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    Viveiros EducadoresPlantando Vida

    Organizao:

    Gustavo Nogueira Lemos

    Renata Rozendo Maranho

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    Organizao:

    Gustavo Nogueira Lemos

    Renata Rozendo Maranho

    ministrio do meio ambiente

    secretaria de articulao institucional e cidadania ambiental

    departamento de educao ambiental

    braslia, janeiro de 2008

    Viveiros EducadoresPlantando Vida

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    2008 Ministrio do Meio AmbienteQualquer parte desta publicaco pode ser reproduzida, desde que citada a onte.Tiragem: 5.000 exemplares

    PresidenteLus Incio Lula da Silva

    Ministrio do Meio AmbienteMarina Silva

    Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania AmbientalHamilton Pereira da Silva

    Departamento de Educao AmbientalMarcos Sorrentino

    Ministrio do Meio Ambiente, Departamento de Educao AmbientalEsplanada dos Ministrios Bloco B, sala 553Cep: 70068-900 Braslia / DFTel: 55 61 - 3317 1207

    Fax: 55 61 - 3317 1757e-mail: [email protected]

    Organizao:Gustavo Nogueira LemosRenata Rozendo Maranho

    Reviso:Dario NoletoAna Luisa Castelo BrancoEduardo Lyra RochaJos Vicente de FreitasMarcos Sorrentino

    Philippe Pomier Layrargues

    Projeto grco, capa e ilustraes:Masanori OhashyIdade da Pedra Produes Grcas LTDADiagramao:Alexandre Lemos (estagirio)Idade da Pedra Produes Grcas LTDA

    Fotos:Gustavo Nogueira LemosEduardo Lira RochaInstituto de Permacultura, Organizao, Ecovilas e Meio Ambiente - IPOEMAGrupo de Trabalho de Apoio a Reorma Agrria - GTRA/UnB.

    Catalogao na onte: Centro de Inormao e Documentao-CID Ambiental /MMA

    B823vBrasil. Ministrio do Meio Ambiente. Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania

    Ambiental. Departamento de Educao Ambiental.Viveiros educadores: plantando vida. - Braslia: MMA, 2008.84 p.; 23 cm.

    ISBN 978-85-7738-092-3

    I. Ttulo. II. Educao ambiental.

    CDU 37:504

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    Agradecemos especialmente Ondalva Serrano que

    com seu proundo conhecimento e larga experincia de

    vida contribuiu de orma inspiradora e complementarna idealizao da proposta dos Viveiros Educadores.

    A leitura atenta e crtica de um documento por ela

    produzido, repleto de aspectos humanitrios, princpios

    e conceitos do pensamento sistmico, oi undamental

    para a elaborao dessa publicao.

    Maiores inormaes sobre este documento po-

    dem ser acessadas na ntegra pelo endereo eletrnico

    www.mma.gov.br

    Carinhosamente,

    Equipe DEA

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    Apresentao......................................................... 8

    O que so viveiros educadores ..........................10

    Os viveiros e sua contextualizaona realidade brasileira ....................................... 15

    A estrutura organizacional e operacionalde um viveiro educador ....................................... 18

    Equipe pedaggica.................................................20

    O Projeto Poltico-Pedaggico..........................22O Viveiro e a Escola 26, Segurana Alimentar 28, Incluso Social 31,

    Prossionalizao e Gerao de Trabalho e Renda 33, Arborizao Urbana 36,

    O Viveiro como Instrumento de Organizao Social de Comunidades

    e Assentamentos Rurais 38,Pesquisa e Desenvolvimento 40,Comrcio Solidrio

    41, A Realizao de Parcerias e a Sustentabilidade do Viveiro Educador 44.

    Procedimentos tcnicos necessriospara a implementao de um viveiro .................. 46Escolha do Local 48, Estruturas Necessrias para a Conduo das Atividades 52,

    Como Realizar a Coleta de Sementes 56, A Escolha das Sementes 59, Secagem

    das Sementes 59, Como Armazenar suas Sementes 60, A Gincana como

    Estratgia de Coleta 60, Quais so as Atividades Envolvidas no dia-a-dia

    do Viveiro? 62, Plantio das mudas em campo 74.

    Anexos ................................................................... 81

    Referncias Bibliogrficas ................................ 86

    SUMRIO

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    Viveiros Educadores Plantando Vida

    O Departamento de Educao

    Ambiental do Ministrio do Meio

    Ambiente procura desenvolver pro-

    gramas, projetos e aes pautadas

    pela perspectiva de cultivar a vida ea elicidade de viver, estimulando a

    participao popular individual e co-

    letiva nessa direo.

    Esses programas, projetos e

    aes tm por nalidade contribuir

    para a ormao de cidads e cida-

    dos que busquem cotidianamente

    a construo de sociedades susten-tveis, aprendendo e educando em

    sua prtica.

    cada vez mais evidente a neces-

    sidade da participao popular em

    processos que busquem inverter a

    lgica do desenvolvimento acompa-

    nhado da degradao ambiental.

    O envolvimento em aes dessanatureza oportuniza a refexo sobre

    os atos, razes e interesses pelos

    quais nossa sociedade seguiu nessa

    direo. Refetir sobre tais aspectos

    essencial para questionarmos as es-

    colhas eitas e compreendermos que

    possvel trilhar outros caminhos,

    calcados pela solidariedade, pelauniversalizao da qualidade de vida,

    pela valorizao do ambiente, e do

    ser humano, como sujeito atuante na

    construo de um mundo melhor.

    A problemtica ambiental ex-

    tremamente complexa, envolve em

    sua raiz questes de carter social,

    econmico, poltico e cultural, e

    deve ser encarada de orma ampla,conjugando esoros nas mais die-

    rentes rentes de atuao, para que

    as transormaes almejadas tor-

    nem-se realidade.

    Nesta jornada importante

    utilizarmos de orma intencional e

    consciente os espaos e estruturas

    existentes em nossa sociedade compotencial para a ormao de edu-

    cadoras e educadores ambientais

    capazes de irradiar pr atividade e

    comprometimento, e com isso, con-

    tagiar cada vez mais pessoas dispos-

    tas a contribuir.

    Espaos e estruturas educado-

    ras so aquelas que demonstram,ou podem demonstrar, alternati-

    vas viveis para a sustentabilidade

    rente ao modelo hegemnico de

    desenvolvimento, possibilitando o

    aprendizado vivenciado, dialgico e

    questionador acerca das temticas

    nelas abordadas.

    Viveiros forestais, ciclovias, hor-tas orgnicas, aixas de pedestre,

    jardins de ervas medicinais, salas ver-

    des, museus, centros de educao

    ambiental entre outras, so exem-

    Apresentao

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    plos de estruturas e espaos que

    podem assumir esse papel.

    O processo de aprendizagem

    desencadeado pela utilizao in-

    tencional destas estruturas busca

    proporcionar a refexo crtica sobre

    os dierentes aspectos que a cercam,

    estimulando as pessoas a realizarem

    aes em prol do bem estar coletivo,

    assim como, a rever valores, mto-

    dos e objetivos.

    O que transorma uma estrutura

    simples, utilizada cotidianamente de

    orma desapercebida, em uma estru-

    tura cheia de signicados e aprendi-

    zados, a qualidade das relaes que

    se mantm com ela e dentro dela.

    Nesse sentido, um bom exemplo de

    estrutura que poderia ter apenas um

    carter produtivo, ou mesmo comer-

    cial, mas apresenta um enorme poten-cial educador, o viveiro forestal.

    O projeto VIVEIROS

    EDUCADORES busca estimular,

    orientar e apoiar a implementao

    de viveiros forestais como espao de

    aprendizagem, estimulando os vivei-

    ros j existentes a perceberem, valo-

    rizarem e a incorporarem a dimen-so educadora em suas atividades.

    Destina-se a educadoras e edu-

    cadores ambientais, viveiros forestais

    em atividade, grupos e instituies

    organizados que possam defagrar esse

    processo em suas comunidades, e ain-

    da, a todos que tenham interesse em

    se aproundar na temtica e contribuirpara a transormao de sua realidade.

    Pretende-se assim dar mais um

    passo para eetivar o alcance da

    Educao Ambiental crtica e eman-

    cipatria, atendendo a crescente de-

    manda por subsdios que orientem,

    tcnica e pedagogicamente a produ-

    o de mudas e o plantio de rvores

    como um processo continuado de

    aprendizagem, extrapolando a pers-

    pectiva pontual que tem caracteriza-

    do historicamente essa atividade.

    Reforestar as reas nativas de-

    gradadas e requalicar os espaos

    urbanos um desao enorme e

    necessrio, que deve ser abraado

    por todos. Trata-se de uma demanda

    prioritria em todo o planeta, seja

    pela importante uno que a ve-

    getao exerce na manuteno dos

    recursos hdricos e regulao do ci-

    clo hidrolgico, pela proteo e er-

    tilizao dos solos, pela perpetuao

    da auna silvestre, ou ainda, por esti-mular a refexo sobre que medidas

    podemos tomar rente ao eminente

    avano do aquecimento global.

    Nosso desejo que os Viveiros

    Educadores sejam mais do que uma

    poltica pblica, indo alm, como

    instrumentos populares de transor-

    mao, enraizados em toda a socie-dade brasileira, contribuindo para o

    resgate e a construo da cultura

    do plantar, presentes tanto nas

    comunidades rurais, quanto no meio

    urbano, em suas instituies, esco-

    las, bairros e lares, ortalecendo as

    relaes pessoais, os laos aetivos, e

    cativando cada vez mais pessoas dis-postas a refetir e agir na direo de

    um mundo mais justo e equilibrado

    para todos.

    Apresentao

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    Viveiros Educadores so espaos

    de produo de mudas de espcies

    vegetais onde, alm de produzi-las,

    desenvolve-se de orma Intencional,processos que buscam ampliar as

    possibilidades de construo de co-

    nhecimento, exercitando em seus

    procedimentos e prticas, refexes

    que tragam em seu bojo, o olhar

    crtico sobre questes relevantes

    para a Educao Ambiental como:

    tica, solidariedade, responsabilida-de socioambiental, segurana ali-

    mentar, incluso social, recuperao

    de reas degradadas entre outras

    possibilidades.

    So espaos onde a produo de

    mudas tratada como porta de en-

    trada para refexes mais proundas

    sobre as causas e possibilidades deenrentamento para a problemtica

    socioambiental.

    Um viveiro forestal pode ser uma

    simples brica de mudas, conduzido

    metodicamente, sem estabelecer

    nenhum tipo de refexo acerca da

    complexidade envolvida.

