Vivencia em Lingua Portuguesa - Ensino...

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LETRAS | 9 VIVÊNCIA EM LINGUA PORTUGUESA - ENSINO MÉDIO

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LETRAS | 9

VIVÊNCIA EM LINGUA PORTUGUESA - ENSINO MÉDIO

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LETRAS | 11

VIVÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA ENSINO MÉDIO

MÔNICA M. TRINDADE FERRAZ

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Bem vindos(as) a esta disciplina.

O Estágio Supervisionado é parte integrante da formação do profissional de educação, considerado,

portanto, requisito para a obtenção da Licenciatura em Letras. Corresponde ao período de exercício pré

profissional, previsto no currículo, em que o estudante de graduação permanece em contato direto com o

ambiente de trabalho, orientado por um responsável da Instituição formadora e supervisionado pela escola

campo de estágio.

Portanto, o objetivo maior do conjunto das disciplinas de Estágio é proporcionar a vocês, acadêmicos,

a possibilidade de observação, co participação e atuação no contexto escolar, para que, a partir dessa vivência,

possam coletar dados da realidade e estabelecer relações com as disciplinas estudadas, estabelecendo

articulações entre teoria e prática.

A Resolução CNE/CP 1/2002 de 18.02.2002 estabelece, no seu Artigo 13, parágrafo 3º., que

o Estágio Curricular Supervisionado, definido por lei, a ser realizado em escola de educação

básica, e respeitado o regime de colaboração entre os sistemas de ensino, deve ser

desenvolvido a partir do início da segunda metade do curso e ser avaliado conjuntamente pela

escola formadora e a escola campo de estágio.

Desse modo, vocês estão sendo preparados para a prática desde o quarto período do curso, quando

iniciamos a primeira disciplina referente ao estágio. Em relação ao Ensino Médio, que é o nosso objeto de

estudo, vocês se lembram que na disciplina Linguística Aplicada à Língua Portuguesa – Ensino Médio, ofertada

no quinto período, foi realizada a discussão teórica que permeia a prática de ensino da língua portuguesa.

Nesse momento, foram apresentados a vocês os documentos direcionadores desse ensino no nível médio, tais

como os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

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LETRAS | 12

Aqui, vocês serão convidados a pensar e planejar as atividades a serem utilizadas no momento da

intervenção na escola, sem perder de vista tal discussão teórica pela qual já passaram na referida disciplina.

Este material está dividido em três unidades. Na primeira unidade, apresentaremos o modo como a

disciplina se organizará, ou seja, o cronograma a ser seguido no estágio VI, especificando as atividades a

serem realizadas com as respectivas carga horária. Nas segunda e terceira unidades, vocês entrarão em

contato com algumas propostas de atividades de Análise Linguística e Prática de Leitura e Produção Textual,

postas aqui como indicadoras para a elaboração do plano de intervenção prática.

Bom trabalho!

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LETRAS | 16

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há, de fato, uma disciplina escolar denominada gramática normativa, cujos conteúdos parecem não estar

relacionados às atividades de leitura e escrita e não ter aplicação direta à sua formação.

Essa constatação do autor explica algo comum de vivenciarmos: quando indagadas sobre a disciplina

Língua Portuguesa, as pessoas de um modo geral, revelam que se trata de um conjunto de regras e

classificações difíceis de serem estudadas. Ora, as pessoas, após tantos anos de escolaridade e de contato com

tal disciplina não conseguem associa la às tarefas cotidianas de leitura e produção escrita? Referem se à

gramática como um saber isolado, como se as suas falas não fossem organizadas por regras também

gramaticais? Se essa é a realidade, muito ainda há de ser feito em relação ao ensino da língua materna.

E esse passa a ser o nosso desafio como professores de língua portuguesa: desenvolver no aluno as

habilidades de leitura e escrita. Partindo desse pressuposto, o conhecimento gramatical deixa de ser a

finalidade da disciplina e passa a ser um meio para que se atinjam tais habilidades: ler e escrever.

Esse desafio se inicia aqui na prática de estágio. Um dos caminhos para a necessária mudança neste

ensino é a inserção de trabalhos na perspectiva da Análise Linguística. Por isso, sugiro que vocês, mais uma

vez, retomem o material da disciplina Linguística Aplicada à Língua Portuguesa – Ensino Médio – volume 5, p.

183, onde o autor reproduz um quadro comparativo entre Ensino de Gramática e Prática de Análise Linguística

dado por Mendonça ( 2006, p. 207).

O que se propõe como Análise Linguística (AL) vai ao encontro de uma proposta metodológica

apontada por Travaglia (2002), denominada de gramática reflexiva. Em ambos os casos, as atividades

programadas buscam levar o aluno à reflexão sobre as estruturas linguísticas, o que significam e que funções

cumprem nos enunciados.

O que se espera nesta abordagem da gramática reflexiva – desenvolver no aluno a reflexão sobre os

efeitos de sentido provocados pelos usos dos diferentes recursos disponíveis na língua – é corroborado nos

Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, documento orientador da ação docente, elaborado

no âmbito do Ministério da Educação do Brasil.

Já se pressupõe, desde o documento básico, direcionado ao Ensino Fundamental que “quando se

pensa e se fala sobre a linguagem mesma, realiza se uma atividade de natureza reflexiva, uma atividade de

análise linguística” (PCN, 1997, p. 30). Como Análise Linguística, o documento refere se a atividades que se

podem classificar em epilinguísticas e metalinguísticas. Considera ambas como atividades de reflexão sobre a

língua, mas que se diferenciam nos seus fins. “Nas atividades epilinguísticas, a reflexão está voltada para o uso,

no próprio interior da atividade linguística em que se realiza”. (PCN, 1997, p. 30)

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LETRAS | 19

A partir dessa concepção, o documento discorre sobre a relevância das atividades epilinguísticas, o

que vai ao encontro da proposta reflexiva.

Se o objetivo principal do trabalho de análise e reflexão sobre a língua é imprimir maior

qualidade ao uso da linguagem, as situações didáticas devem, principalmente nos primeiros

ciclos, centrar se na atividade epilinguística, na reflexão sobre a língua em situações de

produção e interpretação, como caminho para tomar consciência e aprimorar o controle

sobre a própria produção linguística. (PCN, 1997, p. 31)

Em continuidade, os Parâmetros para o Ensino Médio – PCNEM – também apresentam uma crítica à

forma como a gramática vem sendo abordada na escola, que oferece ao aluno apenas a possibilidade de

memorizar e reconhecer listas de nomenclaturas gramaticais

A perspectiva de estudos gramaticais na escola, até hoje, centra se, em grande parte, no

entendimento da nomenclatura como eixo principal; descrição e norma se confundem na

análise da frase, essa deslocada do uso, da função e do texto. (PCNEM , 2000, p. 16)

Desse breve apontamento dos Parâmetros, no que concerne ao ensino de gramática, podemos afirmar

haver um distanciamento ainda significativo entre a diretriz e a prática docente. E o mais contraditório é que,

muitas vezes, o professor justifica sua prática (quando esta não se volta à Análise Linguística) com o fato de ter

que cumprir aquilo que é determinado pela escola ou pelos próprios Parâmetros. Tal justificativa resulta de

duas possibilidades: ou o professor desconhece o documento, ou a escola não o considera como diretriz.

