VISÃO.pdf

4
2º semestre/2011 Noções básicas de ana- tomia do bulbo do olho O bulbo do olho (ou ocular) ocupa a parte anterior da órbita, possui forma esférica com leve abaulamento anterior devido a pequena protusão da córnea. Posteriormente à córnea e, direção ântero-posterior, estão a câmara anterior, a íris, a pupila, a câmara posterior, a lente, a câmara postrema (vítrea) e a retina. Câmaras anterior e posteriormente A câmara anterior é a área diretamente posterior à córnea e anterior à íris. A abertura central da íris constitui a pupila. Posteriormente à íris e anteriormente à lente está a câmara posterior, menor. A câmara anterior e posterior são contínuas entre si através da pupila e possuem um líquido, o humor aquoso, que é secretado pela câmara posterior e flui anteriormente através da pupila e é absorvido no seio venoso da esclera, o canal de Schlemm, que é um canal venoso circular na junção entre a córnea e a íris. O humor aquoso fornece nutrientes à córnea e à lente e mantém a pressão intra-ocular. Caso essa produção/absorção do humor aquoso seja alterada, poderá levar ao glaucoma. Lente e corpo vítreo A lente separa o 1/5 anterior do bulbo ocular dos 4/5 posteriores. Ela consiste num disco transparente, elástico e biconvexo fixado circunferencialmente aos músculos associados à camada média do bulbo ocular. Esta fixação nas margens da lente lhe confere a capacidade de mudar sua refração para manter a acuidade visual. A opacificação da lente é chamada de catarata. O 4/5 posteriores do bulbo ocular, da lente à retina, são ocupados pela câmara postrema (vítrea). Este compartimento fica cheio com uma substância transparente e gelatinosa, o corpo vítreo (ou humor vítreo). Esta substância, diferentemente do humor aquoso, não pode ser substituída. Túnicas do bulbo do olho Envolvendo os componentes internos do bulbo ocular encontram-se as túnicas (ou camadas). São elas: -camada fibrosa: externamente, consiste na esclera posteriormente e na córnea anteriormente. Ela possui dois componentes: a esclera, que reveste as partes posterior e lateral do bulbo do olho (cerca de 5/6 da superfície), e a córnea, que reveste a parte anterior (cerca de 1/6 da superfície). -camada vascular: medialmente, consiste na corioide posteriormente e é contínua com o corpo ciliar e a íris anteriormente. Possuem três partes contínuas, póstero- anteriormente: a corioide, o corpo ciliar e a íris. -camada nervosa: internamente, consiste na parte óptica da retina posteriormente e na região não-visual, que reveste a superfície interna do corpo ciliar e da íris anteriormente. Esta camada possui a retina. Parte óptica da retina A parte óptica da retina consiste em duas camadas: uma camada pigmentada, externamente, e uma camada neural, internamente. A camada pigmentada adere firmemente à corioide e continua anteriormente, sobre a superfície interna do corpo ciliar e da íris. A camada neural, que pode ainda ser subdividida em seus vários componentes neurais, está inserida apenas na camada pigmentada, em torno do nervo óptico e na ora serrata. A ora serrata consiste numa região irregular na junção da parte óptica da retina com a parte cega. O disco do nervo óptico é onde o nervo óptico deixa a retina. É mais claro do que a retina ao seu redor, e ramos da artéria central da retina distribuem-se deste ponto para fora, para irrigar a retina. Como não há células receptoras sensíveis à luz no disco do nervo óptico, este local é denominado ponto cego da retina. Lateralmente ao disco, uma pequena área com coloração amarelada é denominada mácula lútea, com sua depressão central, a fóvea central. Esta é a área mais delgada da retina, e a sensibilidade visual aqui é mais alta que em outras partes na retina porque apresenta somente cones, responsáveis pela visão colorida.

Transcript of VISÃO.pdf

  • 2 semestre/2011

    Noes bsicas de ana-

    tomia do bulbo do olho

    O bulbo do olho (ou ocular)

    ocupa a parte anterior da rbita, possui

    forma esfrica com leve abaulamento

    anterior devido a pequena protuso da

    crnea.

    Posteriormente crnea e,

    direo ntero-posterior, esto a cmara

    anterior, a ris, a pupila, a cmara

    posterior, a lente, a cmara postrema (vtrea) e a retina.