    No entanto, ao refetir-se inten-cionalmente sobre a orma como

    o ser humano tem se relacionado

    com o ambiente, as causas e eei-

    tos dos problemas socioambientais

    O que so viveiros Educadores?

    vividos, assim como, as dierentes

    possibilidades de atuao, o proces-

    so de produo de mudas passa a

    ter outro signicado, mais amplo eproundo.

    A produo de mudas e o plan-

    tio de rvores so temas geradores

    bastante ecientes. Por meio deles

    possvel estimular o alcance da com-

    preenso sistmica que a questo

    ambiental exige.

    Desde que conduzido de ormapedaggica e questionadora, o vivei-

    ro pode estimular o surgimento de

    novas iniciativas que complementem

    e ortaleam a atuao de grupos e

    instituies que desenvolvem proces-

    sos de Educao Ambiental em todo

    o pas.

    O que diferencia o viveiroflorestal convencional deum viveiro educador a in-teno de utiliz-lo comoespao de aprendizagem,

    orientado por elementose procedimentos pedaggi-cos destinados a formaodas pessoas que com eleinteragem.

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    As aes propostas pelos grupos

    envolvidos com o viveiro devem de-

    sencadear o surgimento de projetos

    que tenham poder de infuncia e

    transormao da comunidade em

    que est inserido, exercitando a pos-

    tura ativa e cidad dos envolvidos.

    Nesse sentido, o viveiro educador

    pode desempenhar um importante

    papel em processos de educao

    ambiental, tendo como objetivo

    contribuir para a viabilizao das

    transormaes socioambientais ne-

    cessrias ao resgate da qualidade de

    vida e do bem estar humano.

    Nesta publicao pretende-se

    apresentar alguns elementos neces-

    srios para a utilizao de viveiros

    forestais como espaos educadores,

    abordar ainda, de orma clara e

    abrangente, os aspectos relaciona-dos a sua uno produtiva.

    Para tanto, necessrio estru-

    turar-se, e caminhar na direo da

    construo de um projeto poltico

    pedaggico que oriente a conduo

    de todo o processo.

    nesse movimento de constru-

    o coletiva, em que as diversas pos-

    sibilidades de abordagem e aprendi-

    zagem so exploradas e organizadas

    com o intuito de despertar o esprito

    crtico, que o viveiro passa a ter sua

    dimenso educadora exercitada.

    H no territrio brasileiro uma

    grande diversidade de tipos de vivei-

    ros destinados produo de mudas

    de inmeras espcies vegetais. Eles

    podem ter carter e destinao vari-

    vel, apresentando dierentes modos

    de produo e objetivos.

    Existem viveiros destinados

    produo comercial, para o autocon-sumo, com nalidade de incluso

    social, com carter tcnico-cientco,

    alm da nalidade educativa, seja

    em uma perspectiva de ormao de

    educadores ambientais ou mesmo

    prossionalizante.

    Alguns so altamente tecni-

    cados e automatizados, enquantooutros so simples, com baixo in-

    vestimento em capital, e totalmente

    operacionalizados manualmente. No

    entanto, todos os tipos de viveiros

    so capazes de assumir um carter

    educador, desde que adequadamen-

    te conduzidos.

    Podemos caracterizar um

    viveiro florestal como umespao estruturado, comcaractersticas prprias,destinado produo, pro-teo e manejo de mudas atque tenham idade e tamanhosuficientes para resistirems condies adversas do

    meio e terem um crescimentosatisfatrio quando plan-tadas em definitivo(PAIVA, 2000).

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    O Brasil conhecido mundial-

    mente por sua rica diversidade de

    ecossistemas e biomas naturais: con-

    seqncia de sua grande diversidade

    climtica e geosica. Nessa hetero-geneidade ambiental e tambm cul-

    tural, a complexidade e diversidade

    so bastante ampliadas, exigindo

    para uma adequada contextualiza-

    o dos viveiros educadores em todo

    o territrio, a construo de uma

    proposta aberta e fexvel, adaptvel

    a toda essa diversidade de cenrios ede contextos locais.

    Existem hoje no pas inmeros

    viveiros conduzidos por rgos

    governamentais como Secretarias

    Estaduais ou Municipais de Meio

    Ambiente, rgos ligados ao

    uso e gesto da gua, alm de

    Universidades e Institutos dePesquisa e Ensino. Outros so con-

    duzidos por empresas privadas que

    desejam assumir sua responsabili-

    dade socioambiental, ou ainda, em-

    presas que possuem algum passivo

    ambiental e desejam associar a sua

    imagem os aspectos positivos que a

    atividade traz.Diversos assentamentos rurais

    provenientes do processo desenca-

    deado pela Reorma agrria apre-

    sentam viveiros forestais, seja pela

    necessidade de recuperao de suas

    reas degradadas, para a produo

    de madeira, rutos e outros bens de

    consumo forestais, ou ainda, para a

    comercializao de mudas.A sociedade civil organizada

    tambm atua no enrentamento

    dos problemas socioambientais que

    contribuem para a perda da qualida-

    de de vida, sendo uma das grandes

    incentivadoras da implementao de

    viveiros.

    A produo de mudas nativas,ruteras e ornamentais uma ren-

    tvel atividade empresarial. Cada

    vez mais surgem viveiros com perl

    comercial buscando conquistar esses

    mercados.

    crescente o nmero de mdios

    e grandes produtores rurais que, em

    virtude da excessiva e irresponsvelmaximizao da produo, ou mes-

    mo pelo desconhecimento de suas

    danosas conseqncias, degradaram

    as reas de preservao permanente e

    reserva legal de suas propriedades. E

    hoje, para conseguir licenas ambien-

    tais junto aos rgos competentes,

    so obrigados a adequar suas proprie-dades legislao vigente e executar a

    recomposio das reas degradas.

    Outra categoria de consumidores

    de mudas nativas que tem cada vez

    Os viveiros e sua contextuali-zao na realidade brasileira

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    mais absorvido parte da produo

    comercial, a das grandes empresas

    do setor primrio, como as siderrgi-

    cas. Estas esmpresas causam grande

    impacto e degradao, e para obter

    o licenciamento dos rgos compe-

    tentes, necessitam realizar a chama-

    da compensao ambiental.

    Todavia, apesar de toda essa di-

    versidade de viveiros existentes, em

    geral, no h uma conectividade en-

    tre eles, uma ao coordenada que

    os una e potencialize a ao de cada

    um. Inormaes como o nmero de

    viveiros existentes, o tipo de mudas

    que produzem, a capacidade instala-

    da de produo e quais j atuam em

    uma perspectiva educadora so di-

    ceis de ser obtidas, o que representa

    um grande desao na conduo

    desse processo de orma articulada.

    No entanto, todos esses viveiros

    tm um enorme potencial para tor-

    narem-se educadores, desde que se

    reestruturem com o intuito de in-

    corporar a dimenso pedaggica ao

    processo, despertando nos grupos

    envolvidos o olhar crtico, o aprendi-

    zado dialgico e o esprito coletivo

    diante da realidade socioambiental.

    Nesse sentido, imprescindvel

    desenvolver polticas pblicas que

    incorporem a dimenso educadora

    produo de mudas, potencializando

    os processos de restaurao da ve-

    getao nativa, de requalicao do

    ambiente urbano e melhoria da qua-

    lidade de vida da populao.

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    A estrutura

    organizacional eoperacional de umviveiro educador

    Na estruturao, implementao e organizao de

    viveiros educadores, alguns aspectos so essenciaispara assegurar o alcance dos objetivos esperados.

    Nessa perspectiva, podemos destacar trs pilares

    bsicos:

    1. Equipe pedaggica;

    2. Projeto PolticoPedaggico;

    3. Procedimentostcnicos;Estes componentes, uma vez denidos e dimen-

    sionados, sero undamentais para elaborao, imple-

    mentao e avaliao das aes desenvolvidas pelo

    viveiro.

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    O tamanho e a composio da

    equipe necessria para gerir um

    viveiro educador variam de acordo

    com sua dimenso, objetivos e ocontexto em que est inserido. No

    existe uma regra nica ou arranjo

    ideal para a composio de uma

    equipe, que contemple toda a diver-

    sidade de possibilidades e situaes.

    O importante que a equipe tenha

    carter diverso, que valorize as

    parcerias em um sistema de gestointegrada e complementar, em que

    unes, competncias e respon-

    sabilidades sejam partilhadas, para

    que todos tenham clareza de sua

    atuao.

    O processo de ormao da equi-

    pe deve estar previsto e especicado

    no projeto poltico-pedaggico doviveiro, que por sua vez, deve ser

    elaborado de orma participativa,

    com a colaborao de todos os en-

    volvidos e interessados.

    Ao longo do processo, desej-

    vel que as pessoas envolvidas com

    o viveiro se apropriem dos conhe-

    cimentos e habilidades necessrios execuo de outras unes,

    alm das que j desenvolvem, o

    que proporciona o aprendizado e a

    qualicao nas dierentes reas de

    atuao.

    Buscando tornar o ambiente

    do viveiro harmnico e produtivo,e estreitar e ortalecer as relaes

    pessoais, devem ser previamente

    acordados os princpios e as normas

    de convivncia do grupo, alm de

    denir instncias colegiadas como

    espaos qualicados para a soluo

    de confitos e tomadas de deciso.

    Na gesto de todo o processo,ser muito importante a prtica da

    tica, da solidariedade, e a abertura

    para o dilogo. A coerncia entre os

    princpios e os valores diundidos e

    os realmente praticados, interna e

    externamente, essencial para que

    o viveiro educador contribua para

    mudanas eetivas, dando sentido epara sua existncia.

    A seguir, apresentam-se algumas

    unes importantes no processo de

    gesto de um viveiro. Cabe destacar

    que este apenas um dos possveis

    arranjos, que pode, de acordo com

    cada contexto, ser revisto e adapta-

    do a realidade local.

    Equipe pedaggica

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    21Equipe Pedaggica

    Coordenador do viveiro

    responsvel por orientar o planejamento,

    conectando o processo de produo de mudas ea ao pedaggica s inmeras outras atividades

    e processos demandados. O coordenador deve

    ainda ser uma reerncia nas relaes interpessoais

    da equipe.

    Tcnico viveirista

    o responsvel por gerir e acompanhar de per-

    to o processo de produo das mudas, coordenan-

    do as atividades dirias envolvidas, como: prepara-

    o do substrato, irrigao, o manejo das mudas

    e o tratamento das plantas doentes, considerando

    sempre a proposta pedaggica do viveiro.