Importante ressaltar que nesse discurso de se justificar a permanência das práticas tradicionais o livro

didático, frequentemente, é apontado como um material de uso obrigatório e que impede ou limita

transformações.

Cabe lembrar que, em função da exigência de os materiais serem analisados pelo Programa Nacional

do Livro Didático (PNLD e PNLDEM), em consonância aos Parâmetros Curriculares, muito do embasamento

teórico até o momento discutido pode ser visto como ponto de partida das atividades propostas pelos autores.

Mesmo acreditando que ainda muitos materiais focam os tópicos gramaticais por meio de metalinguagem,

não raramente encontramos exemplos de práticas reflexivas.

A partir daqui, trataremos de propostas e sugestões para o ensino de LP pautado em uma abordagem

reflexiva, em que se privilegiam as atividades epilinguísticas em relação às metalinguísticas. Como se trata

apenas de propostas de atividades a partir das quais vocês podem elaborar outras, faremos um recorte de

conteúdos, que configurarão a sequência das seções desta unidade: Conjunções, Pronomes e Ambiguidade.

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Conjunções

Em uma perspectiva tradicional, as conjunções são uma classe gramatical que tem sido apresentada com

enfoque na classificação das mesmas, em consonância à classificação dos períodos compostos. Por exemplo, é

comum que os alunos exercitem em aulas e avaliações atividades como

1. Classifique as orações coordenadas e as conjunções coordenativas

a) Ele não fez o trabalho escolar, mas não foi punido.

b) Ela não virá à aula, pois está doente.

Com isso, esperamos que os alunos respondam que em (a) há uma oração coordenada adversativa e

em (b) há uma oração coordenada explicativa, o que implica que a conjunção mas seja uma coordenativa

adversativa, e pois seja uma conjunção coordenativa explicativa. Isso não é um conteúdo novo para os alunos

do ensino médio, que já lidam com a nomenclatura dos períodos compostos desde o sétimo ou oitavo ano do

nível fundamental. No entanto, nada garanta que tais nomenclaturas ainda estejam memorizadas pelos

estudantes quando eles ingressam no ensino médio. Além disso, mesmo que saibam resolver este tipo de

atividade, isso não acarreta melhorias no desenvolvimento da escrita de uma texto, tampouco é suficiente

para provocar reflexões sobre o funcionamento da língua.

Então, observem a próxima atividade e pensem: como tratar enunciados que podem ser produzidos na

língua oral e/ou escrita e que não se encaixam no tipo de classificação a que os alunos estão acostumados?

2. Como você explica o uso do mas em (a) e (b). Como você explica o uso do pois em (c). Que

classificação teriam essas orações?

a) Maria é bonita, mas é casada.

b) Ele não fez o trabalho, mas estava doente.

c) Ela não virá à aula, pois eu telefonei.

Em (2a), espera se que o aluno consiga perceber que a adversidade não é uma relação direta entre as

orações explícitas, uma vez que não pode ser visto como contraditório o fato de pessoas bonitas serem

casadas. É necessário inferir que há uma ideia implícita, a qual se opõe à primeira oração, como por exemplo

não se interesse por Maria ou não paquere Maria. Assim, recuperando o sentido implícito, a leitura do

enunciado seria: Maria é bonita, mas não se interesse por ela, pois é casada. Desse modo, organizamos as

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relações de

orações.

Do

não estabe

alguém não

refletir a f

associando

explicação,

Em

de alguém

do fato. Rei

Enfi

exemplo, o

produzidos

mera classif

Um

visem ao u

coerência e

Veja

Agocovo

e sentido com

mesmo mod

lece uma ad

o ter feito o

unção do m

a à primeira

a mesma de

(2c), temos

na aula, ape

nterpretand

im, essa at

uso do mas

no uso real

ficação de um

a outra poss

so dessa cla

e coesão inte

amos a ativid

ora éomocê

mo oposição

do, a compre

dversidade d

trabalho. Is

mas neste e

a oração. Ass

e (1c), onde

uma relação

enas explica q

do, diria que

ividade teria

em (1b) e (2

da língua po

ma lista de o

sibilidade de

asse gramati

erna dos enu

dade seguint

Sabemos qtrará ao aleles já condo ponto dnossos en

apresentad

. Una as or

com o uso d

O país está

Há mais de

Poucos alun

o entre prim

eensão de (2

direta com a

so significa q

enunciado, r

sim, tem se

se lê: ele não

o de explicaç

que o interlo

ele não virá

a por função

2b) e o uso d

ossuem relaç

orações.

e se propor

ical. Elas pa

nciados.

te.

que qualquer auno do ensinonhecem as trade vista reflexnunciados, osda fica aqui co

devem, c

rações em um

de conjunçõe

despreparad

e um milhão d

nos recebem

meira e segun

2b) depende

primeira. A

que aceitaría

recuperando

uma relação

o fez o traba

ção também

ocutor pode

à aula e eu s

o levar o alu

do pois em (

ções de sent

um trabalho

ssam a ser

aula sobre coo médio um tedicionais clasxivo, que props sentidos prodomo um exemcotidianament

m único perío

es. Faça toda

do para ident

de superdotad

educação esp

nda orações

e de se recup

Até mesmo p

amos (2b) co

o a ideia im

o de adversid

alho, mas não

indireta, po

afirmar a pr

sei disso, poi

uno a refleti

(1c) e (2c). A

ido que deve

o com as con

vistas com a

njunções ou oema totalmensificações, vamporcionem disduzidos e a inmplo de Análiste, levar às au

do, estabelec

as as modifica

tificar e educa

dos no Brasil.

pecial.

s e explicaçã

perar a ideia

porque estar

om a conjun

mplícita com

dade, a mesm

o deve ser pu

is o telefone

rimeira oraçã

is telefonei p

r a primeira

A intenção é

em ser inter

njunções é p

a função co

orações coordnte novo, masmos promovecussões sobrentencionalidadse Lingüística,ulas de língua

cendo relaçã

ações necess

ar seus maior

.

LETRAS | 2

o entre segu

a implícita. A

r doente jus

nção pois. Ca

mo não deve

ma de (1b), s

unido, pois e

ema não just

ão, pois tem

para ele.

a, ou seja, a

mostrar que

pretadas, e i

por meio de

nectora, res

denadas e subs a abordagemer atividades me o modo comde. Essa segunprática que vportuguesa.

ão de sentido

árias.

res talentos.

21

unda e terce

A segunda id

stifica o fato

aberia ao alu

e ser punido

seguida de u

estava doent

tifica a ausên

m conhecime

comparar,

e os enunciad

isso extrapo

atividades q

sponsáveis p

bordinadas nãom pode ser. Semais exigentesmo elaboramonda atividadevocês podem e

o entre elas,

eira

deia

de

uno

o e

uma

e.

ncia

nto

por

dos

la a

que

pela

oess

e

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Esta

compreend

ordenação d

Assim

Muita

com situaçõ

conectivo a

dificuldades

naturalmen

Vale

maiores, vi

período, ma

Obser

Nes

relação ent

LETRAS | 22

terceira ativ

a o sentido

das orações

m, com a junç

as das vezes,

ões em que

aparece mal

s na elabor

nte simples p

insistir neste

sto que os c

as entre os p

rve o exemp

ste caso, o q

re esses perí

2

vidade prevê

de cada or

e as conjunç

ção de ideias

a) O país

poucos alu

no Brasil.

b) Poucos

identificar

no Brasil.