    Cmaras anterior e posteriormente

    A cmara anterior a rea

    diretamente posterior crnea e anterior

    ris. A abertura central da ris constitui a

    pupila. Posteriormente ris e

    anteriormente lente est a cmara

    posterior, menor. A cmara anterior e

    posterior so contnuas entre si atravs da pupila e possuem um lquido, o humor

    aquoso, que secretado pela cmara

    posterior e flui anteriormente atravs da

    pupila e absorvido no seio venoso da

    esclera, o canal de Schlemm, que um

    canal venoso circular na juno entre a

    crnea e a ris. O humor aquoso fornece

    nutrientes crnea e lente e mantm a

    presso intra-ocular. Caso essa produo/absoro do humor aquoso seja

    alterada, poder levar ao glaucoma.

    Lente e corpo vtreo

    A lente separa o 1/5 anterior do

    bulbo ocular dos 4/5 posteriores. Ela

    consiste num disco transparente, elstico e

    biconvexo fixado circunferencialmente aos

    msculos associados camada mdia do

    bulbo ocular. Esta fixao nas margens da

    lente lhe confere a capacidade de mudar

    sua refrao para manter a acuidade visual.

    A opacificao da lente chamada de

    catarata.

    O 4/5 posteriores do bulbo ocular, da lente retina, so ocupados pela cmara

    postrema (vtrea). Este compartimento fica

    cheio com uma substncia transparente e

    gelatinosa, o corpo vtreo (ou humor

    vtreo). Esta substncia, diferentemente do

    humor aquoso, no pode ser substituda.

    Tnicas do bulbo do olho

    Envolvendo os componentes internos do

    bulbo ocular encontram-se as tnicas (ou

    camadas). So elas: -camada fibrosa: externamente, consiste

    na esclera posteriormente e na crnea

    anteriormente. Ela possui dois

    componentes: a esclera, que reveste as

    partes posterior e lateral do bulbo do olho

    (cerca de 5/6 da superfcie), e a crnea,

    que reveste a parte anterior (cerca de 1/6

    da superfcie).

    -camada vascular: medialmente, consiste na corioide posteriormente e contnua

    com o corpo ciliar e a ris anteriormente.

    Possuem trs partes contnuas, pstero-

    anteriormente: a corioide, o corpo ciliar e a

    ris.

    -camada nervosa: internamente, consiste

    na parte ptica da retina posteriormente e

    na regio no-visual, que reveste a

    superfcie interna do corpo ciliar e da ris

    anteriormente. Esta camada possui a retina.

    Parte ptica da retina

    A parte ptica da retina consiste em duas

    camadas: uma camada pigmentada,

    externamente, e uma camada neural,

    internamente. A camada pigmentada adere

    firmemente corioide e continua

    anteriormente, sobre a superfcie interna do

    corpo ciliar e da ris. A camada neural, que

    pode ainda ser subdividida em seus vrios

    componentes neurais, est inserida apenas

    na camada pigmentada, em torno do nervo

    ptico e na ora serrata. A ora serrata

    consiste numa regio irregular na juno da

    parte ptica da retina com a parte cega.

    O disco do nervo ptico onde o nervo ptico deixa a retina. mais claro do

    que a retina ao seu redor, e ramos da

    artria central da retina distribuem-se deste

    ponto para fora, para irrigar a retina. Como

    no h clulas receptoras sensveis luz no

    disco do nervo ptico, este local

    denominado ponto cego da retina.

    Lateralmente ao disco, uma

    pequena rea com colorao amarelada

    denominada mcula ltea, com sua depresso central, a fvea central. Esta

    a rea mais delgada da retina, e a

    sensibilidade visual aqui mais alta que em

    outras partes na retina porque apresenta

    somente cones, responsveis pela viso

    colorida.

  • 2 semestre/2011

    Neurofisiologia da viso Na retina existem os cones,

    responsveis pela viso em cores, e os

    bastonetes, responsveis pela viso preto

    e branco. Quando eles so ativados, os

    sinais primeiramente so transmitidos a sucessivas camadas de neurnios da prpria

    retina e, posteriormente, so repassados

    para o nervo ptico e crtex cerebral.