    Educador ambiental

    o responsvel por coordenar, junto aos en-volvidos, a elaborao, implementao e avaliao

    do Projeto Poltico-Pedaggico, buscando atender

    as demandas e especicidades da regio em que

    o viveiro est inserido. Outra responsabilidade do

    educador ambiental mobilizar e articular a co-

    munidade local, para assumir o protagonismo em

    todo o processo.

    Voluntrios

    So responsveis por dar o apoio necessrio s

    atividades desenvolvidas pelas dierentes rentes

    de atuao do viveiro, sendo este um estgio ini-

    cial de envolvimento, no qual espera-se cativar o

    interesse dos voluntrios em aproundar-se cada

    vez mais nas atividades, assim como, estimular o

    seu crculo de convivncia a participar do processo.

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    22 Viveiros Educadores Plantando Vida

    O conceito de projeto poltico

    pedaggico h tempos associado edebatido em processos de educao

    ormal. Todavia, o seu signicado

    ainda desconhecido ou muito pou-

    co utilizado por grande parte das

    pessoas e dos grupos que atuam no

    campo no ormal da educao.

    Um Projeto Poltico-Pedaggico

    (PPP) consiste na elaborao de uma

    proposta educacional para determi-

    nado espao, grupo ou processo,

    apresentando desde seus reerenciais

    conceituais, loscos e polticos at

    a orma como ser operacionalizado.

    Deve ser aqui entendido no

    somente como um documento que

    rene os elementos relativos ao

    processo educacional defagrado em

    um viveiro, mas tambm como um

    processo de gesto contnua e de-

    mocrtica, que deve envolver todos

    os indivduos, grupos e instituies

    com os quais o viveiro dialoga e se

    relaciona.

    portanto um documento

    identitrio, no qual os su-jeitos se vem e atuam sobreas suas demandas e planos,que sero periodicamenterevistos e sistematicamen-te re-construdos(BRASIL, 2005).

    Projeto Poltico-Pedaggico

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

    24/90

    23Projeto Poltico Pedaggico

    Na construo do PPP direcionado ao Viveiro

    Educador, alguns questionamentos devem ser eitos

    com o intuito de estimular e orientar o planejamentoda proposta pedaggica. Entre eles destacam-se:

    Onde se pretende chegar com a implantao do

    Viveiro Educador no contexto em que est inserido?

    Quais so os objetivos a serem atingidos?

    Quais so os princpios e diretrizes que iro guiar

    a conduo do viveiro?

    A quem se destina este viveiro?Quais so os reerenciais tericos e prticos que

    orientam este processo?

    Quais outros temas devem ser abordados nas

    refexes do grupo?

    Como estabelecer as conexes necessrias en-

    tre os temas?

    Existem experincias exitosas?

    Quais so os recursos nanceiros e materiais dis-ponveis para a execuo da proposta?

    Com quais pessoas pretende-se conduzir as ativida-

    des demandadas?

    Quais so as estratgias para monitorar e avaliar o

    processo?

    Que indicadores podem ser utilizados?

    As respostas a estas questes devem ornecer os

    subsdios necessrios para que o grupo avalie a perti-

    nncia da proposta, e refita sobre as razes pelas quais

    se envolveram no processo, assim como, se esta a via

    mais ecaz para atingirem os objetivos almejados.

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    24 Viveiros Educadores Plantando Vida

    O plantio de rvores apenas uma das

    muitas rentes de atuao para o processo

    de enrentamento da ampla e sistmica pro-

    blemtica socioambiental, no sendo, por si

    s, suciente para reverter o atual quadro de

    degradao em que vivemos.

    As refexes e aes desencadeadas a

    partir das atividades desenvolvidas no viveiro

    devem buscar estabelecer as conexes neces-

    srias compreenso da radicalidade e com-

    plexidade envolvida nesse processo.

    Uma abordagem parcial e reducionista

    pode desencadear o eeito contrrio ao es-

    perado e proporcionar uma educao am-

    biental supercial, sem o esprito crtico e

    transormador.

    Implantar viveiros educadores sem reali-

    zar uma anlise conjuntural e poltica, assim

    como, um diagnstico prvio, eito de orma

    participativa junto comunidade envolvida,

    pode ocasionar a criao de estruturas sub-utilizadas, e, numa perspectiva mais ampla,

    transormar o viveiro em um mito de estru-

    tura no uncional.

    imprescindvel que a pertinncia do vi-

    veiro no contexto local seja uma demanda

    legitimada pela comunidade, uma proposta

    embasada nas demandas locais, e no, uma

    ao isolada e impositiva.Cabe destacar que o Projeto Poltico

    Pedaggico deve ser aberto e fexvel para

    permitir que as experincias vivenciadas sejam

    objeto de refexo e sejam incorporadas, de

    orma dialgica, proposta em construo.

    Nesse sentido, o monitoramento e a ava-

    liao das aes desenvolvidas devem ser rea-

    lizados de orma regular, para que o processoseja aprimorado permanentemente.

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    25Projeto Poltico Pedaggico

    Buscando orientar a construo do PPP e facilitar a suacompreenso, importante organiz-lo em trs marcosestruturantes:

    O Marco Conceitual

    Nele devem estar expressos os princpios, os valores, a tica, o sonho

    de uturo e a concepo de sociedade partilhados pelo grupo. importante

    enunciar os reerenciais tericos e conceituais que iro orientar as aes do

    viveiro, a compreenso de educao ambiental do grupo, as bases metodol-

    gicas que sero desenvolvidas, assim como, os objetivos, papis e misso do

    viveiro educador.

    O Marco Situacional

    Reere-se ao conhecimento e sistematizao das inormaes sobre a rea-

    lidade em que o viveiro est inserido. Nesse sentido, observa-se a necessidade

    da realizao de um diagnstico amplo, atento aos aspectos ambientais, so-

    ciais, econmicos, polticos e culturais relacionados ao territrio de abrangn-

    cia e sua populao.

    Inormaes como o histrico de ocupao, aspectos sicos da regio e ascaractersticas da populao devem estar expressos, destacando seus anseios,

    demandas e prioridades e desvelando os confitos, contradies e entraves ao

    processo. necessrio ainda, mapear as aes de educao ambiental desen-

    volvidas, assim como, os potenciais parceiros, grupos e instituies que atuam

    na regio. com base nessas inormaes que as aes sero planejadas.

    O Marco Operacional

    onde apresenta-se o planejamento das estratgias e aes que sero

    desenvolvidas no mbito do viveiro, enunciando de orma clara e objetiva as

    metas propostas e as metodologias que sero utilizadas para o seu alcance.

    necessrio denir um cronograma de atividades alinhado com as metas de-

    nidas, destacando a composio e as unes das equipes envolvidas, assim

    como, as bases e normas de organizao e uncionamento do viveiro.

    essencial explicitar as estratgias de monitoramento e avaliao que se-

    ro utilizadas, e ainda, denir o planejamento oramentrio, identicando os

    recursos demandados e os disponveis, assim como, meios para captar o que

    or necessrio inicialmente e um planejamento estratgico que promova a sus-

    tentabilidade do viveiro.

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    26 Viveiros Educadores Plantando Vida

    O viveiro e a escola

    A escola certamente a principal

    estrutura educadora construda na

    nossa sociedade. Porm, segundo

    Matarezi (2005), em muitos casos,as escolas constituem espaos pa-

    dronizados, cujas ormas e estru-

    turas oram pensadas para atender

    determinadas unes e objetivos

    pedaggicos que levam a recluso,

    controle e vigilncia, ou seja, de re-

    gulao e no necessariamente de

    emancipao.Buscando trazer um carter

    emancipatrio para o ambiente es-

    colar, podemos utilizar como espao

    educacional no somente a sala de

    aula, mas tambm outras estrutu-

    ras como um viveiro, uma horta,

    um jardim de ervas medicinais, um

    A complexidade e o carter sistmico das questes envol-vidas com o viveiro torna essencial o uso de abordagensinter e transdisciplinares no processo pedaggico de-senvolvido. Desse modo, recomenda-se a adoo de linhasde atuao mais diversas quanto for possvel, abordandoquestes sociais, ambientais, econmicas, polticas, cultu-

    rais e humanas. Nesse sentido, apresentamos a seguir algu-mas possibilidades.

    Possibilidades de abordagem e atuao na

    implementao de viveiros educadores

    Maiores informaes sobre como elaborar um PPP podem ser obtidas na publicaoProjeto poltico pedaggico aplicado a centros de educao ambiental e a salasverdes, disponvel no portal eletrnico do Ministrio do Meio Ambiente, cujoacesso pode ser feito pelo endereo: www.mma.gov.br

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    27Projeto Poltico Pedaggico

    Esse processo deve ser continu-

    ado, e desencadear na comunidade

    estudantil, uma relao de iden-

    tidade com o espao com o qualconvive, interage e aprende cotidia-

    namente, estimulando em suas ativi-

    dades o respeito e o cuidado com o

    ambiente e as pessoas que a cercam.

    Nesse sentido, o viveiro educador

    deve possibilitar o desenvolvimento

    de atividades relacionadas a todas

    as disciplinas oerecidas no currculoescolar, de orma que as questes

    socioambientais sejam trabalhadas

    transversalmente.

    Ao trabalhar a educao am-

    biental com crianas, adolescentes

    e adultos nos espaos escolares, os

    conhecimentos ali gerados precisam

    ser internalizados no dilogo e in-terao entre a escola, a amlia e a

    comunidade.

    O corpo docente das escolas

    tem, de um modo geral, uma orma-

    o ragmentada, limitada por disci-

    plinas especcas, que utilizam como

    base o conhecimento acadmico,

    restrito na maioria dos casos, aocampo terico e cartesiano, o que

    diculta a compreenso sistmica

    que a questo ambiental necessita,

    limitando conseqentemente sua

    atuao.

    Estimular e instrumentalizar os

    proessores para utilizar o viveiro

    como espao educador integrado aoProjeto Poltico Pedaggico escolar

    um dos grandes desaos desse

    processo.

    bosque de espcies nativas ou uma

    biblioteca, onde os alunos possam

    refetir sobre novas possibilidadesde atuao coletiva, bem como, em

    ormas positivas de expressar suas

    potencialidades individuais.

    A presena de viveiros e hortas

    em espaos escolares no nenhu-

    ma novidade, existem inmeros

    viveiros escolares no pas. No en-

    tanto a abordagem utilizada tem,em geral, se demonstrado pontual,

    caracterizada pela supercialidade,

    insucientes para atingir as transor-

    maes esperadas.