, diante dos

fica eviden

empregado

ração de u

para o falante

e tipo de at

conectivos n

períodos e pa

plo:

A escolha

dúvidas. En

ue fere a co

íodos do seg

Idéia A: “

Idéia B: “o

E é dissproporesses rede um t

ê a produçã

ração, a rela

ções mais ad

s “soltas” po

s está despre

unos recebem

alunos rece

e educar seu

textos apres

te a dificuld

, ou a orden

um período

e da Língua P

ividade, pois

não só são r

arágrafos na

da profissão

ntretanto, ess

oerência é a

guinte modo

“a escolha da

o momento d

o que estao estudoecursos lintexto.

ão de perío

ação entre

dequadas pa

dem se prod

reparado par

m educação e

ebendo educa

us maiores ta

sentados pel

dade de se r

nação lógica

complexo,

Portuguesa.

s ela pressu

responsáveis

macro estru

não é um a

e momento d

contradição

:

a profissão é

da escolha da

amos tratdas conjunguísticos

odo coorden

eles e, além

ara se estabe

duzir período

ra identificar

especial, pois

cação especia

alentos, pois

os alunos, m

realizarem a

a das ideias

o que dev

põe habilida

s pela relaçã

utura textual

to simples, a

eve ser respei

existente en

é um ato difíc

a profissão d

tando aquunções devcolabora

nado, no qu

m disso, seja

elecer o senti

os coesos co

r e educar s

s há mais de

al, o país e

s há mais de

mesmo no En

articulações

não se faz d

veria ser v

ades necessá

ão de sentid

l.

ao qual se po

itado pelos pa

ntre os dois

cil”

eve ser respe

ui: o profeve mostram na cons

al se esper

a capaz de d

ido desejado

mo

seus maiores

um milhão d

estando desp

um milhão d

nsino Médio,

textuais com

de modo tão

isto como

árias á prod

do entre as

ossa chegar s

ais.

períodos. Va

eitado pelos

ssor de LPar aos alunstrução de

a que o alu

decidir sobr

o.

es talentos, m

de superdota

preparado p

de superdota

, deparamo

mo essas. O

o lógico, enf

uma ativida

ução de tex

orações de

sem hesitaçõe

amos analisa

pais”

P, aonos comoe sentido

uno

e a

mas

ados

para

ados

nos

u o

fim,

ade

xtos

um

es e

ar a

o

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Perceba que as idéias A e B não se contradizem, pelo contrário, B é consequência de A. Porém, no

texto, as idéias A e B estão associadas pelo conectivo Entretanto, cuja função é ligar idéias opostas.

Estabelece se, então, a contradição: o leitor sabe que não há oposição entre os sentidos de A e B, mas

é “forçado”, diante do conectivo entretanto, a fazer tal leitura. Onde está o problema? Na escolha do

conectivo. O equívoco do autor se resume em ter utilizado um conectivo de oposição, enquanto pretendia

estabelecer idéia de conclusão.

Para desfazer a contradição e dar coerência ao texto, basta substituir entretanto por algumas opções

como: portanto, logo, desse modo, assim.

Observe ainda como podemos conectar várias idéias em um único período, utilizando os recursos da

tabela.

Em princípio, temos um aglomerado de frases desconectadas:

As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos.

Em muitas empresas, os homens continuam ganhando mais que as mulheres.

Ainda há muita discriminação em relação às mulheres.

As possibilidades de se elaborar um período coeso e coerente podem ser muitas. Eis dois exemplos:

As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos, mas ainda há muita discriminação em relação a elas, pois os homens, em muitas

empresas, ainda ganham mais.

Mas: estabelece relação de sentido entre idéias opostas.

Pois: introduz uma explicação para idéia anterior.

Elas: retoma mulheres, evitando repetição do termo.

Em muitas empresas, os homens continuam ganhando mais que as mulheres, o que indica haver ainda muita discriminação em

relação a elas, apesar de sempre terem lutado pelos seus direitos.

Elas: retoma mulheres, evitando repetição do termo.

Apesar de: estabelece relação de sentido entre idéias opostas.

Em Infante (2005), encontramos o conteúdo referente às orações coordenadas, desenvolvido da

página 377 a 385. Após explicações conceituais sobre as orações, o autor apresenta uma série de exercícios,

entre eles:

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Pod

trabalhar co

orações, e

mesma con

Além disso,

de partida

conjunções

compreend

Ao

ser explicar

enunciado,

Assim, espe

interpretaçã

de que vári

mas, porém

contextos p

orações. Su

Agoracomvocê

Agoracomvocê

LETRAS | 24

demos obse

om orações c

é em funçã

njunção pode

, há aí a pres

para o prof

(quando po

er o valor se

contrário da

r a relação d

o aluno est

era que ele a

ão que fez d

ios conectivo

m, entretant

para estabel

pondo que o

Ativi

Expli

[...]

É mil

Muitcomo

Não

a émê

Ativi

Conssegu

[...]

Aque

Nest

Venh

a émê

4

rvar que um

coordenadas

o disso que

e assumir dif

sença da con

fessor reflet

or exemplo

emântico que

a atividade a

de sentido j

tabelece tal

prenda a usa

das orações,

os podem es

to etc. Tamb

ecermos rel

o interlocuto

idade 1 (p. 38

ique as relaçõ

lionário e vive

tos deputadoo uma tomad

falte amanhã

idade 2 (p. 38

strua períodouintes. Utilize

ele foi um jan

ta terra de far

ha me visitar.

ma atividade

s, é possibilit

elas são co

ferentes fun

njunção e, ex

tir com os a

se considera

e assumem e

nterior, aqu

já estabeleci

relação de i

ar os recurso

quando aind

stabelecer a

bém cabe a

lações de ex

or seja algué

82)

ões existentes

e pedindo fia

os ausentaramda de posição

ã, pois temos

83)

os compostosa conjunção

neiro quente e

rtura há muit

. Quero estar

e como est

tar ao aluno

onectadas. E

ções, como

xercendo fun

alunos a irr

a o e apena

em cada dife

i as orações

ida, e sim m

ideias, de ac

os existentes

da isoladas.

ideia de op

discussão d

xplicação ou

ém que traba

s entre os fat

ado.

m se intenciono, pois.

s de tomar de

por coordenacoordenativa

e ensolarado

tos pobres. A

r com você alg

a parte do

a percepção

Espera se, ne

é o caso do

nção adversa

elevância de

as como con

erente enunc

ainda não e

montar o pe

cordo com a

s na língua pa

Cabe ao pro

posição prev

e que a opo

u conclusão

alhe em uma

tos expressos

nalmente da

ecisões impor

ação, unindoa apropriada

. Não pudem

lgo está erra

gum tempo.

pressuposto

o de que há

este caso, q

pois, que ta

ativa. Portan

e se memor

njunção adit

ciado.

estão conect

ríodo comp

a conjunção

ara atingir o

ofessor direc

ista no prim

osição é um

a partir da

a sorveteria,

s nos períodos

votação; sua

rtantes.

as orações de faça as alt

mos tirar férias

do.

o de que o

relação de s

ue o aluno

anto explica q

nto, a ativida

rizar uma lis

iva) e a imp

adas. Logo,

osto, ou sej

utilizada, a

efeito desej

cionar o apre

meiro par de

a possibilida

conexão en

não é estran

s compostos

a ausência de

de cada um dterações nece

s.

o relevante,

sentido entre

aprenda qu

quanto conc

ade é um po

sta fechada

portância de

o foco deixa

a, ao forma

ordenação e

ado, a partir

endiz à reflex

orações, co

ade apenas.

ntre as mesm

nho pensar q

seguintes.

eve ser vista

dos itensessárias.

ao

e as

e a

clui.

nto

de

e se

a de

ar o

etc.

r da

xão

omo

mas

que

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expresse o fato de nenhum funcionário ter tirado férias num período de muito movimento comercial, com o

enunciado: aquele foi um janeiro quente e ensolarado, logo não pudemos tirar férias.