    De fora para dentro, as estruturas

    da retina se dispe em nove camadas da

    seguinte maneira:

    -camada pigmentar: a retina est situada

    imediatamente abaixo da coroide, com uma

    camada de epitlio pigmentar. O pigmento

    das clulas epiteliais absorve luz visvel e tem processos semelhantes a tentculos,

    que se estendem para a camada de

    fotorreceptores para impedir a disperso da

    luz entre os fotorreceptores. As clulas

    pigmentares tambm convertem todo-trans-

    rodopsina em 11-cis-rodopsina e liberam a

    forma 11-cis para os fotorreceptores.

    -camada de fotorreceptores (bastonetes

    e cones): os fotorreceptores so os bastonetes e os cones.

    -camada nuclear externa: contm os

    corpos celulares dos bastonetes e cones.

    -camada plexiforme externa: a camada

    plexiforme externa uma camada sinptica,

    contendo elementos pr-sinpticos e ps-

    sinpticos dos fotorreceptores e

    interneurnios da retina. Os corpos dos

    interneurnios retinianos ficam situados na

    camada nuclear interna. As sinapses so feitas entre fotorreceptores e

    interneurnios, e tambm entre

    interneurnios.

    -camada nuclear interna: a camada

    nuclear interna contm corpos celulares de

    interneurnios retinianos, incluindo clulas

    bipolares, clulas horizontais e clulas

    amcrinas.

    -camada plexiforme interna: a camada plexiforme interna a segunda camada

    sinptica. Ela contm elementos pr-

    sinpticos e ps-sinpticos dos

    interneurnios retinianos. As sinapses

    ocorrem entre os interneurnios retinianos e

    as clulas ganglionares.

    -camada ganglionar: a camada de

    clulas ganglionares contm os corpos

    celulares das clulas ganglionares, que so

    as clulas eferentes dos sinais da retina. -camada de fibras do nervo ptico: os

    axnios das clulas ganglionares retinianas

    formam as camadas do nervo ptico. Esses

    axnios passam pela retina, entram no

    disco do nervo ptico e deixam o olho por

    esse nervo.

    -membrana limitante interna: camada

    mais interna.

    De acordo com Junqueira e Carneiro (2004), existem tambm na retina

    as clulas de sustentao do tipo de

    astrcito e microglia, alm de um tipo

    celular muito ramificado e grande, chamado

    clula de Muller. As clulas de Muller tm

    funes equivalentes s da neurglia,

    servindo para sustentar, nutrir e isolar os

    neurnios da retina.

    A luz quando incidida aos olhos,

    penetra na retina pela sua camada mais interna, ou seja, atravessa primeiramente

    as clulas ganglionares e depois as camadas

    plexiforme e nuclear antes de finalmente

    chegar at a camada de bastonetes e

    cones. Devido a toda essa espessura que a

    luz tem que percorrer antes de chegar aos

    cones e bastonetes, h uma perda da

    acuidade visual, entretanto, na regio

    central da fvea, as camadas internas so deslocadas lateralmente o que resulta numa

    diminuio dessa perda de acuidade.

    A fvea uma pequena rea no

    centro da retina, ocupando uma rea total

    um pouco maior que 1 mm, esta regio est relacionada com a viso acurada e bem

    detalhada. A fvea central, com 0,3 mm

    de dimetro, composta quase

    inteiramente por cones, estes ltimos tem

    uma estrutura especial que permite a

    deteco de detalhes na imagem visual.

    Os cones da fvea tm corpos

    celulares longos e delgados, distinguindo-se

    dos cones muito maiores localizados mais

    perifericamente na retina. Na regio da fvea, os vasos sanguneos, clulas

    ganglionares, camada nuclear interna e

    plexiforme so todos deslocados para um

    lado, logo, eles no ficam diretamente sobre

    os cones, o que permite que a luz tenha

    acesso satisfatrio sobre os cones.

    Fotorreceptores

    Os cones e bastonetes so

    fotorreceptores ou clulas fotossensitivas. O segmento externo do cone tem forma

    cnica. Geralmente, os bastonetes so mais

    estreitos e mais compridos do que os cones.

    Nas partes perifricas da retina, os

    bastonetes tm de 2 a 5 micrmetros de

    dimetro e os cones tem de 5 a 8

    micrmetros de dimetro, entretanto, na

    regio central da retina, ou seja, na fvea,

    os cones so mais delgados e tm um

    dimetro de apenas 1,5 micrmetro.