    A utilizao do viveiro como es-

    pao de aprendizagem deve propor-

    cionar a convivncia em um ambien-

    te rtil para o desenvolvimento deatividades que trabalhem de orma

    ampla e transversal aspectos sociais,

    ambientais, culturais e polticos.

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    29/90

    2 Viveiros Educadores Plantando Vida

    primordial, ainda, assumir os

    conhecimentos, conexes e princ-

    pios da transdisciplinaridade, ine-

    rentes s questes socioambientais

    envolvidas na sua conduo.

    Cabe destacar, que os viveiros

    educadores inseridos na escola de-

    vem oportunizar intencionalmente

    a realizao de atividades em prol

    de uma educao ambiental crtica,

    transormadora e emancipatria,

    abordando a temtica socioambien-

    tal como estmulo a refexes mais

    proundas.

    Esse processo deve proporcionar

    aos alunos a possibilidade de cons-

    truir coletivamente a sua concepo

    de desenvolvimento, pautada na ne-

    cessidade de valorizar cada vez mais

    as vertentes ambiental, social e hu-

    mana na busca por uma sociedade,mais justa e sustentvel.

    A abordagem e vivncia de

    questes ambientais nas atividades

    escolares por meio de espaos e es-

    truturas educadoras undamental

    para uma leitura mais adequada

    da realidade, e conseqentemente,

    para a transormao de atitudesnegativas, em aes mais humanas,

    quer repercutam positivamente no

    s na escola, mas em todos os as-

    pectos da vida.

    Segurana Alimentar

    A Lei N 11.346, de 15 de se-

    tembro de 2006, que cria o Sistema

    Nacional de Segurana Alimentar eNutricional SISAN, em seu art. 2

    diz que: A alimentao adequada

    direito undamental do ser humano,

    inerente dignidade das pessoas

    e indispensvel realizao dos di-

    reitos consagrados na Constituio

    Federal.

    A qualidade de vida da popula-o est diretamente relacionada

    com a qualidade de sua alimen-

    tao, uma vez que grande parte

    das doenas da nossa civilizao

    est relacionada orma como nos

    alimentamos.

    Pensar sobre segurana alimen-

    tar refetir sobre a qualidade doprocesso de produo de alimentos,

    do campo mesa. Isto pressupe a

    adoo de sistemas produtivos am-

    bientalmente adequados, socialmen-

    te justos, que valorizem o trabalho

    das pessoas envolvidas em todas

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    30/90

    2Projeto Poltico Pedaggico

    tem como objetivos assegurar o

    acesso alimentao saudvel, a

    expanso da produo de alimentos,

    a gerao e distribuio de renda, e

    o estmulo a iniciativas que promo-

    vam o ortalecimento da produo

    local de alimentos e a constituio

    de rede solidrias de comercializa-

    o, pautadas na tica do acesso

    cidadania.

    Considerando a perspectiva

    emancipatria que o enrentamen-

    to a esta questo exige, um viveiro

    educador pode tornar-se um ecien-

    te instrumento de ao coletiva na

    busca pelo acesso a uma alimenta-

    o saudvel para a totalidade da

    populao brasileira, objetivo maior

    de programas que atuam nessa

    direo.

    No Brasil, a produo de rutas concentrada em grandes plos e

    regies, havendo a necessidade de

    grandes deslocamentos para a sua

    distribuio e comercializao, o que

    representa custos extras e, em mui-

    tos casos, o comprometimento da

    qualidade do alimento.

    Uma orma de enrentar essaproblemtica, estimular e ortale-

    cer a produo local de alimentos,

    valorizando as espcies nativas e a

    cultura alimentar de cada regio, e a

    comercializao local e solidria do

    que or produzido.

    Uma alternativa vivel nesse sen-

    tido, a ormao de pomares dequalidade, com uma grande diversi-

    dade de espcies, capazes de orne-

    as etapas da produo do alimento

    e sejam economicamente viveis,

    proporcionando uma distribuio

    equnime e saudvel para toda a

    populao.

    O contexto econmico interna-

    cional globaliza a pobreza e concen-

    tra o poder, ampliando as disparida-

    des entre os pases desenvolvidos e

    em desenvolvimento, assim como,

    dentro deles, entre suas camadas

    mais ricas e carentes.

    As polticas pblicas que pro-

    movem a segurana alimentar e

    nutricional da populao brasileira

    devem questionar os modelos de

    produo de alimento impostos ao

    pas. So pacotes tecnolgicos que

    geram pobreza, concentram riqueza,

    diminuem a biodiversidade e degra-

    dam o ambiente, buscando transor-m-los em sistemas sustentveis de

    produo.

    O desenvolvimento da agricultura

    amiliar de base agroecolgica, a

    valorizao da fora nativa, o incen-

    tivo ao agroextrativismo, o estmulo

    a ormao de pomares domsticos,

    assim como, a produo de alimen-tos por meio de sistemas livres de

    organismos geneticamente modi-

    cados, vital para assegurar a so-

    berania e a segurana alimentar das

    populaes do campo e da cidade.

    Um dos grandes desaos dos

    Viveiros Educadores a articulao

    com outros programas do GovernoFederal que tenham sinergia com a

    proposta como o Fome Zero, que

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    31/90

    30 Viveiros Educadores Plantando Vida

    cer rutas durante todas as estaes

    do ano, e garantir a autonomia ali-

    mentar das amlias.

    A grande maioria das moradias

    brasileiras no dispe de pomar

    em seu quintal. Por isso, as pessoas

    acabam comprando alimentos in-

    dustrializados, de baixa qualidade e

    alto custo.

    Viveiros pblicos, comerciais,

    comunitrios ou mesmo privados

    podem, em uma perspectiva educa-

    dora, contribuir para a constituio

    de pomares comunitrios ou mesmo

    individuais, estimulando a produo

    de mudas ruteras, e o seu poste-

    rior plantio.

    Esse processo, ortalecido pela di-

    menso pedaggica, poder desen-

    cadear diversas refexes e abordar

    em suas atividades questes como oresgate e a aproximao do ato de

    plantar, a responsabilidade socioam-

    biental, a postura crtica e atuante

    diante da realidade apresentada,

    entre outros.

    Os viveiros e a comunidade en-

    volvida podem se organizar, realizar

    eiras e gincanas, trocar sementese mudas, e aproximar-se uns aos

    outros. Nesse processo, com o pas-

    sar do tempo, todos tero acesso a

    uma grande diversidade de espcies

    ruteras.

    Esses rutos, oerta extra de ali-

    mentos, podem representar uma

    grande onte de renda, desde que,adequadamente processados em

    gelias, sorvetes, doces, compotas

    entre outras possibilidades e, em

    seguida, comercializados de orma

    solidria.

    Nesse processo ganha-se na

    qualidade da alimentao, na di-

    minuio dos gastos com produtos

    industrializados e principalmente na

    promoo de sade.

    A iniciativa dos viveiros educado-

    res no pretende superar a questo

    da segurana alimentar, que envol-

    ve uma complexa problemtica, mas

    ser uma ao intencional que con-

    tribua complementarmente para a

    conquista da emancipao alimentar

    no pas.

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    32/90

    31Projeto Poltico Pedaggico

    Incluso Social

    O problema da excluso social

    geralmente encarado de modo

    parcial, privilegiando aes assisten-cialistas, ocando exclusivamente a

    gerao de renda e o emprego por

    meio da prossionalizao e rentes

    de trabalho.

    Tais aes, apesar de bastante

    positivas, sozinhas no atingem seu

    objetivo no sentido mais proundo,

    pois omitem a dimenso central doenmeno, a perda da auto-estima

    e do sentimento de pertencimento a

    um grupo social organizado.

    A incluso torna-se de ato ecaz

    quando, atravs da participao em

    aes coletivas, busca-se recuperar

    a dignidade e consegue-se, alm

    de emprego e renda, acesso a ser-

    vios sociais bsicos de educao,

    sade e moradia, tendo a oportu-

    nidade de se expressar e interagir

    culturalmente.

    Esta dicil tarea exige o enga-

    jamento contnuo do governo por

    meio de polticas pblicas continu-

    adas e de carter emancipatrio,

    sobretudo na rea social, permean-

    do as eseras ederais, estaduais e

    municipais.

    Diante da complexidade do de-

    sao da transormao social e a

    multiplicidade dos atores envolvi-

    dos, no existe uma soluo nica e

    milagrosa para a questo.

    A construo de uma sociedade

    democrtica e sustentvel, apesar

    dos avanos j alcanados, um

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    33/90

    32 Viveiros Educadores Plantando Vida

    processo lento, que requer mudan-

    as estruturantes.

    Como enrentar as questes ad-

    versas e unilaterais da economia que

    levam excluso social e vedam

    populao menos avorecida o aces-

    so ao mercado de trabalho, mora-

    dia, aos servios coletivos de sade,

    educao, lazer e a um ambiente

    equilibrado?

    Interagir na construo do co-

    nhecimento para utiliz-lo de orma

    a transormar a realidade, constitue-

    se em um desao prioritrio.

    Buscar conhecimentos e prticas

    construtivas, calcadas na compaixo,

    na tica, no compromisso com o

    bem-estar coletivo e na justia social,

    a chave para a superao dos ato-

    res que acarretam a excluso social.

    A participao em aes desen-volvidas no viveiro educador podem

    oportunizar a prossionalizao, a

    gerao de renda e o acesso a em-

    pregos e postos de trabalho, mas

    deve, acima de tudo, enrentar a

    dimenso central da excluso social,

    a perda da auto-estima.

    A oportunidade de conviver einteragir em um processo pedag-

    gico de incluso social, por meio de

    um viveiro educador, pode estimular

    os participantes a vivenciarem o pro-

    tagonismo cotidiano em aes que

    busquem reverter o atual quadro de

    degradao socioambiental em que

    vivemos.Aes como a coleta de semen-

    tes, a produo de uma muda ou o

    plantio de uma rvore, estimulados

    por processos educadores coletivos e

    intencionais desenvolvidos no vivei-

    ro, podem trazer aos participantes o

    sentimento de pertencimento, reper-

    cutindo positivamente na recupera-

    o da auto-estima perdida.

    vital que as aes desenvolvidas

    tragam em seu bojo a coletividade e

    o pensamento sistmico, orientando

    a caminhada rumo a construo de

    sociedades sustentveis, nas quais o

    direito a ter direitos seja reconhecido

    em toda sua plenitude.