Ambas as atividades apresentadas, mesmo que de modo fragmentado, exemplificam a prática da

Análise Linguística, que pressupõe reflexão sobre a língua, como preconizam os Parâmetros citados.

Pronomes

Do mesmo modo como iniciei a exposição sobre uma possível prática linguística reflexiva com as

conjunções, reitero aqui a mesma linha metodológica com o estudo dos pronomes. Em uma perspectiva

tradicional, poderíamos nos limitar a apresentar aos alunos toda a classificação dos pronomes, o que não é

pouco, visto que temos pronomes pessoais, demonstrativos, possessivos, indefinidos e relativos. No entanto,

mesmo que o aluno saiba essa vasta classificação e reconheça os pronomes nos enunciados, ainda isso não

garante que ele perceba a função dessa classe na construção do sentido textual.

Sabemos que um texto é coeso quando suas partes estão estruturalmente bem organizadas. Os

elementos de coesão são os conectores existentes entre as palavras, as orações, os períodos ou os parágrafos,

que garantem a ligação entre as idéias. Assim como as conjunções, os pronomes também são elementos de

coesão quando, por exemplo, funcionam como os recursos de referenciação, aqueles que possibilitam a

retomada das palavras no texto, sem repeti las.

Observe nos exemplos abaixo como alguns recursos linguísticos contribuem para a coesão textual:

a) O presidente chegará amanhã ao Estado de Tocantins, onde ele participará de uma

reunião com os líderes do MST.

b) A acadêmica fez a apresentação de seu trabalho.

c) O juiz olhou para o auditório. Ali estavam os parentes e amigos do réu, aguardando

ansiosos o veredito final.

Perceba que, no enunciado (a), onde está associado a Tocantins e ele a presidente. Em (b), seu faz

referência à acadêmica e, em (c), ali remete a auditório.

Em todos esses exemplos, os itens destacados são os recursos de ordem gramatical que fazem

referência a termos já citados no enunciado. Trata se da REFERENCIAÇÃO, ou seja, um processo por meio do

qual se retoma uma palavra ou uma expressão, a fim de se evitar a repetição.

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Além de mostrar aos alunos essa função referencial dos pronomes, outras atividades podem ser

propostas, tais como as propostas em Travaglia (2002, p. 202).

O autor, quando nos apresenta sugestões de atividades de natureza reflexiva, aponta, entre outras

questões, para a ordem das palavras como um fator que provoca alteração de sentidos nos enunciados.

Vejamos como isso funciona no caso dos pronomes.

a) Meu filho não falta às aulas

b) Filho meu não falta às aulas

Segundo Travaglia, em (a), o falante caracteriza seu filho, ou seja, trata de um filho específico (único

ou citado pelo interlocutor). Já em (b), o falante não se refere a um filho em particular, está apenas mostrando

atitudes que não admite em seu filho de maneira geral.

É importante que os alunos “leiam” as diferenças de sentido e saibam explicá las, mesmo que isso seja

proposto a partir destas atividades mais simples. Os exercícios que focam na percepção dos sentidos

provocados por uma classe gramatical podem contribuir para o desenvolvimento da habilidade interpretativa

necessária na leitura de qualquer texto.

Vejamos exemplos de como podemos refletir sobre a função dos pronomes:

Há o mesmo sentido entre os enunciados?

Algum amigo me ajudará.

Amigo algum me ajudará.

Qual o sentido da palavra nada em:

Não entendi nada do que disse.

Não quer comprar nada hoje?

Qual a diferença entre:

Toda cidade tem problemas.

Toda a cidade tem problemas.

Qual o sentido do pronome possessivo em:

a) Ela sempre defende seus interesses.

b) Ela deve ter lá os seus vinte anos.

c) Como vão os seus?

Finalizado esta pequena amostra de como se abordar a classe dos pronomes, é importante reiterar a

necessidade de se trabalhar com várias perspectivas:

O uso: quando os alunos devem ficar aptos a usarem os pronomes adequados nas

situações linguísticas.

A reflexão: saber identificar as diferenças de sentido provocadas pelo uso dos

pronomes.

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Isso é essencial quando se pretende substituir o exercício gramatical pela prática da Análise Linguística,

o que não exclui a possibilidade de os alunos saberem reconhecer e classificar os pronomes.

Ambiguidade

Possuem ambiguidade as palavras, as expressões ou os períodos com mais de um sentido. É

importante mostrar aos alunos que se trata de um recurso visto sob duas perspectivas: a) às vezes, deve ser

evitada, pois passa a ser um problema para a clareza em textos técnicos, científicos, empresariais, ou seja,

textos informativos em geral, que exigem clareza e objetividade. b) em outras situações, como em textos

humorísticos ou publicitários, a ambiguidade passa a ser um recurso usado de forma intencional. Veja um

exemplo para cada uma dessas situações.

a) O professor pediu ao aluno bolsista que trouxesse o seu relatório.

Neste caso, seu pode fazer referência tanto ao aluno quanto ao professor, o que impede a clareza e a

objetividade da informação.

b) Marido 1: Como você ousa dizer palavrões na frente da minha esposa?

Marido 2: Por quê? Era a vez dela?

Diferentemente, aqui, o sentido de humor se constrói exatamente pela ambiguidade. O leitor deve,

inicialmente, interpretar na frente como marcador de espaço, para, depois, perceber que o sentido desejado

da expressão na frente é como marcador de tempo.

Também é importante que os alunos percebam os diferentes motivos que causam a ambiguidade no

enunciado, o que justifica a seguinte classificação:

Estrutural: quando a duplicidade de sentido ocorre em função da organização da frase.

O garoto viu o incêndio do prédio

Há duas possibilidades de leitura: o garoto viu um incêndio que ocorreu no prédio, ou o garoto estava no

prédio e, de lá, viu um incêndio.

Lexical: quando a duplicidade de sentido ocorre em função de um próprio item lexical já possuir mais de um

sentido.

Eu o vi no banco.

Sem o contexto, não podemos saber se o enunciado se refere a um banco de praça, ou a uma instituição

financeira.

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De referência: quando não fica definido qual é o nome que um pronome deve retomar.

Exemplo:

Os alunos disseram aos professores que todos eles deveriam ser responsabilizados pelo fato.

Há uma tentativa de usar os pronomes “todos eles” para fazer referência a um termo anterior, no entanto, não

sabemos se eles se refere a alunos ou a professores.