    Os fotorreceptores possuem um

    segmento externo, o segmento interno,

    o ncleo e o corpo sinptico. A substncia sensvel a luz encontrado no

    segmento externo, no caso dos bastonetes

    a rodopsina, j nos cones uma das trs

    substncias qumicas coloridas, os

    pigmentos coloridos, que diferencia da

    rodopsina apenas pela diferena espectral.

    O segmento externo dos

    fotorreceptores possuem um grande

    nmero de discos (pode ter at mil em cada fotorreceptor), que so na realidade

    dobras da membrana celular.

    A rodopsina e os pigmentos

    coloridos so protenas conjugadas. Eles so

    incorporados s membranas dos discos

    sobre a forma de protena transmembranar.

    A concentrao destes pigmentos

    fotossensveis nos discos so to grandes

    que os prprios segmentos constituem

    cerca de 40% da massa inteira do segmento externo.

    O segmento interno do bastonete

    ou do cone contm o citoplasma habitual

    com organelas citoplasmticas. As

    mitocndrias a presente so importantes,

    elas exercem papel importante de fornecer

    energia para a funo dos fotorreceptores.

    O corpo sinptico a parte do

    bastonete ou cone que se liga s clulas neuronais subsequentes, as clulas

    horizontais e bipolares.

    O pigmento negro melanina na

    camada pigmentar impede a reflexo da luz

    por todo globo ocular. Isto extremamente

    importante para a viso clara. Sem ele, os

    raios de luz seriam refletidos em todas as

    direes dentro do globo ocular e causariam

    iluminao difusa da retina, eliminando o contraste normal para a formao de

    imagens precisas.

    A ausncia de melanina em

    pessoas albinas faz com que o foco

    luminoso que se irradia atravs do globo

    ocular, ao invs de ativar apenas um foco de

    fotorreceptores, ativam vrias

    fotorreceptores devido a difuso dos raios

    luminosos, fazendo com que haja a

    diminuio da acuidade visual dessas pessoas que nunca ultrapassa 20/100 a

    20/200, diferente do valor normal 20/20.

    A camada pigmentar armazena

    grandes quantidades de vitamina A, que

    um componente importante na formao de

    substncias fotossensveis.

    Fotoqumica da viso (bastonetes)

    A fotoqumica da rodopsina dos

    bastonetes aplica-se tambm aos pigmentos coloridos dos cones. Essas

    substncias se decompe na presena da

    luz o que desencadeia a ativao das fibras

    do nervo ptico.

    A rodopsina formada a partir da

    unio da escotopsina e o pigmento

    carotenoide retinal, na forma 11-cis

    retinal. Essa forma cis do retinal

    importante pois somente o ela pode se ligar

    a escotopsina e formar a rodopsina. Quando a energia luminosa

    absorvida pela rodopsina, esta em frao de

    segundo comea a se decompor. A causa

    disso a fotoativao de eltrons na parte

    retinal da rodopsina, que altera a forma cis

    para a forma toda-trans que possui a

    mesma estrutura qumica mas estrutura

    fsica diferente, uma molcula reta, e no

    uma molcula angulada. Devido a essa nova conformao, o retinal todo-trans comea a

    se afastar da escotopsina, o que leva a

    formao de uma nova substncia a

    batorrodopsina, que uma combinao

    frouxa do retinal todo-trans e a escotopsina.

    Por ser muito instvel, logo (em

    nanossegundos) a batorrodopsina se

    transforma em luminorrodopsina.

    Posteriormente, dentro de microssegundos,

    a luminorrodopsina se transforma em metarrodopsina I que em milissegundos

    cai para metarrodopsina II que, por sua

    vez, dentro de segundos se separa para

    formar a escotopsina e o retinal todo-trans.

    a metarrodopsina II que ativa os

    bastonetes.

    Na neotransformao da

    rodopsina, a retinal todo-trans atravs da

    ao da enzima retinal isomerase, processo que requer energia, se

    retransforma em 11-cis retinal, que se

    recombina com a escotopsina para formar

    novamente a rodopsina estvel at que haja

    nova incidncia da luz, que refaz novamente

    todo processo.

