merlot, 6% Carménère e 2% Cabernet Franc 18 93

2004 14,5% 51% Cabernet Sauvignon, 35% Merlot, 6% Carménère, 5% Cabernet Franc e 3% Petit Verdot 18 91

2005 14,3% 57% Cabernet Sauvignon, 25% Merlot, 9% Carménère, 6% Cabernet Franc e 3% Petit Verdot 18 96

2006 14,5% 55% Cabernet Sauvignon, 16% Merlot, 13% Petit Verdor, 10% Carménère e 6% Cabernet Franc 18 94

2007 14,5% 57% Cabernet Sauvignon, 20% Carménère, 12% Merlot, 6% Cabernet Franc e 5% Petit Verdot 22 95

2008 14,5% 57% Cabernet Sauvignon, 20% Carménère, 10% Merlot, 8% Petit Verdot e 5% Cabernet Franc 22 96

2009 14,5% 54% Cabernet Sauvignon, 21% Carménère, 16% Merlot, 6% Petit Verdot e 3% Cabernet Franc 22 92

2010 14,0% 59% Cabernet Sauvignon, 21% Carménère, 12% Merlot, 4% Petit Verdot e 4% Cabernet Franc 22 96

Seña 2005Rubi-violáceo na transição escuro, mas não muito. Aroma

elegante e complexo, denso, com notas de couro, tabaco, frutas

negras, canela, chocolate. Paladar magnificamente equilibrado,

taninos finos presentes, profundo e complexo. Um dos melhores

Señas de todos os tempos, chama a atenção pela riqueza de aro-

mas/sabores, finesse e perfeito equilíbrio.

Nota: 96

Seña 2006Rubi-escuro violáceo. Aroma muito expressivo, com muitas

frutas negras maduras, menta, bastante madeira. Paladar encor-

pado, taninos presentes, finos e doces, potente e ainda jovem.

Um grande Seña muito expressivo e encorpado, que agrega fru-

ta madura e frescor.

Nota: 94

Seña 2007Rubi-escuro violáceo. Aroma de bom ataque, com muitas

frutas negras e muito maduras, alcaçuz, madeira evidente, bau-

nilha, finos tostados, muitas especiarias, notas terrosas (lembrou

um Grenache do Rhône). Paladar concentrado, mais compacto

que os anteriores, taninos volumosos, boa acidez. Um grande

Seña, talvez o mais potente e expressivo de todos.

Nota: 95

Seña 2008Rubi-escuro violáceo. Aroma fechado, denso, frutas

negras limpas, bem definidas, muita madeira, muitas es-

peciarias. Paladar concentrado, bom volume de taninos

finos e doces. Um dos melhores Señas de sua história,

profundo, complexo e muito bem proporcionado.

Nota: 96

Seña 2009Rubi-escuro violáceo. Aroma intenso e elegante,

com frutas negras bem delineadas e emolduradas por

madeira de qualidade e notas minerais. Paladar concentrado,

com taninos mais sérios e secos que o padrão Seña, com boa

acidez, muito longo. Um Seña com potência e finesse.

Nota: 92

Seña 2010Roxo, jovem. Aroma potente, ainda se integrando, mas já

mostrando sua alta classe, com pureza e densidade de fruta,

madeira bem integrada e complexidade. Paladar concentrado

e aveludado, com taninos doces e finíssimos. Tem a marca dos

grandes vinhos, que desde jovens já mostram sua classe, com

concentração, leveza e equilibrio. Será um grande Seña por mui-

tos anos.

Nota: 96

BiodinâmicaBiodinâmica é mais que uma técnica de cultivo, é uma filosofia. Baseada na antroposofia, foi criada no início do século passado pelo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925). A biodinâmica vê a agricultura (e a vida) como parte integrante de um ecossistema com extensão cósmica. Assim, a viticultura biodinâmica respei-ta e usa, entre outras coisas, o fluxo de energia entre o solo, as plantas, o cosmo e as fases da Lua e substitui os agrotóxicos pelo plantio de ervas, que equilibram os componentes do solo, e pela aplicação de preparados também à base de ervas, ester-co e minerais. Fundamentalmente, a biodinâmica busca tornar o vinhedo autossustentável e parte de um organismo maior, não apenas solo, plantas e animais, mas o planeta e o cosmos. As técnicas e regras da biodinâmica são certificadas pela Deme-ter International, organização sem fins lucrativos e único certifi-cador mundial de produtos biodinâmicos.