    As prticas desenvolvidas no

    viveiro tambm devem estimular a

    atuao do grupo envolvido em con-

    selhos, runs, grupos de trabalho,

    associaes, cooperativas, enm,

    em todas as ormas de organizao

    social com potencial de mobilizar emotivar a populao a assumir suas

    responsabilidades.

    Dessa maneira, as aes e apren-

    dizados desencadeados pelo conv-

    vio em um viveiro educador podem

    contribuir consideravelmente em um

    processo de incluso social.

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    33Projeto Poltico Pedaggico

    Profissionalizao, geraode emprego e renda

    Alinhar a conduo das ativida-

    des do viveiro educador s polticaspblicas de desenvolvimento social,

    em especial, as de gerao de tra-

    balho e renda, pode proporcionar

    resultados extremamente positivos

    nos processos de prossionalizao

    desencadeados.

    um desao enorme, que de-

    pende do comprometimento emobilizao dos dierentes atores

    governamentais e empresariais en-

    volvidos, e de toda a comunidade.

    Podemos destacar trs eixos

    estratgicos na busca pela prossio-

    nalizao e a gerao de emprego

    e renda: a capacitao prossional

    pautada em aspectos pedaggicos

    emancipatrios, o acesso ao crdito

    popular ou microcrdito e a gerao

    de alternativas de mercado.

    Nesse processo importante

    envolver parceiros com atuao dire-

    cionada prossionalizao, como

    o Sebrae, o Senac, entre outros,

    procurando inserir as demandas

    especcas das reas de atuao do

    viveiro, entre os cursos e processos

    de ormao desenvolvidos por estas

    instituies.

    Um viveiro conduzido como es-

    pao de convvio solidrio e voltado

    para a prtica de valores humanos

    deve proporcionar aos envolvidos

    a oportunidade de construir sua

    prossionalizao sobre sua prpria

    base vocacional de dons e habilida-

    des naturais.

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    34 Viveiros Educadores Plantando Vida

    Deve-se buscar a construo de

    um perl prossional caracterizado

    pela busca por relaes econmicas

    e comerciais mais justas.

    O momento requer um esoro

    de ormao de prossionais com-

    prometidos com as transormaes

    socioambientais esperadas, o que

    implica no desenvolvimento e utiliza-

    o de metodologias e instrumentos

    adequados, no intercmbio de ex-

    perincias exitosas e na construo

    compartilhada de novos reerenciais.

    A prossionalizao despertada

    a partir dos processos de ormao

    desencadeados junto aos viveiros

    educadores, deve estimular jovens

    e adultos a identicar na produo

    de mudas e suas atividades comple-

    mentares, a possibilidades de acesso

    renda.A produo tem um custo e tam-

    bm resulta na gerao de uma ren-

    da, seja por meio da venda das mu-

    das produzidas, ou pelos inmeros

    servios e benecios socioambientais

    desencadeados em conseqncia de

    sua existncia.

    Inmeras tcnicas e habilidades

    podem ser desenvolvidas e ortaleci-

    das a partir da atuao em um vivei-

    ro educador, desde que conduzidas

    de orma intencional, com a contri-

    buio de parcerias qualicadas, e

    direcionadas ormao prossional

    e gerao de novas alternativas de

    mercado.

    Coleta de sementes, produo de

    mudas nativas, ornamentais e me-

    dicinais, recuperao de reas de-

    gradadas, tcnicas de enxertia e es-

    taquia, ruticultura, implantao de

    sistemas agroforestais, arborizao

    urbana, paisagismo, jardinagem, ar-tesanato, entre outras possibilidades

    devem ser buscadas e desenvolvidas.

    O ecomercado uma rente

    ainda em ormao e desenvol-

    vimento na economia atual. Essa

    perspectiva de relao econmica

    cresce a cada dia, e diante do acele-

    rado ritmo das mudanas climticasglobais, no ser mais uma rente

    marginal de atuao, e sim, um pa-

    dro de comportamento consciente,

    estimulado e popularizado em todo

    o mundo.

    As mudanas exigidas nesse

    processo de converso econmica

    so de carter estrutural e no selimitam a questes conjunturais,

    ainda que estas possam reorientar o

    processo.

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

    36/90

    35Projeto Poltico Pedaggico

    O trabalho e o emprego no utu-

    ro certamente tero outra natureza,

    bem dierente da conhecida e prati-

    cada atualmente.

    Tais transormaes demandam

    recursos humanos com ormao

    integral e sistmica, capazes de ler e

    interpretar a realidade de orma crti-

    ca, com capacidade de trabalhar em

    grupo, partilhar responsabilidades e

    intererir em seu meio de orma res-

    ponsvel, criativa e sustentvel.

    Os indivduos que aproveitarem

    as oportunidades de aprendizado

    proporcionadas no viveiro educador

    construindo novos conhecimentos,

    baseados na uso de elementos

    acadmicos e populares, tendem a

    se sobressair.

    Uma orma de organizao co-

    letiva que pode contribuir em todoesse processo a constituio de

    cooperativas. Uma cooperativa de

    trabalho uma onte de produo e

    prestao de servios, administrada

    e gerida unicamente por seus asso-

    ciados, todos com os mesmos direi-

    tos e obrigaes.

    A caracterstica autnoma, de-mocrtica e coletiva das cooperativas

    acilita o acesso a crditos, que indi-

    vidualmente no poderiam ser aces-

    sados, bem como, diminui os custos

    gerados em processos de compra e

    venda.

    Uma cooperativa de viveiros

    pode trazer inmeros benecios aoscooperados, desde a diminuio dos

    custos de produo at a comerciali-

    zao coletiva do que oi produzido.

    cada vez mais necessrio no

    enrentamento e superao dos

    aspectos excludentes da economia,

    trabalhar de orma articulada, rom-

    per com a lgica de aes ragmen-

    tadas e setorizadas, que provocam

    a sobreposio de aes similares, e

    consomem desarticuladamente re-

    cursos e energia para o mesmo m.

    O PRONAF - Programa Nacional

    de Fortalecimento da Agricultura

    Familiar outra promissora possibi-

    lidade de acesso a crditos para pe-

    quenos produtores que pretendam

    conduzir viveiros educadores.

    O programa, que tem diversas

    linhas de nanciamento, omenta

    em sua vertente forestal, o PRONAF

    FLORESTAL, a produo de mudas

    e o plantio de espcies forestais,

    apoiando os agricultores amiliaresna implementao de projetos de

    reforestamento, manejo susten-

    tvel de uso mltiplo, e sistemas

    agroforestais.

    Essa iniciativa pretende preencher

    uma lacuna que existe na relao

    com a agricultura amiliar, e contem-

    plar uma categoria de produtoresque historicamente estiveram

    margem, ou pouco avorecidos, por

    nanciamentos pblicos.

    Como se v existem inmeras

    possibilidades de prossionalizao

    e gerao de emprego e renda asso-

    ciadas ao viveiro. Basta despert-las

    no seu vivenciar, refetindo e prati-cando de orma consciente e solid-

    ria junto comunidade na qual est

    inserido.

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

    37/90

    36 Viveiros Educadores Plantando Vida

    Arborizao Urbana

    O elevado crescimento popu-

    lacional e a alta de planejamento

    urbano tem proporcionado inmerosrefexos negativos para a qualidade

    de vida da populao que vive nas

    cidades.

    Desencadear um processo de

    arborizao de centros urbanos ,

    no atual contexto, uma necessidade

    ambiental, principalmente nas gran-

    des cidades, onde h, em geral, umacobertura vegetal insuciente.

    Alm da uno paisagstica, as

    rvores plantadas amenizam uma

    srie de atores negativos presentes

    no meio urbano.

    Entre suas principais contribui-

    es destacam-se:

    Diminuio da poluio sonoraproduzida pelos rudos no trnsito e

    fuxo de pessoas.

    Reduo dos nveis de po-

    luio atmosrica por meio da

    captura de partculas slidas e gs

    carbnico(Co2) lanado em excesso

    no ambiente urbano.

    Melhoria do conorto trmico

    proporcionado pelo sombreamento

    advindo das rvores.

    Aumento da umidade relativa do

    ar.

    Ampliao da permeabilidade do

    solo, contribuindo para a diminui-

    o da possibilidade de enchentes e

    enxurradas.

    Abrigo e alimento para a au-

    na urbana, e animais silvestres em

    trnsito.

    Melhoria no quadro de poluio

    visual, um dos atores que promo-

    vem o estresse urbano.

    O processo de requalicao ur-bana passa pela arborizao de seus

    espaos de convvio social.

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

    38/90

    37Projeto Poltico Pedaggico

    Esse processo tem um enorme

    potencial pedaggico e proporciona

    s comunidades envolvidas a oportu-

    nidade de rever a orma como suas

    ruas, bairros, praas e lares esto

    estruturados.

    Diversas atividades educativas

    podem ser desencadeadas de orma

    intencional a partir da arborizao

    urbana.

    O simples ato de plantar e cui-

    dar do que oi plantado, desde que

    devidamente conduzido, pode des-

    pertar sentimentos de solidariedade,

    tica, coletividade e responsabilidade

    socioambiental.

    Nesse processo, a comunidade

    pode restabelecer laos a muito tem-

    po perdidos nos grandes centros, e

    aproximar-se da cultura do plantar.

    No entanto, ao desencadearaes de educao ambiental asso-

    ciadas arborizao urbana, deve-se

    atribuir a elas um carter crtico e

    emancipatrio, gerando refexes

    sobre os aspectos polticos, econ-

    micos e culturais ligados questo

    ambiental.

    Desse modo, os viveiros educado-

    res podem ter na arborizao urbana

    uma importante rente de atuao,

    proporcionando atravs das prti-

    cas geradas, o estmulo para que a

    comunidade assuma uma postura

    consciente e atuante, na transorma-

    o do ambiente em que vive.

    Viveiros conduzidos por associa-

    es de moradores, centros de edu-

    cao ambiental, escolas, preeituras

    e outras instituies, podem assumir

    um papel de protagonismo nesse

    processo, adotando uma rua, um

    bairro, ou mesmo, dependendo de

    sua dimenso, a cidade toda.

    Para isso, necessrio estabe-

    lecer parcerias que assegurem e

    legitimem esse processo, uma vez

    que o poder pblico municipal o

    responsvel legal pela arborizaodas cidades.

    Nesse sentido, deve ser buscada

    a articulao necessria para a anu-

    ncia e participao de secretarias

    municipais de meio ambiente, de-

    partamentos de parques e jardins, e

    outros rgos envolvidos na concre-

    tizao dessa iniciativa.