    Outra forma do retinol todo-trans se transformar em 11-cis retinal da

    seguinte forma: sobre a influncia da

    vitamina A, o retinal todo-trans se transforma primeiramente em retinol

    todo-trans, para posteriormente, sobre a

    ao da enzima isomerase, converte-se em

    11-cis retinal para se ligar a escotopsina

    para formar a rodopsina.

    A vitamina A est presente no citoplasma dos bastonetes e na camada

    pigmentar da retina, estando est sempre

    disponvel para formar novo retinal. O contrrio tambm vlido, ou seja, quando

    h excesso de retinal, esse pode ser

  • 2 semestre/2011

    reconvertido em vitamina A. A

    interconverso da vitamina A importante

    na adaptao da retina a diferentes

    intensidades luminosas.

    Cegueira noturna

    Na ausncia ou quantidade

    insuficiente de vitamina A, ocorre a

    cegueira noturna. Devido as baixas

    concentraes de vitamina A, as

    quantidades de retinal e de rodopsina

    encontram-se insuficientes. Essa doena

    recebe esse nome por que a quantidade de

    luz durante a noite insuficiente para ativar

    a pouca quantidade de substncia fotossensvel que existe, logo, a pessoa no

    enxerga bem durante a noite.

    Grande quantidade de vitamina A

    armazenada no fgado, por isso, so

    necessrios meses sem ingesto para

    promover sua deficincia.

    Excitao dos bastonetes

    Quando o bastonete exposto

    luz, o potencial receptor resultante diferente dos potenciais receptores em

    quase todos os outros receptores sensoriais,

    isto , a excitao do bastonete causa

    aumento da negatividade do potencial de

    membrana intrabastonetes, que um

    estado de hiperpolarizao, significando que

    h mais negatividade do que o normal

    dentro da membrana do bastonete. Isso o

    oposto ao que ocorre na maioria dos outros receptores sensoriais.

    Quando a rodopsina se decompe,

    diminui a condutncia da membrana dos

    bastonetes para ons de sdio no segmento

    externo do bastonete, isso causa a

    hiperpolarizao de toda membrana do

    bastonete.

    O segmento interno bombeia

    continuamente sdio de dentro para fora do

    bastonete, criando assim um potencial negativo no interior da clula, entretanto,

    no segmento externo do bastonete, onde

    esto localizados os discos dos

    fotorreceptores, inteiramente diferente,

    onde a membrana, no estado de escurido,

    muito permevel aos ons sdio. Portanto,

    ons sdio carregados positivamente

    difundem continuamente para o interior do

    bastonete, neutralizando grande parte de sua negatividade intracelular. Deste modo,

    em condies normais, na escurido o

    bastonete no est excitado por que h

    reduo da eletronegatividade dentro da

    membrana, cerca de -40 milivolts e no os

    habituais -70 a -80 milivolts.

    Quando a rodopsina ativada e

    comea a se decompor, esta decomposio

    diminui a condutncia do segmento externo,

    ou seja, menos ons sdio entra no segmento externo, o que leva a uma maior

    sada de ons sdio da membrana (pelo

    segmento interno) do que sua entrada,

    tornando a membrana mais negativa, ou

    seja, hiperpolarizando-a. Quanto maior a

    quantidade luminosa, maior ser a

    eletronegatividade no interior da clula.

    O potencial receptor dos

    bastonetes, ou seja, sua hiperpolarizao transitria, alcana um pico dentro de 0,3

    segundos e dura cerca de um segundos,

    entretanto, nos cones essa transformao

    ocorre quatro vezes mais rpida.

    Sobre condies normais, um

    nico fton pode causar um potencial

    receptor mensurvel num bastonete, o

    equivalente a um milivolt. Somente 30

    ftons causaram metade da saturao do

    bastonete, ou seja, pequenas quantidades

    excitao provoca uma resposta muita

    grande, isso ocorre devido a uma cascata

    qumica extremamente sensvel que amplifica os efeitos estimulatrios cerca de

    um milho de vez.

    Para que ocorra a estimulao, o

    fton ativa um eltron na poro 11-cis

    retinal da rodopsina, isto leva formaes

    prvias que, no final, formaro a

    metarrodopsina II (forma ativa da

    rodopsina). A metarrodopsina II funciona

    como uma enzima para ativar vrias

    molculas de transducina, protena presente na forma inativa nas membranas

    dos discos e na membrana celulas do

    bastonete. A transducina ativada ativa

    muito mais molculas de fosfodiesterase.

