Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design
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ldquoUniversidade Estadual Paulista lsquoJuacutelio deMesquita Filhorsquo ndash Unesprdquo ndash Faculdade de
Arquitetura Artes e Comunicaccedilatildeo ndashCampus Bauru
David Lucas Desideacuterio
Virtualidade Trans-SensorialGame Design
Bauru2003
1
David Lucas Desideacuterio
Virtualidade Trans-Sensorial Game Design
Trabalho de Conclusatildeo de Curso para aobtenccedilatildeo do grau de Bacharel em DesenhoIndustrial com habilitaccedilatildeo em ProgramaccedilatildeoVisual pela Faculdade de Arquitetura Artes eComunicaccedilatildeo na aacuterea de Desenho IndustrialProgramaccedilatildeo Visual sob orientaccedilatildeo Prof DrDorival Campos Rossi do Departamento deDesenho Industrial e Co-orientaccedilatildeo da ProfaDra Salete da Silva Alberti do Departamentode Ciecircncias Humanas
Bauru2003
2
Dedicatoacuteria do meu singelo trabalho in memorian a um mestre
Mestres na vida satildeo difiacuteceis de se encontrar eu nem imaginava que ia conhecer um
tatildeo especial e importante para mim como este Tive a chance de ter contato com uma
sabedoria e caraacuteter que considero superiores Este mestre querido que me aguccedilou o senso de
pesquisador e o gosto pelas leituras
Um mestre que eu escutava sem me cansar e adorava ouvir seus ldquocasosrdquo sempre
pesquisados por ele proacuteprio em sua vida dedicada a qual terei sempre como exemplo
Conheci-o no ano 2000 e tive a humilde chance de rapidamente poder contribuir com
ele e acima de tudo aprender MUITO Infelizmente para noacutes se foi para o plano espiritual
em 2003 Mas a Consciecircncia Coacutesmica demarcou um tempo de vida fiacutesica para cada um de noacutes
e o nosso corpo cessa quando esse tempo chega Mas nem por isso a verdadeira vida cessa
aliaacutes aprendi com esse mestre a ter a mais firme convicccedilatildeo (sem com isso significar crenccedila)
com base em evidecircncias que aceitei como provas da existecircncia do Espiacuterito e da sobrevivecircncia
apoacutes a morte do corpo fiacutesico
Ao senhor querido Dr Hernani Guimaratildees Andrade que aleacutem de mestre era amigo dedico
este trabalho que satildeo apenas pequenos passos nas suas grandes pegadas deixadas para que
noacutes trilhaacutessemos Com muito amor que tive a oportunidade de declarar ao senhor e agrave nossa
querida Suzuko em um daqueles inesqueciacuteveis dias que vocecircs me trouxeram em casa de
carro apoacutes uma tarde de muito trabalho e aprendizado Espero reencontraacute-lo na luz do fim do
tuacutenel tambeacutem =)
3
Agradecimentos afetivos
A conquista deste trabalho foi como um mosaico ou quebra-cabeccedilas tive que juntar
as peccedilas e fazer as relaccedilotildees como numa investigaccedilatildeo mas natildeo fiz isso sozinho Pois se
cheguei ateacute aqui foi pelo apoio incondicional das pessoas que me satildeo mais proacuteximas e que
fazem grande parte da minha vida Por isso agradeccedilo a todas essas pessoas que estiveram
comigo Familiares com suas familiaridades Namorada com seu amor Professores com seus
ensinamentos Amigos com sua amizade Colegas com seu coleguismo Companheiros com
seu companheirismo Irmatildeos com sua fraternidade Agradeccedilo pois afetivamente
A meus pais Maria Aparecida Lopes Barreto Desideacuterio e Nelson Donizeti
Desideacuterio por terem me dado a chance de reencarnar para aprender muito e evoluir trilhando
meu caminho de vida e com muito apoio de vocecircs (apoio moral e financeiro) vencerei Aos
meus genitores todo amor filial do seu rebento
Ao meu irmatildeo Fabiano Desideacuterio por ter me aguumlentado tanto em casa e fora dela mas
sabemos que o nosso amor fraternal aumentou muito saiba que eu tenho muita feacute em vocecirc
sei que vocecirc jaacute eacute e sempre seraacute um vencedor para mim Amo muito vocecirc querido Faacute
Agrave Fabiana C Marcelino minha namorada tatildeo especial que neste mundo natildeo haacute
outra Que me ensinou a ser menos rude e que tambeacutem aprendeu a compreender meu ritmo
Que me ajudou com apoio moral e sua capacidade de siacutentese Esteve comigo nos momentos
mais criacuteticos Que faz tudo de bom para mim e sem ela eu natildeo seria quem sou Pois com ela
me fiz em pessoa e em caraacuteter me espelhando em sua determinaccedilatildeo e tenacidade Enfim por
admirar tanto sua personalidade Amo-te de verdade pois soacute com o amor eacute que podemos nos
reencontrar pela eternidade Querida Fabiana espero que possamos crescer espiritualmente
sempre juntos em uma troca reciacuteproca de ensinamentos e experiecircncias de vida Com todo
meu amor a vocecirc muito obrigado minha linda
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Agradecimentos Especiais
Pessoas especiais nos satildeo colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor
da vida e a alegria que pode advir dela Agradeccedilo
A meu orientador (desde 1999) Prof Dr Dorival Rossi que soube me ouvir e
respeitar minhas opiniotildees sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era
necessaacuterio Falou-me tanto sobre o Uno que acabei colocando no trabalho e me fortaleceu
essa busca pessoal pela Unidade Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o
Virtual Agrave minha co-orientadora Profa Dra Salete Alberti pelo infinito carinho e ternura
para comigo (que veio ateacute minha casa ldquopara cuidar do filhordquo) e pelo seu rigor Cientiacutefico-
Filosoacutefico mostrando-me os caminhos da Academia Obrigado por me ensinar a PENSAR
apesar da minha resistecircncia Ao Prof Dr Joatildeo Winck por que foi ele quem me indicou os
caminhos (desde 2001) Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE Agrave Profa
Dra Solange Bigal sempre criacutetica mas de uma maneira construtiva me ensinando as bases
do ser criacutetico bem como agrave Profa Dra Maria Antocircnia Soares minha inspiradora nas
questotildees de cunho soacutecio-poliacutetico Ao meu orientador de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica Prof Dr Pablo
A Venegas e ao meu co-orientador Prof Dr Aguinaldo R Souza pelo trabalho na aacuterea de
EDUCACcedilAtildeO em FIacuteSICA QUAcircNTICA mesmo com minha dificuldade com nuacutemeros
Aos meus amigos proacuteximos bem como os outros amigos (de quem me distanciei por
motivos da vida mas estatildeo proacuteximos no coraccedilatildeo) agradeccedilo notadamente a meus irmatildeos por
consideraccedilatildeo Alexandre Mendes Andreacutea Kulpas e Ricardo Martins nestes cinco anos de
faculdade Agradeccedilo aos queridos amigos e companheiros de ideal Professor Carlos Luz e
Professora Suzuko Hashizume que sempre foram tatildeo atenciosos e pacientes comigo ao me
ensinarem tantas coisas confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura
alegria na minha vida Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP meu
ldquocombustiacutevelrdquo
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Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha
amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre
estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la
obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino
A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e
dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)
direcionar e escolher por mim mesmo
Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David
Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado
A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo
arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu
proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo
fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim
mesmo
Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal
que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados
poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos
que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos
que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a
Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto
seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais
Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia
chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que
assim seja
6
RESUMO
Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de
Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual
para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da
interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva
Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental
Realidade Virtual
7
ABSTRACT
Relationship between Ufology theories anthropological studies of
Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories
of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design
and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality
Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual
Reality
8
SUMAacuteRIO
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25
14 UFOS OacuteVNIS26
15 Ciacuterculos Ingleses30
16 Geometria Sagrada33
17 Mandalas36
18 Labirintos41
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49
110 Os Labirintos e as Dobras51
111 O Atomismo Grego52
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61
APEcircNDICE64
Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual
HyperCube64
9
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA
Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno
servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente
semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos
Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas
possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista
estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam
porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim
na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias
apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e
nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que
este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo
atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras
respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem
contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E
felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia
natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma
maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma
espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as
nega veementemente
E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos
(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a
1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo
FE 2000 p 72 Ibidem p 6
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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63
Sites
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httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
1
David Lucas Desideacuterio
Virtualidade Trans-Sensorial Game Design
Trabalho de Conclusatildeo de Curso para aobtenccedilatildeo do grau de Bacharel em DesenhoIndustrial com habilitaccedilatildeo em ProgramaccedilatildeoVisual pela Faculdade de Arquitetura Artes eComunicaccedilatildeo na aacuterea de Desenho IndustrialProgramaccedilatildeo Visual sob orientaccedilatildeo Prof DrDorival Campos Rossi do Departamento deDesenho Industrial e Co-orientaccedilatildeo da ProfaDra Salete da Silva Alberti do Departamentode Ciecircncias Humanas
Bauru2003
2
Dedicatoacuteria do meu singelo trabalho in memorian a um mestre
Mestres na vida satildeo difiacuteceis de se encontrar eu nem imaginava que ia conhecer um
tatildeo especial e importante para mim como este Tive a chance de ter contato com uma
sabedoria e caraacuteter que considero superiores Este mestre querido que me aguccedilou o senso de
pesquisador e o gosto pelas leituras
Um mestre que eu escutava sem me cansar e adorava ouvir seus ldquocasosrdquo sempre
pesquisados por ele proacuteprio em sua vida dedicada a qual terei sempre como exemplo
Conheci-o no ano 2000 e tive a humilde chance de rapidamente poder contribuir com
ele e acima de tudo aprender MUITO Infelizmente para noacutes se foi para o plano espiritual
em 2003 Mas a Consciecircncia Coacutesmica demarcou um tempo de vida fiacutesica para cada um de noacutes
e o nosso corpo cessa quando esse tempo chega Mas nem por isso a verdadeira vida cessa
aliaacutes aprendi com esse mestre a ter a mais firme convicccedilatildeo (sem com isso significar crenccedila)
com base em evidecircncias que aceitei como provas da existecircncia do Espiacuterito e da sobrevivecircncia
apoacutes a morte do corpo fiacutesico
Ao senhor querido Dr Hernani Guimaratildees Andrade que aleacutem de mestre era amigo dedico
este trabalho que satildeo apenas pequenos passos nas suas grandes pegadas deixadas para que
noacutes trilhaacutessemos Com muito amor que tive a oportunidade de declarar ao senhor e agrave nossa
querida Suzuko em um daqueles inesqueciacuteveis dias que vocecircs me trouxeram em casa de
carro apoacutes uma tarde de muito trabalho e aprendizado Espero reencontraacute-lo na luz do fim do
tuacutenel tambeacutem =)
3
Agradecimentos afetivos
A conquista deste trabalho foi como um mosaico ou quebra-cabeccedilas tive que juntar
as peccedilas e fazer as relaccedilotildees como numa investigaccedilatildeo mas natildeo fiz isso sozinho Pois se
cheguei ateacute aqui foi pelo apoio incondicional das pessoas que me satildeo mais proacuteximas e que
fazem grande parte da minha vida Por isso agradeccedilo a todas essas pessoas que estiveram
comigo Familiares com suas familiaridades Namorada com seu amor Professores com seus
ensinamentos Amigos com sua amizade Colegas com seu coleguismo Companheiros com
seu companheirismo Irmatildeos com sua fraternidade Agradeccedilo pois afetivamente
A meus pais Maria Aparecida Lopes Barreto Desideacuterio e Nelson Donizeti