Como sugestão de atividades, podemos focar questões de interpretação ou de reescritura, como

exemplificado a seguir:

1. Quais os sentidos de cada enunciado:

São Paulo e Santos só empatarem pelo campeonato brasileiro.

Vi uma foto sua no metrô.

Não foi aprovado no concurso porque era amigo do diretor.

Ladrões inovam em ataques a mulheres em carro.

Pelé critica futebol movido por dinheiro.

Pedro não dançou só com Ana.

Não há uma só decisão que o grupo possa aceitar.

2. Reescreva os enunciados abaixo, de modo que permitam apenas uma interpretação:

Pedro pediu a José para sair.

O cadáver foi encontrado perto do banco.

Acharam o carro novo.

Senhor, posso experimentar este vestido na vitrine? Será que a senhora não

preferiria experimentar no provador?

É importante ressaltar que os alunos podem investigar, por meio de pesquisas sugeridas pelo

professor, a ocorrência de ambiguidade em textos que circulam em nossa sociedade:

Textos publicitários, textos humorísticos, textos jornalísticos.

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LETRAS | 29

Os dados encontrados pelos alunos, quando discutidos com o grupo em sala de aula, permitirão que

todos verifiquem a função desse recurso como elemento constituidor de sentido do texto, quando for o caso,

ou mesmo que se perceba a ambiguidade como um caso de má construção textual.

Finalizando esta unidade, espero que tenham percebido, com as leituras indicadas, e com as sugestões

aqui apontadas, como se trabalhar os tópicos da língua em uma perspectiva reflexiva. Assim, espero que o

estudo desta unidade sirva como parâmetro para o planejamento necessário às atividades levadas no

momento de intervenção do estágio.

E esse também é o objetivo da próxima unidade, em que trataremos do tema leitura e produção de

textos.

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Sobre os

Qu

complexida

imediatismo

homogênea

leituras, ass

conhecimen

Se

decodificaçã

Da

apresentad

língua portu

para a prod

proporciona

A h

proporciona

discursivas

Ass

ordene, atr

determinad

LETRAS | 30

PRÁT

processos

uando assum

de do ato d

o. Tal proce

a, requer um

sim como a

nto legítimo.

adotamos

ão de um pr

mesma form

os durante

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ar aos aluno

e seus respe

im, o que t

avés do uso

do tema. No

0

TICA DE

s de Leitur

mimos uma

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ma como esp

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E LEITU

ra e Escrita

a perspectiv

al é um pro

riando as ex

ndividualizad

as leituras d

1999, p. 37)

ectiva de le

o, mas sim u

peramos que

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alunos sejam

Ou melhor di

que eles des

rabalharemo

entos linguís

ros.

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das regras da

m que esse a

ÃO DE LEITUR

, Ângela. Leitédio;

lécio. Da eraensino médio

S, Irandé. Ava

ZEN, Clecio, Mo do professo

NIDAD

RA E PR

a

va discursiv

ocesso que e

xpectativas

do, que perm

os textos e

eitura, não

um processo

e os alunos c

eitura, há u

m capazes d

izendo, o qu

envolvam as

os aqui é a

sticos, contex

erado de um

a língua, o se

aluno tenha

RA:

tura e prática

da composiço;

aliação da pro

MENDONÇA Mor. São Paulo:

DE III

RODUÇ

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LETRAS | 31

o seu interlocutor, a produção fica limitada a um número reduzido de textos, os chamados textos escolares.

Para ampliar o trabalho de escrita, devem ser considerados os diversos gêneros para que os alunos sejam

capazes de produzi los, reconhecendo a função de cada um deles no processo de interação pela linguagem,

pois “os conhecimentos que os seres humanos possuem, sua identidade, seus relacionamentos sociais e sua

própria vida são em grande parte determinados pelos gêneros textuais a que estão expostos, que produzem e

‘consomem’” (Meurer, 2000:152).

Considerando essa discussão, nesta unidade, apresentaremos uma revisão teórica sobre alguns

conceitos referentes a texto, intertextualidade e gêneros textuais. Trata se de temas já estudados por vocês,

mas postos aqui como norteadores das propostas práticas sugeridas em sequência.

Definindo Texto

Do ponto de vista da Linguística Textual, são inúmeros os conceitos para texto. Koch (1999), ao traçar

uma relação entre texto e discurso, afirma que, no sentido lato, referem se a toda e qualquer manifestação da

capacidade textual do ser humano, ou melhor, qualquer tipo de comunicação realizada através de um sistema

de signos. Já em se tratando da linguagem verbal, em uma situação de comunicação determinada, há o

discurso, que engloba tanto o conjunto de enunciados produzidos pelos interlocutores, quanto o evento de

sua enunciação. E, segundo a autora, a manifestação linguística desse discurso é o texto em sentido

estrito – que consiste em qualquer passagem falada ou escrita, capaz de formar um todo significativo,

independente de sua extensão.

Dos estudos de Koch, destacamos, assim, a seguinte definição:

Poder se ia conceituar o texto como uma manifestação verbal constituída de elementos

linguísticos intencionalmente selecionados e ordenados em sequência, durante a atividade

verbal, de modo a permitir aos parceiros, na interação, não apenas a depreensão de

conteúdos semânticos, em decorrência da ativação de processos e estratégias de ordem

cognitiva, como também a interação (ou atuação) de acordo com práticas sócio culturais.

(Koch, 1997a:22)

Destaquemos aqui o aspecto da intencionalidade presente na seleção de elementos que compõem o

texto, bem como seu caráter interacional. Entretanto, cabe ressaltar que trabalhamos também em sala de aula

com textos não verbais, o que amplia a definição dada por Koch, que faz referência ao texto como

manifestação verbal.

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LETRAS | 32

A intencionalidade é, segundo a autora, também um fator relevante no processo de leitura de um

texto, pois da apreensão daquilo que é intencional depende a compreensão do mesmo. Isso se explica pela

razão de as intenções do falante poderem ser as mais variadas possíveis, o que atribui a cada enunciação uma

multiplicidade de significações. Então, para chegar a tais significados, o interlocutor (ouvinte/leitor) deve

apreender as intençõesmarcadas linguisticamente no enunciados do falante.

Buscar um ou vários sentidos em um texto requer a leitura não só daquilo que está explícito, mas

também do que está implícito, estabelecendo uma relação entre esses dois níveis. Além disso, o sentido

também depende da relação de um texto com outros textos, sejam eles existentes, possíveis ou imaginários.

Considerando essas relações constitutivas do sentido e o conceito de dialogismo já apresentado, fica

evidente que os discursos e textos se inter relacionam, de forma implícita ou explícita, fato que constitui os

processos de interextualidade e polifonia.

Definindo intertextualidade e polifonia

Muitas das vezes, os enunciados que produzimos, tanto na oralidade quanto na escrita, não

constituem idéias novas, mas uma nova maneira de dizer aquilo que já nos foi dito, ou seja, uma fusão de

idéias que já assimilamos e que refletem o grupo ao qual pertencemos. Assim, quando discutimos algum

assunto e pretendemos convencer nossos interlocutores, acabamos utilizando argumentos já citados por

outras pessoas que defenderam a mesma idéia.