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    3 Viveiros Educadores Plantando Vida

    O viveiro como instrumentode organizao socialde Comunidades e

    Assentamentos RuraisTrabalhar coletivamente em as-

    sentamentos e comunidades rurais

    um grande desao. A alta de

    organizao social, a diculdade em

    atuar em grupo e as questes de

    gnero que desestimulam e com-

    prometem a participao eminina,

    so os principais entraves para odesenvolvimento de aes coletivas

    no campo.

    Um viveiro educador pode ser

    um ecaz instrumento de ao,

    capaz de promover o avano da

    capacidade de organizao coletiva

    dentro de um assentamento, seja

    em pequenos viveiros implantadosindividualmente em cada quintal ou

    pela organizao coletiva em torno

    de um viveiro comunitrio.

    Um grupo pequeno de amlias

    pode conduzir e administrar coletiva-

    mente um viveiro, executando todas

    as tareas que a atividade necessita,

    sem comprometer com isso, a pro-duo individual de cada amlia.

    Com sete amlias administrando

    coletivamente um viveiro, cada uma

    delas trabalhar apenas um dia por

    semana, deixando os outros seis

    dias livres para outras atividades

    produtivas. Cabe ressaltar que este

    apenas um dos possveis modelos deadministrao de um viveiro em as-

    sentamentos e comunidades rurais.

    A refexo sobre como conduzir as

    atividades e envolver a comunidade

    no processo deve levar sempre em

    considerao o contexto local e suas

    especicidades.

    No incio do processo, vital criar

    coletivamente, regras claras de ad-

    ministrao e convivncia. Atividades

    como coleta de sementes, produo

    das mudas, manuteno do viveiro

    e comercializao, assim como, a

    diviso das tareas e a diviso da

    produo nal devem ter regras bem

    denidas, de orma que as pessoas

    se sintam esclarecidas e seguras em

    trabalhar em grupo.

    importante criar e valorizar

    espaos de reunio que propor-

    cionem a todos a oportunidade de

    se expressarem e contribuirem no

    processo.

    Mutires e outras ormas decooperao podem surgir a partir

    da aproximao gerada pelo hbito

    de se reunir e discutir coletivamente

    estratgias de enrentamento dos

    problemas da comunidade.

    O trabalho coletivo no viveiro

    pode gerar um vnculo de responsa-

    bilidade e conana entre os envol-vidos, de orma que com o tempo,

    a credibilidade esteja presente nas

    relaes pessoais, e esse comporta-

    mento se estenda a outros mbitos

    da comunidade.

    Um grupo pequeno de pessoas

    desenvolvendo uma atividade de

    sucesso, que traga melhorias para acomunidade, um grande exemplo,

    e pode infuenciar o surgimento de

    outras iniciativas de organizao e

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    40/90

    3Projeto Poltico Pedaggico

    produo coletiva. Comear peque-

    no, mas de orma coletiva e organi-

    zada pode trazer grandes resultados

    para todos.

    A perspectiva educadora surge

    quando a ao coletiva que desen-

    cadeou a produo de mudas

    exemplar e o viveiro torna-se uma

    reerncia na comunidade.

    Muitos so os casos de pes-soas que alm de produzirem suas parcelas, traba-lham fora, vendendo suafora de trabalho para

    complementar a renda dafamlia. Um viveiro de mudas,administrado de forma co-munitria uma atividadeque no exige exclusividade,permitindo que as pessoasenvolvidas possam desen-volver outras atividades

    durante a semana sem comisso compromet-las.

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

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    40 Viveiros Educadores Plantando Vida

    Pesquisa e Desenvolvimento

    A cultura predominante em

    nossa sociedade tem por hbito va-

    lorizar os saberes cientcos e acad-micos, e reduzir ou mesmo ignorar o

    saber popular.

    O conhecimento tradicional,

    construdo nos processos cotidianos

    de aprendizagem, tem sido histori-

    camente, e de orma equivocada,

    relegado a um segundo plano.

    Para o desenvolvimento de pes-quisas que tragam contribuies

    realmente estruturantes para a cons-

    truo de sociedades sustentveis

    necessrio direcionar as linhas de

    pesquisa para temas que busquem

    atender as demandas prioritrias

    da nossa sociedade, privilegiando o

    atendimento s camadas menos a-vorecidas da populao.

    essencial romper com a lgica

    e a dinmica dos nanciamentos de

    pesquisa realizados com recursos

    provenientes de grupos e segmen-

    tos empresariais que se utilizam do

    capital para nanciar e direcionar as

    linhas de estudo desenvolvidas emcentros de pesquisa e universidades

    pblicas para o interesse prprio,

    sem reverter para a comunidade os

    avanos alcanados.

    Inmeras pesquisas podem ser

    desenvolvidas a partir do viveiro,

    utilizando como objeto de estudo os

    dierentes aspectos ligados a produ-o de mudas e o plantio de rvores,

    assim como, acerca das relaes in-

    ter-pessoais que so geradas a partir

    do convvio no viveiro e na relao

    com a comunidade na qual ele est

    inserido.

    Procedimentos pedaggicos

    inovadores, metodologias partici-

    pativas de diagnstico, materiais

    alternativos para a construo de

    viveiros, tcnicas para a quebra de

    dormncia, germinao, secagem

    e armazenamento de sementes,

    tcnicas inovadoras de enxertia e

    reproduo vegetativa, estratgias

    para recuperao de reas degra-

    dadas, seqestro de carbono, assim

    como, estratgias e solues ecolo-

    gicamente corretas de convivncia,

    preveno e combate ormigas e

    patgenos especcos so apenas

    algumas das inmeras possibilidades

    de pesquisa que podem ser conduzi-

    das utilizando a estrutura do viveiro,a produo de mudas e o plantio de

    rvores como temas geradores.

    Cabe a esta linha de ao esta-

    belecer os indicadores e parmetros

    tcnicos, produtivos, educativos, am-

    bientais, sociais, econmicos, institu-

    cionais e polticos a serem adotados

    e ou pesquisados.O grande desao ser capaz de

    religar e integrar, de orma respeito-

    sa e complementar, os conhecimen-

    tos acadmicos com o saber emp-

    rico, construdo ao longo do tempo

    por dierentes geraes e culturas

    para, a partir da, conduzir ensaios,

    experimentos, pesquisa-ao e ou-tros tantos processos que busquem

    a construo coletiva de conheci-

    mento a servio da coletividade.

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

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    41Projeto Poltico Pedaggico

    Comrcio Solidrio

    O Brasil, como pas em processo

    de desenvolvimento, sore as conse-

    qncias negativas da globalizaodo capital. Esse enmeno refete

    diretamente nos altos ndices de de-

    semprego e subemprego do pas.

    Este quadro proporciona um

    crescimento econmico de carter

    caractersticasGeraodetrabalhoerenda. Acessoevalorizaodemercadoslocaisesolidrios. Estabelecimentod

    erelaesduradourasedeconfianamtua. Pagamentodepreojustopelaproduo. Resgateevalorizaodossistemasdetroca.Relaesdemocrticasdetrabalho.

    Valorizaodoconhecimentotradicional. Gestocompartilhadanabuscapela

    auto-sustentabilidade.Transparnciaeprestaodecontas. Capacitaoequalificaodaequipeenvolvida. Valorizaoepreservaoambiental.

    excludente, que provoca a elevao

    do setor inormal da sociedade. Tais

    eeitos so vivenciados principalmen-

    te nas classes menos avorecidas,

    que no tm acesso a conhecimen-

    tos bsicos.

    Muitas experincias coletivas

    de trabalho e de produo esto

    se disseminando em todo o pas.

    So cooperativas de produo, de

    crdito, de servios e de consumo,

    associaes de produtores, empresas

    em regime de autogesto, bancos

    comunitrios e organizaes popula-

    res, no campo e na cidade.

    Essas iniciativas azem parte de

    um processo de transormao dos

    modelos econmicos atuais, em uma

    economia solidria (Singer, 2002).

    O comrcio solidrio procura criar

    meios e oportunidades para melho-rar as condies de vida e de traba-

    lho dos produtores, especialmente

    os pequenos, buscando construir

    uma relao mais justa entre consu-

    midores e produtores.

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

    43/90

    42 Viveiros Educadores Plantando Vida

    Nesse processo, busca-se ultra-

    passar as diculdades de comerciali-

    zao do atual modelo econmico,

    e garantir aos produtores, o acesso a

    mercados justos, pautados em pro-

    cessos sustentveis.

    vital que os caminhos adota-

    dos assegurem a sustentabilidade

    da produo, e a transparncia na

    composio do preo, que acarrete

    no pagamento justo pelos produtos

    ou servios prestados. Aprender a

    identicar e dimensionar os custos

    sociais e ambientais das atividades

    produtivas se torna erramenta signi-

    cativa na reviso dos custos de pro-

    duo e, portanto, dos preos nais

    no mercado.

    Nessa perspectiva, devem ser

    considerados os valores humanos e

    a contribuio dos empreendimen-tos ao bem-estar social e ambiental.

    Tais atores tm se tornado cada vez

    mais importantes na escolha de que

    mercadorias consumir.

    Empresas, investidores e consu-

    midores so agentes sociais, cuja

    responsabilidade vai alm da gera-

    o de empregos e impostos, se es-tendendo promoo do bem-estar

    e da qualidade de vida da sociedade.

    vital que os atores sociais en-

    volvidos passem de agentes passivos

    a cidados atuantes e pr-ativos.

    Nessa perspectiva, importante que

    as atividades desenvolvidas pelo vi-

    veiro educador estimulem a adoode prticas comerciais calcadas nos

    princpios e premissas do comrcio

    solidrio.

    desejvel que, na medida do

    possvel, os viveiros educadores pro-

    curem se associar a outros viveiros

    com o intuito de constituir redes de

    produo e comrcio solidrio de

    mudas, que proporcionem o inter-

    cmbio regional e garantam a per-

    petuao de espcies nativas, que

    em muitos casos se encontram em

    vias de extino.

    A operacionalizao desse pro-

    cesso um desao que demanda

    dedicao e comprometimento de

    todos e, em um primeiro momento,

    por questes e valores que esto

    arraigados no comportamento oci-

    dental, parece pouco provvel de ser

    viabilizado.

    No entanto, estimular as pessoas

    e grupos envolvidos a buscarem a

    construo desse processo extre-mamente saudvel, e pode tornar-se

    uma reerncia inovadora e positiva

    nas relaes entre viveiros.

    Inmeros produtos podem ser

    gerados e comercializados a partir

    da produo de um viveiro.