Desideacuterio por terem me dado a chance de reencarnar para aprender muito e evoluir trilhando
meu caminho de vida e com muito apoio de vocecircs (apoio moral e financeiro) vencerei Aos
meus genitores todo amor filial do seu rebento
Ao meu irmatildeo Fabiano Desideacuterio por ter me aguumlentado tanto em casa e fora dela mas
sabemos que o nosso amor fraternal aumentou muito saiba que eu tenho muita feacute em vocecirc
sei que vocecirc jaacute eacute e sempre seraacute um vencedor para mim Amo muito vocecirc querido Faacute
Agrave Fabiana C Marcelino minha namorada tatildeo especial que neste mundo natildeo haacute
outra Que me ensinou a ser menos rude e que tambeacutem aprendeu a compreender meu ritmo
Que me ajudou com apoio moral e sua capacidade de siacutentese Esteve comigo nos momentos
mais criacuteticos Que faz tudo de bom para mim e sem ela eu natildeo seria quem sou Pois com ela
me fiz em pessoa e em caraacuteter me espelhando em sua determinaccedilatildeo e tenacidade Enfim por
admirar tanto sua personalidade Amo-te de verdade pois soacute com o amor eacute que podemos nos
reencontrar pela eternidade Querida Fabiana espero que possamos crescer espiritualmente
sempre juntos em uma troca reciacuteproca de ensinamentos e experiecircncias de vida Com todo
meu amor a vocecirc muito obrigado minha linda
4
Agradecimentos Especiais
Pessoas especiais nos satildeo colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor
da vida e a alegria que pode advir dela Agradeccedilo
A meu orientador (desde 1999) Prof Dr Dorival Rossi que soube me ouvir e
respeitar minhas opiniotildees sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era
necessaacuterio Falou-me tanto sobre o Uno que acabei colocando no trabalho e me fortaleceu
essa busca pessoal pela Unidade Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o
Virtual Agrave minha co-orientadora Profa Dra Salete Alberti pelo infinito carinho e ternura
para comigo (que veio ateacute minha casa ldquopara cuidar do filhordquo) e pelo seu rigor Cientiacutefico-
Filosoacutefico mostrando-me os caminhos da Academia Obrigado por me ensinar a PENSAR
apesar da minha resistecircncia Ao Prof Dr Joatildeo Winck por que foi ele quem me indicou os
caminhos (desde 2001) Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE Agrave Profa
Dra Solange Bigal sempre criacutetica mas de uma maneira construtiva me ensinando as bases
do ser criacutetico bem como agrave Profa Dra Maria Antocircnia Soares minha inspiradora nas
questotildees de cunho soacutecio-poliacutetico Ao meu orientador de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica Prof Dr Pablo
A Venegas e ao meu co-orientador Prof Dr Aguinaldo R Souza pelo trabalho na aacuterea de
EDUCACcedilAtildeO em FIacuteSICA QUAcircNTICA mesmo com minha dificuldade com nuacutemeros
Aos meus amigos proacuteximos bem como os outros amigos (de quem me distanciei por
motivos da vida mas estatildeo proacuteximos no coraccedilatildeo) agradeccedilo notadamente a meus irmatildeos por
consideraccedilatildeo Alexandre Mendes Andreacutea Kulpas e Ricardo Martins nestes cinco anos de
faculdade Agradeccedilo aos queridos amigos e companheiros de ideal Professor Carlos Luz e
Professora Suzuko Hashizume que sempre foram tatildeo atenciosos e pacientes comigo ao me
ensinarem tantas coisas confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura
alegria na minha vida Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP meu
ldquocombustiacutevelrdquo
5
Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha
amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre
estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la
obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino
A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e
dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)
direcionar e escolher por mim mesmo
Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David
Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado
A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo
arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu
proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo
fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim
mesmo
Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal
que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados
poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos
que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos
que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a
Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto
seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais
Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia
chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que
assim seja
6
RESUMO
Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de
Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual
para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da
interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva
Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental
Realidade Virtual
7
ABSTRACT
Relationship between Ufology theories anthropological studies of
Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories
of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design
and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality
Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual
Reality
8
SUMAacuteRIO
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25
14 UFOS OacuteVNIS26
15 Ciacuterculos Ingleses30
16 Geometria Sagrada33
17 Mandalas36
18 Labirintos41
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49
110 Os Labirintos e as Dobras51
111 O Atomismo Grego52
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61
APEcircNDICE64
Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual
HyperCube64
9
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA
Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno
servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente
semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos
Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas
possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista
estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam
porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim
na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias
apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e
nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que
este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo
atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras
respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem
contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E
felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia
natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma
maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma
espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as
nega veementemente
E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos
(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a
1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo
FE 2000 p 72 Ibidem p 6
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
2
Dedicatoacuteria do meu singelo trabalho in memorian a um mestre
Mestres na vida satildeo difiacuteceis de se encontrar eu nem imaginava que ia conhecer um
tatildeo especial e importante para mim como este Tive a chance de ter contato com uma
sabedoria e caraacuteter que considero superiores Este mestre querido que me aguccedilou o senso de
pesquisador e o gosto pelas leituras
Um mestre que eu escutava sem me cansar e adorava ouvir seus ldquocasosrdquo sempre
pesquisados por ele proacuteprio em sua vida dedicada a qual terei sempre como exemplo
Conheci-o no ano 2000 e tive a humilde chance de rapidamente poder contribuir com
ele e acima de tudo aprender MUITO Infelizmente para noacutes se foi para o plano espiritual
em 2003 Mas a Consciecircncia Coacutesmica demarcou um tempo de vida fiacutesica para cada um de noacutes
e o nosso corpo cessa quando esse tempo chega Mas nem por isso a verdadeira vida cessa
aliaacutes aprendi com esse mestre a ter a mais firme convicccedilatildeo (sem com isso significar crenccedila)
com base em evidecircncias que aceitei como provas da existecircncia do Espiacuterito e da sobrevivecircncia
apoacutes a morte do corpo fiacutesico
Ao senhor querido Dr Hernani Guimaratildees Andrade que aleacutem de mestre era amigo dedico
este trabalho que satildeo apenas pequenos passos nas suas grandes pegadas deixadas para que
noacutes trilhaacutessemos Com muito amor que tive a oportunidade de declarar ao senhor e agrave nossa
querida Suzuko em um daqueles inesqueciacuteveis dias que vocecircs me trouxeram em casa de
carro apoacutes uma tarde de muito trabalho e aprendizado Espero reencontraacute-lo na luz do fim do
tuacutenel tambeacutem =)
3
Agradecimentos afetivos
A conquista deste trabalho foi como um mosaico ou quebra-cabeccedilas tive que juntar
as peccedilas e fazer as relaccedilotildees como numa investigaccedilatildeo mas natildeo fiz isso sozinho Pois se
cheguei ateacute aqui foi pelo apoio incondicional das pessoas que me satildeo mais proacuteximas e que
fazem grande parte da minha vida Por isso agradeccedilo a todas essas pessoas que estiveram
comigo Familiares com suas familiaridades Namorada com seu amor Professores com seus
ensinamentos Amigos com sua amizade Colegas com seu coleguismo Companheiros com
seu companheirismo Irmatildeos com sua fraternidade Agradeccedilo pois afetivamente
A meus pais Maria Aparecida Lopes Barreto Desideacuterio e Nelson Donizeti
Desideacuterio por terem me dado a chance de reencarnar para aprender muito e evoluir trilhando
meu caminho de vida e com muito apoio de vocecircs (apoio moral e financeiro) vencerei Aos
meus genitores todo amor filial do seu rebento
Ao meu irmatildeo Fabiano Desideacuterio por ter me aguumlentado tanto em casa e fora dela mas
sabemos que o nosso amor fraternal aumentou muito saiba que eu tenho muita feacute em vocecirc
sei que vocecirc jaacute eacute e sempre seraacute um vencedor para mim Amo muito vocecirc querido Faacute
Agrave Fabiana C Marcelino minha namorada tatildeo especial que neste mundo natildeo haacute
outra Que me ensinou a ser menos rude e que tambeacutem aprendeu a compreender meu ritmo
Que me ajudou com apoio moral e sua capacidade de siacutentese Esteve comigo nos momentos
mais criacuteticos Que faz tudo de bom para mim e sem ela eu natildeo seria quem sou Pois com ela
me fiz em pessoa e em caraacuteter me espelhando em sua determinaccedilatildeo e tenacidade Enfim por
admirar tanto sua personalidade Amo-te de verdade pois soacute com o amor eacute que podemos nos
reencontrar pela eternidade Querida Fabiana espero que possamos crescer espiritualmente
sempre juntos em uma troca reciacuteproca de ensinamentos e experiecircncias de vida Com todo
meu amor a vocecirc muito obrigado minha linda
4
Agradecimentos Especiais
Pessoas especiais nos satildeo colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor
da vida e a alegria que pode advir dela Agradeccedilo
A meu orientador (desde 1999) Prof Dr Dorival Rossi que soube me ouvir e
respeitar minhas opiniotildees sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era
necessaacuterio Falou-me tanto sobre o Uno que acabei colocando no trabalho e me fortaleceu
essa busca pessoal pela Unidade Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o
Virtual Agrave minha co-orientadora Profa Dra Salete Alberti pelo infinito carinho e ternura
para comigo (que veio ateacute minha casa ldquopara cuidar do filhordquo) e pelo seu rigor Cientiacutefico-
Filosoacutefico mostrando-me os caminhos da Academia Obrigado por me ensinar a PENSAR
apesar da minha resistecircncia Ao Prof Dr Joatildeo Winck por que foi ele quem me indicou os
caminhos (desde 2001) Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE Agrave Profa
Dra Solange Bigal sempre criacutetica mas de uma maneira construtiva me ensinando as bases
do ser criacutetico bem como agrave Profa Dra Maria Antocircnia Soares minha inspiradora nas
questotildees de cunho soacutecio-poliacutetico Ao meu orientador de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica Prof Dr Pablo
A Venegas e ao meu co-orientador Prof Dr Aguinaldo R Souza pelo trabalho na aacuterea de
EDUCACcedilAtildeO em FIacuteSICA QUAcircNTICA mesmo com minha dificuldade com nuacutemeros
Aos meus amigos proacuteximos bem como os outros amigos (de quem me distanciei por
motivos da vida mas estatildeo proacuteximos no coraccedilatildeo) agradeccedilo notadamente a meus irmatildeos por
consideraccedilatildeo Alexandre Mendes Andreacutea Kulpas e Ricardo Martins nestes cinco anos de
faculdade Agradeccedilo aos queridos amigos e companheiros de ideal Professor Carlos Luz e
Professora Suzuko Hashizume que sempre foram tatildeo atenciosos e pacientes comigo ao me
ensinarem tantas coisas confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura
alegria na minha vida Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP meu
ldquocombustiacutevelrdquo
5
Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha
amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre
estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la
obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino
A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e
dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)
direcionar e escolher por mim mesmo
Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David
Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado
A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo
arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu
proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo
fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim
mesmo
Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal
que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados
poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos
que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos
que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a
Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto
seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais
Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia
chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que
assim seja
6
RESUMO
Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de
Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual
para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da
interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva
Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental
Realidade Virtual
7
ABSTRACT
Relationship between Ufology theories anthropological studies of
Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories
of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design
and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality
Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual
Reality
8
SUMAacuteRIO
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25
14 UFOS OacuteVNIS26
15 Ciacuterculos Ingleses30
16 Geometria Sagrada33
17 Mandalas36
18 Labirintos41
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49
110 Os Labirintos e as Dobras51
111 O Atomismo Grego52
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61
APEcircNDICE64
Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual
HyperCube64
9
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA
Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno
servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente
semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos
Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas
possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista
estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam
porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim
na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias
apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e
nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que
este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo
atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras
respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem
contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E
felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia
natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma
maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma
espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as
nega veementemente
E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos
(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a
1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo
FE 2000 p 72 Ibidem p 6
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
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Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
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17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
3
Agradecimentos afetivos
A conquista deste trabalho foi como um mosaico ou quebra-cabeccedilas tive que juntar
as peccedilas e fazer as relaccedilotildees como numa investigaccedilatildeo mas natildeo fiz isso sozinho Pois se
cheguei ateacute aqui foi pelo apoio incondicional das pessoas que me satildeo mais proacuteximas e que
fazem grande parte da minha vida Por isso agradeccedilo a todas essas pessoas que estiveram
comigo Familiares com suas familiaridades Namorada com seu amor Professores com seus
ensinamentos Amigos com sua amizade Colegas com seu coleguismo Companheiros com
seu companheirismo Irmatildeos com sua fraternidade Agradeccedilo pois afetivamente
A meus pais Maria Aparecida Lopes Barreto Desideacuterio e Nelson Donizeti
Desideacuterio por terem me dado a chance de reencarnar para aprender muito e evoluir trilhando
meu caminho de vida e com muito apoio de vocecircs (apoio moral e financeiro) vencerei Aos
meus genitores todo amor filial do seu rebento
Ao meu irmatildeo Fabiano Desideacuterio por ter me aguumlentado tanto em casa e fora dela mas
sabemos que o nosso amor fraternal aumentou muito saiba que eu tenho muita feacute em vocecirc
sei que vocecirc jaacute eacute e sempre seraacute um vencedor para mim Amo muito vocecirc querido Faacute
Agrave Fabiana C Marcelino minha namorada tatildeo especial que neste mundo natildeo haacute
outra Que me ensinou a ser menos rude e que tambeacutem aprendeu a compreender meu ritmo
Que me ajudou com apoio moral e sua capacidade de siacutentese Esteve comigo nos momentos
mais criacuteticos Que faz tudo de bom para mim e sem ela eu natildeo seria quem sou Pois com ela
me fiz em pessoa e em caraacuteter me espelhando em sua determinaccedilatildeo e tenacidade Enfim por
admirar tanto sua personalidade Amo-te de verdade pois soacute com o amor eacute que podemos nos
reencontrar pela eternidade Querida Fabiana espero que possamos crescer espiritualmente
sempre juntos em uma troca reciacuteproca de ensinamentos e experiecircncias de vida Com todo
meu amor a vocecirc muito obrigado minha linda
4
Agradecimentos Especiais
Pessoas especiais nos satildeo colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor
da vida e a alegria que pode advir dela Agradeccedilo
A meu orientador (desde 1999) Prof Dr Dorival Rossi que soube me ouvir e
respeitar minhas opiniotildees sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era
necessaacuterio Falou-me tanto sobre o Uno que acabei colocando no trabalho e me fortaleceu
essa busca pessoal pela Unidade Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o
Virtual Agrave minha co-orientadora Profa Dra Salete Alberti pelo infinito carinho e ternura
para comigo (que veio ateacute minha casa ldquopara cuidar do filhordquo) e pelo seu rigor Cientiacutefico-
Filosoacutefico mostrando-me os caminhos da Academia Obrigado por me ensinar a PENSAR
apesar da minha resistecircncia Ao Prof Dr Joatildeo Winck por que foi ele quem me indicou os
caminhos (desde 2001) Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE Agrave Profa
Dra Solange Bigal sempre criacutetica mas de uma maneira construtiva me ensinando as bases
do ser criacutetico bem como agrave Profa Dra Maria Antocircnia Soares minha inspiradora nas
questotildees de cunho soacutecio-poliacutetico Ao meu orientador de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica Prof Dr Pablo
A Venegas e ao meu co-orientador Prof Dr Aguinaldo R Souza pelo trabalho na aacuterea de
EDUCACcedilAtildeO em FIacuteSICA QUAcircNTICA mesmo com minha dificuldade com nuacutemeros
Aos meus amigos proacuteximos bem como os outros amigos (de quem me distanciei por
motivos da vida mas estatildeo proacuteximos no coraccedilatildeo) agradeccedilo notadamente a meus irmatildeos por
consideraccedilatildeo Alexandre Mendes Andreacutea Kulpas e Ricardo Martins nestes cinco anos de
faculdade Agradeccedilo aos queridos amigos e companheiros de ideal Professor Carlos Luz e
Professora Suzuko Hashizume que sempre foram tatildeo atenciosos e pacientes comigo ao me
ensinarem tantas coisas confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura
alegria na minha vida Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP meu
ldquocombustiacutevelrdquo
5
Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha
amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre
estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la
obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino
A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e
dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)
direcionar e escolher por mim mesmo
Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David
Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado
A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo
arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu
proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo
fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim
mesmo
Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal
que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados
poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos
que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos
que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a
Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto
seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais
Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia
chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que
assim seja
6
RESUMO
Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de
Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual
para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da
interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva
Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental
Realidade Virtual
7
ABSTRACT
Relationship between Ufology theories anthropological studies of
Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories
of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design
and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality
Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual
Reality
8
SUMAacuteRIO
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25
14 UFOS OacuteVNIS26
15 Ciacuterculos Ingleses30
16 Geometria Sagrada33
17 Mandalas36
18 Labirintos41
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49
110 Os Labirintos e as Dobras51
111 O Atomismo Grego52
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61
APEcircNDICE64
Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual
HyperCube64
9
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA
Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno
servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente
semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos
Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas
possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista
estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam
porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim
na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias
apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e
nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que
este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo
atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras
respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem
contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E
felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia
natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma
maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma
espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as
nega veementemente
E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos
(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a
1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo
FE 2000 p 72 Ibidem p 6
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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httpwwwcacomcosmo
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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
4
Agradecimentos Especiais
Pessoas especiais nos satildeo colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor
da vida e a alegria que pode advir dela Agradeccedilo
A meu orientador (desde 1999) Prof Dr Dorival Rossi que soube me ouvir e
respeitar minhas opiniotildees sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era
necessaacuterio Falou-me tanto sobre o Uno que acabei colocando no trabalho e me fortaleceu
essa busca pessoal pela Unidade Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o
Virtual Agrave minha co-orientadora Profa Dra Salete Alberti pelo infinito carinho e ternura
para comigo (que veio ateacute minha casa ldquopara cuidar do filhordquo) e pelo seu rigor Cientiacutefico-
Filosoacutefico mostrando-me os caminhos da Academia Obrigado por me ensinar a PENSAR
apesar da minha resistecircncia Ao Prof Dr Joatildeo Winck por que foi ele quem me indicou os
caminhos (desde 2001) Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE Agrave Profa
Dra Solange Bigal sempre criacutetica mas de uma maneira construtiva me ensinando as bases
do ser criacutetico bem como agrave Profa Dra Maria Antocircnia Soares minha inspiradora nas
questotildees de cunho soacutecio-poliacutetico Ao meu orientador de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica Prof Dr Pablo
A Venegas e ao meu co-orientador Prof Dr Aguinaldo R Souza pelo trabalho na aacuterea de
EDUCACcedilAtildeO em FIacuteSICA QUAcircNTICA mesmo com minha dificuldade com nuacutemeros
Aos meus amigos proacuteximos bem como os outros amigos (de quem me distanciei por
motivos da vida mas estatildeo proacuteximos no coraccedilatildeo) agradeccedilo notadamente a meus irmatildeos por
consideraccedilatildeo Alexandre Mendes Andreacutea Kulpas e Ricardo Martins nestes cinco anos de
faculdade Agradeccedilo aos queridos amigos e companheiros de ideal Professor Carlos Luz e
Professora Suzuko Hashizume que sempre foram tatildeo atenciosos e pacientes comigo ao me
ensinarem tantas coisas confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura
alegria na minha vida Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP meu
ldquocombustiacutevelrdquo
5
Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha
amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre
estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la
obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino
A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e
dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)
direcionar e escolher por mim mesmo
Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David
Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado
A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo
arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu
proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo
fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim
mesmo
Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal
que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados
poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos
que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos
que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a
Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto
seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais
Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia
chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que
assim seja
6
RESUMO
Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de
Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual
para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da
interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva
Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental
Realidade Virtual
7
ABSTRACT
Relationship between Ufology theories anthropological studies of
Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories
of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design
and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality
Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual
Reality
8
SUMAacuteRIO
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25
14 UFOS OacuteVNIS26
15 Ciacuterculos Ingleses30
16 Geometria Sagrada33
17 Mandalas36
18 Labirintos41
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49
110 Os Labirintos e as Dobras51
111 O Atomismo Grego52
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61
APEcircNDICE64
Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual
HyperCube64
9
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA
Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno
servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente
semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos
Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas
possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista
estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam
porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim
na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias
apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e
nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que
este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo
atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras
respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem
contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E
felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia
natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma
maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma
espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as
nega veementemente
E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos
(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a
1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo
FE 2000 p 72 Ibidem p 6
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
5
Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha
amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre
estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la
obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino
A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e
dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)
direcionar e escolher por mim mesmo
Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David
Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado
A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo
arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu
proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo
fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim
mesmo
Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal
que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados
poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos
que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos
que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a
Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto
seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais
Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia
chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que
assim seja
6
RESUMO
Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de
Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual
para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da
interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva
Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental
Realidade Virtual
7
ABSTRACT
Relationship between Ufology theories anthropological studies of
Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories
of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design
and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality
Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual
Reality
8
SUMAacuteRIO
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25
14 UFOS OacuteVNIS26
15 Ciacuterculos Ingleses30
16 Geometria Sagrada33
17 Mandalas36
18 Labirintos41
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49
110 Os Labirintos e as Dobras51
111 O Atomismo Grego52
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61
APEcircNDICE64
Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual
HyperCube64
9
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA
Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno
servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente
semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos
Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas
possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista
estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam
porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim
na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias
apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e
nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que
este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo
atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras
respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem
contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E
felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia
natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma
maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma
espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as
nega veementemente
E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos
(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a
1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo
FE 2000 p 72 Ibidem p 6
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
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Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
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virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
6
RESUMO
Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de
Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual
para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da
interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva
Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental
Realidade Virtual
7
ABSTRACT
Relationship between Ufology theories anthropological studies of
Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories
of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design
and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality
Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual
Reality
8
SUMAacuteRIO
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25
14 UFOS OacuteVNIS26
15 Ciacuterculos Ingleses30
16 Geometria Sagrada33
17 Mandalas36
18 Labirintos41
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49
110 Os Labirintos e as Dobras51
111 O Atomismo Grego52
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61
APEcircNDICE64
Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual
HyperCube64
9
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA
Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno
servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente
semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos
Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas
possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista
estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam
porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim
na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias
apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e
nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que
este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo
atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras
respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem
contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E
felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia
natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma
maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma
espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as
nega veementemente
E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos
(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a
1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo
FE 2000 p 72 Ibidem p 6
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991
FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4
GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
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KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000
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63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
7
ABSTRACT
Relationship between Ufology theories anthropological studies of
Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories
of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design
and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality
Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual
Reality
8
SUMAacuteRIO
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25
14 UFOS OacuteVNIS26
15 Ciacuterculos Ingleses30
16 Geometria Sagrada33
17 Mandalas36
18 Labirintos41
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49
110 Os Labirintos e as Dobras51
111 O Atomismo Grego52
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61
APEcircNDICE64
Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual
HyperCube64
9
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA
Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno
servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente
semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos
Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas
possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista
estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam
porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim
na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias
apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e
nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que
este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo
atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras
respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem
contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E
felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia
natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma
maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma
espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as
nega veementemente
E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos
(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a
1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo
FE 2000 p 72 Ibidem p 6
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
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16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
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Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
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17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
8
SUMAacuteRIO
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25
14 UFOS OacuteVNIS26
15 Ciacuterculos Ingleses30
16 Geometria Sagrada33
17 Mandalas36
18 Labirintos41
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49
110 Os Labirintos e as Dobras51
111 O Atomismo Grego52
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61
APEcircNDICE64
Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual
HyperCube64
9
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA
Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno
servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente
semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos
Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas
possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista
estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam
porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim
na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias
apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e
nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que
este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo
atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras
respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem
contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E
felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia
natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma
maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma
espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as
nega veementemente
E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos
(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a
1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo
FE 2000 p 72 Ibidem p 6
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
9
1 NOTA INTRODUTOacuteRIA
Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno
servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente
semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos
Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas
possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista
estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam
porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim
na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias
apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e
nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que
este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo
atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras
respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem
contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E
felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia
natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma
maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma
espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as
nega veementemente
E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos
(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a
1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo
FE 2000 p 72 Ibidem p 6
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
10
base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia
e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status
quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como
parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas
pela Fiacutesica do seacutec XX
Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente
aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de
citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si
Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos
os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca
seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto
na Natureza
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
11
11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade
Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3
A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4
De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6
3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de
Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
12
Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7
Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8
A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910
Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11
7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
13
Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo
natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo
encontrou resposta alguma
Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13
12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual
encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo
13 GOSWAMI 2003 p 31-32
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
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Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
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17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Sites
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httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
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httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
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httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
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httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
14
Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda
fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo
faz parte da ordem materialista da realidade
Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14
Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as
mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder
Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se
alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a
espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa
Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo
a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma
direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo
entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de
compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este
resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto
de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo
desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os
outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se
14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy
Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
15
razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias
agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento
de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na
mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da
mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o
conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se
imagina existir
Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-
se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e
investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo
eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se
uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a
ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode
contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se
olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo
cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas
Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15
Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A
15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwcacomcosmo
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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
16
metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17
A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19
Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os
vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram
utilizados na concepccedilatildeo de um jogo
17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso
desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo
19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
17
12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial
Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo
Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade
Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria
constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos
(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute
formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo
realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-
se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja
a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste
momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois
este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos
inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute
originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na
Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a
virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo
movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o
Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das
virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo
enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista
impregnada e condicionada agrave realidade manifesta
20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor
acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural
22 Ibidem opcit p 140
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001
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FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4
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63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
18
A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo
citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami
O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23
[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24
Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis
derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe
em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25
Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na
Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em
que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que
sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o
natildeo-ser pode elucidar a questatildeo
Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26
23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
19
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do
fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que
estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura
principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos
Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como
uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta
concepccedilatildeo o Game Design
Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais
comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo
que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina
(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees
entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre
utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem
com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no
sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo
auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o
objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que
constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)
O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de
ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o
ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e
fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco
complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior
o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros
ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
20
da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos
virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem
ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede
de mundos virtuais
O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios
principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o
ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o
centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o
usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as
fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador
precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para
chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo
tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que
abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as
portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho
possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer
ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem
possuem luzes com as cores usadas nas mandalas
A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso
desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela
A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o
vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca
A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o
fogo Eacute iluminada com a cor vermelha
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
21
A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a
gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul
A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se
pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo
material Eacute iluminada com a cor verde
Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas
que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio
eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para
continuar sua jornada ao centro do labirinto
Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode
neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o
labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas
convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras
na alma segundo Gilles Deleuze
O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute
um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar
e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por
fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio
pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais
Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o
hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra
dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar
para o ldquoAndar de Cimardquo
Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que
poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
22