Não é por acaso que rotulamos as pessoas que não conhecemos pela observação dos discursos que

proferem. Fazemos isso, pois percebemos no discurso dessas pessoas um conjunto de vozes interligadas,

como afirma Pêcheux (1990):

[...] tal discurso remete a outro, frente ao qual é uma resposta direta ou indireta, ou do qual

ele ‘orquestra’ os termos principais, ou anula os argumentos. Assim é que o processo

discursivo não tem, de direito, um início: o discurso se conjuga sempre sobre um discurso

prévio [...](p. 77).

Essas vozes percebidas nos discursos, sejam eles orais ou escritos, determinam uma das características

discursivas, que é a Polifonia.

Como essas múltiplas vozes aparecem nos textos? Na verdade, ao produzirmos um texto, temos duas

maneiras de fazer isto: podemos deixar as vozes implícitas, ou podemos trazê las para a cena, demarcando as

explicitamente.

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LETRAS | 33

A segunda opção, em que claramente se reconhece um texto no outro, trata se do que denominamos

de Intertextualidade. Para Koch (1997, p. 48):

A produção de discursos não acontece no vazio. Ao contrário, todo discurso se relaciona de

alguma forma, com os que já foram produzidos. Nesse sentido, os textos, como resultantes da

atividade discursiva, estão em constante e contínua relação uns com os outros. A esta relação

entre o texto produzido e os outros textos é que se tem chamado de intertextualidade.

Os conceitos de polifonia e intertextualidade são muito próximos. Pode se dizer que na polifonia, o

cruzamento de vozes está implícito, enquanto na intertextualidade, as vozes são explicitadas.

Definindo tipos e gêneros textuais

Furlanetto (1996) denomina de modalidades discursivas os vários discursos existentes na sociedade

como religioso, político, humorístico, poético etc. e atribui o conceito gênero às formas de manifestação

desses discursos, como carta, crônica, bilhete, panfleto etc. A autora não desconsidera o fato de que os textos

são construídos por tipos reguladores como narração, descrição e argumentação, mas afirma que um ensino

que se restringe à produção desses tipos não é suficiente ao desenvolvimento da produção textual.

Meurer (2000) denomina de modalidade retórica os tipos reguladores do discurso e de gêneros

textuais a variedade de textos nos quais os discursos se materializam.

Existem tantos gêneros textuais quantas as situações convencionais onde são usados

em suas funções também convencionais. Assim, enquanto as modalidades retóricas

podem ser facilmente enumeradas, os gêneros textuais constituem textos de ordem tão

variada quanto anúncios, convites, atas, avisos...(p. 151)

Podemos resumir isso pelo quadro:

Gêneros Textuais Trata-se da diversidade de textos que ocorrem em ambientes discursivos: carta, bilhete, resenha, poema, crônica, conto, relatório, receita, bula, editorial, artigo, charge etc.

Modalidades Discursivas São as formas de escrita: descrever, narrar, dissertar, dialogar...

Suportes Textuais São os espaços físicos e materiais onde estão grafados: folder, livro, jornal, manual, outdoor...

O objetivo desta unidade, a partir deste momento, é apresentar sugestões de atividades a serem

postas em prática nas aulas de intervenção. Trata se, assim como ocorreu na unidade 2, apenas de sugestões,

para que vocês possam, a partir daqui, elaborar outras atividades.

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LETRAS | 34

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as não sei escrevda que sem brilho sei escrever m

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o em Ipanema, nguarda. Então o

de hoje, quandmurmurante de u

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o aquilo que senterá perfeitamente

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o comum da vidastrução, à marge

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ofundo desagradesta cidade, com que nos dão a

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LETRAS | 35

Seguindo a estrutura formal da crônica de Paulo Mendes Campos, podemos esperar, com esta

proposta, que os alunos iniciem o texto com a exposição do fato a ser narrado e a seguir, passem a narrá lo de

diferentes modos. Tal divisão que se faz entre a introdução do texto e os estilos pelos quais ele é constituído

revela que o fato narrado não é engraçado, mas pode tornar se objeto do discurso humorístico pela maneira

como é articulada a sua apresentação.

Assim, o autor do texto, ao simular vários narradores diferentes para contar o mesmo fato, insere no

discurso de cada um marcas específicas do grupo ao qual cada sujeito pertence. Portanto, fazendo referência à

mesma situação, há enunciações diferentes, que resultam em diferentes enunciados. Para Koch (1997b), a

enunciação deve ser vista como

...um evento único e jamais repetido de produção do enunciado. Isto porque as condiçõesde produção (tempo, lugar, papéis representados pelos interlocutores, imagens recíprocas,relações sociais, objetos visados na interlocução) são constitutivas do sentido do enunciado: aenunciação vai determinar a que título aquilo que se diz é dito. (p.14)

A semelhança esperada entre o texto original e os textos produzidos pelo alunos é condição da

intertextualidade em sentido restrito, que é a relação de um texto com outros textos efetivamente

produzidos. Tal recorrência à intertextualidade já é prevista pela própria formulação dessa proposta de

produção textual.

Também é importante ressaltar que essa proposta exige um prévio conhecimento dos elementos

responsáveis pelo humor, característica exigida no texto produzido. Portanto, como preparação ao momento

de produção textual, caberiam outras leituras de outrras crônicas, de modo a contextualizar tal gênero no

discurso humorístico.

Trabalhando os gêneros

É prática corrente entre os professores a crítica em relação à falta de material nas escolas ou à má

qualidade do material disponível. No entanto, o material de apoio ao trabalho com os gêneros textuais são os

próprios gêneros, ou seja, os textos reais, que circulam na sociedade, tais como os panfletos, os anúncios, as

notícias etc. Neste sentido, um excelente material é o próprio jornal. Observem quantos gêneros há neste

suporte. Se perguntássemos isso aos nossos alunos, obteríamos rapidamente respostas como: “um exemplar

de jornal possui, notícia, editorial, artigos, crônicas, charges, tiras, horóscopo, edital, anúncio publicitário etc”.

Sendo assim, este será o material indicado aqui como sugestão. É importante fazer com que os alunos

observem que os diferentes gêneros possuem diferentes linguagens, estruturas e, especialmente, cumprem

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LETRAS | 36

diferentes funções. Então, poderíamos, com as turmas de ensino médio, discutir: qual a diferença entre uma

notícia, um editorial e um artigo de opinião? Qual o grau de argumentatividade em cada um deles? Olhando

para diferentes jornais, perceberemos diferenças em relação a esses fatores, como linha editorial,

argumentação, subjetividade, linguagem?

Partindo apenas dessas questões, podemos afirmar que já temos um bom roteiro de pesquisa, leitura,

debate e escrita para os nossos alunos.