    A fosfodiesterase ativada outra enzima,

    ela hidrolisa imediatamente muitas

    molculas de monofosfato cclico de

    guanosina (GMPc), assim destruindo-as. O

    GMPc encontra-se ligado protena do canal de sdio da membrana externa do

    bastonete de forma a mant-lo aberto.

    Quando o GMPc destrudo, o canal de

    sdio se fecha.

    Vrios canais de sdio se fecham

    quando apenas uma rodopsina ativada. Se

    o canal, localizado no segmento externo,

    que permite a entrada de sdio positivo est

    fechado, e existe sdio saindo pelo

    segmento interno, dentro da membrana celular se torna super negativo, ou seja,

    haver sua hiperpolarizao.

    Pouco tempo aps toda essa

    cascata de reaes, a rodopsina cinase, que

    est sempre presente no bastonete, inativa

    a metarrodopsina II, e a cascata se reverte

    ao estado normal, resultando em canais de

    sdio abertos.

    Os cones, de acordo com Guyton

    e Hall (2006), so 30 a 300 vezes menos

    sensveis que os bastonetes, mas, mesmo

    assim permitem a viso colorida em qualquer intensidade de luz capaz de excitar

    os pigmentos coloridos.

    Fotoqumica da viso (cones)

    As substncias fotossensveis dos

    cones, os pigmentos coloridos, tm quase a

    mesma composio qumica que a da

    rodopsina nos bastonetes. A nica diferena

    que ao invs da 11-cis retinal se ligar a

    escotopsina, nos cones a 11-cis retinal se liga a fotopsina. A parte retinal

    exatamente a mesma tanto dos cones

    quanto dos bastonetes. Portanto, os

    pigmentos sensveis cor dos cones so

    combinaes dos retinais e fotopsina.

    Somente um dos trs tipos de

    pigmentos coloridos est presente em cada

    cone, tornando-os seletivamente sensveis a

    diferentes cores: azul, verde ou

    vermelho. De acordo com sua seletividade para uma das trs cores, os pigmentos

    coloridos denominam-se da seguinte forma:

    pigmento sensvel ao azul, pigmento

    sensvel ao verde e pigmento sensvel

    ao vermelho. Essas substncias possuem

    pico de absorvncia quando as ondas

    luminosas possuem comprimento de 445 nanmetro para o azul, 535 nanmetro para

    o verde e 570 nanmetro para o vermelho.

    Ou seja, o comprimento da onda da luz

    determina qual a cor vai ser percebida.

    Adaptao a luminosidade e ao escuro

    Quando a viso exposta luz

    intensamente, a substncia sensvel

    intermitentemente ativada, ou seja, grandes

    quantidades de retinal e opsinas so

    formadas. Grande quantidade de retinal transformado em vitamina A.

    Consequentemente haver considervel

    reduo na quantidade de substncia

    sensvel luz, levando a chamada

    adaptao luz.

    Ao contrrio, quando a pessoa

    mantida no escuro, grandes quantidades de

    pigmentos sensveis luz so formadas.

    Alm disso, a vitamina A convertida em retinal para formar as substncias sensveis

    luz. Isso resulta na chamada adaptao

    ao escuro.

    Ao escuro, a retina fica

    gradativamente bem mais sensvel luz,

    dentro de um minuto sua sensibilidade

    aumenta at 10 vezes, ao passar 20

    minutos sua sensibilidade aumenta cerca de

    6000 vezes e ao final de 40 minutos sua

    sensibilidade fica cerca de 25000 vezes maior.

    Os eventos qumicos da viso,

    incluindo a adaptao, ocorre quatro vezes

    mais rpidos nos cones do que nos

    bastonetes. No entanto, apesar dos cones

    se adaptarem mais rpido, os bastonetes se

    sensibiliza ao escuro num grau muito maior

    do que os cones.

    Alm da adaptao causada nas concentraes de substncia sensveis luz,

    o olho tambm possui outros dois

    mecanismos fora da retina.