    O plantio das dierentes mudas

    produzidas em um viveiro podegerar, desde que adequadamente

    extrados e devidamente

    processados, rutas secas ou in

    natura, doces, conservas, compotas,

    leos, resinas, garraadas e uma

    innidade de produtos artesanais

    desenvolvidos a partir de espcies da

    fora nativa.Sistemas de troca devem ser

    incentivados, valorizando a cultura

    local e a fora da regio, enatizan-

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

    44/90

    43Projeto Poltico Pedaggico

    do ainda, o valor social agregado

    produo.

    Estimular e ortalecer ao longo

    do processo, o valor simblico e li-

    bertrio da troca, seja em eiras or-

    ganizadas, ou mesmo diretamente

    com outros membros da comunida-

    de, extremamente desejvel.

    importante criar espaos pbli-

    cos e organizados onde o comrcio

    solidrio seja priorizado. Feiras livres

    e pontos de venda descentraliza-

    dos so algumas possibilidades de

    comercializao para os viveiros

    envolvidos.

    No existe ainda uma regula-

    mentao que promova a certica-

    o e o controle de qualidade das

    mudas para o mercado interno.

    Como estratgia de superao

    a essa questo, as associaes ouredes de viveiros que trabalham com

    produo de mudas na perspectiva

    do comrcio solidrio, devem cer-

    ticar os produtos com sua prpria

    marca, criando um selo com nome

    prprio, como orma de atestar

    a origem dos produtos que so

    comercializados nos pontos devenda solidrios.

    Outro aspecto que deve ser en-

    atizado quando se ala em comr-

    cio solidrio o sistema de compras

    coletivo. Os produtores devem bus-

    car negociar coletivamente a com-

    pra de embalagens, adubos e todo

    material de consumo necessrio

    produo de mudas.

    Em uma perspectiva local tal me-

    dida pode reduzir o valor do rete

    envolvido no transporte, tanto das

    compras quanto da distribuio da

    produo.

    Esse procedimento reduz bastan-

    te os custos envolvidos, na medida

    em que negociar coletivamente mo-

    vimenta volumes maiores, acilita a

    negociao e possibilita uma econo-

    mia energtica acima de tudo.

    Como se v, atuar coletivamente

    e em uma perspectiva solidria sortalece as aes desenvolvidas

    pelos viveiros educadores, seja nas

    vertentes ligadas a produo e co-

    mercializao, ou ainda pela

    caracterstica humana e

    pedaggica que o pro-

    cesso tem.

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

    45/90

    44 Viveiros Educadores Plantando Vida

    A realizao de parceriaslocais e a sustentabilidadedo Viveiro Educador

    A escassez de recursos tantonanceiros quanto humanos para

    se enrentar a problemtica so-

    cioambiental um ator que tem

    intererido signicativamente na

    eetividade e continuidade das aes

    defagradas.

    A amplitude e complexidade

    que a questo envolve demandamuma elevada capacidade de orga-

    nizao e articulao para o seu

    enrentamento.

    A interao entre o poder pbli-

    co, o setor privado, a sociedade civil

    organizada e a comunidade um

    arranjo promissor como alternativa

    para convergir esoros. Esta integra-

    o deve ser buscada permanente-

    mente, e de orma pr-ativa.

    No se trata apenas da busca por

    recursos nanceiros, mas tambm,

    da procura por habilidades, conhe-

    cimentos, estruturas e outros subs-

    dios que proporcionem aos indivdu-

    os, grupos e instituies que atuam

    rente dos viveiros educadores as

    condies necessrias para que ele

    desempenhe adequadamente o pa-

    pel que dele se espera.

    Nessa perspectiva, undamental

    a realizao de um mapeamento

    atento aos aspectos relacionados

    diversidade socioambiental da re-

    gio, na busca por polticas pblicas

    convergentes, programas, projetos

    e aes de educao ambiental em

    andamento, assim como, institui-

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

    46/90

    45Projeto Poltico Pedaggico

    es, grupos e movimentos que pos-

    sam produzir sinergia.

    Em geral, em municpios muito

    pequenos as pessoas e instituies

    que participam dos dierentes oros

    e arenas onde so tratadas as ques-

    tes ambientais so as mesmas. H a

    necessidade de multiplicar esoros e

    potencializar a capacidade instalada

    no local, sob o risco de esvaziar as

    discusses desenvolvidas no mbito

    do viveiro e nos dierentes outros

    processos relacionados.

    A parceria com as diversas ini-

    ciativas convergentes como as Salas

    Verdes, COM VIDAS, Coletivos

    Educadores, Pontos de Cultura,

    Frum Lixo e Cidadania, Comits de

    Bacia entre outros, devem ser esti-

    muladas com o intuito de criar laos

    de cooperao mtuos, baseados

    em princpios democrticos, e em

    prol de objetivos comuns.

    Todo esse processo deve buscar

    ainda, a viabilizao de uma ampla

    rede de viveiros educadores estrate-

    gicamente distribudos e estrutura-

    dos local, regional e nacionalmente.

    Este um sonho de uturo, a ser

    construdo como uma utopia poss-

    vel de ser alcanada.

    Diante de tamanho desao, ca

    claro que a realizao de parcerias

    deve ser buscada cotidianamente,

    estimulando a realizao de encon-

    tros presenciais e distncia, para

    intercmbios, dilogos ormao

    tcnica e pedaggica dentre outros

    processos que promovam o surgi-

    mento de sinergias e aprendizados a

    partir das relaes estabelecidas.

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    46 Viveiros Educadores Plantando Vida

    Procedimentos Tcnicos

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    47Procedimentos Tcnicos

    Para adequar e compatibilizar os procedimentos

    tcnicos adotados em um viveiro educador s necessi-

    dades demandadas na construo de sociedades sus-

    tentveis, importante o estudo, seleo e emprego

    de tecnologias apropriadas, que utilizem racionalmente

    os recursos naturais e energia disponveis, causando o

    mnimo impacto ao meio ambiente e gerando ao longo

    do processo benecios sociais e ambientais.

    A ao produtiva no deve visar apenas os aspectos

    quantitativos ligados maximizao da produo e

    dos lucros, pautados exclusivamente pela racionalidade

    econmica. necessrio buscar o equilbrio e a har-

    monizao entre aspectos quantitativos e qualitativos,

    entre a racionalidade econmica e a sustentabilidade

    ambiental.

    As escolhas e decises devem basear-se em novas

    ormas de produzir, compatibilizando o processo de

    aprendizado permanente com a produo comprome-

    tida com a biodiversidade e a sustentabilidade humana.

    Dentre os componentes tcnicos neces-srios a uma adequada instalao e ma-

    nuteno de um viveiro lembramos comoprioritrios os ITENS A SEGUIR:

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    4 Viveiros Educadores Plantando Vida

    Quando pensamos em construir

    um viveiro, a primeira pergunta a

    surgir : Qual o local ideal?

    No momento da escolha, es-

    sencial observar os inmeros atores

    que de alguma maneira podem

    infuenciar positivamente ou negati-

    vamente a conduo dos trabalhoscom o viveiro. muito importante

    levar em considerao no momento

    da escolha, atores como:

    O lugar definido deveapresentar algumascaractersticas bsicas,com o intuito de tornar otrabalho mais eficiente,e facilitar as aesconduzidas no dia a dia.

    Escolha do local

    Abastecimento de gua

    O ornecimento de gua es-

    sencial para o desenvolvimento das

    atividades em um viveiro. o princi-

    pal ator a ser observado na escolha

    do local mais adequado para sua

    construo. A rea escolhida deve

    ser prxima a alguma onte segura,

    capaz de ornecer gua de boa qua-

    lidade, livre de doenas ou produtos

    qumicos, e em abundncia, durante

    o ano todo.

    O abastecimento de gua de um

    viveiro no pode ser interrompido

    por longos perodos, sob o risco de

    todo o trabalho de produo de mu-

    das ser perdido caso isso ocorra.

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    4Procedimentos Tcnicos

    Rios, crregos, lagos, reservat-

    rios articiais, cisternas, poos arte-

    sianos ou gua encanada da rede

    pblica so as ontes mais utilizadas.

    Todavia, uma boa estratgia para

    quem no dispe de locais auto-su-

    cientes no ornecimento de gua,

    construir estruturas de captao de

    gua da chuva.

    Utilizadas milenarmente por in-

    meras civilizaes, e diundidas com

    grande xito na regio do semi-ri-

    do, elas apresentam grande vocao

    e potencial para serem utilizadas em

    todo o pas.

    Relevo

    O terreno escolhido deve ser o

    mais plano possvel, acilitando os

    trabalhos e a locomoo dentro doviveiro. Porm, desejvel que haja

    uma leve inclinao, para evitar que

    a gua que empossada, e atraia

    assim, ungos e outros seres que

    possam vir a comprometer a sade

    das plantas.

    Os canteiros devem ser sempre

    dispostos de orma perpendicular

    ao sentido da inclinao do terreno,

    com o intuito de conter a velocidade

    da gua, e evitar a ormao de ero-

    so entre os canteiros. Caso a rea

    disponvel apresente uma grande

    inclinao, deve-se dividir a rea do

    viveiro em degraus, de orma que os

    canteiros quem sempre numa su-

    percie plana.

    Luminosidade

    O viveiro tem como caracterstica

    principal a diminuio da intensida-

    de dos raios solares que incidem so-

    bre as mudas. Todavia, o local onde

    ser instalado o viveiro deve receber

    luz solar e calor durante todo o dia.

    O sol vital em todo o processo.Os canteiros devem estar pree-

    rencialmente dispostos no sentido

    nascente poente, para que as mu-

    das quem expostas de orma ho-

    mognea aos raios solares, ao longo

    de todo o dia.

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    50 Viveiros Educadores Plantando Vida

    Proteo contra o vento

    No momento da escolha vital

    observar o comportamento dos ven-

    tos predominantes no local. Ventosortes so capazes de derrubar ou

    mesmo quebrar as mudas, alm

    de ressecar o ambiente, tornando

    necessrio uma irrigao mais cons-

    tante, e aumentando com isso o

    consumo de gua.

    Caso seja necessrio, interes-

    sante a ormao de quebra ventosnaturais, utilizando para isso, rvores

    robustas, plantadas em duas ou trs

    leiras paralelas em volta do viveiro.

    importante destacar que as r-

    vores utilizadas como quebra vento

    no devem sombrear o viveiro, mas

    permitir a boa circulao de ar. Para

    isso, a distncia entre as rvores e

    o viveiro, deve ser maior ou igual a

    altura das rvores quando adultas.