Exemplo de Notícia:

A Ferrari fez neste domingo uma dobradinha na abertura da temporada 2010 da Fórmula Quem levou amelhor na disputa interna da equipe italiana foi o espanhol Fernando Alonso, que garantiu a vitória no GP doBahrein, no circuito de Sakhir, e deixou o brasileiro Felipe Massa em segundo lugar. Massa tinha largado nafrente de Alonso ambos atrás do alemão Sebastian Vettel, da Red Bull, que foi o pole position , mas perdeua segunda posição logo na primeira volta. Depois disso, o brasileiro andou sempre atrás do espanhol, situaçãoque se manteve até o final. A parada nos boxes, agora sem o reabastecimento de combustível, não provocoualterações entre os primeiros colocados na etapa inicial da prova. Depois da rápida troca de pneus, Vettelmanteve a liderança com certa folga, com Alonso em segundo e Massa em terceiro lugar.

http://veja.abril.com.br/noticia acessado em 14/03/2010

Devemos mostrar aos alunos que na notícia prevalece a modalidade narrativa, com os elementos que

respondem as questões: o que aconteceu, com quem, quando e onde. A informatividade se faz presente,

assim como a veracidade dos fatos, o que requer muita objetividade por parte do autor. No entanto, será que

isso significa imparcialidade total? Será que não há subjetividade por parte de quem relata a notícia? Esse é o

exercício a ser feito com os alunos. Devemos instigá los a procurar de que forma outros jornalistas noticiaram

o mesmo fato. Devemos ensiná los a realizar uma leitura em que procurem as marcas linguísticas, as pistas

reveladoras e constitutivas do sentido.

Como prática de escrita e retomando o conceito de intertextualidade já apresentado, os alunos

poderiam reescrever a notícia, alterando, por exemplo, a sequência de apresentação dos fatos, o que poderia

alterar aquilo que é enfatizado, como ‘o sucesso da Ferrari’, no caso da notícia acima.

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LETRAS | 37

Exemplo de Artigo de opinião:

Uma greve contra os pobres

A greve decretada pelo sindicato dos professores de São Paulo é uma greve contra os pobres a sorte do

sindicato é que os pobres não sabem disso.

Não vou discutir aqui o pedido de aumento salarial (30%). O problema gritante é que, entre as reivindicações

que levaram à decretação da greve, estão o fim das normas que reduziram a falta dos professores (podia se

faltar até 130 dias por ano), o exame para professores temporários, a nota mínima para os concursos, a escola

de formação de professores (o novo professor tem de passar num curso de quatro meses antes de dar aulas)

e, enfim, o programa que oferece aumento salarial para quem for bem em provas.

Suponhamos que se decidisse mesmo facilitar o absenteísmo (que já é grande) e reduzir medidas que

valorizem o mérito. Quem vai sofrer não é o filho da classe média. Mas o pobre.

Tenho dito aqui que a profissão mais importante de uma sociedade é o professor. Sei que ele vive em

permanente tensão, o rendimento é baixo, é vítima de violência. Nada pode ser mais importante do que

valorizá lo. Sei também como a classe é vítima de várias mudanças de secretários o que ocorre dentro do

PSDB em São Paulo.

Mas esse tipo de reivindicação contra o mérito não melhora a imagem do professor é um desserviço que o

sindicato faz à categoria.

http://www1.folha.uol.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ acessado em 14/03/2010

Gilberto Dimenstein, autor do texto acima, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da

ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha

Online às segundas feiras.

Como todos os autores que publicam textos de opinião, Gilberto ficou exposto às possíveis respostas

vindas de seus leitores, como a seguir:

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LETRAS | 38

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o caracteriza

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o de ser trato um alguéomais! Suaar o magistéou aumentaanda do govPeço ao se

s professoreconheça a reeu que a atrntes do ensas pela econAfirmo qu

senhor se reldade paraidade, semos da escola

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ssor da redeno decidi qde carreiraque seria aqser tratadoo de São Paumanalmente, sem nenhgua, sem hovei tiros emapoio pedage mais me ctado em sem que faltas colunas taério. Meus aando a situaverno estadenhor que,es o senhorealidade daratividade dino médio.nomia e seme estou emefere em sudisputar coprecisar depública. Fo

ferentes: art

rlocução, ou

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e estadual hue será o úe, infelizmequela que mcomo um liulo. Sem ume com maisum benefícorário para rporta de esgógico realmchateia sãous comentáa quase queambém foraamigos (queação, que edual, acreditao publicarr está desmos escolas esda carreira dTrabalhe pam foco no sm greve! Nãoa coluna pm o filho doe cotas. Nãoormados. Po

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há oito anosltimo no quente, largareme realizariaxo pela polí

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cio, tendo qurefeição, sofscola e fui amente eficaas opiniõesários como ue diariamentam determie não são pstou mentintam que a esuas próximotivando. Instaduais dasdo magistérara valorizaer humanoo só por salápossa chegao rico uma vo aguento morém sem e

nião e carta

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cio de leitura

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o identificam

s os alunos,

cada texto.

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mais ver alunsperanças e

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ois cargos cstes cargos.ão que um dfissional e scional (ou pm condiçõemas x 50 aluara tomar com a violênciapresenciei auitos outrosSr. Gilbertoário que sólho por puraa me levar aleem suaso lerem suaca está umas, pense, mprocure, esteriféricas. Onula frenteão e não po

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LETRAS | 39

Como prática de escrita, os alunos poderiam escrever cartas, colocando se também na condição de

leitores de Gilberto Dimenstein.

Dando sequência ao trabalho de prática escrita, outros temas podem ser pesquisados e debatidos em

sala, preferencialmente polêmicas atuais. Após a discussão, cada aluno assume uma “voz” e escreve cartas

argumentativas para autoridades, como prefeitos, diretores, síndicos, deputados etc., de acordo com o pedido

a ser realizado. É importante ressaltar que a argumentação deve ser elaborada de forma a não deixar

possibilidades de respostas negativas por parte do interlocutor. Em outro momento de aula, as cartas podem

ser trocadas e cada aluno deve responder, assumindo a “voz” da autoridade a quem a carta se dirige. Este é o

momento da contra argumentação.

Finalizando esta seção, é importante ressaltar a necessidade de se mostrar ao aluno a especificidade

do gênero. Assim, volta se ao gênero notícia, anteriormente apresentado, para que seja feita a comparação

entre a estrutura, finalidade e linguagem da notícia (que tende á objetividade) e os artigos e cartas de opinião

(cuja argumentação é explícita).

Como última sugestão de atividade com texto argumentativo, podemos pensar em leitura e produção

de resenhas, pelo menos de um tipo de resenha constantemente publicada em revistas impressas e digitais:

resenhas sobre filmes e programas televisivos. Nesses casos, publica se a opinião de quem produz a resenha,

mas isso não significa que os leitores da revista compartilhem dessa mesma opinião. Filmes e programas

televisivos são facilmente transformados em objetos de crítica, pois são expostos a julgamento por parte de

seus espectadores.

Cabe ressaltar que, neste caso, permite se a utilização de um nível de linguagem menos formal,

considerando o meio de publicação do texto e, consequentemente, o provável público leitor. Entretanto, no

caso da resenha exigida no meio acadêmico, cujo objeto de crítica é, na maior parte das vezes, uma obra

literária ou de natureza técnico científica, a linguagem utilizada deve estar adequada à modalidade culta.

Resenha de livro

Este primeiro e vigoroso romance de um médico afegão, que vive agora na Califórnia, narra uma história de

intensa crueldade, mas também de intenso amor redentor. Ambos transformam a vida de Amir, o privilegiado

jovem narrador de Khaled Hosseini, que atinge a maioridade durante os últimos dias de paz da monarquia,

pouco antes da revolução em seu país e sua invasão por forças russas.