    O primeiro deles a alterao no

    tamanho da pupila. A pupila se dilata, ou

    seja, ela se abre, e como a pupila o canal

    por onde passa os raios luminosos, maiores

    quantidades de raios de luz sero inseridas

    sobre os fotorreceptores.

    O segundo deles a adaptao neural que envolve os neurnios nos

    estgios sucessivos da cadeia visual na

    prpria retina e no crebro. Isso significa

    que a primeira vez, por exemplo, que o olho

    exposto ao foco luminar

    intermitentemente, existe uma ativao

    mxima dos circuitos neurais, entretanto,

    aps um determinado tempo, no

    importando a quantidade da ativao, a transmisso no circuito neural ser a

    mesma.

    Viso colorida

    As substncias sensveis luz

    possuem picos em diferente comprimentos

    de ondas, entretanto, elas podem ser

    parcialmente ativadas em comprimentos

    diferentes daquele que resulta em seu pico.

    Por exemplo, uma luz monocromtica laranja com um comprimento de onda de

    580 nanmetros estimula os cones

    vermelhos cerca de 99, ou seja, 99% de

    seu pico, estimula os cones verdes cerca de

    42, mas no estimula nem um pouco os

    cones azuis. Respectivamente, houve

    estimulao na seguinte proporo:

    99/42/0. O sistema nervoso interpreta este

    conjunto de propores como sendo a cor

  • 2 semestre/2011

    laranja. Da mesma forma, as propores

    0/0/97, 83/83/0 e 31/67/36 so percebidas

    como azul, amarelo e verde,

    respectivamente. A estimulao igual dos cones

    vermelho, verde e azul resulta na percepo

    da cor branca.

    Quando falta algum tipo de cone

    na retina (vermelho, verde ou azul) a

    pessoa fica inabilitada a reconhecer

    determinadas cores que preciso do grupo

    de cone faltante. Por exemplo, as cores

    verde e vermelhos discriminam entre si as

    cores situadas entre os comprimentos 525 e 675 nanmetros. Como as cores amarelo,

    laranja, vermelho e verde, para serem

    percebidas, devem estar nesta faixa, as

    pessoas com deficincia dos cones

    vermelhos e verdes no conseguem

    enxergar essas cores.

    A perda dos cones vermelhos

    chamada de protanopia e dos cones

    verdes chamada de deuteranopia. A cegueira pela cor verde e vermelha

    caraterstico do sexo masculino e herdada

    do cromossomo X feminino. Nas mulheres

    essa doena no ocorre porque elas

    possuem dois cromossomo X, e se um no

    codifica uma dessas cores, possivelmente o

    outro ir faz-la.

    Geralmente, o nico

    acometimento que ocorre com a cor azul a

    sua sub-representao, o que leva a pessoa a enxergar fracamente a cor azul,

    resultando na chamada fraqueza da cor

    azul.

    Circuito neural da retina

    Os fotorreceptores so ativados,

    logo, eles transmitem os impulsos s clulas

    bipolares e horizontais, atravs de suas

    sinapses com as clulas bipolares e

    horizontais na camada plexiforme externa. As clulas horizontais esto localizadas na

    camada plexiforme externa e transmitem os

    sinais horizontalmente dos fotorreceptores

    s clulas bipolares. As clulas bipolares

    transmitem sinais dos bastonetes, cones e

    clulas horizontais verticalmente at a

    camada plexiforme interna, onde fazem

    sinapses com as clulas amcrinas e

    ganglionares. As clulas amcrinas captam

    o sinal e transmitem s clulas ganglionares ou a outras clulas amcrinas. Por ltimo,

    as clulas ganglionares transmitem os sinais

    atravs do nervo ptico at o crebro.

    A retina possui um tipo antigo de

    viso, derivado dos bastonetes, e um tipo

    recente de viso, baseado no cones. O

    sistema de clulas e fibras que transmitem

    os sinais a partir dos cones so maiores do

    que os dos bastonetes, por isso os sinais que saem dos cones chegam de duas a

    cinco vezes mais rapidamente ao crebro.

    A regio da fvea da retina

    representa a o sistema mais recente e mais

    rpido dos cones. Este sistema possui trs

    neurnios na via direta: cones, clulas

    bipolares e clulas ganglionares. As clulas

    horizontais, de acordo com Guyton e Hall

    (2006) transmitem sinais inibitrios

    lateralmente na camada plexiforme externa, j as clulas amcrinas transmitem sinais

    lateralmente na camada plexiforme interna.