    As espcies escolhidas para

    ormar a cortina de quebra vento

    devem ser adaptadas as condies

    da regio, e apresentar algumas ca-

    ractersticas como: alta fexibilidade,

    olhagem perene, crescimento rpi-

    do, copa bem ormada e razes bem

    proundas.

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    51Procedimentos Tcnicos

    Para alcanar melhoresresultados com a proteodo vento, alguns cuidados

    devem ser observados:A altura da proteo contra o

    vento deve ser dimensionada de

    acordo com o tamanho do viveiro.

    Quanto maior or o viveiro, mais al-

    tas devem ser as rvores plantadas;

    A proteo deve ser homog-

    nea em toda a extenso do quebra

    vento; importante que no haja alhas

    na barreira ormada pelo quebra

    vento, com o intuito de evitar o au-

    nilamento da corrente de ar;

    O quebra vento deve estar po-

    sicionado perpendicularmente di-

    reo dos ventos predominantes na

    regio.

    Acesso ao viveiro

    O viveiro deve estar em um local

    de cil acesso, preerencialmente

    conectado a boas estradas, buscan-

    do acilitar a entrada e sada de ve-culos, pessoas e materiais de manu-

    teno, e a retirada das mudas para

    o plantio ou comercializao.

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    52 Viveiros Educadores Plantando Vida

    Alm da estrutura do viveiro

    necessrio construir algumas instala-

    es que daro suporte no processo

    de produo de mudas. Entre elas

    destacam-se:

    Galpo

    essencial a construo de um

    galpo que d suporte ao processo

    de produo de mudas. vital pro-

    teger as sementes coletadas da ao

    do vento, sol e chuva, proporcionan-

    do condies adequadas para o seu

    armazenamento.O galpo pode ter ainda um

    cmodo para guardar erramentas

    e materiais de consumo de orma

    segura. A estrutura pode ser eita de

    alvenaria, barro ou mesmo madeira.

    O importante ser bem ventilado e

    seco, evitando a presena de umi-

    dade e altas temperaturas em seu

    interior.

    interessante e desejvel, cons-

    truir uma rea coberta, porm aber-

    ta, conectada ao galpo, com o in-

    tuito de realizar de orma mais con-

    ortvel e produtiva, as operaes

    de preparo do substrato (mistura de

    terra, areia e adubo orgnico), bem

    como o enchimento dos recipientes

    (saquinhos ou tubetes).

    Estruturas necessrias para

    a conduo das atividades

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

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    53Procedimentos Tcnicos

    Sementeira

    o local onde eita a semeadu-

    ra, um estgio intermedirio, ante-

    rior ao plantio da muda no saquinhoou tubete, sendo bastante indicado

    para espcies com baixo ndice de

    germinao.

    A sementeira um canteiro que

    recebe diretamente as sementes,

    para que elas possam germinar, e

    depois, quando estiverem com o

    porte necessrio, serem transplanta-das com acilidade para recipientes

    individuais at que sejam levadas em

    denitivo campo.

    A terra utilizada na sementeira

    deve ser de preerncia arenosa,

    para acilitar a retirada das mudas

    durante a operao do transplante,

    tambm chamado de repicagem.

    Deve-se ainda, evitar a utilizao de

    terras que carreguem sementes anti-

    gas, elas so indesejadas nesse pro-

    cesso, uma vez que, a identicao

    das sementes que oram semeadas

    dicultada, e sua retirada demanda

    trabalho extra.

    importante que haja uma pro-

    teo lateral para o canteiro, com o

    intuito de evitar que no processo de

    irrigao a terra escorra lateralmen-

    te, e se perca um grande nmero

    de sementes. Essa proteo pode

    ser eita de tijolos, ripas de madeira

    ou bambu, bem como, qualquer

    outro material que a criatividade

    possibilitar.

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    54 Viveiros Educadores Plantando Vida

    Assim como no viveiro, dese-

    jvel que a cobertura eita para a

    sementeira bloqueie boa parte dos

    raios solares que incidem em seuinterior, proporcionando condies

    mais avorveis germinao, seme-

    lhantes s encontradas embaixo das

    rvores ou no interior das matas.

    O tamanho da sementeira deve

    variar de acordo com a produo de-

    sejada e a disponibilidade de espao.

    Todavia, a largura no deve passarde 1 metro, visando acilitar as ope-

    raes de semeadura e transplante

    (retirada de mudas ).

    Ptio

    necessrio, no momento de

    planejamento, destinar boa parte doterreno a ser utilizado para a produ-

    o de mudas, para a ormao do

    ptio.

    As mudas podero permanecer

    no ptio por um longo perodo

    de tempo, at serem levadas para

    o campo em denitivo. As mudas,

    principalmente as de espcies nati-vas, ou de comportamento avor-

    vel alta luminosidade, devem ser

    transportadas do viveiro para o ptio

    mais rapidamente, entre 2 e 4 meses

    aps a germinao.

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

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    55Procedimentos Tcnicos

    O tempo em que a muda per-

    manecer no ptio vai depender da

    nalidade de sua utilizao. Caso

    sejam destinadas arborizao ur-

    bana, ou recuperao de reas de-

    gradadas, desejvel que as mudas

    permaneam mais tempo no ptio,

    para que sejam rusticadas.

    As mudas devem car dispostas

    em canteiros, como no viveiro, sen-

    do tambm necessria a construo

    de uma proteo lateral que evite o

    tombamento das mudas. A proteo

    pode ser eita com arame, ou outro

    material disponvel na regio, tendo-

    se apenas a preocupao de atingir

    a metade do tamanho do saquinho.

    O ptio deve estar a cu aberto,

    e ser cercado com o intuito de evitar

    a entrada de animais, o que pode

    causar grandes estragos, principal-

    mente se o viveiro estiver situado no

    meio rural.

    O solo do terreno a ser utilizado

    como ptio deve ser o mais poroso

    possvel, e um pequeno desnvel

    desejvel, para evitar o acmulo de

    gua entre as mudas, bem como o

    empoamento de gua da chuva ou

    proveniente da irrigao.

    Uma vez construdo oviveiro quais so osprximos passos parainiciar a produo demudas?

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    56 Viveiros Educadores Plantando Vida

    A coleta das sementes oprimeiro passo no processoprodutivo de um viveiro,e por ser a produo demudas um processo delicadoe que leva tempo, a escolha

    de sementes de qualidade primordial para ter-se um resultado finalsatisfatrio. Para isso,alguns cuidados devem sertomados:

    Escolha da rvore matriz

    A escolha correta das rvores

    para a coleta de sementes essen-

    cial para o sucesso do plantio. As

    rvores escolhidas devem apresen-

    tar porte avantajado, crescimento

    uniorme, uma boa produo de

    sementes, ser vigorosa e livre de

    doenas.

    Uma boa rvore matriz no

    muito jovem nem muito velha. im-

    portante escolher para cada espcie

    a ser coletada, o maior nmero pos-

    svel de rvores matriz, com o intuito

    de aumentar a diversidade gentica,e no sobrecarregar nenhuma delas.

    Estas rvores devem ser marcadas

    com plaquetas, ou mesmo tintura

    natural, e deve ser eito um mapa

    com o posicionamento de cada rvo-

    re para orientar as coletas dos anos

    seguintes.

    Como realizar a coleta de sementes?

  • 8/14/2019 Viveiros Educadores

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    57Procedimentos Tcnicos

    poca da coleta

    A poca de coleta de sementes

    varia de regio para e regio, e

    tambm para as dierentes espcies. importante observar o comporta-

    mento das espcies no local onde

    vive, bem como, buscar pesquisas j

    realizadas sobre o assunto, e obter

    inormaes com pessoas mais expe-

    rientes, ou que vivam no meio rural

    em sua regio.

    Uma vez conhecida a poca deruticao, devem ser eitas expe-

    dies de coleta de 15 em 15 dias,

    ou em intervalos menores de tempo,

    procurando observar o estado de

    maturao das sementes, uma vez

    que as sementes devem ser cole-

    tadas somente quando estiverem

    quase maduras, e preerencialmenteno p.

    Deve-se evitar coletar sementes

    verdes, que no estejam totalmen-

    te desenvolvidas. Estas sementes

    provavelmente no germinaro,

    ou tero o seu desenvolvimento

    comprometido.

    Uma orma de saber se a semen-

    te j est no ponto de ser coletada,

    observar o momento em que as

    sementes esto comeando a cair.

    Este um bom indicador de que j

    esto prontas para ser coletadas.

    Outra orma de sabermos se as

    sementes esto prontas obser-

    vando se elas j atingiram a colora-

    o do ruto quando maduro.

    Quando puxamos ou tentamos

    cortar um ramo cheio de semen-

    tes em uma rvore, e este, no se

    rompe com acilidade, ainda muito

    ligado a ela, um indicador de que

    ainda no a hora de realizar a co-

    leta, uma vez que aquelas sementes

    ainda precisam de um contato maior

    com a rvore, para tornar-se prontas

    para germinar.

    Espcies que gerem sementesmuito pequenas, e que se espalham

    ao cair, devem ser coletadas pree-

    rencialmente ainda no p, para evi-

    tar perdas atravs da ao do vento.

    muito importante no coletar

    todas as sementes viveis em uma

    rvore. Um grande nmero de ani-

    mais silvestres depende daquelassementes para sobreviver, portanto,

    essencial saber colet-las, sem com

    isso, diminuir signicativamente a

    oerta de alimentos para a auna

    local.

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    5 Viveiros Educadores Plantando Vida

    Mtodos de Coleta

    Existem diversos mtodos de co-

    leta, desde mtodos modernos que

    utilizam equipamentos sosticadosde escalada para alcanar a copa das

    rvores, at mtodos simples e mais

    acessveis realidade do campo.

    So nesses mtodos que vamos nos

    concentrar.

    Coleta com podes

    Os podes so instrumentos en-

    contrados acilmente em casas de

    erramentas, e que servem para a-

    zer a coleta dos ramos ainda no p,

    podendo atingir a parte alta das r-

    vores dependendo do seu tamanho.

    O podo um instrumento

    cortante, que deve ser preso a umcabo, que pode ser um varo de

    madeira o mais comprido possvel.

    interessante utilizar madeiras leves

    como cabo do podo, para acilitar

    o seu manuseio e transporte pela

    mata.

    Subindo na rvore

    Subir nas rvores uma outra

    orma muito usada e com bons

    resultados para a coleta, porm r-vores muito altas e de dicil acesso

    p