Mas os eventos políticos, mesmo os dramáticos como os que são apresentados em O caçador de pipas, são

somente parte dessa história. Um enredo mais pessoal, que se desenrola a partir da íntima amizade de Amir

com Hassan, filho de um empregado de seu pai, acaba sendo o fio que amarra as pontas do livro. A

fragilidade desse relacionamento, simbolizada pelas pipas que os meninos empinam juntos, é testada à medida

que eles vêem seu antigo modo de vida desaparecer. [...]

(http://www.verdestrigos.org/sitenovo/site/resenha_ver.asp?id=347)

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Neste caso, o autor optou por iniciar o seu texto pela crítica favorável à obra “primeiro e vigoroso

romance”, seguida da síntese, para, somente na segunda parte, indicar o título da obra. Ao contrário, o autor

poderia também ter iniciado com os dados da obra para, em seguida, apresentar o texto crítico.

Resenha de filme

CRÍTICA O CHEIRO DO RALO Depois de “A concepção” (2005), O Cheiro do Ralo é o filme nacional mais provocativo eousado da temporada. Diferente de tudo o que já se viu nas telas nacionais, Heitor Dhalia dirige um filme que conta ahistória de Lourenço (Selton Mello), homem solitário que trabalha com compra e venda de objetos usados e que mantémuma relação bastante peculiar com seus clientes. Lourenço faz uso do dinheiro para poder se impor sobre as pessoas. “Opoder é Afrodisíaco”, diz Lourenço em dado momento, tal frase retrata a força destrutiva que há no dinheiro e no poder.

Dizer que o filme de Dhalia é apenas uma analogia aos homens que detêm o “poder” – e neste caso seja ele qual for – éreducionista. O Cheiro do Ralo é um retrato dos dias atuais. Da fixação do brasileiro por bundas, a miséria que o serhumano está exposto por falta de grana, a obsessão por objetos e a desestrutura familiar. Mutarelli criou um personagemque se faz tão pertinente quanto surreal. Tudo muito bem pontuado pela sagacidade do roteiro escrito por MarçalAquino.

Não é possível acharmos um Lourenço nas ruas, mas suas características estão facilmente distribuídas entre a população.Acido, cru, debochado, non sense, o filme narra o dia a dia do homem que coisifica tudo, compra tudo e todos e não seimporta de humilhar seu semelhante. A platéia ri, porque a sinceridade e aspereza do personagem é tão cortante quechega a ser indigesta. E percebemos que não estamos acostumados com a sinceridade alheia.

A falta de dinheiro, alegado pela produção para a concepção do filme, resultou em algo positivo. O filme tem uma beladireção de arte, figurinos criveis, atores interessantes, poucas e eficientes locações e trilha sonora inquietante. Éimpressionante como a platéia cria uma empatia com o personagem de Selton Mello, o que faz toda a diferença.Lourenço é antes de tudo um ser solitário, que cria em sua mente doentia uma imagem fragmentada do pai que nãoconheceu, do amor que não se constrói para ele da forma como imagina e da relação dúbia que há entre dinheiro epoder.

O Cheiro do Ralo é antes de tudo uma provocação sadia e bem feita. Ousado e bem acabado como o bom cinema deveser. Não é a toa que foi escolhido como o melhor filme da Mostra Internacional de Cinema de 2006 (público e crítica), eno Festival do Rio 2006, levou os prêmios de melhor filme da crítica e de ator, além de ter representado o Brasil noSundance Film Festival.

Depois da chatérrima adaptação do clássico de Dostoievski, Crime e Castigo, que resultou em Nina (2004), Dhalia mostraque chegou para fazer diferença no cenário cinematográfico nacional. O Cheiro do Ralo é irresistível, confira.

Título Original: O Cheiro do RaloGênero: ComédiaDuração: 112 min.Ano: Brasil 2007Distribuidora: Filmes do EstaçãoDireção: Heitor DhaliaRoteiro: Marçal Aquino e Heitor Dhalia, baseado em livro de Lourenço MutarelliSite Oficial: www.ocheirodoralo.com.br

Rodolfo Lima.

http://www.cranik.com/ocheirodoralo.html acessado em 18/04/2010

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Diante da leitura de inúmeras resenhas a que estamos expostos, os alunos poderiam escolher uma

obra e tecer sua crítica sobre ela. No entanto, para que nossos alunos elaborem resenhas, é importante que:

tenham consciência de que você vão elaborar um texto a partir de outro já existente

(intertextualidade). Isso implica que compreendam e respeitem a opinião do autor no texto original.

conheçam detalhadamente o objeto a ser resenhado, caso contrário, terão dificuldades até mesmo na

elaboração da síntese;

busquem outras fontes sobre a temática a ser trabalhada, a fim de se propor uma crítica fundamentada;

tenham capacidade de juízo crítico, isto é, saibam filtrar as informações que obtiveram sobre o assunto.

Propor atividades de leitura e produção textual requer que se faça um grande recorte como o que aqui

foi feito. Tomei como essencial lembrá los de que o princípio básico de todo o trabalho é fazer com que os

alunos leiam e produzam gêneros diversos. Também optei por mostrar o quanto rendem as propostas de

intertextualidade. Mas, como venho afirmando desde a unidade anterior, trata se apenas de sugestões. E

muitas outras poderiam ter aqui sido expostas, como por exemplo, o amplo trabalho que podemos fazer com

os gêneros do humor, como tiras, e charges, cuja compreensão exige tanto a análise dos elementos

linguísticos quanto os contextuais, como questões sociais e políticas, além da relação entre os níveis verbal e

não verbal (imagens).

Finalizando nossa conversa

Não tenho dúvidas de que, com as leituras indicadas, associadas a todo o conhecimento já construído

no decorrer do curso e à prática de estágios anteriores, vocês terão condições de realizar todas as etapas

previstas neste estágio.

Também tenho como expectativa que as propostas de análise linguística e de práticas de leitura e

escrita serão “multiplicadas” por vocês nos momentos de elaboração da prática de intervenção do estágio. O

que é imprescindível é que vocês tenham percebido que, independente das sugestões feitas, alguns

pressupostos devem permanecer:

a) Os alunos não se sentirão aptos a produzir um texto apenas com a indicação do tema. É necessário trabalho

prévio, que inclui pesquisa, leitura e debate.

b) Antes da prática escrita, é importante fique claro o que se deve escrever em relação ao gênero: para que e para

quem se escreve?

c) Os alunos devem ter consciência de que muitos serão os critérios de avaliação de um texto, como adequação ao

gênero, elementos de coerência e coesão textual, argumentação, além da adequação à modalidade linguística

exigida pelo gênero (culta ou coloquial). Aí entra a relação entre as atividades de análise linguística (unidade 2) e

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a produção textual. O conhecimento da estrutura gramatical da língua portuguesa deve objetivar ao bom

desempenho na compreensão textual e na construção de textos coesos e coerentes.

d) A reescrita é essencial para que o aluno tenha a possibilidade de perceber o que falta em seu texto (e isso deve

ser indicado pelo professor), como também é a oportunidade de se adquirir o hábito da revisão (incluindo a

consulta a dicionários e gramáticas).

Portanto, considerando tudo isso, finalizo lembrando vocês de que estamos aqui falando de um

processo, logo, não preparamos uma aula, mas uma sequência delas, e os alunos devem perceber essa relação

contínua das atividades.

Espero que as sugestões norteiem as práticas, desejando a todos que o estágio seja um momento de

aprendizado, de reflexão, de invenção e reinvenção.