    Na poro perifrica da retina,

    onde se localiza cones e bastonetes. A

    transmisso pura dos bastonetes nessa rea

    representam o sistema mais antigo. Esse

    sistema possui quatro neurnios na via

    direta: os bastonetes, clulas bipolares,

    clulas amcrinas e clulas ganglionares. Igualmente ao sistema recente, as clulas

    horizontais e amcrinas representam

    conectividade lateral. No entanto, as clulas

    bipolares que se conectam tanto nos

    bastonetes quanto aos cones, seus impulsos

    podem passar tanto diretamente s clulas ganglionares quanto mediadamente pelas

    clulas amcrinas.

    O neurotransmissor dos

    bastonetes e dos cones o glutamato.

    Esse neurotransmissor liberado nas

    sinapses deles com as clulas bipolares. As

    vrias clulas amcrinas possuem diversos

    neurotransmissores, incluindo GABA,

    glicina, dopamina, acetilcolina e

    indolamina, todos os quais normalmente funcionam como inibidores. Os

    neurotransmissores da clulas horizontais e

    bipolares no so totalmente conhecidos,

    mas pelo menos algumas das clulas

    horizontais liberam neurotransmissores

    inibidores.

    Com exceo das clulas

    ganglionares, todas as clulas presentes na

    retina transmitem sinais atravs de conduo eletrnica. A conduo eletrnica

    significa fluxo direto de corrente eltrica,

    no potenciais de ao, atravs do

    citoplasma neuronal e axnios nervosos

    desde o ponto de excitao em todo o

    trajeto at as sinapses de eferncias.

    Quando ocorre a hiperpolarizao

    em resposta luz no segmento externo de

    um bastonete ou de um cone, quase o

    mesmo grau de hiperpolarizao conduzido por fluxo de corrente eltrica no

    citoplasma por todo o caminho at o

    terminal sinptico, no sendo necessrio

    potencial de ao. Depois, a estimulao

    das clulas bipolares ou clulas horizontais,

    mais uma vez o sinal transmitido da

    entrada para a sada por fluxo direto de

    corrente eltrica, no por potencial de ao.

    Clulas horizontais e amcrinas

    As clulas horizontais se dispe

    horizontalmente e ligam-se aos cones e

    bastonetes alm das clulas bipolares. A

    clulas horizontais ao inibitria. Portanto,

    elas so importantes por que proporciona o

    mesmo fenmeno de inibio lateral que

    importante em todos os outros sistemas

    sensoriais, isto , ajuda a assegurar a

    transmisso de padres visuais com contraste visual apropriado. A via visual

    desde a rea mais central onde a luz atinge

    excitada, enquanto uma rea ao lado

    inibida. Em outras palavras, as clulas

    horizontais impedem a propagao

    disseminada dos impulsos por outras reas,

    se no quelas que esto sendo

    estimuladas.

    Algumas clulas amcrinas tambm exercem ao inibitria lateral

    adicional na camada plexiforme interna da

    retina, resultando num aumento do realce

    do contraste visual.

    Existem dois tipos de clulas

    bipolares: as despolarizantes e as

    hiperpolarizantes. Isso significa que

    algumas clulas bipolares hiperpolarizam

    quando os fotorreceptores so ativados

    enquanto outras despolarizam. Existem duas explicaes para isso, a primeira que

    uma responde pela despolarizao como

    resultado do neurotransmissor glutamato

    liberado pelos fotorreceptores, e outra

    responde pela hiperpolarizao. A outra

    explicao que algumas clulas bipolares

    recebem sinal direto dos fotorreceptores

    enquanto outras recebe sinal das clulas

    horizontais, e, como as clulas horizontais exercem ao inibitria, existe uma

    inverso dos resultados. Como resultado,

    algumas clulas bipolares transmitem sinais

    positivos enquanto outras transmitem sinais

    negativos, levando a transmisses de

    informaes visuais diferentes ao crebro. A ao ativadora e inibitria das

    clulas bipolares permitem, assim como as

    clulas horizontais, um maior contraste na

    viso.

    J foram identificadas pelo 30

    tipos diferentes de clulas amcrinas e cada

    uma podem exercer ao diferente na

    retina.