O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em
faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho
O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e
que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto
sonoro
O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo
cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard
Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)
O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos
Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em
expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos
virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a
partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da
seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de
internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site
httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o
jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio
ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na
esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute
pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade
de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World
Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que
estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
23
A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de
programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois
tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria
imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do
tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo
de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27
VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28
A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos
satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano
A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29
Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui
melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o
usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais
avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas
27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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63
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httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
24
Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute
universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e
preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio
que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos
virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio
apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente
distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem
ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute
o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para
VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no
editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in
seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a
partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria
Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos
tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que
geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para
que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual
A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser
de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios
conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um
desenvolvedor de mundos virtuais
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Sites
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httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
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httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
25
As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas
Bi-polar ndash Night Air
Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy
Dead Can Dance ndash Arabian Gothic
Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics
Vangelis ndash Tales of the Future
Vangelis ndash Damask Rose
Akalbeth ndash Taoxm
Trilha Sonora original do seriado Star Trek
Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau
13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios
bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz
bull 128 MB de memoacuteria RAM
bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8
bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet
bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido
bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com
Direct3D e OpenGL
Software ou Programas necessaacuterios
bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP
bull Internet Explorer 5 ou superior
bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player
(httpwwwcacomcosmo)
ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)
OBS O Cosmo Player para Windows 98NT
O CORTONA VRML Client para Windows XP
A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas
entre si para a concepccedilatildeo do jogo
26
14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
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14 UFOS OacuteVNIS
Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos
ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja
extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou
espiritualistas
Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres
Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI
ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-
voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de
avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos
de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc
Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido
de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de
Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples
avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja
entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)
experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus
segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram
importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da
Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste
trabalho
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O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
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O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
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Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
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httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
27
O Caso Roswell
Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-
Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais
importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo
Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma
tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947
A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30
Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi
este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo
Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as
evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem
pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade
30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
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17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
28
O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo
Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e
pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de
Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do
tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da
Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro
de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os
OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi
Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso
avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George
Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som
estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos
pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de
ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande
objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George
viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo
virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi
Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha
deixado uma lembranccedila de sua visita
George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33
31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
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httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
29
Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa
circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado
desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente
suportar o peso de 10 homens
O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o
que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os
ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes
tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era
sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34
Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite
toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de
vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago
mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer
que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro
chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam
observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da
RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation
Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly
williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-
se da explicaccedilatildeo
Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37
34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
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NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
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16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
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17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
30
15 Ciacuterculos Ingleses
Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais
ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras
localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus
teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de
janeiro de 1966
A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda
deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por
curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e
entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos
Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug
Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de
fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores
extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a
miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar
ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite
e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte
Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos
desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu
creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo
modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a
reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo
ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador
38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
31
Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava
ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs
aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que
satildeo extraterrestres
Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo
conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes
possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham
ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para
promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o
fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus
principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site
sobre suas atividades40
Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas
satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de
ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees
poderatildeo dizer
40 httpwwwcirclemakersorg
32
NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
33
16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
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virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
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NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41
Por John Lundberg amp Rod Dickinson
FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS
OBRAS
Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre
as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997
Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de
agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de
agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15
Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para
este ano estaacute quase terminado
Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a
escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos
O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de
mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento
Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a
divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees
Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e
complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano
Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de
acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc
Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma
paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de
misteacuterio
Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta
paisagem
Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie
de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas
aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees
Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de
anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e
naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas
em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos
Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem
como catalisadoras de outros eventos paranormais
41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)
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16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
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Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
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17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
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16 Geometria Sagrada
A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos
Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos
no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia
toda a Vidardquo42
Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43
A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci
ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no
seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das
ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem
agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria
Sagrada
Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44
42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
34
Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras
(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de
seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria
Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar
temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e
continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do
design original
Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45
45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
35
ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente
estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados
Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees
36
17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
37
Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
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17 Mandalas
A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo
significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de
Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um
ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso
ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo
Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas
[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46
Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47
46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48
O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e
Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no
centro e quatro nos pontos cardeais
Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49
Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []
48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
38
As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50
Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute
da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida
50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
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httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
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httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
39
As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala
Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51
Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52
Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si
proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte
separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo
51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
40
A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das
maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por
Carl Gustav Jung
As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53
53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
41
18 Labirintos
Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a
Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a
histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a
que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei
Minos54
[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56
Forma
O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57
54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma
traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo
56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)
57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
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virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
42
Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo
direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio
Construccedilatildeo
O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida
origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete
circuitos natildeo arrumados consecutivamente58
Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59
Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo
Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees
58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)
43
[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60
Histoacuteria
A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61
Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio
60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
44
somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62
ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de
danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica
coincidiram uma com a outrardquo63
Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64
A origem do ldquoMazerdquo
Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo
62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
45
Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65
Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66
Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de
labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes
Tipos de Maze
65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
46
Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
47
Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
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virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees
A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67
Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo
O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de
iniciaccedilatildeo e passagem
Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68
67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
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110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
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111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69
Uniatildeo Sagrada
Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70
Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral
Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71
ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante
para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72
[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73
69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
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httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
48
ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself
In a labyrinth one finds oneself
In a labyrinth one does not encounter the Minotaur
In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74
Num labirinto a pessoa natildeo se perde
Num labirinto a pessoa se acha
Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro
Num labirinto a pessoa se encontra
74 KERN 2000 p 23
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
49
19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos
Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos
para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado
ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um
labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e
guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente
adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou
seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos
possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que
este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e
transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse
ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade
necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e
possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76
Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua
iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas
passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo
[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77
Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala
Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo
75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
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descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
50
pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78
Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre
o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como
no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala
Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79
78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
51
110 Os Labirintos e as Dobras
Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos
compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas
Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80
Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81
[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82
Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83
80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991
cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
52
111 O Atomismo Grego
Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles
construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas
Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84
Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes
proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas
Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves
vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos
mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente
desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de
500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias
Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86
84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
53
Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos
indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-
cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos
esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87
No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o
eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos
celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)
Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88
Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse
ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89
87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002
___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001
___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000
BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982
CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999
DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991
FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4
GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958
KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000
62
KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000
LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996
PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000
VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986
VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003
VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003
WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
54
112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva
O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a
interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se
perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com
os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e
espiritualidade Diz ele
De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90
Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas
evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo
pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade
Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91
Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois
deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92
90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35
55
Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002
___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001
___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000
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DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991
FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4
GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958
KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000
62
KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000
LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996
PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000
VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986
VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003
VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003
WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93
A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94
Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus
Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo
torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo
Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio
93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72
56
Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
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virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95
A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]
mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual
isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como
separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)
Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira
maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo
eis a ilusatildeordquo96
Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97
95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74
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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002
___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001
___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000
BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982
CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999
DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991
FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4
GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958
KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000
62
KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000
LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996
PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000
VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986
VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003
VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003
WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
57
Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode
assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos
Danccedilarinosrdquo98
Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99
98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184
58
ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002
___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001
___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000
BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982
CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999
DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991
FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4
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___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
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KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000
62
KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000
LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996
PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000
VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986
VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003
VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003
WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila
Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade
O local onde passado e futuro se encontram
Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel
Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100
TS Eliot
100 GOSWAMI 1998 p 232
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002
___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001
___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000
BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982
CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999
DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991
FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4
GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958
KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000
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KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000
LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996
PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000
VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986
VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003
VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003
WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
64
APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
- APEcircNDICE64
- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
- Sites
-
59
2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Este trabalho proporcionou trecircs insights principais
O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que
natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de
con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no
[Uni]verso
Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo
de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e
metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil
pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se
presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos
satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode
utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito
material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees
filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais
sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento
racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes
surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais
caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber
que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o
mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e
a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com
todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso
possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo
do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as
60
descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
61
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002
___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001
___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000
BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982
CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999
DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991
FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4
GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958
KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000
62
KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000
LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996
PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000
VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986
VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003
VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003
WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
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httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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- Sites
-
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descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as
pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos
(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute
E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo
Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo
da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o
primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este
resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a
universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-
se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples
meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas
e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas
mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo
Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das
experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que
envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a
integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural
E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de
integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas
natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de
mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente
Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes
aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito
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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002
___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001
___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000
BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982
CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999
DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991
FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4
GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958
KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000
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KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000
LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996
PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000
VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986
VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003
VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003
WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
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Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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-
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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002
___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001
___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000
BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982
CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999
DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991
FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4
GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958
KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000
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KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000
LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996
PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000
VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986
VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003
VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003
WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
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Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
httpwwwufoartworkcom
httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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- REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000
LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996
PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998
SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000
VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986
VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003
VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003
WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003
63
Sites
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml
httpwwwcacomcosmo
httpwwwcirclemakersorg
httpwwwcirclemakersorgtullyhtml
httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm
httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml
httpwwwcirclemakersorgpresshtml
httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml
httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml
httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala
httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana
httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm
httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm
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Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom
Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom
Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm
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httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm
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httpwwwcirclemakersorgtotc2002html
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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo
virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html
O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg
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